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Travessia do Rancho Caído - Uma travessia memorável
E.Samuel postou um tópico em Trilhas no Rio de Janeiro
Olá Mochileiros como vão? Espero que bem! Nosso projeto para esse ano seria a Serra dos Órgãos, porém, os ingressos haviam se esgotado, então tentamos fazer a Serra Negra, que também não deu certo, por fim, conseguimos fazer a travessia Rancho Caído. Temos um projeto de percorrer a TransMantiqueira e com esse projeto em mente, vamos colhendo informações para que nosso projeto se realize, ano passado fizemos a Travessia da Serra Fina no sentido inverso, se alguém se interessar em ler, só acessar o link: Como de costume, saímos da Cidade de Santa Rita do Sapucaí na madrugada do sábado. Às 3h da manhã, na porta da ETE, lá estávamos nós esperando nosso motorista oficial Edson e dessa vez ele trouxe sua esposa Gabi para ajudá-lo a fazer a conferência das malas, conhecer o pessoal e passear um pouco. Falando em turma, dessa vez fomos em 12 pessoas, para alguns foi a primeira travessia e para outros mais uma aventura. Partimos para o PNI e chegamos lá às 7:40 da manhã e logo o Nandão já ficou na fila para garantir o lugar. O parque estava muito lotado, depois de quase 1 hora na fila conseguimos a liberação para fazer a travessia do Rancho Caído. Da esquerda para a direita em pé: Gabriel(Geminho_1), Saulo, André, Savio, Nandão(Cyborg), Eder, Luizinho e Samuel(O "guia"). Agachados: Luiz(Geminho_2), Bruno(O cara da travessia), André, Zé Renato(Fotógrafo oficial). Essa travessia é maravilhosa, por quase toda a travessia a gente observa o Agulhas Negras e nela tem vários pontos de água, então não precisam se preocupar que água tem em abundância. Com uma trilha muito bem sinalizada, a travessia é de fácil acesso, porém, a gente deu uma perdida. Tudo isso por conta do nosso “guia” Samuel que não tinha visto a subida para a pedra do Altar do lado esquerdo. Subindo uma trilha, logo avistamos a pedra, porém não atacamos, pois o nosso objetivo era conhecer a cachoeira do Aiuruoca e os Ovos de Galinha. Logo após passarmos por um vale que lembra muito o Vale do Ruah, chegamos em uma bifurcação que aponta para a esquerda a Travessia Serra Negra (está nos nossos planos) e seguindo reto a Rancho Caído. Mais a frente chegamos na cachoeira da Aiuruoca - que cachoeira linda! Não tenho palavras para descrevê-la. Ninguém teve coragem de entrar nela porque a água estava muito gelada, mas tiramos várias fotos e logo depois fomos rumo aos Ovos de Galinha. Saindo de lá, andamos por volta de 1h30min e chegamos no acampamento. Para nossa sorte não havia ninguém, arrumamos nossas barracas e já tratamos de fazer algo para comer. Para minha surpresa os novatos que foram conosco levaram muita coisa de comer, tinha de tudo, até uma chapa para fazer misto! kkkkk...incrível. À noite não fez muito frio, então ficamos conversando até umas 21h, conhecemos um casal de Curitiba-PR que estava no parque há 4 dias, que disse que dois dias atrás estava muito frio por lá. Graças a deus não pegamos esse frio. No outro dia partimos para o final da trilha, o mapa que pegamos no Wikiloc não foi pelo caminho da Cachoeira do Escorrega, por isso não passamos por lá. Teremos que visitar na próxima. Às 13h chegamos no Vale da Cruzes e esperamos nosso motorista chegar para irmos embora. Considerações finais: Essa travessia não é difícil de fazer como a Serra Fina, porém nosso grupo se supera pelo fato da amizade ser muito forte e cada um do grupo se preocupar um com o outro, isso faz toda diferença e com certeza iremos fazer a Serra Fina novamente e isso fará toda a diferença. Foi uma travessia muito bonita, todos que foram se divertiram muito, foram muitas risadas e o companheirismo como sempre prevaleceu, a cada travessia que nós fazemos levamos uma experiencia, e dessa não foi diferente, o companheirismo e a amizade novamente falou mais alto . Pessoal nota 10! Os geminhos são gente fina demais (não esqueçam do lenço umedecido, salvou o rolê e ajudou a tirar a asa), o restante da turma, Bruno (leva o pó nas próximas vezes novamente, pó de café), André², Saulo, Sávio(O cara do releave), Luizinho (esse Luizinho viu?! hehe), esperamos vocês nas próximas. Nandão, (sou fã desse cara e o admiro muito, ele sabe disso). Éder, (o conheci fazendo Marins x Itaguaré e parece que o conheço a anos) e Zé Renato, (ele merece todo o merito pelas fotos, uma pessoa com uma humildade sem igual), companheiros de várias travessias, é um prazer caminhar com vocês. @Zé Renato, parabéns pelas fotos, ficaram excelentes. Gostaria de agradecer a todos que foram e também ao nosso motorista Edson e sua esposa Gabi, estamos juntos na próxima! Dicas: Quando forem fazer a travessia, desçam pela cachoeira do Escorrega - existe uma trilha mais curta, porém é muito fechada. Levem o shit tube - o pessoal do parque cobra, até daria para passar sem ele, mas temos que pensar no bem do ecossistema e é bem barato de fazer. Como de costume, para fechar o relato, deixo aqui uma frase do poema “O tempo”, e logo depois mais fotos: E quando se vê: “A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira! Quando se vê, já é Natal… Quando se vê, já terminou o ano… … Quando se vê não sabemos mais por onde andam nossos amigos… Quando se vê perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê passaram 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado… Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casaca dourada e inútil das horas… Eu seguraria todos os meus amigos, que já não sei como e onde eles estão e diria: vocês são extremamente importantes para mim. Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo… Dessa forma eu digo, não deixe de fazer algo que gosta devido a falta de tempo. Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz. A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.” Mário Quintana -
Trekking Circuito Ausangate - 5 dias e 4 noites
janicehartmann postou um tópico em Peru - Relatos de Viagem
O Ausangate é a montanha mais alta da Cordilheira Vilcanota, com 6.384 metros de altura, faz parte dos Andes Peruano, Região de Cusco. Existem várias possibilidades de trekkings na região, mas o mais tradicional é o que da a volta no Ausangate, levando em média de 04 a 08 dias, dependendo do tempo disponível e o que se quer conhecer. Depois de conhecer vários circuitos de caminhada no Peru chegou a vez de conhecer este lugar mágico. Realizei a viagem no início de agosto de 2019, na melhor época para conhecer a região, pois embora frio, não tem chuvas. O trekking pode ser realizado entre maio e outubro e é considerado de moderado a difícil por conta da altitude, pois se está praticamente todo tempo acima dos 4.500 metros de altitude. Depois de muito pesquisar na internet, decidi contratar uma agência somente em Cusco, o que se revelou uma boa decisão. Acabei fechando o passeio de 5 dias e 4 noites com a Sonnco Tours. 1º Dia No dia programado um representante da agência veio nos buscar no Hostel, às 08:30 horas da manhã, e nos acompanhou até o terminal de ônibus del Corredor. Tomamos um ônibus da empresa Saywas com destino ao povoado de Tinky, em Ocongate. A viagem dura 3:30 horas e tem ônibus de 30 em 30 minutos, entre as 9:00 e 18:00 horas. A estrada até lá é a Interoceânica Sur que chega até Rio Branco, no Brasil. O caminho passa pelo “Vale Sagrado Sur” e por Urcos. Depois de Urcos a estrada vai subindo em caracóis até o Passo ou “Abra Cuyuni” a 4.185 metros de altitude. A partir daí já se pode vislumbrar o majestoso complexo do Ausangate e já dá uma emoção sentir que logo mais estaremos caminhando por entre seus vales. Chegamos em Tinky, a 3.850 metros de altitude, as 12:30 da manhã. Descemos em frente ao Mercado Público do povoado onde nos aguardava nosso simpático guia local Felipe. Tinky é um pequeno vilarejo, bastante simples, que recentemente tem recebido alguma projeção turística por conta dos viajantes que querem fazer o Trekking do Ausangate, mais recentemente um passeio menos pesado, de um dia apenas, que é o das “Siete Lagunas do Ausangate”. Felipe nos levou para almoçar e depois fomos a um mercadinho onde ele comprou os mantimentos para a travessia, nos permitindo escolher o cardápio, inclusive frutas e verduras. Seguimos caminhando por cerca de três horas até a cada de Felipe, em Upis, montanha acima superando um desnível de cerca de 400 metros. Neste trecho se vislumbra sempre o Ausangate (masculino) à esquerda e Cayangate (feminino) à direita, por um caminho de terra batida usada pelos moradores locais, passando pelas propriedades com suas casinhas sempre de adobe, alpacas e alguns cavalos, e campos sendo preparados para a plantação de papas (batatas) e capim verde amarelado nesta época do ano, pois já está tudo bem seco. É nesta parte do caminho que se passa no Posto de controle e paga a entrada de 10 soles. Felipe tem uma casinha onde, no segundo andar, aloja os turistas (4 camas) com um bonito visual do Vale e das montanhas Ausangate e Cayangate (ou Callangate). O lugar é um pouco empoeirado, mas bem quentinho. Logo em frente há outra construção que é a cozinha, construída em adobe chão de terra batida. A família morra no outro extremo do terreno. Um pouco depois de chegarmos percebi que estávamos sendo espiados por quatro pares de olhinhos tímidos, mas curiosos. Eram as filhas de Felipe. Com jeitinho puxei conversa com elas e aos poucos elas foram ficando mais confiantes e, em meio a risadinhas, iam responde às minhas perguntas. A mais velha tem 12 anos e, a mais pequena, cerca de seis anos. Todas vão à escola e Felipe quer que elas sigam estudando após terminar o que seria o equivalente ao primeiro grau. Ali tivemos o mais bonito pôr do sol a iluminar o Ausangate de frente, em lindos tons amarelo alaranjados. A noite foi bem fria, mas iluminada por uma lua fantástica, quase cheia. Embora tivesse vontade de ficar na rua admirando aquele espetáculo, não fiquei muito tempo, pois estava muito frio. A estreia de Felipe como cozinheiro foi satisfatória. Preparou uma sopa de verduras, arroz, papas fritas e frango. 2º Dia Levantamos às 6:30 horas da manhã com o sol já despontando no horizonte e nos deparamos com uma forte “helada” (geada). Felipe preparou o café da manhã e depois organizou tudo nos cavalos. Iniciamos a caminha perto das 08:30 da manhã, ainda com a geada e todos os pontos de água não corrente congelados. Seguimos ainda por algum tempo seguindo a estradinha de terra (poeirenta) e depois passamos para uma trilha. Depois de cerca de duas horas, sempre subindo, chegamos a uma bonita “Pampa” (em quechua significa região plano), literalmente aos pés da montanha, com alguns moradores e muitas alpacas, ainda em Upis, a 4.400 metros de altitude. É neste local que costuma ser o acampamento para quem não fica na casa dos guias. Ali tem uma fonte de águas termais, mas não tem sido usada turisticamente, pois seguindo Felipe não é constante. Reiniciamos a subida, não tão íngreme, mas incessante, por quase duas horas, com o Ausangate e seus glaciares, sempre à esquerda até o Passo Arapa, a 4.780 metros de altitude. A A partir do Passo Arapa, caminhamos por cerca de meia hora na parte alta, por um visual quase lunar, sem praticamente nenhuma vegetação, apenas areia e pedras. Depois começados a descer, por cerca de uma hora, até o vale Huayna Ausangate e um pouco antes de chegar a Lagoa Hucchuy Puccacocha paramos para o almoço. Ali deliberamos que deixaríamos de lado o Vinicunca, que pretendíamos “atacar” na madrugada do dia seguinte, pois estávamos sentindo a altitude e a inclusão do Vinicunca tornaria o dia seguinte pesado demais. Após a “sesta” de meia horinha seguimos a caminhada passando pelas lagunas Hucchuy Puccacocha, Hatum Pucaccocha e Comerocconha, sempre com o Ausangate à esquerda. Foi um caminho lindo, com tempo perfeito, casinhas de adobe dos moradores locais, que se ficam nesta região somente durante esta época do ano, para cuidar dos rebanhos de alpacas. Neste trecho visualizamos dois acampamentos, geralmente utilizados por quem pretende ir ao Vinicunca no dia seguinte. Um fica à direita, na base do Ausangate, bem pertinho das lagunas e outro o acampamento Sorinama, fica em frente à montanha do mesmo nome, à direita do caminho, mas seguimos sempre subindo até o Passo Ausangate, a cerca de 4.800 metros de altitude, onde chegamos já com os últimos raios de sol. A partir do passo se desce quase vertiginosamente em zig zag até o acampamento da Laguna Ausangatecocha, em um desnível de cerca 250 metros. Chegamos ao acampamento já ao escurecer e com a lua despontando no horizonte. Este acampamento está localizado bem pertinho da Laguna Ausangatecocha, que fica em frente a um enorme glaciar. Conta com bons banheiros e lugar para lavar roupa e louça. O vento estava bem gelado, mas a noite com lua cheia estava divina. Felipe falou que o vento iria parar pelas 22 horas e acertou. Não sei a temperatura, mas foi uma noite muito fria. 3º Dia Novamente o dia amanheceu com “helada”. Levantamos com o despontar do sol e logo após o café da manhã fui dar uma espiada na Laguna Ausangatecocha bem de pertinho. Suas águas são muito verdes e cristalinas, resultado do degelo do glaciar logo em frente. Segundo Felipe há 12 anos, quando começou a ser guia na região, não havia a laguna ali, o que demonstra que o glaciar está perdendo espaço. Após conhecer a laguna de pertinho iniciei a subida um pouco antes dos outros, pois estava caminhando mais devagar, por causa da altitude. Nesta parte do caminho se sobre SEMPRE, com muitos zig zags de 4.650 metros de altitude até chegar em 5.200 metros de altitude, no Passo Palomani. É considerada a parte da mais difícil do caminho, por motivos óbvios. Mas, fazendo o caminho com calma, com direito a muitas fotos do “Valle Rojo” (vale vermelho), se vence sem grande sacrifício. A chegada ao Passo é bem bacana, pois a vista para os vales, dos dois lados, é muito bonita e, além disso, de um lado há uma pequena lomba, que parece um mini vinicunca, com suas areias coloridas, e do outro está a encosta de um glaciar. Certamente este passo é um dos pontos altos da caminhada. Ficamos ali bastante tempo apreciando a paisagem única. Reiniciamos a descida e cerca de 20 minutos depois começados a enxergar uma pequena laguna de laranja avermelhadas, aos pés do glaciar, à esquerda, que segundo Felipe, existe apenas a cerca de quatro anos. Mais a frente, se vislumbra um bonito trecho da montanha vermelho arroxeada. Seguimos sempre descendo até uma pampa muito bonita com visual espetacular daquele setor do Ausangate. Descemos mais um pouco e chegamos a outra pampa, bem mais ampla (Vale de Chilca), onde em frente a uma “loma” de pedras muito rosas, Felipe preparou nosso almoço. Após o almoço, seguimos adentrando o vale, sempre à esquerda e, depois de uma subida não muito íngreme, chegamos a Huchui Phinaya a cerca de 4.650 metros de altitude. Lugar muito lindo com um rio muito azul serpenteando o vale com rebanhos de alpacas, com o Puca Punta e seus dois picos ao fundo. O acampamento fica no extremo da pampa, do lado esquerdo, e dispõem de banheiros, pias e tanques, como o do dia anterior. Neste dia chegamos cedinho e pudemos apreciar o pôr do sol. Porém, para o lado do Santa Catalina estava bem nublado e tivemos o interessante efeito de estar vendo os raios do iluminando o Puca Punta em frente enquanto caiam flocos de neve sobre o acampamento e estar bem escuro na montanha às nossas costas. Mas a neve não durou muito e noite foi de lua cheia.Neste acampamento tivemos o prazer de encontrar um valoroso casal de brasileiros, de Passo Fundo, que estava fazendo o trekking de forma totalmente independente. 4º Dia Levantamos com o despontar do sol, como nos outros dias, e logo depois do café da manhã retomei a caminhada. O caminho segue pelo Vale em frente, sempre à esquerda, contornando o Santa Catalina e o Puca Punta à direita. Estava muito frio, com os pequenos riachinhos estavam congelados, e até mesmo as margens do rio. A subida não é muito íngreme, mas intermitente até o Passo Jampa ou “Abra Qqampa”, a cerca de 5100 metros de altitude. É uma região que se destaca pelo colorida das rochas, com destaque para os quartizitos de cor rosa, vermelho e verde. A localização do passo é interessante, pois está de frente ao Nevando Jampa, que lhe dá o nome, e muito pertinho dos glaciares. Reiniciamosa descida em um trilha bem estreita e pedregosa, avistando ao longe três lagunas Alcacocha . Depois de cerca de uma hora de caminhada há uma bifurcação com uma placa e se pega a trilha da esquerda (Jhampa). Neste ponto perdido no meio do nada, haviam três senhoras vendendo bonitos artesanatos de alpaca. Não resisti e tive que comprar. Um pouco depois da bifurcação fica o acampamento Paschapata. Após caminhar por mais alguns minutos passamos a avistar uma pampa e várias bonitas lagunas de águas muito lindas, sendo a maior e de águas mais claras a Laguna Pucacocha. Este trecho é conhecido como Siete Lagunas do Ausangate e tem passeios de um ou dois dia saindo de Cusco para a região. Ai fica o acampamento Pucacocha embora não fosse nosso destino do dia, me deu muita vontade de acampar ali, pois o visual das lagoas é fantástico. Neste dia tive o prazer de almoçar de frente ao pico do Ausangate. Privilégio para poucos e que faz valer muito a pena a caminhada. Neste setor tem sete lagunas e uma das que mais impressiona é a Laguna Azulcocha, pequena, mas profunda e com águas de um azul surpreendente. Após atravessar a pampa segue a descida para Pachamta, localizada a 4.300 metros de altitude. Chegamos perto das 17 horas e nos instalamos em um hostel, da familiares do Felipe, bem em frente as termas, pagando 10 soles por pessoa. É bem simples, mas de acordo com o que se encontra na região. Ficamos no segundo andar, com vista para as termas e o Ausangate. Fomos nos banhar nas termas já com o sol se pondo, pagando 5 soles. Fiquei até escurecer alternando entre a piscina de água super quente, direto da fonte, e a de água morninha resultante da mistura com água fria. A parte ruim que para tomar banho com sabonete e lavar o cabelo com shampoo você tem usar uma ducha que fica 100% ao ar livre. Como estava noite e muito frio amarelei e não lavei os cabelos. A estrutura é super básica, mas o visual é fantástico. Sai da piscina direto para o hostel e me troquei no quarto.Depois descemos para o primeiro andar onde Felipe preparou nosso ultimo jantar. 5º Dia Levantei cedinho e meu companheiro de caminhada já estava na piscina esperando o sol nascer. Não me animei, pois estava bem frio e esperei o café da manhã, que neste dia consistia de panquecas feitas na hora, com doce de leite. O trajeto do último dia é bem mais tranquilo, pois se segue sempre por uma estradinha de terra, passando por diversos pequenos povoados, até chegar em Tinki. Como era bem cedinho passei por diversas crianças indo para a escola e camponeses trabalhando nas plantações de papas ou lindando com alpacas. Já mais perto de Tinki aparece um outro carro, o que levanta muita poeira da estrada. Chegamos em Tinki peças 10:30 da manhã e após nos despedirmos de Felipe tomamos o ônibus das 11 horas com destino a Cusco, onde chegamos perto das 15 horas. Contratei o passeio com a Soncco Tours, por USD 230,00, incluindo passagem de ida e volta, refeições, guia/cozinheiro/arriero (Felipe), barracas, cavalo para equipamentos comuns e mais 5 quilos de bagagem individual. Não incluído o saco de dormir, café da manhã do primeiro dia, almoço do último dia. Custos extras: 10 soles na entrada, 10 soles acampamento Ausangatecocha, 10 soles acampamento Huchuy Pinaya, 10 soles hostel em Pachanta e 5 soles nas termas de Pachanta. Eu realizei o passeio com a agência Soncco Tours, com Evelin +51 964-289453, por USD 230,00 (base duas pessoas). Recomento ainda a Qorianka Tour +51 974-739305 ou direto com Renato no watts +51 986-960796 e Inkapal, com Rubens, +51 931-325 810 ambas ótimas agências que me atenderam super bem em outros roteiros, porém com preços mais salgados(em torno de USD 350 a USD 400,00). Mas deixo a super recomendação de contratar direto o nosso excelente e muito confiável guia Felipe, watts +51 974 513-747, que cobra somente 480,00 soles por pessoa (base duas pessoas) e foi quem fez tudo em realidade. Somente será necessário comprar a passagem em Cusco e encontrá-lo no dia e horário combinado em Tinki. Além de ser mais barato é uma forma de remunerar melhor e diretamente os moradores locais. Outro guia muito prestigiado na região é o Cirilo watts +51 941 005 350. Cheguei a contá-lo, mas ele já estaca com saídas agendadas para o mesmo período. Para quem faz questão de conhecer o Vinicunca tem uma opção que achei interessante, que a faz o caminho no sentido contrário: Tinki- Pachanta, Pachanta - Hunuy Pinaya, Hunuy Pinaya –Ausangatecocha, Ausangatecocha - Ananta (Lagunas coloridas), no último dia Ananta a Montanha Siete Colores / Vinicunca e retorno a Cusco desde o vilarejo de Pitumarca – Checacupe. O Renato da Qorianca Tours me ofereceu esse passeio por USD 380,00. Dicas: Verifique antes a qualidade da barraca e isolante oferecidos e do saco de dormir, acaso vá alugar. Em geral o equipamento é por conta do guia local e como é uma região bem pobre, pode deixar muito a desejar. Se tiver equipamento próprio que vale a pena levar o seu. - atentar que por causa da altitude as noites são bem frias. Eu fui com meu saco de dormir -7 º conforto e mais um cobertor fininho, tipo liner e ia dormir com as roupas polartek da Solo e não passei frio, apesar das noites bastante frias; - protetor solar e manteiga de cacau ou protetor para os lábios também são importantes, pois o sol é forte e o vento bem frio; - levar papel higiênico e saquinhos ou sacolas para acondicionar o lixo; - mesmo que contrate agência levar soles para pagar acampamento/alojamento/termas e algum artesanato local, em especial os texteis de alpaca que são mais baratos do que em Cusco; - para quem tem bom condicionamento físico, está bem adaptado na altitude, não quer/pode gastar muito, ou quer uma aventura mais raiz, é perfeitamente possível fazer o passeio por conta. O caminho é bem marcado, mas um GPS é fundamental, pois pode chover nevar, ou a noite pode chegar sem que tenha chegado ao acampamento. Altitudes e distâncias aproximadas, pois não usei GPS: 1º dia: Tinki – 3.850 m – Vilarejo de Upis (casa do Felipe) – cerca de 4.200m – 8 km; 2º dia: Upis – 4.200 m, Passo Arapa – 4.780, Passo Ausangate – 4.800, Ausangatecocha 4.650 m – 18 km; 3 º dia – Ausangatecocha – 4.650m, Passo Palomani – 5.200m, Huchuy Pinaya – 4.660 – 13 km 4º dia – Huchuy Pinaya – 4.660m, Passo Jampa – 5.100m, Pachanta – 4.330m – distância 18 km 5º dia – Pachanta – 4.330m, Tinki – 3.850 m – 12 km.- 16 respostas
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Trekking realizado em junho de 2019, em 08 dias, percorrendo aproximadamente 170 km de distância e desnível de 8.000 m. O Tour du Mont Blanc ou TMB é uma das caminhadas de longa distância mais populares da Europa. Ele circunda o maciço do Mont Blanc e passa por Suíça, Itália e França. Devido ao período, final da primavera, ainda havia muita neve nos trechos de alta montanha. Roteiro: Dia 1: Les Houches até Les Contamines Dia 2: Les Contamines até Les Chapieux Dia 3: Les Chapieux até Courmayeur Dia 4: Courmayeur até Refúgio Elena Dia 5: Refúgio Elena até La Fouly Dia 6: La Fouly até Trient Dia 7: Trient até Argentiére Dia 8: Argentiére até Chamonix Album com as Fotos: https://photos.app.goo.gl/1pWUjkrqeEefXvit6 Vídeo Resumo: https://photos.app.goo.gl/a6sU7QruScaged5W9 Custo do TMB: Chamonix - Chamonix (8 dias) Hospedagem: 112 euros Alimentação: 80 euros Diversos: 40 euros (chocolates, bebidas, algum item de higiene, etc.) Total: 232 euros Média: 29 euros/dia (detalhamento no texto do relato) Entrada na Europa por Portugal, Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. A partir de Lisboa, vôo direto para Milão, na Itália. De Milão, ônibus para Chamonix-Mont Blanc, charmosa cidadezinha de 10 mil habitantes, localizada nos Alpes Franceses, perto da tríplice fronteira com a Itália e a Suíça, e ponto de partida e chegada do TMB. As refeições durante o trekking consistiram, basicamente, de comida de acampamento, práticas e com cardápio enxuto, como massas, arroz pré-cozido, salsichas e linguiças curadas, sopas, queijo regionais, entre outras. Não poderia faltar a torta de mirtilo selvagem, típica da região. No trajeto, há algumas feiras e propriedades que vendem produtos típicos, como queijos, embutidos e doces. As cidades de reabastecimento são Chamonix, Courmayeur e Argéntère, que possuem comércio mais estruturado, dispondo de supermecados com variedade de produtos. Nos dias de trekking, o pernoite foi em barraca, quando havia camping disponível, refúgio de montanha ou alojamento em vilas e aldeias, priorizando as instalações públicas, que eram bem estruturadas. O primeiro dia do TMB iniciou-se em Les Houches, pequena vila localizada próxima a Chamonix, e teve como destino Les Contamines-Montjoie, outra charmosa vila, com 1.100 habitantes, cuja origem remonta à época medieval. Com aproximadamente 3.500 habitantes, Les Houches é conhecida por ser uma importante estância alpina, centro de esqui e base de montanhismo no Maciço do Mont Blanc, pois dispõe de um teleférico que transporta os alpinistas até próximo do acampamento base, para escalada do Mont Blanc e outro picos próximos. Neste dia o trajeto segue por pequenas vilas e aldeias, como Le Ouy (foto ao lado) e Les Maisons (foto página anterior), até a cidade de Les Contamines (foto acima). O destaque são as várias perspectivas das montanhas e o bucolismo dos pequenos povoados. No segundo dia, o caminho teve como destino a pacata aldeia de Les Chapieux, seguindo por uma subida até o Col de La Croix du Bonhomme (2.500m) que, no final da primavera, ainda estava tomado pela neve. No Col há um abrigo de emergência para alpinistas. Les Chapieux é uma pequena aldeia rodeada por colinas íngremes e habitada por criadores de cabras, ovelhas e vacas. No inverno, é cortado pela neve, mas na primavera torna-se um destino para os turistas de esqui. No verão é uma parada essencial no Tour du Mont Blanc, pois está localizada na parte mais remota do trajeto. Obs: Col é um passo de montanha, ou seja, local de transposição entre duas montanhas. A partir do campingo estágio seis do TMB, que segue do Refúgio Elena até a Vila de La Fouly. Um percurso relativamente pequeno de 15km, mas as condições do clima e a travessia de campos de neve tornaram o trecho difícil. A etapa marca a passagem para os dois dias na Suíça. O Col da fronteira é o Grand Col Ferret (2.537m). Depois de cruzar o Col, o caminho segue pelo vale percorrendo aldeias e vilas, até finalizar no pequena aldeia de La Fouly, localizada no vale de Ferret suíço, com paisagens alpinas e cercada por picos. O sexto dia também foi uma etapa dupla, abrangendo os estágios 7 e 8 do TMB. A trilha inicia em La Fouly, passa por Champex-Lac, finalizando em Trient, vila suíça próxima à fronteira com a França. A distância percorrida é de 33 km e ganho de altitude de 1.200m. A aldeia de Champex, destino de férias, está à beira de um lago de montanha e é ponto de partida para muitas caminhadas alpinas. Trient é uma pequena vila suíça com uma população inferior a 500 pessoas, localizada no extremo norte do maciço do Mont Blanc. Cercado por locais de escalada, é um ponto de iniciação até os níveis mais altos de dificuldade. O Estágio 9 do TMB, correspondente ao sétimo dia de trekking, retorna à França. Começa no camping público de Le Peuty, aldeia localizada próxima a Trient, ainda na Suíça, e segue até a vila de Argentière, já na França. O percurso percorre 15 km, com 1.100m de ganho de altitude, cruzando o Col de Balme que divide dos dois países. Argentière é uma vila a 8 km ao norte de Chamonix, a uma altitude de cerca de 1.250 metros. Possui arquitectura tradicional, igreja barroca e capela do século 19, e uma incrível no sopé da impressionante Geleira Argentière e picos importantes, como o Aiguille Verte. O trajeto segue por paisagens alpinas, e passa por aldeias e refúgios de montanha, e foi marcado por muita neve nas encostas. O dia contemplo o estágio 10 do TMB, que se inicia em Argentière e leva à encosta acima do vale de Chamonix, através da reserva natural de Arquilles Rouges. Há uma seção de escadas (via ferrata) em terreno rochoso e bem íngreme. A trilha passa pelo Lac Blanc (2.352m), lago encravado no meio das montanhas que, ao final da primavera, ainda estava parcialmente congelado. Próximo ao lago, localiza-se o Refúgio La Blanc, alternativa para pernoite. Depois de Lac Blanc, o caminho desce serpenteando a encosta da montanha até a estação de ski La Flégère, e depois seguindo pela floresta até a cidade de Chamonix. Esse estágio apresenta trechos íngremes na encosta da montanha, ao mesmo tempo que permite vistas sensacionais do maciço do Mont Blanc, especialmente do Glaciar Mar de Glace. Complemento 1 Complemento do relato com algumas informações práticas sobre transporte, hospedagem e alimentação, com dicas e valores da viagem que fiz pela europa entre 31/05/2019 e 23/06/2019. Obs: Foram 22 dias na europa, fora os dias de chegada e partida. Na região de Vêneto, na Itália, foram 7 dias. Em Chamonix, foram 15 dias, onde tive oportunidade de realizar dois trekkings: O Tour do Mont Blanc (8 dias), tratado neste relato, e a Travessia dos Alpes (4 dias), que, ainda pretendo relatar, pois foi um trekking sensacional (Para se ter uma ideia, no TMB, o trekking é realizado em volta do maciço do Mont Blanc. Já na Travessia dos Alpes, o trekking é sobre o Maciço, em altitudes de 2.000 a 4.000 metros. Uma viagem à europa pode ser cara ou de baixo custo, econômica ou super econômica. Geralmente opto pela última. Durante o TMB, o custo médio diário incluindo tudo, até extras, ficou em 29 euros. Então, pode ser uma viagem acessível a muitos. O essencial é conseguir uma boa emissão dos bilhetes internacionais e administrar bem os gastos durante a viagem. Seguem algumas informações. Transporte: Vôo internacional: há algumas promoções de passagens para europa, mas geralmente custam entre 450 a 600 euros. Minhas emissões para europas foram sempre com milhas/pontos, então já tenho de partida uma economia boa. A Alitalia tem boas emissões pelo Smiles e costuma ter uma tarifa paga também com preços bons. A dica é não se restringir ao site das empresas, procurar em agências e em vários aplicativos, especialmente aqueles internacionais. Muitas vezes, as companhias têm campanhas específicas para uma agência ou aplicativo específicos. Já tive experiência de comprar por aplicativo em valor muito menor que no site da empresa. Transporte na Europa Entrei por Lisboa e consegui uma ótima tarifa pela Ryanair para Milão (na verdade foi para Bergamo, onde fica um dos aeroporto que atende Milão), em torno de 40 euros. De Bergamo, ônibus para Mestre, cidade próxima a Veneza, onde estabeleci base em um dos vários hostels, e conheci bem a região durante uma semana (Veneza, Trento, Pádova, etc.). A parte terrestre foi de ônibus e trem. Na Itália, os trens funcionam muito bem é é bem fácil comprar passagem, seja pela internet, APP ou diretamente nas estações (máquina de auto-atendimento ou guichê). O preço que costuma não ser muito em conta. A conclusão que cheguei é que para deslocamentos curtos, de até uma hora, o preço do trem é praticamente o mesmo do ônibus. Pára descolamento superiores a duas horas, o ônibus costuma ser mais em conta, principalmente se a compra for com antecedência. Para deslocamento em ônibus, usei exclusivamente a FlixBus, pois tem preços muito bons para compras com antecedência, permite cancelar a passagem a qualquer momento, retornando o crédito, e possui um APP muito prático. Bérgamo - Veneza (Mestre), 5 euros (percurso de 3 horas) e Veneza (Mestre) - Chamonix, 11 euros com percurso de 6,5h. Em Chamonix o transporte público funciona bem. Há mapa disponível e horários dos ônibus em todas as paradas. O transporte no centro é gratuito, que dizer, já está incluído na taxa de turismo que é paga junto com a hospedagem. O transporte que abrange o vale de Chamonix custa 3 euros e vale para o dia todos, ou seja, pode pegar o ônibus quantas vezes precisar. O pagamento é feito ao próprio motorista, que fornece um cartãozinho verde. Pronto vale para o dia todo, basta apresentar no próximo ônibus. Hospedagem: Em Veneza/Mestre, fiquei no Hostel AO Hotel Venezia Mestre 2, uma rede alemã, com preços bem competitivos. Paguei aproximadamente 10 euros a noite em quarto quádruplo com banheiro dentro do quarto. Um dos melhores que já fiquei, limpeza excelente, perto de tudo em Mestre, instalações novas e modernas, tomadas e iluminação na cama, suportes, etc. Os únicos pontos negativos e que é sempre lotado e não possui cozinha para preparar refeições, mas tem um ampla área com mesas e sofás, interna e externa. Sempre há espaço para sentar, comer ou ficar. Em Chamonix não há muitos hostels e os preços dos hotéis não são baratos. Fiquei em dois hostels (não sei se há outros): Chamonix Lodge: Hostel muito bom, área externa com mesas, rede e almofadas. Possui cozinha bem equipada para preparação de refeições e fornece café da manhã básico, ficando os itens disponíveis durante o dia (pão, manteiga, geléia, leite, café e chá). Quarto quádruplo. Os banheiros não muito bons (pequenos e com pouca ventilação). São de uso coletivo fora do quarto. O ponto forte é a equipe, sempre atenciosa e a vista das montanhas próximas. Muito concorrido! Paguei 22 euros a diária, mas é difícil achar disponibilidade com esse valor. Geralmente, está entre 30 e 40 euros. Fleur des Neiges: Hostel com pegada mais de hotel. São somente 2 quartos mistos coletivos com dez camas cada. Os quartos são grandes e arejados, e as camas ficam sempre dispostas na parede, o que facilita muito a circulação. Tem um também um quarto feminino com 6 camas, mas bem apertado. O café da manhã é cobrado a parte e não compensa os 10 euros pelo que oferece. A limpeza é boa, o proprietário é atencioso, as vistas também são ótimas. Possui sala de refeição com mesas e cadeiras. Área externa e banheiros deixam a desejar. Não possui cozinha para uso coletivo. Preparei as refeições em algumas mesas que há na área externa. O valor da diária foi de 20 euros. Hospedagem durante o TMB: Dia 1: Les Contamines - Camping le Pontet, localizado no Leisure Park Patrice Dominguez, 30 min de caminhada na direção da rota. Estrutura muito boa, com banheiros, lavanderia, restaurante e lanchonete, mas sem internet. Valor: 12 euros. Dia 2: Les Chapeaux - Aire Naturelle de camping, espaço público de camping dispondo somente de sanitários e lavatório, bastante conservados e limpos. As vistas das montanhas são excelentes. Valor: Gratuito. Dia 3: Courmayeur - Pousada Venezia, que dispõe de quartos individuais ou duplos e banheiro externo (muito conservado e limpo). Instalações antigas mas conservadas e limpas. Embora seja reconhecidamente o alojamento mais econômico de Courmayeur, foi o mais caro da viagem toda. Inclui café da manhã bem simples. Valor: 40 euros (Chorados, era 44). Dia 4: Refúgio Elena: O pernoite foi na sala invernal do refúgio, que dispõe somente de colchões, algumas cobertas e uma mesa com cadeiras. Não há banheiros ou lavatório. Como fui na pré-temporada, o refúgio ainda estava fechado. Funcionava somente a sala invernal, que é de uso público enquanto o refúgio não abre (inverno e primavera). Valor: Gratuito. Dica de trekking: Na frança e Itália existem muitos refúgios de montanha e a maioria conta com sala invernal, que é geralmente gratuita e funciona fora da temporada de verão. Portanto, fazer trekking na primavera pode ser bem econômico. No site da Fédération Française des Clubs Alpins et de Montagne tem informações sobre todos os refúgios e se conta com sala invernal. Dia 5: La Fouly: Camping Glaciers, localizado bem próximo à vila. Estrutura muito boa e conservada, com banheiros, lavanderia, pias de cozinha, etc. Água quente em todas as torneiras e internet disponível em todo o camping. As vistas do glaciar são simplesmente espetaculares. Valor: 18 euros. Dia 6: Trient: Camping público localizado na aldeia Le Peuty, próxima da Trient, na direção da rota. Área de camping muito boa, com espaço coberto para cozinhar e comer e banheiros conservados e limpos. As vistas também são ótimas. Valor: Gratuito. Dia 7: Argentière: Chamonix Lodge (já descrito acima), localizado em Chamonix, que fica 8 km de Argentière. Há transporte público fácil. Valor: 22 euros. Dia 8: Chamonix: Fleur des Neiges (já descrito acima). Valor 20 euros. Alimentação: Fiquei 22 dias na europa. Fui em restaurante somente uma única vez, pois havia um menu com preço muito bom (9 euros, uma deliciosa massa em Pádova, acompanhada de salada e sobremesa). Outra vez fui ao Mcdonald's, quando cheguei em Chamonix. Foi de noite e não havia supermercado aberto. Fui no combo mais barato - 6 euros. Como havia levado equipamento de camping (incluindo kit cozinha), praticamente cozinhei em todos os dias, com exceção do período que passei em Mestre, onde pegava comida em um ótimo supermercado localizado próximo ao hostel - Super Interspar. Geralmente ficava em 5 a 7 euros, por refeição + bebida. A rotina em Chamonix era ir aos supermercado, escolher os mantimentos, geralmente uma massa, molho, uma carne na forma de hamburguer, linguiça ou outra proteína. Gostei muito do arroz pré-cozido que tem por lá.. Era só aquecer com três colheres de água (no microondas ou panela), que ficava muito bom. Geralmente gastava 8 a 10 euros por dia com as compras (comida + bebida) Alimentação durante o TMB: Cozinhei em todos os dias. Como há cidades e vilas no caminho, não há dificuldade para o abastecimento. Na suíça os preços são maiores que na Itália e França. Agora, se quiser chocolate suíço, os melhores preços são mesmo na suíça. Por exemplo, o mesmo chocolate em Chamonix custava quase o dobro que na Suíça (Durante o TMB, supermercado em La Fouly). Em Les Contamines, Courmayeur, La Fouly, Argentière e Chamonix há supermercados disponíveis. Obviamente, que em Chamonix e Courmayeur são vários. Nos demais lugares, somente um ou dois. Atenção para o horário de funcionamento. Por exemplo, em La Fouly fecha às 18h. Em Les Chapeaux, existe somente um comércio com poucos produtos, mas com vários tipos de queijos e embutidos da região. Os preços são bons e compensa experimentar. Comprei 3 euros de queijo e foi um pedaço bem grande, que deu para dois dias. Tem também dois restaurantes na vila. No refúgio Elena e Le Peut, não há comércio estruturado. Portanto, deve-se levar os mantimentos. Em Le Peut há um restaurante. Custo do TMB: Chamonix - Chamonix (8 dias) Hospedagem: 112 euros Alimentação: 80 euros Diversos: 40 euros (chocolates, bebidas, algum item de higiene, etc.) Total: 232 euros Média: 29 euros
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LAGUNA 69 Ir ao Peru pôde ser uma das experiências mais incríveis que um Brasileiro poderá ter na vida e se você desembarcar em Huaraz, capital da província de Ancash, cidade de 140 mil habitantes situada a quase 400 km da capital Lima e imersa no meio da Cordilheira Branca, uma extensão da Cordilheira dos Andes, não espere nada menos que o surpreendente, um mundo tão diferente do nosso que irá fazer com que você perca o chão , sua cabeça vai rodar e talvez sentirá até náuseas , tanto pela diferença cultural, tanto pela altitude acima dos 3.000 metros . Eu já havia passado pelo Peru muito rapidamente em 2007, numa viagem alucinante até as ruínas de Machu Picchu, mas foi uma passagem tão rápida e tão conturbada que mal tive tempo de me deixar entrar na cultura peruana, mas desta vez havia separado muito tempo para me perder no país e agora arrastando minha mulher atrás de mim, o que para ela seria ainda mais devastador, já que era sua primeira vez. ( LIMA - PERU ) A Cordilheira Branca é algo realmente surpreendente, uma espécie de Patagônia Peruana, com uma centena de picos acima de 6.000 metros, geleiras, lagunas coloridas, glaciares, templos Pré –Inca, ruínas históricas, animais exóticos e uma infinidade de diferenças culturais e comidas diversas, trilhas e travessias de montanhas geladas são em números incontáveis e o melhor de tudo isso é que os preços são tão baixos que um brasileiro em economia de guerra vai se sentir rico lá. Na praça central de Huaraz , a Praça de Armas, meu pensamento voa longe enquanto nos deslumbramos com a magnitude de duas lhamas e as suas donas trajadas de chollas, que por algumas moedas, emprestam seus bichinhos para uma foto típica, mas meus pensamentos se elevam às montanhas gigantes cobertas de gelo e me imagino no topo delas, mas logo sou trazido a realidade e me lembro que desta vez a única coisa que poderei fazer é me portar como mero turista e não como aventureiro atrás de encrencas geladas e ser turista em Huaraz já é algo magnífico e me sinto feliz de poder compartilhar esse momento incrível com minha companheira de 30 anos. Mesmo como turista é possível passar meses na cidade sem repetir passeio e todos são grandiosos e espetaculares, alguns sem exigência física nenhuma, outros serão apenas para poucos ou pelo menos para quem não é totalmente sedentário, porque além de ter que pôr o pé na trilha ainda vai ter que superar o fator altitude, alguns passeios vão chegar a 5.100 metros e alguns acabam por ficar pelo caminho, mas outros passeio deixarão o turista já no local sem que ele precise dar um passo se não quiser. Geralmente quem vem à Huaraz acaba por separar uma semana ou pouco mais que isso e já vem com os passeios tradicionais muito bem definidos, não é regra, mas conhecer as atrações principais acaba por se tornar quase uma obrigação, isso claro para quem não vai com o intuito de fazer caminhada de alta montanha ou escalar, aí essa regra não vale nada e nem vou expor isso aqui porque seria necessário escrever uma bíblia para falar de tudo que se pode fazer na Cordilheira Branca e mais ao sul dela. Dos passeios mais tradicionais, talvez a LAGUNA 69 seja a principal atração, não só por ter uma paisagem grandiosa, mas porque também é preciso de uma superação tão grandiosa quanto a beleza da paisagem, porque de todos os passeios tradicionais, esse é o que requer um esforço físico para ser alcançado. Não que a trilha seja assim algo quase que para super-homens, mas com certeza é o fator altitude que vai determinar quem pode ou não subir ou quem aguenta ou não se expor nos 15 km de caminhada com o pulmão querendo explodir procurando um pouco de ar para respirar e esse seria o desafio que eu havia programado para tentar arrastar minha mulher atrás de mim, mesmo porque eu já sabia que meu organismo se adapta muito bem a altitude e com um condicionamento físico mais ou menos em dia para minha idade, tiraria de letra, mas minha mulher , quase que uma sedentária contumaz , teria que se preparar muito bem para aquela aventura e o principal a fazer, era não fazer absolutamente quase nada, dar tempo ao tempo e esperar que o organismo se adaptasse a altitude, então programei um roteiro de passeios com esse fim, deixando a LAGUNA 69 com mais de 4.600 metros de altitude para o final da viagem, seria a cartada derradeira, uma tentativa de fazê-la conquistar essa atração, talvez uma das mais belas da AMÉRICA DO SUL. Huaraz não é uma cidade grande, mas mesmo assim é bem movimentada, com um trânsito intenso e barulhento, onde quem buzina mais tem prioridade, mas essa característica é do país inteiro. No centro, perto da sua praça principal ou mais precisamente na avenida que passa em frente dela e uma abaixo é onde tudo se concentra, desde bancos, órgãos oficiais, lojas de equipamentos, casa de câmbio e as agências de turismo que fazem todo tipo de passeio, que eles chamam de tours. Infelizmente quando desembarcamos em uma das inúmeras rodoviárias, porque cada empresa de ônibus tem a sua, acabamos por entrar meio numa furada de aceitar uma oferta de hostel ou alojamento e com isso acabamos sendo levados a fechar todos os passeios com eles. Acontece que a oferta era tão barata, mas tão barata que ficamos deslumbrados com a possibilidade de gastar uma merreca comparada a nossa realidade no Brasil. Os caras nos ofereceram no pacote uma diária que acabou saindo 25 reais por dia, claro, numa hospedagem meia boca, mas com um quarto de casal com uma cozinha disponível, mas um pouco longe do centro. Depois descobrimos que poderíamos ter pago o mesmo valor para ficar mais bem localizados e no fim acabamos pagando mais caro pelos passeios, mas era tão barato que a gente pouco se importou, fica então a dica de não fechar nenhum pacote com hotel nenhum e negociar os preços direto nas agências e conseguir aquele desconto maneiro. Organizei um roteiro que pudesse então fazer com que a gente fosse se aclimatando para enfrentar as altitudes da Laguna 69 e no primeiro dia que chegamos, embarcamos para CHAVIN DE HUASCARAN, uma viagem de um dia inteiro, ida e volta cruzando por cima da Cordilheira até as ruínas Pré-Inca , com uma paisagem deslumbrante no caminho, subindo a mais de 4.600 metros de altitude, passando pela Laguna Querococha, uma introdução as maravilhas da Cordilheira. A viagem é meio cansativa, principalmente para quem chegou de Lima numa viagem noturna de quase 8 horas, mas vai ajudar muito o organismo a ir se adaptando e na volta ainda tivemos a sorte de pegar uma nevasca que cobriu toda a rodovia de neve, mesmo no início do outono. No dia seguinte tiramos para descansar e para perambular pela cidade, nos enfiarmos nos guetos e bocadas e tentar compreender aquela cultura deslumbrante com um povo tão diferente do que estamos acostumados. Tudo nos faz cair o queixo, as mulheres com suas roupas coloridas e que vendem de tudo que se possa imaginar. Vemos uma pobreza gritante, mas também um povo trabalhador ao extremo e que gosta de comer muito bem. Aliás, a culinária peruana faz jus aos prêmios internacionais que vem ganhando ao longo dos tempos, uma diversidade gastronômica impressionante e o melhor de tudo, com preços baixíssimos, tanto que se podia comer até não aguentar mais por míseros 6 ou 7 reais nas dezenas de pequenos restaurantes espalhados ao redor do Mercado Central. Um dos pratos mais típicos do Peru é o CUY, uma espécie de porquinho da índia e o Ceviche Peruano, esse último eu comia quase todos os dias, mas o porquinho ficaria somente para outra oportunidade, já que minha mulher se recusava a dividir a mesa comigo para degustar essa iguaria local. No terceiro dia marcamos para ir a outra grande atração local, o GLACIAR PASTORURI, uma geleira que fica ao sul de Huaraz. A agência nos pegou no hotel às 8:30 com uma van coletiva com gente de toda parte do mundo. Subimos de novo a Cordilheira em pouco mais de 3 horas de viagem, com uma pequena pausa no caminho para um chá de folha de coca para ajudar na aclimatação. Esse é mais um passeio que leva o dia inteiro e vai custar pouco mais de 30 reais por pessoa e mais uns 30 pelo ingresso no Parque Nacional de Huascarán , pode sair bem mais barato se comprar já 3 ingressos , saindo pouco mais de 60 reais, já que iríamos usar para outros dias, fizemos isso. A van deixou a gente a 2 km da geleira. O tempo estava meio embaçado e ameaçava nevar, mas o grande problema ali é a altitude que beira os 5.100 metros e vai desafiar o organismo sem piedade. A caminhada tem pouco aclive, mesmo assim muita gente opta por alugar umas mulas por míseros 7 reais para subir por uns 15 ou 20 minutos, mesmo sendo algo para turista, quem é sedentário de carteirinha vai botar a língua de fora e minha mulher não fugiu à regra, dava um passo e já apoiava as mãos no joelho tentando procurar ar sabe-se lá de onde. Vendo o estado dela tentando vencer esses míseros 2 km, comecei a desconfiar da sua capacidade de conseguir fazer a trilha até a Laguna 69, mas enfim, era preciso deixar o tempo passar para ver como seu corpo reagiria nos próximos dias, se conseguiria se adaptar a altitude. No caminho para o glaciar o tempo virou de vez e a chuva que ameaçava cair desabou em forma de neve, o que foi muito bonito de se ver, mas também acabou por congelar nossas mãos antes de nos valermos de uma luva e um gorro quentinho. Devagarzinho e sendo quase que empurrada por mim, o Rose chegou, com a língua colando no chão, mas chegou e realmente valeu muito o esforço e a oportunidade de poder se postar de frente daquela montanha de gelo, num cenário sem igual. A volta sempre é mais tranquila, tanto a caminhada, quanto a viagem para a cidade, mas foi mais um dia desgastante, agora era hora de descansar e deixar o organismo trabalhar e ir se adaptando porque a regra é clara: Suba alto e durma baixo. No outro dia a gente queria descansar, mas como já havíamos comprado o pacote, tivemos que encarar o tour para a LAGUNA PÁRON. É uma viagem longa e interminável por mais de 3 horas, onde a van desafia a cordilheira e ascende a mais de 4.200 metros, numa paisagem espetacular, em meio à montanhas geladas. A Laguna tem uma cor azul escuro que chega a hipnotizar a gente e no fundo dela um pico em forma de pirâmide ( NEVADO PIRÂMIDE-5.885) faz a gente não se arrepender de ter ido, aliás, dizem que esse cenário magnifico com a composição laguna mais pico, serviu de palco para a empresa cinematográfica Paramount Picture gravar sua vinheta de abertura antes dos filmes. A van nos deixa as margens da laguna, mas quem quiser pode subir por mais uns 500 metros até um mirante do lado direito. Eu encarei essa subida, mas a Rose ficou lá embaixo contemplando a laguna, mas a subida não é tão puxada quanto pintavam, mas caminhar na altitude nunca é mole, mesmo assim subi correndo e desci também, tentando testar um pouco dos meus limites para a Laguna 69. Chegando lá embaixo fomos dar uma volta de canoa na laguna, uma água absurdamente limpa, tanto que bebemos dela. Voltamos para Huaraz e por causa de algumas obras acabamos por chegar bem tarde da noite, cansados, mas já tendo que nos organizar para o outro dia, quando