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  1. Hallo, mochileiros! Dando sequência às histórias de minhas viagens pelo Brasilzão, segue um relato de algumas semanas andando por Paraná e Santa Catarina. Como tinha algumas pendências nesses estados, e as passagens de Manaus para CWB estavam generosamente baratas na época, aproveitei a oportunidade para tirar umas semanas na região. O período escolhido foi o mês de novembro/2023, e na véspera da viagem as expectativas não estavam tão altas em virtude das grandes chuvas que assolavam a região neste ano atípico de el niño. Mas, como sou brasileiro e não desisto nunca, tentei organizar um roteiro viável. Por sorte, pegaria a época de um festival catarinense local, a Schutzenfest (festa dos atiradores) de Jaraguá do Sul. Entretanto, a maior motivação para meu passeio era uma trilha de montanha até nada mais nada menos do que o ponto mais alto do sul brasileiro, o Pico Paraná. Apesar das chuvas, estava acompanhando o clima em sites especializados, procurando uma brecha de tempo bom. E como uma feliz coincidência, o sol voltaria a dar as caras para o povo paranaense nos primeiros dias de novembro. Já tinha o primeiro “rolezinho” definido. Chegando no dia 5 de novembro em Curitiba numa linda e ensolarada tarde de domingo, estava com melhores expectativas a respeito dos próximos dias. Aproveitei para dar aquela passada obrigatória na decathlon para comprar alguns mimos e passar o resto de tarde “lagarteando” no jardim botânico com um belo caldo de cana sulista. No dia 6, segui para o Parque Pico Paraná, a mais ou menos 45km de Curitiba subindo a BR-116. A primeira informação importante desse roteiro é que existe ônibus de Curitiba que vai para as dependências da serra do Ibitiraquire, porém, encontrei uma forma mais prática: no blablacar, uma viagem bastante comum na região é o trecho Curitiba-Cajati(SP), que é bastante em conta e sobe a Régis Bittencourt. Como existiam várias viagens de carona para o dia, fechei com um motorista de manhã cedo e negociei com ele o valor (uma vez que não iria para o trecho final). O motorista, muito gente boa, concordou (embora tenha ficado desconfiado, à princípio, sobre o fato de me deixar na beira da estrada). Éramos 3, um manauara, o motorista paulista e um passageiro carioca que já começou fazendo troça da minha vestimenta: “~manauara, tu, de camiseta e short nesse frio? Maix num é mexmo!!!” Confesso que dei bastante risada nessa hora, pois nortista que é nortista normalmente pensa que “pegar frio” é sair na rua com 25 graus no termômetro agasalhado. Como me considero "uma ovelha negra manauara", eu me aclimato fácil nesses lugares, e considerando o forno que estava a esfumaçada amazônia nessas semanas de verão e queimadas, poderia pegar negativo, nu, no cume dos picos, sorrindo. Após uma hora de viagem, sou deixado na beira da estrada e despeço-me de meus breves colegas de trip, desejando-lhes boa viagem. Ainda precisaria andar por 5km de estrada de terra até chegar na primeira base, a fazenda Pico Paraná. Gostei do local. Estacionamento amplo, banheiro com chuveiro quente disponível, uma corredeira com queda disponível para banho e o cadastro de visitantes para o caso de resgate por um valor mais do que justo (10 pila) pareceram-me bastante atrativos. Havia até uma maquete da serra para que fosse explicado da melhor forma o caminho a ser feito. Após o meu cadastro e a explicação das trilhas, começava a subir às 14:00h em ponto. A princípio, pensei em acampar no Pico Caratuva para no dia seguinte atacar o PP, entretanto, fui aconselhado a fazer o Itapiroca para uma primeira vez, uma vez que a trilha seria mais rápida e a melhor bica de água limpa da região se encontrava no caminho. Em um primeiro momento é uma bela subida com desnível positivo para já ir judiando os joelhos do peão. Após aproximadamente 1h15, chegava no topo do morro do Getúlio, onde já dá para ter uma bela vista do que ficou para trás, e onde já é possível contemplar os vizinhos Caratuva e Itapiroca. Curiosamente havia um mar de nuvens retido no outro lado. Pelo que notei em outros passeios é comum isso acontecer, e no final da tarde, com a diminuição da temperatura, as nuvens saem e passam no sentido Curitiba, dando aquele sereno de início de noite comum na cidade. Com duas horas de subida, chegamos na famosa plaquinha de bifurcação das trilhas. Ainda faltaria aproximadamente 1h30 para o Itapiroca. A partir daqui a trilha começa a ficar mais difícil, com bastante subida em pedras do tamanho de carros e raízes do tamanho de....grandes raízes. As cordas e grampos instalados fazem seu trabalho de facilitar a passagem. A meu ver a dificuldade maior desse trecho é o sobe-desce comum, enquanto "rodeamos" o Caratuva. No caminho, cruzo com a bica de água gelada. Após 3 horas de início de trilha, chego na segunda bifurcação, onde começo a subir para o cume do Itapiroca. Essa parte, apesar de ser um puta desnível, é uma subida rápida de meia hora. E já colocava minha cabeça acima do belo mar branco. Ah, ali estava ele, imponente e belo! Ao chegar numa área aberta e plana, descansei por um momento, enquanto procurava um lugar para montar a barraca. De forma bastante conveniente, havia uma pedra grande com umas arvoretas na base e um pequeno espaço aberto (provavelmente usado por outros visitantes). Seria meu hotel de 1000 estrelas por essa noite. Ainda tinha 1 hora de luz do dia. E que visão, senhores! Apenas o grandioso trio PP/União/Ibitirati, Caratuva, Itapiroca e o solitário Ciririca com suas placas misteriosas estavam à vista. Tive tempo de sobra para assistir o pôr do sol naquele santuário nas alturas. O silêncio, a temperatura amena, o cansaço, a solitude e o êxtase de ter aquela imagem à frente geravam um turbilhão de emoções na minha mente. E pensar que no dia seguinte ainda iria para a melhor parte! No dia seguinte, acabei acordando cedo para olhar o céu estrelado e ver o nascer do sol. Para minha surpresa, o nascer não foi tão legal no Itapiroca pela posição das montanhas (eu perdi o sol aparecendo, de fato). Talvez em outra época o sol até se posicione melhor, mas dizem que no Caratuva é bem melhor. Tomei o cafezinho todo agasalhado (diz que deu mais ou menos 5 graus naquela madrugada), levantei acampamento e comecei a descer o Itapiroca às 6:30. Deixei minha mochila cargueira “escondida” atrás de um tronco na segunda bifurcação e comecei a trilha de ataque ao PP “de fato”. Esse trecho é bastante marcado por mais subidas e descidas em grandes pedras/raízes. Passei por pequenos córregos de água corrente (aparentemente bons para coleta, desde que seja feita a fervura/uso de clorin) frutos das chuvas constantes no sul. Em estação seca, diz que eles somem. Após atravessarmos o “vão” entre Itapiroca e Caratuva, começa o descidão até as dependências do PP propriamente dito. É aqui onde fica o A1 (onde muita gente dorme). Vendo o tamanho da descida, já rolava aquela frustração prévia do esforço para subir tudo de novo na volta. Aqui estava dentro das nuvens baixas, então não senti tanto calor, apesar do sol forte que marcaria aquele dia. Feita a grande descida, começava o processo de subida no ataque final, com direito aos temidos paredões com via ferrata e cordas (o motivo número 1 do cagaço dos menos corajosos que fazem essa trilha). Inclusive haviam passagens estreitas na beira do abismo. Mais um tempo passado, chegava no A2 e numa pedra bastante legal para contemplação da paisagem. Finalmente, às 10 da manhã, dava meus passos finais no desejado cume. Enfim, os 1877m do ápice sulista alcançado! Após os registros, o lanche matinal e o autógrafo no livrinho do cume, alguns minutos de contemplação da região e toda a sua beleza. Apesar daquele momento maravilhoso, o sol forte reinava absoluto, e minha água estava acabando. Vi que tinha trilha para o Ibitirati, mas não quis fazer pelo calor forte. Com isso, iniciava o retorno, dessa vez direto para a fazenda. A volta foi bastante cansativa, pois as nuvens baixas tinham se dissipado, deixando-me exposto ao sol forte. Some isso com o longo desce/sobe do PP para Itapiroca/Caratuva, a água potável (3L) chegando no fim, e temos a receita para um dia de caminhada bastante sofrida (do tipo pausas a cada 5 minutos). Por sorte, a bica já mencionada estava caudalosa, e como tinham me garantido de que ela é a água mais limpa da região, resolvi meter o foda-se para a possibilidade de passar mal (já na civilização, esperava), torci para que ninguém mais cruzasse comigo naquele ponto e resolvi tirar meia hora do dia para tomar banho, reidratar-me e encher as garrafas. Revigorante. Depois da água o mundo voltou a girar e a volta foi muito mais tranquila. Mesmo assim, andava a passo de tartaruga em virtude do cansaço natural. Cheguei na fazenda aproximadamente às 16:00, entupindo-me de analgésico, analisando as condições das unhas do pé (o maluco aqui resolveu usar um tênis recém-comprado para essa aventura ), constatando que iria perder uma unha do dedão após alguns dias , e pensando em todas as receitas possíveis com sardinha enlatada para o jantar, pois como o nortista fala, estava "brocado". Considerações sobre essa trilha: Tempo: da fazenda até o morro do getúlio - ~ 1h Da fazenda até a bifurcação Caratuva/PP/Itapiroca – ~ 2h. Da primeira bifurcação até a segunda bifurcação Itapiroca/PP – ~ 1h20 Da bifurcação Itapiroca/PP até o cume do Itapiroca de fato - ~45min. Até o descampado onde eu acampei leva ~ 30min. Do Itapiroca até o cume do PP - ~ 3h30. Sinal de telefone: praticamente não há. Uso claro, e em raríssimos momentos o aparelho pegava um sinal meia-boca para receber mensagens da operadora. As antenas do Caratuva, segundo me informaram, eram para sinal de rádio amador. Guia é obrigatório? Não. Dá para ir só de boa, embora acompanhado, principalmente se vc for iniciante, seja recomendado. Fui só e inclusive fiquei peladão deitado na grama sob as estrelas somente no dia seguinte que cruzei com alguns grupos pequenos e um gringo que resolveu fazer o bate-volta de um dia. Dificuldade: intermediário. A trilha é muito bem definida, não há necessidade de equipamento de escalada, e a pessoa só se perde se quiser ou se ela despencar de um lugar alto. O maior problema é o sobe e desce constante. Numa escalada de ataque direto como o Marumbi, por exemplo, a trilha é honesta contigo: ou vc sobe ou vc desce. Como vc precisa passar por 1 morro e entre 2 montanhas para chegar ao PP, tem muito desnível positivo e negativo, o que pode sobrecarregar as pernas/costas. Como há uma bica de água confiável no lado do Itapiroca (no final das contas nem passei mal e nem peguei bichinho), a hidratação acaba não sendo um grande problema, apesar de muitas fontes secarem na estação seca. Um ataque direto da fazenda até o PP (só a ida) leva entre 6 e 8 horas, dependendo do pique da pessoa. Pessoalmente não acho o bate-volta de um dia interessante. Apesar do Itapiroca ser lindo, a vista do cume do Caratuva é mais bonita, se formos comparar. Mas o Itapiroca em si não deixa de ser um belíssimo lugar para se estar. Clima: parece meio óbvio, mas montanhismo brazuca é no inverno e pronto. Entretanto, em outras épocas (como este que vos fala fez), acompanhar a previsão do tempo é vital para garantir um roteiro seguro e proveitoso. o Windy ou o Mountain Forecast são perfeitos para isso. Outras observações? Condicionamento físico é obrigatório, pois a trilha exige bastante do seu corpo, pelo tempo que você passa andando e pelos tipos de chão que você pisa. Como tinha voltado para a academia nesse ano, não cheguei a ficar com cãibras ou dores musculares pós-esforço (como aconteceu no Marumbi). Não pule os treinos de perna da academia, e se possível leve bastão de caminhada e isotônico que dá tudo certo. Leve somente um calçado de confiança, também Termo de risco: no início de 2024, após deslizamentos de terra na região, o IAT passou a exigir um termo de reconhecimento de risco assinado para o ingresso no parque. Algo que já acontece por exemplo no caminho do Itupava. Segue o link do documento: https://www.aen.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/documento/2024-01/termo_de_conhecimento_de_riscos_pico_parana.pdf Ponta Grossa x Carambeí Após a atividade no PP, acampei por uma noite na fazenda. Precisava voltar para a civilização e pensar no que fazer nos próximos dias. Mas primeiro, como retornar para Curitiba? Na BR-116 existem algumas paradas de ônibus (acredito que das linhas da rodoviária que atendem o interior, como a que eu pegaria de Curitiba), mas, não tinha a mínima noção dos horários de volta. Teria que esperar na parada, ou tentar a sorte com carona “à moda antiga”, e considerando a natureza reclusa dos paranaenses, poderia ser mais fácil ir a pé para a capital. Por sorte, o responsável pela fazenda iria cedinho para a cidade fazer “o rancho” e resolver pendências, o que deu a oportunidade perfeita de negociar uma carona de volta. Tudo certo, e ainda de manhã estava de volta em Curitiba. Fechei um pernoite em um alojamento estudantil do lado do Passeio Público (primeira vez que durmo em um lugar do tipo), e começo a pensar no que fazer nos próximos dias. O clima estava dando sinais de mudança, mas para minha sorte pegaria pouca chuva nessa semana (de sol forte iria para um nubladinho básico na maior parte do tempo). Acabei decidindo que passaria uns dias fora da capital. Iria conhecer Ponta Grossa e ver o que faria por lá. Arrumei um blablacar para a manhã do dia seguinte, e a