Pesquisar na Comunidade
Mostrando resultados para as tags ''rio dos cedros''.
Encontrado 2 registros
-
Saudações, mochileiros!!! Este é um relato que me anima compartilhar, uma vez que este roteiro é pouco falado e reflete um lado do estado de Santa Catarina que talvez poucos conheçam, um pouco afastado das oktoberfests, o litoral com suas badaladas praias ou a charmosa e fria serra. E com certeza é um roteiro que inspira amantes de uma boa caminhada. Trata-se do circuito caminhante do vale europeu. Criado a partir de 2006 como uma iniciativa de amigos, empresários e governos locais da região do vale do Itajaí para promover o turismo local, o caminho conta com 12 cidades e mais de 300km de chão, dos quais 9 cidades e 213km são feitos a pé (o percurso maior é feito de bicicleta). Obtive conhecimento acerca desta aventura durante uma visita rápida em Pomerode, feita em 2023, vendo um totem que marcava o início/fim da etapa. Como percebi pelo caminho da fé que tal atividade poderia ser uma nova fonte de aventuras na minha vida, aproveitei que iria passar o mês de setembro/2024 na região para realizá-lo. Há um site devidamente organizado para orientar qualquer pessoa que deseja fazê-lo - https://valeeuropeucatarinense.com.br/circuito-caminhante/, onde constam praticamente todas as informações necessárias e contatos para tirar dúvidas. O caminho é autoguiado, ou seja, em praticamente todo o percurso há placas, totens ou setas indicando a direção certa, além do tracklog e uma cartilha com as direções no próprio site para ajudar os caminhantes. Setas brancas para o caminhante, amarelas para o ciclista. Mamão com açúcar Falarei da minha experiência, dos lugares onde me hospedei e de impressões, dicas e críticas. Sem mais delongas, vamos ao que interessa Primeiramente, tive que ir para Indaial, município vizinho de Blumenau, pois é lá onde o percurso do caminhante tem início e fim (diferente do circuito do ciclista, que começa e termina em Timbó). A pequena cidade transmite uma vibe bastante interiorana e tranquila (por vezes tranquila até demais pro meu gosto ). Resumindo, um lugar bom para se aposentar. Como está no vale, não esfria tanto (na mesma semana tinha pegado 9 graus em Florianópolis, e sair de japona pela madrugada era obrigatório ❄️). A mata atlântica ao redor, a passarinhada, o grande Itajaí-açu, a limpeza das ruas da região central e a conservação das praças tornaram minha breve estadia agradável. As amazônicas vitórias-régia chamam bastante atenção na entrada da prefeitura Todo final de tarde era de lei sentar aqui, comer cuca e assistir a vida acontecendo de diversas formas. A ponte dos arcos com o Itajaí-açu. Peguei a credencial do caminhante no Hotel Fink, onde você deve ir para pegar o certificado no final do circuito. Esta credencial, tal como a do peregrino do caminho da fé, serve para os carimbos que você pegará ao longo do circuito para comprovar que passou pelos lugares. Como o hotel estava sem vagas para pernoite no dia, acabei me hospedando no Hotel Larsen, o que foi uma opção melhor, pois este fica mais perto do início do caminho, bem no centro da cidade. O atendimento e a cordialidade foram muito boas, recebi algumas dicas do que fazer na cidade, etc. Paguei R$ 85,00 com café incluso. Recomendo. Sábado, 07/09 - Indaial/Timbó A cidade (na verdade o país, né) amanheceu mais animada do que o de costume, pois como era feriado da independência, haveriam desfiles. Um tempo nublado e um pouco de neblina típica no vale se fariam presentes naquela manhã. A ponte dos arcos marca o início. Partiu? Essas plaquinhas estão presentes em todo o circuito. Preste sempre atenção Descansado e bastante animado, iniciei a grande caminhada às 7 da matina. Em um primeiro momento, andamos por umas duas horas no perímetro urbano, enquanto que as casas, aos poucos, vão ficando menos numerosas, e vamos adentrando na parte rural da cidade. No caminho, cruzei com uma curiosa cancha de bocha num barzinho fechado. Pode parecer "caboquice" minha, mas sempre tive curiosidade de assistir uma partidinha, esse curioso jogo é meio que o futebol dos habitantes da região . Após passar por um pequeno bairro rural, sou apresentado a uma amostra do que vou ver daqui em diante: morros e mais morros de mata atlântica, campos de arroz, plantações de banana, florestas de manejo, casinhas e fazendas distantes umas das outras. Muitas paisagens paisagísticas de encher os olhos. Enfim, estava conhecendo o interior, de fato No caminho chego na Casa Duwe, que aparentemente foi tombada como patrimônio histórico da região e parece que foi tirada de um conto dos irmãos Grimm. Pensei em dar uma pausa lá, mas os cachorros estavam bem afoitos com minha chegada, e a senhora que estava varrendo o local parecia um pouco incomodada. Como lá não tinha carimbo, resolvi tomar meu rumo. Após aproximadamente três horas de início, finalmente vejo uma placa de um "apoio". Mas ainda precisava subir um sinuoso e demorado morro (no circuito as mudanças de altitude e morros são quase uma constante, treine bem os cambitos). Lá em cima, descubro que sou o único caminhante em dias, e marco minha credencial com o primeiro carimbo 🎉. Lá você pode comprar água e lanches. Como ainda estava cedo, resolvi pular o lanche. E de lá de cima tinha algumas visões de partes do vale. Infelizmente