iríamos enfrentar a caminhada turística mais temida da Cordilheira Branca. ( Laguna Parón) Os dias amanhecem sempre frios na Cordilheira dos Andes, mas por sorte naquele dia não havia uma nuvem no céu e isso por si só já me alegrou. Antes das 6 da manhã a van que nos levaria para a Laguna 69 nos apanhou na hospedagem. Ainda estávamos atordoados e cansados por causa do dia anterior, mas confesso que estava um pouco apreensivo, havia chegado a hora de saber se realmente o meu planejamento quanto a deixar minha mulher em condições de fazer a trilha iria dar certo. No transporte coletivo, mais uma vez se juntavam gente de diferentes países do mundo, a maioria não falava espanhol e como pouco aranhávamos no inglês, praticamente ficamos isolados e trocávamos algumas palavras com uns peruanos e com um belga que havia morado um tempo em Portugal e falava bem a nossa língua. Ao olhar o grupo já vi que o negócio iria mais complicado do que eu pensava, porque era composto na sua maioria quase que total de pessoas jovens, sendo eu e a minha esposa de longe os mais velhos, beirando quase os 50 anos e também o belga que parecia nos acompanhar na idade e esse foi um fato que fez logo a Rose ficar desconfiada dessa caminhada, mas eu desconversei, dei umas risadas e mudei de assunto antes que ela desistisse mesmo antes de começar. A Van segue sempre para nordeste, deslizando entre a Cordilheira Branca e a Cordilheira Negra, sendo do nosso lado direito as paisagens encantadoras das grandes geleiras e seus picos acima de seis mil metros e quando chegamos à Carhuaz, saltamos em frente a sua igreja principal para um café da manhã e experimentar os sabores exóticos de uma sorveteria local e para comprarmos água e algum lanche de trilha. Seguimos , mas agora tendo como companhia o monstruoso HUASCÁRAN , simplesmente a maior montanha do Peru e uma das mais altas do nosso continente com 6.789 metros de altitude e foi justamente a encosta desse pico que veio a baixo no terremoto de 1970 que devastou a região de Huaraz, fazendo que a cidade de YUNGAI quase fosse varrida do mapa, dizem que ao todo foram mais de 50 mil mortes, uma catástrofe quase sem precedente se levarmos em conta que isso se deu há quase 50 anos atrás quando a população era bem reduzida. Chegando em Yungai, viramos para nordeste e começamos a subir a Cordilheira Branca, uma viagem interminável, mas plasticamente encantadora, passando por pequenos amontoados de casas e construções rurais, gente que sobrevive a quase 4.000 metros em meio ao ar rarefeito e as agruras da altitude. Vamos subindo pra valer, mas ainda nos valendo de uma crista com um vale do nosso lado direito e quando chega a hora de deixar a crista e entrar de vez no vale que vai nos levar para o coração da Cordilheira, é hora de dar uma parada na ENTRADA DO PARQUE NACIONAL HUASCARÁN para nos identificarmos e comprarmos nosso ingressos (30 soles). Resolvidos os problemas burocráticos, nos lançamos para dentro dos paredões e fomos singrando de um lado para o outro sem tirar os olhos da janela e por vezes tendo que limpar a baba que escorria de nossas bocas do qual o queixo não conseguia se fechar, querendo cair diante da explosão de belezas sem igual. Seis ou sete quilômetros depois da entrada do Parque somos apresentados à LAGUNA LHANGANUCO a mais de 3.800 m de altitude, um azul hipnotizante, num cenário de sonhos. Nos detivemos ali por uma meia hora, o suficiente para prever que hoje nos faltariam adjetivos para narrar as belezas que estavam por vir. Mais à frente a LAGUNA ORCONCOCHA desmonta nossa capacidade de avaliar o que é mais belo e apenas ficamos a admirar àqueles cenários que vão surgindo no nosso caminho até que o nosso transporte motorizado para de vez, é chegado a hora de botar o pé na trilha, o coração já vai disparando e aquela ansiedade toma conta da gente, a aventura vai começar, voltar já não é mais possível e agora sou eu contra a altitude, minha missão : Levar minha mulher a uma das grandes paisagens da América do Sul, fazendo com que ela, mesmo um pessoa sedentária, consiga caminhar por 15 km no ar rarefeito montanha acima, numa altitude superior a 4.600 metros. O guia dá as explicações finais, mas todos nós sabemos que ali guia não serve para muita coisa, a não ser para encher o saco de quem não se mantiver no tempo estipulados por eles para retornar, inclusive para barrar os que não tiverem condições físicas de seguir, fazendo-os desistir. E o tempo estipulado é cruel para os que não tem experiência em longas caminhadas em altitude e muitos ficarão mesmo pelo caminho se não tiverem condições de fazer o percurso até a LAGUNA em no máximo 3 horas para ir e 2 horas para o retorno, então sempre acaba caindo sobre os ombros de todo mundo a responsabilidade de se manterem no tempo previsto. Rapidamente apanho as duas mochilinhas com alimentos, água, agasalho e outros equipamentos de segurança e somos os primeiros a nos lançarmos floresta a dentro, perdendo altitude até um riacho cor de leite. Mas não passa apenas de uma língua de mata que é cruzada em pouco mais de 5 minutos até atingirmos o vale plano, que iremos acompanhar por um bom tempo cercado por uma paisagem estonteante. A minha estratégia é fazer com que a Rose só se preocupe em caminhar e poupar energia, tanto que as 2 mochilas são carregadas por mim, deixando tranquila para que possa andar livre, respirando a maior quantidade de ar possível, mesmo numa altitude superior a 4.000 metros. O cenário inicial é algo que impressiona, vamos bordejando um rio que corre à nossa esquerda, aguas do degelo de picos gigantes que já podemos observar no horizonte. Vou pedindo para que a Rosa respire fundo e se concentre em colocar um pé à frente do outro, numa estratégia de ganhar terreno nessa parte plana e tomar bastante distância do pelotão principal que é composto pelo guia, porque enquanto tivermos à frente deles, é a garantia de podermos ter uma tranquilidade para irmos mais devagar quando a parte íngreme se apresentar e bicho pegar de vez. Me concentro em falar palavras de incentivo e em abastecer de água minha esposa e em dar-lhe algo para repor as energias, mas já vejo logo que ela começou a ferver o radiador e já me parece que começa a diminuir o ritmo e quando uma placa me indica que não andamos nem 2 km, trato logo de desviar sua atenção para que não veja que até agora não andou absolutamente nada. Um pouco mais à frente, umas construções parecendo umas casinhas de duendes nos chama a atenção, mas quando retornamos nossos olhares para o vale de onde viemos é que nos damos conta de onde estamos e do tamanho da paisagem que nos cerca: sobre nossas cabeças se eleva o monumental HUSCARÁN , na verdade com 2 cumes distintos com 6.786 metros a nos assombrar, mostrando que ali naquela cordilheira ele é quem manda , senhor soberano das altitudes, não só da Cordilheira Branca, mas o teto do próprio Peru e do seu lado esquerdo o Nevado Chopicalqui ( 6.354) fecha a parede e nos deixa boquiabertos , nos impedindo de prosseguir sem que desgrudemos os olhares destes monstros feito de rocha e de gelo, um cenário para guardar na memória por uma vida inteira. (Huascarán - o teto do Peru) Tudo era lindo, mas ainda na minha cabeça eu tinha a esperança de conseguir levar minha esposa até a laguna e a todo momento, mesmo sem tirar o olho das grandes paisagens, ia atrás dela dando uma de personal trainer, dando aquele incentivo, contando umas lorotas, inventando que faltava pouco e quando cruzamos uma pontinha sobre um afluente do rio principal, vi que começamos a nos aproximar de uma grande cachoeira de onde suas águas saltavam dos degelos das montanhas gigantes do nosso lado esquerdo, que ao fazermos a curva que iria nos fazer começar a ganhar altitude, seria a hora de botar a prova toda minha capacidade de convencimento, se ela vencesse aquele trecho crucial, pensei que poderíamos ter êxito. Havíamos vencidos cerca de um terço do caminho, mas até então foi uma caminhada apenas no plano, o que poderia parecer praticamente nada, mas estamos falando de altitude, onde você puxa o ar e não encontra nada, onde o pulmão parece que vai explodir a qualquer momento. Eu me sentia muito bem, mas já sabia que meu organismo de adapta bem e rápido na altitude, mas entendia muito bem o que minha esposa estava passando. Agora o caminhar é lento, um passo e logo as mãos vão para as pernas, tentando se segurar para não cair. O terreno, a trilha, vai ziguezagueando montanha acima e cada metro vencido é uma conquista. Ela sofre, é um sofrimento que acaba sendo compartilhado por mim, que tento mentalmente empurra-la para cima: “ Vamos só mais um pouco, outro passo, respira, bebe água, não está longe o próximo patamar, vamos “. O sofrimento nos olhos dela é visível, começa a diminuir o ritmo consideravelmente e vamos sendo ultrapassados por todo mundo e é nessa hora que tenho medo de que o guia comece a pegar no nosso pé e ela desista de vez. Por sorte o próprio guia se deteve por um instante para auxiliar uma jovem que parece ainda estar pior que a Rose e foi a deixa para eu arrasta-la até que atingíssemos o grande patamar, estava vencido mais uma etapa, pelo menos por enquanto teríamos um refresco e poderíamos caminhar por mais algum tempo no plano. Aliás, a entrada desse novo vale é marcada por uma pequena e bonita lagoa que alguém me sopra ser a LAGUNA 68, mas parece ter outro nome também. (Laguna 68) Fizemos uma breve parada ali na laguna de não mais de 5 minutos, só o tempo básico para uma respirada mais profunda e para engolir alguma coisa energética. Nosso caminho segue agora em nível, numa paisagem incrível de onde a nossa frente desponta o não menos incrível PICO CHACRARAJU ( 6.108) e é com essa companhia que nossos passos vão deslizando pelo vale florido e 600 metros depois da pequena lagoa, nos deparamos com uma placa que indica uma trilha para outra laguna à direita, mas infelizmente não será dessa vez que nossos pés tocaram a Laguna Brogui, é preciso nos concentrarmos no objetivo principal porque estamos no tempo limite e ao trombarmos com uma placa onde dizia que a Laguna 69 estava a míseros 1000 metros, comemorei pensando que daqui para frente seria moleza e o sucesso estava garantido, ledo engano. Nesse 1 km final é onde o nosso organismo vai ser testado de verdade. Para quem já vinha buscando ar para os pulmões, esse pequeno trecho de subidas intensas poderá marcar definitivamente o final da caminhada, porque é aqui que muita gente passa mal e em alguns casos tem de ser ajudada a voltar para baixo, esse é o trecho que separa quem vai vencer e quem vai fracassar, pelo menos para os turistas ou até para montanhistas que não conseguem se adaptar as altitudes e já vinha capengando nas etapas anteriores. A Rose agora se arrasta de vez e só não anda de quatro pé para não passar vergonha e mesmo com o vento gelado acima dos 4.500 metros, sua em bicas. Enquanto ela vive seu calvário pessoal, caminhando feito uma tartaruga paraplégica, me contento em incentivar e também em apreciar a grandiosidade da paisagem que vai se descortinando enquanto vamos ganhando altura naquele ziguezague derradeiro. A cada passo, a cada metro ganho, nossa ansiedade vai aumentando. Sobre nossas cabeças agora localizo o que imagino ser a ponta do Nevado Pisco, montanha que já foi eleita a mais bonita do mundo, mas é um ângulo diferente e me concentro em botar meus olhos mesmo é na laguna, na esperança de vê-la ao longe. Nessa hora eu nem sei mais para onde foi parar o tal guia e pouco me importo em saber, já tenho a certeza que vamos chegar, muito porque o terreno se estabiliza e o sofrimento da subida já ficou para trás e é hora de encher os pulmões de ar ou o que conseguir, obviamente, e bater continência para uma das maiores atrações da América do Sul. O paredão gelado já está no nosso raio de visão, a geleira derretendo e deixando cair uma cachoeira e logo o azul, ainda uma pequena pontinha da laguna, desponta à nossa frente e a magia vai crescendo num dos cenários mais surpreendentes do mundo. O cérebro demora a processar o que olhos vão captando e nessa hora nem mesmo sei para onde foi parar minha mulher, só me lembro de ter sido arrastado pelo deslumbramento, quase hipnotizado pelo azul celeste. Gastamos menos do que as 3 horas limites para chegar. A Rose quase desmaia de cansada e senta-se à beira da Laguna 69 (4.604 m) e por lá fica comemorando em silêncio essa vitória pessoal, mas eu ainda estou pilhado e enquanto todo mundo, umas 50 pessoas, ficam aos pés da laguna só na contemplação, tomo o rumo do morro a nossa direita e sozinho vou ganhando altitude, galgando esse ombro rochoso até que atinjo o topo de onde se descortina uma visão inteira e completa de toda a Laguna, a mais de 4.650 metros de altitude. A grandiosidade da paisagem ao redor é coisa que me emociona e talvez esse tenha sido o lugar mais longe de casa que já estive na vida. Fico ali entregue a minha própria solidão e me esqueço completamente do tempo e da vida, apenas inerte, parado, estático, captando aquela cena do qual guardarei para o resto da vida, mas logo descubro que não é possível ser feliz para sempre e começo a descer e no final da descida surpreendo-me com uma vaca querendo chifrar, vejam só, um grupo de brasileiros, na verdade a vaquinha queria apenas matar sua curiosidade, mas os brazucas não estavam a fim de pagar para ver , então correram bem para longe dela. Quando cheguei perto, todo mundo do nosso grupo já havia partido, inclusive minha esposa, então só me restou fazer um carinho na vaquinha e desembestar montanha à baixo na tentativa de acompanhar o grupo. Às bordas de completar 50 anos, ainda me surpreendo com a facilidade que tenho de adaptação às altitudes e como carrego apenas 2 mochilinhas leves, é correndo que desço esse km inclinado, tomando cuidado para não derrapar nas curvas e despencar morro à baixo e rapidamente alcanço minha esposa e o guia, que é um dos últimos e logo quando voltamos ao plano, vamos ultrapassando boa parte dos integrantes do nosso grupo e antes mesmo de voltar ao laguinho intermediário, nos encontramos novamente com o Belga que fala português e numa conversa informal, descobrimos que o cara tinha apenas 40 anos, muito menos do que os mais de 50 que pensávamos ter e ai nos demos conta de que eu e minha esposa éramos os anciões daquele grupo multe estrangeiro, verdade mesmo que não havia ninguém mais velhos do que nós naquela caminhada e naquela montanha. O próximo lance de descida é a rampa inclinada, de frente para a grande cachoeira, mas agora a descida é constante e sem maiores pausas, apenas para uma ou outra foto da paisagem ao nosso redor e não demora muito atingimos o vale final, o ultimo estirão, agora totalmente plano, ás margens do rio do degelo das montanhas e vamos aos poucos nos despedindo do próprio Huascarán e o teto do Peru vai ficando para trás e duas hora e meia depois de abandonarmos a Laguna, emergimos da matinha e finalizamos junto à estrada, onde nossa Van foi estacionada e ali nos atiramos ao chão para um demorado descanso até que todo o grupo se juntasse e partíssemos novamente para Huaraz, onde chegamos já tarde da noite. Ainda inebriados pela caminhada do dia anterior, acordamos tarde e fomos perambular por Huaraz, nos perdemos em tudo quanto é beco e já que havíamos decidido ficar por lá mais uns dois ou três dias, resolvemos nos mudar para um hotel no centro, o que não nos custou mais que 30 reais. O choque de cultura é tão grande que ás vezes nos faz até perdermos o rumo e já que era para perder o norte, decidi que aquele seria o dia de experimentar uma das maiores iguarias da cozinha Peruana. Entramos em um restaurante popular e enquanto minha esposa experimentava mais um Ceviche, pedi logo um PORQUINHO DA INDIA, havia chegado a hora de provar o tal do CUY, mas antes mesmo que a iguaria tocasse nossa mesa, fui expulso a pontapés pela minha esposa que aos gritos disse logo: “VAI COMER ESSA MERDA LONGE DE MIM” (rsrsrsrrsrsr). Lá estava ele, nosso mascote, bonitinho e peludo, mas agora ali jaz, duro e à pururuca. Num primeiro momento não foi agradável ver aquele cadáver parecendo um rato seco sobre a mesa, mas o ser aventureiro que habita o meu corpo me dizia que aquela era talvez a única chance de experimentar um prato típico inusitado. O estômago deu um embrulhada, principalmente quando os dentes saltaram aos olhos, mas o demônio na minha cabeça insistia: “ Come aí, num dá nada, vai lá, só um pedacinho miseraviiii” Fechei os olhos, peguei um pedacinho, enfiei na boca. Minhas papilas gustativas foram se abrindo e o sabor do coitado do porquinho foi adentrando no meu corpo, tomando conta do meu ser e o animal carnívoro veio à tona e me portei como o diabo das Tasmânia, não deixei sobrar nem os ossos, só os dentes permaneceram no prato, melhor o do porquinho do que os meus. Os dias passaram e foi preciso deixar aquele lugar de sonhos para trás e a nossa volta para Lima foi como a ida, tranquila e sem nenhum percalço porque a maioria das viagens são à noite. De volta à capital do Peru embarcamos imediatamente para o sul do país, era chegada a hora de respirar o ar em abundancia do litoral e como minha proposta era a de conhecer paisagens diferentes, fomos nos perder no grande Deserto de Ica, lá onde o vento faz a curva, lá para as bandas do oásis de HUACACHINA, onde as maiores dunas do continente reinam absolutas, mas isso é uma outra história, de um outro capítulo de um livro chamado : AS HISTÓRIAS QUE AINDA NÃO CONTEI SOBRE O PERU , mas que um dia vou contar, num momento oportuno. (Huacachima) (Paracas) Essa não foi só uma história de uma caminhada por uma das maiores paisagens do continente, essa foi a narrativa de uma superação, onde o principal objetivo foi mostrar que uma pessoa sedentáriapode vencer aquilo que num primeiro momento pode parecer impossível. Me lembro que anos atrás, na subida do Vulcão Vilarica no Chile, minha esposa me fez prometer que nunca mais a faria enfrentar tais desafios. Daquela vez ela fracassou, desistiu antes do cume, mas desta vez consegui trabalhar bem a parte psicológica dela, provando que as vezes um desafio é vencido com a cabeça e não só com as pernas. Voltamos do Peru simplesmente maravilhados, um tanto chocado com a cultura totalmente diferente da nossa, mas assim mesmo, trazendo na bagagem a certeza de ter vivido o bastante para conhecer um dos países mais espetaculares do mundo, um aprendizado para uma vida inteira. Divanei-Abril/2019
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Introdução Meus colegas mochileiros, depois de muito rodar por esse mundão, finalmente chegou a hora de conhecer o gigante de gelo que há tanto tempo eu sonhava. No início desse ano, comprei as passagens com a estatal Air Greenland por 1595 coroas (1147 reais) de Copenhage a Ilulissat, mais 1208 coroas (869 reais) de Ilulissat a Kangerlussuaq, e outras 1595 coroas de Sisimiut a Copenhage. Já a ida e volta à Europa foi comprada com as baratas passagens flexíveis da 123Milhas. Seguiram-se meses de planejamento e treinamento físico (pois faria sozinho uma travessia dificílima na tundra Ártica), até partir no começo de junho para Lisboa. Lá, passeei por Évora e comprei os alimentos desidratados para a aventura groenlandesa, bem como a tenda tarp de trekking da Decathlon, com apenas 920 g. Os demais equipamentos eu já possuía, com exceção dos bastões de caminhada que não podem ser levados como bagagem de mão e o cartucho de gás que é proibido no transporte aéreo; portanto, foi comprado no destino final. Dia 1 Foi com um avião grande e confortável terceirizado pela Air Belgium que passamos sobre a enorme calota polar, desembarcando no final da tarde no principal aeroporto em Kangerlussuaq, para uma conexão. De verde só o nome do território mesmo, que foi uma jogada de marketing viking na Idade Média pra atrair novos moradores. Bem em frente ao aeroporto fica o único supermercado do vilarejo, que possui menos de 600 habitantes. Até que a variedade e os preços me surpreenderam (a Groenlândia não cobra imposto sobre bens e serviços), ficando no nível ou um pouco abaixo de outros países nórdicos, já que quase nada além de carne de caça e pesca é produzido localmente. Usando o ônibus de linha, fui até o albergue de Kangerlussuaq. A partir de 225 coroas (162 reais), é a hospedagem mais barata do território. Ainda assim, é bem completo, mas com horário restrito de entrada e necessidade de saco de dormir próprio. Eu estava considerando fazer um passeio longo de 695 coroas (499 reais) à calota polar, mas o tour já havia esgotado para esse dia – os turistas começavam a chegar na temporada de verão. Então, larguei a mochila e fui dar uma caminhada num frio de respeito, próximo aos 0 graus. Passei pelas típicas construções baixas, quadradas e coloridas, até encontrar uma cachoeira congelada nos arredores do vale quase infértil. Do outro lado da vila, atravessei o rio quem vem da geleira. Nessa hora, a neve começou a precipitar de forma cada vez mais acentuada, deixando a paisagem ainda mais desoladora e me forçando a retornar à hospedagem. Enquanto preparava meu jantar de supermercado, fiquei conversando com o Bjørn, norueguês que já havia visitado todos países do mundo. A noite não veio, como aconteceria até o fim da viagem devido à alta latitude, então precisei colocar uma máscara no olho para dormir. Dia 2 Amanheceu com neve para todo lado, quando embarquei no pequeno turboélice na curta e cênica viagem até Sisimiut, a terra dos icebergs. Por incrível que pareça, conheci duas senhoras brasileiras no terminal aeroviário, aproveitando assim o transporte delas até o centro. Com quase 5 mil habitantes (o que deve aumentar em 2 anos quando terminarem a reforma do aeroporto para receber voos internacionais), é a terceira maior cidade e o principal destino turístico da Groenlândia. De um lado, o porto de pesca e transporte, do outro, criadouros de cães de trenó, fundamentais para a economia. Há quase tantos desses animais quanto humanos aqui, mas eles precisam ficar separados – a lei proíbe que haja cães de estimação. Perambulei pelas vias centrais, onde havia certo movimento de pedestres, veículos leves e pesados. Num dos supermercados, peguei uma refeição simples pronta e por 19 coroas (14 reais) uma garrafa de 330 ml da Qajaq (= caiaque, invenção groenlandesa), cerveja artesanal feita com gelo de iceberg. Poderia ainda ter optado por caviar, já que é uma iguaria nativa, o que não sairia tão caro quanto no Brasil. Embora haja certa quantidade de resíduos nas áreas residenciais e periféricas, ainda assim, as moradias são fotogênicas. Além de casas, boa parte da população nativa inuíte mora também em baixos e longos prédios residenciais. Contudo, o principal fica sobre o mar. O fiorde de gelo de Ilulissat é um belíssimo Patrimônio da Humanidade que protege a geleira mais produtiva do mundo fora da Antártida. Em qualquer ponto da cidade você consegue admirar os icebergs que cercam a costa rumo a outros mares, e os barcos de passeio e pesca entre eles. Depois de economizar uns trocados usando o wi-fi do centro de visitantes e o banheiro do ginásio esportivo, comprei a janta no supermercado da rede Brugseni, onde voltei algumas vezes e até fiz amizade com um inuíte. Após, fui em direção à primeira das 4 trilhas oficiais na zona do patrimônio. Subi uma escadaria, caminhei um pouco na tundra Ártica, e com essa vista, armei minha barraca para uma “noite” solitária e gratuita. Dia 3 Continuei pela trilha, subindo e descendo alguns morros e a tundra com manchas de neve, sempre com a vista do mar de gelo. Nesse caminho encontrei uns poucos exemplares da fauna, como o pisa-n'água-de-pescoço-vermelho (Phalaropus lobatus), ave migratória que já foi vista no Brasil. Encerrei o sendeiro assim que passei por um dos diferentes cemitérios cobertos de neve, com cadáveres provavelmente preservados pela temperatura. Ainda visitei dois dos museus de Ilulissat, a um custo de 100 coroas dinamarquesas (72 reais). O primeiro fica na casa do explorador polar Knud Rasmussen. É interessante, pois ensina sobre a história da Groenlândia desde antes de Cristo até o pertencimento ao Reino da Dinamarca, além de Ilulissat, fundada no século XVIII como um entreposto comercial dinamarquês. Enquanto isso, o museu de arte apresenta, entre outras coisas, pinturas e artesanatos com madeira e osso. Segui ao outro lado da cidade, onde iniciei a segunda trilha, que é a mais difícil de todas, pois essa já começa com o chão coberto de neve, além de montanhas. Algumas horas passaram-se entre duas paredes rochosas e algumas afundadas na neve, até que eu atingisse o ponto mais alto. Como o sol já estava baixando e o lugar que eu estava possuía uma vista cênica, decidi acampar lá mesmo – novamente, sem ninguém por perto. Dia 4 O que eu não contava era com o vendaval que faria na madrugada. Foi tão forte que algumas amarras soltaram; com isso, precisei sair do meu saco de dormir quentinho e encarar os -7 °C que faziam para colocar a barraca de pé. Pela manhã, desci a trilha até chegar ao ponto costeiro mais próximo da geleira, onde há tanto gelo que mal se vê o mar. Com a proximidade do fim, encontrei outros turistas na região. Almocei com essa vista, conectando em seguida com a outra trilha, nas plataformas que passam pelo sítio arqueológico do antigo vilarejo primitivo de Sermermiut. Pena que no local não há resquícios visíveis. Por fim, visitei o museu do centro de visitantes do patrimônio de Ilulissat, num edifício de arquitetura excêntrica. São 150 coroas (108 reais) para aprender sobre glaciologia com tecnologia. Dali, andei até o aeroporto, pegando um voo de retorno a Kangerlussuaq à noite. Consegui achar um canto escuro e silencioso para dormir no próprio aeroporto, que permanecia aberto, já que possui um hotel (caríssimo) dentro dele. Dia 5 Descansado, retirei parte dos equipamentos e alimentos que eu havia deixado no guarda-volumes do aeroporto de Kangerlussuaq para, no final da manhã, iniciar a longa travessia da Arctic Circle Trail, 9 dias de autossuficiência por 165 km de tundra Ártica desabitada. O começo foi pelo asfalto esfacelado, onde passavam alguns veículos. Uma dessas rachaduras revelou o permafrost (solo congelado). Já ao sul, a parte mais antiga do vilarejo foi construída por americanos no começo da década de 1940, junto com o aeroporto, por ser uma base aérea. Não foi fácil andar com cerca de 20,5 kg no corpo, principalmente porque meus ombros já estavam um pouco doloridos das trilhas em Ilulissat. Doze quilômetros depois, já terminada a morena glacial que desemboca do rio que corta o povoado, cheguei ao fiorde onde fica o pequeno porto, que recebe até mesmo cruzeiros. Ali fica o bairro mais distante, Kellyville, com algumas casas isoladas e a antena da antiga estação de pesquisa atmosférica Sondrestrom, agora desativada. Nessa hora a estrada já de terra deixa o mar e sobe para o interior, passando por belos lagos cercados de turfeiras encharcadas que me acompanhariam por toda trilha. À distância, vi meu primeiro grupo de renas (Rangifer tarandus), o mamífero mais presente na travessia. Somente com o zoom da lente da câmera pude identificá-las. Como são caçadas há milênios, quase sempre fogem dos humanos. Assim, terminei a caminhada do dia ao chegar ao fim da estrada, 19 km depois, no lago onde fica o trailer de Hundesø. Esse é um dos abrigos desabitados que ficam ao longo do caminho, sendo as únicas construções humanas. Assim como a maioria das cabanas, possui cama, mesa, assento, banheiro seco, pia sem água, aquecedor à combustão, ferramentas e restos de comida e gás. Cheguei no momento certo, pois um vendaval seguido de chuva surgiu ao redor por horas a fio. Enquanto preparava o jantar de arroz com lentilha em meu fogareiro portátil e observava pela janela do trailer, vi um animal se aproximando. Era uma raposa-do-Ártico (Vulpes lagopus foragoapusis), animal fascinante que não é fácil de ser observado! Pra piorar, muitas dessas raposas estão com raiva (doença), o que não era o caso dessa, pois assim que me viu, partiu em disparada. Dia 6 Após tomado meu café da manhã com leite em pó, granola e frutos desidratados (o mesmo de todos os dias), fui até o lago parcialmente congelado para contemplar a paisagem. Vi um grupo de gansos-canadenses (Branta canadensis) e um casal de patos-rabilongos (Clangula hyemalis), espécie do Ártico que muda a cor da plumagem no inverno, assim como a raposa e outros animais. O gelo no lago era tanto que transbordava pra margem. Nesse dia ameno para padrões groenlandeses (máxima de 13 °C), cruzei por outras lagoas, brejos e trilhas alagadas que dificultavam o progresso, além de morros rochosos, num total de 19 quilômetros. Mais adiante no dia, vi uma ave de rapina alto no céu, e um casal de lagópodes (Lagopus muta) em terra, sendo um pardo e outro com penas brancas. Meus ombros já estavam bem doloridos, quando enfim vislumbrei a cabana de Katiffiq. Junto a ela e seu lago, havia duas renas mansas que não se abateram com a minha presença. Fiquei curtindo o momento, enquanto descansava. Só que eu não estava sozinho. Duas garotas e um rapaz americanos estavam repousando quando entrei no pequeno abrigo, que lotou. Sentei um pouco fora e calcei chinelos para secar meus pés, que estavam absurdamente enrugados de água. Depois, jantei miojo e capotei. Dia 7 Uma das americanas sentiu o drama e desistiu da trilha, regressando a pé até Kangerlussuaq, enquanto os demais partiram quando eu ainda estava dormindo. Esse dia foi plano, sempre ao redor do Lago Amitsorsuaq, parcialmente congelado, e suas praias de seixos rolados e areia. Na companhia de alguns passarinhos, atravessei um aglomerado de salgueiros, que aqui não passam de arbustos, mas o que dificultou foi o vento forte, seco e frio (sempre contra), que piorou os já rachados lábios, além dos alagamentos no caminho. Tanto foi que cheguei no fim do dia com a visão de um olho meio perturbada. Vinte e um quilômetros depois, atravessei um derrame de gelo pra atingir, do outro lado do grande lago, a cabana da vez (Canoe Center), que é a maior de todas. Construída pra um propósito não realizado, tem algumas canoas à disposição e é dividida em cômodos com vários beliches, um deles para os americanos (foi a última vez que os vi) e outro pra mim, tendo até mesmo painéis solares para recarregar os aparelhos. Utilizei em meu smartphone, nas baterias da câmera, em dois powerbanks e no Spot (comunicador/rastreador satelital). Dia 8 Dormi bem essa noite, e ainda consegui faturar uns chocolates (que depois de comer descobrir estarem vencidos) e refeições liofilizadas que outros aventureiros deixaram de presente. Antes do lago sair de vista, vi outra dupla de lagópodes tranquilos, que me deixaram fotografá-los. Com quase 23 km, foi um dia longo e desafiador. Primeiro, pelo solo brejoso em muitas partes, onde não havia bota impermeável que saísse ilesa. Uma longa, mas pouco caudalosa cachoeira, surgiu do alto de um morro. Ela se uniu a alguns pequenos rios, que precisei saltar, desembocando em outro corpo d’água lêntico. Nesse ponto, estava ingressando na antiga área de caça dos inuítes, um patrimônio mundial chamado de Aasivissuit-Nipisat, que me acompanharia quase até o final da aventura. Pisei em um pouco de neve compactada, para enfim começar uma longa subida. Só que nesse momento, acabei me perdendo da trilha principal pouca sinalizada e o GPS não ajudou muito. Tentei pegar um atalho para me unir à trilha mais adiante, mas acabei me afastando ainda mais, isso no meio de vários morros rochosos quase verticais que precisei superar, com o vento soprando forte. Perdi um bom tempo, mas consegui encontrar um dos montes de pedra e um rastro de trilha, sem precisar regressar no caminho. Um pouco mais de ascensão, para somente às 21 h chegar no pequeno abrigo de Ikkattooq, o mais elevado da travessia. Fiquei preocupado, pois, embora tivesse me recuperado na última noite, novamente minha visão estava turva. Dia 9 Felizmente, o problema passou e não se repetiu, com o cuidado extra que tive dali em diante. Embora meu corpo estivesse dolorido, reajustando o peso na mochila, consegui aliviar os ombros. Sem banheiro ali, tive que sentir o vento batendo no traseiro enquanto executava um agachamento. A primeira visão desse dia foi a de lebres-do-ártico (Lepus arcticus groenlandicus) na encosta de uma montanha. Foi a segunda aparição dessa espécie, mas novamente longe demais para ser observada com detalhes a olho nu. Desde o dia anterior, havia reparado em fezes roxas de aves. A minha suspeita de que seriam bagas-do-corvo (Empetrum nigrum) foi confirmada quando vi as pequenas esferas negras surgirem aos poucos no caminho. Com um suave gosto doce e ácido, mas com micronutrientes, são comestíveis também por humanos. Nesse momento, me dei conta que eu estava a pelo menos 4 dias de distância de qualquer assentamento humano! Com pouco mais de 11 km até o abrigo seguinte (distância mais curta da trilha), caminhei tranquilamente. Com um pouco de subida inicial, tive a vista do maior brejo de todo o caminho, que incluiria uma temida travessia de rio. Rapidamente descendo as rochas com o apoio dos bastões de caminhada, cheguei à base onde precisei optar entre atravessar um trecho reto menor de trilha em banhado e passar a pé pelo rio, ou então arrastar-me por toda essa várzea sem trilha e procurar uma ponte que havia sido instalada no final. Escolhi a primeira opção; logo, as botas foram literalmente pro brejo. Na hora da travessia, o nível estava acima do joelho e com uma força considerável, o que foi um pouco perigoso. A temperatura da água era o de menos, pois o sol ajudava nesse que foi o trecho mais quente da trilha, tanto que fiquei ali sentado secando ao ar livre, enquanto comia minhas barras de proteína e carboidrato. O que não esperava era que os primeiros mosquitos (terríveis no verão a ponto de ser preciso andar com uma tela no chapéu) já estariam incomodando. Prossegui pelo limite entre a área encharcada e a encosta do morro, pisando vez ou outra em terreno úmido, mas plano, coberto por salgueiros-do-ártico (Salix arctica) desfolhados e bétulas-anãs (Betula nana) verdes. Passadas algumas renas fugitivas depois, alcancei outro bonito fiorde. Muito próximo estava a cabana de Eqalugaarniarfik. Ali cumpri minha missão voluntária de deixar uma mensagem escrita para que os visitantes não larguem seus resíduos ali, para que os levem até o final. Dizem que isso é um problema, pois não há coleta periódica ao longo da temporada. Como fui antes, encontrei pouco. Dia 10 O dia iniciou com uma subida de respeito, deixando a cabana para trás. Então, o tempo começou a fechar, até que o vento se somou à chuva congelada e à névoa. Enquanto isso, eu passava por lagos e por manchas isoladas de neve. Quando estava transpondo uma tundra avermelhada, a chuva engrossou a ponto dos meus trajes impermeáveis não aguentarem mais. Apressei o passo, pois começou a nevar, e bastante. Ao fim de 19 km, me abriguei na primeira cabana que vi, a Innajuatooq I. Logo troquei de roupa e preparei um jantar reforçado, enquanto observava tudo ao redor ficar branco de neve, mesmo que a poucos dias do verão começar. Dia 11 Foi incômodo encarar o frio que abatia, tanto que precisei sair com uma camada extra de roupas. Pra piorar, os trajes do dia anterior não haviam secado. Logo encontrei a Innajuatooq II, escondida pela nevasca da noite anterior. Maior que a de onde fiquei, tinha banheiro, mas pelas pegadas havia sido ocupada por outrem. Essas pegadas me ajudaram a enfrentar um grande desafio no dia. Começando, a ponte natural na travessia de um rio. À medida em que eu subia uma elevação, as plantas ficavam cada vez mais escassas, e a neve ia tomando conta da paisagem. A orientação já não era mais possível, quando o vale seguinte se mostrou estar quase que completamente branco, e ainda por cima com um lago congelado oculto. Na tentativa de parar de afundar na neve, pois meus pés já estavam sem sensibilidade do frio molhado, parei de seguir as pegadas e fui para a lateral do morro. Só que não deu certo, acabei escorregando e me machucando um pouco. De volta à neve, foram longas horas com os pés duros, embora a distância total não chegasse a 18 km. Enfim, a choupana de Nerumaq se apresentou à vista, assim como um casal gente boa dos países bálticos. Foi sorte tê-los encontrado, pois meu papel higiênico havia recém-acabado. Dia 12 Esse dia foi mais agradável, mas constaram uns quantos rios que demandaram tempo para encontrar pontes de gelo e cruzá-los. Outro ponto interessante foi a floresta de salgueiros, que aqui atingiam até 2 metros, um recorde pra esse ambiente inóspito. Altos, secos e densos, incomodaram um pouco. Passado um lago onde vi até alevinos, decidi lavar a cabeça num rio, pois há muitos dias só usava lenços umedecidos na higiene corporal. Ao subir o relevo, me deparei com o cênico fiorde de Kangerluarsuk Tulleq. Do outro lado da água, havia algumas casas de veraneio, mas nem sinal de humanos presentes. Com menos de 16 km caminhados até então, optei por dormir minha penúltima noite no barraco mais adiante, o de Kangerluarsuk Tulleq Syd. Dia 13 Altamente motivado pelo fim da trilha, apesar de toda fadiga acumulada no corpo e hematomas nos pés e mãos, abandonei a casinha. Não contava, porém, que esse seria o dia mais difícil de todos. Logo de cara, uma tremenda ascensão vertical até um passo de montanha. De cima, ampla vista para o fiorde como recompensa. Curiosamente, também havia um "chalé" banheiro perdido na montanha, o qual fiz bom uso. O desafio intensificou a seguir, com muita neve a ser trespassada. Majorou o problema quando um rio subterrâneo impediu minha travessia. Mesmo seguindo pegadas alheias, quando atingia o leito dele, eu afundava na água congelada. O resultado disso foi que fiquei molhado e precisei seguir de quatro até atingir a margem esquerda do rio, e dali em diante, ir em frente. Só que esse lado era mais complicado, pois a neve estava mais fofa e havia menos terra que no lado direito. Enquanto isso, meu aparelho Spot que poderia ser usado em um eventual resgate, já se encontrava com a bateria num nível crítico. Pensei seriamente em desistir, pois minha situação estava preocupante. Apesar de tudo, persisti. Cerca de duas horas depois, consegui finalmente atravessar até a margem direita e, logo depois, tive a vista do solo predominante numa descida. Faltavam poucos quilômetros para chegar em Sisimiut, mas quando atingi a estação de esqui (desativada nessa época), outro longo trecho de neve se apresentou perante mim. Felizmente, a única dificuldade dessa parte foi o equilíbrio, pois pude aproveitar o rastro de um veículo 4x4 que compactou a neve, deslizando dentro dele. Dessa forma, em breve tive a vista mais bela de todas, a da segunda maior cidade da Groenlândia (com menos de 6 mil habitantes). Enfim, estava chegando ao final! Com a energia renovada, continuei a descida, contornei o lago pela esquerda, passei pelos canis e atingi o núcleo urbano de construções coloridas. A única parada foi no supermercado, pois minha última barra de proteína havia terminado muitas horas atrás, e eu precisava de comida de verdade. Depois, cruzei a ponte, onde fica a marina e o porto, caminhando mais alguns quilômetros até que, às 22:30 h, ou seja, mais de 12 horas e 25 km depois do começo do dia, eu finalmente chegara ao destino final, o aeroporto de Sisimiut! Que alegria! Todavia, seu terminal estava fechado. Com isso, usei uma mesa de piquenique externa para jantar e, no mato ao lado, armei minha tenda para a última noite. Agora oficialmente foi o fim da trilha, conforme registrado em meu aparelho. Dia 14 Ingressei no minúsculo terminal, donde embarquei num turboélice que refez meu trajeto de 9 dias até Kangerlussuaq, com a diferença que tomou menos de meia hora para tanto! Na curta conexão antes de voar a Copenhage, aproveitei para provar no restaurante do aeroporto uma iguaria típica local: hambúrguer de boi almiscarado. Valeu as 125 coroas (90 reais), relembrando que a Groenlândia tem um alto custo de vida. Conclusão Me despedi dessa terra admirável, com paisagens deslumbrantes e ainda bastante selvagem, o que deverá mudar um pouco com a ampliação dos aeroportos para receber o turismo internacional em massa. Foram longos e duros dias de trilhas, com a compensação das paisagens e animais fascinantes, além da mais pura tranquilidade. Se desconectar completamente do mundo às vezes é necessário. Ainda que estivesse um tanto cansado física e mentalmente, dali parti para outro território exótico nórdico. Passei 10 dias mochilando nas Ilhas Faroé, antes de tomar o caminho de volta a meu país... Apreciou meu relato e deseja ver em minhas redes sociais os vídeos e fotos dessa aventura extrema, bem como de outras tantas, ou então adquirir algum de meus livros? Acesse então o link Rediscovering the World e até a próxima aventura
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Em Agosto de 2018 fiz Calão/Lima -> Huaraz -> Lima -> Nazca -> Ica/Paracas -> Cusco + Vale Sagrado + Machu Picchu/Haynapicchu -> Arequipa + El Misti + Canon del Colca e pretendia fazer uma relato, mas pós retorno estava morto e do que pretendia fazer hoje ficaria bastante impreciso, o que não me agradaria. Então guardei os mapas pra dar a um priminho e hoje joguei tudo que é quanto nota fora e resolvi tratar somente do Vulcão El Misty, para quem possa interessar. Obs: adianto que não tô querendo fazer propaganda (+ ou -) de nada, mas tentando facilitar a vida de quem possa estar interessado em fazer esse rolê. No Brasil contratamos o passeio via Denomades, o processo foi bem simples, respondem bem e contratamos outros serviços com eles, mas nesse caso em específico foi um pouco frustrante. Pois na verdade eles intermedeiam a compra de serviço de outra agência local, que nesse caso, ainda comprou o serviço de uma terceira. Essa "segunda" foi um desastre. Nos informaram horário errado, não manjavam nada de rolê de montanha. Enviei informações prévias sobre condições físicas e de saúde e pedindo maiores informações para o preparo e "cagaram" pra isso. Ainda bem que não eram eles que prestavam o serviço e sim a WaikyAdventours. E esses sim são muito responsáveis e prestativos. Sem pesquisar bem, não tinha muito como prever, mas se tivesse como tinha contratado diretamente com eles, barateado o passeio e não tinha me estressado com a "terceirizadora" hehe. É possível de se chegar ao cume, mas é importante estar acostumado a fazer caminhadas grandes e estar aclimatado. Quando fomos iniciar esse passei já estávamos a 20 dias no Peru, subindo e descendo montanha e laguna. Quatro franceses jovens que estavam no grupo do Misti, estavam há apenas 4 dias na região e ao chegar o acampamento base a aproximadamente 4800m já estavam passando mal. Dia -1. Após os estresses com a "terceirizadora" fomos levados ao Waiki, que nos orientaram que tipo de comida levar, quantidade de água e roupas que deveriamos utilizaram. Alugamos lanternas de cabeça e descobrimos que nossas luvas eram limitadas - eles nos emprestaram luvas deles. Dia 1 - Após nos buscarem próximo ao nosso alojamento, checaram nossas mochilas e nos emprestaram jaquetas mais adequadas, pois nossos anoraks eram pra "mata atlântica", eram bons corta ventos impermeáveis, mas não nos protegeriam do frios - se tivéssemos idos com eles, teríamos nos dado mal. Foi bem importante checarem nossa bagagem, nos permitiu reduzir a quantidade de roupas que levaríamos não só para uma quantidade mais adequada, mas num "esquema de camadas" mais adequado ao frio que enfrentaríamos. Saindo da agência, passamos no mercado para que os demais integrantes da "trupe" (4 franceses jovens , um mais velho, um canadense, eu e minha companheira de brasileiros e os dois guias peruanos) pudessem pegar água e comida. Ao acabar o asfalto pega-se uma estrada de chão até uma "fazenda" com posto de controle, onde está o Misti. O trajeto de carro até o inicio da trilha é bem acidentado, em terreno bastante arenoso, segure-se pra não sair quicando de dentro da pick-up. Iniciamos por volta das 12h e chegamos ao acampamento base (4800m de altitude) por volta de 16h30min. Nunca caminhei tão devagar, mas descobriria no dia seguinte que esse é meu passo favorito, além de necessário para alcançar altitudes maiores com esse corpo normalmente acostumado aos 700m hehe. Nosso grupo teve "sorte", pois não precisamos carregar as barracas, sacos e isolantes, pois o grupo anterior largou no acampamento base para nós, ou seja, só foi preciso trazer de volta e tal como no Brasil, pra descer todo santo ajuda. Os guias Brendesi e Edgar, esquentaram um arroz que trouxeram cozido, fizeram a melhor "hamburguesa" de altitude que ja pude provar, além de uma sopinha da hora. Um chazinho, pra dormir bem e as 17h30/18h já estávamos dormindo (ou tentando) em nossas barracas. Deveríamos acordar a 0h para iniciar a trilha rumo ao cume. Meu maior medo era não conseguir dormir cedo, ficar cansado e não chegar ao cume por isso. Por do Sol. Apesar do frio dormi super bem, sempre tentando colar em minha companheira e não encostar nas paredes geladas (e em alguns pontos congeladas) da barraca. Dia 2 A 0h os meninos nos chamaram, tomamos um chá de coca e comemos um pão e partimos por volta das 0h30min (tentei e tentamos levar o mínimo possível pra focar em carregar meu corpo). Levei uma coca cola lata, que era para estar quente, um litro de água, um litro de chá de coca, balas de coca, umas bolachas recheadas - enfim, priorizei açúcar e depois descobri que ainda assim levei mais líquido do que precisava hehe). De saída um dos franceses já ficou no campo base, pois estava passando mal. Depois de algum tempo de caminhada, os outros franceses jovens desistiram, pois também começaram a passar mal. Um dos guias voltou com eles para o campo base. Seguimos eu, minha companheira, um australiano jovem, um guia, e o francês mais velho, que estava com dores no joelho, uma tosse horrível, tomava uns golês e fumava... e que aparentava ser o primeiro que desistiria, Estávamos caminhando num breu, que era amenizado pela luz da lua, mas que não ajudava a atenuar o frio. Ao chegar em 5500m minha companheira informou ao guia que precisava voltar, pois não estava aguentando de frio e não conseguia seguir no nosso ritmo de tartaruga. O guia questionou se mais alguém queria "bajar", pois dali em diante "teríamos que ir até o fim". Nosso amigo francês estava com o joelho doendo e com frio, mas apostava na chegada do sol, por fim decidiu ficar. O guia pediu que esperássemos, pois a levaria até um ponto um pouco mais abaixo, para que ela fosse sozinha até o campo base. Ela tinha como referência a lanterna do outro guia que estava no campo base, que parecia estar perto, mas estava longe pacas. Ele pediu que ela fosse caminhando/deslizando pelas pedras até ver a primeira moita (juro que foi essa orientação) e que lá chegando ela pegasse a esquerda sentido a lanterna. Nisso ele voltou até onde estávamos, e apesar do pouco tempo de espera parecia que tinha nos abandonado hehe. O Piere, ficava perguntando de minuto em minuto se ele voltaria, pois estava bem frio pra ficar parado. Enquanto seguimos subindo, minha companheira foi caminhando no breu em busca da moita. De pois de vários tombos e pacotes, achou a moita e ficou trocando ideia, aprendendo sobre constelações, vendo o nascer do sol e pensando nos significados e no respeitar seus próprios limites. Como "único sulamericano" (excetuando o guia) da competição imaginária que criei em minha cabeça assumi a dianteira junto ao guia, para chegar na frente dos representantes da França e Austrália. Isso até perto de onde achava ser o cume... quando avistei o verdadeiro cume, me contentei em ser o ultimo dos "competidores" e pedi que os meninos me passassem. O guia e o francês que iria desistir primeiro hehe sumiram na minha frente, e por longo tempo fui caminhando com Cameron, o australiano que só falava inglês. Meu inglês é bem limitado e só serviu pra eu ficar alimentando meu parceiro perguntando "Do you like ... (coke, tea, bread, biscoito hehe). Em dado momento eu parei pra descansar e ele foi embora um pouco mais a frente. Acabei por chegar , acredito que 1h depois do Piere, e uns 30min depois do Cameron. E acredito que só cheguei por uma brincadeira que consistia em respirar, dar 10 passos e repetir isso até o cume. Foi muito bacana reencontrar os 3, olhar as fumarolas, tomar uma coca trincando a temperatura "ambiente" (a temperatura ambiente estava proximo a -18ºc) e ficar pensando sobre os Quechuas que subiram aqueles "Apos" para fazer suas oferendas sem jaquetas ou sapatos especiais, sobre os significados das colônias, sobre a violência das mineradoras que ainda existem com as comunidades campesinas, sobre os impactos do turismo, sobre como gostaria como uma pá de gente tivesse condições (econômicas, de tempo e saúde para estar ali), como foi legal compartilhar esse rolê com aquele grupo, nos proximos vulcões, enfim, uma infinidade de coisas passaram na cabeça. Cratera do Misti (5822m) com o PIchu PIchu ao fundo. Descer foi "moleza", com alguns pacotes no "esqui" nas pedras/areias, mas bem divertido. Ir até o acampamento base, encontrar o restante do grupo, dividir sentimentos, catar os equipamentos e descer rumo a pick-up. Outras considerações: a) Os guias eram muito gente finas; b) Se aclimate para não sofrer no rolê, além de estar subindo descendo e subindo, estávamos tomando chá de coca a vários dias, e tomavamos quase todas as manhãs "profilaticamente", além de eventualmente tomar Sorochi Pill (medicamento industrializado a base de AAS) profilaticamente e Ibuprofeno, quando tivemos dor de cabeça. c) O bloqueador solar congelou na mochila no acampamento base, então conversa bem com os guias pra se proteger bem do frio. d) Como em qualquer trilha, traga seus lixos para a cidade e peça as devidas orientações para usar o "banheiro" na montanha/vulcão. No mais bons passeios e caso possa ser útil estou à disposição. Abaixo uma foto da cidade, salvo engano com a fumarola do Sabancaya ao longe.