princípio tinha pedido para a motorista me deixar no Parque Vila Velha. A ideia, a princípio, era passar o dia aqui e depois ir para Ponta Grossa. Para meu desapontamento, esse passeio acabou não rolando por vários motivos: o preço (R$ 112 nesse dia) que vou confessar que me pegou de surpresa. Nem em Balneário Camboriú vi um atrativo com um preço tão alto, e além do mais, algumas atividades dentro do parque tinham cobrança adicional. Achei o valor alto demais, e perguntei na guarita sobre ônibus para a cidade. Os ônibus eram limitadíssimos, e saíam de um bairro distante do centro de Ponta Grossa – onde a maioria das hospedagens do booking/airbnb estavam - . Por fim, o guarda aconselhou que eu não entrasse no parque com minha mochila cargueira, uma vez que algumas trilhas eram longas, e o dia estava quente/ensolarado. No final das contas, pode ter sido “mão de vaquisse” da minha parte, mas resolvi pular o parque nesse momento. Aparentemente estava tudo orquestrando contra meu bom humor, então agradeci educadamente pelas informações e segui viagem com o blablacar. Fiquei em um hostel no centro de Ponta Grossa, e logo tratei de conhecer o que tinha que conhecer. Se você está hospedado na região central, uma boa e uma má notícia: boa parte das atrações da cidade ficam naquele entorno, porém, o que é mais interessante da cidade para o turista conhecer aparentemente fica ali mesmo: um “calçadão” do centro comercial, a estação saudade (uma estação de trem convertida em centro cultural), o shopping Palladium, que dizem ser um dos orgulhos da cidade (o porquê, não sei), e o parque ambiental, que até é legalzinho, mas precisa de uma manutenção de certos espaços, e certos pontos aparentam servir de boca à noite. Levei apenas uma tarde para conhecer esses lugares. Para fechar o dia, seguindo uma recomendação local, fui dar uma voltinha no Lago de Olarias, no bairro que carrega o mesmo nome, para observar a vida selvagem, as famílias passeando, e pensar um pouco na vida. Confesso que gostei do lugar, achei limpo e organizado. Na manhã seguinte, como concluí que não veria mais nada de interessante em Ponta Grossa (nem mesmo a moça do hostel pôde fazer mais recomendações), resolvi dar um bate-volta na pequena cidade de Carambeí, um “pedacinho da Holanda no Brasil” e lar da fábrica da Batavo. Eu tinha tomado conhecimento de um museu que eles possuem lá e achei que daria um bom passeio. Como de costume, optei por ir de blablacar, descendo no pórtico da cidade, na beira da rodovia. Três coisas me chamaram a atenção logo de imediato: o número diminuto de ônibus, o que me obrigou a pedir um carro para chegar no museu, a tranquilidade da cidade (do tipo ruas pouquíssimo movimentadas), e a confecção das casas, boa parte delas utilizando o estilo arquitetônico do enxaimel, e outros estilos comuns na europa. Carambeí tem três principais atrações, duas distantes da cidade: uma loja de tortas caseiras (se não me engano é Wolf o nome) , o museu histórico já mencionado e o “vilarejo Het Dorp”, que possui um lavandário, bastante visitado para degustação de especiarias, sessões fotográficas, etc. O museu parque histórico é considerado o maior museu a céu aberto do país, e posso dizer que a visita valeu bastante a pena! O local possui restaurante, loja de souvenirs, e uma réplica de um vilarejo ao estilo colono/pioneiro, onde é contada a história da imigração holandesa na região, e vários aspectos da cultura local. Tudo limpo, organizado e bem didático. Muitos itens são frutos de doações de famílias dos primeiros imigrantes, tornando a visitação ainda mais imersiva. Só faltavam atores encenando o cotidiano da época para que eu me sentisse, de fato, no início do século passado. Além da pequena vila, há um “parque das águas” embaixo onde há algumas casinhas de arquitetura típica onde você pode consumir alguns produtos locais. As fotos mais belas e famosas do parque são tiradas aqui (quando o tempo colabora, o que não foi no meu caso). Apesar de ser uma sexta, o espaço estava bem vazio, salvo por dois casais e uma excursão escolar. Passei aproximadamente duas horas aqui, e pensei em chamar outro carro para me deixar no Het Dorp, quando o tempo começa a anunciar uma grande mudança com uma ventania e tanto (do tipo galhos de pinheiro voando e tudo). Para minha “sorte”, não tinha nenhum carro por aplicativo nas dependências, e embora um funcionário do parque tenha jurado de pé junto que logo iria passar um ônibus para o centro da cidade, não queria arriscar ficar preso ali, com um possível “toró” a caminho. Como eram apenas 4km do museu para o centro, resolvi voltar a pé, embaixo de ventania e chuvisco. No final das contas não passou nenhum ônibus, e embora eu tenha me molhado um pouco, ter voltado a pé foi a coisa certa a fazer. Queria ter ido na fábrica da Batavo (essa fica no caminho para o museu) e perguntado se era possível fazer visita guiada, mas com a chuva e a ventania, acabei nem parando para isso. Tive que pular a casa de tortas também. Com isso voltava para Ponta Grossa embaixo de chuva fraca. Como não pensei em mais nada para fazer na região (que não precisasse de carro), optei por pegar outro blablacar na manhã seguinte para Curitiba. Considerações sobre as duas cidades: Dizem que Ponta Grossa é um polo industrial e uma cidade desenvolvida do estado. Turisticamente achei ela um pouco sem sal. Posso estar enganado, mas, mesmo os moradores não puderam me dar muitas direções para atrações ou coisas para fazer. Entretanto, por ser uma cidade mais “completa”, e perto de lugares como o buraco do padre, o parque vila velha em si, Castro (dizem que lá é legal para um bate e volta, mas não quis arriscar) e Carambeí, acredito que o melhor é se hospedar aqui e ir de carro para os lugares no entorno (não sou de alugar carro sozinho, eu sei, mancada minha). De fato, tem muita coisa a se fazer fora. Poderia ter tirado um dia no parque vila velha, mas como já citei, achei o valor um pouco abusivo (e descobri que agora no final do ano havia um desconto de 50% em virtude do aniversário do parque, se fosse nessa época a história seria outra!) Carambeí é pequena, pacata, e suas principais atrações ficam na zona rural, é quase imperativo que você esteja de carro para aproveitar bem a viagem. O museu por si só é bem legal, e já vale a visita. O lavandário parece ser interessante de visitar no final de tarde. Infelizmente não posso falar mais, pois o mau tempo desse dia me impediu de andar mais pela pequena cidade. No dia seguinte, cheguei bem cedo em Curitiba. Depois de acertar minha estadia, e vendo que ainda tinha tempo, resolvi dedicar o dia a mais uma visita ao Morro do Anhangava, este localizado no município de Quatro Barras, na serra da Baitaca. Já tinha andado nesse local há 2 anos atrás, numa visita anterior ao estado, mas para lugares bacanas, como diz aquele programa da globe, “vale a pena ver de novo”. Relembrando, é possível ir para o Anhangava/Morro pão de Loth/ caminho do Itupava de ônibus a partir do terminal Guadalupe, em Curitiba. Você pega o primeiro ônibus para o terminal Quatro Barras (~ 1h de viagem), e do terminal um segundo ônibus até a última parada, bem do lado da base do IAT, onde você faz o cadastro e a entrada nas trilhas. A trilha é fácil, agradável, você chega no topo com 1 hora de trilha, consegue ver Curitiba lá de cima, e ainda pode tomar um delicioso banho de cachoeira no final. Para o dia, não queria mais nada.
