Pesquisar na Comunidade
Mostrando resultados para as tags ''vulcão''.
Encontrado 15 registros
-
Fala pessoal, Vou deixar aqui o link para um relato de uma viagem que eu fiz para Guatemala e México, com um stopover no Panamá, que aconteceu em fevereiro de 2022. Obs: eu deveria ter colocado criado esse tópico no subtópico "America Central, Caribe e México", mas acabei criando o tópico no subforum só da Guatemala, por isso segue o link para o relato. ⚠️ Essa viagem é um capítulo de um livro / ebook que eu escrevi. Os capítulos de cada continente ficaram parecidos com esse, quem quiser mais detalhes dessa viagem e muitas outras, pode conferir no meu ebook Destino Vulcões, no amazon.com.br (link https://a.co/d/5x3B7BM). O livro está gratuito para o kindle unlimited, e no menor preço possível no site (5,99R$). Instagram: www.instagram.com/destinovulcoes Youtube: www.youtube.com/@destinovulcoes
-
Fala pessoal, Vou deixar aqui um relato de uma viagem que eu fiz para Guatemala e México, com um stopover no Panamá, que aconteceu em fevereiro de 2022. ⚠️ Essa viagem é parte de um livro / ebook que eu escrevi, quem quiser mais detalhes dessa viagem e muitas outras, pode conferir no meu ebook Destino Vulcões, no amazon.com.br (link: https://a.co/d/5x3B7BM). O livro está gratuito para o amazon unlimited, e no menor preço possível no site (5,99R$). Instagram: www.instagram.com/destinovulcoes Youtube: www.youtube.com/@destinovulcoes Guatemala, México, Panamá e os melhores vulcões das Américas do Norte e Central Introdução – Como tudo começou Em meados de 2020, durante a pandemia, preso em casa e com saudades de viajar, encontrei na internet duas comunidades de amantes de vulcões que compartilham fotos e notícias sobre vulcões ao redor do mundo no Facebook, Instagram e sites (Ref. 4 e Ref. 5). Também comprei meu livro de vulcões (Ref. 1). Ficou bem mais fácil conseguir informação sobre as atividades dos vulcões, pesquisar mais sobre os vulcões mais incríveis em atividade do mundo. Foi aí que surgiu um sonho distante: e se um dia, quem sabe, eu escrevesse um livro sobre isso? Mas minha vontade de conhecer a Guatemala começou antes disso, em 2019, quando ouvi falar do Vulcão Fuego. Conversando com um amigo no trabalho sobre minhas férias na África, ele me mostrou o Instagram e Youtube de um casal viajante chamado Viajante honesto (Ref. 19). Eles estavam dando uma volta ao mundo, e um vídeo específico me chamou a atenção: um trekking no vulcão inativo Acatenango, na Guatemala, para ver as erupções do vulcão ativo ao lado, o Fuego. Foi a primeira vez que vi vídeos de um vulcão com erupções estrombolianas parecidas com as de Vanuatu! Sim, havia outro vulcão com atividade parecida ao Monte Yasur, explodindo lava algumas vezes por hora. Sabe-se se lá por quanto tempo esse vulcão ia permanecer em atividade, e eu não poderia perder essa oportunidade. Pesquisando informações atualizadas sobre a atividade dos vulcões nas comunidades, confirmei que o Vulcão Fuego tinha que estar no topo da minha lista pós-pandemia. Descobri também que a Guatemala tem mais dois vulcões bastante ativos e bem próximos ao Fuego: o Pacaya e o Santiaguito, que costumam ter alguma lava aparente! Atualmente, o trekking pelo Acatenango e Fuego é muito famoso na Guatemala, provavelmente disputando com Tikal o título de tour mais famoso de país. Criadores de conteúdos, como o Richard do Vida de Mochila (Ref. 27), e o Vazonde (Ref. 29), já fizeram relatos e vídeos inspiradores de lá. Mais recentemente, o Mundi360 (Ref. 28) fez o tour do Fuego, e acompanhar os stories no Instagram foi como vivenciar o passeio “ao vivo”. Não são poucas as pessoas que saem impressionadas após conhecer o Vulcão Fuego, então, “bora” para Guatemala! Em fevereiro de 2022, consegui apenas 14 dias para fazer essa viagem sozinho. Meu objetivo principal era conhecer os vulcões da Guatemala, Fuego, Pacaya, Santiaguito, e mais algum vulcão “por perto”. Pela logística/tempo/$, acabei escolhendo conhecer o vulcão Popocatepetl, no México. Consegui a volta MEX-GRU por uma quantidade de milhas razoável, um voo barato de ida para Guatemala pela Copa, com stopover no Panamá e outro voo barato da Guatemala pro México. Eu tenho muita vontade de passear por toda a América Central, especialmente Nicarágua, mas vai ficar para uma próxima. Era hora conhecer os vulcões mais ativos da América Central e do Norte, e, já dando spoiler, o vulcão mais incrível de todas as Américas! Resumo do Roteiro Figura VI‑1: Roteiro Guatemala, México e Panamá O roteiro escolhido foi: Dia 1 -> Cidade do Panamá Dia 2 -> Antígua e Vulcão Pacaya Dia 3 -> Acatenango e Fuego Dia 4 -> Acatenango e Fuego Dia 5 -> Lago Atitlan - Panajachel Dia 6 -> Lago Atitlan - Maximon Dia 7 -> Tikal Dia 8 -> Flores -> Lanquin Dia 9 -> Semuc Champey Dia 10 -> Lanquin -> Cidade da Guatemala -> Cidade do México Dia 11 -> Cidade do México Dia 12 -> Teotihuacán e Basílica Dia 13 -> Popocatepetl Dia 14 -> Cidade do México -> São Paulo Relato dia a dia Dia 1 -> Cidade do Panamá A Copa Airlines oferece frequentemente stopover gratuitos de alguns dias no Panamá, uma excelente oportunidade para conhecer o país. Sempre quis conhecer as ilhas de San Blas, mas, devido a minha falta de tempo nessa viagem, só pude conhecer a Cidade do Panamá. Lá eu queria conhecer a Amador Causeway, o centrinho chamado Casco Antiguo e, claro, o Canal do Panamá. Algumas horas seriam suficientes para conhecer tudo, mas os horários das passagens aéreas baratas eram meio ingratos. Saí de casa tarde da noite para o aeroporto de Guarulhos, peguei um voo às 3h e cheguei ao Panamá às 8h da manhã. Só consegui dar aquela “dormidela” de avião antes de sair para conhecer a cidade, bastante cansativo. No aeroporto, há várias ofertas de city tours para quem está em conexão/stopover, saindo e voltando para o aeroporto, por uns 100 $USD. Como eu estava muito cansado para alugar carro e ver transporte público, fui ver se algum taxista faria uma volta pelos meus pontos de interesse por um preço menor. Logo descobri que o centro de visitantes do Canal do Panamá (Eclusa Miraflores) estava fechado às segundas por causa da pandemia. Caramba, meu principal ponto de interesse no Panamá, já era! Pelo menos descobri outra eclusa para visitar, Pedro Miguel, que pode ser vista da beira da estrada, segundo os taxistas. Acabei fechando um passeio de 4h por 80 $USD, para a eclusa, aos outros locais que eu queria conhecer, e mais algumas sugestões do taxista. Após o passeio, ele me levaria para almoçar e me traria de volta para o aeroporto. Então, partiu conhecer o Panamá! Antes de seguirmos para a Eclusa Pedro Miguel, fizemos uma primeira parada rápida para foto na parte moderna da cidade, próximo ao prédio mais icônico, o “The Screw”, com sua arquitetura retorcida e muito interessante. Após passar por esta parte rica da cidade, passamos por uma parte bem mais pobre, com favelas no centro – um lembrete da desigualdade social que, infelizmente, é uma das marcas da América Latina. A Eclusa Pedro Miguel, diferente da Eclusa de Miraflores, não tem um centro turístico. Mas da estrada já era possível ver a eclusa e os barcos passando por lá. Tivemos um pouco de sorte porque, naquele momento, tinha um navio bem grande passando lá. Salvei o vídeo Cap VI‑1 no canal do livro (youtube.com/@destinovulcoes). Depois fomos conhecer um lugar bacana chamado Amador Causeway. Durante a construção do Canal do Panamá, aterrou-se um trecho do mar e criaram a Avenida Amador Causeway, conectando a cidade a algumas ilhas próximas. É um lugar agradável, com ciclovias, marinas, restaurantes e museus, além de uma vista da cidade. De um lado, o Canal do Panamá e a bela Ponte De Las Américas; do outro, o skyline da parte moderna da Cidade do Panamá. Figura VI‑2: Navio gigante na Eclusa Pedro Miguel, parece que não vai passar.... Figura VI‑3: Apertadinhho, mas passou.... Figura VI‑4: Skyline, “The Screw” se destaca Figura VI‑5: Ponte de Las Américas Depois seguimos para o Casco Antiguo, o centrinho da Cidade do Panamá. Para mim, é a parte mais interessante. A primeira parada foi em uma igreja com um bonito interior, Igreja de São José, com o altar todo de ouro. Depois seguimos para a Catedral Basílica Metropolitana de Santa Maria la Antígua do Panamá (nome grande, né!), também conhecida como Catedral Metropolitana do Panamá. O motorista parou na frente da catedral, me disse para eu dar uma voltinha em um quarteirão e voltar lá para depois sairmos para almoçar.... Vi que o cara estava com pressa, mas me fiz de desentendido e dei uma volta bem maior, já que não era esse o combinado, queria conhecer melhor o Casco Antiguo. O motorista me explicou que o governo estava reformando o Casco Antiguo, trocaram todo o calçamento das ruas e calçadas, comprando imóveis antigos para restaurá-los e transformá-los em locais mais turísticos como restaurantes, lojinhas de souvenir e museus. Para falar a verdade, achei o centrinho com uma aparência meio artificial. Tudo estava novo demais para um centro colonial antigo, a pintura das casas, as calçadas, calçamento das ruas.... Parecia mais um estúdio cenográfico, não sei explicar direito. Diferente do pelourinho, em Salvador, que, mesmo após restaurações, manteve o charme autêntico de centro histórico. Talvez, com o tempo, à medida que as ruas e calçadas fiquem mais desgastadas, o Casco Antiguo ganhe uma aparência mais colonial. De qualquer forma, no Casco Antiguo tem construções bonitas, incluindo as principais igrejas, o palácio do governo, algumas ruínas antigas e alguns prédios bonitos. É um lugar bem bacana, ainda que não tenha o brilho de outros centrinhos coloniais. Entre suas muitas praças, destacam-se a Praça de La Independencia, em frente à catedral (coloquei no canal um vídeo de lá, Cap VI‑2), e a Praça Simon Bolivar, com um belo monumento a Bolivar, considerado o libertador de vários países da América Latina, inclusive o Panamá. Esta praça fica próxima de belos prédios, como o Teatro nacional, e a bonita Igreja de São Francisco. Algo que me surpreendeu é que não há praias para nadar na Cidade do Panamá. Segundo o motorista, a praia para banho mais perto do centro fica a uma hora de carro. A orla é repleta de prédios modernos, estilo “Dubai wannabe”, e a Cinta Costeira (avenida à beira-mar) é, de um modo geral, agradável, mas não dá para aproveitar o mar. Com uma ressalva: parte da Cinta Costeira foi construída no meio do mar, circulando o belo Casco Antiguo, teoricamente para desafogar o trânsito. Mas, na minha opinião, essa avenidona no mar circundando o Casco Antiguo ficou horrível... Figura VI‑6: Catedral Metropolitana do Panamá Figura VI‑7: Altar da Igreja de São José Figura VI‑8: Casas coloniais e calçamento “novinhos” no Casco Antiguo Figura VI‑9: Parte horrível da Cinta Costeira ao redor do Casco Antíguo Terminei o passeio, voltei para van e perguntei para o motorista sobre o almoço. Visivelmente apressadinho, ele me pediu para entrar na van enquanto perguntava que tipo de comida eu queria. Respondi que queria algo bom e barato, e depois de alguns minutos, ele disse: “ah, então vou te levar para um lugar que fica do lado de fora do aeroporto, onde os funcionários comem, não os restaurantes turísticos....” Espertinho, querendo terminar logo o passeio. Seria bom ter mais tempo para explorar o Casco Antiguo sem pressa, mas, como iria dar mais ou menos as 4h combinadas, OK. No geral, o passeio foi legal, embora um pouco caro, pois, cansado, acabei pagando mais pela conveniência. A parte ruim é que acabei voltando muito cedo para o aeroporto, umas 13h, e meu último voo saía 19h. Depois de almoçar, fiquei com 5h livres sem nada para fazer no aeroporto. Como eu estava de bobeira mesmo, fiquei procurando wi-fi grátis (o irritante aeroporto só oferecia 30 minutos grátis) e um bebedouro para encher minha garrafinha, já que não queria pagar 4 $USD por uma água! Nesses “rolês”, passei por umas salas vips e lembrei que o meu cartão novo tinha 2 acessos gratuitos por ano. Nunca tinha ido nessas coisas chiques, fui em uma chamada Lounge Key. O local era pequeno e, para comer, só tinha macarrão com molho de tomate e almôndega. A única coisa que parecia bem servida era bebida alcoólica, mas eu estava muito cansado e sem pique para beber. Me perguntei como alguém pagaria 32 $USD para usar aquela porcaria, só fui porque era de graça! Pelo menos o wi-fi era bom e, uma hora antes do voo, mesmo sem fome, comi mais um pratão de macarrão para não ter que jantar depois. Já dizia o Jô Soares, pobre é uma desgraça 🤣🤣🤣 . Finalmente, embarquei rumo à Cidade da Guatemala. A Cidade da Guatemala fica a mais o menos 1h de Antígua, meu destino final. Como meu voo chegou tarde, o jeito foi ir de táxi mesmo. Cheguei em Antígua depois das 22h, horário local (3h de diferença pro horário de Brasília). Foram 27h rodando para chegar até aqui, estava exausto, agora era só tomar um banho e desmaiar. Mas foi um dia bacana, gostei de conhecer a Cidade do Panamá, especialmente Casco Antiguo, pena que o centro de visitantes do canal estava fechado. Cidade do Panamá: #valeapena Dia 2 -> Antígua e Vulcão Pacaya O principal motivo da minha viagem era fazer o tour do vulcão Acatenango, para conhecer o Vulcão Fuego. Os dois vulcões ficam lado a lado: o Acatenango, inativo, e o Fuego, bastante ativo! O tour começa com um trekking puxado até o acampamento no Vulcão Acatenango, com vista privilegiada do Vulcão Fuego. Passamos a noite no acampamento e retornamos no dia seguinte. A maior incerteza desse tour é climática. O Vulcão Fuego tem 3.763 metros de altitude, o Acatenango, 3.973 metros, e os acampamentos ficam entre 3500-3700 metros de altitude. Depois de encarar um longo trekking, o maior medo é chegar no topo e estar tudo coberto por nuvens (ou com muita chuva) e não conseguir enxergar nada. Por isso, o ideal é ir na estação mais seca de lá, entre dezembro e maio. Eu escolhi fevereiro e fiquei acompanhando as previsões de curto prazo no mountain-forecast (Ref. 30) para definir o dia exato do trekking. Por causa dessas incertezas, eu só reservei com antecedência a primeira noite em Antígua, e deixei resto do itinerário na Guatemala livre, caso pegasse mau tempo em algum momento da viagem. A única certeza era o dia da passagem aérea para o México. Chegando perto da viagem, felizmente a previsão estava “boazinha” no início da viagem. Não estava lá essas coisas para esse primeiro dia, mas estava perfeita para a tarde do dia seguinte: segundo o mountain-forecast, o cume estaria sem uma nuvem sequer! Assim, decidi conhecer Antígua primeiro, eventualmente conhecer o Vulcão Pacaya, e deixar o tour do Acatenango para o dia seguinte. Antígua é uma cidade colonial bem bonitinha, seu centro foi declarado patrimônio mundial da UNESCO por causa da sua arquitetura de influência barroca espanhola e igrejas coloniais do século XVI. Fundada em 1542, já foi a capital da Guatemala, fica aos pés do vulcão inativo Água e próxima aos vulcões Acatenango, Fuego e Pacaya, sendo uma região com bastante atividade sísmica. A cidade já enfrentou vários desastres desde sua fundação, houve alguns terremotos grandes, uma enchente devastadora e até um incêndio provocado pela população indígena em 1527. Mas a população nunca abandonou a cidade, que foi se reconstruindo depois de cada desastre natural. Depois do último terremoto gigante, em 1773, a capital do país foi transferida para Cidade da Guatemala, a 45 km de Antígua. Caminhando pelo centro, é possível ver muitas ruínas causadas pelos terremotos, especialmente o de 1773. Depois de tomar o café da manhã, comecei a explorar as ruas de paralelepípedos do centro de Antígua. Logo cheguei à Igreja de São Francisco, uma das poucas que resistiu a todos os terremotos da cidade, ainda que tenha uns sinais de desabamento no lado direito da própria fachada da igreja. Bonita igreja. Aliás, não faltam bonitas igrejas no centro de Antígua. De uma forma geral, os guatemaltecos são bastante religiosos, dizem que as celebrações da Páscoa na Guatemala, especialmente em Antígua, são muito bonitas! Depois fui seguindo por uma praça com uma fonte, chamado Tanque La Union e, no final, outra igreja amarela do apóstolo São Pedro. Figura VI‑10: Igreja de São Francisco Figura VI‑11: Igreja de São Pedro E logo cheguei na Praça Central de Antígua, o coração da cidade. A praça não é tão grande, tem um belo chafariz no centro e é rodeada de lindos edifícios. De um lado, o palácio municipal, prédio bonito com muitos arcos. Do outro, o Palácio Real dos Capitães Gerais, com ainda mais arcos. Do outro lado, a Catedral San José. Ela é talvez o melhor lugar para testemunhar o estrago que o terremoto de 1773 fez na cidade. Uma parte dela foi reconstruída, a parte cuja fachada está de frente para praça central. Ao lado, ficam as ruínas que não foram restauradas depois do terremoto. A entrada para a parte restaurada da catedral é grátis, mas, para conhecer a parte das ruínas, é cobrada entrada. Também voltei para a praça central à noite, para conferir a linda iluminação noturna na cidade. Figura VI‑12: Palácio Real dos Capitães Gerais Figura VI‑13: Palácio Municipal Figura VI‑14: Catedral de San José Figura VI‑15: Ruínas da antiga nave da catedral A poucas quadras da praça central, está o Arco de Santa Catalina, declarado patrimônio da humanidade da Unesco, originalmente pertencendo ao convento Santa Catalina. Ele resistiu ao terremoto de 1773, mas, nesse ano, com a mudança da capital de Antígua para Cidade da Guatemala, a estrutura ficou abandonada. Até que, em 1890, o arco foi reformado pelo governo e construíram a torre do relógio, que acabou se tornando, o monumento mais famoso de Antígua. Depois do arco, conheci mais uma bela igreja de Antígua, Igreja de La Merced. Por fim, andei mais um pouco na parte norte do centrinho. Vi mais algumas igrejas, outras ruínas de igrejas destruídas pelo terremoto... Outro lugar “famosinho” é o Convento das Capuchinas, também destruído pelo terremoto. Mas não quis pagar entrada, “pão durei” e tirei só foto de fora. Figura VI‑16: Arco de Santa Catalina Figura VI‑17: Mais bonito de dia ou de noite? O lugar com a vista mais bonita da cidade é o Cerro de La Cruz, onde eu estava pensando em fechar o meu city-tour por Antígua. O dia amanheceu bonito, mas com nuvens cobrindo a parte mais alta do belo Vulcão Água. E o vulcão encoberto foi a desculpa que eu precisava para me render à preguiça e desistir de subir o Cerro de La Cruz... Melhor guardar energia para a tarde, já que eu decidi fazer o tour do Vulcão Pacaya! Eu adorei conhecer o lindo centrinho de Antígua e um pouco da cultura guatemalteca! Muito artesanato, comidas e roupas típicas. Legal ver um povo que mantém viva muitas das suas tradições, alguns ainda falavam os idiomas maias. Vulcão Pacaya Nas minhas pesquisas, descobri que a Guatemala possuía três vulcões bastante ativos. O Fuego e o Pacaya ficam próximos à Antígua, e o Santiaguito próximo à Xela (apelido da cidade chamada Quetzaltenango). O meu objetivo era visitar todos, mas eu sabia que, comparando com o Fuego, os outros não deveriam ser tão incríveis assim. Quando eu fui, em fevereiro de 2022, infelizmente o Pacaya estava sem nenhum pouquinho de lava visível. Uma pena, pois ele costuma ter ao menos um pouco de lava aparente. Isso quando ele não está bastante ativo, com erupções ou com fissuras grandes, escoando muita lava! Em junho de 2021 (só 8 meses antes da minha visita ) teve uma mega erupção havaiana, eram rios de lava descendo a encosta do vulcão! Imagens incríveis rodaram a internet, mas durou pouco, pena que eu cheguei tarde demais na Guatemala.... As agências de Antígua geralmente oferecem o tour para o Pacaya saindo de manhã, umas 6h, ou à tarde, umas 14h. Mesmo sabendo que dificilmente teria alguma atividade, optei pela tarde, porque, caso houvesse algum resquício de lava, ia ficar mais bonito à noite. O tour do Pacaya é muito mais leve que o Acatenango, são aproximadamente 6 km de caminhada (ida e volta), umas 3h de caminhada. O ganho de altitude não é tão grande, saímos de 2000 metros e fomos até 2500 metros, aproximadamente. Para quem não quiser ou não puder caminhar, tem muitos locais oferecendo cavalos no começo da trilha. No começo e durante a maior parte do trajeto, a trilha não é tão inclinada, mas a areia muito fofa afunda bastante o pé quando pisamos. Cansa um pouquinho mais por isso, mas o hiking é bem tranquilo. O sol não castigou, pois o caminho tem alguma cobertura de vegetação e o céu estava bem nublado. Ainda assim, deu para ver o último fluxo de lava que desceu o vulcão até o fundo do vale na última erupção (aquela de 8 meses atrás), e que por pouco não chegou no vilarejo lá embaixo.... No final da caminhada, quando chegamos na encosta do vulcão, aí, sim, o solo mudou bastante. Passamos a caminhar sobre lava recém-solidificada, com muitas pedras meio pontudas, mas com bastantes cavidades entre elas. O terreno parecia esponja petrificada, bem diferente... Para quem gosta de vulcões e vulcanólogos, é bem interessante, dá para ver a diferença das lavas solidificadas de cada erupção. Os rios de lava mais pretos, à esquerda do vulcão, tinham uma cor mais escura por causa da atividade mais recente. Enquanto outras partes, resultantes de erupções mais antigas, estavam menos escuras. Quanto à atividade vulcânica, até dava para ver algumas fumarolas bem mais para cima, perto do cume do Pacaya, mas nenhum sinal de lava, infelizmente.... No final do tour, caminhamos pela base do vulcão, até alguns buracos quentes entre as rochas, de onde saía calor. Tradicionalmente, os guias usam esses buracos quentes para esquentar marshmellows. Salvei dois vídeos no canal, o Cap VI‑3 com as atividades fumarólica mais no topo do vulcão, e o Cap VI‑4 com uma vista 360 do vulcão e seus arredores. Figura VI‑18: Vulcão Pacaya Figura VI‑19: Lava mais escura (erupção recente) Figura VI‑20: Buraco quente No geral, eu gostei do tour. Uma pena que estava bem nublado entre as montanhas. Com o céu aberto, teria uma vista linda para os 3 vulcões mais próximos de Antígua: Água, Acatenango e Fuego. Só essa vista já deve valer o passeio, no pôr do sol deve ficar ainda mais bonito, mas, infelizmente, esse lado estava encoberto. O céu só estava mais aberto para o lado da Cidade de Guatemala. Mas é um tour imperdível? Com o Pacaya sem lava, só emitindo algumas fumarolas, eu diria que não. Se estiver com rio de lava, com certeza é imperdível! Vale a pena conferir a atividade antes. Na minha opinião, por 150 $QTZ, acho que vale a pena conhecer um terreno vulcânico interessante e, se o tempo estiver bacana, curtir uma linda vista dos vulcões da região. Uma ressalva: algumas pessoas vendem o tour do Pacaya como uma versão light do Acatenango, mas em termos de atividade vulcânica, o principal atrativo do Fuego/Acatenango, não tem comparação! Só não gostei muito da logística/enrolação do tour. Tudo era meio lento, demora para sair, demora para voltar, pegava um monte de gente em cada hotel... Acabei saindo às 14h e só voltei para Antígua por volta das 20h, não precisava demorar tanto. Foi bastante cansativo, o ideal seria fazer o Pacaya em um dia e conhecer Antígua em outro, mas, por falta de tempo, juntei tudo em um dia só. E, como se não bastasse, quando cheguei no hotel ainda saí para tirar aquelas fotos noturnas de Antígua! Antígua: #valeapena Vulcão Pacaya: #valeapena Dia 3 -> Acatenango e Fuego E chegou o tão esperado dia de conhecer o Vulcão Fuego, um estratovulcão com aquele clássico formato cônico e mais de 3700 metros de altura. O Fuego tem uma peculiaridade: ele fica “colado” ao seu “irmão” Acatenango, inativo e mais alto (quase 4000 metros). Depois de anos de repouso, em 1999, o Fuego voltou a ter atividade estromboliana. Sua principal característica são as pequenas erupções estrombolianas, que ocorrem de maneira frequente e contínua. São diversas erupções por hora, geralmente entre 3 e 8, mas esse número pode variar bastante. De vez em quando, surgem fluxos de lava na encosta do vulcão e ocasionalmente ocorrem fluxos piroclásticos, mas erupção maiores são raras. A exceção foi em 2018, quando uma erupção mais violenta fez com que fluxos piroclásticos atingissem rapidamente vilas próximas, causando fatalidades, infelizmente. As cinzas desta erupção forçaram, inclusive, o fechamento do aeroporto da capital. Eu diria que a subida até o campo-base é entre moderada e difícil. O trecho tem uns 6,5 km de distância, mas a variação de altitude é grande: começa em algo entre 2300/2400 metros e sobe até o campo-base, que fica entre 3500 e 3600 metros, dependendo do ponto de acampamento da agência. As agências, normalmente, têm mais de um guia (no nosso caso, eram três) e, apesar do grupo ser grande, o pessoal vai dando um bom ritmo. Eles fazem bastante paradas para descanso, de uns 10 minutos cada, suficiente para dar uma descansada, e não é tão longo a ponto de esfriar o corpo. E tem uma parada maior para o almoço. Além disso, um guia vai com o pessoal que sobe mais rápido, outro vai com o pessoal intermediário, outro com o pessoal que sobe por último. Eu diria que, mesmo quem está com preparo meia-boca, com força de vontade e devagarinho, consegue chegar até o acampamento-base. Vai cansar bastante, mas chega! Lembrando que tem que subir carregando mochilas com comida, água para 2 dias e roupa para passar uma noite acampando a 3600 metros, por volta de 0o C. Ah, atenção na hora escolher a agência, pois algumas já deixam as barracas/abrigos montados lá no acampamento, enquanto, em outras, você terá que carregar também a barraca e o equipamento para dormir. O motorista da agência passou no hotel às 8h. Depois da tradicional enrolação para pegar a galera nos hotéis, juntar com uma galera de outro ônibus, pegar guias, ouvir instruções, esperar não sei mais o que, enfim..., começamos a subida às 11h30. E chegamos no acampamento por volta das 16h, foram 4h30 de subida já contando as paradas. A parte mais inclinada e cansativa é no início. Felizmente, a trilha não fica exposta ao sol, está cheia de árvores. Aliás, me chamou a atenção a quantidade de árvores altas, nem parecia que você está chegando em um dos vulcões mais ativos do mundo! Deixei no canal o vídeo Cap VI‑5, mostrando como é a maior parte da subida até o acampamento. Estava um dia bonito, com bastante sol, mas, quando a gente olhava para o alto, não conseguia ver o topo do Acatenango, que estava encoberto com algumas nuvenzinhas perdidas. Eu pensava: “Só faltava chegar lá em cima e a vista para o Fuego estar toda encoberta...” Conforme íamos subindo, a vegetação foi diminuindo um pouco, mas grande parte do trajeto ainda era bem arborizado. Quando não chove, o solo vulcânico de lá é até bom para caminhar, nem é tão fofo, sem pedras pontiagudas etc. Seguimos caminhando. As nuvens no alto do Acatenango não tinham dispersado e, depois de muito subir, chegamos na camada das nuvens. Nesse trecho, até ameaçou cair umas gotinhas de chuva, tão de leve que nem precisou vestir a jaqueta impermeável. Atravessamos as nuvens e continuamos subindo. No final da subida, a vegetação fica bem menor e já não protege do sol. Felizmente esse último trecho é mais plano. Agora estávamos contornando o Acatenango, rumo ao acampamento-base. À direita fica o cume do Acatenango, que não estava todo encoberto. Mas à nossa esquerda, onde em breve estaria o vulcão Fuego, tinha uma camada de nuvens persistente que não deixava a gente enxergar nada praquele lado. Eu estava ficando cada vez mais preocupado, a previsão dizia que não ia ter uma nuvem sequer, e lá no alto, a gente estava rodeado de nuvens! O vídeo Cap VI‑6 é dessa parte final da subida. Estávamos quase chegando no acampamento, e eu era só preocupação.... Ainda havia uma esperança: vai que, do outro lado do Acatenango, a vista está melhor. E seguimos contornando o vulcão.... “Ni qui” chegamos no acampamento......, esta era a nossa visão: Figura VI‑21: Vista na chegada ao acampamento 🤡 🤡🤡Droga, não dava para ver nada! Muito menos o Fuego, que ficava tão pertinho (estávamos a apenas 3 km da cratera). Depois de 4h30 de caminhada, quase 1.5 km de altimetria, não deu nem para comemorar o final da subida. Depois de anos planejando essa viagem, era só que o que me faltava: chegar aqui tão perto e não conseguir ver o Fuego! O pior é que eu tinha planejado tudo certo, a previsão era a melhor possível, o dia tinha amanhecido bonito com pouquíssimas nuvens, mas, chegando no topo, estava com nuvem para caramba. É muito azar! Será que a previsão do mountain-forecast é tão ruim? Bom, só me restava esperar, já pensando em um plano B. Uma coisa era certa: se eu não conseguisse ver nada nesse tour, eu voltaria outro dia. Afinal, tinha deixado meu itinerário flexível para mudar os planos caso o tour do Acatenango “desse ruim”. Deixaria de ir em outros lugares e faria de novo o tour, ia pedir desconto na agência, tentaria não pagar de novo entrada no parque (até guardei o ticket!), mas não iria voltar para casa sem tentar ver de novo o Fuego. Perguntamos aos guias se era normal esse tempo nublado, mesmo sendo época de seca, e eles disseram que ali, no topo dos vulcões, era tudo muito imprevisível. Às vezes fecha tudo, às vezes abre, pode até chover do nada e depois clarear novamente.... Segundo eles, deveríamos esperar com alguma esperança porque o tempo ainda poderia abrir. Comentaram também que, na época de chuva, é bem mais complicado, muitas vezes o tempo fica fechado nos dois dias do tour. Já nessa época de seca, o tempo pode ficar fechado à tarde e abrir pela manhã do dia seguinte, ou abrir à tarde e fechar no dia seguinte, mas raramente fica fechado o tempo todo. Não sei se eles estavam sendo sinceros, ou era aquele papo otimista só para nos animar e dar um pouco de esperança, já que não tínhamos muito o que fazer, além de torcer para o tempo melhorar! E o tempo foi passando.... Já estávamos há uma hora lá no acampamento, e nada do tempo mudar. E o pior é que não dava para ver nem para ouvir nada do vulcão, nenhuma fumaça, nenhum barulho. Nem parecia que, a uns 3 kms de distância, tinha um vulcão ativo que entra em erupção umas cinco vezes por hora. Apreensivo, eu estava arrumando umas coisas na barraca quando o outro brasileiro da nossa excursão veio correndo me chamar: “Rafael, vem rápido, vem rápido”! “Ni qui” saí da barraca, vi as nuvens começando a se dissipar do nada e, num passe de mágica, eis que ele surge bem na nossa frente, o grande rei do pedaço: bem-vindo Vulcão Fuego!!! E, no primeiro minuto, boooom, a primeira erupção! Ufa, ele estava lá mesmo 🤣🤣🤣 . Figura VI‑22: Vulcão Fuego aparecendo Hora de aproveitar para tirar muitas fotos, afinal, não sabíamos quando tempo mais teríamos de céu aberto. Nessa hora, os guias começaram a falar para a gente se preparar para a caminhada até o Fuego. As agências oferecem (e geralmente cobram à parte) uma caminhada do acampamento-base até essa segunda “corcova” do Fuego (vide foto a seguir). O pessoal fala que esse trecho chega a 300 metros da cratera. Não me pareceu tão perto assim, acho que deveria estar a uns 500-600 metros, mas é beeeem mais perto que o nosso campo-base no Acatenango. A altitude é a mesma do campo base, uns 3600 metros, mas tem uma “descidona” do Acatenango e depois uma subidona do Fuego, deve dar uns 2 km (só a ida), com 500 metros de descida e 500 metros de subida. A trilha ainda tinha um trecho mais perigoso/exposto, é quando tem que passar por um tronco em um penhascozinho. Aproximadamente 1h30 para ir, e o mesmo tempo para voltar, cansativo para caramba, isso porque tínhamos acabado de fazer as 4h30 de subida! Figura VI‑23: Caminhada até a “corcova” do Fuego Teoricamente estava proibido fazer esse trecho da corcova do Fuego porque, na época, um mexicano não se contentou em ir só até onde os guias deixam e resolveu ir por conta e risco até a borda da cratera, postando um monte de vídeo no Youtube.... O turismo lá movimenta bastante a economia, e muitas pessoas dependem dele para viver. Elas ficaram “p da vida” porque, se acontecesse um acidente mais grave, o trekking poderia ser proibido. De fato, após o incidente com esse turista, o governo havia proibido a caminhada até a corcova do Fuego. Mas, naquele dia, os guias estavam liberando, e lá fomos nós! Nos preparamos rapidamente para o trekking extra, o grupo estava muito animado porque o clima tinha aberto. Eu achei melhor deixar a mochila de 40L no campo-base. Só peguei uma garrafa de água, bolacha e celular para levar nos bolsos, e resolvi levar a câmera DSLR pendurada no pescoço e um tripé na mão mesmo. Como iríamos voltar à noite, vesti as roupas de frio e começamos nossa descida lá pelas 17h. Detalhe, depois de uns 15 minutos descendo o Acatenango, lembrei que tinha esquecido de pegar minha lanterna de cabeça. Não ia ser nada divertido voltar no escuro sem a lanterna! Na hora, eu quis voltar para o acampamento para pegá-la, mas o espertinho do guia que estava atrás me enrolou, dizendo que o outro guia tinha uma lanterna reserva... Na boa-fé, eu acreditei. Na parada para descanso, perguntei para o outro guia se ele tinha uma lanterna reserva, e ele disse: “claro que não, só tenho a minha!” E ainda respondeu como se eu estivesse fazendo uma pergunta das mais idiotas... Na verdade, o outro guia só queria me convencer a não voltar para não atrasar o grupo. E conseguiu atingir esse objetivo, eu deveria ter voltado! Enfim, “guia-mala” sendo “guia-mala”, querendo ter o menor trabalho possível e cagando para você.... Pelo menos na volta, entre um “tropicão” e outro, usando só a lanterna do celular e aproveitando da iluminação das lanternas dos outros, eu consegui voltar sem maiores percalços. Mas logo nos primeiros 20 minutos, quando a gente ainda estava descendo a encosta do Acatenango em direção ao Fuego, o tempo foi fechando novamente. As nuvens foram se acumulando cada vez mais no pequeno vale entre os dois vulcões, até que, não tardou muito e começou uma chuvinha. Ainda bem que a terceira camada da minha roupa estava com impermeabilidade em dia e me protegeu bem da chuva. Protegeu, inclusive, a minha câmera que estava no pescoço por baixo da jaqueta. Depois de um rápido descanso, era hora de encarar a subidona até o Fuego, com chuva e tudo! Só nos restava ter fé e torcer para as nuvens se dissiparem (de novo) quando chegássemos lá em cima. Mas, em vez disso, a chuva aumentou para caramba. As partes mais arenosas da trilha estavam se transformando em lama, as partes com mais pedras estavam bastante escorregadias. Estava escurecendo, um frio do cão, não dava para enxergar um palmo na nossa frente. E, para piorar, começou a chover até granizo como se São Pedro tivesse decidido nos apedrejar! Que perrengue! Só nos restava seguir caminhando, e torcer para virada do tempo. E..., quando chegamos na corcova do Fuego...., não dava para enxergar absolutamente nada! O vídeo Cap VI‑7 é do exato momento que chegamos lá. Detalhe: o pouco que vocês conseguem enxergar no vídeo é o por causa do flash ligado do celular, e das lanternas. Ao menos tinha parado de chover granizo quando chegamos na corcova do Fuego; chovia só água mesmo, além da ventania e do frio. De vez em quando, dava para ouvir uma erupção, mas não dava para enxergar nada. O jeito era esperar para ver se o tempo melhorava (de novo). Acho que ficamos entre 30 minutos e uma hora lá em cima, não sei ao certo. Mais para o final, tivemos a sorte de ver pelo menos duas erupções quando as nuvens se abriram um pouquinho, o que nos permitiu ver essas erupções bem de perto. Foi incrível! Pena que não tive como fotografar. Até tentei tirar foto com meu celular, mas ele era muito ruinzinho. Com a chuva, não ia arriscar molhar minha câmera. Às vezes, as nuvens abriam um pouquinho a ponto de ver a lava deslizando pela encosta, como no vídeo Cap VI‑8 que eu fiz com o celular. As coisas estavam melhorando. Mais tarde, o tempo abriu um pouco mais, a chuva quase parou, e eu comecei a montar a câmera no tripé para tentar tirar uma foto. Mas, naquela escuridão, eu mal conseguia encaixar a câmera no tripé. Para “ajudar”, eu estava sem a minha lanterna de cabeça e bem nessa hora os guias resolveram que era hora de ir embora. Droga... Desencanei e comecei a guardar a câmera e o tripé. O pior é que, nessa hora, percebi que perdi a capinha de proteção da lente da câmera. Apesar do guia-mala querendo que eu fosse embora logo, fiquei rodando na corcova do Fuego, procurando a capinha, e nada... Maldição, não consegui nenhuma foto com a câmera, agora só faltava estragar a lente! O jeito era tomar muito cuidado voltando pela trilha escorregadia, na chuva, no escuro, com a câmera no pescoço e sem proteção alguma... Apesar de alguns tombos e escorregões, pelo menos a câmera (e eu) chegamos intactos no acampamento! No caminho da volta, quando estávamos mais ou menos no meio do caminho, finalmente parou de chover. Melhor que isso, parecia que as nuvens estavam sumindo. Estava tudo muito escuro, mas, quando ouvi uma erupção e virei para ver o Fuego, o céu tinha aberto completamente e já era possível ver o show dele explodindo lava vermelha pelos ares! E depois vieram muitas erupções, uma atrás da outra. Pelos gritos dos turistas vibrando, já sabia que era só virar para trás e ver o Fuego iluminando os céus da Guatemala. O céu tinha finalmente aberto, eu não via a hora de chegar no acampamento, arrumar a câmera e o tripé e tirar um monte de foto. Só faltava o tempo virar de novo nesses últimos 45 minutos de caminhada. Mesmo