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  1. Olá pessoal. Alguma indicação de transfer para fazer o deslocamento do centro de El Chalten até Hosteria del pilar
  2. Olá, galera, farei a volta à Ilha Grande RJ, provavelmente entre o fim de março e o início de abril, +- 6-7 dias. Será minha 4a vez, vou com uma amiga e pretendo fazer um documentário, gostaria de saber se alguém tem o interesse de se juntar. Meu insta: @guiamadruga Valeu!
  3. Oi todo mundo 🙂 este é um relato sobre a última viagem que fiz para o Chile, agora em novembro/2022. Nessa viagem procurei viajar um pouco mais livre, sem tanto apego ao roteiro, aproveitar mais as cidades e fazer somente aquilo que eu realmente tinha vontade de fazer. Foi minha terceira vez no país. Em 2018, fiquei 7 dias em Santiago com o meu marido e fizemos todos aqueles passeios "que todo mundo faz". Em 2019 fui sozinha para o Atacama, não tem relato, porque na época, tinha vergonha de escrever hahaha, mas se alguém quiser indicação das agências e lugares que visitei tanto em Santiago como no Atacama, nessa época, pode perguntar (porque eu adoro falar do Chile). Dessa vez decidi conhecer Pucón, porque eu queria muito subir um vulcão, é isso. Não é demais lembrar, que o Chile não é um país barato, ainda mais se você fica na mão de agências e os influencers viajantes brasileiros 😆 como já conhecia o básico de Santiago, desta vez tentei fazer uma viagem mais enxuta e aproveitar algumas atividades grátis e que ainda não conhecia. Com tantos países para conhecer, porque eu fui (de novo) pro Chile? Não sei o que acontece nesse país, eu me sinto muito bem lá, como se fosse chilena de verdade hahaha ROTEIRO Joinville/SC > Curitiba/PR > Santiago > Pucón. AÉREO Viajei pela Latam, comprei a passagem com cerca de 45 dias de antecedência (eu não tinha certeza se conseguiria viajar nesse período). Comprei quando a passagem por um preço aceitável, saindo de Curitiba (moro a 120km). DESLOCAMENTOS Em Santiago, apenas metrô. A viagem Santiago>Pucón, fiz de ônibus. Em Pucón, utilizei transporte público. MOEDA Levei uma quantia em reais para fazer o câmbio lá e uma outra quantia no queridinho de 10 em cada 10 viajeiros, o cartão WISE. Muito prático, funcionou super bem, tudo o que podia passei no cartão. A diferença do câmbio em espécie e o praticado pela Wise ficou em torno de 10 pesos. Só utilizei espécie para pagar o Trekking ao Vulcão Quetrupillán, transporte e algumas coisas na rua. Em mercados, restaurante e hostel, foi tudo no cartão. HOSPEDAGENS 2 (duas) noites em Santiago, reservei um quarto neste Airbnb https://www.airbnb.com.br/rooms/48525209?source_impression_id=p3_1669849484_FtBR0fMRmUwXI4%2FZ - recomendo demais, o espaço é exatamente como nas fotos, o apartamento está localizado próximo ao Parque O'Higgins e a estação de Metrô Toesca (Linha 2), perto de tudo. A anfitriã era muy buena onda e pude praticar bastante meu espanhol. Weon ¿Cachai? - Valor: R$ 218,31. 5 (cinco) noites em Pucón - Lucky's Hostel - https://www.luckyshostel.com/home - melhor hostel que já me hospedei, staff maravilhoso, café da manhã excelente, tudo limpinho, organizado. Eu facilmente moraria lá. Valor: R$ 450,00. DOCUMENTOS E SEGUROS Passaporte (mas pode ser a carteira de identidade emitida a no máximo 10 anos); Comprovante de Vacina COVID; Seguro-viagem (não é obrigatório, mas é sempre bom fazer) Os requisitos para ingressar no Chile podem ser consultados aqui: https://www.minrel.gob.cl/recomendaciones-para-ingresar-a-chile/minrel_old/2008-06-19/154047.html Ao longo do relato vou tentar mencionar alguns gastos, mas confesso que não sou muito de ficar controlando os gastos, anotando tudo. Geralmente estabeleço um valor x e vou gastando até chegar no momento de viver apenas de água, ar e luz kkkk Bom, por enquanto é isso. Villarrica parecendo uma panela de pressão Amanhã continuo o relato
  4. PEQUENA INTRO Olá pessoal, como já dividi aqui com vocês algumas das minhas iniciações no montanhismo, desde as primeiras trilhas no Itatiaia, depois a Petrô X Tere e Marins Itaguaré, vou dar continuidade contando minha experiência na Serra Fina. É uma forma de analisar como subir pouco a pouco de dificuldade. Fizemos a Travessia da Serra Fina clássica em 4 dias/ 3 noites, nos dias 18 a 21 de junho de 2024. Perdoa que dessa vez não fiz muito breve não, o misto de sentimentos foi maior. E desculpa que as fotos subiram todas deitadas, ô desgraça! GUIA E CUSTOS Eu, Rafaela, NÃO FAÇO TREKKING SEM GUIA (pelo menos até o presente momento). Se você faz tudo auto guiado, parabéns. O guia contratado foi o @willmantiqueira - WhatsApp: (35) 9201-1357. O valor dele foi o mais atrativo que achei: R$1.490,00 por pessoa, incluindo hospedagem em Passa Quatro/MG, transfer in/out da montanha, café da manhã e jantar na montanha, locação de barraca dupla (nossa barraca é tripla e não é mais aceito pelo RUAH), banho pós-trilha. Esse foi o valor que ele me passou em fevereiro e, além disso tudo, incluía também as taxas do parque. Porém, quando voltei a falar com ele, ele disse que estava tendo problemas pra comprar os ingressos para os participantes, por isso eu comprei os ingressos no site da RUAH e descontei o valor do pacote. Ficou assim, pra duas pessoas: Taxas do RUAH: R$345,80 (notar que fomos em meio de semana) Pago pro Guia: R$2.634,00 Importante: este guia NÃO é carregador. Nós levamos nossa barraca e dividimos o peso da alimentação jantar/ café da manhã. Ele ficou responsável por cozinhar para nós e levar os utensílios de cozinha. Ou seja, se você precisa de mais conforto na montanha, o melhor é buscar uma agência com mais estrutura (o que vai refletir num preço maior) e não o guia independente – como foi o nosso caso. O Will é gente boa, mas senti que por saber nossa experiência prévia, deixou a gente pra trás em vários momentos. Aquela mãozinha em trechos de escalaminhada não rolou (embora não tivesse nenhum muito complicado). Enfim, é um guia pra quem tem mais experiência (não que eu tenha muita kkkkk). Outro ponto positivo é que ele tem muito contato com a RUAH e sabe de tudo que tá rolando na Serra durante a trilha, quem entra, quem sai, quantas pessoas, quais acampamentos. Nós por exemplo, ficamos sozinhos em todos os acampamentos que ficamos todos os dias. De qualquer forma, a facilidade de ter a hospedagem da noite anterior inclusa foi muito bom. Além disso, pudemos deixar uma mochila pequena no hostel dele com uma muda de roupas limpas, toalhas e outros itens para tomar banho na volta e ainda ele nos deixou ficar no quarto e descansar até o horário de retorno do nosso ônibus que era 1h da manhã, por isso eu indico os serviços dele. O RELATO 17/06/2024 - segunda-feira Chegamos na pequena rodoviária de Passa Quatro por volta das 18h após uma longa jornada de ônibus saindo do Tietê em São Paulo, parando em diversas cidades no meio do caminho. Passamos no mercado para garantir uma janta e fomos a pé até o hostel do Will que é cerca de 1,5km do centrinho da cidade – bem prático. Pudemos usar a cozinha pra fazer nosso macarrão e nos preparar para o dia seguinte. 18/06/2024 - terça-feira Acordamos as 6h e o Will serviu nosso café e logo em seguida partimos rumo ao início da Travessia. Tivemos alguns imprevistos para chegar lá por conta do carro, mas nada muito grave, iniciamos a caminhada provavelmente umas 8h30. Logo no começo me dei conta que esqueci de algo bem importante: todos os frios que tinha comprado pro lanche/ almoço de trilha ficaram na geladeira do hostel. Por sorte, tinha levado Salamitos e uma maionese e foi isso que recheou nossos 3 almoços. Preenchemos o formulário na entrada da trilha e começamos. Primeira parada depois de poucos minutos de caminhada é o riachinho na frente da Toca do Lobo pra abastecer a água e botar mais peso na mochila. Aliás, essa foi de longe a mochila mais pesada que eu carreguei até hoje, não sei quantos kg, mas acho que pelo menos uns 15kg deve ter chegado quando os 3,5L de água tavam completos. A do Rubens levando a barraca junto, deve ter chegado em 17kg. Andando por mais uns 30 minutos (sempre subindo, claro) eu peguei um pauzinho pra usar de bastão de caminhada e fiz algum ajuste na mochila que já tava me puxando pra baixo. Foi coisa rápida, logo seguimos. As 10:48 passamos pelo cume do Quartzito, primeira montanha da travessia. Esse primeiro dia, são mais de 1000 metros de desnível, sendo a subida mais longa da Serra Fina. No entanto, como eu tava ansiosíssima pra conhecer a famosa crista do Capim Amarelo, de fato, nem liguei. Tudo pra mim era incrível nesse dia. Fizemos apenas duas paradas curtas e uma mais longa pra comer. Chegamos no cume do Capim Amarelo por volta das 14:30 da tarde. O Will tava bem cansado porque tinha acabado de sair de uma travessia, logo montou barraca e foi se recolher. Eu e o Rubens ficamos que nem duas crianças olhando em volta e esperando ansiosos o pôr-do-sol que foi incrível. A vista do Marins e do Itaguaré dali também é linda demais. Só mais incrível que o pôr-do-sol foi ver a noite abarrotada de estrela e as luzes das cidades no horizonte. Eu tava emocionadíssima. A janta do primeiro dia foi um strogonoff de lombinho que o Will preparou q tava uma delícia, chato é que na montanha a comida esfria extremamente rápido. Enfim, hora de dormir. Deitamos acho que eram umas 20h, mas eu com a minha bexiga nervosa, ainda tive que levantar algumas vezes. Infelizmente tive muita dificuldade pra dormir. O meu saco de dormir é NTK para conforto –1,5 Cº (aquele baratinho mesmo que você tá pensando), e eu tava com segunda pele mais dois fleeces. Não tava tão frio assim do lado de fora, depois o Will comentou que fez uns 3 Cº, ou seja, nada tão absurdo. Outra coisa que não ajudou foram os ratinhos da montanha arranhando nossa barraca de forma constante – pessoal, não deixem comida encostada na parede das barracas, os ratos podem arranhar até rasgar. Inclusive, invadiram a mochila do Rubens que tava do lado de fora da barraca com capa de chuva e dentro de uma sacola e rasgaram o saco de pão. Bom, o Rubens teve a ideia de juntar os sacos de dormir, nunca tínhamos feito isso antes e achava até que faria mais frio. Ainda bem que eu me enganei, eu só consegui dormir o mínimo nessa primeira noite porque fizemos isso, nada como o calor humano. Vista do Marins e do Itaguaré da Crista do Capim Amarelo A crista do Capim Todas do cume do Capim Amarelo 19/06/2024 - quarta-feira Por causa da noite mal dormida, acordei daquele jeito = zoadassa. Tomamos café e saímos do acampamento por volta de umas 7h30-8h. A descida do Capim Amarelo e de detonar o joelho de qualquer ser humano. Em alguns trechos já era possível ver gelo acumulado da noite. Chegamos no cume do Melano as 11:19. Descendo, uma paradinha pra apreciar a grandiosa Pedra da Mina imponente ao fundo. Sobe e desce, sobe e desce, 13h10 eu tava esgotada e pedi pra parar um pouco. Respira. O Will vendo minhas condições, disse que podíamos acampar na Florestinha ao invés de subir a Pedra da Mina naquele dia. Ainda disse que por ser entre as árvores, era um acampamento mais quentinho e não tinha ratos. Ele até mostrou o ‘bigodinho’ mais verde escuro na encosta da Pedra da Mina. Era pra lá que estávamos indo. Eu já tava completamente esgotada, mas ainda teríamos que abastecer completamente a água antes de encarar os 15 minutinhos de subida pro acampamento. Chegando, armei a barraca, tomei um banho com lenço umedecido e dormi. Até perdi o pôr-do-sol esse dia, que raiva. Mas pelo menos o céu estrelado foi garantido, além de uma lua quase cheia. A janta foi macarrão com linguiça e graças a Deus, nesse dia, eu dormi. Dormi bem. Descida do Campim Amarelo Cume do Melano Pedra da MIna ao fundo Aproximação da Pedra da Mina Acampamento da Floresta Encantada Noite no acampamento da Floresta Encantada 20/06/2024 - quinta-feira Acordei umas 5h30 pra ir ao banheiro e tive a infeliz surpresa de estar com o intestino levemente desrregulado. E na montanha, já sabe, quanto mais cc pra fora, mais peso no shit tube (no meu caso, shit bag – usamos uma bolsa estanque pra guardar as cacas e foi bem útil e fácil). E eu tava responsável por levar o banheiro, já que o Rubens tava com a barraca. Bom, nem deu tempo de voltar pro saco de dormir porque todo mundo já tava acordado. Foi tomar café da manhã e começar a subir a Pedra da Mina, isso era 7:10. Convenhamos, apesar de ter dormido bem, descobrir uma dor de barriga logo cedo e ter a quarta montanha mais alta do Brasil na sua frente pra subir não é muito animador. Minha cara certamente não tava lá aquelas coisas. Chegamos no topo 8:15 e lá, eu e o Will tivemos uma conversa – foi cogitado desistir da travessia descendo pela via do Paiolinho. Ele julgou a minha cara naquele momento e o meu péssimo desempenho do dia anterior e fez uma certa ‘pressão’ pra gente sair porque ainda haveria muitas montanhas enormes pela frente. Eu sei que ele não fez por mal, mas meu corpo nem tinha aquecido direito. Fiquei com um misto de raiva, preocupação e lá no fundo um pensamento “eu tô cansada, mas não tô morta, eu consigo terminar essa travessia”. Psicológico é quase tudo nessa vida amores, assim decidi seguir. Infelizmente, por causa desses contratempos, acabei não curtindo muito o pico da Pedra da Mina e ESQUECI DE ASSINAR o livro de cume. Isso me doeu. Bom, descendo a Pedra da Mina, já conseguimos ver o belíssimo Vale do Ruah. As 8:55 estava de frente pra Placa indicando e ENORME desvio do vale. Caso ainda não saibam, a Associação de Proprietários da Serra Fina bloqueou a trilha ali pra preservar a nascente de água que estava ficando contaminada por causa do pessoal tomando banho, cozinhando, lavando, etc, etc. Resultado: a gente troca 1km plano e tranquilo de trilha por 2,5km de sobe e desce dos infernos pra desviar. As 11h terminamos o desvio e chegamos no ponto de água pra abastecer. As 13h47 chegamos no alto do Cupim do Boi – que foi uma das cristas mais bonitas de subir depois da do Capim Amarelo. Lá de cima já dava pra ver todo o Itatiaia, coisa linda. Ali, tivemos outra conversa com o guia: tínhamos a opção de acampar na base do Três Estados caso estivéssemos muito cansados ou subir e acampar no topo. O Will falou que podia demorar até 1h30 pra subir o Três Estados – mas mesmo que fôssemos mais devagar que isso, ainda chegaríamos num bom horário. Falei com o Rubens e chegamos à conclusão que, ainda que chegássemos 17h no acampamento, era melhor encarar aquela montanha ali naquele momento do que na manhã seguinte, como tinha acontecido naquela manhã. Decisão tomada, começamos a descer o Cupim do Boi, passamos pelo bambuzal pra logo em seguida começar a subir de novo. Foi uma subida muito difícil, um pé atrás do outro, devagar mas constante, porém com uma persistente sensação de ‘não aguento mais’. Fazíamos apenas curtas paradas de segundos pra retomar o fôlego e seguir. Chegamos no cume dos Três Estados por volta das 15h30 – um excelente horário pra quem tava morrendo. Eu fiquei tão feliz que até chorei de felicidade. O acampamento era tão lindo quanto o do Capim Amarelo, porém, mais infestado de ratos. Mas nada disso tirou a minha alegria, eu tava em êxtase. Assinei o livro com gosto enquanto via a enorme sombra da montanha logo a frente e o Agulhas Negras e o Prateleiras na minha esquerda. Atrás, o sol se punha. Que momento lindo de viver! A janta desse último dia foi arroz, feijão com linguiça e farofa. Olha, o Will arrasou nas jantas, disso não posso reclamar em absolutamente nada. Nessa última noite, acho que tive alguns sintomas de desidratação, sabe quando se bebe e bebe água, mas parece que a boca não molha? Então, eu tava assim. De qualquer forma, arrumamos tudo pra fazer uma barreira ‘anti-ratos’, colocamos uma mochila em cima do capim e outra o Will guardou dentro da barraca dele. Dormi como um baby essa última noite. Pedra da Mina, sem emoção. Vale du Ruah e indicação do desvio Panorama do Cupim do Boi + Três Estados com o Itatiaia atrás No Cupim do Boi No pico Três Estados, sombra da montanha no vale 21/06/2024 - sexta-feira Acordamos as 6h e vi outra imagem que não sairá tão cedo da memória: a lua tava se pondo atrás da Serra Fina enquanto o sol nascia atrás do Itatiaia. Nessas horas eu me lembro porque eu sofro tanto. Minha cara tava ultra inchada, o Will disse que foi a noite a mais fria da travessia, que chegou a zerar. Eu, porém, não senti nada - mas a minha cara sentiu. Começamos a descer o Três Estados umas 7h45. Este último dia é o mais leve em termos de subidas e descidas, porém, é o mais longo. Passamos pelo morro do camelo e pela última montanha da travessia, o Alto dos Ivos. Depois dali, é praticamente só descida, sendo os últimos quilômetros uma trilha bem plana e agradável. Nesse trecho mais tranquilo, o Will se distanciou bastante da gente, eu tava indo devagar porque tava sentindo bastante o meu dedão do pé, quase andando de lado. Chegamos na portaria do parque as 12h07, porém, o Will explicou que se cobra R$50,00 pra deixar o carro passar pela porteira e subir até lá, por isso, tínhamos que descer até a estrada (que ele disse que seriam mais 2km, mas vi numa placa que eram 3km). Faltavam poucos minutos para as 13h quando avistamos o rei das estradas logo abaixo, o Uno, vindo nos resgatar. Eu ainda tava com o pauzinho que eu tinha pegado no primeiro dia pra usar de bastão, fiquei tão apegada que levei junto. Tá aqui em casa inclusive, melhor lembrança que poderia ter da Serra Fina. Enquanto estávamos no carro, eu e o Rubens nos olhávamos ainda sem acreditar que a gente tava sentado num CARRO e que tínhamos acabado de vencer uma das travessias mais difíceis do Brasil. Voltamos para o hostel onde pudemos tomar um bom banho e descansar. Descobri que a unha de um dos meus pés tinha levantado e a outra estava completamente roxa, por isso estava sentindo tanta dor na parte suave final da trilha (hoje faz 6 dias que sai da Serra Fina, os dedos não doem mais, mas ainda estão bem feios, tô tratando muito bem porque em outubro tem outra DAQUELAS). O Will ainda saiu de bike (!!!!!!!!!!!!!) com a mulher dele pra almoçar e trouxeram um marmitex pra gente, o que foi um baita quebra-galho. Nosso ônibus sairia quase a 1h da manhã, ainda pudemos dar uma cochilada antes disso. Ter esse tempo pra descansar fez absoluta total diferença nos serviços prestados pelo Will e por isso indico fortemente fecharem o pacote com ele se este for o seu perfil. Descendo o Três Estados, Will na frente Pico Alto dos Ivos Finalizando a Travessia na estrada CONCLUSÃO ou só um blá blá blá final (?) PÔ, DIFÍCIL PRA CARAMBA HEIN. Não tô muito feliz com meu desempenho, mas tô feliz de ter concluído. Quando a gente saí de lá, o pensamento é “nunca mais”, mas agora, pra variar, eu fico pensando como eu gostaria de voltar e fazer melhor, fazer bem, assinar aquele maldito livro da Pedra da Mina, acampar lá em cima. Tomar vergonha na cara e ir pra uma academia a bonita não quer né. Nada explica a cabeça do trilheiro. Nossa sorte foi ter conseguido o clima PERFEITO os 3 dias, sem chuva, sem nuvem, quase sem vento - coisa linda. Parece que não é sempre que a gente tem azar. Coração cheio de gratidão, que venha a próxima!
  5. Comecei a planejar a travessia do Cassino em janeiro de 2022. Planejamento da minha mochila. (com todos os manipulados e itens do kit de emergência) Planejamento da minha alimentação. (considerando proteína, carboidratos e gorduras - separados por café, almoço e janta) 15 dias antes da viagem, meu companheiro desistiu por motivo de força maior. Eu já estava com um pouco de receio de ir, fui sozinho mesmo. A emoção mais intensa que existe é o medo, e principalmente o medo do desconhecido. Então imaginem. Vou resumir o máximo da travessia pra não ficar muito densa ok? Fiz meus Check-ins de itens duas vezes na semana antes de ir viajar. Depois de 20h de viagem, cheguei no hotel era umas 5h da manha. Só de pisar na (cidade) Praia do Cassino já me deu 20 tipo de tremedeira. Tomei um banho. Cheguei as 5h (02-set-22) e dormi até as 10h. Fui conhecer a cidade, mercado, rodoviária, pegar telefones de taxi, conhecer a faixa de areia, pegar lembranças, fui bater perna. Olhei a tábua das marés e a previsão do tempo, fiz mais um Check-in de itens, fui dormir as 22h mas não consegui dormir e fiquei acordado até as 5h do dia seguinte. (03-set-22) Chovia muito e o meu planejamento de começar cedo tinha ido por água baixo. Imagine eu sentado na recepção do hotel com tudo pronto esperando a chuva passar. 10h00 parou, iniciei a caminhada 11h da manhã, atrasado e com bastante medo, pedi pro taxi me deixar um pouco pra frente, fora da cidade. Para o primeiro dia caminhei bem. O céu ficou sem nuvem eu estava cheio de energia e no começo há rios bem altos pra passar. DIA 01 - Quando coloquei o pé na areia e caminhei neste primeiro dia a adrenalina foi estabilizando um pouco, isso não significa que eu dormi bem a noite. O tempo estava perfeito. É realmente muito difícil atingir 40km ao dia. isso eu só fui descobrir quando decidi parar para montar o acampamento. Parei ao lado de um rio e atrás de uma duna. Perfeito. Open bar de água. Na manha do DIA 2 acordei era umas 6h00 fiz café com bastante calma e só comecei a caminhar depois do sol ter nascido. O tempo estava bastante favorável. Basicamente eu caminhava 1 hora e parava descansar 10 minutos. Esse dia rendeu bastante pois estava muito favorável e com pouco vento. 35 a 40km de 8 a 10 hrs por dia de caminhada. Neste dia 02 eu estava caminhando e tinha mapeado algumas casas para abastecimento de água então apertei o passo e enxerguei as 3 caixas de água, então fui na direção. Quando cheguei não havia ninguém nas casas e elas pareciam abrigos contra furacões pois estavam todas seladas. Então fui até a outra casa ao lado e nada. Já estava passado da hora de subir o acampamento e eu só tinha 400ml de água. Então deixei a mochila no abrigo de madeira, e sai na praia andar pra frente e coletar água. A água da região tem um tom amarelado devido a matéria orgânica e há um parasita que vem do canal biliar do boi, ataca o fígado chamado Saguaipé (morador do local que me disse) Então eu me instalei no abrigo do pescador. Dia 03 - do 2 pro 3 dia foi o melhor pois o chão era bom o abrigo foi bom, estava bem protegido do vento, então foi um resort. Neste dia também havia bastante sol e sem nuvens. Estava estranha pois eram as melhores condições possíveis naquele lugar que vira o tempo no estalar dos dedos (só depois eu descobri isso). Acordei bem cedo, levantei o acampamento, meu café da manha era Uva passa, ameixa seca, tamara jumbo, banana passa, ou seja, frutas secas altamente calóricas. As dores aumentam bastante, a mochila estava ali com 23 a 26 KG, eu acredito que ela tenha ido pra 27kg pois a areia e a água que ficava na barraca, nos primeiros dias deu pra sentir que parecia 1 tonelada. Passando o dia caminhando e encontrando expedições, onibus, tratores, meu destino era acampar no farol. Próximo do farol dei com a mão e o cara parou, eu pedi água ele me convidou pra tomar café na base de apoio de extração de pinus. Então pude usar wifi, tomar um café comer algo do próprio apoio e recarregar minhas águas. Ali é uma base de extração de pinus, há várias frentes de trabalho atuando, então eles puxam madeira com os "fora de estrada" que são tipo uns tratores que puxam tora. Como ele ia até o verga na outra frente de extração eu tive o privilégio de acompanhar ele até lá. Que era o meu alvo do dia 3. Era aproximadamente 12h00 eu poderia parar por ali e acampar nos pinus ou continuar caminhando, as dores são altamente dolorosas (kkk). Decidi continuar caminhando. até ficar realmente insuportável a dor e o cansaço. Então encontrei um rio perfeito e uma duna, a configuração do sucesso e parei por ali mesmo. Neste dia tomei banho e fiz um coquetel para comemorar o progresso. Neste dia foi eu armei a barraca deixei ela aberta e fiquei só curtindo o barulho do mar enquanto minhas costas estavam 400% sobrecarregadas e os pés estavam com início de bolhas. Adiantei a janta também com um coquetel de carne com ervilha liofilizada!! Comecei usar Minâncora logo que armo o acampamento e antes de realmente dormir, vaselina nos pés, então eu passava de tênis mesmo nos rios. Já era possível observar o Albardão iluminando pela noite. Pense num vento de cortar o lombo!!!! As noites eram bem frias eu acredito que ficava entre 2 e 6 graus. DIA 4 - decidi acordar bastante cedo e iniciar cedo para poder obter o máximo do percurso. O roteiro de captação de água ja estava estabelecido. A configuração da mochila também. O nascer do sol foi inesquecível!! Neste dia alcancei o Farol Albardão (neste dia o pessoal confirmou que é difícil encontrar água corrente após o albardão por uns 50km) e através de uma conversa humilde consegui abastecer as águas e um pouco de Wifi para ver a previsão do tempo. A previsão estava marcando garoa neste mesmo dia, chuva para o dia seguinte e tormenta com ventos de 60km/h para dali 2 dias. Ali onde eu me deparei que estava contra o tempo e que a merda não poderia alcançar o ventilador. Saí vazado do Albardão, dito e feito começou a garoar e ventar bastante, continuei por um tempo, tive que para armar o acampamento. Devo ter caminhado entre 38 e 42km. (eu tinha um problema com a água e com a tempestade, ok fique calmo) Ali eu demorei um bom tempo pois havia bastante vento e uma garoa. É onde você chora em posição fetal. Entretanto, eu tinha enterrado as laterais e com uma pá de junta cavado buracos e os specs estavam bem firmes. Me sentia seguro apesar de ficar com o ** na mão. Analgésico e antiinflamatório para a dorsal é um boa noite cinderela, nem vi as coisas apaguei. Dia 5 - Amanheceu completamente nublado, neste dia não encontrei ninguém. Passei o dia todo sozinho e caminhando. A neblina era tanta que parecia um inferno. Fazia tratamento para os pés e tomava bastante água. Confesso que estava com bastante medo pois tinha que apurar o passo. Vi no GPS a casa do Sr Ricardo, achei que iria encontrar gente, mas apenas tinha ruínas e dunas. Eu soube que ele se mudou mais pra dentro, uns 5km pra dentro das dunas. Neste dia o tempo estava fechando e o vento virou. Eu estava a poucas horas de Hermenegildo, entretanto tinha que passar mais uma noite na duna, no meio da tormenta. Um único elemento surge no meio da neblina, é um morador indo buscar mantimentos em Palmares, pedi água, ele me ofereceu chá, estava muito frio. Pedi uma mão até Hermenegildo. Já em hermenegildo procurei um mercado para trocar as minhas águas. e fiz uma refeição calórica com as comidas da padaria. Eu estava em dúvida se ficaria em um camping, fiquei no centro da cidade. Eu ia pedindo para as pessoas informações até que encontrei um lugar para passar a noite e ter um chuveiro quente, valorizando cada momento. Fiz uma amizade tão simples com o rapaz da pousada que ele me emprestou até a moto dele kkkk Nesta noite fez muito frio e caiu uma chuva moderada. Dia 6 - Acordei cedo peguei o trecho e ficou apenas 12km para terminar. O tempo estava razoável. Retornei para a Praia do Cassino, procurei uma lavanderia, fui no mercado ai eu estava no resort. Fiquei mais um dia no hotel devido à tormenta que estava previsto praquele dia. - Cassino - Hotel Atlântico Praia (super recomendo) - (53) 32361350 Qualidade 5/5 Cassino - Taxi em Praia do Cassino - Marcelo (era da marinha) (53) 99128-3938 - Parceria 5/5 Cassino - O melhor restaurante é o "Health Restaurante" que fica ao lado do Posto Ipiranga 24hrs anexo a uma farmácia Panvel. Cassino - A lavanderia fica 1 quadra desse restaurante. Bem fácil encontrar. Hermenegildo - Onde ficar em hermenegildo? Pousadinha altamente confortável com tv, quarto e banho quente - Magda (53)99953-2423 - Gente boa demais 5/5 Para voltar da Barra do Chuí para Praia do Cassino: Caminhe até o centro onde tem uma rotatória (prox de um mercado), fácil de achar. Pegue um ônibus até Chuí. De Chuí você vai parar em outra estação (esqueci o nome - todo mundo sabe lá). Dessa estação ela vai direto até a praia do cassino. Leve uns R$120 em dinheiro na mochila. - Considerações finais Onde eu errei: Barraca muito pesada, ela armazena bastante areia e umidade durante a travessia; sistema de purificação de água que eu levei era somente com garrafa PET, com o passar dos dias, de tanto apertar para passar no filtro, a pet começava partir. As garrafas tinham que ser de inox, e a metodologia diferente. Clorin eu tinha; Levei itens desnecessário como prato, espoja e detergente. Não usei.; não levei um comunicador via satélite tipo spot-X. Corri um risco de vida calculado; Recomendações: Esteja bem preparado fisicamente, principalmente pra evitar lesões, porque as dores aparecem e não te perdoam; Condicionamento físico não se cria em pouco tempo. cuidado; Eu poderia ter saído com menos água; barraca mais leve possível, recomendo kkkk de cicloturismo tipo a naturehike cirrus 2; (to até hoje com algumas dores na dorsal). Se estiver com tempo aberto e bom vento, aproveite pra caminhar o máximo possível. tratamento de bolha sempre, Minâncora + vaselina + meia dupla. olhar as tábua de maré é interessante. separar o café da manha por porções diárias é essencial para não perder tempo. manipulados podem auxiliar no desempenho. Dúvidas pode enviar aqui e via e-mail eqnuyrzs5@relay.firefox.com Atenciosamente, Bandit.
