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  1. Saudações, mochileiros!!! Este é um relato que me anima compartilhar, uma vez que este roteiro é pouco falado e reflete um lado do estado de Santa Catarina que talvez poucos conheçam, um pouco afastado das oktoberfests, o litoral com suas badaladas praias ou a charmosa e fria serra. E com certeza é um roteiro que inspira amantes de uma boa caminhada. Trata-se do circuito caminhante do vale europeu. Criado a partir de 2006 como uma iniciativa de amigos, empresários e governos locais da região do vale do Itajaí para promover o turismo local, o caminho conta com 12 cidades e mais de 300km de chão, dos quais 9 cidades e 213km são feitos a pé (o percurso maior é feito de bicicleta). Obtive conhecimento acerca desta aventura durante uma visita rápida em Pomerode, feita em 2023, vendo um totem que marcava o início/fim da etapa. Como percebi pelo caminho da fé que tal atividade poderia ser uma nova fonte de aventuras na minha vida, aproveitei que iria passar o mês de setembro/2024 na região para realizá-lo. Há um site devidamente organizado para orientar qualquer pessoa que deseja fazê-lo - https://valeeuropeucatarinense.com.br/circuito-caminhante/, onde constam praticamente todas as informações necessárias e contatos para tirar dúvidas. O caminho é autoguiado, ou seja, em praticamente todo o percurso há placas, totens ou setas indicando a direção certa, além do tracklog e uma cartilha com as direções no próprio site para ajudar os caminhantes. Setas brancas para o caminhante, amarelas para o ciclista. Mamão com açúcar Falarei da minha experiência, dos lugares onde me hospedei e de impressões, dicas e críticas. Sem mais delongas, vamos ao que interessa Primeiramente, tive que ir para Indaial, município vizinho de Blumenau, pois é lá onde o percurso do caminhante tem início e fim (diferente do circuito do ciclista, que começa e termina em Timbó). A pequena cidade transmite uma vibe bastante interiorana e tranquila (por vezes tranquila até demais pro meu gosto ). Resumindo, um lugar bom para se aposentar. Como está no vale, não esfria tanto (na mesma semana tinha pegado 9 graus em Florianópolis, e sair de japona pela madrugada era obrigatório ❄️). A mata atlântica ao redor, a passarinhada, o grande Itajaí-açu, a limpeza das ruas da região central e a conservação das praças tornaram minha breve estadia agradável. As amazônicas vitórias-régia chamam bastante atenção na entrada da prefeitura Todo final de tarde era de lei sentar aqui, comer cuca e assistir a vida acontecendo de diversas formas. A ponte dos arcos com o Itajaí-açu. Peguei a credencial do caminhante no Hotel Fink, onde você deve ir para pegar o certificado no final do circuito. Esta credencial, tal como a do peregrino do caminho da fé, serve para os carimbos que você pegará ao longo do circuito para comprovar que passou pelos lugares. Como o hotel estava sem vagas para pernoite no dia, acabei me hospedando no Hotel Larsen, o que foi uma opção melhor, pois este fica mais perto do início do caminho, bem no centro da cidade. O atendimento e a cordialidade foram muito boas, recebi algumas dicas do que fazer na cidade, etc. Paguei R$ 85,00 com café incluso. Recomendo. Sábado, 07/09 - Indaial/Timbó A cidade (na verdade o país, né) amanheceu mais animada do que o de costume, pois como era feriado da independência, haveriam desfiles. Um tempo nublado e um pouco de neblina típica no vale se fariam presentes naquela manhã. A ponte dos arcos marca o início. Partiu? Essas plaquinhas estão presentes em todo o circuito. Preste sempre atenção Descansado e bastante animado, iniciei a grande caminhada às 7 da matina. Em um primeiro momento, andamos por umas duas horas no perímetro urbano, enquanto que as casas, aos poucos, vão ficando menos numerosas, e vamos adentrando na parte rural da cidade. No caminho, cruzei com uma curiosa cancha de bocha num barzinho fechado. Pode parecer "caboquice" minha, mas sempre tive curiosidade de assistir uma partidinha, esse curioso jogo é meio que o futebol dos habitantes da região . Após passar por um pequeno bairro rural, sou apresentado a uma amostra do que vou ver daqui em diante: morros e mais morros de mata atlântica, campos de arroz, plantações de banana, florestas de manejo, casinhas e fazendas distantes umas das outras. Muitas paisagens paisagísticas de encher os olhos. Enfim, estava conhecendo o interior, de fato No caminho chego na Casa Duwe, que aparentemente foi tombada como patrimônio histórico da região e parece que foi tirada de um conto dos irmãos Grimm. Pensei em dar uma pausa lá, mas os cachorros estavam bem afoitos com minha chegada, e a senhora que estava varrendo o local parecia um pouco incomodada. Como lá não tinha carimbo, resolvi tomar meu rumo. Após aproximadamente três horas de início, finalmente vejo uma placa de um "apoio". Mas ainda precisava subir um sinuoso e demorado morro (no circuito as mudanças de altitude e morros são quase uma constante, treine bem os cambitos). Lá em cima, descubro que sou o único caminhante em dias, e marco minha credencial com o primeiro carimbo 🎉. Lá você pode comprar água e lanches. Como ainda estava cedo, resolvi pular o lanche. E de lá de cima tinha algumas visões de partes do vale. Infelizmente o país estava tomado pelas fumaças das queimadas na amazônia, pantanal e campos paulistas, o que comprometeu a visão dos belos vales ao horizonte. Durante a descida, sou apresentado também aos primeiros borrachudos, que seriam uma desagradável companhia em quase todos os dias . Ainda bem que no meu estado nossa única dor de cabeça é com mosquito. E por fim, passo por um bambuzal, onde consigo mais uma vez encontrar um cajado que fielmente seria uma parte do meu corpo até o final da jornada (e bastão de caminhada é imperativo para este percurso, leve!) Cajado de bambu lvl 1, bom para se apoiar, medir profundidade de poças, espantar cachorro ou pegar frutas. Será que o dono é paleontólogo? Morro descido, e agora na estrada que leva a Timbó, dou a sorte de cruzar com um restaurante aberto, onde compro uma farta marmita. Aproveite cada oportunidade que tiver para almoçar uma refeição completa, pois nem todas as etapas do percurso terão restaurantes acessíveis assim ⚠️ Finalmente, às 14:00, vou entrando nas dependências de Timbó, chamada de "pérola do vale", conhecida como a "capital do cicloturismo", e também início/fim do circuito ciclístico, como já havia mencionado. O complexo turístico do Imigrante, assim como a Ponte do Imigrante me receberam de braços abertos, enchendo meus olhos com tamanha beleza. Muuuuuito legal que simpático e simbólico este simples banquinho 😃 Tinha falado com o dono de um hostel local para deixar "reservada" minha estadia. Quando chego, uma surpresa: dou com o nariz na porta do hostel fechado, e não conseguia falar com o proprietário. Após alguns sustos com os valores de estadia de alguns hotéis locais, resolvo ficar no solar 197, onde fui MUITO BEM atendido. Fora a casa, linda e impecável por fora e por dentro. O local parecia se garantir tanto na qualidade do atendimento que até tinha um livro de mensagens dos hóspedes (repleto de elogios). De longe esta foi a MELHOR hospedagem do circuito onde fiquei. Paguei R$ 145,00 incluindo um maravilhoso café da manhã. Menção honrosa 👏 Com isso, só restava andar pelo centro, comprar lembrancinhas, pensar na vida na ponte do imigrante e ter um agradável sono. 08/09 - Timbó/Pomerode Começo a etapa às 08:00, um pouco mais tarde do que o desejado, pois tirei um tempinho para tirar umas fotos e namorar o bonito centro turístico de Timbó. O dia seria parecido com o anterior, com uma andada pelo perímetro urbano, zona rural e mais uma grande subida de morro. Passaria pelas dependências do morro azul até Pomerode, a "cidade mais alemã do Brasil". sempre uma neblina matinal para embelezar a paisagem... Ao menos as manhãs têm sido frescas, ao passo que o céu ia se abrindo e o sol começava a se manifestar. Como era domingo, praticamente tudo em matéria de mercado estava fechado. E nesse dia não cheguei a cruzar com restaurante. Como tinha frutas, um sanduíche, uns pedaços de cuca e um gatorade na mochila, não cheguei a me desesperar Após duas horas, começo a subir no ramal que leva ao morro azul, dessa vez um percurso menos cansativo, mas bastante longo. Diferente do dia anterior, haviam menos casas e muito isolamento em estradas de mata. Cruzei com alguns ciclistas. Desde o caminho da fé que não trabalho tanto num domingo...😤 Após 3 horas de caminhada, chego numa bifurcação decisiva: o morro azul seria um desvio não programado de 3km morro acima, o que totalizaria 6km ida e volta. Já estava quente. Por outro lado, estava ali, e nem sei quando voltaria na região, fora que pensei na possibilidade de acampar no morro (tem área para camping dentro do parque), e pular Pomerode no dia seguinte para compensar. Ia decidir lá em cima. As dicotomias da vida A subida foi bem puxada, e isso somado com o calor do meio-dia e a ausência de um almoço decente quase fazem eu me arrepender de fazer esse esforço adicional. Mas enfim, cheguei em um dos mirantes, onde mal podia ver Timbó em virtude da fumaça. Mas a visão ainda assim era interessante, e o mirante transmitia tranquilidade. Aproveitei para devorar toda a comida que tinha. Em dias de céu limpo tenho certeza de que as fotos saem sensacionais. Acabei decidindo que ia descer para Pomerode ainda no mesmo dia, pois não queria ter o esforço da descida no dia seguinte, e ainda por cima com fome. Água não era problema, pois pude recarregar as garrafas em um bebedouro do parque 🙌. Inclusive essa é uma oportunidade de pegar água se você realmente precisar no percurso, apesar do desvio. Obs: o "apoio" que tive no trecho anterior não existiu aqui, então leve água e lanche suficiente. Esse trecho é particularmente isolado ⚠️. Não sei o que era pior, a subida ou a descida que aparentava não ter fim, e ainda me levava a subir alguns trechos novamente . No caminho, cruzo com uma curiosa tartaruga que mijou em mim enquanto deixava ela mais afastada da estrada. Imagina se ela pega meu nariz do nada? Após uma exaustiva descida, chego no marco divisório de Pomerode, onde o sinal de internet magicamente resolve aparecer, e onde consigo avistar parte da cidade, naquela velha ilusão do demorado tempo de descida. O famoso "é logo ali" do mineiro, só duas horas para chegar Finalmente após 9 horas de percurso (esse adicional se deve ao desvio do morro azul, naturalmente), chego no belo pórtico sul do município. Willkommen, Stan Tinha falado previamente com algumas hospedagens, algumas já tinha descartado de cara (tinha nego cobrando R$ 140,00 sem sequer oferecer café, um absurdo!), e tentando entrar em contato com duas hospedagens distintas no dia, não obtenho resposta. Por sorte, o Hostel Portal, localizado literalmente na frente do pórtico, estava aberto e até vazio. Não precisaria andar pela cidade à procura de cama. O valor, R$ 120,00 sem café incluso, porém, dava direito a desconto num café parceiro que também ficava próximo ao pórtico. Justo. Não cheguei a utilizar esse desconto pois fiz compras e preparei janta + café por conta própria na cozinha do hostel . O responsável pela hospedagem, super gente boa, ainda me deu uma lembrancinha da cidade. Bons quartos/banheiros. Pelo horário e pelo cansaço, infelizmente não pude andar pela cidade. 