sem lanterna, apressei o passo, era o primeiro da fila e ainda ficava apressando o guia 🤣🤣🤣 . E, quando finalmente chegamos no acampamento, ufa, o tempo permaneceu limpíssimo! Infelizmente, tivemos azar com o tempo horroroso na corcova do Fuego: chuva, lama, frio, até granizo. Ainda perdi a capinha da câmera. Lá em cima, ainda conseguimos ver duas explosões bacanas. Pouco tempo depois, do nada, o tempo melhorou para caramba, teria sido incrível se tivéssemos ficado lá mais uns 30 minutos... Enfim, não era hora de ficar lamentando o tempo ruim, mas sim de aproveitar ao máximo o tempo bom! A maioria do pessoal foi descansar nas barracas, ou se aquecer na fogueira, mas eu não tive dúvidas, posicionei o tripé e fiquei esperando ansiosamente as próximas erupções. E que espetáculo, eram muitas erupções! Só parei de tirar fotos quando a janta ficou pronta, mas logo voltei para câmera. O resto do pessoal jantou, deu uma socializada e foi dormir. Mas eu só queria aproveitar cada minuto daquela noite mágica, não ia ter frio, cansaço, ou sono que ia me tirar de lá! A maioria das erupções era menor. Nessas fotos, com o zoom máximo da minha câmera (7,5x, não tenho lente tele), elas apareciam do tamanho dessa foto a seguir: Figura VI‑24: Vulcão Fuego (erupção menor) Mas, de vez em quando, ocorriam mega erupções, e era lava incandescente escorrendo por todos os lados! Dessa vez, eu já tinha visto uma boa quantidade de fotos e vídeos do Fuego em erupção, mas sabe aquelas coisas que você sabe que existe, sempre ouviu falar, viu fotos e vídeos, no entanto, quando vê ao vivo, a intensidade e a beleza ainda conseguem te surpreender?! Queria ver mais e mais. Eu acho que, naquela noite, peguei umas quatro mega erupções que “iluminavam” todas as encostas do Fuego com lava vermelha incandescente, realmente impressionante! E que espetáculo, era lava por toda parte, um dos espetáculos mais bonitos e grandiosos que a natureza pode oferecer!!! Figura VI‑25: Vulcão Fuego (erupção maior) Figura VI‑26: Lava para todos os lados! Passei horas testando ajustes, focos, tempos de abertura, zooms etc. Estava particularmente difícil acertar tudo. Sem as erupções, não dava para enxergar nada. Como a câmera estava com bastante zoom, precisava esperar uma erupção para conseguir visualizar e enquadrar o vulcão, e então, na próxima erupção, tentar ajustar o foco manual. Foi assim durante toda a noite: acontecia a erupção, mas o enquadramento estava ruim; corrigia o enquadramento... Mas o foco estava ruim; acertava o foco... Afastava o zoom e tentava capturar a lava escorrendo pelas encostas, aí bagunçava o enquadramento de novo... E por aí vai. Mais desafiador ainda era tirar foto comigo aparecendo... Precisava de muito zoom e, como o acampamento era na encosta do Acatenango, eu não tinha como ficar a uma distância razoável da câmera, e a chance de sair eu e o vulcão focados era praticamente zero.... Figura VI‑27: Tentativa de foto minha com erupção doo Fuego Fiz uns vídeos também. O vídeo Cap VI‑9 mostra o tipo de erupção mais “típica” que observei lá. Já no vídeo Cap VI‑10, eu capturei uma bela erupção, daquelas que jorrava lava para todos os lados. Naquela noite, foram umas 3 ou 4 com essa intensidade. Ao menos na minha câmera/lente, o vídeo não captou tanta luz quanto parecia ao vivo, mas já dá para ter uma boa ideia... As fotos, em compensação, com ajustes de abertura e tempo, capturam mais luz e às vezes saíam um pouco mais iluminadas do que a gente enxerga a olho nu. É pequena a diferença, eu diria que, na hora da erupção, a olho nu, fica mais parecido com a foto do que com o vídeo. Mas, na hora que a lava está escorrendo pela encosta, não fica tão iluminado quanto nas fotos, parece mais com o vídeo do que com as fotos. Outra coisa que chamava atenção era o delay era a erupção e o som! Como estávamos a 3 km de distância, a gente primeiro via as erupções e, uns 3 segundos depois, vinham os barulhões das explosões. Talvez nos vídeos que eu salvei no canal não dê para ver tão bem, mas tentem reparar. No começo do vídeo da erupção maior (Cap VI-10), a lava já está descendo a encosta quando o som da explosão chega no acampamento. Passei horas lá no frio assistindo àquele espetáculo; nem pensar em dormir. Eu sempre dizia para mim mesmo: “depois da próxima erupção animal, vou dormir”. Mas, acontecia uma nova erupção, e eu sempre arrumava uma desculpa “mental” para ficar mais um pouco: “ah, deixa eu fazer um vídeo na próxima”... “Vou conseguir mais uma foto boa e depois vou dormir”... “Deixa eu ver se consigo uma foto mais aberta”... “Uma comigo aparecendo”... É hipnotizante, a deusa Pele realmente me enfeitiçou! Só fui dormir quando acabou a bateria da câmera, lá pelas 2h da madrugada. Foi uma noite incrível, foram horas e horas hipnotizado, assistindo de “camarote” àquele espetáculo da natureza, em seu estado mais intenso. A grandiosidade da paisagem, o som das explosões, a lava “pintando” o Fuego inteirinho de vermelho – que experiência! Inesquecíveis aquelas mega erupções!!! Figura VI‑28: Sequência de uma bela erupção Vulcão Fuego: #imperdível Dia 4 -> Acatenango e Fuego No dia seguinte, lá pelas 4h da manhã, os tours fazem a subida até o cume do Acatenango (4000 metros). Não é um trecho tão longo, mas é bastante inclinado, saindo do acampamento até o cume dá quase 500 metros de altimetria. E o pessoal começa ainda no escuro para pegar o nascer do sol lá no topo. Demora mais ou menos umas 2h, dizem que é puxada a subida. Eu não quis nem quis saber do trekking. Acordei, montei o tripé e fiquei tirando mais fotos do Fuego. Uma linda camada de nuvens cobria a parte debaixo das montanhas, mas, felizmente, o topo dos vulcões estava limpinho. Pegamos mais umas duas erupções gigantes! Antes do sol nascer, ainda dava para ver o vermelho da lava, depois já não dava mais... Salvei no canal um vídeo de erupção de manhãzinha, enquanto ainda dava para ver a lava vermelha (Cap VI‑11). Do lado que estava o nosso acampamento, o lado do sol nascente, tinha uma linda vista do nascer do sol atrás do vulcão Água, aquele inativo que fica bem próximo à cidade de Antígua. Figura VI‑29: Vulcão Fuego antes do sol nascer Figura VI‑30: Sol quase nascendo Figura VI‑31: Sol nascendo atrás do Vulcão Água Na nossa excursão, havia um guatemalteco que tinha mais prática com drones. Ainda no escuro, ele pilotou o drone até bem perto do vulcão e o deixou posicionado, aguardando uma erupção enquanto a bateria durasse. Depois de duas baterias descarregadas, na última ele conseguiu pegar uma erupção bem legal com o drone. Como eu sou um piloto de drone bem meia-boca e com bastante medo de perder o aparelho, nem cogitei voá-lo à noite. E mesmo depois que o dia nasceu, o drone começou a reclamar que o vento estava muito forte e que eu tinha excedido a altitude máxima de projeto. Enfim, não tive coragem de mandá-lo para mais perto do vulcão, mas ainda peguei essa erupçãozinha legal (foto a seguir), e salvei um vídeo do nosso acampamento no canal (Cap VI‑12). As erupções de dia são legais também, mas são cinzas, não dá para ver aquela lava vermelha incandescente. Figura VI‑32: Vulcão Fuego de dia Pena que tudo que é bom dura pouco, era hora de arrumar a mochila e me despedir do incrível Vulcão Fuego. Depois do café da manhã, era hora de voltar. Descemos em 2h, muito rápido. Nas “descidonas”, tem que tomar cuidado para não machucar, frear era bem complicado e às vezes era melhor descer no embalo para frear nas partes mais planas. Ainda tinha uns trechos molhados na chuva na noite anterior, mas foi bem tranquilo, umas 11h já estávamos na estrada, esperando a vanzinha de volta para Antígua. Todo mundo cansado, mas com aquele sorrisão de orelha a orelha, valeu a pena cada músculo dolorido. No geral, foi uma noite inesquecível. Muita atividade, lava, e erupções magníficas! Poderia ter sido melhor? Sim, seria ainda mais incrível se o tempo estivesse aberto quando chegamos na corcova do Fuego... Mas tá tudo bem também, eu diria que todo aquele perrengue da corcova virou só mais uma história para contar. E a noite do acampamento foi perfeita: tempo aberto, muitas erupções, algumas incríveis, a uma distância bastante segura, e muita foto. Por fim, algumas dicas sobre o tour do Acatenango. No geral, as agências oferecem três refeições: almoço, janta e café da manhã do dia seguinte. No meu caso, as achei simples, mas boas. E lembrem-se de levar snacks e outras coisas para complementar. Pedem para levar pelo menos 4 litros de água, e recomendam uma mochila de 40 litros, para caber as refeições e roupa, porque de dia faz calor e à noite, lá em cima, a temperatura média é de 0oC. Eles alugam roupa de frio/montanha para quem precisar, e costumam oferecer porter para carregar as mochilas. Algumas agências têm o acampamento em um lado do Acatenango, lado do sol nascente, outras no lado do sol poente (menos agências). A diferença é que o trajeto para o lado do sol poente é um pouco mais longo. Acho que deve ter mais chance de pegar clima bom no nascer do sol, mas ambos devem ser muito bonitos. Na minha opinião, na hora de escolher a agência, o mais importante é você saber se você vai ter que carregar equipamento de camping ou não. Comparação Fuego e Monte Yasur (obs: retirei daqui, esse trecho não faz sentido nesse post/contexto, melhor ver no livro completo...) Antígua -> Panajachel Seguindo a viagem, após a descida do Acatenango, era hora de voltar para Antígua e seguir para Panajachel, à beira do Lago Atitlan. Depois de algumas enrolações, chegamos no centro de Antígua às 12h30. A logística não é o forte das excursões da Guatemala, tudo demora mais que precisava... O transporte coletivo também não é o forte da Guatemala. Entre as cidades principais, os ônibus são bons. Mas, entre as cidades menores, ou você vai pegando os famosos chicken-bus, que são mais baratos, mas tem muitas paradas, ou você vai com os shuttles/transfer que as agências organizam. São micro-ônibus cuja qualidade varia bastante, alguns são bons e outros são bem “zoados”, não são tão caros, mas a organização é bem tosca. Só consultando os hotéis e agências de viagem para saber os horários “regulares” dos transfers e se tem vaga disponível. De Antígua para Panajachel, eu sabia que tinha um transfer ao meio-dia e outro às 17h. Como não sabia o horário que eu estaria de volta do Acatenango, deixei para comprar o transporte quando chegasse. Não cheguei a tempo de pegar o das 12h, só sobrou o horário das 17h, o último do dia, mas eu fui nas agências do centro para tentar encontrar um transfer mais cedo. E, para minha surpresa, além de haver transfer mais cedo, todas as vagas nos transfers das 17h já estavam esgotadas! Minha última esperança era uma agência de turismo que eu achei pela internet. Vi que essa agência ainda tinha vaga e reservei meu transfer 17h. Eu estava aliviado por ter conseguido a reserva, mas também um pouco desconfiado se essa reserva era para valer, já que todas as agências do centro de Antígua não tinham conseguido a vaga. Para confirmar se estava tudo certo mesmo, mandei um WhatsApp para eles lá pelas 15h, mas não recebi resposta. Depois eu pedi para recepcionista do meu hotel ligar para eles, mas ninguém atendia. Então, vi que essa agência ficava a umas 8 quadras do meu hotel e fui lá pessoalmente para ter certeza que meu lugar estava confirmado. Era um lugar que tinha serviço de hospedagem, agências de turismo e transfer também. Falei que tinha feito uma reserva de transfer pelo site e tinha ido lá para confirmar se estava tudo ok. O pessoal achou meio estranho eu ir até lá só para isso, e perguntaram se eu tinha recebido o e-mail automático de confirmação. Eu mostrei que tinha recebido, e eles disseram que então estava tudo certo. Mais tranquilo, voltei para recepção do meu hotel e fiquei esperando o transfer chegar. Mas o tempo passou..., deu 17h, e nada do transfer chegar! Precisamente às 17h08, recebo uma mensagem no WhatsApp, respondendo àquela primeira mensagem pedindo confirmação que eu tinha mandado. Eles estavam perguntando de novo se eu recebi a confirmação por e-mail. Eu disse que sim, mandei print e também disse que eu tinha ido pessoalmente até a agência confirmar a minha vaga. E perguntei se o meu transfer estava chegando. Nessa hora, 17h10 (!), o cara manda mensagem dizendo que tinha falado com todos os transfers da cidade e não tinha conseguido nenhuma vaga para mim! Caramba, isso porque eu tinha ido lá pessoalmente perguntar se estava tudo certo. Então eu disse para ele: “Mas por que você não me avisou antes, quando eu fui até aí perguntar?” O cara disse que tinha pedido para secretária me informar (mas ninguém me avisou!), e que agora só tinha Uber ou Táxi para Panajachel!!! O táxi era uns quase 800 $QTZ (uns 120 $USD), o transfer que eu tinha reservado era 100 $QTZ. Que raiva! Se eu soubesse antes, pegava o chicken-bus até Chimaltenango e depois me virava até Panajachel. Mas agora já estava ficando tarde, correria o risco de não ter mais os chicken-bus até Panajachel. Minha vontade era mandar o cara para “PQP”! Mas enfim, apesar da vontade de mandá-lo para aquele lugar, eu só disse educadamente (em inglês): “ok, só lamento porque vocês não me informaram quando eu fui até aí perguntar se o transfer estava confirmado. Obrigado”. Eram umas 17h20, eu já estava pensando no prejuízo que seria o Uber ou o táxi até Panajachel quando o cara mandou uma nova mensagem de voz, dizendo que conversou com o motorista de um transfer e que teria surgido um lugar bem apertado entre o motorista e o passageiro. Seria um banco reclinável pequeno, até mandou foto no WhatsApp, e disse que caso eu não me importasse com o desconforto, eu poderia ir nesse transfer. Eu disse que não teria problemas, com certeza eu aceitava e, 17h25, o transfer passou para me pegar! Ufa, ainda bem que eu não tinha xingado o cara 🤣🤣🤣 ! Pelo menos ele correu atrás e deu um jeito. E o banquinho nem era tão desconfortável... No final, deu tudo certo. Aliás, isso foi uma coisa que eu percebi das agências, transfers e tours da Guatemala: é tudo mega bagunçado, mas o pessoal é esforçado e gente fina e, no final, acaba dando tudo certo. De Antígua até Panajachel são só 76 km, mas demorou 2h30, estradinha com muitas curvas e montanhas. Acabei saindo do Acatenango 11h da manhã e chegando quebrado em Panajachel umas 20h. Eu estava realmente quebrado, sem banho, tinha dormido menos de 2h no dia anterior, e ainda estava com um olho mega ferrado! A barraca do acampamento do Acatenango, onde faziam a fogueira e que servia de “restaurante”, acumulava muita fumaça e meu olho ficou mega-ultra-irritado. Quando cheguei em Panajachel, não estava conseguindo nem abrir o olho direito. Enfim, só consegui tomar um banho (com água bem fria graças ao chuveiro sem vergonha do hotel...), e desmaiar até o dia seguinte. Dia 5 -> Lago Atitlan - Panajachel Existem várias cidadezinhas simpáticas ao redor do Lago Atitlan, conectadas por barcos. Achei as principais cidades meio parecidas, e acabei escolhendo Panajachel pela logística: ficava mais perto de Antígua e mais ou menos no caminho para Xela, cidade onde eu pretendia ver o terceiro vulcão ativo da Guatemala, o Santiaguito. Meu plano inicial era passar só um dia em Panajachel, curtindo o Lago Atitlan, e depois ir para Xela. Porém, no transfer para Panajachel, eu já tinha decidido que não iria mais dormir em Xela. Estava meio de saco cheio dos transfers da Guatemala, as cidades não ficam longe, mas sempre demora muito para viajar entre elas, por isso resolvi passar duas noites em Panajachel e alugar um carro para fazer um bate e volta até o vulcão Santiaguito. O Santiaguito, o Pacaya e o Fuego são os três vulcões mais ativos da Guatemala. Dependendo da época, um pode ficar mais ativo que o outro. O Santiaguito também é estromboliano, com erupções um pouco menos frequentes que o Fuego, e é bem menos turístico. Assim como os “irmãos” Fuego/Acatenango, ele também fica ao lado de um vulcão bem alto e que não expele fumaça, mas é considerado ativo e perigoso, o Santa Maria, que, em 1902, teve uma violenta erupção, devastando grande área. Desde 1922, o Santiaguito vem crescendo na base da cratera da erupção do Santa Maria de 1902 por pequenas erupções e extrusões de lava, com magma de viscosidade mais alta, tornando-o mais perigoso. Nas minhas pesquisas anteriores, eu só tinha achado duas opções de tours para o Santiaguito. Um tour de meio dia que sobe só até um mirante do Santiaguito, localizado no vulcão Santa Maria, com saída apenas pela manhã. Infelizmente, não faziam no final da tarde, para tentar ver as erupções à noite. Dizem que esse trekking é bem leve, aproximadamente 1h30 de subida. A segunda opção é uma subida bem puxada até o cume do Vulcão Santa Maria, com pernoite lá. Durante a subida, passa-se pelo mesmo mirante do Santiaguito, mas do local do acampamento à noite, aparentemente, não dava para ver o Santiaguito em ação. Para essa viagem, planejei só o tour do mirante do Santiaguito de manhã, mesmo sabendo que não seria tão legal quanto o do Fuego. Mas, quando eu cheguei em Antígua, entrei em contato com algumas agências de Xela e descobri um terceiro tour chamado Santiaguito Crater Overnight. É um tour bem puxado, que sobe o próprio Santiaguito e passa a noite acampado lá no alto, aí sim, com a chance de assistir as erupções à noite. Mas precisava de 2 dias e eu só tinha tempo para fazer um bate-volta, optei pelo mirante do Santiaguito de manhã. Comecei o dia com duas missões “logísticas”: primeiro alugar carro para o bate-volta até o Santiaguito, e depois já deixar garantido o transporte até a cidade de Flores (daqui a dois dias). Depois do trampo que foi conseguir transfer para Panajachel, aprendi a lição. Nas agências de turismo de Panajachel, já consegui comprar de uma vez o transfer até a rodoviária da Cidade da Guatemala, e o ônibus noturno até Flores. Já o aluguel de carro... Descobri que simplesmente não existe aluguel de carro em Panajachel! Droga.... O pessoal até alugava aqueles Quad ou motos para fazer trilhas e passeios ao redor do Lago Atitlan, mas, locadora de carro, simplesmente não existia lá. A cidadezinha, apesar de bem turística, era menor que eu imaginava. Ainda pensei em negociar um transporte privado/táxi para o Santiaguito, mas ficaria muito caro, e o pessoal de Panajachel não fazia a menor ideia de como chegar lá. Infelizmente, fui obrigado a tirar o Vulcão Santiaguito do meu roteiro. Eu não queria deixar de conhecer os outros atrativos da Guatemala para ver mais um vulcão, durante o dia, que seria bem menos impressionante que o Fuego. Quem sabe um dia eu volto. Mas aí seria para tentar ver o Santiaguito à noite! Nessa viagem, preferi ficar dois dias no Lago Atitlan, que também tem bastante coisa para fazer. Panajachel, assim como a maior parte das cidadezinhas simpáticas à beira do Lago Atitlan, tem bastante artesanato, cultura local, restaurantes, além da bela vista do lago rodeado pelos três imensos vulcões (inativos). Além disso, tem bastante atividades esportivas à beira do lago, como caiaque, stand-up paddle, paraglider, bike, e muitos belos trekkings pelos vulcões e montanhas na região. Mas depois do Acatenango/Fuego, eu queria fazer algo mais leve, e a atividade que mais me interessou foi um cliff jumping na vila de San Marcos de La Laguna. Quanto aos passeios mais culturais, o mais tradicional faz paradas em algumas cidades, visitando uma fábrica local de tecidos e outra de tabaco. No entanto, outra atração cultural me pareceu mais legal: a cerimônia Maximon, em Santiago de Atitlan. Comecei a aproveitar o dia passeando em Panajachel. Fui direto para “praia”, curtir a bela vista do Lago Atitlan e seus três famosos vulcões inativos. O dia estava lindo, quase nenhuma nuvem no céu! Bem a nossa frente estava o Vulcão San Pedro, 3020 metros. Mais ao sul, à esquerda da foto, dava para ver o vulcão Toliman, de 3158 metros, com algumas poucas nuvens cobrindo o topo dele. Figura VI‑33: Lago Atitlan Nesse primeiro dia, eu fiquei procurando o terceiro vulcão.... Tinham várias montanhas altas ao lado do lago, mas me pareciam um pouco mais distantes. Só no dia seguinte, que amanheceu com menos nuvens, que eu desvendei esse mistério: o terceiro vulcão, Atitlan, 3535 metros, na verdade, estava logo atrás do Toliman! As poucas nuvens do dia anterior estavam encobrindo o Atitlan, essas fotos a seguir são do dia seguinte: Figura VI‑34: Lago Atitlan, no dia seguinte Figura VI‑35: Vulcão Toliman e Vulcão Atitlan Figura VI‑36: Vulcão San Pedro Salvei no canal um vídeo da vista do Lago Atitlan de Panajachel (Cap VI‑13). É muito agradável passar pelas ruas mais turísticas de Panajachel, cheias de artesanato, restaurantes, comidas de rua e turistas. Mas depois de uns 30 minutos tirando foto lá do centro e do Lago Atitlan, não tinha muito mais o que ver na cidade... As praias em si, pelo menos as perto do centro, não me pareciam muito legais para banho. Era hora de partir para as outras atividades ao redor do Lago Atitlan, começando pelo cliff jumping. Para circular entre as cidades à beira do lago é tranquilo, durante o dia tem barco a cada 30 minutos, que vai parando em todas as cidades. Custava 25 QTZ (~4 USD), preço justo, mas o problema, para variar, é a logística... Na verdade, o barco só sai quando tiver um número mínimo de pessoas. Então, se você der sorte de chegar e tiver um barco quase cheio, ele sai praticamente na hora. Senão, você senta lá e espera o barco encher. O cliff jumping ficava na cidade de San Marcos de la Laguna. De Panajachel até lá demorou uns 30 minutos, o barco parava em umas quatro vilas ao longo do percurso. Foi um passeio bem agradável, o lago estava bem calmo, passando por algumas vilas, hotéis, casas, algumas prainhas mais ajeitadas, algumas pessoas pegando sol, outras andando de caiaque, cenário bem bucólico. Chegando em San Marcos, fui tentar descobrir onde era o cliff jumping. Aliás, eu perguntava onde era o cliff jumping e ninguém entendia. Acho que o termo cliff jumping dá uma aparência bem radical, ou gourmetizado, especialmente depois daqueles campeonatos da Red Bull. Em San Marcos, eles chamavam o lugar de “trampolim” mesmo, bem menos glamoroso 🤣🤣🤣 . O trampolim está localizado no Cerro Tzankujil, um local com algumas trilhas bem tranquilas e estruturadas (dá para ir havaianas tranquilo…) contornando o Lago Atitlan. Em um trecho da trilha, eles construíram um trampolim de 12 metros de altura para quem quiser saltar no lago! Tem umas pedras na beira do lago que formam como se fosse uma escada natural, é bem tranquilo para sair depois. Eles cobram uma pequena taxa de entrada para quem vem de San Marcos, mas a estrutura é bem simples, com apenas um vestiário para trocar de roupa. Não tem onde deixar mochila, câmera etc., então, se estiver sozinho, vai ter que fazer amizade com algum turista lá e pedir para ele olhar suas coisas enquanto salta. Cheguei em San Marcos e segui contornando o lago, procurando o trampolim. Tinha pouca gente, o dia estava lindo e fazia um calor bem agradável por volta do meio-dia. Quando finalmente vi o trampolim..., caramba, que aflição! Nas fotos, não parecia tão alto, mas, na hora que chega naquela plataformazinha e olha para baixo..., são 12 metros, mas pareciam 100 metros 🤣🤣🤣 . No canal, salvei um vídeo só da vista da plataforma (Cap VI‑14). Figura VI‑37: Cliff Jumping no Lago Atitlan Primeiro fui dar uma olhada ao redor, ver o caminho para subir de volta. Fiquei enrolando, tirando umas fotos do lago, enquanto tentava criar coragem e me acostumar com a ideia de saltar.... Quando cheguei lá, não tinha ninguém saltando. Encontrei 2 dinamarqueses e fiquei conversando um pouco com eles. Eles já tinham saltado, falaram que o lago era bem fundo, que não tinha perigo e se ofereceram a tirar umas fotos minhas caso eu quisesse saltar. E...., depois de um bom tempo pensando seriamente em “arregar”..., tomei coragem e resolvi saltar! Foi bem bacana, salvei no canal o vídeo que os dinamarqueses fizeram do meu primeiro salto, Cap VI‑15! Detalhe: eu tinha levado uma GoPro para fazer vídeo saltando, mas, na hora que eu liguei, vi que a bateria estava descarregada. Droga, fiquei sem vídeos do salto com vista em primeira pessoa, ia ser bacana.... Aproveitando a boa vontade dos dinamarqueses, já fui pular de novo e pedi para que eles tirassem sequência de fotos, ficou bacana também: Figura VI‑38: Segundo cliff jumping Ué, e cadê as últimas fotos na hora do mergulho na água? Acertou quem percebeu que a sequência de fotos acabou antes de eu cair na água 🤣🤣🤣 . O salto dá muito medo, muito mais do que parece olhando as fotos, acho que estou ficando velho... Para mim, o segredo é não pensar muito, nem parar na plataforma: vai caminhando, de preferência rápido, e pula direto! Não pode dar tempo de pensar em nada, muito menos de “arregar”... Depois chegaram mais turistas, e eu fiquei só observando o pessoal tentando criar coragem para pular. Um monte de gente foi lá, ficaram um tempão, a maioria desistiu, até que duas pessoas foram. Enquanto eu estava lá, um americano que estava sozinho me pediu para fazer um vídeo dele saltando. O vídeo filmado de cima ficou bem bacana também, e eu resolvi pular mais uma vez. Mesmo depois de ter saltado 2 vezes, eu ainda estava com medo... Salvei o vídeo desse meu terceiro salto (Cap VI‑16), e também mais um vídeo de uma outra turista, que demorou umas 10 minutos, mas acabou saltando também (Cap VI‑17!). Foi muito divertido o cliff jumping, valeu a pena! Depois, fui conhecer o mirantezinho do Cerro Tzankujil, que tem uma bela vista das vilas pequeninhas aos pés do Vulcão San Pedro e das montanhas da parte oeste/norte do Lago Atitlan. Figura VI‑39: Vilas de San Juan e San Pablo Na volta para Panajachel, percebi que, mais para o final da tarde, o vento começava a aumentar e o lago ficava com mais ondas, bem menos confortável para andar de barco. Por isso, decidi deixar para o dia seguinte o aluguel do caiaque e a ida até Santiago conhecer o Maximon. Meu plano para o final da tarde era achar algum mirante perto de Panajachel, mas o tempo foi ficando cada vez mais nublado, até começou a garoar, então acabei desistindo da ideia. A vista mais bonita do lago deve ser do alto das montanhas e vulcões ao seu redor (nos transfers de ida e volta, deu para eu ter um gostinho). No final do dia, voltei para praia de Panajachel na esperança de ver um pôr do sol no lago. No entanto, as nuvens venceram, não teve pôr do sol, e assim acabou o meu dia conhecendo o Lago Atitlan. Eu achei o lago muito bonito, mas tinha visto algumas descrições como “o lago mais bonito do mundo”, etc. Achei um pouco exagerado. Pronto, falei 🤣🤣🤣 . Mas é bonito sim, bem bonito! Lago Atitlan: #valeapena Dia 6 -> Lago Atitlan - Maximon O dia amanheceu ainda mais bonito, então aproveitei para tirar novas fotos dos vulcões do lago, agora sem as nuvens no topo. Em seguida, fui atrás de um caiaque. Como o check-out do hotelzinho às 10h, eu teria que voltar antes disso se quisesse tomar um banho após a remada. Meu transfer para a Cidade da Guatemala saia às 16h30, , e de lá eu pegaria o ônibus noturno para Flores, então ainda ia demorar bastante até conseguir um banho. Próximo ao píer central de Panajachel, aluguei um caiaque e saí para remar. O lago estava bem calmo, mas o tráfego constante de barcos no píer gerava muitas ondas, que atrapalhavam bastante. Tinha que tomar bastante cuidado para “cortar” as ondas. Segui remando na direção sul, rumo à cidadezinha de Santa Catarina de Palopó. Como esperado, o começo próximo ao píer foi a pior parte, com muitos barcos transitando... Depois do píer, tinha uma praia urbana de Panajachel, que estava beeeeem cheia. Coloquei um vídeo no canal mostrando essa movimentação (Cap VI‑18). Não sei se estava acontecendo alguma celebração religiosa, o pessoal estava com umas roupas diferentes, tinha até uns cavalos na praia. Tinha muito movimento lá, e vários barcos também... Figura VI‑40: Caiaque no Lago Atitlan Figura VI‑41: Alguma movimentação na praia Figura VI‑42: Lago Atitlan e seus 3 vulcões icônicos Depois de passar o píer e essas praias mais urbanas de Panajachel, a remada ficou muito mais agradável. Quase não passava barco e encontrei umas praias de pedra bem calmas. Sem muvuca, algumas pessoas curtindo o sol, outras nadando. Muito agradável esse lugar! Salvei um vídeo dessa parte no canal também (Cap VI‑19). Daria para parar o caiaque, curtir a praia, ou até mesmo seguir mais contornando o lago, mas, como eu tinha o horário do hotel, resolvi voltar, para tomar banho e fazer o check-out. Depois de deixar as malas na recepção, fui pegar o barco até a cidade de Santiago de Atitlan para conhecer mais sobre o ritual Maximon. Ri Laj Mam, também chamado de Maximon, é uma divindade sagrada maia, venerada em algumas cidades da Guatemala. O início de sua adoração remonta à época que os espanhóis conquistaram a região dos maias, em 1524, segundo meu guia. Maximon, também conhecido como San Simon, me chamou atenção por alguns motivos. Primeiro porque é um exemplo de sincretismo religioso: uma mistura de tradições espirituais dos maias, com crenças espanholas, africanas e, mais tarde, católicas. Interessante como a cultura religiosa indígena não se perdeu por completo, mesmo com o cristianismo sendo a única religião permitida na Guatemala na época colonial. Em alguns locais da Guatemala, houve uma mescla do catolicismo com muitas crenças maias, resultando na adoração de alguns “santos” bem curiosos, como o Maximon. Outro motivo que me chamou bastante a atenção foi o ritual de adoração do Maximon, um tanto quanto inusitado. Maximon fuma, bebe e é mulherengo (apesar de ser, também, protetor dos casais)! Durante os rituais, o próprio Maximon fuma tabaco e bebe cachaça: o pessoal coloca cigarro e uma bebida alcoólica guatemalteca, “tipo” um licor, na boca do santo! Segundo o guia, o pessoal acredita que a mistura do fumo com incenso é o que faz ele realizar os desejos dos devotos, além de facilitar a comunicação entre o xamã e o Maximon. E a bebida oferecida é para relaxar o Maximon. Alguns dizem que a bebida também é para purificar, mas não entendi se para purificar o Maximon, o xamã, os devotos, ou todos eles 🤣🤣🤣 . Pelo que eu entendi, o xamã também bebe e fuma nos rituais (não tenho certeza se os demais devotos também). Os devotos do Maximon e peregrinos vão aos rituais fazer pedidos “normais”, aqueles que todo peregrino faz para seu “santo”: saúde, dinheiro, amor, proteção, emprego etc. Mas as oferendas que os devotos levam não poderiam ser outras: cigarros, bebidas, dinheiro (também levam velas, incensos e flores....). Segundo a Wikipedia, cada cidade acredita em uma origem diferente do Maximon. Algumas cidades acreditam que ele foi algum sábio ou um guerreiro antigo, mas lá em Santiago de Atitlan, me disseram que Maximon nunca foi um humano, sempre foi uma figura de madeira (efígie) criada pelos xamãs para defender os maias de feiticeiros do mal. Algumas versões dizem que o Maximon, às vezes, aprontava com os próprios moradores da aldeia que ele protegia. Uma vez os pescadores da vila estavam desconfiados de traição e, quando saíam para trabalhar, pediram a Maximon que vigiasse suas esposas. Mas acabou que o Maximon promoveu umas bebedeiras e acabou “pegando geral” as esposas dos pescadores! Os xamãs, então, deram um corretivo nele, quebrando seus braços e pernas, e Maximon então passou a fazer o trabalho corretamente e protegeu as pessoas da cidade do mal 🤣🤣🤣 . Que história! Realmente é um “santo” bem peculiar: mulherengo, mas também protege os casais. Ao contrário dos santos “típicos”, tem um lado bonzinho e um lado mais travesso. Fisicamente, o Maximon é uma efígie (como uma estátua) feita de madeira, que fica em uma confraria onde os devotos e peregrinos fazem suas oferendas e adoração. E quem realiza os rituais e “conversa” com o Maximon é um xamã. Além disso, o tempo todo tem dois guardiões tomando conta do Maximon. Cada ano a efígie do Maximon fica em uma casa diferente. Dizem que essa tradição surgiu na época que os maias tinham que esconder o Maximon dos espanhóis, que não aceitavam a adoração aos deuses/santos não cristãos. Atualmente, essa tradição continua, e todo ano tem uma semana sagrada em que a imagem é venerada nas ruas, antes de ser levada para uma nova casa de algum membro da confraria. As casas são bem simples, “tipo” as comunidades no Brasil. Para chegar lá, tem uns becos e vielas, mas é bem tranquilo e seguro. A efígie permanece exposta o ano todo para receber os peregrinos (e os turistas enxeridos...). Sem mais delongas, seguem as fotos da efígie do Maximon: Figura VI‑43: Maximon Reparem que tinha um maço de cigarro como oferenda, e a efígie estava com um charuto na boca! E tem várias gravatas, me disseram que você pode pegar uma gravata “benzida” se você colocar um dinheiro lá. Olha quanto dinheiro tinha embaixo das gravatas! Aquelas outras duas caixinhas de madeira que estavam vaziam costumam ter bebidas alcoólicas durantes as cerimônias. E reparem como ele, apesar de ter tronco de tamanhos similares aos humanos, tem uma perninha curta e braços cortados, quem mandou aprontar com os pescadores maias antigamente 🤣🤣🤣 ? Também me chamou a atenção que, junto com o Maximon, tinham imagens de santos católicos, cruzes e imagens de Cristo também. Figura VI‑44: Guardiões do Maximon na confraria Figura VI‑45: Devoção a divindades católicas também Antes da minha viagem para Guatemala, nunca tinha ouvido falar da devoção ao Maximon. Quando estava indo para o Acatenango, um guatemalteco e dois alemães comentaram sobre ele, e logo me interessei em conhecer melhor a história desse santo “loucão” em Santiago. Mas é importante destacar que Maximon não é adorado em toda a Guatemala. A maioria absoluta dos guatemaltecos é católica, e a adoração ao Maximon é restrita a algumas cidades habitadas pelo grupo étnico maia da região montanhosa da Guatemala. Mas enfim, voltando ao meu relato.... Quando cheguei de barco em Santiago de Atitlan, não sabia muito bem como conhecer o Maximon. Já no píer, alguns guias vieram oferecer passeios. O primeiro ofereceu um tour de 2h passando em uns quatro pontos turísticos de Santiago por 250 $QTZ (~32 $USD). Mas eu disse que só queria mesmo ir conhecer a confraria Maximon, e ele disse que cobraria 120 $QTZ. Achei caro, era só pegar um tuk-tuk até lá, mas foi bom para saber quais as opções para os turistas conhecerem o Maximon: eu poderia participar de uma cerimônia completa, ou só visitar a confraria e conhecer o Maximon. Para participar de uma cerimônia com um xamã, você tem que levar umas oferendas, como bebida e cigarro, e pagar umas taxas para participar e filmar. Sairia mais ou menos uns 300 $QTZ. Não ficou claro para mim como seria a cerimônia, se seria como uma “missa”, com várias pessoas reunidas em horários regulares, ou se seria apenas o xamã e alguns devotos fazendo suas oferendas e pedidos. Já a visita sem cerimônia poderia acontecer em qualquer horário. Para ver o Maximon, tem que pagar uma entrada de 15 $QTZ, mais 10 $QTZ para tirar foto, e, se quisesse fazer vídeo, 30 $QTZ. Como eu tinha pouco tempo, resolvi fazer só a visita até a confraria mesmo. Imagino que o ritual/cerimônia deve ser bem interessante também, quem sabe eu conheça em uma próxima. Agradeci ao primeiro guia pelas ofertas, mas achei caro... Logo chegou um segundo guia, oferecendo o mesmo “tour” até a confraria por 100 $QTZ, ainda caro. Eu mal disse “não” e já apareceu um terceiro guia, oferecendo a mesma coisa por 75 $QTZ, que também dispensei. Quando o quarto chegou, eu já estava de saco cheio e pensando em ser bem mal-educado para conseguir andar em paz em busca de um tuk-tuk.... Mas antes que eu fizesse isso, ele me disse que, ao contrário dos outros guias, era dono de um tuk-tuk e, por isso, me ofereceria o passeio para confraria mais barato. Ele pediu 60 $QTZ, fechamos por 50 $QTZ, e finalmente partimos para a confraria. A visita à confraria Maximon foi muito interessante. Depois o “guia” me deixou no centrinho de Santiago, que tem uma igreja bonita. Ao lado, tem uma pracinha e algum comércio e artesanato. Figura VI‑46: Tuk-tuk Figura VI‑47: Igreja de Santiago Ao contrário da outras vilas à beira do Lago Atitlan, Santiago já uma cidade meio grande. Dizem que tem mais de 60 mil habitantes, é a maior cidade à beira do Lago Atitlan. Se Panajachel e as outras vilas ao norte têm aquele centrinho charmoso, me lembraram um pouco a Praia da Pipa, ou Jericoacoara, cheio de restaurantes, artesanatos, pousadas; no centrinho de Santiago, tudo já era meio cheio e caótico, estilo 25 de março! Ok, eu exagerei um pouco... Mas andar pelo centrinho de Santiago acaba não sendo tão agradável quanto nas outras vilas. Por outro lado, dá uma visão mais real do dia a dia dos guatemaltecos. Acho que vale a pena ir até Santiago, conhecer o Maximon, mas, para quem for turistar no Lago Atitlan, acho que é mais legal ficar hospedado em Panajachel ou nas outras vilas menores ao norte do lago. De forma geral, as vilas têm belas vistas do lago, boas opções de mirantes e esportes outdoor, restaurantes, muitas lojinhas de rua, especialmente de roupas multicoloridas. Muito agradável passear pelas outras vilas ao redor do Lago Atitlan. Figura VI‑48: Muito comércio de rua Figura VI‑49: Lindas cores da Guatemala Depois de conhecer rapidamente o centrinho de Santiago, fui pegar logo o barco para Panajachel. E ainda bem que eu fui cedo, porque, na volta, demorou para