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Prólogo Virou costume. Nas ocasiões sociais, volta e meia um amigo ou parente solta a frase: “E aí, qual sua próxima caminhada?”. Confesso que fico surpreso, pois fiz pouquíssimas trilhas até hoje. Inclusive não faz muito tempo eu ia de carro à padaria da rua de baixo. Porém, pelos caminhos sinuosos da vida, acabei me encontrando pelas trilhas afora. E nos últimos tempos a resposta para tal pergunta era: “vou caminhar em torno do Mont Blanc, cruzando as fronteiras da França, Itália e Suíça.” Fiquei ciente desta trilha através dos relatos do Elias, do portal Extremos. Antes de pesquisar mais detalhes, a primeira palavra que me vinha à cabeça relacionada ao Tour era “neve”. Ainda não a conhecia pessoalmente. Seria uma ótima oportunidade, somado ao desafio físico mais intenso que a trilha demandaria. Valeria a pena cruzar o oceano para isso. Iniciei então as pesquisas sobre o TMB. Destaco algumas informações interessantes: A trilha percorre cerca de 170 km (dependendo da rota e das variantes escolhidas, pode aumentar um pouco) em torno do Mont Blanc, atravessando 3 países: França, Itália e Suíça. O sentido pode ser horário e anti-horário, sendo o último o mais tradicional (e que eu optei). Não há um lugar oficial de início. Tradicionalmente a maioria das pessoas inicia em Les Houches. Optei por fazer o mesmo, apesar de vir pela Itália. Teoricamente seria mais prático iniciar por Courmayeur. Porém descobri que dessa forma, os últimos 4 ou 5 dias formariam a sequência mais dura do percurso. Iniciando por Les Houches, quebraria estes dias difíceis em 2 partes. A duração do Tour pode variar entre 8 e 12 dias, dependendo do preparo e disponibilidade de tempo. O período para se fazer a trilha é restrito ao verão (final de Junho até meados de Setembro) pois a neve e o mau tempo inviabilizam boa parte da rota no restante do ano. O inverno de 2018 na Europa fora rigoroso, então eu estava ciente de que poderiam haver algumas complicações na trilha por conta do degelo mais tardio em algumas rotas. Pode-se contratar agência com guia, autoguiada (sem o guia, mas com as hospedagens e orientações de rota providenciadas) ou seguir por conta própria, fazendo pessoalmente as reservas. Optei pela última opção, após descobrir que a trilha é bem sinalizada. Encaro o planejamento como uma parte interessante da aventura. As hospedagens variam entre hotéis e albergues nos vilarejos, e abrigos de montanhas nas partes mais isoladas. Muita gente segue acampando, porém é bom atentar que nem todo trecho possui permissão para camping. Voando do Brasil, as cidades mais práticas para se pousar são Genebra, Paris ou Milão. Fui por Milão pois faria um tour pela Itália após a caminhada.
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Pretendo fazer o Caminho de Santiago, mas, por conta da minha profissão, só posso me ausentar por mais de 30 dias durante e recesso forense. Alguém já fez, ou pretende fazer, o caminho francês nos meses de dezembro/janeiro e tem mais informações? Mais do que o frio eu receio o excesso de chuva e aumento da carga a ser carregada, tendo em vista que as roupas de inverno são mais pesadas e ocupam mais espaço.
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http://jorgebeer.multiply.com/photos/album/200/Travessia-Pico-Ruivo-Arieiro TRAVESSIA NO TETO DA MADEIRA C/ tamanho 4 vezes o de Ilhabela e distante apenas 500km da África, a Ilha da Madeira é uma porção rochosa encravada no Atlântico repleta de encostas floridas q se contrapõem à escarpas de respeitáveis desníveis e enormes montanhas de origem vulcânica. O clima e a paisagem são de eterna primavera; sua mata nativa, a laurissilva, foi declarada Reserva da Biosfera. E aproveitando uma breve passagem pelo arquipélago, não hesitei conhecer td isso pelas inumeras "levadas" q circundam a ilha principal, um emaranhado de trilhas formadas pelos aqueodutos construídos no inicio da colonização portuguesa, no séc. 15. Entre elas, a puxada travessia de crista dos maiores picos da Madeira, o Areeiro e o Ruivo, q nos brinda c/ panorâmicas soberbas do maciço central da ilha, 2mil m acima do nível do mar. Somente assim p/ conhecer esta pérola portuguesa q encanta os europeus desde q a elite inglesa a elegeu seu refugio de verão. E descobrir q a ilha tem mais a oferecer q seu bom vinho aos novos visitantes. Levantei preguicosamente as 7hrs, ainda sob efeito da ressaca da noite anterior. As noitadas portuguesas até q são animadas, mesmo q embaladas c/ goles de cerveja Coral, abisinto e toneladas de tremoços. Deixei entao meu pouso p; ganhar as ruas de Funchal, a capital da Madeira, ainda numa fria escuridão. Passando pela face moderna e sofisticada da cidade, assim como pelo seu belo centro histórico, um precioso emaranhado de ruelas íngremes e casario do séc. 18, não é a toa q Funchal ganhou a alcunha de "Pequena Lisboa". Os poucos transeuntes q andarilhavam àquelas horas não tiravam os olhos da minha cargueira nos ombros. Cargueira? Sim, as dicas davam conta q a pernada daquele dia seria apenas bate-volta. Entretanto, como estava fora do meu habitat e as infos eram desencontradas, levei td equipo no caso de qq imprevisto. Mesmo já ciente q na região é proibido o camping selvagem, pois td o maciço central faz parte, em tese, do Parque Natural da Madeira, q abrange 2/3 da ilha. Cheguei entao na Praça Autonoma, rente à orla, e me prostei na fila do pto à espera do "autocarro" Funchal-Boaventura (via São Vicente), q é como aqui eles chamam nosso tradicional busão. Enqto checava pela enésima vez as tralhas da mochila, chegou o busao. Enfim, saimos de Funchal pontualmente as 7:30, inicialmente atraves da avenida principal, p/ depois tomar a sinuosa estrada q costeia praticamente td a orla sentido oeste. O dia começava a amanhecer qdo chegamos na Câmara dos Lobos, 10km depois, c/ o sol se derramando pela simpática vila de pescadores c/ casario bem tradicional, q foi um dos primeiros assentamentos da ilha. A viagem prossegue tranquila, sempre costeando sinuosamente a orla, ora com poucos desníveis ora beirando enormes penhascos q caem vertiginosamente à nossa esquerda. Como o famoso Cabo Girão, um penhasco de quase 500m q tem o titulo de maior da Europa e 2ª do mundo! C/ esta bela paisagem costeira, quem precisa de praia, não? Chegamos, 30km depois, à Ribeira Brava, uma simpática vila detentora do balneário local, mas q ao invés de areia fina, clara e fofa, sua praia é forrada de pedregulhos vulcânicos. P/ quem ta habituado as praias do litoral norte paulista é estranho, mas é o "must" do povo daqui. Daqui, o busao toma rumo norte, indo p/ centro da ilha. Vagarosamente, o coletivo ganha altitude atraves das encostas de serra e logo nossas vistas vão se tornando mais amplas. E mais interessantes. O soninho inicial dá lugar à beleza e grandiosidade do sol banhando o alto dos imponentes penhascos e precipicios q se debruçam em fendas e inúmeros vales à minha direita. As 9:30 salto num local denominado Encumeada, já na cota dos 1000m, q nada mais é q um enorme e vasto selado q liga a Costa Sul (Ribeira Brava) e a Costa Norte (São Vicente) da ilha. Aqui é apenas um pto de passagem, com algumas poucas vendinhas ainda fechadas e "miradouros" (tecla SAP: mirantes), q oferecem uma bela paisagem do mar do norte e do sul, bem como da crista da cordilheira q atravessa o interior da ilha. O nevoeiro por entre as poucas arvores na zona de lazer dava um ar misterioso e algo magico. Não havia absolutamente ninguém aqui, sensação q cresceu qdo vi o busao se perder montanha abaixo. Pois bem, da Encumeada partem varias picadas pra diversos pto da ilha e uma lacônica placa, q faço questão de transcrever, não deixa a desejar em nada as placas informativas do Ibama, embora alguns itens figurem em grego pra mim, e não portugues: "Normas de Conduta do Bom Caminheiro: -Mantenha-se dentro do trilho -Evite ruídos e atitudes que perturbem o meio ambiente -Não recolha nem danifique plantas -Não perturbe os animais -Não abandone lixo (não deite lenços de papel no chão, a sua decomposição é muito lenta) -Não faça lume -Se é fumador, não deite as beatas no chão, guarde-as para colocar no caixote do lixo -Não destrua ou modifique a sinalética Para sua segurança: -Não caminhe só, leve sempre companhia -Recolha previamente informação actualizada sobre o percurso -Informe sempre alguém do trilho que vai fazer e hora prevista da chegada -Certifique-se do tempo de caminhada e garanta que a finaliza antes de anoitecer -Transporte alguma comida e água de reserva -Utilize roupa e calçados apropriados -Se possível leve um telemóvel consigo -Em caso de fortes chuvas e ventos não faça o percurso ou volte para trás pelo mesmo caminho -Não corra riscos" Pois bem, devidamente munido de infos e me fiando principalmente da (boa) sinalização das trilhas, me lancei numa picada a beira do asfalto q subia um 1º ombro de serra, atraves de uma vegetação arbustiva q lembra muito os campos de altitude + espesso, de Itatiaia. Mesmo inicialmente encoberto de neblina, este comecinho de pernada não ofereceu maiores dificuldades pois a trilha é bem batida, obvia e tem alguma precária sinalização. No entanto, há picadas menores q se entrecruzam q podem gerar duvida, mas se vc tem noção de direção e se manter na principal não tem erro. O sol queria aparecer por entre as nuvens. A claridade assim o anunciava. E foi o que aconteceu. Já de inicio c/ vistas arrebatadoras sobre o Vale de São Vicente, alem de uma barraca enfiada no meio de uma encosta, sinal q não era o único q curte acampar nas montanhas e q "dar cambau" é pratica bem corriqueira, inclusive na Europa! Subindo sempre compassadamente a encosta das enormes montanhas, deixamos pelo caminho os picos do Meio (1281m), Encumeada (1331m) e Ferreiro (1582m), sempre sentido leste. Nestes dois primeiros a vereda caminho atravessa capões de mata nativa, uma tal de Laurissilva, espécie de floresta umida constituída por árvores e arbustos de folhas planas, por fetos, musgos, líquens, hepáticas e outras plantas de pequeno porte, aqui materializada de belos exemplares de tis, loureiros, folhados, sanguinhos, massarocos (q mais lembram um cacto-cor-de-rosa) , orquídeas da serra e estreleiras (flor simbolo da ilha), entre azaléias, magnólias, bromelias e orquideas. Ao longo do trilho, me deparo também algumas furnas escavadas nas próprias rochas que antes serviam de abrigo aos homens que caminhavam com o objetivo de cortar madeira p/ ter lenha ou carvão vegetal. Qq semelhança c/ o desmatamento colonial da nossa Serra do Mar não sera mera coincidência. Após árdua e íngreme subida, alcançamos o alto do Pico do Jorge (1697m), onde é facil vislumbrar a foz da Ribeira dos Socorridos e a Igreja de São Martinho. Dali passamos pra outra encosta do maciço e inicia uma longa e íngreme descida até à Boca das Torrinhas, localizado no alto do pico homônimo (1538m). Ali, cruzamos c/ outra picada maior perpendicularmente, q liga o Curral (sul) à Boaventura (norte), e foi aqui meu primeiro e breve pit-stop p/ retomada de fôlego, mas não apenas pelo cansaço mas tb em virtude do fantástico visu q se descortina a nossa frente. Neste local a vista sobre o Curral das Freiras é soberba, e abismal é a palavra certa para descrever a diferença entre as duas camadas vegetais caindo das distintas vertentes da cordilheira, sendo o norte mais rico em espécies e densidade vegetal. Curral das Freiras deve te sido enorme cratera do vulcão da ilha e atualmente é um dos maiores e fundos vales da Madeira. A seu tempo e s/ grandes pressa, dou continuidade a pernada, alternando o passo em subidas e descidas bem acidentadas. Passo pelo Pico Coelho (1719m) e o Pico da Lapa da Cadela (1667m), ate finalmente dar no pto mais alto da ilha. Isto é, no alto dos 1862m do Pico Ruivo, após sofridos 16 km de vereda e quase 800m de desnível! Ganha a batalha as 13hrs, foi com muito gosto q me fundi à mescla de nacionalidades presentes na forma de vários outros turistas, envolto num reboliço poliglota que deixava no ar o burburinho semelhante ao dum centro cosmopolita. Noutras, muvuca, principalmente perto de uma casinha de pedras q serve de Refugio. Teve ate um tiozinho alemao q apontou pra estampa na minha blusa e disse, num sofrível português arrastado: "Florrrianópolis? Serrr brrrasileiro? Eu estarrr lá ano passado!". O tempo tava esplêndido! Sol, paisagem linda até o final da pernada, c/ td crista de serra se estendendo sinuosamente p/ sul, rumo o Pico Areeiro. Eventuais nuvens conferiam a paisagem um charme especial c/ um mar de nuvens de sobrepondo as águas do Oceano Atlântico, ao fundo. Perto do Refugio tb existe uma picada que dá acesso à Achada do Teixeira (nordeste) e é aqui que pode visitar o "Homem em Pé", uma formação rochosa basáltica que se assemelha à forma de um homem em pé. Pois bem, estava no meio da travessia e ciente q não haveria necessidade de pernoite, pois faltavam apenas 7km pro final. Menos mal, embora já começasse a sentir o peso da cargueira nos ombros àquela altura, e minhas pernas já estavam bambas. A partir dali a pernada deixaria as matacoes de laurissilva e se dá, agora sentido sul, atraves de um 2º ecossitema predominante da ilha, o maciço montanhoso. Este trecho lembra muito um mix de Peterê, Marins-Itaguaré e Trilha Inca, guardadas as devidas proporções, claro! Deixei o pico Ruivo meia hora depois, objetivando o 3º pico mais alto da ilha, o Pico das Torres. Pra isso a picada desce interminavelmente em meio à uma encantadora mata de belas urzes da Madeira, plantas endêmicas q reluzem a luz do sol em diversas formas e cores. Musgos, rosetas, gramíneas verde-acinzentadas, estreleiras brancas, violetas e orquídea-das-rochas são tb outras das espécies que aqui se avistam facilmente. Ainda pela crista e sempre se aproximando do enorme e imponente maciço do Pico das Torres (1851m), a picada deriva suavemente p/ encosta esquerda da serra, de modo a contornar a enorme montanha. Em alguns trechos + estreitos da trilha e q beiram verdadeiros penhascos abertos, temos o auxilio de precária varandinha e de vários degraus na rocha. Daqui se tem um belo visual de várias nascentes despencando montanha abaixo, como a Ribeira Seca do Faial e a Ribeira do Curral. A cordilheira, por sua vez, é um enorme monumento de rochas cinzento avermelhadas q cai de ambos os lados por vários espigões, os quais é necessário atravessa-los por meio de 5 túneis (de 2m de altura) no decorrer do trajeto. Os 3 primeiros são pequenos e quase q seqüenciais. Mas logo vem o 4º túnel, cujos 200m percorri vagarosamente pelo fato de ter deixado minha lanterna em casa. Assim, não me restou opcao senão me guiar naquele negrume apenas pela "luz no fim do túnel", literalmente, ate sair daquele "furado" úmido, frio e escuro, q é como chamam os túneis aqui. Emergindo no outro lado do maciço, me despeço do Pico das Torres p/ pernada prosseguir no mesmo paso, com suaves sobes-e-desces, eventualmente topando c/ gringos no sentido contrario. Por fim, diante de nós elevava-se o Pico do Gato com seus 1780m de altitude. Este marcava o início da subida até ao Pico do Areeiro sendo facilmente atravessado por um túnel com aproximadamente 100 metros de comprimento. Antes, porem, do ultimo túnel paro p/ apreciar e clicar a cabeceira da Ribeira da Fajã da Nogueira, assim como as "achadas" e os "lombos" de São Roque do Faial. Atravesso entao o "furado" no mesmo compasso q o anterior, p/ na saída me deparar c/ um mais um belo visual desta travessia: avista-se um dos rios q convergem no Curral e outros sítios dominados pelo enegrecido Pico Cidrao; enqto à oeste, atrás do Pico Grande, o sol derramava-se pelo planalto de Paúl da Serra, uma especie de Aparados da Serra local. Uma vez c/ o Pico do Gato pelas costas subiu-se a ingreme escadaria do Cidrão, c/ centenas de degraus cavados na própria rocha e exigiu músculos e fôlego pra serem vencidos. Após este arduo trecho de subida, logo nos vemos novamente pernando numa crista terrivelmente escarpada, q nada mais é q a passagem sobre um dique basáltico q separa as nascentes dos Rios da Fajã da Nogueira e do Cidrao. Não demora e caio no Ninho da Manta, o ultimo mirante antes do meu destino final. Respiro fundo, ao mesmo tempo q aprecio o visu dos fundos vales ao redor, assim como a rede de riachos q alimenta o Rio da Metade e mais alem, as "Achadas" do Pau Bastiao e do Cedro Gordo, e gde parte da Cordilheira Montanhosa Central. Após um ultimo trecho de estreita crista, com abismos de ambos os lados, cheguei finalmente no Pico do Areeiro as 14:00. Lá desabei junto à pousada homônima, onde estiquei as pernas e belisquei alguma coisa. Um passarinho (acho q era tendilhao) veio me encher o saco e não pensei duas vezes em afasta-lo c/ uma pedra, apenas pra depois descobrir q o mesmo ta quase em extinção, pelo olhar comprido de uma belga na minha direcao. Mas aqui ta cheio de outras aves - pardais, andorinhas e canários - ciscando o chão repleto de sobras dos turistas, q por sinal havia razoavelmente, boa parte de excursões e agencias de Funchal. Pois bem, final de travessia e agora? Ali não havia transporte coletivo algum e tampouco havia combinado resgate algum p/ mim. Isto é, teria q descer td aquele planalto por entediantes 18km de asfalto até Funchal. Como estava bastante cansado via pouco provável chegar na cidade antes de escurecer. Pensando bem, foi mto bom ter trazido a barraca. Pelo menos teria a cia de umas ovelhinhas q pastavam aqui e acola, naquele cenario q mais lembrava o da Novica Rebelde, porem mais seco. Mas eis q a luz da divina providencia me agraciava novamente, pois mal comecei a andar pelo asfalto e um simpático casal de noruegueses motorizado q me oferece carona. Claro q não titubiei em aceitar e assim voltamos p/ capital da ilha num piscar de olhos, onde saltei proximo de onde estava hospedado, as 17:30. E assim o cansaço estampado na rosto cede facilmente lugar à satisfação da missão cumprida. Ainda fiz uma horinha num boteco à beira-mar, afim de bebemorar à pernadinha-solo daquele dia, alem de passar no supermercado p/ abastecer a mochila. "Vai um cacetinho pro freguês?", sou indagado cordialmente pelo atendente da padoca. Tento nao rir mas fracasso nesse intento, p/ espanto do "gajo". Impossível não se divertir qdo se diz "pequeno almoço" p/ se referir ao café-da-manha, "miúdos" p/ crianças, "entrecosta" p/ costela, "casa de banho" p/ banheiro, ou diante de certos hábitos corriqueiros locais, q não deixam de ser um modo de vida bastante peculiar aos brasileiros. Os demais dias continuei percorrendo a ilha em inúmeros bate-volta, ora sozinho ora na cia de gdes amizades q lá fizera, e assim descobrindo as belezas escondidas deste rincão q guarda leve sotaque tupiniquim. Percebi q a gde maioria das trilhas pode ser percorrida num dia só (em virtude da proibição de camping), mas nada impede q algumas sejam emendadas e resultem em autênticos mega-travessias. Alem de caminhadas, a ilha oferece bons locais de mergulho, uma volta completa à ilha de bike, alem da pratica de bunge-jump e salto de asa delta. Enfim, opções aventureiras não faltam. Basta descobri-las. Assim, a Ilha da Madeira tem a alcunha de ser o eterno "Jardim flutuante do Atlantico", predicado q ganhou dos europeus abonados desde q a mesma tornou-se seu refugio de verão. Mas pros brasileiros ela pode ser mto bem a "Floripa da Terrinha", já q agora ela atrai outro tipo de visitantes, pois seus encantos vão alem do vinho, seu casario colonial e seus famosos bordados. E se a ilha, juntamente com os Açores e as Ilhas Canárias (Espanha) correspondiam ao fim do mundo antes da descoberta da América, hj estes mesmos locais poderiam ser perfeitamente denominados o começo da Europa. Ou melhor, um lugar encravado no Atlântico c/ leve sotaque brasileiro q não trai a alma portuguesa em momento algum. Um local onde a gente tem a impressão de q nunca saiu de casa.