  2. Copiei este relato do augusto por que são informações consistentes do Pico do Paraná necessárias neste tópico. Ela foi editada em relatos de viagem o qual ele é editor. E aí galera. Estou disponibilizando mais um outro relato da subida de mais um Pico. É bem hard, mas pelo menos a trilha está bem demarcada. Não tem erro. Nessa subida passei por alguns apertos, então recomendo p/ quem for lá que veja se o tempo estiver bom. Boa leitura. Não conhecia a trilha e só tinha duvidas quanto aos perigos de assaltos nela, mas procurei informação c/ o pessoal de Curitiba (CPM) e me disseram que na trilha não ocorriam roubos. Os assaltos que ocorriam nas montanhas do PR eram no Anhangava, então estava tranqüilo (na verdade não ocorrem mais também). Só tinha receio das torrenciais chuvas que estavam ocorrendo na região sul naquela semana e como já tinha marcado alguns dias de folga, não tinha como mudar as datas e o jeito era ir assim mesmo. Saí de São Paulo em direção a Curitiba no dia 04/Abril, em um Domingo planejando retornar no dia 07 ou 08 (Quarta ou Quinta-feira). Levei um relato do Beck que estava na Revista dele e algumas outras dicas que encontrei na net. Sai do Terminal Tiete, em Sampa no ônibus das 07:00 hrs e já quase na divisa de SP/PR peguei chuva forte, o que era um mau presságio. No posto do Tio Doca (Shell), no Km 48 já no PR, cheguei por volta das 12:00 hrs com tempo bom. O posto é bem fácil de encontrar, pois fica logo após a Represa de Capivari. Descendo no Posto tive que retornar 2 Km até o Km 46 onde se inicia a estrada de terra à direita em direção à Fazenda Pico do Paraná. Uns 15 minutos depois de iniciada a caminhada pela estrada, passei ao lado de vários pés de caquis, que estavam abarrotados e ao longo da estrada. Uma pena era que os caquis estavam moles demais, o que inviabilizava levar alguns para a trilha. Mais 15 minutos de caminhada existe uma bifurcação à esquerda que leva a alguns sítios e chácaras, mas a trilha é sempre seguindo em frente, se orientando pela placa "BRUNO" ou Fazenda Pico do Paraná. Logo à frente passa-se ao lado de uma Igreja da Assembléia de Deus à esquerda e mais à frente haverá uma outra bifurcação, onde se deve seguir pela esquerda (Placa BRUNO). Daqui para frente o trecho começa a ficar mais íngreme e será assim até a porteira de entrada da Fazenda Pico do Paraná, onde termina a estrada, cerca de 1 hora e 30 minutos desde a Rodovia. Cheguei aqui pouco depois das 14:00 hrs. Assim que se passa a porteira existe uma descida forte até a sede da Fazenda e a direita já é possível ver uma pequena crista por onde passa a trilha e com alguns picos ao fundo (Caratuva e Itapiroca). Após passar o riacho (pegue água aqui) há uma pequena casa à esquerda onde se deve pagar uma taxa de R$3,00/pessoa e R$5,00 pelo estacionamento. O Dílson, que é o responsável pela Fazenda diz que o dinheiro é para a manutenção da trilha e que a Fazenda ainda disponibiliza banheiro e chuveiro quente para os montanhistas (uma mão na roda p/ quem tá voltando do pico). No dia que passei aqui o estacionamento tinha aproximadamente uns 10 carros, então eu iria cruzar c/ muita gente voltando do Pico. A trilha se inicia ao lado do estacionamento, no lado direito, onde a trilha entra na mata. Com um trecho muito forte de subida durante uns 40 minutos e vistas de toda a Fazenda, a Rodovia e a Represa ao fundo. Há também alguns mirantes naturais, onde encontrei vários montanhistas descansando. Logo a trilha se estabiliza e segue para a esquerda, passando por um lago de água parada (água não-potável) à esquerda e algumas clareiras onde podem ser montadas barracas. Após cerca de 2 horas desde a Fazenda, a trilha emerge numa área de vegetação bem baixa com o Pico do Caratuva bem à frente com suas antenas de rádio localizadas no topo e o Pico do Itapiroca do lado direito, um pouco escondido. Até esse ponto devem ter passado por mim cerca de 15 pessoas, entre grupos e alguns solitários voltando do pico. Assim que a trilha volta a entrar em mata fechada novamente, existe uma clareira do lado direito, onde cabem umas 5 barracas e onde montei a minha e passei a 1ª noite. Já era por volta das 16:00 hrs e ainda vários montanhistas passaram por ali e perguntando para eles como estava a trilha do PP, diziam que estava muito escorregadia e o Pico do Paraná e seu entorno estava a maior parte do tempo encoberto. Como não tinha trazido muita água lá da Fazenda, agora era buscar em bicas que se localizavam um pouco à frente, cerca de 15 minutos de onde eu estava. Peguei cerca de 2 litros de água e fiz o meu jantar. A noite chegou e rapidamente tudo ficou encoberto. No dia seguinte sai em direção ao PP por volta das 07:30 hrs com o tempo totalmente fechado e andando uns 20 mts há uma bifurcação, à esquerda que leva ao Pico do Caratuva e ao um pequeno riacho onde se pode pegar água. Não recomendo subir por essa trilha, já que é bem íngreme. Segui pela bifurcação da direita, que vai contornando o Caratuva. A trilha agora é quase toda por trechos de raízes expostas, onde o caminhar se torna mais lento. Cerca de 15 minutos depois da bifurcação há uma bica à esquerda da trilha e depois de quase 1 hora há uma outra bifurcação para a direita que leva ao Pico do Itapiroca, onde se chega no topo uns 30 minutos depois. Procurei um lugar p/ esconder minha mochila e subi até o topo somente com a máquina fotográfica. Chega-se primeiro a uma parte plana bem abaixo do topo e daqui sai uma outra trilha que entra por uma mata fechada e depois emerge quase próximo do topo. Aqui em cima de uma rocha há uma caixinha que contém o livro do cume. Assinei e deixei uma mensagem. Daqui até o topo ainda são uns 3 minutos, onde pode ver em dias claros toda a crista do PP. Cheguei aqui por volta das 09:30 hrs. No dia que passei por aqui não dava p/ se ver nada. Totalmente encoberto. A descida é bem rápida e voltei para a trilha em direção ao PP. Passei ainda por mais uns 2 riachos e como nos dias anteriores tinha chovido bastante encontrei varias poças de água e um lamaçal só. Pelo menos a bota estava agüentando