caramba para encher o barco! Fiquei mais de 1h esperando, até que finalmente saímos rumo a Panajachel! Eu já falei que eu “adoro” a logística da Guatemala? De qualquer forma, deu tempo de pegar um almoço reforçado antes de voltar para o hotel e esperar o meu transfer para Cidade da Guatemala. Mas, quando esperava o transfer, apareceu um cara se apresentando como funcionário da agência de turismo, dizendo que eu iria pegar um transfer até Antígua e lá faria uma “conexão” para outro transfer até a Cidade da Guatemala. Achei bem ruim e reclamei, pois ninguém tinha me falado isso na hora da compra. Mas ele disse que não tinha mais vagas diretas para a capital e me garantiu que não teria problema porque eu chegaria em Antígua pelo menos 30 minutos antes do horário de saída da “conexão”. Achei bem zoado, mas fazer o quê, embarquei no transfer para Antígua. Só que, uns 45 minutos depois que o motorista saiu de Panajachel, demos azar e pegamos um mega congestionamento na estrada! Ficamos 1h30 praticamente estacionados. O trecho até Antígua que deveria demorar 2h, ia demorar 3h30... Perguntei ao motorista se ainda assim daria tempo de pegar o segundo transfer de Antígua para a Cidade da Guatemala (aquele que sairia 30 minutos depois na nossa chegada), e ele disse que não sabia dizer. Insisti na pergunta, mas ele desconversava.... Na verdade, eu e ele já sabíamos a resposta, claro que não daria. Já estava vendo a roubada, e comecei a pensar no plano B: ao chegar em Antígua, teria que pagar uns 300 $QTZ de táxi. Eu ia ficar bem pu☠️☠️ com o prejuízo, mas o táxi levaria cerca de 1h e ainda daria tempo de chegar na rodoviária e pegar o ônibus até Flores. O pior é que o pagamento é feito com a agência que contrata os transfers, não dava nem para eu pedir meu dinheiro de volta para o motorista. Eu estava xingando a agência de tudo que é nome, maldita hora que eles inventaram essa conexão em Antígua, quando, de repente, a uns 15 minutos de Antígua, o motorista do transfer me informou que arrumaram um transporte direto de Antígua para rodoviária da Cidade de Guatemala! Provavelmente o motorista estava mandando umas mensagens para o cara da agência, dizendo que não daria tempo de fazer a conexão em Antígua, e eles arrumaram um Uber para me levar até a Cidade da Guatemala. O motorista parou em um posto, encontrei o Uber e cheguei a tempo na rodoviária, ufa! O ônibus noturno para Flores era bem confortável. Marcado para sair às 21h30, acabou saindo umas 21h45, mas depois parou na frente de um shopping, que é “tipo” um ponto de parada dos ônibus ao norte da cidade, e ficou esperando não sei o quê por mais 45 minutos, não entrou um passageiro sequer.... Depois disso, finalmente seguimos viagem e desmaiei até Flores. É, pessoal, a logística da Guatemala é dureza. É outro ritmo, tem que ter paciência. Mas, pelo menos, o povo é muito simpático, e eles sempre dão um jeito de resolver o problema e te ajudar! Maximon: #valeapena Dia 7 -> Tikal O ônibus chegou em Flores lá pelas 6h, após uma jornada interminável de mais de 12h desde Panajachel. Peguei um tuk-tuk até meu hostel, e felizmente a dona me deixou fazer check-in mais cedo grátis, já que o meu quarto estava desocupado. Flores, localizada em uma pequena ilha no Lago Peten, é a melhor base para conhecer as ruínas de Tikal. O Lago Peten também é bonito, mas não é tão grande quanto o Lago Atitlan, nem rodeado por montanhas e vulcões. Infelizmente, eu não peguei um tempo bom em Flores; estava sempre chovendo ou bastante nublado. O lago estava tão cheio devido às chuvas que a água estava invadindo uma parte da rua "beira-mar". Ainda assim, é uma cidade bem bacaninha, tem alguma estrutura para turistas, uma igrejinha bonita, bastante pousadas, restaurantes e lojinhas. É agradável caminhar pela cidade, especialmente na beira do lago. Tikal é o mais famoso sítio arqueológico dos maias na Guatemala, que fica a 65 km de Flores. Eu fechei o tour no hotel mesmo, saindo às 8h. Só deu tempo de tomar um banho, não consegui nem tomar café da manhã, comprei uns pães na padaria e saí. Mas foi aquela logística típica dos tours da Guatemala, até juntar todo mundo, pegar guia, comprar entrada do parque, só começamos o nosso tour em Tikal às 10h. Os maias, ao contrário dos astecas e dos incas, não possuíam uma capital única, mas “cidades-estados” independentes que poderiam ser aliadas ou rivais, dependendo dos seus objetivos. Cada cidade-estado tinha sua própria administração, com crenças, línguas e costumes próprios. Existem ruínas maias espalhadas pelo México, Belize, Guatemala, El Salvador e Honduras. Tikal, uma antiga cidade maia, tornou-se um dos reinos mais poderosos da civilização maia, e ali foram encontradas imponentes estruturas de pedra, como templos, pirâmides, palácios e outras construções. Além das estruturas impressionantes, Tikal é famosa por sua localização em uma densa floresta tropical na Guatemala, conferindo ao local uma atmosfera mística e exótica. Apesar de suas estruturas mais antigas datarem do século IV a.C., Tikal atingiu seu apogeu entre 200 d.C. e 900 d.C. Nesse período, a cidade dominou grande parte da região maia política, econômica e militarmente, enquanto interagia com áreas da Mesoamérica, como a grande metrópole de Teotihuacán, no distante vale do México. Há evidências de que Tikal foi conquistada por Teotihuacán no século IV d.C. Tikal dominava as terras baixas dos maias, mas estava frequentemente em guerra com os vizinhos. Várias inscrições dão conta de muitas alianças e guerras com outros estados maias vizinhos, dentre os quais Uaxactun, El Caracol, Naranjo e Calakmul. Tikal foi um dos maiores centros populacionais e culturais da civilização maia. Já no século IV a.C., iniciava-se a construção de sua arquitetura monumental, mas as principais estruturas visitadas hoje provêm do período entre 200 d.C. e 850 d.C. Depois deste período, nenhum grande monumento foi construído, coincidindo com depósitos que comprovam a ocorrência de um incêndio em alguns palácios usados pela elite da cidade. Desse período em diante, iniciou-se o gradual declínio de sua população até seu abandono completo, por volta do século X d.C. Estudiosos estimam que, no seu auge, a cidade teria uma população entre 100.000 e 200.000 habitantes. O sítio apresenta centenas de construções antigas significativas, das quais apenas uma fração foi cientificamente escavada em décadas de trabalho de arqueologia. Os edifícios sobreviventes mais proeminentes incluem seis grandes pirâmides de plataformas (ou estágios) que apoiam templos nos seus topos. Elas foram numeradas geograficamente pelos primeiros exploradores e construídas no período mais recente, entre o século VII e o início do século IX. O Templo I foi construído ao redor de 695; seguido pelo Templo II, próximo a 700. O Templo III surgiu em 810, enquanto o maior deles, o Templo-Pirâmide IV, com cerca de 72 metros de altura, foi erguido em 721. Já o Templo V data de aproximadamente 750, e Templo VI, de 766. Esta cidade antiga também tem os restos de palácios reais, além de várias pirâmides menores, residências, estelas e monumentos de pedra. Em 2021, descobriu-se que aquilo que durante muito tempo se supôs ser uma área de colinas naturais próxima ao centro de Tikal era, na verdade, um bairro de edifícios em ruínas que foram projetados para se parecerem com os de Teotihuacán. Há até mesmo um edifício que parece ter sido uma prisão, originalmente com barras de madeira nas janelas e portas. E há também vários estádios de jogo de pelota maia. O nome "Tikal" quer dizer "lugar de vozes" ou "lugar de línguas" na língua maia, mas foi um nome dado recentemente, quando as ruínas foram descobertas. Os guias batem palmas em algumas praças para demonstrar que o local parece fazer um eco diferente mesmo, por isso o nome Tikal. Baseado nos hieróglifos, acredita-se que os nomes antigos da cidade poderiam ser Mutal ou Yax Mutal, que significaria "pacote " ou "pacote verde", e talvez, metaforicamente, "primeira profecia". Bom, quando vou visitar esses sítios arqueológicos, eu sempre fico na dúvida se vale a pena ou não pegar um guia. Apesar de eu não gostar muito de andar com grupos, se o guia for bom, vale a pena; se não, é um martírio... O problema é saber se o cara é bom com antecedência. Em Tikal, com o tour durando umas 3h/4h, achei melhor pegar um guia pois o lugar é bem grande, eu estava cansado e não tinha pesquisado nada. E também porque custava só 30 $QTZ... Mas o guia era daqueles que falavam muito..., demais mesmo! O pior é que ele ficava falando muito no começo, quando ainda não tínhamos visto ruína nenhuma e estávamos ansiosos para ver alguma coisa interessante. Mas o guia parava e falava, falava, falava.... O cara falava tanto, sobre um monte de coisa pouco interessante que, quando ele começava a falar algo útil, eu já estava fazendo outras coisas e tirando fotos. Fora o inglês belizenho-caribenho meio complicado para entender. Enfim, não acho que tenha valido muito a pena. No entanto, eu reconheço que o cara tinha muita informação e conhecia bastante do lugar, aqueles que gostam de saber tudo nos mínimos detalhes, vão gostar. E ele passou informações interessantes sobre técnicas de construção maias, que usavam limestone (que, segundo o tradutor, é calcário). Ele falou um pouco da fundação e que eles usavam o mesmo material retirado do solo, tratando o limestone para “cimentar” as pedras, algo assim. Ele também explicou que, depois que contato com Teotihuacán, mudaram a técnica de assentar os tijolos para algo mais consistente. E que eles iam construindo os templos por andar, algo a ver com rei, algo a ver com chegar mais perto dos deuses, não lembro direito. A primeira parte interessante que visitamos é chamada Acrópole Central, onde viviam parte das elites de Tikal. Lá, o guia nos mostrou como seriam os quartos, banheiros, cozinhas e até um suposto trono nas pedras, dando uma boa ideia de como seria a casa dos antigos maias. Figura VI‑50: Acrópole Central Depois de uma curta caminhada, chegamos na Gran Plaza, o local mais importante de Tikal. Os destaques são os dois templos, Templo I, também conhecido como Templo do Jaguar, e Templo II, também conhecido como Templo das Máscaras. O guia explicou algumas coisas sobre a construção das duas pirâmides principais da praça, Templo I e Templo II. Um foi construído apontando para o outro, alinhados em alguma direção que tinha a ver com a astrologia e calendário. As fendas de um templo alinham nos solstícios, a janela do outro templo seria para ver a lua. O Templo I ficou conhecido como Templo do Jaguar já que, dentro dele, foi encontrada uma representação de um rei montado num jaguar e, na tumba do rei Jasaw Chan K’awii, peles do animal. O Templo II foi construído pelo mesmo governante Jasaw Chan K’awiil I, em homenagem a sua esposa. No seu topo (é possível subir nesse templo), tem uma viga esculpida com uma máscara mortuária que acreditam ter sido da esposa de Jasaw Chan K’awiil I, por isso ficou conhecido com o templo das máscaras. A Gran Plaza também tinha várias estelas. Os maias de Tikal cultuavam 14 deuses do bem e, também, uns nove deuses do mal! Segundo o guia, assim como faziam oferendas aos deuses do bem, os maias também faziam oferendas para os deuses do mal, para evitar que eles causassem desgraças, claro. Espertinhos esses maias, hein? 🤣🤣🤣 . Entre os templos I e II, ao norte da Gran Plaza, fica a Acrópole Norte, que era o mausoléu dos nobres de Tikal. Muitas tumbas e oferendas foram encontradas no local, com imagens dos reis nos mausoléus. Uma imagem interessante tinha a figura do rei cheio de plumas, o guia explicou que eles associavam aves a algo divino, alguma simbologia com a figura do rei sempre no topo. Figura VI‑51: Templo I, o Templo dos Jaguares Figura VI‑52: Templo II, o Templo das Máscaras Figura VI‑53: Gran Plaza, vista do alto do Templo II Figura VI‑54: Acrópole Norte Figura VI‑55: Imagem de rei com plumas Salvei um vídeo da Gran Plaza no canal, vista do alto do Templo II (Cap VI‑20). Seguimos caminhando e passamos pelo Templo III, que está quase todo coberto de vegetação, só dá para ver o seu topo. A melhor forma de avistá-lo é do topo do Templo IV. Mesmo com os trabalhos de restauração, os guias dizem que 80% das estruturas foram engolidas pela floresta. Em vários trechos caminhando pelo parque, o guia mostrava o que parece ser uma pequena colina, mas que, na verdade, era uma construção maia que ficou encoberta pela floresta. Logo chegamos no Templo IV. Com seus 72 metros de altura, é o mais alto do mundo maia e famoso por proporcionar um lindo nascer do sol em Tikal. Apesar do Templo IV ser o mais alto, apenas o seu topo é visível, todo o resto do templo também foi tomado pela terra e pela vegetação, meio engolido pela floresta. No entanto, foram construídas escadas permitindo alcançar o seu topo. Lá do alto, tem-se uma linda vista do topo dos outros templos e da exuberante floresta que parece não ter fim. Figura VI‑56: Templo III (à direita), Tempo I e Templo II A Acrópole Sul, também chamada de Mundo Perdido, é a parte mais antiga de Tikal. Enquanto a Gran Plaza foi construída por volta de 600 d.C., essa parte data dos primeiros séculos depois de Cristo. Subimos uma pirâmide que tinha apenas algumas de suas faces restauradas. Também gostei muito da vista lá do alto, que rendeu fotos bonitas, especialmente com o lindo céu azul. Quem vê as fotos com esse céu lindo nem imagina o mega pé d'água que tomamos 10 minutos antes! Alguns guias fazem uma distinção entre os “templos” e as “pirâmides”, apesar de, teoricamente, os templos também ficarem no topo de construções piramidais. Diferente dos templos, as pirâmides de Tikal são mais quadradas, tem a base maior e escadarias nas 4 faces. Teoricamente, os templos eram lugares de cerimônias religiosas, e depois serviam como cemitério para alguns nobres. Já as pirâmides seriam mais para observação astronômica, para controlar o tempo/calendário. Depois da pirâmide, ainda fomos conhecer o Templo V, que achei o mais bonito e o mais bem conservado. No caminho de volta, passamos ainda pelo edifício Teotihuacano, que não é muito imponente, mas chama atenção pelos detalhes com imagens de Tlaloc, deus da chuva e da água, mas vou falar mais dele na minha viagem do México. Figura VI‑57: Pirâmide na Acrópole Sul Figura VI‑58: Templo IV, visto da pirâmide Figura VI‑59: Templo V Figura VI‑60: Edifício Teotihuacano No total, foram 4h conhecendo Tikal. O lugar é muito grande, em 4h, acabamos não conhecendo todas as áreas, como a zona norte e o Templo VI, mas conhecemos o principal... Durante nossa visita, o clima estava doido. Em alguns momentos, fazia um baita calor, mas também choveu forte em dois momentos e tivemos que ficar um tempão esperando a chuva passar. Depois, almocei por lá mesmo, saímos de Tikal por volta das 15h e quando chegamos em Flores, estava nublado e chovendo. Muito cansado, só dei uma voltinha no centro, jantei e finalmente tive uma bela noite de sono para tirar o atraso. Tikal: #imperdível Tikal versus Chichen Itza Figura VI‑61: Chichen Itza, México Uns 10 anos antes, eu tinha ido a Chichen Itza, outro sítio arqueológico dos maias. Localizada na Península de Yucatan, México (próximo a Cancun), Chichen Itza foi eleita uma das 7 maravilhas do mundo moderno. Como minha visita já faz muito tempo, não lembro tantos dos detalhes, mas lembro que a pirâmide de Chichen Itza, chamada Templo de Kukulcán, me pareceu mais bonita do que as de Tikal. Os patamares, os detalhes nas fachadas, no topo, as serpentes, tudo bastante restaurado. Em algumas faces, as pedras estão bem alinhadas e perfeitinhas (às vezes, até demais....), já em outras faces é possível notar alguma erosão. Não sei se Chichen Itza foi melhor/mais restaurada, ou se simplesmente resistiu mais ao tempo, mas, de forma geral, suas construções estão mais bem conservadas que Tikal. Os templos de Tikal são maiores em altura, o Templo V tem 57 metros de altura, enquanto a pirâmide de Chichen Itza tem 30 metros. Os templos de Tikal parecem mais “finos” e esticados, não tem escadaria nas 4 faces, enquanto a pirâmide de Chichen Itza tem a base bem mais larga e escadaria nas 4 faces. Assim como Tikal, Chichen Itza possui características arquitetônicas que simbolizam os conhecimentos avançados dos maias em astrologia e calendários. Muito legal também essa simbologia: a pirâmide foi projetada para criar sombras triangulares durante os equinócios, criando uma impressão de uma serpente descendo a pirâmide ao fim da tarde. O sitio arqueológico de Chichen Itza é menor e tinha muito movimento, muitas excursões, muito ambulante, tudo meio calçado ou com terra ou grama/vegetação baixa. Ou seja, não tinha muita mata e floresta. E tem bem menos construções em quantidade que Tikal. Em compensação, as construções de Chichen Itza costumam ser maiores em tamanho/área, como a pirâmide, o campo do jogo de pelota maia, um local que tinha um mercado, colunas e templos. Também não sei se restauram mais ou se eram maiores mesmo... Chichen Itza foi totalmente limpa na década de 1930, hoje tem tudo catalogado e muito bem explicado. Já Tikal é muito mais amplo em termos de terreno, com atrações mais espalhadas e ainda tem muita coisa não escavada. Tikal desperta muito a curiosidade! Suas ruínas parecem sempre esconder algo, estejam elas envoltas pelas neblinas do amanhecer, ou cobertas por floresta tropical. Em Tikal você pode subir em alguns templos através de algumas plataformas (antes podia subir no templo mesmo), e o ambiente é repleto de vida: animais, aves, macacos, quatis e muitas árvores. Muitas construções ainda não foram restauradas ou estão cobertas de terra e vegetação, florestas crescendo por cima das ruínas, como se a cidade abandonada estivesse sendo lentamente engolida pela natureza. Todo esse ambiente dá um clima mais de contato com natureza, enquanto Chichen Itza tem um jeitão mais de cidade ou de “parque temático” arqueológico... Para sair de cima do muro, acho que eu gostei um pouco mais de Tikal, mas os dois são incríveis, vale a pena conhecer os dois! Dia 8 -> Flores -> Lanquin Como eu já sabia da confusão de transfers da Guatemala, quando eu reservei o hotel em Flores, já garanti uma reserva no transfer de Flores até Lanquin, a cidade-base para conhecer Semuc Champey. É um trajeto muito demorado, a estradinha tem muita curva, e só tinha um horário de transfer por dia, saindo de manhã. Perde-se um dia inteiro só fazendo esse translado, saí às 8h de Flores e cheguei às 17:h20 em Lanquin. Me chamou a atenção que, na hora de sair, o cara do transfer toda hora contava os passageiros e parecia que faltava um atrasadinho. Ficamos uns 30 minutos esperando, o cara fazendo ligação/WhatsApp, mas no final acabou saindo só quem já estava lá, ninguém entendeu nada... Nas estradas da Guatemala, o pessoal vai de carona aonde der, sempre cabe mais um! Vai gente em qualquer canto, e não refiro apenas a ônibus lotado. Nas estradas, via tuk-tuk carregando famílias inteira (famílias com 4 filhos ou mais), moto com 3 pessoas, vi uma turma entrando na caçamba de um caminhão chiqueiro com os porquinhos, vi guatemalteco viajando no teto do Chicken bus... Mas o que mais me chamou a atenção foi que muita gente, inclusive famílias com bebês, viaja na caçamba das picapes. Até na principal rodovia do país, a Rodovia Panamericana, vi famílias inteiras na viajando na caçamba! É o famoso jeitinho guatemalteco “coração de mãe”, sempre cabe mais um...Essa foto foi no caminho para Lanquin. Figura VI‑62: Galera na caçamba Figura VI‑63: Tem um filho no meio do casal na moto.... E, por falar em moto..., uma coisa que eu percebi no interior é que quase ninguém usa capacete. O próximo vídeo salvo no canal, Cap VI‑21. Eu gravei em Panajachel, mais para ver os Chicken bus e os tuk-tuks, mas reparem nas motos que passam depois dele. Para cada 4 motos que passavam, apenas uma tinha gente de capacete! Mas as máscaras de covid, os motoqueiros usavam 🤣🤣🤣 . Nessa viagem para Lanquin, um motoqueiro me chamou a atenção, pena que não tirei foto. Ele estava andando de moto sem usar capacete, mas tinha um capacete amarrado na garupa da moto, não era por falta de capacete que ele andava sem... Justiça seja feita: na capital Cidade de Guatemala, quase todo mundo usava capacete. Enfim, só fui chegar em Lanquin depois das 17h. Lanquin é uma cidade muito pequena mesmo. A cidade em si só tem algumas lojinhas que vendem comida, um único restaurante mais turístico, e por isso os poucos hotéis e hostels acabam tendo uns restaurantes mais turísticos e bares. O pequeno centrinho de Lanquin só tem um pouco de comércio local. Foi bacana para conhecer como é uma cidadezinha mais típica (quase “não turística”) do interior da Guatemala. Salvei 3 vídeos no canal circulando por Lanquin (Cap VI‑22, Cap VI‑23 e Cap VI‑24). E olha a cerveja vendida na Guatemala, não confundir com Brahma, hein 🤣🤣🤣 : Figura VI‑64: Cerveja Brahva Figura VI‑65: Lanquin Mas quando eu cheguei em Lanquin, tive uma péssima notícia. O brasileiro que eu tinha conhecido no Acatenango chegou lá um dia antes e me mandou um zap dizendo que Semuc Champey estava “zoado”! Semuc Champey é um rio pequeno que passa em um vale e forma umas piscinas naturais bem bonitas, com água cristalina e bem clarinha, mas, por causa das chuvas, o rio estava muito cheio e Semuc Champey estava todo marrom e barrento. Quando cheguei no hotel, o cara da recepção me confirmou que Semuc Champey estava “sujo” mesmo! Que raiva, gastei um dia inteiro para vir até aqui, vou gastar outro dia inteiro para sair, chego aqui e descubro que o rio estava zoado. Como diriam uns amigos “das antigas”... “perdeeeeeu”! Para mim, depois dos vulcões ativos, essa seria a principal atração da Guatemala. Deixei de conhecer um monte de coisas, como o Vulcão Santiaguito, vir até aqui. Que derrota! E para piorar, em Lanquin não tinha mais quase nada para fazer. Mas já que eu estava aqui e não tinha mais o que fazer..., tá no inferno, abraça o capeta. No dia seguinte, eu ia ver Semuc Champey “sujo” e barrento mesmo! Dia 9 -> Semuc Champey Conversando com o pessoal da recepção do hotel, me disseram que é super raro Semuc Champey ficar com as águas barrentas. Mesmo na época de chuva, era muito difícil “sujar” o rio. No dia anterior, eles mencionaram que, se não chovesse à noite, Semuc Champey até poderia estar bom no dia seguinte. E naquela noite só deu uma garoa de leve, nada de chuva forte. Não sei se eles falaram isso só da boca para fora, para tentar me animar quando viram a minha cara de velório, ou se eles realmente acreditavam naquilo... Enfim, amanheceu bem nublado, mas pelo menos não estava chovendo. “Bora” ver Semuc Champey marrom! Depois do café da manhã, fui procurar o transporte de Lanquin até Semuc Champey. A chegada até Lanquin atualmente está toda asfaltada, mas, para Semuc Champey, não. E adivinha como era o transporte? Umas picapes para galera ir na caçamba, como aquelas que eu via em todas as estradas da Guatemala 🤣 . Algumas eram mais modernas, outras cobertas com lona, algumas com banquinhos, “tipo” versão miniatura daqueles caminhões jardineiras que tínhamos no Brasil. Mas a maioria só tinha essas estruturas metálicas em volta pelo menos para o pessoal não cair. E lá fui eu para caçamba de uma delas. Obviamente que, como todo guatemalteco, o cara do transfer lotou a caçamba da picape. Quer dizer, para mim, parecia lotado, mas toda hora o cara parava e subia mais um 🤣🤣🤣 . São 9 km de Lanquin até lá, e demorou 45 minutos. Balançava para caramba! Mas, para quem tinha acabado de voltar de uma viagem de carro no Jalapão na época de chuva, essa estrada parecia uma Autobahn alemã... A maioria era estrada de chão, mas já tinham alguns trechos asfaltados ou com calçamento nas subidas. Foi divertido, também salvei dois vídeos no canal do transporte até Semuc Champey (Cap VI‑25 e Cap VI‑26). Figura VI‑66: Transporte para Semuc Champey Figura VI‑67: É “nóis” na caçamba.... Quando chegamos na ponte antes da entrada do parque, vi pela primeira vez o Rio Cahabón, que estava muito cheio e completamente marrom. Figura VI‑68: Rio Cahabon Não dava para dizer que eu não imaginava que o rio estaria todo marrom, mas, no fundinho, a gente sempre tinha uma gotinha de esperança de chegar lá e ser surpreendido... Que pena. Já estava lá mesmo, paguei o ingresso e fui conhecer Semuc Champey. Primeiro o pessoal costuma seguir até um mirante natural, e depois ir até as piscinas naturais. É uma subida não muito difícil, uns 30 minutos com passarelas, escadas, corrimãos ou cordas, bem estruturada. E, “ni qui” eu cheguei lá no mirante...: Figura VI‑69: Semuc Champey Figura VI‑70: Primeiras piscinas Figura VI‑71: Surpreendido (positivamente!) É, galera, “deu bom”!!! Quem diria, Semuc Champey estava lindo! Boa parte das piscinas estava azulzinha. Também salvei um vídeo do mirante, Cap VI‑27. No hotel, o funcionário estava me falando que o problema de “sujar” Semuc Champey ocorria quando “o rio enchia as piscinas”, mas eu não entendia direito o que ele estava falando. Chegando lá eu fui entender. Na verdade, aquele rio que estava marrom é um rio grande, chamado Cahabón. No trecho de Semuc Champey, ele afunda, entrando em um túnel subterrâneo por uns 300 metros, e some completamente! Na superfície desse trecho, onde o rio Cahabón afunda, se formam diversas piscinas azulzinhas, que, na verdade, são alimentadas por outros afluentes do Rio Cahabón. São as águas que descem das montanhas que formam as piscinas naturais de Semuc Champey, e após 300 metros de piscinas, vão se encontrar com o rio Cahabón em uma última queda d’água! Agora entendi o que o funcionário do hotel quis dizer: se o rio Cahabón estiver muitíssimo cheio, ele transborda e parte da sua água entra na região das piscinas, sujando tudo. Era isso que tinha acontecido no dia anterior! E não é que a noite sem chuva fez o rio diminuir um pouco o volume, o suficiente para não transbordar mais e voltar para caverna?! Figura VI‑72: Rio Cahabón “sumindo” Depois do mirante, descemos para ver as piscinas naturais de perto. Tinha muita lama em todo o caminho para subir e depois descer do mirante. Ainda assim, se estiver de tênis, é bem tranquilo. A explicação química da formação dessas piscinas, eu vi nos relatos do Mundo por Terra (Ref. 31😞 as águas de Semuc Champey são ricas em bicarbonato de cálcio e, quando esquentam, produzem carbonato de cálcio, cujos cristais se aderem aos micro-organismos da água e se precipitam. Assim vão consolidando os terraços onde estão as piscinas! Durante o dia todo, o clima ficou nublado. Até ameaçou abrir um solzinho, mas não abriu... Lá tem alguma estruturazinha de vestiário para se trocar e alguns lockers para deixar mochila, a dica é lembrar de levar cadeados para nadar despreocupado. Estava uma temperatura agradável para caminhar, uns 23oC, eu até tinha levado roupa de banho e cadeado..., mas achei meio frio para nadar e refuguei (a lá Baloubet du Rouet nas olimpíadas de Sydney 🤣). Fiquei mesmo só admirando as piscinas, foram muitas e muitas fotos! Figura VI‑73: Primeiras piscinas, mais azuis Figura VI‑74: Piscinas do final, mais verdes Figura VI‑75: Semuc Champey se juntando ao rio Cahabon Salvei 3 vídeos no canal, do rio Cahabon “afundando”, das primeiras e das últimas piscinas de Semuc Champey (Cap VI‑28, Cap VI‑29 e Cap VI‑30) Além do parque nacional com as piscinas, do outro lado do rio Cahabón, tem uma área particular que não tem vista para as piscinas, mas tem alguns outros atrativos. Pelo que eu tinha pesquisado, tem uma cachoeira e um tubing (descendo de boia pela correnteza do rio), mas o passeio principal é uma caminhada pelas cavernas do rio Cahabón, naquela parte que passa por baixo de Semuc Champey. Precisa de calçados adequados, de preferência sapatilhas aquáticas se não quiser andar com seu tênis no rio. Mas, como o volume do rio estava muito grande, não estavam oferecendo nem o tour da caverna, nem o tubing nesse dia. Achei Semuc Champey muito bonito! Seguramente, não foi o dia que as piscinas de Semuc Champey estavam mais cristalinas e bonitas. Algumas estavam mais azuis, outras um pouco mais verdes, outras mais barrentas e menos transparentes. Certamente não estava tão azul-turquesa como nas fotos da internet. Mas, para quem estava achando que ia ver tudo marrom e que tinha dado muito azar, “deu bom”, ficou aquela sensação de copo meio cheio. Semuc Champey: #imperdível Dia 10 -> Lanquin -> Cidade da Guatemala -> Cidade do México Meu voo era às 18h, então acordei muito cedo para poder chegar à Cidade da Guatemala a tempo. Precisava pegar um transporte local de Lanquin até Coban, cidade maiorzinha da região, e de lá um ônibus até a capital. Nos dias anteriores, estava difícil descobrir qual horário mais cedo do transporte de Lanquin para Coban. No meu hotel, me falavam uma coisa, na pracinha central, uns caras do transporte falavam outra, na vendinha em frente ao ponto, mais uma versão.... Eu já falei que a logística na Guatemala é complicada?... Descobri que quem faz esse transporte, na verdade, são moradores locais. Não existe uma empresa de transporte pública ou privada propriamente dita. Eles saem no horário que quiserem e fazem o trajeto que desejarem. Normalmente há uma van saindo às 8h, outra às 9h, algumas mais cedo, mas não tinha horário fixo. O pessoal sabe mais ou menos quando tem demanda, e vai saindo mais ou menos de hora em hora. Por isso que cada pessoa que eu perguntava tinha uma resposta diferente... Esclarecida a confusão, o cara do hotel me recomendou estar na bifurcação na saída de Lanquin às 5h da manhã, pois deveria ter alguma vanzinha passando. Saí às 4h30. Detalhe: como na cidade não tem estrutura turística, os hotéis geralmente tem bar e música, e ficam até altas horas. Naquela noite, teve música alta no meu hotel até 1h da manhã, não dormi nada. Parecia que a caixa de som estava dentro do meu quarto, que inferno... Lá pelas 5h, eu estava indo para o cruzamento da saída de Lanquin quando passou um micro-ônibus recolhendo pessoas, obviamente pegando o máximo de gente possível. Confirmei que ele estava indo para Coban, e finalmente peguei meu primeiro transporte coletivo na Guatemala. Mas fiquei triste quando vi que não era o tradicional Chicken bus... Era uma vanzinha “véia” para umas 23 pessoas (já incluindo aqueles miniassentos dobráveis, bem trevas). Quando eu entrei, tinha umas 10 pessoas, mas em dez minutos circulando lotou. E, na saída de Lanquin, devia ter umas 30! Sim, a lotação era 23 pessoas...., quatro caras e o "cobrador" estavam indo em pé, uma criança no colo, e outra sentada em cima capô do motor ao lado do motorista. Ao longo do caminho entre Lanquin e Coban, algumas pessoas desceram, outras iam subindo, e assim seguia os transportes guatemaltecos “coração de mãe”. Todo vilarejo que passava, eu torcia para não ter ninguém esperando ônibus, mas sempre entrava mais um 🤣🤣🤣 . Em um momento, já quase lotado, o motorista parou e foi conversar com uma família com umas 8 pessoas. E cheios de bagagem... Eles ficaram uns 10 minutos conversando, não sei onde eles iriam colocar aquele pessoal todo, no teto? No fim, acabaram não indo no nosso mini-ônibus. Chegando em Coban, eu precisava achar o terminal da empresa do ônibus até Cidade da Guatemala. Na Guatemala, as cidades não tem rodoviária, cada empresa tem seu terminal, que, nesse caso, ficava perto do “ponto” final do meu mini-ônibus. Tinha ônibus de hora em hora para capital. Um deles saía às 7h, e foi a minha vez de tirar proveito dos atrasos daqui. Cheguei 7h05, e não só consegui a passagem para o busão das 7h, como ainda deu tempo de pegar um café e um pão antes de embarcar. E esse meu segundo transporte rodoviário também não foi de Chicken bus, infelizmente. Chicken bus é o “apelido” dos ônibus de transporte público mais baratos e populares utilizados na Guatemala e alguns países da América Central. Geralmente ônibus escolares aposentados dos Estados Unidos, os Chicken bus costumam ter aparência extravagante e coloria, como esse da foto a seguir. Alguns deles até possuem iluminação especial, olhem que estiloso o Chicken bus no vídeo Cap VI‑31 do canal! Figura VI‑76: Chicken Bus Foi uma longa viagem de Coban até Cidade da Guatemala, mas bem tranquila. Como na maior parte da Guatemala, passamos por muitas e belas montanhas, vulcões e vales cobertos de floresta tropical, além de estradas com muitas curvas e belas paisagens. A quilometragem entre as cidades não é tão grande, mas demora muito para chegar de um lugar para o outro. Também observei que passamos por muitas obras, duplicando e asfaltando estradas. Parece que estão melhorando a infraestrutura, mas ainda tem um longo caminho. É possível chegar a todos os lugares, mas a logística pode ser complicada para quem tem pouco tempo. O pessoal é enrolado, mas é gente fina. Na hora de ir embora, já na área de embarque do aeroporto, fui procurar água de graça, mas todos os bebedouros estavam desligados por causa da pandemia. Entrei em uma loja de souvenir, não ia comprar nada, apenas queria perguntar à moça da loja se ela sabia onde tinha um bebedouro. Ela me disse que não tinha, mas eu poderia pegar a água dela e encher minha garrafinha.... Muito simpático o povo daqui! E, para fechar com chave de ouro, quando me sentei na janela do avião, olha que beleza: aeroporto com vista para vulcão! Vulcões, na verdade, vários deles, e na hora do pôr do sol. Figura VI‑77: Aeroporto com vista para vulcões Depois de acordar 4h30 em Lanquin e fazer múltiplos traslados, finalmente cheguei no meu hotel na Cidade do México, tarde da noite. Só tive energia para tomar um banho e desmaiar! Estava morto, mas feliz porque finalmente eu iria dormir 3 noites seguidas no mesmo hotel! Era o final da minha jornada na Guatemala, obrigado, Guatemala e guatemaltecos, que país incrível! Dia 11 -> Cidade do México O principal objetivo dessa viagem ao México era conhecer o vulcão Popocatépetl. Durante o voo do dia anterior, o céu estava bem limpo e, distraído, olhando pela janela do avião, vi duas lindas montanhas já próximo à Cidade do México. Eram os “vulcões irmãos” Popocatépetl e Iztaccihuatl. Com esses nomes astecas impronunciáveis, são mais conhecidos como “Popo” e “Itza”. Pena que, quando o voo passou, já estava bem escuro, a olho nu dava para ver pouco. Mesmo assim, não tirei os olhos da janela, apreciando a beleza das montanhas e torcendo para assistir da janela do avião a uma erupção estromboliana do Popo. Imagina só, assistir uma erupção de camarote? Infelizmente, não foi nesses 10 minutos que ele mostrou sua fúria. Mas será que nessa viagem eu iria conseguir vê-lo em ação?... Além do vulcão, o México tem muito mais encantos a serem explorados. Na minha opinião, é o país mais parecido com Brasil que existe no mundo. Tem algumas diferenças, claro, mas eu vejo muitas semelhanças. O México é um país enorme, com uma natureza exuberante e variada, capaz de agradar a todos os gostos: lindas (e muitas!) praias, cachoeiras, lagoas, montanhas... Assim como em quase toda a América Latina, o povo é muito amigável e receptivo. É um país repleto de cidades coloniais, com uma rica herança cultural resultante da mistura dos colonizadores espanhóis e europeus com tradições dos povos indígenas e pré-colombianos. Assim como no Brasil, os mexicanos são católicos fervorosos. Eles também adoram novelas, o Chaves, e são fanáticos por futebol! Eles também têm muitas comidas típicas, e celebrações e tradições incríveis, como o Dia dos Muertos. Adoram festas e baladas. O México também tem cidades enormes e não tão organizadas. A Cidade do México é praticamente do mesmo tamanho de São Paulo e, assim como lá, o trânsito é caótico: os motoristas não dão a mínima para faixa de pedestre, os pedestres também não dão a mínima para farol de pedestre e atravessam aonde dá..., enfim, igualzinho as grandes cidades do Brasil 🤣🤣🤣 . E, lamentavelmente, lá também tem muita desigualdade social. Assim como no Brasil, a gente vê muita pobreza e muita riqueza lado a lado. Prédios muito chiques e luxuosos nas áreas nobres, como o Paseo de La Reforma, e casas bem simples nos morros das periferias, que parecem as nossas comunidades (um pouco mais urbanizadas). O centro está lotado de camelôs, barraquinhas e comércio de rua. Se bem que, nessa comparação, tem muito mais barraquinhas na Cidade do México do que nas cidades brasileiras. Lá o crime também é bastante organizado, e infelizmente não é tão seguro como nos países mais ricos ou na Ásia. Até o metrô achei muito parecido com o de São Paulo. Ao contrário de países europeus, lá funciona com catracas e baldeações livres, bilhete com um preço único (não é por zonas, custa a mesma coisa para percorrer 2 ou 50 estações, igualzinho a São Paulo). Apesar do metrô ser três vezes maior, era 4 quatro vezes mais barato (em fev. 2022). Além disso, me chamou a atenção que os trens lá também têm pneus, ao lado das tradicionais rodas de aço, e ainda tem um par de pneus menores, na horizontal, que também seguem um trilho lateral.... Figura VI‑78: Metro com pneus na vertical e horizontal Salvei no canal um vídeo (Cap VI‑32) do metrô, acho que dá para ver melhor... Depois de tanta correria na Guatemala, decidi tirar um dia mais tranquilo para conhecer o centro da Cidade do México, apelidada pelos locais de CDMX. Comecei o dia, por sorte, descobrindo um lugar bem no centro da cidade muito agradável e seguro para caminhar, inclusive à noite. O café da manhã do hotel