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Lago Nesbøvatnet Início: Finse Final: Vassbygdi Duração: 3 dias Maior altitude: 1643m Menor altitude: 89m em Vassbygdi Dificuldade: média para quem está acostumado a longas travessias com mochila cargueira. A maior subida tem desnível de 419m. O Parque Nacional Hallingsskarvet é um parque pequeno ao norte do platô Hardangervidda, maior platô de montanha do norte da Europa. Ele se situa ao norte da famosa estrada de ferro Oslo-Bergen, próximo à estação de Finse, a cerca de 190km de Oslo e 120km de Bergen (em linha reta). Nesse trekking eu percorri de sul a norte o parque e emendei com a caminhada do Cânion Aurlandsdalen, bastante famoso por lá pela incrível beleza. Para saber sobre trekking na Noruega sugiro a leitura da introdução do relato www.mochileiros.com/topic/89222-travessia-do-parque-nacional-hardangervidda-noruega-jul19. O problema do trekking na Noruega e na Escandinávia em geral é o alto índice de chuva. Eu tive três dias seguidos de sol nessa caminhada e isso foi uma grande sorte. REABASTECIMENTO DE COMIDA Não há supermercado nem em Finse, nem em Vassbygdi e em nenhum lugar desse percurso. Só há mercado em Ustaoset, alcançada de trem a partir de Finse, e em Aurland e Flåm, alcançadas de ônibus a partir de Vassbygdi. No caminho só há refúgios do tipo staffed (da DNT) e particulares, e eles não vendem comida para preparar (apenas guloseimas), mas servem café da manhã e jantar. ÁGUA POTÁVEL Não há problema de escassez de água nesse percurso e nem todos os riachos e fontes estão descritos no texto pois são muitos. Lagos parcialmente congelados mesmo no verão 1º DIA - 01/08/19 - de Finse ao Refúgio Geiterygghytta Duração: 5h20 (descontadas as paradas) Maior altitude: 1643m Menor altitude: 1219m Resumo: esse dia tem um desnível considerável de 419m de subida e depois de 424m de descida mas não é cansativo pois é bastante gradual No dia 29/07 eu interrompi a longa travessia do Parque Nacional Hardangervidda ao Parque Nacional Hallingsskarvet no 7º dia do percurso (relato em www.mochileiros.com/topic/89222-travessia-do-parque-nacional-hardangervidda-noruega-jul19) por causa da chuva que chegou e ainda duraria mais dois dias. Fui de trem para a cidade de Geilo, me hospedei no Hostel HI e esperei a melhora no tempo prevista no yr.no. Nesse dia, 01/08, voltei de trem a Finse e retomei a caminhada com tempo bom. Finalizada a etapa do Parque Nacional Hardangervidda, agora ia entrar no Parque Nacional Hallingsskarvet. Embarquei em Geilo às 13h e desci na estação de Finse às 13h38. Altitude de 1228m. Cruzei a estrada de ferro e segui a placa de Geiteryggen após o portão de madeira. Subi pela rua principal de cascalho e segui a sinalização do T vermelho entrando numa trilha à direita, cerca de 300m depois da linha férrea. Subi a colina ao norte, passei pelo local onde acampei no dia 29 e parei por 13 minutos para contemplar a magnífica Geleira Hardangerjøkulen, a sexta maior da Noruega. Ao cruzar o primeiro riacho, às 14h20, estava entrando nos limites do Parque Nacional Hallingsskarvet. Continuei no rumo norte, cruzei uma ponte suspensa e em seguida outro riacho pelas pedras às 14h43. Voltei a subir e a vegetação, que era só rasteira, some de vez, ficando só o terreno de pedras, mas sem dificuldade para caminhar. Às 15h32 começam a aparecer as manchas de neve que tenho de cruzar, com largura de 30m a 70m, mas sem problema de escorregar. A bota impermeável é importante nessa hora também. Cruzando campos de neve Às 15h57 alcancei o Refúgio Klemsbu, particular e trancado. Fiz uma pausa ali. Algumas pessoas que caminhavam sem mochila (e até com cachorro) tomaram ali uma trilha para o norte e subiram o Pico Sankt Pål. Eu continuei às 16h39 para nordeste (direita na bifurcação) e subi cruzando mais duas manchas de neve até atingir a maior altitude do dia (1643m, desnível positivo de 419m desde Finse). Ali há um campo de neve muito extenso mas felizmente não foi preciso cruzá-lo, está à esquerda do caminho. À direita surge um bonito lago com placas de gelo flutuando como icebergs. Inicia a descida. Cruzo mais uma mancha de neve e depois um riacho pelas pedras. Às 17h52 avisto o Lago Omnsvatnet. A trilha desce, cruza um riacho e se aproxima do lago, voltando a ter vegetação rasteira e depois capim, pasto para as ovelhas. Às 18h23 atravesso mais uma mancha de neve de uns 40m e às 19h outra de cerca de 60m. Às 19h21 alcanço um conjunto de lagos e passo a caminhar pelo seu lado direito. Cruzo pelas pedras um riacho que vem de uma bonita cachoeira despencando do paredão à direita. Às 19h55 avisto o refúgio na outra ponta do lago. Cruzo outro riacho às 20h14 e saio dos limites do Parque Nacional Hallingsskarvet. Alcanço o Refúgio Geiterygghytta às 20h32, numa altitude de 1230m. Esse refúgio é da DNT e do tipo staffed (com funcionários), não se pode cozinhar, não há comida para vender (só chocolates e biscoitos) e o anfitrião não me deixou nem usar o banheiro se não consumisse algo ou acampasse na área designada pagando NOK 100 (US$ 12,09)! Perguntei de acampamento livre (selvagem) e ele me mandou acampar longe, fora da visão do refúgio. Pelo que pude ver era um lugar muito bem arrumado, parecendo um hotel, e a presença de barracas espalhadas podia desagradar àquele público sofisticado. Em frente a esse refúgio passa uma estrada de cascalho que começa na rodovia 50 muito próximo de um túnel. Como passa um ônibus nessa rodovia essa estradinha pode ser uma rota de fuga ou um início/final alternativo à caminhada. São 3,6km dali até a rodovia. Porém há pouquíssimos horários: um ônibus por dia (às 13h10) em direção a Flåm (oeste) e um ônibus por dia (às 9h40) em direção a Ål (leste) (horários de julho e agosto de 2019). Saí do refúgio às 20h42 e caminhei pela estrada de cascalho para a esquerda (noroeste) até sair da visão do refúgio. Começaram a aparecer as barracas dos alternativos, dos que preferem a liberdade ao conforto. Os melhores lugares, que eram perto da cachoeira à esquerda da estradinha, já estavam ocupados, então entrei na trilha de Østerbø, com placa, à direita, e subi até encontrar um lugar plano e um pouco afastado do caminho. Havia água corrente por perto. Altitude de 1252m. Lagos de montanha 2º DIA - 02/08/19 - do Refúgio Geiterygghytta a Østerbø (ou quase) Duração: 5h30 (descontadas as paradas) Maior altitude: 1395m Menor altitude: 1050m no acampamento do fim do dia Resumo: dia de vários sobe-e-desce mas sem desníveis significativos, sendo o maior deles de 320m de descida da maior altitude do dia (1395m) aos 1075m do Refúgio Steinbergdalen Deixei o local de acampamento às 11h41 e segui a trilha no rumo norte. Em 4 minutos cruzei um riacho pelas pedras. Às 12h11 o mapa do gps mostrava que eu estaria cruzando a rodovia 50 porém não havia rodovia nenhuma - havia sim, estava muitos metros abaixo de mim na forma de um extenso túnel! E com mais 9 minutos avistei a tal rodovia 50 bem abaixo à esquerda margeando um lago. Infelizmente a trilha vai se aproximar dela e esse dia não será dos mais bonitos e agradáveis. Às 12h40 sigo à esquerda numa bifurcação com placa apontando para o Refúgio Steinbergdalen; à direita se vai a Kongshelleren (refúgio) e Iungsdalshytta (refúgio). Cerca de 6 minutos depois cruzo um riacho mais largo pelas pedras e paro por 18 minutos. Às 13h16 atravesso uma ponte metálica sobre um bonito rio com pedras e, subindo, cruzo uma porteira feita de ripas de madeira. Subo mais e atinjo um mirante chamado Bollhoud às 13h37. Passo por bonitos e tranquilos lagos de montanha e às 13h57 cruzo um riacho. Às 14h26 atravesso outra ponte metálica e encontro uma placa com o nome do local: Breibakkao. O riacho que cruzei forma uma bonita cachoeira à minha esquerda. Às 14h44 parei por 30 minutos num bonito mirante chamado Driftaskar, de onde avisto o Refúgio Steinbergdalen (ou Steinbergdalshytta) perto do lago Vetlebotnvatnet e da famigerada rodovia 50. Na descida cruzei um riacho por uma ponte de tábuas às 15h39. No portão na chegada ao refúgio há uma bifurcação em que à direita se vai também a Kongshelleren (refúgio) e Iungsdalen (refúgio). Entrei no Refúgio Steinbergdalen às 15h49 e ele é particular (não é da DNT), mas a anfitriã me deixou usar o banheiro sem pagar pois eu estava só de passagem. É uma casa bem típica norueguesa, de madeira com vegetação sobre o telhado para manter o isolamento térmico e a estabilidade da casa. É recomendável (ou obrigatório em alguns casos) tirar o calçado antes de entrar, a menos que o anfitrião diga o contrário. A rodovia 50 está a apenas 450m e é possível tomar o mesmo ônibus que liga Ål a Flåm se for necessário. Saí às 16h04 pelo lado direito do refúgio e tomei uma trilha que subia a encosta à direita com placa de Østerbø. E como subiu!!! Não era uma subida íngreme, mas tinha muitas pedras e parecia não ter mais fim. A visão da rodovia 50 logo abaixo à esquerda tirava todo o clima de montanha e fez daquele trecho longo de subida um tédio. Na descida, ainda pela encosta, parei num riacho às 17h18. Às 18h05 atravessei a ponte de tábuas sobre outro riacho que despencava do paredão à direita em bonitas quedas. Começo a avistar a vila de Østerbø bem abaixo no vale. Desço mais e às 18h40 alcanço um grande campo com uma cachoeira grande ao fundo. Ali já comecei a pensar se valeria a pena ir até Østerbø (ainda 3,8km à frente) pois o local parecia mais urbanizado e eu poderia ter dificuldade para encontrar um lugar para camping selvagem. Cheguei a perguntar sobre isso a uma garota que vinha (sozinha) atrás de mim, mas ela não sabia como era Østerbø. Vi que ela e um casal pararam ali para acampar e resolvi parar também, apesar de muito cedo ainda. Havia água bem próximo dali, no Rio Grøna. Altitude de 1050m. Cânion Aurlandsdalen 3º DIA - 03/08/19 - de Østerbø a Vassbygdi Duração: 6h50 (descontadas as paradas) Maior altitude: 1074m próximo ao acampamento Menor altitude: 89m em Vassbygdi Resumo: longa descida de 985m percorrendo o interior do Cânion Aurlandsdalen, famoso na Noruega pela grande beleza O trekking de hoje pode ser feito em forma de bate-e-volta de um dia a partir das cidades de Flåm ou Aurland, onde há campings e hotéis. Tomando o ônibus às 8h15 em Flåm ou 8h25 em Aurland se chega às 9h15 a Østerbø, um bom horário para iniciar a caminhada pois há ônibus à tarde para retornar a Flåm e Aurland (veja os horários nas informações adicionais). Comecei a caminhar às 8h21, cruzei a ponte de madeira sobre o Rio Grøna, desci até o vale do Rio Grøndalagrovi e o segui para a esquerda (oeste). Descendo, passei por uma casa vazia à minha direita e cruzei um portão de ferro. Atravessei uma mata e às 9h12 cheguei a uma estradinha de terra, onde fui para a direita. Aparecem as primeiras casas. Às 9h18 alcanço uma estrada de asfalto após uma cancela e sigo para a direita, continuando pela esquerda na bifurcação. A rodovia 50 está a apenas 120m à esquerda da cancela e é possível tomar o mesmo ônibus que liga Ål a Flåm se for necessário. Me mantive na estrada principal e cheguei aos refúgios de Østerbø às 9h28. São dois, um ao lado do outro. O primeiro é o Østerbø Fjellstove, particular, e o segundo é o Aurlandsdalen Turisthytte, pertencente à DNT e do tipo staffed. A tão esperada trilha do Cânion Aurlandsdalen começa no meio dos dois. Por ser um sábado havia dezenas de pessoas iniciando a trilha, e até um grupo de voluntários dando orientações. O caminho aponta para o norte ainda como uma estradinha de cascalho, que tomei às 9h50. Altitude de 833m. Numa curva de 180º para a esquerda cruzei a ponte sobre o Rio Langedøla e havia uma sinalização um pouco confusa. Não entrei na primeira trilha à direita com T vermelho pintado na pedra, continuei descendo a estradinha e entrei na trilha seguinte à direita também com T vermelho pintado, mas muito mais estreita que a primeira (aqui aparentemente os dois caminhos servem, o importante é se aproximar do lago e evitar as outras trilhas). Passei por mais uma casa à minha esquerda e comecei a contornar o bonito Lago Aurdalsvatnet pela margem norte e depois oeste. Aparece a primeira placa de marcação de distância, 18km para a frente (até Vassbygdi) e 1km para trás (desde os refúgios de Østerbø). Cânion Aurlandsdalen Quando deixo as margens do Lago Aurdalsvatnet no sentido oeste aparece um espaço plano e gramado ótimo para acampar. Até aí não havia visto nenhum lugar adequado para acampar e daí em diante apareceram bem poucos também pois o solo muitas vezes era de turfeira, fofo e úmido. A trilha percorre a mata exuberante, numa mudança significativa de ambiente em relação aos dois dias anteriores no alto da montanha. A placa de 17km se encontra sobre um portão de ferro e na descida seguinte a beleza de Aurlandsdalen começa a se mostrar. Um lindo lago bem abaixo espelha as montanhas verdejantes. A descida até a margem leste desse lago (Nesbøvatnet) foi por uma trilha íngreme beirando a ribanceira. Aurlandsdalen é também uma trilha histórico-cultural e às 10h32 aparece a primeira placa com texto sobre a história e fotos antigas do lugar. Às 10h36 cruzei uma ponte de tábuas sobre um riacho e 2 minutos depois alcancei a casa Nesbø, às margens do Lago Nesbøvatnet, sede de uma fazenda do século 17. A trilha continua margeando o lago e às 10h49 alcanço uma bifurcação num local chamado Tirtesva. A trilha íngreme à direita sobe para outro caminho: Vassbygdi via Bjønnstigen, e uma placa alerta para o risco dessa rota já que cruza uma área de avalanches. Me mantive na trilha mais usada, que segue à esquerda, e uns 520m depois de Tirtesva cheguei a um bonito lago (uma extensão do Lago Nesbøvatnet). Parei para curtir o lugar e tomar água fresca do riacho ao lado. O gramado ali daria um bom local de acampamento também. Continuei às 11h19 e o lago se afunila num rio, que seguirei pela margem direita até o final do dia. Agora a sensação é de caminhar no fundo de um cânion mesmo, com a altas paredes se erguendo em ambos os lados. O rio e a vegetação das encostas ficam cada vez mais bonitos. Às 11h43 a trilha é um caminho estreito escavado no paredão de pura rocha. Um corrimão dá segurança nas partes mais estreitas (principalmente se houver neve). Às 11h52 surge abaixo o bonito Lago Vetiavatnet, o último grande lago dessa caminhada. Às 12h05 alcancei uma bifurcação num lugar chamado Heimrebø. À esquerda se vai a Berdalen, que é um local a 370m dali na rodovia 50 onde passa o mesmo ônibus de Ål a Flåm. Segui à direita e a trilha faz uma grande curva embicando para o norte e se afastando muito da rodovia 50 (felizmente não mais visível após Østerbø). Às 12h47 vem da direita a rota Vassbygdi via Bjønnstigen, aquela iniciada em Tirtesva e que vem pelo alto. Às 12h55 cheguei a um local com uma trilha saindo para a esquerda e uma movimentação de pessoas indo e vindo de lá - fui ver o que era. Caminhando cerca de 100m chega-se a Vetlahelvete, ou little hell cave, uma reentrância no paredão rochoso com um pequeno lago dentro e iluminação vindo da abertura no alto. Há um bonito mirante nas pedras mais altas do outro lado. Voltei à bifurcação, tomei um lanche e continuei descendo às 13h16. A marcação ali mostra que estou bem no meio do caminho: já percorri 9km e faltam 10km. Em 5 minutos tenho uma visão espetacular do cânion com o rio correndo lá embaixo e pessoas minúsculas ao longo da trilha bem ao lado do rio, ou seja, tinha uma descida bem grande pela frente. Às 13h24 parei para beber a água fresca de uma quedinha ao lado da trilha. Desci pela trilha em zigue-zague e às 13h46 já estava às margens do rio, onde algumas pessoas mergulhavam e logo saíam pois a água devia estar bem fria. Fazenda Sinjarheim Às 14h08 uma nova bifurcação. À esquerda se vai a Stondalen, que é outro local na rodovia 50 onde passa o ônibus de Ål a Flåm, outra rota de fuga, porém essa bem longa (7km). Vou à direita e em 5 minutos avisto, pendurada na enorme encosta, a Fazenda Sinjarheim, principal ponto de parada nesse trekking. Cruzo uma ponte de madeira sobre o riacho que vem de uma imensa cachoeira despencando do paredão e às 14h30 chego à fazenda. Casas de madeira com vegetação sobre o telhado e anunciado apenas em norueguês (demonstrando que poucos estrangeiros passam por ali): "sal av kaffi og mjelkekaker - kom inn", "venda de café e bolo de leite - entre". Muita gente ali descansando e se recuperando do calor pois já estávamos a 591m de altitude e a temperatura havia aumentado com a descida e por causa do horário. Muito calor para os noruegueses pois para mim estava bem agradável. Saindo da fazenda às 14h51, a descida se tornou bastante íngreme e às 15h10 já estava próximo ao rio de novo. Após duas casas de madeira, num local chamado Almen, olhei para trás e o cenário era espetacular, com duas grandes cachoeiras brotando dos paredões, último cenário de tirar o fôlego desse trekking. Quando vi os horários de ônibus em Østerbø pensei em tomar o das 19h para Flåm, o último. Mas pelo avanço rápido que vinha fazendo após entrar na mata resolvi apertar um pouco o passo e ver se conseguia pegar o das 16h40. A descida terminou numa clareira às 16h03 e 8 minutos depois alcancei um final de estrada de cascalho, continuando em frente, sempre pela margem direita do rio. Estava apressado por causa do horário do ônibus mas não resistia a comer as framboesas próximas à cerca à direita da estradinha. Para trás me despeço dos grandes paredões do Cânion Aurlandsdalen. Continuando sempre em frente me aproximo das primeiras casas de Vassbygdi e finalmente chego ao ponto de ônibus, em frente a uma lanchonete, às 16h27, e estava lotado. Altitude de 89m. O ônibus apareceu no horário e somente uma parte daquele povo todo o tomou pois a maioria esperava o ônibus de volta a Østerbø, onde deixaram seus carros. A viagem a Flåm durou 30 minutos e percorreu o maravilhoso fiorde Aurlandsfjorden. Em Flåm acampei no Camping e Hostel HI. Cânion Aurlandsdalen Informações adicionais: . para saber os preços de hospedagem e refeições nos refúgios da DNT consulte os valores atualizados em english.dnt.no/routes-and-cabins. Para se tornar membro da DNT e ter descontos o valor da anuidade é NOK 695 (US$ 84), valor de 2019 para adultos de 27 a 67 anos. . Camping e Hostel HI em Flåm: NOK 160 (US$ 19,34) para uma barraca com uma pessoa. A ducha quente custa NOK 20 (US$ 2,42) a cada 6 minutos (funciona com moeda ou ficha comprada na recepção). O hostel estava lotado no início de agosto. Site www.hihostels.com. . mapa do parque com as trilhas e refúgios: ut.no/kart . a temperatura mínima durante a noite fora da barraca foi 7ºC . para planejar qualquer viagem de ônibus, trem ou barco na Noruega: en-tur.no (clique em Meny e selecione English) . ônibus de Vassbygdi a Aurland e Flåm: 10h20 (sáb e dom), 14h10 (diário), 16h25 (sáb e dom), 16h40 (diário), 19h (diário) (horários de julho e agosto de 2019) . trens na Noruega: www.vy.no/en . roteiro adaptado a partir das informações do guia Walking in Norway, de Connie Roos, Editora Cicerone Rafael Santiago agosto/2019 https://trekkingnamontanha.blogspot.com.br
