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1º VEZ – OUTUBRO DE 2014 Aproveitando pra fugir do estresse do primeiro turno das eleições presidenciais (Dilma x Aécio), eu e minha namorada viajamos para Paraty em busca de um fim de semana de sossego e trilha. Ao chegar na rodoviária já pegamos o coletivo Corisquinho que nos levou até o ponto final, onde é dada o início da caminhada. Na rodoviária tem um papel no mural que mostra todos os horários dos ônibus, que no geral saem a cada hora. Descendo do ônibus não tem muito mistério, basta continuar subindo pela rua principal, as casas logo vão desaparecendo e a medida que nos aproximamos da montanha também vamos ganhamos altura. Surgem algumas pequenas bifurcações, em uma delas foi preciso entrar um pouco apenas pra confirmar que terminaria em um quintal, fora isso o caminho é a estradinha principal e as bifurcações não chegam a nos confundir. Uns 600m depois dessa bifurcação tem uma outra, dessa vez é uma estradinha menor que se junta a principal. Nesse trecho da estrada não tem praticamente sombra, o que tornou a subida bem cansativa apesar do céu nublado. Subindo um pouco mais, chegamos numa porteira repleta de placas com os nomes da fazenda, aqui paramos pra dar um gole na água e depois continuar. Pouco a frente surge um rio bem raso fácil de ser vencido, pra não se molhar, basta entrar pela porteira da fazenda e cruzar a pequena ponte que tem bem do lado. Daqui em diante já começa a floresta e a estradinha vai ficando coberta por folhas secas e pequenos galhos, rente as cercas é constante a presença de goiabeiras e pés de limão ao longo da subida. Alguma pequenas porteiras aparecem pelo caminho, todas elas são devidamente numeradas de maneira não sequencial desde a porteira principal. A medida que subíamos esperávamos encontrar a tal casinha no final da estrada, que indicaria o início da trilha de fato, passamos por um pequeno acesso a esquerda mas ignoramos, no segundo acesso que encontramos, paramos pra dar uma olhada no GPS do celular e mesmo indicou que nós já estávamos na reta pra subir o vale que levaria até o marco da divisa. Assim que entramos nesse acesso, cruzamos o rio e a trilha continuava muito bem demarcada do outro lado, não tivemos dúvida e continuamos. Um pouco a frente surge uma cerca com uma pequena porteira e uma placa que indicava a proibição de caça, tudo igual ao relatado pelo Augusto, continuamos subindo pela trilha que ia ficando mais estreita aos poucos. Enquanto subíamos uma chuvinha fina nos fez puxar as capas de chuva, que só atrapalhou, pois a chuva foi rápida. A trilha seguia bem demarcada, apenas com uma árvore ou outra pelo caminho que exigia um contorno, mas nada demais. Com um bom ritmo chegamos no alto da montanha por volta das 11h, exatamente quando surgiu um bambuzal e a trilha acabou. O terreno entre os bambus era limpo, o que possibilitava vários caminhos diferentes, após dar uma procurada e não achar nada, consultamos o GPS pra se localizar e vi que estávamos bem na linha de cumeada que divide os estados, porém bem a sudeste de onde eu acreditava ser o marco de concreto. Foi nesse momento que tive a estúpida ideia de dizer: “vamos nessa direção aqui que lá na frente encontramos a trilha novamente”. Os primeiros metros não foram tão difíceis, após o bambuzal a vegetação ainda era mais aberta e nós apenas descemos o morro contornando algumas árvores e rochas enquanto andávamos suavemente na direção do que pensávamos ser a trilha. A medida que o tempo passava, o mato ia se fechando o caminho ia ficando cada vez mais esquisito e eu já tinha descartado a possibilidade de voltar porque achava que já tinha avançado muito pra poder desistir dali. Com mais um tempo nós já estávamos descendo pelo lado paulista meio que no piloto automático, apenas na expectativa de encontrar a trilha em algum momento mais adiante, porém toda essa descida era extremamente lenta e agoniante. Os