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Resumo: Itinerário: La Paz (Bolívia) → Copacabana → Puno (Peru) → Cuzco → Águas Calientes → Lima Período: 03/01/1998 a 11/01/1998 03/01: La Paz (Bolívia) 05: Copacabana (Bolívia) 05: Puno (Peru) 07: Viagem de Trem de Puno a Cuzco 08: Vale Sagrado 09: Machu Picchu 10: Lima (Peru) 11: São Paulo Ida: Voo de São Paulo a La Paz pela Varig (posteriormente incorporada pela Gol), com escala em Santa Cruz de la Sierra. Volta: Voo de Lima a São Paulo pela Varig, com escala em Santa Cruz de la Sierra. Se me recordo, paguei com milhas do Programa Smiles. Considerações Gerais: Não pretendo aqui fazer um relato detalhado, mas apenas descrever a viagem com as informações que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante, principalmente o trajeto, acomodações, meios de transporte e informações adicionais que eu achar relevantes. Nesta época eu ainda não registrava detalhadamente as informações, então pousadas, hotéis e meios de transporte poderão não ter informações detalhadas, mas procurarei citar as informações de que eu lembrar para tentar dar a melhor ideia possível a quem desejar repetir o trajeto e ter uma base para pesquisar detalhes. Depois de tanto tempo os preços que eu citar serão somente para referência e análise da relação entre eles, pois já devem ter mudado muito. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis na internet. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais: Foi minha primeira viagem internacional (este é meu último relato retroativo). Devido a isso, com total inexperiência, fiz várias escolhas inadequadas. Tudo era novo para mim. Havia ocorrido cerca de um ano antes o sequestro na embaixada do Japão pelo Grupo Túpac Amaro, que culminou com a invasão pelas forças de segurança, a mando do Presidente Fujimori, terminando com os sequestradores mortos e com um juiz oposicionista morto também. Por isso o clima parecia um pouco tenso. Em toda a viagem só houve sol ☀️. Porém a temperatura esteve baixa em várias ocasiões, chegando a cerca de 6C à noite nos locais mais altos. Além disso a incidência de ultravioleta causou-me queimaduras que se somaram às queimaduras provocadas pelo frio. Isso causou dores, principalmente no rosto. Sofri bastante com a altitude, principalmente em La Paz, que foi o local de chegada, sem nenhum tipo de aclimatação anterior. No primeiro dia cheguei a deitar num banco numa praça, devido ao mal-estar. A população de uma maneira geral foi muito cordial e gentil 👍. Fui muito bem tratado em toda a viagem, com raras exceções. Houve um problema com um guia que me vendeu uma estadia num hotel em uma outra cidade, que aparentemente era fraudulenta. Perdi o dinheiro correspondente. Não tive grandes dificuldades com a língua, mas em alguns locais, principalmente no Peru, nem sempre conseguiram me entender. As paisagens e itens ao longo da viagem agradaram-me muito, com montanhas, lagos, ilhas, campos, floresta, monumentos, museus e outros . Especialmente gostei dos Andes, com suas altas montanhas cobertas de gelo, do Vale Sagrado, em particular de Pisac, do Lago Titicaca e de Machu Picchu. Viajei de ônibus e de trem. Achei as estradas bem razoáveis, porém com algum perigo, dada a altitude. A viagem teve alguns episódios complicados, como um assalto 🗡️ a uma passageira no trem e um atendimento armado um pouco ostensivo dos guardas da estação. Mas não sofri nenhum tipo de violência. Gostei da comida local, mas num dos locais, talvez devido ao tempero, acho que acabei contraindo algo que me deu um desarranjo estomacal, já perto do fim da viagem. Achei os preços na Bolívia e no Peru consideravelmente mais baixos do que no Brasil. Levei um cartão pré-pago do Banco de Boston com US$ 500.00. Se me recordo, ainda sobrou dinheiro. Um rapaz que conheci numa festa de casamento 6 meses antes falou-me de uma viagem semelhante que tinha feito e isso, além de me motivar a fazer a mesma, deu-me uma ideia do roteiro a seguir. Eu planejei esta viagem de apenas 1 semana porque só tinha este período de folga, visto que estava no meio de um projeto. Acho que o ideal teria sido durar pelo menos 2 semanas, para ver o desejado com calma. A Viagem: Fui de SP a La Paz no sábado 03/01/1998. Saí cerca de 9h da manhã e cheguei na hora do almoço, dado o fuso horário de 1h, mesmo com uma escala em Santa Cruz de la Sierra. No voo havia duas moças, creio que com idade próxima a 18 anos, conversando animadamente. Uma delas mudou de lugar e na parada em Santa Cruz ou próximo, uma delas pediu para chamar a outra que dormia no banco na minha frente. Eu chamei várias vezes, toquei no braço e no ombro dela, mas ela não acordou de jeito nenhum, o que surpreendeu a amiga. Foi a primeira vez em que eu vi neve ao vivo. Ver as montanhas cobertas de neve 🗻 janela do avião emocionou-me. Lembrou-me dos filmes e fotos que tinha visto. Para as atrações de La Paz veja https://pt.wikipedia.org/wiki/La_Paz, https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/la-paz/ e https://vidasemparedes.com.br/la-paz-bolivia-o-que-fazer/. Os locais de que mais gostei foram os monumentos, a arquitetura histórica, as montanhas, os parques, as igrejas e o Vale da Lua. Após desembarcar em La Paz, fui muito bem tratado pelos funcionários e militares. Peguei um táxi para o centro. O motorista chamava-me de Mister. Se me recordo, cobrou-me algo como 5 ou 6 bolivianos, que acho que correspondiam a cerca de 1 dólar. Muito menos do que o mesmo trajeto em São Paulo. Era um táxi estilo lotação, então fomos pegando passageiros ao longo do caminho. Pelo preço cobrado dos outros percebi que paguei bem mais do que a média, mas para um trajeto mais longo. Após uns 45 minutos chegamos ao centro, onde pedi para ficar para procurar por hotéis. Fiquei num hotel na região central. Achei o hotel bem razoável. Após deixar a bagagem saí para dar um passeio. Primeiramente fui por áreas um pouco mais altas, não tanto ao centro. Fiquei com vontade de ir ao banheiro e não sabia como se falava em espanhol (era baño). Perguntei a algumas pessoas, mas elas não entendiam a palavra. Numa igreja, já bem apertado, pedi ao atendente, que também não entendeu. Então tentei explicar, “é algo quando se está com necessidade”, mas ele me perguntou de volta “tem necessidade de que?”. Acho que ele pensou que eu estava com algum problema espiritual, emocional ou financeiro 😄😄😄. Não me lembro exatamente onde, mas consegui um banheiro em seguida. Após andar cerca de 2h, o que para mim é muito pouco, comecei a me sentir fraco, com mal-estar. Numa praça, sentindo-me um pouco tonto, deitei no banco, No início não entendi bem o que estava acontecendo, mas depois imaginei que fosse devido á altitude. Eu que sempre fui bastante crítico com a Seleção Brasileira e mesmo com os times brasileiros que não conseguiam jogar bem em La Paz, senti na carne o que era a altitude. Atualmente eu perdoo qualquer derrota em La Paz 😄. Depois de algum tempo, melhorei um pouco. Resolvi não ir visitar mais nada, mesmo porque já estava anoitecendo. Voltei ao hotel, descansei deitado mais um pouco e só saí para jantar. À noite a temperatura caía e a cidade parecia muito bela No domingo 4 de janeiro, desci para tomar o café da manhã e perguntei ao garçom se conhecia algo que pudesse ajudar em relação à altitude, pois achava que estava me fazendo mal. Ele prontamente disse que sim e que iria me trazer um mate de coca 🍵. Tomei o mate. Parecia um chá comum, com gosto de folhas. Mas acho que resolveu tudo 😄. Algum tempo depois, o médico Jessé, da Medicina do Viajante do Hospital Emílio Ribas, esclareceu-me que o chá de coca age apenas nos sintomas e não nas causas. Já bem melhor, saí para dar uma volta na cidade. Achei-a muito bonita. Ao longo dos 2 dias visitei por fora palácios do governo, monumentos históricos relativos á independência da Espanha, museus, igrejas maiores e históricas, centros culturais, a torre de telecomunicações, alguns parques e áreas verdes. E também andei por locais comuns da cidade, para conhecer sua gente real. Não conhecia Brasília (aprender na escola e ouvir ou ver pela TV é bem diferente de estar no local) nem outros locais do mundo. Ao ver a proximidade do parlamento, do palácio presidencial e da sede do governo local, achei que aquilo justificava a enorme quantidade de golpes de estado que a Bolívia sofria ao longo do tempo, pois tomando-se a praça, praticamente dominava-se o país. Mas depois descobri que esta arquitetura é comum em muitos estados e países, incluindo o Brasil, pois imagino que facilita a intercomunicação entre os poderes. No domingo à tarde peguei um ônibus para o Vale da Lua. Achei-o muito belo . Realmente a área montanhosa e seca parecia com as fotos da superfície lunar, só que não era branco, mas marrom claro. Não usei protetor solar, pois não estava quente e o sol não parecia muito forte. Isso foi um grande erro , pois devido á atmosfera leve, os raios ultravioleta penetraram mais. Com isso acabei tendo queimaduras dolorosas no rosto . Numa das noites, se me recordo no domingo, fui a um restaurante típico, comi truta (naquela época eu tinha voltado a comer carne) e tomei vinho (acho que era do Porto). Adorei a comida 😋. Até perguntei se era possível mais um cálice de vinho, que o dono me deu de cortesia. Estava bem, sem nenhum sintoma da altitude. A temperatura estava um pouco baixa (para um paulistano), creio que entre 10C e 15C. Na 2.a feira, 05/01, fui pegar um ônibus em direção ao Peru logo de manhã. Entrei num bar para pedir informações e foi a única vez em que não fui tão bem tratado. Não sei se o bar era algum ponto de negócios restritos. Um dos aparentes clientes perguntou-me de modo um pouco rude o que eu desejava. Mas rapidamente o atendente do bar respondeu minha pergunta e disse ao cliente que eu não era boliviano, o que pareceu acalmá-lo. Encontrei o ponto de saída dos ônibus e embarquei para Copacabana (https://pt.wikipedia.org/wiki/Copacabana_(Bol%C3%ADvia), na fronteira com o Peru. Achei a viagem magnífica, com paisagens espetaculares das montanhas dos Andes . Porém achei as estradas perigosas. O ônibus passava ao lado de precipícios e já era um pouco antigo. Ao ver uma inscrição em um muro ou similar "Paquenle vive (ou um nome semelhante)", perguntei a um passageiro quem era Paquenle e ele me contou que era um líder das camadas populares que havia sido morto. Na travessia de um rio ou lago (acho que era rio) um soldado do exército boliviano pediu para verificar meu passaporte, o que me surpreendeu. Mas não houve problemas. Tratou-me bem. Chegamos a Copacabana (com altitude semelhante à de La Paz), que pelo que me informaram deu origem ao nome da praia brasileira, perto da hora do almoço. Aproveitei para dar um rápido passeio pela cidade. A vista do Lago Titicaca pareceu-me magnífica . A cidade, em si, pareceu-me muito simpática, pequenina. Fiquei algum tempo andando pelas margens do lago, na área central e o admirando. Mas logo partimos para Puno, já do lado peruano. Acho que foi no almoço em Copacabana que conheci um indígena peruano que conhecia bem o Brasil (falou-me do carnaval no Rio de Janeiro, Recife, Ouro Preto – conhecia o Brasil melhor do que eu na época). Eu estava procurando um meio de ir de Cuzco a Lima por via terrestre e ele me disse que não havia, pois teria que cortar as montanhas e a selva amazônica. Fiquei um pouco decepcionado com a informação, mas gostei de conhecê-lo. Pegamos um ônibus operado por peruanos. Havia vários brasileiros no ônibus, de várias partes do Brasil e também estrangeiros de fora da América do Sul. Conversamos um pouco para compartilharmos experiências. Na fronteira com o Peru, fizemos os procedimentos e entrada. Até que não foi demorado e transcorreu sem problemas. Acho que pouco após, uma patrulha nos parou na estrada, para algum tipo de fiscalização. Parece que havia alguma mercadoria irregular (acho que era algum eletrônico, como uma TV por exemplo). Depois de muita conversa (e não sei se com algum ilícito), os envolvidos entraram correndo no ônibus e rindo disseram, vamos embora logo (acho que pensando, antes que mudem de ideia). Numa das paradas, Samuel, que era guia turístico viu meu cartão pré-pago. Chegou a pegá-lo e fez brincadeiras com ele, dizendo que ali o importante era ter a senha. Aí acho que se interessou em me vender