o país estava tomado pelas fumaças das queimadas na amazônia, pantanal e campos paulistas, o que comprometeu a visão dos belos vales ao horizonte. Durante a descida, sou apresentado também aos primeiros borrachudos, que seriam uma desagradável companhia em quase todos os dias . Ainda bem que no meu estado nossa única dor de cabeça é com mosquito. E por fim, passo por um bambuzal, onde consigo mais uma vez encontrar um cajado que fielmente seria uma parte do meu corpo até o final da jornada (e bastão de caminhada é imperativo para este percurso, leve!) Cajado de bambu lvl 1, bom para se apoiar, medir profundidade de poças, espantar cachorro ou pegar frutas. Será que o dono é paleontólogo? Morro descido, e agora na estrada que leva a Timbó, dou a sorte de cruzar com um restaurante aberto, onde compro uma farta marmita. Aproveite cada oportunidade que tiver para almoçar uma refeição completa, pois nem todas as etapas do percurso terão restaurantes acessíveis assim ⚠️ Finalmente, às 14:00, vou entrando nas dependências de Timbó, chamada de "pérola do vale", conhecida como a "capital do cicloturismo", e também início/fim do circuito ciclístico, como já havia mencionado. O complexo turístico do Imigrante, assim como a Ponte do Imigrante me receberam de braços abertos, enchendo meus olhos com tamanha beleza. Muuuuuito legal que simpático e simbólico este simples banquinho 😃 Tinha falado com o dono de um hostel local para deixar "reservada" minha estadia. Quando chego, uma surpresa: dou com o nariz na porta do hostel fechado, e não conseguia falar com o proprietário. Após alguns sustos com os valores de estadia de alguns hotéis locais, resolvo ficar no solar 197, onde fui MUITO BEM atendido. Fora a casa, linda e impecável por fora e por dentro. O local parecia se garantir tanto na qualidade do atendimento que até tinha um livro de mensagens dos hóspedes (repleto de elogios). De longe esta foi a MELHOR hospedagem do circuito onde fiquei. Paguei R$ 145,00 incluindo um maravilhoso café da manhã. Menção honrosa 👏 Com isso, só restava andar pelo centro, comprar lembrancinhas, pensar na vida na ponte do imigrante e ter um agradável sono. 08/09 - Timbó/Pomerode Começo a etapa às 08:00, um pouco mais tarde do que o desejado, pois tirei um tempinho para tirar umas fotos e namorar o bonito centro turístico de Timbó. O dia seria parecido com o anterior, com uma andada pelo perímetro urbano, zona rural e mais uma grande subida de morro. Passaria pelas dependências do morro azul até Pomerode, a "cidade mais alemã do Brasil". sempre uma neblina matinal para embelezar a paisagem... Ao menos as manhãs têm sido frescas, ao passo que o céu ia se abrindo e o sol começava a se manifestar. Como era domingo, praticamente tudo em matéria de mercado estava fechado. E nesse dia não cheguei a cruzar com restaurante. Como tinha frutas, um sanduíche, uns pedaços de cuca e um gatorade na mochila, não cheguei a me desesperar Após duas horas, começo a subir no ramal que leva ao morro azul, dessa vez um percurso menos cansativo, mas bastante longo. Diferente do dia anterior, haviam menos casas e muito isolamento em estradas de mata. Cruzei com alguns ciclistas. Desde o caminho da fé que não trabalho tanto num domingo...😤 Após 3 horas de caminhada, chego numa bifurcação decisiva: o morro azul seria um desvio não programado de 3km morro acima, o que totalizaria 6km ida e volta. Já estava quente. Por outro lado, estava ali, e nem sei quando voltaria na região, fora que pensei na possibilidade de acampar no morro (tem área para camping dentro do parque), e pular Pomerode no dia seguinte para compensar. Ia decidir lá em cima. As dicotomias da vida A subida foi bem puxada, e isso somado com o calor do meio-dia e a ausência de um almoço decente quase fazem eu me arrepender de fazer esse esforço adicional. Mas enfim, cheguei em um dos mirantes, onde mal podia ver Timbó em virtude da fumaça. Mas a visão ainda assim era interessante, e o mirante transmitia tranquilidade. Aproveitei para devorar toda a comida que tinha. Em dias de céu limpo tenho certeza de que as fotos saem sensacionais. Acabei decidindo que ia descer para Pomerode ainda no mesmo dia, pois não queria ter o esforço da descida no dia seguinte, e ainda por cima com fome. Água não era problema, pois pude recarregar as garrafas em um bebedouro do parque 🙌. Inclusive essa é uma oportunidade de pegar água se você realmente precisar no percurso, apesar do desvio. Obs: o "apoio" que tive no trecho anterior não existiu aqui, então leve água e lanche suficiente. Esse trecho é particularmente isolado ⚠️. Não sei o que era pior, a subida ou a descida que aparentava não ter fim, e ainda me levava a subir alguns trechos novamente . No caminho, cruzo com uma curiosa tartaruga que mijou em mim enquanto deixava ela mais afastada da estrada. Imagina se ela pega meu nariz do nada? Após uma exaustiva descida, chego no marco divisório de Pomerode, onde o sinal de internet magicamente resolve aparecer, e onde consigo avistar parte da cidade, naquela velha ilusão do demorado tempo de descida. O famoso "é logo ali" do mineiro, só duas horas para chegar Finalmente após 9 horas de percurso (esse adicional se deve ao desvio do morro azul, naturalmente), chego no belo pórtico sul do município. Willkommen, Stan Tinha falado