era caro e bem meia-boca, pedi indicação de padaria e acabei descobrindo a Calle Regina, a apenas duas quadras do meu hotel. É uma rua bem bacana, com algumas quadras fechadas para pedestres, cheia de restaurantes, pedestres, universitários e turistas. Café da manhã tomado, minha primeira parada era na imensa praça principal no coração da Cidade do México, chamada de Zócalo (o nome oficial é Praça da Constituição). Os espanhóis construíram essa praça bem onde era o centro de Tenochtitlán, a capital dos Astecas. A lenda Asteca diz que, depois que foram expulsos de seu lugar de origem, chamado Aztlan, os astecas peregrinaram por 260 anos até encontrarem o lugar indicado por seu deus Huitzilopochtli, o “deus velho”, divindade da guerra e do fogo. Segundo Huitzilopochtli, uma águia com uma serpente no bico e pousada sobre um cacto, marcaria o lugar onde deveria ser erguida a capital dos astecas. Inclusive a águia comendo a serpente sobre um cacto é o símbolo que está hoje na bandeira do México! Os astecas encontraram o local em uma ilha no meio do Lago Texcoco, que ficava onde hoje é o Zócalo. Esta foto aqui que eu tirei por acaso quando eu estava chegando no Zócalo, não conhecia a história, nem tinha dado atenção para esse monumento, mas foi legal saber que essas estátuas retratam a história da origem de Tenochtitlán/Cidade do México: Figura VI‑79: Água com serpente no bico em um cacto O Lago Texcoco e a Cidade do México ficam no Vale do México, um vale que não tem drenagem natural e destino de todas as águas que descem das montanhas ao redor, tornando a cidade bem vulnerável a inundações. A cidade foi crescendo ao redor dessa ilha e o lago foi sendo aterrado com a expansão de Tenochtitlán. Quando os espanhóis derrotaram os astecas e conquistaram Tenochtitlán, resolveram construir seus edifícios coloniais no mesmo lugar e mudaram o nome da cidade para “México”. Eles também continuaram aterrando o Lago Texcoco, que foi praticamente todo drenado. Embora o lago tenha desaparecido, toda a cidade foi construída sobre o seu terreno pantanoso, lamacento e bastante instável. Andando pelo centro, é comum ver muitos prédios antigos afundando e inclinados, uma das marcas das construções históricas da Cidade do México. Voltando a minha visita ao Zócalo, a praça em si é um pouco estranha no sentido de não ter absolutamente nada, nenhum jardim, nenhum banquinho.... Ela é imensa, é toda calçada e tem apenas uma imensa bandeira do México, mas é rodeada por belos prédios coloniais, com destaque para o palácio nacional do México, sede da presidência, na face leste do Zócalo. Ele foi construído onde ficava o palácio de Montezuma, sede dos governantes astecas. Na face oeste, tem alguns prédios comerciais e, na face sul, muitos prédios governamentais, todos bem bonitos. Mas a principal construção é a impressionante Catedral Metropolitana do México, construída em estilo gótico na face norte do Zócalo, sobre os escombros de um templo asteca adjacente ao Templo Mayor, já que os espanhóis fizeram questão de construir uma grande igreja católica em um local de destaque e bem em cima dos templos astecas. A catedral começou a ser construída em 1573 e só foi terminada em 1813. Figura VI‑80: Zócalo (Praça da Constituição) Figura VI‑81: Palácio Nacional do México Figura VI‑82: Catedral e Tabernáculo Metropolitano Salvei no canal um vídeo (Cap VI‑33) com uma vista panorâmica do Zócalo. Esta construção à direita da catedral, que parecia ser uma parte da catedral, na verdade, é um batistério chamado Tabernáculo Metropolitano, com uma fachada linda e com detalhes muito bonitos na entrada. A entrada é livre também, mas o interior é mais simples. O interior da catedral é lindo. Ela tem uma disposição um pouco diferente das igrejas que estamos acostumados, com dois altares separados por um imenso órgão de tubos no meio da igreja. Me chamou a atenção alguns tubos do órgão na horizontal, parecendo canhões. No primeiro altar, menor e logo na entrada da catedral, tem uma imagem de Jesus negro. Antes dessa viagem, eu nunca tinha visto imagem de Jesus negro, mas, na catedral de Antígua, também tinha uma imagem de Jesus negro. Na área principal da igreja, tem um lindo corredor com “estátuas-candelabros” levando até o segundo altar, o principal, muito bonito também. Figura VI‑83: Candelabro com altar principal ao fundo Figura VI‑84: Imagem de Jesus negro no primeiro altar Figura VI‑85: Órgão com alguns tubos na horizontal Ao lado da Catedral e do Tabernáculo, tem o sítio arqueológico chamado Templo Mayor, onde foi encontrado o pouco que resta das ruínas astecas. Uma pena que tenha restado tão pouco, vou explicar por quê. Estimam que a civilização asteca tinha 400 mil habitantes, só na capital Tenochtitlán uns 200 mil, mas surpreendentemente o conquistador espanhol Hernán Cortés conseguiu conquistar a região com uma expedição que inicialmente tinha apenas 500 homens! Três motivos principais explicam esse feito: obviamente, os espanhóis tinham armamento bem superior (destaque para canhões, bestas e cavalos). Cortés também foi astuto ao fazer alianças com povos indígenas que eram rivais dos astecas, como os Tlaxcaltecas e Totonacas, que se juntaram a ele. E, por fim, grande parte da população asteca morreu por epidemia de doenças europeias (varíola e outras). Entretanto, na primeira vez que Cortés e seu exército chegou em Tenochtitlán, ele foi recebido pacificamente e a convite do imperador Montezuma, em 1519. Mas por que ele teria sido recebido pacificamente? O deus Quetzalcóatl, da serpente emplumada, era venerado em todas as culturas pré-colombianas da região. Para as civilizações mais antigas, as representações da serpente emplumada eram totalmente zoomórficas, descrevendo a serpente como uma cobra real. Já para as civilizações dos tempos dos descobrimentos, como os astecas, Quetzalcóatl começou a adquirir características humanas. Segundo alguns historiadores, os astecas acreditavam em uma antiga profecia local que dizia que o deus Quetzalcóatl, que era branco e tinha barba, depois de ensinar muitas coisas aos povos da região (cultivar os campos, construir templos etc.), autoexilou-se do México. Mas ele sofreu nesse período afastado, e um dia voltaria dos mares e poderia se vingar dos povos que viviam na região! Cortés teria ouvido essa profecia da população local e decidiu usá-la a seu favor. O desembarque dele no México teria acontecido justamente no dia de Quetzalcóatl. Ele também era branco e tinha barba. Montezuma (imperador asteca) teria se convencido que Cortés era o enviado de Quetzalcóatl, retornando dos mares para destruir os povos mexicanos, e inicialmente tentou evitar sua aproximação mandando muitos presentes, ouro, joias, mágicos, sacerdotes, embaixadores... Mas a ambição dos espanhóis por ouro era insaciável, e eles seguiram para Tenochtitlán. Montezuma recebeu Cortés com todos os seus homens e 3 mil indígenas aliados no seu palácio imperial, o tratou bem e aceitou seu domínio. Montezuma até mesmo concordou em ser batizado e declarou-se um súdito do rei Carlos I da Espanha! Mas, depois de algum tempo, deu bastante confusão... Velazquez, outro colonizador espanhol que dominava Cuba e era brigado com Cortés, mandou uma tropa para o México para prender Cortés por insubordinação. Cortés, então, foi até a cidade costeira de Vera Cruz e derrotou essa tropa, mas antes deixou Tenochtitlán aos cuidados de seu aliado Pedro de Alvarado. Quando voltou para a capital asteca, ele encontrou uma rebelião na cidade entre os espanhóis que ficaram e os astecas. Pedro de Alvarado ordenou um massacre dos astecas (conhecido como Massacre do Templo Maior) no momento em que faziam uma cerimônia religiosa, achando que era uma cilada armada pelos astecas e prendeu Montezuma. Cortés logo se deu conta que os astecas tinham eleito um novo imperador, Cuitlahuac. Os astecas, então, cercaram o palácio onde estavam os espanhóis e Montezuma. Quando Cortés ordenou que Montezuma falasse ao povo para que deixassem os espanhóis voltarem em paz para o litoral, Montezuma foi atingido por pedras e dardos e acabou morrendo. Não se sabe se em decorrência desses ferimentos ou se nas mãos dos espanhóis. Cortés decidiu fugir da cidade e, no evento conhecido como La Noche Triste, metade do seu exército foi morta. Cortés saiu, mas se recompôs, reuniu reforços espanhóis e milhares de indígenas rivais, voltou e derrotou os astecas em 1521. Quando os espanhóis reconquistaram a região, usaram a estratégia de “terra arrasada”. Conquistava e destruía tudo, para que o inimigo não se recompusesse, especialmente templos e locais sagrados, construindo no mesmo local igrejas e prédios dos colonizadores. O que Cortés não sabia era da técnica dos pré-colombianos mesoamericanos (astecas, maias etc.) de construir pirâmides em etapas/camadas. As pirâmides eram como bonecas russas matrioskas: iam construindo uma camada após a outra, igual à anterior e cada vez maiores. Eles construíam a pirâmide, uns 50 anos depois construíam outra sobreposta, não se sabe ao certo o motivo. As pirâmides e templos acabavam escondendo por dentro várias réplicas de si mesmo, em tamanho menor. Acredita-se que o Templo Mayor foi construído em 7 camadas. Ainda é possível ver as primeiras “camadas” de sua construção, que sobreviveram à destruição de Cortés e ficaram soterradas por séculos. Sua redescoberta aconteceu por acaso na década de 1970, quando trabalhadores da companhia de eletricidade local encontraram partes do antigo templo antigo. Após essa descoberta, alguns prédios coloniais foram demolidos para desenterrar mais vestígios, revelando o pouco que restou da antiga Tenochtitlán, a capital dos astecas. O museu do Templo Mayor deve ter uma visitação legal com informações históricas, mas estava fechado (acredito que por causa da pandemia). Só deu para dar uma volta em algumas passarelas construídas ao redor do sítio arqueológico. Talvez por causa da pandemia, as ruínas estavam bem bagunçadas: uma parte coberta com capas e tapumes, outras em processo de restauração, com plataformas e andaimes espalhados, e em algumas partes, ainda parecia haver escavações em andamento. Enfim, só olhando de fora e com as obras meio largadas, ficava difícil visualizar alguma construção impressionante.... Era possível ver apenas algumas paredes e escadas das diferentes “camadas” da construção por etapas, estilo boneca russa. Tinha uma parte aparentemente mais interessante com umas maquetes, que daria para ter uma ideia melhor de como era a cidade, mas o acesso a esse local também estava fechado. Figura VI‑86: Ruínas do Templo Mayor Saindo do Templo Mayor em direção ao Zócalo, tem um pessoal com roupas de astecas fazendo rituais de purificação e vendendo souvenirs astecas. Seguindo viagem, a minha próxima parada era o belíssimo Palácio de Bellas Artes, a poucas quadras do Zócalo. O centro da Cidade do México é bastante movimentado e, entre os milhões de mexicanos turistas caminhando, é comum ver os músicos de rua vestidos com roupas estilo militar tocando organillos (segundo o Google tradutor, em português seria realejo), um instrumento no formato de uma caixa de madeira que o organillero toca girando uma manivela. Parece sempre a mesma música, me lembrou aquelas caixinhas de música antigas, tamanho família! O instrumento em si parece que veio da Alemanha, não tem nada a ver com os povos pré-colombianos, mas muitos organilleros passaram a ganhar a vida tocando músicas populares, animando as praças da cidade. Não sei quão comum é hoje em dia, mas, nessa parte da cidade, tinha bastante, salvei um vídeo no canal Cap VI‑34 caminhando ao som dos organilleros. Existem muitas igrejas e prédios históricos bacanas no centro da Cidade do México. Porém, depois de visitar as imponentes construções do Zócalo e da catedral, as outras não chamam tanto a atenção. Uma exceção é o Palacio de Bellas Artes, provavelmente a construção mais bonita da Cidade do México. A casa de óperas em estilo art déco com uma cúpula colorida que dá um lindo contraste com as suas paredes de mármore! E, com o céu azulzinho, ficou ainda mais bonita. Aliás, nos quatro dias de CDMX peguei um clima perfeito. Nunca tinha dado essa sorte, céu limpíssimo, só no final da tarde apareciam algumas poucas nuvens, lindo. Lá dentro costuma ter shows e exposições, mas eu “pão-durei” e não quis pagar a entrada.... No prédio em frente é uma loja de departamentos e no alto do sétimo e último andar tem uma cafeteria que tem uma vista incrível do palácio, fica a dica! Figura VI‑87: Palácio Bellas Artes Ao lado do palácio, tem uma praça bem agradável, chamada Alameda Central, com várias fontes, estátuas, banquinhos, muito bacana. Pena que o monumento mais bonito, uma colunata em semicírculo toda em mármore, estava em reforma, coberta com uns tapumes. A algumas quadras, estava outro lindo e enorme monumento, onde fica o Museu Nacional de La Revolução, que também estava coberto com alguns tapumes, provavelmente em reforma. E o “mão de vaca” aqui não quis pagar entrada para conhecer por dentro... Depois de almoçar, o plano era passear pela agradabilíssima Avenida Paseo de la Reforma em direção ao Bosque de Chapultepec. Paseo de la Reforma é uma avenida com uma calçada muito ampla e arborizada, com muitos jardins, e repleta de prédios luxuosos, lojas e restaurantes. A avenida também é marcada por monumentos e, pelo menos nesse trecho, a cada 3 quadras aproximadamente há uma rotatória com lindas esculturas. Passei por uma bela estátua do penúltimo imperador asteca, Cuitlahuac, que, no episódio do La Noche Triste, expulsou Cortés de Tenochtitlán, mas, depois de 80 dias, morreu de varíola. O monumento mais famoso e bonito é o Angel De La Independencia, um ícone da cidade. Figura VI‑88:Museu Nacional de La Revolução Figura VI‑89: Angel de La Independencia Outra coisa que me chamou atenção foi o trânsito maluco nessas rotatórias. Eu já tinha falado que o trânsito aqui era tão caótico quanto o de São Paulo, mas, nas rotatórias, é muito pior! Na verdade, descobri isso quando eu fui atravessar a avenida para ir até o Angel e vinham carros de todos os lados, quase fui atropelado. Depois eu parei para tentar entender como era o trânsito maluco nessas rotatórias, e fiz uns vídeos para vocês entenderem melhor. Nas rotatórias daqui, os carros podem andar nos dois sentidos: no horário e no anti-horário! É curioso porque a avenida Paseo de La Reforma é uma avenida com duas pistas, carros em dois sentidos, e quando um carro queria virar à esquerda, ele não completava a rotatória no sentido anti-horário e depois virava à direita. Ele já embicava para a esquerda, naquilo que para nós seria a “contramão” da rotatória, e esperava parar de passar carros para prosseguir... É um Deus nos acuda, difícil até explicar, melhor ver nos vídeos 🤣🤣🤣 . Na foto abaixo, não tinha ninguém na contramão: Figura VI‑90: Carros nos dois sentidos das rotatórias Salvei 3 vídeos no canal (Cap VI‑35, Cap VI‑36 e Cap VI‑37) para tentar entender melhor essa confusão.... Do Paseo de La Reforma, segui caminhando em direção ao Bosque Chapultepec, um imenso parque urbano, maior que o Ibirapuera e o Central Park. O local abriga vários monumentos e esculturas, algumas muito bonitas, além de áreas para esportes, espaços verdes para piqueniques e um monte de esquilinhos fofinhos... Também há zonas mais movimentadas, com muitas barraquinhas e camelôs, um lago para o pessoal andar de pedalinho e alguns museus. Talvez a construção mais bonita seja o Castelo de Chapultepec. Atualmente, ele abriga um museu e, para conhecer por dentro, tem que pagar uma entrada que o pão-duro aqui refugou. Na verdade, eu já tinha pesquisado um pouco sobre os milhões de museus e galerias da Cidade do México, parece que muitos deles são bastante interessantes. As entradas não eram tão caras, mas, além da “pão-duragem”, eu só teria tempo de conhecer bem um deles. Por isso, escolhi visitar apenas o que mais me interessava: o Museu Nacional de Antropologia. Esse museu, que também fica no Bosque Chapultepec, possui um belo acervo sobre a história dos povos indígenas pré-colombianos que habitavam o México antes da colonização. A fachada do Museu Nacional de Antropologia é meio modernista, não me chamou a atenção.... Ok, achei feio mesmo 🤣🤣🤣 . Mas, assim que você entra no pátio central, dá de cara com a coluna gigante, que sustenta toda a cobertura do pátio central, e funciona como uma fonte, muito bonita! Figura VI‑91: Coluna no pátio do Museu de Antropologia Achei o museu muito bacana e bem-organizado. Muitas placas explicativas, eu não senti falta de guia, por exemplo. Porém, nesse museu, um bom guia seria mais útil para filtrar as atrações principais do museu, eu não imaginava que fosse tão grande. A primeira parte fala um pouco de antropologia, evolução humana desde os primeiros hominídeos, chegada dos primeiros hominídeos nas Américas etc. Achei pouco interessante, talvez porque tinha pouca novidade, e passei bem rápido para ir direto para parte dos povos mexicanos que me interessavam mais. Logo cheguei à parte dedicada aos Teotihuacanos, povo que habitava a cidade de Teotihuacán, a uns 50 km da Cidade do México. No dia seguinte, eu iria conhecer melhor este sítio arqueológico. Nas primeiras vezes que li sobre as enormes pirâmides de Teotihuacán, imaginava que lá fosse uma cidade asteca, mas depois fui descobrir que, na verdade, os teotihuacanos são bem mais antigos que os astecas, estima-se que a cidade foi fundada lá pelos anos 100 a.C. e durou até, aproximadamente, 750 d.C. Já a civilização asteca é de 1300 d.C., quase seis séculos depois! O mais legal dessa parte é essa grande reprodução da fachada do templo de Quetzalcóatl (deus da serpente emplumada), pintado com as prováveis cores dele no auge da civilização teotihuacana, segundo estudos arqueológicos. Figura VI‑92: Fachada do Templo da Serpente Emplumada No dia seguinte, iria conhecer as ruínas desse templo. Além disso, tinha uma coleção bacana de objetos, artefatos, quadros e imagens, além de várias estátuas. Também gostei de maquete da cidade de Teotihuacán, uma estela maia de Tikal (Guatemala), mostrando a influência teotihuacana lá, e uma reprodução dos esqueletos de sacrifícios humanos achados no Templo de Serpente Emplumada. Muito legal o acervo dos teotihuacanos. A próxima sala era dos Toltecas, outra civilização antiga. Esta eu nunca tinha ouvido falar, e passei um pouco rápido, porque eu queria conhecer mais sobre os astecas. E a primeira coisa que eu aprendi no Museu de Antropologia é que, na verdade, os mexicanos chamam os “astecas” de “mexicas”! Segundo a Wikipedia, “mexica” era a real forma que a maioria dos antigos habitantes do México se referia a si mesmo. O termo asteca significa "povo de Aztlan", aquele lugar mítico da origem para vários grupos étnicos na Mesoamérica. O termo “asteca” é encontrado em diversos contos de migração dos mexicas, que descrevem as diferentes tribos que deixaram Aztlan juntas até acharem a águia pousada sobre um cacto com uma serpente no bico, mas não era o termo usado por eles para referir-se a si mesmo. Alguns pesquisadores dizem que os estrangeiros popularizaram o termo “asteca” para se referir a esse povo para evitar confusão do termo “mexica” com os atuais “mexicanos”. Enfim, demorou um pouco para eu perceber que, na Sala dos Mexicas, eu estava conhecendo a história dos astecas. Continuarei usando o termo “asteca” porque é como estamos acostumados a chamá-los no Brasil, mas o correto seria chamá-los de “mexicas”, segundo o idioma deles. Aliás, o idioma deles, Nahuatl, até hoje é falado por cerca de um milhão de pessoas no México! O museu tem um acervo muito bacana com diversos objetos dos astecas/mexicas, além de uma grande variedade de artefatos, esculturas e estátuas. O destaque do acervo é a Pedra do Sol, com seus 3,6 metros de diâmetro e 1 metro de espessura. Erroneamente confundida como calendário asteca, ela seria um grande altar para sacrifício gladiatorial. Provavelmente foi utilizada para a luta de guerreiros na cerimônia para o deus da guerra asteca Tlacaxipehualitzli. Além disso, tem uma bela maquete de como seria Tenochtitlán, a capital do império asteca que ficava onde hoje é a Cidade do México, conquistada pelos espanhóis. Uma pena que as principais construções dos astecas foram destruídas por Cortés, só sobrou a maquete e um mural gigante para tentar imaginar como era a rica cidade na época. E, no mural, olha quem estava ao fundo de Tenochtitlán: o Popo e o Itza! Figura VI‑93: Pedra do Sol Figura VI‑94: Reprodução de Tenochtitlán O museu é muito legal, mas tinha um detalhe: eu não sabia que fechava às 17h (durante a pandemia)! Eu tinha entrado umas 15h30 e, quando eu acabei de ver a sala dos astecas, o museu já estava fechando! Uma pena, só deu tempo mesmo de conhecer os teotihuacanos, os toltecas, e os astecas. Queria ter visto especialmente a parte dos maias. Mas além dos maias, ainda tinha salas para os oaxacas, povos do ocidente, povos da costa do fogo do México, do norte, e mais um monte de pueblos índios mais recentes, não sei direito. Na escola, quando aprendemos um pouco sobre as civilizações pré-colombianas das Américas, sempre falam dos maias, incas e astecas, eu não fazia a menor ideia de que tinham tantas outras civilizações aqui na região. Felizmente as que eu mais queria eu consegui ver, mas recomendo bem mais tempo para visitar o museu. Feliz o povo mexicano que tem um museu tão bem-organizado contando a rica história das civilizações pré-colombianas que resultaram no México contemporâneo, muito legal! E que pode se orgulhar de todas essas maravilhas expostas no museu, expressão do conhecimento e engenhosidade de seu próprio povo e seus ancestrais, valeu a visita! Era hora de voltar para o hotel, tomar um banho e, à noite, procurar alguma comida típica mexicana. Tem bastante restaurante e comida mexicana no Brasil e no mundo afora, mas dizem que essa comida tex-mex (tacos, nachos, burritos, enchiladas, fajitas, quesadillas,etc) que faz sucesso fora do México é uma adaptação mais ao gosto do gringo. Além da pimenta e do guacamole, eu achava que todas essas comidas seriam bem populares no México, mas, pelo visto, popular aqui mesmo são os tacos. Pesquisei no TripAdvisor algumas recomendações de comida mexicana, não muito caras e próximas ao hotel. E uma das primeiras opções era a Taqueria Los Cocuyos, um lugar bem raiz: muito antigo, sem cadeiras, mesas, wi-fi, você come em pé na calçada apertada mesmo, com os tacos servidos em um pratinho de plástico sem-vergonha e naqueles guardanapos mais duros, espessos e toscos, sabem? Talvez para garantir que o monte de óleo do taco não vai atravessar o guardanapo e queimar a sua mão 🤣🤣🤣 . Mas está sempre cheio de gente! Desde que Antonhy Bourdain comeu aqui e o elegeu como um dos melhores tacos do mundo, o lugar fica lotado de turistas. O bom é que, apesar do sucesso, não “gourmetizaram” o lugar, o preço dos tacos varia de 15 a 25 pesos (0,75-1,23 $USD). Lá tem um panelão cheio de carnes, todas de segunda. Coloquei uma foto do cardápio, vejam que não estamos falando de filé mignon, nem picanha... É cabeza, ojo, Lengua, tripa, tronco de oreja.... Quando comecei a traduzir o que eram aqueles pedaços de carne, achei melhor nem saber mais o que era. Olhei o panelão de carnes e escolhi a que me pareceu melhor (suadero). E peguei outro de linguiça (longaniza). Escolhido o sabor, o cara pega a carne e corta bem picadinha na tábua. Depois ele pega a tortilla (que ele tinha dado uma passada no óleo e na gordura da tábua para pegar mais gosto), coloca o recheio picadinho, mistura com cebola e algum outro tempero, pegando tudo com a mão mesmo, e tá pronto o taco! Aqui não pode ter “nojinho” 🤣🤣🤣 . Salvei um vídeo do cara preparando o Taco no canal (Cap VI‑38). Na foto a seguir, esse monte de pote com molhos laranja, vermelho e verde são pimentas, dizem ser uma mais forte que a outra. Para as pimentas, eu “arreguei”... Figura VI‑95: Taqueria Los Cocuyos Figura VI‑96: Taco “raiz” Figura VI‑97: Reparem nas opções de carnes Apesar da aparência nada apetitosa, e do lugar bem raiz, para não dizer tosco, os tacos de lá são realmente muito bons! Gostei muito, Antonhy Bourdain acertou em cheio. Aliás, no dia seguinte, fui jantar em um restaurante mexicano “normal” na Calle Regina. Pedi umas quesadillas que estavam boas, e mais 2 tacos, um de peru e outro de carne. Os tacos até tinham uma aparência muito boa, mas, quando eu comi...., muito ruins, especialmente se comparados com o taco raiz do Los Cocuyos! E ainda era mais caro, uns 30-35 pesos cada. O de peru estava meio duro e ressecado. A carne do outro até parecia boa, mas sem nenhum tempero. Sabe quando você frita um bife sem nada de alho e sal? Acho que todas aquelas gorduras dão um tempero especial para os tacos “raiz”... Enfim, valeu para ver como o taco raiz era muito bom. Figura VI‑98: Tacos “gourmet”, mas bem meia-boca... Cidade do México: #imperdível Dia 12 -> Teotihuacán e Basílica Era o dia de conhecer o sítio arqueológico de Teotihuacán. Um brasileiro tinha visitado Teotihuacán sem guia e me recomendou um aplicativo gratuito chamado SmartGuide, que oferece um guia audiovisual. Depois do guia mega falante em Tikal, resolvi explorar Teotihuacán sozinho mesmo. Fiz o download do aplicativo, que é muito legal mesmo. Claro, não é melhor do que um bom guia, de vez em quando dava umas travadas, tem um ou outro bug, mas, no geral, achei bem bacana. Existem algumas formas de chegar a Teotihuacán: escolher algum tour direto da Cidade do México, alugar um carro, ou ir de metrô e ônibus rodoviário, sendo essa obviamente a opção mais barata. No México, os ônibus rodoviários para cidades próximas funcionam de forma semelhante aos ônibus urbanos (ao menos os que eu peguei). Eles são baratos, fazem várias paradas no caminho e, às vezes ficam tão lotados que acaba indo um monte de gente em pé. Se for de ônibus, recomendo embarcar no ponto inicial, o Terminal Norte. Meu plano era chegar em Teotihuacán às 9h, quando abrem os portões e dizem ter menos turistas, mas atrasei um pouco, e fui entrar em Teotihuacán por volta das 10h30. De qualquer forma, não achei tão cheio, talvez porque o lugar seja muito grande e, também, não era final de semana. O que eu não sabia é que o ônibus me deixaria no portão 2, que fica no meio de Teotihuacán. O ideal seria ou começar do portão 1, que fica no começo, e seguir até o portão 3, que fica no final. Ou vice-versa. Teotihuacán tem 2 pirâmides principais, a Pirâmide do Sol fica bem no meio do sítio arqueológico, em frente ao portão 2, e a Pirâmide da Lua fica em frente ao portão 3. Esse trecho entre as pirâmides é o que tem as ruínas mais legais. Além disso, a parte da Cidadela e do Templo de Quetzalcóatl também é bem interessante e fica em frente ao portão 1. No idioma dos astecas, Teotihuacán significa “lugar onde humanos se tornam deuses”. Os astecas, que chegaram lá seis séculos depois do fim dos teotihuacanos, acreditaram que aquele lugar era o local do nascimento dos deuses. Ou seja, o nome que é usado hoje foi atribuído pelos astecas, não se sabe que nome os teotihuacanos davam para sua cidade. Na verdade, não se sabe muito sobre os teotihuacanos.... Por 500 anos, entre os séculos 3 e 8 d.C. a cidade de Teotihuacán foi a sede de um poderoso império. Cada fonte que eu pesquisei faz uma estimativa do seu tamanho, algumas dizem que chegou a ter 200 mil habitantes, o que faria dela a maior metrópole de sua época em todo o planeta, outras falam em 125 mil habitantes, nesse caso, seria a sexta maior. Depois de ser destruída, a cidade foi abandonada. Naquela época, não havia qualquer outra civilização próxima capaz de reunir um exército que pudesse ameaçar os teotihuacanos. A maioria dos pesquisadores acredita que ela foi destruída por um conflito interno, provavelmente devido a uma grande seca que gerou uma crise na agricultura. A população ficou sem comida e se revoltou contra os governantes, e este seria o motivo que eles destruíram ou queimaram as casas dos governantes, prédios administrativos e templos religiosos, mas não as casas da população. Os toltecas e os astecas descobriram e exploraram as ruínas de Teotihuacán, e incorporaram diversas de suas tradições e crenças às suas culturas. Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada, maior divindade de Teotihuacán, também era e cultuada pelos astecas. Este interesse das civilizações que vieram depois, porém, não impediu que a cidade acabasse caindo no esquecimento e fosse totalmente recoberta pela vegetação nativa e plantações. Hoje, apenas 10% de seu perímetro urbano de Teotihuacán estão escavados e trazidos de volta à luz. Quando eu entrei em Teotihuacán pelo portão 2, logo dei de cara com a grande Pirâmide do Sol, o “monumento” mais impressionante do sítio arqueológico. Com 65 m de altura, e 225 m na base, só perde em tamanho para as pirâmides do Egito (a maior delas, Quéops, tem cerca de 140 m de altura e 230 m de base). O nome Pirâmide do Sol foi dado porque, quando os astecas “descobriram” a cidade de Teotihuacán, acreditaram que ela, pela sua posição, foi construída para cultuar o sol, que era considerado um deus. Ela fica na direção que nasce o sol, ao leste da avenida principal, Avenida de Los Muertos. Aliás, essa avenida também recebeu esse nome dos astecas erroneamente, pois imaginaram que as pirâmides ao redor dela eram túmulos. Quanto à Pirâmide do Sol, a interpretação mais aceita atualmente diz que ela foi construída pelos teotihuacanos para cultuar Tlaloc, deus da chuva/água, associado à fertilidade da terra e à abundância das colheitas. Representaria um monte sagrado de onde descem as águas e as riquezas. A principal evidência encontrada que ancora essa interpretação é, entre outras, a existência de um fosso de 3 metros de profundidade que circunda a base da pirâmide, dando um significado de montanha das águas. Além disso, corpos de crianças encontrados nos cantos da pirâmide seriam uma indicação de oferendas a Tlaloc. As cavernas encontradas abaixo da pirâmide também têm dois significados para os povos pré-colombianos: simbolizavam tanto a vida quanto a morte. De um lado, representavam a relação com Tlaloc, aquele que dá vida; de outro, serviam como entradas para o mundo dos mortos. No topo das pirâmides, assim como nas pirâmides maias, ficavam os templos e altares onde eram realizadas as cerimônias religiosas e os rituais com sacrifícios humanos. Em Tikal, dava para ver melhor as ruínas dos templos no topo de algumas pirâmides, mas, em Teotihuacán, restaram apenas as pirâmides “bases”. Historiadores acreditam que os templos foram destruídos no conflito interno que levou ao fim de Teotihuacán. Quando eu cheguei, ela estava bem frente para o sol (como sabiam os astecas!). Contra a luz, as fotos não ficaram lá essas coisas. Figura VI‑99: Pirâmide do Sol Ao lado da pirâmide, tem o museu de Teotihuacán, mas acabei não conhecendo. É praticamente o único lugar com sombra para quem quiser dar uma parada para descansar um pouco... Eu tinha acabado de chegar, voltei para a Avenida de los Muertos e caminhei até a Pirâmide de Lua. Dizem que, antes, a Avenida de los Muertos tinha 5 km, mas hoje restaram 2km no complexo. E é toda cercada de ruínas. A parte entre as pirâmides é a mais legal da avenida, cheia de construções que deveriam ser da elite dos teotihuacanos. Nesse trecho, além das casas, se destaca o mural Puma, um mural colorido que sobreviveu aos 1500 anos de abandono, e o Templo de Agricultura, onde também foram encontrados murais. Logo cheguei a grande Praça da Lua, que os historiadores acreditam ter sido o centro dos rituais políticos e religiosos de Teotihuacán. Muito bonitas as construções ao seu redor. Acreditam que o altar no centro da praça era para rituais de dança. Com 45 m de altura e 140 m x 150 m de base, a Pirâmide da Lua está no final da Avenida dos Mortos e foi construída em “camadas”, como o Templo Mayor (na Cidade do México) e a maioria das grandes construções pré-colombianas. Aliás, a exceção mais notável é a Pirâmide do Sol, construída de uma vez só. Dentro da Pirâmide da Lua, foram encontradas enterradas oferendas aos deuses, incluindo animais e humanos, indicando que aqui ocorriam rituais com sacrifício humano. Alguns decapitados, outros com as mãos amarradas às costas, outros com muitas joias, características similares aos corpos encontrados no Templo de Quetzalcóatl (Serpente Emplumada). Figura VI‑100: Avenida de Los Muertos e Pirâmide da Lua Figura VI‑101: Pirâmide da Lua Dizem que é do alto da escadaria da Pirâmide da Lua que se tem a vista mais impressionante de Teotihuacán, mas, infelizmente, estava proibido subir em todas as pirâmides (aparentemente proibiram durante a pandemia e desde então continuava assim). Até pensei em voar o drone para ter uma visão aérea. Não tinha nenhuma sinalização a respeito, mas perguntei para um guia perdido se poderia usar drone, ele disse que era proibido. Sei lá se era verdade, mas também não tinha nenhum funcionário por perto para perguntar, e como não tinha mais ninguém usando, achei melhor não arriscar... Uma pena, fiquei sem vista aérea. Ao lado da Pirâmide da Lua, em direção ao portão 3, tinha alguns espaços fechados também, desde a pandemia. Os mais famosos são o Palácio dos Jaguares e o Palácio de Quetzalpapalotl, esse último foi restaurado pelo pessoal do Museu de Antropologia e está com cores originais. Também tem um templo das conchas e um museu de murais, mas não pude conhecer de perto nada disso porque estava fechado desde a pandemia. O ideal seria terminar ou começar o passeio por aqui, mas como o busão me deixou no portão 2, agora era hora de atravessar toda Teotihuacán até o portão 1, sob um sol de rachar, já que quase não há sombras em todo o sítio arqueológico. Chegando próximo ao portão 1, depois da bela caminhada, cheguei à Cidadela. Acredita-se que esse local era o centro administrativo de Teotihuacán. Embora hoje esteja situado em uma extremidade do sítio arqueológico, acredita-se que aqui se localizava fisicamente o centro da antiga cidade. A praça tem dimensões imensas, aqui também ficaria o principal mercado da cidade, onde a maior parte do comércio acontecia. No centro da praça, tinha um palco supostamente para celebrações. A construção mais interessante é o Templo de Quetzalcóatl, a Serpente Emplumada, a divindade maior dos teotihuacanos, incorporada por outras comunidades pré-colombianas. Os astecas também chamavam de Quetzalcóatl, e os maias de Kukulcán. A Serpente Emplumada é como um deus universal que criou tudo, o primeiro humano, a primeira mulher, ensinou os homens a plantarem etc. O Templo de Quetzalcóatl fica a leste da Cidadela e atrás de outra pirâmide. Não se sabe ao certo por que construíram essa pirâmide bem em frente a templo, obstruindo sua visão. Se a subida ao topo dessa pirâmide também não tivesse sido proibida desde a pandemia, ela ofereceria uma bela vista para o templo. As pirâmides dessa parte não são tão altas quanto as da lua e do sol, mas o Templo da Serpente emplumada é o que tem a fachada mais adornada. Aquela mesma fachada que tem a reprodução colorida no Museu de Antropologia na CDMX. Chama atenção pelos detalhes, muito legais as imagens das serpentes emplumadas e essa outra forma diferente, quadriculada, com dois olhos e um queixão que eu não sei direito que bicho é, 🤣🤣🤣 . Segundo o texto explicativo, alguns historiadores acreditam que pode ser o Tlaloc, o deus das chuvas, mas existem outros que defendem ser um grande cocar (headdress). Figura VI‑102: Pirâmide e Templo de Quetzalcóatl Figura VI‑103: Templo de Quetzalcóatl Figura VI‑104: Serpente emplumada, e Tlaloc ou um grande colar Foram encontrados mais de 100 esqueletos abaixo e ao redor do Templo de Quetzalcóatl. Pesquisadores acreditam que foram rituais de sacrifícios humanos devido à posição encontrada dos corpos, de joelhos e com mãos amarradas às costas. Muitos foram encontrados com esposa, armas, parte de animais, joias e diversas oferendas. Os teotihuacanos acreditavam que quem passasse por esses rituais de sacrifício teriam a alma enviada direto para a casa do Sol (sagrado) e que logo retornaria a terra como uma ave de linda plumagem. Para os teotihuacanos, e para grande parte das civilizações pré-colombianas, morrer sacrificado era um privilégio! Como acabei não indo nos museus e palácios, e como não podia subir nas pirâmides, acabei passando “só” umas duas horas por lá. Para voltar para a Cidade do México, basta esperar o ônibus que passa de 30 em 30 minutos em uma das rotatórias em frente ao portão, que, aliás, já estava bem cheio e fui em pé com a galera mesmo. Uma boa opção de passeio é combinar Teotihuacán com a Basílica de Guadalupe, que também fica ao norte da Cidade do México. Eu me informei com o motorista e desci em uma estação de metrô antes do ponto final do ônibus, que era bem mais perto e tinha menos baldeações até o metrô da Basílica de Guadalupe. Basílica de Guadalupe O Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe é o segundo santuário católico mais visitado no mundo, perdendo somente para a Basílica de São Pedro (no Vaticano). Foi construída em homenagem à Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina e, na verdade, é um complexo que contém duas basílicas, várias igrejas, capelas e um museu. A basílica antiga começou a ser construída em 1531 e foi concluída em 1709. Lembrando que a Cidade do México foi construída sobre um terreno bem lamacento, após o aterramento do