serviços. Sentou-se do meu lado parte do caminho seguinte e veio me falando das atrações de Puno, do Peru, das suas experiências como guia, de dias de saída dos trens etc. Foi interessante, mas perdi parte da paisagem por isso. Aliás, a paisagem pareceu-me novamente magnífica, com montanhas, lagos e vegetação . Chegamos a Puno (com altitude semelhante à de La Paz) no fim da tarde. Fiquei hospedado no hotel mais simples que encontrei, por indicação do guia Samuel, o Hotel San Antonio. Alguns estrangeiros despediram-se e foram rumo a Arequipa. Eles falaram também das Linhas de Nazca, que nesta ocasião ouvi pela primeira vez. Para as atrações de Puno veja https://www.peru.travel/pt/destinos/puno, https://wikitravel.org/en/Puno e https://es.wikipedia.org/wiki/Puno. Nesta viagem e nestes dias conheci um paraguaio e um italiano, que também estavam indo para Machu Picchu, alguns outros brasileiros e alguns outros americanos e/ou europeus. O paraguaio inclusive divertiu-se pelo fato de eu não lembrar do nome do hotel em que estava hospedado quando falava com os guias para combinar os passeios 😄. Na 3.a feira 06/01, depois de me certificar que não havia viagens de trem para Cuzco, resolvi fazer uma excursão para as ilhas de totora e para a Ilha Taquile (https://www.civitatis.com/br/puno/excursao-ilhas-uros-taquile/ - não usei esta agência, só a coloquei por ser a mesma excursão). De início houve um pequeno mal-entendido, quando o guia perguntou quem iria “se quedar” na ilha. Eu entendi que significava quem iria descer na ilha, mas ele estava perguntando quem iria dormir na ilha. Mas rapidamente foi desfeito o mal-entendido, após um pouco de riso e certa decepção por parte do guia por eu não ter entendido. O mesmo guia, que também parecia conhecer bem a história local, citou o termo Pacha Mama (Mãe Terra), que pela primeira vez eu ouvia e de cujo conceito passei a gostar muito. Inicialmente fomos até uma ilha flutuante de totora, a Ilha de Uros (https://dicasperu.com.br/peru/ilhas-de-uros-no-peru/). Totora é uma planta parecida com bambu ou junco. As pessoas vivem nela, fazendo suas casas lá, pelo que entendi. Interessante ver como a ilha flutua e se move. Fiquei imaginando como enfrentariam uma tempestade. De qualquer modo, não houve nenhum problema de estabilidade enquanto estávamos lá. Eles pareciam muito bem adaptados a viver daquele modo. E eram bastante gentis com os visitantes. Suas casas, se me recordo, feitas do mesmo material, pareceram simples, mas resistentes. Depois partimos para a Ilha Taquile (https://www.portalsaofrancisco.com.br/turismo/ilha-de-taquile), como estava acostumado, ligada ao solo por rochas e terra. Lá tivemos uma boa subida até chegar ao povoado. Como sempre, eu costumo ir no fim da turma e fui conversando com o barqueiro, que era indígena. Ele me falou um pouco dos costumes do seu povo. Falei que tinha tomado chá de coca e depois tinha melhorado muito o mal-estar com a altitude. E perguntei sobre a espiritualidade para seu povo, dizendo que eu gostava de experiências espirituais. Após um tempo, ele entrou no meio do mato e voltou pouco tempo depois com algumas folhas 🍃, cujo nome exato não me lembro, mas era algo parecido com “munha ou muña”. Disse que eles mascavam. Gostei da ideia e resolvi experimentar, pensando que talvez pudesse usar para alguma experiência de expansão de consciência. Ela teve efeito anestesiante na minha boca, e como se fosse um calmante natural. Não me parecia o sabor de menta nem hortelã. Parecia realmente sabor de folha. Algum efeito psicoativo calmante ela teve sobre mim, incluindo corpo e mente. Após chegarmos, pude contemplar a vista lá de cima, que me agradou muito . As construções típicas também me pareceram muito interessantes e preservadas. A ilha pareceu-me grande, mas o povoado em si nem tanto. Almoçamos no restaurante indicado pelo guia, que disse já ter tido problema com outros. Talvez ele recebesse algum tipo de comissão do restaurante ou tivesse alguma ligação com ele. Durante o almoço conversei bastante com um casal de peruanos que estava junto na excursão e com 2 amigas argentinas. Quando surgiu a questão de Foz do Iguaçu, os peruanos até brincaram e disseram que iriam me consultar sobre o assunto, pois era uma questão também brasileira 😄. Depois do almoço e de apreciar bastante a vista e explorar a simplicidade do povoado, voltamos. Lá embaixo pegamos o barco de volta. Parecia estar sendo formada uma enorme tempestade, mas que acabou não nos atingindo. O peruando falou de como gostava das novelas brasileiras. Comentou comigo de “El Rey del Ganado”, de que ri 😄, por ter ouvido pela primeira vez em espanhol. Falou do Peru e de como sua mulher tinha ficado mal impressionada ao chegar a Puno à noite, desejando partir imediatamente. Comentou também que achava que os europeus pensavam que todos os peruanos eram como aquele índio que era nosso barqueiro. Respondendo a uma pergunta minha, disse que achava que Fujimori tinha feito um bom trabalho, mas que era hora dele sair do poder. Se me recordo foi neste retorno que uma peruana me falou que era de uma cidade no meio do caminho entre Cuzco e Lima (acho que o nome era parecido com Junin) e que existia um caminho de Cuzco a Lima por via terrestre passando por lá, que muito poucos conheciam, mas se precisava passar pela selva amazônica (eu não conhecia a Amazônia ainda) e talvez por território do Grupo Sendero Luminoso. A estimativa de duração era de 13h ou 18h de viagem. Chegamos (o percurso de volta durou cerca de 3 a 4h) e o guia Samuel me esperava. Tudo que ele tinha dito tinha sido verdade e o pagamento do hotel, que eu tinha feito diretamente para ele, foi feito corretamente para o hotel. Pesquisei outros preços e realmente aquele era o mais barato. E para mim as condições de habitação eram bastante aceitáveis. Ele me falou então, que reservaria um hotel para mim em Cuzco. Como estava previsto para eu chegar tarde, eu acabei aceitando, por achar que iria facilitar minha vida. Mas foi um grande erro . Paguei e ele me deu um suposto voucher. Ainda dei uma pequena gratificação a ele, no valor de cerca de metade da diferença de preço entre o hotel em que eu tinha ficado e o 2.o hotel mais barato, como forma de recompensá-lo pela indicação. Ele riu, surpreso, e agradeceu. Nos 2 dias que fiquei em Puno ainda pude dar um passeio pela cidade e ver suas construções históricas, igreja, monumentos e acho que até uma área antiga preservada. Fui a uma agência de turismo perguntar como poderia ser o trajeto de Cuzco a Lima e, depois de algumas frases, que a agente peruana não compreendeu bem e de algumas que eu não entendi, ela me perguntou “Do you speak Engish?”. Fiquei decepcionado 😔. Estava tão feliz porque as pessoas estavam me entendendo em espanhol. Tanto que respondi meio contrariado que sabia falar inglês, mas preferia falar espanhol. Ela nada falou, mas deve ter pensado “Então por que não aprende?” 😄. Na 4.a feira, 07/01, fui dar uma rápida volta em um ponto que não tinha conhecido antes de pegar o trem. Novamente, após me fazerem uma pergunta e eu não entender, ao ouvirem minha resposta de “Perdón?”, argentinos desistiram de falar comigo. Eu que achava que estava indo relativamente bem em espanhol até ali, comecei a mudar de ideia. Peguei o trem para Cuzco, por volta de 8 ou 9h da manhã. Esta foi uma das partes mais complicadas da viagem. Mas simultaneamente teve algumas das paisagens mais espetaculares, cruzando os Andes . Inicialmente o vagão em que fiquei, que era da 2.a classe, estava tranquilo, com alguns lugares vagos. Mas começaram a chegar pessoas com muitas mercadorias. Uma mulher, de uns 60 a 70 anos, disse em voz alta reclamando, que era um vagão de contrabandistas. Realmente era difícil andar nos corredores, pois encheram tudo com mercadorias. Além disso entraram vários vendedores ambulantes. Lembro-me de uma moça que falou quase a viagem inteira “água de manzana, gaseosa, papas, papas fritas”. Num dado momento, já depois de muito tempo nossos olhares cruzaram e ela pareceu me pedir desculpas com o olhar, ao que eu respondi também com o olhar e com um leve sorriso, que não havia problema nenhum, eu entendia que ela estava trabalhando para sobreviver. O casal de peruanos e as argentinas também pegaram o mesmo trem, porém num vagão à frente. Muitas outras pessoas entraram ao longo do percurso inicial e já não era possível se mexer muito no trem. Eu troquei de lugar com uma menina, da mesma família da mulher que havia reclamado anteriormente. Deixei-as ficar na janela, sob a condição que deixasse a persiana aberta, para eu pode admirar a paisagem. Num determinate trecho mostraram-me gêiseres, que eu iria perder, por estar olhando para o outro lado 👍. No meio do caminho, paramos para trocar de locomotiva. Acho que para subir a serra era necessário um motor com mais potência do que o da nossa. Após a outra locomotiva chegar, provavelmente com o trem vindo de Cuzco para Puno, trocamos e prosseguimos. Num dado momento a matriarca da família com quem eu viajava abaixou a persiana, devido ao sol, que parecia incomodar. Aí eu pedi meu lugar de volta e abri uma pequena fresta por onde podia observar a paisagem. Mas o neto/a (eu acho) dela, sorriu e levantou um pouco a persiana, para que eu pudesse ver melhor. Em outro episódio passou um menino tocando um instrumento e pedindo dinheiro. Sugeriram-me para dar não mais do que 1 Sol (a moeda do Peru na época). Após andar algum tempo, vi aparecer um rapaz na porta entre o nosso vagão e o vagão de trás. Ele parecia ter algo no olho, como sangue. Mas acho que eu estava meio anestesiado pela paisagem e pela viagem e não percebi direito o que estava acontecendo. Havia um casal de holandeses na mesma fila de trás, do outro lado do corredor. Acho que ao parar de olhar a paisagem e olhar para ele, chamei a atenção da moça holandesa. Ela virou-se para ele e, quando viu seu olho coberto de sangue, deu um grito bem alto, que alarmou todo o vagão. O rapaz então acho que se assustou e saiu correndo pelo corredor para o vagão da frente. No caminho tropeçou em algo e caiu parcialmente ao lado do moço holandês, deixando uma mancha de sangue em sua jaqueta. Ele passou o corredor inteiro correndo e foi para o vagão da frente, em direção à primeira classe. Logo em seguida apareceu na porta do fundo do vagão, por onde o rapaz tinha entrado, uma mulher baixa, com uma faca de cozinha pequenina na mão, gritando “Filho da p”, A senhora que estava do meu lado levantou e se dirigiu a ela perguntando o que estava ocorrendo. Ela falou muito rapidamente, em espanhol misturado com o dialeto local, eu acho, mas aparentemente tinha sido uma tentativa de assalto ou uma briga. A mulher prosseguiu com a faca na mão atrás do rapaz em direção à primeira classe. Pouco tempo depois passa um homem também correndo atrás da mulher e também vai para a primeira classe. A situação aparentemente acalmou-se. Cerca de uma hora depois o trem parou em uma estação de apoio e vimos um enorme contingente de pessoas sair do vagão da primeira classe. Imagino que o primeiro rapaz havia sido preso. O trem ficou parado por algum tempo enquanto conversavam ou faziam os procedimentos policiais. Como consequência, os donos das mercadorias desceram do trem. Acho que ficaram com medo, após o possível assalto. Voltamos a ter bastante espaço livre. Fui para o vagão da frente e encontrei o peruano, que me disse que o que tinha acontecido fora uma tentativa de roubo. Que o rapaz tentou roubar algo da mulher e esta lhe deu uma facada. Ele parecia assustado com a situação, principalmente por estar com sua mulher. O trem voltou a andar rumo a Cuzco. Já estávamos bem atrasados. As paisagens continuavam agradando-me muito , no meio das montanhas, mas começou a anoitecer e ficou mais difícil apreciá-las. Quando estávamos quase chegando, eis que o trem pára repentinamente, no meio de um local deserto, entre as montanhas. Imediatamente achamos que havia algo muito errado. Fui lá ver o que estava acontecendo. O peruano perguntou se queria ir com ele lá fora e fomos. Chegando lá vimos 2 homens cavando e outro observando. Perguntei a eles qual era a situação e me disseram que havia ocorrido um deslizamento de terra. Não eram funcionários. Eram passageiros, turistas como nós. Ofereceram-me uma pá para cavar, mas eu não quis pegá-la e voltamos