09/09 - Pomerode/Rio dos Cedros Esse trecho é o menor do circuito caminhante, não dá nem 20km. Logo, não saí desesperadamente cedo. Andei um pouco na cidade e fui novamente na Pomerode Alimentos, venda de queijos premiados e produtos coloniais, onde aproveitei para comprar algo para casa, e ainda por cima tive a oportunidade de falar com a bela e simpática balconista com quem tinha conversado ano passado. Para minha surpresa, ela lembrava de minha pessoa. Deixei um presente de minha cidade para ela e sugeri que me procurasse, caso resolvesse conhecer o Amazonas. Seria legal se isso acontecesse, pois tinha simpatizado bastante com ela. Enfim, às 10:00 começo de fato a caminhada até a próxima cidade. Na saída do perímetro urbano, passo por um restaurante. Mais uma oportunidade de comer bem e compensar a miséria do dia anterior. Ainda por cima havia Eisbein e chucrute inclusos no cardápio Por vezes mochilar significa comer - literalmente - na beira da estrada, e está tudo bem. Fato: apesar de ser o trecho mais curto, é o menos interessante, pois ele é feito quase que totalmente na estrada, com poucas oportunidades de desvios de ruas de terra. Isso se devia, pelo que me explicaram, a tentativas de acordo com fazendeiros locais para permitir um caminho viável "por dentro" das áreas de fazenda que ainda não deram certo. Com isso, prepare-se para ver caminhão passando em alta velocidade por você após o almoço, passo pelo Museu casa do imigrante Carl Weege, que conta um pouco da história da colonização da região e modo de vida do homem do campo. Infelizmente, por ser segunda, estava fechado. Mas ressalto que é uma boa parada, pois há banheiro (quando está aberto) e uma pequena área coberta para descanso, piquenique... Seguindo em frente, vou pela SC-110 vendo fazendas, casinhas no estilo arquitetônico do enxaimel, e muito asfalto. Não cheguei a ver comércio ou mais restaurantes, mas havia venda de produtos como mel e banana em algumas casas. Em determinado momento há um breve desvio por dentro de área de mata e fazenda. Particularmente achei bonito o visual de entrada. Após a estrada de terra e um cemitério, avisto a plaquinha de entrada no município de Rio dos Cedros. Havia uma simples pracinha onde via uma frase em italiano, evidenciando a influência daquela pequena cidade. Nas dependências havia o Hotel e Restaurante Joanna Bella, onde pensei em me hospedar, mas como tinha chegado cedo na cidade, resolvi bater no centro (a uns 2km dali) para ver se haviam mais opções de hospedagem e concluir a etapa do dia no letreiro da cidade. Pensei em acampar no parque da cidade, mas não tinha obtido retorno na tentativa de contato, além da possibilidade de o mesmo estar indisponível, por ser uma segunda. Fora isso só tinha visto um hotel no centro, cuja dona estava ausente. Descobri também que por um dia de diferença tinha perdido a festa trentina que estava ocorrendo na cidade Com isso, retornei para o Joana Bella, e a estadia foi bastante agradável. De família de descendentes de italianos, o restaurante possui uma temática caseira com itens antigos e vários recortes de notícias da história da cidade. Um em particular me chamou a atenção, que falava do episódio de neve no vale em 2013. Conversei animadamente com alguns locais sobre a cidade e sobre meu estado também. Aqui paguei R$ 120,00 com café incluso. 10/09 - Rio dos Cedros/Benedito novo Acordei com o canto do galo para apreciar o friozinho da madrugada, a paisagem natural ao redor e o som da passarinhada em peso. Uma coisa que tinha reparado (e dava graças a Deus por isso) é a pouca quantidade de gatos na região, o que permitia até que passarinho catasse fruta no chão. Saí às 7:00, tendo que passar novamente pelo centro da cidade. Curiosamente notei que alguns cursos d'água estavam recebendo barragens de pedra nas laterais, acredito que era uma forma de minimizar os efeitos das enchentes futuras (tendo em vista as recentes tragédias em Rio do Sul e no Rio Grande do Sul). Esse trecho foi um dos mais bonitos do caminho, foi ótimo voltar a ver os grandes campos e trabalhadores rurais em mais um dia de batalha. Perdi a conta de quantas vezes dei acenos de cabeça ou falei o universal "opa!" ao passar pelos locais em suas hortinhas. Após alguns campos, começo a subir novamente em trechos de pequenos morros, ficando isolado. Não demoro a chegar num pequeno e belo curso d'água no caminho. Aparentemente ali fica a captação de água para a região. Confesso que a tentação de tomar um banho e tirar uma horinha aqui falaram bem alto... ...Até lembrar dos avisos de restrição e buracos de bala. Como o catarinense não só costuma se armar como também não tem muita paciência com bandido, não queria dar trela e gerar um mal-entendido Subindo mais um pouquinho, dou uma olhada para o lado e paro. Tinha chegado num "mirante não oficial" com uma BELA vista da região de onde vinha. Passei uns minutos ali, parado, no meio da estrada, apreciando aquela aquarela natural. O vale em sua mais pura essência... Por mais uma horinha ou duas fiquei bastante solitário naquele ramal, com poucas oportunidades de ver pessoas nos poucos carros ou motos que passavam. 90% das fazendas ou casas aparentavam estar sem pessoal no dia. Fiquei a pensar como me viraria em caso de uma emergência. Tenso. Por fim, um cartaz anunciava minha chegada nas dependências de Benedito Novo. As casas voltaram a aparecer com mais frequência. Parei em uma parada aleatória para "almoçar" o lanche que tinha preparado no Joana Bella. Alguns piazinhos chegavam da escola de ônibus e olhavam curiosos para minha figura, cheia de apetrechos e solitária. Tinha chegado relativamente cedo, umas 13:00 no totem que anunciava o final do trecho. Agora tinha que ver hospedagem e procurar almoço. Havia um espaço aberto para piquenique e churrasco bem legal nesta parte do município. Benedito Novo é um município com um território considerável, mas parece que ele foi construído "aos poucos" e "fragmentado". Um pedaço aqui, sobe a estrada um pouco e mais um pedaço, depois mais um pouco de estrada e chegamos a outro pedaço do município. A hospedagem onde pretendia ficar estava distante do pequeno centro (e do supermercado), então foi um vai e vem bem complicado. Gostei da pequena praça no centro. Não cheguei a achar restaurante (não queria descer estrada demais), então tive que devorar x-salada num barzinho parceiro do caminho. Fazer o q 🤔 Haviam cachoeiras nas dependências da cidade, mas era necessário carro ou pelo menos uma bike para chegar nelas, o que era uma pena, pois a tarde foi razoavelmente quente e ensolarada. Enquanto me dirijo à hospedagem, sou parado por um "coroa" estacionado na beira do Rio Benedito, que começa a puxar papo. A princípio, achava que era simples curiosidade de morador, até que ele fala que tinha me "reparado" andando no centro da cidade, e começa a fazer perguntas sobre minhas viagens, até que ele chega a perguntar se eu fico "sexualmente" ativo nessas aventuras. Ok, tinha um cidadão literalmente DANDO em cima de mim mesmo??? dou umas respostas educadas porém curtas, minto sobre meu próximo destino (não sei, né, vai que.....) e corto uma despedida, enquanto que ouço um "ah, espero que a gente se encontre por aí, caso der pra rolar qualquer coisa..." Primeiro: eu estava sujo, suado, queimado e até magro, que mau gosto da moléstia!!! . Segundo, PUTA MERDA, pq eu não tenho esse "chama" pras Fridas da região???? Terceiro: tratei de comprar uma pequena faca no mesmo dia. Curiosamente, mais cedo uma mãe tinha me parado num dos ramais perguntando se tinha visto um rapaz que estava desaparecido. Será que estava sendo avaliado por um potencial sequestrador??? Meu descanso do dia foi na Pousada Antônio Campestrini. Ali havia o primeiro ponto de água disponível para ciclistas e mochileiros de passagem. A sra. Tânia, responsável, foi muito agradável e solícita para passar informações. Mesmo que eu não tivesse ficado lá, ela ainda foi muito gente boa em recomendar hospedagens nas outras cidades. Conversamos bastante, e aproveitei para comprar uma camisa e um "patch" do circuito. A hospedagem custou R$ 120,00 sem direito a café, mas com uma maravilhosa suíte. Há a opção com café, mas era R$ 190,00, o que achei uma "facadinha". E tem uma opção de quarto de R$ 90,00, mas que estava ocupado no dia. 11/09 - Benedito Novo/Doutor Pedrinho Levantei cedinho, pois esse trecho era um dos mais longos do caminho (não lembro se o maior, aproximadamente 30km), com direito a mais subidas. Curiosamente era o primeiro trecho com bifurcação, oferecendo duas opções que iriam dar em Santa Maria, o que acredito ser um "distrito" de Benedito Novo. Pensando na abordagem que tive no dia anterior, optei por seguir a estrada principal e ter mais "civilização" por perto, sempre atento aos carros de passagem. A primeira parte do trecho é bastante urbanizada, mesmo ao pegar o ramal de terra. Ouvia as conversas em algumas casas, onde era possível perceber algumas expressões que acreditava ser italianas, além do sotaque bem carregado da região. Dei bastante risada ao ouvir uma senhora que dava bronca no cachorro que insistia em latir para mim. Após algum tempo, volto a ficar só nos ramais rurais, até chegar na antiga usina de Santa Maria. Estava bem seca. Fiquei a me perguntar se funcionava. Mais embaixo, havia um belo mirante da região, que infelizmente não foi perfeito em virtude da fumaça. Naquela estrada secundária em particular passavam vários carros e caminhões, o que me levou a crer que tinha escolhido o caminho mais tranquilo. Ali havia uma obra de asfaltamento e urbanização da grande estrada em curso. 