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5 horas atrás, Viviana Ciclobeijaflorismo disse:

Prefácio

*Consumidora do mochileiros.com desde mil novecentos e dois mil e pouco, quando só achava o máximo "esse povo que viaja por aí mas se ajuda por aqui", e colaboradora desde 2017, sempre escrevi no sub-fórum "viajar sem dinheiro". Essa era minha realidade e os meios por quais fiz meus caminhos. Foram praticamente 7 anos de perambulâncias variadas até decidir me aposentar pelos mesmos motivos que alguns animais trocam seu exoesqueleto ou que humanos trocam de roupa. Não me cabia mais o conforto sob a pele.
Vida que vai, vida que vem, hoje moro na Noruega e estou em caminho de ser expatriada. Atualmente, apenas imigrante. 
Como costumeiramente, esse não é um relato de dicas para você se virar na Noruega ou aprender tudo sobre o país. É um relato de eterna viajante curiosa que sou, apenas compartilhando as primeiras impressões sobre a tão distante - para nós brasileiros - terra dos Vikings. Quase um desabafo entre amigos de quem não fala português faz tempo e uma terna recordação pessoal.
Tentar escrever um relato sobre a Noruega no sub-fórum "viajar sem dinheiro" não fez muito sentido na minha cabeça. Então, se está procurando informações precisas sobre o país, isso não serve para você. Mas se busca entretenimento descompromissado, porém genuíno, para uma eventual fila de banco ou visita ao banheiro, te convido a ficar por aqui.
 
** @Silnei do céu, se esse relato não couber aqui, move ele aí. Como disse, virei um sub-fórum emergente e na minha cabeça faz sentido postar aqui. Mas faz tempo que minha cabeça não faz mais sentido. Rsrs 😅
 
 
Por que diabos Noruega?!
 