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Pico Hårteigen Início: Odda Final: Finse Duração: 7 dias Maior altitude: 1508m Menor altitude: 0m em Odda Dificuldade: média para quem está acostumado a longas travessias com mochila cargueira. Alguns dias apresentam subidas e descidas mais longas. O único grande desnível é o do 1º dia (1445m). Hardangervidda é o maior platô de montanha do norte da Europa (vidde = platô). Nesse lugar tão singular foi criado em 1981 o Parque Nacional Hardangervidda, que é o maior da Noruega e refúgio de um dos maiores rebanhos de rena selvagem do mundo. O parque se situa ao sul da famosa estrada de ferro Oslo-Bergen, numa distância aproximada (em linha reta) de 180km de Oslo e 120km de Bergen. Essa caminhada foi planejada para durar 10 dias, cobrindo, além do Hardangervidda, também o Parque Nacional Hallingsskarvet e o Cânion Aurlandsdalen, porém a chegada da chuva me fez interromper o percurso no 7º dia, quando ia entrar no Parque Nacional Hallingsskarvet. A previsão do yr.no acertou e choveu ainda mais dois dias. Retomei a caminhada no dia 01/08 (relato em www.mochileiros.com/topic/89261-travessia-do-parque-nacional-hallingsskarvet-e-cânion-aurlandsdalen-noruega-ago19). QUANDO IR A melhor época para o trekking nos parques da Noruega é o verão, com temperaturas mais agradáveis (não tão frio) e menos neve pelo caminho. Justamente nessa época os refúgios do tipo staffed permanecem abertos. No início de junho deve ainda haver neve do último inverno dificultando a caminhada. O guia Walking in Norway, de Connie Roos, sugere fazer a travessia do Parque Nacional Hardangervidda depois de 10 de julho. O problema do trekking na Noruega (e na Suécia) é o alto índice de chuva. Pelo menos para nós brasileiros, que não estamos acostumados a caminhar vários dias embaixo de chuva, porém para os noruegueses isso não tem a menor importância. Eles vão para a trilha com chuva ou sem chuva. Eu tive cinco dias seguidos de sol nesse trekking e isso foi uma tremenda sorte. Outro fator que dificulta o trekking por lá é a quantidade de pedras pelo caminho, às vezes são áreas extensas só de pedras, o que é bastante cansativo e obriga a caminhar com mais atenção para evitar uma queda ou torção. Lago a 1194m de altitude no 6º dia de caminhada REFÚGIOS DE MONTANHA Em toda a Noruega, a DNT (Den Norske Turistforening = Associação Norueguesa de Trekking) (english.dnt.no) é a associação responsável pela manutenção das trilhas, pontes e refúgios de montanha. Os refúgios da DNT são de três tipos: self service, staffed ou no-service. Além dos refúgios da DNT há refúgios particulares. 1. Nos refúgios self service (com guardião ou sem guardião) você pode utilizar a cozinha para preparar as refeições, comprar a comida disponível se não tiver a sua própria e dormir nos beliches em espaços compartilhados. Antes de sair deve deixar tudo em ordem (lavar, secar, arrumar tudo, varrer o chão) e preencher o formulário de despesas, depositando numa urna metálica. A tabela de preços da DNT está disponível em todos os refúgios. A conta será enviada para o seu e-mail tempos depois. Como regra, não aceitam pagamento em dinheiro ou cartão no momento da hospedagem/compra, mas há exceções. Visitas diurnas (day visit) para descansar, comer ou apenas se aquecer também devem ser pagas. A hospedagem para não-membros neste tipo de refúgio custa NOK 390 (US$ 47,14) e o day visit até 18h custa NOK 90 (US$ 10,88). Após 18h a visita deve ser paga como uma hospedagem. Sim, tudo na Noruega é muito caro! Para outros preços consulte english.dnt.no/routes-and-cabins. Os refúgios self service podem ter guardião ou não na alta temporada. Eu conheci nove refúgios nesse trekking, apenas dois deles eram não-guardados. Nesses vale ainda mais a confiança de que o hóspede está pagando por tudo o que utilizou. A DNT tem uma chave (fornecida somente aos membros) que abre a porta dos refúgios não-guardados, mas nesse trekking eu não encontrei nenhum refúgio trancado. 2. Os refúgios staffed (com funcionários) são hotéis de montanha. Neles você tem café da manhã e jantar disponíveis e não é permitido usar a cozinha. De comida para vender costumam ter apenas lanches de trilha básicos, como chocolates. Segundo o site da DNT (english.dnt.no/about-the-cabins) a maioria aceita cartão de débito e crédito. A hospedagem para não-membros neste tipo de refúgio custa NOK 286 (US$ 34,57) em dormitório. Consulte english.dnt.no/routes-and-cabins para outros preços. 3. Os refúgios no-service são do mesmo estilo dos self service porém não têm comida. Não cheguei a conhecer nenhum refúgio desse tipo nos trekkings que fiz na Noruega. Os refúgios particulares são também hotéis de montanha e têm tabelas próprias de preços. CAMPING SELVAGEM Para quem está com barraca, nos parques da Noruega vale mais ou menos a regra do "allemannsretten" ou direito de andar (ou direito de acesso), que diz que é permitido acampar em qualquer lugar a mais de 150m de uma casa, desde que não seja uma área cultivada ou haja uma placa de proibição. Digo 'mais ou menos' porque vi isso valer apenas nos refúgios self service; nos refúgios da DNT do tipo staffed eles pediam para acampar (gratuitamente) bem longe, fora da visão do refúgio. Acampar perto do refúgio DNT staffed custa NOK 100 (US$ 12,09) e dá direito de usar o banheiro e a sala de estar. Para mais informações sobre o "allemannsretten": www.visitnorway.com/plan-your-trip/travel-tips-a-z/right-of-access O uso do banheiro para quem está acampando (ou apenas de passagem) é livre nos refúgios self service e costuma ser cobrado nos refúgios DNT staffed e particulares (ou gratuito se consumir alguma coisa). Nos self service o banheiro é do tipo seco, uma casinha separada, com uma bancada e o assento sobre ela. Muitas vezes o assento e a tampa são de isopor e há uma outra tampa de madeira para colocar por cima. Costumam ter papel higiênico. Nos staffed é um banheiro normal e interno. ÁGUA POTÁVEL Não há problema de escassez de água nesse percurso e nem todos os riachos e fontes estão descritos no texto pois são muitos. REABASTECIMENTO DE COMIDA Durante esse trekking há duas formas de se reabastecer de comida: 1. os refúgios da DNT do tipo self service têm um mercadinho (parece mais uma despensa) onde se pode comprar comida a preços ainda mais exorbitantes do que o habitual da Noruega (dobro ou triplo do preço da cidade). Há enlatados diversos (carne, almôndegas, frutas em calda e até espaguete), arroz, macarrão, sopa de envelope, purê de batata, biscoitos, pão sueco (não há pão de forma ou outro tipo), patê de fígado, chá, café instantâneo, aveia, leite em pó, geléia. Tanto nos refúgios com guardião quanto nos não-guardados deve-se preencher o formulário de despesas e depositar numa urna metálica. A conta será enviada para o seu e-mail tempos depois. Como regra, não aceitam pagamento em dinheiro ou cartão no momento da compra, mas há exceções. 2. na cidade de Fossli/Liseth me informaram que há um mercadinho no Garen Camping, mas eu teria que desviar 4km (ida e volta) do meu percurso e não fui até lá conferir Nas duas pontas do trekking: 1. Odda tem três supermercados (Rema 1000, Spar e Extra) 2. Finse não tem nenhum comércio. O supermercado mais próximo está na cidade de Ustaoset, a 38km, podendo ser alcançada de trem 4 vezes por dia no verão
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Hej, hej !! Minha mulher me propôs um cruzeiro pelo Báltico. Não gosto de cruzeiros, mas casamento, entre outras coisas, é conciliação de interesses. Vi a oportunidade de fazer uma trilha famosa, sobre a qual havia lido fazia algum tempo. O cruzeiro foi bom, com visitas a cidades históricas lindas do mar Báltico. Deixamos o navio em Stockholm, ao invés de voltarmos ao início do roteiro, em Kiel (Alemanha). Ficamos dois dias e meio nesta maravilhosa capital da Suécia. De lá minha esposa regressou ao Brasil. Eu tinha férias maiores e ficaria mais uma semana na Escandinávia. Segui para Kiruna e de lá para Abisko, bem dentro do círculo polar ártico, para iniciar a trilha. A Kungsleden (Trilha do Rei, em sueco) tem 450 km no total e percorre de Norte a Sul parte da Suécia, começando em Abisko. É bem antiga, foi criada em 1905 e é considerada a trilha mais selvagem da Europa. Entretanto eu só tinha 6 dias e assim resolvi percorrer o trecho mais popular (e um dos mais bonitos), de Abisko até Nikkaluokta, num total de 105 km. No trecho que iria percorrer ocorre a Fjällraven, um evento anual que reúne cerca de 1.600 trekkers em meados de agosto. 05/09/2014 Quando o avião iniciou o procedimento de pouso e atravessou as nuvens, apareceu uma extensa tundra com pequenas lagunas e bosques isolados de árvores baixas. Em seguida surgiu a cidade de Kiruna. Não gostei do que vi: uma cidade grande, mineira, com enormes montanhas de minério de ferro (ore) e um grande pátio ferroviário para transportar o minério até um porto na Noruega (Narvik) ou para outro na costa do Báltico. Ao saltar do avião 13 hr, no pequeno aeroporto, o termômetro indicava 10ºC e chuviscava. Bela recepção. Peguei um ônibus (shuttle service) até a estação de ônibus da cidade. Lá parti no último ônibus para Abisko, as 14:20. Uma hora e meia de viagem e saltei na Abisko Turiststation, onde começa a Kungsleden. Comprei gás para meu fogareiro, pão, um mapa da trilha e um sanduíche, que seria meu almoço. Saí do mercadinho apenas às 16 horas. Tirei uma foto do grande lago Torneträsk. Sabia que anoitece tarde assim não estava apressado. No portal de entrada da trilha um casal de velhinhos tirou minha foto, pose tradicional para quem começa a fazer a trilha. Ao partir, um corvo grasnou. M.....! Sinal de azar, pensei. Mas a beleza da trilha rapidamente me fez esquecer isto. Um rio bonito de águas geladas e cristalinas surgiu à direita, o Abiskojåkka. Peguei água e tirei fotos. A trilha seguia através de um bosque pequeno de folhas já amareladas e caindo. Segui apressado porque até Abiskojaure, primeiro refúgio de montanha, seriam 14 km. No caminho, as margens do rio, um local para acampar com sanitários. Um casal de idosos assava lingüiças numa fogueira e uma linda sueca fazia tricô, sentada numa rocha. Lá vi duas tendas da famosa marca sueca Hilleberg: uma Akto e uma Nallo. Não fiquei ali porque achei muito perto e cedo para acampar. Porém as 18:30 resolvi parar. Ainda faltava uma hora e meia até o refúgio. Achei um local bonito a beira do rio. Armei a barraca e usei a toalhinha molhada para um banho de gato. Só escureceu às 21 horas. 06/09/2014 O dia clareou as 4:30 hr. Permaneci deitado até seis e meia. A noite foi agradável. Dentro da barraca ficou entre 9 e 10°C. Já peguei frio maior na Patagônia e nos Andes. Comi um müsli com leite e chá verde e parti 7:40. Hoje teria que compensar o que não fiz ontem (chegar ao refúgio Abiskojaure) e alcançar o seguinte, o Alesjaure. Cheguei ao lago Ábeskojávri, onde havia umas casas fechadas do povo Saami, provavelmente só usadas no inverno. O refúgio tradicional é um cone feito com troncos de árvores recobertos com cascas e tundra, garantindo o isolamento térmico. Uma hora depois cheguei ao Abiskojaure, mas não entrei no refúgio porque ficava meio fora do caminho. Comecei a encontrar outras pessoas desmontando acampamento e tomando café da manhã. Neste ponto, a trilha, que seguia deste Abisko rumo SO, passa a tomar o rumo Sul, em seguida SE e sobe um vale entre as montanhas Giron e Gärddenvárri. Ali, perto do topo, um meditationplats, com vista bonita. Ao longo da trilha há vários destes pontos de meditação. Neste vale avistei as primeiras renas, numa crista. Elas eram ariscas. Ao avistarem gente subiam mais a montanha, se afastando. Alcancei um altiplano acima da linha das árvores, a 800 metros de altura. Uma altitude baixa, mas como estamos dentro do círculo polar, nesta altura já não existem árvores. Ao longe, a NO, quase fronteira com a Noruega, os maciços nevados do Vuóidoasriida e do Vássencohkka. No altiplano uma sucessão de lagunas e um pequeno acampamento Saami. Uma hora adiante um grupo de pessoas lanchando atrás de uma crista, protegidas do frio vento SO. Resolvi parar ali também para almoçar. Puxei conversa com um casal de velhinhos e descobri que todo aquele grupo de idosos era da Austrália. A única jovem era uma bonita guia sueca com cabelo rastafari. Ela estava com uma faca e um salame na mão e oferecia para o grupo. Aproximou-se e ofereceu. Agradeci, mas disse que já tinha meu salame (estava comendo ele). Mas ela, com um jeito viking decidido, disse: "Mas o meu é bem melhor que o seu". Cortou um pedaço e estendeu para mim. Uma delícia, exclamei. Ela orgulhosa explicou que o salame era de carne de rena seca, defumada e temperada, feita na aldeia onde vivia. E me passou outro pedaço. Em seguida ela e o grupo partiram, indo em sentido contrário. Pouco depois eu parti. Uma espécie de perdigão (grouse) apareceu na trilha. Ainda tinha um longo caminho até Alesjaure. Do lado esquerdo, o belo lago Rádujávri e o glaciar Godu, entre as montanhas Kåtotjåkka e a Njuikkostak. Uma das vistas mais bonitas do trekking. Um vento SO bateu de frente até chegar ao refúgio Alesjaure às 16 horas. Fui logo para o refeitório onde tomei dois capuccinos para reanimar. Andar com um vento frio e forte na cara é cansativo. E minha mochila estava com 19 kg. O refúgio consiste de meia dúzia de casas, uma delas é uma sauna. Fica no extremo sul do lago Alisjávri, junto ao desaguadouro deste lago. Tomei uma sauna deliciosa (50 SEK). O problema é que fiquei sozinho com um grupo de alemães. Ainda bem que não perguntaram de onde vinha. Poderia vir uma gozação pelo sete a um na semifinal da Copa. Depois fui para o refeitório escrever o diário e estudar o mapa. Amanhã teria uns 25 km até Sälka, cruzando o ponto mais alto da trilha, o passo Tjäktja, com 1.100 metros de altura. Hoje calculo que percorri cerca de 29 km. No final da estação podemos acampar ao lado dos refúgios sem pagar por isto. Porém se usarmos os alojamentos, toaletes, a cozinha e sauna, devemos pagar. A sauna pode se pagar em separado. Tem um mercadinho razoavelmente provisionado. Se soubesse não traria toda a comida (e o peso) desde o inicio da trilha. Continua...
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Tópico para concatenar dados e experiências sobre a famosa trilha do GR20 na ilha de Córsega.