previamente com algumas hospedagens, algumas já tinha descartado de cara (tinha nego cobrando R$ 140,00 sem sequer oferecer café, um absurdo!), e tentando entrar em contato com duas hospedagens distintas no dia, não obtenho resposta. Por sorte, o Hostel Portal, localizado literalmente na frente do pórtico, estava aberto e até vazio. Não precisaria andar pela cidade à procura de cama. O valor, R$ 120,00 sem café incluso, porém, dava direito a desconto num café parceiro que também ficava próximo ao pórtico. Justo. Não cheguei a utilizar esse desconto pois fiz compras e preparei janta + café por conta própria na cozinha do hostel . O responsável pela hospedagem, super gente boa, ainda me deu uma lembrancinha da cidade. Bons quartos/banheiros. Pelo horário e pelo cansaço, infelizmente não pude andar pela cidade. 09/09 - Pomerode/Rio dos Cedros Esse trecho é o menor do circuito caminhante, não dá nem 20km. Logo, não saí desesperadamente cedo. Andei um pouco na cidade e fui novamente na Pomerode Alimentos, venda de queijos premiados e produtos coloniais, onde aproveitei para comprar algo para casa, e ainda por cima tive a oportunidade de falar com a bela e simpática balconista com quem tinha conversado ano passado. Para minha surpresa, ela lembrava de minha pessoa. Deixei um presente de minha cidade para ela e sugeri que me procurasse, caso resolvesse conhecer o Amazonas. Seria legal se isso acontecesse, pois tinha simpatizado bastante com ela. Enfim, às 10:00 começo de fato a caminhada até a próxima cidade. Na saída do perímetro urbano, passo por um restaurante. Mais uma oportunidade de comer bem e compensar a miséria do dia anterior. Ainda por cima havia Eisbein e chucrute inclusos no cardápio Por vezes mochilar significa comer - literalmente - na beira da estrada, e está tudo bem. Fato: apesar de ser o trecho mais curto, é o menos interessante, pois ele é feito quase que totalmente na estrada, com poucas oportunidades de desvios de ruas de terra. Isso se devia, pelo que me explicaram, a tentativas de acordo com fazendeiros locais para permitir um caminho viável "por dentro" das áreas de fazenda que ainda não deram certo. Com isso, prepare-se para ver caminhão passando em alta velocidade por você após o almoço, passo pelo Museu casa do imigrante Carl Weege, que conta um pouco da história da colonização da região e modo de vida do homem do campo. Infelizmente, por ser segunda, estava fechado. Mas ressalto que é uma boa parada, pois há banheiro (quando está aberto) e uma pequena área coberta para descanso, piquenique... Seguindo em frente, vou pela SC-110 vendo fazendas, casinhas no estilo arquitetônico do enxaimel, e muito asfalto. Não cheguei a ver comércio ou mais restaurantes, mas havia venda de produtos como mel e banana em algumas casas. Em determinado momento há um breve desvio por dentro de área de mata e fazenda. Particularmente achei bonito o visual de entrada. Após a estrada de terra e um cemitério, avisto a plaquinha de entrada no município de Rio dos Cedros. Havia uma simples pracinha onde via uma frase em italiano, evidenciando a influência daquela pequena cidade. Nas dependências havia o Hotel e Restaurante Joanna Bella, onde pensei em me hospedar, mas como tinha chegado cedo na cidade, resolvi bater no centro (a uns 2km dali) para ver se haviam mais opções de hospedagem e concluir a etapa do dia no letreiro da cidade. Pensei em acampar no parque da cidade, mas não tinha obtido retorno na tentativa de contato, além da possibilidade de o mesmo estar indisponível, por ser uma segunda. Fora isso só tinha visto um hotel no centro, cuja dona estava ausente. Descobri também que por um dia de diferença tinha perdido a festa trentina que estava ocorrendo na cidade Com isso, retornei para o Joana Bella, e a estadia foi bastante agradável. De família de descendentes de italianos, o restaurante possui uma temática caseira com itens antigos e vários recortes de notícias da história da cidade. Um em particular me chamou a atenção, que falava do episódio de neve no vale em 2013. Conversei animadamente com alguns locais sobre a cidade e sobre meu estado também. Aqui paguei R$ 120,00 com café incluso. 10/09 - Rio dos Cedros/Benedito novo Acordei com o canto do galo para apreciar o friozinho da madrugada, a paisagem natural ao redor e o som da passarinhada em peso. Uma coisa que tinha reparado (e dava graças a Deus por isso) é a pouca quantidade de gatos na região, o que permitia até que passarinho catasse fruta no chão. Saí às 7:00, tendo que passar novamente pelo centro da cidade. Curiosamente notei que alguns cursos d'água estavam recebendo barragens de pedra nas laterais, acredito que era uma forma de minimizar os efeitos das enchentes futuras (tendo em vista as recentes tragédias em Rio do Sul e no Rio Grande do Sul). Esse trecho foi um dos mais bonitos do caminho, foi ótimo voltar a ver os grandes campos e trabalhadores rurais em mais um dia de batalha. Perdi a conta de quantas vezes dei acenos de cabeça ou falei o universal "opa!" ao passar pelos locais em suas hortinhas. Após alguns campos, começo a subir novamente em trechos de pequenos morros, ficando isolado. Não demoro a chegar num pequeno e belo curso d'água no caminho. Aparentemente ali fica a captação de água para a região. Confesso que a tentação de tomar um banho e tirar uma horinha aqui falaram bem alto... ...Até lembrar dos avisos de restrição e buracos de bala. Como o catarinense não só costuma se armar como também não tem muita paciência com bandido, não queria dar trela e gerar um mal-entendido Subindo mais um pouquinho, dou uma olhada para o lado e paro. Tinha chegado num "mirante não oficial" com uma BELA vista da região de onde vinha. Passei uns minutos ali, parado, no meio da estrada, apreciando aquela aquarela natural. O vale em sua mais pura essência... Por mais uma horinha ou duas fiquei bastante solitário naquele ramal, com poucas oportunidades de ver pessoas nos poucos carros ou motos que passavam. 