  6. Olá pessoal, não sei se o blog nao tem muita atualização nessa parte, mas estava procurando informações atualizadas sobre segunda pele, e até mesmo todas as camadas e não encontrei. Em 2017 eu fui para patagonia e comprei uma segunda pele x-thermo da Solo, muito boa, tenho até hoje, embora já esteja um pouco desgastada. Este ano vou para patagonia novamente e estou buscando se há novidades... encontrei mais opções de segunda pele e gostaria de saber se alguém já utlizou em climas de frio, se conhecem etc... A da Solo é ótima, mas esta muuuuito caro para meu bolso, embora valha muito a pena. As últimas da decathlon que usei, achei que esquentam bem, mas nao são tão respiráveis para evaporação do suor, nao sei se mudou a tecnologia atualmente. Fora essas duas, encontrei essas com preços mais em conta: - AZTEQ THERMO FIT (embora eu goste muito das barracas deles, o saco de dormir para temperaturas negativas me decepcionou rs 🥲 entao fico um pouco com o pé atrás) - CONQUISTA ARCTIC - 4CLIMB THERMO -CURTLO Thermoskin (frio moderado) OU thermosense (frio ameno) -EXTREME UV térmica Alguém já utilizou alguma dessas, tem dicas ou outras marcas com bom custo x benefício para trilha no frio, mas verão patagonico. obrigada
  7. Fronteira com a Venezuela está aberta, as primeiras expedições recomeçaram em abril/2022. Para passar por países com fronteira com o Brasil, brasileiro precisa apenas do RG. Porém, em maio/2022, estavam pedindo passaporte na Venezuela (a última cidade brasileira é Pacaraima-RR, a fronteira fica a 30min da primeira cidade venezuelana, Sta Elena, onde se usa dinheiro em reais e PIX), coisa nova e deixaram um colega passar só com RG. Exame PCR (aquele mais caro, de laboratório, que demora cerca de 24h e custa mais de R$200), feito até 72h antes, foi necessário. Se pesquisar "Monte Roraima agencia/tour", dentre os resultados, com certeza vão aparecer: Roraima Adventure, Pisa Trekking, Nattrip. São brasileiras e cobram caro (mais de R$6.800 até R$10.000) e todas SUBLOCAM agências venezuelanas, os guias sempre são venezuelanos indígenas assim como os porteadores (carregadores). Fiz (e recomendo) com a @ecoaventuratours por R$2.700, em maio/2022. Não se gasta nada durante a expedição, mas gorjeta ou "regalos" para os porteadores são incentivados ao final. *o valor caro das agências brasileiras inclui os superfaturados translado de Boa Vista para Sta Elena, pernoites em Boa Vista e Sta Elena; mas isso é facilmente contornável, faça a sua própria reserva em Boa Vista (se chegar até 13h, nem precisa de pernoite), pegue um táxi com o Cleiton (3h30min, R$600 o carro, 95 91191378) ou um bus da rodoviária até Sta Elena; de qualquer maneira, tem que pernoitar, na ida, em Sta Elena (Venezuela), converse com a agência, mas tem opções baratas de menos de R$70. Porteadores são "guerreiros" indígenas que carregam até 40kg nas costas! Levam toda a comida, banheiro e barracas. O turista só precisa levar suas coisas (roupas, higiene pessoal, saco de dormir, isolante). Se pagar um porteador (cerca de R$50 por dia), ele pode levar sua mochila. Eles também cozinham (café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar; não achei necessário levar snacks como castanhas e amendoim), se for vegetariano, avise antes. Água não falta, é só beber do rio. Ninguém levou clorin e todo mundo se saiu bem. "Banheiro" é um caso à parte. É uma barraquinha com um banquinho e acento. Sacolinhas com cal ficam no chão para a pessoa acoplar no banquinho e fazer a necessidade sólida (urina pode ser em qualquer lugar). Há papel higiênico e álcool em gel disponíveis, mas recomendo levar lenço umedecido para contribuir... Após o uso, desacopla a sacolinha, amarra e deixa no outro canto. Maio, junho e julho são os meses de mais chuva, principalmente junho e julho, evite-os. Embora sempre chova e o tempo seja muito instável por lá, o melhor mês é outubro. Fomos em maio e foi tranquilo, chuviscou um pouco mais na subida, porém, nos momentos certos fez bastante sol. Por ser alto (2700m de altitude), inevitavelmente, é frio em alguns momentos, como durante a noite (chegou a 5ºC, em maio), mas suportável. Parece que o básico são 7 dias, a contar de Sta Elena (Venezuela), com 2 dias no topo (que são os mais importantes). Algumas agências escrevem 8 dias, mas está incluído um dia da viagem entre Boa Vista - Sta Elena (que demora aproximadamente 3:30h, incluído passar pela fronteira/imigração, mesmo brasileiro tem que dar saída do Brasil). Há também tours de 9 ou mais dias, com mais dias no topo (vai até "La Proa", lago Gladys, cueva de los Guácharos). Como dito, o básico são 7 dias divididos assim: Dia 1 - sai de Sta Elena umas 9h até a comunidade Paraitepuy, onde se inicia a caminhada por volta das 12h (lanche é dado). Caminha-se 12km (com alguma subida e descida) até o Rio Tek, onde tem muitos mosquitos e onde ocorre o primeiro pernoite. Dia 2 - atravessa o Rio Tek, caminha-se um pouco mais e atravessa o Rio Kukenan, dependendo do nível do rio, pode exigir certo esforço, mas qualquer um consegue e a equipe dá total apoio. É um dia tranquilo de caminhada (6km, pouca subida) até o acampamento base, local do segundo pernoite. Dia 3 - é o dia da subida de fato do monte, a distância não importa (4km?), o que importa é a ascensão de 930m, previsão de 4h, não é tão íngreme, mas achei o dia mais cansativo. Já dorme-se no topo (3 noites no total), no que eles chamam de "hotel", que são amplos lugares embaixo de pedras ou até dentro de pequenas grutas. Dias 4 e 5 - são os dois dias no topo, não precisa levar a mochila, pois volta para dormir no mesmo local, as atrações principais são: jacuzzis - pequenos poços com água gelada e ambiente instagramável; ventanas - mirante do Kukenan (segunda maior cachoeira do mundo, porém, é de estação) e outros; Maverick - o ponto mais alto do monte, sobe por uns 15 minutos e torça para o tempo estar aberto. Neste dia, anda-se pouco, acho que não chega a 10km; ponto triplo (tríplice fronteira) - tem um totem que marca a Venezuela, Guiana e Brasil para dizermos que já fomos à Guiana; Vale dos Cristais - belo lugar, não pode coletar os cristais; El Fosso - lugar magnífico (o meu preferido da excursão), é um simples poço, mas com uma quedinha d'água, arredores que lembram ruínas, uma trilha interesse para descer (partes estreitas, fendas), o banho é gostoso, mas geladíssimo. Estas 3 atrações ficam próximas uma da outra; neste dia, anda-se cerca de 14km total. Dia 6 - é um longo dia de descida do que subiu nos dias 2 e 3, ou seja, vai do topo até o Rio Tek, onde pernoita. Dia 7 - do Rio Tek até o Paraitepuy são os mesmos 12km (4h) do dia 1, então esses dois últimos dias são o mesmo caminho, mas no sentido inverso e não traz novidades. Termina-se antes das 12h. De Parateipuy até Sta Elena são 2h, a cargo da agência, mas costumam incluir almoço, aumenta a duração. Se precisar pegar vôo em Boa Vista ainda neste dia, considere que para sair de Sta Elena para Boa Vista, é questão de combinar com o táxi, a fronteira só se atravessa até às 17h (e fecha para almoço às 12h; pelo menos fechou no domingo que passei), então tem que sair até +-16h de Sta Elena, pois são 30min até a fronteira/imigração. Obs.: de Sta Elena tem como fazer o tour Gran Sabanna, 6 cachoeiras em um dia, R$160, dia inteiro, com almoço, com a @vagotours O que levar (devido ao peso, quanto menos levar, melhor, então considere usar algumas roupas mais de uma vez, usar jaqueta como travesseiro, etc): mochila de, pelo menos, 40l (capa de chuva é aconselhável) - colocando o saco de dormir comprimido, fica apertado, mas coube; não achei necessário mochila de ataque saco de dormir (saco para 10°C é o suficiente) - existem compressores, vendidos separadamente (uns R$70), que diminuem o volume do saco para carregar; alguns sacos já vem com esse compressor, geralmente são mais caros; isolante térmico colchonete inflável - eu não gosto de isolante de EVA, ocupa muito espaço e é horrível para dormir de lado, prefiro um colchonete inflável (uns R$370 na Decathlon), que também é isolante e confortável; a agência aluga saco de dormir e isolante, mas não colchonete inflável; garrafa para água - ninguém levou clorin, acho dispensável; roupa de frio (para dormir) e uma jaqueta impermeável (ou capa de chuva) - vai precisar algum dia...; eu não gosto de caminhar de manga comprida nem calça, mas tive que fazê-lo, com jaqueta corta vento, por causa da chuva na subida (mas estava de bermuda) e no Maverick. Levar calça de caminhada não é má ideia. roupas leves para caminhar é possível que algumas roupas sequem ao sol, mas não é bom contar com isso, o clima é muito instável; dependendo do tempo e do material, se molhou uma vez, vai ficar úmido até o final da expedição. bota/tênis e chinelo (alguns porteadores caminham de crocs); lanterna de cabeça e power bank (para o celular) - não tem eletricidade em nenhum ponto; higiene pessoal - sabonete, escova, pasta, protetor solar, repelente, toalha (de secagem rápida), lenços umedecidos; bastão de caminhada - para quem gosta, sempre ajuda, mas é um item que deve ser despachado no vôo, então é preferível locá-lo por R$25 (saco e outros itens também são locaveis); seguro viagem não é cobrado e não acho necessário; dorflex é uma boa pedida, imosec também. Cansa? Sim, todo mundo se cansa, mas achei que fisicamente não exige tanto, consideram-na como de dificuldade média, é só não estar totalmente sedentário. O desafio, para quem não está acostumado, pode ser os perrengues de acampamento: dormir em saco por 6 noites, tomar banho de rio, "banheiro" diferente, etc... que também não é nada de outro mundo. O grupo caminhava muito bem, mesmo se não caminhasse, não são muitos km por dia, o guia vai dosando a velocidade isso. Se precisar fazer em menos dias ou mais rápido, é só conversar previamente com a empresa/guia para adaptarem-se. Tem gente que chama uma moto, no Rio Tek, para voltar, por exemplo, custa R$200. Ou tem excursão que sobe mais cedo para aproveitar a tarde no topo, entre outras adaptações. A verdade é que sobra tempo no topo e nem sempre eles são organizados. Para o guia, é só mais uma excursão, para ele, tanto faz ir ou não ir a certos lugares... Momentos antes do Maverick, nós ficamos por horas no "hotel" esperando o tempo abrir ("tempo" significa "clima"), mas claramente já estava aberto (ou abria e fechava) e mesmo assim ficamos lá sem fazer nada, sem instruções da programação! Só fomos porque dissemos que queríamos ir de qualquer maneira, mesmo com chuva ou tudo nublado. Fomos e tudo certo. No dia seguinte, pela manhã, foi quase a mesma coisa, o tempo estava fechado, chuviscando, porém, dissemos que queríamos seguir a programação da tríplice fronteira, vale dos cristais e fosso (próximos um do outro), ao invés de irmos para não sei onde. E assim fizemos. O tempo abriu muito bem, fez um calorzão, andamos rápido e o dia terminou cedo (até dava tempo de irmos para outro lugar). Ou seja, o tempo lá é bem instável, o guia sabe de tudo, tem conhecimento, mas o turista também tem que expor suas vontades e conversar, pois é uma experiência única. Isto foi um pormenor, tudo correu bem, valeu muito a pena e recomendo a empresa e o tour.
  8. Olá mochileiros! Já faz um tempo que vejo esse tipo de mochila em filmes. Pesquisei de todas as maneiras mas não encontrei um nome técnico que define esse tipo de equipamento. Parece a estrutura das mochilas cargueiras convencionais porém de modo externo. Alguém saberia me informar mais sobre esse equipamento? att
  9. Bom dia, ao final desse ano estou indo pra africa do sul e provavelmente ano que vem ao peru. Estava em busca de uma bota para trilhas, mas achei pouco conteúdo sobre isso na Internet. Meu orçamento é estourando R$ 1000,00, vocês teriam alguma recomendação de bota ate esse valor? Alguém já ouviu falar do site cia das botas, é confiável?
  10. Galera, sou de São Paulo Capital, terei as 2 primeiras semanas de Janeiro de folga e estou querendo fazer uma cicloviagem de baixo custo, preferencialmente acampando ao longo do trajeto. Sei que essa época chove, por isso optei por cicloviagem ao invés de travessia de montanha ( trekking), mas só tenho exatamente essas duas primeiras semanas de janeiro mesmo. Estou pesquisando qual roteiro fazer, esta bem dificil decidir, entao, caso alguém aí tenha algum conselho/dica, será um prazer estabelecer essa troca ! Por enquanto estou entre: - Estrada Real, iniciando por Diamantina e descendo até no maximo Tiradentes ( pois ja fiz de Tiradentes até Parati em uma outra viagem). - Chapada dos Veadeiros ( não faço ideia qual roteiro seguir, mais sei que é possivel) - Vale Europeu, por ele ser mais curto, talvez pudesse conectar com outros caminhos que levem a lugares legais. Iria pegar o onibus em São Paulo. então tem tudo uma questão de preço de passagem e se a empresa deixa eu levar bicicleta. Bom, a principio é isso, se alguem tiver mais dicas de roteiros legais com predominancia de estrada de terra e o maximo de natureza possivel...lago, cachoeira, etc..compartilha aqui que vai ser lega l!! Grato pelo atenção !! boa semana !
  11. Oi pessoal, alguém tem recomendação de empresas de turismo que façam trilhas no Rio de Janeiro?
  12. Olá Mochileiros, Trazemos o relato atualizado pós-pandemia sobre o circuito W em Torres Del Paine, verão que fizemos ligeiramente modificado, mas acho que é também uma forma válida de fazer. Para melhor encontrar as informações que necessite, o índice do meu relato será: > Roteiro - Circuito W > Roteiro - Deslocamentos > Custos de Viagem > Alimentação de Trekking > Equipamentos Indicados > Equipamentos Contra-indicados ROTEIRO - CIRCUITO W Dia 01: Paine Grande > Mirante Pehoé Km total: 10 km Realizamos o deslocamento da cidade até o parque (descrito abaixo), ao chegar no Refúgio Paine Grande organizamos o acampamento, deixamos nossas coisas dentro da barraca (é seguro), pegamos apenas a mochila de ataque e fizemos um hike até o mirante Pehoé. O tradicional do circuito W é realizar a subida direta até o Refúgio Grey ou fazer um ataque até o Mirador Grey no primeiro dia, fizemos a escolha do Pehoé ao invés do Grey porque achamos imperdível, deixo abaixo os registros para tirarem suas preferências. Os mapas do parque possuem uma quilometragem incorreta das distâncias, abaixo deixo a correção com as distâncias aferidas e confirmadas com Wikiloc. Os mapas registram 3 km, mas na verdade são 5 km, somando ida e volta pelo Paine Grande de 10 km. Dia 02: Paine Grande > Camping Francês Km total: 9,5 km Acordamos bem, a barraca aguentou a noite, e nós o frio. A estrutura do Refúgio Paine Grande é uma das melhores, possui mercadinho que vende inclusive: ovo! A cozinha é bem estruturada, porém é necessário levar tudo, panelas, talheres, gás.. etc. Nesse trecho pegamos uma paisagem incrível, aconselho sair cedo para poder registrar bastante. Nos mapas esse trecho está como 7,5km, mas são na verdade 9,5 km. Quando se chega ao Camping Italiano, a placa indica 2 km até o Francês, mas na verdade é apenas 1 km. Dia 03: Camping Francês > Mirador Britânico > Camping Francês Km total: 13 km No 3º dia escolhemos realizar um day hike, apenas mochila de ataque para aproveitar bem o dia. E sem exagero é um dos dias mais lindos de viver dentro do parque, você caminha todo o tempo margeando o Paine Grande e ele é cada vez mais esplêndido. Conselho para o dia: Saia cedo! Acabamos ficando tranquilos demais e perdemos muito tempo para sair. Como toda a trilha é muito linda, para-se muito para fotografar e você pode acabar perdendo o tempo de chegar até o final e voltar. Outro detalhe importante é que a trilha é sempre subindo, então cansa bastante. Camping Francês > Camping Italiano: 1 km (ida) Camping Italiano > Mirador Britânico: 5,5 km (ida) Dia 04: Camping Francês > Camping Chileno Km total: 17,6 km Esse trecho é o que requer sua maior atenção, muito longo, muita subida e descida, e onde irá encontrar a maior dificuldade de orientação. As placas de distâncias nesse trecho tem erros graves e acabam deixando trilheiros expostos ao anoitecer por acreditarem que irão percorrer 7km, quando na verdade são 11km, por exemplo. É um caminho com muito desnível. Aqui a dica também é sair cedo do Francês, para poder curtir a vista, principalmente dos primeiros km. Camping Francês > Camping Cuernos: 4 km (nas placas/mapas indicam que é 2,5 km, está incorreto) Camping Cuernos > Bifurcação Chileno/Las Torres: 11km Bifurcação > Camping Chileno: 2,6 km Refúgio Los Cuernos Dia 05: Camping Chileno > Mirante da Base das Torres > Camping Chileno > Saída do Parque Km total: 17,3 km Um dia memorável, acordem cedo! Madrugamos para desmontar a nossa barraca e empacotar as coisas para subir (visto que o check-out no chileno é até as 9h) Se você alugar a barraca nesse dia será mais fácil. Ou você só precisa acordar muito cedo, sugiro: 4h da manhã. Acordamos 5h e não chegamos a tempo pro nascer do sol. Aqui também irão se deparar com km erradas, indicando algo como 3,5 km até as torres, na verdade serão 5,5 km de subida íngreme e serpenteada desde o Chileno. Mas a vista é incrível e imperdível. Se conseguir chegar para o nascer do sol, é possível que esteja lotado, mas com um pouco de paciência, as pessoas vão saindo, se programe para ter esse tempo extra e poder registrar o local com calma. Refúgio Chileno > Base das Torres: 5,5 km + 5,5 km (Ida e Volta) Refúgio Chileno > Hotel Las Torres: 4,3 km (só descida) Hotel Las Torres > Centro de Bien Venidos: 2 km ROTEIRO - DESLOCAMENTOS Simplificarei a informação, visto que necessitamos ficar 2 dias a mais em Santiago na ida e na volta por conta dos resultados dos exames PCR, por conta do contexto da pandemia. Deslocamento residência > Puerto Natales Avião: Cuiabá > São Paulo (GRU) > Santiago Valor: R$ 1.200,00 por pessoa (ida/volta) - LATAM Avião: Santigo > Punta Arenas Valor: U$ 17,00 - SKY Airlines O valor final com compra de bagagem despachada (por conta dos bastões e barraca) ficou R$ 450,00 por pessoa (ida/volta) Ônibus: Punta Arenas (Aeroporto) > Puerto Natales O ônibus passa no aeroporto e busca no desembarque, mas é necessário comprar com pelo menos 1 dia de antecedência pelo site. Duração: 3h15 - Horários disponíveis a cada 3h. Valor: $ 7.500 (pesos chilenos) - Compre online antecipado Bus-Sur | Te acompañamos a descubrir la Patagonia (bussur.com) Deslocamento Puerto Natales > Torres Del Paine Nosso objetivo era ir para Pudeto, aonde se pega o Catamarã para chegar no Paine Grande, mas você pode escolher a portaria que quiser. Duração: 3h - 2 horários disponíveis por dia (6h40 ou 7h) Valor: $ 6.000 (pesos chilenos) - Compre online antecipado! Bus-Sur | Te acompañamos a descubrir la Patagonia (bussur.com) Catamarã Necessário para atravessar o Lago Pehoé, é possível chegar por trilha também, verifique os meses em que ela está disponível, algumas temporadas ela é bloqueada para esse percurso. Duração: 30 minutos. Disponível 2x por dia, 1x de manhã (10h) ida para Paine Grande e 1x de tarde às (17h) volta do Paine Grande. Valor: $ 23.000 ou U$ 35 (Pode-se pagar em qualquer uma das moedas, APENAS DINHEIRO, não aceita outras formas de pagamento). Não tem como reservar, então se for em meses de alta temporada, busque pegar o ônibus mais cedo possível. Site do Catamarã para consulta de horários e valores Transfer: Centro de Bien Venidos (Prox. Hotel Las Torres) > Portaria do Parque TDP (Laguna Amarga) Esse transfer é necessário para se chegar ao local aonde se pega o ônibus que levará de volta a cidade. Duração: 10 minutos - sai a cada 15 minutos aprox., último horário é aprox. 19h30. Valor: $ 3.000 (pesos chilenos) - Apenas em dinheiro, não aceita outras formas de pagamento. Deslocamento: Portaria do Parque TDP (Laguna Amarga)> Puerto Natales Os ônibus ficam enfileirados na Portaria, basta encontrar o seu. Duração: 3h - possui horários de retorno a cada 4h aprox. Valor: $ 7.000 (pesos chilenos) - Compre online antecipado! Bus-Sur | Te acompañamos a descubrir la Patagonia (bussur.com) Deslocamento Puerto Natales > Brasil Ônibus: Puerto Natales (Rodoviária) > Punta Arenas (Aeroporto) Valores: $ 7.500 pesos Bus-Sur | Te acompañamos a descubrir la Patagonia (bussur.com) Avião: Punta Arenas > Santiago Valor: R$ 450,00 por pessoa (ida/volta) c/ bagagem - Skyairlines Avião: Santiago > São Paulo (GRU) > Cuiabá/MT Valor: R$ 1.200,00 por pessoa (ida/volta) - LATAM CUSTOS DE VIAGEM Passagens Aéreas: R$ 1.900,00 por pessoa (com bagagem) Ônibus + Catamarã: R$ 346,86 por pessoa Ingresso do Parque Nac. Torres Del Paine: R$ 521.41/2 = R$ 260,70 por pessoa Estadia em Camping (sem equipamento/ sem extras) Parque Nac. Torres Del Paine: R$ 889,57 /2 = R$ 444,78 por pessoa Estadia Puerto Natales: Airbnb R$ 360,00 - 2 diárias / por pessoa (aprox.) Alimentação: R$ 623,00 por pessoa Seguro Viagem: R$ 955,00/2 = R$ 477,50 por pessoa Obs: obrigatório devido COVID-19, pode ser que em outro momento volte a ser opcional, reduzindo o custo. CUSTO TOTAL DE VIAGEM R$ 4.412,84 (por pessoa) Obs: realizei uma estimativa com uma viagem bem resumida apenas o mínimo para fazer o circuito W, mas meu roteiro foi bem mais estendido, incluindo o Torres Del Paine (Full Day) que realiza um tour pela estrada, por fora do parque, são outros cenários, e indico muito fazer, porém aumenta consideravelmente o custo com alimentação, estadia e o passeio custa aprox. $ 35.000 pesos por pessoa. Mirante do Full Day TDP ALIMENTAÇÃO DE TREKKING - Comida Liofilizada (LioNutri) R$ 38,00 por embalagem/refeição Indico os sabores: Batata doce, frango e brócolis e Risoto Primavera. - Barrinhas de Cereal/Proteína e Castanhas. - Flocão para cuzcuz (café da manhã) - Ovo (levamos em uma cápsula que construímos com cano PVC) - Café Solúvel (L'or ou Starbucks) - Chá Preto - Batata Chips Krizpo (produto local, compra-se nos abrigos/cidade) - Sal - Chocolate EQUIPAMENTOS INDICADOS - Barraca NatureHike CloudUp2 - Bastões de Trekking - Isolante Térmico/Colchonete: Therm-a-rest Neoair Xtherm (testamos alguns e esse foi o melhor em todos os quesitos: aquecimento; conforto; peso e volume) - Fleece (Marcas recomendadas: Conquista; Curtlo; Patagônia; Decathlon (Forclaz); The North Face; Columbia) - Jaqueta de Pluma ou Fibra (Marcas recomendadas: Rab (importada); Mountain Hardwear (importada); Columbia; Conquista (Chaltén); Patagônia; The North Face) - Anorak: Jaqueta contra vento e chuva (Marcas recomendadas: OR (importada); The North Face (importada); Patagônia (importada); Columbia (acha no BR, mas busque uma com boa coluna d'agua > 3.000mm); Decathlon (busque os modelos mais caros e com maior coluna d'agua.) Obs: Não economizem na sessão proteção contra vento e chuva, isso pode destruir a sua viagem, as marcas que recomendamos são aquelas que mais vimos por lá, e inclusive compramos depois. Fomos com um anorak da CONQUISTA e tivemos SÉRIOS problemas durante a trilha, foi o maior perrengue, então garantam que essa proteção será 100% confiável. - Poncho: fui resistente a levar porque quis economizar peso/volume, mas hoje recomendo levar! Vai ser uma proteção extra para você e as alças e costado da sua mochila, em um local com temperaturas < 5 graus, qualquer coisa molhada pode roubar muita temperatura sua. Dica de amigo: escolha com carinho seu anorak e leve um poncho! Equipamentos para Locação em Puerto Natales
  13. Fala, pessoal! Primeiramente queria agradecer aos inúmeros relatos e informações daqui que me ajudaram demais a organizar esta viagem 😃 Vou tentar deixar uma ideia geral sobre o planejamento, equipamentos, trajeto e uma sugestão de itinerário que eu faria caso tivesse mais tempo por lá. Espero poder ajudar (animar e inspirar tbm) de alguma forma a quem ainda está se preparando e pensando em ir. (foi o lugar mais bonito que estive na vida!) Antes de seguir com os detalhes, só um pequeno contexto para explicar o porquê de algumas decisões que tomei: Dois amigos de infância já tinham viagem marcada e estavam com tudo planejado a ir para TDP, fazer o W, e seguir para o Atacama. Todas as passagens estavam compradas e reservas de camping feitas. Como tenho dois filhos, sendo um bebê recém nascido, a ideia de me ausentar de casa neste momento para viajar era impossível. Mas minha esposa ao saber da viagem me deu o maior vale night da história hahahaha S2 e insistiu para que eu fosse, aproveitar ao menos a semana em TDP enquanto ela segurava as pontas em casa. Sem palavras. Divida eterna! =D Então acabei entrando na viagem deles, na janela de TDP, e me adaptando a proposta: 3 noites de camping e 4 dias de trilha. Nunca tinha tido uma experiência de trekking como essa, no máximo fiz as trilhas das Chapadas pelo Brasil e acampava com meus pais quando criança mas todos os pormenores eram organizados por eles. Já fiz o Caminho de Santiago, de bike duas vezes, mas tbm o processo era bem diferente, e me considero um noobie no assunto de trekking e camping. Então saibam que as dicas que eu der aqui são baseadas só nesta breve experiência e de alguém que não tinha conhecimento prévio algum 😃 Reservas As reservas para os campings precisam ser feitas com certa antecedência. Eu fui no final da temporada, am abril, e consegui fazer as reservas há pouco menos de um mês para a viagem. Como fiquei no Paine Grande, Francês e Central usei apenas estes sites: Paine Grande: https://reservas.verticepatagonia.cl/paso3.xhtml a 12$usd pra duas pessoas Francês: https://lastorres.com/en/camping/camping-frances/ a 50$ usd para duas pessoas e Central: https://lastorres.com/en/camping/camping-central/ tbm a 50$ usd para duas pessoas Além do camping, é possível alugar equipamentos e outras opções de acomodações tbm nestes sites. Ainda assim, caso não reserve, mas eventualmente precise, é possível alugar algo no dia diretamente no refúgio. Os preços são bem mais caros, como todo o resto das coisas vendidas no parque (por exemplo, pagamos uma cerveja longa neck no final do terceiro dia por 3000 pesos (+- R$ 26 - mas foi bem merecida hahahahaha) A entrada do parque pode ser reservada antes pelo site, mas tbm é possível comprar assim que chegar de ônibus por lá. O ônibus pára e as pessoas descem para comprá-la diretamente na "bilheteria". Entrada: https://www.aspticket.cl/paso1.xhtml 21000 pesos / +- R$130,00 Equipamentos Após pesquisar um pouco decidi alugar todos os equipamentos mais pesados diretamente na cidade de Puerto Natales. Havia a possibilidade de comprar no Brasil e despachar mala, alugar na cidade e/ou alugar no camping, mas fomos pelo o que achávamos o melhor custo X benefício. Como não tinha nenhum equipamento no Brasil eu ainda teria que comprá-los, e errar nesta hora podia sair muito caro. Então, alugar diretamente na cidade provavelmente seria de coisas já testadas e com especificações adequadas pra trilha. Assim, acabamos por alugar na cidade: saco de dormir, Isolante, barraca, bastão de trekking e kit com fogareiro e utensílios para cozinhar. O botijão de gás acabamos comprando na cidade (6000 pesos, +- R$ 37,00) (é fácil de achar e tem várias lojas que vendem). Tudo foi alugado no Nikos: https://www.nikostwoadventure.com/es/alquiler-de-equipo/ Conheci pessoas que conseguiram levar o bastão de trekking do Brasil na bagagem de mão sem problemas, mas entendo que foi questão de sorte conseguirem passar. Pelo menos no Chile há diversos locais nos aero com recados sobre a limitação de embarcar com o bastão. Um ponto de atenção aqui que sofremos muito pela pouca experiência é que estes equipamentos alugados foram escolhidos por serem os mais baratos e isso, acho, implicou em itens menos eficientes e mais pesados que possivelmente existiriam em outras opções. Então, sugiro tentar pesquisar um pouco mais e ver o real custo benefício na hora de definir o local do aluguel. Por exemplo, o nosso saco de dormir, barraca e Isolante apesar de darem conta do frio que pegamos (toda noite fez facilmente -5°) eram muito pesados e volumosos. O Isolante parecia um colchonete destes que vendem em supermercados no Brasil hahahaha. (Corcunda de Notre Torres passando com seus equipamentos por sua tineline hahahaha:) Para os quatro dias levei o seguinte: 4 cuecas 4 meias p trekking 4 camisetas manga curta 1 camiseta manga longa 1 calça/bermuda de trekking 1 calça fleece 1 blusa fleece 1 casaco fleece 1 anorak corta vento impermeável 1 boné 1 gorro 1 protetor de pescoço 1 par de luvas 1 toalha de microfibra 1 poncho impermeável 1 travesseiro (destes de pescoço de avião) 1 par de chinelos 1 mochila 40L 1 mochila de ataque 5L 1 lanterna de cabeça 1 óculos escuros 1 cantil para água 0,8L 1 cartela de clorim 1 kit garfo/faca/colher 1 kit primeiros socorros 1 kit higiene pessoal 1 kit farmácia (essencial: analgésicos, antitérmico, anti-inflamatório, anti histaminico, vaselina para evitar bolhas nos pés, protetor solar, protetor labial) + celular, carregador, powerbank Um parênteses sobre a bota: comprei a NH100 da decatlhon e de uma forma geral gostei bastante do modelo, bom custo X benefício, deu segurança nas terrenos, tem bom gripe e impermeabilidade. Mas eu nunca tinha usado uma e tentei ao máximo amacia-lá antes da viagem e acostumar os pés. Na maior parte dos dois primeiros dias não senti nenhum incômodo, mas a partir da subida do mirador Francês, quando machuquei meu tendão de aquiles, talvez por começar a pisar de forma a compensar a dor, comecei a sentir bastante ela pegar em outros pontos do tornozelo. No terceiro e quarto dia (e demais dias da viagem) foi só na sofrencia e dor constante a, literalmente, cada pisada. Então, de qualquer forma, não custa lembrar que a recomendação é sempre usar botas já rodadas e que tenham sido amaciadas por vc = ) Mantimentos As trilhas passam por diversas fontes de água que dizem ser muito puras e potável (basicamente é água de degelo né?). Contudo, a informação que recebemos é para não consumir de fontes do entorno e próximas aos campings, principalmente entre o Central e o Chileno, e que as demais são muito seguras. Optei por levar umas pastilhas de clorim mesmo assim para evitar qualquer coisa e foi super prático e passei muito bem. Por outro lado, dois de meus amigos consumiram água direto das fontes sem nenhum tratamento e passaram super bem tbm. 20230408_135431.mp4 Em relação às comidas, assim como os equipamentos, é possível comprar kits diretamente nos campings e alguns itens avulsos como salgadinhos, barrinhas e bebidas. Em razão do custo, optei em levar do Brasil o máximo de coisa que caberia em minha bagagem de mão e torcer para a alfândega do Chile deixar passar hahahaha. Mas o site deles é bem claro quanto a isso (https://www.sag.cl/ambitos-de-accion/productos-de-origen-vegetal) , e alimentos industrializados em geral passam sem problemas algum, bastando apenas declarar pelo formulário na entrada (a cia aérea vai orientar como fazer mas tbm é possível se adiantar e fazer pelo site). Decidi comprar algumas comidas da marca Vapza e gostei muito da facilidade, tempo de preparo e sabor (feijão, lentilha, mandioca, frango desfiado e feijoada - sim! comemos feijoada na trilha e vou te dizer foi a melhor janta de todas hahahahaha) Além disso, tbm levamos do Brasil, miojos, missô, sopao, barrinhas de proteína e paçoquinhas. Em Puerto Natales fomos no supermercado e compramos tbm alguns nuts, purê de batata em pó, farinha de pão (usamos muito pra dar liga nas coisas e fazer tutu) e coisas para fazer lanche no café e no meio da trilha: pão de forma, queijo, salame e geleia (montamos tudo antes de ir pro parque =)) Lógico que tudo isso pesa bastante na mochila e a dica pra quem tem condições e vontade é ou levar alimentos próprios pra isso (liofilizada por exemplo) ou mesclar e comprar os kits diretamente nós campings (mas não sei os detalhes de como funciona). Ah, um ponto de atenção: conhecemos um grupo que guardou as comidas dentro da barraca para um dia de ataque e tiveram as barracas rasgadas por roedores (esqueci os nomes/espécie dos meliantes kkkk, mas dizem que é comum acontecer). Para evitar isso, todos os dias deixamos as comidas (todas sem exceção) ou guardadas dentro da cozinha do refúgio ou penduradas em árvores próximas às barracas conforme orientação do pessoal e guias locais. Nos falaram que estes roedores têm dificuldades em subir em árvores e gostam mesmo é mais de trekking hahahaha (é sério!) Deslocamentos Cheguei no Chile por Punta Arenas de avião no dia 07/04. De lá até Puerto Natales fomos de ônibus, pelo empresa Bus-Sur e compramos a passagem assim que desembarcamos no aeroporto. A informação que tivemos, pelo menos no final de temporada, é que a disponibilidade dos ônibus é bem boa, e a recomendação de comprar as passagens com um dia de antecedência é bem ok. No balcão de informações ao turista do aero Punta Arenas tem uma plaquinha com a senha do Wi-Fi do aeroporto. Por lá conseguimos acessar e fazer a compra do próximo ônibus. Atenção aqui ao comprar a passagem para colocar a origem da viagem como Aeroporto de Punta Arenas e não apenas em Punta Arenas hahahah. Dois amigos e outro turista chegaram antes e acabaram comprando a passagem como se estivessem na cidade. O ônibus passou pelo ponto do aeroporto mas não esperou eles subirem pois não sabia que haviam outros passageiros naquele ponto do aeroporto. Parece meio óbvio, mas não custa avisar pra ter atenção na compra hahahaha. Na rodoviária de Puerto Natales tbm é possível comprar o ônibus para o Parque (ou pelo site mesmo) e é possível escolher o local de descida dentro do parque a depender da sua programação. Me parece que pela Internet há mais assentos disponíveis. Nós decidimos fazer o circuito inverso, partindo de Paine Grande com sentido às Torres. Para isso, vc tem que entrar no parque e descer do ônibus em Pudeto. Em Pudeto, pega-se um catamarã que atravessa o Lago que desembarca em Paine Grande. O catamara é pago na hora, diretamente dentro do barco. Atenção que só aceitam pagamento em efetivo/dinheiro e o preço foi de 30$ usd / 25000 pesos. Além disso, não percam o canhoto/comprovante que dão na entrada do catamara após o pagamento, pois só é possível sair do barco se apresentar o mesmo, caso contrário vc terá que pagar a passagem novamente. 20230408_111744.mp4 Período Fizemos no final da temporada, em abril, outono, e tivemos a benção de pegar todos os dias excelentes! Céu limpo na maioria dos dias, frio mas com pouca chuva e um pouco de neve pra dar aquela alegria pra quem nunca viu em apenas uma manhã de todos os dias. Foi muito bom mesmo! As montanhas estavam com poucas nuvens, muita visibilidade e o show de cores das árvores no outono estava espetacular. Além disso, as trilhas ficam bem menos movimentadas que outras épocas e os campings com bastante gente ao meu ver mas ainda assim com tudo dentro do controle e funcionando bem. Itinerário Como disse no início, tínhamos um período de tempo bem limitado para fazer o W e no final o itinerário foi o seguinte: Dia 8/4: iniciar em Paine Grande, montar barraca e deixar os equipamentos e mochila no camping. Subir até o mirador Glaciar Grey com ataque, voltar e dormir em Paine Grande; Dia 9/4: sair de Paine Grande, ir até o camping Italiano, deixar a mochila e equipamentos, subir até o mirador Francês com a mochila de ataque e voltar, e seguir com todos os equipamentos para o camping Francês; Dia 10/4: sair do camping francês com todos os equipamentos e ir até o camping Central; Dia 11/4: sair do camping Central só com mochila de ataque e subir até o mirador base das Torres e voltar. Pegar a mochila e equipamentos e voltar para Puerto Natales. Entre mortos e feridos hahahaha conseguimos cumprir o proposto, mas caso tivesse mais tempo e em outra situação eu optaria em fazer o seguinte: Dia 1: chegar em Paine Grande no meio do dia, montar barraca, dormir cedo Dia 2: fazer bate e volta no mirador do Glaciar Grey com mochila de ataque. Dormir em Paine Grande Dia 3: sair de Paine Grande e seguir direto pro camping Francês, levando todo o equipamento. Dia 4: fazer bate e volta no mirador britânico com mochila de ataque Dia 5: sair do camping Francês e seguir direto pro camping Central, levando todo o equipamento. Dia 6: fazer bate e volta no mirador base das Torres com mochila de ataque. Seguir para Puerto Natales no final do dia. Com esses dias a mais séria possível fazer tudo com mais calma, com tempo pra poder curtir os miradores e diminuindo o risco de lesão por todas as correrias. O revés aí seria o aumento do custo de aluguel e diárias, além de precisar levar pouco mais de comida no geral. Mas mesmo assim acho que valeria bem a pena 😃 Bom, é isso. Caso tenham alguma outra dúvida e precisem de mais detalhes podem me perguntar que tentarei ajudar =D
  14. Apesar de haver bons relatos no site, espero contribuir. Há 4 ônibus diários entre São Luís e Barreirinhas pela viação CISNE BRANCO, R$51, demora 5h (não procurei vans saindo do aeroporto direto pra Barreirinhas, mas existem). Dizem que é melhor fazer a travessia no sentido Barreirinhas - Santo Amaro, por causa da posição do sol e do vento. A estrada São Luís-Santo Amaro é relativamente nova, está boa e é mais perto que SLZ - Barreirinhas. Além disso, as lagoas de Santo Amaro são mais bonitas. ATENÇÃO com a volta de Santo Amaro para São Luís, acho que não tem ônibus (se tiver, são raros) e dependemos do guia em achar uma van que ia pra lá. Geralmente, o último dia termina 12:30h e o transporte até São Luís demora 4h30min. Grande parte da travessia é em areia firme e fria, então é melhor andar descalço ou com meia. Também tem inevitáveis passagens por lagoas menores, onde se molha, pelo menos, as pernas. Elas são boas para se refrescar (o tempo inteiro eu andei molhado ou úmido de propósito). Melhor época: junho e julho, alguns dizem agosto e até setembro, mas nestes muitas lagoas já estão secas. Preços: como junho e julho são os melhores meses, só diária do guia custa até R$250; hospedagem (café da manhã incluído), em redário, sai por R$35; jantar: R$30 a R$35; água de 2l: R$8. Converse com o guia para ver o que está incluído no preço dele (passeio pelo rio Preguiça, hospedagens e refeições, etc). Cansar vai, mas com certeza vale a pena. Acredito que uns treinos de caminhada de 8km sejam suficientes para preparação. Esta é a travessia mais tradicional do parque, mas tem outras de 6 até 10 dias! Levar: poucas roupas (inclusive com proteção UV), meias, chapéu (nessa época, não precisa levar nada para frio, nem tênis), chinelo, protetor solar, água (pode ser comprada em cada parada), snacks (frutas desidratadas, amendoim e castanhas), dinheiro em espécie, lanterna (não é essencial, não precisa na caminhada, mas ajuda nas hospedagens), coisas de higiene pessoal (sabonete, escova, pasta, repelente). É recomendável levar aquelas baterias portáteis, power bank, mas dá pra usar a eletricidade em algumas hospedagens. Dia 28/jun - 1º dia: Pegamos um barco em Barreirinhas para fazer o passeio pelo rio Preguiça (R$80) por volta das 10h, o guia já nos acompanhava. O passeio é tranquilo, para em Mandacaru, onde tem um farol, também para em Caburé onde tem dunas e uma lagoa. Termina em Atins, banhamos em uma praia. Depois, final de tarde, caminhamos até Canto de Atins, cerca de 3,5h em ritmo tranquilo, sem paradas para banhos, o GPS marcou 12km de caminhada durante o dia todo (pareceu bem menos). Em Canto de Atins, tem dois restaurantes/pousada: do seu Antônio e da dona Luzia. A dona Luzia foi pioneira e é mais famosa, mas o guia disse que a fama subiu-lhe a cabeça, ficamos no seu Antônio. O camarão na chapa é o prato chefe de ambos, não é barato (com refri e água, saiu R$50 cada um o jantar), mas realmente estava muito gostoso. Dormimos em rede (R$35), local coberto com palha, com luz, mas sem paredes, até às 2:30h da manhã. Dia 29/jun - 2º dia: Prometia ser o mais pesado, cerca de 17km até Baixa Grande (o quarto dia que foi o mais cansativo). Começamos a travessia por volta das 3:15h, depois de um bom café da manhã, caminhamos sob a lua cheia iluminando tudo e temperatura amena. Andamos pela praia um bom tempo, cerca de 4h (com direito a cochilada no caminho) até chegar às dunas. Valeu a pena? Sempre, no entanto, tem gente que faz este trajeto de carro e isto economiza umas boas horas. Nas dunas, subida, descida, banho em algumas lagoas. Terminamos em Baixa Grande às 12:10h. Cansei muito! O GPS marcou, durante todo o dia, uns 27km. Eu digo "durante todo o dia", porque ainda caminhávamos pelos arredores do local da hospedagem para conhecer lagoas, rios, ver o pôr-do-sol. Baixa grande é um vilarejo no meio do deserto, mas com construção de alvenaria e vegetação por perto. Almoçamos galinha caipira por R$35 (preço padrão e não é você que escolhe o que comer). Descansamos e, à tarde, fomos para uma lagoa e ver o pôr-do-sol. Dormimos, como sempre, em rede (R$35 preço padrão), sem iluminação, mas coberto com palha e "paredes". O dia seguinte seria mais tranquilo. Dia 30/jun - 3º: Este terceiro dia foi tranquilo, acordamos por volta das 4:30h para sairmos às 5h, após café da manhã simples (tapioca e ovo). Caminhamos devagar, parando bastante em lagoas e terminamos antes do meio-dia em Queimada dos Britos, o GPS indicou 15km. Eu comecei a usar meia, pois vi que estava começando a formar bolha no meu pé. Almoço (R$35) era peixe (estava salgado), teve salada (artigo raro) e até sobremesa. Lagoas, pôr-do-sol, jantar e dormir cedo, porque não tem muito que fazer a noite. Dia 1º/jul - 4º: De novo, acordamos umas 2:15h, tomamos café e saímos para caminhar às 3h e alguma coisa. Só terminamos à 12:30h, exaustos, em Santo Amaro. Foi o dia mais longo e mais cansativo, cerca de 28km. Neste dia, mais uma vez, é possível pegar um transporte em Vassouras, economizando assim, uns 10km. Pergunta se pegamos? Não. Faltando uns 8km (talvez 6km), o guia novamente perguntou se queríamos pedir um carro e pagar R$50 cada um. Pegamos o carro? Não, só faltavam 8km... As lagoas perto de Santo Amaro são bem mais bonitas que as de Barreirinhas e, acredito eu, o turismo em Santo Amaro irá aumentar com a boa estrada já existente até São Luís (só falta transporte).