ao trem para explicar às outras o que tinha ocorrido. Fomos contar para as argentinas, que estavam dando risada do fato de eu estar com camisa e mangas curtas naquela temperatura (acho que cerca de 10C ou menos). O perunao me disse “Que aventura esta viagem!”, com conotação negativa, pois estava preocupado com sua mulher. Repentinamente chegaram vários veículos, van, táxis, etc e disseram que levariam quem desejasse mediante pagamento. A matriarca da família com quem havia sentado, disse que precisava ser avaliado quantos ficariam no trem, pois se fossem poucos, poderiam sofrer assalto. Decidi então ir, como fez a maioria. Dividimos uma van até a estação de trem de Cuzco. Lembro-me da holandesa falando para combinarmos o preço na saída, de modo que não houvesse problemas na chegada. Outros veículos turísticos estavam procurando especificamente por japoneses que tinham ficado de pegar na estação. Samuel, o guia de Puno, tinha me dito que Genaro Amani (ou um nome semelhante) iria me esperar na estação e que deveria dar o voucher do hotel a ele. Mas agora com todo aquele atraso e aquela confusão, eu achava que tinha perdido o encontro e o dinheiro pago no voucher. Eram cerca de 20h. Se me lembro devíamos ter chegado por volta de 18h. Bati na porta da estação, que estava fechada, para ver se havia alguém lá que pudesse dar informações. Um militar abriu uma pequena janelinha na porta e colocou a ponta de uma metralhadora 🔫 para fora, na minha cara, perguntado em espanhol o que eu queria. Nesta hora, com o susto, falei em português. Ele percebeu que eu era estrangeiro, baixou imediatamente a metralhadora, abriu a porta da estação e me convidou a entrar. Passado o susto, perguntei do Genaro Amani e ninguém conhecia. Depois de um tempo esperando, resolvi ir para procurar um hotel, pois já estava ficando tarde. Perguntei quanto era o preço médio de um táxi. Peguei um táxi e pedi que me levasse a um hotel barato, porém seguro. Mal o táxi tinha saído, vi um grupo de alguns homens conversando. Abri o vidro e perguntei. Vocês conhecem Genaro Amani? Um deles respondeu “Sim, claro”. E olhando para um dos outros chamou “Genaro”. O homem veio e disse “Sou eu”. Eu fiquei muito desconfiado 🤔. Nunca tive sorte em jogo. Se me recordo, Cuzco tinha cerca de 300 mil habitantes naquela época. Eu escolho alguém aleatoriamente e pergunto se conhece o Genaro e ele diz que sim, que está ali ao lado. Tinha algo errado. Perguntei se conheciam Samuel, de Puno, e disseram que conheciam. Disse que eu tinha um voucher que tinha pago a ele. Fizeram uma cara de grande desagrado (como se estivessem pensando – o Samuel deu um golpe neste rapaz) e Genaro resolveu ir comigo para me direcionar ao hotel do voucher. Samuel tinha dito que era um hotel extraordinário, com o qual eu ficaria admirado. Chegamos lá e combinei com Genaro de no dia seguinte programarmos uma excursão. Ao entrar no quarto do hotel, que ficava no primeiro andar (ou em um andar superior ao térreo), acompanhado pelo atendente para receber instruções, o chão afundou no percurso para o banheiro 😄. Dirigi-me assustado ao atendente, mas ele sorriu e disse para eu ir pela beirada que não havia perigo. Já era mais de meia-noite e eu resolvi deixar para lá. Para completar ele me disse que a água quente só funcionava pela manhã. Então eu tomei banho frio antes de dormir, sendo que a temperatura estava perto de 6C . Para as atrações de Cuzco veja https://www.civitatis.com/br/cusco, https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/cusco-2/, https://www.turismocuzco.com/ e https://www.cuscoperu.com/pt/viagens/cusco, Na 5.a feira, 08/01, falando com Genaro comprei uma excursão ao Vale Sagrado. Saímos cedo e fomos conhecer Pisac, Ollantaytambo, Chinchero e alguns outros pontos. Almoçamos em um local que acho que chamava Calca. A comida estava muito boa, mas seu tempero iria me fazer um enorme estrago nos dias subsequentes. Nosso guia, chamado Nico, acho que era descente de quéchuas ou aymaras, as duas etnias preponderantes. Ele parecia conhecer muito bem a História dos incas. Ele usou um termo que eu passei a usar depois. Ele se referiu ao descobrimento da América como invasão, que eu achei ser um termo bem mais adequado do que o que tinha aprendido na escola. Ele contou sobre a origem dos incas, povos formadores, de onde herdaram suas características, organização socioeconômica, hábitos e costumes. Falou de Manco Capac e de outros líderes incas, inclusive da época da chegada dos espanhóis. fazendo a comparação histórica (e o contraponto) com as ações de Montezuma, dos astecas. Na 2.a parte do passeio, mal tínhamos entrado no ônibus, após a explicação inicial dele, dois rapazes brasileiros que estavam no banco da minha frente comentaram que ele em alguns minutos tinha dado mais informação que a guia durante todo o passeio que tinham feito no dia anterior. O ponto do vale de que mais gostei foi o Mirante, com toda a vista do vale a partir do alto. Acho que era o Mirante de Taray, perto de Pisac. Lá do alto via-se as montanhas e parte do curso do Rio Urubamba, lá embaixo, cortando o vale. Achei a vista magnífica . Gostei também das terraças de plantação, dos monumentos e construções, da fortaleza e da igreja, esta última já do período pós chegada dos espanhóis. E gostei muito também de conhecer a história com muitos detalhes, ainda mais contada por um descendente dos incas. No caminho para o mirante havia um homem de um casal comentando “Esses incas são loucos de viver num local destes”. Nada respondi, mas fiquei pensando comigo. O que alguém que tem preferências tão diferentes vem fazer num local destes? Não seria mais adequado ir a um local que mais lhe agradasse? No retorno de um dos passeio, conversando com uma argentina, esta me disse que Nico fazia alguns programas de experiências espirituais baseadas na cultura inca. Não me recordo se havia algum produto típico para beber e favorecer as experiências, como é o caso do Daime, no Brasil. Ela me falou também de Qenqo e Saqsaywaman, que eu ainda não tinha visitado. Falou-me que eram locais onde ocorriam sacrifícios humanos (de crianças e mulheres virgens) 😮. Chegando de volta, comprei com Genaro uma excursão para Machu Picchu a sair no dia seguinte, 6.a feira. À noite, o rapaz do hotel, de origem indígena, não se conformava em porque eu não usava agasalhos. Achei que não precisava. Realmente para o corpo não fez falta, mas minha face novamente ficou queimada, desta vez por causa do frio, o que acarretou dor nos dias seguintes . Após a volta da excursão, se bem me recordo em ambos os dias, fui dar um passeio por Cuzco e conhecer suas atrações principais, como a Praça de Armas, a Catedral, os monumentos e prédios históricos. Achei muito bem preservadas e bem interessantes 👍. Nestes dias em Cuzco reencontrei o paraguaio e o italiano. Quando procurava por informações de excursões, ao me perguntarem em que hotel estava hospedado, para poderem entrar em contato, e eu respondia que não me recordava, pois acho que o hotel não tinha um nome visível na porta, o paraguaio ria e ficava indignado com a minha falta de noção 😄. Acho que foi num destes dias em Cuzco ou talvez em Puno ou Lima que vi uma placa ao lado de um quartel do exército dizendo que era proibido transitar por aquela calçada. E que havia ordem de atirar para quem desrespeitasse 😮. Achei absurdo, mas compreendi o clima tenso devido ao que tinha ocorrido com o sequestro na embaixada. Na 6.a feira 09/01, pegamos o trem para Águas Calientes, cidade que fica na base da subida para Machu Picchu. Achei as paisagens magníficas . A linha férrea ia ladeando o Rio Urubamba , conhecido por suas águas propícias para Canoagem, com sua correnteza forte, as pedras e a vegetação lateral. Além disso havia as montanhas ao fundo e a vegetação robusta de árvores. Se me recordo fui ao lado de um argentino que era professor (acho que em Buenos Aires). Perguntou se eu conhecia a Argentina e, com minha resposta negativa, convidou-me para ir lá, perguntando se eu só me interessava pelo mundo andino e não pelo mundo platino. Eu estava com a camisa do Santos e ouvi um rapaz com sotaque mineiro comentando que tinha sido bom na época de Pelé, mas que agora já não era mais. Ainda não tinham aparecido Diego, Robinho, Elano, Neymar e Ganso. O argentino notou e me disse que havia um rapaz brasileiro no trem. Eu respondi que era mineiro, ele se surpreendeu e me perguntou se eu tinha descoberto pelo sotaque, o que confirmei. Numa parada, o almoço do dia anterior acho que começou a dar mostras do estrago que viria a fazer e precisei procurar um banheiro. Não tinha papel. Pedi emprestado a um rapaz que acho que era funcionário da ferrovia ou similar. Perguntei como chamava e ele me disse, com a pronúncia em espanhol “papel higiênico”. Fiquei rindo 😄. Ao chegarmos lá, pegamos o ônibus para subir até a entrada, o guia comprou os bilhetes e seguimos para os sítios históricos e arqueológicos. Durante a visita, senti um pouco de dor no rosto devido às queimaduras, que achei que eram de sol, mas depois percebi que eram do frio. O argentino percebeu e me ofereceu uma proteção para o rosto, mas eu educadamente recusei. Para informações de Machu Picchu veja https://pt.wikipedia.org/wiki/Machu_Picchu, https://www.machupicchu.gob.pe/ e https://www.machupicchu.org/. Eu gostei muito de tudo lá . Das ruínas, do significado na vida dos seus habitantes, pelo significado religioso para os incas de cada local, das terraças, da vegetação densa, transição entre Amazônia e Andes, das montanhas, da vista a partir do alto etc. O guia explicou detalhadamente os vários ambientes e vários significados. Por exemplo, que Machu Picchu significa pico velho, quais eram os cômodos de rituais e os de trabalho, quais os habitantes supostos, detalhes da descoberta por Hiram Bingham etc. A vista de Wayna Picchu (pico jovem) também me pareceu muito bela. Após terminar o passeio guiado, enquanto outros foram almoçar, fiquei bastante tempo em estado de contemplação, num ponto alto, olhando para as montanhas, a selva e as ruínas. Num dado momento, quando estava distraído na ponta de uma terraça, senti alguém me empurrar. Levei um enorme susto 😮. Pensei que poderia ser alguém desequilibrado mentalmente ou algum terrorista querendo matar um visitante. Mas não era nada disso. Era uma lhama. Eu estava bem na frente de um arbusto que ela queria comer. Eu estava atrapalhando seu almoço. Fiquei um tempo rindo depois de perceber o que tinha acontecido 😄😄😄. Depois que eles acabaram de almoçar, perto da hora de voltar, reencontrei o paraguaio e o italiano. Ainda brinquei com o italiano sobre a final da Copa de 1994, imitando a narração e o chute do pênalti do Roberto Baggio. Eu não sabia, mas futuramente muitos franceses iriam fazer muito pior comigo. Perguntei também ao paraguaio se o Paraguai estava na Copa e ele respondeu rindo, em tom de quase indignação “É claro que sim!”