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Ferrotrecking de Viana ao Pontilhão que Limita com Domingos Martins. Quarta dia 10 de Outubro resolvi continuar meu Ferrotrecking que eu parei fiz 35 km de Argolas até o Pontilhão de Viana onde passa a estrada para Baía Nova , nessa pedaço cheguei 13:30 parta ir pelo menos até o Pontihão que Limita com o município de Domingos Martins andei por umas Duas Horas e quinze Segundos. Passando Por Lugares maravilhosos, aspectos da Ferrovia muito legal como Vales, Precipícios e Lugares com Rochas Saindo Água show demais. Passando por Fazendas e Areas Rurais muito lega a Ferrovia bem cuidada nesses trechos muito bom de caminhar só prestar Atenção mesmo nas Pedras para não Dá Torção. Vamo que Vamo Aqui Começou entrarmos na área alagada mais não tive problemas por caminhar pois era só do lado. nesse ponto muito bonito a paisagem avistei uma família de Falcões ficaram olhando para min enquanto eu seguia nesse trecho vi muito macaquinhos Saguis também nessa parte a linha se cruza com uma estrada chamada de Peixe Verde Zona Rural de Viana Baia Nova mais 300 mts essa curva eu apreciava as fazendas do Lado esquerdo com suas plantações e suas fontes de criação de peixes partir daí já não via mais casas só eu e a mata e o Rio Jucu que começa aparecer mais na frente apareceu essa porteira com uma trilha para essa Paróquia aí eu só registrei mesmo passei direto. chegando perto das fontes e das Bicas De Águas olha o Rio Jucu perto perfeitíssimo Nesse Trecho encontrei Águas Mineirais saindo das Rochas pelo longo da Ferrovia e também uma bica de água mais na frente do qual experimentei a água e tava uma delicia de´pos dessa parede de Rocha mais 600 mts eu chegaria no Pontilhão que limita os Municípios de Viana com Domingos Martins. chegada no Pontilhão show demais foi muito legal depois retornei de volta para viana e Gastei mais duas horas chegando em Viana do ponto de partida umas 16:50 . prometi que ia retornar no Feriado do Dia 12 para seguir até Marechal por 31 km na Linha Férrea.
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Este post mostrará as melhores opções pra você aproveitar as Galápagos e suas praias sem gastar uma fortuna. Mas já adianto que se você está sem nada de grana, este não é o destino pra você. O arquipélago é conhecido principalmente pela variedade de fauna entre cada uma das ilhas, que foi crucial para Charles Darwin formular a Teoria da Evolução. Este relato também apresentará os animais mais interessantes que vimos e onde você poderá encontrá-los. As Galápagos pertencem ao Equador e estão situadas a cerca de 950 km a oeste do litoral do país. As ilhas estão situadas no Oceaco Pacífico e sua formação está atrelada a um hotspot vulcânico numa junção tripla entre 3 placas tectônicas: Pacífica, de Nazca e de Cocos. O arquipélago é formado por 13 ilhas principais e outras centenas de ilhotes e ainda possui 21 vulcões, sendo 13 ativos. O mapa abaixo, retirado do Google Earth, mostra o arquipélago das Galápagos, seus portos, aeroportos e o nome das 13 maiores ilhas. Nossa trip teve foco nas 3 principais ilhas: Isabela, Santa Cruz e San Cristóbal. Dividi este post em duas partes, sendo a primeira com resumo das atrações visitadas e detalhes de programação e a segunda com a descrição de cada uma das ilhas que visitamos. ROTEIRO RESUMIDO Dia 1: Vôo de São Paulo/SP à Guayaquil no Equador, onde passamos a primeira noite da viagem. Dia 2: Vôo de Guayaquil à Ilha Baltra em Galápagos. Deslocamento até a cidade de Puerto Ayora, a maior do arquipélago. Chegada no hostel e passeio no Darwin Center, um centro de criação de tartarugas gigantes. Pela noite passeamos pelo calçadão à beira-mar. Dia 3: Táxi até o povoado de Santa Rosa, de onde caminhamos até a Reserva El Chato. Aqui, conhecemos muitas incríveis tartarugas gigantes e os Túneis de Lava. Voltamos andando à Santa Rosa e subimos a pé pela rodovia por 1h30min até Los Gemeles, duas imensas crateras. Dia 4: Ida à Baía Tortuga, onde visitamos as praias Brava e Mansa. Vimos uma infinidade de iguanas marinhas pretas neste dia. Dia 5: Pela manhã fomos a Las Grietas, um mini-cânion de paredes de rocha vulcânica. Na sequência pegamos um barco de 2 horas até a cidade de Puerto Baquerizo Moreno, na ilha de San Cristóbal, onde há uma infinidade de leões marinhos. Ida a Playa Mann ver o pôr-do-sol. Dia 6: Caminhada até a linda Praia La Loberia, cheia de leões marinhos, e até o penhasco El Acantilado, onde tivemos uma observação intensa de aves marinhas. Regresso a Puerto Baquerizo, ida até o Centro de Visitantes e subida ao Cerro Tijeretas, onde fizemos observação de fragatas, pelicanos e da bela Baía Tijeretas. Caminhada até a Playa Ochoa e contemplação de um booby, icônico pássaro de patas azuis das Galápagos. Dia 7: Tour para a parte alta da ilha de San Cristóbal, onde visitamos a Laguna El Junco e caminhamos ao redor da lagoa. O passeio também incluiu visitação ao centro de criação de tartarugas gigantes e à Praia de Puerto Chino. Dia 8: Snorkel com leões marinhos na Baía Tijeretas e com uma infinidade de tartarugas marinhas na Playa Carola. Dia 9: Regresso à Ilha de Santa Cruz pela manhã. De tarde fizemos um trekking de 4 horas (ida e volta) para subir o Cerro Puntudo, a segunda montanha mais alta da ilha. Dia 10: Duas horas de barco até Puerto Villamil na Ilha Isabela, a maior das Galápagos. Ao chegar fizemos uma caminhada de 7h30min (ida e volta) até o Muro de las Lágrimas. Dia 11: Tour para o cume do Volcán Sierra Negra. O passeio durou 5h20min, com 16 km caminhados. Visitamos a linda cratera do Sierra Negra e fomos a um mirante com vista pra muitos vulcões da Isabela. Ao voltarmos para Puerto Villamil fomos a outro centro de criação de tartarugas gigantes. Pra finalizar o dia, caminhamos por mangues e lagoas com muitos flamingos. Dia 12: Tour de caiaque e snorkel pela Baía Las Tintoreras, onde vimos uma infinidade de espécies animais, incluindo raias, tubarões e um pinguim. Depois fizemos snorkel na Concha Perla com mais leões marinhos. Barco de regresso à ilha de Santa Cruz. Dia 13: Visitação ao centro Charles Darwin novamente e dia tranquilo na cidade. Dia 14: Retorno de Puerto Ayora a Guayaquil. Avistamento de iguanas terrestres próximo ao aeroporto de Baltra. Uma vez em Guayaquil, caminhamos por Las Peñas até o farol no topo da montanha Cerro Santa Ana. PROGRAMAÇÃO Onde Ficar Nas Galápagos existem três vilas em cada uma das três maiores ilhas, as quais você pode ver a localização no mapa do item “INTRO”: · Puerto Ayora, na ilha de Santa Cruz, com uma população de 12.000 habitantes; · Puerto Baquerizo Moreno, na ilha de San Cristóbal, com cerca de 7.000 habitantes; e · Puerto Villamil, na ilha Isabela, a menor com aproximadamente 2.000 moradores. Qualquer uma das três têm boas opções de alimentação e hospedagem. Puerto Ayora é a maior cidade do arquipélago e a com mais estrutura, mas é também a mais desorganizada. Possui a vantagem de estar situada no centro das Galápagos e, por isso, é de onde saem a grande maioria dos passeios para as outras ilhas. Ficamos em dois bons hosteis em Ayora, o Gloria e o Sir Francis Drake. A vila de Baquerizo foi a que eu mais gostei por ter bastante infraestrutura e ser mais organizada que Puerto Ayora. Além do que, adorei o fato de haver uma infinidade de leões marinhos no porto e na praia da cidade. Em Baquerizo, dormimos no hostal León Dormido. Villamil, com suas ruazinhas de areia, é a mais pacata e aconchegante das três, porém é a com menos estrutura e atrações para visitar. É a única das três ilhas que não possui um aeroporto nem caixas automáticos. Passamos nossa estadia em Isabela no hostel Villamil. Como Chegar Seguem informações sobre como ir às Galápagos: · Somente é possível chegar nas ilhas através de transporte aéreo; · Os vôos para o arquipélago saem apenas de duas cidades: Quito e Guayaquil, ambas no Equador; · Existem dois aeroportos que recebem vôos do continente: um na Ilha de San Cristóbal e outro na Ilha de Baltra, que dá acesso à Santa Cruz; · As companhias TAME e Avianca Ecuador possuem vôos diários e frequentes para os destinos de saída e partida acima mencionados (e caros!); · Os vôos saindo de Guayaquil levam 1h30min e de Quito 2 horas. Para locomover-se entre as ilhas de barco, é importante considerar: · Somente existem dois trechos de traslados fixos entre as ilhas: um entre Santa Cruz e Isabela e outro entre Santa Cruz e San Cristóbal; · O serviço não é oferecido por empresas públicas, sendo necessário comprar o ticket nas agências das vilas; · Ambos os trechos são realizados duas vezes ao dia para cada sentido, sendo que um barco sai no início da manhã e outro pela tarde. Os horários não são fixos por não serem barcos oficiais; · Compre seus boletos de barco com ao menos um dia de antecedência; · Cada trajeto de barco leva cerca de 2 a 3 horas; · A viagem pode ser bem mareante a depender das condições do mar. Por serem as únicas 3 ilhas com povoados com estrutura para turismo, se você quiser ir para as outras é preciso contratar tours, que serão bem caros. Para o regresso de Puerto Ayora à Ilha de Baltra, os horários de ônibus até o ferry são: 07:00, 07:40 e 08:30. Quando Ir Não há uma temporada de preferência para visitar as Galápagos. O clima é ameno durante todo o ano e suas atrações podem ser visitadas a qualquer época. A única recomendação que faço é evitar os meses de alta temporada: janeiro, julho, agosto e dezembro. Deste modo, não haverá riscos de os passeios e/ou barcos entre as ilhas estarem lotados. O Que Levar Para Trekking Fizemos algumas trilhas de um dia nas ilhas e todas apresentam grau baixo de dificuldade. Portanto, leve apenas o básico: · Bermuda ou calça · Camiseta · Bota ou tênis de trilha · Mochila (30-45L) · Boné/chapéu · Capa de chuva ou poncho impermeável · Traje de banho · 2-3 L de água · Snacks para trilha · Protetor solar · Repelente · Câmera fotográfica RANKING DAS ATRAÇÕES Segue abaixo as opções de roteiro considerando o número de dias que você terá nas ilhas, de mais imperdível para menos imperdível: 1 Dia: Puerto Baquerizo, Punta Carola e Baía Tijeretas. Sei que ninguém vai pras Galápagos pra passar só um dia, mas se você for esta pessoa, vá para a Ilha de San Cristóbal. Em um dia você pode ver uma infinidade de leões marinhos dentro e fora d’água e fazer snorkel com dezenas de tartarugas marinhas gigantes na Punta Carola. Ainda é possível avistar fragatas e boobies na Baía Tijeretas. 2 Dias: Tour Puerto Chino. Ainda na Ilha de San Cristóbal, recomendo que encontre um motorista que te leve para a linda Praia de Puerto Chino. No caminho você passará pela Laguna El Junco, um lago dentro de uma cratera vulcânica, e pelo Galapaguera, um centro de criação de tartarugas gigantes terrestres. 3 Dias: Baía Tortuga e Darwin Center. Pegue um barco até a Ilha de Santa Cruz e passe um dia nas lindas Praias Brava e Mansa. Veja dezenas de iguanas marinhas e depois vá até o Darwin Center, o principal centro de criação de tartarugas gigantes do arquipélago. 4 Dias: El Chato e Los Gemelos. A Reserva El Chato é o melhor lugar para interação com as famosas tartarugas gigantes das Galápagos. Nele você ainda pode ver os lindos Túneis de Lava. Na sequência é possível visitar as impressionantes crateras Los Gemelos. 5 Dias: Vulcão Sierra Negra. Se você tiver um quinto dia (por favor tenha), pegue um barco para a Isabela no dia anterior e reserve o tour para o Vulcão Sierra Negra. Você terá o panorama mais lindo das Galápagos. Na volta para Puerto Villamil, você pode passar na Lagoa de Flamingos e no Centro de Criação de Tartarugas da Isabela. 6 Dias: Las Tintoreras e Concha Perla. Ainda na Isabela, recomendo que faça o tour de snorkel e caiaque nas Tintoreras. Você verá animais não antes vistos como tubarões, raias e pinguins. No final, aproveite o aluguel do snorkel e vá nadar com leões marinhos na Concha Perla. 7 ou mais Dias: Agora que você já conheceu lugares bem representativos das Galápagos, sugiro as seguintes opções caso você tenha mais tempo nas ilhas: Fazer mergulho. Deverá ser uma de suas prioridades se você for certificado. Infelizmente, só tirei meu certificado após esta viagem; Fazer tours de 1 dia para as ilhas Bartolomé, Seymour Norte, Pinzón, Santa Fé, ou qualquer uma próxima a Santa Cruz; Dia extra em uma das 3 maiores ilhas: em Santa Cruz para conhecer Las Grietas; na Isabela para visitar o Muro das Lágrimas; ou em San Cristóbal para ir à Playa Ochoa ou ao El Acantilado; Tenha dias de descanso nas lindas praias das ilhas. Como se pode ver, é possível elaborar uma infinidade de roteiros nas Galápagos. Se você tiver tempo e dinheiro vale a pena conhecer o máximo número de ilhas possível, o que possibilitará que conheça mais fauna endêmica e mais paisagens lindas. Se você estiver com pouca grana e com bastante tempo, recomendo que fique somente nas 3 ilhas principais, como nós fizemos. ANIMAIS AVISTADOS Segue abaixo uma relação dos principais animais que vimos nas ilhas que visitamos: Baltra: Iguanas terrestres amareladas. Santa Cruz: blue-footed booby (piquero de patas azules), caranguejos chama, coruja das Galápagos, fragatas, iguanas terrestres amareladas, iguanas marinhas (MUITAS), lava lizards, leões marinhos, pelicanos, raia, tartarugas terrestres gigantes, diversos tentilhões (finches, pinzones) San Cristóbal: blue-footed booby (MUITOS), fragatas (MUITAS), iguanas marinhas, lava lizards, Leões marinhos (MUITOS), pelicanos, tartarugas marinhas verdes (MUITAS), tartarugas terrestres gigantes, diversos tentilhões. Isabela: blue-footed booby, caranguejos chama, fragatas, flamingos, iguanas marinhas, lava lizards, leões marinhos, mocking bird, pelicanos, pinguim das Galápagos, raias, tartarugas marinhas verdes, tartarugas terrestres gigantes, diversos tentilhões, tubarões. Lista dos não avistados que queríamos ver: albatroz das Galápagos, cormorão das Galápagos (flightless cormorant), iguanas terrestres rosadas, nazca booby, red-footed booby (piquero de patas rojas), tubarão martelo, raia manta e outros só pra quem faz tour de mergulho. GASTOS TOTAIS Os gastos da viagem se deram em dólares americanos, que é a moeda oficial do Equador. Os valores em negrito são para 3 pessoas: · Avião Guayaquil -> Galápagos* = US$ 400 por pessoa = US$ 1.200 · Taxa Aeroporto = US$ 20 por pessoa = US$ 60 · Entrada Parque Nacional Galápagos Mercosul = US$ 50 por pessoa (US$ 100 p/ fora Mercosul) = US$ 150 · Balsa + Bus Baltra -> Santa Cruz = US$ 9 · Barcos de Santa Cruz para San Cristobal e Isabela = US$ 30 por pessoa por trajeto (4 viagens) = US$ 360 · Hospedagem em Santa Cruz (6 noites) = US$ 405 · Hospedagem em São Cristobal (4 noites) = US$ 240 · Hospedagem em Isabela (2 noites) = US$ 110 · Passeios em Santa Cruz (El Chato, Las Grietas, Cerro Crocker) = US$ 34,6 · Passeios em São Cristobal (Puerto Chino, El Junco e Snorkel Punta Carola) = US$ 80 · Passeios em Isabela (Volcán Sierra Negra e Tintoreras) = US$ 225 · Refeições em Galápagos = US$ 405 · Mercado em Galápagos = US$ 90 · Lavanderia = US$ 20 Total para 3 Pessoas = US$ 3.389 TOTAL POR PESSOA (2017) = US$ 1.130 * Não inclui passagens aéreas para chegar ao Equador AS ILHAS Nosso acesso para as Galápagos se deu pela cidade de Guayaquil, situada no litoral do Equador. Passamos uma noite no Hostel Nucapacha e no dia seguinte pela manhã fomos ao aeroporto pegar o vôo para a Ilha de Baltra. Pagamos 20 dólares de taxa aeroportuária antes de tomar o vôo, o qual durou 1h30min de duração. Ao chegar no arquipélago, pagamos mais 50 dólares para entrar no Parque Nacional Galápagos (salgado!). Se você quiser acompanhar a descrição detalhada sobre as 3 ilhas principais que visitei nas Galápagos, basta acessar o link abaixo. Continuar lendo: http://trekmundi.com/galapagos/ Abaixo algumas imagens deste fantástico arquipélago: Ivan e iguanas marinhas Praia Brava Ivan, eu e tartarugas gigantes das Galápagos Anna, eu e tartarugonas Anna e uma das dolinas Los Gemelos Leões marinhos brincalhões Anna snorkelando com a tartaruga marinha Ivan e Leões Marinhos Anna e Blue-footed booby Volcán Sierra Negra Um abraço!
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Prólogo Virou costume. Nas ocasiões sociais, volta e meia um amigo ou parente solta a frase: “E aí, qual sua próxima caminhada?”. Confesso que fico surpreso, pois fiz pouquíssimas trilhas até hoje. Inclusive não faz muito tempo eu ia de carro à padaria da rua de baixo. Porém, pelos caminhos sinuosos da vida, acabei me encontrando pelas trilhas afora. E nos últimos tempos a resposta para tal pergunta era: “vou caminhar em torno do Mont Blanc, cruzando as fronteiras da França, Itália e Suíça.” Fiquei ciente desta trilha através dos relatos do Elias, do portal Extremos. Antes de pesquisar mais detalhes, a primeira palavra que me vinha à cabeça relacionada ao Tour era “neve”. Ainda não a conhecia pessoalmente. Seria uma ótima oportunidade, somado ao desafio físico mais intenso que a trilha demandaria. Valeria a pena cruzar o oceano para isso. Iniciei então as pesquisas sobre o TMB. Destaco algumas informações interessantes: A trilha percorre cerca de 170 km (dependendo da rota e das variantes escolhidas, pode aumentar um pouco) em torno do Mont Blanc, atravessando 3 países: França, Itália e Suíça. O sentido pode ser horário e anti-horário, sendo o último o mais tradicional (e que eu optei). Não há um lugar oficial de início. Tradicionalmente a maioria das pessoas inicia em Les Houches. Optei por fazer o mesmo, apesar de vir pela Itália. Teoricamente seria mais prático iniciar por Courmayeur. Porém descobri que dessa forma, os últimos 4 ou 5 dias formariam a sequência mais dura do percurso. Iniciando por Les Houches, quebraria estes dias difíceis em 2 partes. A duração do Tour pode variar entre 8 e 12 dias, dependendo do preparo e disponibilidade de tempo. O período para se fazer a trilha é restrito ao verão (final de Junho até meados de Setembro) pois a neve e o mau tempo inviabilizam boa parte da rota no restante do ano. O inverno de 2018 na Europa fora rigoroso, então eu estava ciente de que poderiam haver algumas complicações na trilha por conta do degelo mais tardio em algumas rotas. Pode-se contratar agência com guia, autoguiada (sem o guia, mas com as hospedagens e orientações de rota providenciadas) ou seguir por conta própria, fazendo pessoalmente as reservas. Optei pela última opção, após descobrir que a trilha é bem sinalizada. Encaro o planejamento como uma parte interessante da aventura. As hospedagens variam entre hotéis e albergues nos vilarejos, e abrigos de montanhas nas partes mais isoladas. Muita gente segue acampando, porém é bom atentar que nem todo trecho possui permissão para camping. Voando do Brasil, as cidades mais práticas para se pousar são Genebra, Paris ou Milão. Fui por Milão pois faria um tour pela Itália após a caminhada.
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Tudo começou numa linda manhã de sol do dia 29 de setembro de 1986... Nasci 👶! E no meu DNA veio escrito o seguinte código genético EBC (confesso que, biologicamente falando, não sei se faz sentido, achava as aulas de biologia enfadonhas). Para quem não sabe, EBC, é como o Acampamento Base do Everest é conhecido pelos íntimos. Que ainda não é meu caso, mas em breve será. Diferente de todos os relatos de viagem que fiz até o momento, resolvi começar esse previamente, 33 dias antes da partida pra ser precisa. Pq? Quando descobrir conto! Mas suponha que seja a ansiedade, talvez seja uma forma de já está viajando e de acalentar a alma. Imaginava que essa viagem só fosse ocorrer após 2020, contudo, viagens sempre são um ótimo incentivo para entrar em forma, seja para se exibir nas belas praias da Tailândia ou para não passar vergonha durante um trekking pelo Himaláia. E eu precisava urgentemente entrar em forma, não que eu não tivesse uma forma definida, mas barril não é minha predileta. Então dei uma antecipada nos planos. Em janeiro de 2018 dei o ponta pé inicial (clichêzona 🙄), comecei com os treinos e em paralelo as buscas superficiais. Encontrei logo de cara o site da agência Morgado Expedições, engoli as dicas e informações contidas nele com a ferocidade de papagaio. Contudo o preço desanimava! Sabia que seria a melhor opção para mim, já que Morgado é um guia renomado, além disso, o público alvo da agência são os brasileiros, o que facilitaria muito minha vida já que não falo inglês. Ehhh pessoal, não falo nem entendo. Mas isso nunca me impediu de viajar, na verdade isso torna a viagem até mais interessante (para os outros rs não para mim, que se acabam de rir com algumas situações inusitadas que acabei relatado nas redes sociais). Melhor época do ano? 🔆 Confesso que me baseei nas datas do Morgado. Meu plano era, passear serelepe e pimpona pelas ruas de Carmandu, me esbarrar “acidentalmente” no grupo de brasileiros conduzido por ele. Mostrar toda minha simpatia e ser convidada a me juntar ao grupo por um preço acessível ao meu bolso. Mas para aqueles que não se baseiam em algo tão louco, informo que a primavera (março e abril) e o outono (outubro e novembro) são as melhores escolhas, já que a visibilidade é boa e a temperatura tb (na medida do possível, podendo chegar a -12°C). Compra das passagens ✈️ Gosto de comprar as passagens aéreas logo, isso me dá a sensação de inalterabilidade. Claro que sei que isso não passa de uma sensação, são vários os fatores envolvidos que podem jogar nossos planos no lixo. Percebi que os vôos direto para Catmandu estavam absurdamente caros, então coloquei alguns alertas de preço no Google Flight tanto para Catmandu quanto para Delhi. Esperei pacientemente uma oportunidade e ela surgiu em junho. O preço não era perfeito, mas não quis arriscar esperar mais. Ainda era possível fazer um stopover nos Emirados Árabes Unidos. Não pensei duas vezes, comprei! Aproveitei a deixa e comprei as passagens de ida e volta Delhi x Catmandu e Salvador x Guarulhos. Alguns custos: Passagens Salvador x GRU (ida e volta + bagagens): 684,72 BRL Passagens Emirates GRU x Dubai x Delhi (ida e volta): 4.136,79 BRL Passagem Jet Airway Delhi x Catmandu: 74 USD Passagem Nepal Airline Catmandu Delhi: 348,29 BRL Mala 🎒 Gosto de arrumar as malas, é tipo um hobby. Então comecei bem cedo dessa vez. Peguei a lista disponível no site da Morgado Expedições através desse link https://www.morgadoexpedicoes.com.br/trek-ao-everest/lista-de-equipamentos e usei como base para as compras. Boa parte das coisas eu já havia adquirido durante o trekking do Monte Roraima na Venezuela, reduzindo um pouco meu custo com as compras. Dei um pouco mais de atenção para as botas e não economizei com elas. Por sorte, achei um anúncio no Mercado Livre, cujo vendedor tinha o último par de uma bota Salomon, no modelo e tamanho que eu precisava e com o preço 20% abaixo das lojas brasileiras especializadas em produtos para trekking. Comprei com bastante antecedência, para poder amaciá-las. Aqui vão algumas fotos das malas já prontas, kkkkkkk já estão assim a mais de 5 meses, vou fazendo simulações de como arrumar e do que é possível retirar ou colocar. Dividi em 4 categorias: Vestuário: - 3 calças de trekking (Decathlon) - 1 Calça de moleton para dormir(Centauro) - 2 calças segunda pele (Decathlon) - 1 bermuda (Decathlon) - casaco pele de ganso (Decathlon) - 1 casaco moleton (made in China) - 2 casacos fleece (Decathlon) - 2 blusas segunda pele (Decathlon) - 5 blusas dry fit - 9 calcinhas - 1 par de botas impermeáveis (Mercado Livre) - 2 bandanas tubulares (Decathlon) - 1 Gorro (Decathlon) - 3 pares de luvas de diferentes materiais (Decathlon) - 6 pares de meias ( Decathlon, Pé na Trilha) - 5 Tops *Além do que pode ser visto na foto, levarei: sandália, chinelo, tênis, par de bastões de caminhada e cachecol. Percebam que não existe nenhum casado pesado na lista, isso pq a empresa que contratei fornecerá tanto o casaco quanto o saco de dormir apropriados para essa atividade. Higiene: - 1 necessaire - lenços umedecidos (também conhecidos como duchas) - lenços de papel - 40 pastilhas de Clorin (para purificar a água durante a trilha) - sabonete líquido - hidratante - shampoo - condicionador - cotonete e algodão - repelente - protetor solar - desodorante - enxágue bucal - creme dental - micropore (para minimizar as bolhas nos pés) - creme de pentear - escova de dente - pente - sabonete - suvacador - espelho - álcool - perfume *Além do que pode ser visto na foto, levarei: minâncora (para o chulé) Variedade: - 2 garrafas de 1 litro cada - caderninho e caneta para anotações - kindle - carregador portátil de 20.000mA - passaporte - adaptador universal de tomada - benjamim - balança - lente - pasta com documentos (reservas de vôos, agências, hospedagem, visto, seguro, contratos, etc) - bastão Gopro - fone de ouvido - 2 carregadores - óculos - cadeado - Gopro - relógio - lanterna de cabeça - acessório gopro - cabos - pilhas extras para lanterna - estojo para eletrônicos - pochete - saco impermeável - tapa olhos - kit costura - almofada inflável de pescoço - kit de primeiros socorros - mochila Curtlo de 63 litros (porter) - mochila Nautika de 40l (ataque) -mochila Curtlo de 17l (passeios) Esqueci de apresentar o mocinho aí do lado. Esse é o Grelhado, meu fiel companheiro de viagens. obs.: A quarta categoria está ainda em construção, será a de medicamentos. Na segunda semana do mês de fevereiro marcarei uma consulta médica para ver o que de fato levarei. Vistos 📜 Nepal: o visto de turista para o Nepal pode ser obtido no momento da chegada no aeroporto internacional de Catmandu. Bastando para isso o passaporte com validade mínima de 6 meses e pelo menos uma página em branco. Pagamento da taxa que varia de acordo com o tempo de permanência no país e permite entradas múltiplas. Preenchimento de formulário específico. Além de 1 foto 3x4. Índia: permite que o visto seja tirado eletronicamente (e-visa). Basta entrar nesse site https://indianvisaonline.gov.in/ e seguir as instruções desse outro aqui https://casalwanderlust.com.br/como-solicitar-o-visto-para-a-india-atraves-da-internet-passo-a-passo/ , escrito pela Camila e que está bastante didático! Já reserve uma foto com fundo branco e uma cópia do passaporte em PDF. Emirados Árabes Unidos: Desde 2018 não há mais exigência de visto de turista para brasileiros. Alguns Custos: Visto Nepal: 15 dias / 25 USD – 30 dias / 40 USD – 90 dias / 100 USD Visto Índia: 60 dias / 82 USD Seguro 👮♂️ Não estamos falando de qq viagem de “fundo de quintal” né galera? Logo, o seguro precisa estar à altura da façanha. Lendo bastante, percebi que a melhor opção nesse caso seria fazer o seguro da world Nomads, na modalidade Explorer que cobre resgate de helicóptero. Infelizmente só aceitam pagamento a vista! Alguns Custos: Seguro viagem (33 dias): 640 BRL Certificado Internacional de vacinação 📜 Alguns países exigem de seus visitantes um certificado internacional que comprove a vacinação contra a febre amarela. É o caso do Nepal e da Índia. Facílimo a obtenção. Basta se dirigir a uma unidade da Anvisa, após tomar a vacina e preencher um pré cadastro no site https://viajante.anvisa.gov.br , levando consigo a cartão nacional de vacinação e documento pessoal. Ahh, a boa notícia é que isso pode ser feito online também. Dá uma googlada pra saber mais!
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Travessia Alto Palácio x Serra dos Alves (3 Dias, 45 km) 22 a 24 Fevereiro 2019 ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APA MORRO DA PEDREIRA PARQUE NACIONAL DA SERRA DO CIPÓ A travessia tem seu ponto de partida (ou de chegada, dependendo do sentido escolhido para caminhar) junto à Sede do Alto Palácio, no município de Morro do Pilar-Minas Gerais (Lat 19º15’34” S; Long 43º31’52” O). Integrantes *Pedrão do Brasil *Luciano *Mauro *Leila *Daniela *Dianna *Álisson *Vanessa *Talles *Fernando *Camila *Rafael *David *Ana Saída de Vitoria no dia 21 de Fevereiro de 2019. Chega em Belo Horizonte as 15:00 hs. Ida para o Lá em Casa Hostel no Bairro Santa Tereza. Dia 22 inicio da trip. 1º dia Saímos de Belo Horizonte as 05:00 hs numa Van e chegamos em Alto Palácio as 08:00 hs. e fomos direto para o portal de Alto Palácio. Fizemos Chek-in e partimos para iniciar logo a trilha pois não sabíamos o que nos aguardava. Logo atingimos os campos de altitude da trilha. Logo atingimos umas Pedras onde tem umas Pinturas Rupestres Passamos na Cachoeira do Espelho, Travessão, e a partir dai uma subida tensa e frenética, logo a frente uma descida longa e atingimos a Casa de tábua, nosso primeiro Camping, que por sinal foi muito bom Inicio 08:30 hs Término 18:00 hs 18 km. Os Campos Rupestres Grande parte da trilha passa pelos campos rupestres, que são uma das fitofisionomias mais significativas do Parque, correspondendo a 84% do seu território (Mata Atlântica 8%; Cerrado 8%). Sua diversidade é conhecida em todo o mundo, com mais de 1500 espécies de plantas descritas. A necessidade de se assegurar tamanha riqueza foi um dos motivos que levaram à criação do Parque Nacional da Serra do Cipó. Além da riqueza da fauna e da flora existentes nos Campos Rupestres, as formações rochosas e seus arranjos na paisagem são um espetáculo à parte. As rochas, em grande parte formadas por uma matriz de Quartzito. O trecho entre os abrigos (cerca de 12 Km) é o de maior dificuldade do roteiro. Também é o trecho que passa pelas maiores altitudes de toda trilha, cerca de 1660 metros. Dia 23 2º dia. Saída da Casa de tábua as 08:30 hs Percorremos uma subida interminável e atingimos de novo os pampas das Minas Gerais, onde se tem uma visão do Infinito maravilhosa. Inicia-se uma descida a qual se atinge uma baixada exuberante. Cagada a Casa de Currais, local que mais parece um Resort em meio aos pampas e florestas no serrado da serra do cipó Inicio 08:30 Termino as 16:00. 13 km Dia 24 3º dia Saída do Acampamento (Resort) Casa de Currais e encara-se uma subida boa e logo de novo atinge os pampas do serrado. Em seguida inicia se uma descida e logo se avista a Serra dos Alves Descendo mais ainda chega-se no mirante do Vale da Serra dos Alves. Logo se chega em meio a uma construção que foi abandonada após criação do Parque. Logos abaixo segue por uma Trilha a Direita e chega na Cachoeira da Luci, que por sinal é muito bonita. Nos banhamos e partimos para a Cachoeira dos Cristais, para mim a mais bonita de toda Trilha. Nos banhamos e partimos para a tão chegada ao Povoado da Serra dos Alves. A descida é bem Ingreme e logo abaixo da para se ver a Antiga Pousada da Luci. Continuamos descendo agora em uma estrada de terra batida até atingir o rio e Transpor a Ponte Móvel, onde algumas pessoas arregraram e forma por dentro do rio com medo. Kkkkk. Cânion Boca da Serra onde fica inserido as cachoeiras do final da trilha Inicio 09:00 hs Termino as 16:30 hs. 14 km “As travessias são uma das mais claras vocações do Parque Nacional da Serra do Cipó, já praticadas muito antes da criação do Parque, sendo, na realidade, uma das práticas que levou à sua criação. “ FAÇA A SUA RESERVA Procedimentos para solicitar a reserva e obter a autorização para a travessia IMPORTANTE: as vagas para a Travessia são limitadas a 30 pessoas por roteiro por dia. 1-Entre em contato com o Parque Parque Nacional da Serra do Cipó Rodovia MG 010, Km 97, Distrito da Serra do Cipó Santana do Riacho-Minas Gerais CEP 35847-000 parna.serradocipo@icmbio.gov.br 20190224_140147.mp4 20190224_121626.mp4
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Trilha Saco das Bananas ou Trilha das 10 Praias Desertas - Caraguatatuba x Ubatuba - SP Praias: Praia da Tabatinga, Praia da Figueira, Praia da Ponta Aguda, Praia da Lagoa, Praia do Simão, Praia Saco das Bananas, Praia da Raposa, Praia da Caçandoquinha, Quilombo Caçandoca, Praia do Pulso, Praia da Maranduba e Praia do Sape. Dificuldade: Moderado Distância: 28 km Salve salve mochileiros! Segue o relato desta trilha fantástica situada entre Caraguatatuba e Ubatuba no litoral Norte de São Paulo, iniciada na Praia da Tabatinga a aproximadamente 20 Km da cidade de Caraguatatuba e finalizada na praia do Sape. A trilha é de nível médio com subidas e descidas mostrando belas paisagens e diversas praias. A maioria das praias são quase que desertas com pontos de água potável. Partida - 17/11/20 - Ida 7:30am - São Paulo x Caraguatatuba -> BlablaCar R$45,00 - Caraguatatuba x Praia da Tabatinga -> Ônibus R$4,65 Partimos do bairro do Butantã em São Paulo capital onde combinamos com o motorista do aplicativo BlablaCar para sair às 7:30am. Saímos no horário marcado e fomos em 4 pessoas no carro. A viagem foi tranquila, segura, todos de máscaras pela pandemia e com duração de duas horas e meia até chegarmos ao Terminal Rodoviário de Caraguatatuba onde pegamos um ônibus do transporte público com sentido a cidade de Ubatuba. Depois de aproximadamente 35 minutos descemos no último ponto da praia da Tabatinga próximo ao Mercado Prime onde fica o início da trilha pela rua à direita do mercado. Compramos mais alguns mantimentos e água e iniciamos por volta das 11:00am a Trilha do Saco das Bananas ou Trilha das 10 praias desertas. A trilha teve início na rua ao lado direito do Supermercado Prime pela Rua Onze onde seguimos por ruas com um terreno muito acidentado com muitos buracos e lama até chegar na entrada para a Praia da Figueira. Resolvemos não entrar nesta praia pois o tempo não estava ajudando muito e então seguimos em frente. Alguns metros a frente chegamos no Mirante da Praia da Ponta Aguda de onde se tem uma bela vista da Praia da Figueira e da Praia da Ponta Aguda. (Entrada Praia da Figueira) (Estrada) (Mirante da Praia Ponta Aguda) - (Praia da Figueira) (Praia da Figueira) (Praia da Figueira) Passando o mirante a trilha começa a adentrar a mata mais fechada passando por diversos pontos d'água. Andamos por mais ou menos mais 1 hora e chegamos em um casarão abandonado com várias bananeiras ao redor. Não sei a história desta casa mas parecia ser bem antiga. Neste ponta a trilha se divide em duas, para a esquerda se segue a trilha para a Praia do Simão, e para a direita se chega na Praia da Ponta Aguda. Descemos uns 15 minutos de trilha passando por um descampado até chegar na Praia da Ponta Aguda. (Praia da Ponta Aguda) (Praia da Ponta Aguda) Ficamos pouco tempo na Praia da Ponta Aguda pois estávamos correndo contra o tempo que a todo momento mostrava que podia desabar com muita chuva. Retornamos pela mesma trilha que chegamos na praia e continuamos a trilha seguindo as placas rumo a Praia da Lagoa. (Praia da Lagoa) A Praia da Lagoa que faz jus ao nome contém uma lagoa que desagua no mar situada do lado esquerdo da praia. Retornamos pela mesma trilha e seguimos as placas para a Praia do Simão que a princípio iríamos pernoitar e seguir no dia seguinte. Apesar da placa de proibido resolvemos seguir em frente e caminhamos por mais ou menos umas 2 horas neste trecho. A trilha estava muito molhada pela chuvas do dia anterior tornando o trecho escorregadio e muito difícil de render a caminhada. O tempo até que estava colaborado pois só tínhamos pego chuviscos durante o caminho, até que chegando próximo da Praia do Simão o tempo simplesmente resolveu dizer qual seria o nosso destino pelos próximos 3 dias ahahauhauhauha. Começando com um chuva bem fina, toda aquela água que estava acumulada durante o dia resolveu cair bem na hora que estávamos chegando na Praia do Simão ahuahuah e não parou mais. Depois de vários escorregões e tombos passando por alguns trechos que sem chuva até seriam fáceis, mas com toda aquela água caindo do céu com a trilha encharcada e muito escorregadia ficaram bem complicadas. E depois de algumas horas chegamos na Praia do Simão ou Praia Brava do Frade. (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) Segundo moradores a Praia Brava do Frade possui este nome pois a um tempo atrás morou um frade na praia por muitos anos, razão do nome original. A praia é bastante procurada também por surfistas que buscam tranquilidade em uma praia deserta longe da badalação, mas neste dia não tinha ninguém na praia. Chegamos e já montamos acampamento no meio das inúmeras árvores pensando em obter alguma sombra pra caso no dia seguinte o sol desse as caras ahuahuah. A praia tem mais ou menos 1 km de extensão com mar de águas agitadas, areia clara, praia de tombo, aparentemente com muitas correntes de retorno. Também ficamos próximos ao um ponto de água potável que fica no meio da praia formando uma pequena lagoa que com a forte chuva virou uma grande cachoeira que corria até o mar. A pernoite estava garantida, mas a chuva não parou mais aquela noite e nem no outro dia. Choveu forte, com trovoadas e muito vento o tempo todo. (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Acampamento) (Praia do Simão ou Brava do Frade) (Bica d'água) Acordar em uma praia deserta certamente é um desejo de muitas pessoas, mas acordar com a praia deserta e com muita chuva também foi uma experiência muito boa com sentimento de frustração e agradecimento. Ficamos por três dias nesta praia por causa da chuva, as barracas viraram nossos lares naquele paraíso por alguns dias ahuahua. A chuva não deu trégua no segundo dia, choveu por várias horas de manhã até o meio da tarde. Tivemos que esperar por horas pra sair da barraca pra poder conhecer aquele paraíso, mas quando a chuva deu uma trégua nós saímos para desbravar e conhecer a praia. Do lado direito andando pela praia existe um paredão de pedra que dependendo do volume d'água é um bom ponto para um banho de cachoeira, mas neste dia apesar de toda a chuva estava com volume baixo. (Cachoeira) A chuva começou novamente e retornamos para o camping e por ali ficamos. Fizemos toda nossa comida dentro da barraca. Uso o modelo QuickHiker 2 Quechua que tem duas portas e dois grandes avanços possibilitando usar o fogareiro sem nenhum problema. Choveu o resto do dia e toda a noite. Dormimos cedo com muita água ainda caindo, e por volta das 4:30am da madrugada a chuva resolveu finalmente parar. Resolvi sai da barraca assim que amanhecesse para ir ao banheiro e me deparei com um nascer do sol sensacional saindo lá longe no horizonte do mar. E depois de tanta chuva tive uma sensação de euforia, alegria, minhas energias se renovaram e todo aquele cenário de frustração por causa de toda aquela chuva mudou imediatamente ao ver os primeiros raios de sol naquele dia ahuahua, foi muito emocionante. Bom Diaaaaaaaaaaa! (Praia do Simão ou Brava do Frade) Com toda aquela animação já preparei um belo café da manhã e comecei a desmontar acampamento para seguir em frente pois além de toda aquela chuva que estava caindo antes, o mar também estava um pouco revolto e impossibilitou a travessia pela praia para poder continuar a trilha. E naquela manhã tudo isso estava ao nosso favor para poder continuar a travessia, então tomamos um café reforçado, desmontamos todo acampamento e seguimos para o lado esquerdo no final da praia onde fica a continuação da trilha. No final da praia havia um acampamento fixo montado com barracas, panelas, talheres, pia, agua encanada hauahuahua. Depois de todo o perrengue que passamos com a chuva, aquele acampamento iria ser muito útil pra nós. Mas como não tivemos muito tempo de desbravar a praia, só encontramos esse acampamento quando estava saindo do Simão. Um morador local que encontramos na trilha nos disse que são de surfistas que se juntam e passam alguns dias neste local. A continuação da trilha fica atrás deste acampamento. Neste trecho existe uma subida até chegar em um mirante que se vê toda Praia do Simão. E é neste trecho da trilha que se faz jus ao nome Saco das Bananas. Caminha-se por diversas plantações de bananas revelando belas paisagem. (Mirante - Praia do Simão ou Brava do Frade) A caminhada neste trecho foi um pouco cansativa pois existem algumas subidas e descidas que desgastam um pouco por causa do peso da mochila. Caminhamos por uma hora e meia mais ou menos até chegarmos nas ruinas de uma escola abandonada, a Escola do Saco das Bananas construída em 1973 que atendia por volta de 25 crianças fechando em 1993 por falta de alunos. Ao lado esquerdo da escola segue a trilha para praia da Raposa e para o lado direito fica a trilha que chega na próxima praia da travessia, a Praia do Saco das Bananas. (Escola E. P. G. Saco das Bananas) Seguindo a trilha da escola até a Praia do Saco das Bananas começamos a perceber o quanto ela é histórica com a frequente presença da Comunidade Quilombola existentes em algumas ruinas da época da escravidão. Levaram 10 minutos de descida até a praia e chegando encontramos um casarão de frente para o mar, que provavelmente seria dos donos de toda aquela plantação de bananas, encontramos uma praia pequena de aproximadamente 55 metros de largura, areias amareladas, águas cristalinas, com algumas pedras enterradas nas areias e cercada pela Mata Atlântica. (Praia Saco das Bananas) (Praia Saco das Bananas) Na Praia Saco das Bananas encontramos com alguns moradores que nos informaram que a praia era como um porto para os barcos levarem os produtos que os moradores cultivavam e que na sua maioria eram e é até hoje as bananas. Chegamos bem na hora que eles tinham colhido vários cachos. Nos contaram também que a trilha Saco das Bananas em alguns trechos, foram estradas construídas de pedra com intuito de facilitar o transporte de mercadorias cultivadas no roçado como: cana, mandioca, banana e outras especiarias. A praia guarda muitas histórias e muitos mistérios de sofrimento do período escravocrata e ainda sofrem até hoje com a especulação imobiliária. (Praia Saco das Bananas) Ficamos por uma hora nesta praia contemplando e logo seguimos para a próxima praia que seria a Praia da Raposa. Retornamos até a escola e na bifurcação da trilha principal fomos para a esquerda. Neste trecho existem algumas subidas de tirar o fôlego, mas que nos proporcionaram vistas fantásticas das praias. Caminhamos por uma hora e meia neste trecho até que chegarmos na entrada da Praia da Raposa, mas por causa do tempo ruim decidimos seguir em frente e não passar por esta praia. A entrada pra praia fica em uma trilha pequena onde existe uma corda para ajudar na descida ingrime. A entrada é bem pequena e fica à direita pra quem vem da Praia Saco das Bananas. Caminhamos mais alguns minutos e chegamos na Praia de Caçandoquinha. (Praia da Caçandoquinha) (Praia da Caçandoquinha) (Rio de água doce) Chegando na Praia da Caçandoquinha se vê um casarão de fazenda do período escravagista mas que, por ser privada, não é aberta ao público. É uma praia de mar calmo, areias claras, muitos borrachudos, do lado direito da praia existe um riacho de água doce e contém algumas árvores centenárias propiciando ótimas sombras para ficar a beira mar. Hoje a Caçandoquinha guarda uma história de riqueza branca e sofrimento escravo, amenizado com o reconhecimento e regularização do Primeiro Reduto Quilombola do litoral norte do Estado de São Paulo. (Praia da Caçandoquinha) Ficamos um tempo nesta praia para descanso e aproveitamos para fazer um lanche embaixo das sombras de umas das grandes árvores centenárias que têm de frente para o mar. Ao contrario da sua vizinha, Caçandoca, esta praia é muito tranquila, não existe nenhuma estrutura para o turismo, não se chega de carro, e é pouco frequentada. Do lado esquerdo da praia existe uma trilha que leva ao Quilombo Caçandoca, nosso próximo destino. Caminhando por uns 10 minutos já se chega no costão onde existe uma corda para a descida até a Praia da Caçandoca. A praia é fantástica, um paraíso quase que intocado sem construções e com uma enorme história. De areias claras, mar calmo o lugar tem um deslumbrante vista da baía do Mar Virado, Maranduba e algumas ilhas. Esta praia por ter acesso de carros pelo km77,5 da rodovia Rio-Santos já tem um pouco mais de estrutura como alguns campings e alguns quiosques a beira mar, mas tudo bem simples. A região do Quilombo Caçandoca tem muita história, faz parte de uma área legalizada como pertencente aos Quilombolas remanescentes das comunidades da época do período de escravidão contando com 890 hectares. O Quilombo Caçandoca é o mais antigo do litoral norte de São Paulo e encontra - se em um dos lugares mais belos do Brasil. A escravidão só teve um "fim" em 1888 através da Lei Áurea, mas muito tempo antes os negro já lutavam por sua liberdade. A história como a dos remanescente de Quilombos, como a da antiga Fazenda Caçandoca, mostra que a luta foi árdua, mas foi vencida, e esta parte da história é passada de pai para filho, netos e bisnetos, mantendo sempre acesa a memória da Comunidade Quilombola. (Praia da Caçandoca) Assim que chegamos já fomos atrás de um camping pois o tempo estava fechando novamente mostrando que iria chover novamente. Sentamos no Quiosque Pastel da Vó e conversando com alguns locais, nos recomendaram o Camping do Jango que fica do outra lado da praia no canto esquerdo. Fomos até lá e fechamos por R$25,00 Reais pra cada por uma noite com banho quente. Montamos a barraca e retornamos para o quiosque Pastel da Vó para curtir o resto do dia com sol enquanto tinha. (Quiosque Pastel da Vó) Retornamos ao camping onde tomamos um bom banho quente, fizemos um rango reforçado e dormimos pois a chuva não deu trégua no começo da noite. No dia seguinte o sol prevaleceu no céu o dia todo, o que nos proporcionou ver o quanto aquele lugar é maravilhoso mostrando belas paisagens. Decidimos ficar mais um dia e seguir para próxima praia somente no dia seguinte. (Camping do Jango) (Igreja) (Praia da Caçandoca) (Praia da Caçandoca) (Praia da Caçandoca) Passamos quase que o dia todo no Quiosque Pastel da Vó, pois além do tratamento maravilhoso, a cerveja tava muito gelada e ainda nos deram o valioso repelente que os locais usam para parar os borrachudos. Uma mistura de óleo de cozinha com vinagre de álcool. A mistura funcionou e lambuzamos o corpo. Bye bye Borrachudos! huahauhau (Praia da Caçandoca) Foi o dia mais quente da travessia com uma temperatura de quase 30 graus. Almoçamos pela praia mesmo, comemos porções e pasteis da Vó e tomando uma merecida gelada. Até que os preços estavam de boa, nada abusivo. Retornamos ao camping por volta das 19:00pm horas, fizemos mais um rango reforçado e descansamos para poder seguir bem cedinho para as próximas praias. (Praia Quilombo Caçandoca) Desmontamos acampamento por volta das 6:00am horas da manhã com um nascer do sol sensacional que fomos presenteados naquela linda manhã de Domingo. (Praia Quilombo Caçandoca) Tomamos um café da manhã reforçado, contemplamos por mais alguns minutos aquele momento e aquele lindo lugar e logo seguimos para a próxima praia, a Praia do Pulso. A trilha fica no canto esquerda da praia da Caçandoca muito próximo do camping que ficamos. . Caminhamos por uns 15 minutos até que chegamos em uma guarita com um guarda que nos informou como passar pela Praia do Pulso. A praia de acesso restrito tem na sua maioria acesso por condôminos. Descemos mais alguns minutos e chegamos em uma praia com um extenso gramado comunitário, areias fofas amarelas, enormes árvores proporcionando uma grande sombra em dias ensolarados, mar calmo de águas claras, porém o que chamou mais atenção foram as enormes casas chegando quase que nas areias da praia. Não existe nenhuma estrutura para turismo, ambulantes, quiosques. (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) (Praia do Pulso) Comtemplamos por alguns minutos e seguimos até o canto esquerdo da praia onde fica a continuação da trilha. Neste trecho a trilha foi um pouco cansativa pois o sol estava bastante quente e as subidas deste trecho nos castigaram bastante. Durante a trilha vimos diversos mirantes com vistas espetaculares passando pelos fundos das casas até chegarmos aos fundos da famosa Igreja de Nossa Senhor de Fátima ou também conhecido como o Castelo dos Arautos. Uma fantástica construção de 9 mil m² parecido com castelos medievais com obras de Aleijadinho e com uma vista fantástica da Ilha do Pontal, Ilha e Praia de Maranduba e ao longe uma parte da Trilha das Sete Praias. (Praia do Pulso) Após passar pelo Castelo dos Arautos caminhamos por uma estrada chamada Estrada da Caçandoca até a rodovia BR101 Rio-Santos, onde seguimos por alguns quilômetros até a praia de Maranduba. Procuramos logo por um camping e encontramos o Camping Toa Toa que fica entre as Praias de Maranduba e Praia do Sapé. Fechamos por R$35,00 Reais e ficamos por uma noite. O Camping Toa Toa é bastante estruturado com banheiros amplos, com chuveiro quente, uma grande área gramada com vários pontos de energia, churrasqueiras, cozinha comunitária e com entrada tanto para praia quanto para rodovia Rio-Santos BR101. Montamos acampamento e saímos logo para procurar algum lugar pra almoçar e depois conhecer o local. (Praia do Sapé - Ilha do Pontal) A Praia de Maranduba e do Sape são praias mais voltadas para banho, crianças, família. Tem uma ampla estrutura comercial e turística como quiosques, pousadas, hotéis, mercados e restaurantes. Como estávamos passando por praias quase que desertas sem ninguém a alguns dias já, esta praia foi meio que um choque pois estávamos voltando para a cidade. (Camping Toa Toa) (Praia de Maranduba) Desmontamos acampamento e mais uma vez o sol nos presenteou com mais um lindo nascer. Mochila feita e café tomado fomos para a rodovia Rio-Santo aguardar o ônibus para retornar a Caraguatatuba. Aguardamos por alguns minutos até prgar o ônibus sentido Caraguatatuba por R$4,65 e em 40 minutos chegamos na rodoviária. Almoçamos em um restaurante ali próximo do terminal e fechamos com um BlablaCar pra algumas horas depois por R$48,00 Reais de Caraguatatuba até São Paulo. E assim acaba mais uma trip e eu só tenho a agradecer! GRATIDÃO Retorno - 23/11/20 - Volta 9:00am - Maranduba x Caraguatatuba -> Ônibus R$4,65- Caraguatatuba x São Paulo ->BlablaCar R$40,00 Facebook: https://www.facebook.com/tadeuasp Instagram: https://www.instagram.com/tadeuasp/