  15. Salve, galera! Esse é o resumo de um mochilão radical que fiz há alguns meses, espero que gostem. Caso queiram mais informações, podem acessar meu blog Rediscovering the World ou o livro que acabei de lançar (Trekking Extremo no Himalaia: Acampamento Base do Everest + Gokyo). Dia 1 Em 17 de março de 2019, ao chegar ao aeroporto de Guarulhos, tomei uma sequência de voos pela Air China, cujo destino final seria Mumbai, na Índia. Compradas quase 5 meses antes, as passagens de ida e volta custaram 734 dólares. Dia 2 Após breve conexão em Madri, o avião grande seguiu até Pequim. Ambos voos foram bem-sucedidos. Como a espera até o voo final levaria o dia todo, decidi aproveitar que o visto não é necessário para permanecer até 144 horas na capital chinesa. Dessa forma, passei pela fila da imigração em uma hora, saquei yuans (1 real = 1,75 yuans) num dos caixas automáticos e deixei o aeroporto no metrô que me levou até o centro da cidade. O trajeto de meia hora custou 25 yuans. Deixei a linha do aeroporto para pegar outra, ao custo de 4 yuans. Logo me impressionei pelo desenvolvimento e pela limpeza de Pequim, tirando a névoa permanente que quase esconde o sol. Só a falta de educação dos chineses que seguiu conforme o esperado. O primeiro monumento visitado foi o do conjunto Templo do Céu (28 yuans). Numa área grande, fica um parque com as estruturas erguidas em 1420 para orar em busca de uma boa colheita. A construção principal é o maior templo redondo de madeira da China. Depois de uma boa caminhada, comprei 4 bolinhos (dumpling) de carne por 2,5 yuans cada, mesmo sem saber antecipadamente o que viria dentro. Segui então caminhando até chegar à sequência de postos de controle policial de onde ficam as principais atrações de Pequim. Primeiramente, o museu nacional. É em sua maioria gratuito, num prédio bastante amplo, mas com conteúdo quase todo em mandarim e poucas exposições realmente interessantes. Entre essas, os presentes recebidos pela China de todo o mundo. Em seguida, caminhei ao redor da Praça Tian'nanmen, a Praça Celestial. É famosa por um massacre que aqui ocorreu durante protesto da população. Também não se paga e há espaço de sobra, com um memorial a Mao Tse-tung e um monumento aos heróis chineses. Por fim, entrei na Cidade Proibida. Como estava faminto e o corpo já se entregando de cansaço, tive que almoçar ali mesmo, pagando 32 yuans num prato raso. Mais uma atração enorme: são dezenas de palácios, muralhas e portais. Para visitar em baixa temporada (agora), custou 40 yuans. Mesmo assim, é difícil conseguir uma foto boa, tamanha a quantidade de chineses que visitam o complexo. Na saída, tentaram me aplicar o golpe de bater um papo num bar e ser extorquido, mas como eu já sabia dessa, escapei. Esgotado, retornei ao aeroporto no final da tarde. À noite, voei num avião menos novo pra Mumbai, tirando um belo cochilo a bordo. Dia 3 Desembarquei já na madrugada seguinte. Passei pela imigração com o eVisa feito antecipadamente na internet e troquei dólares por rúpias (1 dólar = 66 rúpias) logo após a imigração. Por fim, pedi pra chamarem um Uber pra mim, pois o táxi até o hotel próximo custava 500 rúpias, enquanto o Uber saiu por 210. O problema foi achar o danado, escondido numa viela. Somente às 3 e meia eu entrei no Ahlan Dormitory. Pra ficar num quarto coletivo, gastei 250 rúpias por noite. Só que o lugar não era muito agradável, pois era barulhento, fedia, estava sujo e quase sem água. Algo me picou na cama e me deixou com marcas por semanas. Pelo menos o wi-fi, o ar e o guarda-volumes funcionavam. Pra piorar, fui acordado antes das 8h pelos hóspedes e funcionários, não conseguindo mais dormir - o que já tinha dado bastante trabalho antes, vide o jet lag. Levantei, tomei o “chai” (na Índia, o chá é misturado com leite) e parti pra luta. Caminhando um pouco já notei a diferença colossal na (falta de) limpeza, em relação a Pequim. Peguei o metrô recém inaugurado, com ar condicionado, a partir de 10 rúpias. Para começar a preparar meu estômago, tomei um suco natural por 40. Em seguida, entrei na estação de trem suburbano. Que caos! Gente correndo e se empurrando por tudo que é lado, pendurada nas portas dos vagões como nos filmes, e tal. Para vivenciar um pouco disso, e porque eu queria economizar, comprei um bilhete da 2ª classe de Andheri a Churchgate. Apenas 10 rúpias até ponto final, 22 km adiante! Ainda que estivesse bem quente, os indianos vestiam quase todos roupa social, nenhum (além de mim) de bermuda. Da estação, fui até o principal museu da cidade, de nome complicado: Chhatrapati Shivaji Maharaj Vastu Sangrahalaya. Construído pra homenagear o príncipe do País de Gales, hospeda hoje num edifício de arquitetura indo-sarracena uma porção de artefatos relacionados a Índia e além, contando sua história. Pena que o ingresso seja meio salgado: 500 rúpias + 100 pra usar câmera. Nessa hora, começaram a pedir pra tirar foto comigo, como se eu fosse famoso. O almoço foi no renomado Delhi Darbar. Fiquei com um picante mas apreciável prato de “angara chicken” por 550 rúpias. Saí cheio. Acabei optando por fazer um city tour de 3h por 3500 rúpias, bem mais do que eu deveria pagar. Nele, passei por vários locais interessantes, como uma lavanderia a céu aberto, diversos prédios públicos e privados com arquitetura colonial britânica, o museu-casa do Gandhi (Mani Bhavan), a orla de Marine Drive, a colina de alto padrão Malabar e o templo da religião jainismo. Depois, fiquei no mercado de rua, onde não consegui caminhar em paz, indo então de volta pro hotel através de outra linha de trem da estação central. Retornei pendurado na porta aberta do trem. Comi um negócio, antes de conhecer dois jovens ucranianos no dormitório. Fiquei papeando e dei uma volta com eles, pra conferir o movimento das ruas poluídas. Aproveitei para provar a sobremesa quase sem gosto chamada “falooda” (40 rúpias) e levar umas bananas (6 por 1 real). Dia 4 Com o feriado do Holi, o qual me gerou uma pintura facial, o transporte público ficou bem menos cheio, ainda que sua frequência também tenha diminuído. Peguei os mesmos 2 transportes da manhã anterior, mas quando cheguei à estação final, pedi um Uber até o monumento Gateway of India, de onde partem os barcos até Elephanta Island, por 200 rúpias ida e volta. A baía até a ilhota é entulhada de estruturas. O translado leva cerca de uma hora; no total da minha hospedagem até a ilha eu levei quase 4 horas de deslocamento! Ao chegar, peguei um trenzinho da alegria (10 rúpias). Almocei no restaurante Elephanta Port, escolhendo um prato de “biryani” por 275 rúpias. O “biryani” de frango viria a se tornar meu prato preferido no país. Depois, subi o morro em meio a inúmeras barracas de souvenires. Para acessar as cavernas de Elephanta, patrimônio da UNESCO, paga-se atualmente 600 rúpias. São 5 delas, entalhadas diretamente na rocha durante 1300 anos do século 6 até a invasão e destruição parcial pelos portugueses. Há colunas, santuários e muitas estátuas em homenagem à deusa Shiva. Pena que com a quantidade de visitantes, praticamente todos indianos, fica difícil sacar boas fotos. O guia local Krishna me encheu tanto o saco que acabei aceitando uma explicação de meia hora por 500 rúpias. Quando ele me chamou pra ir num bar depois, meu sensor de golpe apitou. E eu estava correto, pois ele tentou fazer com que eu pagasse a cerveja dele e ainda tomar meu dinheiro com a desculpa de que iria pagar minha parte, mas não teve sucesso quando eu o peguei fugindo… Essa cerveja Kingfisher, a mais popular da Índia, não é boa. Só poderia ser assim, já que leva açúcar e xarope de arroz e milho na fórmula. Depois desse fato lastimável, subi as escadarias até o topo do morro, com vista para o mar e cheio de macacos fofos (Macaca radiata) - até eles roubarem sua comida. Ali fiquei famoso de novo, visto a quantidade de gente que pediu foto comigo. Retornei à hospedagem, chegando após escurecer. Só comi algo salgado e repousei. Dia 5 Acordei cedo pra pegar uma condução até o terminal 1 do aeroporto (110 rúpias), onde voei de SpiceJet até Bangalore. Que bom que mesmo as companhias de baixo custo da Índia permitem despachar até 15 kg gratuitamente, já que meu mochilão cheio dificilmente passaria por bagagem de mão. Em Bangalore, embarquei logo num segundo voo da GoAir até Port Blair, a capital maior cidade do arquipélago isolado de Andaman e Nicobar. Como se já não estivesse quente o suficiente em Mumbai, a temperatura de Port Blair na chegada estava em escaldantes 34 graus. Peguei um tuk-tuk (100 rúpias) até a estação de ônibus principal. Como perdi o ônibus das 15h e o próximo partiria quase 2 horas depois (somente mais tarde eu descobri que havia mais ônibus no outro terminal chamado Aberdeen), aproveitei pra fazer um lanche ali e comprar mantimentos no supermercado Mubarak. O ônibus saiu cheio. Levou cerca de uma hora e 24 rúpias para chegar ao vilarejo de Wandoor. Lá me hospedei no Anugama Resort, numa suíte privada bem razoável. Só que de resort o lugar não tem nada, nem sequer uma piscina, bar ou internet funcionando. Ao menos, os funcionários são gentis. Na hora do jantar, em que fiquei com um curry de peixe (190 rúpias) no restaurante da hospedagem, conheci uma família de belgas e holandês, com quem bati um bom papo. Dia 6 Acordei várias vezes durante a noite e levantei pelas 6, sendo que já havia sol um bom tempo antes. Eu e um dos companheiros da noite anterior fomos a pé cedo ao escritório do Parque Nacional Marinho Mahatma Gandhi para tentar conseguir a permissão para adentrá-lo, mais especificamente na ilhota de Jolly Buoy. Lá, descobrimos que os barcos já estavam cheios, e que precisaríamos tanto agendar o passeio quanto conseguir a permissão no escritório de turismo em Port Blair. Sendo assim, barganhamos um táxi para nos levar, esperar e trazer de volta por 2 mil rúpias. Emiti a permissão (mil rúpias) e o bilhete do barco para Jolly Buoy (885 rúpias) na mesma hora. Detalhe é que é necessária uma fotocópia do passaporte - mas há um xerox próximo que o faz por míseras 2 rúpias! Depois, fomos ao píer de Phoenix Bay, fechado aos domingos, para comprar nossas passagens à ilha Neil (510 rúpias). Regressamos a Wandoor e eu almocei no próprio hotel. Meu prato de “biryani” de frango (240 rúpias) demorou pra ficar pronto, mas foi uma baita refeição. Em seguida, caminhei até a praia. No caminho, topei com algumas aves, como o martim-pescador. A praia de Wandoor é peculiar por um motivo ruim; não é permitido entrar na água devido à presença esporádica do crocodilo de água salgada (Crocodylus porosus), o maior do mundo. Há inclusive uma tela de proteção. Alguns quiosques vendem souvenires, alimentos e bebidas. Fiquei ali com o pessoal por umas horas, até que eles partiram enquanto eu esperava o pôr do sol. Logo depois, caminhei os poucos quilômetros de volta ao Anugama Resort. Banho, janta e cama. Dia 7 Às 7 e meia embarquei rumo a Jolly Buoy, no Parque Nacional Marinho Mahatma Gandhi. A duração do translado foi de pouco mais de uma hora, em meio a ilhotas desabitadas com floresta nativa intocada. Chegando em Jolly Buoy, tive um grande desapontamento. Não é mais permitido praticar snorkeling! Dá pra acreditar nisso? Se tivessem dito antes eu já estaria a caminho da ilha Neil, e não num lugar minúsculo onde você só pode se banhar num cercado minúsculo. Fiquei lá conversando com a única outra gringa do barco, uma húngara. A única atividade extra é um passeio de 1h num barco sujo e desconfortável, com vidro no fundo para ver os corais e peixes, a um custo extra de mil rúpias… Ao regressar pelas 13h, almocei e parti para Port Blair num ônibus musical. Ao chegar, fui atrás de algum hotel, já que minha reserva para essa noite seria para a outra ilha. Usando a internet de uma acomodação já cheia, encontrei um tal de Lalaji Bayview, com um quarto individual por 800 rúpias. Então fui até lá caminhando, pelo meio de uma comunidade. A internet é paga (60 a hora), mas ao menos existente. Já a suíte é a mais básica possível, enquanto que o restaurante no topo da edificação é bacana. Jantei um enroladão de camarão (250 rúpias) e fui pra cama. Dia 8 Seguindo a tradição de acordar cada vez mais cedo, peguei a balsa das 6:30h para a ilha Neil. Duas horas depois, aportei. Deixei a mochila na acomodação Kingfisher Hotel e fui caminhando até a praia do norte, chamada Bharatpur. Com um bocado de gente, um tanto suja e cheio de barracas vendendo conchas, passeio aquáticos e etc, não é bem o que eu pensava. Atravessei e tive que nadar certo tempo até localizar os recifes de coral. Aqui vi alguma qualidade, até mesmo havia corais que nunca havia observado antes. O ruim foi voltar desviando dos barcos e motos aquáticas. Para almoçar, tentei achar um restaurante que fosse um meio termo entre os dos hotéis chiques e os pés sujos. Acabei parando no Port Canteen, onde fiquei com um arroz frito com camarão (220 rúpias). Com o dinheiro acabando, precisei sacar no único ATM da ilha, que para variar estava indisponível no momento. Contando com que a máquina estaria operando novamente dentro de algumas horas, o próprio funcionário do banco me emprestou seu dinheiro para que eu pudesse pagar o depósito do aluguel da bicicleta! A respeito disso, escolhi uma magrela para me deslocar por essa pequena ilha. A velha bike era pequena demais pra mim, mas por apenas 100 rúpias a diária eu não podia querer muito. Uma scooter custava um pouco a mais (400 rúpias + combustível). Pedalando, cruzei o interior cultivável de Neil até a bonita praia Sitapur, famosa pelo nascer do sol. Ali eu mergulhei novamente, mas no ponto onde fui a visibilidade estava ruim, devido às ondas. Vi menos do que no snorkeling anterior. Consegui sacar grana ao retornar. Assim, segui para outra beleza natural, um arco de rocha que fica no oeste da ilha. Cheio de turistas indianos, para se chegar nele há de passar por cima de poças de maré. Vi o sol se pôr neste lugar e retornei. Peguei dois dos salgados fritos picantes “samosas” (20 pila) e um caldo de cana (30) na parte mais central, onde havia movimento naquela hora. De volta ao hotel, meio velho e sem internet, para dormir. Dia 9 Mesmo que quisesse, não poderia demorar muito a acordar, pois o check-out é às 7:30h! E esse parece ser um horário normal dos hotéis das ilhas Andamã. Definitivamente, não entendem de turismo para estrangeiros. Ainda com a bicicleta, toquei para a praia Lakshmanpur, onde também mergulhei. Só que nessa praia só havia dois pescadores, que logo foram embora, e mais ninguém. Fiquei quase 2 horas e meia me deliciando com a vida nos corais. De especial, vi o maior peixe não cartilaginoso que já presenciei na vida. O peixe-papagaio (Bolbometopon muricatum) era tão grande que pude até tocá-lo. Na volta, fui comprar o bilhete da balsa a Havelock, vendido só no mesmo dia e de forma presencial, tudo para dificultar sua vida. Almocei o prato típico indiano thali (180 rúpias) e peguei a balsa. Em Havelock, pensei em andar apenas de ônibus, mas a frequência é tão baixa (1 a 1:30h cada) que decidi alugar uma scooter (500 rúpias a diária) pela segunda vez na vida. Meio cambaleando, fui até o Emerald Gecko, hospedagem na praia nº5 onde eu fiquei. Paguei 1600 rúpias numa cabana rústica de frente pra praia. Aqui finalmente tive contato com vários estrangeiros, todos europeus. Saí para dar uma corrida na praia, de maré baixa durante o pôr do sol. Só que essa praia não é boa pra nadar. Jantei no restaurante da própria acomodação, um pouco mais caro do que estava pagando. Então fiquei com uma pizza de frutos do mar (300 rúpias). Para variar, a internet não estava funcionando, então depois de um papo fui dormir, em mais um colchão finíssimo padrão Andamã. Dia 10 Tive que esperar o café da manhã incluído pra depois pegar a estrada. Dirigi até o começo da trilha para a praia Elephant, assim nomeada devido aos bichões acorrentados na praia para satisfazer a vontade de turistas que querem passear neles. Só que não foi dessa vez que a conheci, pois ela estava fechada devido a um óbito no dia anterior! Assim sendo, continuei na estrada até a praia Radhanagar. Seguindo a dica de um indiano, parei em frente ao Hotel Taj, onde ficaria um belo ponto de mergulho. Com o tempo fechado, não havia ninguém na praia quando cheguei pelas 8 e meia. Caí na água calma e clara, sobre um fundo exclusivamente arenoso. Nadei mais de 200 metros, sem ver nada. Eis que quando pensava em mudar a localização, comecei a vislumbrar uma maravilha atrás da outra. Cansei de ir atrás de arraias, de contar quantos cardumes e corais enormes diferentes apareciam, assim como polvos e muitas outras criaturas. No final, ainda tive o prazer de ver algumas tartarugas-marinhas e de sofrer comensalismo por uma rêmora! No total, fiquei nadando por 3 horas! Parei na entrada principal da praia, cheia de indianos, para almoçar num dos diversos restaurantes. Fiquei com um “thali” de camarão a conta gotas, por 300 rúpias. Depois, caminhei pela praia no sentido contrário ao anterior, encontrando nesse caminho separadamente os dois casais que eu havia conhecido nessa ilha. Ê mundo pequeno. Com a chuva, a pista estreita ficou um sabão só. Voltei devagar pra não deslizar na moto como um cara que estava à minha frente. Guiei até Kalapathar, a praia mais ao sul acessível por estrada. Legal ela, mas nada de excepcional. Regressei e parei no restaurante Golden Spoon, para comer um prato de peixe e usar a internet. Depois disso, voltei a minha hospedagem. Dia 11 Um bando de infelizes começou a bater panela pelas 5 e pouco. Dormi mais uma hora, tomei o café e segui pro início da trilha da praia Elephant - que ainda estava fechada… Só me restou voltar ao ponto de mergulho do dia anterior. Só que dessa vez não vi nada de novo, além de estar me borrando de medo, agora que eu estava ciente que ali é território do maior crocodilo do mundo. Almocei em Vijay Nagar, no restaurante vegetariano Biswas. Pedi um “paneer butter masala” por 200 rúpias. “Paneer” é o tradicional queijo coalho indiano, enquanto que “masala” é uma mistura de temperos. Depois, devolvi a moto e fiquei matando tempo até a saída do barco para Port Blair. Acabei embarcando no navio errado, e só me dei conta quando ele tinha partido - ainda bem que o destino de ambos era o mesmo. Só que esse estava infestado de baratas. Ao desembarcar já era noite, então só me restou ir pro hotel Sunnyvale, pedir uma janta a tele-entrega, lavar minhas coisas e dormir. Exceto pela barata no banheiro, foi a melhor suíte até então. Dia 12 Café da manhã, seguido pelo voo da IndiGo a Chennai. O voo atrasou, então pude conferir todas as atrações do aeroporto: banheiro, bebedouro, caixa eletrônico, lanchonetes e 3 checagens de segurança obrigatórias. Fazia um inferno de 36 graus quando aterrissei. Do alto e pelas ruas se vê que o forte aqui é a arquitetura. Além de muitos prédios em estilo colonial britânico, as moradias são coloridas com diferentes cores, e há uma infinidade de templos de hinduísmo. Mas também se vê muita sujeira e pobreza no meio. Peguei o metrô até a estação central (50 rúpias). Já na estação de trem, provei o suco de um fruto novo pra mim, o marrom arredondado sapoti. Depois, embarquei no trem (5 rúpias!) para o famoso templo hinduísta Kapaleeswarar, cultuado a Shiva. Não se paga nada pra entrar, mas além de uma torre cheia de ídolos do hinduísmo, não há mais muito o que ver. Na saída do templo, um motorista me abordou com o intuito do famoso golpe do tour barato de tuk-tuk, conhecido em Bangkok. Aceitei a carona de 100 rúpias que me levou primeiro à Basílica de São Tomé, uma das 3 únicas no mundo erguidas sobre a tumba de um dos apóstolos de Jesus. Depois ele me levou a duas lojas caríssimas onde ele ganharia combustível grátis por me levar. Obviamente eu não comprei nada. Por fim, me deixou na Marina Beach, a maior e mais movimentada de Chennai, onde eu caminhei um pouco e tomei um caldo de cana (20 rúpias) naquele final de tarde. A seguir, tomei outro trem e tuk-tuk para chegar ao albergue Elliot's 11 Beach. Um leito no dormitório coletivo me custou 610 rúpias incluindo café da manhã. Dei uma volta na rua cheia que leva à praia. Curiosamente, estava ocorrendo uma missa católica em tâmil (idioma do estado) a céu aberto. Parei para jantar num restaurante barato, Classy - de classe não tinha nada. Provei o tal de frango “tandoori”, assado, marinado, apimentado e avermelhado (160 rúpias). Caminhada noturna breve no calçadão da praia. Ali me desfiz dos meus chinelos que não tinham mais conserto e comprei um par por 150 rúpias. Depois fui pro albergue relaxar. Dia 13 Acordei pro café e o recepcionista estava vestindo uma camiseta de Floripa! Dá pra acreditar que o indiano já morou em minha terra, e adorou? Uber até o terminal, e lá próximo peguei o ônibus #588 até Mamallapuram (43 rúpias), onde fica o conjunto monumental de Mahabalipuram, que é um Patrimônio da Humanidade. Aqui eu finalmente vi turistas estrangeiros. Me esquivei dos guias e vendedores e entrei no complexo, sob um sol de rachar. São diversos monumentos com motivos hinduístas entalhados em granito, como baixos relevos, cavernas, mirantes e templos. Almocei no Moonrakers uma porção de lulas fritas (350 rúpias) e um camarão-tigre (300 rúpias) que foi desnecessário, como eu já estava satisfeito. Saí de lá explodindo - e acho que foi esse almoço que me deixou mal depois. Caminhei até os dois templos pagos, sob um único bilhete de 600 rúpias. O que fica na praia se chama Shore Temple, enquanto o outro é o Five Rathas. Ambos interessantes. Prossegui pelo Sea Shell Museum, uma coleção de 40 mil conchas! Há de diversas espécies, formas, tamanhos e cores de várias partes do mundo. Pelo ingresso que combina uma seção especial das pérolas e outra com aquários (alguns pequenos demais pros peixes que os habitam), paguei 150. Continuando, vi o restante das ruínas na colina cheia de rochas do conjunto central de Mahabalipuram. Cansado, retornei de ônibus no final da tarde. Tomei um milk shake premium no Shakos e me retirei ao albergue. Dia 14 Já estava me acostumando com o tumulto na Índia, mas se tem uma coisa que me tira do sério é a falta de educação deles, tanto a respeito de jogarem lixo no chão e na água, dirigirem como loucos, atravessando em qualquer lugar e buzinando o tempo todo, e também furarem filas descaradamente. Voos de turbo-hélice da SpiceJet a Kochi e de lá a Malé, capital do arquipélago das Maldivas. Estavam me negando o embarque internacional porque eu não tinha como mostrar as reservas dos hotéis de cada dia que eu ficasse nas Maldivas. Só fui salvo porque um funcionário compartilhou sua conexão, já que meu chip estava sem sinal. Imigração tranquila, troquei a grana na parte de fora do aeroporto (15 rufias por dólar), bati um rango superfaturado e peguei o ônibus (10 rufias) que passa pela nova ponte que liga à ilha de Malé. Do ponto final, caminhei meio km até o terminal de balsas de Villingili, onde comprei meu bilhete pra Rasdhoo (53 rufias). De lá, caminhei mais meio km até a hospedagem Nap Corner. Paguei 28 dólares para dormir numa cápsula tecnológica futurista! Como estava me sentindo meio enjoado, não saí mais. Dia 15 Às 9h encontrei meu amigo Vinícius no terminal de balsas. Junto com outros poucos gringos, pegamos a barulhenta até Rasdhoo. Como leva 3 horas e ela foi quase vazia (assim como as seguintes), tiramos um cochilo no caminho até o atol. Fomos recebidos por um representante do Ras Village, hotel onde ficamos. Logo saímos para almoçar no Coffee Ole. Pedimos miojo de frango (fried chicken noodles), o prato mais em conta (55 rufias). À tarde, mergulhamos na praia ao sul da ilhota, destinada aos turistas. Só ali é permitido usar roupa de praia, já que Maldivas é um país islâmico e Rasdhoo é habitada. Com a maré baixa, tivemos certa dificuldade em atravessar o recife interno muito raso, até chegar ao externo, onde a beleza se fez presente. Não tanto pelos corais, pois eles estavam um tanto descoloridos, mas os peixes que os cercavam eram abundantes. Além de grandes cardumes, vimos alguns tubarões-de-ponta-negra-do-recife, uma arraia-chita, uma lula, dois peixes-leão e mais uns extras. Deixamos a água quase 3 horas depois, quando o sol já se punha. Uma pena que, saindo do lado oposto, descobrimos um depósito de lixo que termina no mar, bem desagradável. Vimos o belo pôr do sol no Oceano Índico. Depois, caímos na água novamente pra um mergulho noturno, coisa que nunca havia feito antes. Com lanternas à prova d'água, mergulhamos na escuridão completa. Dá um certo medo, pois é nessa hora que os tubarões saem pra caçar - e nós vimos vários deles! Para completar, também avistamos uma tartaruga e uma sépia, que evadiu com um poderoso jato de tinta. Os lírios do mar também ficam mais bonitos à noite, pois se abrem totalmente para captar os nutrientes. Uma das vantagens de se mergulhar à noite é que, letárgicos pelo sono ou ofuscados pela lanterna, os peixes te deixam chegar bem mais próximo que durante o dia. Curti a experiência. Finalmente, jantamos no mesmo lugar, que tocava umas músicas de reggaeton animadas. Mas nada de álcool, já que fora das ilhas privadas dos resorts é proibido. Dia 16 Após café da manhã razoável, meu amigo foi fazer um passeio de 30 dólares para um banco de areia próximo, enquanto eu fui nadar até o recife Giri, mais afastado do que do dia anterior. O caminho até lá são 300 metros de profundidade inalcançável. De novo, vi os tubarões-de-ponta-branca-do-recife. Também avistei um cardume de peixes-anjo. Almoçamos em outro restaurante, o Lemon Drop. O cardápio é parecido com o anterior, sendo alguns itens mais caros e outros mais baratos. Aqui não tem som, mas há um terraço pra compensar. À tarde, praticamos mais snorkeling ao redor do lado sudoeste de Rasdhoo. Uma arraia diferente, alguns tubarões, cardumes e um peixe-leão no raso foi o que vimos. De vez em quando se misturavam correntes extremamente quentes com as um pouco frias, gerando turbulência na visibilidade. Após, assistimos o pôr do sol, com peixes saltando e morcegos sobrevoando a área. Depois da janta, meu mal estar provavelmente adquirido na Índia revelou-se uma diarreia. Duas semanas de comidas típicas super condimentadas e pouco higiênicas não tiveram um bom resultado. Ainda bem que não durou mais de um dia, talvez devido às leveduras (Floratil) que tomei. Dia 17 Na manhã seguinte, tomamos a balsa de uma hora de duração para a ilha de Ukulhas (22 rufias). Ukulhas é mais limpa e sua praia tem uma areia tão branca que ofusca a vista e o mar tão claro que a visibilidade atinge dezenas de metros! Logo ao cairmos na água, percebemos o quanto esse lugar é especial. O recife externo, junto com o da ilha seguinte, é o melhor que presenciei nessa viagem. Cardumes variados, corais em melhor estado, tubarões, arraia e 3 tartarugas dóceis, das espécies de pente e verde. Nem se preocuparam conosco enquanto comiam as algas dos recifes. Mas como já estava com o sol a pino, fomos nos abrigar. Almoçamos na hospedagem em que dormiríamos, a Olhumati View Inn (55 dólares), com a suíte mais bacana. Para comer, escolhi um espaguete com peixe em estilo das Maldivas (6 dólares) e um suco natural de maracujá (2 dólares). Tirei umas fotos da praia enquanto o Vinícius dormia. Às 3h, mergulhamos uma vez mais, pelo resto da extensão do recife externo da ilha. Os corais na direção noroeste estão em melhor estado. Cansamos de ver tartarugas por lá. Trinta-réis pescavam os infinitos peixinhos que abundam. De espécies novas, vimos uma ou outra. Pena que o lado menos frequentado por turistas tenha sua parcela de lixo. Depois do pôr do sol, partimos pro terceiro snorkeling do dia, ou melhor, já era noite. Só que dessa vez foi curto, pois minha lanterna entrou em colapso, então ficamos usando só a do meu amigo. O mais interessante que vimos foram diversos tipos de plâncton. Quando desligamos as luzes, descobrimos que eram aqueles tais bioluminescentes, que brilhavam ao nosso toque! Um tempo depois, fomos jantar no SeaLaVie, restaurante um pouco menos em conta, mas com um som legal. Pagamos 8 dólares cada num prato razoável. Dia 18 Após o café de panquecas e suco, seguimos ao último mergulho nessa ilha. Na tentativa de vermos as gigantescas arraias-jamanta, voltamos ao ponto da manhã anterior. Não conseguimos, mas em compensação, vimos o dócil tubarão-enfermeiro-fulvo tirando um cochilo sob um recife. Escolhi um prato da comida típica “kotthu roshi” (6 dólares) de almoço, feito com pedaços de chapati. Em seguida, por 22 rufias, subimos na balsa até Rasdhoo e até Thoddoo, a ilha final. Essa é caracterizada por produzir a maior parte dos vegetais do país, principalmente mamão. Só a faixa central é ocupada pela área urbana. Fomos caminhando à praia do pôr do sol, para em meio a muitos turistas russos, observar o fenômeno. No caminho vimos as plantações e alguns dos animais nativos, como os morcegos gigantes, os lagartinhos coloridos e as aves terrestres. Há uma mesquita no centro que fica bonita iluminada à noite. Jantamos próximo a ela, no Maracuya. Mas não recomendo, pois os preços não são os melhores, não há música, a iluminação é fraca e eles ainda tentaram nos passar a perna na hora de pagar a conta. Antes de voltarmos ao hotel, demos uma volta para tirar fotos. Dormimos no Amazing View Guesthouse, um nível abaixo dos outros. Mas ao menos também conta com wi-fi e ar condicionado. Dia 19 Tomamos o café da manhã e saímos a mergulhar na praia do nascer do sol. Em Thoddoo o recife externo é mais distante, então é preciso nadar um pouco mais para atingi-lo. Mas vale a pena, pois os corais aqui são os melhores que vimos nas Maldivas. Começando por um pequeno nudibrânquio, atravessamos cardumes enormes de peixes-papagaio, um polvo, um grupo de arraias-chita, além do que já havíamos visto antes. Não tivemos sorte em encontrar um lugar aberto pra almoçar. Depois de uma bela pernada, é que sacamos que era sexta-feira, o dia sagrado do islã, então os restaurantes só abririam depois das 13:30h. Ficamos pelo Coffee Moon, onde nos deixaram assistindo TV trancados no restaurante, enquanto os atendentes iam rezar. Na hora marcada, pedimos o rango, aqui mais barato. Cinquenta mangos por um pratão de miojo com frango e a partir de 20 pelo suco natural. Só que não tenha pressa, porque aqui o negócio é meio devagar. À tarde, largamos do mesmo ponto inicial, mas seguimos mergulhando no sentido inverso. Só que não foi proveitoso, pois já fomos um tanto tarde e um temporal estragou o mar. Para compensar, vimos o melhor pôr do sol. Surgindo entre as nuvens, o círculo desceu até ser absorvido pelo mar. Jantamos no restaurante e café Seli Poeli, bem próximo da hospedagem. Com luzinhas de natal, toca um som legal, mas os preços não são tão bons - apesar de não cobrarem os impostos