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(relato em vídeo no fim do post) Na primavera desse ano, fui visitar a região de Trentino-Alto Àdige, para conhecer os Dolomiti, no norte da Itália. Me hospedei no Youth Hostel Bolzano, que era um dos únicos na região. Fiz 3 dias de trilhas, mas vou falar primeiro dessa travessia que eu registrei em foto e vídeo. No hostel, eu conheci 3 americanos que também tinham bastante experiência em trilhas, e fui com eles. Era primavera (4 de junho), um dia ensolarado com previsão de chuva para o fim da tarde, fazia uns 27 graus de temperatura. A chuva parecia inofensiva, mas se revelou uma tempestade assustadora no alto da montanha e deixou a temperatura NEGATIVA. Este foi um dos dias mais incríveis, bonitos e assustadores da minha vida. A ROTA DA TRAVESSIA Tomamos um ônibus circular de Bolzano para a bela cidade de Selva di Val Gardena, 1 hora de viagem ao preço de 5 EUROS, esse seria o único custo do passeio. PLANO A: pegaríamos o bondinho de ski Dantercepies (bandeirinha verde do mapa, abaixo do plano B) e a partir dali, daríamos uma volta no Monte Puez, um lugar com vistas incríveis, e desceríamos pelo vale de Valunga (trecho azul do mapa). PLANO B: começaríamos a trilha pelo final do Plano A, o vale Valunga, e ao chegar no ponto mais alto (o coraçãozinho do mapa), voltaríamos pelo mesmo caminho. EMERGÊNCIA: esta foi uma rota de fuga que precisamos tomar para fugir da tempestade RELATO O dia estava lindo, a previsão era de sol com nuvens para a tarde toda com uma garoa no fim da tarde. Infelizmente, o bondinho Dantercepies estava em manutenção, e por isso fomos seguir o plano B, começando pelo vale de Valunga, que começa nesta foto acima. Valunga é fantástico, se parece muito com o vale de Yosemite dos EUA. Inclusive, eu diria que esta rocha em primeiro plano da foto acima é parecida com o famoso "El Capitan". Já estive nos 2 parques nacionais para fazer esta comparação. Os americanos que estavam comigo concordaram, hahaha. O legal do Valunga é que não passa carros no meio. As vistas eram lindas em todos os sentidos. Enfim, começou a grande subida do fim do plano B, uma parte muito íngreme com bastante escalaminhada e alguns trechos de neve bem perigosos em que um escorregão poderia ser fatal. Mas fomos com calma e cuidado, e deu tudo certo. A vista dali era fantástica, mas já começava a dar sinais de chuva. Para nossa surpresa, quando chegamos no final da subida, que era uma passagem de montanha, avistamos uma tempestade assustadora que não era visível antes. Do lado de onde viemos, o clima estava razoável... mas do outro lado da montanha, as nuvens estavam bem escuras e já estava chovendo: PRESTE ATENÇÃO naquela cidadezinha no canto inferior direito da foto, este lugar se chama Colfosco e foi nossa salvação. Estávamos num lugar com pouca visibilidade dos arredores, subi num ponto mais alto antes que fosse tarde, para ver qual seria a direção mais segura para fugir da tempestade: Repare nas duas fotos acima que a chuva já havia mudado de lugar, use a montanha pontuda (monte Sassongher) como ponto de referência. Foi questão de 10 minutos para eu descer e a chuva pegar a gente. Daí pra frente, as coisas só pioraram. Nosso plano de voltar pelo mesmo caminho foi por água abaixo (literalmente), porque seria impossível descer aquele trecho íngreme de neve com chuva. Optamos por seguir a trilha do plano A até encontrar um dos abrigos de montanha da região, que estaria a mais ou menos 2 horas de distância. Porém, este plano também não deu certo. Começou uma tempestade de granizo muito forte com MUITOS RAIOS e nós tivemos que nos separar e abaixar, para diminuir a chance de tomar um raio. Estimamos que a temperatura baixou para -5 graus. A paisagem que antes estava verde e ensolarada, ficou cinzenta, coberta de neve e granizo. Estávamos todos com casacos corta-vento impermeáveis, bem protegidos, mas vestindo shorts, o que obviamente tornou a experiência bem fria, apesar de suportável (graças às jaquetas). O local era SUPER EXPOSTO, pois se tratava de um platô gigante. O melhor que podíamos fazer era tentar ficar numa parte menos alta. Na foto: eu em primeiro plano, Micky de jaqueta vermelha no fundo, Nathan de preto mais ao fundo, Elsa de preto no canto esquerdo da foto. Foi aí que traçamos a rota de emergência! Nós não voltaríamos mais para Val Gardena, porque as duas rotas (plano A e B) estavam extremamente perigosas, e eram os únicos caminhos de volta. A prioridade agora era encontrar um abrigo para salvar a nossa pele. Após a chuva diminuir, nós desceríamos para a cidade de Colfosco, que fica do outro lado da montanha e tem uma trilha quase plana cercada por montanhas, que era menos exposta aos raios, mas não menos desoladora. Tivemos que atravessar algumas cachoeiras de lama causadas pela chuva, mas não foi difícil e deu tudo certo: Esta descida pela rota de emergência durou aproximadamente 1 hora e meia, e apesar dos trovões assustadores e da garoa que não parava, essa rota passou segurança. Claramente, foi uma decisão sensata abrir mão de retornar a Val Gardena. Chegando em Colfosco, batemos na porta de uma casa que tinha luzes acesas e fomos recebidos por uma senhora MUITO hospitaleira que nos deu toalhas e preparou um chá para cada um. Rachamos um taxi para Bolzano, que saiu 30 euros por pessoa. Se não fosse isso, o passeio inteiro teria custado apenas 10 euros de ida e volta do ônibus. Ao fim, saiu 35 euros. Valeu a pena? Sim, hahahahahaha. Abaixo, o relato em vídeo, no meu canal, para vocês terem uma noção do que foi: Obrigado, espero que gostem. Qualquer dúvida, é só perguntar
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Hola, Para quem não me conhece, me chamo Rafael, tenho 35 anos, sou de São Paulo e tem um ano e meio que moro em Itatiba-SP. Adoro fazer fazer trilhas, subir montanhas, acampar, conhecer culturas, fazer amizades e ouvir histórias mundo afora. Vou escrever aqui como foi meu Caminho e com isso, reviver um pouco o sonho que tive quando era adolescente e realizei agora entre Maio e Junho de 2012. Desde moleque sempre acampei, depois fui crescendo e viajando com meus próprios pés e mochila e os sonhos foram surgindo: Machu Picchu e Caminho de Santiago. O primeiro foi realizado a poucos anos, o segundo precisava de mais tempo e dinheiro, mas muitas coincidências fizeram eu seguir para o Caminho ou simplesmente Camino em 2012: fiquei desempregado, e com dinheiro e tempo disponíveis. Passagens compradas em meados de março para 28 de abril e começa a preparação para o Caminho. O sites das associações da Acacs e do Brasil foram muito úteis. Inclusive uma lista de emails no google e um grupo no Facebook. Link das associações:http://www.santiago.org.br e http://www.caminhodesantiago.org.br A minha credencia retirei em Sampa na Acacs-sp. A do RJ também envia por correio (Inês muito simpática) e no site deles tem uma lista de pessoas que estão partindo e suas respectivas datas (muito útil). Ambas realizam palestras gratuitas, eu não fui mas, me recomendaram. No google você acha vários relatos, alguns muitos cansativos, por isso resolvi não anotar muitas coisas. Deixa para a próxima ida Preparo Físico Sobre o preparo físico, desde o começo sempre achei que não existe uma treino específico para caminhar 30 dias seguidos e realmente, acho que não tem. Claro, não ser sedentário é muito importante. Faça com um ou dois meses antes da viagem, caminhadas em diferentes tipos de trilhas (montanhas, pedras, lama, subidas e descidas) com a mochila cheia com as coisas que vai levar no Caminho. Vá aumentando a distancia e a dificuldade conforme seu condicionamento. Lembre-se que o normal no Caminho é andar entre 15-25km. Eu treino na academia, sempre faço trilhas e mesmo assim senti o esforço no começo. Depois o corpo foi acostumando, mesmo assim apareceram bolhas, perna e pés inchados e um pouco de cansaço. A única coisa que não senti, foram dores nos joelhos. Nos primeiros dias vai ser normal dores nos ombros, no corpo, nada que um dorflex e um salonpas não resolva. Depois de 4 dias as dores passaram. Unica coisa que percebi foram os pés, de manhã ao levantar, parecia que dava um choque e dava para perceber um pouco o inchaço. Se você respeitar seu corpo, da metade para o fim, caminhar 25km vai ser tranquilo. Sempre considere uns dois a três dias na sua programação, pois você pode precisar parar para descansar o corpo, como aconteceu comigo apartir do 14ºdia, explico mais para frente. O Peso O peso da mochila é muito importante, pois você vai carrega-la por vários dias. Eu levei quase 14kg, depois de 10 dias, ela estava pesando 10/11kg. Algumas coisas postei para o Correio de Santiago e outras deixei na casa da minha amiga em Madrid. Para postar coisas para o correio de Santiago de Compostela é simples, vá a qualquer agencia de Correio (eu fui em Pamplona) compre uma caixa e coloque seu nome e entre parenteses Lista de Peregrinos, fiz tambem um seguro de 50 euros. Não custou 10 euros. Eu retirei 40 dias depois. Perfeito. O que levei: Mochila Arcteryx bora 80 - Pesa 3kg, porem é bem confortável. Quem não está acostumado com trilhas não recomendo. um peso a menos. Não esqueça a capa da mochila. Saco de Dormir Nautika Micron X Lite - pesa menos de 500g. Recomendo Camisa e calça segunda pele - levei porque meu saco de dormir era bem fino. usei varias vezes Papete Timberland - achei que ia poder caminhar com ela, só usei no descanso, na próxima vez substituirei por um par de chinelos que são mais leves Fleece 50 Quechua - Levei pensando no frio do Pirineus. só usei lá. Dispensável pelo correio ou leve um velho e deixe no abrigo em Pamplona. Anorak Hi tec - Levei como abrigo para chuva e frio. Se saiu bem, porem é bem pesado, quase 1kg. Na próxima levo um fleece mais grosso e uma capa de chuva simples. Meias: Levei 5 pares. dois para usar, dois de reserva em caso de dois dias de chuva e um para dormir. Acho que da para diminuir para 3 pares. Não peguei muita chuva. Sempre usava um par limpo para dormir. Cuecas: 2 Bermuda de caminhada (tipo de futebol): 2 Camisetas de dryfit: 3 Calças bermuda tactel: 2 Perneiras quechua: 1 (não peguei chuva forte, dispensável) Boné+gorro+lenço de cabeça+toalha secagem rápida+toalha de fralda pequena= 1 de cada Headlamp Guepardo+ Câmera Canon+Carregador de Pilhas+Ipod (Levei um tablet para ir escrevendo o diário, porém deixei em Madrid, pois quase todos albergues existem internet)+sensor climático Guepardo+ óculos de sol Botas Nômade (Vento) Remédios que recomendo (que usei): Dorflex, Antigripal, Voltaren(anti-inflamatório), Pomada Anti-inflamatória, Salonpas, Pó antisséptico, Agulha, linha e álcool, Nebacetin Outras coisas que eu levei: Canivete, Tomada tipo benjamin, repelente(não usei), polaramine(não usei), pregadores, sabão em pedra(comprei la),papel higiênico Planejamento Sobre mapas, planejamento e o percurso, depende de cada um. Eu só levei uma planilha fornecida da Associação com anotações de albergues e distancias entre os povoados(está em anexo aqui abaixo). Você pode caminhar de 5, 10 ,15 a 40km por dia. Se for de 20 a 25, voce vai levar 32 dias e se for de 25 a 30, provavelmente em 27. Esse site é muito bom para planejar:http://www.urcamino.com/ Normalmente caminhava de 20 a 25, só por uma vez caminhei 44km, mas foi por falta de opção. Eu escolhi ficar em albergues municipais(5 a 10euros) e você tem opção de ficar em albergues privados que normalmente são de 10 a 15 euros ou de Igrejas que são por donativos.Os privados são bons para você reservar, então pode acordar um pouco mais tarde, caminhar mais tranquilo e chegar com sua cama garantida. Ah, também é bom para quem quer mandar a mochila por automóvel. Os das Igrejas e Monastérios é bom para quem tem pouco dinheiro e quer conhecer mais pessoas, pois há jantares coletivos. Os municipais também são bons, há bastante interatividade, você vai acompanhar as mesmas pessoas por vários dias. Um guia que vi, que é pequeno e bem descritivo é um da Michelin, acho que só tem na Espanha, inclusive tem um espaço para os carimbos. Gastos Os gastos nunca serão os mesmos, mas serve de parâmetro. Eu não ligo em compartilhar quartos(não fiquei em nenhum hotel sozinho), fazer comida nos albergues, comi fora poucas vezes, tomei vinho e cerveja, houve alguns imprevistos e na próxima serei mais econômico. A planilha e os mapas estão anexados no final deste post. *Obs: Na planilha de gastos está incluso alguns imprevistos como: Pagamento extra de passagem e seguro viagem devido a remarcação + lembrando que no Cebreiro me furtaram 300 euros + compras de roupas em Madrid no final do Caminho http://Comida Todos os povoados que tem refúgio tem restaurantes os que não tem, no refúgio faz. O menu do peregrino (são dois pratos+pão+água e vinho) custam de 9 a 15 euros. A maioria cobra 10 euros. Eu optava em fazer compra no supermercado, comprava o jantar, o lanche do dia seguinte e as vezes o desayuno(café da manhã), saia por 6 a 8 euros. Em duas pessoas, sai mais barato ainda. Eu gostava de ficar em cidades com supermercados e albergues com cozinha. Muitas vezes dividíamos o jantar com mais pessoas. Ah, sempre comprava o vinho, na Espanha é muito barato e bom. Outros comentários e dicas * O seguro viagem é obrigatório para entrar na Europa e eu precisei. Muito importante. http://www.mondialtravel.com.br * Conheci peregrinos que quando machucados, faziam o trajeto de Ônibus. é uma opção para quem tem pouco tempo. * Um horário bom para começar a caminhar são entre 6 e 7h. Se for primavera verão, recomendo até sair mais cedo por causa do calor. * Se molhar as botas ou tênis, coloque jornal para ajudar a secar * Bastão de caminhada ajuda a poupar seus joelhos em trechos com declive * Na Espanha vende um adesivo chamado Compeed, muito bom para quem tem bolhas, mesmo assim o melhor ainda acho que é a agulha e linha. * Empresa de ônibus que faz a maioria dos trajetos no Caminho: http://www.alsa.es * Empresa aérea que faz voos domésticos na Espanha, barata, porém sua mochila tem que ter menos de 10kg e você tem que imprimir o bilhete antes: http://www.ryanair.com/pt - Útil para o trecho Santiago x Madrid * Usei o cartão vtm feito através do http://www.cotacao.com.br (consultava o saldo por internet). * Antes de subir os Pirineus, olhar a previsão do tempo é muito importante. Evite fazer esse trajeto sozinho, principalmente no inverno com neve. * Os albergues municipais e alguns privados tem cozinhas, o que barateia muito seu Caminho. Antes de fazer as compras, sempre passe na cozinha, os peregrinos costumam deixar muitas coisas para os próximos. Assim como roupas e remédios. Não esqueça que você pode fazer isso também, exemplo deixe aquele pacote de cebolas ou molho que você teve que comprar e não usou todo. * Durma com seu dinheiro e documentos dentro do saco de dormir. * Refúgios com acolhida religiosa: Albergues do Caminho Francês, com acolhida religiosa (útil para o peregrino que vai com pouco dinheiro) * Telefones celulares, esqueça-os ! Aproveite o caminho para desconectar do mundo ou desse vício moderno. A grande maioria dos refúgios tem internet ou telefone público (compre um cartão de ligação internacional). * Sempre siga as setas amarelas, totens, a concha (vieira), postes de luz com símbolos da viera, placas nas estradas ou coladas nas calçadas e quando houver dúvida, descanse, sempre aparece algum peregrino ....depois continuo as dicas Relatos (a maioria dos textos foram escritos no dia): Pamplona: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/pamplona-es.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/pamplona-es.html Pamplona/SJPP: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/saint-jean-de-piert-de-port-franca.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/saint-jean-de-piert-de-port-franca.html 1 dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-1dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-1dia.html 2 dia: 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8 dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-8dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-8dia.html 9 dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-9dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-9dia.html 10 dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-10dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-10dia.html 11 dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-11dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-11dia.html 12 dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-12dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/caminho-de-santiago-12dia.html 13 dia: 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http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/santiago-de-compostela.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/santiago-de-compostela.html Santiago a FInisterra 1dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/de-santiago-finisterra-1dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/de-santiago-finisterra-1dia.html Santiago a FInisterra 2dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/de-santiago-finisterra-2dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/de-santiago-finisterra-2dia.html Santiago a FInisterra 3dia: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/de-santiago-finisterra-3dia.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/de-santiago-finisterra-3dia.html Finisterra: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/finisterra-es.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/finisterra-es.html O retorno: http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/o-retorno-do-caminho.html'>http://www.raffanocaminho.blogspot.com.br/2012/07/o-retorno-do-caminho.html ARQUIVOS ÚTEIS Lista de AlberguesManoel Brasilia ListAlberguesCSFrances2011.xls Planilha do site urcamino que utilizei camino_itinerary (1).pdf Etapas do Caminho com perfil de altitudes: Etapas caminho frances.pdf planilha de custos e distancias. *Obs: Na planilha de gastos está incluso compras de roupas em Madrid e lembrando que no Cebreiro me furtaram 300euros obs: se precisar de uma dica ou tenha alguma dúvida, me pergunte !! Caso tudo acima lhe tenha sido util e talvez queira contribuir para que eu possa retornar ao Caminho, só ajudar aqui http://www.vakinha.com.br/VaquinhaP.aspx?e=213615# Roteiro - Raffa (www.raffanocaminho.blogspot.com.br).pdf
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Gente, acabei de voltar de uma viagem pela Costa Amalfitana, na Itália, e estou ansiosa para compartilhar o que eu considerei a melhor descoberta da trip. Todo mundo sabe que a estonteante Costa Amalfitana não é dos lugares mais baratos da Itália. A imensa maioria dos passeios é pago, o que, às vezes, se torna inviável para quem está com o orçamento contado. Muita gente diz que os passeios de barco são a melhor maneira de ter uma ideia da grandiosidade dessa parte do litoral italiano, cenário de filmes e romances. Eu concordo que é um passeio bacanérrimo, mas descobri que não é a única maneira de ter uma vista privilegiada da região. Fica a dica: gastando menos de 10 euros, faça a trilha “Sentiero degli Dei”. Em português, isso quer dizer “Caminho dos Deuses”. Sem exageros, é quase assim que nos sentimos quando estamos lá em cima dos penhascos, percorrendo caminhos de terra estreitos, à beira de abismos e com uma visão total do mar azul, das casas encravadas nas montanhas, das plantações do famoso limão siciliano e do céu. Eu digo que é a vista mais privilegiada porque caminhamos bem pertinho das nuvens, em meio a muito verde e num silêncio relaxante. Às vezes, só interrompido pelos béééé de cabras ou algum pássaro. A trilha dura cerca de 3 horas. Ela começa num vilarejo chamado Bomerano e termina em Nocelle, um vilarejo perto de Positano. Não é de grande dificuldade, mas requer alguma familiaridade com trekkings porque há trechos em que o terreno é bem acidentado. Com cuidado e calma, pode ser feita pela maioria dos aventureiros. Posso dizer que o almoço-piquenique que fiz lá do alto, debaixo de uma árvore e soboreando um sanduíche de queijo Fior di Latte (tradicional da região) e presunto Parma, que comprei numa salumeria no vilarejo de Bomerano, onde começa a trilha, ficará para sempre na minha memória. Vamos às informações sobre a logística, porque, chegar ao paraíso, claro, exige esforço. A trilha começa na vila de Bomerano, em Agerola, uma cidadezinha da Costa Amalfitana, perto de Amalfi. Para chegar até lá, terá que pegar em Amalfi um ônibus comum urbano com destino a Pomeriggio. Os tickets são vendidos no quiosque de informações turísticas na praça principal de Amalfi e custam menos de 2 euros. A viagem dura uns 40 minutos. Peça para descer no ponto de Bomerano. Quando eu fui, o ônibus quase inteiro desceu nessa parada. Daí, você terá que caminhar (5 minutinhos) até o centro da vila, que se resume a uma praça, com padaria, café e uma salumeria divina. Tem uma placa bem grande em frente ao ponto de ônibus indicando a direção. Eu recomendo que você compre na salumeria o queijo Fior de Latte, o presunto Parma e o pão de focaccia e peça para a atendente montar o sanduíche pra você. Eles são muito gentis e fazem isso numa boa. Fatiam o quanto você quiser de queijo e do presunto e preparam o sanduíche. Sem fazer economia nos ingredientes, paguei 5 euros por dois sanduíches. Inesquecível!!!! Compre também água. Na trilha, há locais para reabastecer o cantil. Com a mochila pronta, comece a caminhada. A trilha sai dali pertinho da igreja e é bem sinalizada. De resto, é só afiar as canelas e contemplar. Quando chegar em Nocelle, tem ônibus para Positano. Há quem faça o caminho na ordem inversa, começando por Nocelle. Mas precisa saber que a trilha é mais árdua, porque é subida. Para mim, acabou sendo um passeio de dia inteiro, porque, como estava hospedade em Positano, precisei me deslocar até Amalfi (optei pelo ferry-boat a 8 euros e dura 20 minutos). Comecei a caminhar por volta do meio-dia e terminei depois de mais ou menos 3 horas. Sem pressa, parando para fotos, descanso e piquenique.