90% das fazendas ou casas aparentavam estar sem pessoal no dia. Fiquei a pensar como me viraria em caso de uma emergência. Tenso. Por fim, um cartaz anunciava minha chegada nas dependências de Benedito Novo. As casas voltaram a aparecer com mais frequência. Parei em uma parada aleatória para "almoçar" o lanche que tinha preparado no Joana Bella. Alguns piazinhos chegavam da escola de ônibus e olhavam curiosos para minha figura, cheia de apetrechos e solitária. Tinha chegado relativamente cedo, umas 13:00 no totem que anunciava o final do trecho. Agora tinha que ver hospedagem e procurar almoço. Havia um espaço aberto para piquenique e churrasco bem legal nesta parte do município. Benedito Novo é um município com um território considerável, mas parece que ele foi construído "aos poucos" e "fragmentado". Um pedaço aqui, sobe a estrada um pouco e mais um pedaço, depois mais um pouco de estrada e chegamos a outro pedaço do município. A hospedagem onde pretendia ficar estava distante do pequeno centro (e do supermercado), então foi um vai e vem bem complicado. Gostei da pequena praça no centro. Não cheguei a achar restaurante (não queria descer estrada demais), então tive que devorar x-salada num barzinho parceiro do caminho. Fazer o q 🤔 Haviam cachoeiras nas dependências da cidade, mas era necessário carro ou pelo menos uma bike para chegar nelas, o que era uma pena, pois a tarde foi razoavelmente quente e ensolarada. Enquanto me dirijo à hospedagem, sou parado por um "coroa" estacionado na beira do Rio Benedito, que começa a puxar papo. A princípio, achava que era simples curiosidade de morador, até que ele fala que tinha me "reparado" andando no centro da cidade, e começa a fazer perguntas sobre minhas viagens, até que ele chega a perguntar se eu fico "sexualmente" ativo nessas aventuras. Ok, tinha um cidadão literalmente DANDO em cima de mim mesmo??? dou umas respostas educadas porém curtas, minto sobre meu próximo destino (não sei, né, vai que.....) e corto uma despedida, enquanto que ouço um "ah, espero que a gente se encontre por aí, caso der pra rolar qualquer coisa..." Primeiro: eu estava sujo, suado, queimado e até magro, que mau gosto da moléstia!!! . Segundo, PUTA MERDA, pq eu não tenho esse "chama" pras Fridas da região???? Terceiro: tratei de comprar uma pequena faca no mesmo dia. Curiosamente, mais cedo uma mãe tinha me parado num dos ramais perguntando se tinha visto um rapaz que estava desaparecido. Será que estava sendo avaliado por um potencial sequestrador??? Meu descanso do dia foi na Pousada Antônio Campestrini. Ali havia o primeiro ponto de água disponível para ciclistas e mochileiros de passagem. A sra. Tânia, responsável, foi muito agradável e solícita para passar informações. Mesmo que eu não tivesse ficado lá, ela ainda foi muito gente boa em recomendar hospedagens nas outras cidades. Conversamos bastante, e aproveitei para comprar uma camisa e um "patch" do circuito. A hospedagem custou R$ 120,00 sem direito a café, mas com uma maravilhosa suíte. Há a opção com café, mas era R$ 190,00, o que achei uma "facadinha". E tem uma opção de quarto de R$ 90,00, mas que estava ocupado no dia. 11/09 - Benedito Novo/Doutor Pedrinho Levantei cedinho, pois esse trecho era um dos mais longos do caminho (não lembro se o maior, aproximadamente 30km), com direito a mais subidas. Curiosamente era o primeiro trecho com bifurcação, oferecendo duas opções que iriam dar em Santa Maria, o que acredito ser um "distrito" de Benedito Novo. Pensando na abordagem que tive no dia anterior, optei por seguir a estrada principal e ter mais "civilização" por perto, sempre atento aos carros de passagem. A primeira parte do trecho é bastante urbanizada, mesmo ao pegar o ramal de terra. Ouvia as conversas em algumas casas, onde era possível perceber algumas expressões que acreditava ser italianas, além do sotaque bem carregado da região. Dei bastante risada ao ouvir uma senhora que dava bronca no cachorro que insistia em latir para mim. Após algum tempo, volto a ficar só nos ramais rurais, até chegar na antiga usina de Santa Maria. Estava bem seca. Fiquei a me perguntar se funcionava. Mais embaixo, havia um belo mirante da região, que infelizmente não foi perfeito em virtude da fumaça. Naquela estrada secundária em particular passavam vários carros e caminhões, o que me levou a crer que tinha escolhido o caminho mais tranquilo. Ali havia uma obra de asfaltamento e urbanização da grande estrada em curso. 