o tranco. A trilha sempre vai contornando o Pico do Caratuva pela direita e logo se estabiliza. Agora a trilha é feita por uma vegetação baixa e logo passa por uma grande clareira bem no meio da trilha. Aqui chamam de Abrigo 1. Dessa clareira sai uma trilha à esquerda para o Pico do Caratuva. Não chega a ser difícil encontrá-la. Há também uma outra clareira uns 20 mts à frente. Cheguei aqui por volta das 11:00 hrs com o tempo totalmente encoberto e se o tempo estivesse bom daria p/ ver perfeitamente o maciço do PP e todo o percurso da crista para se chegar nele. Passando as clareiras, onde cabem umas 10 barracas, mas sem água, a trilha se inicia por uma pequena crista, mas a partir desse ponto, sempre descendo por uns 20 minutos até chegar à base do PP, onde tem início a pior parte da trilha. Chegando na base, inicia-se uma longa subida íngreme, sendo que no 1º momento há um enorme paredão não muito inclinado a ser ultrapassado, mas que alguns grampos fixados na rocha ajudam. E tome subida. Passado cerca de 40 minutos desde a base do PP chega-se ao Abrigo 2 com algumas pequenas clareiras muitos boas para montar barracas e onde existe um Refúgio semi-destruído na borda à esquerda. Somente suas paredes estão de pé, não havendo teto. Aqui também é o ultimo ponto p/ se pegar água, que se localiza seguindo por uma trilha que passa ao lado do Refúgio e segue pela encosta à esquerda. A bica é bem pequena. Saindo das clareiras para a direita, há uma trilha que vai p/ o Pico do Camelo, visível daqui, mas bem abaixo do PP onde se chega em uns 20 minutos. De vez em quando o tempo abria e dava p/ se ver toda a crista restante de subida do PP, distante ainda cerca de 1 hora. Continuando a subida em direção ao topo, a trilha vai se tornando mais lenta e difícil, com lances de escalada em rocha que são um pouco perigoso. É necessário tomar muito cuidado para não sofrer algum acidente. Cerca de 2 minutos antes do topo existe uma pequena clareira à direita, suficiente para umas 2 ou 3 barracas. Junto dessa clareira também há uma trilha para esquerda que leva a um pico do Ibitirati mais abaixo. Chega-se no cume do PP pelo lado direito sem maiores dificuldades. O topo é plano e possui algumas clareiras (3 ou 4) suficiente para umas 10 barracas ou mais. A visão daqui alcança o litoral, uma parte da cidade de Curitiba e todos os picos ao redor. Cheguei aqui por volta das 15:00 hrs. Há também um livro do cume que fica dentro de uma caixinha fixada em uma rocha. Pelo teor das mensagens dava para notar que a maioria que sobe até o topo retorna no mesmo dia, por isso lixo inexistia aqui. Um problema de se acampar aqui é que o topo é um local muito exposto, mas prendendo bem a barraca não haverá dificuldades. Devido às chuvas dos dias anteriores, o solo estava bem encharcado e quando chegou a noite a chuva voltou com força total, continuando até a madrugada. Foi um Deus nos acuda porque onde estava começou a se formar poças de água embaixo da barraca e não deu outra. Logo estariam entrando pelos micro-furos no piso. Se eu não estivesse com o isolante, o saco de dormir estaria já estaria molhado. Por volta das 03:00 hrs da madrugada a chuva cessou e notei que a temperatura não estava tão baixa (cerca de 4°C). Voltei para a barraca e dormi por mais algumas horas. Por volta das 08:00 hrs da manha (06/04 - Terça-feira) acordei, tomei um belo café da manhã e passei boa parte do tempo tentando limpar embaixo da barraca, o que foi tempo perdido, pois algo de pior ainda me aguardava. Sai por volta das 09:30 hrs em direção ao Pico do Caratuva. O tempo estava todo encoberto e a vegetação toda molhada, então já imaginava que chegaria uma sopa lá no topo. Foi pior. Qdo estava chegando no Abrigo 2 a chuva retornou e com intensidade. Como estava com parte da roupa toda molhada, a chuva resolveu fazer o restante do serviço. Pelo menos estava com uma capa para a mochila, evitando que a mesma também se molhasse. Resolvi nem pegar água na bica, pois já nem contava subir o Caratuva. A água da chuva ia formando um verdadeiro riacho pela trilha que ia descendo, mas depois de 1 hora, quase chegando no Abrigo 1 a chuva cessou e o tempo abria de vez em quando dando para ver toda a crista do PP. No abrigo 1 torci algumas peças de roupas para secar um pouco da água e fiquei por um tempo ali pensando se subiria o Caratuva ou não. A alternativa que eu tinha era subir o Caratuva e acampar no topo descendo no dia seguinte pelo outro lado, mas havia um problema de eu não ter água. E se na subida da trilha, eu passar por algum riacho? A outra alternativa era voltar pela mesma trilha p/ a sede da Fazenda e acampar por lá, para no dia seguinte ir embora. Fiquei alguns minutos pensando no que fazer e resolvi seguir a 1ª alternativa. Em vez de tomar a trilha que vai seguindo para à esquerda, contornando o Caratuva, para subir até o topo deve tomar uma trilha que sobe em linha reta, saindo das clareiras do Abrigo 1. Na subida não existem bifurcações o que facilita um pouco, mas logo a chuva retornou e tomei outro caldo e p/ piorar, nada de encontrar o riacho p/ se pegar água. A subida vai alternando por vegetação de capim baixo e árvores pequenas, porém sem escaladas por rochas. O solo estava bastante encharcado, então várias vezes enfiei o pé na lama. No topo do Caratuva cheguei cerca de 1 hora depois, com o tempo fechado e vento muito forte. Já eram por volta das 13:00 hrs e não encontrei riacho nenhum mesmo, o que era um problema, pois estava sem uma gota de água. Até tentei procurar alguma bica de água, mas nada. Então não me restou alternativa senão descer pelo outro lado e acampar lá embaixo. O topo desse pico é marcado pela colocação de antenas de retransmissão de rádio. Existem boas clareiras onde dá p/ montar barracas sendo algumas protegidas do vento. Há até um livro do cume, que fica dentro de um cano de PVC, preso em uma das antenas. A trilha de descida é bem fácil de encontrar, porém é ainda mais íngreme que a do PP, por isso todo cuidado é pouco. Fiquei imaginando alguém subindo por essa trilha. Deve ser bem difícil e não vale a pena. A vantagem é que a trilha é feita em mata fechada e as raízes expostas e os galhos ajudam muito na descida. Existe uma pequena bifurcação à direita depois de uns 30 minutos, que provavelmente leva a outros picos, mas a trilha correta é sempre descendo. Logo cheguei a um pequeno riacho, onde peguei alguma água e continuei descendo. Mais à frente a trilha passa por um outro riacho e logo chega na bifurcação, que p/ à direita leva à sede da Fazenda e à esquerda ao PP (no dia anterior tinha passado por aqui). Daqui p/ frente já conhecia a trilha e o tempo já estava bom (tinha até um sol bem forte). Passei ao lado da clareira, onde tinha acampado a 