🤔 No final da matina, chego no "centro" de Santa Maria, onde paro para fazer umas comprinhas, procuro um restaurante aberto (sem sucesso) e pego um pouco de wi-fi na paróquia local. Ainda faltaria bastante chão. Seria mais um daqueles dias quentes e de céu aberto. Queria me aliviar um pouco com um banho. Sendo assim, após passar por algumas corredeiras em áreas de fazenda, cruzo com uma na beira da estrada, sem cercas ou sinais de ser privada, e com uma pequena trilha improvisada na mata. Precisava dar uma folga a meus cansados pezinhos. Água transparente e geladinha deu para ficar por uma horinha aqui, enquanto que os poucos carros e motos de passagem sequer me viam. favor ignorar o pneu no fundo Após avançar mais um pouco na estrada, cruzo com a segunda corredeira, ali sim aparentava ser um "point" de banho da piazada aos domingos. Não pensei duas vezes, ignorei o fato de que estava longe do destino final, e parti pro segundo banho 💦🏞️ Um cabra de férias na beira da corredeira numa tarde de quarta não quer guerra com ninguém... Os banhos foram um alívio, mas esse trecho estava bastante cansativo mesmo assim. Precisei parar numa serraria para pedir água, onde me liberaram para usar a torneira de água de poço. Após uma grande subida ao longo de plantações de manejo de eucalipto, chegava num atrativo turístico conhecido, a Gruta Santo Antônio. Bem legal para tirar fotos, apreciar, e havia um pequeno altar no fundo da mesma. Isso é um grutão!! E logo mais acima, antes de enfim começar a fazer a descida final, passo por um charmoso trecho em uma floresta de pinheiros. Sentei e descansei por um tempo aqui, pois gosto da vibe que esse tipo de lugar passa. Após uma longa descida, chegava em Doutor Pedrinho com pouca luz do dia disponível, após 10 horas de caminhada (esse foi o trecho mais cansativo, mas também foi o que permitiu mais pausas). Minha hospedagem seria o Hotel Dan, onde paguei R$ 90,00 sem café. Havia a opção com café, mas a meu ver a diferença de valor seria mais interessante para comprar ingredientes para fazer alguns lanches, pois eu iria acampar no dia seguinte. Sendo assim, minha "janta" seria x-salada num lanche local Obs: em setembro de 2024, apenas o sinal da TIM existia aqui. Fora isso, só pegando wifi nos lugares ⚠️ 12/09 - Doutor Pedrinho/Ribeirão Liberdade (Benedito Novo) A partir daqui o percurso começa a retornar para Indaial, a partir de alguns bairros rurais em uma região de morros, com muita estrada de terra e mata para admirar. E esse trecho normalmente se divide em duas partes, embora seja possível (mas não acho interessante) ir direto para Rodeio. Há várias opções de descanso, como pousadas, chalés de montanha e alguns campings. Estava cansado de tantas pousadas, queria acampar um pouquinho. Dito isso, tinha reservado um pernoite no Camping e Cabana Vale da Liberdade. Apesar de o camping estar relativamente perto de Doutor Pedrinho (~13km), tinha programado um desvio de 5km até outro atrativo turístico que tinha despertado a minha curiosidade, a Gruta Nossa Senhora de Fátima. Mesmo assim ainda seria um dia com menos caminhada do que os anteriores. A primeira etapa consiste de uma caminhada no perímetro urbano da cidade, sempre com grandes campos alagados, os trabalhadores arregaçando as mangas no lamaçal e o horizonte repleto de morros e florestas naturais/de manejo. A bifurcação começa quando chego no Salto Donner, que estava bem sequinho e desinteressante, a meu ver. Para minha alegria tinha restaurante ali, onde provavelmente pararia na volta. Com isso vou no sentido contrário, rumo à gruta. Após 1:30, chego nas dependências deste santuário verde, e meus amigos e amigas, que SENSACIONAL. Com certeza foi o local mais incrível que conheci nesta viagem!! Neste atrativo foi construída uma trilha de acesso com altares das estações da via sacra, e um belo conjunto de passarelas na gruta propriamente dita, com direito a uma pequena queda. Não vou negar, deu uma pequena emocionada, o som da natureza, o silêncio da gruta, o frescor do sombreado, a cascatinha em queda, tudo orquestrava para uma paz de espírito sem igual. Sou meio cético em relação a casamento, mas se tivesse a oportunidade, casaria ali com toda a certeza. Fiquei "sozinho" por uma hora naquele recanto, enquanto pensava na vida e contemplava um mural de "promessas e agradecimentos", refletindo sobre tantas histórias de vida distintas ali. Mas como alegria de pobre dura pouco, precisava ir embora. Almocei no restaurante do mirante do Salto Donner. Mesmo sendo um restaurante de aspecto chique, o responsável foi muito cordial comigo, mesmo sendo um pobre mochileiro que apenas queria uma marmita. Após um pouco de descanso, voltava a andar, desta vez no caminho correto. Passei por algumas vezes ao lado das corredeiras do Rio Benedito, em cenários que pareciam ser tirados de filme americano. O dia estava quente, então precisei parar duas vezes para pedir água e recarregar minhas garrafinhas. Nas duas vezes fui bem recebido pelas moradoras locais. Às 15:30, chego no camping. Para minha surpresa, estava tudo fechado e sem gente. E ali não havia sinal de internet. A responsável tinha me avisado antes que deixara um dos portões "encostado" para mim. Um baita alívio. Pego o wi-fi do local e entro em contato com a gestora, que estava em Criciúma numa convenção de campings mas o marido dela chegaria no final da tarde para me receber. Ela disse que podia usar o espaço como quisesse e depois me acertar com eles. Um belo voto de confiança! Este sem dúvidas foi o melhor camping onde já fiquei. Belas e organizadas instalações, com espaço para trailer, espaço para barracas, casinha com churrasqueira... A cereja do bolo é a cascata e a corredeira, bem ao lado, me chamando para um banho de final de tarde. para o dia, não queria mais nada. Tudo deu certo neste dia. Até água quente para fazer cafezinho tinha conseguido. A noite foi fresca e pude dormir como um bebê ouvindo o barulho do riacho ao meu lado. 13/09 - Ribeirão Liberdade/Rodeio/Ascurra/Apiúna Esse dia foi bem agitado por vários motivos. Estava sempre consultando a previsão do tempo, e pelo que constava antes, iria ficar um tempo firme hoje, no dia seguinte poderia chover um pouquinho e dois dias depois poderia chover um poucão. Apesar disso, tinha ido preparado. Estava indeciso entre acampar no Rancho k2000 e permanecer mais um dia na região, ou ir para Rodeio e no dia seguinte conhecer ele e Ascurra, antes de finalizar o percurso. Iria ver como isso ia desenrolar. Fiz meu cafezinho com o remanescente dos lanches que tinha feito em Doutor Pedrinho, e contava com algum lanche ou restaurante aberto no caminho para me deixar com tanque cheio. Se não estava enganado, passaria pelo Restaurante e Lanchonete da bike gigante, conhecidíssimo entre a galera do pedal. As paisagens estavam ainda mais lindas naquela manhã neblinosa. Na verdade, neblinosa demais. 🤔 Estava com a impressão de que pegaria chuva. Na região passo por várias fazendinhas, e mais uma vez podia ver de perto o início do dia dos fazendeiros locais, com seu gado para dispersar nos campos ou galinhas para alimentar. Simples, mas ao mesmo tempo bonito. Não demoro muito até chegar em um bairro mais organizado com uma pequena igreja luterana (essa denominação é bastante presente na região) construída no estilo de enxaimel. Muito bonita para ficar admirando de longe ou de perto. Tudo limpo e organizado. Até eu iria querer ser enterrado no cemitério ao lado Após esta atração, começa a chuviscar. Pior, não era uma simples chuva. Ia descobrir depois que era a tal da chuva negra, resultado da fuligem da fumaça das queimadas que estava na região. Ela pode ser prejudicial para pessoas mais sensíveis, mas no meu caso não resultou em nada. Era hora de parar em uma casa na estrada e me encapar. Nisso passo por um ciclista acompanhado pela mulher (de carro) que já tinha pegado bastante chuva. Trocamos informações brevemente, desejamos bom percurso a cada um e seguimos então em sentidos opostos. Já um tanto molhadinho e encapadinho. Essa chuva não deveria cair hoje. O tempo deveria ser de nublado, no máximo. Com isso em mente, decido que iria para Rodeio. Como estava sem internet (normal), não podia consultar mudanças no clima. Passo pelo segundo ponto de coleta de água para quem estava de passagem. Mais ou menos meio-dia chego no lanche da bike gigante. O lugar é bem divertido pela temática e pela "rusticidade". Bikes de diversos tipos e idades decorando o local, mais as duas grandonas de madeira. Como sou ciclista, fiquei bem cativado pelo lugar. Tinha descoberto que havia camping no local também. Em outras circunstâncias, teria ficado logo aqui. o tamanho da minha paixão por bike 🚲 Havia refeição, mas achei o valor do buffet um pouco salgado, e eles não serviam marmita. Então me contentei com café e bolo para recarregar a glicose e enganar o bucho até chegar na cidade. Passo pelo k2 mil, que possui uma tirolesa gigante que literalmente atravessa aquele vale. Uma atividade para uma futura visita na região??? Após um tempo, começo a fazer uma grande e gradual descida. Como tinha subido bastante nos primeiros dias, agora era hora de descer. No caminho passo por uma curiosa casa de pedra, que apesar de ser uma residência normal do proprietário, aparentava ser um restaurante ou uma pousada . Tive uma agradável conversa com o dono, também. Por fim, antes de chegar em Rodeio, passaria por mais uma atração, o caminho dos anjos. Idealizado por um morador local, este pequeno trecho conta com mais de sessenta estátuas de anjinhos com hortênsias ao redor de uma réplica do Cristo Redentor. Muito bonito para uma pausa. Na época das hortênsias o lugar deve ficar ainda mais espetacular. Chegando nas dependências de Rodeio, passo por mais um ponto de descanso e abastecimento de água. Fiquei a pensar em como isso deveria ter em todos os trechos do percurso. Espero que resolvam isso. Finalmente chegava na cidade, às 17 horas. Apesar do fim de tarde, ainda dava tempo de ver as hospedagens disponíveis na cidade. Eram poucas. Tive que me contentar com a mais "central", quase do lado da prefeitura. Para minha surpresa, naquele dia estava fechada 😑. A gerente me indicou outra pousada, que além de ficar um pouco longe, era na contramão do percurso. Com isso, me vi obrigado a ir para Ascurra. Por sorte, ambos os municípios pareciam mais bairros vizinhos, uma vez que era só atravessar uma avenida de poucos km para mudar de CEP . Já era de noite quando resolvi parar num posto de gasolina para "jantar" e perguntar por hospedagens locais. Mais uma vez fui surpreendido com a escassez de hotéis e afins (nem motel vi nas ruas e estradas, fiquei me perguntando se o povo local namorava no mato ), sendo informado de que havia apenas um no centro. O valor, 200 pilas, e nem sabia se havia café incluso, e isso pq era hospedagem parceira do circuito! Uma coisa é ser mão de vaca e não querer pagar hospedagem decente, outra coisa é gastar adoidado e ficar sem dinheiro no final do mês (depois