🤔 No final da matina, chego no "centro" de Santa Maria, onde paro para fazer umas comprinhas, procuro um restaurante aberto (sem sucesso) e pego um pouco de wi-fi na paróquia local. Ainda faltaria bastante chão. Seria mais um daqueles dias quentes e de céu aberto. Queria me aliviar um pouco com um banho. Sendo assim, após passar por algumas corredeiras em áreas de fazenda, cruzo com uma na beira da estrada, sem cercas ou sinais de ser privada, e com uma pequena trilha improvisada na mata. Precisava dar uma folga a meus cansados pezinhos. Água transparente e geladinha deu para ficar por uma horinha aqui, enquanto que os poucos carros e motos de passagem sequer me viam. favor ignorar o pneu no fundo Após avançar mais um pouco na estrada, cruzo com a segunda corredeira, ali sim aparentava ser um "point" de banho da piazada aos domingos. Não pensei duas vezes, ignorei o fato de que estava longe do destino final, e parti pro segundo banho 💦🏞️ Um cabra de férias na beira da corredeira numa tarde de quarta não quer guerra com ninguém... Os banhos foram um alívio, mas esse trecho estava bastante cansativo mesmo assim. Precisei parar numa serraria para pedir água, onde me liberaram para usar a torneira de água de poço. Após uma grande subida ao longo de plantações de manejo de eucalipto, chegava num atrativo turístico conhecido, a Gruta Santo Antônio. Bem legal para tirar fotos, apreciar, e havia um pequeno altar no fundo da mesma. Isso é um grutão!! E logo mais acima, antes de enfim começar a fazer a descida final, passo por um charmoso trecho em uma floresta de pinheiros. Sentei e descansei por um tempo aqui, pois gosto da vibe que esse tipo de lugar passa. Após uma longa descida, chegava em Doutor Pedrinho com pouca luz do dia disponível, após 10 horas de caminhada (esse foi o trecho mais cansativo, mas também foi o que permitiu mais pausas). Minha hospedagem seria o Hotel Dan, onde paguei R$ 90,00 sem café. Havia a opção com café, mas a meu ver a diferença de valor seria mais interessante para comprar ingredientes para fazer alguns lanches, pois eu iria acampar no dia seguinte. Sendo assim, minha "janta" seria x-salada num lanche local Obs: em setembro de 2024, apenas o sinal da TIM existia aqui. Fora isso, só pegando wifi nos lugares ⚠️ 12/09 - Doutor Pedrinho/Ribeirão Liberdade (Benedito Novo) A partir daqui o percurso começa a retornar para Indaial, a partir de alguns bairros rurais em uma região de morros, com muita estrada de terra e mata para admirar. E esse trecho normalmente se divide em duas partes, embora seja possível (mas não acho interessante) ir direto para Rodeio. Há várias opções de descanso, como pousadas, chalés de montanha e alguns campings. Estava cansado de tantas pousadas, queria acampar um pouquinho. Dito isso, tinha reservado um pernoite no Camping e Cabana Vale da Liberdade. Apesar de o camping estar relativamente perto de Doutor Pedrinho (~13km), tinha programado um desvio de 5km até outro atrativo turístico que tinha despertado a minha curiosidade, a Gruta Nossa Senhora de Fátima. Mesmo assim ainda seria um dia com menos caminhada do que os anteriores. A primeira etapa consiste de uma caminhada no perímetro urbano da cidade, sempre com grandes campos alagados, os trabalhadores arregaçando as mangas no lamaçal e o horizonte repleto de morros e florestas naturais/de manejo. A bifurcação começa quando chego no Salto Donner, que estava bem sequinho e desinteressante, a meu ver. Para minha alegria tinha restaurante ali, onde provavelmente pararia na volta. Com isso vou no sentido contrário, rumo à gruta. Após 1:30, chego nas dependências deste santuário verde, e meus amigos e amigas, que SENSACIONAL. Com certeza foi o local mais incrível que conheci nesta viagem!! Neste atrativo foi construída uma trilha de acesso com altares das estações da via sacra, e um belo conjunto de passarelas na gruta propriamente dita, com direito a uma pequena queda. Não vou negar, deu uma pequena emocionada, o som da natureza, o silêncio da gruta, o frescor do sombreado, a cascatinha em queda, tudo orquestrava para uma paz de espírito sem igual. Sou meio cético em relação a casamento, mas se tivesse a oportunidade, casaria ali com toda a certeza. Fiquei "sozinho" por uma hora naquele recanto, enquanto pensava na vida e contemplava um mural de "promessas e agradecimentos", refletindo sobre tantas histórias de vida distintas ali. Mas como alegria de pobre dura pouco, precisava ir embora. Almocei no restaurante do mirante do Salto Donner. Mesmo sendo um restaurante de aspecto chique, o responsável foi muito cordial comigo, mesmo sendo um pobre mochileiro que apenas queria uma marmita. Após um pouco de descanso, voltava a andar, desta vez no caminho correto. Passei por algumas vezes ao lado das corredeiras do Rio Benedito, em cenários que pareciam ser tirados de filme americano. O dia estava quente, então precisei parar duas vezes para pedir água e recarregar minhas garrafinhas. Nas duas vezes fui bem recebido pelas moradoras locais. Às 15:30, chego no camping. Para minha surpresa, estava tudo fechado e sem gente. E ali não havia sinal de internet. A responsável tinha me avisado antes que deixara um dos portões "encostado" para mim. Um baita alívio. Pego o wi-fi do local e entro em contato com a gestora, que estava em Criciúma numa convenção de campings mas o marido dela chegaria no final da tarde para me receber. Ela disse que podia usar o espaço como quisesse e depois me acertar com eles. Um belo voto de confiança! Este