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Caminho de Roma: de Lausanne (Suíça) a Roma a pé
fernandobalm postou um tópico em Trilhas de Longo Curso
Considerações Gerais: Não pretendo aqui fazer um relato detalhado, mas apenas descrever a viagem com as informações que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante, principalmente o trajeto, preços, hotéis, meios de transporte e informações adicionais que eu achar relevantes. Nesta época eu ainda não registrava detalhadamente as informações, então preços muitas vezes vão ser estimativas e albergues, hotéis e meios de transporte poderão não ter informações detalhadas, mas procurarei citar as informações de que eu lembrar para tentar dar a melhor ideia possível a quem desejar repetir o trajeto e ter uma base para pesquisar detalhes. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais: Meu objetivo era fazer uma peregrinação, semelhante à de Santiago de Compostela. Por isso procurei ficar em albergues associados à peregrinação. Havia uma credencial de peregrino, que recebi por correio em São Paulo de Paolo Asolan, que fazia parte de uma associação que promove a peregrinação. Não me preocupei com conforto nem com luxo. Eu não sou cristão. Meu objetivo não era a instituição Igreja, mas sim a vivência espiritual que transcende as instituições religiosas e remonta à natureza mais profunda do Universo. A peregrinação inteira sai da Cantábria na Inglaterra e vai até Roma. São cerca de 2000 Km. Eu resolvi fazer só metade e comecei de Lausanne na Suíça. Seriam cerca de 1000 Km, porém devido a voltas que o caminho deu (em alguns lugares não era o mais curto) e devido a inúmeros erros que cometi, acabaram sendo cerca de 1200 Km. Não foi muito fácil achar informações sobre esta peregrinação. Ela é muito menos conhecida do que o Caminho de Santiago. Geralmente a maior quantidade de informações está sob o nome de Via Francígena. Pode-se encontrar informações em: http://www.viefrancigene.org http://www.san-quirico.com/francigena_eng.htm http://en.wikipedia.org/wiki/Via_Francigena http://www.camminafrancigena.it/it/resource/track/category/via-francigena/ http://www.viafrancigena.com http://www.kulturwege-schweiz.ch/via-routen/viafrancigena/route.html http://www.eurovia.tv/home/index.php?option=com_content&task=view&id=30&Itemid=72 http://www.confraternitadisanjacopo.it/Francigena/home.php http://www.francigena-international.org/ Para hospedagem veja: http://www.viefrancigene.org/static/uploads/www.viefrancigene.org/elencoospitalitapellegrina.pdf Em São Paulo, no escritório de turismo da Itália no Edifício Itália, havia bastante material turístico gratuito sobre a Itália. Eu optei por pegar apenas um livreto com informações gerais sobre o país e um mapa turístico detalhado de Roma. :'> Durante boa parte do trecho na Itália encontrei muitas frutas no chão ou em árvores em locais públicos (uvas, amoras, peras, maças, mixiricas, etc) e saboreei várias delas. Uma vez inclusive eu não tinha tomado café da manhã direito e estava um pouco hipoglicêmico depois de caminhar bastante, quando parei e pensei em algumas frutas que havia pego do chão em dias anteriores, quando uma fruta caiu da árvore, desceu a ladeira e veio bater no meu pé. :'> Convém apenas certa cautela com a saúde. A sinalização não seguiu o padrão de qualidade do Caminho de Santiago. Havia cidades em que a sinalização era boa. Havia outras em que ela praticamente inexistia. Havia locais em que era simples, mas eficiente. Havia outros em que era sofisticada, com muitas informações, mas, quando você mais precisava, desaparecia. Como eu não levei mapas detalhados, sofri bastante com isso (muitos davam risada quando eu mostrava meu "mapa" (verso da credencial), que na realidade era apenas uma linha com as principais cidades). Eu me perdi muitas vezes, devido ao desaparecimento da sinalização e porque em muitos lugares não havia ninguém a quem perguntar ou as pessoas simplesmente desconheciam a peregrinação. Ela não era conhecida como o Caminho de Santiago. Por exemplo, fiquei perdido no meio de plantações (trigo ou arroz), no topo dos Apeninos, em zonas rurais, estradas e outros locais. Além disso, em alguns trechos, principalmente no Vale de Aosta e num pequeno trecho do Piemonte, o caminho não era o mais curto visando que o peregrino passasse por alguns pontos turísticos com vistas belas. Isso aumentou a distância percorrida em cerca de 200 Km. Além disso, como eu sempre quis fazer a peregrinação exata, sem desviar por caminhos mais fáceis, acabei entrando em trilhas em que havia obstáculos. Numa ocasião havia uma cerca elétrica envolvendo gado no meio da trilha. Consegui pular a trilha, passei por vários bois ou vacas, mas aí um resolveu enfezar comigo e começou a me perseguir. Acabei voltando e dando uma volta para retomar a trilha. Em outras ocasiões havia plantações com canais, montanhas com trilha tomada pela vegetação, erosão e outros obstáculos no caminho. Houve vários trechos em que a peregrinação seguia por rodovias (principalmente a Via Cássia), que em alguns trechos não possuíam acostamentos, além de terem bastante tráfego de ciclistas (uma vez inclusive alguns me orientaram a voltar para a estrada principal pois eu havia pego um caminho de subida de uma estrada lateral erroneamente). Isso fez com que fosse necessário ficar bastante atento para evitar acidentes. Tudo isso fez com que eu me cansasse muito além do planejado, sendo que ao final de alguns dias não conseguia nem mais subir ou descer escadas direito. Levei sapatos que não estavam muito bons (já não conseguia utilizá-los socialmente) com o objetivo de aproveitá-los até o fim, o que surtiu o efeito desejado, mas em contrapartida, sacrificou um pouco meus pés e pernas. Algumas vezes eu fiquei irritado com esta situação. Briguei um pouco com Deus. Isso fez a peregrinação ser uma grande experiência de autoconhecimento e tomada de consciência do grau de ignorância própria. Acho que eu tive pouca fé. Houve muitos atrativos naturais, culturais, históricos e religiosos ao longo do caminho, como lagos, rios, parques, bosques, montanhas, igrejas, santuários, construções antigas (da Antiguidade, da Idade Média e da Idade Moderna, além de algumas dos séculos 19 e começo do 20), etc. Porém alguns eu acabei só vendo por alto devido ao meu atraso em relação ao planejado (para não perder a visita a Roma). Num dos dias no Vale de Aosta, depois de muito chamar, eu tentei entrar numa igreja para visitá-la e disparou o alarme, o que fez o responsável vir correndo assustado. Eu pedi desculpas e ficou tudo bem. As igrejas geralmente tinham um bom astral, sendo poucas as imagens com aspecto de sofrimento. :'> Havia muitas igrejas e santuários enormes, com muitos ornamentos, em localidades pequenas. A maioria absoluta das minhas refeições foram feitas com compras de supermercado, padaria ou similares. Pão, queijo (mussarela ou branco), tomate, beringela, cenoura, pepino, maça, pera, banana e eventualmente algum doce (eu sou vegetariano). Raras vezes fui a restaurantes. Achar água potável ao longo da peregrinação não foi muito fácil. Frequentemente eu pedia para as pessoas, pois havia levado uma garrafa de apenas 600 ml e o calor após me afastar dos Alpes foi grande. Algumas vezes a água fornecida pelas pessoas e pela Cia de Abastecimento tinha calcita, mas resolvi beber mesmo assim, confiando na informação de muitos habitantes locais que a bebiam. Raras vezes houve chuva e não houve neve durante o trajeto. A chuva mais incômoda ocorreu numa zona rural, descampada, que devido a isso tinha vento forte. Apesar do meu plástico improvisado como capa, fiquei um pouco molhado, pois priorizei proteger a mochila. Quando avistei um galpão e pensei em me abrigar a chuva diminuiu e parou. A população no geral tratou-me muito, muito bem. :'> Sem eu pedir, muitos ofereceram almoços, tortas, no campo ofereçam frutos, etc. Forneceram água sempre que pedi. Houve raríssimas pessoas que não me trataram bem (talvez pensassem que eu era um pedinte ou um assaltante). Houve alguns religiosos e padres que também não me trataram bem (não estavam associados à peregrinação). Alguns ficavam surpresos, talvez horrorizados, quando eu dizia que estava indo a Roma (e faltavam ainda algumas centenas de Km). Outros achavam que eu era espanhol pelo meu modo de falar. Um italiano me perguntou porque o Brasil concedeu asilo a Cesare Battisti. Comentou comigo que eu poderia ver pessoas em Roma em cadeiras de roda resultantes de ações dele. Como eu não conhecia bem a história dele, somente por alto a atuação das Brigadas Vermelhas, principalmente os casos de maior repercussão como o sequestro e morte de Aldo Moro, e como eu também não conhecia as razões precisas da posição do governo brasileiro, fiquei sem saber explicar. Ao contrário do Caminho de Santiago, encontrar peregrinos, principalmente quando se está distante de Roma é difícil. Andei vários dias sem encontar nenhum outro, nem nos albergues. Telefonar para o Brasil de orelhões na Suíça foi muito fácil. Na Itália não consegui telefonar pagando. Só a cobrar, depois que descobri o Brasil Direto da Embratel. Antes, acabei passando por algumas situações um pouco embaraçosas, ao pedir para pessoas para tentar usar um cartão em seus telefones fixos, pois apesar delas não terem que pagar pela ligação, acho que muitas vezes desconfiavam que eu tinha alguma segunda intenção, como namorar suas filhas. A Suíça não fazia parte da zona do Euro. Sua moeda era o franco suíço, que na época estava quase 1 para 1 com o euro. A Viagem: Minha viagem foi de SP (Guarulhos) a Genebra em 25/7/2011. A volta foi de Roma a SP (Guarulhos) em 7/9/2011. Na ida fiz conexão em Madri e na volta fiz uma parada de algumas horas em Barcelona (o que permitiu dar um passeio pela cidade). Os voos foram pela Iberia (http://www.iberia.com/br) entre SP e Espanha e pela Vueling (http://www.vueling.com/PT), parceira da Iberia, nos trechos dentro da Europa. A passagem de ida e volta custou R$ 1514,10, incluindo todas as taxas. Brasileiros não precisavam de visto para entrar na zona Schengen, que inclui a Espanha, a Suíça e a Itália. Como eu fazia conexão em Madri, teoricamente a conferência dos documentos e a entrada eram lá. Porém o agente da imigração não me pediu nada além do passaporte e autorizou a entrada sem nenhum problema. Cheguei em Genebra em 26/7. Fui a pé do aeroporto até o centro da cidade (cerca de 7 km). Lá a hospedagem era muito cara, acima da média europeia a que eu estava acostumado. Fiquei hospedado no Albergue da Juventude (http://www.youthhostel.ch/en), pagando 29 francos suíços (cerca de US$ 38,00) a diária, com direito a café da manhã. Para isso precisei fazer a minha carteirinha de sócio, que dava direito a 5 francos suíços de desconto por diária. Teria sido mais barato fazer a carteirinha no Brasil. Aceitava cartão e os atendentes falavam inglês (uma falava português - era portuguesa). Eles foram cordiais, com exceção de uma. O segundo hotel mais barato custava cerca de 65 francos suíços a diária. Comprei em supermercados a comida para minhas refeições. A temperatura não estava muito alta para verão (de 10 C a 22 C). Por ficar hospedado num hotel da cidade, ganhei um passe para usar qualquer transporte público local gratuito. Como gosto muito de andar, só usei 4 vezes o passe, uma das quais para passear pelo Lago. Gostei muito de Genebra. Para as atrações veja http://www.geneve-tourisme.ch/en/home. Os pontos de que eu mais gostei foram a visita à ONU, a visita ao CERN, os parques, o lago e o Muro dos Reformadores. Na visita à Catedral, uma religiosa abordou-me cordialmente dizendo que o horário de visita havia acabado. Quando lhe perguntei sobre albergues para a peregrinação, talvez por ser protestante, ela pareceu não gostar e mudou o padrão de tratamento, dizendo que não entendia inglês e me mandando sair. Procurei conhecer todos os locais a pé. Só usei ônibus para ir e voltar do CERN e aproveitei o passe de uso dos transportes para andar no barco que atravessa o lago, como forma de passeio. Genebra era cosmopolita. Lá conheci brasileiros que estudavam Física em Portugal e estavam visitando o CERN, um rapaz eslovaco que pretendia trabalhar no CERN e também uma africana que pretendia fazer uma sistema computacional de apoio a ONGs. Saí de Genebra com destino a Lausanne em 31/8. Fui de trem, ao custo de cerca de 21 francos suíços (cerca de US$ 27,50). A viagem demorou cerca de 40 minutos. Em Lausanne também fiquei no Albergue da Juventude (http://www.youthhostel.ch/en). Paguei cerca de 38 francos suíços (cerca de US$ 49,50), com direito a um café da manhã consideravelmente mais farto do que o de Genebra. Esse preço já era com o desconto por ter carteirinha. Aceitava cartão e os atendentes falavam inglês. Eles foram cordiais, com exceção de uma. Comprei em supermercados a comida para minhas refeições. A temperatura aqui estava bem mais alta, chegando aos 30 C. Igualmente ganhei o passe para usar qualquer transporte público local gratuito, mas não o usei. Também gostei muito de Lausanne. Para as atrações veja http://www.lausanne-tourisme.ch/en/ e http://www.myswitzerland.com/pt/lausanne.html. Os pontos de que mais gostei foram o lago, a orla do lago, os parques, o templo budista tailandês (http://www.panoramio.com/photo/5213076) e o Museu Olímpico (só o conheci por fora - jardins e entrada). Fui tentar me informar sobre os albergues para a peregrinação na secretaria da igreja católica, sendo bem atendido por um rapaz, mas não muito bem atendido pela secretária. No primeiro dia em Lausanne liguei facilmente para o Brasil de um orelhão, usando meu cartão de crédito diretamente nele. A Peregrinação: Comecei a peregrinação em 4/8. Pretendia chegar a Roma no último sábado (27/8) de agosto, posto que no domingo o Museu do Vaticano era gratuito e depois teria cerca de 10 dias para conhecer Roma e fazer uma pequena viagem a Assis. Antes de começar ainda passei pelo centro para comprar um pen drive na loja Interdiscount (http://www.interdiscount.ch). Como não tinha a quantidade de informações disponíveis no Caminho de Santiago, não tinha exatamente uma meta de onde iria dormir. Só sabia que Montreaux provavelmente não seria uma boa opção, pois todos diziam que era caríssima. Saí de Lausanne e segui a orla do lago até Villeneuve. A vista foi magnífica , tanto do lago como das montanhas dos Alpes que viriam à frente. Ao passar por Montreaux, perguntei o preço da diária do Albergue da Juventude e até que não era fora do padrão suíço. Custava 37 euros suíços (cerca de US$ 48,00). Mas estava lotado. Decidi continuar caminhando e ver se mais perto do fim do dia encontrava algum abrigo pertencente à peregrinação ou algum local barato. Em Villeneuve aproveitei o calor do entardecer para tomar meu melhor banho no lago :'>, ao lado de um castelo. Depois passei num supermercado para comprar o jantar. Deixei a orla do lago e fui em direção a Aigle. Encontrei um casal de ciclistas peregrinos italianos que havia saído da Cantábria (foram os primeiros e últimos em muito tempo). Estava começando a ficar preocupado, pois estava escurecendo e eu não achava nenhum local associado à peregrinação ou barato (os mais baratos eram cerca de 100 francos suíços - 130 dólares). Peguei a estrada para Aigle e acabei entrando erroneamente na autoestrada, o que imagino que era proibido, pois havia uma cerca alta na lateral e eu não conseguia mais sair dela. Agora, não havia mais nenhum local para pernoitar, nem barato nem caro, só a estrada com as margens desertas (com vegetação). Estava quase convencido de que teria que passar a noite ao relento (eram mais de 21:30 horas e já estava escuro). Porém, consegui chegar a um viaduto que cortava a estrada, o que me permitiu sair dela. Mas na lateral havia apenas poucas casas e não havia hotel para ficar. Decidi então procurar um local com grama para passar a noite. Foi quando vi um camping (era o Clos de la George - http://www.closdelageorge.ch). Fui até lá e perguntei se poderia passar a noite lá. Disseram-me que sim, porém não tinha tenda e passei a noite ao relento. Mas de qualquer forma, possuíam banheiros com chuveiro quente, mesas, talheres e segurança (embora isso não me parecesse um problema ali). Ainda bem que não choveu e que eu tinha levado um grande plástico para servir como proteção para a chuva. Acabei usando-o como colchão. A noite acabou sendo tranquila (a temperatura nem caiu muito (13 C)) e pude apreciar as estrelas. Quando acordei havia uma espécie de lesma dentro da minha mala (provavelmente tinha sido atraída pelo pão). Paguei 16 francos suíços pela noite (cerca de US$ 21,88). Andei cerca de 45 Km no dia. Minha moral estava média-alta (7). Este primeiro dia mostrou-me que esta peregrinação seria bem mais complicada do que o Caminho de Santiago, onde a infraestrutura e a quantidade de albergues era muito maior e era muito mais fácil obter informações. Saí do camping em 5/8 com destino a Aigle. Cruzei Aigle sem me deter muito. Achei uma bela cidade, bem menor que Lausanne, porém grande, perto dos povoados por que eu havia passado. Continuei em direção a Martigny. Embora quase não houvesse indicações sobre a Via Francígena na Suíça, havia muitas indicações sobre rotas internas suíças para caminhantes, algumas das quais levavam ao Grande São Bernardo, que fazia parte da Via Francígena e era na fronteira com a Itália. Assim, resolvi sair da estrada e seguir estes caminhos, que eram muito mais belos e longe dos automóveis. Eles eram por entre florestas laterais às rodovias. :'> Cheguei a Martigny cerca de 20 horas. Em Martigny procurei a Igreja e pela primeira vez, fui muito bem atendido como peregrino. O padre disse-me para ficar no camping hostel TCS, mas disse que se não houvesse vaga conseguiria um local para eu ficar. Fiquei num dormitório do TCS (http://www.tcs.ch/fr/voyages-camping/camping/offres/martigny.php) por cerca de 20 francos suíços (cerca de US$ 27,35). Dei um rápido passeio por Martigny, que me pareceu uma cidade simpática. A temperatura estava começando a cair devido à altitude e à proximidade dos Alpes. Este dia andei somente 30 km. Minha moral estava alta (. Saí de Martigny em 6/8. Segui pelas trilhas das florestas até Bourg-Saint-Pierre. A subida acentuou-se. Poucas vezes precisei andar pelas estradas. Achei a paisagem bela. No caminho encontrei