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Rucu Pichincha e o Teleférico de Quito
Victor Prates postou um tópico em Equador - Relatos de Viagem
A cidade de Quito, capital do Equador, está situada no planalto andino, em um vale rodeado por montanhas e vulcões. A 2.850 metros sobre o nível do mar, é a segunda capital mais alta do mundo (na verdade, é a primeira considerando que La Paz não é a capital da Bolívia, apenas a sede do governo). Quando fiquei sabendo que havia um vulcão na capital que apresentava um lindo panorama da cidade e de muitos vulcões do Equador, eu quis subi-lo imediatamente. Este vulcão é o Pichincha, o qual é dividido em dois cumes principais: o Guagua e o Rucu. O Guagua Pichincha é a cratera principal, porém coloquei o Rucu Pichincha como meu objetivo. Isto porque, o Rucu pode ser alcançado em apenas 1 dia e eu não tinha os dois que são necessários para fazer o Guagua. Segue abaixo mapa mostrando ambos os cumes e as trilhas para chegar neles, bem como o Teleférico e a cidade de Quito. Este relato apresentará os detalhes para você atingir o cume do Rucu Pichincha (trilha amarela do mapa acima), mas se você quiser se aventurar ao Guagua, há duas opções: · Realizar a Integral Pichinha, uma trilha bem extensa para alcançar ambos os cumes e aí o recomendado é acampar no refúgio que está na beira da cratera do Guagua. Total: 11 km e 1500 metros de ascensão por trilha (trilhas verde e amarela do mapa). · Subir de carro a estrada que sai do povoado de Lloa, bem próximo de Quito. Total: 16 km e 1900 metros de ascensão por estrada de terra (trilha azul do mapa acima). O meu tracklog do Rucu Pichincha foi postado na página do Wikiloc e pode ser encontrado neste link aqui. Se você quiser realizar a Integral Pichincha, recomendo que siga a descrição do Santiago González, a qual se encontra neste link. PROGRAMAÇÃO Como Chegar Antes de iniciar a trilha para o topo do Rucu, é preciso ir ao Teleférico de Quito, que fica no Bairro La Mariscal. Fui de taxi e paguei 4 dólares até o teleférico. Os táxis no Equador, no geral, são baratos e compensam muito se você estiver viajando em grupo. Além disso, a Uber também funciona muito bem nas ruas de Quito. O horário de funcionamento do teleférico é de segunda a quinta das 09:00 às 20:00 e de sexta a domingo das 8:00 às 20:00. O trajeto até o Mirador Los Volcanes dura 20 minutos. Este mirante, além de apresentar uma maravilhosa vista de Quito e seus arredores, também coincide com o ponto de início do trekking. Neste link você poderá ver informações detalhadas sobre o Telefériqo de Quito. Para retornar ao meu hostel após descer do pico, paguei 1 dólar de van até a Calle Mariscal Sucre, que é a avenida que atravessa a cidade de norte a sul. Daqui procurei táxis que me cobrassem os mesmos 4 dólares da ida, porém estavam me pedindo 10 dólares ☹. Me disseram que era por causa do trânsito, mas provavelmente foi por minha cara de gringão mesmo. Lembrando que a distância até minha hospedagem era de apenas 3 km. Pra minha sorte havia um ônibus que passava a 100 metros dali e que ia até a Avenida Cristóbal Cólon, a qual estava próxima da minha hospedagem. Tomei o bus de número 67 e paguei somente 25 centavos de dólar. Bem melhor que os 10 dólares do amigo taxista. Quando Ir A época de seca nos Andes equatorianos vai de junho a novembro. Fiz a trilha para o Rucu Pichincha em setembro e o tempo estava excelente. É recomendável fazer a trilha bem cedo, já que pela tarde é comum que as montanhas ao redor de Quito sejam encobertas por nuvens. O Que Levar · Calça de trekking · Camiseta · Bota ou tênis de trilha · Jaqueta corta vento · Leve segunda pele e blusa de fleece para o caso de fazer frio · Mochila pequena (< 30L) · Boné/chapéu · 3 L de água · Snacks para trilha · Protetor solar · Câmera fotográfica RESUMO DE GASTOS (2017) · Água e comidas para a trilha = US$ 7,00 · Táxi ao teleférico = US$ 4,00 · Valor de subida e descida do teleférico = US$ 8,50 · Van do teleférico até a Avenida Calle Mariscal Sucre = US$ 1,00 · Ônibus até Cristóbal Cólon com Amazonas = US$ 0,25 GASTOS TOTAIS = US$ 20,75 O RELATO Numa quarta-feira de setembro, acordei às 7:00, tomei café e peguei um táxi do Bairro La Mariscal até o Telefériqo de Quito. Ele é o meio de acesso para o Mirador Los Volcanes, ponto inicial do trekking para o cume do Rucu Pichincha. Cheguei no Teleférico às 8:40 e, pra minha surpresa, ainda não estava funcionando. Como já disse, de segunda a quinta funciona das 09:00 às 20:00 e de sexta a domingo das 8:00 às 20:00 e só descobri isso ao chegar lá. Mas foi bom porque nessa espera conheci o Gal, um israelense extremamente simpático que queria fazer a mesma trilha. Pensei em perguntar da Mulher Maravilha, mas não tive coragem. Ele só me disse que é um nome comum no país (a atriz que interpreta a personagem no universo da DC é uma israelense chamada Gal Gadot. Nunca pensei que fosse falar da Mulher Maravilha num relato de viagens). Voltando pro que interessa... Ele me disse que não estava seguro em como seria seu desempenho em altitude, já que como o Brasil, Israel não possui altas montanhas. Então ele resolveu aproveitar o meu embalo e disposição para me acompanhar nesta empreitada. Compramos os bilhetes do teleférico por 8,50 dólares, que servem para subida e descida da montanha. Não perca o bilhete que você receberá, pois o mesmo também serve como comprovante de descida. Caso perca, terá que pagar mais 8,50 para descer. O trecho dura cerca de 20 minutos até o Mirador Los Volcanes, um mirante na cota 3.950 m que apresenta lindas vistas de Quito e dos principais vulcões do Equador. O céu estava completamente azul e a visibilidade era tremenda. De lá se podia ver lindamente os vulcões Cotopaxi, Cayambe, Antisana, Rumiñahui e Illinizas. Inclusive, é possível enxergar o topo do Chimborazo, a montanha mais alta do país, com 6.268 m de altura, e que está a 140 km de Quito!! Para que você possa contemplar este visual, recomendo que comece a trilha o mais cedo que puder. Explicarei o porquê mais adiante. Gal e eu tiramos algumas fotos do cenário e partimos para iniciar a trilha. Em poucos minutos de caminhada, pode-se contemplar o belo cume proeminente do Rucu Pichincha. Os primeiros 3,7 km são de aproximação à montanha e possuem um grau menor de dificuldade, já que a inclinação da subida não é tão acentuada. Porém, enquanto caminhávamos nos questionávamos por onde subiríamos até o topo, já que não era possível visualizar uma possível rota de subida. Isto porque a face que se vê do começo da trilha é de pura rocha. Assim que nos aproximamos da montanha, notamos que a trilha a contorna pela sua direita, por trás daquela face rochosa que vimos de longe. A partir deste ponto, a trilha está menos marcada, mas não há como se perder. Seguimos caminhando por detrás do pico por um terreno com uma inclinação um pouco mais elevada. Após cerca de 500 metros de distância, há um ponto que parece que a trilha acaba, mas é um lance em que é preciso subir uns 2 metros pela rocha mesmo. É um trecho um pouco delicado, mas não se preocupe, pois não é escalada. Mas a parte tensa do trekking só ia começar 500 metros mais pra frente. Neste ponto, a altitude já é um fator determinante (4.500 msnm) e é bem quando o terreno fica bem inclinado e bem arenoso, dificultando o rendimento da caminhada. Aqui, Gal e eu fizemos várias paradas para controlar os batimentos cardíacos e o ritmo respiratório. O visual era ainda mais espetacular, com a cidade de Quito lá embaixo e aquele cenário vulcânico bem característico por todos os lados. Deste ponto em diante, tem que tomar mais cuidado com a orientação, já que por vezes ela não é tão óbvia. E iniciamos a investida final para o cume. Caminhamos por meia hora por trilha bem inclinada até chegar numa placa. Daqui é preciso tornar para a esquerda para a investida final. Agora, percorre-se a última meia hora para o cume num terreno rochoso um pouco exposto e não muito marcado. É preciso tomar cuidado. Finalmente, após mais de 800 metros de desnível acumulado e 5,7 km percorridos em 3 horas, atingimos o cume do famigerado Rucu Pichincha. O cume do Rucu está na cota 4.784 msnm e é bem pequeno, o que proporciona um lindo visual 360º do panorama da região. A vista era deslumbrante. Pode-se ver todo o visual da cidade de Quito e do vale em que a cidade está situada. Também se vê todos aqueles famosos vulcões equatorianos acima citados, só que daquela perspectiva que só topos de morros podem proporcionar. Do cume, também se pode ver o imenso vulcão Guagua Pichincha, que fica a 4 km do Rucu. Como explicado na INTRO, o Guagua é a cratera principal e o Rucu é a cratera velha do mesmo vulcão, o Pichincha. Aqui no topo podem aparecer carcarás sociáveis. Acredito que os turistas devem alimentá-los. Eles são selvagens, porém é impressionante ver o quão perto eles podem chegar. Ficamos por uma hora contemplando o incrível cenário e iniciamos a descida. Se para subir foram 3 horas, a descida se deu em apenas 1h30min. Chegamos de volta ao teleférico próximo das 14h. Neste momento o dia já tinha mudado completamente. Se de manhã o céu estava completamente limpo, agora havia muitas nuvens no Rucu Pichincha e nem era possível ver a montanha. Ao longe também havia uma névoa que impossibilitava contemplar os vulcões dos arredores de Quito. E, claro, bem nesta hora tinham mais turistas, porque não são todos que preferem acordar de manhãzinha. Mas garanto que recompensa muito mais levantar cedo, mesmo se você não for subir o vulcão. Este é um padrão que se repete frequentemente em Quito: manhã de céu azul e tarde com muitas nuvens. Aqui, Gal se despediu de mim e desceu de teleférico primeiro, enquanto fui tirar mais algumas fotos. Peguei uma filinha de uns 20 minutos para tomar o teleférico da volta. Imagino que aos finais de semana deva ser bem caótico. E foi isso. Foi um dia delicioso, muito recompensador e bem barato. Espero que tenham desfrutado. Seguem abaixo algumas fotos deste dia. Rucu Pichincha visto da trilha Lindo vale a a cidade de Quito lá embaixo Vista do Vulcão Cotopaxi do Mirados Los Volcanes Próximo ao cume do Rucu Vulcão Guagua Pichincha visto do cume do Rucu Vista de Quito do topo do Rucu Postei este relato no meu blog. Você pode acompanhá-lo no link http://trekmundi.com/rucu-pichincha/ Beijos e abraços! -
Travessia do Campo dos Padres – SC – julho de 2020 – 80 km em 5 dias – Do Cânion Espraiado, Morro da Boa Vista até o Morro das Pedras Brancas *INFORMAÇÃO*: Essa travessia é realizada em área particular é OBRIGATÓRIO solicitar AUTORIZAÇÃO para passar nas propriedades do Campo dos Padres. Vamos respeitar os proprietários e manter o local aberto para que possamos continuar com nossas travessias e trekking. Entrar em contato com a Fazenda Búfalo da Neve. Instagram: @fazendabufalodaneve via direct Fone: 48-99617 7552 Arno Philippi – 48-99152 1277 Lucas Philippi *IMPORTANTE* -NÃO FAÇA FOGO NUNCA – Use fogareiro -LEVE TODO O SEU LIXO EMBORA -TUBOSTÃO (Vamos todos começar a usar esse banheiro) nesta região estão muitas nascentes importantes de SC, é necessário mantermos o meio ambiente em equilíbrio e limpo. Temos outras áreas de montanha do Brasil como o Pico Paraná e Pedra da Mina que já estamos tendo problemas sérios de contaminação por conta das fezes, papel higiênico e dos lenços umedecidos deixados nos “banheiros” ao redor das áreas de acampamento. O TUBOSTÃO serve para vc levar tudo isso de volta para a sua casa e descartar no lixo. Vamos a Travessia Essa travessia eu tinha combinado com meu parceiro Bernhard que já havia ido comigo em Itatiaia, porém tive um imprevisto na empresa e acabamos não indo. Sorte nossa, pois foi bem na semana do tal ciclone bomba que destruiu muita coisa em Santa Catarina e no Campo dos Padres não foi diferente, tem áreas de mata lá que parece que passou um trator derrubando tudo. Neste interim entrou em contato comigo o Rafael @dinklerafa perguntando sobre a travessia solo que eu havia feito entre Urubici e Bom Jardim da Serra pelo PNSJ. E que ele estava programando vir para a serra catarinense fazer uma travessia, eu disse que ainda estava em aberto ir para lá e assim combinamos a parceria para a travessia. Marcamos então nos encontrar em Urubici na Pedra da Águia no vale do Rio Canoas no domingo a noite. O meu amigo Bernhard começou a trabalhar naquela semana infelizmente mas por sorte minha foi em Lages, e aproveitei a carona com ele saindo de Itajaí. 1° Dia – Pedra da Águia Este dia já começou de noite. Kkkkkkk cheguei no ponto de encontro quase as 20h, garoava um pouco naquele momento quando o Bernhard me deixou no Vale do Rio Canoas junto a propriedade Pedra da Águia que serve como base para camping e estacionamento para aqueles que vão para o Cânion Espraiado. Chamei na casa e ninguém atendeu apesar de as luzes estarem acesas e ter carro ali estacionado, tão pouco sinal do meu parceiro Rafa que a esse momento já deveria estar por ali, dei uma olhada ao redor para ver se já não estava acampado, mas não encontrei. Aproveitei o ultimo facho de luz do farol do carro e montei próximo ao rio minha barraca. Quando estava ajeitando minhas coisas o Rafa aparece do meio do nada! Ele disse que o taxista deixou ele uns 5 km adiante já em direção ao Cânion Espraiado e ele teve que voltar andando pela estrada na chuva. Ali nos conhecemos e fomos conversando, um cara muito bacana. Enquanto preparávamos nosso rango o papo fluía. Acertamos alguns detalhes referente a travessia como um todo e do próximo dia também, o qual ao invés de seguir o caminho tradicional pela estrada para alcançar o Cânion Espraiado, sugeri então contornar a Pedra da Águia e passar por trás dela e seguir até a borda da Serra Geral próximo ao Corvo Branco e então seguir sentido norte bordeando os peraus até chegar ao Cânion Espraiado. Logo em seguida fomos dormir para descansar. 2° Dia – Pedra da Águia até o Cânion Espraiado – 12km de trilha Acordamos cedo, ainda estava meio nublado mas entre as nuvens já víamos que iriamos ter um dia limpo pela frente. Enquanto a água ia fervendo para o café íamos desmontando o campo e arrumando a mochila. O vale do Rio Canoas nessa região é muito bonito com a vista da Pedra da Águia de fundo as araucárias na extensão do vale e o rio descendo suavemente entre as pedras. Após tudo pronto começamos nossa caminhada as 8h, os cachorros vieram nos seguindo uma parte da estrada e foram dispersando um a um, mas sobrou um pretinho que nos acompanhou toda a trilha. Logo quando contornamos a pedra da Águia passamos pela casa do Candimiro e ficamos ali um tempo de prosa com ele que nos autorizou passar pela propriedade e assim seguimos nosso rumo. Uma subida suave por uma antiga estrada que já não passa mais carro. Depois de uma hora e pouco de trilha chegamos a borda da Serra Geral ao sul estava a estrada da Serra do Corvo Branco na direção norte o Cânion Espraiado, paramos para curtir o visual e tirar fotos, naquele momento nos preocupamos um pouco com o cachorro pretinho que vinha nos seguindo. O caminho todo foi bordeando a serra seguindo a estradinha abandonada na margem direita do Espraiado. Em um certo ponto chegamos em uma depressão onde formava um pequeno Cânion afluente do rio Canoas em direção oposta a borda da serra geral ali tinha uma pequena faixa de mata para cruzar e adiante seguimos andando pelos campos, banhados e turfeiras que seriam uma constante em toda a travessia e também curtindo o visual do Cânion. Passado das 13h paramos de frente para a cachoeira do Adão para almoçar. Tinha sobrado um macarrão com linguiça Blumenau da noite anterior e já pus na panela, ainda fervi água para um bom chá de hortelã com gengibre e ali ficamos contemplando aquele visual. Quando retornamos a caminhada vimos logo acima do vértice do Cânion que havia um objeto retangular e ficamos imaginando o que poderia ser, o Rafa falou que poderia ser uma placa informativa eu já pensei que fosse tipo um deposito/armário de madeira para guardar o material do pendulo. Quando chegamos lá a nossa surpresa foi que era uma geladeira da Cervejaria Patagônia, eles estavam fazendo um comercial publicitário. Ali encontramos também a Carol proprietária da Fazenda Espraiado e ela nos indicou ir na cachoeira e avisou que a outra parte da borda do Cânion estava proibido passar por problemas de vizinhos e uso da área. Descemos até a cachoeira, que na realidade são 2 uma primeira menor que forma um baita poço para banho e a queda principal que desagua por 86m Cânion abaixo. Neste momento flagramos o pretinho abocanhando alguma coisa no mato e quando vimos era um tipo de roedor que em seguida ele soltou no chão. Logo fomos em direção a sede da fazenda onde é o camping e hostel do Cânion Espraiado. Ali conversamos com o Jacaré do Cânion que trabalha na fazenda, acertamos com ele o valor de R$ 40 pelo pernoite em camping, comemos um pastel muito bom e montamos nossa barraca, depois ficamos no galpão crioulo ao redor do fogo de chão proseando e tomando uma cerveja Patagônia com o Jacaré. Aproveitei para secar minhas meias, com os furos que minha bota tinha e os banhados no caminho esse seria um problema que eu enfrentaria todos os dias com os pés molhados. Também recarregamos o celular e aproveitamos para mandar as últimas mensagens pois a partir dali não teria mais sinal pelos próximos 4 dias. Preparei minha janta uma bela polenta com bacon e conversando com o pessoal, falaram que a partir dos 2 próximos dias viria uma frente fria muito forte. Pegamos umas dicas da trilha para o próximo dia cedo em direção ao Morro da Antena (agora montanha infinita) para ver o nascer do Sol e em seguida fomos dormir. 3° Dia – Cânion Espraiado – Campo dos Padres – parte alta do Rio Canoas - 18km de trilha Acordamos as 4h30 pois queríamos estar as 7h para o nascer do sol. Já fomos desmontando a barraca e o frio já era forte na escuridão da madrugada, havia um pouco de gelo no sobreteto da barraca. Após tudo desmontado tomamos um café passado pelo Jacaré dentro do galpão e comi meu pão sírio com polengui, queijo e salame, além do meu super brownie com malto e dextrose além de algumas castanhas (esse seria meu cardápio de café da manhã de todos os dias). As 6h horas seguimos pela trilha por entre a mata até o topo do morro da Antena e já no chapadão do cume presenciamos várias poças de água congeladas. As 7h05 foi o alvorada sobre um mar de nuvens aos nossos pés e um céu limpo sobre nossas cabeças, a vista do Cânion espraiado lá de cima é linda e ainda é possível ver toda a extensão da Serra Geral com destaque para as Pirâmides Sagradas e o Morro da Igreja. Estive nesse morro em 2001 subimos eu e o meu amigo BIG Daniel Casagrande de Toyota Bandeirante, na época ainda havia a Antena em pé, hoje ela foi derrubada, lembro que nós curtimos o visual por ali e quando decidimos ir embora atolamos a Toyota e quem disse que conseguimos tirar.... foi uma longa história e uma grande aventura. Voltando a 2020, nossa ideia original era seguir bordeando até chegar no rio canoas, pois pela carta teria somente 2 faixas de mata pra cruzar morro acima. Mas ai o Jacaré nos indicou seguir pela estrada e lá adiante passando a porteira entrar na antiga estradinha, eu sabia que havia essa trilha, mas tinha receio de seguir pois era uma mata grande, e imaginava ter vários caminhos por conta do gado. Mas enfim mudamos nosso plano inicial e seguimos então pelo caminho sugerido. Logo que passamos a porteira eu vi uma estradinha seguindo adiante e outra descendo, supus que essa seria a estrada, ledo engano..... descemos o morro e cortamos a estradinha para lá embaixo tentar encontrar ela de novo, havia um morro bem grande de mata a frente que se estendia a leste até a borda da serra e para o lado oposto a oeste entre esse morro havia uma encosta suave de mata e a borda do profundo Cânion do rio canoas, a trilha só podia ser nesta encosta suave e fomos descendo mas não encontrei a estrada. Seguimos adiante pela mata até chegar ao rio que já formava um pequeno desnível, pensei que já fosse o começo do Cânion afluente do Cânion principal do rio canoas. Demos uma volta enorme em círculo e voltamos para o mesmo lugar. Seguimos acompanhando a estrada e tentamos mais uma vez descer na direção daquela encosta, mas a mato tava muito fechado voltamos mais uma vez para a estrada e então decidimos seguir a estrada, logo adiante vimos uma casa e antes de chegar nela uma entrada a direita com cara de estrada abandonada. Só podia ser essa. Bingo! Já era 12h passado e então paramos ali na estradinha e fizemos nosso almoço o meu seguiu o mesmo cardápio do café da manhã sendo pão sírio, polengui, queijo e salame e chá de hortelã com gengibre, e assim foi todos os dias. Depois de 40min de pausa retornamos a trilha. A trilha é em uma antiga estrada abandonada que não é mais possível transitar de carro nem de 4x4, somente a pé ou a cavalo, uma descida suave por entre a mata de araucárias até chegar em um pequeno rio que corria sentido Cânion do rio canoas. Esse era o ponto mais baixo e após o rio a trilha começava a subir. “A algumas horas atrás chegamos bem perto deste rio porem a mata estava muito fechada e o rio afunilava em um brete e não conseguimos achar um caminho para passar e acabamos voltando”. Lá adiante na trilha encontramos um barraco destruído e depois cruzamos com um pequeno rio onde fomos seguindo ele rio acima até a trilhar sumir no mato, ali percebemos que em algum lugar lá atrás teríamos que ter contornado o morro. Resolvemos então subir aquela encosta de mata bem fechada com muitos xaxins, bambus e mata nebular. Foi um momento um pouco tenso pois já eram umas 17h sabíamos que estávamos no rumo certo, mas não na trilha e onde estávamos não tinha como acampar. Fomos mirando o topo tendo as copas das araucárias ainda iluminados pelo sol. Quando alcançamos então a parte mais alta abriu um pequeno descampado sujo com vassouras, porem plano e com condições de acampar. Decidimos seguir ainda um pouco mais adiante até as margens do Rio Canoas, mas de qualquer forma não fomos muito longe e acampamos por ali mesmo. Aquela noite prometia muito frio, tratamos de montar nossas barracas e a escuridão já tomou conta e o frio veio junto. Arrumei minhas coisas e tratei de ferver uma água para o chá e picar o bacon, quando comecei a fritar o Rafa já sentiu o cheiro maravilhoso do bacon, e ele com aquela comida liofilizada dele. Prometo que vou tentar de novo, nem que seja levar para uma noite a liofilizada, confesso que ainda venho tentando uma comida boa e leve sem abrir mão de certos luxos que conquistei nesses 30 anos de acampamentos, mas que agora com a idade e falta de tempo para treinar a boa forma já não posso mais carregar tanta coisa, sei que tenho que diminuir peso. Nesta travessia eu pesei item por item antes de sair de casa, desde celular, meia, cueca, itens de primeiros socorros, comida, enfim tudo grama por grama e encontrei que eu carregava no corpo 3kg contanto botas, roupas, bastão...; na mochila mais 24kg contando 4 litros de água que me dispus a levar mesmo com a fartura de água da região somente para testar meu consumo e uso em cozinha. É muito interessante pesar pois sempre imaginamos o quanto levamos, mas só anotando tudo e fazendo um verdadeiro checklist é que sabemos o quanto de peso realmente carregamos e não sabemos. Depois da janta ainda era cedo e não conseguiria dormir, então decidi sair da barraca para ver o céu estrelado, minha saída noturna não demorou mais que o suficiente para ir ao banheiro e voltar correndo para a barraca de tanto frio que fazia. Nessa noite os termômetros bateram negativos os - 8ºC dormi no limite do frio essa noite. 4° Dia – Parte alta do Rio Canoas – Cemitério – Borda da Trilha dos Índios – Morro do Campo dos Padres – Morro da Boa Vista - 15 km de trilha Acordamos pelas 6h mas o frio era tanto que não deu vontade de sair do saco de dormir, o sobreteto da barraca do Rafa congelou a condensação, neste quesito estava muito satisfeito com a minha Naturehike Cirrus pois o layout dela permite uma boa ventilação e evita o acumulo de condensação, mas vi que tinha que fazer alguns ajustes no sobreteto para incluir mais 2 pontos de cada lado para fixar mais espeques e poder abaixar mais a lona para o vento não entrar tanto em dias frios. Também tive minhas meias congeladas e a água nas garrafas estavam congeladas. Já pus a água para ferver e fazer meu café na Pressca e ao mesmo tempo já ir guardando minhas coisas. Mas foi difícil desmontar a barraca, os dedos doíam de tanto frio. Eram 7h30 e saímos, vimos que 1h30 era o tempo que precisávamos para começar o dia. Logo adiante avistamos uma cabana bem bonita de madeira que é a sede da Fazenda Búfalo da Neve, passamos ao lado e seguimos adiante descendo a encosta do vale do rio canoas até atingir suas margens, havia muita geada no pasto e as poças d´água no caminho estavam congeladas e também partes do rio onde a água estava parada. Aproveitamos para repor nossos cantis e tirar fotos com os pedaços de gelo. Essa parte é muito linda, o vale com os morros de mata de araucárias, o rio e suas curvas e os campos formavam uma bela paisagem. Fomos subindo o rio e logo alcançamos uma pequena cachoeira e uma taipa de pedra logo acima formando um caminho de tropeiros e por ali seguimos dando uma grande volta para desviar a várzea do rio que formava um banhado e suas turfeiras. Logo adiante vimos 1 casa azul e 1 galpão passamos por ela e logo a frente no vale havia um morro isolado, pelas minhas contas ali deveria ser o cemitério. Uma subida íngreme e logo no topo já vimos um quadrado de taipa e ali estava o cemitério, haviam 3 túmulos com cruz, uma lapide que não conseguimos ler e ao que parecia algumas covas abertas. Interessante imaginar um lugar inóspito daquele que outrora pessoas moravam ali em um passado não muito distante, mas longe da civilização. E tinham que ali mesmo enterrar seus entes queridos, escolheram um belo lugar para ser os Campos Elíseos destas pessoas. Logo descemos a encosta em direção ao rio canoas e dali iremos a leste para alcançar as bordas da Serra Geral. Naquela altura quando atravessamos o rio canoas ele era tão límpido e cheio de plantas aquáticas, uma pintura natural. Subimos uma pequena encosta e por acaso encontramos a trilha dos índios que liga a Anitápolis, dali subimos uma pequena mata e já no topo paramos para almoçar e contemplar a vista. O dia estava lindo e podia ver o horizonte bem longe, sendo possível ver a serra do tabuleiro e o contraste do mar mais a sudeste. Depois do almoço fomos bordeando os peraus tendo o Morro do Campo dos Padres na nossa direção e mais a noroeste o Morro da Boa Vista que é o ponto mais alto de Santa Catarina onde iriamos acampar. Para alcançar o morro do Campo dos Padres tivemos que dar uma volta para contornar a mata e depois seguir por uma subida bem íngreme. Bem ao longe no colo onde ligava esse morro com o morro da Boa Vista avistamos 2 capatazes campeando o gado. Alcançamos o topo do morro e ficamos um tempo ali contemplando uma das vistas mais bonitas da trilha. Depois seguimos em curva de nível até o colo e em seguida partimos para cima do Morro da Boa Vista, neste momento o Rafa começou a ficar sem água e chegou até a coletar um pouco nas turfas, eu ainda tinha água dentro do meu teste de consumo e cozinha, e ofereci para ele um pouco caso precisasse. Já no topo vibramos pois éramos as pessoas mais “altas” em solo catarinense, localizamos o marco geodésico e ali ao lado acampamos com a porta das barracas virada para o nascer do sol, porem naquele momento presenciamos um lindo pôr do sol, tiramos muitas fotos e vídeos e ficamos curtindo aquele momento. Já dentro da barraca tratei de fazer meu ritual de limpar e secar os pés úmidos dos charcos e passar vick vaporub, um santo remédio para o montanhista já que serve para muitas coisas. Pela primeira vez na vida levei lenço umedecido e tomei meu banho de gato, gostei do resultado melhor que toalha úmida. Tratei logo de me vestir pois fazia muito frio aos 1827m de altitude. Nesta noite cozinhei uma invenção que fiz com sopão+arroz+bacon, porem o arroz não cozinhou o suficiente e o sopão já começou a empelotar, não gostei nada. Ainda bem que sempre levo como emergência 2 pacotes de miojo e tive que atacar um com linguiça frita e queijo ralado. Durante a noite sai para ver o céu, estava menos frio que a noite anterior, mas ainda sim muito frio, consegui ficar um bom tempo ali observando as constelações e algumas estrelas cadentes, também vi ao longe a luminosidade das cidades como da grande Floripa que formava um grande clarão a leste e a oeste uma área menor porem mais luminosa a cidade de Lages. Me recolhi ao aconchego da minha barraca e dormi. Acordei com o vento batendo forte na barraca, chegando até a entortar as varetas, mas a barraca segurou bem. Não dormi muito bem pois volte e meia acordava com o vento. 5° Dia – Morro da Boa Vista – Arranha Céu – Morro da Bela Vista do Guizoni – Campos de Caratuva - 17km de trilha O vento batia forte na barraca, o céu estava bem nublado predizendo que o tempo estava mudando. Como montei a barraca a sotavento, pude deixar a porta aberta e curtir o nascer do sol no horizonte enquanto preparava meu café foi um alvorada fantástico mesmo com o céu nebuloso. Tomei meu delicioso café com brownie e pão sírio/queijo/salame a combinação perfeita e rápida para o desjejum. Logo em seguida desmontamos todo o acampamento. Nesse dia pude testar melhor uma pratica que encontrei para usar o banheiro de forma confortável e privativo (uma dica para as mulheres). A minha barraca Cirrus tem como desmontar o tapete e o mosquiteiro interno sem desmontar a lona do sobreteto e assim deixar o chão somente na grama. Desta forma com toda a mochila arrumada ficando somente o sobreteto e a armação por último, pude dentro da barraca mesmo pôr o meu jornal no chão com cal e dar uma cagada tranquila, depois só por mais cal em cima, embrulhar o jornal, por numa sacola plástica e aí dentro do tubostão. Usei um cano de pvc de 100mm com 2 caps nas extremidades e vedou muito bem, sem cheiro nenhum ou vazamento, tem na internet como fazer. Porem só achei um pouco pesado. Da próxima vez vou testar um pote de tampa larga e de rosca de 1l que tenho em casa, pois é bem mais leve e o volume é o suficiente para uns 4 dias de trilha. Saímos as 8h40 para a trilha o vento era muito forte e o sol já raiava, inclusive quando fui desmontar a lona ela quase sai voando. Nos protegemos bem e começamos a descida pelo colo do Boa Vista com o Morro do Campo dos Padres que é o divisor de águas do rio Canoas e do rio Itajaí, paramos numa pequena nascente e enchemos nossos cantis e seguimos bordeando a Serra Geral. Lá pelas 11h passamos pelo rio Campo Novo do Sul que corre aos pés do Morro Bela Vista do Ghizoni e demos uma parada para um banho rápido e gelado além de aproveitar que paramos fomos almoçar. Nesse momento o tempo voltou a nublar e esfriar. Depois deste descanso subimos até a rampa que dá acesso ao Ghizoni e deixamos nossas mochilas ali e demos uma esticada até o pico do Arranha Céu que estava na borda do Cânion que na outra ponta estava os Soldados do Sebold. Voltamos as mochilas e subimos mais uma rampa e deixamos a mochila novamente e caminhamos por 2h ida e volta no chapadão do Ghizoni por um grande charco de turfeira até subir os matacões do topo onde havia o marco geodésico, ali era o terceiro ponto mais alto de SC e o Morro da Igreja é o segundo. O tempo já estava piorando e voltamos até a mochila já passava das 16h e vimos que não alcançaríamos o objetivo do dia, pois quando olhamos ao longe vimos que iriamos cruzar a parte mais estreita do campo dos padres onde havia perau e Cânion para os dois lados, e tínhamos pelo menos 2 morros com mata para subir e cruzar. Conseguimos somente cruzar o primeiro que tinha uma trilha bem fechada com muitos caminhos de gado até chegar num ponto bem estreito com perau e uma antiga taipa utilizada para cercear o caminho do gado e não cair precipício abaixo. Chegamos em um campo que vimos lá do Ghizoni que tinha uma vegetação diferente, a princípio eu imaginava ser de vassourão, mas a tonalidade era outra, quando chegamos lá me surpreendi em constatar que eram o bambuzinho caratuva bem comum na região do Pico Paraná e que eu nunca tinha visto por essas bandas. Ali a cerração começou a fechar então decidimos já achar um lugar plano para acampar. Montamos nossa barraca bem ao lado da trilha que era bem demarcada e única. Não deu nem uma hora e caiu um temporal, era tanta chuva e vento que tínhamos que manter tudo bem fechado. Fizemos nossa janta nessa condição, uma das escolhas que fiz pela barraca cirrus foi o avanço um pouco maior para que me possibilitasse cozinhar em condições de chuva e vento e também espaço para 2 pessoas para que a cargueira ficasse dentro da barraca. Acabamos dormindo cedo nesse dia. Apesar que durante a noite levantei algumas vezes para conferir se estava tudo em ordem e seco na barraca, pois foi a primeira chuva torrencial que ela pegava, choveu a noite toda, e tudo se manteve seco. Passou no teste. 6° Dia – Campos de Caratuva - Morro das Pedras Brancas – Localidade das Pedras Brancas - BR 282 - 18km de trilha Lá pelas 7h a chuva parou, levantamos e já fomos tomando nosso café e desmontando as coisas. A trilha a nossa frente era um rio de tanta água, fomos secando o que dava na barraca para guardar na mochila e as 8h30 saímos e logo entramos na mata que estava muito molhada e fomos subindo o aclive em diagonal, era uma trilha bem batida na encosta que descia ao Cânion do Rio Campo Novo do Sul, havia muitas árvores caídas e quebradas por conta do ciclone bomba que havia atingido a região a uma semana atrás. Quando saímos no topo o sol já despontava meio tímido, mas a chuva já havia ido embora. Tinha uma bela vista do Morro do Ghizoni e do Cânion logo abaixo. E fomos seguindo pelos campos e cruzando algumas faixas de mata, banhados e turfeiras até chegar ao istmo como uma “ponte” de 5m de largura que ligava o campo dos padres até o Morro das Pedras Brancas, ultimo resquício de planalto ligado a Serra Geral. Já era 12h30 atrasamos meia hora pelas nossas contas, mas ainda sim estávamos muito longe do nosso destino final que era a BR 282 onde tínhamos combinado com nosso amigo Bernhard de o encontrar as 17h. Descemos a trilha íngreme aproximadamente 500m de desnível, nesse ponto o estrago do ciclone foi bem maior, a destruição era grande por toda a trilha. Alcançamos a estrada e fomos seguindo tendo o vale do rio Santa Barbara como caminho. Passamos pela comunidade das Pedras Brancas e precisávamos de sinal de celular e internet para avisar a todos que tudo estava bem e comunicar o Bernhard que estávamos ainda 1h atrasados. Aí passamos por uma propriedade que indicava “informações pousada do vô Chico” paramos ali e conhecemos o vô um senhor nascido ali e bem gente boa que nos emprestou a internet e nos deu uma carona até a estrada. Sorte nossa pois ainda havia uns 7 km a frente com subidas e descidas, mas uma estrada rural muito linda tendo sempre as Pedras Brancas ao fundo como destaque e o vale do Rio que vinha esculpindo um bonito Cânion. Chegamos a BR e encontramos nosso amigo e assim termina nossa pernada. Somamos 80 km de trilha no total
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Eu e minha esposa Magali decidimos em setembro de 2020 fazer a travessia. Começamos a planejar e nos preparar desde então. Definimos que a melhor data seria na semana santa pois seria mais fácil de conciliar férias, folga etc e ainda daria uma margem de segurança maior caso fosse necessário estender a travessia. Fomos com o objetivo de caminhar no mínimo 35km/dia mas tentar fazer 40km/dia, que reduziria em um dia a travessia. Inicialmente iríamos seguir no sentido sul (Rio Grande x Barra do Chuí), porém na semana que antecederia nosso início a previsão indicava maior incidência de vento sul e optamos em inverter, saindo da Barra do Chuí no sentido norte. Saímos de Itapema/SC de carro até a rodoviária de Pelotas/RS no dia 27/03 onde deixamos nosso carro e pegamos o ônibus até Chuí. Chegando em Chuí levamos 20min até conseguir um taxi para a Barra do Chuí (lá não existe Uber/99 etc). Pernoitamos em um Airbnb lazarento, mas enfim, a ideia era ficar bem próximo da praia para conseguir começar a caminhada cedo. Obs: não conseguimos sinal de celular na Barra do Chuí. Dia 01 Iniciamos a caminhada as 06:00 do dia 28/03/2021 com vento sul moderado. Nossa ideia inicial era fazer uma parada a cada 10km, porém preferimos tocar direto até Hermenegildo e nos abrigar do vento. Foram aproximadamente 13km até essa primeira parada. Aproveitamos para comunicar os familiares. Trocamos as meias e seguimos a caminhada. Logo ao passar Hermenegildo começou uma chuva leve. Vestimos a capa de chuva e continuamos. Poucos km a frente a chuva engrossou, porém não havia local para abrigo e continuamos a caminhada por mais 5km até encontrar um barraco de pescador onde nos abrigamos por aproximadamente 1 hora até a chuva passar. Ao longo do dia o sol ia e vinha. Como era domingo, vários moradores de Hermenegildo passavam de carro. Estávamos aproximadamente no KM 38, totalmente secos quando uma chuva torrencial nos atingiu. Sem possibilidade de abrigo, seguimos até completar 40km e montamos acampamento em meio as dunas (agora sem chuva). Nessa noite ventou pouco, porém a chuva recente e o orvalho que se formou acabou gerando um pouco de condensação no interior da barraca. Jantamos, cuidamos dos pés e eu percebi a primeira bolha inesperada (bolha nos mindinhos eu já esperava). Distância: 41km (areia fofa) Dia 02 Despertador tocou as 5:00, comemos, organizamos as coisas e levantamos acampamento. Eram aproximadamente 6:45 quando começamos a caminhar com as roupas e tênis molhados. Decidimos racionar a água para reabastecer na casa do Sr. Ricardo que possui poço e atingiríamos entre 10 e 11 horas da manhã. Faltando 1 km da casa do Sr. Ricardo, avistamos uma vaca deitada na beira da praia. Minha esposa achou que ela estivesse morta, mas eu percebi movimentos de orelha. Estávamos a 50mt dela quando nos observou e levantou assustada. Virou-se contra nós e avançou em nossa direção. Nesse momento tentei chamar atenção para mim e me afastei da minha esposa. Imediatamente empunhei os bastões como se isso fosse resolver alguma coisa. A vaca recuou e virou da direção da Magali quando pedi para ela ficar parada e fui até ela. A vaca ameaçou novamente e juntos erguemos os bastões lentamente até que a vaca recuou e se afastou pelo outro lado. Lentamente nos desviamos e seguimos nosso rumo. A adrenalina subiu bastante nessa hora e o susto foi enorme. Melhor que nada aconteceu e ficou apenas por isso. Chegamos na casa do Sr. Ricardo e chamamos por ele. Não estava, enchemos nossas garrafas e tratamos com cloro. Enquanto isso, aproveitamos a sombra para um descanso e para trocar as meias. Descobri uma nova bolha se formando em baixo do outro pé. Quando estávamos para sair chegou um veículo com 3 homens que estavam construindo uma nova casa para o Sr. Ricardo mais aos fundos (pois a atual está quase sendo tomada pelas dunas). Conversamos um pouco e seguimos nossa caminhada. Por ser 2a-feira, nesse dia praticamente não tivemos contato humano. Nesse dia encontramos o único caminhante que veríamos ao longo da nossa caminhada. Nos cumprimentamos, conversamos rapidamente e cada um seguiu seu destino. Nós querendo seguir e ele querendo terminar logo. No meio da tarde pegamos chuva novamente. Decidimos proteger os tênis com o saco que usávamos para atravessar os arroios pois não queríamos andar novamente com os pés molhados. Esse foi o pior dia e a pior noite, o dia todo foi um misto de "chega, vamos desistir, etc", por sorte não passou ninguém oferecendo carona. Quando paramos para acampar, ventava sudoeste e então montei a barraca abrigado por dunas nesse lado. Só havia abertura pequena para o leste e foi ai que começou nossa pior noite. Já estávamos dormindo (aproveitamos 21:30) quando o vento virou leste com chuva forte. Vacilei ao não reforçar o estaqueamento da porta que estava exposta ao leste e aconteceu o óbvio, o speck soltou e essa lateral "caiu". Fiquei sentado encostado no bastão para a lateral ficar de pé. Quando estiou sai à procura de algo para ancorar essa porta e achei um barril cortado que coloquei sobre o speck e enchi de arreia. Nessa noite continuou ventando muito e chovendo diversas vezes. Distância: 40km (areia fofa com bem pouca área firme) Dia 03 Despertador tocou as 5:00, estava chovendo e botei o soneca para + 15min. Continuava chovendo e seguimos dormindo até aproximadamente 6:15 quando parou de chover, então comemos e saímos para caminhar já eram 8:00. Decidimos que 30km estaria bom para esse dia. Seguimos +/- a ideia do dia anterior e racionamos a água para reabastecer no Farol Albardão que estava a 7-8km de distância. Fomos muito bem recebidos no Albardão onde bebemos água e reabastecemos todas nossas garradas. A água lá é potável, então não tratamos nem filtramos. Nesse dia percebemos que uma parada a cada 10km não era sustentável e decidimos parar a cada 7km. Nesse dia comecei a sentir fortes dores na junção do fêmur com o quadril e comecei a "mancar" para não estender a perna e doer mais. Assim foi praticamente até o final da travessia. Outro dia que tivemos pouco contato humano e com pouco vento, dessa vez sentido leste. Apenas no final do dia quando chegamos na área de reflorestamento que avistamos 2 caminhões saindo de uma área indo no sentido norte. Quase no final do dia, avistamos um morador indo recolher sua rede. Perguntamos se conhecia algum lugar bom para acampar na região querendo ouvir um "pode acampar no lado da minha casa" mas veio um "lá naquela baleia tem uma base do reflorestamento, talvez consiga lá". A tal baleia estava a uns 3-4 km e já estava começando a anoitecer. Deveríamos nos arriscar a andar toda essa distância e chegar lá de noite correndo o risco de nem achar a base? Preferimos seguir mais 1km e acampar em meio as dunas altas. Dessa vez ancorei muito bem praticamente todos os lados da barraca para não ter surpresas. Novas bolhas para cuidar. Dormimos magnificamente bem. Como todas as noites anteriores, choveu bastante durante a noite. Distância: 35km (areia fofa) Dia 04 Despertador tocou as 5:00, comemos, organizamos as coisas e levantamos acampamento. Nesse dia acreditamos que seria difícil manter o ritmo e terminar em 6 dias. Já aceitamos que precisaríamos de 7 dias. Porém mantivemos o desejo de fazer os 35km. O dia foi bastante movimentado, muitos caminhões, ônibus, etc. Sabíamos que agora a água viria apenas dos arroios, porém perto das 11:00, quando devíamos ter apenas 1 litro de água, vimos um quadricíclo vindo em nossa direção. Pedi para parar e perguntei se sabia de algum ponto de água pela frente. Conversamos um pouco e o Mauro, funcionário da empresa de reflorestamento, se ofereceu para ir pegar água na base deles. Deixamos nossas 4 garrafas de 1,5lt com ele. Uma hora depois ele passou por nós e falou que deixou as garrafas em uma placa mais a frente para que não precisássemos carregar todo o peso. Caminhamos uns 2km até chegar nas garrafas, tratamos e filtramos. Ficamos absurdamente contentes, não tinha como ficar mais contente. Próximo das 15:00 uma caminhonete branca nos intercepta. São funcionários da empresa de reflorestamento. Conversamos um pouco e eles falam (se pedirmos) que iriam trazer água para nós quando voltassem. Ganhamos o dia e agora não tinha mais como melhorar mesmo. Uma hora depois passa outra caminhonete igual (também da empresa) e pergunta se queremos algo (água, comida, fruta etc). Respondo que aceitamos qualquer coisa, mas principalmente água. Ele diz que na volta trará algo para nós. Continuamos a caminhada e com o sol de pondo resolvemos achar um local para acampar. Enquanto montava a barraca a esposa ficava nas dunas de olho se vinha alguma caminhonete. Quando terminei de montar a barraca, avistei um veículo vindo e como já estava escuro sinalizei com a lanterna. Dois santos que caíram do céu. Nos trouxeram 4 litros de água tratada e gelada (com pedaços de gelo ainda). Não só isso, trouxeram duas marmitas e frutas. Estávamos nos sentindo reis. Só então percebemos que montávamos acampamento praticamente na entrada de uma base deles e nos falaram que o movimento de caminhões ali seria a noite toda pois a operação deles é 24hrs. Nos ofereceram ficar em um alojamento vago. Agora certamente não tinha como melhorar. Decidimos aceitar o convite pois o local onde estávamos era de dunas baixas e o vento provavelmente iria incomodar. Caminhamos quase 2km até chegar na base e nos deparamos com o inimaginável, além de tudo que já tinham nos oferecido, poderíamos tomar um banho quente em chuveiro a gás. Nossa energia se renovou absurdamente nessa noite. Decidimos dormir uma hora a mais nessa noite pois não precisaríamos arrumar muita coisa pela manhã. Agradecemos ao pessoal que nos recebeu e principalmente ao Rodrigo (encarregado). Pegamos seu contato para agradecer novamente quando concluíssemos. Nesse dia outras bolhas surgiram e algumas antigas começavam a parar de incomodar. Distância: 42km (enfim, areia firme) Dia 05 Despertador tocou as 6:00, comemos, organizamos as coisas, reabastecemos nossa água, nos despedimos do pessoal e começamos a caminhada. Pela distância percorrida no dia anterior, decidimos que esse dia seria de luxo, 35km bastaria. Saímos dá área do reflorestamento e começamos a avistar as torres geradoras de energia eólica. Que visão horrível. Você começa a enxergar elas a 20-25km de distância, então caminha, caminha, caminha e caminha ainda mais e nunca chega. Esse dia foi um dia caminhando olhando apenas para baixo, pois era desmotivador. Esse foi o 1o dia que não pegamos chuva na caminhada. O vento estava moderado a forte no sentido leste, o que fez com que a maré estivesse acima do normal, nos forçando a subir para areia fofa em vários momentos. Ao final do dia, chegamos em um trecho de dunas baixas e já bateu aquela sensação ruim para achar um local bom para acampar. Nós não queríamos ter que andar 500-700 metros para chegar nas árvores, querendo ou não é uma distância que pode fazer a diferença e em terreno ruim. Atravessamos o primeiro grande arroio e achamos um ponto menos exposto. Ancorei bem a barraca e dormimos igual reis. Distância: 38km (alternando entre areia firme e fofa) Dia 06 Despertador tocou as 5:00, comemos, organizamos as coisas e levantamos acampamento. Esse seria o primeiro dia para captar água nos arroios. Estávamos com 1 litro de água e a esperança era conseguir água com quem passasse, afinal era feriado e teríamos movimento. Passou o primeiro carro e nada de água. Logo chegamos a outro arroio grande e decidimos captar água ali e garantir. Pegamos 4,5 litros, tratamos e filtramos. Esse dia estava puxado, o vento resolveu querer dificultar e virou norte moderado. Foi o dia todo contra o vento, mas nada nos seguraria. Muitos arroios pela frente, já estávamos exaustos de colocar e tirar a sacola nos pés, mas assim o fizemos durante todo o dia. No 4o ou 5o arroio a Magali não olhou bem o terreno e entrou em uma arreia movediça, ficando com os 2 pés enterrados até acima do tênis. Falei para não tentar sair, fui até ela e puxei ela pela cargueira. Saiu fácil mas encharcou os pés e os tênis. Andamos, andamos, andamos e a quilometragem não andava. Parecida que estávamos em uma esteira, andava sem sair do lugar. Dia bem movimentado, carros, motos, ônibus, bicicletas e o primeiro cachorro de toda travessia. Esse foi o 2o dia que não pegamos chuva na caminhada. Enfim chegamos a praia do Cassino, mas ainda tínhamos 13 km pela frente. Parece que foi a parte mais longa da travessia. A praia estava muito movimentada devido ao feriado. Às 16:30, enfim, chegamos aos molhes. Ficamos sem reação, apenas sentamos e aproveitamos o momento. Decidimos pegar um Uber até Pelotas e retornar direto para casa. Distância: 34km (areia firme) Distância total: 230,74 km Equipamentos que levamos: Murilo Magali Se alguém querer, posso passar também a relação dos alimentos levados. Tracklog