cipós pareciam mais armadilhas feitas com corda pra amarrar os pés, as raízes e pedras camufladas serviam pra tropeçar a cada metro andado, sem contar o mato fechado e repleto de espinhos pra furar toda a canela e os braços. Uma vez ou outra o caminho ficava mais aberto e conseguíamos dar uns passos sem precisar parar pra desviar de alguma coisa, mas logo o mato se fechava novamente o que nos dava um tremendo desânimo. Passamos toda a tarde assim: “vamos por aqui que tá melhor”, “vamos pro outro lado do rio porque acho que a trilha está lá”, “vamos nessa direção que acho que vamos encontrar o caminho", paralelo a todo esse perrengue eu ainda tentava aparentar uma certa tranquilidade pra não aterrorizar ainda mais a Karina que já estava pra lá de amedrontada. Nos perdemos da trilha mas ao mesmo tempo não estávamos perdidos na mata, pois essa descida que sai na casa de farinha é toda dentro de um vale, então bastava ir descendo ou seguindo o próprio rio, que uma hora ou outra encontraríamos a BR-101, a casa de farinha ou mesmo trilha que tínhamos perdido, mas o medo dela ou eu torcer o pé ou se machucar, me deixava muito apreensivo. Esgotados mentalmente e fisicamente depois de passar a tarde toda presos na mata, encontramos uma lugar perfeito pra montar a barraca. Coisa do destino mesmo, era ao lado de uma enorme rocha, com uma faixa de areia bem regular, exatamente do tamanho da barraca e próximo ao rio principal. Conseguimos fazer uma janta e dormir numa boa, bem no meio da mata fechada e ao som da floresta. Na manhã seguinte levantamos cedo e antes das 7h já estávamos novamente cortando mato. Nos primeiros 20 minutos apenas descemos o barranco e avançamos poucos metros, a perspectiva era desanimadora. Toda a manhã foi como na tarde anterior, mato fechado, espinho, tombo e até uma pequena cobra surgiu no nosso caminho pra rir da nossa cara. Em certo momento em uma parte mais aberta, achamos uma pequena linha contínua que ligeiramente parecia ser a trilha mas ela não tinha continuação e novamente voltamos pro vara mato. As horas iam passando e eu ficava imaginando que em mais algumas horas nós conseguiríamos sair dali, na pior das hipóteses perderíamos as eleições, talvez até as passagens de volta pra casa. Com muitas horas de caminhada e alguns biscoitos no estomago, enquanto seguíamos sempre na direção de saída do vale, do nada surgiu a bendita trilha por trás de umas folhas bem nítida e muito bem demarcada, ela parecia rir e debochar da nossa cara. O ânimo tomou conta de nós e seguimos apressados por ela mesmo sem saber onde ela ia chegar. Era sobe e desce constante, atravessando rios de um lado pro outro, mas nos momentos de dúvida sequer cogitei sair dela pra ir procurar rsrs, só continuava após ter certeza que era realmente a continuação da trilha. A medida que andávamos ela ia ficando cada vez mais larga e finalmente saímos de cara com a casa de farinha do lado de Ubatuba, ainda batemos um papo com o velho dono do lugar e seguimos mais uns quilômetros até a BR-101, ainda perdemos um ônibus enquanto caminhávamos até o ponto, e só então depois de mais 1 hora pegamos o ônibus pra divisa e depois pra Paraty, não conseguimos votar (grandes merda) e ainda perdemos o ônibus, voltamos pra casa só de madrugada e eu já tinha vontade de voltar descobrir onde errei. Porteira com placas no meio da estrada Estradinha no meio da floresta Área descampada adjacente à trilha Trilha bem fechada Local do pernoite Primeiros sinais de que estávamos perto da saída Fim da travessia na casa de farinha em Ubatuba 2º VEZ – MARÇO DE 2015 Ainda meio encucado desde a última vez, queria muito fazer a trilha certa do início ao fim mas ao mesmo tempo o péssimo tempo desanimava muito. Consegui convencer a Karina a ir pelo menos até o final da estradinha pra ver o que tinha nela e que no primeiro sinal de trilha fechada nós voltávamos. E assim fizemos, fomos até o final da estradinha, quase