Lago Texcoco, e várias construções antigas estão afundando, mas a basílica antiga talvez seja a construção que o afundamento chama mais atenção, impressionante como as paredes e torres estão inclinadas e tortas! Não pude conhecer o interior da basílica antiga, só abre em alguns horários que tem missa. Já a nova e moderna basílica foi construída na década 1970. Dizem que a sua cobertura foi desenhada com esse formato simbolizando o manto onde foi encontrada a imagem da Guadalupe. Olha que legal a simbologia: quem está ali embaixo está protegido sob o manto da Nossa Senhora de Guadalupe! Figura VI‑105: Basílica nova e basílica antiga Figura VI‑106: Formato da cobertura para simbolizar o manto Figura VI‑107: Basílica antiga muito inclinada Salvei um vídeo da praça em frente às basílicas (Cap VI‑39) no canal. A história da padroeira Nossa Senhora de Guadalupe é bem interessante. De acordo com relatos, a sua primeira aparição foi em 9 de dezembro de 1531, no morro Tepeyac, para um camponês asteca chamado Juan Diego. Falando com o camponês na língua nativa (Nahuatl), a senhora se identificou como sendo a Virgem Maria, “mãe do verdadeiro Deus”, e pediu para que uma igreja fosse construída naquele local. Juan, então, procurou o arcebispo da Cidade do México para lhe contar essa história. O arcebispo não deu muito crédito a ele, mas, quando ele voltou ao morro Tepeyac, a virgem apareceu novamente (segunda aparição) e pediu a ele para continuar insistindo. No dia seguinte, Juan conversou de novo com o arcebispo, que, dessa vez, pediu para Juan Diego retornar com uma prova da existência da virgem. No mesmo dia, a terceira aparição aconteceu quando Juan voltava para o Tepeyac, e ele a informou sobre o pedido do arcebispo. Ela, então, falou para Juan retornar no dia seguinte que ela iria fornecer para ele uma prova! Mas, no dia 11 de dezembro, o tio de Juan Diego ficou doente, e ele teve que cuidar do tio e não pode ir ao encontro da virgem. No dia seguinte, Juan teve que buscar um padre em Tlatelolco às pressas para fazer a unção dos enfermos para o tio doente. O morro Tepeyac ficava no caminho de Juan para Tlatelolco, mas, envergonhado por não ter ido encontrar a virgem no dia anterior, Juan pegou outro caminho. Mesmo assim, a virgem o interceptou no meio do caminho (foi a quarta aparição). Ele explicou o que tinha acontecido, a virgem o repreendeu suavemente por ele não ter ido se encontrar com ela, mas então tranquilizou Juan Diego, garantiu que o seu tio estava curado e lhe disse para subir o morro Tepeyac e colher flores no seu cume. Era uma montanha com solo estéril, especialmente em dezembro (inverno), então encontrar essas flores no cume nessa época iria convencer o arcebispo que houve um milagre. Juan seguiu as instruções e encontrou rosas florescendo lá. Ele pegou as flores e as enrolou em um manto que ele tinha. Quando Juan chegou ao palácio do arcebispo e abriu o manto diante dele, as flores caíram no chão. Mesmo vendo as flores da montanha estéril, o arcebispo ainda não estava 100% convencido, mas, quando eles olharam esse tecido, milagrosamente estava desenhada a imagem de virgem de Guadalupe! Aí, sim, ele se convenceu. E esse é o manto sagrado que hoje pode ser visto na basílica. No dia seguinte, Juan Diego encontrou o tio totalmente recuperado. O tio relatou que também tinha visto a virgem (quinta aparição), e ela havia dito a ele para informar ao arcebispo sobre a sua aparição e cura milagrosa, e teria dito que desejava ser chamada de Guadalupe. Em 26 de dezembro de 1531, foi realizada uma procissão para levar o manto até o morro Tepeyac e construíram uma capelinha onde o manto ficou guardado. Desde então o manto tornou-se o símbolo religioso mais popular do México, e foram construindo igrejas maiores, e maiores, até a basílica de hoje! Voltando a minha visita...., na parte lateral da basílica, tem um acesso onde todos podem ver o manto. Me lembrou um pouco com o acesso da Basílica de Aparecida para ver a imagem da santa. Bem bonita a basílica. Figura VI‑108: Manto com Nossa Senhora de Guadalupe Na saída da basílica, tem uma bonita estátua do Papa João Paulo II. Na frente da praça principal, ainda tem uma torre dos sinos cheia de coisas, com um relógio normal, um relógio solar, e uma réplica da Pedra do Sol asteca. Ao lado da Basílica, fica o morro Tepeyac, onde aconteceram as aparições. Eu quase não fui lá por preguiça de subir as escadas, mas valeu a pena dar uma volta. No complexo do santuário, tem duas estátuas representando Juan entregando o manto para o arcebispo, um parque com fontes decoradas com as serpentes emplumadas, uma capela onde Juan encontrou as flores, igreja da fonte que acreditavam ser milagrosa (pocito) e o local onde construíram a primeira capela. Mas o que eu mais gostei foi a vista do alto do morro, o skyline com os modernos edifícios da Cidade do México contrastando com as cúpulas das basílicas novas e antigas de Guadalupe. Figura VI‑109: Basílicas e o skyline da CDMX Figura VI‑110: Cúpulas e arranha-céus Figura VI‑111: Juan entregando manto para o arcebispo Nessa viagem, eu aprendi bastante sobre sincretismo religioso entre os povos pré-colombianos e colonizadores católicos. E parece que a história da virgem de Guadalupe também tem fortes traços de sincretismo religioso. Muito antes da conquista dos espanhóis, no mesmo morro Tepeyac, havia um templo sagrado para os astecas, o templo da deusa mãe Tonantzin (mãe de todos os deuses). Assim como outros templos religiosos astecas, este templo foi destruído pelos espanhóis que construíram no local uma capela dedicada à Virgem Maria. Os astecas nativos continuavam a vir de longe para venerá-la, chamando-a de Virgem Maria de Tonantzin. Ou seja, muito antes das aparições da virgem para Juan, este local já era sagrado para os astecas. Além disso, a virgem apareceu falando a língua asteca (nahuatl). A própria imagem da virgem tem traços indígenas, e não europeus, está usando joias astecas e um lenço que as indígenas usavam quando grávidas. Dizem que a perna esquerda levemente à frente na imagem da santa seria a forma como os indígenas realizavam seus cultos. Alguns acreditam que, na verdade, o nome da virgem era um nome asteca “captlaxopeuh”, mas que o arcebispo tenha “espanholizado” para Guadalupe. Enfim, parece que houve mais um caso bacana de mistura de crenças e sincretismo religioso. Muito legal a visita para o santuário de Guadalupe. À noite, fui jantar na Calle Regina. Depois da janta, criei coragem e fui até o Zócalo só com o celular mesmo. A Cidade do México, especialmente nos lugares mais movimentados, me pareceu seguro, mesmo no centro. Mas a gente sabe como são as coisas nas grandes cidades brasileiras: à noite, ou em lugares mais vazios, turistando sozinho, é bom não bobear. E da Calle Regina até o Zócalo tinha alguns lugares mais vazios. De qualquer forma, valeu a pena o passeio, os prédios coloniais ao redor do Zócalo tinham uma bela iluminação noturna! A exceção foi a catedral, que não tinha iluminação nenhuma. Reparem no vídeo (Cap VI‑40) que eu salvei no canal, os prédios todos iluminados, e a catedral toda escura. Figura VI‑112: Prédio bonito no Zócalo Teotihuacán: #imperdível Basílica de Guadalupe: #imperdível Dia 13 -> Popocatepetl E finalmente tinha chegado o dia de conhecer o vulcão mais ativo da América do Norte continental, o Popocatépetl, ou Popo, para os mais íntimos... O Popo e o seu “vulcão irmão”, Iztaccihuatl (Itza), ficam no Parque Nacional de Itza-Popo, o segundo mais antigo do México, criado em 1935. A cadeia montanhosa que abriga os pontos mais altos do México é chamada La Sierra Nevada. Iztaccihuatl é a terceira montanha mais alta do México (5225 m), e o Popocatépetl (5452 m), a segunda. A montanha mais alta do México é o Pico de Orizaba, que também fica lá perto, com 5636 m. O Popo e o Itza ficam no Parque Nacional de Itza-Popo, o segundo mais antigo do México, criando em 1935. A entrada principal do parque fica no Paso de Cortés, que recebeu este nome por causa dele mesmo, o conquistador espanhol Hernan Cortés. Guiado por Tlaxcaltecas, ele atravessou por esse passe entre o Itza e o Popo, saindo de Cholula, rumo a Tenochtitlán (CDMX) em 1519. Aliás, na rotatória bem na entrada do parque, tem um monumento no formato de quadro simbolizando Cortés, seu exército e alguns indígenas atravessando o paso. O monumento é bem feinho, mas ele é provavelmente o único momento em todo o México dedicado ao odiado “não tão bem-quisto” Hernan Cortés! Quando perguntei para um guia a origem desses nomes malucos de vulcões, ele me explicou que Popocatépetl, em nahuatl, significa “montanha que fuma”, e Iztaccihuatl “mulher deitada”. Eu achei interessante, mas faltavam detalhes interessantes. Mais tarde, encontrei a história completa em alguns blogs (Ref. 36 e Ref. 37). Durante o reinado dos astecas no Vale do México, foi imposto um sistema de impostos severo e punitivo às civilizações vizinhas. Essa cobrança era uma grande fonte de riqueza e trabalho para a capital Tenochtitlán, mas o descontentamento foi um dos fatores que posteriormente levaram à destruição do Império Asteca por Hernan Cortés, já que os Tlaxcaltecas e outras civilizações vizinhas se aliaram a Hernan Cortés. Muito antes dos espanhóis chegarem, o governante local dos Tlaxcaltecas decidiu ir à guerra contra os astecas. Ele tinha uma linda filha, chamada Iztaccihuatl, que havia se apaixonado pelo guerreiro mais destemido da tribo, chamado Popocatépetl, que também se apaixonou por ela. Para permitir esse casamento, o chefe local impôs uma condição: ele enviou o valente guerreiro para a batalha, e ele deveria retornar com a cabeça do inimigo em mãos para, aí, sim, poder casar-se com sua filha. Destemido, Popocatépetl partiu para sua missão, mas outro guerreiro chamado Citlaltepetl, também apaixonado pela princesa e invejoso de Popocatépetl, resolveu voltar antes que a batalha terminasse, dizendo que o destemido Popocatepetl havia sido morto na luta! A bela princesa não resistiu à dor de perder o seu amado e acabou morrendo de desgosto. Alguns dias depois, chegava da batalha Popocatépetl, alegre e saltitante, com a cabeça do inimigo em mãos, pronto para receber seu prêmio e casar-se com sua amada. Ao descobri-la morta, não se conformou. Levou o corpo sem vida da princesa para uma região no campo, deitou-a no solo e ajoelhou-se ao seu lado, prometendo não mais sair daí para todo o sempre. Comovidos com a história, os deuses interviram. Transformaram os dois amantes em enormes montanhas que ficariam, para sempre, lado a lado! Iztaccihuatl tem a forma de uma mulher deitada, vestida de branco, dormindo pacificamente. Popocatépetl, ou “montanha fumegante”, é o vulcão ao seu lado, nervoso e inquieto, pronto para sempre proteger a sua amada. Dizem que o Popocatepetl entra em erupção ocasionalmente porque a dor dele ainda queima profundamente dentro do coração dele. E o guerreiro invejoso que causou essa tragédia? Não, os deuses não se esqueceram dele! Também foi transformado em uma montanha, a mais alta do México, Pico Orizaba, para que, de longe, pudesse ver os dois amantes juntos, unidos para sempre. O Pico Orizaba tinha que ficar mais longe, pois foi condenado à solidão eterna, mas não tão longe para que ainda pudesse ver os amantes juntos para sempre. Muito legal, né? Quase um Romeu e Julieta das civilizações pré-colombianas! Negaram seu amor enquanto viviam, mas foram destinados a passarem a eternidade juntos. Itza e Popo são um símbolo de amor eterno, transformados nos dois vulcões que formam esse lindo cenário de fundo para a Cidade do México. Impossível não se apaixonar pela história das civilizações pré-colombianos, até as lendas dos vulcões são fantásticas!!! A cidade-base para conhecer o parque nacional Itza Popo é Amecameca, que fica 60 km (~1h) da Cidade do México. O Paso Cortés ligava Amecameca até Cholula, mas apenas o trecho até Amecameca é asfaltado (30 min, 26 km). Do Paso Cortés para Cholula e Puebla, a estrada está ruim e não tem transporte público até lá. O único tour que achei para o Paso Cortés era um bate-volta da Cidade do México. Mas esse tour é mais para fazer o começo trekking para o Itza, começando na base do Itza (La Joya, a 4200m) e subindo até onde o grupo aguentar (máximo 4800 metros). Parecia uma boa opção, mas, para o meu objetivo principal que era ver o Popo, ele tinha dois problemas. Eu não sabia se esse tour parava em um bom lugar para ver o Popo, e, com certeza, eu não poderia vê-lo à noite, que é quando a magia acontece! Eu tinha muita pouca informação sobre a atividade do Popo. Só sabia que tinham erupções estrombolianas e que não eram várias por hora (como o Fuego e Monte Yasur). Não sabia se teria erupções com lava visível à noite, mas, na dúvida, eu queria me programar para ter essa chance. Descobri que até daria para ir ao Parque Nacional Itza-Popo de carro alugado. Mas até La Joya, aparentemente desde a pandemia, precisava de uma autorização. Muito difícil conseguir informações do Parque Nacional, horários, mapas, controles de acesso. Só quando achei agências de turismo local de Amecameca, consegui alguma informação. Um guia de Amecameca (que contactei pelo grupo de guias locais no Facebook) me ofereceu um tour no Parque Nacional, incluindo transporte de Amecameca, trekking de umas duas horas, mais uma hora tirando fotos do Popo por ~45 $USD. Achei o preço justo e, o melhor, eu poderia escolher o horário, manhã ou tarde. Normalmente, de manhã, o céu está mais claro, mas como eu queria ver o Popo à noite, marquei com ele no meio da tarde, apesar do risco maior das nuvens cobrir o vulcão. Foi legal que o guia me forneceu todas as informações de como chegar em Amecameca de busão, horários etc., ficou mais fácil planejar meu passeio. O último ônibus de Amecameca até Cidade do México saía por volta 21h, o que me permitia fazer o passeio à tarde e ainda voltar para Cidade do México no mesmo dia. Eu acordei não muito cedo e fui de metrô ao Terminal Rodoviário do Sul. Umas dez e pouco estava embarcando no micro-ônibus para Amecameca. Mais um dia lindo e, na estrada, finalmente apareceram os tão esperados vulcões, e com um lindo céu azulzinho! Como o meu passeio para o Parque Nacional Itza Popo era às 14h, eu teria algumas horas para conhecer a cidade de Amecameca e procurar algum ponto para tirar uma foto bacana dos vulcões. O único lugar que consegui algumas fotos foi da pracinha principal do centro, mas, ainda assim, meio encoberto por fios e construções. Caminhei por várias quadras tentando encontrar algum ponto mais aberto, mas tinha casas e fios atrapalhando a vista/foto por todo lado. Como eu também não queria ficar pegando táxi ou tuk-tuk para ir até algum local aberto mais afastado do centro, desencanei. O jeito era torcer para conseguir umas boas vistas do parque nacional mesmo. Só que, conforme o esperado, à medida que ia entardecendo, algumas poucas nuvens apareciam, cobrindo justamente o topo das montanhas. Será que ia “dar ruim” e tudo estaria encoberto quando eu chegasse ao parque? Figura VI‑113: Itza e Popo, vista da estrada Figura VI‑114: Popo, visto do centro de Amecameca Apesar do parque nacional nas cercanias, a cidade de Amecameca me pareceu pouco turística, imagino que a maior parte das pessoas que vem visitar o parque faz bate e volta da Cidade do México e não fique por aqui. O mais legal em Amecameca foi conhecer o centrinho típico de uma cidade pequena mexicana, especialmente o comércio. Lá não vi praticamente nenhum turista... O mercado em si já era bem grande e lotado de barraquinhas, mas, em frente ao mercado e à igreja, eles formaram mais umas quatro grandes fileiras adicionais de barraquinhas! E tinha mais barraquinhas contornando quase toda a praça, vendendo tudo que é tranqueira que você possa imaginar, comidas (cruas ou prontas), roupas, panelas, brinquedos, livros. Impressionante a quantidade de barraquinhas. Segundo o meu guia, o último prefeito deu uma organizada, demarcou e enfileirou todas as barraquinhas da praça. Segundo ele, antes era muito mais bagunçado, difícil imaginar como isso seria possível 🤣🤣🤣 ! Salvei no canal dois vídeos (Cap VI‑41 e Cap VI‑42) de eu me perdendo no labirinto das barraquinhas. O guia me indicou um restaurante para almoçar, pareceu bem bacana, mas escolhi um bife à milanesa com batata frita que veio nadando no óleo! Depois vou falar mais a esse respeito, mas agora era hora de encontrar o guia e partir rumo ao Parque Nacional Popo e Itza! O guia era nascido em Amecameca, e conhecia muito sobre o parque e o vulcão. A atividade eruptiva do Popo começou em 1994. Com o aumento da atividade, o governo mexicano fechou o acesso à montanha preventivamente em 2000. O guia já tinha subido o Popo várias vezes antes do acesso ficar proibido. Pelo que ele explicou, existiam duas rotas para atingir o cume. Uma mais fácil, na face virada para a cidade Puebla, por onde a maioria costumava subir, mas era esse o lado que costumava ter mais fragmentos de erupções, gases, pedras e fluxos piroclásticos, e já ocorreram fatalidades de escaladores surpreendidos por um fluxo piroclástico. A via pelo outro lado é mais exposta e inclinada, mas, se tiver alguma atividade vulcânica, deve estar mais protegida... Muitos vulcões têm essa característica, geralmente os pontos com acesso mais fácil para escalar são por onde vão os gases e fluxos piroclásticos. Eu já sabia que atualmente o acesso ao Popo está todo fechado, mas não sabia até quão perto eu poderia ir. Quando chegamos na entrada do Parque Nacional Itza-Popo, no Paso de Cortés, fiquei bastante decepcionado ao saber que aquele era o ponto mais próximo ao Popo com acesso liberado. Fiquei pensando “Ué, só isso”.... Essa entrada do parque ficava a uns 5 km do albergue que antigamente servia de base para a subida do Popo (Albergue Tlamacas) e era o último local que se chegava de carro, ficava longe para caramba. E, para piorar a minha frustração, à tarde tinha aumentado a quantidade de nuvens cobrindo o topo dos vulcões. Figura VI‑115: Popo, visto da entrada do Parque Nacional Além disso, o roteiro acabou ficando meio mal combinado entre eu e o guia. Na minha cabeça, a gente ia tirar umas fotos do Popo, depois faria o trekking subindo um pouco do Itza a partir do La Joya (que fica a uns 7 km da entrada do parque). E depois voltaria para tirar fotos à noite do Popo. Depois da frustração inicial por ficar tão longe do Popo, eu pensei: “ok, agora vamos para La Joya fazer o trekking no Itza, certo?” Só que não.... Ele explicou que, aos sábados, só podia ir até La Joya com reserva, e ele não tinha feito reserva para nós. Acho que ele não fez por mal, foi uma falha na nossa comunicação em “portunhol”. Provavelmente ele não entendeu que eu queria fazer uma caminhada no Itza e achou que eu queria caminhar apenas na entrada do parque. Acabamos fazendo uma caminhada de umas duas horas nas trilhas de lá mesmo, entre 3600 e 3800 metros de altitude, que não foi bem o trekking a 4200 metros no Itza que eu havia imaginado. Figura VI‑116: Caminhada próxima à entrada do parque Mas aí o guia me disse que ele costumava ajudar os guardas do parque nacional com eventuais resgates e que tinha uma amiga policial que era chefe por lá. Ela não estava no parque naquele dia, mas ele ligou para ela e pediu permissão para me levar até o Albergue Tlamacas, antiga base para a subida do Popo, atualmente fechado e com acesso proibido. Ele contou toda uma historinha para delegada, deu uma valorizada, disse que estava com um turista brasileiro que nunca tinha visto um vulcão na vida e tinha vindo para o México só para isso (essa segunda parte era verdade 🤣), e conseguimos a autorização! De volta à entrada do parque, encontramos dois policiais gente fina que nos levaram de viatura pelos ~5km de estradinha de terra até o Albergue Tlamacas. Esse, sim, ficava bem mais perto da base do vulcão, muito bacana! Era proibido usar drone no parque nacional, mas os policiais me deixaram subir o drone. Não arrisquei muito, porque o vento estava forte e o drone avisava o tempo todo que eu não deveria passar de 4.000 metros... Fiquei com medo de perder o drone novo. Ainda assim, deu para fazer umas imagens bacanas. E, para melhorar, mais no final da tarde, aquelas nuvens que cobriam o topo dos vulcões desapareceram completamente. Foi um belíssimo final de tarde. Figura VI‑117: Popo, do Albergue Tlamacas Figura VI‑118: Agora, sim, bem mais perto Figura VI‑119: Itza, vista do Paso Cortés Salvei 3 vídeos do Popo no canal (Cap VI‑43, Cap VI‑44 e Cap VI‑45). Ficamos um tempão com a polícia lá na base do Popo e, quando deu 17h, voltamos. Nesse dia eu acabei entendendo melhor a atividade do Popo. Ele estava emitindo muitas fumarolas que me pareciam vapor d'água, brancas, parecido com as nuvens (reparem nas fotos e no vídeo Cap VI-44). E, segundo o guia, a maior parte era vapor d’água mesmo. Olhando de longe não dava para distinguir direito o que é nuvem e o que é atividade vulcânica. Quando tem erupções estrombolianas, aí, sim, a fumaça é cinza-escuro, bem diferente. Mas as erupções estrombolianas são pouco frequentes no Popo, se comparado a Fuego e Monte Yasur. Acompanhando uma página que costuma noticiar erupções (Ref. 4), depois de um longo tempo sem atividade, dia 17 de fevereiro de 2022. pela manhã (dois dias antes), o Popo teve uma erupção estromboliana e, pelo mesmo site, a próxima erupção noticiada foi 29 de março, um mês e meio depois. Ou seja, eu teria que ter muita sorte para pegar uma erupção bem nas 3h que eu estaria por lá. E mais sorte ainda para ela acontecer de noite, quando daria para ver a lava vermelha incandescente e não apenas a fumaça cinza! Nesse dia, o Popo estava bastante ativo, emitindo bastante vapor, mas nem sinal da lava que à noite ficaria vermelho incandescente. Lembrando que eu tinha escolhido ir à tarde justamente porque queria tentar ver ele à noite, tinha levado tripé, umas roupas de frio extras.... Mas depois que eu percebi que à noite não daria para ver nada de lava, resolvemos ir embora antes de escurecer porque eu ainda tinha um longo caminho até a Cidade do México. Na descida, ainda fizemos uma última parada para registrar um belo pôr do sol, que parecia que ia se pôr atrás de um vulcão, mas encontrou uma nuvem antes.... Figura VI‑120: Pôr do sol no Vale do México No final, o passeio valeu a pena, e acabou dando certo ter ido com o guia, que era bem gente fina. Não tinha lava, é verdade. Mas pegamos um final de tarde lindo, conseguimos ir até a base do vulcão, e pelo menos o Popo estava emitindo bastante fumarola. Seria frustrante, por exemplo, se eu alugasse um carro para ir até o parque e acabar vendo o Popo só lá da entrada.... No parque, também não vi trilhas mapeadas para mirantes ou vistas interessantes. E não tinha muita vista para o Popo. A principal trilha é a da La Joya, para o cume do Itza, bem longe do Popo. Acho que o parque atrai mais o pessoal que gosta de praticar caminhada ou corridas a quase 4.000 metros. Quando eu fui, o parque estava relativamente cheio, e vi muitos mexicanos caminhando e correndo pelas trilhas. Poucos países no mundo você tem parques onde pode-se fazer uma corridinha de final de semana a quase 4000 metros. Popocatépetl: #imperdível Comparação Popo, Villarrica e Cotopaxi (obs: retirei daqui, esse trecho não faz sentido nesse post/contexto, melhor ver no livro completo...) Dia 14 -> Cidade do México -> São Paulo Meu voo de retorno para o Brasil estava marcado para 17h. Teoricamente, pela manhã, daria tempo de fazer o exame obrigatório de covid e ainda fazer mais algum passeio na CDMX. Eu tinha pensado em conhecer um local onde reconstruíram a Vila do Chaves, ou o belo prédio do Museu Soumaya, ou Coyoacan ou ainda Tlatelolco. No entanto, à noite, descobri que (provavelmente) aquele almoço oleoso em Amecameca me deu um baita revertério! Vomitei, fiquei com “piriri” e passei a noite toda no trono.... Achei que iria melhorar quando acordar, mas que nada... Não conseguia comer nada: nem pão, bolacha, café ou leite. Tomei até um remédio que tinha levado para dor de barriga, mas não melhorei nada. Sem comer, sem dormir direito, fiquei zoado o dia inteiro, sobrevivendo à base de Gatorade. Não tinha forças nem para carregar uma mochila e uma malinha de mão de transporte público, inclusive tomei um tombão descendo a escada do metrô! A primeira refeição que eu consegui comer algo foi a jantinha do avião, mas veja pelo lado positivo, ainda bem que esse revertério foi só no último dia, não estragou a viagem. Dois dias depois, eu já estava pronto para a próxima e programando a viagem seguinte em busca do próximo vulcão ativo! O que eu acertei e o que eu faria diferente Acho 14 dias pouquíssimo tempo para conhecer o Panamá, a Guatemala e o México, mas ainda assim consegui ver coisa para caramba. Apesar de cansativa, foi muito legal a viagem. Conheci muitas culturas interessantes, natureza espetacular, e alguns dos vulcões mais incríveis do mundo! Claro que eu adoraria conhecer outros países da América Central, o pior foi não ter tido tempo para ir para San Blas (arquipélago no Panamá) com o stopover gratuito da Copa Airlines. Além das belezas do Mar do Caribe, queria conhecer um pouco mais da cultura dos nativos Kunas. Fica para próxima, nessa viagem tive que me contentar só com um day tour na Cidade do Panamá mesmo, e gostei de conhecer a Cidade do Panamá e, principalmente, o Casco Antiguo. Um dos meus objetivos nessa viagem era conhecer mais de perto a cultura e a “vida real” dos mexicanos. Dez anos atrás, passei uns dez dias em Playa del Carmen (próximo a Cancun), e tirando as ruínas maias, tudo naquela região é muito turístico, acabei não tendo tanto contato com a cultura mexicana. Só com a culinária, vai... Desta vez, foi muito legal conhecer mais de perto a cultura e a vida real dos mexicanos. Para mim, é o povo mais parecido com o brasileiro, muito amigável e receptivo, e que pode se orgulhar da riquíssima história de suas civilizações pré-colombianas. Muitos turistas optam por assistir a um show de Lucha Livre, aquelas lutas de mentirinha com performances artísticas que são muito populares por lá, ou fazem passeios pelos canais de Xochimilco em barquinhos coloridos (trajineras) com mariachis tocando música. Essas atrações não me atraíram tanto... Havia, no entanto, outras que eu gostaria de conhecer, como um outro caso de sincretismo religioso: Santa Muerte. O mais curioso são as imagens da Santa Muerte, geralmente representada como uma caveira vestida de santo. Aparentemente, seus praticantes não são muito bem-vistos no México (quem quiser mais informação, recomendo o vídeo no canal Mundo Sem Fim, Ref. 35). Infelizmente, também não pude conhecer a Vila do Chaves, o belo prédio do Museu Soumaya, Coyoacan e as ruínas de Tlatelolco, além de Puebla e San Miguel Allende, que ficam nas proximidades da capital. E o México ainda tem regiões mais distantes que parecem ser muito legais como Chiapas, Oaxaca, Baja California, a Cachoeira do Tamul e o deserto mexicano.... O país é imenso e ainda tem muita coisa para conhecer. Já a Guatemala, apesar de o país ser menor, algumas atrações ficam bem distantes entre si. Às vezes a distância nem é tão grande, mas é tanta curva na estrada, e é tão complicado o transporte/transfer que você perde muito tempo de deslocamento. E eu ainda tinha que voltar para a Cidade da Guatemala para pegar o voo para o México. Uma alternativa seria seguir de Tikal para Belize, e depois ir até Cancun, mas voltei para a Cidade da Guatemala por “falta de dias” e porque não era época de mergulho com tubarão-baleia. Se fosse a época, eu daria um jeito de encaixar os tubarões-baleia no meu roteiro.... Uma dica importante para quem for para Guatemala: prefira a época de seca entre novembro e abril. Do meu plano inicial da Guatemala, ficou faltando conhecer o Vulcão Santiaguito. Fiquei com vontade de fazer o tour Santiaguito Crater Overnight, dizem que você acampada a 400 metros da cratera. No entanto, não sei o quão seguro seria esse lugar, e se algum dia eu fizer esse tour, vou pesquisar melhor as condições de segurança. A agência me disse que esse é considerado o trekking mais difícil da Guatemala, 8h para ir, umas 6h para voltar, varando mato, sem nenhuma estrutura – precisa levar barraca, comida etc. Enfim, nada turístico, bem raiz! Em Xela (Quetzaltenango) e no Lago Atitlan, também tem muitos trekkings bacanas. Não consegui conhecer o famoso mercado de Chichicastenango, a Laguna Brava próxima a Huehuetenang ou a própria a Cidade da Guatemala. No final, para encaixar tudo que eu queria fazer na Guatemala em 8 dias foi dureza! O meu roteiro maluco ficou muito cansativo, mas foi uma viagem e tanto. A Guatemala é um país com uma natureza única, com vulcões ativos e montanhas com mais de 4000 metros, um rio lindo como Semuc Champey, Lago Atitlan, e atrações culturais sensacionais como Tikal, Antígua e Maximon. A Guatemala tem algo difícil de achar em países turísticos: a vida normal parece que não foi tão afetada pelo turismo. E houve uma mescla muito interessante dos descendentes dos colonizadores espanhóis/europeus com o povo indígena e maia. É um povo que mantém até hoje suas tradições e costumes, e alegram as cidades com seus lindos trajes típicos coloridos e os sorrisos das pessoas. Em vários lugares da Guatemala, o pessoal fala espanhol e, também, a língua maia. E, se a logística não é assim uma Brastemp, qualquer dificuldade é mais do que compensada por um povo extremamente simpático e sempre disposto a ajudar. Que povos bacanas, obrigado, Guatemala e México! Ranking das atrações Segue meu ranking das principais atrações dessa viagem: 1 – Vulcão Fuego 2 – Semuc Champey 3 – Tikal 4 – Cidade do México (conjunto da obra: Zócalo, catedral, Museu Antropologia, Palácio Bellas Artes, basílica) 5 – Popo 6 – Teotihuacán 7 – Antígua 8 – Vulcão Pacaya (peguei pouca atividade e tempo encoberto) 9 – Lago Atitlan (Cliff jumping, Panajachel e vistas) 10 – Maximon (muito legal a história, o atrativo turístico em si nem tanto) 11 – Cidade do Panamá Obs.: o Vulcão Santiaguito, infelizmente, não consegui conhecer, mas tinha potencial para estar na lista.... --------------------------------------- Pessoal, postei quase inteiro o capitulo VI do livro/ebook (só reduzi algumas fotos pra adaptar ao forum). Os capitulos de cada continente ficaram parecidos com esse. Deveria ter colocado criado esse tópico no subtópico "America Central, Caribe e México", já q terminei no mesmo post com Guatemala e México. Acabei criando o tópico no subforum só da Guatemala, agora não sei como mover pra lá, vamos ver se quem quiser consegue achar..... De qualquer forma, o relato completo das viagens pelos outros continentes está no livro Destino Vulcões no amazon.com.br! Sinopse do livro: Nesta obra, compartilho minhas aventuras em busca dos vulcões mais espetaculares do planeta. É um relato pessoal de mais de 90 dias de viagens, ao longo de 10 anos, explorando 15 países em 6 continentes, ilustrado com fotos e vídeos do próprio autor. Expressões absolutas da força da natureza, os vulcões fascinam na mesma medida em que amedrontam. Quem já assistiu a uma erupção com lava pode confirmar que os vulcões oferecem uma das cenas mais impressionantes da natureza. E não é preciso ser um aventureiro radical para explorar esses destinos — basta estar disposto a viver experiências inesquecíveis. Além de paisagens vulcânicas impressionantes, descobri culturas vibrantes e outras belezas naturais que tornaram essa jornada ainda mais enriquecedora. Convido você a me acompanhar nessa aventura, repleta de histórias fascinantes e paisagens deslumbrantes ao redor do mundo. Capa:
-
Olá mochileiros. Acabei de voltar de uma viagem de 2 semanas pela Costa Rica, e como sei da dificuldade de encontrar relatos atualizados do país, tanto aqui como em blogs, espero contribuir com quem quer conhecer esse destino. Os relatos mãos atualizados que vi foram em blogs gringos, sugiro o sallysees, com muita informação sobre diversas partes do país. A viagem foi de 8 a 21 de janeiro, com chegada no Brasil às 6:30 da manhã do dia 22. Voamos pela Copa Airlines, com escala longa (eu escolhi) na Cidade do Panamá, onde paramos e fizemos um City tour (falarei sobre isso nos relatos do Panamá). As passagens custaram R$2500 ida e volta, fui com meu marido e filho de agora 15 anos, meus companheiros de sempre rs. Para entrar na Costa Rica e no Panamá, são necessários o passaporte e o comprovante de vacinação da febre amarela. Se você ainda não tomou, precisa tomar pelo menos 10 dias antes da viagem e emitir o comprovante pelo site do sus gov br. A moeda da Costa Rica é o colon, porém na maioria dos lugares aceita dólar também. No momento da viagem, 1 real valia 83 colones, e 1 dólar valia 500 colones. Levei a maior parte no cartão wise e um pouco em dólar espécie. Tive problema 1 vez para trocar nota de 100 dólares. Normalmente se vc paga em dólar eles te dão o troco em colones. Um único lugar não aceitava cartão (aluguel de prancha de surf na praia). A viagem foi realizada na estação seca da Costa Rica. Apenas no Caribe era considerada estação intermediária entre seca e chuvosa. Porém as coisas não foram bem assim rs. Peguei tempo muito bom nas praias e em geral chuva no interior. A Costa Rica está a 3 horas a menos que o fuso horário de Brasília. Alugamos um carro por todos os dias, o que acho indispensável se quiser fazer um roteiro que passe por muitos lugares num tempo relativamente curto. Li sobre a importância de alugar um carro alto, ou até mesmo 4x4, mas sinceramente acho que um básico 1.3 daria conta. O aluguel de carro é a coisa mais cara no país, eles têm uns seguros obrigatórios caríssimos que nem sempre ficam claros quando você aluga o carro. Daí na hora de pegar o carro tem.uma surpresa. No nosso caso, tivemos uma surpresa na hora de devolver o carro, uma cobrança de 150 doletas por um arranhão micro. Achei um roubo, na verdade um golpe. Então fica a dica se for alugar carro, pesquise a reputação da empresa, pergunte sobre os seguros, tenha prints das conversas e principalmente, quando o funcionário for fazer a vistoria para retirar o carro, filme tudo, fotografe tudo, seja chato e exigente. Nós não agimos dessa forma tão determinada e acabamos tendo.prejuizo. O carro que havíamos alugado era um mini suv 4x4, um Jimmy Sierra, mas acabamos.pegando um maior e mais confortável da mitsubishi porque o jimmy não estava disponível. A locadora foi a Solid, a qual eu NÃO INDICO. As entradas dos parques nacionais devem ser compradas pela Internet no site SINAC. Você se registra, marca a data, e paga, bem simples. Fui na alta temporada e mesmo assim tinha bastante vaga com alguns dias de antecedência. Não há venda de entradas na porta, só pela Internet. A Costa Rica é um.pais caro, mas eu não achei absurdo, fazendo as escolhas corretas rs. Nós tomamos café da manhã e lanche a noite em casa e fazíamos um almojanta em restaurantes. Comemos praticamente todos os dias nas "sodas" , restaurantes locais com preços mais amigáveis. Nas soda o prato mais pedido é o "casado", parecido com nosso PF, com arroz, feijão, salada, proteína animal(peixe, frango, carne ou porco, e tb opção vegetariana), muitas vezes um picadinho de legumes, e o plátano Dulce, tipo uma banana da terra feito de um.jeito que fica macia e cozida, maravilhosa. Come-se muito bem no país. Eu me aventurei em pratos diferentes, que vou contando aos poucos. Para ter uma ideia, alguns preços, em colones: Gasolina super, litro: 669 Leite, litro: 1200 Pão de forma bom, 450g: 2000 Lata de cerveja local: 1000 (recomendo a império e a pilsen) Ovos, embalagem com 15: 2000 Avocado: uns 5 reais a unidade Água de coco (eles chamam de pipa): compramos de 500, de 600 e de 1000 colones Casado: encontramos de 3800 a 5500 colones Batidos (smoothies): de 1200 a 2000 (com água mais barato, com leite mais caro) Tendo em vista essas considerações, vamos ao nosso roteiro: nossa viagem tinha que ter um pouco de cada, parques nacionais, aventura, águas termais, animais, vulcões, cachoeiras e surf. As praias que priorizamos foram praias boas para surf. 8/1 - chegada ao aeroporto as 20h, pernoite em Alajuela (cidade do aeroporto) 9/1 - primeiras compras, deslocamento até Bajos del Toro, Catarata del Toro - pernoite em Bajos del Toro 10/1 - deslocamento para Puerto Viejo de Talamanca (Caribe), tarde de praia e surf, noite na cidade 11/1 - Playa Cocles (surf) e piscinas naturais 12/1 - Parque Nacional Cahuita 13/1 - Deslocamento para La Fortuna, volta pela cidade, El Salto e termas El Chollin (gratuitas) 14/1 - Bogarin Trail (santuário de preguiças) e a tarde/noite visita as termas do Hotel Los Lagos (day use) 15/1 - Místico Parque de pontes suspensas, Mirador El Silencio e termas El Chollin (gratuitas) 16/1 - Parque Nacional Vulcão Tenório (Rio celeste - era pra ser), deslocamento até Nicoya, volta e pernoite na cidade 17/1 - Deslocamento até Santa Teresa (Pacifico), praia e surf, por do sol 18/1 - Piscinas naturais de Santa Teresa, Playa Hermosa, surf e por do sol em ST 19/1 - Playa Carmem surf e piscinas naturais, Playa Santa Teresa surf, piscinas naturais e por do sol 20/1 - Deslocamento até Fraijanes, passando pelo ferry boat de Paquera a Punta Arenas - descanso 21/1 - Parque Nacional Vulcão Poas, ida para o aeroporto (voo às 17:30) Pelos próximos dias vou escrevendo relato detalhado de cada dia. Qualquer dúvida podem perguntar, tem posts e destaques no Instagram janacometti .