que chegam a 16% (e você só sabe se são cobrados na hora que vai pagar a conta). Dia 20 Ficamos boiando na linda praia pela manhã. Para o almoço, escolhemos outro restaurante, o Mint Garden. O ambiente é agradável e os preços também, mas (sempre tem um mas) os peixes que pedimos levaram mais de uma hora para ficarem prontos! À tarde, fizemos o último mergulho. Contando os que fiz nas Ilhas Andamã, totalizei 16 mergulhos! Dessa vez, fomos ao lado oeste de Thoddoo. Tivemos que nadar por quase meia hora para chegar ao fim do recife externo. Nesse caminho, vimos coisas novas, como camarões, outras espécies de arraias, além de espécies incomuns, como moreias marrons e poliquetas. Foi bem proveitoso, mas teve que se encerrar com o sol se pondo. À noite, voltamos ao Seli Poeli pra rangar. Depois, finalmente encontramos a loja de souvenir Ufaa aberta, já que os horários são meio bizarros nessas ilhas - essa fica disponível só das 20 às 21:30h! Dia 21 Acordamos bem cedo pra pegar a balsa das 6 e meia para Rasdhoo. A hospedagem nos fez a gentileza de adiantar o café da manhã e nos conseguir uma carona até o porto. Tivemos que aguardar umas horas até a seguinte de volta a Malé. Ficamos no café e restaurante Palm Shadow. Ao chegar à capital, almoçamos na praça de alimentação que fica bem em frente ao terminal de balsas. Em seguida, pegamos um ônibus até o aeroporto (10 rufias) e outro até Hulhumalé (20 rufias). Para pegar um ônibus direto custaria 20 pelo cartão não retornável + 20 pelo transporte (e não poderia levar bagagem). Hulhumalé é uma ilha mais nova onde mora a população de Malé - há inúmeros blocos de condomínio padrão. Demos uma volta por lá, incluindo o parque central, mas não vimos nada de tão interessante para turistas. Antes de ir para o hotel, tomamos um suco no Juice Corner (a partir de 20 rufias) e uns salgados. Nos hospedamos no Loona Hotel, em frente à praia urbana. Pagamos 50 dólares por um quarto com café e ficamos vendo TV. Tomamos o pequeno-almoço na correria e dividimos um táxi (100 rufias) com um indiano até o aeroporto. Vinícius trocou suas rufias restantes na mesma cotação da compra (15 por dólar). Voamos com a IndiGo até Bangalore, onde tivemos que aguardar mais umas tantas horas para o voo consequente de AirAsia a Jaipur. De volta à burrocracia indiana. Mesmo com o visto dentro do prazo de validade, vou precisar pedir um novo pra minha terceira entrada na Índia, ainda que seja pra ficar menos de 1 dia e não sair do aeroporto. Outra coisa, em Bangalore (e possivelmente nos demais aeroportos) não é possível sair depois que entrar nele, mesmo sendo no saguão do check-in. Meia hora, muita desinformação e uma permissão especial depois, conseguimos nos ver livres; caso contrário, passaríamos fome, já que havia onde almoçar lá dentro… Depois desse rolo, almoçamos na praça que fica bem na saída da área coberta do aeroporto. Escolhemos o Wok Shop Para a refeição principal e o Frozen Bottle para a sobremesa (249 rúpias por meio litro de milk shake). Depois de certa turbulência, descemos em Jaipur já com a noite surgindo. Seguimos diretamente ao albergue Jaipur Jantar Hostel de Uber por 190 rúpias, devido ao trânsito. No Uber daqui há opção até de moto ou tuk-tuk. No caminho, vi o quarto acidente de moto na Índia em 10 dias. O albergue é bacana, num prédio de arquitetura interessante. Largamos a mochila no guarda-volume do dormitório com triliches e fomos diretamente ao restaurante da hospedagem comer um prato variado de “thali”. Dia 22 Por 250 contos comemos e bebemos à vontade no café da manhã; valeu a pena. Depois, seguimos de Uber (190 rúpias) ao Forte de Amber, nas colinas áridas ao norte da cidade. A entrada individual para estrangeiro adulto é de 500 rúpias, mas escolhemos o ingresso combinado de 1000 para incluir outras atrações. É um baita complexo palaciano, cercado de muralhas longínquas que mais parecem as da China. No interior, pátios, mirantes e cômodos. Altamente turístico. Ao retornar de tuk-tuk, seguimos ao Museu Albert Hall. É um prédio de 2 andares em estilo indo-sarraceno, com arte indiana nas mais variadas formas, como estátuas, pinturas, moedas e armas. Almoçamos num lugar meio caído, o restaurante Ganesh, já dentro dos portões da rosada cidade velha. Pedi um “paneer butter masala” (190 rúpias) e um “onion naan” (95 rúpias). Continuando, caminhamos no sol infernal até o palácio Hawa Mahal. Famoso por sua fachada, também é permitida a visita em seu edifício de 5 andares. Em sequência, Jantar Mantar. Patrimônio da UNESCO, é uma série de instrumentos astronômicos antigos e grandes, incluindo o maior relógio de sol do mundo. Às 18h, na avenida do portão Tripoli, começou o desfile do Festival Gangaur, que tivemos sorte em presenciar com vista panorâmica da laje de uma loja. O desfile religioso foi composto por pessoas fantasiadas tocando instrumentos e dançando, bem como animais, incluindo um elefante. No caminho de volta, tomei na rua o caldo de cana mais barato do universo (10 rúpias, ou seja, 55 centavos de real!). À noite, jantei e fiquei conhecendo gente no albergue. Dia 23 Nos levantamos tranquilamente para pegar o trem das 11h. Compramos os bilhetes (75 rúpias cada) alguns minutos antes na confusa estação, e nos empurramos pra dentro do vagão do Ranthambore Express na hora em que ele chegou. Cerca de duas horas depois, descemos em Sawai Madhopur. Pegamos um tuk-tuk (150 rúpias) até a C. L. Saini Guesthouse, mas acabamos sendo despachados pra outra hospedagem, a Paridhi Niwas. Neste lugar, ficamos num quarto sem ar condicionado e com internet intermitente. Almoçamos lá mesmo, o melhor “thali” da viagem, por 250 rúpias. Depois, fomos conhecer o Forte de Ranthambore, que fica dentro do Parque Nacional Ranthambore, onde faríamos safáris no dia posterior. Pelo transporte até o forte, com a espera, tivemos que desembolsar mil rúpias. Só havia indianos lá, além de muitos macacos do tipo langur. Passamos mais tempo os fotografando do que as ruínas do forte em si, que em conjunto com os demais do estado de Rajastão, formam um Patrimônio da Humanidade. À noite fomos dormir cedo, pois teríamos que estar de pé às 5h da madruga! Dia 24 Apesar da reserva paga pela na internet (~1800 rúpias) afirmar a necessidade de se obter o bilhete no escritório do parque na noite anterior, ele fica fechado, então às 5 e meia já estávamos lá, os únicos estrangeiros entre várias dezenas de guias e motoristas, pois os turistas pagam pros hotéis fazerem essa função. Com mais 4 belgas de meia idade, fomos de jipe até a zona 10 do parque, bem distante. O caminho até lá exige uma máscara contra poeira. O ambiente é semidecidual, com morros e matas baixas, bastante seco nessa época. Vimos diversos langures, veados-sambar, veados-manchados, antílopes-azuis e aves, como pavões (nativos da Índia), no trajeto irregular. Estávamos chegando ao fim do safári de 3 horas e meia, quando atingimos o objetivo máximo, um tigre! Mais precisamente uma tigresa de 2 anos, estava deitada pegando um solzinho ardente. No máximo ela deu umas lambidas e fez umas caretas, mas mesmo assim foi muito legal ver. Almoçamos no próprio hotel mais um gostoso “thali”. A única coisa que não conseguimos comer/beber é a amarga coalhada. À tarde, mais um safári, das 3 às 6 e meia, desta vez na zona 4, mas em um veículo de 20 lugares. Essa zona possui paisagens mais belas que a outra. Quanto aos animais, vimos tanto quanto antes e até mais: chacais, outras aves, crocodilos. E no finzinho já com o sol se pondo, outra tigresa! Jantamos em nosso hotel. Depois, ficamos assistindo vídeo-clipes na MTV indiana até dormir. Dia 25 Café da manhã meio esquisito. Depois, seguimos à estação de trem. Para variar, só conseguimos comprar pra segunda classe (a pior), por 100 rúpias para um trecho de 4 horas e meia até Agra Fort. Como os compartimentos dessa classe estavam entupidos, seguimos caminhando em direção aos vagões posteriores, que são melhores. Passamos por vários com camas e ar condicionado, todas lotadas, até que chegamos à classe superior dos assentos, também sem uma vaga sequer. Como resultado, só nos restou ficar no limbo, no espaço apertado e fedido do banheiro entre vagões, numa mistura de ar quente de fora e frio de dentro. No fim, apareceu um fiscal querendo nos cobrar a diferença dos bilhetes, como se estivéssemos na classe 3AC, que custava 815 rúpias a mais cada! O cara não falava muito inglês, então foi bem difícil argumentar com ele. O melhor que conseguimos foi pagar metade desse valor cada, já que não estávamos em assentos adequados… Ao chegar em Agra, combinamos com um tuk-tuk para nos transportar até a hospedagem e de lá até o forte, depois ver o pôr do Taj Mahal e retornar, por 700 rúpias. O Forte de Agra, patrimônio UNESCO do século 16, ocupa uma área grande, só que há poucas construções no interior, pois os britânicos as destruíram. Mesmo assim, os detalhes e o tamanho da obra de arenito vermelho são impressionantes. Entrada de 600 rúpias. Alguns sikh pediram pra tirar foto, então aproveitei para aprender um pouco sobre essa religião. Para o pôr do sol, ficamos num jardim bem atrás do Taj Mahal, mas do outro lado do rio que corta a cidade. Há que se pagar 300 rúpias para essa vista, mas se você gosta de amoras e vier nessa época, dá pra recuperar a grana catando as infinitas frutas que estão nos pés do jardim. Jantamos no Bob Marley Café. É tão autêntico que, além da decoração e das músicas, a bebida deles vem aditivada com aquele ingrediente que vocês devem estar pensando. O Special Bob Marley Lassi ("lassi" é um tipo de iogurte indiano) custou 180 rúpias. Umas duas horas depois, começamos a sentir os efeitos da bebida. Foi uma comédia só. Dormimos no Yoga Guesthouse, só no ventilador e cercado de mosquitos, por 350 rúpias cada. O ambiente não é tão limpo, mas a pessoa que cuida não poderia ser mais solícita, visto que até levou os tênis do meu amigo para costurar sem cobrar. Dia 26 Taj Mahal pela manhã. Quanto mais cedo melhor, mas não fomos tanto. Pra chegar lá, só caminhando ou de riquixá. A entrada pra estrangeiros é abusiva: 1300 rúpias. Dentro, plantas, águas, mesquita, muita gente e o imponente mausoléu de mármore com a tumba da mulher preferida que foi presenteada pelo rei mugal. Na saída, compramos um souvenir, tomamos o café da manhã e corremos pro ônibus refrigerado da Ashok Travels, que nos levaria a Délhi por 400 rúpias cada. Três horas depois, desembarcamos na estação de metrô Akshardham, onde fica o maior templo hindu do país. Almoçamos umas misturas boas num restaurante da estação, seguindo então para a do albergue Backpackers@CityCenter, por 30 rúpias. Deixamos as coisas lá, e como já era tarde e as atrações estavam fechadas, fomos às compras. Primeiro descemos no shopping Moments Mall, entrando no hipermercado More Mega Store. Lá eu pude comprar barras de proteína pro trekking no Nepal e o meu amigo alimentos típicos indianos (como a "chana") pra levar pro Brasil. Em seguida, o shopping Pacific Mall, para acessar a Decathlon (onde comprei meu calçado pra trilha) e jantar na praça de alimentação. Ao retornar pra dormir no quarto coletivo refrigerado de 635 rúpias cada, tive a maior ré da viagem. Meu voo para o Nepal com a porcaria da Jet Airways havia sido cancelado há alguns dias (falência da companhia) e eu nem tinha sido notificado! Para piorar, todos os voos de outras cias para os dias seguintes estavam absurdamente caros e não havia vaga nos ônibus que levam mais de um dia pra chegar! Acabei tendo que pagar uma fortuna no voo da IndiGo, caso contrário meu trekking no Everest ficaria comprometido... Dia 27 Havia levado minhas roupas na noite anterior pra lavanderia, ao custo de 30 rúpias por peça. Quase que fiquei sem elas, pois ficaram prontas no momento em que eu estava saindo, ainda que a lavagem tenha sido bem mal-feita. Para ir ao aeroporto eu fui de metrô, na linha expressa que custa 50. Na hora do check-in, conheci dois brasileiros (Lucas e Amanda) que fariam o mesmo trajeto que eu no Everest. Ao chegar em Catmandu, preenchi o formulário eletrônico, paguei o visto para um mês (40 dólares), passei a imigração e fiz o câmbio na cotação de 1 dólar pra 107 rúpias nepalesas. Estava chovendo ao deixar o terminal, mas isso não impediu que eu viesse caminhando até o hotel Sunaulo Inn, onde fiquei num quarto meia-boca por 1200 rúpias (doravante nepalesas). Jantei no próprio lugar, escolhendo um "biryani" de ovo por 280 rúpias. Apesar de ser mais barato que a Índia, cobraram sobre esse valor 23% de taxas! Depois das últimas pesquisas na internet, arrumei o mochilão pro dia seguinte e fui dormir cedo. Dia 28 Fui empolgado ao aeroporto, só pra descobrir que meu voo não sairia tão cedo. Cheguei às 9h e esperei… esperei… esperei, até que às 17h finalmente os voos para Lukla foram cancelados pelo tempo adverso e por um acidente fatal no dia anterior! Um dia inteiro perdido coçando o saco no saguão… Ao menos no final do dia consegui conhecer o complexo do templo hinduísta de Pashupatinath (mil rúpias). A arquitetura é interessante, com várias estupas e teto dourado. Ao longo de um rio, aqui ocorrem rituais de cremação como em Varanasi, na Índia. Tive sorte de presenciar uma dessas cremações, que começam com a cobertura do defunto com flores e o som de uma banda ao vivo. Em seguida, cobre-se de madeira e material inflamável e acende-se uma fogueira, que transforma o corpo em cinzas, que vão parar no rio. Meio macabro. Jantei um "chowmein" de frango, que é um macarrão chinês (250 rúpias), e repousei no mesmo hotel sujinho da noite anterior. Dia 29 Achei que não iria de novo, mas depois de 3 horas de tráfego aéreo (pra desafogar os atrasos dos dias anteriores), nos enviaram pro aviãozinho que recém havia pousado. E pensar que eu quase troquei por um caro helicóptero, como alguns dos turistas fizeram. Logo estávamos no ar, chacoalhando entre montanhas e terraços agrícolas. Pousamos uns 45 minutos depois, na pista minúscula e assustadora do aeroporto de Lukla. Dali já se vê um monte nevado. Comecei a caminhada às 13:40h pela cidade de Lukla a 2900 metros de altitude, onde se pode obter o que lhe faltou, como o dinheiro, que consegui sacar (ao contrário do aeroporto de Katmandu). Paguei as 2 mil rúpias pra entrar no parque rural de Khumbu, primeira etapa da trilha para o acampamento base do Everest. No começo, há muitos vilarejos, muitos turistas e carregadores (sherpas). E descidas, ao contrário do que se imagina. Essa região segue o budismo tibetano, então há muitos monumentos, como estupas, rochas com mantras e rodas "mani", além de alguns monastérios. Parei após duas horas, na metade do caminho que faria no dia, para pegar água duma bica e descansar por uns 10 minutos. Depois, foi só subida e descida. Suei um bocado. Algumas pontes pênseis cruzam um rio glacial turquesa lindo. Uma dessas, fica em Phakding, vilarejo badalado onde repousaram os demais trilheiros que largaram comigo. Eu prossegui até Monjo, onde cheguei no final da tarde, 4 horas depois do começo, e um tanto cansado. Fiquei com um quarto com banheiro, chuveiro quente e wi-fi por 500 rúpias, no Monjo Guesthouse. Estava vazio, então só encontrei um senhor francês pra conversar, enquanto esperava a janta vegetariana de "dal bhat", o prato mais típico nepalês, que consiste em arroz, lentilha, curry de vegetais aleatórios e um pedaço de algo salgado. É muito bem-servido, pois se pode repetir (500 rúpias). Após, continuei na sala comum com calefação, ouvindo músicas nepalesas e tomando "raksi", uma bebida alcoólica caseira de arroz e maçã, que o pessoal da pousada me ofereceu. Dia 30 Dormi relativamente bem. Comi uma barra de proteína e parti. Logo fica a entrada do Parque Nacional Sagarmatha. Mais 3 mil rúpias de pagamento. Depois de uma breve descida em Jorsalle, cercada por florestas de coníferas e cachoeiras, começa uma subida violenta até Namche Bazaar. Não há nenhum vilarejo no caminho. Quase 3 horas mais tarde, cheguei cansado da ascensão de 600 metros. Ao menos o tempo até então estava bom, tanto que eu ainda usava roupa de corrida - exceto pelo calçado. Namche Bazaar é a última cidade da trilha. No seu semicírculo de construções cravadas na montanha, há uma infinidade de hospedagens, restaurantes e lojas, onde se encontra de tudo para compra, a um certo preço. Entrei em 3 pousadas até encontrar uma que não estivesse cheia ou que cobrasse até para respirar. Fiquei na Pumori Guesthouse, por 500 rúpias, com banheiro compartilhado, recarga de aparelhos gratuita, bem como a internet. Só o banho é cobrado, mas nesse dia tomei na pia mesmo. Almocei ali uma pizza broto de cogumelo (550 dinheiros) e saí pra reconhecer a área. Só foi eu botar o pé pra fora que começou a chover e não parou mais. Rolou um fenômeno climático incomum também, uma precipitação monstruosa de granizo com neve! Enquanto isso, passei um tempo no bar The Hungry Yak, onde são transmitidos documentários sobre a montanha. Assisti a impressionante primeira ascensão do Everest, no filme "The Wildest Dream". Enquanto isso, tomei uma Nepal Ice, cerveja forte nepalesa, mas que chega aqui num preço salgado: 600 rúpias pelo latão de meio litro. Em seguida, passei por quase todas ruas, pelo Monastério Gomba, e, já escuro, voltei pra hospedagem para jantar. Ao comer meu bife de iaque (750 com acompanhamentos), gostoso mas meio fibroso, conheci um russo que quase chegou ao final da trilha com duas crianças de 8 e 6 anos! Fui dormir sob temperatura negativa, o que se repetiria até o retorno a Namche. Dia 31 Comi um omelete com pão tibetano (sem graça) e parti pra rua, para aproveitar o lindo dia ensolarado que fazia. Para ajudar na aclimatação, subi a íngreme rota que leva ao mirante do Monte Everest, mais de 400 metros acima de Namche. Lá em cima, coincidentemente, encontrei um grupo de trilheiros de Floripa, que estavam sendo guiados por nada menos que Waldemar Niclevicz, o maior montanhista brasileiro! Fiquei um tempo apreciando a vista do vale de Khumbu, por onde eu vim e para onde irei. Também estavam visíveis alguns dos picos mais elevados, como Ama Dablam e Lhotse. Infelizmente o Everest estava coberto por nuvens constantes. A temperatura não estava tão baixa, mas o vento estava de matar, então tive que descer. Visitei o Sherpa Cultural Museum & Mount Everest Documentation Center (250 rúpias). Há um modelo de residência Sherpa com seus utensílios típicos. Também há uma galeria com fotos, equipamentos e jornais a respeito das expedições ao Everest e sobre o povo das montanhas. Almocei lá mesmo um "dal bhat" (600 rúpias). A seguir, conheci o gratuito centro de visitantes do Parque Nacional Sagarmatha, onde fica essa trilha que estou seguindo. No centro há diversas informações a respeito do meio ambiente do parque. No final da tarde, fui em outro bar (Everest Burger & Steakhouse) para assistir outro filme, dessa vez "Everest". Também aproveitei pra provar outro prato típico, o "thukpa", que é uma sopa de macarrão com vegetais (450 rúpias). Jantei "momos" (bolinhos de massa fritos ou cozidos com recheio de vegetais ou carne em formato de meia-lua) em minha acomodação, agora cheia de chineses. Tomei um banho quente (400 rúpias), carreguei meus eletrônicos e fui dormir. Dia 32 Noite boa de sono, sinal da aclimatação funcionando. Café da manhã pago básico. Me livrei de 1 kg de roupa que não usaria adiante, deixando na hospedagem para pegar na volta. Às 9 e meia, comecei a leve subida e o contorno plano do vale de Khumbu, com vista pro Everest, Lhotse e picos vizinhos. Até aí tudo bem, mas quando o caminho desceu num bosque até a altura do rio no povoado de Phunki Thanga, começou uma subida chata de 550 metros em 2,4 km até Tengboche, onde pernoitei. Do final da subida, dá para ver uma morena, que são os detritos deixados por uma geleira que retrocedeu pelo aquecimento global. Já no topo, fica o pequeno povoado, centrado em um monastério interessante, que visitei. Lá reencontrei o grupo de Floripa, e troquei umas ideias com o Waldemar Niclevicz, um cara bem simpático e inspirador. Passei por 3 hospedagens até achar uma boa opção, pois a mais popular estava lotada, a que conta com uma padaria queria cobrar 1000 rúpias, mas a "teahouse" Tashi Delek cobrou 500 e até que era bacana. Para a internet, eu comprei um tal de Everest Link (2500 rúpias), que lhe dá direito a 10 GB em todas as hospedagens do caminho - e daqui pra frente o sinal do celular não pega. Dei um rolê pra passar o dia durante uma leve nevasca, e no final da tarde quando iria jantar em minha acomodação, encontrei um trio de brasileiros (Danniel, Samir e Felipe) descendo a montanha. Passei o resto do dia conversando com eles. Dia 33 Tomei o café junto, e logo nos despedimos, seguindo para lados diferentes. Às 9 e meia, desci um pouco dos 3860 metros até os povoados seguintes, ao redor do rio glacial Imja Khola. Fazia um baita frio, e às vezes o vento castigava. Botei um pano na cara para resolver essa questão. Ao passar Pangboche, que possui o monastério mais antigo da região, comi uma barra de proteína e recarreguei de água em Shomare, o vilarejo onde a maioria dos grupos almoçava. Com a diminuição de oxigênio disponível, meu ritmo de caminhada também decaiu. Outra coisa que decaiu foram as árvores. Ao passar dos 4 mil metros de altitude, só restaram arbustos. Passei por alguns campos só com plantas herbáceas e arbustivas até a bifurcação Pheriche-Dingboche, bem em frente aos restos de rochas brancas de uma geleira não mais visível. Após um esforço final de subida, cheguei 3 horas e 45 minutos depois na entrada de Dingboche, a mais de 4300 metros de elevação. Esse povoado é maior do que eu esperava. Novamente, minha hospedagem pretendida estava lotada, então acabei ficando com a Tashi Delek. Só que ao contrário desse hotel no vilarejo anterior, aqui não havia nem vaso sanitário… Paguei 500 mangos num quartinho duplo. Ainda bem que era duplo, pois precisei dos dois colchões, cobertores e travesseiros. Escolhi um restaurante aleatório para almoçar, e acabei me dando bem, pois os preços do Himalayan Culture Home Lodge, também hotel, são comparáveis com os de Namche Bazaar, um quilômetro abaixo em altitude. Tomei um chá de limão com gengibre e comi "momos" vegetarianos por 580 no total. Posteriormente, caminhei por Dingboche, só pra ver os campos marrons de plantação serem adubados com fezes. Tomei um banho quente no Tashi Delek (500 rúpias) e fiquei relaxando, já que a rua estava fria, com um neblina que impedia a visão de qualquer montanha, além do cheiro da bosta usada na calefação dos interiores já estar forte. Ao sol se pôr, jantei em meu hotel o clássico "dal bhat". Por fim fiquei debaixo das cobertas lendo um pouco em meu Kindle. Dia 34 Depois do café da manhã de pão, ovo e chá, usei meu dia de folga/aclimatação para subir o primeiro pico da viagem, o mais alto da minha vida. Sobre Dingboche, reina o árido Nangkartshang, com 5083 metros. Saí às 9 e meia como usual. O tempo estava bom, com algumas nuvens, mas não se via o cume por causa de uma névoa. A parte inicial é uma estupa, seguida de um mirante, numa altitude ainda não tão elevada. Depois, a inclinação fica severa. Entre rochas, poucas plantas miúdas, musgos e líquens. O vento aumentou a força, mas não incomodou tanto porque batia nas costas protegidas. Mais além, a fadiga muscular começou a bater, mas não pior que a respiração, já que o oxigênio estava bastante escasso. Conforme o gelo surgia no caminho, eu ia quase cambaleando para chegar logo ao topo. Duas horas e 15 depois, finalmente conquistei o cume! Só que meio atordoado pela falta de ar, acabei atirando minha GoPro ladeira abaixo! Ela bateu numa pedra e foi parar num banco de gelo em outro nível. E agora, perder todo registro da viagem ou arriscar minha vida? Ponderei o risco, e desci em direção à câmera, conseguindo recuperá-la. Ufa! Fiquei um tempo em cima tirando fotos, mas a névoa não deu muita trégua, então desci, faminto e sedento. Parei no Café 4410, que permite a recarga gratuita de aparelhos eletrônicos. Pedi um hambúrguer vegetariano, fritas e milk shake por 1200 rúpias. Enquanto aguardava a recarga, reencontrei um grupo de colombianos que havia conhecido no cume. Passei o resto da tarde conversando com eles; foram tão gentis que até me pagaram um lanche. Quem diria que eu comeria torta de maçã num vilarejo remoto desses! À noite, jantei "thukpa" (450 rúpias) no hotel, e relaxei. Dia 35 Café da manhã repetido. Parti para Lobuche. O início é um vale desolado e ventoso, cercado pela montanha que escalei e por outra nevada. Quando chegara o momento de cruzar o Rio Lobuche e começar uma inclinação foda, parei pra um lanche. Acontece que quando fui trocar o cartão de memória da GoPro, que estava cheio, ele se partiu no meio! Perdi a maioria dos vídeos e fotos que havia feito com ela, pois não havia feito backup. Parece que o que ocorreu na montanha no dia anterior foi uma premonição. Que lástima! Meio abatido, subi o caminho pedregoso com o fôlego no limite. Em cima, fica o memorial para os alpinistas mortos no Everest. Há dezenas de monumentos. Logo depois, já é possível ver um campo coberto de gelo. Mais além, fica o pequeno vilarejo de Lobuche. Aqui o preço mínimo é 700 rúpias. Consegui um quarto duplo e banheiro com privada, mas nada de pia (nessa altitude já não há encanamento), no Above the Clouds Lodge. Começou a nevar bastante, então parei na padaria mais alta do mundo para fazer outro lanche (doce+chá=550 rúpias). Em seguida, fui ao ar livre fotografar o cenário lindo que se formou com a neve acumulada. Até passarinhos estavam por lá. Com o tempo, a neve cessou e a névoa dissipou. Com isso, subi um morro para ter uma vista ainda melhor do vilarejo e do Glaciar de Khumbu, do outro lado. Com o fim do dia, o tempo piorou novamente, então voltei pra hospedagem, onde fiquei esperando um tempão pelo jantar, "dal bhat" (800 rúpias). O bom é que o refil tava incluído, então fiquei satisfeito. Banho de lenço umedecido e cama. Dia 36 Levantei mais cedo e tomei o café da manhã (omelete e chá - 750). Em seguida, subi até Gorak Shep, o assentamento mais elevado do mundo (5100 metros). O caminho estava com bastante trânsito e não foi tão fácil quanto pensei, pois há subidas e descidas sobre rochas. Quase na chegada, se vê o Glaciar de Khumbu, o pico Kala Patthar e o acampamento base do Everest. Em Gorak Shep, tive ainda mais dificuldade em achar um lugar pra ficar. Precisei dividir um quarto no Snow Land Highest Inn (500 rúpias pra cada). Deixei minhas coisas e parti pro acampamento base. O caminho é rochoso e passa ao lado da geleira. Entre as atrações, vi um casal da ave terrestre chamada de galo da neve tibetano, além de uma avalanche na montanha do lado oposto da geleira. Parecia um trovão o estrondo. Peguei ainda um tráfego de iaques carregadores. Ao chegar, há um marco com bandeiras onde todo mundo comemora. Mais uma etapa concluída com sucesso. Desci até a parte interior, lotada de barracas, onde os alpinistas ficam até um mês se aclimatando. Pisei no gelo e retornei, já que o tempo começava a piorar. Bati um rango violento quando voltei. O "dal bhat" da hospedagem veio com repetição, então fiquei cheio até a hora de dormir, a ponto de me deixar meio mal. Enquanto tentava fazer a digestão, um pessoal da Venezuela e Espanha sentou ao meu lado. Comecei a falar com eles; acabamos jogando cartas até a hora de se retirar - sem banho novamente, já que aqui custa mil rúpias! Também tive que recarregar o celular por 400 rúpias pra uma hora... Dia 37 Dormi mais ou menos, mesmo usando o saco de dormir pela primeira vez. Às 7 me levantei com leves sintomas de Mal de Altitude, mas isso não me deteve. Fui escalar o monte Kala Patthar. O começo é sobre terra, bem inclinado, cansa bastante. Depois que se contorna essa parte, percebe-se que o cume na verdade é mais distante e alto do que o que parecia ser visto de Gorak Shep. Continuei lentamente, agora sobre neve e rochas. Uma hora e meia depois, cheguei ao topo do ponto mais alto em minha jornada: 5650 metros! A vista do topo é sensacional. Ali fica o melhor mirante do imponente Monte Everest, bem como do Glaciar de Khumbu e diversas outras montanhas altas da região. Havia umas 10 pessoas essa hora no cume. Desci, almocei "momos" e, um pouco depois, segui o caminho de volta. A parte repetida até a bifurcação em Dughla foi meio monótona. De diferente, apenas um grupo que seguia na direção inversa em bicicletas! Quando atravessei o campo de gelo do acampamento base do Lobuche, não cruzei com mais ninguém. O trecho até Dzonghla é meio arriscado, pois segue à beira do precipício na maior parte do tempo. De vista compensa, pois passa em frente à baita montanha Cholatse e seu lago parcialmente congelado. Também vi uns tantos passarinhos. Quase na chegada, ultrapassei novamente o grupo de Cingapura cujo líder Saravanan foi até o EBC usando calçado minimalista. Na terceira tentativa, fiquei hospedado no Himalayan Lodge. Quinhentas rúpias pelo quarto duplo e banheiro com vaso, mas nada de pia. No mesmo lugar, ficaram os singapurenses e o espanhol Claudi, que eu havia conhecido em Gorak Shep. Jantei uma macarronada e passei o resto do tempo conversando com ambos. Todos foram dormir cedo para a travessia do dia seguinte. Dia 38 Pelas 5 da madruga os demais já estavam tomando café da manhã, enquanto eu pedi meu omelete e chá pras 6 e meia. Na primeira longuíssima subida, já passei um dos grupos. Tanto no dia anterior quanto nesse, alguns conhecidos tiveram que desistir da trilha pelos sintomas do Mal de Altitude. Um deles precisou até mesmo ser levado de helicóptero de volta. Estava com receio que tivesse que fazer essa travessia perigosa sozinho, já que a maioria vai cedo, mas acabei encontrando gente suficiente. Já cansou bastante a primeira elevação, que culminou em uma escalada entre rochas e neve. A paisagem, bem como as seguintes, fez valer a pena o esforço. O passo seguinte foi mais técnico do que cansativo - atravessar uma parede de neve sem proteção alguma contra o abismo que se seguia. Dei graças que Claudi me emprestou cravos para o tênis (crampons) na noite anterior, pois sem eles eu teria chance de despencar nessa etapa ou na seguinte. Passado o trecho sujeito a avalanches a nada menos que 5420 metros de altitude, veio a descida nesse meio escorregadio. Venci, chegando no vale seguinte, uma tundra alpina. Nova subida, seguida de nova descida, mais fáceis dessa vez. Por fim, seguindo o riacho originado numa dessas geleiras, cheguei no pequeno Dragnag, composto apenas de uns 7 alojamentos e nada mais. Desesperado por um banho, usei o próprio riacho para satisfazer meu desejo. Como eu estava aquecido da longa trilha de 6 horas, a temperatura não foi um grande problema. Aproveitei para lavar minhas roupas suadas também. Fiquei hospedado no