Porque me casei com um Norueguês e um de nós ia ter que abrir mão do conhecido para mergulhar no desconhecido. Como tenho uma atração quase patológica por cenários como esse, já sabemos como vim parar aqui... Rsrs 😁
A vida de viajante, principalmente de bicicleta, e de voluntariados ocupou tanto minha existência que relacionamentos de cunho amorosos-sexuais se tornaram inexistentes. Sim, foram 7 anos solteira sem nem uma bitoquinha. E tudo bem. Também nunca senti falta. Mas o tempo foi passando, a necessidade de aterrar crescendo e foi quando me aventurei a voltar para a matrix, com registro de CLT, aluguel e o drama do transporte público no ir e vir diários. 
Aí foi quando comecei a sentir falta. 
Em meu último relato ("Sobre a Solidão") abordei mais a fundo esse processo. Mas mal sabia eu que ainda tinha crédito com Deus. Na mesma semana que postei o relato aqui no fórum, um Norueguês comprava sua passagem para ir pela primeira vez de férias para a América do Sul, mais especificamente para o Brasil, a fim de visitar o melhor amigo de infância que mora ha anos no país, é casado com uma brasileira e acabara de se tornar pai. Esse Norueguês, decidido a explorar o desconhecido, começou a estudar espanhol com todo seu conhecimento sobre o Brasil. Risos. Algum tempo depois, chegou ao Hotel  no qual eu estava trabalhando como recepcionista (e eu era a única que falava algum inglês na ocasião) e acabei por fazer o check-in dele. Tudo isso, em minha cidade natal. A cidade que mais detestava no mundo onde planejei minha fuga desde os 10 anos de idade, que foi muito bem sucedida e realizada aos 21 anos e cujo retorno acabara de se tornar uma piada de mal gosto aos meus olhos. Só fui para minha cidade natal pois estava morando e trabalhando na Chapada dos Veadeiros em 3 pousadas diferentes e infeliz quando, sem aviso prévio, a companhia de cruzeiros que trabalhava pré-pandemia me mandou o cartão de embarque para em uma semana retornar à vida de tripulante. Pensando apenas no dinheiro (dólar à R$5,25), coisa que nunca fiz, me demiti e rumei para São Paulo para os exames médicos e o embarque. No entanto, no meio do caminho, desisti! Nunca fiz nada só pelo dinheiro, não ia ser agora que ia começar. Mas já era tarde demais, estava no ônibus e há 8h de chegar na rodoviária do Tietê. Para onde eu ia? 
Como era a última semana de setembro, e tendo recebido em batismo o nome de Viviana Aparecida, resolvi ir à Aparecida do Norte pela primeira vez como romeira. Já havia trocado a bicicleta por hospedagem na Chapada e tudo que possuía era uma mochila com algumas roupas e livros. Raul já cantava "é que tudo acaba onde começou"...
E fui. Apelei mesmo. Sempre fui muito curiosa por diferentes religiões e suas compreensões sobre Deus. Muitos dos meus voluntariados foram em centros religiosos ou espiritualistas, mas nunca tive tanta proximidade com a igreja católica. A idéia da culpa atrelada ao corpo feminino, a inquisição e outras coisas mais sempre me fizeram manter uma distância segura. Mas fui lá. Pensei: eu tô lascada. Se a Mãe do Homem não puder me ajudar, meus amigues, é fim da linha. Acreditem, as ideias para essa fim da linha eram relacionadas com fim mesmo...
E foi assim que retornei à minha cidade natal pois lá é o ponto de partida para a Rota da Luz que leva à Aparecida. Essa viagem é por si só uma experiência de vida que não cabe aqui, mas posso afirmar que aprendi a diferença entre peregrino e romeiro antes da Serra de Santa Branca... 😂
Cheguei com alguns dias de antecedência ao dia 12 de outubro, participei de toda a festividade e posso afirmar que fui uma das primeiras a chegar e certamente a última a partir. Fui bem clara: preciso de um emprego, um lugar decente para morar que consiga pagar e algum rumo pra minha vida. 
Ao retornar, fiquei com uma prima que não via a mais de 25 anos e que me acolheu. No mesmo dia em que entreguei o currículo no Hotel fui contratada, em 15 dias tinha meu próprio apartamento. Eu, sem um real no bolso, sem fiador, com emprego e casa? Um milagre por si só... Mas o rumo na vida ainda estava distante. Do outro lado do Oceano Atlântico, no Círculo Polar Ártico, mas a caminho. 
Não foi amor à primeira vista da minha parte porque eu estava cega (da dele, foi), mas foi tremelique à primeira vista sim! Estava verificando as chegadas do dia para iniciar meu turno quando vi uma bandeira da Noruega 🇧🇻, que só consegui reconhecer porque dias antes havia cansado de assistir pessoas lavando tapete no YouTube e arrisquei um documentário sobre a Aurora Boreal. 
Daqui pra frente é eu dando um gelo nele e dando meu telefone com muita resistência, um drink aqui às vésperas dele ir embora, muita prosa ali, muita conversa no whatsapp, muita chamada de vídeo, ele voltando ao Brasil pra ficar comigo, ele voltando pra me pedir em casamento, nós ficando noivos, mais chamada de vídeo por meses infinitos, e finalmente eu pedindo demissão e chegando na Noruega, voltando pro Brasil pra arrumar documentos pra casar e...casando! Pronto, agora moro na Noruega!
 
 
Chegada à Europa e finalmente... Norge!
 
Só havia viajado pelo Brasil e para o Perú como mochileira, e México e Estados Unidos como tripulante. Achava exagero dos amigos que, enquanto na faculdade, faziam intercâmbios pela Europa e voltavam deslumbrados. Pois é, hoje entendo. 
A escala em Amsterdam já me mostrou um novo mundo MESMO. Tudo muito limpo, tudo muito organizado. Mas, primeiramente, porque boa parte da imigração para Schengen é feita lá. Uma vez dentro, Schengen toda é sua. Então, quando desembarquei na Noruega me senti culpada e fazendo algo errado por não ter um controle, uma catraca, uma imigração, um guardinha, um carimbo! Aqui pelo Mercosul ainda rola uma imigração, um carimbinho de fronteira em fronteira. Primeira sensação de unidade poderosa. Mas ao sair do aeroporto o choque foi ainda maior. 
 
