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O saco de Mamanguá, Paraty Mirim e a Reserva Ecológica Estadual da Juatinga pertencem à Área de Proteção Ambiental (APA) de Cairuçu, localizada na cidade litorânea Paraty no Rio de Janeiro. Paraty tem uma população estimada de 41 mil habitantes e apesar da alta temporada ser no verão, fomos em junho e o clima estava ótimo, com poucos turistas e praias quase desertas. Abaixo segue o roteiro que fizemos a pé e de barco. COMO CHEGAMOS Saindo de São Paulo, pegamos um ônibus da Reunidas na rodoviária Tietê, para Paraty. Foram 7 horas de viagem com 2 paradas de 30 minutos. Saímos às 8h00 e chegamos às 15h00 em Paraty. Almoçamos e voltamos para Rodoviária, ficamos 1h20 esperando o ônibus que vai para Paraty Mirim. Depois descobrimos que esse ônibus parte a cada 2 horas, pois só tem um ônibus fazendo esse trajeto. Saímos de nossa casa em São Paulo às 6h30 e chegamos em Paraty Mirim 18h45. Ou seja, um dia só para chegar. Acampamos no Camping do Jesus que fica ao lado de um campo de futebol. Como era baixa temporada, tínhamos um gramado enorme só para nós. DIA 1 - Paraty Mirim, Saco do Mamanguá, praia do Cruzeiro Acordamos e fomos para o começo da trilha, que fica um pouco antes do pier de Paraty Mirim. Neste primeiro dia saímos de Paraty Mirim e fomos andando até o final do saco de Mamanguá. Tem uma boa subida no começo e depois a trilha fica mais amena. Neste pedaço a trilha é bem demarcada, pois tem muitas casas de veraneio e até pousadas. Percebemos que quando não tem casas de veraneio a trilha ficava bem rústica. A última praia era habitada por caiçaras. A energia elétrica chegou lá em 2013. Até então eles usavam outros tipos de energia, como a solar. Encontramos na travessia caiçaras que estavam felizes com chegada da eletricidade, outros ansiosos para a energia chegar em seus cantinhos e outros felizes com sua energia solar e não desejando que os postes de luz se aproximem. Nesta praia especificamente, eles estavam bem felizes com a eletricidade. E provavelmente as crianças e professores da escola desta praia também estavam. É possível acampar lá por R$ 30,00 (preço de baixa temporada). Mas acabamos pagando um barquinho para atravessar o saco para o outro lado, rumo à Reserva Ecológica Estadual da Juatinga e acampar em um camping mais estruturado. Chegando na praia do Cruzeiro, acampamos no Camping do Sr Orlando, com energia elétrica e com um delicioso banho quente. Essa é uma das vantagens da eletricidade para nós urbanos. Este Camping é bem estruturado, com vista para o mar e servem refeições com peixes recém pescados. Infelizmente fomos com dinheiro contado e não saboreamos um pescado nesta viagem. E não encontramos nenhum local que aceitasse cartões. Snif, snif... Resumo do dia 1: Total percorrido: 7,8 km Tempo: 4h30min Pontos de água: vários Elevação: subimos 521 metros e descemos 554 metros Altitude máxima: 211 metros Dificuldade: Leve DIA 2 - praia do Cruzeiro, pico do Pão de Açúcar, praia do Engenho, praia Grande da Cajaíba A idéia deste dia era seguir até Martim de Sá. Mas não tivemos pernas e tivemos que pernoitar antes. Isso porque não resistimos ao Pico do Pão de Açúcar que fica ao lado da praia do Cruzeiro, e nos desviamos um pouquinho do caminho. Isso nos atrasou. Levamos uma hora para chegar no Pico no Pão do Açúcar, a 435 metros de altitude, onde é possível apreciar o belo Saco de Mamanguá. O Saco do Mamanguá é o único fiorde tropical da costa brasileira, um enorme vale formado por rochas e inundado de água, que se estende por 8 Km até se encerrar no manguezal da Baía da Ilha Grande. Valeu a