. Pegamos o trem de volta no meio da tarde, após descer de ônibus até a estação de Águas Calientes. Na volta foi um casal com sua filha pequenina na minha frente, de costas para o curso do trem. A menininha adorava por a mão para fora da janela, o que achei bastane temerário, mas não me pronunciei. Quando vi um túnel à frente, disse educadamente para a mãe “Cuidado”. Ela se virou, viu o túnel e puxou a menina para o banco. Quando ficou tudo escuro dentro do túnel, que não era iluminado, o pai aproveitou e fez uma brincadeira com elas. Chegamos no fim da tarde e eu estava muito feliz com o passeio feito. Reecontrei Genaro Amani. Ele me perguntou se tudo tinha corrido bem, levou-me de táxi até o hotel e me perguntou se desejava algum passeio mais. No caminho me disse que tinha tido enormes dificuldades de conseguir minha passagem aérea para Lima e que os voos estavam lotados até o meio da semana. Mas que tinha pedido minha reserva para a agência. Fiquei preocupado. Estava no meio de um projeto de software bancário que precisava ser entregue em breve. Só tinha uma semana de férias. Havia pesadas multas para a empresa, caso não conseguisse entregar no prazo, previstas na licitação. Eu eu tinha dito que estaria de volta ao trabalho na 2.a feira. Quando chegamos eu me despedi dele agradecendo e dizendo que ainda precisávamos conversar depois para acertar o valor do voucher que eu tinha pago a Samuel, caso não fosse válido no hotel e eu precisasse pagar à parte ou caso o valor do hotel fosse maior e ele tivesse pago tudo (eu também pretendia dar a ele uma pequena gratificação, de que não falei). Ele pareceu surpreso, seu semblante mudou, nós nos despedimos e eu desci do carro. Nunca mais o vi. Fiquei meio desorientado , sem saber o que fazer, por não ter voo para Lima. O que aconteceria? Teria que remarcar minha passagem de Lima a São Paulo? Foi emitida com pontos, então será que eu conseguiria? Quanto tempo eu iria atrasar minha chegada em São Paulo? Quais seriam as repercussões para o projeto? Haveria alguma outra alternativa, como havia me dito aquela moça, passando pela selva amazônica? Caso positivo, teria que passar por território dominado por grupos terroristas? Eles me veriam como inimigo ou potencial para obtenção de resgate? Nesta situação, sem pensar direito, entrei numa loja de roupas e perguntei se vendiam passagens aéreas para Lima 😄. A atendente, até que muito educada para uma pergunta como estas, disse-me que não, mas que ali ao lado existia uma agência de turismo. Entrei na loja de turismo e perguntei por passagens para Lima. A atendente e provavelmente dona, disse-me que estavam lotados todos os voos e que só teria para o meio da próxima semana. Expliquei para ela que precisava ir a Lima para pegar o voo para São Paulo, mas ela disse que não havia possibilidade de conseguir um voo. Pediu meu nome para me colocar na lista de espera para o meio da semana. Fui falando pausadamente “Fernando”, “Barreto”, “de Almeida”. Ela abriu um sorriso, abriu os braços e disse “Fernaaando, você foi o último passageiro confirmado do último voo”. Virou para a máquina de fax, puxou o papel e me mostrou, dizendo “Acabou de chegar a sua reserva, o último lugar”. Lembrei na hora de Ritchie Valens, autor de la Bamba, que morreu num acidente aéreo após ter ganho um sorteio para poder estar no voo 🤔. Mas, como não sou supersticioso, fiquei satisfeito. Ela fez todos os procedimentos de emissão da passagem e me disse para estar no aeroporto 2h antes do voo. O voo estava previsto para as 9h10, se me recordo. Naquela época era costume no Brasil pedirem para chegar ao aeroporto 1h antes. Achei 2h um tempo muito grande, mas não falei nada. Eu devia tê-la escutado, com a experiência que ela tinha daquele tipo de situação . Tranquilo com a aparente resolução do problema, fui jantar e dormir. No sábado 10/01 acordei bem cedo e resolvi ir a Qenqo (https://www.cuscoperu.com/pt/viagens/cusco/sitios-arqueologicos/q-enqo) e Saqsaywaman (https://www.cuscoperu.com/pt/viagens/cusco/sitios-arqueologicos/Sacsayhuaman). Peguei um táxi para tal. Achei ambos bem interessantes. Porém em Qenqo senti um certo ar pesado, por saber que ali eram feitos sacrifícios humanos. Depois disso, fui acertar a saída do hotel. Fiquei surpreso ao saber que não estava paga nenhuma diária. Samuel tinha pago o hotel em Puno e pensei que Genaro Amani também tinha pago o hotel em Cuzco. Depois de alguma conversação com o dono ou gerente do hotel, que sustentava que eu deveria acertar com ele, independentemente do que havia pago no voucher, resolvi pagar, pois não poderia me arriscar com o horário do voo. Tentei contato com Genaro Amani, sem sucesso. Fui ao escritório do Genaro, mas ele não estava lá. Encontrei a secretária (não sei se era sua esposa). Ela foi ao hotel, conversou com o dono ou gerente em idioma indígena na minha frente, de modo que eu não entendi nada. Mas estava claro ali que ele dizia a ela que não poderia se responsabilizar por algum negócio incorreto do Genaro e me pareceu que ele achava que Genaro enganava seus clientes. Achei que os cerca de US$ 20 que tinha pago de voucher para o Samuel estavam perdidos. Peguei um táxi e fui para o aeroporto. Cheguei por volta de 7h35, portanto cerca de 1h35 antes do voo. Havia uma fila enorme de pessoas saindo pela porta do aeroporto e ocupando a calçada. Pensei comigo “será que é para meu voo? Se for, vou perdê-lo! Eu deveria ter feito o que a dona da agência de turismo falou” . E realmente a fila era para o voo que eu pretendia pegar. Comecei a pensar nas alternativas que o indígena e a mulher peruana haviam dito, pelo meio da selva amazônica. Eram 9h e havia 2 pessoas na minha frente. Havia umas 30 a 40 atrás de mim na fila. Eram 9h10 e eu era o próximo, quando decolou um avião. Pensei “Que avião é aquele?”. Aproximei-me e perguntei se aquele era o avião em que eu deveria ter embarcado. Disseram que sim e que não comportava mais passageiros, pois senão poderia cair na selva. Não deu tempo de mais nada. Os de trás atropelaram-me e começaram a contestar fortemente os atendentes e até xingá-los 😠. O tumulto foi tanto que os agentes de segurança (não sei se do exército ou da polícia) precisaram intervir e se colocar ao lado do balcão entre os passageiros e os atendentes. Mesmo assim alguns xingamentos e contestações continuaram. Vendo que não daria para conversar daquele jeito eu me afastei um pouco do tumulto e fiquei esperando o que aconteceria. Encontrei a dona da agência que me havia vendido a passagem e ela disse que talvez houvesse um voo extra. Fiquei no aguardo. Após alguns minutos os atendentes disseram que seria colocado um voo extra, se me lembro por volta de 14h 🙏. Fiquei aliviado. A dona da agência sorriu e me disse que eu tinha ganho tempo para procurar pelo Genaro e reaver o dinheiro. Eu peguei uma van ao escritório do Genaro, mas ele não estava lá. Encontrei a secretária. Ela disse que ele não estava e que depois iria me encontrar no aeroporto. Deixei um bilhete escrito em portunhol. Eu pensei melhor e vi que eu não tinha tido tempo de conhecer alguns museus de Cuzco. Em vez de ficar tentando recuperar o dinheiro, achei que seria mais produtivo ir conhecê-los, pois era uma oportunidade única e, depois, se desse tempo, veria a questão do dinheiro. E foi o que fiz. Achei os museus muito interessantes. Ainda bem que tive tempo de conhecê-los 👍. Particularmente chamou-me a atenção o artesanato feito simbolizando a fertilidade. O genital masculino era quase da altura do boneco do homem e no boneco da mulher havia um buraco circular que ia desde a barriga até o joelho 😄. Pareceu-me que eles davam muita importância para a fertilidade, nas suas várias formas, talvez condensada na ideia de Pacha Mama. Os museus com itens dos espanhóis também me pareceram muito interessantes. Depois de ver todos os museus e locais que tinham faltado e que eu tinha achado interessantes, voltei ao aeroporto, pois não podia nem pensar em perder aquele voo. Fiz a emissão do cartão de embarque e então fui tentar reaver o dinheiro com Genaro. Liguei para lá e a secretária me disse que ele viria ao aeroporto. Já não acreditava mais. Fui ao guichê de informações, pedi para anunciar o nome dele e ninguém apareceu. Então me perguntaram se eu gostaria de abrir uma reclamação na delegacia de proteção ao turista. Fiquei em dúvida, pois não queria pegar tão pesado, envolver polícia. Mas acabei abrindo. Liguei uma última vez para a secretária e ela repetiu que ele viria ao aeroporto. Disse então que não precisava mais e tinha aberto uma reclamação na polícia de proteção ao turista. Ela levou um susto e engasgou na linha. Pareceu abalada. Passados 25 anos, eu acho que peguei pesado. Acho que não deveria ter feito a reclamação na polícia. Porque, apesar de tudo, todo o resto que ambos (Samuel e Genaro) combinaram comigo, eles cumpriram. E fiz negócios muito maiores do que US$ 20.00 com cada um deles (acho que ao todo dez vezes isso, cinco vezes com cada). Mas creio que não houve grande repercussão, pois depois de eu voltar ao Brasil, recebi uma carta da polícia de proteção ao turista com a resposta de Genaro, que eles localizaram posteriormente, dizendo que não conhecia Samuel e pedindo meu endereço para se explicar, algo que eles não deram. Talvez ele não quisesse se explicar e tenha ficado com raiva. Disseram que como não conseguiram fazer a conexão com Samuel, provavelmente não conseguiriam ressarcir o dinheiro. Mas se conseguissem, haveria despesas de US$ 12.00 para envio, sobrando US$ 8.00 líquidos. Concordei então em doar para a UNICEF tudo, caso conseguissem reaver o dinheiro, o que não ocorreu, ate onde eu sei. No geral, acho que acabei gastando muito tempo com este episódio. Peguei o voo no horário marcado, sem problemas. Se não me engano, a Companhia foi a Aero Continente. Novamente a aeromoça não entendeu muito bem minha tentativa de falar espanhol. Chegando em Lima, encontrei alguns guias turísticos no aeroporto que me indicaram um hotel em Miraflores por US$ 30.00. Achei o preço razoável, embora bem maior do que o dos hotéis anteriores. Mas como não tinha muito tempo, não fui pesquisar. Eles me levaram até lá de táxi. Uma das guias me falou das atrações de Lima e me falou para não ir passear no centro à noite pois poderia ser perigoso. De qualquer modo, não teria dado tempo. A outra guia também estava com dificuldade de entender minha tentativa de falar espanhol. Após acomodar-me no hotel, fui ao Museu de Ouro do Peru (https://museoroperu.com.pe/), que tinha visto numa reportagem da Folha de São Paulo, que tinha comigo. Peguei o táxi e lhe mostrei a folha do jornal. Não havia GPS comercial para veículos regulares, como existe hoje. Ele não entendeu muito bem o texto em português, pediu para eu traduzir. Eu tentei. Mas acho que no fim ele entendeu de qual museu se tratava e me levou ao local correto. Achei espetacular o museu . Muitas peças em ouro e prata, muitas com significado religioso dos incas. Novamente havia as peças relativas à fertilidade em destaque. Fiquei bastante tempo lá. Após sair do museu voltei para o hotel. Agora já não estava me sentindo muito bem do estômago, o que me gerava mal-estar por todo o corpo 🤢. Se me recordo saí para comer apenas um lanche. Passei uma noite ruim, quase sem dormir. Tinha planejado ir pela manhã à praia, para me banhar no Oceano Pacífico (que eu não conhecia, e em que até o momento desta escrita eu nunca me banhei). Tinham-me dito que a praia era boa para surf, mas não muito bela, e que a água era muito fria, mas eu desejava experimentar, mesmo assim. Mas meu mal-estar estomacal e a noite quase sem dormir geraram um estado de mal-estar que acabei só indo até as pedras. Olhando a vista, mas sem forças para entrar na água. Tomei o café da manhã oferecido pelo hotel com cautela, evitando qualquer alimento que pudesse gerar alguma reação maior. Acho que este estrago ainda pode ter sido consequência daquele almoço de Calca, na 5.a feira, pois foi o único local onde experimentei alimentos completamente diferentes dos com que estou acostumado. Peguei um táxi para o aeroporto. Cheguei cedo, com bastante tempo para os procedimentos de check in. Usei meus últimos pesos para tomar um suco de limão, que era o que dava para comprar com o restinho que sobrou. Durante o voo, estava bastante cansado, devido à noite quase sem dormir. O estômago havia melhorado. Raramente durmo em aviões, mas estava tão cansado que dormi 😴. Perdi a vista dos Andes. Só em alguns momentos em que acordei e olhe pela janela, pude vê-los. Por coincidência, um destes momentos foi quando sobrevoamos La Paz. Na parte final do voo, quando já estava acordado, vim conversando com uma funcionária da embaixada da França, se bem me lembro. Ela falava do desconforto que se criou na embaixada pelo posicionamento do embaixador ou de algum membro do alto escalão do governo francês, em relação ao sequestro ocorrido na embaixada do Japão. Dizia que ele falou, fez papel de bom, foi embora e as pessoas da embaixada ficaram sob ameaças dos grupos terroristas. Cheguei em São Paulo no fim da tarde. Já estava recuperado para voltar a trabalhar no dia seguinte. 🙂