1ª noite e segui em frente, chegando logo na trilha de campo aberto. Do topo do Caratuva até ali tinha levado quase 1 hora. Resolvi então procurar um local plano junto à trilha e colocar p/ secar o que tinha molhado (mochila, isolante, barraca, bota, parte do saco de dormir.........). Desse ponto dava p/ se ver que o topo do Caratuva e os picos ao redor o tempo estava muito bom, mas só foi anoitecer que o tempo se fechou novamente. A noite foi tranqüila e não choveu. Pelo menos isso, né? No dia seguinte (07/04 - Quarta-feira) acordei cedo, procurei organizar bem a mochila e desci em direção à sede da Fazenda. Foi um percurso bem rápido e fiz algumas paradas. Cheguei na sede por volta das 10:00 hrs. Um funcionário da Fazenda estava próximo do início da trilha e aí pedi a ele p/ tomar um banho de chuveiro quente (os $3,00 tinham que servir para alguma coisa, né?), pois meus banhos na trilha tinham sido "bem nas coxas". Fiquei por um bom tempo no banho (que delicia!) e sai em direção à Rodovia por volta das 11:00 hrs, mas como tinha a informação de que o ônibus para Curitiba passava entre 15:00 e 16:00 hrs, por isso fui numa caminhada bem lenta e sem pressa. Passei ainda na plantação de caquis que estavam ao longo da estrada, peguei alguns e fui comendo até a Rodovia, aonde cheguei por volta das 14:00 hrs. Existe um ponto de ônibus na Rodovia que fica ao lado do final da estrada, mas resolvi ir até o Posto do Tio Doca, onde fiquei aguardando o ônibus até quase as 16:00 hrs, chegando em Curitiba pouco antes das 17:00 hrs e em São Paulo pouco minutos antes 00:00 hrs, a tempo de pegar o Metrô e voltar p/ casa. DICAS # Existe um Hotel no Posto Tio Doca, para quem quiser ir de noite e ficar até o amanhecer para iniciar a trilha bem descansado. Só não sei os valores # O telefone do responsável pela Fazenda Pico do Paraná (onde se inicia a trilha) é: Sr. Dílson (041) 9906-5574 (041) 272-6959 # Água potável na estrada de acesso até a Fazenda não existe. Até têm alguns pequenos riachos, mas a água não é confiável, já que passa por algumas residências. Água somente na sede da Fazenda a poucos mts do inicio da trilha, na base do Caratuva, onde existe uma bifurcação (nas duas trilhas é só caminhar uns 10 minutos e encontrará um riachinho) e no Abrigo 2, a cerca de 1 hora do cume do PP. # A água do Abrigo 2 fornece água em pequena quantidade. Talvez no inverno, quando chove menos, a qualidade da água pode não ser boa (é melhor perguntar p/ o Dílson). # Sinal de celular da operadora Vivo se consegue na crista e no topo dos picos. Me disseram que celulares da Tim também possuem sinal na região. # Existem varias clareiras na trilha para montar barracas, antes de se chegar nos Abrigos 1 e 2. Elas estão localizadas a cerca de 40 minutos do início da trilha e outra a cerca 50 minutos, onde existe um lago de água parada. A ultima clareira antes do abrigo 1 está junto à base do Pico do Caratuva. # Se vier de carro economizará uma boa caminhada desde a Rodovia e estacionamento não é problema, porque ao lado do inicio da trilha há um imenso gramado usado como estacionamento, mas que é cobrado $5,00. Eu não perguntei, mas acho que é por dia. # O valor da passagem em ônibus convencional, saindo de São Paulo é de cerca de $40,00 (referencia - mês de Abril/2004) pela Viação Cometa ou Itapemirim. Já o valor da passagem de ônibus do início da estrada até Curitiba está em pouco mais de $4,00. # A região, por estar próxima do litoral, apresenta chuvas constantes, por isso é quase obrigatório levar uma capa de mochila. # A menos que vc esteja treinando para uma corrida de aventura, não recomendo fazer o PP em 1 dia, pois o trecho de subida da crista do PP é bem íngreme e extremamente perigoso e vale ficar alguns minutos contemplando a vista porque é uma região muito bonita. Breve estarei colocando as fotos no meu album virtual e passarei o endereço. Abcs. Augusto
  3. Trilha feita entre dias 25 a 27/06/2016. Todas as fotos estão em: https://photos.app.goo.gl/KW1dFw1v57i7oVhq8 Fazia anos que o Pico Paraná estava em meus planos, mas pela distancia e falta de tempo habil, fui deixando de lado até que nesse ano, decidi que estava na hora de sair um pouco da região Sudeste e ir trilhar em algum pico na Região sul. E nada melhor que começar pelo pico mais alto e mais conhecido da região, o Pico Paraná. Em Março, lancei um evento no face para a primeira quinzena de Maio afim de encontrar outros interessados em me acompanhar (além de facilitar a logistica de transporte), indo no esquema de racha de caronas. Pois bem, não tive sorte nas 2 primeiras tentativas, por conta de ter chovido muito na região. Então, após ter adiado 2 vezes o evento no mês de Maio, resolvo tentar mais uma vez, mas dessa vez resolvo empurrar a data para o periodo mais seco do ano, ou seja, o Inverno. Não que isso faça muita diferença na região sul, já que o regime de chuvas durante o ano é bem distribuida e não há um periodo seco ou chuvoso definidos, como nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. Mas depois de saber que o inverno é o periodo onde mais tem janelas de tempo firme na região do Paraná, não pensei 2 vezes e marquei para o último fds de Junho. Nesse eu iria de qualquer forma, sozinho ou em grupo. 10 pessoas toparam ir comigo nessa empreitada, na qual dividi em 2 carros. Porém, com desavenças passadas entre alguns deles, outros abortaram de ultima hora e para piorar, um dos motoristas ficou doente, deixando todas as suas caronas sem carona. Com isso, havia caronas de sobra e carro de menos. E ai, a pernada que iria ser em grupo, acabou sendo solo mesmo, como inicialmente havia previsto e era um plano B, inclusive. 1º Dia Com a previsão meteorologica totalmente favorável para todos os dias que iria permanecer na região, lá estava eu, saltando do metrô na estação Tietê as 9h30 da manhã, rumo a ala de embarque da rodoviária de mesmo nome, para embarcar no ônibus das 10:00hs da viação Kaissara, com destino a Curitiba. A viagem foi tranquila e ao passar pela placa de divisa de SP com o Paraná, fico atento a quilometragem na rodovia (que a partir da divisa ela zera e começa a contar novamente). Peço para o motorista parar no Km 46, logo após passar pela ponte do Rio Tucum. Nesse ponto, é onde fica o acesso a estradinha de terra que leva a fazenda Pico Paraná. Chego nela pouco antes das 16h00hs e após ajeitar a cargueira, dou inicio a caminhada pela estradinha de terra em direção a fazenda numa bela tarde de sol, mas com o frio típico da região se fazendo presente. A placa indicando o Pico Paraná a direita O acesso fica logo a frente dessa placa no sentido São Paulo. Não tem erro. Desceu do busão, atravessa a rodovia para o outro lado e pega o acesso A temperatura estava agradável naquela tarde (em torno de 16ºC) que ajudou bastante na caminhada nesse trecho inicial, que segue tranquila, ótima para aquecer os músculos. Após descer um pequeno trecho da estrada e ao virar a esquerda e depois a direita, começa a aparecer as primeiras vistas para alguns picos, com o Caratuva parecendo estar perto, mas ainda com uma longa caminhada até lá. Passo por algumas bifurcações, mas o caminho a seguir é obvio: Sempre pela estrada principal, mais batida e bem fácil de identificar, seguindo em direção aos picos que são visíveis a maior parte do tempo a sua frente. começando a caminhada As primeiras vistas Cruzo com alguns pontos de água pelo caminho na estradinha, mas que não são confiáveis, pois vejo casas próximas. Não encontrei nenhum ponto de água confiável durante todo o trajeto da rodovia até a fazenda, chegando a conclusão que não dá para contar com água nesse trajeto. Por isso, traga água na mochila, pois só haverá agua confiável qdo chegar na fazenda. 