alguns portugueses fazendo uma espécie de churrasco em uma casa de campo. Em Bourg Saint-Pierre havia uma cabana específica para peregrinos, ciclistas, viajantes ou caminhantes, ao custo de 20 ou 25 francos suíços (cerca de US$ 27,35 a US$ 34,20). Havia 2 franceses lá que até me perguntaram o que havia ocorrido na disputa de pênaltis entre Brasil e Paraguai na Copa América (o Brasil havia perdido todos os pênaltis). A temperatura da noite estava cerca de 10 C. Andei cerca de 40 Km. Minha moral estava alta (8,5). Saí de Bourg-Saint-Pierre em 7/8. Fui em direção à passagem do Grande São Bernardo, que é o ponto mais alto da peregrinação, com cerca de 2500 m de altitude (http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_S%C3%A3o_Bernardo). A subida foi um pouco árdua, mas achei a paisagem muito bela. A vista dos Alpes agradou-me muito. No hospice (refúgio / albergue) do Grande São Bernardo parei para fazer uma visita, incluindo as instalações e a capela. Fui muito bem recebido, tratado e atendido. Recebi o primeiro carimbo da minha credencial. Também trocaram para mim cerca de 50 francos suíços que me restavam, com uma taxa bem melhor do que a dos comerciantes locais. Fiquei lá cerca de duas horas e depois cruzei a fronteira com a Itália. Na descida em direção a Aosta, peguei um pouco de chuva e vento. Foi o único local em que precisei usar minhas roupas específicas para frio (fleece e anorak). A temperatura creio que não foi inferior a 5 C. O forte vento é que dava uma sensação térmica menor. Entrando na Itália desci até chegar a Etroubles, de onde voltei um pouco para passar a noite no Château Verdun [http://it.wikipedia.org/wiki/Ch%C3%A2teau-Verdun_(Italia) - Via Flassin, 3]. Lá fui recebido por um religioso que me disse que não havia lugar vago, mas que iria ver o que podia fazer. Depois de algum tempo conseguiu um bom quarto privado para mim. Tive direito a jantar e café da manhã. Paguei 10 euros (isso porque insisti que desejava pagar). A temperatura estava em torno de 15 C. Andei cerca de 35 Km. Minha moral estava alta (9). Saí do Château Verdun em 8/8. Parei para um passeio em Etroubles. Seu aspecto de pequena vila medieval e suas obras de arte ao ar livre muito me agradaram. Prossegui em direção ao Vale de Aosta. O caminho nesta região é muito montanhoso e as trilhas da Via Francígena vão pelas montanhas e não pela estrada (além de às vezes desviarem para passar por pontos turísticos), o que me fez andar muito mais e com maior esforço para cobrir poucos quilômetros lineares em direção a Roma. De qualquer modo, a vista é bela, com montanhas, vales, videiras, etc. :'> Decidi parar em Nus. Procurei algum albergue conveniado à peregrinação, mas não achei nenhum. Fui à Igreja, mas não havia ninguém. Fui a um povoado vizinho, do outro lado da estrada, até a casa do sacerdote. Falei para ele que era peregrino e que procurava um abrigo para passar a noite. Mas ele não gostou muito da ideia. Porém me disse que poderia dormir gratuitamente num quarto com banheiro, numa espécie de porão da casa dele. Parecia estar bastante contrariado, tanto que, antes de eu entrar, perguntou-me "Como você entrou na Europa?". Logo após eu entrar nos aposentos que ele havia indicado, fiquei pensando que aquilo poderia comprometer a imagem do Brasil (eu nunca me preocupo com a minha imagem, mas ali era uma questão da imagem dos imigrantes e do Brasil) e também que não gosto de aceitar nada de pessoa que faz contra a vontade. Resolvi voltar para a casa principal, toquei a campainha e devolvi a chave para ele dizendo que iria partir porque ele não estava feliz. E fui para um hotel. No caminho, 2 mulheres de uns 50 anos num carro me pararam na estrada perguntando o que havia ocorrido e porque o padre não havia me acolhido (inclusive cogitando a possibilidade de me oferecerem abrigo), ao que respondi que não havia problemas e eu tinha preferido ficar num hotel. Eu estava acostumado com o padrão de acolhida que tinha experimentado no Caminho de Santiago e que tinha sido igual no Grande São Bernardo, em Martigny e no Château Verdun. Este episódio decepcionou-me. Fiquei no Hotel Florian (http://www.hotel-florian.it - Via Risorgimento, 3), que até que não foi caro (20 euros para peregrinos). A temperatura estava cerca de 15 C. Em termos lineares de distância a Roma progredi cerca de 33 Km, mas andei de fato perto de 40 Km. Minha moral caiu para média-regular (6,5) por não achar albergue e pelas voltas do caminho. No dia seguinte (9/8) fui até Montjovet. As voltas que o caminho dava acentuaram-se e o sobe e desce também. Porém a paisagem era muito bela e ainda era possível ver os Alpes olhando para trás, o que eu fazia constantemente, procurando o Grande São Bernardo :'>. Eu me perdi um pouco em alguns trechos. Andei cerca de 20 Km lineares em direção a Roma, porém no total andei cerca de 35 Km. Um padre chegou a me aconselhar a ir pela estrada e não pelas montanhas, mas eu quis seguir a sinalização da peregrinação. Dormi no Pub Ristorante Hotel (http://www.tripadvisor.com.br/Hotel_Review-g736256-d3607216-Reviews-Hotel_Pub_Ristorante_Nigra-Montjovet_Valle_d_Aosta.html), pagando 35 euros. A temperatura estava subindo, chegando a 25 C durante o dia. Minha moral estava média-regular (6,5) devido a andar muito e progredir pouco e também por não achar albergues associados à peregrinação, o que gerava gastos de hospedagem bem maiores do que eu havia previsto. Em 10/8 as voltas do caminho e o sobe e desce continuaram os mesmos, o que fazia o progresso linear ser bem menor do que a distância caminhada. Progredi cerca de 20 Km, porém andei cerca de 40 Km. Neste trecho vi várias construções que pareciam ser medievais, incluindo algumas pontes feitas de pedra. A paisagem continuava muito bela, com montanhas, vinhas e bela vegetação. Passei a noite em Pont Saint Martin, num albergue público gratuito. Pensei em fazer uma doação, mas não achei o canal adequado. A temperatura estava aumentando e durante o dia chegando próxima aos 30 C. Minha moral estava média-alta (7,5), pois apesar de ter progredido pouco, tinha achado um albergue da peregrinação. Em 11/8 foi o último dia das voltas do caminho. Saí do Vale de Aosta e entrei no Piemonte. Lá o caminho foi bem mais direto, sem tantas voltas. :'> A sinalização era bem mais concisa, porém estava quase sempre presente. Houve várias vistas espetaculares no fim da área das montanhas. Cruzei a cidade de Ivrea, que achei bela. Lá comprei um cartão telefônico para ligar para o Brasil a partir de telefones fixos (públicos ou não), mas que não funcionou em nenhum dos muitos locais em que tentei usá-lo. Pude apreciar a vista do Lago de Viverone sob vários ângulos. Passei a noite em Cavaglià, onde encontrei uma moça, filha da dona de um bar-restaurante que me atendeu muito bem, dando muitas informações e falando que gostava do Brasil (tinha ido recentemente a um show do Carlinhos Brown e disse a ele que após conhecê-lo já poderia morrer, ao que ele respondeu "morrer por que?, agora é que ela deveria aproveitar e viver"). Ela me deu muitas informações sobre hotéis baratos na região e me ajudou a tentar fazer a ligação com o cartão comprado. Acho que me deu tanta atenção e por tanto tempo que a mãe dela ficou meio desconfiada e irritada, achando que eu desejava algum tipo de romance com sua filha. Passei a noite no HOTEL RISTORANTE LA G 884, pagando cerca de 20 euros. Avancei cerca de 36 Km. A temperatura durante o dia continuava próxima aos 30 C. Minha moral estava média-alta (. Em 12/8 continuei pelo Piemonte e fui até Vercelli. Passei por áreas rurais, incluindo plantações de arroz ou trigo e também por algumas estradas. Considerando as cidades anteriores, Vercelli era uma cidade relativamente grande. Achei-a bela, com igrejas e construções interessantes. Nela fiquei no Convento di Billiemme (Corso Alessandro Salamano, 139 - http://www.amicidellaviafrancigena.vercelli.it/ostello.html ), que era residência de religiosos e afins. Creio que o preço foi cerca de 10 euros. Encontrei um brasileiro, chamado Paulo, que estava morando lá. E encontrei novamente peregrinos, a maioria italianos, mas também um americano. :'> Todos comentaram como era raro encontrar peregrinos. Quando comentei isso com o Paulo, ele disse que a peregrinação estava ficando mais conhecida e que tinham passado por lá duas peregrinas na semana anterior (veja a diferença para Compostela!). Eles acharam que eu tinha muita coragem (provavelmente acharam que eu era louco) por fazer a peregrinação sozinho num país que eu não conhecia. Uma das peregrinas sugeriu-me pegar um barco para fazer a travessia do Rio Pó, que viria logo a seguir, dando-me inclusive um telefone para contato com o barqueiro. Avancei cerca de 30 Km. A temperatura durante o dia continuava próxima aos 30 C. Minha moral estava média-alta (. Em 13/8 entrei na região de Pávia. No trajeto vi muitas plantações e campos. Passei dentro de uma plantação de arroz ou trigo em que a sinalização da peregrinação desapareceu e em que eu fiquei perdido por cerca de 1 hora. Quase caí num dos canais tentando retomar o caminho. Acabei andando uns 8 Km a mais. Fiquei num albergue da Igreja em Tromello (Parrocchia San Martino - Via Branca, 1), em que encontrei um casal de peregrinos (creio que eram britânicos). Não me recordo se paguei algo (acho que não). Fui bem atendido, sendo que o hospedeiro inclusive me ofereceu uma camisa (a minha estava começando a rasgar). A temperatura durante o dia continuava próxima aos 30 C. Progredi cerca de 42 Km (andei cerca de 50 Km). Minha moral estava média-alta (7,5), mas eu estava começando a ficar preocupado com a data da chegada a Roma, pois tinha progredido menos do que esperava. Em 14/8 prossegui na região de Pávia indo até Belgioioso. A sinalização aqui deixava a desejar. Numa cidade pequena do caminho, Garlasco, havia um grande santuário (Santuario della Bozzola). Nesta cidade (ou em alguma outra próxima), quando eu estava pedindo informações sobre a peregrinação, uma mulher de uns 65 anos convidou-me para ir até a casa dela, pois o marido sabia de informações que poderiam me ajudar. Realmente, ele me falou bastante sobre o caminho a seguir e até me levou por 2 km, pois havia um ponto em que ele sabia que a sinalização sumia. Falo-me do Rio Pó, o maior da Itália, mas me disse que eu acharia pequeno, pois ele havia visto um documentário sobre o Rio Amazonas. Antes de sair da casa deles, a mulher me ofereceu almoço, que eu recusei educadamente, depois ofereceu-me uma torta inteira (acho que era de maracujá), que eu também recusei educadamente, mas acabei levando um pedaço da torta. Antes da cidade de Pávia, cruzei o Parque Ticino, :'> grande, com rio, trilhas, áreas para pequenique, diversão e mosquitos. Fiquei com vontade de um banho, mas pensei no horário e só admirei o rio. Atravessei a ponte para a cidade, que era grande e proporcionava uma bela vista da paisagem natural e da cidade. Cruzei a cidade de Pávia, que achei interessante, especialmente a Universidade, fundada no fim da Idade Média. Além dela, as demais construções, igrejas e praças da cidade pareceram-me interessantes. Quando cheguei à cidade de Belgioioso fui procurar por um albergue associado à peregrinação, fui até a casa do padre que não me tratou muito bem. Passei a noite no Hotel La Locanda Della Pesa (Via XX Settembre 111 - http://www.tripadvisor.com.br/Restaurant_Review-g2296210-d2296214-Reviews-La_Locanda_della_Pesa-Belgioioso_Province_of_Pavia_Lombardy.html), por 30 euros (desconto de 5 para peregrinos). Jantei num restaurante próximo ao centro, uma pizza margherita grande (massa bem fina) por 3 ou 3,50 euros, acompanhada por uma taça de vinho, o que custou ao todo cerca de 4,50 ou 5 euros. A temperatura durante o dia já estava passando dos 30 C. Progredi cerca de 38 Km. Minha moral estava média-alta (7,5). Consegui ligar para o Brasil a cobrar, depois de descobrir como. Minha mãe havia sido diagnosticada de Alzheimer há 7 meses e minha prima tinha ficado com ela e havia comprado um cachorro, que naquele momento estava gerando tensão, o que fez minha prima ficar nervosa. Não conseguir telefonar antes deixou minha prima desamparada. Em 15/8 fui em direção a Piacenza. Neste trajeto houve bastante vinhas, porém diferentes da de Aosta, geralmente não eram em encostas íngremes. Foi a única vez que eu peguei uma fruta (uma uva) de uma árvore, provavelmente de uma plantação privada (queria experimentar, não havia ninguém a quem pedir, não havia nenhuma no chão e achei que uma só não faria mal). A peregrina do albergue de Vercelli havia-me dito que o barco saía de Orio Litta. Quando lá cheguei procurei informações sobre a travessia de barco, mas o hospedeiro do albergue me disse que precisava agendar com um dia de antecedência. Disse porém, que a distância era a mesma de barco e por terra. Já eram cerca de 16 horas e ele sugeriu-me passar a noite no albergue de lá e prosseguir no dia seguinte de barco. Achei que seria desperdício de tempo e resolvi prosseguir, pedindo informações a ele sobre o caminho. Ele indagou-me sobre meu mapa e quando lhe mostrei que meu mapa era o verso da credencial, ele e um amigo dele que o estava ajudando a me dar informações ficaram rindo por cerca de 30 segundos (provavelmente achando que eu era maluco). Depois ele me explicou durante uns 5 minutos o trajeto, porém eu não fixei os detalhes, somente a direção e que era para eu ficar acima dos bancos laterias do rio e não ao lado do rio. Acabei indo e depois de apreciar uma bela vista do rio cheguei a Piacenza já de noite. Atravessei a ponte sobre o Rio do Pó no entardecer, o que permitiu uma magnífica vista do por do sol. O rio era grande (creio que da largura do Tietê em Barra Bonita), mas sem dúvida não havia como compará-lo ao Amazonas nem a outros rios grandes do Brasil. Piacenza era grande e eu pedi informação a várias pessoas sobre onde ficar, mas àquela hora (21:30) os abrigos estavam fechados ou eram distantes. Encontrei uma brasileira num bar-restaurante, que me ofereceu sua quitinete para eu passar a noite. Num primeiro momento fiquei meio desconfiado, pois com tantas histórias de dopagem e roubo de órgãos nunca se sabe. E também considerei que iria incomodá-la, pois eu iria ainda jantar e chegar tarde e depois acordar cedo e meus pés estavam sujos do caminho no campo. Numa quitinete isso seria um incômodo ainda maior. Fui procurar um hotel, não encontrei e resolvi voltar para procurar a brasileira e aceitar a oferta, porém ela havia ido. Tive que ir procurar um hotel aberto (os mais baratos estavam de férias). Só achei aberto o Hotel Euro (http://www.eurohotelpiacenza.it), que tinha como gerente da unidade um italiano que falava português e cujo irmão trabalhava no projeto Axé em Salvador. Depois de lhe explicar que era peregrino brasileiro, ele fez um desconto de 10 euros na diária (o máximo possível na alçada dele) e ainda se propôs a encontrar outro hotel mais barato para mim. Como já eram cerca de 23 horas, eu decidi ficar ali mesmo. A noite custou 65 euros, com direito a buffet no cafë da manhã. Jantei numa espécie de fast food de um afegão. A temperatura durante o dia continuava passando dos 30 C. Progredi cerca de 40 Km. Andei cerca de 50 Km, devido à busca do hotel. Minha moral estava média-regular (6,5). Em 16/8 saí de Piacenza em direção a Fidenza. Antes de sair dei um pequeno passeio por Piacenza e achei a cidade bela :'>, principalmente a catedral e as construções antigas. O caminho foi por áreas rurais e também por estradas. Novamente cheguei tarde e não consegui achar um albergue da peregrinação. Passei a noite no Hotel Fidenza (http://www.hotelfidenza.it), por 55 euros, com direito a buffet no café da manhã. Apesar da atendente ter-me dito que a água da torneira não era boa para beber, pois continha calcita, bebi assim mesmo, pois nos lugares anteriores haviam-me dito que era segura. Jantei na Pizzeria Lo Smeraldo (http://www.tripadvisor.it/ShowUserReviews-g1069551-d2587018-r147589421-Lo_Smeraldo-Fidenza_Province_of_Parma_Emilia_Romagna.html) em frente ao hotel, por 16 euros, pois não havia mais nada aberto. Comi dois pedações triangulares de pizza e tomei uma taça de vinho. Foi a melhor pizza de toda a viagem e uma das melhores que já comi na vida. A temperatura durante o dia estava subindo e passando dos 30 C. Progredi cerca de 40 Km. Andei cerca de 45 Km, devido à busca do hotel. Minha moral estava média-regular (6). Estava ficando preocupado, pois o custo estava alto e o progresso estava inferior ao que eu tinha imaginado. Eu não desejava luxo nem conforto, apenas locais baratos para comer e dormir. Em 17/8 saí de Fidenza e fui até Fornovo di Taro. Passei por uma espécie de bosque, com trilhas precárias e que num certo ponto acabavam. Tentei prosseguir, fiquei andando perdido algum tempo e precisei pular uma cerca ou muro até encontrar algumas pessoas trabalhando, que me disseram que ali não tinha saída e eu precisava voltar para a estrada. Consegui passar por uma grade que dava acesso à estrada e não precisei voltar todo o percurso. Apesar da dificuldade, achei a paisagem bela (mesmo em estado bruto). Neste trecho de bosque encontrei uma peregrina alemã (depois de muito tempo, enfim um peregrino novamente), que estava de bicicleta. Ela me disse que eu era o primeiro peregrino que ela havia encontrado. Desde a noite anterior pensei bastante e resolvi mudar de estratégia, pois estava saindo tarde e chegando tarde nos locais para dormir, o que fazia com que o dia rendesse menos e que eu não encontrasse albergues e tivesse que ficar em hotéis caros. Resolvi parar antes neste dia para começar o próximo dia mais cedo e ter margem de manobra à noite para encontrar albergues (não era como no Caminho de Santiago, em que havia muitos albergues - aqui a distância entre os albergues era muito maior). No Caminho de Santiago a estratégia anterior funcionou, mas aqui não estava dando certo. Porém, mesmo assim, não encontrei os albergues que o catálogo informava em Fornovo di Taro. Acabei ficando no Hotel Cavalieri (http://www.albergocavalieri.it), por 45 euros, sem café da manhã. Mas consegui jantar com compras de supermercado. A temperatura durante o dia continuava subindo e passando dos 30 C. Progredi apenas cerca de 30 Km. Andei cerca de 35 ou 40 Km, devido a idas e voltas no bosque. Minha moral estava média-regular (5,5). Em 