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  1. Salve mochileiros e viajantes, resolvi fazer esse breve relato de uma trilha que fiz em Outubro de 2023 para o Refugio Frey em Bariloche, pois recebi algumas mensagens perguntando se eu fiz o trekking, pois tinha comentado em um post da @JanaCometti que eu estava pretendendo fazer o role, não irei aprofundar sobre Bariloche devido ao excesso de informações (Inclusive, informações bem completas no post da Jana) A principio meu objetivo era ir com minha esposa para El Chalten e Puerto Natales para fazer os trekkings existentes nas respectivas cidades, no entanto meus sogros resolveram fazer a viagem conosco para Buenos Aires e então decidimos mudar para Bariloche por ser uma cidade mais estruturada com apelo turístico e ter mais atividades para eles participarem e não só trilhas. Confesso que Bariloche me surpreendeu pois eu tinha uma visão muito estigmatizada da cidade, mas vi que lá há mil e umas atividades para se fazer e para todos os gostos. Ficamos 8 dias em uma baita casa em frente ao Rio Negro pelo Airbnb, num preço que para 4 saiu bem barato dada a proporção da cidade, coisa de 4300 reais em media. Sendo assim poderíamos deixa-los perambulando pela cidade e irmos em 3 dias para o Trekking. O planejamento era de 3 dias, mas fizemos apenas em 2 e contarei em seguida o porquê; Em Bariloche há 4 refúgios no meio das montanhas da patagônia andina, são eles: Refugio Frey, Refugio Jakob, Refugio Laguna Negra e Refugio Lopes , há a possibilidade de fazer a travessia destes 4 refúgios (não recomendado para iniciantes) e possível apenas no final da primavera até o inicio do outono devido ao acumulo de neve e a travessia dura 4 dias, lembra que queríamos fazer em 3 dias ?! Pois é, nossa intenção era ir até o segundo Refugio, o Jakob, só que ano passado o inverno foi rigoroso e havia muita neve impedindo a travessia, talvez possível para trilheiros com equipamentos para gelo e de alta performance onde não é o caso meu e da minha companheira, sendo assim fomos prudentes e resolvemos ir até o Frey e voltar no outro dia, creio que a trilha ficaria boa depois de duas ou três semanas. O Refugio Frey fica as beiras da Laguna Toncek e cercado por montanhas em forma de agulhas parecido com catedrais e é muito procurado por esquiadores radicais e por escaladores (exceto boulder), pois os picos são perfeitos (ou não) para este tipo de atividade, a trilha fica aberta o ano todo e tem o tempo estimado de caminhada é de 4hrs a 7hrs (10 kms) dependendo da época do ano, fomos na segunda semana de outubro e já tinha começado o degelo que ajudou muito em alguns trechos mas prejudicou em outros que ainda havia neve mas sob derretimento, dificultando bem o desenvolvimento do trekking. Antes de fazer o trekking é necessário registrar sua caminhada no site do parque nacional: www.nahuelhuapi.gov.br e reservar com 3 dias de antecedência a sua pernoite no local, seja no refugio ou acampando nas dependências externas. A reserva é gratuita feita pelo site do refugio: www.refugiofreybariloche.com , para acampar é gratuito e para pernoitar no refugio é media de 30 mil pesos e necessário levar saco de dormir e lá eles alugam também, paguei 3 mil pesos o aluguel do saco e achei bem limpinho, lembrando que você dorme em um alojamento com diversas beliches tudo grudada uma na outra e todos dormindo junto em seus próprios sacos de dormir (para quem nunca dormiu assim parece ser estranho mas eu achei super de boa, dada as circunstancias do lugar). Lá eles vendem também uma janta bem modesta mas bem saborosa. A entrada para a trilha é na base do Cerro Catedral ao lado esquerdo do estacionamento, só perguntar para os funcionários do parque que eles irão indicar, do inicio do estacionamento