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RELATO TRIP - @der_wanderlust .pdfINTRODUÇÃO E PREPARATIVOS para quem quiser, tem a versão mais bonitinha em PDF aqui -> (edit: NÃO SEI PORQUE O ARQUIVO PDF APARECE COMO INDISPONÍVEL PARA DOWNLOAD, MAS QUEM QUISER O RELATO COMPLETO EM PDF, É SÓ CHAMAR NO INSTA @der_wanderlust) RELATO TRIP - @der_wanderlust .pdf PROMESSA FEITA, PROMESSA CUMPRIDA... Fala galera mochileira e não-mochileira, Depois de ter colocado o pézinho pra fora desse Brasilzão pela primeira vez na vida na minha primeira trip internacional, me sinto na obrigação moral de retribuir a toda ajuda que eu recebi de outros mochileiros que já tinham feito esse rolê antes, e que compartilharam suas experiências de viagem, para que pessoas como eu, que nunca tinham comprado sequer uma passagem aérea antes, pudessem viver uma das experiências mais incríveis da vida: mochilar!!! Então, cumprindo a promessa que fiz antes de viajar, cá estou eu, escrevendo este relato, que também espero que inspire muitas outras pessoas a pegarem sua mochila e partirem pro mundo, porque viajar é preciso!!! RESUMÃO O clássico mochilão pelos três países, 40 dias, desembarcando em Lima, indo pra Ica, Arequipa, acampando com escoteiros do mundo todo em Cusco, depois indo pra Puno, passando por Copacabana, La Paz, fazendo a travessia do Salar do Uyuni e chegando no Atacama e descendo até a capital chilena para pegar o voo de volta para casa. Tudo realizado entre julho e agosto de 2018, rodando mais de 5.000 km, só andando de bus entre cidades (porque pobre tem que fazer o dinheiro render kkkk). E por falar de dinheiro, vamos a parte interessante. João, quanto custou essa brincadeira toda? Pois bem, vamos por partes: Comida, transportes, hospedagens e passeios fora do acampamento (30 dias) R$ 4743 (1000 euros) Lembrancinhas e bugigangas pra família toda R$ 667 (parte em dólar, parte em reais) Passagens Áereas (Londrina-Lima/Santiago-Londrina) R$ 1476 (em reais mesmo) Acampamento em Cusco (10 dias, tudo incluso) R$ 1409 (exclua isso da sua planilha) Chip Internacional EasySIM4U R$ 120 (e ganha 6 revistas super tops) Seguro Viagem (40 dias) R$ 110 (economizei 500 dólares com ele) Excluindo o monte de blusa, chaveiro, cobertor, poncho que eu comprei lá (tudo é muito barato no Peru e na Bolívia), foram R$ 7850 tudinho mesmo. O que mais me pesou foram as passagens aéreas, por eu ter que sair do meu país Londrina-PR (pequena Londres com preços de Suíça), que só tem um aeroporto regional, as passagens saíram uns 300 reais mais caras do que se saísse de Guarulhos, só que ai gastaria com ônibus até São Paulo e no fim das contas daria na mesma. Então, considerando os 30 dias que eu estava na viagem “regular”, ou seja, que eu não estava acampado, minha média foi de R$ 163 por dia (alimentação, passeios, ingressos, hospedagem e transporte). Saiu um pouco caro, mas muito mais barato do que se eu tivesse ido de pacote de agência de viagem que se vende aqui no Brasil. O ROTEIRO O roteiro eu mostro detalhado aí embaixo com o mapa do My Maps (usem o My Maps, é muito bom pra quando você está planejando que lugares quer conhecer, ver quais cidades são próximas, quanto tempo de deslocamento e coisas assim). O roteiro por cidades ficou desse jeito: 20 jun – Londrina/Lima 21 jun – Lima - (City Tour) 22 jun – Lima/Ica - (Miraflores) 23 jun – Paracas/Huacachina - (Reserva Nacional e Islas Ballestas) 24 jun – Arequipa - (City Tour) 25 jun – Arequipa - (Trekking Canion del Colca) 26 jun – Arequipa/Cusco - (Trekking Canion del Colca) 27 jun/05 ago - Acampamento Vale Sagrado 06 ago – Cusco - (Maras e Moray) 07 ago – Cusco - (Dia no Hospital) 08 ago – Cusco/Águas Calientes - (Trilha hidrelétrica) 09 ago – Machu Picchu - (Huayna Picchu) 10 ago – Águas Calientes/Cusco - (Trilha de volta) 11 ago – Cusco - (Montanha Colorida) 12 ago – Cusco - (Laguna Humantay) 13 ago – Cusco/Puno - (Mercado San Pedro) 14 ago – Puno/Copacabana - (Islas Flotantes de Uros) 15 ago – Copacabana/La Paz - (Isla del Sol e Isla de la Luna) 16 ago – La Paz - (City Tour) 17 ago – La Paz - (Downhill Estrada da Morte) 18 ago – La Paz/Uyuni - (Chacaltaya e Vale de la Luna) 19 ago – Uyuni -(Salar 3 dias) 20 ago – Uyuni - (Salar 3 dias) 21 ago – Uyuni/San Pedro de Atacama - (Salar e Vale de la Luna) 22 ago – San Pedro de Atacama - (Lagunas Escondidas e Tour Astronomico) 23 ago – San Pedro de Atacama/Santiago - (Geyseres del Tatio) 24 ago – Santiago - (1700 km rodados pelo Chile) 25 ago – Santiago - (City Tour) 26 ago – Viña del Mar/Valparaíso - (Bate e volta) 27 ago – Santiago - (Cajón del Maipo) 28 ago – Santiago/Londrina Quando eu sai do Brasil, planejava ficar mais dias em Huacachina e menos em Arequipa, planejava fazer o tour do Vale Sagrado Sul em Cusco, assim como outros passeios em San Pedro de Atacama, mas como não viajei com o roteiro amarrado, ou seja, não tinha comprado passagem de bus nenhuma, nem reservado passeios ou hostels (exceto por Machu Picchu), pude muda-lo na hora, seja por amizades que fiz no caminho, ou por perrengues como o dia 07/08 que eu passei no hospital (isso eu conto depois). Por isso eu não recomendo comprar nada daqui do Brasil, nem reservar passeios, nem passagens de ônibus, nem hospedagem, tudo você consegue lá na hora, pechinchando e barganhando, assim você consegue preços melhores e não fica com o roteiro amarrado, você tem mais flexibilidade caso mude de ideia ou aconteça alguma coisa. Não tem segredo, tem que pesquisar, na internet, em blogs de viagens, no Mochileiros.com, em relatos de quem já foi, no meu caso, peguei um roteiro de 20 dias num blog, e fui adaptando, adicionando cidades e passeios, vendo os ônibus e hostels que eu poderia usar. Para os passeios, eu procurava nos relatos do Mochileiros.com e via as agências que a galera recomendava e já ia anotando o nome e o preço que pagaram pelos passeios. Para a hospedagem, eu procurava no Booking.com o nome da cidade, ordenava pelo menor preço, e ia vendo as avaliações da galera, se tinham curtido o lugar, mas sem reservar nada, só anotava o nome, o preço da diária, e quando chegava na cidade, ia direto nele (muitas vezes reservava o hostel pelo Booking quando chegava na cidade, pra não ter que pagar em caso de cancelamento). Para os transportes entre cidades, procurava no Rome2Rio as empresas que faziam o trajeto, o preço médio das passagens e já deixava anotado, mas também comprava só quando chegava na cidade, teve alguns que deixei pra comprar no dia da viagem mesmo. Para a alimentação, era na raça mesmo, perguntava para os locais mesmo onde tinha lugar bom e barato para comer, mas para planejamento, calculava R$ 40,00 por dia com comida. Tinha vez que gastava R$ 10,00, tinha dia que gastava R$ 50,00, mas fome não passava kkk. QUANTO LEVAR? Depois de definir o roteiro, ia anotando numa planilha no Excel mesmo, o roteiro por dia, os preços médios dos passeios, dos ônibus, das hospedagens, mais uns R$ 40,00 por dia pra comer, somei tudo e levei uns 20% a mais, só pra garantir. Funcionou bem, pelas minhas contas, eu precisava levar 1400 euros, trouxe 400 de volta, que já estão guardados para a próxima trip. Mas ainda levei meu cartão de crédito internacional, já desbloqueado para operações no exterior, só para uma possível emergência. Felizmente não precisei usá-lo. PREPARATIVOS Passagens Aéreas As duas piores partes da viagem são: comprar passagens aéreas e comprar moeda estrangeira, porque independentemente do quanto você pesquisa, parece que sempre você tá perdendo dinheiro. As passagens eu recomendo comprar uns 4 ou 5 meses antes da viagem. As minhas, comecei a procurar em janeiro, comprei em março, pra uma viagem para julho. Como eu tinha definido o roteiro primeiro, sabia que queria chegar por Lima e sair por Santiago, então procurava em todos os sites de busca possível na vida. Usei a opção “Múltiplos Destinos” ou “Várias Cidades”, passagens Londrina-Lima (20/07) e Santiago-Londrina (27/08), o Skyscanner tinha os melhores preços, mas ainda assim estava meio caro (R$1600). No site da Latam, Avianca, tudo acima de R$1800. Aí por acaso eu fui andar no centro da cidade um dia e passei em frente a agência da CVC, estava com sede, aí pensei, vou entrar, fingir que quero um orçamento e tomar uma água né? Tinha certeza que na agência de turismo seria o lugar mais caro. A atendente fez a busca no sistema dela, aí me disse: “R$ 1500 e pouco com bagagem despachada”, e eu: “como assim???? Mais barato que no site da Latam”. Acabei comprando lá, e como paguei a vista, teve um descontinho lá e saiu por R$1476 (comprei a passagem em março, minha viagem era em julho). Depois, de vez em quando eu olhava nos sites de busca e o preço não abaixava mais, então acredito que peguei a passagem com o preço mais barato possível kkk. A única coisa, é que em junho, a Latam trocou as escalas do meu voo de volta, ai a CVC me ligou para avisar que se eu voltasse no dia 27/08, teria uma escala noturna gigante no Rio de Janeiro, e acabaria chegando no dia 28/08, então ela me propôs voltar dia 28/08 num voo que eu pegaria escalas menores e chegaria no mesmo dia. Aceitei, o que foi a melhor coisa, porque ganhei um dia extra no fim da viagem. Chip Internacional Vou ser bem sincero, eu queria muito não ter comprado, mas como estava com tudo sem reservar, não conhecia nada, e queria dar um up no meu Instagram, fazer uns stories legais e postar tudo (pobre quando viaja tem que mostrar pra meio mundo, né?), e ainda por cima apareceu uma promoção da Revista Aprendiz de Viajante, que na compra de 6 revistas por R$ 120,00, de brinde ganhava um chip da EasySIM4U, com 4G ilimitado por 30 dias em todos os países, acabei comprando, não me arrependo, a internet funcionou muito bem mesmo, nas cidades, em alguns passeios, até em Machu Picchu funcionava, só no Salar do Uyuni que não tinha sinal nenhum. Também é possível comprar os chips nos países, não custa caro, mas tem que por crédito, troca o número, e tem franquia limitada, além de trocar o chip sempre que troca de país. Esse chip internacional funcionou nos 3 países, mas não servia pra ligações, apenas dados móveis. Além disso, como viagem era de 39 dias, e o chip só funcionaria por 30 dias, coloquei sua data de ativação para a partir do 9° dia, assim teria internet nos últimos 30 dias. Nos primeiros dias teria que me virar pedindo “la contraseña del wifi”. Usar chip brasileiro no exterior é pedir para pagar absurdos no fim do mês. Moeda Estrangeira Essa parte é com certeza a mais complicada, como levar dinheiro para a viagem? Reais, dólar, euro, cartão internacional, tele sena? Primeiramente, o cartão, mesmo sendo mais seguro, cobrava muitas taxas, fora os impostos que eram altíssimos para uso no exterior, além disso, muitos lugares não aceitam, então já risquei da minha lista. Bem, a moeda do Peru é o Novo Sol (S/)(PEN), da Bolívia é o Boliviano (Bs.)(BOB), e do Chile é o Peso Chileno ($)(CLP), por serem moedas “fracas”, suas cotações para compra no Brasil são as piores, então, ou compre dólar/euro no Brasil para trocar lá, ou leve real e troque lá. No meu caso, depois de muitas contas, cheguei à conclusão de que compensaria levar dólar ou euro, ao invés de reais. Para saber se compensa é só usar a formulinha que eu desenvolvi kkk (Quanto consigo em Soles levando Dólares) / (Quanto consigo em Soles levando Reais * Preço do Dólar em Reais) Se essa conta for maior do que 1, leve dólar, caso contrário, leve reais. Essa fórmula serve para todas as outras moedas, substituindo Soles por Bolivianos, Pesos, ou qualquer outra moeda fraca. Também pode ser substituído o Dólar por Euro, ou Libra, ou outra moeda forte. País Peru Bolívia Chile Real 0,77 PEN 1,65 BOB 152 CLP Euro 3,80 PEN 8,00 BOB 753 CLP Dólar 3,25 PEN 6,90 BOB 650 CLP As cotações estavam assim, então preferi comprar euros. No Banco do Brasil a cotação estava melhor que nas casas de câmbio, e para funcionários, não é cobrada a taxa de operação, então se você tem algum parente ou conhecido que trabalhe lá...