18/8 fui até Passo Della Cisa. O caminho começou a apresentar novamente subidas e descidas, que geravam cansaço adicional, porém revelavam uma bela paisagem, cruzando bosques e campos. A vista de Berceto do alto também me agradou. Choveu um pouco durante o dia. Após Berceto, quase no final do caminho pisei em falso e levei meu único tombo durante a peregrinação, infelizmente em solo lamacento, o que me sujou todo. Após me informar em Berceto, passei a noite na Casa Cantoniera (SS della Cisa, km 58), que era albergue da peregrinação. Paguei cerca de 10 euros pela noite e cerca de 6 euros pelo jantar. Fui muito bem atendido e pude até lavar minhas roupas, que estavam precisando. A mudança de estratégia parecia estar dando certo. Agora só precisava tirar o enorme atraso de tempo. A temperatura começou a diminuir devido à proximidade com os Apeninos, ficando entre 20 e 30 C. Progredi cerca de 40 Km. Minha moral estava média-regular (6,5). Em 19/8 fui até Villafranca. Juntamente com o cruzamento do Grande São Bernardo foi um dos trechos mais belos. Primeiro visitei a pequena igreja campestre de Nostra Signora della Guardia (http://it.wikipedia.org/wiki/Nostra_Signora_della_Guardia), após boa subida. É simples e ilustra bem a fé e a espiritualidade, não a pompa. Depois cruzei os Apeninos, com vistas que achei espetaculares tanto da paisagem abaixo quanto da própria montanha e sua vegetação. A altitude passou de 1.000 m (não me recordo exatamente qual a altitude máxima, mas era bem menor do que a do Grande São Bernardo - acho que era cerca de 1500 m). A sinalização desapareceu em cima de uma montanha e eu fiquei perdido por algum tempo, até conseguir achar uma trilha local que me reconduziu ao caminho e à presença humana. Era um local totalmente deserto e poderia ser perigoso ficar perdido ali com o cair da noite, devido à queda de temperatura e ausência de qualquer infraestrutura, como água e comida. Havia inclusive um número de telefone para se discar, escrito em uma placa no alto de uma estação de comunicação, porém eu não tinha celular, caso tivesse precisado. Dormi em um trailler do camping Il Castagneto (http://www.campingilcastagneto.it/castagneto_eng) por 20 euros. A temperatura voltou a subir, ficando perto dos 30 C. Progredi cerca de 40 Km. Minha moral estava média-alta (7,5). Em 20/08 fui até Sarzana. Continuei com a estratégia de sair bem cedo para ter margem de manobra à noite. Isso tinha uma vantagem adicional, que era pegar o clima fresco da manhã. Neste trecho peguei novamente bastante terreno montanhoso, sendo que em algumas vezes o progresso era lento. Numa descida de montanha os sinais indicavam uma trilha que havia sido tomada pela vegetação e era praticamente apenas o caminho da água da chuva. Demorei cerca de 1 hora para percorrer cerca de 500 metros, sendo que minha camisa acabou ficando picada e rasgada pela vegetação. Num trecho seguinte, quando perguntei a pessoas sobre o caminho a seguir, pois a seta apontava para uma região de mata, um deles me disse que era possível seguir, porém o caminho era duro e com possíveis acidentes geográficos. Chegando na entrada do trecho, quando pedi confirmação aos que estavam lá, disseram-me que era melhor não ir por lá, pois o caminho não tinha condições de ser percorrido e me sugeriram ir pela estrada. Eu disse que iria mesmo assim, pois desejava seguir as setas. Logo em seguida, um homem abriu a janela no segundo andar de sua casa e me disse para não ir, pois o caminho estava muito ruim. Insisti que iria. Aí uma mulher abriu a porta da casa e veio me pedir para não ir, pois não dava para seguir aquele caminho. Diante de tanta insistência, disse-lhes que iria um pouquinho e, se não conseguisse continuar, voltaria. Realmente o caminho não estava bom. Havia um trecho erodido no meio, em que fiquei alguns minutos estudando como passar e depois decidi dar um pulo na diagonal, fazendo uma miniescalada, o que foi bem sucedido. Depois precisei andar numa encosta estreita, porém sem grandes problemas. Pareceu-me bem mais tranquilo do que a descida anterior. Após sair deste terreno, segui por estradas na montanha, que fizeram o caminho aumentar consideravelmente e me cansaram, porém me deram a primeira vista do mar (Tirreno). Mas eu me perdi algumas vezes nestas estradas. Quando cheguei a Sarzana, ao perguntar para dois homens onde era o albergue, um deles se ofereceu para me levar lá de carro, o que eu agradeci e recusei, pois desejava fazer todo o trajeto a pé. Dormi na Parrocchia San Francesco di Assisi (Via Paci, 8 - http://sarzana.corriere.it/parrocchie/parrocchia.shtml?idParrocchia=164404). O frei ofereceu um colchão no chão, sem roupa de cama, mas com cobertor, e o banheiro com uma ducha quente. Paguei 5 euros. Jantei numa pizzaria ao lado por cerca de 8 euros. Havia mais 1 ou 2 peregrinos lá. A temperatura voltou a subir, ficando perto dos 35 C. Progredi cerca de 25 Km. Andei cerca de 35 Km. Minha moral estava média-regular (6,5). Em 21/8 fui até Camaiorê. Passei pelo entroncamento da Via Francígena com o Caminho de Santiago. Passei pela região de Carrara, onde havia muitas marmorarias e muitas peças de mármore expostas na rua. Havia também obras de arte e ateliês com obras que achei muito belas. Houve um trecho montanhoso que permitiu vistas do mar e das montanhas que achei espetaculares. Acabei decidindo não sair do caminho para ir ao mar por causa do meu atraso e por receio de me perder depois. Peguei algumas mixiricas na rua, porém estavam um pouco verdes. Antes de chegar, passei por uma área verde, com um rio, que refrescou a temperatura. Quando cheguei a Camaiore, entrei na igreja, pensando estar vazia, e acabei interrompendo a missa que estava sendo dirigida pelo monsenhor. Saí de fininho para não causar mais transtorno. Porém, o monsenhor pediu para que um assistente fosse atrás de mim, pois pela minha aparência achou que eu era peregrino. O assistente encontrou-me e me indicou o albergue da igreja (Casa da Caridade - Oratorio Il Colosseo - Via Tabarrani, 26), que era uma casa onde ficavam religiosos e também outras pessoas carentes, com problemas de saúde e migrantes. Era dirigida por uma religiosa chamada Paola. Ela me recebeu muito bem, disse que poderia dormir lá e teria jantar e café da manhã de graça. Eu quis fazer uma contribuição voluntária, mas ela não aceitou. Eu insisti, mas ela não aceitou. Pediu-me apenas para passar um pano na mesa depois do jantar, muito mais para não me deixar triste do que por necessidade. Além do café da manhã, ofereceram-me muitos alimentos para eu levar, sendo que eu aceitei alguns, mas recusei educadamente outros, pois achei que não tinha cabimento gerar mais prejuízo para eles. Mesmo assim, creio que levei cerca de 1,5 Kg entre pães, frutas, iogurtes e doces (eles queriam me dar 3 vezes mais). Depois de tantas dificuldades e de alguns que não facilitaram a peregriunação, gostei muito de conhecer pessoas tão boas. Elas foram para mim um sinal claro da presença de Deus. Conheci lá também um hospitaleiro chamado Marco, que se bem me lembro, era engenheiro, lá morava, fazia trabalho voluntário e procurava um caminho a seguir na vida, e um peregrino italiano chamado Alessandro, que viajava de bicicleta. Conversamos longamente sobre a peregrinação, a espiritualidade e a vida. Um garoto africano pegou meu despertador para brincar, sem eu perceber. Teria dado a ele de presente, mas peguei de volta, pois sem o despertador não conseguiria acordar cedo nas manhãs. A temperatura voltou a subir, ficando perto dos 35 C. Progredi cerca de 40 Km. Minha moral estava média-alta (. Em 22/8 fui até Altopascio. Esqueci o pacote com os alimentos na Casa da Caridade, mas como a porta final ficava destravada e logo percebi, voltei e o peguei. Não fiquei para a oração da manhã (6:30 h), pois estava muito atrasado. No início o trecho possuía bastante área verde. Passei pela cidade de Lucca, que me pareceu bonita e interessante. Não me detive muito, mas apreciei seus muros, seu centro histórico e suas construções antigas. :'> Em Altopascio gostei da igreja central. Dormi no albergue municipal (Uff. Comune o biblioteca di Altopascio, Piazza Ospitalieri, 6) por cerca de 10 euros. Conheci duas peregrinas italianas que tentaram uma vez mais me ajudar com o cartão telefônico, mas sem sucesso. Liguei a cobrar para o Brasil de um orelhão e tudo parecia melhor na casa da minha mãe. A temperatura estava se aproximando dos 40 C. Progredi cerca de 40 Km. Minha moral estava média-alta (. A estratégia de sair cedo estava dando certo. Eu estava conseguindo achar os albergues da peregrinação ainda abertos e estava pegando uma parte do dia ainda com temperatura não tão alta. :'> Porém estava enormemente atrasado para a minha meta de chegada a Roma. Então precisava progredir mais e, portanto, andar até mais tarde. Em 23/8 fui até Termas de Gambassi. O caminho foi por áreas verdes e rurais. Pouco antes de São Miniato havia um desvio para um rio. Achei estranho, mas resolvi seguir parte pela margem do rio. Como não havia nenhum ponto de referência, marquei uma garça na outra margem como ponto de referência para um desvio, caso eu precisasse voltar, ciente do enorme risco dela voar. Realmente ela voou, porém eu consegui encontrar o caminho de volta. Então perguntei a duas mulheres sobre qual o percurso correto e uma mocinha me disse que era pelas margens do rio mesmo, mas foi chamar uma outra mais velha que me disse que não, que eu precisava ir em outra direção, que foi o que eu fiz. Acabei passando por uma ponte, não tão antiga, que propiciou uma vista que achei bela do rio e da paisagem no entorno. Após passar por São Miniato, os sinais novamente sumiram e eu tentei seguir por intuição em algumas estradas ladeadas por áreas rurais desertas, até encontrar um rapaz que me ensinou um caminho intrincado para atingir Piave di Coiano, que eu errei. Acabei dando uma enorme volta e indo parar em Calenzano, o que me aumentou o caminho em cerca de 15 km. Cheguei a Termas de Gambassi cerca de 20 h. Lá encontrei grupos de peregrinos turistas italianos jantando, que me indicaram o albergue em que ficar (Ostello Sigerico a cerca de 1,5 Km do centro - Pieve Santa Maria in Chianni). O albergue já não estava recebendo mais pessoas, pois a comida praticamente havia acabado, dado que no dia seguinte eles iriam sair de folga, após alguns meses sem nenhum dia de descanso. Porém ao me ver decidiram aceitar-me, cobrando um valor menor, devido ao que chamaram de jantar incompleto, mas que apreciei (massa e salada). Paguei cerca de 15 euros por tudo, com quarto e banheiro privativos. Quando soube que eu era brasileiro o dono comentou que o Sócrates, que havia jogado na Fiorentina, tinha sido internado no Brasil devido a uma hemorragia. Fiquei surpreso com o apreço dele pelo Sócrates, pois tinha a imagem de que não tinha feito muito sucesso com a torcida na Itália. A temperatura continuava perto dos 40 C. Progredi cerca de 50 Km. Andei cerca de 70 Km. Minha moral estava média-regular (7). Em 24/8 fui até Siena. Havia muitos italianos de férias em Termas de Gambassi que estavam fazendo o caminho ou parte dele. Eu fui com eles por uns 15 minutos, depois eles pararam para apreciar atrativos locais ao longo do caminho e eu continuei. O caminho continuava com bastante paisagens rurais e um pouco antes de chegar a Siena passei por trechos de um bosque ou reserva florestal (até fiquei um pouco preocupado, pois já estava anoitecendo e era um local totalmente deserto), com vegetação de que gostei. Na chegada a Siena, vi uma casa da Igreja e fui perguntar se havia albergue para pererinos. Para minha surpresa, o padre tinha acabado de chegar do Brasil (Fortaleza) naquela manhã e falava português. Vendo que eu era peregrino brasileiro e tendo conhecido como é a vida de peregrino quando peregrinou a Santiago de Compostela, quis me ajudar, oferecendo-me uma maça e depois dinheiro. Eu aceitei a maçã, mas recusei o dinheiro. Como ele insistiu, eu fui mais firme na recusa e ele me disse: "Desculpe, não queria ofender. Sei que você é rico!", ao que eu respondi "Não sou rico, só não quero o dinheiro". Achei que não tinha cabimento aceitar um dinheiro que poderia ser destinado a pessoas em situação de necessidade, sendo que eu não estava em situação de necessidade financeira. Ele me ofereceu um pacote de balas e eu resolvi aceitar algumas para ele não ficar chateado. Ele me orientou sobre onde era o albergue da juventude da cidade, posto que não havia albergue da peregrinação. O albergue da juventude estava deixando de fazer parte da rede, mas fiquei lá mesmo assim (http://www.ostellosiena.com - Via Fiorentina, 89). Paguei cerca de 20 euros. Quando cheguei ao quarto, que não era um dormitório com muitas camas, mas apenas um duplo, havia um rapaz inglês dormindo, que acordou com o barulho. Depois de arrumar minimamente minhas coisas e ele acordar e se arrumar, fomos jantar numa loja de pizzas em frente ao hostel. Ele parecia desejar conhecer amigos e conversamos durante todo o jantar, incluindo a onda de manifestações e depredações que havia ocorrido em Londres e que eu tinha visto em alguns dias em que havia ficado em hotéis. Quando lhe perguntei a razão daquilo ele me disse que se devia ao fato das pessoas estarem chateadas (com a paciência cheia - "bored"). O jantar custou cerca de 6 euros. A temperatura continuava perto dos 40 C. Progredi cerca de 50 Km. Minha moral estava média-regular (7). Em 25/8 fui até Buonconvento. Antes de partir o rapaz inglês perguntou se eu não queria ir ver algumas fontes que ele havia descoberto e depois conhecer a cidade. Como percebi que ele queria conhecer amigos, decidi ir até as fontes e depois até a catedral com ele. As fontes eram interessantes e a catedral era grandiosa. Mas eu precisava ir devido ao atraso que havia acumulado. Fiquei com o coração um pouco apertado , pois achei que ele estava um pouco deprimido e precisava de companhia, mas achei que ele encontraria outros amigos ou conheceria alguma namorada na sua viagem. Antes de eu partir, ele me disse que não conhecia nenhuma fonte para reabastecer suas garrafas perto do centro. Após eu me despedir e partir rumo ao caminho, cerca de 5 minutos à frente achei uma fonte. Decidi voltar, pois o tinha achado abatido quando eu fui embora, posto que quando me encontrou na noite anterior ele tinha achado alguém com quem conversar e que lhe deu atenção. Mas não o encontrei e ainda me perdi e errei o caminho. Fiquei cerca de uma hora perdido. Quando rencontrei o caminho já eram quase 12 horas e o progresso do dia tinha ficado comprometido. Mas não me arrependo. Parte deste trecho foi por estradas, mas depois houve caminhos por zonas rurais, passando por pequenos povoados. Em Buonconvento fiquei na Paróquia São Pedro e São Paulo (Via del Sole, 13), após conversar com o monsenhor. O pagamento era doação e eu deixei cerca de 10 euros. Minha camisa já estava sofrida pela peregrinação e pelas lavagens improvisadas, mas eu não quis trocá-la para não sujar nem estragar outras, já que a peregrinação fazia a roupa sofrer. Jantei com compras de supermercado. A temperatura estava perto de 35 C. Progredi cerca de 30 Km. Minha moral estava média-regular (7). Minha meta de chegar a Roma em 27/8 estava inviabilizada. Ainda faltavam cerca de 170 Km, mas o que me preocupava agora era não ter tempo para conhecer adequadamente a cidade ou ir para Assis. Em 26/8 fui até Radicofani. Andei bastante tempo por estradas, tanto movimentadas com várias pistas como menores. Houve alguns trechos de subida e descida e a paisagem lateral agradou-me, havendo algumas montanhas. Houve também trechos rurais, com bela paisagem. No meio da tarde vi que havia manchas vermelhas na minha pele e fiquei preocupado com minha saúde. Num primeiro momento pensei que poderia ser alguma doença, talvez devido à água ou às frutas pegas no caminho, mas depois, analisando melhor, achei que era alergia. Em Radicofani fiquei na Casa d’Accoglienza San Jacopo di Compostella (Via Magi), onde era o único hóspede e fui recepcionado por 1 homem e 2 mulheres. O pagamento era doação e eu dei cerca de 15 euros, incluindo acolhida, jantar e café da manhã. Eles fizeram um ritual de lavar meus pés e depois beijá-los, semelhante ao que uma mulher fez por Jesus e depois Jesus fez na 5.a feira pelos apóstolos. Jantaram junto comigo, conversamos sobre a peregrinação, Itália, Brasil e muito mais. Uma das mulheres, que morava em Gênova, deu-me uma informação muito útil, de que haveria uma bifurcação no caminho após uma descida e eu deveria seguir a seta com a figura amarela e não com a negra, pois assim eu economizaria cerca de 13 Km. Gostei muito desta estadia , tanto que, ao ir embora, após eles fazerem uma prece conjunta comigo de despedida, disse-lhes que eles eram uma prova da presença de Deus. O homem ainda me acompanhou até a saída do povaodo para que eu não me perdesse e para me mostrar o caminho posterior. A temperatura continuava perto de 35 C. Progredi cerca de 50 Km. Minha moral estava média-alta (. Era 27/8, sábado e eu pretendia avançar bastante e chegar a Roma na 2.a feira ou na 3.a feira de manhã, mas só fui até Acquapendente. A descida foi bela, com ampla vista. Lá embaixo vi as duas figuras de que a mulher havia falado e segui a amarela como indicado. Continuei pela estrada que possuía belas paisagens e entrei na Lazio. Porém, perto das 13 horas vi uma seta que indicava para sair da estrada e pegar uma subida numa direção perpendicular ao caminho. Achei muito estranho, mas como já havia errado muitas vezes, fiquei fissurado na placa e nas seguintes e acabei deixando de prestar atenção nos arredores. Havia uma outra placa à minha esquerda para seguir em frente numa estradinha paralela à estrada principal, que eu não vi. Aquelas placas que eu tinha visto eram do caminho alternativo circular que começava ou terminava na figura negra de que a mulher havia falado. Mas eu estava tão fissurado em não perder as setas devido a tudo que tinha ocorrido, que, mesmo achando que não fazia sentido a direção, resolvi segui-las. Só desconfiei de que era um caminho alternativo, talvez circular, quando já estava no meio. A paisagem foi bela, mas era subida, e gerou um razoável desgaste. Acabei gastando cerca de 4 horas nesta volta, que teve cerca de 23 km. Quando revi a figura negra, ficou comprovado que era um