Segundamente, pelo frio. Cheguei nas últimas semanas do outono e ao descer do avião me senti como os jamaicanos do filme "Jamaica abaixo de zero" chegando no Canadá. A mesma cena, acreditem. 
O frio entrava por meus ossos de tal forma que nem os abraços quentes e saudosos de meu amado davam conta. 
O silêncio também é algo inédito para mim, brasileira da ZL. 
Catracas, sabe? Pois é. Inexistentes. Tudo na base da confiança, e de multas elevadas para caso seja pego fazendo mal uso da confiança que lhe foi dada.
Ônibus, com monitor mostrando toda a rota, o tempo que leva até a próxima parada e o tempo total ao destino final tudo atualizado em tempo real. Pontualíssimos. Em casa, temos duas unidades de medida. Quando digo que o jantar estará pronto em 10 minutos preciso especificar se são minutos noruegueses ou brasileiros rsrsrsrs Aliás, ônibus elétrico. Silencioso. Bem como os carros. E o Golzinho daqui são os Teslas. Depois deles, o que mais vejo são BMW. 👀 Não passo nem perto com medo da minha respiração arranhar o carro...
Além disso, transporte público impecável. E existem muitos patinetes e bicicletas eletrônicas espalhados. Tudo é interligado e via app. 
Cheguei e fui tomar um banho. 27h de deslocamento fazem dessa tarefa a promessa da vida eterna! Mas e o chuveiro? Nada de Lorenzetti. E esquenta a ponto de dar queimadura de segundo grau! E o banheiro, meus amigues, com chão aquecido. Esse é um dos prazeres que acredito que faz valer a pena a existência humana na Terra. Quem inventou de aquecer o chão do banheiro é um gênio!
Estava faminta, claro. Meu amado prontamente foi fazer uma das especialidades norueguesas: panqueca
Tá pensando naquela enroladinha com molho de tomate recheada com carne moída ou frango, gratinada com um queijinho por cima? Nada disso. Panqueca pura salgada, com bacon e tem que salpicar AÇÚCAR por cima. Para harmonizar, um copo de leite, puro. 
Aí senti que deu ruim. Mas comi. Até achei bom. Mas não sou fã de bacon e menos ainda com açúcar, leite puro sem um Toddy?!... rsrs 😆🤷🏽‍♀️
De fato, lá fora fazia 4°C, mas dentro de casa agradabilíssimos 24°C. Mas garanto que depois de 5 meses separados o calor tava de suar! 😆
Na hora de dormir, um edredom pra cada?! Como assim? Pois saibam que esse é um dos segredos europeus para o matrimônio feliz. 
 
Esses foram os impactos do primeiro dia. 
 
Poucos dias depois veio a primeira neve... Do ramo das inefabilidades. Só tinha visto de longe no topo das montanhas no Perú. Guardar a lupinha das aulas de pedologia valeu a pena pois cada floco é realmente único! É poesia! 
E pra quem era acostumada com enxada e o peso da terra úmida, me surpreendi ao descobrir que a neve fofa recém caída é leve na pá!
Aliás, se em dia de chuva no Brasil a gente já não tem vontade de fazer nada, por aqui pode estar a neve que for que vai ter gente correndo, passeando com cachorro, andando com carrinhos de bebê... A vida não pára! Faixa de pedestres? Nem precisa olhar pra atravessar. Só vai. Como dizem, não existe tempo ruim mas sim roupas inadequadas.
 
O tempo foi passando, fui e sigo explorando, mas existem inúmeras diferenças culturais que tangem o meio social diário que me chocam. O Natal é realmente como um sonho, mas esse é um evento à parte. Eles levam muito a sério isso de colocar os presentes no pé da árvore e só abrir na noite do dia 24. E teve a Aurora Boreal, mas me sinto incapaz de descrever tamanha beleza singular. Sinto que qualquer tentativa de descrevê-la terminará sendo ofensivo diante da magnitude testemunhada. E não existe literatura que nos prepare para darmos de cara com um ALCE!
 