Khumbi-la Hotel (500 rúpias). Tão básico quanto os demais. Almocei tardiamente "momos" fritos de batata (650 rúpias), botei minha GoPro para carregar (350 rúpias), e passei o resto da tarde entre conversas com os colegas e à toa. Jantei sopa, li um pouco e capotei. Antes, pedi quanto custava 1 mísero rolo de papel higiênico, já que o meu havia acabado: 550 contos! Dessa forma, peguei os guardanapos da sala de jantar pra resolver o problema... Dia 39 Comi e vazei em direção a Gokyo. O caminho é sobre a morena da maior geleira do Himalaia, a Ngozumpa, com 36 km! A caminhada dentro da geleira segue em ziguezague pra cima e pra baixo entre pedaços de rochas soltas, manchas de gelo e laguinhos congelados. Com uma subida final, chega-se a Gokyo. Meu corpo estava tão cansado que levei mais de duas horas para essa travessia, quando deveria levar menos. O povoado de Gokyo é único entre os da rota do trekking, pois fica na beira de um lago semicongelado lindo, cheio de aves e com montanhas nevadas próximas. Deixei minha mochila na Fitzroy Inn. São 500 rúpias, sendo que o banheiro possui vaso e pia, e o quarto é um pouco melhor. Comecei então a ascensão da última montanha da rota, a Gokyo Ri, com 5360 metros. Devido a meu estado precário, fui subindo a passos de tartaruga. Essa montanha é inclinada demais, pois possui 600 metros acima do lago, onde inicia. A paisagem do meio do caminho é sensacional, mas conforme eu subia o tempo ia fechando, pois já era o começo da tarde. De fato, fui o último a subir. Uma hora e 45 minutos depois, usando somente a força de vontade, cheguei ao cume. Lá em cima estavam uma argentina e meu colega Claudi. Descemos e fomos tomar um chá e conversar. Em seguida, jantei "dal bhat" em meu alojamento, com vista para o lago. Não estava me sentindo muito bem do estômago essa hora. Carreguei o celular (300 rúpias), comprei um rolo de papel higiênico (250 rúpias), um pão doce grande (600 rúpias), li um pouco e fui dormir cedo. Dia 40 Acordei com dor de garganta - também, todo esse tempo respirando ar frio e seco pela boca, só poderia acabar assim. Gastei minha última rúpia no check-out, mas pelo menos ganhei uns chocolates de brinde. Esse foi o dia mais longo de caminhada, pois tive que percorrer 24 km até Namche Bazaar. Ainda bem que em sua maioria, o trecho foi de descida. O começo foi passado ao lado dos lagos cênicos de Gokyo. Depois, acompanhando o rio glacial. Passei por alguns vilarejos, descansando, me hidratando e consumindo meus alimentos energéticos a cada cerca de 2 horas, sempre à beira de algum riacho. Encontrei meu colega Claudi nesse caminho, mas ele ficou em Dole, metade do trajeto que eu percorreria. Além desse povoado, as florestas começaram a ressurgir. Junto delas, uma parte lotada de cachoeiras. Já estava cansado, quando em frente a Phortse, uma elevação grande surgiu. Subi a passos lentos. Dali em diante, acelerei o possível no terreno irregular, quase torcendo meu tornozelo algumas vezes. Quase solitário, cheguei à bifurcação em Sanasa, quando entrei na trilha que já havia percorrido no quarto dia. Exausto, com dor nas costas, cheguei em Namche Bazaar às 16 horas, exatamente 8 horas depois de iniciar. Saquei dinheiro e fui pra hospedagem onde havia deixado uma pilha de roupas, a Pumori Guesthouse. Morrendo de fome, devorei uma macarronada (550 rúpias) enquanto carregava meus dispositivos. Por fim, apaguei. Dia 41 Acordei pior do que no dia anterior, dessa vez à dor de garganta, somou-se um resfriado. Não tive escolha; comi um omelete de queijo e tomate (400 rúpias) e vazei. O percurso inicial é de pura descida, mas isso não quer dizer que tenha sido rápido, já que há trânsito e o terreno é irregular. Em sequência, descidas e subidas intermináveis, enquanto atravessava de um lado do rio pro outro nas pontes pênseis. E o corpo reclamando. Mais além, passei pela vila de Phakding. Dali pra frente, foi o maior sofrimento: dor nas costas, nos ombros e nos pés. Eu ia cada vez mais devagar. O trecho final, majoritariamente de subida, foi um martírio, mas 6 horas e meia depois, cheguei ao portal de Lukla. Finalmente, 150 km de trilhas depois do começo, missão cumprida! Comemorei e fui pra alguma hospedagem, no caso a Alpine Lodge (500 rúpias). Tomei um banho (250 rúpias) e me joguei na cama, imprestável. Jantei outra macarronada e fui dormir. Dia 42 Comi uma panqueca com mel de manhã (400 rúpias) e fui cedo pro aeroporto. Precisei chegar lá às 7 e meia, mas não embarquei antes das 11… Me livrei dum dos aeroportos mais perigosos do mundo, descendo em Catmandu. Por 900 rúpias, tomei um táxi até o lar Laughing Buddha Home & Villa (5 dólares cada noite). No caminho pude constatar que o trânsito de Catmandu é do nível das cidades grandes indianas. E bem empoeirada. Desci pra conhecer as atrações recomendadas pela anfitriã, a começar pelo almoço na Army Canteen, lugar onde o exército vem rangar. Como o menu é em nepali, precisei apontar para o que havia na bancada: escolhi feijão, batata e cebola. Na hora de pagar a conta, fiquei de queixo caído… 50 rúpias (R$1,75)! O almoço mais barato da minha vida! Para a sobremesa, fui na padaria Best Choice. Realmente a melhor escolha, pois comi deliciosos doces a partir de 25 rúpias! Até levei uns pro café da manhã. Em seguida, entrei no museu de história natural (100 rúpias). É basicamente o depósito da seção biológica de uma universidade, contando centenas de animais empalhados, insetos, plantas e outros seres viventes no Nepal, com breves descrições. Prosseguindo, o templo do macaco (Swayambhunath). É um templo budista tibetano com algumas estupas, relíquias e muitos macacos sagrados. Entrei pela escadaria de acesso gratuito que os turistas desconhecem. Lá em cima há vendas de souvenires, mirante pra cidade toda e, na mata ao redor, bastante vida. Ao descer, mesmo sem muita fome, parei pra jantar no Chuden Shelzey. Optei por um "chowmein" de frango (120 rúpias). Para minha surpresa, um grupo de monges budistas estava ali jogando videogame! Retornei à tranquila hospedagem, onde fiquei à noite. Dia 43 Comecei o longo dia ingerindo meus doces da padaria. À continuação, pedi para que me chamassem um moto-táxi via Pathao, aplicativo tipo Uber. Até Bauddhanath custou apenas 170 rúpias. Já para a entrada desse Patrimônio da Humanidade, 400. Há uma grande estupa central, reconstruída após o terremoto de 2015, cercada de monastérios, templos, relíquias e lojas meio superfaturadas. Ao deixar o complexo budista que é o principal da capital, tomei um ônibus de 25 rúpias até Ratna Park, onde ficam as estações dos coletivos. Não quis pagar para entrar no parque, pois não me pareceu interessante, então segui até Ason, um bairro antigo central onde se vende de tudo a preços em conta. Aqui tentaram me aplicar o golpe do jovem aprendiz de inglês que quer treinar o idioma e o leva a um templo para benzê-lo e depois a uma loja de pinturas que só está aberta no dia do festival fictício que ocorria justamente naquele dia - não tiraram uma rúpia de mim. Almocei num muquifo um prato de "chowmein" vegetariano por somente 80 rúpias. Pensei em entrar na tradicional praça Durbar em seguida, mas o estado dos edifícios pós-terremoto e a exigência de que estrangeiros pagassem mil rúpias enquanto os nativos não pagavam nada, me fez mudar o rumo. Com o preço tão barato da comida, acabei tomando um caldo de cana por 30 rúpias e depois um "lassi" de banana por 100. Rapidamente adentrei o jardim Garden of Dreams, que cobra 200 pratas, mas é pequeno. Dessa forma, me embrenhei nas ruas apertadas e lotadas de comerciantes e turistas de Thamel. Procurava alguns equipamentos eletrônicos e pra trilhas, mas não encontrei nada de qualidade, já que aqui é quase tudo pirateado. Tomei um sorvete de Ferrero, que não era de Ferrero, e comprei em Ason dois souvenires (roda mani - 1500 rúpias e placa Namastê - 400). Me encontrei com Danniel, um dos brasileiros gente boa que conheci no caminho do Everest. Batemos um papo bom e tomamos um balde da cerveja artesanal Sherpa Red no bar Phat Khat. Depois jantamos "kebab" (225 cada) e eu peguei um táxi pra voltar à hospedagem (600 rúpias). Antes de dormir, conversei um pouco com o pessoal que se encontrava no Laughing Buddha. Dia 44 Acordei com os cães latindo e pessoas falando. Fui em direção aos museus, parando para ter um café da manhã no Vajra Café, já que o Chuden Shelzey não tinha nem ovo e nem vitamina naquela manhã. Acontece que esse café deixa bastante a desejar em comparação com a padaria de 2 dias atrás, além de estar cheio de moscas… Para meu desgosto, hoje era feriado do dia do trabalhador, então tanto o Military Museum quanto o National Museum estavam fechados! Não queria ir até a distante Bhaktapur, então caminhei até uma avenida onde pude pegar um ônibus à região central. Em Ason, fui às compras: relógio minimalista à prova d'água (3000 NPR=rúpias), carteira minimalista (375 NPR), boné minimalista c/ pescoceira (1000 NPR). Como os restaurantes turísticos de Thamel são meio caros, almocei numa birosca chamada Ravi Panipuri Chaat Shop. Fiquei com um tal de "papadi chaat" 70 NPR + "chicken egg roll" 100 NPR + Fanta amarela 40 NPR. Há uma infinidade de casas de câmbio em Thamel, mas como as raras que possuíam rial do Catar não tinham cotação boa, troquei o resto das minhas rúpias pelo famoso livro Into Thin Air na livraria Tibet Book Store (700 NPR). Enquanto procurava um transporte barato para retornar ao alojamento, tomei um suco de abacaxi grande (200 NPR). Depois, embarquei numa van (20 NPR). Me despedi e embarquei no voo da Nepal Airlines com destino a Doha. Havia lido que essa companhia era uma das piores do mundo, então fui sem expectativas, mas me surpreendi: avião grande e novo, entretenimento de bordo e alimentação decente - talvez eu tenha tido uma baita sorte, ou a companhia realmente melhorou. Dia 45 Com um pouco de atraso, desembarquei. A imigração sem visto foi ridiculamente rápida. Saquei dinheiro (1 rial do Catar = 1,07 reais), chamei um Uber até a hospedagem da vez (24 rials). O albergue Q Hostel, localizado num condomínio de casas de alto padrão, refrigerado, me custou 180 rials por 3 noites. Todos meus colegas de quarto eram de países islâmicos. Ao acordar, chamei um Uber pra me levar ao museu nacional (13 rials). A entrada individual custa 50 rials, mas o passe para 3 museus é 100, então o comprei no cartão de crédito. O Qatar National Museum já impressiona no exterior, inspirado na rosa do deserto. Por dentro, ainda mais. Com tecnologia de ponta, conta sobre a biodiversidade do país, bem como sua história, do passado remoto, passando pela conquista árabe, a era de ouro da coleta de pérolas e a atual do petróleo, que superdesenvolveu o Catar. Fiquei mais de 3 horas aqui. Almocei "chicken biryani" no Al Jazeera Kabab, bem em frente ao museu, por 12 rials. Há um ônibus gratuito rosa que passa uma vez a cada hora e leva aos dois outros museus. Peguei ele e desci no de arte islâmica. A construção é bem bacana também, mas por dentro não há tanto conteúdo. As obras de arte de várias localidades islâmicas são belas, mas nada excepcionais. Esperava um pouco mais. Uma hora depois, fui pro Mathaf, de arte moderna, que fica afastado dos demais. No caminho, pude notar as obras de infraestrutura e lazer pra Copa do Mundo de 2022. Havia apenas mais duas visitantes além de mim. Não consegui ficar nem uma hora vendo essas coisas estranhas que chamam de arte. Peguei o transporte de volta e fui passear pela Corniche, a avenida beira-mar. Ainda fazia calor pelas 5 e pouco, mas o sol já estava baixo no horizonte. Atravessei metade do semicírculo a lentos passos, admirando a arquitetura dos arranha-céus, que, assim como o resto da cidade, perdem pouco para Dubai. Tomei um "smoothie" meio caro de 25 rials no Costa Café, e segui por entre os prédios, que agora estavam com iluminação noturna variada. Entrei no shopping center City Center pra jantar (no Subway mesmo - 29 rials no Sabrina de 30 cm) e comprar mantimentos no completíssimo Carrefour, que só não tem cerveja com álcool. Gostei do preço do kiwi, 2,75 o kg. Voltei de ônibus #76 até o terminal de Al-Ghanim, onde pegaria outro busão até próximo da minha hospedagem. Um cartão para 2 viagens na cidade custa 10 rials e pode ser comprado com o próprio motorista. Pegaria, pois quando cheguei lá quase às 23h, já não havia mais linhas disponíveis para onde eu iria. Como não consegui sinal para chamar um Uber, convenci um táxi a aceitar a corrida por 15 rials. Dia 46 Como fui dormir tarde, acordei assim também. Tomei meu café da manhã de brownie + suco natural + frutas e tomei um Uber à estação de ônibus (12 rials). Chegando lá, fiquei sabendo que para embarcar no ônibus para fora de Doha, precisaria de um cartão ilimitado para 24 horas, ao custo de 20 rials. Então aproveitei para dar um rolê bom. Primeiro desci em Al Wakra. Como era o dia sagrado do islã, os "souqs" (mercados antigos) estavam fechados. Com isso, dei uma conferida na praia de água turquesa. Almocei logo no Alfanar Restaurant Yemeni Food, onde pedi um tal de "mandi chicken" por 25 rials, mesmo sem saber o que era - mas gostei. Caminhei mais um pouco e retornei à avenida, onde há uma estátua de ostra, uma mesquita bonita e um forte fechado ao público. A intenção era continuar pro sul até Mesaieed, mas eu acabei indo parar no ponto errado e só percebi quando o ônibus de volta estava passando, então decidi retornar ao centro. Fui então ao Souq Waqif, onde ficam as lojas tradicionais. Tentei comprar um souvenir decente, mas os feitos no Catar são caros demais. Ali também ocorria a feira internacional de tâmaras. Entrei e saí, pois eu nem gosto dessa fruta típica de países desérticos. Essa área revitalizada é a mais antiga da cidade. Visitei os museus Msheireb, que contam um pouco dessa história. Gratuitos, são 4 casarios antigos que também falam da escravidão na região e o desenvolvimento com a descoberta do petróleo. Fiquei algumas horas em seus interiores. Quando saí, já era noite. Fui à orla, um tanto escura, para admirar os arranha-céus coloridos do outro lado da baía. Ao retornar, parei num dos restaurantes/lanchonetes baratos ao lado da estação de ônibus para jantar. Comi um "biryani" de frango por somente 10 pilas no Taxi Land Restaurant. Depois, voltei à acomodação de ônibus. Doha tem um problema sério de trânsito no centro, mesmo a altas horas. Dia 47 Acordei uma vez às 4 e meia com o anúncio de Allah nos alto-falantes da mesquita mais próxima. Voltei a dormir. Fiz o check-out e deixei minha mochila na recepção enquanto passeava. Fui até a rodoviária, comprei outro cartão ilimitado e com o #104A através do deserto até Dukhan, o princípio da exploração petrolífera no país. O baita ônibus confortável é uma mudança e tanto pra caminhonete que levava os operários na caçamba. Em Zekreet, há umas formações geológicas tabulares interessantes. Pena eu não haver meio de explorá-las. Duas horas e meia depois, o ônibus parou na entrada de Dukhan, ao lado de uma refinaria. Almocei pizza na Domino's (29 rials pelo combo) enquanto aguardava o ônibus de retorno. Ao retornar, parei no Mall of Qatar, um shopping grandão e ligado à linha de metrô quase pronta. Aproveitei para a assistir o lançamento dos Vingadores. Acreditam que o ingresso mais barato pro cinema era de 45 reais o inteiro? Voltei com os ônibus. À noite, fui até o aeroporto, onde aguardei um bocado de horas até o voo das 4:40 com a IndiGo até Mumbai. Dia 48 Desembarquei sonolento, passei a imigração e peguei um Uber (180 rúpias) até a cápsula bacana onde eu passaria o dia, no Hotel Astropods Airport, por mil rúpias. De volta ao aeroporto, lanchei e embarquei na Air China para Pequim. Dia 49 Depois de umas 5 horas em voo, passei o resto do dia no aeroporto da capital chinesa, entre cochilos e eletrônicos. A comida é meio cara e há poucas opções de refeição, então fiquei à base de KFC e Costa Café. Dia 50 Na madrugada seguinte, fui com a mesma companhia para Frankfurt, onde desci para dar uma volta na cidade. Comprei um passe diário ilimitado pro transporte público (9,65 euros) e peguei o trem até a estação central. Como já conhecia a cidade, não mirei exatamente os pontos turísticos. Caminhei aleatoriamente, mas parei para fotografar a arquitetônica Römerplatz. Aproveitei o dia para ingerir algumas das delícias culinárias europeias, como queijos, cerveja, bagas e salsichão - a maioria comprado em supermercados. Fiz compras também: eletrônicos na Saturn, chocolates e outras comidas nos supermercados econômicos Penny e Aldi, e roupas na Primark. Final da tarde retornei e aguardei o bom voo da Lufthansa, que, junto com o trecho final da Gol até Floripa, concluiu a viagem, 3 dias depois!
  16. Bom dia/tarde/noite, to começando no trekking agora e quero comprar uma mochila mais custo beneficio, tenho uma que comprei numa loja aqui da minha cidade que não tem costado era apenas pra acampamento e servia, mas agora quero uma que suporte o peso bem no quadril para trilhas/travessias longas. Fui recententemente na decathlon em outra cidade e provei a Forclaz 50L que custa 399 mas não consegui regular ela por não saber e acabei não pedindo ajuda dos atendentes, gostei bastante da mochila mas não fui tão atrás no momento por que estava sem dinheiro, e agora não sei se ela vai servir em mim, tenho 1,85 com o tronco um pouco mais alongado. Queria ajuda pra saber se essa vai servir e não vai forçar meus ombros e lombar, ou se alguem tem alguma pra indicar nessa faixa entre 400 e 500, estava de olho na NTK Gyzmo 50l tbm mas ja foge um pouquinho do valor. Agradeço desde já
  17. Olá pessoal, trago um relato da Chapada Diamantina, um roteiro feito em 10 dias tentando explorar ao máximo o melhor de tudo que vimos na Bahia. A data da Viagem foi em Junho de 2018 Nosso estilo de viagem consistiu em avião Cuiabá/MT x Salvador/BA Alugamos um veículo econômico (Ford Ka) no aeroporto (reservando com meses de antecedência você vai pagar MUITO mais barato), para aproveitarmos ao máximo o tempo reduzindo a limitação por deslocamento, apesar de irmos apenas em casal digo que vale MUITO a pena, pois a Chapada é muito grande e consiste em cidades diversas, então eu penso que é um investimento de tempo e dinheiro. DICA DE OURO: Antes de fechar uma reserva de veículo abra em todos os navegadores possíveis < Celular, Chrome, Explorer, aba privativa.. > os preços variam no mesmo aluguel, no mesmo carro e na mesma locadora, confere e me conta. 🤑 CUSTOS TOTAIS: Passagens Aéreas: R$ 350,00 cada Aluguel de Veículo: R$ 732,54 Combustível: R$ 531,96 Pedágio: R$ 13,80 Lavagem+Balsa: R$ 50,00 Total de Transporte: R$ 1.678,30 Estadias: R$ 955,92 / 2 = R$ 477,96 por pessoa Alimentação: Mercados R$ 417,62 + Restaurantes R$ 513,93 Total alimentação: R$ 931,55 / 2 = R$ 465,77 por pessoa Entradas e Vouchers: R$ 461,00 / 2 = R$ 230,00 por pessoa VALOR TOTAL DO ROTEIRO DE 10 DIAS POR PESSOA: R$ 2.012,88 ROTEIRO: Mapa principal que utilizamos da Chapada Diamantina Para você se contextualizar Dia 01 - Salvador > Palmeiras > Vale do Capão (474 km) Deslocamento Aéreo Cuiabá > Salvador Fomos ao centro conhecer o Elevador (estava quebrado no dia) e o Mercado Modelo (Tipo Mercadão/Feira) Seguimos viagem Salvador > Vale do Capão (474 km) Hospedagem em Hostel Pajé Gaudeé (Vale do Capão) - 3 diárias por R$ 300,00 casal com café Chegamos de Madrugada no Vale do Capão (01h30 da manhã), é muito importante dizer que o Capão é beeem depois de Palmeiras, ficamos perdidos porque não acreditávamos que era tão adiante e já era de madrugada, ninguém para nos informar, então chegando em um vilarejo mantenha a esquerda e continue por alguns quilômetros a mais. (aprox. mais 20 km de terra) Centro de Salvador - Aonde fica o Mercado Modelo e o Elevador que leva ao Pelourinho (quebrado no dia) Dia 02 - Cachoeira da Fumaça (por cima) Localização: Vale do Capão Distância: 12km de trilha ida e volta. Não precisa guia. Trilha de nível: Médio Entrada: R$ 9,00 (Não existe uma taxa oficial, é feita uma doação no valor que puder) DICA: Leve jaqueta de frio e lanterna para ficar para o pôr do sol no ponto mais alto da trilha. Vista da trilha da Cachoeira da Fumaça por cima Vista do Mirante que há de frente para a Cachoeira, se der sorte, se molhará mesmo desta distância É inacreditável ver ela "cair" pra cima, as gotinhas dançam aos céus em uma sintonia delicada e harmônica. Pôr do Sol no retorno da trilha Dia 03 - Fazenda do Pratinha + Morro do Pai Inácio Cidade: Iraquara Dificuldade: Não possui trilha. Não precisa guia. Entrada: R$ 40,00 por pessoa. Incluso: Flutuação no Rio Pratinha, observação da Gruta Azul e observação da Gruta Pratinha. Se quiser flutuar na Gruta Pratinha terá um adicional de R$ 40,00 por pessoa. A vantagem é poder observá-la mais de perto e adentrar a cerca, mas se tiver limitação com locais escuros, fechados e morcegos, aconselho que não vá. Rs! Almoço no Pratinha: R$ 20,00 por pessoa A Fazenda tem ótima infraestrutura, a observação da Gruta azul é ideal às 14h pois é quando entra o feixe de luz na gruta, se possível chegue um pouco antes pois formam filas para fotografar no momento. Rio Pratinha (Mirante) - Acesso à agua por baixo (não é muito profundo, no máximo 2m) Gruta Pratinha - Para observação ou flutuação Gruta Azul - Caminhada leve de 500m Localização: Iraquara Morro do Pai Inácio Dificuldade: 800 metros de subida rápida, 20 minutos. Não precisa guia. Entrada: R$ 6,00 por pessoa Último horário para entrada: 17h, ideal é chegar até as 16h. Vá para o pôr do sol Morro do Pai Inácio Morro do Pai Inácio - pôr do sol Ao fim do dia fizemos as compras necessárias para fazer o Vale do Pati no dia seguinte, a noite o Vale do Capão é bem movimentado e gostoso de caminhar. Compre um mapa físico (R$ 30,00) como garantia em qualquer Hostel da rua principal, várias cidades não pegam sinal e mesmo que consiga um Wifi não conte com isso para carregar seus mapas, o mapa físico é uma garantia a mais caso você fique sem bateria, afogue o celular, etc. Vai te ajudar a entender os nomes e localizações e depois fica de lembrança. Dia 04 - Vale do Capão > Guiné > Vale do Pati (48 km) Saímos do Hostel Pajé Gaudée (hoje não existe mais ) e seguimos viagem para Guiné: a cidade de apoio mais próxima do Vale do Pati. Se trata de uma vila MUITO pequena com apenas um restaurante funcionando, não funciona internet em local nenhum após Palmeiras, o local é simples mas são muito hospitaleiros, comida gostosa e com preço justo, porém, cuidado com o dia e horário que passará lá pois não possuem muitos estabelecimentos. Hostel Pajé Gaudée - Check Out A entrada para o Vale do Pati fica bem próximo do centro de Guiné, carregue tudo no Waze no Wifi do seu Hostel no Capão. Almoço Guiné R$ 24,00 por pessoa Localização: Vale do Pati (Guiné) Entrada: Gratuito. Não precisa guia, mas precisa GPS, usamos sempre o Wikiloc. Dificuldade da Trilha: Difícil Aqui vou te convencer a alugar o carro: como o Pati é um trekking muito pesado, e fizemos uma viagem "eclética" com nossos itens de mergulho, roupas para muitos dias, entre outras coisas, pudemos deixar o excesso de peso no porta malas do carro e fazer o Pati só com o necessário. A porta de entrada do Pati, glorioso! O carro ficou estacionado bem a minha direita, na foto superior, é relativamente seguro, não costuma acontecer nada com os carros aqui. Mirante do Vale do Pati - Da entrada até este ponto são 6km de trilha :: Elevação de 1.200m A partir daqui você fará a "descida da rampa" que é uma ladeira íngreme até a base do vale. Na base da Rampa haverá uma tri-furcação, para frente você vai para Dona Raquel, são uns 3km até lá (hoje em dia ela já tem Instagram). À Esquerda para a Igrejinha - 1km À direita para o Cachoeirão por cima - 8km Escolhemos a Igrejinha pois já estava tarde, lá é uma hospedagem que oferece quartos, pensão completa ou camping. Tudo bem rústico, mas de boa qualidade. A "Igrejinha" é o local aonde mora o filho da Dona Raquel, se tratam de pequenas construções abrigadas no Vale. Pagamos R$ 40,00 por pessoa por uma boa cama com cobertor e direito a banho gelado, desistimos de acampar pelo cansaço e frio. Mas carregamos todo o peso de barraca/colchonetes pois não tínhamos como reservar e saber se haveria cama para nós. Hoje em dia eles já possuem Instagram para facilitar este contato (@hospedagemigrejinha). Para economizar não pagamos os R$ 40,00 por refeição, por pessoa, escolhemos pagar R$ 5,00 por dia pelo uso do gás deles, e lá possuem um "mercadinho" em que você consegue comprar comida por R$ 2,00 o molho de tomate; R$ 5,00 o macarrão e etc. Lembrando que estes são os valores de 2018, vale consultar novamente. Igrejinha - Vale do Pati Nosso quarto com vista privilegiada - Igrejinha - Vale do Pati Dia 05 - Cachoeirão por cima (18km ida e volta) Dificuldade: Difícil. Gratuito. Não precisa guia, mas precisa GPS. A cada passo uma paisagem, é impossível descrever o Pati, todo o ambiente te convence de como vale a pena viver para ver este cenário, e registrar tudo te fará lembrar com grande saudade o que foi vivido ali. Só vai! Vale do Pati - Caminho para o Cachoeirão por cima Vista para o Vale de um dos Mirantes do Cachoeirão por cima Vale do Pati - Retorno da trilha para o Cachoeirão por cima Dia 06 - Vale do Pati > Guiné > Mucugê > Ibicoara Após o desgaste da última trilha desistimos de fazer o Morro do Castelo, mas aconselho reservar um dia a mais para fazê-lo. Retornamos a trilha para Guiné, pegamos o carro, almoçamos novamente na cidade e seguimos para Ibicoara. DICA: Se precisar, saque dinheiro em Mucugê pois Ibicoara não possui caixa eletrônico. Localização: Ibicoara Ficamos em um AirBnb chamado: Hospedagem da Ivana - 2 diárias por R$ 295,92 E até hoje nada superou essa experiência. Se puder fique em AirBnb, é mais barato e é uma experiência ÚNICA, e melhor ainda, fique na Ivana, esse casal é mais que especial, hoje são amigos, e nos deixaram usar a máquina e o varal para lavar as roupas, fora as dicas e um café colonial baiano sem igual. s2 Café Colonial Baiano da Hospedagem da Ivana - AirBnb Dia 07 - Cachoeira do Buracão + Mirante do Campo Redondo Nível da Trilha: Fácil. Obrigatório Guia, contratamos o Luciano (77) 99130-0392 Ele cobrou R$ 120,00 casal + taxa de R$ 6,00 por pessoa que é pago para a administração local Cachoeira do Buracão - Vista por baixo Cachoeira do Buracão - Vista por cima No retorno para Ibicoara existe o Mirante do Campo Redondo que fica na beira da estrada, gratuito, sem guia, é parada obrigatória. Se organize para estar voltando um pouco antes do pôr do sol. A subida é de 5 minutos, muito fácil. Mirante do Campo Redondo Dia 08 - Ibicoara > Itaetê > Nova Redenção > Lençóis Saímos de Ibicoara e seguimos viagem para Itaetê para conhecer o Poço Azul e Poço Encantado. Poço Encantado Entrada: R$ 20,00 por pessoa, sem guia, apenas observação. São montados grupos para descer. O raio de sol reflete na água das 10:00 às 13:30h Poço Encantado - Apenas observação Almoçamos em um local simples do lado do atrativo e seguimos viagem sentido Nova Redenção para conhecer o Poço Azul. Poço Azul Entrada: R$ 30,00 por pessoa, não precisa guia, apenas flutuação com colete e máscara. Obs: Levamos pé de pato mas não permitem o uso. O sol incide na água entre às 12h30 e 14h00, mas priorizamos o Poço Encantado pela logística. No poço azul é preciso pegar uma balsa (R$ 20,00) para chegar ao outro lado do rio, você também pode ir de barco, mas como pretendíamos seguir viagem pelo caminho mais curto, atravessamos, se você for retornar para Itaetê, não precisará atravessar o carro. Para realizar a flutuação você entra na lista de espera e aguarda sua vez, essa parte pode se tornar estressante pois você passa mais tempo esperando para descer do que dentro do atrativo. E quando dá o seu horário quem estava no horário anterior demora sair da água então conseguir uma foto com o poço limpo é tipo jogar na loteria, ou você tem que ser o primeiro, ou o último. Balsa para o Poço Azul Poço Azul - Fomos os últimos do dia para conseguir a tão sonhada foto Mas o melhor nos aconteceu neste meio tempo, ao negociar a balsa, um morador local nos ofereceu para, enquanto esperávamos a lista do Poço Azul andar, fossemos conhecer a Nascente Olho D´água que fica próximo em uma comunidade. (Mais um motivo para ir de carro) Então atravessamos de barco, colocamos nome na lista de espera, voltamos de barco, pegamos o carro e fomos para a Nascente e depois retornamos e conhecemos o Poço Azul com o último grupo do dia. E a Nascente foi o melhor mergulho da Chapada Diamantina. Apenas frequentada por locais, levamos pé de pato e não tínhamos conseguido usar em local nenhum, e fomos presenteados: Nascente Olho D´água Entrada: R$ 25,00 por pessoa para o guia local. Nascente Olho D'água - até 5m de profundidade Seguimos a estrada de terra sentido Nova Redenção, desviamos sentido Lençóis, chegamos de noite na pequena e encantadora cidade. Nos hospedamos em um outro AirBnb, chamado: Casa LIS, mas não recomendamos. É uma casa de família simples, mas não por isso, fica em uma viela de difícil acesso, e não nos explicaram muito bem sobre isso. Insistiram em saber nosso roteiro e tentaram "empurrar" um guia tentando nos colocar medo sobre a trilha. Já éramos conscientes das dificuldades, mas passamos desconforto com essa questão, não gostamos de contratar guia pela economia e também pois nos sentimos pressionados, apressados e desconfortáveis, e com a fotografia precisamos de tempo para fazer registros e nem sempre compreendem isso. Dia 09 - Cachoeira do Sossego (14km de trilha ida e volta) Cidade: Lençóis Entrada: Gratuito, nível da trilha: Difícil Não necessita guia, mas necessita GPS. Caso você não tenha NENHUMA experiência sozinho ou em casal, aconselho que contrate sim um guia local, mas um que seja indicado por alguém de preferência. Baixamos a trilha no Wikiloc porém por serem cânions o GPS fica doido! O maior aviso e cuidado nesta trilha é sempre o mesmo: Cascavel. Se você for picado, será muito difícil te socorrer pois é uma trilha técnica com muitas pedras enormes e as cobras adoram ficar entre elas para tomar o seu sol. Cachoeira do Sossego - Lencóis Cobra Cascavel - Trilha para Cachoeira do Sossego Dia 10 - Lençóis > Salvador (435km) Finalizamos neste dia nosso roteiro na Chapada Diamantina retornando para Salvador. Valeu cada memória. Espero que nosso roteiro auxilie outros a montarem os seus. Poderão notar que fizemos a volta na Chapada, infelizmente não contemplamos todos os locais e cidades, mas escolhemos as que melhores pudemos para aproveitar o melhor de cada região, mas quem puder ficar mais, tenho certeza que não se arrependerá, e um detalhe importante da viagem é o povo baiano que é sem igual. Relato: Caroline Brito Fotografia: Murillo Raggiotto Todos os direitos reservados.