40 minutos de caminhada desde a rodovia, passo por um bar a esquerda que estava aberto e aproveito para ver o que tinha de bom e confirmar o caminho mapeado. Era um bar e uma pequena mercearia, onde havia miojo, sucos, etc. É uma opção para o caso de você estar sem água ou quiser comprar alguma coisa a mais para levar. Ainda falta 3,5km Retomo a pernada e logo que saio do bar, vejo uma bifurcação onde o caminho a seguir é o da esquerda (o Bar é a referência). A partir da bifurcação, a estrada inicia uma sequencia de subidas constantes serra acima e com alguns trechos mais íngremes que durou até quase o final. Por isso, acabo ficando mais lento, sendo obrigado a parar algumas vezes para retomar o fôlego. Durante a caminhada, encontro algumas placas indicando o caminho para a Fazenda Pico Paraná. No caminho, passo por uma casa, onde um minúsculo cãozinho solitário, do tamanho de um gato late durante a minha passagem. Algumas janelas na mata, revelavam alguns picos do entorno.... As 17:10 hs, com pouco mais de 1 hora de caminhada desde a rodovia, chego ao trecho final, onde visualizo uma placa indicando "Fazenda Rio das pedras a 1 Km". Termino a longa e exaustiva subida e logo chego ao alto de um morro, onde visualizo o vale e a fazenda lá embaixo. Falta pouco Trecho de descida final A partir desse trecho, a estrada desce até um grande vale, onde passo por uma ponte sobre um rio. E após cruzar a ponte, com 1 hora e 25 minutos de caminhada desde a rodovia, finalmente chego a sede da Fazenda Pico Paraná, onde um garoto de aproximadamente 12 anos aparece perguntando se eu iria seguir direto ou iria pernoitar na Fazenda. A sede da fazenda é bem simples, mas seu camping é bastante espaçoso, com grama bem aparada e plana, água perto e de quebra, chuveiro quente e fogão a gás para cozinhar tb. Chegando na entrada da fazenda Casa de apoio ao montanhista Não havia ninguém no local e nem no camping e após deixar meus dados na ficha e pagar R$ 10 pelo pernoite no camping, monto minha barraca, preparo a janta e logo vou dormir, pois os próximos 2 dias seriam mais puxados. 2º dia - Da Sede da Fazenda ao A2 (Acampamento base 2) e cume do Pico Paraná. O Sábado amanheceu com uma nevoa baixa e temperatura amena de 07ºC. Acordei por volta das 6h30 com a movimentação da turistada chegando para subir o pico... Fui até o ponto de apoio da fazenda para tomar café e durante esse período, mais gente foi chegando e logo o estacionamento da fazenda já estava lotado. Fiquei sabendo que alguns grupos já haviam começado a subida, o que me fez pensar que precisaria ter começado a trilha mais cedo afim de chegar antes e pegar os melhores lugares nas areas de acampamento. Turistada chegando em massa Após tomar um belo café reforçado com 2 pães de queijo suculentos na fazenda, as 7h20 já estava desmontando a barraca. Antes de iniciar a subida, peguei algumas coordenadas da trilha e as 8h00 em ponto, inicio a caminhada em direção ao Pico Paraná. Arredores da fazenda A trilha começa com uma subidona logo de cara, o que deve assustar muita gente, principalmente iniciantes, mas também dá uma ideia que não seria uma trilha facil. Segundo infos da fazenda, o tempo de caminhada médio da Sede até o A2 (Acampamento base 2) é de 6 horas, pelo menos. Então, estimei chegar lá por volta das 14h00hs. Acabou a mamata do pedágio.... Iniciando a caminhada O trecho inicial começa com uma subidona constante e a 1º hora é quase toda assim, o que deixou muitos dos grupos bem devagar. Vou subindo em ritmo forte e aproveito para ultrapassar alguns grupos que estavam mais lentos, pois havia bastante pessoas na minha frente. 1 hora de subida desde a fazenda, chego ao alto de um morro e a subida dá uma trégua. A trilha passa a seguir quase que no plano, em linha reta, mas que não dura muito tempo e logo a subida recomeça em um trecho em largos zig-zag, onde ganho altitude rapidamente. No trecho inicial - abaixo das nuvens e tempo fechado. Próximo ao morro do getúlio, acima das nuvens, tempo aberto As primeiras vistas começam a aparecer e as 9:15, chego ao alto de um morro conhecido como Getúlio, onde havia alguns grupos descançando e tirando fotos. Desse ponto, se tem uma bonita vista do vale lá embaixo, com a represa do Capivari em primeiro plano a oeste e a sudeste, os Picos do Caratuva a esquerda e Itapiroca a direita bem imponentes. As nuvens haviam ficado embaixo e o sol já brilhava forte na lá em cima. Caratuva a esquerda, Itapiroca a direita Seguindo pela crista, em direção a base do Caratuva Como havia muita gente no local, faço uma breve parada ali apenas apenas para molhar a goela e mastigar uma barra de cereal. A partir desse trecho, a subida dá uma tregua e a caminhada segue no plano por um trecho de gramídeas e vegetação baixa no alto de uma crista. Retomo a caminhada e 15 minutos desde o morro do getúlio e 1 hora e meia desde a fazenda, chego a bifurcação onde há uma placa indicando Pico Paraná a direita e Caratuva a esquerda. Nesse ponto, havia um grupo de 4 pessoas parado tirando fotos, a qual cumprimento cordialmente e sigo na trilha a direita, sentido Pico Paraná. Na bifurcação.... As 9:40, chego ao 1º ponto de água desde a fazenda, conhecida como "Bica" e sem saber direito qtos pontos de agua confiável iria encontrar pela frente, encho metade do cantil aqui e aproveito para fazer uma parada para descanço, já que no alto do morro do getúlio não foi possivel, devido ao excesso de pessoas ocupando o local. No trecho entre a fazenda e o Morro do Getúlio até passei por um ponto de água, mas era um poção represado e não confiável. Por isso, deixe para pegar água na bica ou traga da fazenda. Após a bica, a trilha inicia um longo e exaustivo trecho de subida forte com muitos galhos caídos e trechos eroditos, além de alguns trechos técnicos, onde o auxilio das mãos foram constantemente exigidos para impulsos nos troncos e pedras. Esse trecho perdura até próximo do A1, por isso, é preciso estar 100% para passar aqui, caso contrário, terá problemas, pois é um trecho que exige muito das panturrilhas, coxas, musculos e joelhos. 