pena desviar o caminho. Mais uma hora e descemos de volta para trilha. A trilha estava bem demarcada neste trecho. Mas depois de 720 metros ficamos um pouco confusos por onde seguir, pois no meio da trilha tinha uma casa, com uma placa pendurada "Propriedade Particular". Por sorte chegou o caseiro e ele nos guiou até a trilha, que passa no quintal do fundo da casa. Na verdade a casa é que passa pela trilha e por isso, apesar da propriedade ser particular o dono não pode obstruir a passagem. A trilha segue até a praia do Engenho. Da praia do Cruzeiro até a praia do Engenho foram 3,7 km. Neste trecho a trilha é parcialmente coberta do Sol e o caminho bem marcado, deve ter muita circulação de pessoas, e as casas de veraneio devem ajudar na manutenção da trilha. Descansamos embaixo de uma árvore na praia do Engenho, lanchamos e nos abastecemos de água. Depois da praia do Engenho a trilha é totalmente coberta do Sol e um pouco fechada. É um sobe-e -desce, bem parecida com a trilha que vai ao Pico do Pão de Açúcar. Como é puxada devido ao desnível, acredito que poucas pessoas andam por lá. Demoramos quase 4 horas (parando para descansar no topo) para andar esse trecho de 4,3 km com altitude máxima igual ao Pico do Pão de Açúcar de 435 metros. Depois de sobe-e-desce chegamos na Praia Grande da Cajaíba às 17h20. Para nosso alívio tinham dois Campings na praia Grande da Cajaíba. Desde Cruzeiro não tínhamos visto mais nenhum Camping. Ficamos logo no primeiro que vimos, no Camping da Dona Dica que cabem poucas barracas. Na verdade ficamos no quintal da casa dela, que é uma mistura de casa, bar, restaurante e camping. Tudo no pé da areia. Mas tudo muito bem organizado e aconchegante. A dona Dica é uma caiçara que está ansiosa para que a luz chegue lá. Sem energia elétrica, tomamos banho frio, que estava uma delícia. Apesar de irmos em junho, estava um Sol de rachar, calor gostoso para quem estava de biquíni na praia e uma sauna insuportável para quem estava fazendo a trilha. Nem precisava entrar no mar para ficarmos com o corpo salgado. Foi uma suadeira só. Imagina no verão. Não quero nem imaginar. Resumo do dia 2: Total percorrido: 10,4 km Tempo: 7h10min Pontos de água: vários Elevação: subimos 1141 metros e descemos 1128 metros Altitude máxima: 435 metros Dificuldade: Moderada DIA 3 - Praia Grande da Cajaíba, Itaoca, Calhaus, Itanema, pouso de Cajaíba, Martim de Sá, Cairuçu das Pedras Saímos da Praia Grande da Cajaíba e continuamos nosso trajeto. Nos próximos 2,5km passamos por 3 praias: Itaoca, Calhaus e Itanema. E fomos para o sobe-e-desce novamente. Chegamos na praia Martim de Sá onde está o Camping do Maneco. Esse camping é bem grande e organizado. Ai que vontade de comer um PF com peixe fresquinho e frito. Pena não ter levado dinheiro. Aliás, se tivéssemos dinheiro teríamos ficado por lá. O camping custa R$20,00. Mas para isso teríamos que reembolsar R$ 100,00 por pessoa para pegar um barco até Paraty. Não tínhamos dinheiro e não tínhamos tempo. Então tivemos que seguir caminhando até o próximo Camping, na praia de Cairuçu. A praia de Cairuçu das Pedras é minúscula e bela. Tem até uma piscina artificial para capturar a água doce de alguma nascente. Camping bem simples. Sem energia e portanto com água fria. Uma pequena família mora neste local. E como quase todos os caiçaras, vivem conforme o Sol, dormindo ao anoitecer e acordando um pouco antes do nascer do Sol. Resumo do dia 3: Total percorrido: 11,7 km Tempo: 6h10min Pontos de água: vários Elevação: subimos 849 metros e descemos 824 metros Altitude máxima: 292 metros Dificuldade: Leve Moderada DIA 4) Cairuçu