#ficaadica. Enfim, comprei 1400 euros por R$4,72 para levar, depois comprei mais 250 dólares por R$4,04, e na véspera, minha tia ainda me deu mais R$300 para comprar um poncho de lhama kkk. Toda essa grana devidamente guardada num saquinho de plástico com um papelão no meio para não amassar, dentro de uma doleira que eu usava amarrada na coxa (na cintura é muito manjada) por baixo da calça, com medo de alguém roubar aquilo assim que eu saísse do aeroporto. Importante, não dobrar as notas de dólar ou euro, lá eles são bem chatos com isso. Voltei para casa com R$200,00, 400 euros e 20 dólares. Seguro Viagem Aproveitei a Black Friday de 2017 e comprei o seguro viagem da Allianz Mondial, por R$109, plano América do Sul Standart, para 30 dias, estava com 50% OFF. Aí, em março, quando comprei a passagem para mais de 30 dias, liguei lá, expliquei a situação, aí cancelaram minha apólice, devolveram todo meu dinheiro, e fizeram uma nova apólice de 40 dias por R$110, pasmem. E pelo menos no meu caso, não foi um gasto, foi um investimento muito bem usado. Certificado Internacional de Vacinação Essa porc%#** desse certificado, teoricamente é obrigatório para entrar na Bolívia ou Amazônia Peruana, aí todo mundo se mata pra conseguir, tendo que ir em algum posto da ANVISA para tirar (é de graça), aí chega na hora da viagem e ninguém nem pede (ninguém me pediu). Mas é a famosa Lei de Murphy, se você viajar sem, tenha certeza de que te pedirão, então não arrisque, procure onde é o posto da ANVISA mais próximo da sua casa e faça esse certificado. Ingresso para Machu Picchu O famoso ingresso, como eu ia na alta temporada (junho a agosto) e queria subir a Huayna Picchu (aquela montanha que aparece no fundo de MP), tive que comprar o ingresso em abril para poder subir em agosto. Caso você não queira subir nenhuma montanha ou vá na baixa temporada, não precisa de tanta antecipação. O acesso ao parque é limitado a 2000 pessoas por dia. Pedi para um guia turístico que mora em Cusco que conheci num grupo de viagens do Whatsapp, para que ele comprasse para mim, para que eu conseguisse o desconto de estudante. Mandei foto da minha carteirinha (ISIC e normal) e ele conseguiu comprar com desconto, de 200 soles, paguei 125. Mas caso você não tenha carteirinha, pode comprar pelo site oficial http://www.machupicchu.gob.pe/, ou pode deixar para comprar lá em Cusco mesmo. Mochilas De bagagem de mão, eu levei uma mochila de ataque de 30 L daquelas da Decathlon (comprem essas coisas na Decathlon que é top e barato), com uma pastinha com o passaporte, certificado de vacinação, passagens aéreas e minha caderneta de anotações. Já pra despachar foram: uma cargueira de 85 L da Conquista que eu já tinha há anos, com praticamente tudo dentro, além de um saco de dormir para -15° (emprestado de um amigo), um isolante térmico inflável (também da Decathlon e também emprestado de um amigo) e minha barraca Azteq Katmandu 2/3. Para não despachar esse monte de coisa amarrado e correr o risco de perder tudo ou alguém enfiar drogas na minha mochila cheia de zíperes (minha mãe assiste aquelas séries de aeroportos no NetGeo e ficou morrendo de medo kkk), eu pedi pra um amigo que trabalha com tapeçaria e ele costurou um saco para colocar tudo dentro e com um zíper só para poder passar um cadeado e deixar a mãe tranquila (ficou parecido com uma bolsa de academia). O que levar? Para detalhar melhor, tá aí uma lista completinha de tudo que eu levei: · 1 bota impermeável (Yellow Boot Timberland), 1 tênis (All Star velho), 1 par de chinelos e 1 par de alpargatas. · 2 toalhas de banho (1 normal e 1 daquelas da Decathlon que seca rápido) e 1 toalha de rosto, Kit banho (shampoo, condicionador, sabonete e bucha). · 1 estojo (pasta, escova, fio dental, desodorante, perfume, repelente). · Hidratante e protetor labial (levem, senão a boca e o rosto de vocês esfarelam no deserto). · 4 calças (2 jeans, 1 de sarja com elástico e 1 de moletom) e 2 bermudas (1 jeans e 1 de praia). · 8 camisetas. · 12 cuecas e 7 pares de meia. · 2 camisetas segunda pele. · 3 blusas (2 de lã e 1 de moletom). · 1 casaco impermeável corta-vento (R$199 na Decathlon, melhor investimento). · Pacote de lenços umedecidos. · Remédios usuais (antialérgico, sal de fruta, band-aid, para dor de garganta, Dramin) · Pasta com os documentos. · Doleira com a grana (dólar e euro). · Carteira com a grana trocada, cartão de crédito internacional para emergências, carteirinha de estudante. · Celular, carregador, fones de ouvido, bateria extra, adaptador. · 2 cadeados e algumas sacolinhas plásticas. · Caderneta e caneta. · 1 óculos de sol e relógio de pulso. · 1 rolo de papel higiênico. · 1 pacote de paçoca rolha e 1 saco de bala de banana (pra fazer a alegria da gringaiada). Me arrependi de levar tantas blusas porque lá acabei comprando mais (Mercado São Pedro em Cusco é sucesso), luvas, toucas e cachecóis não compensa levar daqui, porque lá tem mais bonitos e mais baratos. Devia ter levado e acabei me esquecendo, protetor solar, lá é caríssimo, aí tinha que ficar pedindo emprestado pros outros, e não esqueçam que nos Andes o Sol é mais forte, fora o vento e a secura do ar, então levem creme, hidratante para o rosto e lábios porque vão usar e muito! DIÁRIO DE BORDO Nos capítulos seguintes, vou contar como que foram os passeios, dia por dia, tentei lembrar e ser o mais fiel possível com todos os fatos passados, contando os perrengues, minhas impressões, também tentei contar tudo do modo mais descontraído que eu consigo ser (uiii ele é superdescontraído ele hehe). Coloquei algumas fotos para tentar ilustrar o que eu vivi, os lugares por onde passei, a grande maioria delas foi tirada do meu celular mesmo, como não tenho câmeras profissionais, nem GoPro, tive que me virar nos trinta com meu Galaxy S7 Edge, mas felizmente, a câmera dele é bem razoável, algumas poucas fotos, lá na parte do Atacama, foram tiradas com um iPhone X de um desconhecido que eu pedi para tirar do celular dele, porque o meu estava sem bateria e ele me mandou pelo Whatsapp depois. O relato em si acabou ficando mais longo do que o planejado, então, caso você não esteja com muita paciência para ler tudo, ou queira só um resumo, no final de cada dia eu coloquei um quadrado cinza com todos meus gastos diários, nome das empresas de bus, de algumas agências, dos hostels onde fiquei hospedado. Além disso, coloquei também algumas caixas coloridas com informações importantes em destaque, deem uma olhada nelas. Do mais, é isso, espero que curtam, e qualquer coisa, pergunta, dúvida, me chamem no Instagram @der_wanderlust que eu respondo com o maior prazer. Bora lá!!!
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Cusco, 17 de outubro A viagem de ônibus entre Arequipa e Cusco não foi muito tranquila… Houve uma parada longa para lanche e banheiros no caminho e a calefação do perturbou bastante. No começo, um calor danado e depois ficou alternando entre os níveis "inferno e polar". Teve um momento em que começamos a subir uma grande serra e os ouvidos sofreram um pouco. Em resumo, nem consegui dormir, só alternei entre alguns breves cochilos. Chegando aos arredores de Cusco por volta das 5:50h, foi feito um sorteio no ônibus de uma passagem de volta à Arequipa e acabei saindo o ganhador! Uhuuuuu… Só que não, né? Não tinha como usar o voucher, que era válido por 20 dias. Mas valeu pela emoção, afinal de contas, sempre sou azarado com sorteios e quando ganho não levo… rsrsrsrs Fui olhando pela janela e tendo as primeiras impressões sobre Cusco… Bem feinha essa entrada da cidade… Chegamos ao terminal de ônibus às 06:30h, que também não era grande coisa. Tratei logo de pegar a mochila e sair em busca de um transporte antes que os demais passageiros chegassem. Pela distância já tive uma idéia do valor máximo que pagaria no táxi e, assim que o enxame de motoristas me cercou, já fui tratando de negociar. Inicialmente pediram 10 soles e ofereci 6, mas acabe fechando por 7 soles para não aguardar muito. Coloquei as mochilas em mais um micro-táxi e partimos para o hostel… Atento ao caminho, fui acompanhando o trajeto no Google Maps e observando os detalhes. Naquela manhã de segunda feira, o trânsito estava tranquilo e poucas pessoas estavam pelas ruas. Devia estar por volta de uns 15 graus de temperatura e estava usando a jaqueta mais leve. E o motorista era bem animado e conversador, ainda mais quando soube que eu era do Brasil 😉 O caminho foi ficando cada vez mais íngreme e estreito e o táxi foi literalmente pulando naquelas ruas de calçamento em pedra já no entorno do centro histórico. Numa rua em que mal dava para passar um carro, veio outro na contra mão e o motorista deu o jeito dele para poder passar… carro pequeno é bom por isso… rsrsrs Chegamos à Calle Arco Iris e fui até a recepção do Kurumi Hostel. Como era muito cedo, confirmei a reserva, fiz o check in antecipadamente (cortesia, pois seria somente às 11h) e gentilmente o proprietário me convidou para tomar um café da manhã, o que, de pronto, aceitei. (note a inscrição da Companhia de Jesus no pórtico!) No café da manhã me forneceram 2 pães, café com leite, um copo de suco, geleia, margarina e uma banana. Tudo muito bom e bem vindo para quem acabara de chegar faminto de viagem! Achei muito boa a hospitalidade e também a estrutura do lugar. Essa é a parte do jardim, com o refeitório ao fundo à esquerda (amarelo), lavanderia também à esquerda. O muro que aparece era parte de uma construção inca. Deixei as coisas no quarto que era compartilhado, peguei as câmeras e parti para explorar os arredores. O Hostel fica numa parte elevada da cidade, bem próximo à igreja de San Cristóbal e também do acesso à Sacsayhuaman. Da igreja tive uma bela visão panorâmica de Cusco e, por ser um lugar histórico, me detive um pouco mais para registrar. Além da igreja, um grande muro de pedras muito bem trabalhadas chamava a atenção. Era uma antiga construção inca de um quartel abaixo de Sacsayhuaman. Descendo, fui em direção às próximas atrações que já havia marcado no Google Maps. As ruas com calçamento em pedra e os vestígios de antigas construções chamavam a atenção… Pelo caminho, passei em frente ao hotel que o taxista tinha dito que era um dos mais caros da cidade, o Palácio Nazarenas (5 estrelas), situado em um importante construção histórica inca que, no período colonial, havia abrigado um antigo convento. No muro de pedras bem na esquina, estão 7 cobras em alto relevo no entorno, um dos poucos sinais do templo que havia no lugar. Quando os espanhóis chegaram para ocupar Cusco, os templos foram destruídos mas grande parte dos edifícios serviram como base para a construção de igrejas, quartéis e casarões. As pedras removidas foram usadas para erguer as catedrais, calçamento e fortificações. Mas o que eu queria ver mesmo era a Pedra dos 12 ângulos, uma verdadeira prova da habilidade de recorte e encaixe de grandes blocos na qual a perícia dos Incas ficou conhecida. Realmente impressiona pela precisão tanto dos cortes quanto pelos encaixes perfeitos, formando uma construção sólida que resistiu aos piores terremotos desde a construção. Andar pelas ruas estreitas é como estar em um museu a céu aberto! Difícil caminhar muitos passos sem ter que parar para apreciar os detalhes e tirar muitas fotos. E assim fui indo descendo… até que passei em frente a uma agência de turismo e fui perguntar, por curiosidade, sobre os passeios. Pelo que eu havia pesquisado até então, não daria para fazer o passeio ao Vale Sagrado, devido ao horário que cheguei. Mas, para a minha surpresa, fui informado que daqui a 15 minutos sairia um tour… E por somente 30 soles! Putz, perguntei se daria tempo e, como responderam que sim, tratei de sair correndo para trocar o dinheiro e pegar algumas coisas no Hostel, pois falaram que me esperariam. Na avenida El Sol encontrei a melhor cotação de toda a viagem 1 Sol por Real! Nossa, troquei dólares e reais e subi correndo até o Hostel. (quase morri subindo correndo por essas escadas) Peguei um casaco (ainda bem, porque à tarde gelou), mais baterias para as câmeras e um lanche. Cheguei na agência no horário combinado. Descemos correndo até a Plaza de Armas e a van já havia saído. Até fiquei com raiva, porque eu não atrasei e me garantiram que daria tempo. A alternativa que me arrumaram era pegar um táxi que conheciam. Conversamos com o motorista e ele queria cobrar 20 Soles! Nem pensar. O passeio de quase um dia inteiro era 30!. Ofereci somente 10 soles e ele acabou aceitando. Saimos rápido e fomos subindo a cidade toda, passando Sacsayhuaman e indo bem mais adiante. Pelo que andamos, até achei que os 10 soles tinham sido pouco… rsrsrs Encontramos o ônibus no caminho e, finalmente embarquei no passeio. Paguei os 30 soles para a guia e tratei de me acomodar na janela… como sempre! Ufa, que correria! Ainda bem que o período em Arequipa serviu para me aclimatar em relação à altitude, senão não teria esse fôlego todo de sair subindo e descendo por Cusco. E quem diria, justamente um dos passeios que mais queria e que já havia me conformado de que não conseguiria fazer estava agora em andamento… E, como tudo tem o seu preço, depois me traria um contratempo que quase arruinou a minha aventura… Mas isso, veremos nos próximo episódios!