o dobro da distância de onde entramos na primeira vez, e finalmente surgiu a tal “última casa” do relato do Augusto. Vi que a trilha continuava bem discreta adiante mas o tempo fechado e a chuva fina nos fez voltar e adiar mais uma vez. Pra não perder a viagem ainda tomei um banho nas águas geladas do rio e voltamos pra Paraty. A tal última casa da trilha 3º VEZ – JULHO DE 2016 Depois de um fim de semana em Paraty, fui sozinho tentar fazer a trilha pelo caminho certo. Parti depois do almoço da rodoviária e ao descer no ponto final fiz o caminho pela terceira vez. Apesar do tempo bem agradável, a caminhada me fazia suar litros e meu ritmo acelerado fazia com que eu ouvisse o coração batendo. Ao chegar no final da estradinha, peguei uns limões e fui adiante na trilha bem discreta, a mesma do relato do Jorge Soto, não precisei ir muito longe pra ver que ela não ia dar em nada além de vara mato, então voltei pela estradinha convencido que a trilha é mesmo por onde fui da primeira vez. Chegando lá havia uma moto estacionada e o som distante de uma motosserra cantando, prossegui normalmente até passar por uma porteira de uma área descampada, de onde vinha o som da motosserra mas nem quis buscar informação com o cara e continuei andando. Mais a frente acho que peguei um acesso errado e acabei acessando uma enorme área com uma casa imensa, repleto de pé de limão e algumas ferramentas espalhadas, nenhuma alma viva no local e sem continuação da trilha em nenhum lugar. Eu deveria ter voltado até a porteira do descampado e visto onde foi que eu saí da trilha, mas novamente acabei optando pelo caminho mais difícil e fui varando mato até interceptar a trilha mais à frente. Não demorei muito e encontrei a trilha mais a frente, que subia de forma considerável e bem discreta. Mais algum tempo de caminhada, com o sol já ausente cheguei em um ponto que ficou plano, com alguns blocos de pedra e muito bambu, ao olhar pro lado me deparei com o tal marco de concreto, parei por ali mesmo e me alojei pra passar a noite. Jantei um miojo com sardinha e deitei na rede ao som dos milhares de bichos cantando, demorei um pouco pra pegar no sono mas a noite foi relativamente boa. Acordei por volta das 7 horas, arrumei as coisas e comi alguma coisa antes de partir. Encostei a mochila e fui dar uma volta pra ver como seria o acesso que leva a trilha que sobe até o Cuzcuzeiro, a curta varada de mato do dia anterior já me desanimou e me fez desistir assim que percebi que não havia uma trilha clara. Concluir a travessia naquela altura já estava de bom tamanho, então comecei a descer lentamente seguindo o rastro de trilha não muito claro. A cada pequeno sinal de mato fechado eu parava e voltava um pouco até achar o caminho certo, e assim fui descendo a montanha lentamente mas pelo caminho certo, hora com uma trilha bem clara hora com mato fechado ou grandes troncos de árvores caídas fechando o caminho. Após muita descida e de cruzar diversos cursos d’água de um lado pro outro, cheguei em um ponto que não dava em lugar nenhum, voltei diversas vezes e não achei saída, já ciente que não estava muito distante saí varando mato e descendo pelo rio até tentar cruzar com a trilha novamente. Depois de se rasgar todo no mato, que é de lei rsrs, achei do nada a trilha muito bem demarcada e foi só seguir tranquilo até o final. Após aquele sobe e desce que não chega nunca, avistei os primeiros sinais da casa de farinha e dei uma parada pra um mergulho. A água estava gelada ao extremo mas o corpo tava tão cansado que foi muito relaxante o banho. Chegando na casa de farinha ainda consegui uma carona até Parati, com dois comerciantes que estavam visitando o local. Um dia volto lá, de preferência pra ir até o cuscuzeiro, caso alguém tenha interesse é só me convidar, se perder naquele mato é meu hobby rsrsrs. Bifurcação pra acessar a trilha Porteira de acesso a casa Casa no meio da floresta Marco da divisa de estado