  18. Bom galera esse relato é na verdade um resumo de uma experiência unica vivida por mim em julho de 2018, é um relato bem pessoal, não vou dar muitos detalhes de custo mas vou tentar ajudar com o que lembrar, então prepara ai que vem textão, e desculpem os erros de português é muita coisa pra revizar e pouco tempo pra isso, já estou adiando esse relato a 1 ano então vai assim mesmo... O Inicio A chapada sempre me encantou, lembro de assistir Globo Reporter com meus pais na sala de casa e por varias vezes dizer que um dia iria conhecer esse lugar tão lindo e exuberante, a anos vinha tentando me organizar e viajar pra Bahia mas sempre algo dava errada e acabava adiando os planos, sempre tinha um empecilho seja um amigo que adoeçeu e não pode ir ou até mesmo a grana curta, só que esse ano foi diferente, justamente esse ano cheguei aos meus 30 de idade e pra mim foi um fechamento de ciclo notavel, um ano de mudanças e por que não por em pratica planos que ja estavam guardados a algum tempo e por-los em pratica mesmo com toda e qualquer adversidade que viesse a ocorrer. E assim fiz, comecei me programando em fevereiro, consegui marcar minhas ferias do trabalho para o mes de julho assim tive 6 meses para me preparar e organizar toda a viajem, comecei a pesquisar tudo, preço de passagens, hospedagens, preço de guias, agencias de turismo, roteiros e atraçoes isoladas que gostaria de visitar, foram 6 meses assistindo e pesquisando tudo que fosse conteudo sobre a Chapada Diamantina e seus arredores, a principio e ideia era fazer sozinho o percurso sem guia mas com ajuda de amigos fiz contato com alguns profissionais de lá e decidi que pagaria um guia (Praticamente o maior gasto de toda a viajem) mesmo com a grana curta fui me acertando e começando a tornar real o que viria ser a melhor viajem da minha vida até o momento desse texto... O Roteiro A principio a intenção era conhecer as atrações mais turisticas e visitadas por todos, mas quando comecei a pesquisar sobre roteiros e custos fiquei meio desmotivado e preocupado com a grana que tinha disponivel , foi um dos momentos em que pensei em desistir e deixar mais uma vez de lado essa vontade irracional que me arrastava para esse lugar, foi então que em umas das pesquisas no youtube encontrei um video de um Rasta sozinho no meio da chapada, proximo a uma cachoeira linda, no video ele falava sobre O vale do Pati e Vale do Capão, foi meu primeiro contato com esses lugares, então comecei a pesquisar sobre e fiquei maravilhado com tudo que vi, paissagens exuberantes e um povo super simples e acolhedor, dai em diante meus planos mudaram, meu foco se concentrou no vale do pati com suas belas vistas em um trekking cercado de paissagens exuberantes, abri mão dos passeios mais turisticos pra viver uma experiencia mais rustica e transformadora que era o que realmente queria nessa viajem, acho que querer não é a palavra certa no meu caso e sim PRECISAR, eu estava precisando disso, desse contato mais proximo com a natureza e comigo mesmo, precisava de um tempo só pra mim longe de tudo e de todos, então estava decidido eu iria fazer o trekking vale do capão – Vale do pati, um dos trajetos mais longos até o pati, tinha outras opções mais a logistica pra chegar a esses outros pontos de entrada no vale sairiam mais caras e não se encaixavam em meu curto orçamento, mesmo decidido pra onde ir o Pati ainda sim é um lugar gigante e teria que escolher os locais que gostaria de visitar pois não tinha grana pra fazer tudo de uma só vez e com a ajuda de um brother(Guia Douglas – Conexão Chapada) tracei o melhor roteiro pra minha situação e ficou acordado que seriam 5 dias de vale, roteiro decidido o proximo passo foi começar a preparação para viajem... Então meu roteiro geral da viajem ficou assim Recife – salvador – Palmeiras – Vale do Capão – Vale do Pati tudo de onibus totalizando cerca de 22hrs de transporte até o ponto inicial da trilha, e após a chegada os dias de travessia ficaram divididos em 1º dia saida Capão – Mirante do Pati – Igrejinha, 2º dia Seria a conquista ao morro do Castelo e algumas outras cachoeiras até a cachoeira do funil pelo leito do rio Pati, 3º dia Cachoeirão por cima e Mirante do Cruzeiro, 4º Dia a Volta Pati - Capão a Principio seria esse o Roteiro inicial da viajem... voltando do pati passaria mais uns dias no capão até voltar pra salvador e enfim retornar a Recife. Preparando para viajem Depois de decidido sobre viajar começou o segundo ponto, a preparação, pesquisei tudo que viesse a precisar e comecei a me organizar. Aos poucos fui conseguindo tudo que viria a precisar, não foi facil, como era meu primeiro contato com o trekking (esporte pelo qual me apaixonei) não tinha nada de equipamentos ou noções de camping, o preparo fisico não me preocupei muito, não sou nenhum atleta profissional mas sempre estive envolvido com alguns esportes então o fisico não seria um grande problema. Mas equipamento e grana eram meus dois grandes problemas... então comecei a comprar algumas coisas exenciais que viria a precisar e outras coisas fui conseguindo emprestado com amigos a os quais sou bastante grato pela ajuda, mochila, bota, saco de dormir, tensores de joelhos foi tudo emprestado de amigos, a barraca eu ja tinha uma bem simples trans 3 camping que não era a prova dagua nem tinha capa de chuva (passei um perreguezinho no ultimo dia de chapada), pra piorar a situação não comprei isolante termico, comprei algumas bermudas de trilha, umas camisetas de trilha simples, camiseta UV manga longa e um cortavento pra segurar um pouco o frio, sem esquecer da toca rosa presente do meu pai antes de viajar. O proximo ponto importante foi o contato com guias e agencias de turismo pra saber se teria condições de pagar um guia ou se tentaria a sorte e me aventuraria sozinho nessa empreitada, a verdade é que minha vontade era justamente essa, ir só sem guia, sem correria e sem pressa, curtindo ao maximo tudo que aquele lugar tivesse a me oferecer, ja tinha tentado contato com alguns guias que depois de contar minha situação e vontade de ir simplesmente esnobavam por saber que tava com pouca grana e que iria só,(quanto mais gente em um grupo menor fica o valor pago ao guia por pessoa, assim como quanto menos pessoas maior o valor) ja estava certo de que iria só mesmo de qualquer jeito mais ia, até que uma amiga que ja tinha ido a chapada me indicou um guia local de Mucugê – Douglas Fagundes(Conexão Chapada) o cara foi super atencioso tirou diversas duvidas e mesmo apos eu contar minha situação o tratamento e o interesse não mudou, pelo contrario o brother me insentivou o tempo inteiro a ir e em momento algum pôs obstaculo algum, chegamos a um valor bem abaixo do que todos os outros guias e agencias pediram, a diaria de um guia tava em torno de 300 a 250R$ com ele consegui fechar 5 dias no vale do pati a 600R$, ainda tava pesado no meu orçamento de 1,000R$ pra viajem toda, isso fora a passagem que ja tinha comprado no cartão e dividido em 10x, me sobraram 400R$ para alimentação, camping e custos de transportes adicionais que viesse a precisar e essa grana ainda ia diminuir mais na frente junto com os impevistos que surgiriam no caminho. A noite anterior a viajem... Mesmo com toda dificuldade e contratempos eu fui me preparando e me convencendo do que queria fazer, sim meus amigos o maior processo de preparação foi justamante condicionar minha mente a não pensar nas advercidades e não desistir, e assim foi... juntei tudo que tinha conseguido com os amigos, o que restou da grana das minhas ferias apos pagar algumas contas e me preparei pra viajem, mas confeço que não foi facil, uma noite antes da viajem estava eu sentado na cama com a passagem em mãos tentando arrumar algum motivo pra desistir de ir, pensei milhões de possibilidades de situações que poderiam acontecer, coisas que poderiam dar errado e mas uma serie de desconfortos, uma crise de anciedade gigante, mas dessa vez não! Dessa vez eu iria fazer diferente, como poucas vezes fiz na vida, calei a mente e ouvi o coração ele sim sabia o que queria e onde iriamos chegar, no meu coração não havia duvida alguma do que fazer e que decisão tomar, consegui acalmar um pouco a crise de anciedade e fui descansar já eram quase 6 da manha e iria pegar o onibus na rodoviaria de Recife as 19hrs seria uma viajem cansativa até Salvador e de lá mais um onibus até Palmeiras e em Palmeiras um outro transporte até o vale do capão(Local que escolhi pra começar minha jornada), totalizando quese 20hrs de transporte até o meu primeiro objetivo que era o camping Sempre-Viva nas proximidades do capão, esse seria meu trajeto até o inicil da aventura....
  19. Travessia Poços de Caldas - Águas da Prata Ferro trekking, montanhismo e cachoeiras A proposta surgiu pelo grupo Arcanjos, altamente especializado em Serra do Mar, sem descuidar-se de viabilizar grandes e complexas expedições em outros biomas. A intenção era acrescer à tradicional travessia Poços de Caldas - Águas da Prata pela linha férrea a oportunidade de contemplar os horizontes distantes trilhando também pela crista da serra. Pela logística, a saída foi marcada para as 23:30, com duas paradas, mais para “comer hora” que necessidade de repouso do bravo motorista que nos levaria. Já fui pro trampo com a mochila pronta e após a labuta aproveitei o vestuários da empresa para alternar de “engenheiro responsável” para “trilheiro doido” … na ida, assim mesmo, sem acento… na volta… após ser surrado pela encosta da caldeira de um vulcão… acresça o acento e grafe em letras capitais… kkk. Subi, aproveitando para dar carona pra Amandinha, logo no começo da Anchieta. Cargueiras no carro, tocamos para o Tatuapé, para deixar a Lady no estacionamento de confiança. Na ansiedade pra chegar logo, esqueci os bastões de caminhada no carro, tendo que voltar pra buscar… umas 22h já estávamos na padoca, discutindo pernadas e esperando o resto do pessoal. Aos poucos os demais 18 insensatos se apresentaram: meu xará, o Homem-Pássaro, o Douglas Garcia, a Silmara, Carina, Dayane, a Sandy, o Eliseu, a Fernanda (vamos Pelotão), o Josenilson, o Caio Banks, a Cheryl, a Natasha, o Reinhold alguns eu já conhecia, outros travava contato ali, pela primeira vez …. *NOMES* No horário previsto a van encostou para que embarcássemos e o primeiro desafio do rolê se apresentou: colocar 20 trilheiros e respectivas cargueiras na van… minha mochila é pequena, então foi tranquilo arrochar ela na prateleira superior. Para muitas mochilas, a única alternativa foi dispô-las no corredor ou sob os pés do dono. Em poucos minutos, o Tetris estava finalizado e partimos para Poços de Caldas. A playlist montada pela Dani começou a entoar as primeiras músicas, conforme os pedidos prévios e, após discutir algumas ideias de trilhas futuras, caí nos braços de Morpheus. Fizemos a primeira parada próximo de 02:00, ainda meio que bom onero da viagem… o processo de retirar as cargueiras para desembarque foi testado a primeira vez, com alguma morosidade. Nossa equipe aprimoraria o método, ao longo das paradas subsequentes. Um posto de combustível simples, sem nenhuma similaridade com os famosos (e abusivos) Graals nos entregou lanches e refris, com um banheiro asseado e que ainda ofertava, sem custo, banho. A co-pilota e o navegador perceberam, não se sabe como, que as informações de navegação estavam direcionando para o ponto final da travessia, na estação de Águas da Prata. Corrigido o engano e disponibilizada a correção à equipe de navegação e operação do rádio, partimos para lanchar. Serviço honesto, ainda que simples, nos atenderam muito bem. Aliviados e alimentados, nos encaixamos nos bancos e retornamos a viagem. Tentei cochilar, mas a viagem foi curta e logo estávamos chegando no ponto de início da trilha, pouco antes das 05:00. Como queríamos iniciar a trilha com o dia claro, o pessoal optou por dormir um pouco mais na van. O Douglas estendeu o isolante na calçada ao lado da van e logo roncava. Eu aproveitei para revisar alguns arranjos, colocar as lentes de contato e dar umas voltas no quarteirão da estação, enquanto espera o dia clarear. Fiz algumas fotos, pedindo inutilmente aos doguinhos, que não fizessem o escarcéu que inevitavelmente (pensei eu) acordaria toda a vizinhança. Preocupação vã, pq não me entenderam, não se dobrando aos meus pedidos… também nenhuma luz se acedeu ou palavrão foi desferido… menos mal. 😳 Ao lado da estação, um lindo banco de madeira, amplo e convidativo, me tentou nas duas vezes em que passei ao lado, cogitei levá-lo comigo, para esticar os ossos na quase uma hora que faltava para o nascer do sol. Como a alvorada já estava se apresentando, preferi terminar por acordar o grupo que dormitava na van, já eram tardios 5:40, e o clarear do dia vinha acelerado. Foi a medida, em pouco mais de 20 minutos, meus companheiros de caminhada despertam e arrumaram as mochilas. Ansiosos pelo aquecer do corpo e inebriados ante o desconhecido da trilha, tomamos coragem e, “pontualmente” às 6:00 nos colocamos em movimento. Ainda antes que o grupo dispersasse e, com a lembrança de perdidos anteriores, fizemos alguns registros fotográficos com a Estação de Cascata ao fundo. Nada mais funcional para saber, em caso de necessidade como cada um estava vestido. Registros feitos, acessamos os trilhos e começamos a caminhar, tentando acertar os dormentes ou sentido o massagear da brita na planta dos pés, através das somas, mais ou menos grossas, de nossos calçados. Para quem anda a primeira vez numa linha férrea é uma sensação bem esquisita, enquanto os tornozelos e músculos trabalham em formas e ângulos incomuns. Já vi gente sair enjoada de um caminhar de poucas horas, outros saírem da caminhada “institucionalizados” com os passos na medida dos dormentes, kkkk. Eu me divertia em explicar o conceito de propriocepção, maneira “erudita/pedante/precisa” de se referir à “manha “ do pisar, meio que à maneira de gato. Todos temos, em graus variados, uma espécie de memória muscular na pisada que, à semelhança de quase tudo, é tanto mais desenvolvida quanto mais estimulada na infância. Conversava com o Douglas sobre alguns planos ainda menos sensatos que a proposta do dia, quando decidimos apertar o passo e passar a trilhar à frente do grupo. Em uma corrida sem motivo, nem pretenção de vitória nenhuma, fomos apertando o passo e contornando os colegas até que não houvesse mais quem contornar. Reduzimos a passada, acompanhando o grupo por alguns minutos, enquanto eu estudava os pontos de água que escorriam da encostas mais elevadas, à esquerda. Tinha em mente captar um litro de água antes de abandonar os trilhos, uma vez que saíra sem água nenhuma de SP. Tanto o Douglas quanto an Amanda haviam sido mais precavidos e se prontificaram a dividir o que traziam, mas eu *adoro* testar minhas suposições em campo, de forma que recusei todas as ofertas. Notamos então que uma ponte/viaduto se aproximava e sugeri ao Douglas para ficarmos ao final do grupo, com a intenção de fazer fotos dos colegas na passagem. Alguns registros depois, voltamos a caminhar, e assim que entrei na ponte, percebi que não tomara a melhor das estratégias. A trilheira da minha frente andava temorosa e compenetrada na passada, numa velocidade menor que que eu desenvolvia… testei ultrapassa-lá pela esquerda, apenas para perceber que o grau de exposição superava em muito o caminhar pela parte central dos trilhos. Aos gritos de “volte, sua besta” da minha consciência, retornei com o c@ na mão ao espaço entre os trilhos, onde um escorregão seria bem menos grave. Apreensivo com um possível apito / ruído de trem no trajeto (não vimos nenhum), dado que a face polida e brilhante dos trilhos evidenciava que era uma linha ativa, chegamos ao outro lado do viaduto. Não nego que foi um alívio. Pontilhão vencido, uma natural pausa para fotos e congratulações mútuas se impôs. Os que haviam passado primeiro logo retornaram a caminhada, enquanto os retardatários curtiam o refluxo da adrenalina e a bela paisagem que dali se descortinava. Para quem tem dificuldade com altura, apreciar o abismo superado tem sempre o gosto de uma vitória contra as próprias limitações. Mais prático, meu interesse era buscar avaliar a qualidade da água que caia da cascata à esquerda, que me parecia adequada, já que a carta topográfica não apontava nenhuma habitação ou área de pasto nas proximidades. Dessa forma, me meti no mato por uma discreta passagem (clássica) até a encosta onde tratei de coletar um bom litro de água cristalina e gelada. Tomei alguns goles fartos, completei a garrafa e me uni aos colegas, para retomarmos a caminhada. Seguimos pelos trilhos perdendo altura lentamente até que, pouco depois de uma queda de água à esquerda, que em dia de chuvas intensas deve se projetar quase que nos trilhos, uma curva abruta dos trilhos indicava outro veio d’água, agora de maior porte e que receberá um bueiro em cantaria para direcionar as águas. Tive nítida impressão de que parte do grupo descera em direção a esse curso d’água, antes de cruzar a ponte e, supondo que não retornaríamos aos trilhos antes do dia seguinte, decidimos fazer ali mesmo, uma breve parada para fotos. Os modelos haviam sido levantados antes: segurando nos trilhos como se fosse uma escada que surge do precipício/túnel (meu xará, curtiu essa, rsrs) …. amarrada nos trilhos pelo vilão clássico de máscara, capa e chapéu pretos, para o que a Carina tivera o cuidado de escolher corda “de época, não aceitando minha corda dinâmica laranja (talvez destoasse um pouco, mas o bandido pode se modernizar, né? - não, não pode). Rapidamente, o Douglas e o Pássaro a amarraram, ajustaram a capa e máscara e decidiram o enquadramento. Tudo isso sem descuidar de um trem inconveniente que surgisse… vai que né? Terminamos rapidamente as fotos, rearranjamos as cargueiras e tocamos em frente, agora pelo caminho errado: se o pessoal da dianteira descera por ali, constatara o erro e o corrigira. Logo após o curso d’água, a passagem se fechava e não encontramos nenhum rastro que apontasse por onde seguir. Gastamos algum tempo na busca do ponto onde a trilha se perdia, chegando a galgar parte da encosta, até supormos que, se o pessoal por ali não passara, então por dentro do túnel haviam seguido. Como nada se perde quando o olhar é puro de preconceitos, provei marolo, maravilhado em achar um pé de fruta carregada. Serendipidade? Gosto de pensar como harmonia com o Cosmo, na visão Grega dele. Cruzamos o túnel à passo fechado, buscando vencer a escuridão sem dar margem a nenhum acidente com uma máquina que ali trafegasse. Apesar disso, ainda consegui apreciar a engenharia envolvida no enroncamento das paredes de entrada e saída e a crueza da pedra fendida para dar passagem ao progresso. Doutro lado, a alegria do reencontro com o pelotão da frente que já começara a longa subida, anotada como “chora, nenê” no mapa e no tracklog disponibilizado, amargo vaticínio … Essa foi uma subida, que uma vez vencida, rende doces loas ao grupo e merece algumas linhas. A encosta que galgávamos já fora a “caldeira” de um imenso vulcão, com sua estruturas mais íngremes aplainadas por dezenas de milhões de anos do intenso intemperismo que converteu a rocha sólida em cascalho precariamente equilibrado. Cheios de entusiasmo jovial, nos lançamos em sua subida, descuidando um pouco da navegação. Pagaríamos o preço da audácia, sob forma de preciosos litros de perspiração. Me divertindo com a encosta que se desfazia sob nossos passos, exigindo mais técnica que força para ganhar os metros de altimetria, também me descuidei da navegação. Diria, inclusive, que me descuidei ainda mais que a média. Se subiam em curtos lances de zigue-zague, eu ataquei a encosta pela esquerda (bem mais ao nordeste do que deveria). Após um trecho em que a inclinação chegava, talvez a 60°, alcancei um platô de crista coberto por espinhos tão aguerridos que meu intimorato ataque se converteu em honroso e inexorável recuo. Teimoso, azimutei a direção por onde interceptaria a trilha e, tentando perder o mínimo da altitude tão duramente conquistada, varei mato em sua intenção. Nesse trecho de descida encontrei o Caio Banks subindo por uma encosta tão alegre quanto a que eu usara, e ante minha derrota encosta acima, sugeri o retorno, naquele trecho tão ruim de fazer, que ao tomar pé do desconforto esperado encosta acima e tentar descer, o Banks concluiu que mais valia se lanhar umas cotas acima. Estávamos na mistura “perfeita” de alegria e desafio que tanto amamos. Qualquer que fosse a escolha, leve por aquela face da montanha, a subida não seria. Alcancei o “miolo” da tropa que se esfalfava, tentando agarrar-se como podia às moitas de capim para prosseguir e seguindo os passos do pelotão da frente fui escolhendo os pontos onde o apoio da vegetação, ainda que precário, permitia que, com uma boa leitura do terreno e um certo grau de propriocepcão (lembram dela?) subisse a montanha que descia sob nossos pés, sempre que as forças envolvidas no arranque venciam as do atrito que freavam os pedregulhos em sua inexorável derrota ante a gravidade. Aqui, quero registrar alguma medidas na tentativa de registrar tão claramente quanto os números permitem a real real da batalha nessa encosta. Lembrem-se desses números quando assistirem, nos filmes de guerra, os braços e valorosos combatentes se lançando morro acima para conquistar a posição inimiga. A linha férrea está na cota 1060m, o cume do morro da Bandeira apresenta cota de 1400. O desnível total superado até ali fora de 340m. Pouco? Deixe-me traduzir em uma unidade que estamos mais acostumados a lidar no eixo das ordenadas: *andares*. 113 andares. Foi isso que subimos, com o escorregar constantemente “roubando” o passo dado montanha acima. Um maravilhoso edifício de 113 andares, repleto de vistas estonteantes que apreciamos, nos equilibrando em nuas janelas, torcendo que não descessem conosco morro abaixo. Em meu desvio “bravo, itimorato, audaz, etc.” eu “vencera” 30 m de encosta, antes de meter o rabo em meio as pernas e azimutar a direção do grupo, num recuo certamente pouco honroso, mas as montanhas nos ensinam a humildade. Quem aprende antes, sofre menos. Quem é cabeça-dura… bem se diz “mente e corpo fraco em trilha dura, tanto bate quanto cura”. Depois de encontrar o meio da tropa, ainda me arrastei, agora com o consolo de que não me esfalfava sozinho, mais 100 m de ganho de altitude, quando retornamos a trilha batida que sobe a encosta em lances menos íngremes. Nesse ponto fizemos uma pausa para reagrupar toda o grupo, verificar se havia alguém desgarrado/perdido, tomar uns goles de água e mastigar algo para repor as energias. Com o Douglas à frente e a mim fechando o grupo, retornamos a caminhada. Nesse trecho, o Pássaro, o Capitão e o Caio buscaram uma subida alternativa à trilha que descia uns 50 m (!!!) para alcançar a crista e retomar a subida por ela. Assim que retomamos a subir ficou claro pra mim que a Dayane lutava uma segunda batalha. O esforço físico da subida até ali, o sol e a reduzida hidratação lhe haviam trazido a uma condição de exaustão pelo calor/com nuances de insolação e beirando perigosamente a intermação haja vista a reduzida oferta de água naquelas plagas da serra. Reduzi a velocidade, orientando que fizesse as pausas de descanso e retomada de fôlego, sempre que possível à sombra. Como abordagem psicológica dava “instruções/orientações” às duas e pedi à Natacha que ficasse mais atrás, para que a prima não se sentisse tanto pressionada a andar mais rápido do que lhe era viável. Alertei para que reduzisse o tamanho dos goles em 4 vezes e aumentasse a frequência, de forma a poupar água e minimizar o desconforto abdominal, uma vez que estava submetida a duríssimo esforço. Não aceitava, de forma alguma que reduzíssemos a carga de sua mochila, por mais que a Natacha insistisse. Com contatos intermitentes via rádio e focado em avaliar as reais condições da Dayane, procurando distrair as duas do sufoco em que estávamos fomos subindo até que a fraqueza da carne venceu momentaneamente a fortaleza da mente e ela nos avisou que precisava enjeitar o que a embrulhava o estômago há alguns minutos. Saímos da trilha um par de metros, em busca de uma sombra onde a abrigamos. Sentei-me de costas, de forma a dar privacidade para que aliviasse as roupas molhamos um pouco a fronte, a nuca e os pulsos. Passados uns minutos, a Dayane sinalizou um pequena melhora. Nesse ínterim, havíamos aliviado a sua mochila do que havia sido possível. A garrafa d’água, com pouco em mais de 300 ml passou para a minha mochila e alguns itens mais volumosos e pesados foram transferidos para a cargueira da Natacha. Consciente da necessidade de alcançarmos o ponto de água, única forma segura de lidar com a desidratação naquele trecho, aproveitamos a manifestação de melhora da Dayane para retomarmos a caminhada encosta acima, na sucessão de falsos cumes do Bandeira. Algumas centenas de metros adiante (e um bocado acima da parada anterior), a Dayane novamente precisou enjeitar o pouco de água que reterá no estômago naqueles minutos. A situação não era das melhores, dada a distância remanescente até o próximo ponto de água e, sentado de costas para dar privacidade às primas, eu pesava as alternativas. Utilizamos álcool gel, combustível para o jantar para ajudar a baixar a temperatura da pele na região da nuca, pulsos e fronte. Despiram as camisetas, buscando lidar melhor com o calor, improvisando tops com as camisetas. Utilizamos um pouco da água (morna) da minha garrafa para molhar o chapéu da Dayane e retomamos o caminho, crista acima. Nas paradas, tentávamos ventilar a Dayane, abanando-a com os chapéus. Eu sofria com aquela maravilha de look, negro da cabeça aos pés… vou rever isso e providenciar uma camiseta clara para trilhas similares. Depois de alcançar mais um distante falso cume, ante o revelar do subsequente, pedi a Dayane que me cedesse a cargueira… muito relutante, mas certamente tocada pela minha insistência, imposição de autoridade na voz, cavalheirismo a que somos condicionados e consciência da necessidade da medida, ela acabou por ceder, me passando a cargueira. Vesti a cargueira dela (super leve, já havia sido aliviada de boa parte do peso pela Natacha, lembram?). Confesso que a alegria de ver o Douglas descendo a encosta em nossa direção não foi pequena. Nosso trio se fortaleceu muito com a presença dele. Em quarteto, sabendo que os outros 3 estavam poucos metros adiante nos trouxe novas forças e, com a celeridade possível naquele momento, logo nos unimos a eles. No cume do Bandeira estavam a Cheryl, o Chapéu e a respectiva patroa, que não estava muito melhor que a Dayane, aparentemente por questões musculares. A vasta experiência médica da Cheryl trazia uma nova (e muiiiiiiiito melhor) condição de lidar com a situação. Enquanto o Douglas zelava por manter as mutucas distantes, a Natacha descascava e compartilhava uma laranja, suculenta e deliciosa. A Cheryl, após dar um jeito nos ombros da Chapelzinho, pediu 500 ml de água para preparar uma de suas porções mágicas… esses 500 ml, retirados da água transportada na mochila no camelback da Natacha… restou pra ela pouco mais de 150 ml….coloquei uns 100 ml na minha garrafa, também … estávamos raspando nosso inventário, em busca de cada possível gota… basicamente uma solução de reidratação oral, com algum antiespasmódico envolvido. Parece “bobo/simples” mas foi de resultados mágicos, mesmo. Me fez pensar no porquê das mulheres terem ido parar na fogueira. Ah, as questões de disputa de poder, triste sina da humanidade… da imensa, farta e pesada cargueira da Natacha surgiram também maçãs, das quais aceitei um pedaço. Com a trupe dos massacrados formada por eu, Douglas, Natacha, Dayane, Chapéu e Cláudia vestimos as cargueiras e tocamos pela descida do Bandeira em direção ao ponto d’água, distante alguns quilômetros ainda. Nossa estimativa considerava que andando devagar levaríamos pouco mais de uma hora…. infelizmente a exaustão pelo calor continuava a grassar em nossas fileiras, e logo após a descida, foi necessária nova parada para tratar da Cláudia… acredito que o casamento que suporta o trilhar junto, na adversidade, seja aquele determinado a perdurar por anos. Ante a necessidade imperiosa de repormos os líquidos perdidos, o Douglas tocou em frente, adiantado do grupo, com a intenção de buscar água e retornar. Levou consigo um dos rádios, que funcionam, dentro de suas limitações de forma tão eficiente. Antes de ir, conseguiu me conversar a alternar a camiseta preta e grossa que eu vestia por uma camiseta dele. Não gostei da ideia, mas a situação não aceitava luxos, idiossincrasias ou teimosias. Retirei a minha, com perceptível alívio. Antes de vestir a camiseta emprestada, aproveitei para me aliviar de um pouco da água que levava no corpo e percebi um torpor incipiente. A situação estava delicada, e a questão da água se tornava mais premente a cada minuto. Felizmente, descobrimos que o casal Chapéu ainda dispunha de água, da qual eu, Dayane e Natacha tomamos um pequeno gole. Antes de retomarmos a caminhada, o Douglas voltou informando que uma vintena de metros trilha acima, após uma curva, havia uma primeira bifurcação e, em seguida, outra. Ele refletira melhor e concluíra, que na situação em que nos encontrávamos, era mais conveniente caminharmos em grupo único, sem grande distância entre o “pelotão da frente” - tarefa assumida por nos dois e o restante do pessoal. Decisão tomada, logo posta em prática, com a gente uma centena de metros à frente, fazendo a navegação com apuro e atentos à eventual presença de água não registrada. Pouco depois, após identificar que o trajeto seguia pelo ramo da direita da estrada, perdendo altitude forma suave, começamos a ver poças de água. Sinalizei pra ele que seriam de consumo viável, mas que acreditava não ser necessário, já que estávamos a cerca de 1 km do ponto de água registrado. Com o volume de água que o casal levava, eu passara a ter maior tranquilidade, mesmo assim quanto antes alcançássemos a água, mais rápido reverteríamos o desgaste e a desidratação. Após andarmos mais algum tempo, começamos a ouvir o ruído de água, que não tínhamos certeza se era o ponto registrado. Como não havia marcas de acesso ali, supus que ele estaria para frente, mas não vi motivo para perder mais tempo para começar a recuperar nossas forças. Então desci ao ponto de água e, após tomar uns 200 ml, passei a recarregar as garrafas do restante do grupo em rodízio. Fizemos sucos e petiscamos. Perto do que havíamos superado até ali, não restava dúvida de que chegaríamos, e bem, até o trecho das cachoeiras. Superá-lo, por outro lado, seria um novo desafio… como escutava nos tempos da facu: cada novo dia, nova agonia. Durante o lanche, o ruído de motocicletas nos alertou para o fato de estarmos numa curva e possivelmente sem visual para quem vinha em nossa direção. Por precaução, dei uns gritos de “opa” que chegaram a exceder a eficácia pretendida. Não apenas sinalizaram a nossa presença, como fizeram que a dupla de motociclistas se detivesse junto ao nosso grupo. Trocamos algumas informações sobre o que nos aguardava adiante trilha. Depois de uns 10 minutos de parada, reabastecidos de água, descansados e alimentados, retomamos o caminhar. Rapidamente alcançamos o ponto d’água registrado, um pequeno riacho que cruzava a estrada. Como já estávamos bem servidos de água, apenas atravessamos a estrada e seguimos do outro lado pela esquerda, em suave aclive. Pouco depois, uma alternativa à direita foi testada e descartada. Continuamos em frente, contornando áreas de eucalipto até alcançarmos uma porteira azul, onde foi consenso que orientação era pegar a estrada à esquerda. Como não havia prestado atenção nas indicações, não posso afirmar se fora ou não…. seguimos pela direita, um pouco inquietos por não observar nenhum início da passagem do pelotão dianteiro… logo, uma suave curvatura da estrada fugindo do nosso azimute tornou claro que não era por ali que passava o trajeto pretendido. Voltamos à porteira, descendo agora pela lateral direita e pouco depois alcançamos a Árvore do Senhor Anéis, com a algazarra dos nossos amigos na dianteira na audível. Uma curva, com descida mais pronunciada e chegamos na “área de estacionamentos e encontramos o restante da trupe, que seguirá na frente, após nos esperar por algum tempo no Bandeira… tempo suficiente até para Pole Dança pelo que eu saberia depois… rsrs Aliviada por ter a trupe toda reunida, a Amanda avaliou rapidamente a conveniência de prosseguirmos pela trilha das cachoeiras ou de modificarmos nossos planos, nos amoldando às condições presentes, montando acampamento ali, uma vez que a área era ampla, plana e bem servida de água. Ela havia descido, para avaliação por pouco mais de uma hora sem encontrar nenhuma área similar que coubesse nosso grupo. Deixe ressaltar: uma hora de Amanda, descendo trilha de rio, são 3 a 4 horas de grupos normais. Com o horário “avançado” para uma descida segura até a próxima área de acampamento, após breve consulta ao grupo, decidiu sabiamente por acamparmos ali mesmo. Decisão tomada, tratamos de concretiza-la, armando nossos chalés com celeridade. Cada um buscou a área que entendeu mais adequada para a própria barraca. Uma vez que eu não havia tomado o cuidado montar a minha barraca nenhuma vez antes, escolhi um lugar amplo e plano, fora da área de manobra de eventuais veículos, pois não fazia ideia do tamanho que ficaria, kkkk. Não sou exemplo pra muita coisa, e essa mistura de imprevidência e excesso de confiança, torna isso bemmm claro. Apanhei um pouco na montagem? Claro. Me diverti muito, por outro lado, no processo. O receio que tivera até ali de montá-la na chuva e em locam inapropriado, rapidamente e se desfez. Confesso que me assustei com a área que ela ocupa… não é agigantada ao ponto de ser um palácio… um palacete, talvez. Comporta duas pessoas com tranquilidade, com todas as tralhas imagináveis. Casa arrumada, partimos para tomar banho de cachoeira, antes que o cair da noite esfriasse o ar. Rápida seção de fotos na cachoeira, com direito a arco íris dentro da queda, e poses de capa, máscara e chapéu… bem dizia Luís Fernando Veríssimo quanto a liberdade x receio de ridículo. Curtiu a ideia? Faça. Apenas isso. Banho tomado, coloquei a (mal-cheirosa) roupa de trilhar para secar e parti para jantar, que fizemos em roda, com cada qual preparando seu rango e apresentando “novidades” ou soluções. Eu levei uma porção de purê de batata instantâneo com brócolis, outra porção com molho de tomate, legumes, bacon vegano e camarões. Para petiscar, auricularie desidratados, que aproveitei a fartura de água para reidratar. Como guloseimas para o jantar, palha italiana no sabor torta de banana e no sabor churros. De algumas cargueiras surgiram vinhos, que dividimos enquanto conversávamos sobre a trilha, planos futuros, perrengues passados, histórias e causos. Os goles de vinho acalentaram a Amanda, que logo se despediu e caiu pra dentro da sua mansão. Fui bater papo com o Douglas, enquanto não escurecia. Repassamos algumas coisas que estamos planejando, discutidas em detalhes ao ponto de termos, de cabeça as imagens, os mapas e alguns detalhes dos tracklogs, como os pontos de perdido de maior frequência. Com o escurecer, cai pra de tiro da minha barraca, para aproveitar o tempo antes de dormir para xeretar nos aplicativos de navegação e fazer testes de envios de mensagem. Percebi que havia sinal e liguei pra casa, para tranquilizar meus pais. Fui até a barraca da Amanda para co firmar se estava tudo bem, e confirmar que ela havia conseguido contato com casa. Descobrindo que ainda não havia sido possível, por falta de sinal, emprestei meu aparelho para que ela tranquilizasse a mãe. Sabendo que estava bem, voltei pra minha barraca, para me entregar aos braços de Morpheus. A noite passou rápida, sem perturbações ou surpresas… talvez resultado das 2 horas de sono apenas na noite anterior, certamente. Com a alvorada, vesti a roupa de trilha e comecei, meticulosamente a arrumar as tralhas, primeiro posicionando o isolante na região dianteira, e depois compactando camada por camada de equipamentos dentro da minha consciência. Saco e roupas de dormir receberam tripla camada de plástico. Duas camadas de sacos de plástico para peixes envolvendo um saco estanque. A segunda camada, composta pela barraca e pela proteção do piso dela, foi posicionada em seguida. E finalmente a camada com o equipamento de cozinha, bancos de bateria, primeiros socorros, capa de chuva e comunicador satelital. A capa e a máscara de Zorro, foram colocadas próximo da tampa, para caso alguém mais quisesse fazer a foto dos trilhos. No bolso externo, da frente posicionado a segunda pele de emergência de forma a permitir o pronto emprego. Os petiscos para o dia, e os primeiros socorros de acesso rápido já estavam posicionados nos bolsos da barrigueira. Pouco após as 8:00 nos colocamos em marcha, todos próximos. Rapidamente avançamos de cachoeira em cachoeira. A trilha das cachoeiras é bem sinalizada e muito batida, então não havia muito o que apanhar da navegação, que seguia ora de um lado do rio, ora do outro lado. Em 4 horas de poções alcançamos a linha férrea. O Eliseu fez algumas fotos espetaculares do grupo nos trilhos e seguimos em direção ao camping, para deixarmos as mochilas na van. Com o avançado da hora, em relação ao planejado para iniciarmos o retorno, optouse por seguirmos com a van até a cachoeira do Coqueiro Torto. Ali optei por me trocar para a volta, enquanto o pessoal desceu até a base da queda. Uma parada merecida num rodízio, com direito à comer a vontade coroou a conquista daquela trilha… vara mato? É troco, fizemos vara vulcão montanha acima, kkkk!! Na volta a lista de música sofreu algumas melhorias, para alegria da Natacha que não conseguiu esconder a alegria, cantando, a plenos pulmões, “Borbulhas de Amor” do Fagner… descobri que a Amandinha é fã devota do Reginaldo Rossi e amaria acrescer a música Garçon na próxima playlist.