Mas vamos focar nos pormenores cotidianos. 
A língua por si só já causa impactante estranheza. Uma ida ao mercado então... Minha nossa! "Ah, mas tem o Google Lens", sim. Ajuda. Mas não te tira o trabalho de desvendar o que é cada coisa. Nos três primeiros meses não entendia o porquê do meu café ficar com um pó branco boiando na xícara ou o porquê do meu caramelo de frustrados pudins virar uma amoeba transparente. Eles têm dezenas de açúcares, cada um com uma origem e função. Descobri que estava comprando um com lecitina para fazer geleias 🤡 e o que precisava, tinha uma foto de beterraba na embalagem. Porque aqui o açúcar simprão vem dela, ao contrário da nossa cana. 👍
Feijão, só em lata ou caixinha e geralmente já vem com molho de tomate junto. A saga para tentar encontrar um feijão mais próximo do carioca tem sido cômico, senão trágico. Até se encontra o Camil em empórios, mas e a panela?! Uma de pressão aqui, que como se não bastasse ainda tem que ser própria para indução, é cara!!!! Minha solução tem sido fazer chilli, porque daí o que já vem com molho de tomate se transforma em meio caminho andado. No mais, evito pensar. Rsrs
Vassouras. Não tem. Aqui é aspirador de pó ou mop. Rodo e pano de chão? Jamais. Tive crise existencial por não saber o que fazer ou em que ordem fazer? Sim. 
As torneiras são rotativas em 360°. De um lado é iceberg líquido e do outro é acima de 100°C com todo o gradiente de mornos entre estas extremidades, pra cima abre, pra baixo fecha. Meti a mão na água fervendo quando queria água fria e vi minha alma saindo do corpo quando esperava o quentinho e veio um iceberg? Muitas vezes.
A iluminação é toda baseada em lâmpadas de cores quentes e poucos watts que trazem o acalanto de muitas velas acesas. Pra quem é acostumado com aquele branco holofote em muito violento das lâmpadas de led brasileiras, levou um bom tempo pra eu acostumar. E são sempre várias, muitas, e abajures, e iluminações secundárias, e terciárias.... Ahhh, quanto interruptor! 
Sei que no Brasil tem fogão por indução, mas eu mesma nunca tinha tido contato com um e são excessão. Por aqui, é regra. Cozinhar sem fogo foi tão louco quanto ter uma máquina de lavar louças lavando louça pra mim, outra regra por aqui. 😁👍
E o Paulistão e Libertadores, como fica meu Corinthians?! Não fica. Paguei a porcaria do TNTsports só pra descobrir que nem com VPN posso ter acesso! E a dor de cabeça pra cancelar?! Fujam! O jeito é vibrar pelo Haaland nos jogos do City, representante mór da terra dos vikings, embora o marido seja Chelsea, a.k.a o Corinthians daqui... Rsrsrs só perde. 😔 E nada de emoção na narração. O máximo da emoção do Norueguês é um "OiOiOi!" quando passa perto da pequena área, ou um "oioi!" quando o jogador sofre alguma falta mais pesada. E longos silêncios. Rsrsrs
Cervejinha pro jogo? Só se for comprar antes das 20h, lembrando que aos domingos NADA abre. 
O Governo também regula bastante o acesso à cigarros e bebidas com teor alcoólico maior que 4,7% com horário para venda (nada de Zé Delivery ou adega) e zero propagandas. Cigarro mesmo é raro de ver e, quando tem, todas as embalagens têm a mesma cor e a mesma fonte, além de ser beeem caro (150NOK, algo como R$75 o maço). O sucesso aqui é o snus, um pacotinho com um pó cheio de nicotina (ou não) e outras coisas, como cacto não sei da onde, gengibre, e tralalá. Se coloca entre os dentes e o lábio superior. Bem menos impactante à saúde do que um cigarro e todas suas milhares de substâncias.
Como a Suécia é aqui do lado, muitos vão até lá pelos preços serem muito melhores e imensa variedade de produtos.
Mas falando nisso, uma lata de Coca-Cola custa uns 18NOK, o que dá uns R$9. Já uma lata de leite condensado no norte é uns 36NOK, mas aqui no Sul nunca vi por menos de 70NOK (R$35). 
Claro que também existe a proporcionalidade do poder de compra. Um emprego básico de caixa de supermercado aqui ou faxineira fica na base dos 10.000NOK ou 12.000NOK (entre R$5000 e R$6000), mas quando um leite condensado custa R$35 e um cigarro R$75... Veja bem... 
Mas nada me choca mais do que ver crianças de 6, 7 anos sozinhas por aí. Livres! Aliás, tudo aqui é inclusivo e acessível para as crianças, desde carrinhos variados nos supermercados a áreas dedicadas para elas em todos os ambientes. Qualquer parquinho vai ter um barco ou embarcação viking. E sim, eles deixam os carrinhos de bebê lá fora COM A CRIANÇA DENTRO (👀) para tirar aquela sonequinha. Não, a criança não passa frio pois tudo é adaptado mas é chocante testemunhar essa cena sobretudo pela noção de segurança, tão distante da realidade brasileira. E é mais comum ver homens passeando com as crianças do que mulheres. 👀 Pra quem vem de um país onde grande parte da população nem possui o sobrenome do pai, isso sempre me choca.  
 