desse circuito ainda passaria 15 dias no Paraná, tinha que "manerar" nos gastos). Com isso minha estadia em Rodeio e Ascurra tinha miado. O "plano C" era o município de Apiúna, que faz parte do circuito, mas não é obrigatória a passagem por ele ser "na contramão". Em compensação já tinha ciência de uma pousada interessante por lá (90 pilas e com café incluso). Estava decidido. Mas estava cansado e não queria ir a pé. Outra surpresa: aplicativo lá é praticamente inexistente. Mais uma vez tive que recorrer à atendente do posto que tinha chamado um "taxista" local. Às 8 da noite já estava fazendo check-in na pousada dois Bernardi. Aproveitei para ir na rodoviária e ver horário de ônibus de volta para Ascurra (ia conhecer a cidade, pegar carimbo e começar o percurso de lá). Para minha decepção, o primeiro ônibus do dia saía às 11 da matina. Sem condições. Teria que fazer os 30km finais à pé a partir de Apiúna. E bem cedinho. Para o dia seguinte havia alerta de temporais no estado, inclusive na região do vale. Com isso, dormi o mais cedo que pude. 14/09 - Apiúna/Indaial (final do circuito) Resolvi levantar às 3 da manhã. Já chovia um pouco. A possibilidade de pegar chuva forte no meio "do nada" me preocupava. Fiz o check-out, e para minha alegria já havia café disponível (mesmo o horário do café sendo às 5:30). Como passam muitos caminhoneiros pela cidade, aparentemente o café e restaurante era 24 horas. E apesar de ser madrugada, o local estava até animado. Nunca vi tanta gente falando mal do governo federal num só lugar De estômago cheio, começava a etapa final do circuito às 4 da matina. A cidade de Apiúna aparentava ser uma grande reta, e curiosamente tinha mais hospedagens visíveis ali do que em Rodeio e Ascurra juntos tudo bem quieto naquela madrugada, e apesar de estar no estado mais seguro do Brasil, torci para que não arrumasse problemas. A ida pela estrada fria foi até divertida. Pela primeira vez na viagem me permiti ouvir música. Era uma figura maluca cantando sozinho na estrada chuvosa e escura, de t.A.T.u. a rock pauleira. Era cômico. E por alguma razão me sentia mais vivo do que nunca naquele momento podia chover canivetes que nada iria estragar meu humor naquela manhã. Passava pelos limites de Ascurra às 6 da matina, com a luz surgindo, mas sem sol. Relampejava no horizonte. Essa última etapa passa pela rua Indaial, margeando o Itajaí-açu e acompanhando a BR-470 do outro lado do rio. Era basicamente estrada de terra com as casas ficando cada vez mais escassas. Aqui via mais plantações de arroz e banana. Contemplo a naturalidade das belas paisagens finais daquele passeio, dignas de um quadro pintado a óleo. Estava "sozinho" novamente. A chuva dá uma trégua, o que me anima. Aproximadamente às 8:30 chegava nas dependências do bairro do Warnow, uma importante referência de Indaial. Infelizmente a ponte coberta, ponto turístico para belas fotos, estava em reforma. Talvez você, próximo/a caminhante, consiga pegar ela formosa e reformada. Outro ponto comentado onde muita gente para e tira fotos é a Ponte pênsil do Warnow. Uma grande ponte que balança e com um controle rígido de passagem, pois só permite um veículo por vez. Não sabia se era permitida a passagem de pedestres, mas também não vi avisos de proibição. Entretanto, não achei interessante atravessá-la. Mesmo dentro do perímetro urbano, ainda faltariam duas horas para a conclusão do percurso. Aqui não há nada a ser destacado, era apenas caminhada na estrada. Finalmente, às 11:30, chegava mais uma vez ao hotel Fink, onde pegaria o último carimbo e o certificado de conclusão do circuito. yaaaay!! 🥳🎊 Com isso, o caminho estava oficialmente concluído, com louvor! Pela necessidade de descansar e pela simpatia por Indaial, resolvi ficar o fim de semana na cidade, hospedando-me novamente no Larsen, onde fui novamente bem recebido. Antes do dia encerrar, precisava me despedir do meu fiel parceiro. Da natureza veio, à natureza volta. Que o Itajaí-açu seja seu descanso. Obrigado. Pontos a serem discutidos para quem deseja fazer - Apesar de ser um percurso autoguiado, acredito que o ideal seja fazer com uma dupla/grupo, ou algum tipo de apoio. Eu fiz só pq sou meio kamicrazy Fukushima tenho certa experiência com percursos de longa duração, e estava bem equipado. Mesmo assim, a possibilidade de incidentes com o clima, animais ou um bela crise de caganeira no meio de um ramal isolado é real, então é bom botar isso na balança. - Ainda neste assunto, os pontos de apoio ainda são escassos. Não que seja necessariamente culpa da organização do circuito. É que certos ramais são minimamente habitados mesmo. Que eu me lembre, apenas a parada de mochileiros no primeiro dia, o salto donner, e o restaurante da bike gigante nos dias finais. Inclusive fica difícil pegar carimbo. Poderia haver mais pontos de coleta de água também. Portanto, sempre vá bem guarnecido em termos de alimentos e água. - É quase impossível se perder, como já falei. Não só há setas como placas durante quase todo o percurso, e a cartilha que pode ser baixada no site também dá as direções. - Apesar de ter sido cantado por um senhor durante o caminho em nenhum momento me senti inseguro de verdade. As pessoas são amigáveis, algumas mais fechadas, outras nem tanto, mas não vi consumo de drogas, lugares pichados ou indícios de pontos de assalto. SC é um estado incrível nesse aspecto. - Tenha em mente que você irá andar numa média de 6 a 10 horas, dependendo do trecho. Use um calçado de confiança e leve bastão de caminhada. Caso não tenha, peça no Hotel Fink um cajado. Eles guardam alguns de caminhantes anteriores. É bom levar algo para possíveis bolhas nos pés, também. - O percurso pode ser feito durante o ano inteiro, mas no inverno ele é melhor em virtude de ser uma época seca. Também recomendo que você tente ver o calendário de festividades das cidades do circuito, pois aí está uma boa oportunidade de conhecer mais da cultura local. Por exemplo, há a festa pomerana em Pomerode, a festa do imigrante em Timbó, ou a festa trentina em Rio dos Cedros (que tinha perdido). Também há um passeio de maria fumaça nas dependências de Apiúna em dias específicos. - Após o café da manhã nas pousadas, há a possibilidade de vc "montar" um pequeno lanche para a trilha. Acerte isso previamente com os responsáveis das hospedagens, pois alguns lugares cobram uma taxa extra para isso, outros não. - As hospedagens em algumas cidades são escassas. Se possível, reserve com antecedência em cada lugar, para evitar perrengue. Pesquise bastante para não acabar pagando muito em lugares que não valem a pena. Nesse aspecto acho que o circuito apanha do caminho da fé, por exemplo, pois no geral as pousadas são mais baratas lá e incluem janta e café. Mas cada um com a sua forma de trabalhar, né? - E o mais importante, APROVEITE!!! Considerações finais Estes 8 dias foram encantadores! Já tinha uma noção do que poderia ver, mas este circuito literalmente superou as minhas expectativas. A imersão na natureza, o contato com a simplicidade do campo e culturas tão diferentes foram fatores que tornaram a caminhada maravilhosa. Tudo foi perfeito? Claro que não, não deu para conhecer todas as cidades, fiquei procurando hospedagem em alguns lugares, choveu no final do percurso, e isso atrapalhou um pouco, mas, o mundo não ia acabar por isso. Voltaria a fazer? De bicicleta, talvez, pois há mais cidades envolvidas (que não tinha visitado), e quem sabe poderia voltar em época de festividades. Mas por ora guardarei com carinho as lembranças desta aventura, com o que vi, ouvi e senti. Com certeza isso valeu a pena e já me inspira a fazer o próximo percurso de longa duração no país. Viva à diversidade cultural!!!! 👏
  2. Hallo, mochileiros! Dando sequência às histórias de minhas viagens pelo Brasilzão, segue um relato de algumas semanas andando por Paraná e Santa Catarina. Como tinha algumas pendências nesses estados, e as passagens de Manaus para CWB estavam generosamente baratas na época, aproveitei a oportunidade para tirar umas semanas na região. O período escolhido foi o mês de novembro/2023, e na véspera da viagem as expectativas não estavam tão altas em virtude das grandes chuvas que assolavam a região neste ano atípico de el niño. Mas, como sou brasileiro e não desisto nunca, tentei organizar um roteiro viável. Por sorte, pegaria a época de um festival catarinense local, a Schutzenfest (festa dos atiradores) de Jaraguá do Sul. Entretanto, a maior motivação para meu passeio era uma trilha de montanha até nada mais nada menos do que o ponto mais alto do sul brasileiro, o Pico Paraná. Apesar das chuvas, estava acompanhando o clima em sites especializados, procurando uma brecha de tempo bom. E como uma feliz coincidência, o sol voltaria a dar as caras para o povo paranaense nos primeiros dias de novembro. Já tinha o primeiro “rolezinho” definido. Chegando no dia 5 de novembro em Curitiba numa linda e ensolarada tarde de domingo, estava com melhores expectativas a respeito dos próximos dias. Aproveitei para dar aquela passada obrigatória na decathlon para comprar alguns mimos e passar o resto de tarde “lagarteando” no jardim botânico com um belo caldo de cana sulista. No dia 6, segui para o Parque Pico Paraná, a mais ou menos 45km de Curitiba subindo a BR-116. A primeira informação importante desse roteiro é que existe ônibus de Curitiba que vai para as dependências da serra do Ibitiraquire, porém, encontrei uma forma mais prática: no blablacar, uma viagem bastante comum na região é o trecho Curitiba-Cajati(SP), que é bastante em conta e sobe a Régis Bittencourt. Como existiam várias viagens de carona para o dia, fechei com um motorista de manhã cedo e negociei com ele o valor (uma vez que não iria para o trecho final). O motorista, muito gente boa, concordou (embora tenha ficado desconfiado, à princípio, sobre o fato de me deixar na beira da estrada). Éramos 3, um manauara, o motorista paulista e um passageiro carioca que já começou fazendo troça da minha vestimenta: “~manauara, tu, de camiseta e short nesse frio? Maix num é mexmo!!!” Confesso que dei bastante risada nessa hora, pois nortista que é nortista normalmente pensa que “pegar frio” é sair na rua com 25 graus no termômetro agasalhado. Como me considero "uma ovelha negra manauara", eu me aclimato fácil nesses lugares, e considerando o forno que estava a esfumaçada amazônia nessas semanas de verão e queimadas, poderia pegar negativo, nu, no cume dos picos, sorrindo. Após uma hora de viagem, sou deixado na beira da estrada e despeço-me de meus breves colegas de trip, desejando-lhes boa viagem. Ainda precisaria andar por 5km de estrada de terra até chegar na primeira