sem dúvidas foi o melhor camping onde já fiquei. Belas e organizadas instalações, com espaço para trailer, espaço para barracas, casinha com churrasqueira... A cereja do bolo é a cascata e a corredeira, bem ao lado, me chamando para um banho de final de tarde. para o dia, não queria mais nada. Tudo deu certo neste dia. Até água quente para fazer cafezinho tinha conseguido. A noite foi fresca e pude dormir como um bebê ouvindo o barulho do riacho ao meu lado. 13/09 - Ribeirão Liberdade/Rodeio/Ascurra/Apiúna Esse dia foi bem agitado por vários motivos. Estava sempre consultando a previsão do tempo, e pelo que constava antes, iria ficar um tempo firme hoje, no dia seguinte poderia chover um pouquinho e dois dias depois poderia chover um poucão. Apesar disso, tinha ido preparado. Estava indeciso entre acampar no Rancho k2000 e permanecer mais um dia na região, ou ir para Rodeio e no dia seguinte conhecer ele e Ascurra, antes de finalizar o percurso. Iria ver como isso ia desenrolar. Fiz meu cafezinho com o remanescente dos lanches que tinha feito em Doutor Pedrinho, e contava com algum lanche ou restaurante aberto no caminho para me deixar com tanque cheio. Se não estava enganado, passaria pelo Restaurante e Lanchonete da bike gigante, conhecidíssimo entre a galera do pedal. As paisagens estavam ainda mais lindas naquela manhã neblinosa. Na verdade, neblinosa demais. 🤔 Estava com a impressão de que pegaria chuva. Na região passo por várias fazendinhas, e mais uma vez podia ver de perto o início do dia dos fazendeiros locais, com seu gado para dispersar nos campos ou galinhas para alimentar. Simples, mas ao mesmo tempo bonito. Não demoro muito até chegar em um bairro mais organizado com uma pequena igreja luterana (essa denominação é bastante presente na região) construída no estilo de enxaimel. Muito bonita para ficar admirando de longe ou de perto. Tudo limpo e organizado. Até eu iria querer ser enterrado no cemitério ao lado Após esta atração, começa a chuviscar. Pior, não era uma simples chuva. Ia descobrir depois que era a tal da chuva negra, resultado da fuligem da fumaça das queimadas que estava na região. Ela pode ser prejudicial para pessoas mais sensíveis, mas no meu caso não resultou em nada. Era hora de parar em uma casa na estrada e me encapar. Nisso passo por um ciclista acompanhado pela mulher (de carro) que já tinha pegado bastante chuva. Trocamos informações brevemente, desejamos bom percurso a cada um e seguimos então em sentidos opostos. Já um tanto molhadinho e encapadinho. Essa chuva não deveria cair hoje. O tempo deveria ser de nublado, no máximo. Com isso em mente, decido que iria para Rodeio. Como estava sem internet (normal), não podia consultar mudanças no clima. Passo pelo segundo ponto de coleta de água para quem estava de passagem. Mais ou menos meio-dia chego no lanche da bike gigante. O lugar é bem divertido pela temática e pela "rusticidade". Bikes de diversos tipos e idades decorando o local, mais as duas grandonas de madeira. Como sou ciclista, fiquei bem cativado pelo lugar. Tinha descoberto que havia camping no local também. Em outras circunstâncias, teria ficado logo aqui. o tamanho da minha paixão por bike 🚲 Havia refeição, mas achei o valor do buffet um pouco salgado, e eles não serviam marmita. Então me contentei com café e bolo para recarregar a glicose e enganar o bucho até chegar na cidade. Passo pelo k2 mil, que possui uma tirolesa gigante que literalmente atravessa aquele vale. Uma atividade para uma futura visita na região??? Após um tempo, começo a fazer uma grande e gradual descida. Como tinha subido bastante nos primeiros dias, agora era hora de descer. No caminho passo por uma curiosa casa de pedra, que apesar de ser uma residência normal do proprietário, aparentava ser um restaurante ou uma pousada . Tive uma agradável conversa com o dono, também. Por fim, antes de chegar em Rodeio, passaria por mais uma atração, o caminho dos anjos. Idealizado por um morador local, este pequeno trecho conta com mais de sessenta estátuas de anjinhos com hortênsias ao redor de uma réplica do Cristo Redentor. Muito bonito para uma pausa. Na época das hortênsias o lugar deve ficar ainda mais espetacular. Chegando nas dependências de Rodeio, passo por mais um ponto de descanso e abastecimento de água. Fiquei a pensar em como isso deveria ter em todos os trechos do percurso. Espero que resolvam isso. Finalmente chegava na cidade, às 17 horas. Apesar do fim de tarde, ainda dava tempo de ver as hospedagens disponíveis na cidade. Eram poucas. Tive que me contentar com a mais "central", quase do lado da prefeitura. Para minha surpresa, naquele dia estava fechada 😑. A gerente me indicou outra pousada, que além de ficar um pouco longe, era na contramão do percurso. Com isso, me vi obrigado a ir para Ascurra. Por sorte, ambos os municípios pareciam mais bairros vizinhos, uma vez que era só atravessar uma avenida de poucos km para mudar de CEP . Já era de noite quando resolvi parar num posto de gasolina para "jantar" e perguntar por hospedagens locais. Mais uma vez fui surpreendido com a escassez de hotéis e afins (nem motel vi nas ruas e estradas, fiquei me perguntando se o povo local namorava no mato ), sendo informado de que havia apenas um no centro. O valor, 200 pilas, e nem sabia se havia café