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Gosto muito de escrever relatos de viagem (tenho alguns aqui no Mochileiros), mas como já há muitos relatos excelentes aqui e em outros sites, pretendo focar mais em dicas que não são apresentadas geralmente nesses relatos. Todas as dicas são baseadas nas minha experiências pessoais na Patagônia no período de 1 a 18 de dezembro de 2017, passando por Punta Arenas - Puerto Natales - Torres del Paine - El Calafate / Perito Moreno - El Chatén - El Calafate - Rio Gallegos - Punta Arenas. Envolverão questões relativas a planejamento de passeios, deslocamentos, compras de equipamentos, gastos durante a viagem, câmbio de moedas e outros. Espero que elas ajudem bastante no planejamento e na execução com sucesso de sua viagem. Caso queira um roteiro básico ou um mini relato da minha viagem, segue ele aqui em pdf: Viagem realizada - Patagônia.pdf DEFINIÇÃO DE ROTEIRO BÁSICO - A definição do seu roteiro vai depender da quantidade de dias que você terá na região e das suas prioridades (desafios, conhecer apenas os locais principais, conforto etc). Como é possível ver no roteiro acima, fiquei 18 dias na região e o meu roteiro incluiu: circuito O de Torres del Paine, ida ao Perito Moreno e 5 dias completos em El Chatén. Nessa quantidade de dias, eu não alteraria em nada a quantidade de dias definida para cada localidade. Agora se você tiver mais tempo, dá pra esticar pro Ushuaia ao sul ou para as Catedrais de Mármore e região de Aysén ao norte. - Se for fazer o circuito W ou o O (informações sobre os circuitos mais abaixo) ou se for pernoitar em qualquer lugar de Torres del Paine, programe a sua viagem com o máximo de antecedência possível. Isso é importante por conta da necessidade obrigatória de reserva de locais. DICAS DE BAGAGEM E COISAS A LEVAR - Se for fazer o circuito W ou O em Torres del Paine é bom levar barras de cerais, proteína, frutas desidratadas e outros alimentos energéticos de baixo volume e peso na mochila. Comprei no atacado no Brasil e saiu super em conta! < Ouvi dizer que no Chile essas coisas não são caras, mas não sei se a informação procede > - Nunca havia usado bastões próprios de caminhada (só uns improvisados com galhos), mas vou dizer que se fosse dar uma única recomendação, especialmente para quem vai fazer o circuito O, é compre bastões de caminhada! Antes da viagem, procure ver como usá-los adequadamente para não atrapalharem no seu desempenho. < Se não fosse por eles, não teria completado o circuito O de Torres e não teria depois conseguido fazer muitas coisas em El Chatén > (dicas de locais de compra no tópico Punta Arenas) - Se for fazer o W ou o O, leve uma bolsa a mais para guardar as coisas que você não vai precisar no circuito escolhido e deixá-las guardadas no hostel em Puerto Natales. < As minhas ficaram toscamente em sacolas plásticas que se rasgaram com o peso > - Se ligue nos alimentos e produtos com os quais você pode ingressar no Chile. A galera da Aduana quando resolve agir com rigor, é BASTANTE rigorosa. < Tive que abandonar com peso no coração um sanduíche na aduana terrestre entre Argentina e Chile > - IMPORTANTÍSIMO para quem vai cozinhar: leve um fogareiro à gás (lembrando que o butijão de gás não pode ir como bagagem) ou compre um modelo desses em Punta Arenas. Não invente de levar fogareiros à álcool. < Levei um modelo desses álcool e tive a maior dor de cabeça em todos os dias. Isso por que nem na Argentina nem no Chile se vende álcool líquido. Para fogareiros desse tipo, a galera vende um solvente industrial chamado Benzina Blanca. Essa porcaria além de ter um cheiro fortíssimo que fica impregnado em tudo, expele uma fumaça preta que deve ser tóxica e ainda deixa as coisas cheias de fuligem. Dor de cabeça da porra! > MOEDA/CÂMBIO - Achei muito mais vantajoso trocar dólar, ao invés de real, pela moeda local tanto no Chile quanto na Argentina. Entretanto isso só é vantajoso se você comprar bem o dólar no Brasil. Dê uma olhada no ranking de instituições com melhores câmbios no site do Banco Central e em sites de melhor cotação como o Cambiar. - Se puder troque dólares pela moeda local em casas de câmbio de Santiago ou em Buenos Aires (a depender do seu roteiro), exceto nas do aeroporto. - A casa de câmbio logo ao lado do terminal da Bus-Sur em Punta Arenas foi a que eu encontrei com a melhor cotação de pesos chilenos entre todas as que pesquisei em Punta Arenas e Puerto Natales. - É melhor ir trocar dólares ou euros por pesos argentinos em Puerto Natales e possivelmente em Punta Arenas. Em El Calafate e em El Chatén a cotação era 15-20% menos vantajosa. - Se tiver que sacar grana em El Calafate, é melhor ir no cassino local. Cotação: dólar - 17,30 / euro - $20,30. Entrada: $10. Você deve pagar o valor das fichas no cartão, jogar um jogo e depois ao trocar as fichas a casa reterá 5% do seu valor PUNTA ARENAS e PUERTO NATALES - Punta Arenas é a cidade inicial de muitos que estão chegando para conhecer a Patagônia. - Há algumas boas opções de lojas de equipamentos de trekking: La Cumbre, Andesgear, North Face, Lippi e Grado Zero. Por exemplo, na La Cumbre (localizável no Google Maps) e na Grado Zero (em frente a La Cumbre) havia ótimos bastões de caminhada da Black Mountain por aprox. $ 50 mil o par. Para chegar no centro, a opção mais em conta para grupo de 3 pessoas pelo menos é pegar um táxi no aeroporto (3 mil pesos por pessoa). Se estiver sozinho ou apenas com outra pessoa, tente achar alguém para dividir o táxi contigo ou deverá pagar 5 mil pesos para ir de van. - Puerto Natales é a cidade base para ir a Torres del Paine para quem está do lado chileno. É uma cidade bastante agradável com várias opções de restaurantes (caros, assim como tudo na Patagônia). - Tanto em Punta Arenas quanto em Puerto Natales há um grande supermercado da rede Unimarc. É uma boa opção para compras gerais mais em conta. TORRES DEL PAINE PLANEJAMENTO - As reservas deverão ser feitas no site das empresas concessionárias Fantástico Sur e Vértice e se você tiver sorte (e muita antecedência) poderá também reservas locais gratuito para acampamento no site da CONAF. <Minha experiência com a Fantástico Sur foi muito boa. Tive resposta das minhas reservas em uma semana. Porém já não posso dizer o mesmo da minha experiência com a Vértice. Só obtive resposta da empresa sobre as reservas, 25 dias depois de solicitadas e somente depois de mandar comentário público no Facebook denunciando a demora. Pouco antes de eu fazer a minha viagem, eles iniciaram um sistema de reserva online, sem a necessidade de contato por e-mail. Pode ser que agora a resposta seja rápida, porém caso você deseje realizar reservas personalizadas, fora do roteiro que aparece no site, já fica a dica de que eles podem demorar bastante para te responder. Inclusive uma amiga que foi pouco antes e reservou com bem mais antecedência que eu, conseguiu resposta, apenas na semana da viagem dela, de que não tinha conseguido vaga em alguns refúgios. > INFORMAÇÕES GERAIS - Entrada: $ 21 mil pesos - Várias empresas fazem o percurso a Torres del Paine e todas saem às 7h30 ou 14h30 e têm preço de $15 mil pesos por pessoa (ida e volta). - Tanto no caso de fazer o circuito O ou o W quanto no caso de fazer só uma ida às Torres em um dia. Recomendo fortemente pegar o transfer que sai da recepção do Parque (Laguna Amarga) até o camping central - 20 min que evita caminhada em subida monótona de 1h30 (custo $3 mil pesos). - Há três opções para dormir no Parque para quem vai fazer o W ou o O: em barraca própria (ou alugada em Puerto Natales - vi por $ 4 mil a diária), em barraca da empresa concessionária ou em refúgio. Sendo que a razão de valor é de aproximadamente 1 x 2,5 x 3 (barraca da concessionária será 2,5 x mais cara que própria e refúgio será por sua vez 3 x mais caro que barraca da concessionária e quase 8 x mais caro que barraca própria. - Percebe acima, que as diferenças de valores são muito grandes. Eu particularmente se quisesse economizar peso na mochila e dormir com conforto, não pagaria pelo refúgio. Dormiria nas barracas da operadora com tudo incluso (atenção: deverá marcar os itens que deseja quando for fazer as reservas). < Tive que dormir na barraca da concessionária, em uma noite no camping Francés, pois já havia se esgotado os lugares para barraca própria, e vou te falar: a barraca era super espaçosa, a cama super confortável (melhor do que da minha casa. hehehe) e o saco de dormir era excelente! > - É possível pagar por refeições nas bases de apoio, mas isso te custará bastante caro (aprox. R$50 em um café da manhã e mais de R$100 no almoço ou na janta). QUAL CIRCUITO ESCOLHER: O ou W? - Primeiro de tudo: caso ainda não saiba, o circuito O engloba o ciruito W. Se você tem preparo físico e tempo disponível, sugiro fortemente fazê-lo. No primeiro dia do circuito, não verá nenhuma paisagem espetacular, mas, nos dias seguintes, as paisagens serão maravilhosas. Abaixo seguem algumas fotos de paisagens exclusivas do circuito O. QUANTOS DIAS E COMO FAZER O CIRCUITO O? - Acabou que fiz em 7, mas oh considero que isso foi uma tremenda duma burrice. Jamais faria isso novamente. O conselho que dou é faça no mínimo em 8. - Programaria de uma das seguintes formas, considerando apenas os destinos por dia: 1. Para quem vai ficar em camping: a) 9 dias: Serón - Dickson - Los Perros - Paso - Grey - Francés - Francés (neste dia iria até o Mirador Británico e domiria no Francés novamente) - Chileno (ou camping central) - dia de ir ás Torres e voltar a Puerto Natales b) 8 dias: Serón - Dickson - Los Perros - Paso - Francés - Francés (neste dia iria até o Mirador Británico e domiria no Francés novamente) - Chileno (ou camping central) - dia de ir ás Torres e voltar a Puerto Natales c) Se tiver que fazer em 7 dias: Serón - Los Perros - Paso - Francés - Los Cuernos (neste dia também iria até o Mirador Británico) - Chileno (ou camping central) - dia de ir ás Torres e voltar a Puerto Natales 2. Para quem vai ficar em refúgios: a) 9 dias: Serón - Dickson - Los Perros - Grey - Francés - Francés (neste dia iria até o Mirador Británico e domiria no Francés novamente) - Chileno - dia de ir ás Torres e voltar a Puerto Natales b) 8 dias: Serón - Dickson - Los Perros - Grey - Francés - Francés (neste dia iria até o Mirador Británico e domiria no Francés novamente) - Chileno - dia de ir ás Torres e voltar a Puerto Natales c) 7 dias: Serón - Los Perros - Grey - Francés - Los Cuernos (neste dia também iria até o Mirador Británico) - Chileno - dia de ir ás Torres e voltar a Puerto Natales - Observe que não inclui opção de Paine grande em ambos. Primeiramente por uma questão de planejamento, mas também não recomendo para quem vai ficar em barraca, pois pelo que me relataram lá o vento é muito forte, a ponto de carregar barracas bem presas ao chão. - Não há opção de refúgios no Paso e no Italiano, apenas camping. INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O CIRCUITO O (e algumas que servem para o W também) - Os primeiros dias que envolvem o caminho do camping central até Los Perros são de dificuldade mediana ou fácil (Dickson a Los Perros). Em um trecho ou outro terá um pouco mais de dificuldade. - Em todo o circuito, o dia mais pesado de todos é o que envolve a saída de Los Perros e a ida até Paso (ou até o Grey dependendo do seu roteiro) (fotos abaixo). Logo no início, tem-se uma subida inclinada que passa por dentro de um bosque. Após um tempo de caminhada a área se abre e se caminha com uma leve inclinação até uma primeira subida em terreno pouco mais inclinado. A partir daí a subida fica bastante pesada, com trechos de caminhada sobre gelo (use o bastão com o disco de neve para não correr o risco de quebrá-lo...quase quebrei o meu). A subida finaliza, após 620 m de desnível, em uma vista maravilhosa do Glaciar Grey, a partir daí é só descida bastante inclinada até chegar no acampamento Paso (725 m de desnível - 9 km no total até aqui). Depois são mais 9 km de Paso até o acampamento Grey com muitas subidas e descidas e desnível de 400 m. Pouco depois de Paso, há uma grande ponte pendular. Muito cuidado ao atravessar devido ao vento. Mais cuidado ainda logo após, pois se o vento estiver muito forte, você terá usar o bastão para jogar o corpo para o lado da encosta, fugindo do precípio. Ao longo do caminho, há mais duas pontes pendulares. < Nesse dia, especialmente por conta do impacto na descida, o meu joelho esquerdo inflamou, prejudicando todo o restante da viagem > Fotos de trechos da subida: - Outro trecho que é bem difícil, neste caso tanto para quem vai fazer o O quanto o W ou um passeio de um dia, é a subida a Torres. Bastante inclinada, mas não se compara à dificuldade do trecho de Los Perros a Grey. - Para quem vai no esquema camping com barraca própria, ficar em Paso será reconfortante após o percurso descrito anteriormente. Porém é um camping sem muita estrutura. Não tem chuveiro e o banheiro é do tipo seco, com buraco no chão. Sem contar que suas vagas costumam esgotar bastante rápido. - No campings Dickson e Los Perros há apenas duchas frias. - No trecho de Serón a Los Perros há muitos mosquitos, pelo menos nessa época que fui (possivelmente em outras também). Entenda por muitos mosquitos, muito mesmo! <Vi uma pessoa com um boné que tinha uma rede que cobria todo o rosto e fiquei com uma puta inveja. Acho que é a melhor coisa para se levar em caso de fazer o O. > EL CALAFATE / PERITO MORENO EL CALAFATE - Para chegar a El Calafate, peguei o ônibus da Cootra às 7h30 - o preço era $ 17 mil, mas paguei $ 15 mil após negociar. Só que quem chegou mais cedo conseguiu por $ 11 mil. < E eu achando que tinha me dado bem na negociação. hehehe > - A cidade é bem turística, cheia de lojinhas de lembrança, chocolaterias e sorveterias. Tudo obviamente muito caro! - A princípio fui a El Calafate para fazer o Big Ice no Perito Moreno, mas como o meu joelho ainda estava mal, as funcionárias da Hielo y Aventura acabaram cancelando a minha reserva. < Caso esteja com um probleminha físico pequeno que você tem certeza que não irá te atrapalhar, não informe nada porque a galera é bem rigorosa. Não me responsabilizo por esta ideia errada aqui > - Se você curte cerveja, recomendo fortemente ir no La Zorra (bar próximo ao posto de gasolina). Eles têm ótimas cervejas lá. Só que não são muito baratas. PERITO MORENO - Fomos ao Perito Moreno no Tour Alternativo. Pagamos $680 no hostel onde estávamos hospedados (Hospedaje del Glaciar); em outros lugares era $800. O tour consiste em um passeio guiado (muito bem, por sinal) em uma rota alternativa por estrada de chão com observação de espécies animais ao longo do caminho, parada em uma estância com uma bela localização; trilha de 45 min por um bosque que chega ao lago do glaciar pelo lado oposto à sua face norte; opção de navegação de barco opcional até o glaciar ($500, 1h de duração - pelos relatos acho que não vale a pena); e por fim, 3h para caminhar pela plataforma - retornamos às 16h30. - Outras opções: ônibus regular ($600), táxi ($340 por pessoa em carro com 4, segundo informações de uma pessoa que conheci), carro alugado (mais em conta se houver 4 ou 5 pessoas). EL CHATÉN - Chegando a El Chatén: À tarde, há opções ônibus às 18h por $600 + 10 de taxa de embarque, mas preferimos pegar o ônibus de 19h da Taqsa por $420 + 10 (ótimo ônibus, procure ir na janela para curtir as belas paisagens ao longo do caminho - TENTE NÃO DORMIR) - O principais pontos turísticos de El Chatén certamente são a Laguna de los Tres (laguna com Fitz Roy) e o Cerro Torre. A seguir sugiro duas formas para se conhecer os dois pontos que são do mesmo lado do Parque: a) Em caso de você ter barraca e desejar acampar para economizar uma diária ou mesmo para otimizar o roteiro ou pela experiência de camping, sugiro no primeiro dia ir até o Cerro Torre (com mirador Maestri) e acampar no camping DeAgostini (do lado do Cerro Torre) e no segundo dia ir a Laguna de los Tres passando pela trilha das Lagunas Hija y Madre e depois retornar a cidade pela trilha que passa pela Laguna Capri. Essa rota é preferível, pois no camping Poincenot (mais próximo do Fitz Roy) venta bastante e é mais cheio. b) Em caso de você estar interessada em bate-volta, sem pernoite em camping, recomendo em um dia ir à Laguna de los Tres e em um outro dia ir ao Cerro Torre. No primeiro dia, sugiro pegar um transfer (empresa Las Lengas - $150) até a Hosteria El Pilar e de lá seguir até a Laguna. Por esse caminho, evita-se uma subida mais inclinada que há no caminho partindo diretamente da cidade (não é tão difícil) e ainda se tem uma bela visão do Glaciar Piedras Blancas nesse caminho. Depois sugiro retornar pelo caminho que passa pela Laguna Capri No segundo dia, não há muito segredo. Há apenas um caminho direto. Recomendo ir até o Mirador Maestri para se ter uma visão melhor do Cerro Torre (foto abaixo). - Loma del Pliegue Tumbado: recomendo ir apenas se estiver com tempo sobrando depois de ir em todos outros atrativos. O caminho é longo e parte da visão que terá engloba o que poderá ver nos miradores de Los Condores e Las Aguilas e uma outra parte engloba, já no final do caminho, engloba ver o Cerro Torre de uma outra perspectiva. - Reserva Los Huemules: a reserva fica a aprox. 3 km depois da Hosteria El Pilar na ruta 23. Possui duas belas lagunas (Laguna Verde e Laguna Azul) de trilha fácil e outras duas trilhas mais longas: uma até o Rio Eléctrico e outra até a Laguna Del Diablo. Entrada na reserva: $200, que dá direito a retorno durante o período de estadia em El Chatén. Ônibus Las Lengas por $210 até a reserva (ida e volta). Retorno: saída 8h (se não me engano) e retorno 17h. - Chorrillo del Salto: só vale se você não tiver mais nada para fazer na cidade. RETORNO (de El Calafate a Punta Arenas) - Caso o seu voo de volta seja a partir do aeroporto de Punta Arenas, recomendo fortemente garantir passagem previamente de El Calafate para Puerto Natales. Pode comprar no dia em que for de El Calafate a El Chatén. - Caso aconteça de as passagens se esgotarem, como aconteceu comigo, não se desespere, há opção de uma rota alternativa que sai de El Calafate, vai a Rio Gallegos e depois vai direto a Punta Arenas. De El Calafate a Rio Gallegos: saída 3h da madruga, 4h de duração - empresa Taqsa, $640 / De Rio Gallegos a Punta Arenas (aeroporto), saída às 13h, 4h de duração - empresa El Pinguino, comprada na empresa Andesmar no terminal de El Cafalate. - Duas informações caso tenha que fazer o caminho alternativo anterior: o terminal de Rio Gallegos fica longo do centro da cidade, mas há um Carrefour ao lado, que pode servir como ponto para matar um pouco o longo tempo de espera; e no caso de ir direto ao aeroporto de Punta Arenas, sem ir ao centro da cidade antes, é preciso pedir pro motorista parar na rodovia próximo do aeroporto. Deste ponto até o aeroporto, dá quase 2 km de caminhada. Peça carona sem medo! Acho que são essas as dicas. Espero ter ajudado um pouquinho e estou aberto para qualquer questionamento. 😃
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Travessão Essa longa travessia, a mais extensa que já realizei até hoje, nasceu do convite do Renato Romano que com seus amigos da Equipe Romoaldo de Trekking e Montanhismo elaboraram todo o planejamento, desde o roteiro até a organização das refeições e a divisão das barracas e outros equipamentos. Tudo muito bem planejado. A idéia inicial da equipe era fazer pela primeira vez uma travessia na Serra do Espinhaço com início próximo à cidade de Gouveia-MG e final na Lapinha da Serra, com duração de 6 dias, e possível continuação até a vila de Serra do Cipó (mais 2 dias). Eu topei a empreitada. Mas a minha intenção era continuar caminhando e explorando trilhas ainda desconhecidas (para mim) a partir da Lapinha e essa proposta, feita durante o trekking, despertou a curiosidade de alguns do grupo. Discutimos roteiros e o tempo disponível e cheguei à conclusão que estávamos preparados para empreender uma longa caminhada Trans Espinhaço com o roteiro incluindo uma travessia pelo ParNa Serra do Cipó, meu velho conhecido (e relatado aqui algumas vezes), porém um lugar ainda inédito para os membros do grupo. A nossa Trans Espinhaço portanto passava a ter uma previsão de 12 dias de caminhada. E, claro, de maneira autônoma, carregando tudo nas costas. Mas, como contarei em breve, para mim ela acabou sendo ainda mais longa... Córrego do Barbado DIA 0 - 23/07/18 - Rumo à Serra do Espinhaço No Terminal Tietê em São Paulo conheci os membros da Equipe Romoaldo que participariam da caminhada: João, Vitor Honda e Leonardo (Leo), além do Renato Romano que me fez o convite. A representante feminina do grupo era a Bruna. Embarcamos no Gontijo das 21h30 com destino a Diamantina-MG. Eu tomei um Dramin para dormir logo e não enjoar (viagem de ônibus muito longa assim não me faz bem ao estômago) e só despertei perto do local onde saltaríamos do ônibus, portanto não posso dizer em que cidades o busão parou pelo caminho. Rio Paraúna DIA 1 - 24/07/18 - da BR-259 à cachoeira do Córrego do Bicho Duração: 7h10 (com paradas) Maior altitude: 1240m Menor altitude: 906m Pela manhã já atravessávamos a paisagem característica do cerrado mineiro, aliás paisagem que fazia alguns anos que eu não via e da qual já sentia muita falta. Por volta de 9h30, entre as cidades de Curvelo e Gouveia, a pedido do Renato o motorista parou no acostamento de terra da BR-259 e ali saltamos. Jogamos as mochilas às costas e retornamos uns 600m até a placa do km 479, onde tomamos um atalho para baixar à estradinha de terra à esquerda. Ajeitamos a carga, mastigamos alguma coisa e demos início à pernada exatamente às 10h15. Altitude de 1237m. Essa localidade se chama Contagem e é marcada pela presença de torres eólicas de energia (do outro lado da rodovia). Até a hora do almoço iríamos caminhar junto ao curso do Córrego Contagem, à nossa direita. E até a chegada ao Rio Paraúna teríamos a imponente Serra do Indaial à nossa esquerda. Esse primeiro dia seria em grande parte caminhando por uma estradinha de terra e isso já havia sido discutido pelos integrantes da equipe na fase de elaboração do roteiro. Outras vias de entrada foram consideradas mas a facilidade de chegar a esse ponto de início com apenas um ônibus a partir de São Paulo foi decisiva (outros locais de acesso à travessia demandariam ônibus rurais infrequentes ou frete de carro particular). Portanto lá fomos nós pelas estradinhas, felizmente sem movimento algum de veículo. O papo e a curiosidade pela nova paisagem fizeram com que a caminhada fosse muito mais rápida e interessante do que se podia prever. Durante todo o percurso da nossa Trans Espinhaço o sentido geral percorrido foi de norte a sul. Nesse primeiro dia pela estradinha os pontos que vale destacar foram: às 10h56 cruzamos uma porteira de ferro e uma placa avisava "propriedade particular - entrada proibida", o que foi sumariamente ignorado. Às 11h04 aparece a primeira fonte de água corrente de fácil acesso (o próprio Córrego Contagem) porém deve ser tratada pela presença de gado por perto. Às 11h22 uma placa indica o Sítio Arqueológico Contagem, o que atiça a curiosidade do grupo por ver as pinturas rupestres. Esse é um local de acesso fácil e um patrimônio que precisa ser preservado, portanto tivemos o cuidado de apenas observar e fotografar, sem tocar em nada. Às 12h24 passamos por uma casa à nossa esquerda, uma das poucas vistas, mas estava vazia e em más condições. Paramos para almoçar logo depois à sombra de algumas árvores, com água corrente perto, junto a uma bifurcação onde seguiríamos à esquerda, subindo. A partir desse ponto nos distanciamos do Córrego Contagem. Mas às 14h16, numa outra bifurcação, tomamos a esquerda e logo depois a direita e chegamos à margem do Rio Paraúna, onde o Contagem deságua. Ali paramos mais tempo para curtir o bonito lugar. Estudando o percurso a seguir percebi que poderíamos cortar cerca de 2,2km do caminho pela estrada se cruzássemos o rio. O Renato experimentou a profundidade e correnteza (sem a mochila) e vimos que era viável. Então às 15h15 atravessamos o rio. É recomendável algum tipo de sandália ou crocs para não ferir os pés nas pedras do fundo e o uso de dois bastões ou cajados para se equilibrar na correnteza. Obviamente essa travessia não deve ser tentada em época de chuva pelo maior volume e correnteza do rio e risco de tromba-d'água. Só na outra margem é que pudemos ver que havia uma casa muito próxima, no lado em que chegamos. Assim tomamos a trilha na margem esquerda, inicialmente paralela ao rio, mas logo guinamos para uma subida à esquerda. Em 400m de subida atingimos a trilha principal, larga e toda de cascalho. Tomamos a esquerda, ainda subindo. A caminhada por estrada havia acabado, agora a enorme rede de trilhas da Serra do Espinhaço/Serra do Cipó vai nos levar para dentro dos belíssimos campos rupestres, com suas águas límpidas e flores abundantes. Com mais 100m, às 16h07, tomamos a direita na bifurcação. A visão se amplia para o vale do Rio Paraúna a leste. Na sequência eu aproveito para chamar a atenção do pessoal para a característica geológica própria da Serra do Espinhaço que é a disposição das pedras e lajes, desde as mais pequenas até as enormes que formam morros e montanhas, sempre em ângulo de cerca de 45º apontando invariavelmente para o oeste. Não sei qual é a explicação científica para isso mas essa imagem nos acompanhou durante toda a longa caminhada, sendo mais notada nas travessias de rios e na conformação em "degraus" das cachoeiras ao longo do caminho. Tivemos curiosidade de conhecer a Cachoeira do Apertado, mas não encontramos a trilha de acesso e o horário já não nos permitia procurá-la ainda nesse dia. Chegamos à área de acampamento junto ao Córrego do Bicho às 17h26 e estabelecemos nosso primeiro hotel-um-milhão-de-estrelas ali mesmo. Altitude de 1055m. Desde o Rio Paraúna passamos por mais dois pontos de água, afluentes do Córrego do Bicho. Honda, Renato, João, Leo e Bruna DIA 2 - 25/07/18 - da cachoeira do Córrego do Bicho a suas nascentes Duração: 7h10 (com paradas) Maior altitude: 1421m Menor altitude: 1055m Nessa manhã ocorreu um fato muito curioso e inédito para mim em tantos anos de trekking. Logo cedo, ao caminhar alguns metros a partir do acampamento encontrei uma tampa de panela. Perguntei se era do grupo e a resposta foi afirmativa. Porém cadê a respectiva panela? Havia sumido. Ela havia ficado de molho fora da barraca e algum bicho a havia surrupiado durante a noite bem embaixo dos nossos narizes! Vasculhamos os arredores e nada, nem pegadas. Desistimos da procura e tratamos de desarmar tudo para continuar a caminhada. Partimos às 9h20. Subimos na direção sudoeste (oposta ao Córrego do Bicho) e em 5 minutos encontramos a tal panela... toda mordida e até furada pelos dentes do animal. Não conseguimos identificar as pegadas que havia, mas a história já entrou para o anedotário dos nossos trekkings. E ainda tivemos que carregar uma panela inutilizada por mais 5 dias até a Lapinha... Às 9h36 cruzamos uma porteira e fomos à direita na bifurcação seguinte pois o caminho seria mais curto do que pela esquerda. Subimos pela trilha de pedras brancas soltas. Cruzamos uma tronqueira às 10h04, paramos para um pequeno descanso numa exígua sombra e às 11h23 cruzamos uma porteira velha com uma lacônica placa "proibido caçar"... então tá. Cerca de 400m depois outra formação rochosa nos atraiu para investigar se havia mais pinturas rupestres mas dessa vez só encontramos uma lapa, uma grande pedra formando um abrigo, onde quase pisei numa cobra sem ver. Às 12h36 pudemos visualizar no horizonte pela primeira vez a Serra da Lapinha/Serra do Breu com seus famosos picos nos dando a direção exata da vila de Lapinha da Serra. Na descida que se seguiu desviamos para o vale à direita para procurar um lugar com água para almoçar. E encontramos um ótimo local de sombra na mata de galeria do Córrego da Passagem. Retomamos a caminhada às 14h30 retornando à trilha principal exatamente onde havia uma tronqueira e se avistava uma casa no vale onde almoçamos, do Córrego da Passagem. Continuamos na direção sul. Às 15h16 cruzamos uma porteira junto a um riacho, afluente ainda do Córrego do Bicho, e paramos para descansar. A idéia inicial era acampar junto a essa água, mas continuamos pois ainda era cedo. Uns 450m após a porteira fomos à direita na bifurcação e com mais 300m abandonamos o caminho largo que fazia uma curva para a esquerda indo para leste - em vez disso cruzamos o capim no sentido sudeste até encontrar uma trilha na direção desejada. Cruzamos uma tronqueira às 16h09 e avistamos uma casa à esquerda junto a altos eucaliptos, porém ainda distante. Tanto a bifurcação anterior quanto o caminho que ia para leste levariam diretamente a essa casa. Às 16h30 percebemos que nosso caminho continuaria por uma crista onde seria improvável haver água, então decidimos nos abastecer no vale logo abaixo para passar a noite ali mesmo. Altitude de 1325m. Do alto onde acampamos se via ainda a casa, agora mais próxima, mas não fomos até ela na dúvida se havia gente ou não, ou se seríamos bem-vindos ou não. À noite vimos luz na casa, confirmando a presença de morador. Vale do Rio Preto DIA 3 - 26/07/18 - das nascentes do Córrego do Bicho ao Rio Preto Duração: 4h30 (com paradas) Maior altitude: 1363m Menor altitude: 1100m Nessa noite todas as panelas foram devidamente guardadas nas barracas e não perdemos mais nenhuma para o lobo-guará, jaguatirica, onça ou sei-lá-que-bicho. Partimos às 8h46 na direção sul-sudeste para reencontrar a trilha principal abandonada na tarde anterior. Às 9h10 cruzamos uma cerca por baixo e caminhamos por campos abertos com larga vista dos arredores. Para trás à esquerda logo foi possível ver o divisor de águas do Córrego do Bicho, que estávamos deixando, e do Córrego do Barbado, que passamos a percorrer. Às 10h paramos para descanso por 15 minutos. Na continuação o Córrego do Barbado faz uma curva para a direita (sudoeste) e a trilha o cruza, porém nessa travessia às 11h33 um pequeno acidente: o Leo escorregou nas pedras lisas do riacho e caiu, mas nada sério felizmente. A partir daí começamos a avistar na serrinha do outro lado do vale à nossa direita o caminho para a vila de Fechados, mais notadamente a trilha de pedras brancas que sobe essa serra e tem o nome de Subidão do Miltinho. Paramos às 11h55 na beira do penhasco para apreciar a belíssima e ampla paisagem dos vales do Córrego Samambaia e do Rio Preto, o qual cruzaríamos na sequência (já me disseram que Córrego Samambaia é uma denominação errada da carta do IBGE e que o nome correto é Córrego Andrequicé). Nessa descida ao Rio Preto avistamos uma casa isolada ao pé da serrinha à esquerda. Logo depois de um entroncamento a trilha se torna mais pisada dando clara indicação de que passamos a percorrer um caminho bastante usado em travessias com destino a Fechados. A travessia do Rio Preto às 13h15 não teve nenhuma dificuldade pois foi através das lajes pontudas típicas da região (mais abaixo o rio é largo e fundo). Paramos para o almoço mas o lugar é tão lindo e convidativo que resolvemos passar o restante da tarde e acampar ali mesmo. O encontro com algumas capivaras na chegada deixou o Leo meio preocupado, mas elas logo sumiram. Altitude de 1112m. Serra da Lapinha/Serra do Breu DIA 4 - 27/07/18 - do Rio Preto ao encontro com o seu Jair Duração: 8h25 (com paradas) Maior altitude: 1444m Menor altitude: 1100m A partir do Rio Preto evitamos o caminho mais fácil e direto ao Poço do Soberbo para não passar na sede de uma fazenda onde o dono já intimidou trilheiros com cachorro bravo e disparos de arma, segundo relato que lemos na internet. Por isso planejamos um caminho por uma região mais alta, longe da sede dessa fazenda. Partimos às 9h na direção sul subindo a encosta e logo notamos marcas de pneu no caminho (!?). Na descida que se seguiu fomos à direita na bifurcação pois o caminho pareceu mais usado e um pouco mais curto que à esquerda. Às 9h43 cruzamos um afluente do Córrego dos Piões, mas com muito pouca água, e apenas 400m adiante cruzamos uma porteira de arame aberta. Com mais 300m, às 10h, alcançamos o próprio Córrego dos Piões, com água corrente e fresca. Ele corre para o norte e deságua no Rio Preto bem próximo do local onde cruzamos este último na tarde anterior. Notamos uma plantação à esquerda, com pés de cana recém-cortados. Paramos numa sombra mais à frente junto ao Piões e degustamos alguns pedaços de cana antes de subir por um corredor entre cercas na direção da casa, onde cachorros nos denunciaram. Mas eles eram mansos e só queriam brincar. Cruzamos uma tronqueira e continuamos em frente sem ver ninguém da casa. Antes dela passamos pela cerca da direita e tomamos a trilha pelo pasto com vacas, mas de olho num touro quieto e desconfiado que havia ali. Na porteira seguinte vimos a placa de "Fazenda Pinhões da Serra". Essa porteira tinha um sistema curioso de fechamento automático por meio de uma pedra pendurada num fio - a engenhosidade das pessoas do campo sempre nos surpreendendo. Depois notei que havia uma estradinha chegando a essa casa pelo outro lado. E uma trilha bem marcada vai dessa casa para oeste à casa do seu Álvaro, com sua capela de pedra, que menciono no relato da travessia Lapinha-Fechados (www.mochileiros.com/topic/29430-travessia-lapinha-fechados-serra-do-cip%C3%B3-mg-mai2014). Apenas 200m separavam a porteira anterior (a da pedra) de outra e pela vegetação alta não pudemos notar que havia uma casa acima à esquerda. Cruzamos dois afluentes do Córrego dos Piões, o primeiro com escassa água. No segundo notei à esquerda a trilha que vem do povoado de Extrema, uma outra travessia bem interessante dessa região. Apenas 50m após a porteira seguinte, às 11h, abandonamos a trilha bem marcada que se dirigia a um casebre e começamos a subir a encosta à esquerda. Porém avistei um pé de fruta no quintal da casa e fui lá olhar. Era um pé carregado de deliciosas laranjas e colhi cerca de 30 delas, com fartura para todos terem sobremesa nesse dia e nos seguintes! Essa casa tem uma bica de água também. Com isso me atrasei um pouco em relação ao grupo, que já havia subido a encosta. Inicialmente sem trilha, subi e aos poucos encontrei o caminho marcado na direção sul, o qual adentrou uma mata densa que serve como galeria para o Córrego dos Piões, que cruzei num salto. Na subida que se seguiu reencontrei o pessoal às 11h52 preparando o almoço numa sombra junto a um dos riachos formadores do Piões. Partimos às 13h14 ainda na direção sul e na subida cruzamos uma porteira de arame. Cerca de 600m após essa porteira uma trilha atravessou o nosso caminho no sentido leste-oeste, mas nos mantivemos na direção sul-sudeste (praticamente sem trilha) até o ponto mais alto, às 13h50, com visão muito larga do horizonte em 360º e onde alguns integrantes até tentaram sinal de celular, mas sem sucesso. Esse caminho é povoado de canelas-de-ema-gigantes (planta típica dos campos rupestres) que formam verdadeiras árvores. Continuamos na direção sul pelo campo aberto e cruzamos às 14h52 um afluente alto do Córrego Cachoeira, o qual corre num degrau bem abaixo na Serra do Espinhaço e passa na sede da fazenda que evitamos. Essa travessia de rio aparenta ter de tirar as botas e entrar na água, mas há um ponto exato em que se cruza pelas pedras tranquilamente. Na subida seguinte havia diversas trilhas que tomamos e abandonamos, mas continuamos mantendo o rumo sul-sudeste para evitar os caminhos que descem à casa da fazenda. Às 16h22 cruzamos uma cerca sem porteira e logo avistamos um homem a cavalo reunindo o gado ainda um pouco distante. Nos escondemos porque não sabíamos a direção que ele iria tomar e não queríamos espantar o gado, deixando o homem furioso conosco. Quando ele se foi voltamos à trilha. Às 16h50 cruzamos um afluente do Córrego do Quartel e no alto tivemos uma espetacular visão da Serra da Lapinha/Serra do Breu. Às 17h25, faltando 15min para o sol se pôr, o Renato e o Honda, que estavam à frente, abandonaram a trilha e desceram a um vale à esquerda para procurar água e um possível local de acampamento. Por sorte encontraram os dois, um ao lado do outro, para passarmos a noite. Era um afluente do Ribeirão Soberbo. Altitude de 1244m. Nesse acampamento outro "causo" entrou para o rol de histórias da nossa travessia. Era noite de eclipse da lua cheia. Todos admirando o acontecimento quando surge do escuro um homem, acende uma lanterna ao nosso lado e começa a falar conosco. Todos paralisaram, eu não entendi o que estava acontecendo. Da minha barraca pensei que fosse algum integrante do grupo imitando a fala do povo do lugar. Mas não. Era o dono das terras, o mesmo que vimos reunindo o gado, que viu as luzes e veio ter um dedo de prosa conosco. Felizmente era muito simpático e não se importou nem um pouco com a nossa presença ali. Pelo contrário, foi buscar uma cachaça feita por ele mesmo para nos oferecer e ficar proseando. Seu nome: seu Jair. Poço do Soberbo e Cânion do Rio das Pedras DIA 5 - 28/07/18 - do encontro com o seu Jair ao Poço do Soberbo Duração: 7h15 (com paradas) Maior altitude: 1248m Menor altitude: 911m Desmontamos acampamento às 8h45 e, em lugar de voltar ao ponto onde abandonamos a trilha no dia anterior, seguimos o curso do riacho ao lado e encontramos um primeiro poço do Ribeirão Soberbo. Por votação não fomos a esse poço tomar banho, para frustração do Renato. Mas continuamos o curso desse rio e resolvemos cruzá-lo para a margem esquerda. Ali havia outro poço enorme e nesse paramos para um banho às 9h24. Depois seguimos menos de 200m rio abaixo e o cruzamos de novo às 10h34. Não estávamos encontrando uma trilha definida na direção que queríamos e nessa hora quem ressurge do nada? o seu Jair em seu cavalo. Ele nos levou até a beira de uma ribanceira e nos ensinou o caminho para encontrar a trilha principal que levaria ao Poço do Soberbo. Em seguida sumiu galopando. Essa descida foi um pouco demorada e ruim pois não havia trilha (só no alto) e alguns trechos eram muito íngremes em meio ao mato crescido e degraus altos de pedra. Enfim às 12h alcançamos novamente o Ribeirão Soberbo e paramos para o almoço. O sol já estava castigando e aproveitamos para nos refrescar, porém na quedinha d'água o Renato teve o cabelo tomado pelas larvinhas pretas que infestam o lugar. Retomamos a caminhada às 13h54 e cruzamos o rio mais abaixo, tomando a direção sul. Subimos pelo campo sem trilha e encontramos às 14h13 a trilha principal que vem da Cachoeira do Bicame e desce ao Poço do Soberbo. Ela segue em nível pela encosta da serra e desce pouco antes de cruzar o Rio das Pedras num local de fácil travessia pelas lajes pontudas, às 14h58. Já se avistam lá embaixo as três casinhas antigas de pedra construídas ao lado do Poço do Soberbo. Depois do Rio das Pedras seguimos por mais 80m em nível e começamos a descer, ou melhor despencar, paredes abaixo em direção ao Córrego Fundo. Fizemos a descida lentamente pois alguns "degraus" são bastante altos e é preciso cuidado. Chegamos enfim às margens do Córrego Fundo às 15h40 e procurei o ponto fácil de travessia que conhecia. Porém tivemos que varar um pouco de mato para encontrar a trilha. Na outra margem restos de acampamento. E alguns metros além o caminho largo de vem da Lapinha da Serra (esq) e leva ao Poço do Soberbo (dir). Seguimos para a direita, chegando ao poço às 16h. O resto de maquinário e caçambas usados na mineração antiga do lugar causou um pouco de decepção a quem não conhecia o poço. Altitude de 911m. Poço do Soberbo DIA 6 - 29/07/18 - do Poço do Soberbo à Lapinha da Serra Duração: 6h30 (com paradas) Maior altitude: 1222m Menor altitude: 881m Nesse dia o Leo resolveu partir mais cedo por compromissos que tinha em São Paulo. Depois soubemos que ele conseguiu uma série de caronas e à noite já estava em casa. Feito inédito: dormir uma noite junto ao Poço do Soberbo e na noite seguinte na cama de casa! Nós, que não tínhamos pressa, começamos o dia explorando o cânion do Soberbo e suas quedas-d'água (na verdade é o Rio das Pedras e não o Ribeirão Soberbo). Encontramos pegada grande de felino. Notamos diversos grampos nas paredes mais abaixo do cânion, indicando a prática de escalada/rapel. De volta, desmontamos acampamento e saímos às 9h57 na direção sul-sudeste ainda. Na areia do caminho para a Lapinha mais pegadas grandes de felino. Cruzamos o Córrego Fundo quatro vezes e na última às 11h40 passamos pelo gramado de uma casa vazia. Há também uma bica de água no terreno da casa e esses são os últimos pontos para abastecer os cantis com água boa até a chegada à Lapinha, distante ainda 14km. Menos de 50m depois do gramado da casa há uma bifurcação, na verdade uma trilha sai à direita do caminho largo. O gps indicava que a trilha da direita era mais curta, mas resolvemos nos manter no caminho principal. Subimos bastante e às 12h46 aquele caminho da trilha da direita reencontra o caminho mais largo - fomos para a esquerda então. Pelo calor e pela secura desse trecho apelidamos essa parte da caminhada de Trans Saara. Paramos numa rara sombra para descansar mas sem sinal de água por perto. Às 14h chegamos a duas porteiras lado a lado. Cruzamos e do outro lado uma placa adverte "propriedade particular - visitação controlada - entrada proibida". O povo aqui adora proibir tudo. Ali o caminho largo se converte numa estradinha de pedrinhas já em condições de tráfego. Uma outra estradinha desce à esquerda junto às porteiras e leva a uma casa na baixada. Mais à frente essa estradinha entronca à esquerda. Às 14h24 alcançamos uma porteira que dá para a estrada principal que vem da Lapinha. Estava com cadeado e passamos pela cerca de tábuas. Do outro lado da porteira outra placa "propriedade particular - visitação controlada". E na porteira ao lado uma placa muito velha e coberta de ferrugem da Fazenda Cachoeira. Tomamos a estrada de terra para a direita e entramos no vale do Córrego Lapinha, com uma bonita serra do outro lado à nossa esquerda. Às 14h54 cruzamos uma porteira com uma grande mangueira e casas ao lado. Às 15h mais uma porteira e paramos para descanso numa sombra. Às 15h44 chegamos à bifurcação que vai para a Lapinha à esquerda e para Santana do Riacho à direita. A quantidade de carros saindo da Lapinha era enorme e fomos comendo poeira até lá, sob os olhares incrédulos do povo que passava de carro e se espantava com um grupo de 5 mochileiros - ou seriam peregrinos, ou pagadores de promessa, ou extra-terrestres mesmo? Quilos de poeira depois, às 16h28 chegamos à Lapinha e parecia que não havia ninguém ali que não estivesse bêbado. Estava acontecendo o 19º "arraiá" da Lapinha, por isso a quantidade enorme de carros e a embriaguez geral. Procurei um lugar para comermos e passarmos a noite e encontrei boa comida (e camping totalmente vazio) no restaurante da Dona Lina, na saída para as cachoeiras. Conseguimos wifi também. Altitude de 1102m. E assim se encerrou a primeira etapa do nosso trekking Trans Espinhaço. Prontos para a segunda etapa? Alguma espécie de bromélia DIA 7 - 30/07/18 - da Lapinha da Serra à casa isolada no alto da serra Duração: 2h20 Maior altitude: 1262m Menor altitude: 1096m Nesse dia a Bruna e o João conseguiram um carro para Santana do Riacho (não há ônibus na Lapinha) e por volta de 13h eles zarparam, após almoçarmos. Antes disso, pela manhã, eu, Renato e Honda fomos à mercearia comprar pães, bolachas e lanchinhos para os próximos 6 dias previstos de caminhada. Procuramos um queijo meia cura para levar e encontramos na casa da Dona Maria. Nós 3 deixamos a Lapinha às 13h25 com um sol de rachar. Nosso objetivo era atingir o Alto do Palácio até o dia seguinte para na sequência fazer a travessia Alto do Palácio-Serra dos Alves com a devida autorização do parque nacional obtida naquela manhã mesmo. Mas depois alteramos um pouco esse roteiro para torná-lo mais interessante para os dois que estavam visitando o parque pela primeira vez. Tomando o caminho da Cachoeira do Lajeado pelo vale do Córrego Mata-Capim, ainda no nosso rumo sul-sudeste, cruzamos duas porteiras e desprezamos a subida desgastada da travessia Lapinha-Tabuleiro pois não seria a mais conveniente para o nosso roteiro. Atravessamos um riozinho fundo por uma pinguela mais à direita e cruzamos mais duas porteiras. Ao pararmos às 14h32 num riacho para tomar uns goles de água o Renato se lembrou de ter deixado o celular carregando no restaurante. Teve de voltar para buscar e isso retardou nossa pernada. Só retomamos a caminhada às 16h20. Cerca de 10 min depois entramos numa trilha à esquerda do caminho da Cachoeira do Lajeado e começamos a subir a serrinha. No alto atravessamos um lindo e enorme campo e cruzamos uma porteira e um riacho pelas pedras, um afluente do Córrego Mata-Capim. Alcançamos uma casa isolada com diversas portas fechadas a cadeado. Já eram 17h34, o sol estava quase se pondo, e resolvemos acampar no riacho um pouco além da casa, na baixada. Altitude de 1233m. Poço inferior da Cachoeira da Capivara DIA 8 - 31/07/18 - da casa isolada no alto da serra ao Alto do Palácio Duração: 9h47 (com paradas) Maior altitude: 1423m Menor altitude: 1110m Nesse dia nós três fizemos "pensamento positivo" para cruzar a área particular da empresa Cedro sem nenhum problema com os seguranças, porém no final foi muito mais tranquilo do que podíamos imaginar. Deixamos o acampamento às 8h13, cruzamos o riacho ao lado, uma porteira e continuamos no nosso infalível rumo sul-sudeste. Uma placa azul ao lado dessa porteira avisa "propriedade particular - proibido boi, cavalo, pesca - Sr Edo Poli". Às 8h48, quando a trilha se aproxima de uma estradinha que vem do norte, saímos dela para a esquerda pois eu estava curioso em saber se ainda existia uma casa abandonada em meio a alguns eucaliptos. Sim, a casa está em condições bem precárias mas ainda está lá em pé. Retomamos a caminhada pela estradinha (e não pela trilha de onde viemos) mas 500m à frente cruzamos uma porteira à direita para pegar uma trilha que logo derivou para a direita. Nessa porteira também uma placa de "propriedade particular - proibido...". Às 9h27 outra porteira e placa cheia de proibições citando o nome da Cedro, mas nenhuma delas diz que é proibido entrar ou passar. Cerca de 120m após essa porteira tomamos a esquerda na bifurcação para nos manter no alto da serra e evitar caminhar pelas estradas internas da Cedro. Na subida pelo campo ainda a linda visão dos picos da Lapinha e do Breu para trás. Às 10h07 cruzamos outra porteira e dispensamos a trilha à esquerda pelo motivo mencionado. Às 10h30 surge a primeira água desde o acampamento, porém estava quase parada e não coletamos. Uns 450m depois chegamos a uma porteira azul e ali sim começaríamos a descer à esquerda para a área central da Cedro, no vale do Rio Parauninha. Após um descanso e lanche numa rara sombra cruzamos a porteira azul às 11h22 e abandonamos por algum tempo a direção sul-sudeste para tomar o rumo leste a fim de cruzar o Rio Parauninha no local mais adequado, na chamada Ponte Molhada. Cerca de 1,4km após a porteira azul, ao encontrarmos uma tronqueira, não a cruzamos pois a trilha apontava para o norte - em vez disso acompanhamos a cerca para a direita (sudeste). Subimos na direção de uma linha de energia no alto, cruzamos uma cerca por baixo, continuamos para leste e chegamos às 12h09 a uma estradinha de terra, onde fomos para a esquerda, descendo. Apareceu um carro, mas passou por nós e apenas nos cumprimentou. Na curva para a esquerda tomamos um atalho por trilha à direita. Caindo de novo na estradinha fomos para a direita. Logo um caminhão de entrega passou por nós mas não parou. Chegamos às 12h42 à Ponte Molhada do Rio Parauninha, que tem esse nome porque em dia de chuva forte ela pode ficar coberta pela água. Paramos para pegar água e comer um sanduíche como almoço. Às 13h33 continuamos pela estradinha poeirenta num calor bem forte, mas logo aquele primeiro carro estava de volta e nos ofereceu carona na caçamba. E lá fomos nós, passamos pelas casas dos funcionários e cruzamos tudo rapidamente. Essa carona nos poupou 3,4km de pernada, cerca de 1h que aproveitamos depois num banho num poção do Ribeirão Capivara. Descemos na bifurcação para a Cachoeira da Capivara. Eles seguiram para a vila do Cipó à direita e nós rumamos para a cachoeira à esquerda, às 13h52. Mais placas de proibição e dessa vez restringindo mesmo a entrada e passagem, mas são placas muito antigas e o homem no carro disse que visitou a cachoeira recentemente sem problemas. Cerca de 300m depois surge uma bifurcação: à direita, segundo o gps (nunca fui conferir), se chega à estátua do Juquinha, mas eu preferi mostrar aos amigos a cachoeira, então seguimos para a esquerda, descendo. O caminho vai se estreitando e às 14h03 cruzamos por uma ponte um afluente do Ribeirão Capivara (água boa). Às 14h24 paramos no tal poção do Ribeirão Capivara para um banho. Dispensamos o banho na cachoeira para evitar problemas. Às 15h37 voltamos à trilha e mais uma placa de proibição aparece. Cruzamos dois riachos no fundo de valas através de pinguelas de madeira bem conservadas e às 15h50 alcançamos o poço inferior da Cachoeira da Capivara. Tiramos algumas fotos e partimos para a íngreme subida à parte alta. Ao nos aproximarmos da trilha principal que vem da rodovia MG-010 largamos as mochilas e fomos apenas com as garrafas de água até o poço da queda superior para coletar água para esta noite e metade do dia seguinte. Mais algumas fotos e não nos demoramos pois ainda tínhamos alguma distância até o local do acampamento. Subimos de volta até as mochilas e agora mais pesados continuamos ascendendo até a porteira da fazenda na rodovia MG-010. Nesse caminho vale destacar que a casa-sede se torna visível, ou seja, o pessoal da casa vê quem entra e quem sai da cachoeira. Bom registrar também que há um riacho de água até mais pura que a da cachoeira nesse trecho. Cruzamos uma cerca por baixo, subimos mais e alcançamos a porteira principal, saindo da fazenda exatamente na hora de um espetacular pôr-do-sol, às 17h27. As placas de cachoeira interditada e acesso proibido continuam lá. Estávamos no ponto mais alto da rodovia MG-010, local conhecido como Alto do Palácio. Cruzamos a pista e caminhamos para a esquerda por 250m entrando numa porteira de arame (aberta) à direita. Seguimos pelo caminho largo por 200m e entramos à direita na bifurcação. A noite já caía. Apressamos o passo até subirmos um morrote com uma torre de antena e uma estação meteorológica. Ali às 18h encontramos terreno plano e com capim mais baixo para acampar. Altitude de 1423m. Dali se avista a sede do Alto do Palácio do parque nacional a cerca de 900m, às margens da rodovia, e à noite uma luz acesa indicava haver algum funcionário presente. Travessão DIA 9 - 01/08/18 - do Alto do Palácio até (quase) a Casa de Tábuas Duração: 8h35 (com paradas) Maior altitude: 1488m Menor altitude: 1034m Ao amanhecer pudemos ver melhor quão bonito era o lugar que escolhemos para passar a noite. A visão se estendia até o horizonte muito distante e pude identificar facilmente lugares como Duas Pontes e o Cânion das Éguas, além da Serra da Lapinha/Serra do Breu que deixamos para trás. Levantamos acampamento às 8h20 na direção sul seguindo a cerca. O mais conveniente aqui é cruzar logo a cerca próximo à estação meteorológica e seguir pelo lado esquerdo dela, com trilha mais bem definida do que do lado direito. Na sequência de sobe-desce da crista encontramos às 9h38 a primeira marcação da trilha, uma estaca fina de madeira com a ponta pintada de amarelo. Lembrando que estávamos iniciando a travessia Alto do Palácio-Serra dos Alves, a única liberada pelo parque e com a devida autorização obtida pela internet. Muitas outras estacas amarelas ainda iriam aparecer mas percebemos que em lugares críticos de bifurcação ou ausência de trilha elas não estão colocadas para orientar. Ou seja, a sinalização é precária e não se pode fiar somente nela para empreender essa travessia. Às 9h45 chegamos a outro belíssimo mirante, desta vez com vista para a baixada onde se encontra o Travessão. No horizonte ao sul se avista o pico mais alto do parque nacional, com 1703m de altitude mas sem nome. A trilha bem marcada imediatamente inicia a descida em direção ao Travessão. Às 10h28 mostrei aos amigos as pinturas rupestres de uma lapa ao lado da trilha, felizmente ainda muito bem preservadas e sem sinais de depredação. Na bifurcação ao lado da lapa fomos para a esquerda, continuando para sul-sudeste (a direita sobe para Duas Pontes, na MG-010) e descendo mais. Me espantei com a escassez de água do dois riachos que cruzamos. O fluxo era tão baixo que preferimos não coletar a água, a primeira encontrada nesse dia. Descemos até o Travessão às 11h10, deixamos as mochilas e tomamos a trilha em direção ao poço próximo para ter água com um pouco mais de vazão. Assim mesmo tratamos a água antes de beber. Essas águas são todas formadoras do Córrego Capão da Mata. Além de toda beleza cênica inerente ao Travessão, expliquei a eles a importância geográfica daquele lugar, um grande divisor de bacias hidrográficas do Brasil. As águas que fluem para o leste formam o Rio do Peixe que deságua no Rio Preto do Itambé, depois no Rio Santo Antônio e no Rio Doce, que encontra o mar no estado do Espírito Santo. Já as águas que vertem para o oeste, a poucos metros, formam o Córrego Capão da Mata, que deságua no Rio da Bocaina, que se junta ao Rio Mascate formando o Rio Cipó, o qual deságua no Rio das Velhas e depois no Rio São Francisco, encontrando o mar entre Sergipe e Alagoas. Um lugar fascinante! Deixamos o Travessão às 12h24 subindo em direção sul por trilha bem marcada, cruzamos o Rio do Peixe uma vez e paramos ao encontrá-lo novamente mais acima, já no final da subida às 13h. Ali a água era abundante e de ótima qualidade. Paramos para o almoço. Retomamos a pernada às 15h ainda por trilha definida na direção leste, cruzamos uma valeta e 600m à frente a trilha se encaminhou para a direita (sul). Nessa hora resolvemos abandoná-la pois a minha idéia era caminhar sempre pelas cristas mais altas da porção leste do parque, com visual mais amplo e bonito. Voltamos a caminhar na direção leste e nordeste, sem trilha mas sem dificuldade e subimos a encosta no fundo do vale onde o Rio do Peixe se forma. Ali no alto às 15h40 o tempo começou a mudar e o sol forte que havia foi substituído por um céu encoberto, vento úmido e respingos. Já tinha visto esse filme antes no mesmo cinema. Essa região alta do parque é bastante sujeita a neblina e mau tempo, e isso se confirmaria no dia seguinte. Mas prosseguimos sem problema pois não passava (por enquanto) de alguns pingos de chuva bem ralos. Navegamos visualmente na direção sul-sudeste novamente escolhendo onde havia caminho mais desimpedido de vegetação e pedras, sempre tentando manter a altitude e não baixar ao vale à esquerda antes da hora. Para trás podíamos ver as montanhas até há pouco ensolaradas agora com um véu branco de chuva. Onde estávamos não nos molhamos e ainda ganhamos de brinde um lindo e completo arco-íris no céu. Passamos por poços de água parada e atingimos às 16h53 o mirante onde se avista o vale do Rio da Bocaina. Procuramos um lugar para acampar. Subindo um pouco mais à esquerda avistamos um foco de mata e logo abaixo um riacho (afluente do Rio da Bocaina), ao qual baixamos e estabelecemos nosso pernoite às 16h56. Altitude de 1420m. Algum tempo depois de dormirmos ouvi uma agitação na barraca ao lado: o Honda disse ter ouvido algo como um bicho rondando a barraca e ele e Renato saíram para ver o que era. Mas foi alarme falso. Acho que o trauma da panela do primeiro acampamento ainda paira sobre nós. Renato e Honda contra o pôr-do-sol DIA 10 - 02/08/18 - da (quase) Casa de Tábuas ao Córrego Mutuca com neblina total pela manhã Duração: 8h50 (com paradas) Maior altitude: 1675m Menor altitude: 1333m Amanhecemos dentro de uma nuvem... visão de 50m num dia em que navegaríamos totalmente pelo visual pois não havia trilha e não levamos os tracklogs (essa extensão da travessia, como disse, foi imaginada durante os primeiros dias do trekking). Mesmo assim tentamos. Levantamos acampamento às 8h50 e seguimos na direção sul-sudeste. Eu me lembrava que deveríamos tomar a direção oeste logo após cruzar uma faixa de mata (com água corrente) mas sem enxergar nada foi impossível saber o ponto exato. Encontramos uma trilha mas achei que ela ia na direção oposta, isso tudo com visibilidade de poucos metros. Discutimos novamente o que fazer e decidimos que não valia a pena bater cabeça na neblina para ir pelas partes altas que eu conhecia se não iríamos ver nada, então resolvemos descer daquele ponto à Casa de Tábuas, primeiro ponto de acampamento "oficial" da travessia autorizada e onde reencontraríamos a trilha batida e os tracklogs que levávamos. Dessa maneira traçamos uma reta na neblina e torcemos para que nada obstruísse o nosso caminho até a casa. Por sorte foi bem mais fácil do que pensávamos e às 9h55 chegamos à Casa de Tábuas. Ela tem fogão a lenha, panelas, 4 camas/tablados de madeira e bancos para sentar. Havia alguns alimentos deixados por trilheiros e também contribuímos com comida excedente para uso dos futuros excursionistas. Há uma bica do lado de fora, em frente à varanda. O Rio da Bocaina corre a poucos metros da casa. Deixamos o local às 10h35 ainda sob forte neblina e um pouco de garoa tomando a direção sudeste (depois sul) no canto posterior da casa. Seguimos pela trilha subindo muito e eu não tinha noção exata de onde estávamos pois não se via nada. Pegamos a esquerda nas duas bifurcações que surgiram. Logo após cruzarmos uma tronqueira às 11h24 avistamos muitos bois, o que não é permitido dentro de uma área de preservação pois é danoso à fauna e flora silvestres. Mais à frente paramos para lanchar quando a garoa deu uma trégua. A neblina começou a abrir e percebi que estávamos aos pés do pico mais alto do parque nacional, aquele de 1703m sem nome. Mas não valia a pena atacá-lo pois a neblina no alto dele ainda era forte. Apesar de não subir o pico vale registrar que esse foi o ponto mais alto de toda a travessia, com 1675m. Caminhamos ainda bastante tempo sem enxergar muito longe e seguindo a trilha ou, na ausência dela, o tracklog que tínhamos. Às 13h04 abandonamos o caminho que ia para sudeste e descemos à direita (sudoeste), cruzando uma cerca aberta. Logo a trilha voltou ao rumo sul. Somente por volta de 13h30 o tempo abriu de vez e o sol saiu. Tiramos as roupas de chuva e pudemos visualizar enfim tudo ao redor para nos localizar. Caminhamos na direção de uma mata à frente (um pouco à direita), cruzamos uma cerca, saltamos um charco e chegamos às 14h57 a uma porteira com uma plaquinha quebrada onde se lê com dificuldade "currais 1km". Cruzamos a porteira e continuamos (para oeste) pela trilha bem marcada que entrou na mata, onde o chão de barro estava bastante escorregadio. Ao sair da mata caminhamos mais 160m e alcançamos a Casa dos Currais às 15h14. Fomos alardeados pelos cachorros (cães dentro de um parque nacional... que lástima!) e em seguida recebidos pelos dois brigadistas que estavam ali naquele momento. Na temporada da seca, com maior risco de incêndios, eles ficam em sete homens na casa durante uma semana, depois revezam com outros sete. Os outros cinco haviam saído e não os conhecemos. Proseamos um pouco e nos ofereceram café, pão e bolachas. Contamos um pouco da nossa saga de 10 dias e eles nem conheciam os lugares por onde passamos. Essa casa é o segundo acampamento "oficial" da travessia autorizada pelo parque e o espaço para as barracas é nos currais (sem vacas, mas com cachorros) ao redor da casa. O Córrego Mutuca passa bem próximo da casa. Às 16h nos despedimos dos atenciosos brigadistas, cruzamos a porteira no canto sudoeste da casa e tomamos a trilha bem batida no rumo oeste para um final diferente e bem mais interessante que Serra dos Alves. Nesse caminho paramos por 35min para preparar uma refeição rápida pois estávamos com muita fome. Às 17h03 cruzamos o Córrego Mutuca pelas lajes pontudas e seguimos por sua margem direita por cerca de 800m. Esse lugar é muito bonito e o Mutuca despenca em graciosas e fotogênicas quedinhas. Ao nos afastarmos um pouco do rio a trilha tomou a direção sul e tivemos de abandoná-la, seguindo para oeste ainda. Descemos por um campo com trilhas mal definidas e reencontramos o Mutuca às 17h42. O sol já havia se posto e era hora de procurar um chão plano para as barracas. Cruzamos o rio pelas pedras e subimos pela trilha bem marcada por 200m, até um ponto em que o capim era baixo e pudemos armar acampamento. Altitude de 1343m. Planta abundante na Serra do Cipó DIA 11 - 03/08/18 - do Córrego Mutuca ao Ribeirão Bandeirinha Duração: 1h30 até a cachoeira, depois foram explorações sem sucesso Maior altitude: 1361m Menor altitude: 1132m Deixamos o acampamento às 8h42 e seguimos pela trilha bem marcada na direção noroeste (mas nosso sentido geral ainda seria oeste por quase 1h). Logo cruzamos uma estreita faixa de mata. Cerca de 800m depois dessa mata a trilha nos levou para dentro de outra matinha e desapareceu. Voltamos um pouco e tomamos uma trilha que cruzava o caminho na direção sudoeste. Logo entramos em outra mata que percorremos por 220m, porém os amigos cismaram que abelhas estavam nos perseguindo. Saindo da mata não paramos no primeiro riacho para pegar água (afluente do Córrego da Garça) por esse motivo. Mas depois vimos que eram as malditas mutucas que não paravam de nos rodear para dar suas doídas picadas. Às 9h16 passamos por um local com uma vegetação muito diferente e frondosa, com diversas palmeiras altas, sugerindo que ali tenha existido uma casa no passado. Subimos mais um pouco e às 9h30 alcançamos a trilha principal que vai do Ribeirão Bandeirinha (esquerda/sul) à Cachoeira da Braúna (direita/norte). Estava nos planos visitar a cachoeira e lá fomos nós para a direita. Avistamos a queda bem do alto e tivemos de descer muito para chegar ao seu poço às 10h12. Mas valeu a pena! Após o almoço decidimos que a continuação da caminhada por dentro do cânion do Córrego da Garça abaixo da cachoeira não seria muito seguro, apesar do tempo firme. Na verdade essa decisão foi minha pois eu nunca havia cruzado esse cânion, não sabia sua extensão e dificuldade, e na exploração rápida que fiz não encontrei trilhas nas encostas acima do rio. Por isso não achei seguro empreender um pula-pedra tão longo até o Ribeirão Bandeirinha com as cargueiras nas costas. Preferi subir de volta pelo mesmo caminho e descer ao Bandeirinha por um caminho mais seguro, procurando por lá uma trilha que nos levasse à Lagoa Dourada, coisa que eu já havia feito em 2012. O único porém é que eu não tinha o tracklog daquela caminhada e a memória não ajudou pois tudo parece igual no vale do Bandeirinha... Saímos da Braúna às 13h27 e subimos toda a ladeira de pedras brancas soltas embaixo de um sol escaldante. Esperei os amigos lá no alto e fomos analisar a Serra dos Confins do outro lado do Ribeirão Bandeirinha para tentar visualizar uma trilha na direção oeste, para a Lagoa Dourada. Não vimos nada óbvio e começamos a tentar diversos caminhos. Resumindo: terminamos o dia acampando às margens do Bandeirinha sem encontrar trilha ou caminho aberto para a lagoa, apesar das várias tentativas. Altitude de 1234m. Campos rupestres do vale do Ribeirão Bandeirinha DIA 12 - 04/08/18 - do Ribeirão Bandeirinha a (quase) Altamira Duração: 2h30 até o meu acampamento, antes disso foram explorações sem sucesso Maior altitude: 1461m Menor altitude: 1234m Choveu boa parte da noite e amanheceu chovendo. Demoramos um pouco para sair das barracas por conta disso. Numa trégua da chuva desmontamos as barracas e saímos às 8h45 para mais tentativas de encontrar alguma trilha ou caminho aberto para a Lagoa Dourada. Seguimos todos os tracklogs que levei mas todos davam em lugares de mato fechado, morros de pedras e nada de trilha. E a chuva não parava! Esgotadas todas as alternativas imaginadas, desistimos da Lagoa Dourada (em termos...) e traçamos nosso rumo para a vila de Altamira, para ali encerrar a nossa Trans Espinhaço. Das margens do Bandeirinha subimos cerca de 1100m na direção leste e tomamos às 13h a trilha bem marcada para a direita (sul). Nessa hora o tempo mudou e por incrível que pareça em poucos minutos estávamos tirando as roupas de chuva e passando protetor solar. O caminho dali em diante foi sem surpresas. Cruzamos às 14h03 o caudaloso Bandeirinha por um local bem estreito com apenas um salto e continuamos pela trilha óbvia, quase todo o tempo em subida. Passamos por 3 pontos de água (todos afluentes do Ribeirão Bandeirinha), o último deles com gado (necessário tratar a água para beber). Às 15h30 paramos diante da placa do limite do Parque Nacional Serra do Cipó. Ali voltamos a conversar e eu manifestei a vontade de continuar a caminhada. Renato e Honda já haviam ligado o modo "voltar para casa" e estavam firmes nessa intenção. Eu lhes passei os tracklogs de como chegar a Altamira apenas por segurança e às 16h50 eles partiram, após nos despedirmos e comemorarmos com muita felicidade o sucesso da nossa Trans Espinhaço de 12 dias, um recorde de resistência para todos nós. Eu acampei no capim já amassado a poucos metros da placa do parque. Altitude de 1461m. DIAS 13, 14 E 15 - 05 a 07/08/18 - de (quase) Altamira a São José da Serra Nessa terceira etapa do trekking portanto eu estava solo e aproveitei para fazer as explorações que ficaram pendentes. Devo detalhar essa etapa em outro relato mas já adianto as cenas dos próximos capítulos: de (quase) Altamira peguei a trilha para a Lagoa Dourada, mas na verdade fui explorar a ligação dela com o Ribeirão Bandeirinha, dessa vez ao contrário para ver se tinha sucesso. E consegui, porém o caminho tem trechos de trilha e trechos sem trilha, com algum vara-mato leve e descidas de encostas com pedras e arbustos. Da Lagoa Dourada encerrei os meus 15 dias de caminhada descendo para São José da Serra pela trilha bem óbvia e marcada. Passei uma noite nesse vilarejo no camping Muro de Pedra e no dia seguinte às 6h20 tomei o ônibus para São José do Almeida, em seguida Belo Horizonte e de volta a São Paulo. Mas não sem antes encher a mochila de deliciosos queijos comprados no Mercado Central de BH, afinal... estava em Minas, uai!!! Campos rupestres Informações adicionais: Horário do ônibus São Paulo-Diamantina (www.gontijo.com.br😞 diário às 21h30 Horário do ônibus de São José da Serra ao Hotel Veraneio, São José do Almeida e Jaboticatubas (desses locais há muitos ônibus diários a Belo Horizonte): seg a sex (exceto feriado): 6h20 Horário do ônibus de São José da Serra direto a Jaboticatubas: seg e qui: 7h50 A autorização para a travessia Alto do Palácio-Serra dos Alves atualmente é feita através do link: www.ecobooking.com.br/site3/destinoAtrativo.php?gHtY=ggyv4wahfnqunwgob2p0 O povoado de São José da Serra tem pelo menos 4 campings e algumas pousadas, porém agosto é baixa temporada e só consegui encontrar o Camping Muro de Pedra funcionando. O preço é R$25 por pessoa (negociável), com banho quente a R$2 a ficha que dá direito a apenas 6min. O uso do wifi custa R$5. Não havia onde jantar pois os restaurantes e bares estavam fechados, mas o dono do camping me ajudou nisso também. Repelente é um item essencial durante a caminhada, principalmente no final da tarde e na beira de rios e cachoeiras. Os borrachudos atacam sem dó. Carrapatos também marcam presença nessa época mais seca, por isso é bom se precaver e dar uma olhada pelo corpo se você já não está carregando alguns deles. Eu peguei seis carrapatos durante todo o trajeto. Retiro passando álcool gel e esperando 3 minutos antes de arrancá-los, mas para quem tem alergia é bem mais complicado. Cartas topográficas de: . Presidente Kubitschek - https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS - RJ/SE-23-Z-A-VI.jpg . Baldim - http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS - RJ/SE-23-Z-C-III.jpg . Conceição do Mato Dentro - http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/mapas/GEBIS - RJ/SF-23-Z-D-I.jpg As denominações de rios e serras usadas aqui foram extraídas das cartas topográficas do IBGE e podem não coincidir com as denominações dadas pelos moradores da região, ou podem mesmo estar erradas. Rafael Santiago agosto/2018 Percurso na carta topográfica:
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Olá amigos mochileiros. Hoje vou compartilhar com vocês um relato sobre a travessia das 7 quedas da Chapada Dos Veadeiros com eventos que podem ajudar todos que quiserem realizar a travessia, ou estejam pensando em fazer a primeira trilha com camping. Todo mundo que ingressou nesse mundo de trekking passou por perrengues que acrescentou grande vivência e amadurecimento, conhecimento dos limites do corpo, aprendizados valiosíssimos que carrega-se para o resto da vida. Esse fim de semana eu e a Nanda realizamos a famosa travessia das 7 quedas pela segunda vez junto com quem nunca havia feito e com quem já fez, mas não adquiriu muita noção ainda. E essa experiência me inspirou a contar para vocês como faz diferença ter um bom planejamento, conhecer o corpo e saber tomar boas decisões. São 23 quilômetros de caminhada feita em dois dias e conhecer a trilha (tipo do terreno, clima, fauna e flora) é fundamental antes mesmo de iniciar a aventura, pois é a partir daí que começamos a montar a mochila com as coisas mais essenciais, e isso faz muita diferença, pois previne de levar coisas desnecessárias que se transformaria em peso e previne de esquecer coisas extremamente necessárias. Primeiro vou fazer uma breve explicação sobre esse pequeno trekking. A Chapada dos Veadeiros se situa no estado de Goiás, é uma região muito extensa no coração do cerrado, região essa que é predominada por árvores baixas, vegetação rasteira e clima extremamente seco, a travessia só é permitida ser realizada no período da seca, de julho a setembro, período este que o clima é mais duro ainda. O percurso tem ao todo 23 quilômetros (não é uma trilha longa) que se inicia na entrada do parque nacional da Chapada Dos Veadeiros na cidade de São Jorge e acaba na beira da estrada a 11 quilômetros da cidade. Normalmente a travessia é realizada em dois dias e no final tem-se 3 opções: alguém deve estar esperando os trilheiros para serem resgatados na rodovia, ou os trilheiros pedem carona para voltar para São Jorge, ou voltam a pé pela beira da estrada. Voltando a trilha, ela é iniciada seguindo as setas vermelhas, caminho para os Canions, até encontrar com as setas laranjas que são as especificas das 7 quedas, nesta trilha há contato com com o rio em 3 ocasiões, uma quando se encontra o acesso aos Canions I (Não recomendado), outra quando tem que atravessar o rio e a última no camping. Agora que vocês ja conhecem o básico, vamos ao relato: Organizamos a travessia com um grupo que a princípio seria de 12 pessoas, mas ao final restaram apenas 6. Como só há 30 vagas no camping e é necessário agendar a travessia pela internet, se a pretensão é ir no fim de semana, o recomendado é que faça a reserva logo no dia que é aberta a temporada de reserva, pois elas acabam muito rápido. A reserva custa 18 reais. Vou apresentar os integrantes dessa aventura: - Eu (Andrei) e Nanda: os experientes do grupo, já tendo realizado a travessia das 7 quedas e outras trilhas de longa distância com camping. - Sônia (minha mãe) e Gabi (minha sobrinha): Já haviam realizado a travessia das 7 quedas uma vez e outra trilhas pequenas sem camping. - Kleber e Livia (amigos): Já realizaram trilhas pequenas sem camping. Como falei anteriormente, conhecendo para onde vamos é que podemos montar a mochila. Em uma trilha que, apesar de curta, é no cerrado em época de seca e com poucos pontos de água, devemos levar um reservatório de água de no mínimo 2 litros por pessoa, lanches leves com grande fonte de energia, uma farmacinha completa também não deve faltar (com no mínimo anti-séptico, álcool, algodão, bandaid, comprimidos para dores musculares, dores de estômago, problemas intestinais, problemas alérgicos, soro, sal e açúcar, pinça, etc). Como a caminhada é com muito sol, tem que ter protetor solar fator 50 no mínimo, repelente, camiseta de manga comprida, calça leve tipo tactel, tênis apropriado e amaciado. Como terá camping, temos que pensar também na barraca, saco de dormir, colchonete ou isolante (algo para não dormir no chão duro) fogareiro (pois é proibido fazer fogo), panela, copo, talher e comidas que não pesem muito na mochila, pois caminhar com muito peso nas costas de baixo de um sol quente não é fácil e lanternas. Por último, roupas leves para mais um dia, roupas para entrar no rio, bonés ou chapéu que cubram o pescoço. Nesta época faz muito calor, então é dispensável roupas de frio. Fomos sexta-feira em dois carros para São Jorge as 16:00hs, saindo de Brasília. Já com reservas feitas em uma pousada com o nome de Pousada Refúgio. Decidimos ficar em uma pousada e não em camping para descansarmos melhor, tomar café, poupar tempo para sair e as 8:00hs estarmos iniciando a trilha. A informação que tinha era que o parque abria as 8:00hs, então levantamos as 7:00hs, nos arrumamos e colocamos as mochilas no carro. Fui verificar a equipe, todos ja estavam acordados, fui no quarto de minha mãe e parecia que tudo ja estava pronto, as mochilas pareciam arrumadas, faltando pequenos itens. Dei bom dia e fui pegando uma das mochilas que entendi estar pronta, perguntando se ja podia levar, elas me deram um ok e eu levei. Aquele quarto tudo parecia certo, já eram 7:20hs. Depois fui no quarto do Kleber e da Livia e parecia que as mochilas também estavam prontas, o Kleber estava com uma nas costas dizendo estar testando, olhei a mochila de relance e parecia uma mochila de trilha com alças de peito e barrigueira e não dei muita atenção para a outra. Como tudo parecia ok falei que ia tomar café e que aguardava todos lá. Eu, a Nanda e a Gabi estávamos no horário tomando café, minha mãe chegou um pouco depois, mas o Kleber e a Livia se atrasaram um pouco e acabamos demorando e se atrasando em meia hora. Chegamos no parque por volta das 8:20hs e como da última vez, deixaríamos os carros em um chácara ao lado que tinha parceria com o pessoal do estacionamento do parque, mas surgiu o primeiro imprevisto, não havia mais parceria, se fôssemos deixar o carro no estacionamento além de ter que pagar 15 reais por dia, não teríamos segurança a noite. Minha mãe então resolveu falar com um funcionário do parque que ofereceu carona para que pudéssemos deixar os carros na pousada, levar os carros para a pousada e voltar de carona para o parque foi mais atraso. Ao entrarmos no parque, tivemos outro imprevisto, agora além de pagarmos a reserva da pernoite no camping, temos que pagar 17 reais de entrada para uma empresa nova que administra o local. Ainda ficamos sabendo que para os que vão realizar a travessia o parque abria as 7:00hs, falha nossa. Para resumir, iniciamos a trilha ad 9:30hs. O que aprendemos foi sempre se atualizar com todas as informações novas que possa ter e sempre sair no mínimo 30 minutos antes do planejado. A trilha: Começamos a caminhada seguindo as setas vermelhas. Como estávamos atrasados não tiramos fotos. A Nanda puxava o grupo e eu seguia atrás com os mais lentos. Ao andarmos alguns metros percebi um problema, a Livia estava com uma mochila muito grande para a altura dela, a barrigueira ficava folgada e as alças também, isso iria prejudicar seus ombros. A mochila que minha mãe utilizava também não era apropriada, mas se encaixava bem nas costas. Não falei nada, mas sabia que mais na frente teríamos problemas. Apesar do atraso resolvemos passar nos Canions II e relaxar lá por uns 30 minutos. Todos entenderam e tudo foi conforme o planejado, a trilha, incluindo o Canions, aumentou em 3 quilômetros, totalizando 19 quilômetros até o camping. Neste dia tivemos a sorte de estar nublado o tempo todo, minimizando o efeito dos raios do sol. A caminho dos Canions II a Nanda, que puxava o grupo, não percebeu a planta angiquinho, uma planta nativa do cerrado que tem uma flor linda, e acabou batendo o rosto e se cortando toda, foi a primeira necessidade da farmacinha, limpamos o rosto dela e batemos anti-séptico e passamos pomada. Quando estávamos no lago dos Canions II, acabei colocando minha mão em uma rocha cheia de minúsculo espinhos que só consegui tirar com pinça, utensílio indispensável na farmacinha. A Nanda estava sentindo dor na virilha e a Gabi estava com dor de cabeça, então a farmacinha novamente entrou em ação com comprimidos para dor. Seguimos caminho, voltando dos Canions II para seguir as setas laranjas, a partir deste ponto surgiram novos imprevistos: caminhamos por mais 3 quilômetros e a Gabi começou a passar mal do estômago, com náuseas e dor, paramos na sombra de uma árvore para dar um tempo e analisar a situação, então o Kleber aproveitou para urinar ali perto, foi ai que surgiu a primeira preocupação séria. O Kleber havia feito uma cirurgia para retirada de pedras no rim e estava com um catéter na uretra e só ficamos sabendo naquele momento, pois ele havia urinado sangue e estava preocupado. A história era que o médico do Kleber havia liberado ele para realizar a travessia, mesmo com a informação de que seriam dois dias de caminhada com mochila pesada nas costas. Pelo ponto que estávamos, ou ele e a Livia voltavam 7 quilômetros, ou seguiam por 9 quilômetros até o camping. Ai vai uma dica, nunca pense em fazer alguma trilha logo depois de qualquer tipo de cirurgia, pois seu corpo precisa se recuperar muito bem. Voltando a história, Kleber acabou por assumir o risco e resolveu seguir em frente, a Nanda para ajudar resolveu carregar a mochila do Kleber por um tempo para evitar que ele fizesse muito esforço, a Gabi se recuperou um pouco comendo uma barrinha de cereal e nós seguimos para o camping, eram 11:30 da manhã e foi ai que a Livia começou a sentir o desconforto da mochila, era impossível regula-la em seu corpo, então dei a idéia do Kleber trocar de mochila com ela, não ficou 100%, mas melhorou muito, uma mochila no tamanho ideal para o corpo e bem ajustada nunca irá prejudicar a lombar. Seguimos viagem e por algumas vezes precisei abastecer os cantis da Gabi e de minha mãe, pois a garrafinha que elas levaram era apenas de 500ml e para caminhar em um cerrado na seca não era suficiente, ai mais uma dica, nunca leve menos de 2 litros de água para uma trilha de mais de 20 quilômetros. Como estávamos um pouco atrasados e sem fome, decidirmos não almoçar ao meio dia e seguir em frente. Ao chegarmos no cruzamento do rio, um ponto onde é necessário atravessar o rio para seguir do outro lado do seu leito, resolvemos dar uma paradinha para encher as garrafinhas de água, ai tivemos mais um probleminha, minha mãe e a Gabi não haviam levado pastilhas de clorin (purificadora de água), por essa razão acabamos compartilhando as que nós tínhamos e isso iria fazer falta, nova dica: se quiser tomar água mais segura sempre tem que levar clorin. No rio resolvemos também dar uma pequena pausa para comer o que minha mãe tinha levado, ela havia preparado charutos de carne enrolados na couve, já prontos e congelados que, com o tempo, foram descongelando, como não era necessário preparar, foi essencial para não perder tempo, comidas rápidas podem poupar muito tempo em uma trilha. Após atravessarmos o rio começamos o trajeto mais difícil do dia, pois seriam 8 quilômetros de trilha subindo sem água, com pouca sombra e muito calor e seca. Não sei se aquelas plaquinhas que indicam a distância do camping mais ajudam ou mais atrapalham: Só sei que quando encontrávamos com uma era uma alegria e um desespero misturados. Fomos caminhando e tivemos que parar novamente, pois a Gabi não estava muito bem, acabou passando mal do estômago novamente, com dores de cabeça e náuseas, estava cansada e próximo de estar naqueles dias. Nada que a farmacinha não possa ajudar, dei para ela um comprimido de buscopan e a Nanda novamente se prontificou em carregar a mochila da Gabi até a plaquinha de 3 quilômetros, demos um tempo para o remédio fazer efeito e seguimos. Depois de passarmos a plaquinha de 3 quilômetros, a Gabi já se sentia muito melhor e pode levar sua bagagem, mas logo na subida do morro na metade do trecho minha mãe sentiu o cansaço da subida e precisou parar. A Wonder Woman, Nanda, agiu novamente e resolveu levar a mochila de minha mãe, um detalhe, quando ela levava mochila dos outros era carregando a dela nas costas e a dos outros na frente, fazia isso puxando o grupo ainda. Minha mãe precisou de um tempo para se recuperar e eu fiquei com ela, depois que se sentiu melhor emprestei meus bastões de caminhada para que ela pudesse caminhar melhor, mas uma dica para os que sentem o peso da mochila nas pernas e pés, o bastão de caminhada é essencial e ajuda a distribuir o peso do corpo. Mesmo sem a mochila, foi difícil para ela chegar, mas quando chegou foi uma alegria só. Chegamos por volta das 16:30hs e a dica era montar as barracas antes de qualquer coisa no camping. Depois de devidamente instalados fomos curtir o rio das sete quedas, relaxar as costas, tomar um banho sem químicos, pois é proibido utilizar shampoo e sabonete no rio, abastecer nossas garrafas e fazer o almoço. Foi nesse momento que tivemos outro contratempo, pois para um grupo de 6 pessoas nós só tínhamos o meu fogareiro. Isso não foi um problema, mas quando o grupo é grande o ideal é ter no mínimo um fogareiro para cada duas pessoas, ou fazer um jantar bem coletivo de uma panela só, se não acaba gerando fila. Para nós isso foi facilmente resolvido pois fizemos um almoço que deu para todos. Mais tarde resolvemos tirar fotos das estrelas, relaxar mais um pouco e depois ir pra cama. Como resultado da trilha a Lívia acabou com o pé cheio de bolhas, pois o tênis era muito novo e não fora amaciado direito, iria ser um problema para o dia seguinte. A dica aqui é sempre amacie o tênis muito bem antes de realizar uma trilha longa, assim diminui o atrito no pé e evita as bolhas. O Kleber e a Lívia não tinham levado nada para deitar, então para eles a noite foi um pouco mais dura pois dormiram apenas em cima do saco de dormir. É sempre bom levar pelo menos um isolante térmico para não deitar diretamente no chão. No dia seguinte acordamos as 6:00hs da manhã, mas o problema de ter apenas um fogareiro acabou por alongar demais o tempo do café da manhã e eu também acabei perdendo a noção do tempo no rio, fazendo com que fôssemos sair as 10:00hs da manhã. É sempre importante deixar todos os horários bem definidos com o grupo, pois ai todo mundo aproveita o dia e não atrasa ninguém. Por causa disso minha mãe acabou que entrou na água das sete quedas por 10 minutos apenas e a Lívia nem entrou, uma pena. A trilha final é bem puxada, são 7 quilômetros onde, metade é subindo o morro e o resto é por uma estrada de chão. Na subida a Gabi novamente passou mal e ficou pra trás comigo, foi preciso tomar outro buscopan e esperar um pouco, no meio do caminho ainda teve uma farpa imensa entrando em seu dedo e adivinhem, tinha na farmacinha álcool, anti-séptico, algodão, pinça, agulha e bandaid, tudo que precisamos para tirar qualquer farpa do dedo. Após ela melhorar ainda acabamos por alcançar a Lívia e o Kleber algumas vezes, pois devido as bolhas nos pés da Lívia ela andava com dificuldade, mas no final todos se encontraram na casinha da torre de celular. Dali para frente seriam mais 3 quilômetros de estrada de terra. Minha mãe emprestou um chinelo para a Lívia e ela conseguiu seguir a caminhada mais aliviada. Na torre liguei para os resgates nos pegar na rodovia e todos se superaram e chegaram bem as 12:40hs. Fomos agraciados pelo Célio com uma maravilhosa ducha e uma sauna para relaxar os músculos na pousada Refugio. Espero que esse relato ajude todos os trilheiros de primeira viajem a estarem mais preparados. Um grande abraço!
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Estou terminando um curso no SENAC chamado 'Condutor de Turismo de Aventura' e nesse finalzinho tivemos uma experiência junto com o pessoal da OUTWARD BOUND BRASIL (carinhosamente chamada de OBB) faz parte de uma rede mundial de escolas de aprendizagem experiencial ao ar livre. Do mar ao topo da montanha, do deserto à floresta, já desafiaram mais de 20 mil participantes a saírem de suas zonas de conforto e vivenciarem uma jornada outdoor única e transformadora. Uma das aulas do pessoal da OBB, bela sala de aula, não?! O nosso desafio foi fazer a travessia do Pico do Itapeva até o Pico do Diamante em um final de semana, tendo muito aprendizado sobre as maneiras corretas de se montar um acampamento, fazer a comida, guardar o lixo e ate de fazer suas necessidades fisiológicas, pude aprender muitas técnicas e cuidados ao se realizar uma travessia, as aulas foram tão boas que até deu uma vontade de fazer algum curso de liderança da OBB, pena que só tem uma vez por ano e a desse ano já foi, mas vamos falar do que interessa. Primeiro dia: O Pico do Itapeva tem 2.035 metros de altitude e fica situado na cidade de Pindamonhangaba, apesar que a sua entrada se da por Campos de Jordão, que fica apenas 30 metros da divisa, e seria desse ponto que começaríamos a nossa jornada. Eu guiando esse belo e animado grupo Como fui através do SENAC, não sei informar se é necessário pagar para entrar, pois tivemos que passar por uma portaria, e a estrada é boa o suficiente para qualquer veículo. Menos de 02km andando da entrada chegamos a uma pedra/mirante, que fica próxima a uma cachoeira e ao rio que passa entre as montanhas, mais a frente tem uma estrutura de uma casa, ali é o local para se montar o acampamento. Dessa local dá para ver o Pico da Princesa e ao fundo o Pico do Diamante, sem falar que tem água limpa próxima ao local, fazendo ser um ótimo ponto para captação de água. Área do Camping Nesse primeiro dia tivemos diversas atividades sobre como cozinhar, como lavar a louça, como fazer suas necessidades e como montar seu acampamento, sempre visando atingir o menor impacto ambiental possível, além de dividir algumas tarefas com o grupo em geral. Segundo dia: Acordamos as 05:30 da manhã para começar a fazer o café da manhã, estávamos em 17 pessoas e eu fui um dos responsáveis pelo café, as 08:45 já tínhamos terminado o café, lavado a louça e desmontado todo o acampamento. Antes de começar nossa trilha tivemos mais uma grande aula sobre orientação e navegação usando mapas e bussolas. Para começar a trilha, eu fui um dos responsáveis por conduzir o grupo, a minha parceira foi no fim, fechando; foi uma experiência muito boa, ter que orientar e assegurar o melhor caminho possível, mesmo que eu nunca tenha feito aquela trilha, ate que não me perdi nenhuma vez. Passando o rio começa a subida ao cume A trilha ate o Pico do Diamante em sua metade é bem tranquila, passando por subidas e descidas bem leves, o problema é na parte final, onde o acesso ao cume do Pico do Diamante é pura subida, levando em torno de 01 hora e 30 minutos de subida, com uma elevação de 600 metros, infelizmente não tenho as distâncias corretas, pois esqueci meu relógio que mapeia o percurso, mas acredito que de um pico ao outro tenha em torno de 8/9 km. DICAS: Leve sua comida - na região não tem lugar para comer, então leve seus sanduíches e frutas Leve água, durante o percurso você encontrará pontos de água, menos durante a subida ao Pico do Diamante Leve protetor Solar Use roupas confortáveis Use calçados adequados a trilha Leve uma troca de roupa e toalha Boné e lanterna Sempre deixe avisado para familiares para onde você esta indo Planeje a trilha antes de fazê-la pela primeira vez, saiba o que você ira enfrentar durante o dia. Subida ao Pico Diamante A travessia da para se fazer em um dia só, a questão é que como ela começa de um lado e termina do outro, você precisa planejar direito como irá buscar o transporte depois, se não tiver, tem que arranjar algum Uber para subir ate o Pico do itapeva, ai depois quando terminar é só descer pela estrada que dará no centro de Campos de Jordão. Espero que tenham gostado do relato, para qualquer dúvida só mandar mensagem pelas minhas rede sociais, estou presente no Instagram no rafacarvalho33 e no Facebook no Follow The Portuga.