das Pedras, Ponta Negra, Galhetas, Antiguinhos, Antigos, Sono, Laranjeiras, Paraty, São Paulo Saindo de Cairuçu das Pedras, tivemos que adentrar 5,5 km mata adentro, encarar uma bela subida (maior que o Pico do Pão de Açúcar), para chegar na praia de Ponta Negra, em uma trilha um pouco mais fechada que vai se abrindo no final. Descansamos um pouco em Ponta Negra, uma praia com muitos pescadores, onde é possível fazer uma refeição e tomar algo. Nesta praia a energia ainda não chegou, mas segundo caiçara que encontramos deve chegar em dezembro de 2017. Ao lado de Ponta Negra está a praia das Galhetas. Depois de Galhetas, pegamos mais 1,5km de trilha e chegamos na praia dos Antiguinhos e logo depois na praia dos Antigos. E vamos novamente para trilha, mais 1,5 km e chegamos na última praia da travessia, a praia do Sono. Essa praia tem vários campings e boa infraestrutura, que deve lotar em alta temporada. Por isso que fomos no outono-inverno, para fugir da muvuca. Saindo da praia do Sono, pega-se a última trilha muito bem demarcada, pelo alto fluxo de caminhantes, até Laranjeiras. Nem deu tempo de conhecer a praia, chegamos bem na hora que estava saindo o ônibus das 17h10. Se perdêssemos teríamos que esperar 1 hora o próximo ônibus. Chegamos em Paraty, tomamos um banho em um hostel, jantamos e voltamos para São Paulo no ônibus das 23h40. Resumo do dia 4: Total percorrido: 13,3 km Tempo: 7h10min Pontos de água: vários Elevação: subimos 1068 metros e descemos 1060 metros Altitude máxima: 565 metros Dificuldade: Moderada CUSTOS POR PESSOA Ônibus de São Paulo para Paraty: R$ 77,10 Ônibus circular de Paraty para Paraty Mirim: R$ 4,25 Camping do Jesus em Paraty Mirim: R$ 30,00 Barco de Mamanguá pra Cruzeiro: R$ 40,00 Camping do Sr Orlando em Cruzeiro: R$ 30,00 Camping da Dona Dica em Praia Grande: R$ 20,00 Camping em Cairuçu das Pedras: R$ 20,00 Ônibus circular de Laranjeiras para Paraty: R$ 4,25 Ônibus de Paraty para rodoviária Tietê em São Paulo: R$ 77,70 Comida: levamos toda nossa comida Observação: preços de junho de 2017 Total por pessoa: R$ 303,30 DICAS Dependendo de onde você estiver, talvez seja necessário dedicar um dia só para chegar no início da travessia. Ônibus de Paraty pra Paraty Mirim demora muito. Veja o horário assim que chegar na rodoviária pra se programar. Leve dinheiro extra para alguma emergência, caso seja necessário pagar um barco. Não deixe de comer peixe fresco. Acordou? Primeira coisa a fazer é passar repelente. Não quer andar? É possível conhecer todas as praias com barco. RESUMO TRAVESSIA MAMANGUÁ - JUATINGA Aeroporto mais próximo: Galeão RJ (240 km) Início: Paraty Mirim Fim: Laranjeiras Distância: 43 km Duração: 4 dias Pontos de água: vários Elevação: subimos 3579 metros e descemos 3566 metros Altitude máxima: 565 metros Dificuldade: moderada QUER MAIS? Se quiser ver fotos, mapas, altitudes, acesse: https://mochilaosabatico.com/2017/06/19/paraty-mamangua-juatinga/ Se quiser se aventurar em uma travessia bem mais simples, tente o Pico da Onça em São Francisco Xavier (https://mochilaosabatico.com/2017/06/09/pico_da_onca/) ou o circuito na Serra do Lopo em Extrema/MG (https://mochilaosabatico.com/2014/11/16/extrema/) Para um trekking de um dia, o Parque Estadual do Pico do Jaraguá (https://mochilaosabatico.com/2017/05/28/pico-do-jaragua/) é uma boa opção e tem uma bela vista da cidade de São Paulo. E para uma experiência internacional, a sugestão é o Parque Nacional Nahuel Huapi, em Bariloche na Argentina (https://mochilaosabatico.com/2015/02/08/bariloche-nahuel-huapi-cerro-catedral/).
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