incluso, e isso pq era hospedagem parceira do circuito! Uma coisa é ser mão de vaca e não querer pagar hospedagem decente, outra coisa é gastar adoidado e ficar sem dinheiro no final do mês (depois desse circuito ainda passaria 15 dias no Paraná, tinha que "manerar" nos gastos). Com isso minha estadia em Rodeio e Ascurra tinha miado. O "plano C" era o município de Apiúna, que faz parte do circuito, mas não é obrigatória a passagem por ele ser "na contramão". Em compensação já tinha ciência de uma pousada interessante por lá (90 pilas e com café incluso). Estava decidido. Mas estava cansado e não queria ir a pé. Outra surpresa: aplicativo lá é praticamente inexistente. Mais uma vez tive que recorrer à atendente do posto que tinha chamado um "taxista" local. Às 8 da noite já estava fazendo check-in na pousada dois Bernardi. Aproveitei para ir na rodoviária e ver horário de ônibus de volta para Ascurra (ia conhecer a cidade, pegar carimbo e começar o percurso de lá). Para minha decepção, o primeiro ônibus do dia saía às 11 da matina. Sem condições. Teria que fazer os 30km finais à pé a partir de Apiúna. E bem cedinho. Para o dia seguinte havia alerta de temporais no estado, inclusive na região do vale. Com isso, dormi o mais cedo que pude. 14/09 - Apiúna/Indaial (final do circuito) Resolvi levantar às 3 da manhã. Já chovia um pouco. A possibilidade de pegar chuva forte no meio "do nada" me preocupava. Fiz o check-out, e para minha alegria já havia café disponível (mesmo o horário do café sendo às 5:30). Como passam muitos caminhoneiros pela cidade, aparentemente o café e restaurante era 24 horas. E apesar de ser madrugada, o local estava até animado. Nunca vi tanta gente falando mal do governo federal num só lugar De estômago cheio, começava a etapa final do circuito às 4 da matina. A cidade de Apiúna aparentava ser uma grande reta, e curiosamente tinha mais hospedagens visíveis ali do que em Rodeio e Ascurra juntos tudo bem quieto naquela madrugada, e apesar de estar no estado mais seguro do Brasil, torci para que não arrumasse problemas. A ida pela estrada fria foi até divertida. Pela primeira vez na viagem me permiti ouvir música. Era uma figura maluca cantando sozinho na estrada chuvosa e escura, de t.A.T.u. a rock pauleira. Era cômico. E por alguma razão me sentia mais vivo do que nunca naquele momento podia chover canivetes que nada iria estragar meu humor naquela manhã. Passava pelos limites de Ascurra às 6 da matina, com a luz surgindo, mas sem sol. Relampejava no horizonte. Essa última etapa passa pela rua Indaial, margeando o Itajaí-açu e acompanhando a BR-470 do outro lado do rio. Era basicamente estrada de terra com as casas ficando cada vez mais escassas. Aqui via mais plantações de arroz e banana. Contemplo a naturalidade das belas paisagens finais daquele passeio, dignas de um quadro pintado a óleo. Estava "sozinho" novamente. A chuva dá uma trégua, o que me anima. Aproximadamente às 8:30 chegava nas dependências do bairro do Warnow, uma importante referência de Indaial. Infelizmente a ponte coberta, ponto turístico para belas fotos, estava em reforma. Talvez você, próximo/a caminhante, consiga pegar ela formosa e reformada. Outro ponto comentado onde muita gente para e tira fotos é a Ponte pênsil do Warnow. Uma grande ponte que balança e com um controle rígido de passagem, pois só permite um veículo por vez. Não sabia se era permitida a passagem de pedestres, mas também não vi avisos de proibição. Entretanto, não achei interessante atravessá-la. Mesmo dentro do perímetro urbano, ainda faltariam duas horas para a conclusão do percurso. Aqui não há nada a ser destacado, era apenas caminhada na estrada. Finalmente, às 11:30, chegava mais uma vez ao hotel Fink, onde pegaria o último carimbo e o certificado de conclusão do circuito. yaaaay!! 🥳🎊 Com isso, o caminho estava oficialmente concluído, com louvor! Pela necessidade de descansar e pela simpatia por Indaial, resolvi ficar o fim de semana na cidade, hospedando-me novamente no Larsen, onde fui novamente bem recebido. Antes do dia encerrar, precisava me despedir do meu fiel parceiro. Da natureza veio, à natureza volta. Que o Itajaí-açu seja seu descanso. Obrigado. Pontos a serem discutidos para quem deseja fazer - Apesar de ser um percurso autoguiado, acredito que o ideal seja fazer com uma dupla/grupo, ou algum tipo de apoio. Eu fiz só pq sou meio kamicrazy Fukushima tenho certa experiência com percursos de longa duração, e estava bem equipado. Mesmo assim, a possibilidade de incidentes com o clima, animais ou um bela crise de caganeira no meio de um ramal isolado é real, então é bom botar isso na balança. - Ainda neste assunto, os pontos de apoio ainda são escassos. Não que seja necessariamente culpa da organização do circuito. É que certos ramais são minimamente habitados mesmo. Que eu me lembre, apenas a parada de mochileiros no primeiro dia, o salto donner, e o restaurante da bike gigante nos dias finais. Inclusive fica difícil pegar carimbo. Poderia haver mais pontos de coleta de água também. Portanto, sempre vá bem guarnecido em termos de alimentos e água. - É quase impossível se perder, como já falei. Não só há setas como placas durante quase todo o percurso, e a cartilha que pode ser baixada no site também dá as direções. - Apesar de ter sido cantado por