O clima é um capítulo à parte. Se no Brasil temos duas estações (quente e muito quente), aqui as quatro são muito bem marcadas e é seco. As roupas secam dentro de casa sim rapidinho que chegam a ficar esturricadas. É lindo e impressionante de ver como toda a paisagem muda em menos de uma semana. O que era tudo branco, vira uma explosão de verde. Os passarinhos quebram o silêncio mortal junto com as gargalhadas das crianças. Mas daí também vem a loucura do relógio biológico. No inverno, a luz solar só existia entre as 10h30 e as 13h45. Agora que se aproxima o verão, o Sol está se pondo quase 22h e às 3h30 os passarinhos já estão cantando. 
No começo achei muito louco isso de duas horas da tarde estar uma escuridão que parecia meia noite, mas assumo que foi mais fácil de me adaptar do que agora, com o Sol se pondo dez horas da noite... 
 
Sei que muitos podem pensar: "ah, mas você não mora aí ha nem um ano e blablabla, cadê a propriedade do conhecimento de causa?". Justamente, não tem. Porque cheguei a pouco tempo e realmente esse é um relato das primeiras impressões de alguém que está sendo impactada pela chegada. Fresco. Pelo início de jornada e nada mais. 
E sim, a Noruega é um país bastante extenso e sei que essa realidade é bem local, pois estamos morando no Sul ao lado de Oslo. No Norte, origem de meu marido, é tudo beeeeeem diferente. Desde a arquitetura, às paisagens, às dinâmicas dos vilarejos, ao transporte, aos preços, ao dialeto, tudo! Mas só posso falar da minha realidade nesse momento. Realidade de imigrante, abençoada pela atual proximidade com a Capital do país, tão diversa e tão cheia de imigrantes como eu. Principalmente refugiados. 
 
Não é fácil abandonar tudo que um dia te foi base e referência para mergulhar no total desconhecido. É diferente de quando fui para as aldeias do Acre e também não entendia uma palavra pois lá sabia que era apenas visitante. Aqui, sou residente. Há sim de se ter Coragem. Nada do que conquistei ou adquiri tem serventia aqui. Minha CNH não vale nada, é só um pedaço de papel. Para dirigir, terei que começa do zero todas as exigentes aulas mas, para isso, primeiro terei que vencer a barreira da linguagem. Meus sapatos, de nada servem na neve. Tão pouco minhas roupas. Até a nossa capacidade de expressão fica minada pela linguagem. E olha que cheguei com a vantagem do inglês, segunda língua oficial dentre os 5 dialetos e a língua dos povos originários do Norte, o que já ajuda e MUITO. Mas muitos dos imigrantes, principalmente os refugiados, diariamente chegam sem nem ao menos o inglês. 
Mas é como meu arquétipo hippie de mochileira já dizia... Para que o novo venha, é necessário primeiro deixar o velho ir.
 
E fica esse relato das primeiras impressões de quem ha pouco chegou nessa admirável Noruega. Até porque não sei quando terei disponibilidade para dividir tais riquezas novamente uma vez que estou grávida!
Agora, me preparo pra maior viagem da vida humana... :') 
 
***Dedico a todos e todas imigrantes que diariamente mergulham no desconhecido munidos da bagagem do coração e da ânsia pela Vida Nova. 
Dedico ao meu amado Bjørn, luz da minha vida ❤️
E dedico à Maria, Mãe Suprema.IMG_20230429_053259.thumb.jpg.5757b017c7cc9d74fb207ff9ef5fb2a2.jpg
O tal do Snus
 
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Nem queria mesmo...u.u
 
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AçúcaresAçúcares
 
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Capa de cartão de Natal
 
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Óia o parquinho!
 
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Únicos
 
 

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Como sempre nos brindando com lindos e esclarecedores relatos!

Que tenha uma ótima gravidez, curta muito esse momento único na sua vida e, em breve teremos mais um mochileiro(a) a caminho.

Sorte para você e sua família!

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Aproveite a nova vida. Verá o quanto é diferente dos perrengues no Brasil.

Se precisar de alguma ajuda, tenho um grande amigo brasileiro que mora em Oslo e está na Noruega há mais de 20 anos. Um daqueles caras festeiros e que conhece tudo e todos. Gente boa até o último fio de cabelo.

É só avisar.

  • Amei! 4

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