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Olá pessoal, após a leitura de muitos relatos de viajantes que foram ao Peru de carro ou moto e não tiveram maiores problemas, decidimos encarar uma viagem de carro até lá. Foram alguns meses de preparativos até a definição do roteiro final (que alteramos pouca coisa no decorrer da viagem), no qual pretendíamos visitar os principais pontos turísticos acessíveis com o nosso veículo, procurando realizar uma viagem econômica mas sem passar apertos. Decidimos ir pelo norte da Argentina e norte do Chile, assim passamos novamente por locais já visitados na viagem que fizemos em 2012 ao Atacama http://www.mochileiros.com/atacama-de-carro-video-com-a-filmagem-completa-da-estrada-pelo-paso-de-jama-t75603.html. Dentre os principais objetivos da viagem estavam: Salta, Tilcara, San Pedro de Atacama, Antofagasta, Iquique, Arequipa, Nasca, Lima, Cusco, Machu Picchu e Puno. Irei fazer um relato para cada dia da viagem, com fotos e gastos com hotéis e combustíveis. Filmei toda a viagem com uma câmera no parabrisa do carro, pretendo colocar em cada relato um video com o trecho percorrido. Nesse primeiro post vou colocar o mapa do trajeto percorrido, os documentos que levamos para cada país e algumas dicas. A planilha de gastos está disponível para baixar como anexo Documentos necessários: Argentina: Passaporte ou RG, Carteira de motorista, CRLV do veículo em nome de algum dos viajantes, Seguro Carta Verde Chile - Passaporte ou RG, Carteira de motorista, CRLV do veículo em nome de algum dos viajantes e seguro SOAPEX Peru - Passaporte ou RG, Carteira de motorista, CRLV do veículo em nome de algum dos viajantes, Seguro SOAT Dica: Não é obrigatório, mas recomendo levar a Carteira Internacional de Motorista (PID). Os policiais olham e já percebem que você está mais preparado. Recomendo levar também o passaporte, agiliza os trâmites na fronteira. Levamos também o manual do carro com o carimbo da última revisão para comprovar que revisamos antes da viagem e o CRLV do ano anterior para as abordagens policiais. Assim quando éramos parados entregávamos a PID e CRLV do ano anterior e deixamos o CRLV atual e a carteira de motorista guardadas para mostrar somente nas aduanas. Além dos documentos, levamos os seguintes equipamentos para o veículo: 2º triângulo, cambão e um kit de primeiros socorros. Nenhum desses itens foram solicitados (nessa e nas outras duas viagens que fizemos pela Argentina e Chile), mas como já tínhamos, levamos assim mesmo. Antes da viagem fizemos uma boa revisão no carro, trocamos o óleo, filtro de gasolina, óleo, ar condicionado, fizemos geometria, balanceamento e alinhamento das rodas e pedimos para dar uma olhada geral na suspensão e freios. Também compramos duas lâmpadas reservas para o farol baixo, já que é obrigatório circular com elas ligadas mesmo de dia nas estradas. O seguro Carta Verde adquirimos pela nossa seguradora, Porto Seguros sem custo adicional. Foi solicitado logo na entreda da Argentina, é possível fazer nas cidades fronteiriças também. Já o seguro SOAPEX para o Chile, emitimos online pelo site: http://www.magallanes.cl/magallaneswebneo/index.aspx?channel=8212 e o pagamento pode ser feito pelo Paypal e você escolhe o período de vigência. O seguro SOAT, obrigatório para o Peru, fizemos em Tacna (La Positiva no endereço Calle Apurímac 201 - 209), mas é possível fazer logo após a aduana de Santa Rosa, que faz fronteira com o Chile. Duzentos metros depois da aduana a direita há uma placa indicando o local onde é vendido o seguro. Por 30 dias pagamos o equivalente a 40 soles. É fundamental fazer esse seguro para não ter problemas nas estradas peruanas. No decorrer dos relatos vamos contando sobre as abordagens dos policiais nas estradas do Peru. O seguro do nosso carro só tem extensão de perímetro para os países do Mercosul e Chile, não conseguimos fazer a cobertura para o Peru, acabamos indo sem. Com relação ao dinheiro, preferimos levar dólares para trocar no Chile e Peru. Para a Argentina, levamos reais e fizemos o cambio na fronteira, a cotação estava AR$ 1,00 = R$ 0,27 ao passo que em Tilcara estava AR$ 1,00 = R$ 0,53. O ideal é trocar todo o dinheiro a ser usado na Argentina logo na fronteira. Para o Chile e o Peru íamos trocando conforme a necessidade. O real tem uma boa cotação am Arequipa, Lima, Cusco e Puno, nos demais locais a cotação estava péssima. Pagamos os hotéis em dólares e fazíamos as reservas pelo Booking durante o decorrer da viagem. No Chile e Peru ao efetuar o pagamento em dólares não é necessário pagar o imposto local os viajantes que ficam menos de 60 dias no país. Na Argentina, estava compensando pagar em pesos, por que na conversão ficava mais barato o hotel. Todos os hotéis que ficamos possuem estacionamento e no decorrer dos relatos vamos colocando o nome, localização e preço na data que ficamos. A viagem durou cerca de 30 dias e percorremos em torno de 11500km. Optamos por ir e voltar pelo Atacama e norte da Argentina por ser um trajeto conhecido e relativamente tranquilo, mas é cansativo ir e voltar pelo mesmo caminho. Segue abaixo os mapas com o trajeto da ida e da volta. Indice de postagens: Dia 01 - 25/12/2015 - Mais dicas importantes e primeiro dia da viagem Dia 02 - 26/12/2015 - De Curitiba a San ignacio[AR] Dia 03 - 27/12/2015 - De San ignacio a Salta Dia 04 - 28/12/2015 - De Salta a Tilcara Dia 05 - 29/12/2015 - De Tilcara[AR] a San Pedro de Atacama[CH] Como chegar ao posto Copec em San Pedro Dia 06 - 30/12/2015 - Passeios em San Pedro de Atacama Dia 07 - 31/12/2015 - Passeio nas Lagunas Antiplánicas Dia 08 - 01/01/2016 - De San Pedro de Atacama a Antofagasta Dia 09 - 02/01/2016 - De Antofagasta a Iquique Dia 10 - 03/01/2016 - De Iquique[CH] a Tacna[PE] Dia 11 - 04/01/2016 - De Tacna a Arequipa Dia 12 - 05/01/2016 - Passeios em Arequipa Dia 13 - 06/01/2016 - De Arequipa a Nasca Dia 14 - 07/01/2016 - De Nasca a Lima Dias 15,16 e 17 - 08-09-10/01/2016 - Passeios em Lima Dia 18 - 11/01/2016 - De Lima a Nasca Dia 19 - 12/01/2016 - De Nasca a Abancay Dia 20 - 13/01/2016 - De Abancay a Cusco Dia 21 - 14/01/2016 - Passeios em Cusco Dia 22 - 15/01/2016 - De Cusco a Ollantaytambo - Vale Sagrado Dia 23 - 16/01/2016 - Machu Picchu Dia 24 - 17/01/2016 - De Ollantaytambo a Puno Dia 25 - 18/01/2016 - Passeio as Ilhas de Uros e viagem de Puno a Tacna Dia 26 - 19/01/2016 - De Tacna[Peru] a Calama[Chile] Dia 27 - 20/01/2016 - De Calama[Chile] a General Guemes[Argentina] Dia 28 - 21/01/2016 - De General Guemes a Corrientes Dia 29 - 22/01/2016 - De Corrientes a Foz do Iguaçu Dia 30 - 23/01/2016 - Ida ao Paraguai e viagem de Foz do Iguaçu a Curitiba Trajeto da ida Trajeto da volta Vídeos das estradas percorridas na viagem, 12000km de filmagens: https://www.youtube.com/watch?v=YONvHjLMuvo https://www.youtube.com/watch?v=AQd5D_jPLTI https://www.youtube.com/watch?v=2_Rhrro_UxA https://www.youtube.com/watch?v=VyrmKHBqEyM https://www.youtube.com/watch?v=msWEf08eEK8 https://www.youtube.com/watch?v=SXT08k1E1MQ https://www.youtube.com/watch?v=Rr_F5LcxRuI https://www.youtube.com/watch?v=Bjxx2GfF4rw https://www.youtube.com/watch?v=_wt0e_PNv6g https://www.youtube.com/watch?v=sBM6Wdcmcr4 https://www.youtube.com/watch?v=O4e877RVuq8 https://www.youtube.com/watch?v=k969QIa3xTM https://www.youtube.com/watch?v=Th_ike28o7Q https://www.youtube.com/watch?v=AtL-UCZhvO8 https://www.youtube.com/watch?v=N1SJV43F1v0 https://www.youtube.com/watch?v=XQMlBuwxplw despesas.xls
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Assista em Video no Youtube - Cusco Um breve resumo de tudo que fiz em Cusco e seus arredores. Para realizar os passeios básico, serão necessário no mínimo 5 dias, o recomendado 1 semana. Dos 5 dias, 2 gastei em Cusco para planejar a viagem para Machu Picchu, fechar os pacotes turísticos, visitar os museus e o sítio arqueológico Sacsayhuaman. Teve 1 dia inteiro para o passeio ao Vale Sagrado, optei pela versão VIP que é bem mais completo, que inclui Moray e Salinera de Maras. E 2 dias somente para Machu Picchu. Machu Picchu fica longe de Cusco e terá que ir de trem até a cidade próxima chamada de Machu Picchu Pueblo, mais conhecido como Aguas Calientes, que era o antigo nome. É cansativo se tentar um bate-volta. Então, 1 dia será para chegada na cidade de trem, na manhã seguinte visitar o sítio arqueológico Machu Picchu e voltar de trem à tarde para Cusco. Lembre de comprar o seu boleto turístico que é um ingresso que contém um pacote fechado de vários museus, sítios arqueológicos, teatros e eventos culturais. É possível economizar uma boa grana, ao invés de pagar por cada ingresso separadamente. Principalmente se for realizar o passeio pelo Vale Sagrado. Compre ele no Museu de Arte Popular, próximo a Plaza de Armas. O boleto custa 130 soles, que dá em torno de R$ 150,00 e vale por 10 dias. O Sacsayhuaman fica na parte elevada de Cusco, é um pouco cansativo se for a pé, leva de 30 a 40 minutos do centro da cidade e é uma subida bem longa. Se quiser, poderá ir de taxi. Chinchero é o início do passeio ao Vale Sagrado. Acabei contratando uma agência de turismo que saiu por 50 soles por pessoa, em torno de R$ 58,00. Estava incluído o transporte com Van, guia local e o almoço. As entradas terá que pagar por contra própria, adquirindo o boleto turístico. Moray e Salinera de Maras, estão incluídos somente no pacote de Vale Sagrado VIP, que é o que eu recomendo por ser a mais completo. Muitos acabam emendando este pacote com a ida ao Machu Picchu, mas não recomendo fazer isso porque você vai acabar perdendo a visita ao Pisaq. Minha dica é que faça o tour do Vale Sagrado por completo e depois se preocupe somente com o Machu Picchu. As Salineras de Maras, este local não está contemplado no boleto turístico, então terá que pagar a entrada de 10 soles por pessoa, que dá em torno de R$ 12,00. Em Ollantaytambo fica localizada a estação de trem que vai te levar até Machu Picchu Pueblo. As pessoas que emendam o pacote do Vale Sagrado com Machu Picchu, acabam por permanecer por aqui e não terminam o passeio do Vale Sagrado. Esta cidade fica a 2 horas de Cusco. Lembrando que não é possível chegar a Machu Picchu de carro ou Van. Haverá sempre um trecho, mesmo que pequeno em que terá de realizar de trem ou a pé. Pisaq é a última parte do passeio pelo Vale Sagrado, que é bem recomendável visitar. Depois disso fui para a cidade de Machu Picchu Pueblo de trem. Os pacotes vendidos pelas agências é em torno de 220 a 250 dólares por pessoa e nele estão incluídos a ida e volta de trem, entrada ao Machu Picchu, hospedagem, em alguns casos refeição, outros a visita aos termas e a van para subir ao sítio arqueológico, algumas agência incluem somente a ida de van sem a volta. Negocie a ida e volta, porque descer a pé e muito cansativo. No meu caso, fiz tudo por conta própria, pois o valor era muito alto para poder confiar em qualquer agência de turismo. E não é tão difícil organizar isso sozinho, poderá realizar a reserva de hotel pelo site do Booking. O trem pelo site do Peru Rail ou Inca Rail. Optei pelo Peru Rail por ter uma grande disponibilidade de horários e era um pouco mais barato que a concorrente. A entrada para Machu Picchu já tinha comprado em Cusco e a van que te leva até o sítio arqueológico poderá ser reservado em Machu Picchu Pueblo. Existem as opções um pouco mais baratas de se chegar a Machu Picchu, mas que no final de contas é mais cansativo e demandará mais do seu tempo. O preço dos trens é bem caro, bem abusivo. Paguei em torno de 500 soles, em torno de R$ 570,00. A van que te leva até o sitio arqueológico custa em torno de 79 soles, ou R$ 90,00 para ida e volta. O ingresso do Machu Pichu foi de 152 soles, ou R$ 175,00. Creio que se eles continuarem a aumentar mais os preços, talvez não compense mais. Ultimamente têm criado várias regras restrigindo a quantidade de pessoas. Outras vezes, obrigavam a contratar um guia local para adentrar ao Machu Picchu. Por sorte, não foi exigido na minha vez. É um lugar para se visitar 1 vez e nunca mais. Haja grana para isso. Mas pelo menos a vista foi de matar, não é a toa que é uma das maravilhas do mundo. Aproveitem esse pequeno resumo com os melhores momentos de Machu Picchu. * Links: - Andean Flicker Adventure (Pacote Vale Sagrado) Endereço: Calle Educandas, 375 - Cusco Whats (Yessica): +51 984 982 013 Tel: +51 084 599 832 E-Mail: andeanflickeradventuresperu@gmail.com https://www.facebook.com/flickeradven...