até a entrada da trilha pode ser confuso mas com atenção e instinto da certo, na duvida use um wikiloc ou baixe um google maps apenas para se orientar, qualquer tipo de trilha se não prestar atenção é fácil se perder, mas após a entrada da trilha acaba sendo bem demarcado caminho. Inicie cedo para aproveitar lá em cima, se for fazer no verão da para ir e voltar no mesmo dia, pode ser cansativo mas da pra ir de boa e na primavera dependendo das condições climáticas acho que da também mas não sei se compensa, na duvida leve suprimentos para 2 dias. O que levamos: 2 bastonetes de galho de arvore Oculos escuro polarizado 1 mochila de ataque cada 1 garrafa de agua cada 1 Hidrosteril para pegar agua do degelo e deixar para consumo humano 1 lanterna 1 faca Umas 3 garrafas de vinho 2 latas de gin Lanches e petiscos Lenço umedecido e papel higienico Agasalho e segunda pele Botas de trekking Meias impermeáveis No inicio da trilha é bem plano, os passos vão progredindo ao redor do lago Gutierrez e a vegetação já ficando abundante devido a ao degelo da época, é possível ver bastante Carancho (o nosso Carcará) e alguns pássaros já iniciando os cantos, a cada passo que se dá a paisagem muda, pois é possível ver cascatas, bosques com pica pau em seu horário de trabalho e a medida do tempo a dificuldade começava a ficar progressiva já que nossas botas de trekking se afundava no gelo, nos 2 ultimos kms de trilha foi o mais complicado, a neve fofa e alta já degelando era como andar num sabão e pra piorar é uma grande subida, nisso paramos umas 5 vezes para descansar e beber agua, o desempenho não aumentava talvez tenha me faltado grampões nas botas para melhorar a performance, o que me ajudava era os bastonetes, extremamente necessário. Depois de 5 horas caminhando, avistamos o refugio e a paisagem era espetacular, ficamos a tarde toda contemplando aquela beleza, vendo esquiadores insanos demorando horas para subir as catedrais e esquia-las em segundos, a Lagoa Tonceck estava completamente congelada, o sentimento era de paz, tranquilidade e o silêncio que as vezes era cortado por alguma piada sem graça que fazia para minha esposa. Ao chegar no refugio há uma sala para deixar as mochilas que devem ficar penduradas já que existe placas com aviso de ratos selvagens que adentram a sala de noite atrás de comida, inclusive rasgam as mochilas se estiverem no chão, com a presença dos ratos é comum ver ao redor do refugio Raposas contrastando com a neve. Ao escurecer todos vão entrando para o refugio e se unem na cozinha para conversar, cantar, tocas violao, jogar baralho, beber e lá ficam até as 22hrs, horário que se apagam as luzes e cessam o fuzuê. Nisso subimos para o alojamento e dormimos, durante a madruaga acordei com uma vontade imensa de mijar, tive que descer do alojamento e saír para ir no banheiro que não fica no refugio, quase congelei na neve para me aliviar e ali foi surreal, pois vi um dos céus mais estrelado que já vi na vida, até mais que no Atacama. Pela manhã acordamos, tomamos café e voltamos de volta para o cerro catedral, já bem mais embalado por ser descida e mais acostumado com o tipo de solo, fazendo a volta em quase 4 horas. Considerações: Se você gosta de trilha e vai para Bariloche e tenha ao menos 2 dias, estude em ir para o Frey, só fique atento a epoca do ano, pois no inverno deve ser bem mais complicado para ir. Os anfitrioes do refugio ajudam muito nas duvidas e respondem rapidamente pelo instagram do Frey. Inicio da Trilha Inicio dos bosques Antigo Refugio abandonado S Subida do leito do rio até o refugio Laguna Tonceck congelada Refugio Frey Janela do alojamento Alojamento Todos reunidos Sala para guardar equipamentos Janela do banheiro
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