  20. Trilha Saco das Bananas ou Trilha das 10 Praias Desertas - Caraguatatuba x Ubatuba - SP Praias: Praia da Tabatinga, Praia da Figueira, Praia da Ponta Aguda, Praia da Lagoa, Praia do Simão, Praia Saco das Bananas, Praia da Raposa, Praia da Caçandoquinha, Quilombo Caçandoca, Praia do Pulso, Praia da Maranduba e Praia do Sape. Dificuldade: Moderado Distância: 28 km Salve salve mochileiros! Segue o relato desta trilha fantástica situada entre Caraguatatuba e Ubatuba no litoral Norte de São Paulo, iniciada na Praia da Tabatinga a aproximadamente 20 Km da cidade de Caraguatatuba e finalizada na praia do Sape. A trilha é de nível médio com subidas e descidas mostrando belas paisagens e diversas praias. A maioria das praias são quase que desertas com pontos de água potável. Partida - 17/11/20 - Ida 7:30am - São Paulo x Caraguatatuba -> BlablaCar R$45,00 - Caraguatatuba x Praia da Tabatinga -> Ônibus R$4,65 Partimos do bairro do Butantã em São Paulo capital onde combinamos com o motorista do aplicativo BlablaCar para sair às 7:30am. Saímos no horário marcado e fomos em 4 pessoas no carro. A viagem foi tranquila, segura, todos de máscaras pela pandemia e com duração de duas horas e meia até chegarmos ao Terminal Rodoviário de Caraguatatuba onde pegamos um ônibus do transporte público com sentido a cidade de Ubatuba. Depois de aproximadamente 35 minutos descemos no último ponto da praia da Tabatinga próximo ao Mercado Prime onde fica o início da trilha pela rua à direita do mercado. Compramos mais alguns mantimentos e água e iniciamos por volta das 11:00am a Trilha do Saco das Bananas ou Trilha das 10 praias desertas. A trilha teve início na rua ao lado direito do Supermercado Prime pela Rua Onze onde seguimos por ruas com um terreno muito acidentado com muitos buracos e lama até chegar na entrada para a Praia da Figueira. Resolvemos não entrar nesta praia pois o tempo não estava ajudando muito e então seguimos em frente. Alguns metros a frente chegamos no Mirante da Praia da Ponta Aguda de onde se tem uma bela vista da Praia da Figueira e da Praia da Ponta Aguda. (Entrada Praia da Figueira) (Estrada) (Mirante da Praia Ponta Aguda) - (Praia da Figueira) (Praia da Figueira) (Praia da Figueira) Passando o mirante a trilha começa a adentrar a mata mais fechada passando por diversos pontos d'água. Andamos por mais ou menos mais 1 hora e chegamos em um casarão abandonado com várias bananeiras ao redor. Não sei a história desta casa mas parecia ser bem antiga. Neste ponta a trilha se divide em duas, para a esquerda se segue a trilha para a Praia do Simão, e para a direita se chega na Praia da Ponta Aguda. Descemos uns 15 minutos de trilha passando por um descampado até chegar na Praia da Ponta Aguda. (Praia da Ponta Aguda) (Praia da Ponta Aguda) Ficamos pouco tempo na Praia da Ponta Aguda pois estávamos correndo contra o tempo que a todo momento mostrava que podia desabar com muita chuva. Retornamos pela mesma trilha que chegamos na praia e continuamos a trilha seguindo as placas rumo a Praia da Lagoa. (Praia da Lagoa) A Praia da Lagoa que faz jus ao nome contém uma lagoa que desagua no mar situada do lado esquerdo da praia. Retornamos pela mesma trilha e seguimos as placas para a Praia do Simão que a princípio iríamos pernoitar e seguir no dia seguinte. Apesar da placa de proibido resolvemos seguir em frente e caminhamos por mais ou menos umas 2 horas neste trecho. A trilha estava muito molhada pela chuvas do dia anterior tornando o trecho escorregadio e muito difícil de render a caminhada. O tempo até que estava colaborado pois só tínhamos pego chuviscos durante o caminho, até que chegando próximo da Praia do Simão o tempo simplesmente resolveu dizer qual seria o nosso destino pelos próximos 3 dias ahahauhauhauha. Começando com um chuva bem fina, toda aquela água que estava acumulada durante o dia resolveu cair bem na hora que estávamos chegando na Praia do Simão ahuahuah e não parou mais. Depois de vários escorregões e tombos passando por alguns trechos que sem chuva até seriam fáceis, mas com toda aquela água caindo do céu com a trilha encharcada e muito escorregadia ficaram bem complicadas. E depois de algumas horas chegamos na Praia do Simão ou Praia Brava do Frade. (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) Segundo moradores a Praia Brava do Frade possui este nome pois a um tempo atrás morou um frade na praia por muitos anos, razão do nome original. A praia é bastante procurada também por surfistas que buscam tranquilidade em uma praia deserta longe da badalação, mas neste dia não tinha ninguém na praia. Chegamos e já montamos acampamento no meio das inúmeras árvores pensando em obter alguma sombra pra caso no dia seguinte o sol desse as caras ahuahuah. A praia tem mais ou menos 1 km de extensão com mar de águas agitadas, areia clara, praia de tombo, aparentemente com muitas correntes de retorno. Também ficamos próximos ao um ponto de água potável que fica no meio da praia formando uma pequena lagoa que com a forte chuva virou uma grande cachoeira que corria até o mar. A pernoite estava garantida, mas a chuva não parou mais aquela noite e nem no outro dia. Choveu forte, com trovoadas e muito vento o tempo todo. (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Acampamento) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Bica d'água) Acordar em uma praia deserta certamente é um desejo de muitas pessoas, mas acordar com a praia deserta e com muita chuva também foi uma experiência muito boa com sentimento de frustração e agradecimento. Ficamos por três dias nesta praia por causa da chuva, as barracas viraram nossos lares naquele paraíso por alguns dias ahuahua. A chuva não deu trégua no segundo dia, choveu por várias horas de manhã até o meio da tarde. Tivemos que esperar por horas pra sair da barraca pra poder conhecer aquele paraíso, mas quando a chuva deu uma trégua nós saímos para desbravar e conhecer a praia. Do lado direito andando pela praia existe um paredão de pedra que dependendo do volume d'água é um bom ponto para um banho de cachoeira, mas neste dia apesar de toda a chuva estava com volume baixo. (Cachoeira) A chuva começou novamente e retornamos para o camping e por ali ficamos. Fizemos toda nossa comida dentro da barraca. Uso o modelo QuickHiker 2 Quechua que tem duas portas e dois grandes avanços possibilitando usar o fogareiro sem nenhum problema. Choveu o resto do dia e toda a noite. Dormimos cedo com muita água ainda caindo, e por volta das 4:30am da madrugada a chuva resolveu finalmente parar. Resolvi sai da barraca assim que amanhecesse para ir ao banheiro e me deparei com um nascer do sol sensacional saindo lá longe no horizonte do mar. E depois de tanta chuva tive uma sensação de euforia, alegria, minhas energias se renovaram e todo aquele cenário de frustração por causa de toda aquela chuva mudou imediatamente ao ver os primeiros raios de sol naquele dia ahuahua, foi muito emocionante. Bom Diaaaaaaaaaaa! (Praia do Simão ou Brava do Frade) Com toda aquela animação já preparei um belo café da manhã e comecei a desmontar acampamento para seguir em frente pois além de toda aquela chuva que estava caindo antes, o mar também estava um pouco revolto e impossibilitou a travessia pela praia para poder continuar a trilha. E naquela manhã tudo isso estava ao nosso favor para poder continuar a travessia, então tomamos um café reforçado, desmontamos todo acampamento e seguimos para o lado esquerdo no final da praia onde fica a continuação da trilha. No final da praia havia um acampamento fixo montado com barracas, panelas, talheres, pia, agua encanada hauahuahua. Depois de todo o perrengue que passamos com a chuva, aquele acampamento iria ser muito útil pra nós. Mas como não tivemos muito tempo de desbravar a praia, só encontramos esse acampamento quando estava saindo do Simão. Um morador local que encontramos na trilha nos disse que são de surfistas que se juntam e passam alguns dias neste local. A continuação da trilha fica atrás deste acampamento. Neste trecho existe uma subida até chegar em um mirante que se vê toda Praia do Simão. E é neste trecho da trilha que se faz jus ao nome Saco das Bananas. Caminha-se por diversas plantações de bananas revelando belas paisagem. (Mirante - Praia do Simão ou Brava do Frade) A caminhada neste trecho foi um pouco cansativa pois existem algumas subidas e descidas que desgastam um pouco por causa do peso da mochila. Caminhamos por uma hora e meia mais ou menos até chegarmos nas ruinas de uma escola abandonada, a Escola do Saco das Bananas construída em 1973 que atendia por volta de 25 crianças fechando em 1993 por falta de alunos. Ao lado esquerdo da escola segue a trilha para praia da Raposa e para o lado direito fica a trilha que chega na próxima praia da travessia, a Praia do Saco das Bananas. (Escola E. P. G. Saco das Bananas) Seguindo a trilha da escola até a Praia do Saco das Bananas começamos a perceber o quanto ela é histórica com a frequente presença da Comunidade Quilombola existentes em algumas ruinas da época da escravidão. Levaram 10 minutos de descida até a praia e chegando encontramos um casarão de frente para o mar, que provavelmente seria dos donos de toda aquela plantação de bananas, encontramos uma praia pequena de aproximadamente 55 metros de largura, areias amareladas, águas cristalinas, com algumas pedras enterradas nas areias e cercada pela Mata Atlântica. (Praia Saco das Bananas) (Praia Saco das Bananas) Na Praia Saco das Bananas encontramos com alguns moradores que nos informaram que a praia era como um porto para os barcos levarem os produtos que os moradores cultivavam e que na sua maioria eram e é até hoje as bananas. Chegamos bem na hora que eles tinham colhido vários cachos. Nos contaram também que a trilha Saco das Bananas em alguns trechos, foram estradas construídas de pedra com intuito de facilitar o transporte de mercadorias cultivadas no roçado como: cana, mandioca, banana e outras especiarias. A praia guarda muitas histórias e muitos mistérios de sofrimento do período escravocrata e ainda sofrem até hoje com a especulação imobiliária. (Praia Saco das Bananas) Ficamos por uma hora nesta praia contemplando e logo seguimos para a próxima praia que seria a Praia da Raposa. Retornamos até a escola e na bifurcação da trilha principal fomos para a esquerda. Neste trecho existem algumas subidas de tirar o fôlego, mas que nos proporcionaram vistas fantásticas das praias. Caminhamos por uma hora e meia neste trecho até que chegarmos na entrada da Praia da Raposa, mas por causa do tempo ruim decidimos seguir em frente e não passar por esta praia. A entrada pra praia fica em uma trilha pequena onde existe uma corda para ajudar na descida ingrime. A entrada é bem pequena e fica à direita pra quem vem da Praia Saco das Bananas. Caminhamos mais alguns minutos e chegamos na Praia de Caçandoquinha. (Praia da Caçandoquinha) (Praia da Caçandoquinha) (Rio de água doce) Chegando na Praia da Caçandoquinha se vê um casarão de fazenda do período escravagista mas que, por ser privada, não é aberta ao público. É uma praia de mar calmo, areias claras, muitos borrachudos, do lado direito da praia existe um riacho de água doce e contém algumas árvores centenárias propiciando ótimas sombras para ficar a beira mar. Hoje a Caçandoquinha guarda uma história de riqueza branca e sofrimento escravo, amenizado com o reconhecimento e regularização do Primeiro Reduto Quilombola do litoral norte do Estado de São Paulo. (Praia da Caçandoquinha) Ficamos um tempo nesta praia para descanso e aproveitamos para fazer um lanche embaixo das sombras de umas das grandes árvores centenárias que têm de frente para o mar. Ao contrario da sua vizinha, Caçandoca, esta praia é muito tranquila, não existe nenhuma estrutura para o turismo, não se chega de carro, e é pouco frequentada. Do lado esquerdo da praia existe uma trilha que leva ao Quilombo Caçandoca, nosso próximo destino. Caminhando por uns 10 minutos já se chega no costão onde existe uma corda para a descida até a Praia da Caçandoca. A praia é fantástica, um paraíso quase que intocado sem construções e com uma enorme história. De areias claras, mar calmo o lugar tem um deslumbrante vista da baía do Mar Virado, Maranduba e algumas ilhas. Esta praia por ter acesso de carros pelo km77,5 da rodovia Rio-Santos já tem um pouco mais de estrutura como alguns campings e alguns quiosques a beira mar, mas tudo bem simples. A região do Quilombo Caçandoca tem muita história, faz parte de uma área legalizada como pertencente aos Quilombolas remanescentes das comunidades da época do período de escravidão contando com 890 hectares. O Quilombo Caçandoca é o mais antigo do litoral norte de São Paulo e encontra - se em um dos lugares mais belos do Brasil. A escravidão só teve um "fim" em 1888 através da Lei Áurea, mas muito tempo antes os negro já lutavam por sua liberdade. A história como a dos remanescente de Quilombos, como a da antiga Fazenda Caçandoca, mostra que a luta foi árdua, mas foi vencida, e esta parte da história é passada de pai para filho, netos e bisnetos, mantendo sempre acesa a memória da Comunidade Quilombola. (Praia da Caçandoca) Assim que chegamos já fomos atrás de um camping pois o tempo estava fechando novamente mostrando que iria chover novamente. Sentamos no Quiosque Pastel da Vó e conversando com alguns locais, nos recomendaram o Camping do Jango que fica do outra lado da praia no canto esquerdo. Fomos até lá e fechamos por R$25,00 Reais pra cada por uma noite com banho quente. Montamos a barraca e retornamos para o quiosque Pastel da Vó para curtir o resto do dia com sol enquanto tinha. (Quiosque Pastel da Vó) Retornamos ao camping onde tomamos um bom banho quente, fizemos um rango reforçado e dormimos pois a chuva não deu trégua no começo da noite. No dia seguinte o sol prevaleceu no céu o dia todo, o que nos proporcionou ver o quanto aquele lugar é maravilhoso mostrando belas paisagens. Decidimos ficar mais um dia e seguir para próxima praia somente no dia seguinte. (Camping do Jango) (Igreja) (Praia da Caçandoca) (Praia da Caçandoca) (Praia da Caçandoca) Passamos quase que o dia todo no Quiosque Pastel da Vó, pois além do tratamento maravilhoso, a cerveja tava muito gelada e ainda nos deram o valioso repelente que os locais usam para parar os borrachudos. Uma mistura de óleo de cozinha com vinagre de álcool. A mistura funcionou e lambuzamos o corpo. Bye bye Borrachudos! huahauhau (Praia da Caçandoca) Foi o dia mais quente da travessia com uma temperatura de quase 30 graus. Almoçamos pela praia mesmo, comemos porções e pasteis da Vó e tomando uma merecida gelada. Até que os preços estavam de boa, nada abusivo. Retornamos ao camping por volta das 19:00pm horas, fizemos mais um rango reforçado e descansamos para poder seguir bem cedinho para as próximas praias. (Praia Quilombo Caçandoca) Desmontamos acampamento por volta das 6:00am horas da manhã com um nascer do sol sensacional que fomos presenteados naquela linda manhã de Domingo. (Praia Quilombo Caçandoca) Tomamos um café da manhã reforçado, contemplamos por mais alguns minutos aquele momento e aquele lindo lugar e logo seguimos para a próxima praia, a Praia do Pulso. A trilha fica no canto esquerda da praia da Caçandoca muito próximo do camping que ficamos. . Caminhamos por uns 15 minutos até que chegamos em uma guarita com um guarda que nos informou como passar pela Praia do Pulso. A praia de acesso restrito tem na sua maioria acesso por condôminos. Descemos mais alguns minutos e chegamos em uma praia com um extenso gramado comunitário, areias fofas amarelas, enormes árvores proporcionando uma grande sombra em dias ensolarados, mar calmo de águas claras, porém o que chamou mais atenção foram as enormes casas chegando quase que nas areias da praia. Não existe nenhuma estrutura para turismo, ambulantes, quiosques. (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) Comtemplamos por alguns minutos e seguimos até o canto esquerdo da praia onde fica a continuação da trilha. Neste trecho a trilha foi um pouco cansativa pois o sol estava bastante quente e as subidas deste trecho nos castigaram bastante. Durante a trilha vimos diversos mirantes com vistas espetaculares passando pelos fundos das casas até chegarmos aos fundos da famosa Igreja de Nossa Senhor de Fátima ou também conhecido como o Castelo dos Arautos. Uma fantástica construção de 9 mil m² parecido com castelos medievais com obras de Aleijadinho e com uma vista fantástica da Ilha do Pontal, Ilha e Praia de Maranduba e ao longe uma parte da Trilha das Sete Praias. (Praia do Pulso) Após passar pelo Castelo dos Arautos caminhamos por uma estrada chamada Estrada da Caçandoca até a rodovia BR101 Rio-Santos, onde seguimos por alguns quilômetros até a praia de Maranduba. Procuramos logo por um camping e encontramos o Camping Toa Toa que fica entre as Praias de Maranduba e Praia do Sapé. Fechamos por R$35,00 Reais e ficamos por uma noite. O Camping Toa Toa é bastante estruturado com banheiros amplos, com chuveiro quente, uma grande área gramada com vários pontos de energia, churrasqueiras, cozinha comunitária e com entrada tanto para praia quanto para rodovia Rio-Santos BR101. Montamos acampamento e saímos logo para procurar algum lugar pra almoçar e depois conhecer o local. (Praia do Sapé - Ilha do Pontal) A Praia de Maranduba e do Sape são praias mais voltadas para banho, crianças, família. Tem uma ampla estrutura comercial e turística como quiosques, pousadas, hotéis, mercados e restaurantes. Como estávamos passando por praias quase que desertas sem ninguém a alguns dias já, esta praia foi meio que um choque pois estávamos voltando para a cidade. (Camping Toa Toa) (Praia de Maranduba) Desmontamos acampamento e mais uma vez o sol nos presenteou com mais um lindo nascer. Mochila feita e café tomado fomos para a rodovia Rio-Santo aguardar o ônibus para retornar a Caraguatatuba. Aguardamos por alguns minutos até prgar o ônibus sentido Caraguatatuba por R$4,65 e em 40 minutos chegamos na rodoviária. Almoçamos em um restaurante ali próximo do terminal e fechamos com um BlablaCar pra algumas horas depois por R$48,00 Reais de Caraguatatuba até São Paulo. E assim acaba mais uma trip e eu só tenho a agradecer! GRATIDÃO Retorno - 23/11/20 - Volta 9:00am - Maranduba x Caraguatatuba -> Ônibus R$4,65- Caraguatatuba x São Paulo ->BlablaCar R$40,00 Facebook: https://www.facebook.com/tadeuasp Instagram: https://www.instagram.com/tadeuasp/
  21. Sim, meus caros. É possível subir até o pico mais alto da Grécia. É possível chegar ao panteão dos deuses mesmo sendo um mero mortal. E não é difícil. Tudo começa na cidade de Litochoro (pronuncia-se Litôrroro e escreve-se Λιτόχωρος), onde é possível chegar através de trem pelo sistema TrainOSE. Compra pelo site (tem que tentar falar grego) e embarca com e-ticket mesmo. Saindo de Atenas pela estação Larissa, de fácil acesso, troca em Larissa e segue pra Litochoro. Sem muito erro. Chegando na estação de Litochoro, de frente pro mar, o mais fácil é pedir um táxi para levá-lo até o hotel na cidade. Custou apenas 10 EUR e não tenho certeza se tinha ônibus. Solicitei pelo hotel e o taxista já estava nos esperando quando chegamos. Rápido para chegar na cidade de carro mas longe para ir caminhando. Melhor caminho para ir de Atenas à Litochoro Em Litochoro ficamos no hotel/pousada Mythic Valley, recomendo. Boa localização, café da manhã excelente e funcionários muito prestativos. Não era o mais barato (55 EUR o casal), mas precisávamos de uma boa noite de sono antes de seguir montanha acima. Jantamos no centrinho e fomos dormir cedo para acordarmos dispostos. O hotel tinha escavações em andamento para encontrar relíquias, como esse vaso de cerâmica Para começar a subida, são duas opções: caminhada desde a cidade ou subida de carro até um ponto chamado Prionia e seguir a partir de lá. A subida direta da área urbana é realizada em aproximadamente 12 horas e 17 km, vencendo uma altitude de 1740 m. Optamos pela versão mais conveniente, que é começar de carro. Seja qual for sua opção, a trilha é denominada E4, que é uma de longa distância que vai de Atenas até Gilbratar na Espanha, ou vice-versa, e tem 10.000km de extensão. Trilha com início na área urbana de Litochoro No outro dia, depois de um bem reforçado café da manhã, o Mr. Nikos, mesmo taxista que nos buscara na estação na noite anterior, já estava nos esperando para nos levar morro acima. A subida até Prionia leva ao redor de 30 minutos e custa 25€ — para rodar mais menos 18 km. O Mr. Nikos nos deixou no ponto mais alto que pode-se chegar de carro, a 1100m de altitude, no local que serve comes e bebes, tem banheiro e repositório de água. Nesse ponto já não há mais acesso à rede de celular. Mr. Nikos, precavido, deixou um cartão com o número de celular e avisou que no restaurante eles poderiam ligar para chamá-lo. A subida iniciando-se em Prionia leva entre 3 e 4 horas e é de 6km de distância, vencendo uma altitude de 1000m. Dá pra começar ela no período da tarde e dar uma volta em Litochoro de manhã, se for essa a ideia. Começamos pela manhã mesmo para curtir a tarde nas montanhas. Nossa subida aconteceu em meados de outubro — dias 14 e 15/10 — e talvez o aquecimento global tenha nos ajudado a não pegar tanto frio e neve. Tem relatos de que as trilhas podem fechar por essas datas caso já estejam intransitáveis. Mas em Litochoro estava um clima até que quente e agradável. Chegando em Prionia o sol estava encoberto e o frio pegou forte, colocamos nossos casacos pesados, enchemos as garrafas de água e usamos o banheiro públicos. Finalmente prontos para começar a trilha. Ali não tem erro: uma placa marca o início da trilha, junto com avisos de como se portar. Parece fácil. Só seguir essas instruções para que tudo dê certo. Fizemos a subida em ritmo moderado, apreciando a paisagem outonal amarelo-avermelhada, sentando nos locais adequados e recomendados — tem bancos a aproximadamente cada terço da trilha para descanso, e também pontos de água para reabastecimento. Há vários pontos também de mirante, que pode-se ver tanto o pico — Mytikas , o Trono de Zeus— quanto as partes mais baixas. A parte bruta da montanha mantém-se quase sempre visível A caminhada em geral se dá por baixo de árvores e sem incidência solar direta. Como a caminhada é subida, o corpo esquenta e o casaco pesado do início já não se faz necessário. No último terço do primeiro dia de subida a caminhada chega em uma parte mais aberta, e de fato a vegetação vai rareando e diminuindo de tamanho conforme vamos subindo. De certo ponto já é possível ver o refúgio Spilios Agapitos, o que ajudou a visualizar a meta do dia. Chegando no refúgio fomos recebidos por diversos trilheiros cansados e descansados, alguns subindo junto conosco, outros voltando do pico e alguns só relaxando no local. O Spilios Agapitos é comandado pela Maria Zolota, que vem cuidando do local desde 2001.O nome vem do arquiteto e engenheiro que projetou a construção. O refúgio foi o primeiro a ser construído na montanha, em 1930, e foi sendo ampliado até a atualidade. Tem 110 camas, banheiros, cozinha equipada, área de convivência, recepção. Serve café da manhã, almoço, janta e cerveja. Tem lareira acesa nas noites frias. Tem energia elétrica e até uma falha wifi. E o nascer do sol mais maravilhoso de toda a Grécia. É um luxo nas alturas. Trilha de Prionia até Spilios Agapitos A estadia custa apenas 13€ por pessoa e o café da manhã custa 5€. As outras coisas estão ao redor desse preço também. Fizemos a reserva por email e uma transferência bancária para pagar adiantado 1 noite com café da manhã. Chegamos ao redor de 13h e comemos uns lanches que levamos pra cima. Sem necessidade, já que há comida servida a preço justo. Tomamos sol, descansamos, conversamos, lemos, comemos de novo, demos uma volta nos arredores. Sossegado. A noite começou a cair e o frio começou a bater. Entramos e já estavam acendendo as lareiras. Lemos mais um pouco, conversamos mais um pouco, compramos janta e fomos dormir antes das 21h. Fomos colocados em uma beliche de casal, uma situação um pouco esquisita mas deu certo. Os quartos são frios mesmo com cobertores e precisamos dormir com os casacos pesados. No outro dia acordamos cedo, antes do sol nascer, para podermos comer o café da manhã da Maria e ainda ver o incrível amanhecer na montanha, quando o céu se divide entre o amarelo, o vermelho e o azul. Depois do café arrumamos a cama e as malas e saímos para atacar o pico só com mochilas leves, água e um lanche (e o casaco). Não tem foto de celular que mostre a verdade de um nascer do sol Como saímos cedo ainda estava frio e botamos um casaco frio. Poucos metros acima do refúgio já estávamos quentes e precisamos tirar. A trilha para atacar o pico é mais árida, pouco vegetada até certa parte e depois nada vegetada e mais íngreme. Vai ziguezagueando montanha acima. A vista é incrível de qualquer ponto, seja a vista para cima ou para baixo. Depois de um local de descanso a trilha fica completamente exposta e é de pedregulhos soltos. Mas mesmo assim não oferece riscos de queda, só de cansaço, falta de água e queimaduras de sol — previna-se! O ataque ao pico tem 3km de extensão, dura ao redor de 3 horas e vence uma altitude de aproximadamente 800m. Finalmente chegamos ao Skala, com 2866m de altitude, o primeiro e mais acessível pico da trilha do Monte Olimpo. Esse pico tem rochas boas para sentar e descansar, dá pra tirar bastante foto e ainda encontrar outros trilheiros que param ali para descansar. O caminho em Skala se bifurca em 2 — para Skolio (2911m), o segundo pico mais alto e o Mytikas(2918m), o mais alto. Para Skolio o caminho parecia sossegado e direto, mas para Mytikas já era necessário uma escalaminhada e corria risco de queda. Optamos por descer de volta, já que tínhamos compromisso em outra cidade no final da tarde. Trilha de Spilios Agapitos Até Skala e Mytikas A descida é menos exaustiva pro corpo mas tem que ter joelhos fortes para aguentar. Os pedregulhos soltos do início dificultam um pouco o trajeto mas logo alcança-se uma parte mais fácil. Pegamos as coisas no refúgio, demos tchau para Maria depois de um breve descanso e seguimos para baixo até Prionia novamente. Chegamos lá 6 horas depois e pedimos o táxi para levar-nos de volta até a cidade de Litochoro, onde começaríamos nossa empreitada até Istambul — mas aí fica pra outra história. Esses são nós com o trono de zeus no fundo Informações resumidas: Atenas — Litochoro por trem Taxi da estação de Litochoro até o centro da cidade (10€) Trilha chama-se E4 Pode-se começar a trilha da cidade ou pegar carro até Prionia (25€) Prionia — Refúgio: 3–4h de subida Refúgio 13€ a estadia Refúgio — Skala: 3h de subida Skala-Mytikas: ? Descida Skala Prionia: 6h ou menos Infinitos detalhes: https://www.mountolympus.gr/en/index.php Relato também publicado no Medium https://medium.com/@daniel.recco/ascensão-ao-monte-olimpo-fdcd803ab321?source=friends_link&sk=7b1ef56a6524bd41e13ad0f8c08d49f1
  22. Salve, pessoas! Vou trazer aqui pra vocês um relato com a minha experiência sozinho e sem carro na Chapada Diamantina e no Vale do Pati, que rolou agora em julho. Antes de mais nada eu queria dizer que fui pra ficar 5 dias e fiquei 12. E aviso que pra quem tem flexibilidade de datas provavelmente fará a mesma coisa hahahaha. Fiz Rio-Salvador, mas por motivos promocionais cheguei na capital baiana somente as 3hrs da manhã. O ônibus só saia as 7 da manhã da rodoviária, então fiz o que qualquer pessoa normal faria: dormi no aeroporto pra fazer hora. Infos sobre o ônibus: Ele faz Salvador-Seabra e custa uns 90 reais, com paradas em algumas cidades antes, mas na Chapada ele para em Lençóis (+-8hrs de viagem e que é a principal cidade) e Palmeiras (+-8h30). Eu comecei minha viagem pelo Vale do Capão, então desci em Palmeiras e peguei um carro que faz Palmeiras-Capão pelo valor de R$ 15-20 reais (depende da quantidade de pessoas). A viagem dura cerca de mais uns 30 minutos em uma estrada de terra batida. O Vale do Capão é bem pequeno, porém é incrível a vida ali, eu notei algo diferente e eu não sabia o quê, até que me disseram ser ali a principal cidade do Brasil em Theta Healing, e descobrindo o significado, me fez sentido. Não sei se essa info é verdade, se alguém puder/quiser confirmar.... Fiquei 2 dias e meio lá, como cheguei tarde no primeiro dia só fiz o reconhecimento da cidade e comi algo. No dia seguinte me juntei com um cara e uma alemã que estavam no hostel e fomos fazer a trilha da Cachoeira Angélica e da Purificação (são contínuas). A trilha não é difícil porém em alguns pontos você perde o caminho, já que precisa cruzar o leito do Rio. Usamos o Wikiloc e ainda assim em 1 ou 2 pontos tivemos dificuldades para achar a direção correta, mas nada grave. Particularmente eu acho que pra pagar guia/agência não valeria a pena, as cachoeiras são legais mas não impressionam tanto. No segundo dia eu fechei de fazer a Cachoeira da Fumaça, tida como a maior do Brasil com seus 340 metros de queda. Dá pra fazer sem guia mas eu penso que contratando um, a gente colabora pro desenvolvimento local e contribui para manutenção dos lugares etc, além de claro, gerar emprego. Esse rolé tbm sai de Lençóis, porém sai mais caro. A trilha tem 12km (ida e volta) e uma subida inicial de 2km, depois fica tranquila. A foto clichê de lá é deitar-se sobre uma pedra pontuda e angular a foto pegando a cachoeira. Bem, eu dei "um pouco" de sorte e consegui um arco-íris completo na minha vez! No dia seguinte peguei a van de manhã e retornei para Palmeiras, onde peguei o ônibus para Lençóis. Eu tinha na cabeça que queria fazer, além dos pontos principais que saem de Lençóis , a Cachoeira do Buracão e a Fumacinha, ambas em Ibicoara (Sul da Chapada, sendo que Lençóis fica no Norte). Chegando já fui atrás das agências para ver se teria. Buracão é mais tranquilo encontrar e até saem passeios de bate volta de Lençóis, mas se passa mais tempo dentro do carro do que na trilha e cachoeira. No dia seguinte fechei de fazer Gruta da Lapa Doce + Gruta Azul + Pratinha e Pai Inácio. O tempo estava ótimo e o Por do Sol no Pai Inácio foi o mais incrível que já vi! Gravei o time lapse com a gopro mas deu algum erro e perdi, mas na memória a gente nunca esquece. Na volta desse dia acabei conseguindo um passeio de 3 dias com a Eco Por do Sol, que incluiu Buracão, Fumacinha e Poços Encantado e Azul, paguei um valor que considerei justo antes de ir, e de baratíssimo quando voltei após conhecer esses lugares surreais. Inclusive recomendo demais a agência, o Vitor, dono, se importa demais com os clientes e busca a todo tempo ajudar e trocar feedback. A cachoeira do Buracão é demais! Imponente, a queda forte faz uma correnteza de assustar hahaha. A trilha por si só já é linda também, ótimos lugares para belas fotos e apreciar a natureza. Na volta, dormimos em Ibicoara mesmo, para no dia seguinte fazermos a Fumacinha. Ficamos na hospedagem da Bia, são 3 quartos super confortáveis, todos com cama de casal e uma de solteiro. A Bia tbm oferece janta e café da manhã e a comida é deliciosa. A cachoeira da Fumacinha é considerada por mt gente como a trilha de 1 dia mais difícil da Chapada. E realmente é difícil, além dos 18km ida e volta, a maior parte andando (e pulando) pedras, mas há ainda escaladas verticais em alguns pontos, e no último trecho para ter acesso a ela se escala na fenda, de lado por uns 10 metros. É a parte mais difícil na minha opinião. A cachoeira fica no final de um cânion e a gente anda o tempo todo rio a cima dentro dele. O visual da trilha é demais e tem de tudo! Até colméia de abelha africana que requer silêncio absoluto na passagem rsrs. Na foto eu to de casaco por motivos de: a água é super gelada e ali não bate sol, ou seja, faz um frio absurdo (recomendo levarem também) A minha estadia na Chapada que já tinha se estendido de 5 para 9 dias ainda teria mais uma alteração: Durante esse último passeio conheci uma menina que faria a Travessia do Vale do Pati de 3 dias tbm com a Eco Por do Sol. Ela me convenceu a ir e eu a agradecerei pra sempre hahaha. Pois bem, chegamos cerca de 17hrs desse passeio a nossa saída pro Vale do Pati já seria no dia seguinte, então só deu mesmo tempo de comer algo, arrumar as mochilas e descansar. Bom, na Travessia do Vale do Pati normalmente nos hospedamos nas poucas casas dos moradores ainda da região, mas que estão devidamente estruturados para receber o turismo. Ficamos todos os dias no lugar conhecido como "Igrejinha", mas é comum também mudar diariamente a hospedagem a depender do que se fará. Sobre a Travessia: Inicíamos em Guiné as 10hrs da manhã e chegamos por volta das 15hrs. Deu tempo ainda de irmos até a cachoeira do Funis e revigorar o corpo e alma numa água gelada. No dia seguinte amanheceu um pouco fechado e achei o dia mais difícil de caminhada, com a subida do Morro do Castelo. No Castelo tem de tudo: andar no plano, travessia de rio, subir mata a dentro, escalar pedras, atravessar cavernas....enfim! Mas mais uma vez o visual recompensa. No último dia andamos rumo ao Cachoeirão, que pra mim foi a melhor vista de toda a viagem. O acesso em si não tem grandes dificuldades, mas a distância percorrida é a mais longa de todas (acho que no dia inteiro se anda ali cerca de 20km). A volta do Cachoeirão para finalizar a travessia durou umas 4 horas ainda, com 90% desse tempo com o sol na cara, andando em meio aos gerais (como são chamadas as planícies) que por vezes eu parava e olhava em 360° e pensava: eu to no meio do nada! hahahaha Finalizamos a Travessia já no fim da tarde, escurecendo. Ao todo andamos cerca de 50km em 3 dias, com muitos trechos bem difíceis e cansativos, mas tudo totalmente recompensado a cada fim de dia. Retornamos para Lençóis as 20hrs e meu ônibus saia as 23h30. Fim de viagem e o pensamento de retornar para a Chapada já está na minha cabeça, afinal aquele lugar é o mundo e ainda falta muita coisa linda pra descobrir. Bem, é isso. Capaz de eu ter esquecido de algo mas posso tirar dúvidas caso tenham, é só deixar msg aqui. No meu instagram tem mais outras fotos no feed (e ainda postarei bastante coisa da Chapada) e mais um monte nos Destaques: @danielcorreat_ Podem tbm deixar as msgs por lá. Espero que tenha ajudado quem pretende conhecer a Chapada, e quem ainda não conhece, só vai! O lugar é mágico!