base, a fazenda Pico Paraná. Gostei do local. Estacionamento amplo, banheiro com chuveiro quente disponível, uma corredeira com queda disponível para banho e o cadastro de visitantes para o caso de resgate por um valor mais do que justo (10 pila) pareceram-me bastante atrativos. Havia até uma maquete da serra para que fosse explicado da melhor forma o caminho a ser feito. Após o meu cadastro e a explicação das trilhas, começava a subir às 14:00h em ponto. A princípio, pensei em acampar no Pico Caratuva para no dia seguinte atacar o PP, entretanto, fui aconselhado a fazer o Itapiroca para uma primeira vez, uma vez que a trilha seria mais rápida e a melhor bica de água limpa da região se encontrava no caminho. Em um primeiro momento é uma bela subida com desnível positivo para já ir judiando os joelhos do peão. Após aproximadamente 1h15, chegava no topo do morro do Getúlio, onde já dá para ter uma bela vista do que ficou para trás, e onde já é possível contemplar os vizinhos Caratuva e Itapiroca. Curiosamente havia um mar de nuvens retido no outro lado. Pelo que notei em outros passeios é comum isso acontecer, e no final da tarde, com a diminuição da temperatura, as nuvens saem e passam no sentido Curitiba, dando aquele sereno de início de noite comum na cidade. Com duas horas de subida, chegamos na famosa plaquinha de bifurcação das trilhas. Ainda faltaria aproximadamente 1h30 para o Itapiroca. A partir daqui a trilha começa a ficar mais difícil, com bastante subida em pedras do tamanho de carros e raízes do tamanho de....grandes raízes. As cordas e grampos instalados fazem seu trabalho de facilitar a passagem. A meu ver a dificuldade maior desse trecho é o sobe-desce comum, enquanto "rodeamos" o Caratuva. No caminho, cruzo com a bica de água gelada. Após 3 horas de início de trilha, chego na segunda bifurcação, onde começo a subir para o cume do Itapiroca. Essa parte, apesar de ser um puta desnível, é uma subida rápida de meia hora. E já colocava minha cabeça acima do belo mar branco. Ah, ali estava ele, imponente e belo! Ao chegar numa área aberta e plana, descansei por um momento, enquanto procurava um lugar para montar a barraca. De forma bastante conveniente, havia uma pedra grande com umas arvoretas na base e um pequeno espaço aberto (provavelmente usado por outros visitantes). Seria meu hotel de 1000 estrelas por essa noite. Ainda tinha 1 hora de luz do dia. E que visão, senhores! Apenas o grandioso trio PP/União/Ibitirati, Caratuva, Itapiroca e o solitário Ciririca com suas placas misteriosas estavam à vista. Tive tempo de sobra para assistir o pôr do sol naquele santuário nas alturas. O silêncio, a temperatura amena, o cansaço, a solitude e o êxtase de ter aquela imagem à frente geravam um turbilhão de emoções na minha mente. E pensar que no dia seguinte ainda iria para a melhor parte! No dia seguinte, acabei acordando cedo para olhar o céu estrelado e ver o nascer do sol. Para minha surpresa, o nascer não foi tão legal no Itapiroca pela posição das montanhas (eu perdi o sol aparecendo, de fato). Talvez em outra época o sol até se posicione melhor, mas dizem que no Caratuva é bem melhor. Tomei o cafezinho todo agasalhado (diz que deu mais ou menos 5 graus naquela madrugada), levantei acampamento e comecei a descer o Itapiroca às 6:30. Deixei minha mochila cargueira “escondida” atrás de um tronco na segunda bifurcação e comecei a trilha de ataque ao PP “de fato”. Esse trecho é bastante marcado por mais subidas e descidas em grandes pedras/raízes. Passei por pequenos córregos de água corrente (aparentemente bons para coleta, desde que seja feita a fervura/uso de clorin) frutos das chuvas constantes no sul. Em estação seca, diz que eles somem. Após atravessarmos o “vão” entre Itapiroca e Caratuva, começa o descidão até as dependências do PP propriamente dito. É aqui onde fica o A1 (onde muita gente dorme). Vendo o tamanho da descida, já rolava aquela frustração prévia do esforço para subir tudo de novo na volta. Aqui estava dentro das nuvens baixas, então não senti tanto calor, apesar do sol forte que marcaria aquele dia. Feita a grande descida, começava o processo de subida no ataque final, com direito aos temidos paredões com via ferrata e cordas (o motivo número 1 do cagaço dos menos corajosos que fazem essa trilha). Inclusive haviam passagens estreitas na beira do abismo. Mais um tempo passado, chegava no A2 e numa pedra bastante legal para contemplação da paisagem. Finalmente, às 10 da manhã, dava meus passos finais no desejado cume. Enfim, os 1877m do ápice sulista alcançado! Após os registros, o lanche matinal e o autógrafo no livrinho do cume, alguns minutos de contemplação da região e toda a sua beleza. Apesar daquele momento maravilhoso, o sol forte reinava absoluto, e minha água estava acabando. Vi que tinha trilha para o Ibitirati, mas não quis fazer pelo calor forte. Com isso, iniciava o retorno, dessa vez direto para a fazenda. A volta foi bastante cansativa, pois as nuvens baixas tinham se dissipado, deixando-me exposto ao sol forte. Some isso com o longo desce/sobe do PP para Itapiroca/Caratuva, a água potável (3L) chegando no fim, e temos a receita para um dia de caminhada bastante sofrida (do tipo pausas a cada 5 minutos). Por sorte, a bica já mencionada estava caudalosa, e como tinham me garantido de que ela é a água mais limpa da região, resolvi meter o foda-se para a possibilidade de passar mal (já na civilização, esperava), torci para que ninguém mais cruzasse comigo naquele ponto e resolvi tirar meia hora do dia para tomar banho, reidratar-me e encher as garrafas. Revigorante. Depois da água o mundo voltou a girar e a volta foi muito mais tranquila. Mesmo assim, andava a passo de tartaruga em virtude do cansaço natural. Cheguei na fazenda aproximadamente às 16:00, entupindo-me de analgésico, analisando as condições das unhas do pé (o maluco aqui resolveu usar um tênis recém-comprado para essa aventura ), constatando que iria perder uma unha do dedão após alguns dias , e pensando em todas as receitas possíveis com sardinha enlatada para o jantar, pois como o nortista fala, estava "brocado". Considerações sobre essa trilha: Tempo: da fazenda até o morro do getúlio - ~ 1h Da fazenda até a bifurcação Caratuva/PP/Itapiroca – ~ 2h. Da primeira bifurcação até a segunda bifurcação Itapiroca/PP – ~ 1h20 Da bifurcação Itapiroca/PP até o cume do Itapiroca de fato - ~45min. Até o descampado onde eu acampei leva ~ 30min. Do Itapiroca até o cume do PP - ~ 3h30. Sinal de telefone: praticamente não há. Uso claro, e em raríssimos momentos o aparelho pegava um sinal meia-boca para receber mensagens da operadora. As antenas do Caratuva, segundo me informaram, eram para sinal de rádio amador. Guia é obrigatório? Não. Dá para ir só de boa, embora acompanhado, principalmente se vc for iniciante, seja recomendado. Fui só e inclusive fiquei peladão deitado na grama sob as estrelas somente no dia seguinte que cruzei com alguns grupos pequenos e um gringo que resolveu fazer o bate-volta de um dia. Dificuldade: intermediário. A trilha é muito bem definida, não há necessidade de equipamento de escalada, e a pessoa só se perde se quiser ou se ela despencar de um lugar alto. O maior problema é o sobe e desce constante. Numa escalada de ataque direto como o Marumbi, por exemplo, a trilha é honesta contigo: ou vc sobe ou vc desce. Como vc precisa passar por 1 morro e entre 2 montanhas para chegar ao PP, tem muito desnível positivo e negativo, o que pode sobrecarregar as pernas/costas. Como há uma bica de água confiável no lado do Itapiroca (no final das contas nem passei mal e nem peguei bichinho), a hidratação acaba não sendo um grande problema, apesar de muitas fontes secarem na estação seca. Um ataque direto da fazenda até o PP (só a ida) leva entre 6 e 8 horas, dependendo do pique da pessoa. Pessoalmente não acho o bate-volta de um dia interessante. Apesar do Itapiroca ser lindo, a vista do cume do Caratuva é mais bonita, se formos comparar. Mas o Itapiroca em si não deixa de ser um belíssimo lugar para se estar. Clima: parece meio óbvio, mas montanhismo brazuca é no inverno e pronto. Entretanto, em outras épocas (como este que vos fala fez), acompanhar a previsão do tempo é vital para garantir um roteiro seguro e proveitoso. o Windy ou o Mountain Forecast são perfeitos para isso. Outras observações? Condicionamento físico é obrigatório, pois a trilha exige bastante do seu corpo, pelo tempo que você passa andando e pelos tipos de chão que você pisa. Como tinha voltado para a academia nesse ano, não cheguei a ficar com cãibras ou dores musculares pós-esforço (como aconteceu no Marumbi). Não pule os treinos de perna da academia, e se possível leve bastão de caminhada e isotônico que dá tudo certo. Leve somente um calçado de confiança, também Termo de risco: no início de 2024, após deslizamentos de terra na região, o IAT passou a exigir um termo de reconhecimento de risco assinado para o ingresso no parque. Algo que já acontece por exemplo no caminho do Itupava. Segue o link do documento: https://www.aen.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2024-01/termo_de_conhecimento_de_riscos_pico_parana.pdf Ponta Grossa x Carambeí Após a atividade no PP, acampei por uma noite na fazenda. Precisava voltar para a civilização e pensar no que fazer nos próximos dias. Mas primeiro, como retornar para Curitiba? Na BR-116 existem algumas paradas de ônibus (acredito que das linhas da rodoviária que atendem o interior, como a que eu pegaria de Curitiba), mas, não tinha a mínima noção dos horários de volta. Teria que esperar na parada, ou tentar a sorte com carona “à moda antiga”, e considerando a natureza reclusa dos paranaenses, poderia ser mais fácil ir a pé para a capital. Por sorte, o responsável pela fazenda iria cedinho para a cidade fazer “o rancho” e resolver pendências, o que deu a oportunidade perfeita de negociar uma carona de volta. Tudo certo, e ainda de manhã estava de volta em Curitiba. Fechei um pernoite em um alojamento estudantil do lado do Passeio Público (primeira vez que durmo em um lugar do tipo), e começo a pensar no que fazer nos próximos dias. O clima estava dando sinais de mudança, mas para minha sorte pegaria pouca chuva nessa semana (de sol forte iria para um nubladinho básico na maior parte do tempo). Acabei decidindo que passaria uns dias fora da capital. Iria conhecer Ponta Grossa e ver o que faria por lá. Arrumei um blablacar para a manhã do dia seguinte, e a princípio tinha pedido para a motorista me deixar no Parque Vila Velha. A ideia, a princípio, era passar o dia aqui e depois ir para Ponta Grossa. Para meu desapontamento, esse passeio acabou não rolando por