- 34 respostas
-
- 10
-
-
-
-
- costa rica
- la fortuna
- (e 4 mais)
-
Santiago e Pucón - Sozinha - Novembro/2022
SilviaAlves postou um tópico em Chile - Relatos de Viagem
Oi todo mundo 🙂 este é um relato sobre a última viagem que fiz para o Chile, agora em novembro/2022. Nessa viagem procurei viajar um pouco mais livre, sem tanto apego ao roteiro, aproveitar mais as cidades e fazer somente aquilo que eu realmente tinha vontade de fazer. Foi minha terceira vez no país. Em 2018, fiquei 7 dias em Santiago com o meu marido e fizemos todos aqueles passeios "que todo mundo faz". Em 2019 fui sozinha para o Atacama, não tem relato, porque na época, tinha vergonha de escrever hahaha, mas se alguém quiser indicação das agências e lugares que visitei tanto em Santiago como no Atacama, nessa época, pode perguntar (porque eu adoro falar do Chile). Dessa vez decidi conhecer Pucón, porque eu queria muito subir um vulcão, é isso. Não é demais lembrar, que o Chile não é um país barato, ainda mais se você fica na mão de agências e os influencers viajantes brasileiros 😆 como já conhecia o básico de Santiago, desta vez tentei fazer uma viagem mais enxuta e aproveitar algumas atividades grátis e que ainda não conhecia. Com tantos países para conhecer, porque eu fui (de novo) pro Chile? Não sei o que acontece nesse país, eu me sinto muito bem lá, como se fosse chilena de verdade hahaha ROTEIRO Joinville/SC > Curitiba/PR > Santiago > Pucón. AÉREO Viajei pela Latam, comprei a passagem com cerca de 45 dias de antecedência (eu não tinha certeza se conseguiria viajar nesse período). Comprei quando a passagem por um preço aceitável, saindo de Curitiba (moro a 120km). DESLOCAMENTOS Em Santiago, apenas metrô. A viagem Santiago>Pucón, fiz de ônibus. Em Pucón, utilizei transporte público. MOEDA Levei uma quantia em reais para fazer o câmbio lá e uma outra quantia no queridinho de 10 em cada 10 viajeiros, o cartão WISE. Muito prático, funcionou super bem, tudo o que podia passei no cartão. A diferença do câmbio em espécie e o praticado pela Wise ficou em torno de 10 pesos. Só utilizei espécie para pagar o Trekking ao Vulcão Quetrupillán, transporte e algumas coisas na rua. Em mercados, restaurante e hostel, foi tudo no cartão. HOSPEDAGENS 2 (duas) noites em Santiago, reservei um quarto neste Airbnb https://www.airbnb.com.br/rooms/48525209?source_impression_id=p3_1669849484_FtBR0fMRmUwXI4%2FZ - recomendo demais, o espaço é exatamente como nas fotos, o apartamento está localizado próximo ao Parque O'Higgins e a estação de Metrô Toesca (Linha 2), perto de tudo. A anfitriã era muy buena onda e pude praticar bastante meu espanhol. Weon ¿Cachai? - Valor: R$ 218,31. 5 (cinco) noites em Pucón - Lucky's Hostel - https://www.luckyshostel.com/home - melhor hostel que já me hospedei, staff maravilhoso, café da manhã excelente, tudo limpinho, organizado. Eu facilmente moraria lá. Valor: R$ 450,00. DOCUMENTOS E SEGUROS Passaporte (mas pode ser a carteira de identidade emitida a no máximo 10 anos); Comprovante de Vacina COVID; Seguro-viagem (não é obrigatório, mas é sempre bom fazer) Os requisitos para ingressar no Chile podem ser consultados aqui: https://www.minrel.gob.cl/recomendaciones-para-ingresar-a-chile/minrel_old/2008-06-19/154047.html Ao longo do relato vou tentar mencionar alguns gastos, mas confesso que não sou muito de ficar controlando os gastos, anotando tudo. Geralmente estabeleço um valor x e vou gastando até chegar no momento de viver apenas de água, ar e luz kkkk Bom, por enquanto é isso. Villarrica parecendo uma panela de pressão Amanhã continuo o relato -
PERU: Valle del Colca, entre Condores e Vulcões!
Paulonishi postou um tópico em Peru - Relatos de Viagem
Episódio 9 Arequipa, 15 de outubro Acordei cedo... ou melhor, quase nem dormi direito. Fiquei na cama e só levantei às 02:40h para aguardar o ônibus. Preparei um lanche, separei os equipamentos e desci até a portaria. Passou das 3h e nada da van. Somente às 3:49h ela apareceu! Paramos em outros hostels e aí que ficou claro o motivo do atraso. Muitas das vezes, a van chega, avisa na portaria e ficamos esperando o povo levantar e vir para o passeio. Sim, acontece mesmo... povo irresponsável... Mais uma vez na parte da frente e junto à janela, me acomodei na van, bem nova também, e tentei descansar. Até dei umas cochiladas. Chegamos a Chivay, onde fizemos uma parada para tomarmos um café da manhã que estava incluso no passeio. Porém, tudo foi bem racionado e se resumiu a um pouco de suco, um pão e fruta. Este é um pequeno povoado no meio de uma cadeia de montanhas e vulcões, sendo que alguns ainda em atividade. Tomei um chá de folhas de coca para prevenir algum eventual efeito da altitude, o soroche. Não achei sabor algum e, para informação, não é capaz de deixar ninguém drogado (baixíssima concentração de alcalóides). Seguimos viagem e a próxima parada foi em um lugar menor ainda, uma vila chamada Maca. Ali estavam um mercado de artesanato e uma igreja, por sinal muito antiga. A igreja de Sant´Ana de Maca foi construída no século XVIII, porém destruída em um grande terremoto em 1991. Foi reconstruída seguindo as características originais. Em seu interior, altares trabalhados em madeira com aplicações de folhas de ouro. As imagens religiosas são uma mesca do catolicismo com figuras locais (sincretismo religioso). Repare na vestimenta das imagens e também do Cristo, que também ganhou roupas! O lugar não tem janelas, justamente para que a construção seja mais resistente aos terremotos. A iluminação é feita através de um jogo de espelhos, como mostrado na mesma foto. Na feira de artesanato a população expõe os seus produtos aos turistas (porém nem tudo é feito à mão, tem uns produtos chineses no meio). O que chamou mesmo a atenção foi esse belo falcão, que tratei de fotografar. Porém, o dono, vendo o meu interesse, já tratou de pegar a ave e colocar em cima de mim....🤣 Uma das turistas do grupo se ofereceu para me fotografar e, para a minha sorte, ela tinha alguma intimidade com fotografia e captou aquelas que seriam as imagens mais icônicas do passeio! Pense numas garras afiadas desse falcão! Fez uns buracos no meu braço. É claro que depois disso tive que fazer uma contribuição... Putz, pior que tinha só umas moedas (mão de vaca nível hard), mas foi 1,00s de coração (mentira) 🙄🤭 E segue o passeio por entre montanhas e vales. Fomos subindo cada vez mais... A nossa próxima parada foi em um mirante, de onde pudemos contemplar parte do vale do Colca. A curiosidade é que justamente neste vale parte uma nascente que vai ser um dos afluentes do rio Amazonas! Os terraços escavados nas montanhas são os chamados "andenes", onde utilizam para o cultivo de batatas e milho. Por serem raras as planícies nesta altitude, essa técnica milenar permite o aproveitamento de cada centímetro de terreno, mesmo os mais íngremes. E chegamos ao ponto alto do passeio, literalmente falando. O mirante da Cruz del Condor está a 3300m acima do nível do mar! O Valle del Colca é considerado um dos mais profundos do mundo, podendo alcançar até 4160m (duas vezes a profundidade do Grand Canyon). Porém, a grande atração mesmo é o avistamento dos condores, as maiores aves voadoras do mundo. Neste dia o céu estava bem claro e todos estávamos ansiosos pelo primeiro avistamento. Claro que não é nada garantido, mas a expectativa era bem alta. Até que, de repente, surge o primeiro condor: Pense numa correria para fotografá-lo assim que ele pousou nas proximidades... Claro que todos, muito educadamente, se colocaram de modo a não atrapalhar uns aos outros para captar o melhor ângulo... MENTIRAAAAA 🤣 Foi uma baixaria só, um empurra-empurra animalesco 🤪 Passado o frenesi inicial, consegui me posicionar sem ser incomodado e fui tirando as fotos do primeiro condor. Os bichinhos estão tão acostumados que até parecem posar para as câmeras... Algum tempo depois, mais condores foram surgindo! Apareceram 4 condores no total. Desci para o mirante mais ao fundo e fiquei contemplando o espetáculo. Consegui tirar excelentes fotos dessa experiência! Mas, olhando o relógio, vi que o horário de partida estava próximo. Apertei o passo e comecei a subir em velocidade para retornar à van. E olha só como estavam congestionadas as escadas! Dei um jeito de ir subindo por fora e cheguei bem rápido... Aí, deu uma pontada na cabeça... O primeiro sinal de que eu estava abusando do ar rarefeito. Uma breve tontura e já me refiz. Enquanto aguardava os demais passageiros, fui tirando tantas fotos quanto pude, para guardar com carinho todos esses momentos especiais. E os condores vieram até fazer um rasante bem pertinho para se despedirem! Agora embarcados novamente, fomos levados ao almoço lá em Chivay, parando antes em mais um lugar para usarmos os banheiros (pagos) e conhecer umas simpáticas alpacas. Em mais uma parada, fomos convidados a descer de tirolesa ou a nos refrescarmos em umas piscinas termais, tudo pago à parte, claro. Aproveitei o tempo explorando os arrredores. Essa segunda parada foi bem mais demorada, levando uns 90 minutos. Agora sim, paramos para o almoço. O preço de 30 soles o buffet (praticamente 9 dólares na época) não me animou nadinha e é lógico, estava prevenido com os meu lanches. E fiquei caminhando para conhecer os arredores... que não tinha nada de interessante! Chivay tem sítios arqueológicos importantes, porém são distantes do povoado e necessitaria pernoitar para fazer os passeios. Fica a dica! No retorno à Arequipa, paramos no mirador de volcanes a estonteantes 4800m de altitude. Apesar do sol, ventava forte e fazia frio! E assim, encerramos o passeio, chegando em Arequipa já no final da tarde e sob um trânsito dos infernos. Desci na Plaza de Armas e fui caminhando até o Hostel. Estava tão cansado que fui tomar um banho, comer algo, cuidar dos equipamentos usados, garantir o backup do dia e... capotei! Acompanhe o vídeo deste episódio e não seja mão de vaca! Clique para deixar o seu like, compartilhar o vídeo e deixar os seus comentários... E não perca o próximo episódio! Último dia em Arequipa! -
Episódio 8, 14 de outubro Acordei cedo e fiquei fotografando a paisagem que mesclava montanhas, vales, desertos e vulcões. Serviram um lanche como café da manhã, contendo um suco, pão e manteiga. O ônibus chegou à Arequipa às 08:55h. Aguardei para pegar a mochila e depois fui pesquisar o preço dos passeios nas agências da própria rodoviária (sim, aqui tem uma rodoviária geral), mas que estavam mais caros do que pesquisei com o Hostel que reservei. Saí para pegar um táxi e o legal é que existia uma grande placa com os preços tabelados. Ainda assim, consegui fechar por 9 soles... e não era um tuctuc! rsrsrs O vulcão Misti domina o cenário da região. Aliás, Arequipa é cercada por vulcões e os outros dois mais destacados são o Chachani e Pichu Pichu, todos entre os 5600 e 6055m de altura. Segundo dizem, se entrarem em erupção, teríamos poucos minutos até sermos atingidos... 🙄😬 Peguei um trânsito bem carregado pelo caminho. O Hostel escolhido foi o El Español Backpackers, bem na região central da cidade, mais precisamente na Calle Peral 117. A localização para mim é importante e procuro sempre levar em conta as atrações ao redor e as facilidades, como mercados, casas de câmbio, restaurantes... Pela primeira vez em toda a viagem reservei um quarto individual! Só passei a viagem imaginando como seria, pois o preço não foi tão diferente de outros hostels que anunciavam cama em dormitório. Enfim, cheguei e consegui fazer o check in antecipado, indo finalmente conhecer a minha nova moradia em Arequipa! Fiz o pagamento em dólares, pois a conversão que me apresentaram era extremamente desfavorável. O preço dos passeios oferecidos também achei caro. Fiquei nesse quartinho aí no centro da foto, bem acima do parapeito azul. Tirando o calor, até que não era tão ruim. Pelo menos poderia espalhar as minhas coisas sem preocupação 😅 . Não tinha conforto mas era só meu!!!! 😎 A cidade é uma importante base militar e bem naquela manhã estavam fazendo treinamentos com helicópteros, que sobrevoaram o lugar a baixa altitude. Que recepção de boas vindas, heim? Bom, tratei logo de tomar um banho, pois no dia anterior havia pulado essa etapa 🤭 O aquecimento era por painéis solares e foi bem relaxante. O clima da cidade é muito seco e saí em busca de água para comprar. Perguntei na recepção a respeito de onde poderia fazer compras e desci ao mercado indicado, mas era um mercado público. Gosto muito de andar por esse tipo de mercadão para conhecer o dia a dia da cidade e os produtos característicos do lugar. Tinha uma boa variedade de frutas, mas o que chamou mais a atenção foram alguns produtos bem bizarros! Em uma tenda de ervas, estavam expostos vários fetos e filhotes de llamas desidratados. Os rituais chamânicos são bem populares por todo o país. Vai um chazinho de llama? 🤮 Como a sede estava grande, resolvi procurar logo um supermercado e, durante o caminho, achei uma vendinha onde comprei uma garrafona de 3 litros de água por 3 soles. Um pouco mais adiante, achei um lugar onde faziam câmbio (numa relojoaria) e como a cotação era boa, troquei alguns dólares ali mesmo. Voltei ao Hostel, tratei de encher o cantil e parti para o passeio com o Free Walking Tour, que já havia reservado dias antes pela internet. No local marcado, Plaza San Francisco, logo encontrei os nossos guias. Cheguei às 12:10h e aguardei mais 10 minutos até dar o horário marcado e partimos para o tour. Recomendo muito o passeio com o Free Walking Tour. É uma maneira de conhecermos a cidade em detalhes que só os locais sabem. Durante a nossa caminhada, o guia foi explicando as características que tornam a cidade única em termos de arquitetura. As pedras utilizadas na maioria das construções tem uma tonalidade esbranquiçada e são de origem vulcânica, haja visto que vulcões é o que não falta por lá. É chamada Sillar. Por suas propriedades e porosidade essa pedra é capaz de absorver parte da energia dos terremotos, tão comuns nesta parte do país. Assim, no período colonial, Arequipa foi erguida utilizando-se esse material, o que lhe conferiu a alcunha de Cidade Branca. A nossa primeira parada foi no Mundo Alpaca, para conhecermos as particularidades desses pequenos camelos sul americanos... Sim, as alpacas, llamas, vicunhas e guanacos são da mesma família dos camelos! Estão aí os bichinhos... O lugar mostra as etapas de beneficiamento dos diversos tipos de lã, sendo as de Vicunha os mais valorizados devido a sua maciez e raridade também (não são domesticadas). Um quadro que mostra as tonalidades naturais de lã de alpaca: Muito interessante o passeio. Tinha até uma artesã tecendo a lã no estilo tradicional, como forma de ilustrar o processo. No final do passeio, somos encaminhados para a loja da fábrica, onde se pode comprar os produtos em lã... (caríssimos 😝) Bom, pelo menos valeu o passeio para fins de aprendizado, pois, até antes, não sabia a distinção entre as llamas, alpacas, vicunhas e guanacos... ou sequer sabia que alguns existiam (desconhecia os guanacos... coitados). Caminhamos em direção à Plaza de Armas... Sem dúvida nenhuma, uma das mais belas que já visitei! Uma parada antes para a degustação de chocolates artesanais... E uma dose de Pisco! Tudo grátis, é claro! 😅 A última atração foi um restaurante onde após uma longa apresentação do proprietário, fomos convidados a subir no terraço. De lá tive a melhor vista de toda a Plaza de Armas! Finalizado o tour, fiz a minha singela contribuição (moedas?!? putz, como sou mão de vaca.... 🤣) e fui a um supermercado onde comprei iogurte, queijo, leite, amendoins e... pão! Sim, a minha dieta low carb foi pro saco pois a sobrevivência falou mais alto 🤫. Ainda na Plaza, encontrei uma agência e encontrei o passeio que procurava para o Valle del Colca, por só 40 soles!!! Fechamos e ficou combinado de passarem às 3h da manhã no hostel para me pegarem. Troquei mais 20 dólares na mesma cotação, voltei ao hostel para deixar as compras e comer algo e parti para o mirante da cidade, a fim de fazer fotos do por do sol. Já passava das 16:30h e tive que acelerar o passo para poder chegar a tempo. Aí começou a juntar o cansaço físico pelos intensos dias até então e sem muito descanso, com a altitude do lugar... Arequipa está a 2335m acima do nível do mar. Bom, para quem veio praticamente do nível do mar (Nasca está a 520m) e não teve tempo de se acostumar até que me saí bem. Desafio maior ainda enfrentaria no dia seguinte, pois o Valle del Colca esta a 3600m... Cheguei a tempo e fiz belas fotos no mirante! Pois é... Eu estava de shorts e assim que começou a escurecer a temperatura baixou bastante... Coisas de deserto mesmo. Valeu a pena o esforço de subir correndo até aqui, sendo recompensado por essas belas recordações! Mas o frio estava aumentando (e olha que não sou friento) e parti acelerado de volta do hostel. Ainda assim, ao chegar próximo à Plaza de Armas não resisti e parei para tirar mais fotos noturnas. Depois disso, um belo banho rápido (estava acabando a água quente... bem feito!) e a rotina de colocar os equipamentos para recarregar e fazer o backup dos materiais do dia (levei um netbook e também hds externos). Tomei um iogurte e tratei de procurar dormir, pois dali a poucas horas partiria para mais uma aventura... O Valle del Colca! E se você conseguiu chegar até aqui, não deixe de conferir o vídeo deste episódio. Só lembro que se achou as informações úteis, ajude a compartilhá-las, deixando o seu comentário e o seu like. Isso me incentiva a continuar produzindo mais conteúdos. E não perca o próximo episódio: Episódio 9: Valle del Colca, entre condores e vulcões Um grande abraço e até breve! 🤠👍
-
PERU: de Caral a Machu Picchu em 15 dias de aventuras!