um senhor durante o caminho em nenhum momento me senti inseguro de verdade. As pessoas são amigáveis, algumas mais fechadas, outras nem tanto, mas não vi consumo de drogas, lugares pichados ou indícios de pontos de assalto. SC é um estado incrível nesse aspecto. - Tenha em mente que você irá andar numa média de 6 a 10 horas, dependendo do trecho. Use um calçado de confiança e leve bastão de caminhada. Caso não tenha, peça no Hotel Fink um cajado. Eles guardam alguns de caminhantes anteriores. É bom levar algo para possíveis bolhas nos pés, também. - O percurso pode ser feito durante o ano inteiro, mas no inverno ele é melhor em virtude de ser uma época seca. Também recomendo que você tente ver o calendário de festividades das cidades do circuito, pois aí está uma boa oportunidade de conhecer mais da cultura local. Por exemplo, há a festa pomerana em Pomerode, a festa do imigrante em Timbó, ou a festa trentina em Rio dos Cedros (que tinha perdido). Também há um passeio de maria fumaça nas dependências de Apiúna em dias específicos. - Após o café da manhã nas pousadas, há a possibilidade de vc "montar" um pequeno lanche para a trilha. Acerte isso previamente com os responsáveis das hospedagens, pois alguns lugares cobram uma taxa extra para isso, outros não. - As hospedagens em algumas cidades são escassas. Se possível, reserve com antecedência em cada lugar, para evitar perrengue. Pesquise bastante para não acabar pagando muito em lugares que não valem a pena. Nesse aspecto acho que o circuito apanha do caminho da fé, por exemplo, pois no geral as pousadas são mais baratas lá e incluem janta e café. Mas cada um com a sua forma de trabalhar, né? - E o mais importante, APROVEITE!!! Considerações finais Estes 8 dias foram encantadores! Já tinha uma noção do que poderia ver, mas este circuito literalmente superou as minhas expectativas. A imersão na natureza, o contato com a simplicidade do campo e culturas tão diferentes foram fatores que tornaram a caminhada maravilhosa. Tudo foi perfeito? Claro que não, não deu para conhecer todas as cidades, fiquei procurando hospedagem em alguns lugares, choveu no final do percurso, e isso atrapalhou um pouco, mas, o mundo não ia acabar por isso. Voltaria a fazer? De bicicleta, talvez, pois há mais cidades envolvidas (que não tinha visitado), e quem sabe poderia voltar em época de festividades. Mas por ora guardarei com carinho as lembranças desta aventura, com o que vi, ouvi e senti. Com certeza isso valeu a pena e já me inspira a fazer o próximo percurso de longa duração no país. Viva à diversidade cultural!!!! 👏
- 11 respostas
-
- 5
-
- vale europeu
- indaial
- (e 5 mais)
-
Então pessoas, estou novamente compartilhando um lugar que achei bacana para acampar. No intuito de apresentar algumas opções desse tipo de atividade pelo Médio Vale do Itajaí, temos o Morro de São Bernardo, qual fica na localidade de Alto São Bernardo, no município de Rio dos Cedros/SC (cerca de 50km de Blumenau, só para ter uma base). Trata-se um morro utilizado principalmente para a prática de voo livre (normalmente parapentes), com duas opções de saltos (uma para a cidade de Rio dos Cedros e outra para Timbó). Naturalmente vale a pena conferir a visão panorâmica que o lugar oferece. Bom, inicialmente meu objetivo era percorrer o trajeto até o lugar caminhando, mas devido as previsões climáticas decidimos ir de carro para não correr o risco de ensopar desnecessariamente (seria cerca de 05hrs caminhando). O trajeto até o acesso ao morro é tranquilo, similar às ruas rurais dessa região, todavia o percurso da intersecção que marca a subida para Alto São Bernardo até propriamente o lugar de acampamento é menos utilizado, e por isso, menor, ocasionando em trechos que dois carros não conseguem trafegar simultaneamente. Chegando no lugar de acampamento, há uma pequena área para estacionamento e o acesso para a área de camping é bloqueada para carros. Felizmente quando chegamos o proprietário do imóvel estava no local e nos recepcionou (eu já havia conversado com ele antes via whatsapp, mas não tínhamos combinado nada - ele apenas estava lá fazendo a manutenção do terreno), acertamos que iríamos acampar (R$ 15,00 por pessoa) e que também pegaríamos um saco de lenha (R$ 10,00, bastante lenha). Vale destacar que, por ser uma propriedade privada, o acesso ao morro é controlado, havendo um momento definido que o portão fica aberto para entrar. Também acho bacana dizer que, caso você deseje apenas dar uma volta por lá, contanto que seja no horário, o proprietário não cobra nada (se for fora do horário ele cobra R$ 5,00 por pessoa). Quanto a área de camping, posso dizer que é muito boa (bem mantida, com espaços definidos e área coberta). Tão quanto, há estrutura de banheiros (bem conservados - masculino, feminino, e acessível) e até ducha quente (caso você acampe), e também pontos de energia. A água do banheiro é potável (nascente), então tem bicas caso você precise. Quando fizemos o pagamento, conversando um pouco com o proprietário, o mesmo informou que estava investindo em novas áreas para acampar, tentando organizar melhor os espaços para quem desejava apenas usar barracas, quem quer montar tendas, e pro pessoal que vinha com motor home. Havia bastante fluxo de pessoas apenas dando uma voltinha para curtir o final de semana.