vários motivos: o preço (R$ 112 nesse dia) que vou confessar que me pegou de surpresa. Nem em Balneário Camboriú vi um atrativo com um preço tão alto, e além do mais, algumas atividades dentro do parque tinham cobrança adicional. Achei o valor alto demais, e perguntei na guarita sobre ônibus para a cidade. Os ônibus eram limitadíssimos, e saíam de um bairro distante do centro de Ponta Grossa – onde a maioria das hospedagens do booking/airbnb estavam - . Por fim, o guarda aconselhou que eu não entrasse no parque com minha mochila cargueira, uma vez que algumas trilhas eram longas, e o dia estava quente/ensolarado. No final das contas, pode ter sido “mão de vaquisse” da minha parte, mas resolvi pular o parque nesse momento. Aparentemente estava tudo orquestrando contra meu bom humor, então agradeci educadamente pelas informações e segui viagem com o blablacar. Fiquei em um hostel no centro de Ponta Grossa, e logo tratei de conhecer o que tinha que conhecer. Se você está hospedado na região central, uma boa e uma má notícia: boa parte das atrações da cidade ficam naquele entorno, porém, o que é mais interessante da cidade para o turista conhecer aparentemente fica ali mesmo: um “calçadão” do centro comercial, a estação saudade (uma estação de trem convertida em centro cultural), o shopping Palladium, que dizem ser um dos orgulhos da cidade (o porquê, não sei), e o parque ambiental, que até é legalzinho, mas precisa de uma manutenção de certos espaços, e certos pontos aparentam servir de boca à noite. Levei apenas uma tarde para conhecer esses lugares. Para fechar o dia, seguindo uma recomendação local, fui dar uma voltinha no Lago de Olarias, no bairro que carrega o mesmo nome, para observar a vida selvagem, as famílias passeando, e pensar um pouco na vida. Confesso que gostei do lugar, achei limpo e organizado. Na manhã seguinte, como concluí que não veria mais nada de interessante em Ponta Grossa (nem mesmo a moça do hostel pôde fazer mais recomendações), resolvi dar um bate-volta na pequena cidade de Carambeí, um “pedacinho da Holanda no Brasil” e lar da fábrica da Batavo. Eu tinha tomado conhecimento de um museu que eles possuem lá e achei que daria um bom passeio. Como de costume, optei por ir de blablacar, descendo no pórtico da cidade, na beira da rodovia. Três coisas me chamaram a atenção logo de imediato: o número diminuto de ônibus, o que me obrigou a pedir um carro para chegar no museu, a tranquilidade da cidade (do tipo ruas pouquíssimo movimentadas), e a confecção das casas, boa parte delas utilizando o estilo arquitetônico do enxaimel, e outros estilos comuns na europa. Carambeí tem três principais atrações, duas distantes da cidade: uma loja de tortas caseiras (se não me engano é Wolf o nome) , o museu histórico já mencionado e o “vilarejo Het Dorp”, que possui um lavandário, bastante visitado para degustação de especiarias, sessões fotográficas, etc. O museu parque histórico é considerado o maior museu a céu aberto do país, e posso dizer que a visita valeu bastante a pena! O local possui restaurante, loja de souvenirs, e uma réplica de um vilarejo ao estilo colono/pioneiro, onde é contada a história da imigração holandesa na região, e vários aspectos da cultura local. Tudo limpo, organizado e bem didático. Muitos itens são frutos de doações de famílias dos primeiros imigrantes, tornando a visitação ainda mais imersiva. Só faltavam atores encenando o cotidiano da época para que eu me sentisse, de fato, no início do século passado. Além da pequena vila, há um “parque das águas” embaixo onde há algumas casinhas de arquitetura típica onde você pode consumir alguns produtos locais. As fotos mais belas e famosas do parque são tiradas aqui (quando o tempo colabora, o que não foi no meu caso). Apesar de ser uma sexta, o espaço estava bem vazio, salvo por dois casais e uma excursão escolar. Passei aproximadamente duas horas aqui, e pensei em chamar outro carro para me deixar no Het Dorp, quando o tempo começa a anunciar uma grande mudança com uma ventania e tanto (do tipo galhos de pinheiro voando e tudo). Para minha “sorte”, não tinha nenhum carro por aplicativo nas dependências, e embora um funcionário do parque tenha jurado de pé junto que logo iria passar um ônibus para o centro da cidade, não queria arriscar ficar preso ali, com um possível “toró” a caminho. Como eram apenas 4km do museu para o centro, resolvi voltar a pé, embaixo de ventania e chuvisco. No final das contas não passou nenhum ônibus, e embora eu tenha me molhado um pouco, ter voltado a pé foi a coisa certa a fazer. Queria ter ido na fábrica da Batavo (essa fica no caminho para o museu) e perguntado se era possível fazer visita guiada, mas com a chuva e a ventania, acabei nem parando para isso. Tive que pular a casa de tortas também. Com isso voltava para Ponta Grossa embaixo de chuva fraca. Como não pensei em mais nada para fazer na região (que não precisasse de carro), optei por pegar outro blablacar na manhã seguinte para Curitiba. Considerações sobre as duas cidades: Dizem que Ponta Grossa é um polo industrial e uma cidade desenvolvida do estado. Turisticamente achei ela um pouco sem sal. Posso estar enganado, mas, mesmo os moradores não puderam me dar muitas direções para atrações ou coisas para fazer. Entretanto, por ser uma cidade mais “completa”, e perto de lugares como o buraco do padre, o parque vila velha em si, Castro (dizem que lá é legal para um bate e volta, mas não quis arriscar) e Carambeí, acredito que o melhor é se hospedar aqui e ir de carro para os lugares no entorno (não sou de alugar carro sozinho, eu sei, mancada minha). De fato, tem muita coisa a se fazer fora. Poderia ter tirado um dia no parque vila velha, mas como já citei, achei o valor um pouco abusivo (e descobri que agora no final do ano havia um desconto de 50% em virtude do aniversário do parque, se fosse nessa época a história seria outra!) Carambeí é pequena, pacata, e suas principais atrações ficam na zona rural, é quase imperativo que você esteja de carro para aproveitar bem a viagem. O museu por si só é bem legal, e já vale a visita. O lavandário parece ser interessante de visitar no final de tarde. Infelizmente não posso falar mais, pois o mau tempo desse dia me impediu de andar mais pela pequena cidade. No dia seguinte, cheguei bem cedo em Curitiba. Depois de acertar minha estadia, e vendo que ainda tinha tempo, resolvi dedicar o dia a mais uma visita ao Morro do Anhangava, este localizado no município de Quatro Barras, na serra da Baitaca. Já tinha andado nesse local há 2 anos atrás, numa visita anterior ao estado, mas para lugares bacanas, como diz aquele programa da globe, “vale a pena ver de novo”. Relembrando, é possível ir para o Anhangava/Morro pão de Loth/ caminho do Itupava de ônibus a partir do terminal Guadalupe, em Curitiba. Você pega o primeiro ônibus para o terminal Quatro Barras (~ 1h de viagem), e do terminal um segundo ônibus até a última parada, bem do lado da base do IAT, onde você faz o cadastro e a entrada nas trilhas. A trilha é fácil, agradável, você chega no topo com 1 hora de trilha, consegue ver Curitiba lá de cima, e ainda pode tomar um delicioso banho de cachoeira no final. Para o dia, não queria mais nada.
  3. Tirei férias na pandemia, em setembro 2020 e resolvi viajar depois de muito pensar, estava decidido que compraria um pacote de viagem, pela primeira vez na vida 🤩iria viajar com um pacote de viagem...na minha cabeça era mais seguro ter tudo cronometrado e com alguém se preocupando comigo. o valor de 7 dias de hospedagem, passagem ida e volta de avião do Rio de janeiro a Navegantes, dois dias do Parque Beto Careiro mais transfer por R$1700,00. Embarquei no dia 15/09 no Rio de janeiro e cheguei em Balneário de Camboriú de tarde, estava nublado mais dei uma volta na orla de bicicleta R$10,00 a hora.🚴‍♀️ Fui ao mercado para comprar água e algumas besteiras para jantar à noite R$25,40. Na quarta feira o transfer foi me buscar para ir ao Parque Beto Carreiro, mas antes comi como não houvesse amanhã no café da manhã para não precisar almoçar no Parque e só comer quando chegasse no hotel... eu tenho essa tática para economizar na alimentação, isso funciona pelo menos pra mim. O Parque estava super seguro higienização em tudo e o tempo todo, as filas eram mínimas e ainda para adiantar tinha uma fila virtual pelo aplicativo do Parque, aproveitei o dia inteiro, voltei para o hotel morta e só fiz foi dormir. Na quinta feira meu segundo dia de Parque estava chovendo e por conta da pandemia muitas coisas do Parque não estavam funcionando, então as 15h já não tinha mais nada para fazer, comi uns pasteis com refri R$21,00, na volta o guia ofereceu o passeio para Florianópolis o city tour fechei no valor de R$85,00, também fechei o city tour para Blumenau e Pomerode por R$89,00, esse último foi uma furada, porque eu não curto comprar em viagens e por conta da pandemia os museus estavam fechados e foi mais um city tour de compras do que um city tour cultural, o que achei que seria, resultado R$90,00 de presente 😮🎁, no almoço em Blumenau provei a cerveja alemã, o primeiro chop é de graça, o buffet livre R$35,00, com comida alemã (não provei) e sobremesa a vontade. Retornei para o hotel já quase 21h, descansar para o city tour de sábado. Sábado de sol, foi o dia de conhecer Floripa a capital de Santa Catarina, primeira parada no centro histórico, mercado municipal, segunda parada Ponte Hercílio Luz e terceira e última parada na Praia de Joaquina (almoço R$50,00). Fiz uma amizade com uma turista alagoana, tiramos muitas fotos e curtimos a praia, voltamos para o hotel, fui dar um mergulho na piscina com minha amiga alagoana, mas não consegui ficar muito tempo, por ficar pensando que a piscina seria um lugar de transmissão do vírus...🏊‍♂️ Domingo dia de bater perna como todo mochileiro gosta, sem ninguém te controlando só você rsrsrs pelo menos eu acho que é assim, depois do café da manhã, fui andando até o Oceanic Aquarium (R$40,00), Ponte da Barra sul, Parque Unipraia (R$39,00), Praia das Laranjeiras e orla da Barra sul. Jantei uma sopa com uma taça de sorvete de sobremesa R$30,00. Dei uma volta na orla de noite e fui de cama. Mesmo estando viajando eu estava em constante vigilância por conta do vírus então não me permitia ficar em aglomerações. Segunda último dia de passeio, fui bater perna pelo lado Norte, Deck do lado Norte, Prainhas, Morro do Careca (lugar que soltam de parapente e asa delta) terminei o passeio em Itajaí na Praia Brava. Voltei para o hotel, jantei no BK R$25,00 e na terça, dia de retorno, ainda dei uma volta na praia na parte da manhã com a amiga alagoana e retornei para o Rio de Janeiro.