  23. A cidade de Quito, capital do Equador, está situada no planalto andino, em um vale rodeado por montanhas e vulcões. A 2.850 metros sobre o nível do mar, é a segunda capital mais alta do mundo (na verdade, é a primeira considerando que La Paz não é a capital da Bolívia, apenas a sede do governo). Quando fiquei sabendo que havia um vulcão na capital que apresentava um lindo panorama da cidade e de muitos vulcões do Equador, eu quis subi-lo imediatamente. Este vulcão é o Pichincha, o qual é dividido em dois cumes principais: o Guagua e o Rucu. O Guagua Pichincha é a cratera principal, porém coloquei o Rucu Pichincha como meu objetivo. Isto porque, o Rucu pode ser alcançado em apenas 1 dia e eu não tinha os dois que são necessários para fazer o Guagua. Segue abaixo mapa mostrando ambos os cumes e as trilhas para chegar neles, bem como o Teleférico e a cidade de Quito. Este relato apresentará os detalhes para você atingir o cume do Rucu Pichincha (trilha amarela do mapa acima), mas se você quiser se aventurar ao Guagua, há duas opções: · Realizar a Integral Pichinha, uma trilha bem extensa para alcançar ambos os cumes e aí o recomendado é acampar no refúgio que está na beira da cratera do Guagua. Total: 11 km e 1500 metros de ascensão por trilha (trilhas verde e amarela do mapa). · Subir de carro a estrada que sai do povoado de Lloa, bem próximo de Quito. Total: 16 km e 1900 metros de ascensão por estrada de terra (trilha azul do mapa acima). O meu tracklog do Rucu Pichincha foi postado na página do Wikiloc e pode ser encontrado neste link aqui. Se você quiser realizar a Integral Pichincha, recomendo que siga a descrição do Santiago González, a qual se encontra neste link. PROGRAMAÇÃO Como Chegar Antes de iniciar a trilha para o topo do Rucu, é preciso ir ao Teleférico de Quito, que fica no Bairro La Mariscal. Fui de taxi e paguei 4 dólares até o teleférico. Os táxis no Equador, no geral, são baratos e compensam muito se você estiver viajando em grupo. Além disso, a Uber também funciona muito bem nas ruas de Quito. O horário de funcionamento do teleférico é de segunda a quinta das 09:00 às 20:00 e de sexta a domingo das 8:00 às 20:00. O trajeto até o Mirador Los Volcanes dura 20 minutos. Este mirante, além de apresentar uma maravilhosa vista de Quito e seus arredores, também coincide com o ponto de início do trekking. Neste link você poderá ver informações detalhadas sobre o Telefériqo de Quito. Para retornar ao meu hostel após descer do pico, paguei 1 dólar de van até a Calle Mariscal Sucre, que é a avenida que atravessa a cidade de norte a sul. Daqui procurei táxis que me cobrassem os mesmos 4 dólares da ida, porém estavam me pedindo 10 dólares ☹. Me disseram que era por causa do trânsito, mas provavelmente foi por minha cara de gringão mesmo. Lembrando que a distância até minha hospedagem era de apenas 3 km. Pra minha sorte havia um ônibus que passava a 100 metros dali e que ia até a Avenida Cristóbal Cólon, a qual estava próxima da minha hospedagem. Tomei o bus de número 67 e paguei somente 25 centavos de dólar. Bem melhor que os 10 dólares do amigo taxista. Quando Ir A época de seca nos Andes equatorianos vai de junho a novembro. Fiz a trilha para o Rucu Pichincha em setembro e o tempo estava excelente. É recomendável fazer a trilha bem cedo, já que pela tarde é comum que as montanhas ao redor de Quito sejam encobertas por nuvens. O Que Levar · Calça de trekking · Camiseta · Bota ou tênis de trilha · Jaqueta corta vento · Leve segunda pele e blusa de fleece para o caso de fazer frio · Mochila pequena (< 30L) · Boné/chapéu · 3 L de água · Snacks para trilha · Protetor solar · Câmera fotográfica RESUMO DE GASTOS (2017) · Água e comidas para a trilha = US$ 7,00 · Táxi ao teleférico = US$ 4,00 · Valor de subida e descida do teleférico = US$ 8,50 · Van do teleférico até a Avenida Calle Mariscal Sucre = US$ 1,00 · Ônibus até Cristóbal Cólon com Amazonas = US$ 0,25 GASTOS TOTAIS = US$ 20,75 O RELATO Numa quarta-feira de setembro, acordei às 7:00, tomei café e peguei um táxi do Bairro La Mariscal até o Telefériqo de Quito. Ele é o meio de acesso para o Mirador Los Volcanes, ponto inicial do trekking para o cume do Rucu Pichincha. Cheguei no Teleférico às 8:40 e, pra minha surpresa, ainda não estava funcionando. Como já disse, de segunda a quinta funciona das 09:00 às 20:00 e de sexta a domingo das 8:00 às 20:00 e só descobri isso ao chegar lá. Mas foi bom porque nessa espera conheci o Gal, um israelense extremamente simpático que queria fazer a mesma trilha. Pensei em perguntar da Mulher Maravilha, mas não tive coragem. Ele só me disse que é um nome comum no país (a atriz que interpreta a personagem no universo da DC é uma israelense chamada Gal Gadot. Nunca pensei que fosse falar da Mulher Maravilha num relato de viagens). Voltando pro que interessa... Ele me disse que não estava seguro em como seria seu desempenho em altitude, já que como o Brasil, Israel não possui altas montanhas. Então ele resolveu aproveitar o meu embalo e disposição para me acompanhar nesta empreitada. Compramos os bilhetes do teleférico por 8,50 dólares, que servem para subida e descida da montanha. Não perca o bilhete que você receberá, pois o mesmo também serve como comprovante de descida. Caso perca, terá que pagar mais 8,50 para descer. O trecho dura cerca de 20 minutos até o Mirador Los Volcanes, um mirante na cota 3.950 m que apresenta lindas vistas de Quito e dos principais vulcões do Equador. O céu estava completamente azul e a visibilidade era tremenda. De lá se podia ver lindamente os vulcões Cotopaxi, Cayambe, Antisana, Rumiñahui e Illinizas. Inclusive, é possível enxergar o topo do Chimborazo, a montanha mais alta do país, com 6.268 m de altura, e que está a 140 km de Quito!! Para que você possa contemplar este visual, recomendo que comece a trilha o mais cedo que puder. Explicarei o porquê mais adiante. Gal e eu tiramos algumas fotos do cenário e partimos para iniciar a trilha. Em poucos minutos de caminhada, pode-se contemplar o belo cume proeminente do Rucu Pichincha. Os primeiros 3,7 km são de aproximação à montanha e possuem um grau menor de dificuldade, já que a inclinação da subida não é tão acentuada. Porém, enquanto caminhávamos nos questionávamos por onde subiríamos até o topo, já que não era possível visualizar uma possível rota de subida. Isto porque a face que se vê do começo da trilha é de pura rocha. Assim que nos aproximamos da montanha, notamos que a trilha a contorna pela sua direita, por trás daquela face rochosa que vimos de longe. A partir deste ponto, a trilha está menos marcada, mas não há como se perder. Seguimos caminhando por detrás do pico por um terreno com uma inclinação um pouco mais elevada. Após cerca de 500 metros de distância, há um ponto que parece que a trilha acaba, mas é um lance em que é preciso subir uns 2 metros pela rocha mesmo. É um trecho um pouco delicado, mas não se preocupe, pois não é escalada. Mas a parte tensa do trekking só ia começar 500 metros mais pra frente. Neste ponto, a altitude já é um fator determinante (4.500 msnm) e é bem quando o terreno fica bem inclinado e bem arenoso, dificultando o rendimento da caminhada. Aqui, Gal e eu fizemos várias paradas para controlar os batimentos cardíacos e o ritmo respiratório. O visual era ainda mais espetacular, com a cidade de Quito lá embaixo e aquele cenário vulcânico bem característico por todos os lados. Deste ponto em diante, tem que tomar mais cuidado com a orientação, já que por vezes ela não é tão óbvia. E iniciamos a investida final para o cume. Caminhamos por meia hora por trilha bem inclinada até chegar numa placa. Daqui é preciso tornar para a esquerda para a investida final. Agora, percorre-se a última meia hora para o cume num terreno rochoso um pouco exposto e não muito marcado. É preciso tomar cuidado. Finalmente, após mais de 800 metros de desnível acumulado e 5,7 km percorridos em 3 horas, atingimos o cume do famigerado Rucu Pichincha. O cume do Rucu está na cota 4.784 msnm e é bem pequeno, o que proporciona um lindo visual 360º do panorama da região. A vista era deslumbrante. Pode-se ver todo o visual da cidade de Quito e do vale em que a cidade está situada. Também se vê todos aqueles famosos vulcões equatorianos acima citados, só que daquela perspectiva que só topos de morros podem proporcionar. Do cume, também se pode ver o imenso vulcão Guagua Pichincha, que fica a 4 km do Rucu. Como explicado na INTRO, o Guagua é a cratera principal e o Rucu é a cratera velha do mesmo vulcão, o Pichincha. Aqui no topo podem aparecer carcarás sociáveis. Acredito que os turistas devem alimentá-los. Eles são selvagens, porém é impressionante ver o quão perto eles podem chegar. Ficamos por uma hora contemplando o incrível cenário e iniciamos a descida. Se para subir foram 3 horas, a descida se deu em apenas 1h30min. Chegamos de volta ao teleférico próximo das 14h. Neste momento o dia já tinha mudado completamente. Se de manhã o céu estava completamente limpo, agora havia muitas nuvens no Rucu Pichincha e nem era possível ver a montanha. Ao longe também havia uma névoa que impossibilitava contemplar os vulcões dos arredores de Quito. E, claro, bem nesta hora tinham mais turistas, porque não são todos que preferem acordar de manhãzinha. Mas garanto que recompensa muito mais levantar cedo, mesmo se você não for subir o vulcão. Este é um padrão que se repete frequentemente em Quito: manhã de céu azul e tarde com muitas nuvens. Aqui, Gal se despediu de mim e desceu de teleférico primeiro, enquanto fui tirar mais algumas fotos. Peguei uma filinha de uns 20 minutos para tomar o teleférico da volta. Imagino que aos finais de semana deva ser bem caótico. E foi isso. Foi um dia delicioso, muito recompensador e bem barato. Espero que tenham desfrutado. Seguem abaixo algumas fotos deste dia. Rucu Pichincha visto da trilha Lindo vale a a cidade de Quito lá embaixo Vista do Vulcão Cotopaxi do Mirados Los Volcanes Próximo ao cume do Rucu Vulcão Guagua Pichincha visto do cume do Rucu Vista de Quito do topo do Rucu Postei este relato no meu blog. Você pode acompanhá-lo no link http://trekmundi.com/rucu-pichincha/ Beijos e abraços!
  24. Travessia do Campo dos Padres – SC – julho de 2020 – 80 km em 5 dias – Do Cânion Espraiado, Morro da Boa Vista até o Morro das Pedras Brancas *INFORMAÇÃO*: Essa travessia é realizada em área particular é OBRIGATÓRIO solicitar AUTORIZAÇÃO para passar nas propriedades do Campo dos Padres. Vamos respeitar os proprietários e manter o local aberto para que possamos continuar com nossas travessias e trekking. Entrar em contato com a Fazenda Búfalo da Neve. Instagram: @fazendabufalodaneve via direct Fone: 48-99617 7552 Arno Philippi – 48-99152 1277 Lucas Philippi *IMPORTANTE* -NÃO FAÇA FOGO NUNCA – Use fogareiro -LEVE TODO O SEU LIXO EMBORA -TUBOSTÃO (Vamos todos começar a usar esse banheiro) nesta região estão muitas nascentes importantes de SC, é necessário mantermos o meio ambiente em equilíbrio e limpo. Temos outras áreas de montanha do Brasil como o Pico Paraná e Pedra da Mina que já estamos tendo problemas sérios de contaminação por conta das fezes, papel higiênico e dos lenços umedecidos deixados nos “banheiros” ao redor das áreas de acampamento. O TUBOSTÃO serve para vc levar tudo isso de volta para a sua casa e descartar no lixo. Vamos a Travessia Essa travessia eu tinha combinado com meu parceiro Bernhard que já havia ido comigo em Itatiaia, porém tive um imprevisto na empresa e acabamos não indo. Sorte nossa, pois foi bem na semana do tal ciclone bomba que destruiu muita coisa em Santa Catarina e no Campo dos Padres não foi diferente, tem áreas de mata lá que parece que passou um trator derrubando tudo. Neste interim entrou em contato comigo o Rafael @dinklerafa perguntando sobre a travessia solo que eu havia feito entre Urubici e Bom Jardim da Serra pelo PNSJ. E que ele estava programando vir para a serra catarinense fazer uma travessia, eu disse que ainda estava em aberto ir para lá e assim combinamos a parceria para a travessia. Marcamos então nos encontrar em Urubici na Pedra da Águia no vale do Rio Canoas no domingo a noite. O meu amigo Bernhard começou a trabalhar naquela semana infelizmente mas por sorte minha foi em Lages, e aproveitei a carona com ele saindo de Itajaí. 1° Dia – Pedra da Águia Este dia já começou de noite. Kkkkkkk cheguei no ponto de encontro quase as 20h, garoava um pouco naquele momento quando o Bernhard me deixou no Vale do Rio Canoas junto a propriedade Pedra da Águia que serve como base para camping e estacionamento para aqueles que vão para o Cânion Espraiado. Chamei na casa e ninguém atendeu apesar de as luzes estarem acesas e ter carro ali estacionado, tão pouco sinal do meu parceiro Rafa que a esse momento já deveria estar por ali, dei uma olhada ao redor para ver se já não estava acampado, mas não encontrei. Aproveitei o ultimo facho de luz do farol do carro e montei próximo ao rio minha barraca. Quando estava ajeitando minhas coisas o Rafa aparece do meio do nada! Ele disse que o taxista deixou ele uns 5 km adiante já em direção ao Cânion Espraiado e ele teve que voltar andando pela estrada na chuva. Ali nos conhecemos e fomos conversando, um cara muito bacana. Enquanto preparávamos nosso rango o papo fluía. Acertamos alguns detalhes referente a travessia como um todo e do próximo dia também, o qual ao invés de seguir o caminho tradicional pela estrada para alcançar o Cânion Espraiado, sugeri então contornar a Pedra da Águia e passar por trás dela e seguir até a borda da Serra Geral próximo ao Corvo Branco e então seguir sentido norte bordeando os peraus até chegar ao Cânion Espraiado. Logo em seguida fomos dormir para descansar. 2° Dia – Pedra da Águia até o Cânion Espraiado – 12km de trilha Acordamos cedo, ainda estava meio nublado mas entre as nuvens já víamos que iriamos ter um dia limpo pela frente. Enquanto a água ia fervendo para o café íamos desmontando o campo e arrumando a mochila. O vale do Rio Canoas nessa região é muito bonito com a vista da Pedra da Águia de fundo as araucárias na extensão do vale e o rio descendo suavemente entre as pedras. Após tudo pronto começamos nossa caminhada as 8h, os cachorros vieram nos seguindo uma parte da estrada e foram dispersando um a um, mas sobrou um pretinho que nos acompanhou toda a trilha. Logo quando contornamos a pedra da Águia passamos pela casa do Candimiro e ficamos ali um tempo de prosa com ele que nos autorizou passar pela propriedade e assim seguimos nosso rumo. Uma subida suave por uma antiga estrada que já não passa mais carro. Depois de uma hora e pouco de trilha chegamos a borda da Serra Geral ao sul estava a estrada da Serra do Corvo Branco na direção norte o Cânion Espraiado, paramos para curtir o visual e tirar fotos, naquele momento nos preocupamos um pouco com o cachorro pretinho que vinha nos seguindo. O caminho todo foi bordeando a serra seguindo a estradinha abandonada na margem direita do Espraiado. Em um certo ponto chegamos em uma depressão onde formava um pequeno Cânion afluente do rio Canoas em direção oposta a borda da serra geral ali tinha uma pequena faixa de mata para cruzar e adiante seguimos andando pelos campos, banhados e turfeiras que seriam uma constante em toda a travessia e também curtindo o visual do Cânion. Passado das 13h paramos de frente para a cachoeira do Adão para almoçar. Tinha sobrado um macarrão com linguiça Blumenau da noite anterior e já pus na panela, ainda fervi água para um bom chá de hortelã com gengibre e ali ficamos contemplando aquele visual. Quando retornamos a caminhada vimos logo acima do vértice do Cânion que havia um objeto retangular e ficamos imaginando o que poderia ser, o Rafa falou que poderia ser uma placa informativa eu já pensei que fosse tipo um deposito/armário de madeira para guardar o material do pendulo. Quando chegamos lá a nossa surpresa foi que era uma geladeira da Cervejaria Patagônia, eles estavam fazendo um comercial publicitário. Ali encontramos também a Carol proprietária da Fazenda Espraiado e ela nos indicou ir na cachoeira e avisou que a outra parte da borda do Cânion estava proibido passar por problemas de vizinhos e uso da área. Descemos até a cachoeira, que na realidade são 2 uma primeira menor que forma um baita poço para banho e a queda principal que desagua por 86m Cânion abaixo. Neste momento flagramos o pretinho abocanhando alguma coisa no mato e quando vimos era um tipo de roedor que em seguida ele soltou no chão. Logo fomos em direção a sede da fazenda onde é o camping e hostel do Cânion Espraiado. Ali conversamos com o Jacaré do Cânion que trabalha na fazenda, acertamos com ele o valor de R$ 40 pelo pernoite em camping, comemos um pastel muito bom e montamos nossa barraca, depois ficamos no galpão crioulo ao redor do fogo de chão proseando e tomando uma cerveja Patagônia com o Jacaré. Aproveitei para secar minhas meias, com os furos que minha bota tinha e os banhados no caminho esse seria um problema que eu enfrentaria todos os dias com os pés molhados. Também recarregamos o celular e aproveitamos para mandar as últimas mensagens pois a partir dali não teria mais sinal pelos próximos 4 dias. Preparei minha janta uma bela polenta com bacon e conversando com o pessoal, falaram que a partir dos 2 próximos dias viria uma frente fria muito forte. Pegamos umas dicas da trilha para o próximo dia cedo em direção ao Morro da Antena (agora montanha infinita) para ver o nascer do Sol e em seguida fomos dormir. 3° Dia – Cânion Espraiado – Campo dos Padres – parte alta do Rio Canoas - 18km de trilha Acordamos as 4h30 pois queríamos estar as 7h para o nascer do sol. Já fomos desmontando a barraca e o frio já era forte na escuridão da madrugada, havia um pouco de gelo no sobreteto da barraca. Após tudo desmontado tomamos um café passado pelo Jacaré dentro do galpão e comi meu pão sírio com polengui, queijo e salame, além do meu super brownie com malto e dextrose além de algumas castanhas (esse seria meu cardápio de café da manhã de todos os dias). As 6h horas seguimos pela trilha por entre a mata até o topo do morro da Antena e já no chapadão do cume presenciamos várias poças de água congeladas. As 7h05 foi o alvorada sobre um mar de nuvens aos nossos pés e um céu limpo sobre nossas cabeças, a vista do Cânion espraiado lá de cima é linda e ainda é possível ver toda a extensão da Serra Geral com destaque para as Pirâmides Sagradas e o Morro da Igreja. Estive nesse morro em 2001 subimos eu e o meu amigo BIG Daniel Casagrande de Toyota Bandeirante, na época ainda havia a Antena em pé, hoje ela foi derrubada, lembro que nós curtimos o visual por ali e quando decidimos ir embora atolamos a Toyota e quem disse que conseguimos tirar.... foi uma longa história e uma grande aventura. Voltando a 2020, nossa ideia original era seguir bordeando até chegar no rio canoas, pois pela carta teria somente 2 faixas de mata pra cruzar morro acima. Mas ai o Jacaré nos indicou seguir pela estrada e lá adiante passando a porteira entrar na antiga estradinha, eu sabia que havia essa trilha, mas tinha receio de seguir pois era uma mata grande, e imaginava ter vários caminhos por conta do gado. Mas enfim mudamos nosso plano inicial e seguimos então pelo caminho sugerido. Logo que passamos a porteira eu vi uma estradinha seguindo adiante e outra descendo, supus que essa seria a estrada, ledo engano..... descemos o morro e cortamos a estradinha para lá embaixo tentar encontrar ela de novo, havia um morro bem grande de mata a frente que se estendia a leste até a borda da serra e para o lado oposto a oeste entre esse morro havia uma encosta suave de mata e a borda do profundo Cânion do rio canoas, a trilha só podia ser nesta encosta suave e fomos descendo mas não encontrei a estrada. Seguimos adiante pela mata até chegar ao rio que já formava um pequeno desnível, pensei que já fosse o começo do Cânion afluente do Cânion principal do rio canoas. Demos uma volta enorme em círculo e voltamos para o mesmo lugar. Seguimos acompanhando a estrada e tentamos mais uma vez descer na direção daquela encosta, mas a mato tava muito fechado voltamos mais uma vez para a estrada e então decidimos seguir a estrada, logo adiante vimos uma casa e antes de chegar nela uma entrada a direita com cara de estrada abandonada. Só podia ser essa. Bingo! Já era 12h passado e então paramos ali na estradinha e fizemos nosso almoço o meu seguiu o mesmo cardápio do café da manhã sendo pão sírio, polengui, queijo e salame e chá de hortelã com gengibre, e assim foi todos os dias. Depois de 40min de pausa retornamos a trilha. A trilha é em uma antiga estrada abandonada que não é mais possível transitar de carro nem de 4x4, somente a pé ou a cavalo, uma descida suave por entre a mata de araucárias até chegar em um pequeno rio que corria sentido Cânion do rio canoas. Esse era o ponto mais baixo e após o rio a trilha começava a subir. “A algumas horas atrás chegamos bem perto deste rio porem a mata estava muito fechada e o rio afunilava em um brete e não conseguimos achar um caminho para passar e acabamos voltando”. Lá adiante na trilha encontramos um barraco destruído e depois cruzamos com um pequeno rio onde fomos seguindo ele rio acima até a trilhar sumir no mato, ali percebemos que em algum lugar lá atrás teríamos que ter contornado o morro. Resolvemos então subir aquela encosta de mata bem fechada com muitos xaxins, bambus e mata nebular. Foi um momento um pouco tenso pois já eram umas 17h sabíamos que estávamos no rumo certo, mas não na trilha e onde estávamos não tinha como acampar. Fomos mirando o topo tendo as copas das araucárias ainda iluminados pelo sol. Quando alcançamos então a parte mais alta abriu um pequeno descampado sujo com vassouras, porem plano e com condições de acampar. Decidimos seguir ainda um pouco mais adiante até as margens do Rio Canoas, mas de qualquer forma não fomos muito longe e acampamos por ali mesmo. Aquela noite prometia muito frio, tratamos de montar nossas barracas e a escuridão já tomou conta e o frio veio junto. Arrumei minhas coisas e tratei de ferver uma água para o chá e picar o bacon, quando comecei a fritar o Rafa já sentiu o cheiro maravilhoso do bacon, e ele com aquela comida liofilizada dele. Prometo que vou tentar de novo, nem que seja levar para uma noite a liofilizada, confesso que ainda venho tentando uma comida boa e leve sem abrir mão de certos luxos que conquistei nesses 30 anos de acampamentos, mas que agora com a idade e falta de tempo para treinar a boa forma já não posso mais carregar tanta coisa, sei que tenho que diminuir peso. Nesta travessia eu pesei item por item antes de sair de casa, desde celular, meia, cueca, itens de primeiros socorros, comida, enfim tudo grama por grama e encontrei que eu carregava no corpo 3kg contanto botas, roupas, bastão...; na mochila mais 24kg contando 4 litros de água que me dispus a levar mesmo com a fartura de água da região somente para testar meu consumo e uso em cozinha. É muito interessante pesar pois sempre imaginamos o quanto levamos, mas só anotando tudo e fazendo um verdadeiro checklist é que sabemos o quanto de peso realmente carregamos e não sabemos. Depois da janta ainda era cedo e não conseguiria dormir, então decidi sair da barraca para ver o céu estrelado, minha saída noturna não demorou mais que o suficiente para ir ao banheiro e voltar correndo para a barraca de tanto frio que fazia. Nessa noite os termômetros bateram negativos os - 8ºC dormi no limite do frio essa noite. 4° Dia – Parte alta do Rio Canoas – Cemitério – Borda da Trilha dos Índios – Morro do Campo dos Padres – Morro da Boa Vista - 15 km de trilha Acordamos pelas 6h mas o frio era tanto que não deu vontade de sair do saco de dormir, o sobreteto da barraca do Rafa congelou a condensação, neste quesito estava muito satisfeito com a minha Naturehike Cirrus pois o layout dela permite uma boa ventilação e evita o acumulo de condensação, mas vi que tinha que fazer alguns ajustes no sobreteto para incluir mais 2 pontos de cada lado para fixar mais espeques e poder abaixar mais a lona para o vento não entrar tanto em dias frios. Também tive minhas meias congeladas e a água nas garrafas estavam congeladas. Já pus a água para ferver e fazer meu café na Pressca e ao mesmo tempo já ir guardando minhas coisas. Mas foi difícil desmontar a barraca, os dedos doíam de tanto frio. Eram 7h30 e saímos, vimos que 1h30 era o tempo que precisávamos para começar o dia. Logo adiante avistamos uma cabana bem bonita de madeira que é a sede da Fazenda Búfalo da Neve, passamos ao lado e seguimos adiante descendo a encosta do vale do rio canoas até atingir suas margens, havia muita geada no pasto e as poças d´água no caminho estavam congeladas e também partes do rio onde a água estava parada. Aproveitamos para repor nossos cantis e tirar fotos com os pedaços de gelo. Essa parte é muito linda, o vale com os morros de mata de araucárias, o rio e suas curvas e os campos formavam uma bela paisagem. Fomos subindo o rio e logo alcançamos uma pequena cachoeira e uma taipa de pedra logo acima formando um caminho de tropeiros e por ali seguimos dando uma grande volta para desviar a várzea do rio que formava um banhado e suas turfeiras. Logo adiante vimos 1 casa azul e 1 galpão passamos por ela e logo a frente no vale havia um morro isolado, pelas minhas contas ali deveria ser o cemitério. Uma subida íngreme e logo no topo já vimos um quadrado de taipa e ali estava o cemitério, haviam 3 túmulos com cruz, uma lapide que não conseguimos ler e ao que parecia algumas covas abertas. Interessante imaginar um lugar inóspito daquele que outrora pessoas moravam ali em um passado não muito distante, mas longe da civilização. E tinham que ali mesmo enterrar seus entes queridos, escolheram um belo lugar para ser os Campos Elíseos destas pessoas. Logo descemos a encosta em direção ao rio canoas e dali iremos a leste para alcançar as bordas da Serra Geral. Naquela altura quando atravessamos o rio canoas ele era tão límpido e cheio de plantas aquáticas, uma pintura natural. Subimos uma pequena encosta e por acaso encontramos a trilha dos índios que liga a Anitápolis, dali subimos uma pequena mata e já no topo paramos para almoçar e contemplar a vista. O dia estava lindo e podia ver o horizonte bem longe, sendo possível ver a serra do tabuleiro e o contraste do mar mais a sudeste. Depois do almoço fomos bordeando os peraus tendo o Morro do Campo dos Padres na nossa direção e mais a noroeste o Morro da Boa Vista que é o ponto mais alto de Santa Catarina onde iriamos acampar. Para alcançar o morro do Campo dos Padres tivemos que dar uma volta para contornar a mata e depois seguir por uma subida bem íngreme. Bem ao longe no colo onde ligava esse morro com o morro da Boa Vista avistamos 2 capatazes campeando o gado. Alcançamos o topo do morro e ficamos um tempo ali contemplando uma das vistas mais bonitas da trilha. Depois seguimos em curva de nível até o colo e em seguida partimos para cima do Morro da Boa Vista, neste momento o Rafa começou a ficar sem água e chegou até a coletar um pouco nas turfas, eu ainda tinha água dentro do meu teste de consumo e cozinha, e ofereci para ele um pouco caso precisasse. Já no topo vibramos pois éramos as pessoas mais “altas” em solo catarinense, localizamos o marco geodésico e ali ao lado acampamos com a porta das barracas virada para o nascer do sol, porem naquele momento presenciamos um lindo pôr do sol, tiramos muitas fotos e vídeos e ficamos curtindo aquele momento. Já dentro da barraca tratei de fazer meu ritual de limpar e secar os pés úmidos dos charcos e passar vick vaporub, um santo remédio para o montanhista já que serve para muitas coisas. Pela primeira vez na vida levei lenço umedecido e tomei meu banho de gato, gostei do resultado melhor que toalha úmida. Tratei logo de me vestir pois fazia muito frio aos 1827m de altitude. Nesta noite cozinhei uma invenção que fiz com sopão+arroz+bacon, porem o arroz não cozinhou o suficiente e o sopão já começou a empelotar, não gostei nada. Ainda bem que sempre levo como emergência 2 pacotes de miojo e tive que atacar um com linguiça frita e queijo ralado. Durante a noite sai para ver o céu, estava menos frio que a noite anterior, mas ainda sim muito frio, consegui ficar um bom tempo ali observando as constelações e algumas estrelas cadentes, também vi ao longe a luminosidade das cidades como da grande Floripa que formava um grande clarão a leste e a oeste uma área menor porem mais luminosa a cidade de Lages. Me recolhi ao aconchego da minha barraca e dormi. Acordei com o vento batendo forte na barraca, chegando até a entortar as varetas, mas a barraca segurou bem. Não dormi muito bem pois volte e meia acordava com o vento. 5° Dia – Morro da Boa Vista – Arranha Céu – Morro da Bela Vista do Guizoni – Campos de Caratuva - 17km de trilha O vento batia forte na barraca, o céu estava bem nublado predizendo que o tempo estava mudando. Como montei a barraca a sotavento, pude deixar a porta aberta e curtir o nascer do sol no horizonte enquanto preparava meu café foi um alvorada fantástico mesmo com o céu nebuloso. Tomei meu delicioso café com brownie e pão sírio/queijo/salame a combinação perfeita e rápida para o desjejum. Logo em seguida desmontamos todo o acampamento. Nesse dia pude testar melhor uma pratica que encontrei para usar o banheiro de forma confortável e privativo (uma dica para as mulheres). A minha barraca Cirrus tem como desmontar o tapete e o mosquiteiro interno sem desmontar a lona do sobreteto e assim deixar o chão somente na grama. Desta forma com toda a mochila arrumada ficando somente o sobreteto e a armação por último, pude dentro da barraca mesmo pôr o meu jornal no chão com cal e dar uma cagada tranquila, depois só por mais cal em cima, embrulhar o jornal, por numa sacola plástica e aí dentro do tubostão. Usei um cano de pvc de 100mm com 2 caps nas extremidades e vedou muito bem, sem cheiro nenhum ou vazamento, tem na internet como fazer. Porem só achei um pouco pesado. Da próxima vez vou testar um pote de tampa larga e de rosca de 1l que tenho em casa, pois é bem mais leve e o volume é o suficiente para uns 4 dias de trilha. Saímos as 8h40 para a trilha o vento era muito forte e o sol já raiava, inclusive quando fui desmontar a lona ela quase sai voando. Nos protegemos bem e começamos a descida pelo colo do Boa Vista com o Morro do Campo dos Padres que é o divisor de águas do rio Canoas e do rio Itajaí, paramos numa pequena nascente e enchemos nossos cantis e seguimos bordeando a Serra Geral. Lá pelas 11h passamos pelo rio Campo Novo do Sul que corre aos pés do Morro Bela Vista do Ghizoni e demos uma parada para um banho rápido e gelado além de aproveitar que paramos fomos almoçar. Nesse momento o tempo voltou a nublar e esfriar. Depois deste descanso subimos até a rampa que dá acesso ao Ghizoni e deixamos nossas mochilas ali e demos uma esticada até o pico do Arranha Céu que estava na borda do Cânion que na outra ponta estava os Soldados do Sebold. Voltamos as mochilas e subimos mais uma rampa e deixamos a mochila novamente e caminhamos por 2h ida e volta no chapadão do Ghizoni por um grande charco de turfeira até subir os matacões do topo onde havia o marco geodésico, ali era o terceiro ponto mais alto de SC e o Morro da Igreja é o segundo. O tempo já estava piorando e voltamos até a mochila já passava das 16h e vimos que não alcançaríamos o objetivo do dia, pois quando olhamos ao longe vimos que iriamos cruzar a parte mais estreita do campo dos padres onde havia perau e Cânion para os dois lados, e tínhamos pelo menos 2 morros com mata para subir e cruzar. Conseguimos somente cruzar o primeiro que tinha uma trilha bem fechada com muitos caminhos de gado até chegar num ponto bem estreito com perau e uma antiga taipa utilizada para cercear o caminho do gado e não cair precipício abaixo. Chegamos em um campo que vimos lá do Ghizoni que tinha uma vegetação diferente, a princípio eu imaginava ser de vassourão, mas a tonalidade era outra, quando chegamos lá me surpreendi em constatar que eram o bambuzinho caratuva bem comum na região do Pico Paraná e que eu nunca tinha visto por essas bandas. Ali a cerração começou a fechar então decidimos já achar um lugar plano para acampar. Montamos nossa barraca bem ao lado da trilha que era bem demarcada e única. Não deu nem uma hora e caiu um temporal, era tanta chuva e vento que tínhamos que manter tudo bem fechado. Fizemos nossa janta nessa condição, uma das escolhas que fiz pela barraca cirrus foi o avanço um pouco maior para que me possibilitasse cozinhar em condições de chuva e vento e também espaço para 2 pessoas para que a cargueira ficasse dentro da barraca. Acabamos dormindo cedo nesse dia. Apesar que durante a noite levantei algumas vezes para conferir se estava tudo em ordem e seco na barraca, pois foi a primeira chuva torrencial que ela pegava, choveu a noite toda, e tudo se manteve seco. Passou no teste. 6° Dia – Campos de Caratuva - Morro das Pedras Brancas – Localidade das Pedras Brancas - BR 282 - 18km de trilha Lá pelas 7h a chuva parou, levantamos e já fomos tomando nosso café e desmontando as coisas. A trilha a nossa frente era um rio de tanta água, fomos secando o que dava na barraca para guardar na mochila e as 8h30 saímos e logo entramos na mata que estava muito molhada e fomos subindo o aclive em diagonal, era uma trilha bem batida na encosta que descia ao Cânion do Rio Campo Novo do Sul, havia muitas árvores caídas e quebradas por conta do ciclone bomba que havia atingido a região a uma semana atrás. Quando saímos no topo o sol já despontava meio tímido, mas a chuva já havia ido embora. Tinha uma bela vista do Morro do Ghizoni e do Cânion logo abaixo. E fomos seguindo pelos campos e cruzando algumas faixas de mata, banhados e turfeiras até chegar ao istmo como uma “ponte” de 5m de largura que ligava o campo dos padres até o Morro das Pedras Brancas, ultimo resquício de planalto ligado a Serra Geral. Já era 12h30 atrasamos meia hora pelas nossas contas, mas ainda sim estávamos muito longe do nosso destino final que era a BR 282 onde tínhamos combinado com nosso amigo Bernhard de o encontrar as 17h. Descemos a trilha íngreme aproximadamente 500m de desnível, nesse ponto o estrago do ciclone foi bem maior, a destruição era grande por toda a trilha. Alcançamos a estrada e fomos seguindo tendo o vale do rio Santa Barbara como caminho. Passamos pela comunidade das Pedras Brancas e precisávamos de sinal de celular e internet para avisar a todos que tudo estava bem e comunicar o Bernhard que estávamos ainda 1h atrasados. Aí passamos por uma propriedade que indicava “informações pousada do vô Chico” paramos ali e conhecemos o vô um senhor nascido ali e bem gente boa que nos emprestou a internet e nos deu uma carona até a estrada. Sorte nossa pois ainda havia uns 7 km a frente com subidas e descidas, mas uma estrada rural muito linda tendo sempre as Pedras Brancas ao fundo como destaque e o vale do Rio que vinha esculpindo um bonito Cânion. Chegamos a BR e encontramos nosso amigo e assim termina nossa pernada. Somamos 80 km de trilha no total
  25. Pessoal, ano que vem ( entre maio e junho) farei o caminho do Norte de Santiago de Compostela. alguém que fez recentemente para me atualizar em relação a valores das hospedagens....alhergues,etc....? grato e bons ventos a todos
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