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Saudações mochileiros, Voltamos recentemente de um trekking de dezoito dias pela Patagônia (El Calafate, El Chaltén e Circuito W em Torres del Paine) e deixarei aqui um breve relato sobre a viagem. Falarei um pouco sobre o que levar, quais os lugares que visitamos e outras dicas sobre o nosso planejamento. Espero que, de alguma forma, a leitura possa ajudar / inspirar vocês no planejamento de um mochilão pelo Chile e pela Argentina. Boa leitura! Itinerário: 07/01 – El Calafate 08/01 - Deslocamento até El Chaltén. 09/01 - El Chaltén 10/01 - El Chaltén 11/01 - El Chaltén 12/01 - El Chaltén 13/01 - El Chaltén 14/01 - El Chaltén 15/01 – El Chaltén 16/01 - Deslocamento El Chaltén – El Calafate - Puerto Natales 17/01 – Puerto Natales 18/01 – Torres del Paine 19/01 - Torres del Paine 20/01 - Torres del Paine 21/01 - Torres del Paine 22/01 - Saída do Parque. Volta a Puerto Natales 23/01 – Deslocamento Puerto Natales – El Calafate 24/01 - El Calafate (minitrekking) Sobre a viagem: Embora muitos preferem conhecer a Patagônia de carro, moto, bicicleta, trailer…, esse tipo de viagem infelizmente demanda tempo de deslocamento e geralmente é feita por quem tem mais tempo para viajar. No nosso caso, tínhamos vinte dias e optamos por viajar de avião até El Calafate, fazendo conexão em Buenos Aires. Alguns preferem visitar a Patagônia vindo de avião pelo Chile, a partir de Santiago e depois Punta Arenas, mas, pelas pesquisas que fizemos, o preço da passagem aérea pela Argentina estava mais em conta. Como o valor das passagens costuma mudar, sugiro pesquisar as passagens pelos dois países. Planejando a nossa viagem, optamos por priorizar as cidades de El Chaltén e o Circuito W de Torres del Paine, principalmente porque são os lugares onde estão as trilhas mais conhecidas da Patagônia (apesar de haver vários outros lugares não tão famosos entre os mochileiros e que são tão bonitos quanto). Também reservamos dois dias em El Calafate e decidimos deixar Ushuaia para um outro momento. Como a nossa programação era acampar durante parte do roteiro, compramos os itens essenciais para a viagem ainda no Brasil, merecendo destaque para: - Barraca resistente ao vento: compramos uma Quickhiker 3 da Quechua, a qual suportou o vento da Patagônia, apesar de termos sentido frio em dois dias acampados. Não é a barraca mais indicada para esse tipo de lugar, mas ela tem uma boa relação custo-benefício; - Bastões de caminhada: fundamentais para quem vai caminhar por terrenos íngremes com aproximadamente quinze quilos nas costas; - Saco estanque: usamos ele para enchê-lo de água quando estávamos acampados, não precisando se deslocar toda hora até o rio para buscar água potável; - Roupas de frio e resistente ao vento. Sobre dinheiro, trocamos reais por pesos argentinos ainda no Brasil e levamos todo o nosso dinheiro em espécie (usamos o cartão apenas para reservar os hosteis). A maior parte da quantia que levamos já era em pesos argentinos, sendo que deixamos para comprar pesos chilenos apenas quando chegamos em Puerto Natales. A conversão foi de aproximadamente: AR$ 1 = R$ 0,15 R$ 1 = CLP 180 Dia 07 de Janeiro – El Calafate: Pousamos em El Calafate às 12:30 e pagamos AR$ 180 cada um no transfer do aeroporto até o nosso hostel. A cidade conta com diversos hostels e nos hospedamos no Nakel Yenu. Logo que chegamos na recepção e fizemos o check-in, o recepcionista quando soube que iríamos acampar nos ofereceu três cartuchos de gás para acampar que outros viajantes tinham deixado no hostel. Ele nos disse que é normal que os viajantes quando terminam seus acampamentos decidem não levar parte dos equipamentos que sobraram da viagem e acabam deixando na recepção. Como ainda não tínhamos comprado cartucho de gás para o nosso acampamento, acabamos aceitando dois dos três cartuchos que o recepcionista nos ofereceu e já economizamos alguns pesos argentinos logo no começo da viagem (fica a dica para aqueles que forem acampar: pesquisem na recepção do hostel se tem algum cartucho de gás sobrando). Feito o check-in, compramos nossa passagem de ônibus para El Chaltén para o dia seguinte (AR$ 600 por pessoa), fomos caminhar pelo centro da cidade e aproveitamos para passar no mercado comprar o que faltava para viagem. Dia 08 de Janeiro – Deslocamento para El Chaltén e caminhada até o mirador do Fitz Roy e Laguna Capri Saímos às 08:40 de El Calafate rumo a El Chaltén. O bom da viagem é que ao longo do trajeto de ônibus você já tem um pouco da noção das paisagens que vai encontrar quando chegar. Antes de desembarcar na rodoviária, o ônibus fez uma parada no centro administrativo do Parque, onde recebemos algumas recomendações sobre as trilhas. Ônibus chegou na rodoviária às 11:50, saímos procurar hostel e acabamos ficando no hostel Lago del Desierto por AR$ 320 por pessoa. Como tínhamos a tarde inteira livre, decidimos fazer uma caminhada por um trajeto que não estava incluído no nosso roteiro de acampamento e fomos até o Mirador Fitz Roy. Esse é um dos trajetos para quem vai até a Laguna de los Tres (base do Fitz Roy) e a trilha tem início onde termina a área urbana de El Chaltén. Nesse trajeto, os dois primeiros kms são de uma subida bastante íngreme, o que, em compensação, fornece um bom visual da cidade e das montanhas ao redor dela. Passados esses kms iniciais, a trilha se mostra menos inclinada e a caminhada começa a render mais. O mirador possui uma vista muito boa e já dá uma noção para o mochileiro da paisagem que ele vai encontrar pela frente. Continuamos nossa caminhada até a bifurcação que vai para a Laguna de los Tres e pegamos a esquerda indo em direção à Laguna Capri (a ida até a base do Fitz Roy estava programada para outro dia). O visual da Laguna Capri também é muito bom, mas se tivesse que escolher entre ir ao Fitz Roy passando pelo Mirador ou pela Laguna, eu escolheria o primeiro por fornecer uma vista panorâmica bem maior que a da Laguna Capri. Após quatro horas e meia de caminhada e 10 kms percorridos, estávamos de volta à cidade com uma boa noção do que nos esperava (em questão de trilha e vento) para os próximos dias. Tempo de caminhada: 4:30. Distância: 10 km com a mochila pequena. Desnível: 350 metros. Dia 09 de Janeiro – Laguna Torre e Camping Agostini Apesar de termos acordado cedo, o tempo em El Chaltén geralmente amanhece nublado e não costuma melhorar antes das dez horas da manhã. Com isso, tomamos nosso café com calma, fizemos o check-out do hostel (como tínhamos alguns itens que não usaríamos nos acampamentos, o hostel permitiu que deixássemos parte de nossa bagagem no depósito deles) e iniciamos a trilha às 11:00. O destino do dia era a Laguna Torre e dormir no Camping Agostini, trajeto esse que se inicia em El Chaltén, tem 10,5 kms de distância e que fizemos em quatro horas e meia de caminhada. O trecho inicial da caminhada é inclinado até o Mirador Cerro Torre, sendo que volta a ficar mais plano da metade do trajeto em diante. Em compensação, apesar de ser uma caminhada que demanda certo esforço físico, o visual compensa: ao longo da caminhada você terá uma boa visão das montanhas e do rio Fitz Roy que corre lá embaixo e também, nos últimos kms de caminhada, atravessará um bosque com uma típica paisagem patagônica. Chegamos no camping às 15:30 e, depois de montada a barraca, caminhamos mais dez minutos até chegarmos à Laguna Torre. Apesar de um vento bastante forte, o visual que se tem vale a pena. Após um tempo contemplando a paisagem do lugar, decidi caminhar mais 5 kms (ida e volta) por uma trilha inclinada e não muito bem demarcada e ir até o Mirador Maestri, onde se tem uma visão panorâmica das montanhas e principalmente do Glaciar Grande. A paisagem, sem dúvida, não é melhor do que aquela que encontramos ao longo do dia, mas, caso você não esteja cansado da trilha até a Laguna Torre e tenha tempo de sobra, é uma caminhada de uma hora e quarenta minutos que recomendo. Tempo de caminhada: 04:30 até o Camping Agostini + 01:40 até o Mirador Maestri. Distância: 10,5 kms até o Camping Agostini com a mochila grande + 5 kms até o Mirador com a mochila de ataque. Desnível até a Laguna Torre: 250 metros. Dia 10 de Janeiro – Camping Agostini – Laguna Madre e Hija – Camping Poincenot: Comentando um pouco sobre os campings de El Chaltén: os três campings (Agostini, Poincenot e Capri) são gratuitos e você não precisa pedir permissão / preencher algum documento para acampar nesses lugares, basta chegar, escolher o melhor lugar e montar sua barraca. A estrutura é bem simples: os campings são localizados dentro de bosques para proteger melhor do vento, possuem um banheiro químico e rios com água potável a poucos metros de distância, nada muito além disso. Nossa primeira noite acampando foi de muito frio. Apesar de ser verão, a temperatura a noite atingiu aproximadamente zero graus e não foram poucas as vezes que tivemos que acordar para colocar uma peça de roupa a mais (nada que não estava dentro do esperado para uma viagem à Patagônia). Com relação à barraca, ela aguentou bem o vento que fez de noite e, apesar de não ser tão resistente ao frio e à chuva, mostrou ter uma boa relação custo/benefício. Nesse dia, acordamos às 07:30 e mais uma vez o tempo não se mostrava propício para iniciarmos nossa caminhada tão cedo. Assim, fizemos nosso café e desarmamos o acampamento sem pressa e só iniciamos nossa caminhada às 10:00. A caminhada se iniciou percorrendo o trajeto que fizemos no dia anterior, até a bifurcação entre a trilha que vai em direção às Lagunas Hija e Madre e o trecho que passamos no dia anterior, que leva de volta à El Chaltén. Pegamos o primeiro trajeto e logo de cara uma subida razoavelmente íngreme e de aproximadamente uma hora de caminhada. Para quem está caminhando apenas com uma mochila de ataque talvez não é um grande desafio, mas o discurso muda quando você está levando quinze quilos de equipamento nas costas. Nessa hora, posso dizer que senti bastante a diferença de caminhar com bastões de caminhada. Em trechos inclinados eles se mostram uma boa ferramenta para os mochileiros e recomendo ele para quem for fazer esses trajetos, principalmente se for carregar todo o equipamento nas costas. Após esse primeiro trecho, deixamos a inclinação e a trilha em meio aos bosques para iniciarmos uma caminhada num trajeto mais plano e bastante aberto, trecho esse que margeia as Lagunas Madre e Hija e termina no Camping Poincenot. Posso dizer que a paisagem com as lagoas, o Fitz Roy ao fundo, somados com o dia de sol, nos proporcionou um dos melhores visuais de toda a nossa viagem. Depois que passamos pelo trecho que costeia as lagoas, o Arroyo del Salto continua acompanhando o mochileiro pela trilha até alcançar a bifurcação de quem vem da Laguna Capri e quem vai em direção a Laguna de los Tres. Pegamos o segundo trecho e depois de poucos minutos estávamos, às 15:20, no Poincenot. Barraca devidamente montada e saco estanque cheio de água mais uma vez, fizemos um carreteiro de charque e seleta de legumes para recompor as energias. O camping Poincenot fica próximo à subida que leva à Laguna de los Três, o que nos proporcionou um bom visual no final do dia. Tempo de caminhada: 05:20. Distância: 10,5 kms com a mochila grande. Desnível: 100 metros. Dia 11 de Janeiro – Poincenot – Laguna de los Tres: Como optamos por ficar mais tempo em El Chaltén e por termos sentido um pouco o cansaço dos três dias de caminhada, decidimos que dormiríamos mais um dia no Poincenot e que nesse dia faríamos apenas a subida até a Laguna de los Tres. Acordei um pouco depois das quatro da manhã e às quatro e meia iniciei minha subida à base do Fitz Roy para ver o nascer do sol, já que alguns mochileiros tinham comentado que o visual valia a pena. Coloquei minha headlamp e já no início da caminhada avistei ao longo da subida as luzes das headlamps de outros mochileiros, alguns quase no final do trajeto, o que indicava que eu provavelmente estava começando a caminhada com um pouco de atraso. Após caminhar quase quinhentos metros do camping, você chega numa cabana que os “guardaparques” costumam utilizar e ali se inicia a caminhada de um quilômetro até a base do Fitz Roy. Talvez essa tenha sido a caminhada mais exigente de todas, afinal é um quilômetro de trilha que é feito em aproximadamente uma hora e quinze minutos de caminhada num desnível de quatrocentos metros, ou seja, um trecho bastante inclinado num terreno com bastante pedra. Mesmo assim, fiz a caminhada no meu tempo, sem me apressar para chegar ao topo, caminhando no meu ritmo e sempre cuidando onde pisava. Com o passar o do tempo, a alvorada aparecia no horizonte e a claridade mostrou que já não era mais necessário o uso da lanterna para caminhar. Por volta das cinco e meia da manhã, com bastante vento e um clima que não parecia ser dos mais amigáveis, cheguei à Laguna de los Tres, procurei uma pedra para me abrigar do vento e aguardei o nascer do sol. Infelizmente o clima estava um pouco nublado e não pude ver o Fitz Roy naquele momento. Após vinte ou trinta minutos apreciando a paisagem, percebi que o clima realmente não estava disposto a colaborar naquela manhã (como falei, o tempo em El Chaltén costuma melhorar depois das dez da manhã, isso não é uma regra, mas na maior parte das vezes foi o que aconteceu) e com isso fiquei num dilema: esperar até o tempo melhorar ou então voltar para o camping e fazer uma segunda tentativa mais tarde. Percebi que o vento passou a soprar mais forte, o que no começo era uma garoa de leve começava a piorar e as nuvens negras davam a entender que vinha chuva pela frente, sem contar que, após o corpo esfriar da caminhada, a temperatura se mostrou outro inconveniente. Não tive escolha senão retornar ao camping. Depois de descansar mais um pouco na barraca e de um reforçado café da manhã, iniciamos nossa subida às onze horas da manhã. Fizemos o trajeto com várias paradas para descansar e depois de uma hora e quinze de caminhada estava novamente na Laguna de los Tres. A diferença do clima era gritante, o céu com algumas nuvens, mas sem nenhuma indicação de tempo ruim (na verdade, quase não dava para se dizer que aquele clima de chuva foi apenas a algumas horas atrás). Apenas o vento que tinha ficado ainda mais forte, o que fez com que muitos (inclusive nós) buscassem abrigo ao lado das pedras ou então ajoelhassem para não correr o risco de ser derrubado pelo vento (mais uma situação na qual os bastões de caminhada se mostraram indispensáveis). Ficamos mais de uma hora observando a paisagem. Além da Laguna de los Tres, o mochileiro pode caminhar aproximadamente cinco minutos a esquerda da lagoa onde encontrará outro ponto de observação o qual permite que se observe também a Laguna Sucia. Apesar do vento, o cenário vale a pena. Quando voltamos ao acampamento e estávamos quase dando os exercícios do dia por encerrados, eis que surge uma situação pela qual não esperávamos: todo o vento que pegamos lá em cima na base do Fitz Roy também passou pelo acampamento Poincenot e a nossa barraca, apesar de estar fechada, não conseguiu evitar que toda a poeira ao redor do camping entrasse dentro dela. O resultado: todos os equipamentos e roupas empoeirados, o que resultou em mais uma hora e meia limpando a barraca e lavando algumas roupas. Por sorte, muita coisa, inclusive a comida, estava bem fechada, o que nos rendeu um bom prato de macarrão com atum como janta antes que fossemos dormir. Tempo de caminhada: aprox. 01:15 até a Laguna de los Tres. Distância: 5,5 kms (duas subidas até a base do Fitz Roy) com a mochila pequena. Desnível: 400 metros. Dia 12 de janeiro – Poincenot – Hosteria Pilar – El Chaltén: Essa noite sim eu posso dizer que foi a noite mais fria de todo o mochilão. A temperatura facilmente alcançou zero graus, além do vento e de um pouco de chuva. Diferentemente da noite no camping Agostini em que, apesar do frio, o fato de termos colocado várias mudas de roupa ter sido o suficiente para dormirmos razoavelmente bem, nessa segunda noite no camping Poincenot não teve o que nos salvasse de uma noite de muito frio. Quando acordamos a chuva tinha dado uma trégua, o que nos permitiu “levantar” o acampamento e tomarmos um bom café da manhã. Contudo, foi só iniciarmos nossa caminhada rumo à Hosteria El Pilar que voltou a chover, não uma chuva forte, mas sim com muito vento e frio, a ponto de chover gelo fino durante parte do trajeto e até mesmo nevar, mesmo que por pouco tempo. Nessa hora uma boa jaqueta corta-vento, touca, capa de chuva e luvas impermeáveis fazem toda a diferença. Durante a caminhada, o tempo nublado não permitiu que avistássemos o Glaciar Piedras Blancas. Nosso objetivo nesse dia era caminhar até a Hosteria Pilar e, de lá, fazer a trilha que margeia o Rio Electrico e vai até o Camping Piedra del Fraile. Porém, após três dias acampando, uma noite mal dormida e com o tempo dando a entender que choveria por boa parte do dia, chegamos na Hosteria Pilar e optamos por chamar um transfer que nos levasse de volta até El Chaltén. Esperamos meia hora, dividimos (eu, meu pai e mais um casal de brasileiros) os AR$ 600 e depois de mais meia hora, estávamos em Chaltén. A trilha até Piedras del Fraile ficaria para outro dia. Aqui vai outra sugestão para quem vai para El Chaltén na alta temporada: se possível, reserve os hostels com antecedência. Sentimos isso na pele quando chegamos na cidade, fomos até o hostel no qual deixamos parte de nossa bagagem e fomos informados que não tinha vaga disponível. Nós não tínhamos feito reserva nesse dia porque nosso objetivo era ter ido até o Camping Piedras del Fraile mas, como imprevistos acontecem, tivemos que dar uma boa caminhada por El Chaltén até conseguirmos vaga no hostel La Comarca, próximo à rodoviária. Na verdade, o hostel tinha apenas uma vaga disponível, mas o recepcionista abriu uma exceção e disse que um de nós poderia dormir na sala de TV que tinha no hostel. A janta ficou por conta do restaurante Pancho Grande, que é um lugar com preço acessível e com uma janta considerável para quem caminhou bastante nos últimos dias. Outra informação: existem duas trilhas que levam ao Fitz Roy. Uma delas é a que começa pela cidade, passando pela Laguna Capri ou pelo Mirador Fitz Roy, chegando no camping Poincenot, enquanto que, para fazer a outra trilha, que sai da Hosteria Pilar, é necessário pagar por um transfer e se deslocar por pouco mais de meia hora. Ambas tem seus prós e contras: na primeira trilha a distância é um pouco maior e ela é mais íngreme, principalmente no início, em compensação, não é necessário pagar pelo deslocamento. Já a segunda trilha, o mochileiro vai gastar em deslocamento, mas, por outro lado, o nível de exigência é menor. Vai da escolha de cada um. Tempo de caminhada: não marquei o tempo, mas estimo que fizemos a caminhada do camping Poincenot até a Hosteria Pilar em pouco mais de duas horas. Distância: 7 kms com a mochila grande. Dia 13 de janeiro – Loma del Pliegue Tumbado: O objetivo desse dia foi fazer a trilha da Loma del Pliegue Tumbado, percurso que exige um pouco mais de preparo físico, uma vez que são dez quilômetros de ida e mais dez de volta, num trecho inclinado, com desnível de mil metros, ou seja, vá sem pressa e com bastante comida porque o dia será bastante longo. Saímos da cidade às 10:00 da manhã e retornamos às 17:30, ou seja, sete horas e meia de caminhada. O trajeto dessa trilha varia, inicia com um trecho de subida mais íngreme, depois mescla um pouco de caminhada dentro de bosques com terrenos de campos e com poucas árvores, mas sempre subindo, variando apenas a intensidade da inclinação. Por fim, o final da trilha passa a ser em terreno com pedras e chão batido. Depois de oito quilômetros de caminhada você chegará ao mirador Loma del Pliegue Tumbado, que tem uma vista panorâmica muito boa. Contudo, a melhor paisagem estará reservada àqueles que estiverem dispostos a caminhar os dois quilômetros finas da trilha. Esse último trecho de caminhada é feito por uma subida muito íngreme e com pouca sinalização. Minha sugestão é dar uma boa descansada no mirador antes de iniciar essa última parte. Depois, é só pegar a trilha, baixar a cabeça para não ver o quanto de caminhada terá pela frente e seguir no seu ritmo. O trecho é realmente cansativo de se fazer, mas o visual lá de cima vale a pena. Você estará a mil metros acima da cidade de El Chaltén e terá uma vista panorâmica de todo a região, avistando desde o Lago Viedma, até a cidade de El Chaltén ao fundo, Laguna Torre, Laguna Capri e as montanhas ao redor. Tempo de caminhada: 07:30 horas. Distância: 20 kms com a mochila de ataque. Desnível: 1000 metros. Dia 14 de Janeiro – Camping Piedra del Fraile e Lago Electrico: Agora sim, depois de sermos impedidos pelo tempo de continuarmos nossa trilha do camping Poincenot até o camping Piedra del Fraile no dia 12, saímos às 09:00 da manhã de El Chaltén, fomos até a estrada que dá acesso à trilha que vai até o Lago Electrico e, às 10:00, iniciamos nossa caminhada. Como sugestão, eu diria que essa trilha só deve ser feita depois que você já foi até a Laguna Torre, Laguna de los Tres e Loma del Pliegue Tumbado, ou seja, já tenha feito as três principais caminhadas de El Chaltén. Não que o visual dessa trilha não valha a pena, mas é aquele tipo de caminhada que a paisagem ao longo do percurso é que faz o passeio se tornar interessante e não o destino final. Ao longo do trajeto você caminhará num bosque que margeia o rio Electrico e que também permite que você veja as montanhas ao fundo. O terreno e a inclinação também são bem tranquilos, o que faz dessa trilha um passeio mais leve se comparado com as três principais trilhas de El Chaltén. São seis quilômetros e meio até o camping Piedra del Fraile. Esse camping está numa área particular, fora do parque, é pago e possui uma infraestrutura melhor que os demais campings de El Chaltén. Infelizmente não dormiríamos ali naquele dia, então continuamos a caminhada por mais dois quilômetros em direção ao Lago Electrico. Nesse trajeto, você terá uma vista para o Fitz Roy por outro ângulo, que sem dúvida alguma não se compara àquela da Laguna de los Tres, mas que mesmo assim não deixa de valer a pena. Chegamos no trecho final da caminhada e nos deparamos com uma bifurcação que não está sinalizada na trilha. Enquanto o Maps Me e um relato que eu li me diziam para a pegar a esquerda e iniciar uma subida pelo morro, o trajeto dava a entender que o correto seria pegar pela direita e contornar o morro. Fomos pela primeira opção, iniciamos uma subida e logo encontramos uma marcação do trajeto a percorrer. Mesmo estando mal sinalizado, com a ajuda do aplicativo é possível chegar até um lugar onde você terá uma boa visão do Lago Electrico. Após sete horas de caminhada, estávamos de volta à entrada da trilha, aguardamos nosso transfer por vinte minutos e depois de mais quarenta minutos estávamos de volta em El Chaltén. Conforme eu falei, essa trilha vale a pena caso você já tenha feito os principais trajetos de El Chaltén, ela é menos exigente e o principal atrativo dela é a paisagem ao longo da trilha entre a entrada e o camping Piedra del Fraile. Pode-se dizer que a ida até o Lago Electrico é apenas um complemento da viagem, de modo que caso o mochileiro opte por não fazê-la não perderá nada de formidável. Tempo de caminhada: 07:00. Distância: 13 kms até o camping + 4 kms até o Lago Electrico, ambos com a mochila de ataque. Dia 15 de Janeiro – Lago del Desierto: Por fim, após alguns quilômetros percorridos ao longo dos dias em El Chaltén, nos rendemos a um dia sem caminhadas e optamos por fazer o passeio de barco pelo Lago del Desierto. Não lembro do valor do passeio, mas sei que não foi um preço muito amigável, então deixo como sugestão mais para que já fez os outros passeios e queira um dia de descanso. Nosso transfer nos buscou às 07:30 no hostel para percorrer um trecho de aproximadamente uma hora de carro até a Punta Sur, lugar onde saem os barcos que fazem o passeio. De lá, nosso barco percorreu o lago por aproximadamente quarenta minutos até chegarmos a outra extremidade, lugar que tem uma aduana argentina, uma vez que a Punta Norte é local de entrada na Argentina de mochileiros que vieram do Chile, mais precisamente do parque O´Higgins. Depois de um tempo na Punta Norte, nosso barco se deslocou até a metade do lago e parou num refúgio, onde descemos e pudemos fazer uma caminhada de trinta minutos até um mirador para observar o Glaciar Vespignani. Às 14:30, já de volta à Punta Sur, pegamos nosso transfer de volta à cidade e assim demos por encerrado nossa estadia em El Chaltén. Partiríamos para Puerto Natales no dia seguinte. Resumo e dicas de El Chaltén: El Chaltén sem dúvida alguma é ponto de parada obrigatório para quem visita a Patagônia. A menos que você tenha um roteiro com poucos dias, que prioriza apenas uma cidade (fazer apenas algum dos circuitos em Torres del Paine, por exemplo), essa cidade deve estar no seu roteiro. Primeiramente, ela é uma cidade que se deve reservar pelo menos quatro dias nela para poder fazer as três principais caminhadas (Laguna Torre, Laguna de los Tres e Loma del Pliegue Tumbado), além de um dia de sobra por garantia em caso de mau tempo. Digo isso porque o clima em El Chaltén é muito imprevisível, o viajante pode ter a sorte de pegar uma semana inteira só de sol, assim como o contrário e passar todos os dias na cidade abaixo de chuva. Infelizmente é uma loteria. Com isso, ter um dia de sobra pode ser uma boa solução caso aquele dia que você se programou para ir para a base do Fitz Roy amanhecer chuvoso, uma vez que o passeio poderá ser remarcado para o dia seguinte. Além disso, lendo alguns relatos e também ouvindo alguns viajantes, a impressão que tive é que Ushuaia é uma cidade que conta com um perfil de turismo menos voltado para trilhas. Com isso, caso o seu roteiro não tenha tantos dias, deixo como sugestão deixar Ushuaia de lado (até mesmo por ser mais longe e envolver um tempo maior de deslocamento de ônibus ou então comprar uma passagem aérea) e passar alguns dias a mais em Chaltén. As trilhas de Chaltén (com exceção da Loma del Pliegue Tumbado) possuem a opção de você fazer bate e volta, dormindo todos os dias na cidade, ou então ficar nos acampamentos, o que envolve se programar mais e levar mais peso nas costas, mas que, em compensação, não obrigará o viajante a fazer os trajetos de ida e volta no mesmo dia. Outra dica com relação ao clima: as trilhas são afastadas umas das outras e a região é cercada por montanhas, ou seja, o tempo e as condições climáticas podem mudar conforme o local onde você estiver. O tempo costuma melhorar depois das dez horas da manhã, então, se possível, programe-se para começar os percursos depois desse horário. Além disso, consulte sempre a previsão do tempo, principalmente se você ficará alguns dias sem internet. Com relação à subida até a Laguna de los Tres, que é o atrativo principal da cidade, se você não estiver com tanta sorte e o tempo não estiver bom no dia que você fizer essa trilha, deixo como sugestão aguardar o tempo melhorar na cabana onde é ocupada pelos guardaparques no nono quilômetro de caminhada (comentei sobre ela no relato do dia 11 de janeiro), antes de começar o último quilômetro de subida. Pode ser que o tempo esteja ruim no momento que você esteja terminando o trajeto de ida para a base do Fitz Roy, o que não significa que ele não pode mudar dali uma ou duas horas. Então, caso você chegue quase ao final da trilha, quer subir até a Laguna de los Tres, mas não quer se frustrar, encontrar um tempo fechado e ter que voltar logo depois de chegar ao fim da trilha, sugiro esperar o tempo melhorar ali nessa área onde fica a cabana dos guardaparques, pois é um local que, apesar de ser bem simples, pega menos vento e que você poderá esperar o tempo melhorar. O camping Bonanza (entre a El Chaltén e a Hosteria Pilar) nos chamou a atenção por possuir uma infraestrutura melhor para receber casais com crianças. Caso seja esse o seu caso, talvez esse camping seja uma boa opção. Optamos por não fazer as caminhadas para o Chorrillo del Salto, Mirador de los Condores e Mirador de las Aguilas. Caso você tenha tempo sobrando, talvez elas sejam uma boa opção. Por fim, não só os destinos das trilhas de El Chaltén são bonitos de se ver, mas as próprias trilhas em si possuem uma paisagem que vale a pena apreciar. Com isso, programe-se para caminhar com calma, com várias paradas para descansar e sem pressa de chegar ao final do percurso. Dia 16 de Janeiro – Deslocamento El Chaltén – El Calafate – Puerto Natales: No dia anterior, pagamos AR$ 1100 por duas passagens de El Chaltén para El Calafate, saindo às 07:30 e chegando às 10:30. O problema foi que não conseguimos comprar em El Chaltén uma passagem de ônibus de El Calafate até Puerto Natales. O jeito foi chegar de viagem em El Calafate e sair pela rodoviária a procura de passagens para Puerto Natales. Apesar da preocupação de não encontrarmos mais passagens para aquele dia, não foi difícil encontrar empresas com horários disponíveis e compramos, por AR$ 1180, duas passagens de El Calafate para Puerto Natales saindo às 16:30. Após esperar seis horas na rodoviária e mais seis horas de viagem, nosso ônibus chegou em Puerto Natales às 22:30. Depois dez minutos de caminhada, estávamos no hostel que reservamos na noite anterior. Dia 17 de Janeiro – Puerto Natales: Quando ainda estávamos em El Chaltén, nós tentamos sem sucesso reservar por celular uma noite no camping do Lago Pehoe para o dia 17. Tentamos então encaminhar um e-mail para a empresa, e até hoje estamos esperando a resposta. Como não conseguimos reservar o camping para esse dia, estávamos programados para entrar no parque de Torres del Paine apenas no dia 18 e o tempo estava entre nublado e chuvoso, optamos por tirarmos mais um dia de descanso e fomos caminhar um pouco pelas ruas de Puerto Natales. A cidade é bastante simples e sem muitos atrativos. A região do porto é um lugar que valha a pena dar uma caminhada, mas com nada muito significativo. O dia se resumiu em caminhar pela cidade, comprar pesos chilenos, escolher um restaurante com uma boa refeição, descansar e brincar com o perro do hostel. Iniciaríamos o Circuito W no dia seguinte. Dia 18 de Janeiro – Torres del Paine – Paine Grande – Mirador Grey: Tomamos café bem cedo no hostel e às 07:20 nosso ônibus saiu da rodoviária em direção ao parque Torres del Paine. Pagamos CLP 13000 por pessoa para fazer o trajeto de ida e volta de Puerto Natales até o Parque, mais CLP 21000 por pessoa para a entrada. Após descermos na administração para pagar a entrada e assistirmos um vídeo com algumas recomendações, nosso ônibus se dirigiu até a Guarderia Pudeto, onde pagamos mais CLP 18000 por pessoa no catamarã que nos levaria até o camping Paine Grande. Nosso barco saiu às onze da manhã, mas ele tem outros horários, alguns mais cedo e outros ao longo da tarde. Às 13:00 já estávamos de barraca montada no camping e saímos em direção ao mirador do Lago Grey. Esse percurso começa com uma caminhada entre dois morros próximos um do outro, o que faz com que tenha uma corrente de vento nos quilômetros iniciais da trilha. Após um trecho caminhando em terreno plano, inicia-se uma subida, passando pela Lagoa Los Patos, terminando, após aproximadamente cinco quilômetros e meio num mirador voltado para o Glaciar e Lago Grey. Ali foi o lugar onde encontramos o vento mais forte em toda a viagem, o qual ultrapassou os 100 km/h, segundo informações do Parque. Como não tínhamos conseguido reserva para o camping Grey, fizemos mais cinco quilômetros e meio de volta em direção ao camping Paine Grande, chegando um pouco antes das 18:00. Sobre o camping, podemos dizer que ele tem uma boa estrutura, bons banheiros, chuveiros com água quente e uma área comum para cozinhar. Costuma ventar bastante no Paine Grande, então escolha um bom lugar para armar sua barraca. Tempo de caminhada: aproximadamente 05:00. Distância: 11 kms com a mochila de ataque. Dia 19 de Janeiro – Paine Grande – Camping Italiano – Mirador Britânico – Camping Francês: Tomamos o café da manhã e levantamos acampamento para, às 10:50, iniciarmos nossa caminhada rumo ao camping Francês. Logo no começo da caminhada, nos demos conta que esquecemos nosso fogareiro com o cartucho de gás na área comum do camping, onde as pessoas usam para cozinhar. Após alguns minutos de espera e já cogitando a possibilidade de ter que se virar sem fogareiro no resto do circuito, para a nossa sorte, o fogareiro estava lá, intocável, mesmo passadas duas horas que tínhamos esquecido ele. Retomada a caminhada, nosso trajeto se mostrou bastante tranquilo nos quilômetros iniciais, que margeiam o Lago Skottsberg, apenas com leves inclinações no terreno. Por volta da metade do trajeto entre o camping Paine Grande e o Italiano, decido por acelerar meu ritmo de caminhada e deixar meu pai para trás, uma vez que do camping Italiano eu subiria até o Mirador Britânico, enquanto que ele iria do Italiano direto para o camping Francês. Cheguei no camping Italiano por volta das 13:00, deixei minha mochila ao lado da cabana dos guardaparques (eles permitem que quem for fazer a subida até o Mirador Britânico deixe sua mochila cargueira no camping) e subi apenas com a mochila de ataque em direção ao mirador. Talvez esse tenha sido o dia mais cansativo de todo o trekking e isso se deve bastante aos 12 kms de trecho íngreme de ida e volta do camping Italiano ao mirador Britânico. Desnecessário dizer que é uma paisagem que compensa o esforço. Conforme você vai ganhando altura, surgem mais montanhas ao seu redor e a vista para o Lago Nordenskjöld fica cada vez melhor. Após aproximadamente um quilômetro e meio de caminhada a partir do camping Italiano, você chegará num mirador para o Glaciar Francês cuja vista é impressionante. Por isso, sugiro que, caso você não queira ir até o Mirador Britânico, pelo menos vá até o mirador para o Glaciar Francês para apreciar o visual. Continuando a caminhada, a paisagem vai ficando cada vez melhor até que, após algumas horas de subida, você chegará ao Mirador Britânico. Mais uma vez digo que o visual é indescritível e que você poderá desfrutar de uma bela paisagem enquanto descansa para a caminhada de volta. Às 18:00 estava novamente no camping Italiano, peguei minha mochila cargueira e fiz mais 2 kms até o Camping Francês. Nesse dia não conseguimos reservar apenas o espaço para acampar, então tivemos que pagar mais para reservar o camping com barraca da própria empresa, o que nos rendeu um gasto elevado, mas que, em contrapartida, nos proporcionou uma noite num colchão maior e numa barraca e saco de dormir mais resistentes ao vento e ao frio. Sobre o camping, ele também tem uma estrutura boa. A área para cozinhar é bem pequena, mas é coberta então você não correrá o risco de pegar chuva enquanto cozinha. Os banheiros e chuveiros também são bons. Acredito que as vagas para conseguir acampar nesse camping sem precisar reservar uma barraca são poucas, pois não observamos muitos lugares para armar uma barraca, de modo que a maior parte dos lugares disponíveis são em barracas da própria empresa, o que torna a estadia nesse camping uma opção cara e recomendável apenas caso você não tenha conseguido vaga no Camping Los Cuernos ou no Italianos. Tempo de caminhada: 08:00. Distância: 7,6 kms de mochila cargueira até o camping Italiano + 12 kms ida e volta do camping Italiano ao Mirador Britânico com a mochila pequena + 2 kms do Italiano ao Camping Francês com a mochila cargueira. Total: 21,6 kms. VID_20180119_141237727.mp4 Dia 20 de Janeiro – Camping Francês – Camping Central: Iniciamos a caminhada às 09:50 margeando o Lago Nordenskjöld rumo ao camping Central. Após 2 kms com descidas bastante inclinadas, chegamos ao camping Los Cuernos, o que nos rendeu apenas uma rápida parada para descansar e tirar fotos antes de retomar a caminhada. Percorremos mais 11 kms até chegarmos numa bifurcação que serve de atalho para quem vai ao Camping Chileno ou então para aqueles que irão ao Camping Central. Escolhemos a segunda opção e, após mais um quilômetro e meio estávamos no Camping. A paisagem desse dia é muito boa pois de um lado você margeia o Lago Nordenskjöld enquanto que do outro observa as montanhas Cuernos del Paine. Da metade em diante do trecho do Camping Los Cuernos a trilha começa a ficar menos íngreme e mais aberta. Mesmo assim, foi mais um dia puxado carregando a mochila cargueira nas costas durante todo o tempo. Após sete horas e quarenta minutos de caminhada, chegamos ao Camping Central. Esse camping se mostrou com uma estrutura mais simples que os outros, apesar de possuir um espaço bastante grande para escolher onde armar sua barraca. Tem bons banheiros e chuveiros, mas não dispõe de uma área comum para cozinhar, de modo que os mochileiros cozinham suas refeições nas mesas espalhadas ao longo do camping. Tempo de caminhada: 07:30. Distância: 14,5 kms com mochila cargueira. Dia 21 de Janeiro – Subida ao Mirador de Las Torres: Enfim, chegou o dia de subirmos o trecho até a base das Torres. Iniciamos o trajeto às 09:30 e durante quase todo o percurso caminhamos por um terreno acidentado. As subidas são constantes e apenas antes de chegar ao Camping Chileno é que tem um trecho de descida. Passando o Camping Chileno, o trajeto volta a ficar inclinado e, no momento que o mochileiro chega num trecho que dá acesso ao Camping Torres, inicia-se uma verdadeira subida com bastantes pedras ao longo do caminho até a base das Torres, ou seja, é subida atrás de subida. Por outro lado, o tempo estava bom e não havia previsão de chuva ou vento muito forte para aquele dia (sempre bom consultar com os guardaparques qual a previsão do tempo para o dia), o que nos permitiu que fizéssemos o percurso no nosso ritmo, sem pressa para chegar ao destino. Passadas mais de quatro horas e meia de trilha, chegamos à base das Torres. A partir daí foi só descansar e, mais uma vez, apreciar a paisagem. Como era nosso último dia em Torres del Paine, não tínhamos nenhuma pressa de ir embora. Até que o tempo começou a ventar mais forte e a nublar o topo das Torres. Com isso, decidimos que era hora de iniciar o percurso de volta até o Camping Central. Voltamos às 18:30. Tempo de caminhada: 09:00. Distância: 16 kms com a mochila de ataque. Dia 22 de Janeiro – Saída do Parque – Puerto Natales: Apenas no nosso quarto e último dia acampando em Torres del Paine é que tivemos uma noite com bastante frio e chuva. Acordamos com uma chuva leve tomando conta de boa parte do Parque e decidimos esperar o tempo melhorar para desmontarmos a barraca. Com isso, nosso café da manhã dessa vez foi dentro da barraca. Às onze horas, quando vimos que o tempo realmente não pretendia mudar pelas próximas horas, colocamos nossas capas de chuva e tivemos que desmontar a barraca embaixo de chuva. Acampamento devidamente levantado, fomos até o local de saída dos ônibus. Pagamos CLP 3000 para ir até o local de entrada e saída do Parque, onde aguardamos até as 14:30 para pegar nosso ônibus de volta a Puerto Natales. De volta à cidade, a dona do nosso hostel deixou que abríssemos a barraca no quintal do hostel e usássemos o varal para pôr algumas roupas para secar. Mais tarde saberíamos que nesse dia nevou na base das Torres e que a temperatura ficou abaixo de zero em alguns lugares, fato que, somado ao vento patagônico, não deve ser das melhores sensações. Tiramos o resto do dia para descansar. Partiríamos cedo para El Calafate na manhã seguinte. Distância total (El Chaltén + Circuito W em Torres del Paine): 148,6 kms. Resumo e Dicas Torres del Paine: Para fazer algum dos circuitos em Torres del Paine é preciso ter bastante planejamento com relação à reserva dos campings. Infelizmente, o turismo no Parque é grande e as vagas nos campings são limitadas. Com isso, as reservas nos campings devem ser feitas com bastante antecedência para que você não precise ficar tendo que adaptar o roteiro. No nosso caso, não tivemos escolha com relação aos dias que iríamos ficar em Torres del Paine. Os únicos dias que encontramos vagas nos acampamentos que nos permitiria fazer o Circuito W foi entre os dias 18 e 21 de janeiro. Os demais dias ou já estavam reservados ou então tinham vagas disponíveis em algum camping de forma isolada (que nos permitiria ficar num camping específico num dia, mas que não encontraríamos vagas no próximo camping do circuito no dia seguinte). Para reservar os campings, o mochileiro deve acessar os sites das empresas responsáveis pelos campings do parque (valendo lembrar que cada camping é gerido por apenas uma empresa): http://www.verticepatagonia.cl http://www.fantasticosur.com http://www.parquetorresdelpaine.cl Com relação aos valores dos campings, pagamos: - Paine Grande: US$ 20, para duas pessoas; - Francês: US$ 80, para duas pessoas (camping + barraca); - Central: US$ 42, para duas pessoas e por duas noites. Sobre as possibilidades de se fazer o Circuito O ou W, o mochileiro poderá optar por: - Levar uma mochila menor, sem barraca e/ou comida, carregando basicamente apenas roupas, sendo que a comida e a hospedagem em barracas ou cabanas ficarão por conta das empresas que gerenciam os campings. Essa hipótese é para aqueles que preferem carregar menos peso. Por outro lado, pela pesquisa que fiz nos sites das empresas, os valores que elas cobram para lhe fornecer comida e hospedagem são elevados e em dólares, o que faz dessa primeira opção viável apenas àqueles que estão dispostos a desembolsar uma razoável quantia em dinheiro. - Carregar a mochila com comida e equipamento para acampar, além da roupa para passar os dias no circuito. O ruim dessa opção é que o mochileiro carregará mais peso ao longo do circuito, terá que armar sua própria barraca e fazer sua comida. Por outro lado, o valor gasto no circuito será apenas aquele gasto para reservar um espaço no camping para acampar, fazendo dessa opção uma escolha viável em termos econômicos. Além disso, caso você escolha levar sua própria comida para as refeições ao longo do circuito, não deixe para comprar nada dentro do Parque. Isso porque, apesar de cada camping dispor de um minimercado, os valores que cobrados são muito altos (CLP 5000 por um pão caseiro e CLP 15000 por uma garrafa de vinho, por exemplo). Infelizmente o clima em Torres del Paine também costuma variar bastante. Talvez ele seja menos imprevisível que o de El Chaltén mas, mesmo assim, encontrar tempo bom ou ruim no Parque é uma questão de sorte e que não depende do mochileiro. Comparado à Argentina, o Chile é um país mais caro, então procure comprar sua comida para fazer os circuitos em Torres del Paine ainda na Argentina (não tivemos problemas para atravessar a aduana com produtos industrializados) e deixar para comprar no Chile apenas o necessário. Dia 23 de Janeiro – Deslocamento Puerto Natales – El Calafate: Nos despedimos cedo de Puerto Natales e do Chile e no começo da tarde estávamos fazendo o check-in no Hostel Inn Calafate, o qual recomendo para os futuros mochileiros. Fomos para o centro reservar o passeio do Minitrekking no Glaciar Perito Moreno para o dia seguinte e fechamos na Hielo y Aventura pelo valor de AR$ 3300 por pessoa. Tínhamos o resto do dia livre, então aproveitamos para caminhar um pouco pela cidade e nesse dia nos recolhemos cedo no hostel. Dia 24 de Janeiro – Minitrekking Perito Moreno: Por volta das nove horas da manhã a van da empresa veio ao nosso hostel para nos levar até o centro. De lá, com um ônibus, percorremos os oitenta quilômetros até o Parque Nacional Los Glaciares. Chegando ao Parque, pagamos uma taxa no valor de AR$ 500 para ingressar e, após alguns minutos, estávamos no mirador do Glaciar Perito Morento. Tivemos duas horas de tempo livre para caminhar pelas passarelas que ligam os diversos miradores do Glaciar. Depois, pegamos um barco que nos levou ao local onde faríamos o minitrekking. O trajeto de barco não chega a ser igual àquele do passeio que leva as pessoas bem próximas do Glaciar, mas durante o deslocamento no barco se pode ter uma noção do tamanho dos blocos de gelo a sua frente. Mais uma vez em terra firme, agora já próximo ao Glaciar, colocamos os grampones no calçado, recebemos algumas instruções dos guias da empresa e iniciamos nossa caminhada pelo gelo. Apesar de o preço ser elevado, posso dizer que fazer o minitrekking foi uma experiência bastante interessante. O guia nos levou glaciar adentro e quando você vê, está praticamente cercado de gelo. Alguns optam por fazer o Big Ice, que é um passeio em que as pessoas ficam mais tempo caminhando pelo Glaciar, mas o minitrekking para mim já foi o suficiente. Após uma hora e meia de subidas e descidas pelo gelo, nos despedimos do Perito Moreno, retiraram nossos grampones do calçado e tomamos o barco rumo ao ônibus que nos levaria de volta a El Calafate. Resumo e Dicas de El Calafate: De modo geral, El Calafate é a cidade que tem um pouco mais de infraestrutura com relação a lojas e restaurantes. Ela também é um pouco mais barata que El Chaltén, então talvez seja melhor comprar boa parte da comida e equipamento nessa cidade. Por outro lado nos limitamos a fazer apenas o passeio pelo Glaciar do Perito Moreno, de modo que não saberia dizer se a cidade possui alguma outra atração que valeria a pena de se conhecer. Dia 25 de Janeiro – El Calafate – Buenos Aires – Brasil: No dia anterior reservamos por AR$ 150 um transfer que nos levaria do hostel até o aeroporto de El Calafate. Meu voo de volta ainda fez escala em Ushuaia apenas como forma de me fazer passar vontade por não ter conhecido o lugar. De qualquer forma, não nos arrependemos do roteiro que fizemos. Pelo tempo que tínhamos, optamos por ficar mais tempo em menos lugares e Ushuaia infelizmente foi a cidade que decidimos deixar para, quem sabe, uma futura viagem. Deixo aqui os relatos que serviram de base para elaborar o meu roteiro: https://mydestinationanywhere.com/2014/11/09/torres-del-paine-como-chegar-visitar-trekking-hospedagem/ https://www.mochileiros.com/topic/55423-patag%C3%B4nia-em-26-dias-dez2015jan2016-circuito-o-em-7-planilha-de-custos/ https://www.mochileiros.com/blog/torres-del-paine-tudo-que-voce-precisa-saber-antes-de-iniciar-o-trekking http://paraondefomos.com.br/torres-del-paine-o-que-levar-para-o-trekking/ http://paraondefomos.com.br/torres-del-paine-quanto-custa/ http://paraondefomos.com.br/torres-del-paine-nosso-roteiro-circuito-o/ http://anaturezahumana.com/el-chalten/ Espero que tenham gostado da leitura e, qualquer dúvida que tiverem, não deixem de perguntar. Grande abraço.