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Assista em Video no Youtube - Chinchero Vou comentar aqui sobre o Tour que fiz ao Vale Sagrado. O Vale Sagrado dos Incas, nos andes peruanos, tem esse nome porque está composto por numerosos rios que descem por pequenos vales e nele estão os vários monumentos arqueológicos e os povoados indígenas. Em relação ao pacote vendido pelas agências, existem o Vale Sagrado e a versão VIP que seria a mais completa. O comum engloba os seguintes sítios arqueológicos: Chinchero, Urubamba, que é onde fazem o almoço. Ollantaytambo e o Pisaq. A versão VIP, tem tudo isso que comentei anteriormente, adicionados os sitios de Moray e Salineras de Maras. E aqui em Chinchero seria a primeira parte da visita, antes eles nos levam a uma loja ou um centro artístico da cidade, para fomentar a cultura local. Mostram o processo de tingimento do pêlo de animais e os ingredientes ou produtos utilizados. Foi bem interessante. Vale lembrar que a grande receita do turismo no Peru é meio que monopolizado e dificilmente vai para a população local. Então a única forma de poder patrocinar o desenvolvimento da cidade, é adquirindo ou comprando esses artigos, souvenirs, artesanatos e roupas da região. Aproveite para fazer as compras nessas lojas. Eles possuam vários artigos interessantes. Gostei mais dos bonequinhos de lhamas, as crianças vão adorar. Na saída da loja, aproveite para comer o milho cozido com queijo. É uma delícia, recomendo experimentarem. Voltando sobre o passeio, leva dia todo, saem por volta das 7 horas da manhã e retornam às 7 horas da noite. E paguei em torno de 50 soles por pessoa que dá em torno de R$ 58,00. Mas isso porque consegui um desconto, por estar com mais pessoas. Na verdade é um pouco mais caro. Lembrando também que para realizar este tour, será necessário você adquirir o tal Boleto Turístico, conforme comentei no video de Cusco. Dê uma olhada lá, que terá as informações necessárias. Sobre Chinchero, ele está a 3.772 metros acima do nível do mar, então cansa um pouco você subir pelas escadarias. Foi um local em que tiveram vários conflitos entre os incas e os espanhóis. E no final do século XVI, o vice-rei construi uma fazenda e montou uma igreja no alto da cidade. É possível ver os terraços agrícolas, que seriam essas dobras na terra, que evitavam a erosão e permitiam o cultivo ou plantações de alimentos. Mais comum na época seriam as batatas. Depois vocês vão ver a igreja em que é possível ver a mistura da religião católica com a cultura indigena. Mas pena que não foram permitidas o registro de imagens dentro do local. Após isso estaremos visitando o próximo sítio arquiológico Moray. Fique com o restinho do video deste trajeto e aguarde os próximos episódios. Valeu! Por fim, curta, comente, compartilhe e se inscreva no canal. Valeu! * Links: - Andean Flicker Adventure (Pacote Vale Sagrado) Endereço: Calle Educandas, 375 - Cusco Whats (Yessica): +51 984 982 013 Tel: +51 084 599 832 E-Mail: andeanflickeradventuresperu@gmail.com https://www.facebook.com/flickeradven...
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Vim trazer o meu relato pessoal e algumas dicas para quem for a Cusco. Foram 8 dias inesquecíveis. Meu voo foi dia 27 de setembro, de Salvador na Bahia a Cusco foram 2 conexões (em Guarulhos e em Santiago do Chile), um total de 14 horas de viagem com conexões curtas (a maior foi 3 horas em SP, suficiente apenas para comer alguma coisa e seguir). Minhas passagens não incluíam bagagem, portanto viajei apenas com bagagem de mão, mas despachei ainda em Salvador pq não tinha espaço no avião (para meu alívio, a mala chegou sã e salva em Cusco). Cheguei em Cusco as 16h, peguei um taxi no aeroporto por 20 soles (o hotel chegou a pedir meus dados para o transfer, mas não confirmou e nem foi me buscar). Nesse primeiro momento fiquei no hotel Qolqampta, indico fortemente, local agradável, café da manhã ok, quarto confortável. A única desvantagem foi a localização, apesar de perto da plaza de armas, o prédio fica no topo de uma ladeira (tudo em Cusco é ladeira!), e num primeiro momento de aclimatação, seu corpo pode reclamar um pouco. Ainda no Brasil eu contratei a empresa Qorianka para fazer o passeio de Machu Picchu (o único que contratei antes de chegar la, dado a disponibilidade de ingressos). A noite Max da empresa estava me esperando para explicar como funcionaria o passeio mais aguardado da vida. Eu super indico a empresa. Preço ok, responsabilidade, compromisso, serviço de excelência. Foi ele que me indicou um lugar com melhor câmbio para comprar soles, os melhores lugares para comer, foram eles que compraram meu boleto turístico. Literalmente, fazem de tudo para nos sentirmos confortáveis e seguros. Acabei comprando os outros passeios com eles. Dia 28 - reservei o dia para me adaptar a Cusco, conheci o mercado San Blas, o Mercado São Pedro, comprei soles e orcei os outros passeios. Dica importante: usem protetor solar! O clima em Cusco no geral é frio, a noite e pela manhã é muito, muito frio (entre 5 e 10 graus), mas no decorrer do dia vai esquentando e o sol queima (estou bronzeada como se tivesse ido para alguma praia do nordeste). Fiz a cotação de preços dos passeios e a sensação que tive foi a seguinte: nos lugares confiáveis o preço parece ser tabelado. Descartei os mais baratos e os mais caros por motivos óbvios, e recorri à Qorianka. Como já tinha fechado MP com eles, pedi um desconto e funcionou. Primeiro vou descrever meu roteiro e a seguir passo minhas impressões e conselhos. Plaza de Armas Dia 29: contratei o passeio Vale Sagrado + MP, com a Qorianka incluia traslado do hotel + passeio pelo Vale Sagrado dos Incas (Pisac, Ollantaytambo) + trem voyager inca rail de ida e volta + ônibus de subida e descida a MP + ingresso de entrada da cidadela, com montanha machu pichu (que eu escolhi subir) + almoço do dia 29 + diária no povoado de águas calientes + traslado de volta Ollanta - Cusco. Sai as 8h do hotel fiz checkout (como ia ficar uma noite em aguas calientes, encerrei no qolqampta e reservei o hostel milhouse a partir do dia 30. a Qorianka cuidou de pegar minhas malas em um hotel e levar para o outro), passamos por pisac, almoçamos em um restaurante buffet muito bom, seguimos para ollantaytambo, e depois do city tuor peguei o trem para Aguas Calientes. São 1h30 de viagem, chegando no povoado já tinha um rapaz do hotel me aguardando com meu nome. Esse hotel terrazas de luna é um espetáculo à parte, muito confortável, o banheiro tem até banheira, o café da manha sensacional. A noite uma representante da Qorianka foi me encontrar para me explicar como funcionaria a subida a MP no dia seguinte. Ollantaytambo Dia 30: sai cedo do hotel, peguei o ônibus de subida a MP. Entrei na cidadela as 7h, fiz um tour guiado até 7h50, e subi a montanha (o ingresso da montanha era de 7h as 8h). A subida é, para dizer o mínimo, extenuante. São necessárias cerca de 3 horas para ir e voltar, a subida é íngreme e toda em escadarias. É cansativo, mas vale muito a pena. A vista panorâmica de MP é sensacional!!! Subi as 7h55 e as 10h50 estava de volta. Aquela história de que para descer todo santo ajuda é balela, sofri demais na descida, joelhos e tornozelos doeram bastante. Fiquei em MP até as 12h, peguei o ônibus as 12h30, cheguei em águas calientes, almocei e peguei minha mochila no hotel. Meu trem de retorno foi as 15h. Chegando em Ollantaytambo já tinha uma pessoa segurando meu nome em um cartaz, pronto para me levar de volta a Cusco. Chegando em Cusco me deixaram no hostel Milhouse, minha mala já estava lá. Fiz o checkin e aproveitei o bar e restaurante de la (maravilhosos, por sinal). Vista da cidadela de cima da montanha Machu Picchu Dia 1: reservei Laguna Humantay. O traslado da Qorianka foi me buscar pontualmente as 4h15 no hostel. O pacote inclui: traslado + café da manhã + guia + almoço. O trajeto é um pouco longo, mas como é cedo, aproveitei para dormir. Tomamos café num hostel de uma cidadezinha q fica no caminho e seguimos viagem. Percorremos cerca de 1h30 até o lugar que a van nos deixa e começamos a caminhada. Percorri o trajeto de ida em 1h45, sofri um pouco nesse trajeto. A subida até a laguna é em terreno acidentado e cerca de 80% subida, chegamos a mais de 4.000 metros de altitude, o que deixa o ar rarefeito e causa o temido mal da montanha. Quem quiser, ou não aguentar, pode fazer mais da metade desse trajeto a cavalo, eu percorri caminhando mesmo. Dentre as sensações está o cansaço extremo, a frequente falta de ar e a dor de cabeça, mas para mim, nada insuportável. Ao chegar no destino, vc esquece toda essa dor. É lindo demais. Lindo e muito, muito frio. Aproveite para tirar muitaas fotos em ângulos diferentes (a cor da água muda conforme a incidência da luz). Ficamos cerca de 30 minutos e retornamos. A descida foi mais tranquila, alguns trechos consegui correr um pouco em zig zag, oq ameniza um pouco o esforço do joelho. Chegamos na van, percorremos cerca de 1h30 e paramos para o almoço estilo buffet, depois retornamos a Cusco. Chegando por volta das 16h. Novamente, aproveitei o bar e restaurante do milhouse. Laguna Humantay Dia 2: Salineras de Maras e Moray. Esse passeio é de meio dia e incluia: traslado + guia. A van da Qorianka me pegou no hotel pontualmente as 8h. Passamos em Chinchero, onde vc vai ter a explicação completa de como os tecidos são produzidos, vai ser muito bem recebido com um chá delicioso, poder tirar belas fotos e fazer algumas comprinhas. Depois segue para Moray, um laboratório de experimentação agrícola lindissimo. O último ponto da viagem são as salineras, que custa 10 soles a entrada, e n está incluida no pacote, que também vai te render fotos maravilhosas. Chegamos em Cusco as 14h. Já em Cusco aproveitei o mercado São Pedro para fazer compras (considerei o melhor preço), tomei café numa lanchonete e fui dormir. Moray Dia 3: Montaña Colorida. O passeio da Qorianka incluia: traslado + guia + café da manhã + entradas + almoço. A van me pegou as 4h30 pontualmente. Seguimos viagem por cerca de 1h30 e paramos para tomar um belo café em estilo buffet. O guia nos passou as explicações gerais de como seria a subida, cuidados a tomar, dificuldades que poderíamos encontrar. Depois do café seguimos viagem por cerca de 1h e chegamos ao local q as vans ficam e começa a caminhada. A subida da Montaña é menos íngreme do que a da Laguna, mas a altitude é bem maior (chegamos a 5.200 metros no topo do deck para tirar as fotos), e por isso algumas pessoas sofrem muito mais. Eu me senti bem mais disposta. Realmente não senti nenhum desconforto, nem na subida nem na descida, mas fiz o trajeto no meu tempo (cerca de 3h entre subida e descida dos 8km total). Tem a opção de subir a cavalo, mas dispensei. existem 3 pontos q fornecem banheiros, ao custo de 1 soles. A vista é simplesmente fenomenal. A montanha é tudo aquilo que vemos nas fotos e mais um pouco. mas só conseguimos ficar no topo por cerca de 20 minutos devido ao frio. É realmente congelante. Algumas pessoas do grupo passaram mal na descida. Voltamos, paramos para almoçar no mesmo local do café, depois seguimos viagem. Chegamos em Cusco as 16h. Já em Cusco o meu corpo sentiu tudo que não tinha sentido nos outros dias. Tive o mal da montanha no último dia da viagem e passei muito mal o resto do dia. Montaña Dia 4: meu voo saiu as 10h. Max da Qorianka me deu de brinde o traslado até o aeroporto. Me pegaram as 8h em ponto no hostel, cheguei no aeroporto as 8h20. Meu voo de volta incluia 2 conexões (em Lima e em Guarulhos). Como a ida, a volta durou 14h de Cusco a Salvador. Cheguei na Bahia as 2h45. Gente, Machu Pichu é tudo que dizem, e mais um pouco. É maravilhoso. A sensação de subir a Montanha e ver a cidadela la de cima é indescritível. No fim das contas, considerei meu roteiro apertado, acredito que o ideal para não levar meu corpo à exaustão, deveria ter sido 10 dias (incluindo os 2 necessários para a ida e volta). A Qorianka foi sensacional. Indico fortemente! A logística toda funcionou perfeitamente, não tive nenhum imprevisto e eles estavam sempre disponíveis para me ajudar. Considerando que viajei sozinha, não ter qualquer preocupação com roteiros e imprevistos foi muito importante. Os 10 soles que a gente paga para entrar na salineras fica retido com a empresa que é responsável pela compra e beneficiamento do sal, nada desse valor é destinado às famílias responsáveis por retirar o sal (a elas cabe apenas o valor pago pelos sacos). Juro que se soubesse disso, não teria entrado. Eu acredito em um turismo que ajuda a fortalecer a população local, não uma empresa especifica. Comam em restaurantes peruanos, comprem dos peruanos. Os guias de Cusco são extremamente organizados e politizados, além de serem excelentes no que fazem. A comida peruana é muito boa. Os restaurantes tem o menu turistico: por 20 a 25 soles vc desfruta de uma refeição completa- entrada, prato principal, sobremesa e/ou bebida. Indico experimentar o ceviche peruano, a trucha, a sopa crioula (maravilhosa), a chicha morada, o pisco sour e o lomo saltado. Comprei vitamina C efervescente la em Cusco, e tomava 1 pela manha e 1 a noite. Considero que foi essencial para manter minha imunidade ok. O frio em Cusco é cruel. As mudanças de temperatura são drásticas. Para quem tem rinite, sinusite e amidalite, não ter sentido absolutamente nada, foi uma bênção. Estou à disposição para dúvidas. Esses relatos me ajudaram demais a montar a viagem perfeita!!
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Fala pessoal, segue mais um vlog de viagem! Continuamos o nosso mochilão e viagem ao Peru, fazendo o famoso passeio do Vale Sagrado, partindo da Cidade de Cusco (Roteiro Vale Sagrado). Neste vídeo visitamos, as feirinhas de Pisac, as ruínas de Qantus Raqay, assim como seguimos viagem até as ruínas incas de Ollantaytambo, que são incríveis! Ainda, você poderá tirar aquela dúvida por meio deste vídeo de como montar um roteiro bacana para visitar esses pontos turísticos tão surpreendentes deste país maravilhoso que é o Peru.
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