Paulonishi postou um tópico em Peru - Relatos de Viagem
Episódio 1: A Preparação Depois de tantos anos, muitos lugares visitados, experiências maravilhosas, resolvi tirar um tempo pra organizar as minhas memórias e contar sobre a maior e mais marcante aventura que já vivi: a primeira viagem ao Peru! Ela foi planejada nos mínimos detalhes e cheia de expectativa… Afinal de contas, era pra um destino que sempre sonhei: Machu Picchu. Quer saber como foi essa jornada inesquecível e acompanhar todos os detalhes? Eu sou @Paulonishi e esta é a história de uma aventura inesquecível: a primeira viagem ao Peru! Neste capítulo vou falar de toda a preparação para essa façanha, desde a compra das passagens e todas as etapas do planejamento… tudo isso pra ajudar e até inspirar a quem quiser saber como montar a sua viagem para o Peru. E se puder ajudar, deixe o seu comentário ou perguntas sobre o assunto.... Vamos lá? Apesar de ter sido em 2016, ainda a considero como a mais desafiadora que já fiz, não só por ter sido o primeiro mochilão no exterior, mas pela complexidade envolvida.... Eu costumo dizer que a distância entre o sonho e a realidade é o planejamento que precisa ser feito para realizá-lo… Tudo precisa ser levado em conta e friamente calculado… E não poderia ser diferente nesse caso né? Bom, eu não tinha dinheiro sobrando… atravessava uma verdadeira tempestade na minha vida pessoal, com uma separação complicada, mudança de cidade e trabalho… Esse era o meu quadro pessoal no final de 2015. Mas no início de 2016 prometi para mim mesmo que tudo mudaria e que me reergueria e faria a tão sonhada viagem. E esse foi realmente o começo de tudo! Comecei a pesquisar tudo sobre o Peru, fazendo uma verdadeira imersão na sua cultura e principalmente na história, além de começar a estudar espanhol pela internet… tudo de graça! Procurei fazer pesquisas de passagens aéreas em promoção… só aguardando a oportunidade… e ela chegou em abril! Sempre busquei fazer todos os meus gastos no cartão de crédito pra acumular milhas e com isso já vinha acumulado uma boa quantidade delas até então… Às vezes tinha que trocar por uns eletrônicos pra evitar perder quando estavam vencendo... E foi aí que teve uma megapromoção da LATAM (LATÃO ), para transferência de milhas pro programa de fidelidade Multiplus (hoje LATAMPASS), onde consegui mais do que dobrar a quantidade de milhas que eu tinha e que estavam pra vencer!… Agora sim já poderia pegar essas milhas e trocar por passagens aéreas…Então a busca começou. Fiquei por dias fazendo a simulação de passagens saindo de Florianópolis com destino ao Peru, mas a quantidade de milha era muito alta. Até dava pra trocar, mas resolvi esperar um pouco mais... Aí, numa das noites seguintes, consegui encaixar um intervalo de 18 dias, entre a saída do Brasil e o retorno. Chegaria em Lima no mesmo dia da partida, no dia 7 de outubro e estaria de volta em Florianópolis no dia 24 de outubro. Dias para aproveitar mesmo seriam 14. O resto perderia nos voos e conexões. Agora sim, consegui as passagens aéreas eliminando o maior custo da viagem, praticamente de graça, e mesmo assim sobraram muitas milhas, que usaria pra viajar no ano seguinte. Com as datas já definidas, era só trabalhar no roteiro e no planejamento completo da viagem! A maior motivação em ir pro Peru sempre foi a de conhecer Machu Picchu... mas como sempre costumo fazer, não iria só pra conhecer esse lugar. Procurei aproveitar a oportunidade pra otimizar a viagem e conhecer a melhores atrações no caminho entre Lima e Cusco, que percorrendo o caminho de ônibus. A base de todo o roteiro foi o Google Maps. Consultava o mapa, via as atrações em potencial e ia marcando como favoritas… aí, partia pra pesquisar na internet, principalmente no site Mochileiros.com e no youtube, pegando as dicas do lugar: tipo se era realmente bom, o que tinha pra se ver e fazer, como chegar, os custos de ingressos e transportes… E os valores que eu ia levantando já anotava na minha planilha de gastos. Assim, fui completando o roteiro e buscando agora os horários dos ônibus pra ver se dava pra conciliar o deslocamento e também as possíveis hospedagens. Resolvi escolher a empresa Cruz del Sur, pelas recomendações de outros viajantes no Mochileiros e também por ter linhas para todos os destinos do meu roteiro. Apesar de ser mais cara, resolvi optar pela segurança. O site dela é bem completo e consegui excelentes descontos em promoções com compra antecipada. Assim, já comprei as passagens de ônibus no cartão ainda no Brasil e mesmo que pagando o IOF de 6,28% e a conversão do dólar, a economia foi de mais de 50% no valor normal… Porém, não permitia a troca e nem o reembolso da passagem em caso de necessidade… Mas é o custo da oportunidade! Depois disso, com os lugares mapeados e as passagens de ônibus compradas, me concentrei nas hospedagens, fazendo buscas entre o booking e o airbnb. Novamente, a busca foi baseada no Google Maps, levando em conta a localização do hostel, a distância da rodoviária pra evitar pagar táxi, se tinha café da manhã, avaliações positivas e é claro, o preço. Outra coisa bem legal pra se olhar é se tem cozinha compartilhada, pra poder fazer uma comida à noite e economizar um pouco mais. Visto tudo isso, já fui fazendo as reservas, mas sem ter que pagar nada antecipadamente… Só quando chegasse pagaria em dinheiro… Lá não aceitavam cartões ou cobravam uma taxa muito alta e não compensava. Tirando as passagens de ônibus, a única coisa que comprei antecipado foi o acesso à Machu Picchu, porque tem um limite diário de visitantes. Esse detalhe é essencial e deve ser muito bem observado! Por isso ter certinho a data de ir é tão importante, principalmente agora que também ter que escolher se vai ser no período da manhã ou da tarde! Para não correr nenhum risco, fiz a compra para garantir que no dia 21 de outubro pudesse conhecer o local… Melhor do que contar com a sorte! Imagina só chegar lá em Machu Picchu e não poder entrar por estar lotado… Parece incrível, mas eu vi acontecer lá… O custo do ingresso foi de 133 nuevos soles, aproximadamente 39 dólares. Como viajar MAIS gastando POUCO! O roteiro ficou o seguinte: 07/10 - Florianópolis x Guarulhos x Lima . 08 a 10 - Lima 11/10 - Lima x Ica 12/10 - passeios em Paracas 13/10 - Viagem a Nasca e sobrevoo 14/10 - Arequipa 15/10 - Vale do Colca 16/10 - Arequipa x Cusco 17/10 - Cusco 18/10 - Trilha Salkantay 21/10 - Machu Picchu 22/10 - Cusco x Lima 23/10 -Lima x Guarulhos 24/10 - Guarulhos x Florianópolis O maior desafio da viagem seria a trilha Salkantay, uma trilha inca em grande altitude, chegando a mais de 4200 metros, percorrida por entre as montanhas mais sagradas da região de Cusco e com o final em Machu Picchu, com o diferencial que não precisa de guia e nenhuma taxa pra pagar. A previsão mais otimista de terminar a trilha era de 3 dias, segundo os relatos que encontrei. Assim, durante essa viagem, enfrentaria vários climas e uma grande variação de altitude, aumentando de intensidade bem na parte final da viagem. Para tudo isso, resolvi comprar uma boa mochila de 60 litros da Trilhas e Rumos… Achei um bom tamanho pra levar tudo e também era bem resistente e com várias regulagens nas alças pra deixar bem confortável mesmo quando cheia. Tive que comprar também roupas adequadas ao calor e ao frio. Pra isso, passei na Decathlon e comprei 3 camisas de manga comprida com proteção solar, uma calça e jaqueta impermeáveis e também calça e blusas térmicas, além de uma toalha de microfibra que seca bem rapidinho… E isso fez diferença, porque na maioria dos hostels não forneceram toalha de banho. Na internet, comprei ainda um par de bastões de caminhada e 2 power banks. Separei para levar um par de tênis, chinelos, botas de cano médio impermeável, luvas, cachecol, gorro, boné e chapéu, além de uma série de câmeras fotográficas, gopro, celular e um tripé… Pra a viagem, comprei dólares no câmbio de R$3,42… ô saudade desse valor! Levei um total de $400 dólares só pra garantir, além do cartão de crédito internacional por segurança. Agora, com tudo reunido, roteiro pronto e planejamento completo, estava tudo pronto para iniciar a épica aventura… Mas isso é assunto para o próximo capítulo! Espero você na continuação dessa viagem, acompanhando a partida do Brasil e a chegada na capital peruana! Deixarei 2 vídeos aqui do meu canal no youtube para inspirar outros viajantes... É isso aí... Até o próximo capítulo! ✌️🤠 Partindo de Florianópolis em direção à Lima! -
Olá a todos! Vim aqui relatar a viagem que fiz sozinho neste incrível país que é o Equador. Ao total foram 11 dias, entre 19 e 30/01/2020. Eu foquei em conhecer a região do país conhecida como Avenida dos Vulcões, indo de Quito até Cuenca. Gostei muito dos lugares que fui, e recomendo para todo mundo! ROTEIRO Dia 0: (19/01/20) – Voo noturno SP – Quito Dia 1: (20/01/20) – Quito – Mitad del Mundo e centro histórico Dia 2: (21/01/20) – Quito – Centro histórico Dia 3: (22/01/20) – Quilotoa (desde Quito) Dia 4: (23/01/20) – Cotopaxi – noite em Latacunga Dia 5: (24/01/20) – Baños – Casa del Árbol Dia 6: (25/01/20) – Baños – Bike pela Ruta de las cascadas até o Pailón del Diablo Dia 7: (26/01/20) – Riobamba Dia 8: (27/01/20) – Riobamba: Chimborazo Dia 9: (28/01/20) – Riobamba – Cuenca Dia 10: (29/01/20) – Cuenca – Parque Nacional Cajas Dia 11: (30/01/20) – Cuenca de dia, voo a noite DICAS GERAIS Dinheiro: O Equador usa o dólar como moeda oficial, o que facilita bastante a viagem pois não é necessário realizar mais um câmbio do dólar para a moeda local. Apesar da conversão desfavorável do dólar para o real, o Equador é sim um país muito barato! Para estes 11 dias, eu gastei um total de 420 USD lá no Equador. Passagens aéreas: Eu peguei o voo direto de São Paulo para Quito, que é operado pela Gol. Para esta passagem, paguei R$ 1800,00. O voo sai de São Paulo às 19h e chega em Quito às 23h. Para a volta, ele partiu de Quito 00h30 e chegou em São Paulo 08h20. Para voltar de Cuenca para Quito, optei por voar para não perder um dia de viagem. Este voo foi da Latam, e custou R$ 123,00. Foram incríveis 35 min de voo. Ônibus: Fiz todas as viagens pelo país de ônibus (com exceção do trecho Cuenca – Quito, para voltar). De maneira geral, os ônibus no Equador são muito bons e baratos. Quase que a totalidade das viagens custaram entre US$ 2 e 2,50. A passagem mais cara foi entre Riobamba e Cuenca, US$ 8,00 para 6h de viagem. Não é preciso comprar as passagens de ônibus com antecedência, geralmente ou se compra na rodoviária na hora, ou até se paga dentro do ônibus. Não tive nenhum problema com falta de assentos. Nos ônibus sempre há música tocando, ou algum filme de ação passando, e com vários vendedores de comida em cada parada, o que torna as viagens interessantes. Hospedagens: Em geral, os hostels no Equador custam de 6 a 10 USD, podendo ter ou não café da manhã incluso. Estes foram os lugares que me hospedei: Quito: El Patio Hostel Latacunga: Hotel Rosita Baños: Papachos Hostel Riobamba: Hostel Villa Bonita Cuenca: Selina Hostel Comida: Refeições no Equador também são baratas. Pode-se solicitar nos restaurantes o menu “almuerzo”, que contém uma sopa de entrada, um prato principal e um suco por um valor entre US$ 2,5 – 5, que irá satisfazer bastante a fome após as trilhas e caminhadas pelas cidades. Clima: Na época de janeiro fez frio, calor, tempo seco e chuva, então é preciso estar preparado para tudo hahaha. Mas de maneira geral, com a altitude o clima é mais frio, então um casaco e uma jaqueta corta-vento/chuva são muito bem vindos. Em Baños estava bastante calor, então a bermuda foi bem-vinda por lá. Acredito que as temperaturas tenham variado entre 5 e 26°. RESUMO GERAL DOS ATRATIVOS: QUITO: Centro histórico, Mitad del Mundo, Teleférico e vulcão Pichincha (não fui nesses por causa do mal tempo). LATACUNGA: Quilotoa, uma lagoa na cratara de um vulcão, e o Cotopaxi, o vulcão mais icônico do Equador. BAÑOS: É a cidade dos esportes de aventura do Equador (rafting, bungee jumping, etc). Fui para a Casa del Árbol (balanço do fim do mundo), a Rota das Cascadas até o Pailón del Diablo de bicicleta, e os banhos termais “Termas de la virgen”. RIOBAMBA: A cidade fica ao lado do vulcão Chimborazo, o mais alto do Equador. Não fui, mas também me recomendaram muito a trilha de 2 dias para a Laguna Amarilla, no vulcão El Altar. CUENCA: A cidade mais linda do Equador, com um centro histórico incrível. Também fica ao lado do Parque Nacional Cajas, que merece a visita. DIA A DIA: Dia 0: (19/01/20) – Voo SP – Quito O voo da GOL de São Paulo para Quito leva em torno de 6h. Cheguei lá as 23h, e peguei um taxi para o meu hostel. O valor da corrida era tabelado em US$ 25,00, com certeza o preço mais abusivo de toda a viagem. Por causa do horário, acho que compensou, porém acredito que exista também ônibus para o centro. Me hospedei no bairro La Mariscal, o bairro bohêmio de Quito. Ele é bom para caminhar, com diversas opções de bares e restaurantes a noite. Porém, acredito que teria sido bem mais prático estar em um hostel já no centro histórico de Quito. Falam que lá, porém, é mais perigoso para se caminhar a noite. Dia 1: (20/01/20) – Mitad de Mundo e Centro Histórico Quito tem algumas linhas de ônibus, no estilo BRT, que funcionam muito bem. Paga-se US$ 0,25 pela passagem na estação, e a linha é quase como um “metrô” de ônibus. Todas elas só têm 2 sentidos: Sul ou Norte (Quito é estreita e comprida). Caminhei até a linha que possui como final à norte a estação Ofelia. Chegando lá, é só tomar o ônibus “Mitad del mundo” e descer na frente do museu. Este custou US$ 0,15 (atenção, este não é o ponto final! Peça para o cobrador avisar quando descer). O parque do monumento “Mitad del Mundo” é famoso por ser considerado o local em que a Linha do Equador passa. Ele custa entre 5 e 10 dólares, se me lembro bem. Lá estão diversos museus, experimentos de ciências, e o famoso monumento com a linha do Equador. Também existem diversos restaurantes com bons preços por lá. É um passeio de umas 3h para visitar tudo. De lá, tomei os ônibus de volta, e desci na estação que fica no centro de Quito. O centro histórico é bem bonito, e caminhando pode-se conhecer muita coisa interessante! Ao final da tarde uma tempestade chegou. Fiquei ilhado no mercado municipal, que já estava fechando. Voltei ao hostel e jantei pelo bairro La Mariscal. Monumento Mitad del Mundo e a linha do Equador. Sentado entre o norte e o sul! Vista desde o topo do monumento. Centro histórico de Quito. Plaza de la Independencia (Plaza Grande) no centro histórico de Quito. Dia 2: (21/01/20): Centro Histórico de Quito O meu plano neste dia era subir o teleférico de Quito, e lá de cima fazer a trilha até o cume do vulcão Rucu Pichincha. O dia, porém, amanheceu bastante nublado. Não me dando por vencido, peguei um ônibus até a base do teleférico (~0,20 dólares), e de lá um táxi subindo a montanha até sua entrada (1,00 USD). Chegando na entrada, a neblina estava muito intensa, e não era possível ver nada, o que dirá 1000 m acima, numa altitude de 4000 m, onde o teleférico sobe. A moça dos ingressos me informou que era até perigoso subir o Rucu Pichincha. Eu então desisti de subir o teleférico. Porém, fica a recomendação, caso o dia esteja limpo. Os ingressos custam 8,00 USD. Além da neblina, o resto do dia ficou inteiro chovendo, então foi bom eu ter desistido hahah. Peguei um taxi até o centro da cidade, pois havia um Free Walking Tour que iria começar 10h30, que ainda havia tempo para eu participar. O tour durou por volta de 3h, e achei bastante razoável. Acho que, porém, aproveitaria mais caminhando sozinho. O tour que realizei foi o do Community Hostel. Após o tour, fui até a Basílica de Quito, onde é possível subir até o topo das torres por 2,00 USD. Achei muito legal, as escadas são muito íngremes e a vista é incrível de toda a cidade. A torre fecha as 16h30, então é preciso chegar lá antes disso. Essa basílica é conhecida por ser a “Notre Dame” de Quito. Um dia para visitar o centro de Quito é suficiente. Seria possível ir também até o Panecillo, outro mirante na cidade, mas achei que não seria necessário após subir a catedral. Calle La Ronda, uma das ruas mais famosas do centro de Quito. Ao fundo, a Basílica do Voto Nacional. Quito ou Paris? Rumo às torres da igreja. Vista de todo o centro histórico de Quito, e do mirante do Panecillo. Escadas nada íngremes. Dia 3: (22/01/20) – Quilotoa Minha recomendação é dormir uma noite antes em Latacunga para visitar o Quilotoa. Eu fiz um bate-volta desde Quito, e achei que seria muito melhor ter ido a partir de Latacunga. Porém, não me planejei muito bem e já tinha reservado mais uma noite no hostel em Quito. Bom, saí do hostel as 06:00 e tomei o ônibus até a estação final à Sul, Quitumbre. Este percurso levou cerca de 1h, desde La Mariscal, já é longe então. A estação Quitumbre é a rodoviária de Quito (Terminal Terrestre, em espanhol). De lá, peguei um ônibus até Latacunga, que levou cerca de 1h30. De Latacunga, é preciso pegar mais um ônibus até Quilotoa. Ele irá parar bem próximo à lagoa, e demora pouco mais de 1h para chegar. No ônibus conheci 2 colombianos e 1 espanhola. Nós fizemos o passeio juntos. Chegando em Quilotoa, uma desagradável surpresa: muita neblina e garoa, com direito à fotos expectativa x realidade hahaha. Nada como um bom perrengue. Almoçamos por lá para esperar o tempo melhorar: não melhorou. Nos falaram que a dica para não pegar neblina alguma é ir super cedo, o que não fizemos. Mas, descendo a trilha até o lago, a neblina melhoraria, pois as nuvens não baixam na cratera. E foi o que fizemos! Descer levou cerca de meia hora, e foi possível avistar a linda lagoa! Descemos até a água, tiramos várias fotos, e depois subimos. A subida é íngreme, mas não achei tão terrível quanto li por aí. Certamente vale a pena descer até a água. Levamos cerca de 45 min para subir. Pegamos o ônibus de volta para Latacunga, e depois voltei para Quito. Os outros, espertos, ficaram em Latacunga! Combinei de ir com eles ao Cotopaxi no dia seguinte, e nos encontrar as 08:30! Ou seja, tive que madrugar dia seguinte também... Cheguei no hostel as 22h este dia, após jantar um KFC ao lado do ponto de ônibus. Expectativa... Realidade kkkk Descendo ainda estava com cara de Silent Hill. Eis que deu para ver a lagoa! Companheiros de perrengue. É possível andar de caiaque nas águas do Quilotoa. Exercício para subir. Na subida teve até um arco-íris! Dia 4: (23/01/20) – Cotopaxi Saí do hostel às 4h45 da manhã com novamente com destino a Latacunga. Desta vez, já levei minha mochila. Como era muito cedo, os ônibus ainda não estavam passando, então tomei um Uber até Quitumbre por 5,00 dólares (durante o dia seria 10,00). Consegui chegar às 07:30 em Latacunga, e andei até o Hotel Rosita, onde os colombianos estavam. O café da manhã lá custou 2,00 é era muuito bem servido, recomendo. Ao final, acabei me hospedando lá no fim do dia. Saiu mais caro que um hostel, 12 USD, porém pude ter uma boa noite de sono em um quarto privativo após tanto madrugar. Após o café da manhã, nos destinamos ao parque do Cotopaxi. Nós fechamos um jipe desde Latacunga por 30,00 USD cada. O motorista era o próprio dono do hotel. Acredito que se tivéssemos ido até a portaria do parque de ônibus e de lá tomado um jipe, teria sido bem mais barato (e é totalmente possível), mas também estava ok o preço, considerando a comodidade. Em revanche ao dia anterior, desta vez o tempo estava perfeito, e o Cotopaxi estava sem nuvem alguma! Após algumas paradas para fotografias, chegamos de carro até o estacionamento, e então subimos andando até o Refúgio (4864 m). De lá, continuamos subindo até o glaciar do vulcão (5100 m). Nesta altitude já era bem mais difícil caminhar. Na altura do primeiro refúgio já havia neve, porém ela só é completa aos 5100 m, onde é necessário estar com grampos nos pés para subir. Eu até considerei realizar o passeio de 2 dias para subir até o cume do Cotopaxi, mas como estava com poucos dias para me aclimatar na altitude, e o passeio é um tanto caro, decidi deixar para uma próxima viagem. Após descermos até o carro, fomos até um lago com diversos pássaros, e até o museu do parque. Por fim, nosso guia nos levou para almoçar em um restaurante na estrada em que o almuerzo era 5,00 USD. A vista do restaurante para o Cotopaxi era incrível! Valeu muito a pena. Descansamos o resto do dia, e a noite jantamos por Latacunga. Cotopaxi com o clima perfeito! Gigantesco! Vulcão com lhama? Por isso que o Equador não desaponta! A partir do estacionamento, começa a caminhada. Chegando no Refúgio José Rivas, 4864 m de altitude. Rumo ao glaciar, até os 5100 m de altitude! O glaciar! A partir daqui, só com equipamentos especiais para caminhar. Almoçar com essa vista é chato. Simpática lhama equatoriana. Dia 5: (24/01/20) – Baños – Casa del Árbol Pela manhã tomei novamente o café da manhã reforçado do Hotel Rosita, e então tomei o ônibus para a cidade de Baños. Desde Latacunga não há ônibus direto, então foi preciso trocar de ônibus na cidade de Ambato, uma baldeação super tranquila. A viagem foi super rápida (o Equador é muito pequeno hahah). Do ônibus já foi possível observar as montanhas arborizadas que cercam Baños, rios de corredeiras rápidas, e o vulcão Tungurahua, todas as paisagens de Baños. Assim que cheguei, fui andando até o hostel Papachos, que fica bem localizado ao final da cidade. Deixei minha mochila e troquei de roupa: em Baños estava bem quente! A cidade é bem pequena e movimentada com turistas, por todos os lados há agências de turismo e aluguéis de bicicletas. Dei uma volta a pé e comi um clássico almuerzo. As 16h peguei o último ônibus até a Casa del Árbol, o ponto turístico mais conhecido de Baños. O ponto de ônibus era bem próximo ao meu hostel, e os horários dos ônibus são bem definidos, vale a pena prestar atenção, pois o último era as 16h. Cada trecho da viagem custou 1 USD. Chegar até lá levou mais ou menos 40 min, e na viagem o ônibus vai subindo o tempo todo a montanha, muito alto! Eu sei que é possível subir e descer até lá andando, porém preferi o ônibus mesmo. Chegando ao topo, é preciso pagar uma entrada para a área da Casa del Árbol (1 USD). A casa na árvore é famosa pelos seus 2 balanços, o balanço do fim do mundo! Achei muito divertido, porque lá tem um pessoal que fica empurrando os balanços muito forte, é bastante intenso kkk. Recomendo ir para a fila dos balanços assim que chegar, porque depois a fila só cresceu e era impossível ir de novo. Mas também é muito engraçado ver os caras empurrando as outras pessoas. Lá é possível subir na casa da arvore também, apreciar o precipício de 2700 m de altitude, e, se der sorte com as nuvens, ver o vulcão Tungurahua ao fundo. Tive alguns momentos de sorte! Também tem uma lanchonete e uma tirolesa lá em cima, no geral é um bom lugar para passar o tempo. O ônibus desceu às 18h, e foi tempo suficiente para ficar lá em cima e aproveitar todo o passeio. Recomendo levar um casaco lá para cima, porque no fim do dia o tempo muda bastante, e faz frio. A famosa casa na árvore. Um pouco de diversão no passeio! Eles levam a sério a questão de empurrar o balanço hahaha! O vulcão Tungurahua deu as caras! Dia 6: (25/01/20) – Baños – Ruta de las cascadas Este foi o dia de realizar o segundo passeio mais famoso de Baños: alugar uma bicicleta pedalar os 20 kms da Ruta de las Cascadas (rota das cachoeiras) até a cachoeira mais famosa do Equador: o Pailón del Diablo. Peguei uma recomendação de agência de aluguel de bicicletas no hostel, mas chegando lá, todas as bicicletas estavam todas esgotadas (boatos que aquelas são as melhores bicicletas, se não me engano a agência se chama Wonderful). As bicicletas em todos os lugares que vi custam 5,00 USD o aluguel. Me levaram para outra agência, e lá conheci uma chinesa, com quem fiz todo o passeio. Junto com a bicicleta, as agências também dão capacete, material para trocar a câmara de pneu, corrente para amarrar a bicicleta e uma mochilinha com tudo isso. Recomendo testar fortemente a bicicleta antes para ver se as marchas e freios estão todos ok. Eu testei bastante a minha, mas tive um grande perrengue. Após a primeira grande decida (uns 3 kms), a corrente da minha bike arrebentou. Tive que voltar até a agência para trocar a bicicleta. Por sorte consegui carona em uma caminhonete para subir até a cidade, se não o perrengue teria sido muito maior! O caminho é basicamente só decida, então é muito fácil. Ele segue pela pista da rodovia, mas não há nenhum problema nisso, é bastante tranquilo. Em vários momentos, quando há algum túnel, há um desvio para bicicletas pela direita, contornando a montanha por fora do túnel, o que faz o passeio ser bastante seguro. Pela rota é possível ir apreciando várias cachoeiras e o rio lá abaixo. Há várias opções de tirolesas no caminho, mas não fomos em nenhuma. Ao final do passeio, chegamos ao Pailón del Diablo. Ele possui duas entradas. A primeira entrada leva ao topo da cachoeira, e a segunda é uma trilha que desce até sua base. Escolhemos ir na segunda. Amarramos as bicicletas na entrada e descemos a trilha pela floresta. É uma descida razoável, deve ter 1 km. Lá embaixo é preciso pagar a entrada para a cachoeira (2 USD). Dica: vá com roupa que possa molhar! A água da cachoeira é tão forte que encharca qualquer um! É muito divertido. É possível seguir o caminho e se rastejar por uma caverna para chegar atrás da queda d’água, é uma aventura! Também há uma famosa escada de pedra lá, que não faço ideia de como que foi construída. De baixo é possível ver toda a queda d’água. Saindo do parque, é possível desviar para uma ponte suspensa, e ter uma visão de longe do lugar. Após subir a trilha, almoçamos em um dos diversos restaurantes que tem na estrada, na entrada do parque. Os preços são sempre os mesmos, e a comida era bem boa. Ouvi falar que se continuar pedalando pela estrada principal, após o Pailón, há mais uma cascata em que é possível nadar. Porém, como já estávamos muito molhados, decidimos voltar. Para voltar ao centro de Baños, não é preciso ir pedalando. Diversos caminhões levam todo mundo e as bicicletas por apenas 2 USD, e vale super a pena (a volta seria uma grande subida). Uma das várias cachoeiras do caminho. Um dos desvios para as bicicletas, pela direita do túnel. A trilha para o Pailón del Diablo é pela floresta. Esse chuveiro tem pouca água. As escadas do Pailón del Diablo. Para chegar atrás da queda d'água é preciso se aventurar. Será que molha para chegar atrás da cachoeira? De banho tomado. Pailón del Diablo e a ponte suspensa. A volta de quem não encara pedalar na subida. De volta à cidade, aproveitei para descansar o resto da tarde. A noite decidi ir a uma das grandes atrações da cidade, os banhos termais! A final, o nome da cidade não é Baños por acaso (o nome correto é Baños de Água Santa, melhor ainda!). A terma da cidade (Termas de la Virgen) fecha pela tarde, e reabre as 18h. Ela fica localizada próxima à entrada da cidade, ao lado de uma cachoeira que é visível de toda a cidade. Essa cachoeira se chama Cabellera de la Virgen. A entrada para as termas custou 4,00 USD. É preciso ter uma touca de banho, e os hostels geralmente têm para emprestar, mas se você não levar, é possível comprar lá nas termas também. Lá há cabines para se trocar, e há um guarda volumes, então não há preocupações em onde você vai deixar sua mochila. São dois andares de piscinas termais. No superior, que é onde está o guarda-volumes, há uma piscina quente (38°C) e uma de água fria. A de água quente fica muito lotada, mas é bem divertido, porque é ocupada por vários equatorianos locais e suas famílias. No andar de baixo há toda uma atração especial. Lá está a piscina de água mais quente (44°C)! Parece que você está dentro do vulcão, porque cada movimento dói hahah o ideal é ficar parado na água, que assim fica suportável. Para revezar, há uma piscininha ao lado com a água super gelada, direto da cachoeira (~17°C). É muito divertido trocar entre piscinas, o choque térmico é incrível! Apesar de lotado, achei muito legal a experiência das termas, é um passeio bastante tradicional de Baños, e pessoas de todo o Equador vão para lá desfrutar das águas aquecidas pelo Tungurahua. As famosas termas de Baños, ao lado da cachoeira. Apesar da muvuca, é bem relaxante kkkk essa é a piscina de 38°. A piscina de água quase fervendo, e a banheirinha de águas congelantes para o choque térmico. Dia 7: (26/01/20) – Riobamba Após uma manhã preguiçosa, tomei um ônibus de Baños rumo à Riobamba. A viagem novamente foi bem rápida. A cidade de Riobamba é famosa por estar aos pés do vulcão Chimborazo, o mais alto do Equador (6267 m). Fiquei no hostel Villabonita e recomendo fortemente esse hostel, ele tem as MELHORES camas de todo o Equador, uma delícia. Além disso, todos os viajantes que conheci depois ficaram nesse hostel e falaram a mesma coisa hahah então o negócio é sério. O hostel fica em um casarão antigo, bem tradicional. Ele tem poucos quartos, e tem café da manhã incluso. Como era domingo, quase tudo na cidade estava fechado, mas depois de um pouco de caminhada consegui achar um lugar para almoçar. Achei a arquitetura da cidade bem bonita, ela é mais antiga e bem preservada. Conheci no hostel uma tailandesa que também queria ir ao Chimborazo no dia seguinte, e combinamos de irmos juntos. Pela noite reencontrei por acaso uma romena que havia conhecido em Quito e que estava ficando no mesmo hostel, e também conheci no hostel um brasileiro, um americano e um polonês. Eles haviam ido até o Chimborazo esse dia, e disseram que o tempo estava perfeito, e que no dia seguinte estaria ainda melhor. Fiquei muito animado com o meu passeio do dia seguinte! Fomos andar pela cidade juntos. O céu abriu e foi possível ver o Chimborazo na distância, enorme! Jantamos pizzas e foi uma noite bem divertida. Arquitetura bem preservada. Ao fundo o Chimborazo e seus 6267 metros. Dia 8: (27/01/20) – Riobamba - Chimborazo Após um reforçado café da manhã no hostel, eu e a tailandesa tomamos um taxi até a rodoviária. De lá nós tomamos um ônibus com destino à Guaranda, e pedimos ao motorista para nos avisar onde era a portaria do parque do Chimborazo. Esse é o jeito mais fácil e barato de chegar ao parque. No ônibus nós conhecemos um casal alemão, o que foi muito legal. Na portaria do parque estão vários jipes que podem levar até o primeiro refúgio (Hermanos Carrel – 4800 m de altitude). É possível subir a pé, mas recomendo pegar um jipe, pois a trilha é bastante longa. Não lembro exatamente o custo, mas creio que tenha sido 10 USD para cada, pois dividimos em 4 pessoas. Deste refúgio seguimos caminhando por uma hora até o próximo refúgio, Whymper (5000 m de altitude). Nesse ponto já havia esfriado, e havia muita neve na trilha. Continuamos subindo 10 min até a última parada, a lagoa Condor Cocha, a 5100 m. A lagoa é feia e marrom, mas a vista do cume do Chimborazo é impressionante, e o tempo estava perfeito. Resolvemos subir mais um pouco, e a vista de cima é ainda melhor! O Chimborazo é realmente impressionante. Descemos até o jipe e voltamos para a portaria. Lá esperamos o próximo ônibus passar na estrada (o pessoal do parque sabe exatamente os horários, então vale a pena perguntar para eles quando o próximo passará). Chegamos em Riobamba esfomeados, deveria ser por volta de 16h. Da estrada era possível ver tanto o Chimborazo quanto o El Altar, um outro vulcão da região que me recomendaram muito ir. Almoçamos ao lado da rodoviária em um restaurante muito bom e barato! De noite, jantei pizza novamente com o pessoal do hostel. Novamente uma noite divertida. Até o primeiro refúgio é possível chegar de jipe. Refúgio Hermanos Carrel. A partir daqui, só caminhando. O próximo refúgio lá em cima. Refúgio Whymper. A subida final até a laguna Condor Cocha. A laguna Condor Cocha e sua água barrenta hahaha. A montanha é que vale a visita. Tem gente que desce do refúgio Hermanos Carrel até a portaria de Bike. A paisagem do parque é bem desértica. O Chimborazo visto da portaria do parque. Dia 9: (28/01/20) – Cuenca Pela manhã peguei um ônibus para Cuenca. Essa foi a viagem mais longa de ônibus que tive (6 horas). Fui junto com um alemão que estava no mesmo hostel que eu, fomos conversando então a viagem passou mais rápido. Chegando em Cuenca, combinamos de ir no dia seguinte até o Parque Nacional Cajas. Fui até meu hostel (Selina Cuenca). Ele era gigante, e com uma decoração toda diferentona, parecia um hotel. Achei muito bom. Cuenca é uma cidade linda, a mais bonita de todas as que fui. Ela é toda arrumada, lembra um pouco a organização de cidades europeias, com um espírito latino americano. Vale a pena ter um dia só para ficar passeando. Pela noite reencontrei a espanhola do Cotopaxi, e junto com dois franceses nós fomos jantar Cuy, o tradicional porquinho da índia andino. A experiência foi peculiar kkkk ele não é muito bom, mas também não é ruim. Construções de Cuenca. Dia 10: (29/01/20) – Cuenca – Parque Nacional Cajas De manhã fui com o alemão, a espanhola e os franceses para o Parque Nacional Cajas, um parque a 4000 m de altitude, com montanhas e lagos, uma paisagem linda! Nós pegamos um táxi até a rodoviária, e de lá um ônibus com direção a Guayaquil. É só pedir para o motorista avisar quando descer, que o ônibus para na portaria do parque. Na recepção, nos registramos (é gratuito), e pegamos algumas informações. Eu e o alemão decidimos fazer a trilha n° 2 e depois a 1, enquanto os outros apenas a trilha n°1. A trilha 2 sobe uma montanha até 4267 m, e é possível ver todo o parque do alto. Já a trilha 1 contorna os lagos pela parte baixa, e é mais tranquila. Achei a trilha 2 um pouquinho puxada para subir, mas recomendo demais essa opção, porque a vista do topo é incrível. Quando chegamos na conexão com a trilha 1, começamos a caminhá-la, porém começou a chover muito, e tivemos que desistir e voltar para o centro de visitantes, que era mais perto do que acabar a trilha. Chegamos encharcados, mas felizes que o passeio tinha sido incrível. Pegamos o ônibus na estrada de volta para Cuenca, e durante a viagem fomos parados pelo exército. Todo mundo do ônibus foi revistado, eles estavam em busca de armas e drogas... uma situação um tanto inusitada e não muito agradável. É preciso dirigir com cuidado para não atropelar as lhamas. Rumo à trilha n° 2 no Cajas! No encontro da trilha 1 com a 2, é preciso atravessar esta floresta muito doida. A trilha n° 2 sobe esta montanha ao fundo. A revista nada agradável do exército. Dia 11: (30/01/20) – Cuenca – Quito – São Paulo Meu último dia no Equador... Encontrei a espanhola pela manhã e aproveitamos para andar um pouco, e subir a torre da catedral principal de Cuenca. A entrada custou 2 USD. De lá é possível ter uma vista de toda a cidade. Achei bacana, mas não totalmente essencial o passeio. Fui também no museu dos chapéus do Panamá. Cuenca é conhecida por ser a cidade desses chapéus, que são equatorianos, e não panamenhos, ao contrário do nome... O museu é basicamente uma loja de chapéus diversos, interessante pelo contexto da cidade. Aproveitei para caminhar pelo resto da cidade, e fui até o mercadão tomar pela última vez um suco de tomate de árbol, o meu favorito da viagem (no Equador dá pra encontrar por todo lugar esse suco. O de amora também é muito comum). Vi que dentro da cidade de Cuenca é possível visitar um sítio arqueológico inca, as ruínas de Pumapungo. Elas ficam dentro de um museu arqueológico, que achei bem simples. As ruínas também não são grande coisa, mas se estiver com tempo sobrando, o passeio é ok. De tarde tomei um uber até o aeroporto, onde peguei um voo de volta à Quito (35 min de voo!). Fiquei no aeroporto mesmo até meu voo noturno para São Paulo. E esse foi o fim da viagem! Os chapéus do Panamá são equatorianos! Vista desde o topo da catedral. O museu dos sombreros, eles levam a sério os tipos de chapéu! A cidade é cortada por um rio muito agradável. As ruínas de Pumapungo. Até nas ruínas incas temos lhamas.
- 7 respostas
-
- 13
-
-
Olá amigos da comunidade Mochileiros.com. Aqui é o Thiago e a Priscila. Nós moramos na cidade de Blumenau-SC. Em dezembro de 2018 fizemos nossa viagem de carro até San Pedro de Atacama no Chile. A comunidade mochileiros.com nos ajudou bastante, pois no site conseguimos várias dicas e conhecemos outras pessoas que também nos ajudaram com informações. Por esse motivo queremos compartilhar nossa experiência. E quem sabe poder ajudar ou até mesmo encorajar outras pessoas a saírem do sofá e encarar essa aventura. Para realizar esta viagem primeiro nós fizemos algumas pesquisas, como por exemplo: documentos necessários, seguros obrigatórios, melhor roteiro, condição das estradas, hotéis, pontos turísticos, custo com passeios, custo com alimentação, custo com gasolina, custo com pedágios, melhor câmbio, o que levar na bagagem, etc. Juntamos todas essas informações numa planilha e então começamos a trabalhar nela. Então no mês de Setembro/2018 começamos a fazer as contas e preparar tudo o que precisava para viajar. Nessa primeira parte vamos tentar abordar o máximo de informações com relação ao roteiro, situação das estradas, GPS, câmbio, aduanas, seguros, itens obrigatórios, pedágios e combustível. Na segunda parte vamos falar um pouco sobre San Pedro de Atacama e sobre os nossos passeios. Então vamos ao que interessa: Nessa viagem foram 04 pessoas: Eu (Thiago), minha esposa Priscila, meu Pai e a namorada do pai. Saída de Blumenau: 22/12/2018. Chegada em San Pedro de Atacama: 25/12/2018. Saída de San Pedro de Atacama: 31/12/2018. Chegada em Blumenau: 03/01/2019. Carro utilizado: Peugeot 207, ano 2012. Motor 1.4, c/ 04 portas. Roteiro/Condição das estradas/Pedágios: Dia 01 - Blumenau - SC x São Borja - RS. Total: 860 Km. Esse caminho é o mais curto, porém tem muitos trechos com pista ruim (buracos, desníveis, etc.), além disso tem muitos radares e lombadas eletrônicas. O motorista tem que ficar atento. Pedágios: Nenhum. Dia 02 - São Borja-RS x Presidência Roque Sáenz Peña - Argentina. Total: 620 Km. As estradas são boas, pelo menos são melhores que do que as do Brasil. Pedágio 01: logo que passa a Aduana, já tem um guichê de pedágio. Valor pago em moeda brasileira: R$ 50 para veículos de passeio. (na volta ao Brasil, o valor é R$ 65) Pedágio 02: RN-12 aprox. no Km 1262. Valor: 50 Pesos Argentinos. Pedágio 03: RN-16 aprox. no Km 05. Valor: 40 Pesos Argentinos. Pedágio 04: RN-16 aprox. no Km 60. Valor: 65 Pesos Argentinos. Dia 03 - Presidência Roque Sáenz Peña (Argentina) x Salta (Argentina). Total: 630 Km. As estradas também são muito boas. Observação: na RN-16, entre os KM 410 e 481 a estrada é "horrível". Tem muitos buracos. Buracos gigantes. Você vai perder tempo desviando deles. Pedágios: RN-09 chegando na cidade de Salta. Valor: 25 Pesos Argentinos. Dia 04 - Salta (Argentina) x San Pedro de Atacama (Chile). Total: 580 Km. As estradas também são muito boas. Observação: Nós usamos o caminho Paso de Jama, que é melhor, pois é todo asfaltado até San Pedro de Atacama. Pedágios: Nenhum. *Na volta pra casa fizemos o mesmo trajeto. Hospedagem: Dia 01 - Dormimos na casa de parentes. Não tivemos gastos com hospedagem nesse dia. Dia 02 - Ficamos hospedados no hotel de campo El Rebenque, que fica na cidade de Presidência Roque Sáenz Peña (Argentina). Dia 03 - Ficamos hospedados no hotel Pachá, que fica na cidade de Salta (Argentina). Dia 04 - Ficamos hospedados no hostal Casa Lascar, que fica em San Pedro de Atacama (Chile). Aqui dormimos dia 25, 26, 27, 28, 29 e 30 de dezembro/2018. *Na volta pra casa ficamos nos mesmos hotéis. Câmbio: Peso Argentino: nós trocamos todo o dinheiro brasileiro por Peso Argentino na aduana, que fica logo depois da Ponte internacional, saindo de São Borja-RS. Valeu muito a pena trocar o dinheiro na aduana, pois pagamos 0,10 por cada Peso Argentino. Já em Blumenau a melhor taxa que encontramos foi 0,15. Comparação de preços Blumenau x Aduana Argentina: R$ 1 Mil reais trocados em Blumenau valem: 6.666 Pesos Argentinos (sendo: 1000 / 0,15) R$ 1 Mil reais trocados na Aduana valem: 10.000 Pesos Argentinos (sendo: 1000 / 0,10) Peso Chileno: nós trocamos R$ 1 Mil (reais) em Pesos Chilenos aqui em Blumenau, para ter um pouco de dinheiro na chegada à San Pedro de Atacama. O restante do dinheiro brasileiro nós trocamos em San Pedro de Atacama. Trocar o dinheiro em San Pedro valeu muito a pena, pois recebemos 170 Pesos Chilenos por cada R$ 1,00 (Real). Já em Blumenau a melhor taxa que encontramos foi de 154 pesos Chilenos por cada R$ 1,00 (Real). Comparação de preços Blumenau x San Pedro de Atacama: R$ 1 Mil reais trocados em Blumenau valem: 154.000 Pesos Chilenos (sendo: 1000 x 154) R$ 1 Mil reais trocados em San Pedro de Atacama valem: 170.000 Pesos Chilenos (sendo: 1000 x 170) *Compare antes de trocar seu dinheiro. Combustível / Postos de abastecimento: Na Argentina tem dois tipos de gasolina: a Super (comum) e a Infinia (aditivada). Infinia: variava de 45 a 48 pesos. Super: variava de 41 a 44 pesos. *Abastecemos com gasolina Infinia nos Postos YPF. *No Chile não abastecemos, por isso não informamos os tipos e preços que existem. Na Argentina tem muitos postos de abastecimento durante o trajeto. O último posto fica bem próximo da Aduana, no Paso Jama (divisa entre Argentina e Chile). Depois da Aduana não tem mais posto durante o caminho. Vai ter um posto somente em San Pedro Atacama (distância entre Aduana e San Pedro Atacama: 160 KM aprox.) GPS: Nós utilizamos dois aplicativos de geolocalização: o Google Maps e o Maps.me. Levamos dois Smartphones, em um deles usamos o Maps.me e no outro com Google Maps. Antes de sair nós fazíamos os trajetos pela rede WiFi e depois saíamos para a estrada. Os dois aplicativos funcionaram muito bem no modo off-line. Dica: o aplicativo Maps.me funciona totalmente no modo off-line. Para isso é necessário baixar os mapas off-line da região que você vai passar. Exemplo: nós baixamos todos os mapas da Argentina, do Chile e também dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Seguros obrigatórios para seu carro: Na Argentina: seguro Carta Verde. Você pode fazer em qualquer corretora de seguros. Ele cobre danos a terceiros em caso de acidentes. Nós fizemos o seguro com a Porto Seguro, com a cobertura de até 15 dias. Custo: R$ 125. Débito em conta corrente. No Chile: seguro SOAPEX. Você pode fazer este seguro com a HDI do chile. Só digitar no Google "HDI Chile". Ele cobre danos a terceiros em caso de acidentes. Nós fizemos o seguro direto no site da HDI Chile, com a cobertura de até 10 dias. Custo: R$ 40. Pagamento somente no cartão de crédito. *Veja se o seu cartão está liberado para realizar esta compra. Observação: em nenhum momento a polícia ou aduana nos cobrou esses documentos. Seguros para você: Nós optamos por não fazer nenhum seguro de vida ou de acidente. Mas as empresas de seguro oferecem inúmeras modalidades. Avalie a que melhor se enquadra com seu bolso. Itens obrigatórios para o carro: Na Argentina: Vários blogs e pessoas nos disseram que teríamos que levar um monte de coisas no carro. Então nós entramos em contato com o departamento de trânsito da Argentina e também com o consulado Argentino no Brasil que fica em Florianópolis. Segundo eles, os itens obrigatórios são: - 01 Extintor de incêndio (exceto em motos); - 02 triângulos de segurança; - Além dos demais exigidos no Brasil (pneu estepe, chave de rodas e macaco). E tem também os itens recomendados: (notem que são recomendados, não obrigatórios) - Kit de primeiros socorros; Portanto, não é obrigatório levar o tal do "cambão", que muitos blogs informam ser obrigatórios. No Chile: Considerar todos os itens obrigatórios citados acima. E no Chile todos os motoristas são obrigados a ter no carro um "colete refletivo". Caso o motorista precise sair do carro para alguma manutenção ou emergência ele precisa estar vestindo o colete. Isso é LEI NACIONAL. Na dúvida leve um colete também. Observação: Na Argentina fomos parados diversas vezes pela polícia. Em quase todas as cidades que passamos ao longo do caminho a polícia nos parava para solicitar algum documento. Algumas vezes eles pediam os documentos de identidade e do carro. Em outras eles faziam o teste de bafômetro. Mas em nenhum momento a polícia precisou revistar o nosso carro. No Chile não fomos abordados. Aduana Brasil x Argentina: Muito tranquilo. O atendente solicita os documentos do carro e identidades. Preenche um formulário no computador. Por último entrega um recibo (parecido com um cupom fiscal de mercado). Este recibo precisa ser bem guardado, pois ele será útil na Aduana Argentina x Chile. Não tem custo. Aduana Argentina x Chile: chato/demorado (pode ter fila e os atendentes são malas) A Aduana que nós passamos foi no Paso Jama. Tem 06 guichês. É necessário preencher um formulário em espanhol. Nesse formulário tem uma parte que fala se você está levando algum alimento que é "proibido". Após passar em todos os guichês eles entregam um recibo (parecido com um cupom fiscal de mercado). Este recibo precisa ser bem guardado, pois ele será útil na Aduana Chile x Argentina. Comidas não podem passar. Exemplo: frutas, verduras, carnes, lanches, etc. Tudo que é animal ou vegetal fica na Aduana. Alimentos processados passam. Alegação deles é que pode haver alimentos contaminados ou pragas. Se no formulário estiver a opção NÃO, mas na hora de revistarem o carro eles encontrarem alguma coisa, você leva uma multa. Após sair dos guichês vem um fiscal da vigilância sanitária e inspeciona o carro. Só depois de inspecionar o carro você está livre para seguir viagem. Não tem custo. *Na volta pra casa é necessário fazer tudo de novo, porém a vigilância sanitária não revistou o carro dessa vez. Espero que tenham gostado dessa primeira parte. Se tiverem algum comentário ou dúvidas por favor nos retorne. Um abraço.