  4. Olá!! Hello! Hola!! Pra quem gosta de cerveja artesanal, tem que conhecer Blumenau e Pomerode! Lá tem diversas cervejarias e cervejas pra todos os gostos! Mas não é só isso. Conheci Blumenau em Outubro/17. Fiquei na pousada do Gaudino, que é muito bem estruturada, limpa e próximo do Parque onde tem o Morro do Spitzkopf (nome alemão). Na estrada pro Morro você passa por uma vila bem tradicional alemã, como é da cultura, muito bem cuidada. Chegando no parque você paga uma pequena taxa (acho que 10 pila) e pode fazer a trilha de subida ao morro e as trilhas das cachoeiras. Tem uma senhorinha que cuida lá, ela é da Polônia (ou algum lugar por lá). 1. Morro do Spitzkopf : pra subir leva cerca de 2:30 horas, em ritmo leve. Dá pra beber água da subida (pelo menos bebi e não acontece nada haha). Logo na primeira parte a trilha é uma estradinha, depois vira trilha mesmo. Dá pra ouvir muitos pássaros, alguns eu nunca tinha ouvido. Chegando no topo o visual é deslumbrante! Bom pegar um dia aberto. 2. Cachoeiras : descendo o morro, depois você pode fazer as trilhas das cachoeiras, eu fiz 3. Todas perto, cerca 15 min a 30. Em duas delas dá pra tomar banho. Uma delas é bem funda e perigosa. Passei umas 7 horas caminhando no parque, tem coisas pra fazer todo esse tempo. 3. Pomerode: saindo de Blumenau fui a Pomerode, é uma cidadezinha muito aconchegante. Fui fazer um pedal com o pessoal da Seledon, muito profissionais. Saimos da cidade, fazendo 30 k na estrada de chão. Até uma casa bem antiga e típica alemã, e conhecemos duas cachoeiras lindas no interior. Simples, fácil e muito massa. Dá pra fazer sozinha (como maior parte das viagens) Fotinhas logo ali.
  5. Finalmente, depois de um longo e tenebroso inverno, mais um relato! Não é um dos locais mais turísticos, mas vamos lá! Vale Europeu DDD (47 - Nova Trento 48) Período: 17 a 24/02/2018 Cidades: Blumenau, Pomerode, Indaial, Ascurra, Rodeio, Timbó, Brusque, Nova Trento, Botuverá O Vale Europeu é caracterizado pela colonização europeia, principalmente alemã e italiana que se revela na arquitetura, gastronomia e manifestações histórico-culturais que são relatadas em museus e celebradas em festas típicas como a Oktoberfest. Além disso, a indústria têxtil movimenta o turismo de compras. O turismo religioso também é expressivo, destacando-se o Santuário Santa Paulina, dedicado à primeira santa brasileira, que é o segundo destino religioso mais visitado do país (o primeiro é Aparecida do Norte). Outro forte segmento é o ecoturismo pelos morros, vales, rios e cachoeiras que proporcionam a prática de trilhas, rapel, cascading, canyoning e voo livre. Sobressai-se também o ciclismo com o Circuito de Cicloturismo do Vale Europeu que tem 300 km de percurso e passa por nove municípios com início e fim em Timbó. O Circuito de Caminhante do Vale Europeu passa pelas mesmas 9 cidades com um roteiro de 220 km e início e fim em Indaial. Outro projeto é o Acolhida na Colônia com enfoque no agroturismo ecológico que oferece hospedagem, alimentação e atividades como pescaria e cavalgada, além da oferta de produtos artesanais. Confira abaixo as dicas e o relato de viagem. Ficamos hospedados no centro de Blumenau. Obs.: ATENÇÃO: Não possuo nenhum vínculo com hotel, restaurante, agência, loja e qualquer outro tipo de estabelecimento divulgado nos meus relatos de viagem. Alguns dos pontos turísticos, bem como alguns estabelecimentos, não foram visitados por mim e as informações foram obtidas de guias ou funcionários de CITs ou são provenientes de pesquisa. Portanto, recomendo que antes de utilizar qualquer serviço, verifique com a secretaria de turismo da cidade e/ou outras fontes idôneas e confiáveis, como sites oficiais do governo ou órgãos de ensino/pesquisa, se os dados são atualizados e/ou verossímeis. Verifique também as datas dos relatos; algumas informações permanecem válidas com o passar dos anos, porém outras são efêmeras. Esse site não se propõe a ser um guia turístico, trata-se apenas de um relato de viagem e um apanhado de observações, experiências vivenciadas e opiniões de cunho pessoal que não têm a pretensão de ser uma verdade absoluta, pois retratam apenas uma faceta ínfima do diversificado e amplo universo histórico e cultural que um destino de viagem proporciona. Vá, experimente, vivencie e encontre a sua verdade. Índice A cidade Como chegar Quando ir Onde ir em Blumenau Onde ir em Pomerode Onde ir em Indaial Onde ir em Ascurra Onde ir em Rodeio Onde ir em Timbó Onde ir em Brusque Onde ir em Nova Trento Onde ir em Botuverá Onde ficar Onde comer Dicas (Contatos úteis, Postos de Informações Turísticas, Fontes, Receptivos Turísticos e Dicas) Mapas Sugestão de roteiros Relato de viagem **************************************** Nanci Naomi http://nancinaomi.000webhostapp.com/ Trilhas: Grupo CamEcol - Caminhadas Ecológicas Taubaté Relatos: 15 dias em SC: - fev/2018 - Parte 1: Vale Europeu | Parte 2: Penha Paraty e Ilha Grande - jul/2015 - Parte 1: Paraty | Parte 2: Araçatiba e Bananal | Parte 3: Resumão das trilhas 3 dias em Monte Verde - dez/2014 21 dias na BA - fev/2014 - Parte 1: Arraial d'Ajuda | Parte 2: Caraíva | Parte 3: Trancoso | Parte 4: Porto Seguro 11 dias na BA - dez/2013 - Parte 1 e 3: Salvador | Parte 2: Costa do Dendê - Ilha de Boipeba e Morro de São Paulo 21 dias em SE e AL - fev-mar/2013 - Parte 1: Aracaju | Parte 2: Maceió | Parte 3: Maragogi 21 dias em SC - jul/2012 - Parte 1: Floripa | Parte 2: Garopaba | Parte 3: Urubici | Parte 4: Balneário Camboriú 8 dias em Foz do Iguaçu e vizinhanças - fev/2012 - Parte 1: Foz do Iguaçu | Parte 2: Puerto Iguazu | Parte 3: Ciudad del Est 25 dias desbravando Maranhão e Piauí - jul/2011 - Parte 1: São Luis | Parte 2: Lençóis Maranhenses | Parte 3: Delta do Parnaíba | Parte 4: Sete Cidades | Parte 5: Serra da Capivara | Parte 6: Teresina Um final de semana prolongado em Caldas e Poços de Caldas - jul/2010 Itatiaia - Um fds em Penedo e parte baixa do PNI - nov/2009 Um fds prolongado em Trindade e Praia do Sono - out/2009 19 dias no Ceará e Rio Grande do Norte - jan/2009 - Parte 1: Introdução | Parte 2: Fortaleza | Parte 3: Jericoacoara | Parte 4: Canoa Quebrada | Parte 5: Natal 10 dias nas trilhas de Ilha Grande e passeios em Angra dos Reis - jul/2008 De molho em Caldas Novas - jan-2008 | Curtindo a tranquilidade mineira de Araxá – jan/2008 Mochilão solo: Curitiba e cidades vizinhas - jul/2007 Algumas Cidades Históricas de MG - jan/2007 - Parte 1: Ouro Preto | Parte 2: Tiradentes 9 dias nas Serras Gaúchas - set/2005 - Parte 1: Gramado | Parte 2: Canela | Parte 3: Nova Petrópolis | Parte 4: Cambará do Sul
  6. Para mim é algo realmente complicado traduzir em palavras os momentos vividos nos dias da minha viagem. Viagem esta que não se traduz num simples mochilão ou turismo de longa duração. Foi o encontro de uma pessoa comum com seu sonho de andar por terras que tanto o inspiraram, terras mãe da esperança, terras de homens e mulheres feitos de histórias e de coração, corações gigantescos. O sentimento que fica depois de quase seis meses na estrada é o de gratidão, do agradecimento as infinitas pessoas que ajudaram esse pobre viajante das mil e uma maneiras possíveis, para vocês meu muito obrigado. Foto 1 - A companheira de viagem Tinha uma vida igual a tantas outras, era bem razoável por sinal, mas a vontade de caminhar e estar frente a frente com o novo me atormentava todos os dias. Queria conhecer com meus olhos as diferenças, os sotaques, as comidas, as belezas. Desejava não ter pressa, fazer tudo no seu tempo necessário, não estar preso a rotina dos dias e principalmente aprender. Sim, aprender, não com fórmulas prontas e nem sentado dentro de uma sala de aula. Queria aprender com experiências. Queria conhecer pessoas. De alguma forma queria fugir da minha vida cotidiana, não por ela ser ruim, mas pelo desejo de se conhecer e assim, quem sabe, voltar uma pessoa melhor. Quando esse sentimento passou a ser insuportável decidi que tinha que partir. Por um ano ajuntei algum dinheiro, queria ficar seis meses na estrada. A grana não era o suficiente, mas suficiente era a minha vontade. Dei um ponto final no trabalho. Abri o mapa e não tinha ideia por onde começar. Decidi não ter um roteiro, apesar de ter muitos lugares em que eu queria estar. Assim começa a minha história (poderia ser de qualquer um). O relato está dividido da seguinte forma: Parte 1: de Rio Claro ao Vale do Itajaí Parte 2: Cânions do Sul Parte 3: de Torres a Chuí Parte 4: Uruguai Parte 5: da região das Missões a Chapecó Parte 6: Chapada dos Veadeiros e Brasília Parte 7: Chapada dos Guimarães Parte 8: Rondônia Parte 9: Pelas terras de Chico Mendes, Acre Parte 10: Viajando pelo rio Madeira Parte 11: de Manaus a Roraima Parte 12: Monte Roraima y un poquito de Venezuela Parte 13: Viajando pelo rio Amazonas Parte 14: Ilha de Marajó e Belém Parte 15: São Luis, Lençóis Maranhenses e o delta do Parnaíba Parte 16: Serra da Capivara Parte 17: Sertão Nordestino Parte 18: Jampa, Olinda e São Miguel dos Milagres Parte 19: Piranhas, Cânion do Xingó e uma viagem de carro Parte 20: Pelourinho Parte 21: Chapada Diamantina Parte 22: Ouro Preto e São Thomé das Letras Parte 23: O retorno e os aprendizados O período da viagem é de 01/10/2015 a 20/03/2016. De resto não ficarei apegado nas datas exatas em que ocorreram os relatos que irão vir a seguir, tampouco preocupado em valorar tudo. Espero contribuir com a comunidade que tanto me ajudou e sanar algumas dúvidas dos novos/velhos mochileiros.
