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Índios apreendem embarcações que fazem travessia para Vila de Caraíva


Frida_ssa

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Caraíva - Mais de 3 mil índios pataxós da Aldeia de Barra Velha, na Vila de Caraíva, em Porto Seguro, a 709 km de Salvador, extremo sul da Bahia, proíbem, desde a última segunda-feira, qualquer embarcação de fazer a travessia do Rio Caraíva. Este é o principal meio de acesso à vila, onde moram cerca de 800 pessoas. A ação é o revide à agressão de um canoeiro a um membro da aldeia.

 

Moradores estão quase isolados – falta água potável, crianças não vão à escola, a coleta de lixo foi suspensa, pousadas e hotéis estão vazios e os canoeiros, que vivem exclusivamente do transporte, estão sem renda. Por terra, o acesso à vila, é de mais de 40 quilômetros.

 

O pataxó Jenilton de Brito, 25, foi agredido pelo canoeiro conhecido como Juninho na noite do último domingo. Na briga, o índio teria recebido um golpe com um remo no maxilar. Brito está internado no Hospital Luís Eduardo Magalhães, onde passou por cirurgia e não corre risco de morrer. Juninho está preso, desde segunda-feira na Delegacia de Porto Seguro.

 

O presidente da Associação dos Canoeiros de Caraíva, Sidney Vitor Bonfim, conta que a entidade pagou mais de R$ 800 para a família do índio agredido como uma forma de reaver os barcos de volta, mas as 73 embarcações continuaram retidas . “Não sei o que eles querem mais”, afirmou.

 

Exceção - Apenas uma embarcação faz a travessia do Rio Caraíva desde o início dos protestos, a canoa que pertence ao índio agredido. As demais, foram retiradas da água e estão espalhadas pelas ruas da vila. O barco de Juninho foi queimado no domingo, e em volta das chamas foi dançado o toré, ritual tradicional dos índios pataxós.

 

A presidente da Associação de Moradores e Empresários de Caraíva, Karina Salgado conta que viu quando índios gritavam que “flexa de índio dá pra matar branco”. “Como pode toda a comunidade ter de pagar por um canoeiro?”.

 

Canoeiros e donos de pousadas e hotéis contam que os poucos turistas que chegam à vila não ficam. A exemplo da artista plástica Cynthia Scalzo, que viajava com a mãe, Ophélia Scalzo. “Fiquei assustada com o que vi aqui, Caraíva sempre foi de paz”.

 

A comunidade esperava nesta quinta a intervenção da Marinha e da Polícia Federal, mas estes órgãos, procurados por A TARDE, informaram que a solução deste impasse não lhes compete.

 

Os pataxós afirmaram que os conflitos entre a comunidade e os índios em Caraíva não são recentes. “Isso é o resultado de vários problemas. Todos os dias, somos desrespeitados, nos xingam, maltratam nossos filhos e fica tudo por isso mesmo”, declarou o cacique de Aldeia Velha, Romildo Alves dos Santos.

 

Procurado por A TARDE, o secretário Municipal do Litoral Sul, Alencar da Rocha Silva, disse que ainda não estava a par da situação e pediu que a reportagem retornasse o contato para ele nesta sexta, 8.

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