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A TRAVESSIA DA SERRA LINDA - E FINA. Relato sobre a travessia da Serra Fina – MG, realizada por Julio Celestino Pedron Romani e Cristiano Cavanha. Dizem por aí que o nome Serra Fina foi inspirado nas estreitas cristas das montanhas que a compõe. Resolvi confirmar in loco e descobri outro significado: Fina, no dicionário, refere-se ao que expressa delicadeza; delicada; cortês; de excelente qualidade. Também contam que é a travessia mais difícil do Brasil. Se é não sei, não fiz todas e particularmente acho impossível comparação como esta quando o assunto é natureza e montanha. Mas que é difícil, isto é. Após ler um dos livros sobre as conquistas dos Senhores Arlindo Zuchello e Édio Furlaneto (Treze Cumes do Brasil), houve um processo de iluminação e decidi descobrir as montanhas do Sudeste. Partimos então eu e meu parceiro de fé meu irmão camarada Cristiano, de Curitiba com destino a Minas Gerais para andar 32 Km de Passa Quatro até Itamonte. Ansiosos para os últimos preparativos, fomos recepcionados pela também Finíssima Passa Quatro em um final de sábado azulado de julho. Nos deparamos com uma exposição de carros antigos em que os fuscas predominavam; com a maria fumaça manobrando na velha estação e a torre da igreja centenária ao fundo. Extasiados com a acolhedora muvuca da pequena cidade (naquele dia era a abertura do festival gastronômico local), em menos de uma hora estávamos conversando com o Seu Cipriano e acertando o transporte, após providenciarmos queijo, salame e cachaça mineira. Sem isto, não teria travessia. (Foto:Recepção em Passa Quatro) Sete da noite estávamos em um fusca de estado duvidoso (o que significa exatamente nada para um fusca...) rumo ao ponto de início da pernada. Conversa vai e vem, descobrimos que o Seu Cipriano do Fusca era o Edinho da Toyota, recomendado por muitos montanhistas e cujo número estava anotado desde Curitiba. Na pressa para resolver as últimas pendências, ao invés de ligar para ele pedimos indicações para os comerciantes e funcionários da Estação e por coincidência chegamos a mesma pessoa. Sendo tanto eu como o Cristiano proprietários e apaixonados pela baratinha, já curtimos o início da bagunça. Após 15 KM de aclive esburacada, sob medida para o Volks, o mineiro gente boa e contador de causos nos deixou na Toca do Lobo em uma noite estreladíssima, não sem antes recomendar a trilha via Paiolinho em caso de desistência e sobre a escassez de água. No início de nossa conversa ele pareceu um pouco espantado com os dois malucos indo para aquela empreitada pela primeira vez sem guia. Contou quando nos reencontramos que ficou preocupado com nossa ausência na terça, pois assim tinha entendido ele que seria o dia em que voltaríamos, quando na verdade programamos o retorno para quarta-feira. A noite estava seca e com céu limpo, propícia para um bivaque, mas decidimos montar as barracas a fim de termos mais conforto e nos recuperarmos da viagem. Abortamos a janta pois almoçamos um elefante em Aparecida as três da tarde. Ouvi três assobios finos e cadenciados ao longe e como não pareciam em nada com o som de algum pássaro conclui ser o Saci avisando para respeitarmos Pachamama. Após ver alguns meteoros rasgarem o céu, noite bem dormida. Oito da manhã estávamos com o pé na trilha e em menos de 40 minutos já tínhamos maravilhoso visual; pegamos água no Quartzito e tocamos rumo ao Capim Amarelo. Como Montanhistas Amadores Profissionais Contemplativos Raiz que somos, era vinte passos e dedo na máquina, mais vinte e olho no horizonte, nas montanhas, na vegetação, nas pequenas cidades lá embaixo, na imensidão... E assim foi o restante da Travessia: contemplação e imersão na paz e energia infinita lá de cima. Uma marcante característica da Serra Fina é o visual constante e de extrema beleza. Em pouco tempo já se atinge os dois mil metros, altitude esta que só baixará ao final da caminhada. Cada trecho realizado é fantástico e peculiar, sendo desnecessário tentar descrever com palavras pois resultaria em um livro e seria enfadonho. (Foto: Rumo ao Capim Amarelo) Calculo que ali pelas três da tarde, pelo sol, chegamos ao Capim Amarelo. Pernada exaustiva, mais ou menos o esperado. Desde que comecei a estudar sobre esta travessia, imaginava comparações com as familiares montanhas Paranaenses. Creio que é equivalente no mínimo a um Pico Paraná por dia em esforço e distância (porém a altimetria varia muito mais, especialmente entre o Capim e a Mina). Andando sempre acima de 2000 metros, não há a raizeira e os vales úmidos característicos das montanhas mais baixas . Diferente do que é muito propagado por aí de que o primeiro dia é o mais difícil, todos os trechos são de igual dificuldade, cada um com suas características. As distâncias são realmente muito grandes, a alternância de aclives e declives é frequente; some a isto a cargueira, que mesmo muito bem planejada, sempre será pesada. Além do mais, em 2.600/2800 metros o organismo já sente o efeito da menor pressão atmosférica de oxigênio. Não é um sorochi, mas a exigência cardiorrespiratória é maior, certamente. Consideração digna de nota: sujeira só encontramos no Três Estados. Quem frequenta a Serra Fina, cuida. Talvez pela dificuldade, farofeiros de plantão (ps.: o termo farofeiro pode servir para muitos que se auto intitulam montanhistas) portando vinho em garrafa de plástico e dispostos a quebrar o silêncio da montanha não se aventuram para deixar suas indeléveis marcas. Muito diferente do depósito de lixo que viraram as montanhas da Serra do Mar Paranaense, mas isto é outra história. Aproveitando dias de férias, conseguimos programar de maneira a evitar aglomerações e assim, até o Capim pegamos algum movimento, depois encontramos somente dois pequenos grupos fazendo a travessia inversa e um jovem casal no mesmo trajeto que a gente. Todo montanhista é um pouquinho egoísta e fica mais feliz se tiver a Montanha só para si… fato inegável. (Foto: parte da trilha percorrida no primeiro dia - vista do Capim Amarelo) Após montar acampamento, analisamos o percurso para chegar até a Pedra da Mina e fiquei apreensivo com a distância a ser vencida no dia seguinte. Me assolou um profundo sentimento de impotência que se evaporou após uma farofa de carne seca e um cochilo revigorante. Visual maravilhoso para todos os lados, contemplamos exaustivamente as demais montanhas da Serra Fina, o Marins, o Itaguaré e as cidades de Cruzeiro e Passa Quatro, mais ao longe Aparecida e Queluz. (Foto:Vista do alto do Capim Amarelo - Pedra da Mina ao centro) Ao cair da noite, Cristiano, cozinheiro oficial de nossas empreitadas, preparou aquela rica sopa para repor as energias. De rotina, café da manhã foi “rapidez” ou pão sírio com queijo e salame; sementes, barras, e glicose na caminhada e uma densa (e deliciosa) sopa todas as noites, além de algumas maçãs e cenouras. Acostumados a levar a despensa para os morros e voltar com metade para casa, nos policiamos e de excedente, só a quota de emergência. Assim conseguimos gerenciar bem a água e passamos muito bem alimentados, mas o gasto energético enorme me fez perder pelo menos 2,0 kg. Coberto pelo manto estrelado, muito cedo já estávamos nos braços de Orfeu, até porquê o forte vento e a temperatura baixa impediam muito tempo fora da barraca. Antes, aquela obrigatória sapeada no espetacular contraste entre o breu de noite de lua minguante e as luzes das cidades, mais parecendo brasas esparsas. Acordando junto com a claridade do dia, 8:00 estávamos descendo o Capim para subir o Melano (e muitos outros) e seguir à Pedra da Mina. Após o Maracanã há um ponto de água (não perene) em que completamos nossa hidratação e assim bebemos tanto quanto precisávamos e muito mais durante o percurso do dia. Tinha lido sobre este ponto, mas foi um camarada gente boa que estava guiando dois rapazes no sentido inverso que deu a letra, caso contrário não sei se teríamos encontrado. Fica a dica: passando o Maracanã, entre 5 a 10 minutos de caminhada, lado esquerdo (sentido Mina). (Foto: Aurora do alto do Capim Amarelo) (Foto: metade da trilha entre Capim Amarelo e Pedra da Mina - Capim Amarelo ao fundo) (Foto: Faces da Montanha) Vales, escarpas, montanhas, horizontes, vegetação e chegamos a cachoeira vermelha. Cruzamos um vale que lembrou paisagens Andinas – aliás, alguns trechos lembram os Andes Bolivianos – e na base da Pedra da Mina bebemos e nos abastecemos de puríssima e gelada água. Após contemplar o que suponho ser o Vale das Cruzes, em torno de quatro da tarde estávamos no alto da quarta montanha mais alta do país, para nós a maior altitude alcançada em terras Brasileiras. Despojada de vegetação, ao contrário do Capim Amarelo que recebe este nome pelos altos tufos em todo seu topo, o vento nos açoitava violentamente e a temperatura estava baixa. Chegamos ao cume com o tempo nublado e me pareceu que a chuva esperada para terça estava adiantada em um dia. Estávamos somente nós e o jovem casal que também estava fazendo a travessia, assim conseguimos encontrar um acamps razoável, protegido por muretas de pedra. (Foto: Suposto Vale das Cruzes. Vista da base da Pedra da MIna) (Foto: Pedra da Mina) (Foto: Mochila proseando com Apacheta) Fiquei preocupado com a possibilidade de chuva devido as condições do solo (compacto, repelia a água) e o leve desnível onde apertadamente montamos as barracas. Se chovesse, estaríamos em uma poça. Além disto, o vento e o frio eram insuportáveis, tornando um xixi uma atividade complexa, obrigatoriamente muito bem planejada e até perigosa: o vento exigia extremo esforço para se manter em pé. Porém o tempo abriu, pudemos apreciar o pôr do sol e mais uma noite viajamos pela via láctea, observando meteoros e as constelações, bebericando um chá quente e a ração de cachaça do dia, além de um espetacular palheiro mineiro. Lembrei dos meus colegas Xanxerenses e das adolescentes vigílias estudando o céu, contando meteoros e satélites, identificando planetas e cometas. Escorpião, cruzeiro do sul, Centauro… Ah céu da Mantiqueira, vontade de não sair mais debaixo dele. (Foto: Acamps no cume da Pedra da Mina) A manhã chegou sem o sol e o vento continuava intenso, o que nos fez demorar um pouco para levantar acampamento. Iniciamos a rápida descida ao Vale do Ruah, e o vento ficou para trás. Vimos que havia acampamento e ao nos aproximarmos fomos muitíssimos bem recebidos por quatro paulistas que estavam curtindo o Vale por alguns dias. Ao som de Pink Floid, tomamos um café com vodka, comemos granola e recebemos dicas de como atravessar o vale com menos estrago, ou seja, se molhando menos na nascente do Rio Verde – a mais alta do Brasil. Cristiano decidiu seguir o conselho de tirar as botas e preservá-las secas, eu preferi arriscar, escolhendo milimetricamente os tufos de capim onde pisar. Pensamos em fazer um caminho mais distante do rio, a direita, mas optamos por margeá-lo. No fim das contas, nenhuma decisão foi melhor que a outra. Quase no final do maravilhoso Vale, repentinamente houve uma precipitação de granizo e imaginei no frio que vinha junto. Dez minutos depois, além do frio, veio chuva e vento intensos. (Foto: Fantástico Vale do Ruah) Sob a intempérie saímos do Vale do Ruah rumo ao Cupim de Boi preocupados em chegar ao Bambuzal, local de acampamento muito bem sugerido pelos novos amigos paulistas, que nos demoveram da idéia de chegar ao Três Estados neste dia - mesmo com tempo bom seria besteira, constatamos depois. Como os dois Amadores Profissionais orientavam-se visualmente e por um mapa simples, além de uma bússola que pouco nos revelava naquele momento, o perrengue estava instalado. Não víamos mais de 10 metros a nossa frente, o vento empurrava-nos em direção aos precipícios e a chuva intensa encharcou tudo o que não estava protegido e também parte do que estava. Demos alguns perdidos, retornando a trilha sem muita dificuldade. Com visual quase zero e com a escassez de sinalização, agradeci aos colegas montanhistas que marcam a trilha com pequenos pedaços de papel metalizado e segui na frente olhando para baixo, até porque olhar para frente não fazia sentido... Subimos o Cupim de Boi sem saber que era ele; cheguei a pensar que tínhamos passado pelo bambuzal e estávamos subindo o Três Estados. Mesmo tendo encontrado e ultrapassado o casal que se adiantou enquanto paramos no Ruah e que portava um GPS, não houve alívio da tensão. Em determinado momento decidimos andar mais dez minutos e se são chegássemos ao bambuzal retornaríamos, pois a situação estava no limite. Nos encontrávamos em uma crista exposta sem nenhuma possibilidade de proteção e eu estava extenuado, sentindo o efeito do frio intenso. Jogava duas balas na boca por vez para ter alguma energia e mentalizava que não podia parar. Cheguei a pensar no pior quando sem esperar saímos do cume e penetramos em encosta protegida onde logo encontramos o Bambuzal, um local muito bem abrigado, excelente acamps. Lembro vagamente de montar a barraca e me livrar das roupas molhadas. Recobrei a consciência normal quando me enrolei no cobertor de emergência e, batendo o queixo, me vesti com roupa seca. As condições do tempo, a extenuação física mais a falta de um relógio (prometi a mim mesmo que será meu próximo investimento em tecnologia, um relógio de pulso de deizão do camelô), fizeram com que perdesse a noção de tempo. Pensei ser mais que 17:00, mas era em torno de 14:30. Com chuva e o saco de dormir parcialmente úmido, dormimos umas três horas após rapidamente comermos algo. A chuva lentamente parou e consegui ver algumas estrelas por meio dos bambus, prenúncio de frio e tempo bom no outro dia. Ao despertar as 6:00, percebi a vegetação totalmente seca. Estendi minhas roupas para esgotar um pouco a água e uma hora depois elas estavam congeladas, sob o frio de -2 graus como nos informou o gps do casal que também acampou no bambuzal. Então passei o segundo maior frio da minha vida (o primeiro foi a quase hipotermia do dia anterior), ao ter que calçar a bota e meias congeladas. Até botar o pé na trilha e esquentar, foi insuportável. Mas o sol estava lá e aos poucos foi secando – o que estava no corpo, porque o que estava na mochila chegou em Curitiba encharcado. Aliás, todo o peso que tínhamos aliviado com os mantimentos consumidos e gerenciamento de água foi substituído pelas roupas molhadas, e no último dia andamos provavelmente com o mesmo ou mais peso que no primeiro. Chegar ao Três Estados foi tranquilo, ao Alto dos Ivos também, mas a alternância de aclives/declives continuava. Após o alto dos Ivos, longo caminho em declive acompanhado da constante e maravilhosa paisagem, agora com destaque ao maciço de Itatiaia. Pudemos reconhecer o Agulhas Negras, Prateleiras, Pico da Antena, do Sino, etc., além do Picu, uma apacheta gigante que nos mostrava a rota a seguir. Se a Serra Fina não nos satisfizesse plenamente, meu plano desde o início era convencer meu parceiro a fazer o Agulhas na quinta-feira, mas resolvemos deixar para a próxima. (Foto: Vista do cume do Três Estados: Pedra da Mina a direita. O triângulo mais claro ao centro da foto é o Vale do Ruah - Dá para ter idéia das enormes distâncias!) (Foto: Cume do Alto do Pico Três Estados, tríplice fronteira - RJ/MG/SP) O final da travessia também é um Show. O Sítio do Pierre na verdade é uma fazenda maravilhosa e foi um prazer largar as mochilas sob as Araucárias e imaginar o que era aquele local, agora deserto. Seu Cipriano nos contou depois que ali já funcionou um Hotel; falando em nosso amigo, quando fizemos contato com ele recebemos a notícia de que deveríamos andar mais uns três quilômetros até a rodovia. Caminho maravilhoso também, mas inesperado; achávamos que o fuqueta subiria até a sede da fazenda. (Foto: Maciço de Itatiaia. Agulhas Negras a esquerda, Prateleiras a direita) (Foto: Picu e Araucárias: travessia concluída com sucesso!!) Reunimos forças e ao anoitecer fomos resgatados, com seu Cipriano encurtando caminho por uma estrada rural. Espremidos no Volks, esfomeados e felizes voltamos até Passa Quatro pelo poeirento caminho, onde pernoitamos em um hotel em frente à estação, suficiente para o que precisávamos. Creio que demos prejuízo, porque as toalhas brancas fornecidas passaram a coloração marrom mesmo após longo banho. Fomos prestigiar o festival gastronômico e devoramos um prato de leitoa à pururuca com tutu de feijão e aquele chopp para comemorar, além de degustarmos cachaças excelentes. Ainda curtimos os ares noturnos da pitoresca e maravilhosa cidadezinha antes de despencar na cama. Sinceramente, me senti desconfortável e não tive uma plena noite de descanso, pois senti falta da barraca, do isolante no solo duro e do amigo vento. Na manhã seguinte nos abastecemos de produtos mineiros no comércio da estação e arredores e, um pouco reticentes e já saudosos, partimos para o Paraná. Rasgo elogios a hospitalidade, educação e prestatividade do povo mineiro. Quem puder esticar um pouco após a montanha e curtir Passa Quatro e redondezas não se arrependerá. A travessia da Serra Fina é exigente, de modo algum recomendada para quem não tem alguma (e não mínima) experiência. Sem guia então, avalie as pernadas que fez na vida antes de assumir o risco e planeje muito, mas muito bem. Passei dez anos da minha vida imaginando se um dia iria usar o cobertor de emergência, e ele me salvou. A trilha é óbvia do início ao fim e muito bem marcada até a a Pedra da Mina, tanto pelo solo batido como pelas apachetas abundantes no caminho. Do vale do Ruah em diante os totens e outros sinais são escassos, mas se perder é difícil, só mesmo em caso de condições climáticas muito ruins ou inexperiência extrema. Sinal de celular é artigo de luxo e resgate também deve ser. Ter algum problema importante nesta travessia é preocupante. Creio ser pouco proveitoso fazer em menos de quatro dias, a menos que sua vibe seja chegar ao cume, sem priorizar o caminho. Fizemos a clássica Travessia de quatro dias e três noites, e achamos pouco! Assim, a volta ainda não tem data, mas já está certa, e o programa também: já decidimos subir a Pedra da Mina via Paiolinho e acampar alguns dias no Vale do Ruah, fazendo incursões a partir desta base; se repetirmos a travessia, e tenho certeza que sim, uns seis dias serão dedicados a esta porção da Mantiqueira. Como paixão te leva a algumas insanidades, dez dias depois estava com a família na Maria Fumaça de Passa Quatro e, sorrateiramente, fazendo juras para a Mina de abraçá-la novamente em breve.
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Fala Viageiros!!!!! Voltei de uma viagem sensacional para a Patagônia e vou compartilhar aqui com vocês um pouco dessa experiência! Mas antes, quem puder, segue a conta do meu blog no Instagram: @profissaoviageiro E vai lá no www.profissaoviageiro.com que tem mais detalhes e fotos desse rolê! Segue lá no blog que sempre tem coisa nova por lá!!!! Bom, hoje além de passar minhas impressões de Torres del Paine, vou tentar deixar algumas informações básicas para quem quer ir e ainda está cheio de dúvida, como eu estava quando ainda planejava a viagem. Tem coisa que parece óbvia quando se conta de uma viagem para as outras pessoas, mas que no fundo se você não sabe o funcionamento das coisas no lugar, fica impossível saber se seu roteiro vai dar certo ou não… E foi nisso que eu esbarrei na montagem do roteiro. Como sempre em meus roteiros, eu tenho pouquíssima margem de erro e isso me fez perder um bom tempo na pesquisa. Vou tentar deixar algumas informações aqui para quem quer visitar esse lugar maravilhoso! Vamos lá! O que é? O Parque Nacional de Torres del Paine foi criado em Maio de 1959 e está localizado na Pataônia Chilena, na região de Magallanes. As suas torres principais dão nome ao parque, que são imensas torres de granito modeladas pelo gelo glacial. Mas as belezas do parque não se resumem a suas torres. O lugar inteiro é sensacional! Como chegar? Existem dois aeroportos próximos de Torres del Paine: – Um fica em Puerto Natales, que é a cidade base para a maioria das pessoas que visitam Torres del Paine. A cidade está localizada a 80km do Parque. O problema é que só existem voos para Puerto Natales no verão, e mesmo assim não é todo dia. Isso faz com que contar com um voo para lá seja praticamente descartado logo de cara. – A melhor opção então é voar para Punta Arenas. Existem voos regulares de Santiago para Punta Arenas. Inclusive, se não me engano, lá é destino mais barato para se chegar na Patagônia (Argentina ou Chilena) Eu fiz isso. Saí de São Paulo em um voo com conexão em Santigo e chegada em Punta Arenas. Tudo bem tranquilo! -Para quem não for utilizar avião, tenha Puerto Natales como sua referencia de destino. Onde ficar? – Punta Arenas: A porta de entrada da maioria das pessoas que vão para TdP via o próprio Chile (Muitas outras pessoas vão para TdP via El Calafate, na Argentina) Cidade grande, com vida própria. Possui muitas atrações turísticas, shoppings, hotéis, hostels, restaurantes e tudo mais. Fica a 3 horas de ônibus de Puerto Natales. – Puerto Natales: Cidade pequena que gira em torno do turismo de TdP. Muitos turistas o ano inteiro por lá, consequentemente muitos restaurantes e vendinhas para as compras da galera que vai fazer os trekings. Como já falei é a base para a maioria das pessoas, pela sua proximidade e preços acessíveis. Comparado às hospedagens dentro ou ao lado do parque é muito mais barato ficar em Puerto Natales. – Hospedagens dentro do Parque: Existem muitas opções de hospedagem dentro do Parque, desde áreas de camping onde você é responsável por ter com você absolutamente tudo que vai usar e comer, até luxuosos hotéis com vistas deslumbrantes. Tudo dentro do parque é caro. Transporte, hospedagem, comida… Tudo! São três “empresas” que possuem hospedagens dentro do parque, e para dormir lá dentro você precisa ter reservado antes de chegar (mesmo que esteja levando todo equipamento com você e queira apenas reservar um espaço de camping), pois não se pode entrar sem reserva prévia. As empresas são: CONAF; Fantástico Sur; e Vertice. Quando ir? Torres del Paine pode ser visitado o ano inteiro, mas a alta temporada é no verão, quando as temperaturas estão mais agradáveis e as paisagens mais coloridas. Eu fui na primavera. Dei muita sorte com o tempo e achei que valeu muito a pena. Não estava lotado e não passei nenhum perrengue de frio ou vento a ponto de transformar algum rolê em algo penoso. Se tem alguma coisa que eu mudaria no meu rolê para deixar ele ainda mais perfeito, é que eu preferia ter visto o lago no Mirador Base de Torres del Paine descongelado. Quando eu fui ainda estava congelado. Não que eu ache isso um problema, mas acho que descongelado seria muito lindo também. Quanto custa? Caro! Não é um passeio barato. Mesmo fugindo o máximo que pude das hospedagens dentro do parque, é um passeio caro. Mas não é nada que não se possa dar um jeito. Aqui alguns exemplos de preços aproximados: – Entrada no Parque, válida por 3 dias de entrada: US$ 35,00 (se já estiver dentro do parque, não tem problema, pode ficar mais que 3 dias) – Aluguel de barraca completa no parque: US$ 70 – para 2 pessoas, por noite – Catamarã para Paine Grande: US$ 35,00 por pessoa, por trecho (Comprando ida e volta junto fica um pouquinho mais barato). IMPORTANTE: Não aceita cartão! Só dinheiro. – Ônibus interno do Parque: US$ 10,00 ida e volta – Ônibus Puerto Natales – Torress del Paine: US$ 25,00 ida e volta E por aí, vai… O que fazer??? Bate e volta, Circuito W, ou Circuito O? Eu escolhi o W! – No circuito W estão as principais atrações do parque na minha opinião. Claro que quem faz o Circuito O vê muito mais coisa, mas para isso é necessário muito mais tempo e preparo, pois as partes do parque que estão fora do W, são bem menos estruturadas, então depende muito mais de você e do equipamento e mantimento que você carrega. – No bate e volta de Puerto Natales, você consegue fazer o Mirador Base, que é a vista mais famosa de lá, mas depois que se faz o W, você vê que aquilo é só um pequeno pedaço das belezas daquele lugar. Também dá para fazer o lado do Glaciar Grey, ou até um trecho da trilha beirando o lindíssimo Lago Nordenskjold. IMPORTANTE! Nesses casos de bate e volta, você sempre vai ter seu tempo limitado ao horário dos transportes internos do parque, seja do ônibus ou do catamarã. Então controlar o tempo e seus objetivos no dia será algo muito importante. Os horários são fixos e limitados, não deixando margem para erros. – Uma outra opção, que eu jamais faria, é um bate e volta de El Calafate, como muitas agências de lá oferecem… Me parece um grande programa de índio. – Fazer um mix disso tudo aí também é possível! É só estudar direitinho o roteiro e partir para cima!!!! Bom, esse é o básico. Vou contando agora como foi o meu rolê e tentando explicar como tudo funcionou para mim! Vamos lá!!!!!!!! Dia 1: Bom, eu decidi fazer o W da seguinte forma… Fazer as 2 pernas externas no esquema de bate e volta, e a parte central do W dormindo uma noite no camping Francês. Dessa forma faria o rolê em 4 dias, que é bem puxado. A maioria das pessoas faz em 5 dias o W, que depois eu entendi o por quê! Como a entrada do parque vale por 3 dias, eu fiz as 2 pontas primeiro, e depois a parte interna, que daria certinho os 3 dias de entrada no parque. Para mim não fazia diferença por onde começar, então deixei o dia que a previsão do tempo estava melhor para fazer o Mirador Base e fui no primeiro dia, que o tempo estava pior, na perna do Glaciar Grey. E a parte interna eu fiz saindo de Las Torres e chegando no outro dia em Paine Grande. No final, deu tudo certo!!!! Como comentei, eu cheguei em Puerto Natales vindo de Punta Arenas. Como não sabia da estrutura da cidade, acabei fazendo compras do que iria comer no parque no dia seguinte em Punta Arenas mesmo. A viagem de ônibus entre Punta Arenas e Puerto Natales demora 3 horas. A passagem é bem fácil comprar. Os ônibus que fazem esse trajeto têm seus terminais no centro da cidade e todo mundo lá sabe indicar onde ficam esses terminais. Existem diversos horários de saída, então não precisa de stress quanto a reserva antecipada ou qualquer coisa. Em Puerto Natales as coisas são perto da rodoviária. A maioria dos lugares nem precisa de taxi… Dá para chegar andando. Já aproveitei que estava na rodoviária na chegada e comprei a passagem de ônibus para o dia seguinte de ida e volta para o parque. São algumas empresas que fazem o trajeto e todas fazem mais ou menos no mesmo horário, pois os transportes internos no parque são sincronizados com as chegadas dos ônibus de Puerto Natales. O horário de saída é por volta das 7 da manhã e o retorno por volta das 7:30 da noite saindo da Laguna Amarga (entrada do parque). São quase 3 horas de trajeto entre o parque e Puerto Natales. No dia seguinte estava lá bem cedinho na rodoviária aguardando meu ônibus sair. Chegando em Torres del Paine, a primeira coisa a se fazer é comprar o ticket de entrada. Havia uma pequena fila mas não demorou muito todo o tramite. Eles aceitam Pesos Chilenos e Dólares. Talvez aceitem Euros também, mas não tenho certeza. Depois é aguardar o ônibus interno que vai te levar para o Refúgio Las Torres (De onde sai a trilha para o Mirador Base e também a trilha em direção ao Refúgio Francês) e depois segue para Pudeto, de onde sai o Catamarã para Paine Grande (Onde começa a trilha para o Glaciar Grey). Como fui em direção ao Glaciar Grey nesse primeiro dia, segui no ônibus até Pudeto. Cheguei lá por volta das 10:30 e o catamarã só sai as 11hs. Assim aproveitei e tomei um reforço do café da manhã por lá enquanto aguardava a saída para Paine Grande. O catamarã é espaçoso e possui um deck em cima para quem quer ver a paisagem e tirar umas fotos. Duro é aguentar o frio, mas vale a pena! O trajeto é curto e em pouco mais de 20 minutos já estava em Paine Grande Muitas pessoas se hospedam no refugio, então já entram para seu check in. Eu não ia ficar lá, então só me arrumei, usei o banheiro e saí. Primeiro grande desafio da viagem: Aprender a usar os sticks de caminhada! Eu sei que parece ridículo, mas no começo é difícil coordenar! Mas depois de alguns minutos, vai que vai! Não sei como eu consegui voltar a andar sem eles quando voltei de viagem! Esse treco é bom demais!!!!! Bom, foi nesse primeiro dia que eu entendi por que a maioria das pessoas faz o W em 5 dias e não em 4… É porque o refúgio Grey é longe que dói! Eu tinha o meu tempo de trekking limitado pelo horário do catamarã. Não podia estar de volta depois das 18:30hs, que é o último horário de saída do catamarã no dia. As pessoas normalmente dormem no refúgio Grey e depois voltam no dia seguinte. Ou também vão até o refugio Grey e voltam para dormir em Paine Grande, sem grandes compromissos com o horário. Aí tudo faz mais sentido. No meu caso eu tive que ir até onde o relógio permitiu, e não consegui chegar até o refugio. Mas isso não tem muita importância… Pude apreciar a beleza do glaciar durante minha trilha sem nenhum problema! A trilha desse trecho não foi das piores do W. Existem outras partes com muito mais subidas e descidas. Isso foi bom, pois estava ainda aquecendo os motores! Eu que já tenho dois joelhos completamente destruídos, que me impedem de fazer algumas coisas, estava, para piorar, vindo de uma lesão no ligamento. Consequentemente minha condição física não era das melhores, vindo de um período de um mês sem poder exercitar minhas pernas. Bora caminhar!!!! A primeira parada, já para o almoço, foi na Laguna Los Patos. Uma lagoa bonita, que apesar do nome, não tinha tantos patos assim quando passei por lá! Sigo então em direção ao glaciar, tentando aproveitar o máximo essa paisagem linda! Daí a recompensa… O Glaciar Grey!!! Encontro um lugar para parar e apreciar essa vista! Depois de um tempo por lá o relógio me lembra que era preciso voltar, sem grandes possibilidades de paradas. A volta foi bem tranquila e cheguei a tempo inclusive de fazer um lanche e tirar umas fotos antes de embarcar Na fila do embarque percebo esse cara indo para um mergulho bem tranquilo nesse lago de degelo!!! Um mergulho com uma vista dessa não é nada mal!!!! Daí foram só mais uns 30 minutos de catamarã até Pudeto e já o imediato embarque no ônibus para Laguna Amarga. Dalí peguei o ônibus de volta para Puerto Natales. Chegando em Puerto Natales, foi só o tempo de passar em uma vendinha para comprar os mantimentos para o dia seguinte e correr para tomar banho, comer e dormir, pois sobram poucas horas de sono para quem tem que pegar o ônibus no outro dia as 7 da manhã!!! Dia 2 E lá vamos nós!!!! Acorda de madrugada, toma banho, toma café, corre para a rodoviária e tenta descansar um pouco no ônibus no caminho… No parque foi só mostrar que já tinha o ingresso e aguardar pela saída do ônibus para Las Torres. Lá em Las Torres se faz um breve registro de entrada para controle e já pode sair para a caminhada. Esse dia era o primeiro grande desafio. São 20km ida e volta, com muita montanha, incluindo um trecho matador no último quilômetro que faz você pensar seriamente que não vai conseguir! Mas consegue!!!! A caminhada começa com 2km bem tranquilos e planos ainda em uma área dentro do complexo de Las Torres. Depois…… Bom, depois é bom estar com a saúde em dia, porque não é fácil a brincadeira. O que sempre te dá forças em um lugar como esse são as paisagens… Elas vão nos lembrando por que estamos lá!!!! Vale cada gota de suor! E vai subindo… Subindo… Subindo mais… Até que chega no Km 9 e eu já estou esgotado, com muita dor e cansaço. E aí o negócio começa a ficar sério. A subida é bem no limite entre caminhar e escalar, inclusive passando pelo espaço onde a água do degelo desce, para ajudar ainda! Pelo menos quando dava sede era só abaixar e beber água! Eu acho que eu bobeei… Acho que tem um lugar para deixar o peso extra ali no km 9 antes de começar a subida. Eu não fui atrás disso e acabei subindo com tudo nas costas… Foi treta! Como eu não tinha forças nem para tirar foto, tenho poucos registros desse dia. Uma pena, porque o lugar é maravilhoso. Essa subida é terrível, e quando se acha que acabou você descobre que ainda falta um tanto! Todos os lugares por lá são assim… Você acha que chegou no final, mas não chegou!!!! Para de reclamar e continua andando!!!!! Realmente nem acreditei quando cheguei lá!!!! Mas o visual vale qualquer esforço!!! Infelizmente cheguei lá 15 minutos depois do horário que tinha que iniciar a descida! Isso limitou muito o quanto eu pude aproveitar lá em cima. Foi o tempo de comer alguma coisa, tirar meia dúzia de fotos e sair desesperado para baixo, quase com a certeza que não daria tempo. Isso foi a pior parte do rolê… Não consegui aproveitar quase nada a descida, forcei meus joelhos de um jeito que não poderia ter forçado e fiquei horas no stress de não ter ideia do que iria fazer se perdesse o transporte. Não sei explicar como, arrumei forças não sei da onde para sair em uma disparada nos últimos 2 quilómetros para tentar chegar no ônibus… E não é que consegui!!!!!!! O pessoal já estava quase todo embarcado! Aí pedi para o motorista para esperar uns 2 minutos até a Tati chegar e ele falou que beleza! Nossa, foi por pouco! Eu sentia tanta dor no meu corpo depois disso que nem sei explicar… Doía pé, tornozelo e principalmente meus joelhos… Achei que tinha comprometido todo o rolê… Chegando em Puerto Natales foi só a correria para deitar logo, depois do mercadinho, banho e janta. Dia 3 Esse dia tinha a ideia que seria mais tranquilo, pois além da distancia a se caminhar ser menor, não precisava me preocupar com horário, pois poderia chegar a qualquer hora no Camping Francês. Mas eu me enganei… Foi mais um dia puxado que no final minhas pernas já estavam esgotadas. Já no refugio Las Torres, comecei a caminhar para o Acampamento Francês. O inicio é tranquilo e ainda estava com a sensação que seria um dia de recuperação, e não de grandes esforços. Começo a encontrar alguns morros, mas nada de mais… A caminhada ainda está sob controle. Passados alguns quilômetros eu encontro um novo caso de amor!!!!! Se trata do Lago Nordenskjöld! Que visual maravilhoso! Andar com esse lago ao seu lado o dia inteiro foi lindo demais! As paradas para comer sempre eram em pontos estratégicos para comer apreciando aquele azul espetacular! O problema é que esse trecho tem muita montanha, subindo e descendo toda hora… Eu fui me cansando e já ficava perguntando pra galera que cruzava no caminho se estava muito longe ainda! Isso é claramente sinal de desespero!!!! E então já no final do dia chego no Acampamento Francês! O acampamento é bem bacana. O banheiro é bom e a água para tomar banho bem quente! Isso foi maravilhoso! Lá eles também têm um pequeno restaurante e uma “vendinha” que você pode comprar um refrigerante, por exemplo. Na recepção do camping eles tinham ovos para vender. Não estava tão caro. O problema é que eu não tinha onde cozinhar os ovos, pois não estava carregando um fogareiro comigo. A menina que estava lá foi bem gente boa e ofereceu de cozinhar os ovos para nós no fogareiro dela! Então já fechei negócio e consegui comer algo quente nessa noite, que estava programado apenas comida fria. Então depois de um ótimo banho já fui jantar meu sanduíche, ovos e um vinho que estava carregando para saborear na noite! A barraca estava montada. Não tive trabalho nenhum. É chegar, pular para dentro do saco de dormir e até amanhã!!!!! Dia 4 Depois de uma boa noite de sono que não passei nenhum tipo de problema na barraca, me preparei para partir. Nesse dia os objetivos eram Mirador Francês, Mirador Britânico e a chegada em Paine Grande para tomar o catamarã de volta no final da tarde. Então tomei meu ziriguidum e pé na estrada! Até o acampamento Italiano o caminho é curto mas já com algumas subidas chatinhas. No acampamento Italiano você pode deixar seu equipamento para fazer a subida para o Mirador Francês e Britânico só com o necessário. A subida até o Mirador Francês é de um nível médio… Dá para ir na boa. Acabei me perdendo um pouco no caminho… Ainda bem que olhei para trás e vi umas pessoas passando por outro lugar. Percebi que o errado era eu e voltei para a trilha certa! Lá é um lugar bem interessante. Existe uma geleira com pequenas avalanches a cada 10, 15 minutos… É muito legal ficar um tempo por lá vendo as avalanches e principalmente escutando os estrondos do gelo se rompendo. É um barulho de trovão bem alto! Muito bacana! Fiquei lá um tempo, fiz meu lanche e olhei para o caminho do mirador Britânico………… Que caminho???? O tempo fechou e não dava para ver nada lá para cima….. Então após algumas considerações decidi desistir de ir até o mirador Britânico. Ainda faltava uma boa pernada até lá e eu não queria gastar esse tempo e essa energia para ir até um mirador de onde não haveria nada para “mirar”. Bom, com isso pude desfrutar mais algum tempo no mirador Francês e fazer meu caminho de volta sem stress por conta do horário do catamarã. De volta ao acampamento Italiano não estava muito bem… Não sei bem o que era, mas preferi ficar por lá um tempo até me recuperar. Daí peguei minhas coisas e segui… O caminho a partir de lá é bem mais tranquilo. Não me lembro de ter nenhuma montanha bizarra para subir e descer depois de lá. Isso foi ótimo… Já estava cansado! (Calafate) Um dos pontos altos desse trecho da caminhada é o Lago Skottsberg! O mirador do lago tem uma vista que chega a ser indecente! Depois dessa parada, já estamos quase lá! É um trecho cheio de emoções boas! De que consegui cumprir o objetivo… De que vou completar o W! Isso parecia tão longe na minha vida há 6 meses atrás…. Pensar em cada pedra, cada montanha, cada arbusto, cada pássaro, cada lago, cada pessoa que cruzei, cada parte do meu corpo que doía, cada gole de água de cachoeiras de degelo, e cada sentimento delicioso de conquista com o visual que se abria na minha frente por tantas e tantas vezes nesses dias…….. Foi bom demais! Então a última parada antes da chegada triunfante! Dessa vez para admirar o Lago Pehoé, a poucos metros de chegar em Paine Grande. Não tem lugar melhor para comemorar a vitória!!!!!! E então a chegada! Exausto; Com dor; Realizado!!! Consegui, po**a!!!!!! Daí foi o roteiro já conhecido… Catamarã de Paine Grande para Pudeto, ônibus interno de Pudeto para Laguna Amarga (com parada em Las Torres), ônibus para Puerto Natales, pousada e cama! Hora de descansar, mas não muito, porque no dia seguinte embarcaria para El Chaltén pela manhã. Mas essa história fica para depois! É isso!!!! Quem quiser qualquer ajuda, pode escrever aqui que vou ajudar com todo prazer no que for possível! Críticas e elogios também são bem vindos!!!!! Não esqueçam de seguir lá no Instagram! @profissaoviageiro Valeu!!!!!!!!!!!!! Abraço, Felipe
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Visitando a Pedra do Baú - São Bento do Sapucaí
rafacarvalho33 postou um tópico em Trilhas em São Paulo
A região do Complexo do Baú é uma das mais conhecidas de toda Serra da Mantiqueira, situada próximo a Campos de Jordão e São Bento do Sapucaí. A região atrai milhares de turistas ao ano, que procuram desde o turismo convencional até ao turismo de aventura. O Complexo do Baú é uma grande formação de rochas de 360 m de altura, 540 m de comprimento, com encostas de até 180 m de altura. Ele é formando por três montanhas: a Pedra do Baú (1.950 m), A pedra do Bauzinho (1.760 m) e a pedra da Ana Chata (1.670 m). A Pedra do Baú no centro, ao lado esquerdo da foto, atrás do ramo de folha, o Bauzinho O trajeto até a pedra do Bauzinho pode ser realizada de carro e tem uma linda visão para a Pedra do Baú. Já o trajeto da Pedra do Baú e para a pedra da Ana Chata só por trilha, que podem levar de 03 a 06 horas dependendo do ritmo de cada um, a nota especial é que na Pedra do Baú você tem que encarar 600 grampos. (recomendado fazer com um guia e equipamentos de segurança). O desafio da Pedra do Baú é encarar a altura e os famosos grampos. Os grampos são totalmente seguros, instalados na pedra desde os anos 40. Muitas pessoas contratam guia com os devidos equipamentos de segurança, mas existe a possibilidade de você fazer por conta própria, não tem muito erro, é só você ir com calma, de grampo em grampo sempre mantendo 03 pontos de apoio fixo. São 600 grampos ate o topo da Pedra do Baú - Como chegar Usando o Waze ou Google Maps coloque a localização Restaurante Pedra do Baú, de São Paulo dá em torno de 200 km. O local é bem estruturado, oferecendo estacionamento, banheiro, restaurante, hospedagem e dá acesso à trilha Pedra do Baú e da Ana Chata. A diária do estacionamento custa R$20,00 e o uso dos banheiros esta incluso nisso. A trilha tem em torno de 05 a 06 km, sendo 1,5 km de seu trajeto de subida, depois mais 600 grampos ate o topo da Pedra do Baú, então as pernas acabam ficando doloridas no retorno. Para se ter uma ideia, fiquei mais cansado nessa do que na de 25 km que fiz pela região de Biritiba Mirim. Bauzinho ao fundo A trilha é bem demarcada, com totens indicando a distância que falta até o inicio dos grampos. Quando chegar ao inicio dos grampos, terá um responsável controlando o acesso, caso você não opte fazer a subida com algum guia, será necessário assinar um termo de responsabilidade. Nesse mesmo ponto você verá o acesso para a trilha da Ana Chata. A subida pela FACE SUL da Pedra do Baú esta INTERDITADO, houve um deslizamento de pedra que acabou arrancando 03 grampos, porém mesmo sem eles, as pessoas estavam se arriscando com cordas para pular a parte sem grampos, os responsáveis do parque acabaram tirando mais alguns grampos tanto no meio como no começo para que nem com corda fosse possível. Tudo isso foi feito pela sua segurança, a face Sul não é tão firme quanto a Face Norte. Logo evite. Visão da Serra da Mantiqueira Como o mesmo lugar para subir é a mesma via para descer e não cabem 02 pessoas no meu grampo, ai você pensa "e como faz com o congestionamento de pessoas?" Bem, o Parque disponibiliza 04 funcionários que ficam um no começo, dois no meio e um no fim, controlando o transito de pessoas, isso ajuda muito. A Pedra do Baú é muito bem cuidada, não há lixo na trilha, é bem demarcada, gostei muito de conhecer a região, os grampos são firmes e estão em um espaço muito confortável entre um e outro, assim não dificultando para quem tem a perna curta. O medo sempre ira surgir, mas qual seria a graça da vida se a gente não encarar nossos medos né? O que posso recomendar é pensar em um degrau por vez, devagar, sem pressa e sempre da forma mais segura possível, caso tenha muito medo ainda, é possível contratar guias locais que vão te acompanhar e irão fornecer os equipamentos de segurança. - Dicas Leve: 2 Litros de água no mínimo. Lanche e frutas Boné e lanterna Óculos Protetor solar Blusa de Frio ou corta vento Protetor Labial Um calçado adequado para a trilha Sempre deixe avisado para familiares para onde você esta indo Planeje a trilha antes de fazê-la pela primeira vez, saiba o que você ira enfrentar durante o dia. Melhor época é sempre no outono/inverno, época que dificilmente terá incidência de raios e trovões, e muito menos chuva, mas sempre fique atento a meteorologia do dia. Não se esqueça de sempre trazer seu lixo de volta, ajude a cuidar e preservar a natureza. Espero que tenham gostado do relato, para qualquer dúvida só mandar mensagem pelas minhas rede sociais, estou presente no Instagram no rafacarvalho33 e no Facebook no Follow The Portuga. **** Aos amigos do blog que vão viajar e reservar sua hospedagem, peço para usarem minha caixa de pesquisa na página inicial do site, assim o Booking repassa uma parte da comissão para mim, ajudando eu a seguir com o trabalho aqui no blog, isso não gera nenhum custo adicional para você. Valeu =] **** Follow me -
Fala pessoal! Faz um tempo desde minha última postagem.. pandemia postergou várias viagens planejadas, mas aqui estamos para mais um relato! Apesar de já ter feito algumas trilhas e escaladas em algumas viagens, como por exemplo a Table Mountain na África do Sul e o Monte Etna na Itália, essa foi a primeira viagem que fiz especificamente para isso, portanto, merece um relato mais detalhado, principalmente para aqueles que, assim como eu, são aventureiros de primeira viagem. Sem mais delongas, vamos ao relato! Bom, eu e mais um amigo, após descobrir sobre o Parque Nacional do Itatiaia (1° parque nacional do Brasil que abrange três estados do Brasil, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro), ficamos ansiosos para fazer as trilhas do parque. Alguns pontos aqui.. Eu achei muito mal explicado as coisas no site do parque, tive que caçar diversas fontes de informações pra conseguir ir certinho. Pela lista de guias do site, fechamos com o guia Ian, da agência Bem da Terra, e acabamos acertando em cheio.. o guia era super gente boa e atencioso! Ficou R$ 450,00 para duas pessoas para irmos na segunda-feira ao Pico das Agulhas Negras. É necessário também ingresso para entrar no parque, que estava incluso nesse valor, e pedimos ao guia para comprar um dia a mais de visitação, o que nos poupou um tempo extra de ter que fazer isso na hora. Um casal de amigos meus foram ao parque recentemente e me recomendaram a Pousada Bululu, onde ficamos também. O dono, Bululu é um cara muito simpático e fez toda diferença durante nossa estadia.. a pousada fica à 20 minutos da entrada da estrada que vai pro parque e cerca de 5 minutos do centro da cidade. Pagamos R$ 260,00 a diária para duas pessoas com café da manhã incluso.. destaque para a pousada: Vista da pousada acima.. passa um riozinho bem do lado. Escolhemos o feriado de 7 de setembro, saímos no sábado, com retorno previsto para a terça-feira. Existem algumas maneiras de chegar no parque.. como saímos de Campinas, fomos pela Dom Pedro / Dutra.. escolha errada. Pegamos muito trânsito, mesmo saindo no sábado, levando em torno de 6 horas pra chegar em Itamonte (Aqui vale uma ressalva.. o parque é muito grande, então dependendo do atrativo que você quiser visitar, é recomendado ficar na cidade mais próxima e, no nosso caso, Itamonte era essa cidade.. que fica em Minas Gerais). Chegando na cidade, passamos no mercado para comprar comida para os dias do parque (coisas pra lanches, frutas, água, castanhas, etc.). 1° Dia - Prateleiras Bom, como tínhamos um dia longo pela frente na segunda-feira, queríamos conhecer o parque e fazer alguma trilha mais tranquila e menos cansativa no domingo. Saímos da pousada às 9 horas e fomos em direção ao parque.. após 20 minutos na estrada, a entrada do parque fica à 15 km em uma estrada muito (MUITO!) ruim.. leva em torno de 1 hora para percorrer esses 15km.. é triste de ver a situação precária da estrada, considerando que é uma BR. O desprezo é um espelho do que acontece em várias áreas do país.. mas, enfim. Chegamos na entrada do parque por volta das 11 horas (quase sempre pega-se fila pra entrar no parque, precisa preencher alguns termos, dizer qual atrativo você vai, etc.), estacionamos logo na entrada.. outro ponto a ressaltar aqui. O parque é muito grande.. da entrada do parque até o Abrigo Rebouças que é o mais próximo das trilhas dá em torno de 3km, ou seja, pra ir e voltar pra entrada são 6km que você terá a mais além do percurso da trilha, então, procure parar o mais próximo possível do começo da trilha que você for fazer. Acabamos optando pelo Pico das Prateleiras, onde à princípio iriamos até a base dela, pois até o cume precisaria de guia e seria mais exaustivo também. A ida até a base é bem tranquila.. leva em torno de 1 hora.. porém, chegando lá, quisermos ir um pouco mais, e desse pouco mais, acabamos indo até o cume 😬, pois nos enturmamos com um pessoal que estava com guia e acabamos indo junto.. Valeu todo o esforço que não tínhamos planejado (e que não foi pouco!). A vista de lá era surreal! Ao longo da trilha. Há alguns trechos como esse, onde você tem que passar por dentro das rochas. Vista do cume. Observação para a caixa metálica, onde contém um livro que as pessoas que sobem podem assinar, deixar alguma mensagem, etc. Na volta do cume, o pessoal ia fazer um rapel em um dos pontos e nos seguimos sem eles.. quando chegamos na base, a gente não conseguia encontrar o caminho de volta e aqui fica um adendo.. o Prateleiras é muito mais simples do que o Agulhas Negras, mas, sempre optem por um guia, ou alguém que já conheça o percurso para evitar se perderem igual aconteceu com a gente. Por sorte, tinham algumas pessoas lá que nos auxiliaram na volta.. Todo esse percurso, até o carro que estava quase na portaria 😪 levou em torno de 5/6 horas, mais 1h30 até a pousada, chegamos em torno das 18:30. Resumindo, tínhamos um longo dia pela frente na segunda e chutamos o balde no domingo, rs. Mas, valeu todo o esforço! E um check em um dos atrativos mais visitados no parque. Chegando na pousada, jantamos e logo fomos dormir.. tínhamos que estar na entrada do parque as 7 horas da manhã para encontrar o guia 😬. 2° Dia - Pico das Agulhas Negras Acordamos as 04:30 da manhã para conseguir chegar ao parque as 7hrs. Ponto positivo para a pousada, que deixou preparado o café da manhã mesmo nesse horário. Como eles estão acostumados com o pessoal saindo cedo, bastou falar para o Bululu que ele já se dispôs a fazer essa gentileza pra gente. Bom, nos reunimos com o pessoal que ia junto com a gente para a trilha, e fomos em 11 pessoas (2 guias). Eu acho que foi mais gente do que deveria, para esse tipo de trilha, considerando que tem vários trechos com rapel, demora muito para todo mundo caminhar junto.. acredito que um grupo de 4 a 5 pessoas seja o ideal. Enfim, seguimos do Abrigo Rebouças em direção ao Pico das Agulhas Negras, sendo que o trajeto todo, subindo e descendo duraria em torno de 8/9 horas. Até a base do pico é bem tranquilo, caminhada sem muitos esforços.. à partir da base é que a coisa começa a complicar (bem mais do que o Prateleiras). A diferença entre as duas é que o Agulhas tem muitos mais trechos de pedra e o esforço com os joelhos e com os braços é muito maior.. Primeiro trecho de rapel. Eu, Gui e Ian (nosso guia) no segundo trecho de rapel, à 10 minutos do cume. Vista do cume das Agulhas Negras (na verdade esse cume é o que chamam de cume "falso", pois existe um ao lado, que é preciso fazer 1 rapel de descida e mais um de subida, e é o verdadeiro cume, onde também fica localizado o livro para assinar. Obviamente que fomos, mas nem todos os guias levam até lá, e também nem todas as pessoas vão, pois é um pouco mais complicado e exige mais, psicologicamente e fisicamente). Foto do cume do Agulhas Negras, à 2791m de altitude 🤘 Como tinham algumas pessoas lá, demorou mais do que o previsto para descermos, sendo que começamos o retorno em torno de 13:30hr, o sol estava estralando! No retorno, na parte do segundo rapel, há uma possibilidade de fazer o rapel por um outro trecho, com 18 metros de altura.. foi muito massa! Segundo trecho do rapel, no retorno. A volta exige bem mais do que a ida.. uma por já estar cansado, e outra pelas pedras, que te fazem usar muito os joelhos e os braços.. Após um dia muito limpo, com muito sol, chegamos de volta no abrigo rebouças por volta das 17:30hr, e o tempo lá muda demais.. as 18hrs já estava fazendo 7, 8° graus.. ou seja, é sempre bom levar uma blusa reforçada, além de que, no cume das montanhas venta demais, e eu sempre ficava tirando e colocando a blusa.. Na ponte do abrigo, com o pico das Agulhas Negras ao fundo, iluminado pelo sol já se pondo. Não preciso dizer que nosso retorno foi muito cansativo.. acumulando os dois dias de trilha, estávamos exaustos, mas de mente aberta e havíamos superado nossos medos de altura, rs. No retorno a pousada, só nos restou tomar um belo banho quente, jantar e preparar para o retorno no dia seguinte. Optamos por voltar por Minas, a estrada é de maioria pista única, mas o caminho é bem bonito, então valeu a pena! Espero fazer outras trilhas em breve, me despertou um sentimento muito bom, de superação e aventura.. e, espero ter ajudado também os montanhistas de primeira viagem, assim como eu! Obrigado e até a próxima!