- 9 respostas
-
- 9
-
-
- san pedro atacama
- san pedro de atacama
-
(e 59 mais)
Tags:
- san pedro atacama
- san pedro de atacama
- atacama
- chile
- santiago
- vulcão
- lascar
- licancabur
- aventura
- 4x4
- peugeot 207
- 207
- peugeot
- mochila
- mochileiros
- pé
- na estrada
- destino
- dezembro
- janeiro
- salta
- argentina
- rebenque
- asfalto
- gasolina
- câmbio
- peso argentino
- peso chileno
- gps
- google maps
- maps
- maps.me
- geolocalização
- pachá
- ypf
- shell
- aduana
- cambão
- soapex
- carta verde
- verde
- carta
- seguro
- obrigatório
- primeiros
- socorros
- consulado
- trânsito
- departamento
- carro
- pneu
- destinos
- sol
- neve
- deserto
- areia
- hotel
- hostal
- hospedagem
- hostel
- quarto
-
Olá amigos da comunidade Mochileiros.com. Aqui é o Thiago e a Priscila. Nós moramos na cidade de Blumenau-SC. Em dezembro de 2018 fizemos nossa viagem de carro até San Pedro de Atacama no Chile. A comunidade mochileiros.com nos ajudou bastante, pois no site conseguimos várias dicas e conhecemos outras pessoas que também nos ajudaram com informações. Por esse motivo queremos compartilhar nossa experiência. E quem sabe poder ajudar ou até mesmo encorajar outras pessoas a saírem do sofá e encarar essa aventura. Já contamos a primeira parte do nosso passeio, onde você encontra informações como: documentos necessários, seguros obrigatórios, melhor roteiro, condição das estradas, hotéis, pontos turísticos, custo com passeios, custo com alimentação, custo com gasolina, custo com pedágios, melhor câmbio, o que levar na bagagem, etc. Se você não leu a primeira parte, então clique aqui. Nesta segunda e última parte vamos falar sobre: formas de chegar em San Pedro Atacama, aclimatação, hospedagem, casas de câmbio, agências de turismo, passeios, alimentação e compras. Então vamos ao que interessa [= → Formas de chegar até San Pedro de Atacama: • De avião: sim é possível! Mas quem vai de avião desembarca na cidade chamada Calama, que fica a aproximadamente 100 km de San Pedro. De lá é possível pegar um ônibus direto para San Pedro ou alugar um carro. Em San Pedro existe uma pequena rodoviária, bem no centro e que funciona praticamente o dia todo. • De carro: ir de carro é uma aventura incrível. • De moto: também uma forma muito bacana de pegar a estrada. Porém é mais limitado do que o carro, pois você não tem tanto espaço disponível, vai precisar fazer mais paradas para abastecer, etc., mas nada que tire o prazer do passeio. A maneira de ir vai depender da sua vontade e do quanto você está disposto a gastar. Por que vontade? Porque ir de carro por exemplo, cruzando o Brasil, a Argentina e Chile não é para qualquer um. É uma viagem longa, cansativa, demorada, que vai te exigir planejamento, paciência e atenção a todo momento. Ou seja, tem que ter muita VONTADE mesmo! E quanto você está disposto a gastar? Pegar um avião, desembarcar e chegar é muito rápido e fácil. Porém tem o seu preço. Quando nós resolvemos fazer a nossa viagem, fizemos uma comparação entre ir de carro e ir de avião. Sem dúvida ir de carro era mais barato. E sem contar que ir de carro você aproveita o passeio, pode parar quando quiser, pode tirar fotos pelo caminho, conhece outras cidades pelo caminho. Então tudo isso pesou na hora da decisão. Por isso eu digo: VÁ DE CARRO, VALE MUITO A PENA. *Mas lembre-se de revisar o seu carro antes. Preparar tudo que precisa com antecedência. Segue abaixo um resumo para quem vai de avião: Você embarca no Brasil e desembarca na cidade de Santiago (Chile). De Santiago você pega outro avião até a cidade de Calama. De Calama você pode pegar um ônibus (turismo) que te leva até a rodoviária de San Pedro de Atacama ou pode alugar um carro e dirigir até lá. Todos os ônibus que chegam em San Pedro de Atacama desembarcam no Terminal de Buses, que é uma pequena rodoviária, que fica bem próxima da Rua Caracoles, que é a principal rua de lá (aprox. 5 min caminhando). Distâncias: Santiago x Calama: 1530 Km Tempo de voo: 2h Calama x San Pedro de Atacama: 100 Km Tempo na estrada: 1:30h → Aclimatação: Você vai perceber que o ar em San Pedro é diferente. É normal você ter certa dificuldade para respirar, devido à altitude. Pelo caminho você já começa a notar a diferença. Quanto mais alto, mais difícil a respiração. Esteja preparado, pois seu nariz e sua boca irão ficar bastante secos. Nós sentimos dificuldade ao dormir, pois de madrugada o nariz trancava e a boca ficava seca demais. Algumas vezes nós levantávamos para tomar água e umedecer o nariz. Conversamos com alguns brasileiros, que relataram terem sentido dor de cabeça e enjoo. Mas é uma condição suportável. Entenda que é um clima totalmente diferente do nosso. Durante o dia era quente e seco. A noite a temperatura era agradável. Para não dizer que nesse lugar não chove, o guia nos contou que chove uma semana por ano. Curiosidades: San Pedro de Atacama está a 2.300 metros acima do nível do mar. E tem alguns passeios que nos levam a 5 mil metros. Dica: Beba muito líquido, evite álcool e prefira comidas leves. → Hospedagem Em San Pedro existem muitos Hostels. Nós escolhemos um hostel chamado Casa Lascar, que ficava ao lado da rodoviária de San Pedro. Muito próximo ao centro. Esse hostel nos atendeu muito bem, pois tinha dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro só para nós. A reserva foi feita na plataforma booking.com. O preço não era absurdo e valeu muito a pena. Dica: Quando você for procurar a sua hospedagem, você pode escolher por exemplo: quarto compartilhado ou não, banheiro compartilhado ou não, que tenha garagem, local para lavar a roupa, cozinha, etc. Tudo depende da sua necessidade e do quanto você quer gastar. Sites para reservar hotéis é só digitar no Google. → Casas de câmbio Em San Pedro existem algumas casas de câmbio, onde você pode fazer a troca do seu dinheiro de forma muito simples e fácil. A maioria delas fica aberta até tarde da noite, então é bem tranquilo. Nós trocamos todo o nosso dinheiro em San Pedro e valeu muito a pena, pois se tivesse trocado no Brasil teríamos perdido muita grana. Nós trocamos o nosso dinheiro na casa de câmbio RENT A BIKE EMILY, pois foi a casa de câmbio que nos ofereceu a melhor cotação. E esta casa de câmbio também aparece em outros blogs de viagem, por isso nós optamos. Dica: Pesquise em pelo menos três casas de câmbio, antes de trocar o seu dinheiro. Nós falamos com duas casas de câmbio antes, para saber a cotação. E por último fomos até a RENT A BIKE EMILY. Chegando lá nós falamos sobre o preço dos concorrentes, então ali conseguimos a melhor cotação. → Agências de turismo Em San Pedro existem muitas agências de turismo, oferecendo pacotes dos mais diversos. Existem alguns passeios que não são todas as agências que fazem, por exemplo subir na boca do vulcão. Neste caso só uma e outra fazem o passeio, pois é mais arriscado, demora mais, requer alguns equipamentos específicos, etc. Nós reservamos os passeios antes da viagem. Fechamos os passeios com a agência Volcano Aventura, que fez um preço muito interessante. Na ocasião pagamos uma parte adiantado e o restante quando chegamos. Foi bem tranquilo, nos atenderam super bem, não tivemos qualquer problema. E a negociação toda foi pelo whats. Dica: Pesquise bastante, pois só assim você consegue um preço bacana. Consulte as páginas de cada agência, no Facebook, Instagram, etc. Veja os comentários, a data da última atualização, etc. Assim você tira uma ideia se a agência é boa ou não. Mais passeios ou mais pessoas, geram bons descontos. Seja esperto e negocie. → Passeios A maioria dos passeios começa muito cedo, por isso você precisa se programar com horários. As agências te pegam na “porta de casa”, ou melhor, na porta do seu hostel. Junto ao motorista sempre tem um guia que fala espanhol ou inglês. Ao chegar no destino, eles também servem uma mesa de café, com doces, frutas, água, suco, etc. É muito divertido, vale muito a pena. Geralmente as agências realizam um passeio por dia, para não cansar seus clientes. Há também passeios noturnos, basta você pesquisar na internet, para saber mais. Outra forma de passear em San Pedro é alugando uma bike. São várias lojas que tem bike para alugar por dia, por hora, etc. Dica: É possível realizar a maioria dos passeios com seu próprio carro, porém algumas estradas não são boas, pois tem pedras, buracos, lama, etc. Se o seu carro não for preparado, melhor ir com a agência de turismo, pois elas têm carros preparados para esses lugares. Nós fizemos todos os nossos passeios com a agência. → Alimentação Os restaurantes servem de tudo e um pouco mais. Mas vale lembrar que as comidas de restaurante não são iguais a que você come em casa. Por isso, se você prefere aquela comidinha caseira ou aquele feijão, saiba que não vai encontrar. Nós optamos em fazer a nossa janta todos os dias. Então passava no mercado, comprava os ingredientes e preparava tudo no hostel. →Compras Em San Pedro você encontra de tudo para comprar, inclusive tem algumas marcas famosas que tem lojas nesse lugar. Não pense que é tudo baratinho não. Se você fazer a conversão para sua moeda, cuide para não cair pra trás.... (kkk); Vale a pena comprar uma lembrancinha ou outra, mas não dá para se empolgar. Acho que é isso pessoal. Espero que vocês tenham gostado. E tomara que esse relato possa ajudar vocês a planejarem sua próxima viagem. Um grande abraço. Contatos: 47 988417695 Instagram: thiagomarianobnu
-
- san pedro atacama
- peso chileno
- (e 25 mais)
-
Fala galera, estou colocando aqui a nossa experiência fazendo trilhando o vulcão Rucu Pichincha, em Quito no Equador. Se quiser dar uma força nosso trabalho, passa lá no nosso site que tem mais posts sobre o Equador e também se cadastrando na nossa newsletter, a gente oferece o livreto "Trilhando o Rucu Pichincha - O Guia Completo", onde a gente responde todas as perguntas sobre como chegar ao cume do vulcão (custo, como chegar, o que levar, melhor época pra fazer, etc.) ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ Acordamos bem cedinho, preparamos o café e pedimos o táxi até o teleférico de Quito na recepção do hostel. Tentaríamos subir ao cume do vulcão Rucu Pichincha. Deixamos tudo preparado no dia anterior para não perder tempo. Queríamos chegar no máximo às 9h da manhã, hora que o teleférico de Quito (chamado TelefériQo) abriria naquela terça-feira, 1 de janeiro. Saímos do teleférico rapidamente e logo começamos a trilha. Ela começa indo para a esquerda, subindo umas escadarias por trás de um prédio. Dali pra frente, não tem muito erro. Foram quilômetros e quilômetros de subidas intermináveis, mas como estávamos dosando os passos, não foi nada complicado. Eu diria que a trilha ao cume do vulcão Rucu Pichincha é dividida em três partes. A primeira parte, a mais longa, é composta de um hiking moderado em uma trilha bem sinalizada. É a parte mais tranquila de toda a trilha. A vista que tínhamos de Quito e das montanhas ao redor era incrível. Dava pra ver todos os principais vulcões do Equador no horizonte, principalmente o Cotopaxi, imponente, majestoso, surgindo ao fundo da cidade. Além disso, a vegetação era muito característica. Era praticamente rasteira com algumas árvores e flores que nunca tínhamos visto. Parecia um cenário do Senhor dos Anéis. A segunda parte da trilha começou lá pelo 3,5 quilômetro. Estávamos mais perto do cume do vulcão Rucu Pichincha, e lá, as coisas começaram a ficar mais complicadas. A trilha foi deixando de ser fácil para ser tornar somente um filetinho de terra na encosta do vulcão, composto principalmente de pedras soltas, alguns pequenos rochedos (que tivemos que escalar) e areia escorregadia. Um paredão de pedras negras surgiu mais a frente e o vento aumentou consideravelmente, assim como a temperatura ficou um pouco mais baixa. Até esse ponto, nada que nos assustou o bastante para nos desmotivar de continuar e alcançar o cume. E finalmente, a terceira parte e mais complicada de todas. Até ali, não sentimos em nenhum momento o efeito da altitude (estávamos a mais de 4000 metros de altura) e o corpo respondia a todos os comandos. Foi na terceira parte que tivemos a ideia de esforço. Depois de contornar o paredão de rochas negras, um enorme desfiladeiro de areia e pedras apareceu. Muito grande. Começava justamente bem perto ao cume e descia praticamente por todo o vulcão. A trilha ali já não tinha mais sinalizações que faziam sentido e cada um tentava subir da maneira que dava. Isso incluiu a gente. Começamos a subir e vimos que ninguém tinha ido atrás de nós. A pergunta ficou no ar: “Só a gente está certo?”. Demos meia volta, descendo quase que esquiando sobre a areia para acompanhar o grupo de pessoas que subiam com a gente. Depois de alguns minutos de trilha incompreensível, chegamos de fato ao paredão de rochas negras. Não tínhamos escolha, era subir ou subir. A inclinação passava dos 50 graus na maioria dos trechos. Começamos a subida, pedra por pedra, com o maior cuidado possível, pois qualquer deslize poderia ser fatal. Em um dado momento, não sabíamos mais como subir. Lá do alto, um equatoriano gritou, desceu alguns metros e nos ajudou a encontrar o melhor lugar para escalar. Foi muito gentil e nos ajudou bastante! Antes disso, estávamos quase pensando em desistir, com medo da inclinação e da dificuldade da subida. Além disso, algumas pedras que se desprenderam quase nos acertaram. Mas essa ajuda nos trouxe mais ânimo e alguns minutos depois, chegamos ao cume, a incríveis 4698 metros de altitude, nosso recorde até então. A emoção era tanta, eu e Gabriela nos abraçamos e começamos a lacrimejar. O abraço foi demorado, quase de alívio por ter chegado vivo ali em cima. Não conseguíamos acreditar que tínhamos chegado ao cume do Rucu Pichincha. A sensação foi intensa, uma alegria imensa de mais um passo cumprido rumo ao objetivo final. Nos sentamos, comemos e descansamos um pouco. Percorremos toda a extensão do cume e tiramos várias fotos. Lá no alto, encontramos um guia que levava um grupo de americanos ao cume. Era do Equador (se chamava Alejo) e parecia super doido. Conversando com a gente, ele disse que já percorreu todo o Rio Amazonas saindo do Equador de barco e em suas próprias palavras: “foi uma coisa de louco!”. Só ouvindo pra acreditar. Ele também nos ajudou nos informando a melhor rota pra descer o vulcão. Ficamos por mais alguns minutos no cume e resolvemos descer. A descida foi mais tranquila do que a subida, mas devido ao cansaço um pouco mais perigosa. Em um determinado momento, quase despenquei de um rochedo por não ter ponto de apoio para os pés. Mas não passou de um susto, se não estaria aqui para contar a história. A trilha de volta dava uma visão limpa e direta do Cotopaxi. Foi praticamente nosso companheiro durante toda a descida. Algumas horas depois, estávamos novamente no teleférico, prontos para descer e descansar. Teríamos mais um grande desafio no outro dia: o Illiniza Norte.
-
FALA GALERA! ESTOU INDO AO EQUADOR NO FINAL DE SETEMBRO 2019 COM RETORNO EM OUTUBRO 2019. ESTOU INDO SOZINHO. TENHO A INTENÇÃO DE SUBIR O MÁXIMO POSSÍVEL DE MONTANHAS E VULCÕES. GASTANDO O MÍNIMO !!
-
Veja primeira parte (Iliniza Norte – A subida ao refúgio Nuevos Horizontes). Era hora do ataque ao cume do Iliniza Norte. 4h da manhã e começamos os preparativos. Colocamos as roupas, camada por camada, capacetes, lanternas e tudo que era necessário e nos sentamos na mesa para tomar café da manhã. O café foi básico mas bem potente. Aveia com iogurte, pão e café bem forte. Saímos bem alimentados e prontos para as próximas 6 horas de subida até o cume, à 5126 metros de altitude! Saímos e ainda era noite. Fazia menos frio do que o dia anterior, mas ainda sim, o frio incomodava. Ligamos a lanternas pregadas aos capacetes e iniciamos a trilha. Começamos a subida por uma parte arenosa na lateral da montanha, repleta de rochas soltas. Passamos o grupo que saiu minutos antes da gente e continuamos em frente. Em determinado momento, o sol começou a aparecer. Minha expectativa era que pudéssemos ver o nascer do sol la de cima, com vista privilegiada aos vulcões acima das nuvens, principalmente o Cotopaxi. Tinha visto vários vídeos incríveis e mentalizei aquele momento. Entretanto, a neblina tinha estragado meus planos. Não dava pra ver quase nada, somente um pequeno pedaço do caminho que devíamos percorrer. O vento e o frio foram aumentando e as pedras que antes estavam negras e um pouco úmidas, agora estavam cobertas por gelo e neve. Isso tornaria a subida mais cuidadosa e consequentemente mais perigosa. Pra completar, ventava forte, muito forte, cada vez mais forte. O nosso guia estava focado e tudo que mandava fazer, executávamos sem hesitar. Horas de subida e de pequenas escaladas, havíamos chegado ao famoso Paso de la Muerte, um paredão de rochas que para ser transposto, deveríamos descer um pouco e passar por um desfiladeiro e depois subir novamente. O cume ficava algumas centenas de metros dali. Hesitamos um pouco, mas o guia manteve o foco e nos encorajou. Fui o primeiro a descer. O guia se posicionou mais acima, segurando a corda, me ajudando a descer lentamente, pedra por pedra. Em alguns momentos eu não tinha nada além do meu corpo pra usar como apoio. Tinha que usar as mãos, descer o máximo possível e confiar que haveria outra pedra ali embaixo pra me acudir. Funcionou… Dá pra ver a cruz do Iliniza Norte atrás do guia. Passamos a parte mais complicada e depois de alguns minutos, em uma última escalada, chegamos ao cume. Diferente do Rucu Pichincha, a emoção não veio como esperado. Nenhuma lágrima, nenhum grito, nada. Um sorriso foi a única coisa que veio. De alívio eu acho. Tinha sido uma subida complicada. O vento batia forte e não perdoava. Minhas mãos já estavam quase sem movimento devido ao frio. Dava pra ver a cruz congelada atrás do guia, mas devido as condições climáticas, ele não deixou ir mais adiante para tocá-la. O terreno estava instável e o vento estava forte. Tiramos fotos com o celular, já que a maquina congelou de tanto frio. Essas são as únicas fotos que temos. Depois de alguns rápidos minutos, começamos a descida. A rota de descida seria outra. Não voltamos pelo refúgio, mas sim por uma rota alternativa, mais rápida pela lateral da montanha. Era um desfiladeiro de rochas e terra. Tínhamos somente que descer, descer e descer. A inclinação era tanta que mal dava pra estabilizar o corpo e a velocidade de descida. Caímos várias vezes pra resumir. Durante uma boa parte decidimos somente descer como um tobogã. Ajudou um pouco, mas não por muito tempo. Tínhamos que sair rápido dali, pois, o grupo que vinha logo atrás poderia jogar pedras sobre nós. Passado o sufoco, a trilha foi se nivelado novamente e alguns minutos depois já estávamos novamente na trilha principal, indo em direção ao estacionamento. Estava com a garganta bem ruim e ficando cada vez mais resfriado. Não pensava muito sobre isso. A cabeça só pensava em chegar logo e descansar. Teria que me cuidar e descansar bastante se quisesse ter chance de subir o Cotopaxi. Esse sim seria difícil, exigiria de nós mais esforço e preparo. Tiramos os próximos dias para descansar e torcer para que o corpo suportasse o último grande desafio. Quer ler mais sobre as nossas viagens? É só acessar o nosso site: www.feriascontadas.com
-
Iliniza Norte - A subida ao refúgio Nuevos Horizontes
Marcos A postou um tópico em Equador - Relatos de Viagem
O dia começou bem cedo para nós. O motorista nos buscou as 8h da manhã e o nosso primeiro destino seria Machachi, uma cidadezinha a alguns quilômetros de Quito. Lá, nos encontraríamos com o nosso guia e acertaríamos os últimos detalhes para o Iliniza Norte. Não esperava nenhum grande esforço no primeiro dia. Seria um hiking de umas 4h até o refúgio Nuevos Horizontes (4700 metros de altura). Seria muito parecido ao do Rucu Pichincha que havíamos feito no dia anterior. De lá, no dia seguinte, faríamos o ataque ao cume do Iliniza Norte, com seus 5126 metros de altitude. Chegamos na entrada da reserva ecológica por volta das 10h30 e lá pelas 11h, começamos a subida até o refúgio. Estávamos um pouco cansados do dia anterior. Deu pra sentir o desgaste. Pra piorar, tivemos que levar muito mais peso do que o esperado, o que dificultou ainda mais a subida. O começo lembrava muito a trilha do Rucu Pichincha. Era praticamente a mesma paisagem. Vegetação rasteira, cor verde musgo e muita poeira. Alguns quilômetros depois, a neblina veio com força e a inclinação da trilha aumentou consideravelmente. Tínhamos que fazer ziguezagues constantes. Não via a hora de chegar, mas parecia que era interminável. A parte final seria uma grande montanha de areia cinza e pedras soltas. 1h de subida desgastante. Após vencer o último obstáculo, vimos uma casinha amarela bem distante. Era o refúgio Nuevos Horizontes, o primeiro refugio construído no Equador. Estava envolto em neblina. Também deu pra sentir que a temperatura havia caído drasticamente naquele ponto. Enfim estávamos no refúgio. Fomos os primeiros a chegar por incrível que pareça. O refugio era bem pequeno. Tinha uma pequena mesa e dois banquinhos de madeira bem na entrada. Vários beliches encostados uns nos outros, bem apertado e uma pequena cozinha, onde o administrador do lugar, "Gato", fazia a coisa funcionar. Não deu tempo nem de colocar as mochilas na cama e já tinha uma sopinha e um chá quentinhos nos esperando. O guia aproveitou o momento e disse que o refúgio aceitaria mais pessoas do que o normal e teríamos que dormir nós 3 juntos em uma cama para 2. "Sem problemas", pensei sem refletir muito. Terminamos a sopa e logo fomos tirar uma soneca. Isso era por volta das 14h da tarde. O silêncio estava maravilhoso. Dava pra ouvir o coração batendo tentando levar oxigênio pra todo o corpo a mais de 4700 metros de altitude. Isso tem seu preço. O corpo usa muito mais rápido o líquido que entra e por conta disso, a vontade de fazer xixi é quase instantânea. E não é qualquer xixi, é muitooo xixi. Bom, uma hora depois, outros grupos foram chegando. O silêncio deu espaço ao barulho. Conversa pra lá e pra cá, e nós ali deitados, tentando descansar ao máximo para o dia seguinte. Foi então que a vontade de ir ao banheiro veio. O banheiro ficava no lado de fora. Eram duas cabines bem rústicas, sem luz e bem sujas. O que esperar além disso? Vamo que vamo. A aventura de usar o banheiro nessas condições poderia render um post separado, mas vou deixar a sua imaginação fazer o resto. Voltando ao refúgio, era hora do jantar. Nos sentamos na mesa com um grupo de mexicanos e começamos a comilança. Uma das meninas virou pra mim e disse "ça va?". Fiquei meio confuso. Sei falar francês mas esperava um "¿Como estás?". Olhei com cara de bunda pra ela e logo veio a pergunta "De onde vocês são?". Prontamente disse que era brasileiro e todos os mexicanos falaram "HA! eu disse, ou eram brasileiros ou franceses!". Foi a deixa para muita conversa e troca de experiências. Voltando ao jantar, uma sopa veio como entrada. Era uma sopa de legumes neutra. Tinha pedido um cardápio sem lactose. Gato virou para mim e perguntou, pode ter um pouquinho de leite? Ou aceitava ou não comeria nada naquela noite, então disse que não tinha problema. O prato principal foi frango cozido, arroz quentinho e abacate maduro. Uma delícia! Pra finalizar, pêssegos em calda. Tudo acompanhado com chazinho quentinho. O jantar elevou a nossa moral em todos os sentidos. Voltamos para a cama e tentamos descansar até as 4h do dia seguinte. Não deu nem 1h depois do jantar e já estava com vontade de ir no banheiro de novo. E lá vamos nós novamente. Sair do saco de dormir, vestir a bota e encarar o frio do lado de fora pela vontade de fazer xixi que era interminável. Era quase 1 minuto de xixi, coisa que nunca tinha visto na vida. O corpo parecia está em seu modo de sobrevivência, produzindo xixi em uma taxa acelerada para se manter em funcionamento. Essa teria sido a última ida ao banheiro antes do ataque ao cume. De volta a cama, coloquei novamente o saco de dormir e dessa vez o guia se juntou a nós. Lembra que dormiríamos 3 em um lugar de 2? Pois eu tive que ficar no meio, entre o guia e a Gabriela, por motivos óbvios. Só não contava que seria espremido durante horas noite a dentro. Resolvi dormir do lado contrário e foi assim que consegui recarregar minhas energias até as 4h da manhã, quando acordamos para atacar o cume do Iliniza Norte. Veja a segunda parte (Iliniza Norte – O ataque ao cume) Quer ler mais sobre as nossas viagens? É só acessar o nosso site: www.feriascontadas.com -
Acordamos bem cedinho, preparamos o café e pedimos o táxi até o teleférico de Quito na recepção do hostel. Tentaríamos subir ao cume do vulcão Rucu Pichincha. Deixamos tudo preparado no dia anterior para não perder tempo. Queríamos chegar no máximo às 9h da manhã, hora que o teleférico de Quito (chamado TelefériQo) abriria naquela terça feira, 1 de janeiro. Saímos do teleférico rapidamente e logo começamos a trilha. Ela começa indo para a esquerda, subindo umas escadarias por trás de um prédio. Dali pra frente, não tem muito erro. Foram quilômetros e quilômetros de subidas intermináveis, mas como estávamos dosando os passos, não foi nada complicado. Eu diria que a trilha ao cume do vulcão Rucu Pichincha é dividida em três partes. A primeira parte, a mais longa, é composta de um hiking moderado em uma trilha bem sinalizada. É a parte mais tranquila de toda a trilha. A vista que tínhamos de Quito e das montanhas ao redor era incrível. Dava pra ver todos os principais vulcões do Equador no horizonte, principalmente o Cotopaxi, imponente, majestoso, surgindo ao fundo da cidade. Além disso, a vegetação era muito característica. Era praticamente rasteira com algumas árvores e flores que nunca tínhamos visto. Parecia um cenário dos senhor dos anéis. Dá pra ver bem no meio da foto onde começava a parte das rochas. A segunda parte da trilha começou lá pelo 3.5 quilômetro. Estávamos mais perto do cume do vulcão Rucu Pichincha, e lá, as coisas começaram a ficar mais complicadas. A trilha foi deixando de ser fácil para ser tornar somente um filetinho de terra na encosta do vulcão, composto principalmente de pedras soltas, alguns pequenos rochedos (que tivemos que escalar) e areia escorregadia. Um paredão de pedras negras surgiu mais a frente e o vento aumentou consideravelmente, assim como a temperatura ficou um pouco mais baixa. Até esse ponto, nada que nos assustou o bastante para nos desmotivar de continuar e alcançar o cume. E finalmente, a terceira parte e mais complicada de todas. Até ali, não sentimos em nenhum momento o efeito da altitude (estávamos a mais de 4000 metros de altura) e o corpo respondia a todos os comandos. Foi na terceira parte que tivemos a ideia de esforço. Depois de contornar o paredão de rochas negras, um enorme desfiladeiro de areia e pedras apareceu. Muito grande. Começava justamente bem perto ao cume e descia praticamente por todo o vulcão. A trilha ali já não tinha mais sinalizações que faziam sentido e cada um tentava subir da maneira que dava. Isso incluiu a gente. Começamos a subir e vimos que ninguém tinha ido atrás de nós. A pergunta ficou no ar: "Só a gente está certo?". Demos meia volta, descendo quase que esquiando sobre a areia para acompanhar o grupo de pessoas que subiam com a gente. Depois de alguns minutos de trilha incompreensível, chegamos de fato ao paredão de rochas negras. Não tínhamos escolha, era subir ou subir. A inclinação passava dos 50 graus na maioria dos trechos. Começamos a subida, pedra por pedra, com o maior cuidado possível, pois qualquer deslize poderia ser fatal. Em um dado momento, não sabíamos mais como subir. Lá do alto, um equatoriano gritou, desceu alguns metros e nos ajudou a encontrar o melhor lugar para escalar. Foi muito gentil e nos ajudou bastante! Antes disso, estávamos quase pensando em desistir, com medo da inclinação e da dificuldade da subida. Além disso, algumas pedras que se desprenderam quase nos acertaram. Mas essa ajuda nos trouxe mais ânimo e alguns minutos depois, chegamos ao cume, a incríveis 4698 metros de altitude, nosso recorde até então. A emoção era tanta, eu e Gabriela nos abraçamos e começamos a lacrimejar. O abraço foi demorado, quase de alívio por ter chegado vivo ali em cima. Não conseguíamos acreditar que tínhamos chegado ao cume do Rucu Pichincha. A sensação foi intensa, uma alegria imensa de mais um passo cumprido rumo ao objetivo final. Vulcão Guagua Pichincha, um dos mais ativos do Equador. Nos sentamos, comemos e descansamos um pouco. Percorremos toda a extensão do cume e tiramos várias fotos. Lá no alto, encontramos um guia que levava um grupo de americanos ao cume. Era do Equador (se chamava Alejo) e parecia super doido. Conversando com a gente, ele disse que já percorreu todo o Rio Amazonas saindo do Equador de barco e em suas próprias palavras: "foi uma coisa de louco!". Só ouvindo pra acreditar. Ele também nos ajudou nos informando a melhor rota pra descer o vulcão. Ficamos por mais alguns minutos no cume e resolvemos descer. A descida foi mais tranquila do que a subida, mas devido ao cansaço um pouco mais perigosa. Em um determinado momento, quase despenquei de um rochedo por não ter ponto de apoio para os pés. Mas não passou de um susto, se não não estaria aqui para contar a história. Vulcão Cotopaxi ao fundo com os seus 5897 metros. A trilha de volta dava uma visão limpa e direta do Cotopaxi. Foi praticamente nosso companheiro durante toda a descida. Algumas horas depois, estávamos novamente no teleférico, prontos para descer e descansar. Teríamos mais um grande desafio no outro dia: o Iliniza Norte. Mais sobre o Rucu Pichincha Rucu Pichincha, que significa "velho vulcão" em Quéchua, é um vulcão inativo localizado nos arredores de Quito. Seu cume está a 4698 metros de altitude em relação ao nível do mar. Sua última erupção foi em 1859 causando destruição à cidade de Quito na época. A trilha (ida e volta) ao cume é em torno de 10 km e pode demorar de 4-5 horas para ser percorrida. O Rucu Pichincha é também um dos melhores pontos de partida para aclimatação se você pretende fazer outras montanhas no Equador 👍. Mais sobre o TelefériQo O teleférico da cidade de Quito é um feito que traz orgulho para a população local. Ele é o meio de transporte mais acessível para quem quer subir ao cume do Rucu Pichincha. A entrada para estrangeiros (em 2018) custava USD 8.50. Para saber mais sobre horários de funcionamento ou como chegar a estação do teleférico da forma mais simples, você pode acessar o site teleferico.com.ec. Subir o Rucu Pichincha é seguro? Um tópico muito recorrente relacionado ao Rucu Pichincha é a questão da segurança. Anos atrás, turistas eram desaconselhados a fazer o hiking ao cume do vulcão devido a falta de segurança na trilha. Vários relatos de assaltos e violações graves foram reportados em fóruns, principalmente por volta do ano de 2010. Entretanto, o governo local tomou várias providências e agora a trilha é completamente segura e altamente frequentada por turistas e locais. Ainda se recomenda fazê-la em grupo (mais de uma pessoa). Já com relação à segurança ou dificuldade da trilha, eu diria que é de moderado a difícil. Não são exigidos nenhum equipamento técnico de escalada, mas a precaução é sempre bem-vinda, principalmente na parte final da subida ao cume. Como a trilha não é bem sinalizada nessa parte, a subida fica complicada. Além disso, existe o perigo constante de pedras caírem do alto e atingirem as pessoas que vem abaixo. Eu recomendaria a utilização de um capacete de escalada no mínimo ☝. Quer ler mais sobre as nossas viagens? É só acessar o nosso site: www.feriascontadas.com