  7. Um fim de semana livre, milhas vencendo... peguei uma mamata pela Gol (3000 milhas na ida) e na Latam (3500 milhas na volta) saindo de SP e indo para Joinville. Como o tempo era escasso pensei em ir direto para Pomerode e curtir somente uma cidade para não ficar na correria e cansaço de vários deslocamentos... até descobrir que só tem dois horários de ônibus ligando as duas cidades( 09h30 e 16h saindo de JOI), e um deles sairia bem depois do meu voo ter pousado pela manhã... O próximo só sairia às 16hs (chegando em Pomerode às 18h10), mas por sorte consegui achar um BlaBlaCar saindo às 14hs. Mercado Municipal de Joinville No aeroporto chamei um Uber para me levar ao Mercado Público de Joinville (a corrida deu 32 reais, porém na volta exatamente o mesmo trajeto deu 20 reais, não reparei se estava em tarifa dinâmica na ida). Em geral eu gosto pra caramba de mercados municipais/públicos, mas o de Joinville é bem fraquinho. Destaque para uma choperia de nome impronunciável que servia diversos chopes de cervejas artesanais da Saint Bier (o Belgian é sensacional) com preços entre R$ 10 e R$ 12. Tomei uns três e segui para o Museu Nacional de Imigração e Colonização. No caminho passa-se na Rua das Palmeiras, um dos maiores orgulhos da cidade de Joinville e que fica bem em frente ao Museu. A entrada é gratuita, existe uma primeira casa a ser visitada, com um pequeno acervo da Princesa Dona Francisca (filha de Dom Pedro I e irmã de Pedro II), que era a dona das terras onde hoje se localiza a cidade. Não achei muito interessante, até porque nem mesmo existe algum tipo de placa ou cartaz com explicações sobre o acervo. Na parte de trás do Museu as coisas começam a ficar mais interessantes: um grande galpão contendo vários veículos utilizados ao longo da história da cidade (está exposta uma das primeiras bicicletas do Brasil), além de uma casa em estilo enxaimel que foi desmontada de seu local original e remontada na área do Museu. Lá dentro podemos ver e entender como era o cotidiano dos primeiros colonos alemães em terras brasileiras. Saindo dali fui andando à Estação da Memória, que é a antiga estação ferroviária da cidade. Mas antes entrei no supermercado Giassi, onde me surpreendi com o baixo preço das cervejas artesanais (em SP é tudo mais caro!) e comprei uma Merecida da Opa Bier e fui tomando no caminho. Dei uma volta pelos arredores da estação admirando aquela velha beleza (sou fã de estações de trem antigas) mas não entrei no pequeno museu, pois ainda teria que caminhar até a rodoviária e temia não chegar a tempo da carona combinada no Blablacar. Dali da estação até a rodoviária deu uns 20 minutos de caminhada, muito menos do que previ, então com o tempo livre comprei uma Heineken e fiquei assistindo o sorteio dos grupos da Copa do Mundo até a carona do Blablacar chegar. Rua das Palmeiras, vista a partir do Museu de Imigração Casa enxaimel que foi remontada na área do museu Estação ferroviária de Joinville Uma hora e meia depois chegamos ao destino, fui direto ao Pomerode Agradável, local reservado pelo Booking (55 reais, apartamento privativo, com um quarto, sala, cozinha equipada e banheiro). Apezinho bacana e de preço bom, mas o contra é que fica longe do centro e da maioria das atrações turísticas. Só fica perto do Portal Norte, da Casa do Produtor e da entrada da Rota do Enxaimel, que não deu pra conhecer, pois estava sem carro. Fui num mercadinho ali perto, comprei água, brejas e comida e fiquei descansando. À noite fui para o centrinho de Pomerode, visitei a Weihnachtsfest, que é a festa de natal da cidade. Tudo muito, mas muito bonitinho, desde as decorações até a casa do Papai Noel. Destaque para a “Pirâmide de Natal” gigante. Essa pirâmide é uma decoração de natal tradicional nas casas da Alemanha, com uma hélice na parte de cima que gira devido ao calor das velas que fazem parte da própria decoração. O movimento da hélice faz girar todo o conjunto decorativo, bem bacana. Porém, devido ao seu enorme tamanho, a do parque de Pomerode gira com eletricidade mesmo Weihnachtsfest Saindo dali, fui verificar outra grande tradição alemã da cidade: a cerveja! Fui na Schornstein, cervejaria artesanal e neste primeiro dia tomei três variedades de chopp. A Imperial IPA deles é sensacional! Menção honrosa também à Irish Red Ale deles, porém esta última é sazonal e talvez não esteja “em cartaz” quando o leitor por ventura visitar a cidade. Ah, e tinha uma dupla animando o ambiente com um ótimo som. Voz e violão? Não. Sintetizador e duas vozes, a menina cantava pra caramba. Altas versões de clássicos do rock oitentista e noventista. E o melhor, sem a casa cobrar couvert artístico Fui pra casa, aproximadamente 40 minutos de caminhada. Depois de um belo banho, cama. No dia seguinte acordei nem tão cedo e fui tirar umas fotos no Portal Norte da cidade. Este foi construído a mando da empresa Malwee em parceria com a prefeitura (o fundador das malhas Malwee era imigrante da Pomerânia), e é uma réplica exata, centímetro por centímetro do portal da cidade de Stettin, atualmente localizada na Polônia, mas que foi capital da Pomerânia entre 1720 e 1945. Portal Norte Dali fui para a Casa do Produtor, uma típica construção em estilo enxaimel. Neste local vendem-se produtos agrícolas e artesanais de produtores da cidade. Comprei uma cuca de morango (R$ 7). As cucas são uma espécie de pão/bolo tradicional na comunidade germânica. Também tinha muitas compotas e conservas a preço ótimo, mas que não comprei devido ao receio de estourar o volume da mochila na hora de embarcar no aeroporto. Voltei ao apê arrumei a mala, guardei a cuca e segui para o centro. Novamente caminhada de 40 minutos e fiz o checkin no Airbnb. Casa simples, mas bem perto do centro. Fui novamente no Centro Cultural, onde foi montada a decoração de Natal, dei uma volta pelo centro e entrei no Museu Pomerano (R$ 6). Ali pode-se entender toda a história da cidade através de objetos que fizeram parte das famílias fundadoras. Saindo do museu, fui bater um rango. Comer em Pomerode, sobretudo culinária típica alemã pode não ser muito barato. Mas na Torten Paradies tem um Buffet por quilo com vários pratos típicos. Nem vi quanto estava o kg, mas meu prato deu quase 700 gramas e paguei 32 reais. Achei justo, até pela quantidade exorbitante de comidas diferentes que tinha no meu prato. Muita coisa a base de batata e carne suína. Pra acompanhar o einsbein, o famoso joelho de porco, uma cerveja forte da fabricante Bierbaum (R$ 30 – chorei) de Treze Tílias (cidade de colonização austríaca, perto de Chapecó). Esse almoço me deu uma leseira... cansado e com sono fiz uma tríade de compras antes de voltar para o Airbnb e tirar um cochilo, a saber: comprei chocolates na conceituada Nugali, que fica bem pertinho da Torten, depois passei na rodoviária pra comprar a passagem de volta para JOI no dia seguinte (sábia decisão!) e por fim, fui na Pomerode Alimentos pra comprar o famoso creme de parmesão e a lingüiça Blumenau. Depois do descanso fui bater perna novamente, para ir ao Portal Sul, que também é a base da Sec de Turismo (por conseguinte, das informações turísticas). Dá pra visitar o segundo andar do portal, tirar fotos com roupas típicas, comprar souvenir e passeios... não fiz nada disso, só tirei algumas fotos do portal e fui tomar mais umas brejas na Curry Wurst, choperia que fica anexa ao portal. Fiz uma degustação (R$ 13) com cinco tipos de chopp de dois fabricantes diferentes, com uma porção de amendoim inclusa. Depois tomei mais um chopp de IPA e de Weiss. Na mesma praça do portal e da choperia tem o letreiro da cidade (agora virou moda, toda cidade tem), então não passei batido pelo clichê e tirei foto lá também Portal Sul Pomerode Degustação na Curry Wurst Já escurecendo fui para o Pavilhão de Eventos, que rendeu uma boa caminhada já que não é tão perto assim do centro. Estava rolando a Volksfriends, uma convenção de carros refrigerados a ar, sobretudo Fuscas, Brasílias e Kombis. Paguei 10 reais para entrar, lá dentro estava rolando uma discotecagem bacana (uns funks setentistas), tinha food trucks, e a onipresente cerveja Schornstein. E claro, muitos carros antigos. Nunca vi tanto Fusca num lugar só na minha vida! Fiquei um bom tempo ali curtindo um som, comendo umas bobeirinhas e tomando breja artesanal, quando deu 22hs o som parou então voltei à Weihnachtsfest para ver pela última vez a decoração de Natal. Ainda passei na Praça Torgelow para tirar uma foto do monumento que é um tributo aos 180 anos de imigração alemã em Santa Catarina e que foi construído através de um acordo entre as cidades de Pomerode e Torgelow. No domingo de manhã acordei e fui direto para a rodoviária. Para a minha surpresa, o guichê de vendas da rodoviária de Pomerode só abre às 13hs aos domingos (GRAZADEUS eu tinha comprado a passagem no dia anterior!), muito embora tenha ônibus passando antes desse horário na cidade. Saí as 09h15, chegando em Joinville às 11h30. Ainda deu tempo de ir novamente no mercado municipal e tomar uns chopes, só que desta vez a praça em frente ao mercado estava lotada, pois era final da Liga Nacional de Futsal e o time da cidade participava da decisão. Quando saí para o aeroporto estava empatado, depois fiquei sabendo que Joinville foi campeão. Um Uber para o aeroporto demorou uns vinte minutos e custou 20 reais. Às 1h40 embarquei para CGH. Algumas observações: - O único ponto turístico que fiquei com vontade de ir e não consegui foi a Casa do Imigrante. Fica longe do centro, não dava pra ir a pé e com o calor que estava acho que nem mesmo alugar uma bicicleta (40 reais por 4 horas) seria uma boa opção. Mas como visitei o Museu Pomerano e o Museu de Imigração em Joinville, então acho que não tenha feito tanta falta assim - Em Pomerode tem um zoológico bem conceituado e um parque temático sobre dinossauros. Pode ser uma boa atração para crianças, a mim particularmente não interessa muito. - A Rota do Enxaimel começa perto do Portal Norte e pode ser feita de carro, táxi, passeio contratado ou bike. Mas se a grana tiver curta você pode abrir mão desse passeio, pois existem muitas outras casas enxaimel que podem ser apreciadas no trecho entre os portais Norte e Sul. - Só tem BB, Caixa e Bradesco em Pomerode. Não tem nem mesmo um caixa eletrônico da Rede 24 Horas. Então se seu banco não for nenhum desses três citados, saque dinheiro antes.
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