caminho circular. Estava tão cansado e com o ânimo tão em baixa que decidi parar cerca de 17 horas mesmo em Acquapendente. Fui até o abrigo que estava fechado e dizia que não adiantava tocar a campainha, mas dava um número de telefone para ligar. Como eu não tinha celular, resolvi tocar a campainha e, por coincidência, a responsável estava lá, pois estava passando por lá para fazer algo rápido. Fiquei em La Casa del Pellegrino da Confraternita San Rocco (Via Roma, 51). Estava tão desgastado que não conseguia nem subir e descer escadas direito , mas ainda assim fui conhecer a igreja da cidade. A temperatura continuava perto de 35 C. Progredi cerca de 20 Km. Minha moral estava destruída (2). Em 28/8, após um bom jantar com compras de supermercado e uma boa noite de sono, ainda decepcionado com o que tinha ocorrido, resolvi tentar recuperar um pouco do tempo perdido, porém tendo em mente que a peregrinação era para ser usufruída e não um motivo de sofrimento. Saí cedo e fui até Viterbo. No caminho andei bastante por estradas, mas também por pequenas vias e caminhos de terra. Pude apreciar a vista do Lago de Bolsena sob vários ângulos, de vias laterais, de colinas, etc., sendo que a achei muito bela. Lamentei estar tão atrasado, mas, com dor no coração, acabei não ficando algumas horas usufruindo da vista à beira do lago e nem me banhando em suas águas. Peguei o caminho errado mais uma vez e, ao perguntar para uma comerciante, ela me orientou a voltar e pegar a Via Cássia, pois eu estava indo por uma rua em direção ao lago. Em Bolsena visitei a Igreja e a achei bela. Cruzei um grande bosque antes da entrada de Viterbo, antes do qual, ao perguntar para um passante, ouvi como resposta que seria melhor eu ter um mapa, pois os sinais não cobriam todo o caminho e eu poderia me perder. Este passante ajudou-me a acertar a entrada do bosque. Viterbo era bem maior do que eu imaginava e demorei cerca de 1 hora para chegar a seu centro a partir de sua entrada. Depois de andar um pouco pela lateral do muro do centro histórico, procurando por albergues da peregrinação, visitei a catedral, que achei bela também. Lá, na saída da missa, perguntei às pessoas se sabiam onde era o albergue da Via Francígena na cidade e um casal levou-me até uma possível localidade, que não era, mas que tinha um próximo. Sempre que acabava meu caminho do dia e eu ia me dirigir a cidades eu procurava trocar de camisa, pois a minha camisa da peregrinação já estava muito desgastada, tendo alguns furos devido à travessia da vegetação e alguns rasgos devido ao atrito com a mochila. E, embora eu não ligue para aparências, percebo que isto incomoda as pessoas. Neste caso não tive tempo de trocá-la, pois não sabia se ainda teria que andar mais. Creio que o casal ficou assustado com o estado dela quando eu tirei a mochila das costas para sentar no carro. Dormi no Istituto Adoratrici Sangue di Cristo (Viale 4 Novembre, 25) por cerca de 20 euros. Jantei alguns pedaços de pizza (incluindo uma de repolho com mussarela, que adorei) numa praça próxima por cerca de 6 euros. A temperatura continuava perto de 35 C. Progredi cerca de 50 Km. Minha moral estava média-regular (6). Em 29/8 fui até Sutri. Comecei voltando para o ponto em que peguei o carro, para fazer a peregrinação completa a pé. Antes de prosseguir dei um pequeno passeio em Viterbo, pois a cidade possuía muitas construções antigas e históricas. Também tinha alguns pontos elevados que permitiam uma bela vista urbana e do ambiente natural :'> . Quando decidi prosseguir, continuando meu desejo de seguir exatamente os sinais, fui por uma pequena rua de terra, que aparentemente não tinha saída. Ela acabava em um portão, mas os sinais me diziam para prosseguir. Procurei chamar por alguém, mas não havia ninguém. Como era uma área aparentemente desabitada, decidi pular o portão e ver se era possível passar por ela. Consegui pular o portão, apesar de ser um pouco alto, mas ao andar pela área percebi tratar-se de uma espécie de cemitério antigo e me pareceu sem saída ou então com saída em propriedade privada. Resolvi voltar, pulei o portão de volta e quando estava caminhando na rua de terra para procurar uma forma de encontrar um caminho alternativo, para desviar o mínimo possível da rota, vi um homem de uns 70 a 80 anos dirigindo um carro antigo em direção ao portão. Perguntei a ele sobre a Via Francígena, falando sobre os sinais apontarem para o portão trancado. Ele me disse que o portão não estava trancado para pedestres. Os cadeados e a barra de ferro vertical que eu tinha visto eram laterais ao portão para pedestres e só prendiam o portão maior para carros. Bastava puxar um trinco. Ele me falou que era um cemitério etrusco muito antigo e que eu poderia ir em frente que havia uma saída sim. Visitei o cemitério, fui em frente e achei a saída que conduzia a um caminho de terra pelo qual continuava a rota, com algumas encostas mais altas do que eu nas laterais. Segui o caminho por algumas trilhas de terra e depois por estradas. Olhando a partir da estrada podia-se ver grandes edificações (igrejas ou outras construções) nas laterais, que, em alguns casos, eram num nível mais elevado. Devido ao calor e ao cansaço acumulado decidi parar em Sutri, pois a distância para o próximo albergue da minha lista era de cerca de 20 Km e eu preferi não arriscar, pois já eram 16:30. Com isso praticamente inviabilizei a chegada a Roma no dia seguinte. Em Sutri fiquei no Monache Carmelitane di Clausura (Via Garibaldi, 1) por 25 euros. A temperatura continuava perto de 35 C. Progredi cerca de 30 Km. Minha moral estava média-baixa (5). Em 30/8 fui até La Storta, nos arredores de Roma. Primeiramente passei por uma área grande campestre (cerca de 2 horas de travessia - acho que já era o Parque Veio) que achei muito bela :'>, com rios e vegetação até chegar a Campagnano. Estava deserta e, como já estava perto de Roma, fiquei um pouco preocupado quanto à segurança, mas tudo correu bem. Apreciei por alto o povoado de Campagnano e o achei bastante belo em sua simplicidade e conservação. Depois andei por áreas com muitas montanhas, o que me cansou bastante, mas teve como recompensa vistas que achei extraordinárias da paisagem natural e de alguns povoados . Em seguida apareceu um grande parque (Parque Veio), desabitado, mas com natureza que achei exuberante, com árvores (floresta), rios, etc. Havia alguns visitantes perto da portaria, mas em ampla parte do caminho não havia ninguém. Errei algumas vezes o caminho dentro do parque, mas nada que custasse muito. Após a saída do parque houve estradas que me levaram a um pequeno conjunto de casas onde os sinais desapareceram. Num primeiro momento não achei ninguém a quem perguntar, mas depois apareceu um homem de carro que não sabia o caminho. A seguir apareceu uma mulher de carro, que me disse para subir uma rua e virar numa pequena trilha antes de uma determinada casa, que eu sairia na rota correta. Quando cheguei na referida casa, achei melhor tocar a campainha para confirmar e, para minha surpresa, a mesma mulher morava lá (acho que ela só conhecia a trilha por isso). Segui a trilha indicada e, num repente, após uma colina, de surpresa, eis Roma! Grandiosa, enorme, magnífica! Creio que era uma vista semelhante à vista de São Paulo a partir da Pedra Grande no Parque da Cantareira ou a partir do Pico do Jaraguá. Eu me emocionei neste instante, tanto pela beleza da vista quanto por ver o objetivo próximo, depois de tantas vicissitudes. Fiquei um tempo admirando a vista da "Cidade Eterna". Eram cerca de 16 horas e pensei até que poderia atingi-la naquele dia, o que não ocorreu. Segui o caminho e em frente apareceu um sinal dúbio, semelhante aos que eu havia visto na Suíça e em alguns trechos do caminho. Fiquei pensando se deveria segui-lo ou não. Resolvi segui-lo, pois sempre que descartava um sinal eu me dava mal. E eis que o sinal era de uma outra trilha e eu acabei errando o caminho novamente, o que o aumentou em cerca de 10 Km. Nesta situação restava-me procurar um albergue em La Storta. Perguntei a um casal com um nenê, que depois descobri ser de equatorianos, que olhando no GPS do celular indicaram-me o caminho a seguir por uma grande avenida até chegar ao Centro. Quando estava a uns 3 Km de chegar, vi algumas freiras e, só por desencargo de consciência, resolvi confirmar com elas a informação. Elas eram nigerianas e, quando falei o nome do local, disseram-me que eu não deveria seguir mais 3 Km, mas que estava em frente a ele. Disseram-me para olhar para trás e eu vi na placa o nome da rua que estava procurando. Surpreso e admirado voltei para entrar na rua do albergue e procurar por ele, mas não o encontrei, pois a numeração não seguia uma ordem. Por fim, resolvi arriscar pela aparência da casa e acabei acertando. Uma irmã me recebeu e disse que não havia vaga. Eu respondi que não me importava em dormir no chão, mas só queria poder usar o banheiro e me abrigar durante a noite. A irmã concordou, mas disse que iria achar algo em que eu pudesse dormir. Dormi num sofá-cama numa espécie de sala de um conjunto de quartos. O albergue era o Istituto Suore Poverelle (Via Baccarica, 5). Paguei cerca de 10 euros pela noite. Ainda deu tempo de ir ao supermercado comprar o jantar e o café da manhã. Conheci alguns outros peregrinos, tendo ficado conversando por um tempo com um peregrino italiano. A temperatura continuava perto de 35 C. Progredi cerca de 35 Km. Minha moral estava média-alta (7,5). Em 31/8 cheguei a Roma. Antes de sair conversei um pouco com a irmã e descobri que ela tinha trabalhado no Brasil e conhecia a região de Paranaguá e da Ilha do Mel. Ela ficou surpresa ao me ver vestir a camisa da peregrinação para o último dia, pois a esta altura a camisa estava bem rasgada e furada. Saindo de La Sorta só andei por ambientes urbanos. Pouco tempo depois de começar a caminhar perdi os sinais da peregrinação e passei a me guiar pelas placas de Roma ou perguntar para as pessoas. Já em Roma, perguntei a um homem onde era o Vaticano e ele me disse que não era possível ir a pé, pois era muito longe, cerca de 5 Km. Eu sorri e fui perguntar a outro. Logo a frente ele me encontrou e num semblante de suave reprovação repetiu "Pegue um ônibus". Ao chegar ao Vaticano, perto de meio dia, troquei a camisa (aposentei-a) e pus uma calça por cima (já que não dava para trocar no meio da rua). Gostei muito da primeira visita à Praça de São Pedro e à Basílica de São Pedro (fiquei cerca de 4 horas na visita, incluindo assistir a uma missa dedicada aos peregrinos). Saí do Vaticano perto de 16 horas rumo ao último albergue da peregrinação (Spedale della Divina Provvidenza di San Giacomo e San Benedetto Labre - Via Galvani, 51. Soube que o endereço mudou para Via dei Genovesi, 11 - Trastevere). Minha primeira impressão de Roma foi de uma cidade muito bela. Gostei de caminhar pela lateral do Rio Tibre. No albergue, fizeram o mesmo ritual de Radicofani, lavando e beijando os pés dos peregrinos. Fiquei duas noites neste albergue, com direito a cama em dormitório, café da manhã e jantar. Conheci vários peregrinos lá, incluindo um suiço chamado Gerard e uma americana chamada Sarah, além de ter reencontrado o italiano de La Storta. O atendimento dos hospitaleiros foi muito cordial. O pagamento era por doação e eu deixei 30 euros (15 por dia). A temperatura continuava perto de 35 C. Progredi cerca de 20 Km e cheguei ao destino final. Minha moral estava média-alta (. O resultado final comprovou um ditado "Quem tem boca vai a Roma". E acho que sob certo aspecto eu tive muita fé, ao contrário do que disse antes, pois ir da Suíça a Roma, sem mapa, sem locais previamente determinados para ficar, somente seguindo sinais que desapareciam, foi uma demonstração da minha completa falta de juízo. Em 1/9 eu voltei ao Vaticano, pois peregrinos têm o direito a uma visita especial por alguns locais do Vaticano não abertos ao público. Fui fazer a visita junto com a americana Sarah. Minha memória falha e eu esqueci o nome do monsenhor que nos guiou. Depois fui novamente apreciar a Basílica de São Pedro, agora com mais calma e reencontrei o peregrino italiano Alessandro, que havia conhecido em Camaiore. Ele me deu um abraço (até me levantou do chão) e creio que ficou feliz com o reencontro :'>. Após a visita passeei um pouco por Roma e depois, voltando ao albergue, conheci os novos peregrinos recém chegados, todos italianos. Dei-lhes informações sobre a visita especial ao Vaticano e eles me deram informações sobre Assis. Eu conhecia e conheço poucas cidades europeias, mas Roma foi a de que mais gostei até então , desbancando Madrid, que era a minha favorita. Eu também estive em Roma entre 29/4/2013 e 2/5/2013. Vou incluir esta estadia aqui. Em 2/9/2011 saí do albergue (só eram permitidas 2 noites) e fui para o Hotel Yellow (http://www.the-yellow.com), pagando cerca de 21 euros por um quarto no dormitório, com direito a um aperitivo por diária (tomei caipirinha, caipiroska e vinhos). Levei o dia todo para achar o hotel, pois fui com o suíço Gerard, que tinha uma outra indicação e acabamos indo para um outro local totalmente diferente e depois tivemos que voltar. Na caminhada aproveitamos para apreciar a cidade. Em 2013 fiquei uma noite num dormitório do Hostel Four Seasons (http://fourseasonshostelrome.com - Via Carlo Cattaneo, 23) por 19 euros e 3 noites num dormitório do Hotel Corallo (http://www.hotelcorallo-roma.com - Via Palestro, 44) por 20 euros. Em todos os casos houve 2 euros adicionais de taxa de turismo. Fiz uma refeição em um restaurante perto da Estação Termini e as demais com compras de supermercado. Para as atrações de Roma veja http://www.guiaderoma.com.br, http://www.turismoroma.it/?lang=en e http://turismoemroma.com. Os pontos do Vaticano de que mais gostei foram a Praça de São Pedro, a Basílica de São Pedro, especialmente a Pietá, e a Capela Sistina . Os pontos de Roma de que mais gostei foram o Panteão, o Coliseu e Foro Romano, as igrejas, as 4 basílicas papais, o Monte Mário, os parques (Vila Borguese, etc.), o Rio Tibre, as fontes, os monumentos antigos, as praças e a cidade como um todo, além das pizzas . No domingo, 4/9, fiz uma ida e volta a Assis. Paguei cerca de 9,50 euros. Fui de trem (http://www.trenitalia.com) a partir da Estação Termini até a estação de Assis, que ficava a cerca de 3 Km do núcleo histórico onde estão as Basílicas, e depois andei até lá. Saí cerca de 8 horas, cheguei cerca de 10 horas, peguei o trem de volta cerca de 18 horas e cheguei cerca de 20 horas. Gostei muito de Assis. Para as atrações veja http://www.visit-assisi.it, http://wikitravel.org/en/Assisi e http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/italia-assis. Os pontos de que mais gostei foram as basílicas, a igreja da parte nova da cidade, a vista do alto da colina e os locais relacionados à vida de Francisco. Vi o escritório de uma missão que atuava na região Norte do Brasil, mas estava fechada porque era domingo. Na cidade havia bastante comércio turístico para quem gostava. Um ponto que me tocou a fundo foi conhecer uma gruta (caverna) onde Francisco morou (dormiu) por alguns anos, já na parte nova da cidade (ao lado da igreja), que de certo modo contrastava com o ambiente turístico. Em 30/04/2013, fiz uma ida e volta a Cássia. Fui de ônibus (http://www.umbriamobilita.it/it/orari/servizio-extraurbano). Paguei cerca de 14 euros. Saí do Terminal Tiburtina em Roma e fui até Cássia. Saí cerca de 7:30, cheguei cerca de 10:30, peguei o ônibus de volta cerca de 15:30 e cheguei cerca de 18:30. Também gostei de Cássia. :'> Para as atrações veja http://www.comune.cascia.pg.it e http://www.santaritadacascia.org. Os pontos de que mais gostei foram as igrejas, o monastério, a vista da colina e um passeio que dei por uma estrada subindo uma colina já saindo da cidade. Alguns dias antes de voltar para o Brasil vi o e-mail de uma espanhola que eu muito amava me convidando para uma visita onde ela estava na Espanha. O email chegou 6 dias depois que eu havia iniciado a viagem, mas como eu não li emails durante a viagem só o vi naquele momento. A visita ficou inviabilizada. Em 7/9/2011 peguei o ônibus especial na Estação Termini que me levou até o aeroporto por cerca de 6 euros (em 2013 encontrei uma outra companhia por 4 euros). O vôo saiu cerca de 9:30 de Roma e chegou cerca de 11:00 em Barcelona, onde passei algumas horas. Peguei ônibus especial para ir e voltar do centro por cerca de 6 euros cada trecho. Nesta rápida passagem por Barcelona gostei muito da cidade. ::otemo:: Almocei rapidamente um sanduíche no Subway e uns pedaços de pão ou pizza em outros locais. Para as atrações de Barcelona veja http://www.barcelonaturisme.com, http://viajeaqui.abril.com.br/cidades/espanha-barcelona/fotos#1 e http://www.tripadvisor.com.br/Guide-g187497-l51-Barcelona_Catalonia.html. Os pontos de que mais gostei foram a praia, alguns parques que consegui visitar, os calçadões, a orla marítima, a catedral, a Igreja de Santa Maria do Mar, as contruções típicas, antigas e artísticas. ::otemo:: Certamente ficou muita coisa sem ver, para algum dia no futuro. Peguei o avião para São Paulo (Guarulhos) por volta de 22:00 horas e cheguei em SP ao amanhecer.- 28 respostas
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Pessoal, acho que podiamos começar uns relatos de peregrinações. Afinal muita gente fala do Caminho de Saniago, bem como, os daqui no Brasil, o Caminho da Fé até Aparecida com uns 15 dias e os Passos de Anchieta nas praias do Espirito Santo, entre outros.
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Alguém já fez? Já ouviu falar? Só conheço 2 sits a respeito : http://www.camminodiassisi.it e http://www.caminhofranciscanodapaz.org. Quem tem informações a respeito?
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Olá Fiz uma viagem para a região dos Pireneus na Espanha (Aragones) e também parte do lado francês, que é igualmente lindo. Talvez meu relato possa ajudar alguém que esteja pensando visitar essa região montanhosa na fronteira entre os dois países. Entao aí vai: data: Julho 2009 Carro alugado por 6 dias: 153 euros Objetivo maior: fazer a trilha do Vale de Ordesa no Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido. Tempo de trilha: 7 h Distancia percorrida: +- 12Km Ganho de elevação: +- 530m Vale de Ordesa - o Circo de Soaso ao fundo. Mapa dos Pirineus