1ºponto de água desde a fazenda 30 minutos desde a Bica, a subida dá uma tregua e as 10:10 chego a placa que indica a bifurcação para o Itapiroca a direita. Seguindo em frente vai para o Pico paraná. A partir desse ponto, a trilha segue por um vale entre o Caratuva e Itapiroca. Com tantos galhos, troncos, arvores e trechos eroditos, fiquei bastante lento, pois era preciso passar por cada ponto com muita cautela, afim de evitar acidentes como escorregões ou de torcer os pés em alguma das dezenas de fendas entre os troncos em um trecho carcomido pelo tempo e o excesso de uso. A trilha estava bem marcada, mas parecia que estava mesmo é varando mato de tantos obstáculos no caminho. A trilha vai seguindo pelo vale e logo que atravessou para o outro lado, aparece a primeira vista do imponente Pico Paraná meio distante, envolvida em nuvens baixas. Passo por uma enorme rocha a esquerda e chego a um outro trecho de rocha lisa onde encontro uma corda estratégicamente instalada para auxilio de descida/subida. Trecho de corda.... As 10:38, com cerca de 10 minutos após o trecho da corda na rocha, passo por mais 2 pontos de água, mas ambos de filete pequeno. Imagino que, em epoca de estiagem longa não é bom contar com esses pontos de agua, pois as fontes podem estar secas. Da placa até o A1, contei 4 pontos de agua, mas somente o da bica é o mais confiável e por ter mais agua corrente. Portanto, pegue água no 1º ponto na Bica ou deixe para reabastecer no A2. A trilha segue descendo discretamente o vale e dando a volta pela base do Caratuva. Após o último ponto de agua, saio da mata fechada e passo a caminhar por um trecho de bambuzinho baixo e capim ralo, que é parte de um trecho de transição para os campos de altitude. Nesse ponto visualizo bem a frente, o conjunto rochoso do imponente Pico Paraná bem a frente, parecendo estar perto, mas que ainda restava a descida de um grande vale até lá. As 10:55, saio do trecho da mata fechada e entro definitivamente no trecho de campos de altitude onde visualizo logo abaixo, os pequenos descampados do A1 a frente. Mais alguns minutos e chego a um mirante com uma bela vista do percurso. A partir desse ponto, o Itapiroca e Caratuva estão atrás e a minha frente, visualizo todo o trecho de crista que ainda iria passar. E o conjunto rochoso do Pico Paraná bem a frente o tempo todo. um dos descampados do A1 lmais abaixo Litoral paranaense tomado pelas nuvens Pico Paraná Passo por alguns pequenos descampados para 1 ou 2 barracas que podem ser usados em caso de emergência ou se as areas de acampamento do A1 e A2 estiverem lotados. Mais 15 minutos e 3 horas de caminhada desde a Fazenda, chego a primeira grande área de acampamento denonimado A1, onde aproveito para fazer um pitstop afim de relaxar os músculos do logo trecho de troncos e galhos que foi de matar. Itapiroca a esquerda Um dos vários descampados do Acampamento Base 1 (A1) a mais ou menos 3 horas de caminhada do cume. Nesse ponto, parte uma trilha que sobe até o cume do Caratuva e que pode ser uma opção para aqueles que quiserem conhecer o Pico do Caratuva na volta. Após o breve descanço, retomo a pernada, agora pronto para encarar o trecho mais dificil da trilha, que é a escalada da base do PP. A trilha continua agora pelo alto de uma fina crista, que liga os picos do Caratuva e Itapiroca com o conjunto rochoso do Pico Paraná, com enormes vales dos lados esquerdo e direito que foram merecedores de vários clicks, é claro. Descendo em direção ao enorme paredão rochoso que compõe a base do PP. Gigantescos vales a esquerda e direita Após a descida de crista, chego a primeira de uma série de trechos técnicos, onde há grampos de ferros estrategicamentes instalados para auxilio na descida e subida. No 1º trecho de acesso ao pequeno vale, se desce até a base para depois iniciar uma forte subida em direção ao A2 e ao cume do PP. Ao pé dessa rocha, se tem uma ampla vista do enorme paredão gigante rochoso do Pico Paraná (que aparece com todo o seu explendor e imponencia), o que vale uma parada de alguns minutos para contempla-lo. Pico Paraná todo imponente a frente Nesse mesmo ponto, visualizo o enorme encosta exposta íngreme por onde a trilha sobe, mas é o caminho a seguir e é para lá que eu sigo. O paredão rochoso e a trilha subindo por ela Após a curta caminhada pelo vale, chego a base do PP e vejo mais grampos de ferros para auxílio da subida. Começo a escalaminhada do paredão praticamente na vertical e só de olhar a pirambeira acima, cansou até a vista. Com mochila cargueira, não foi nada facil vencer esse trecho. Trecho técnico Descer foi pior que subir.... É preciso passar com bastante cautela por ali, afim de evitar acidentes. Ganho altitude rapidamente e após o 1ºtrecho, passo por outros 2 com grampos de ferro e após o trecho tenso, chego ao alto da crista para um merecido descanço. Do alto, da para ver todo o trecho de crista que vem lá do Caratuva e a marcação da trilha pelo alto crista O trecho de crista por onde a trilha vem (com o Itapiroca a esquerda e o Caratuva a direita) bem a frente.... As 12:10, após vencer os trechos de grampos, entro no trecho final da crista antes do A2. E assim, pouco antes das 13:00hs e com quase 5 horas de caminhada desde a fazenda, finalmente chego a area de acampamento denonimada A2 para literalmente, desabar ali. Um dos vários descampados do A2 O Acampamento Base 2 (mais conhecida como A2) é bem amplo, com vários descampados (alguns muito bem protegidos pela vegetação) com espaço para pelo menos umas 15 barracas. Não havia ninguém no local ainda, com isso, pude escolher o melhor lugar para montar a barraca. Até pensei em tentar a sorte e ir acampar no cume, mas sabendo que no topo em relação ao A2 tem pouco espaço e que tinha gente que havia subido no dia anterior, acabo desencanando da ideia e resolvo ficar no A2 mesmo. Uma das belas vistas do A2 Pico Paraná visto do A2 A distancia do A2 para o cume é de aproximadamente 1 hora de caminhada com mochila cargueira. Após montada a barraca, as 13:45 parto para o ataque ao cume munido apenas de um lanche, suco e máquina fotografica. Morro do camelo visto do A2 A partir do A2, a subida continua e passa por mais alguns trechos técnicos, onde alguns grampos de ferro ajudam na subida. Em alguns pontos, tive que saltar de uma pedra para a outra. É preciso passar com cautela, pois em alguns trechos, a trilha some por alguns instantes e deve-se olhar bem para encontrar a continuação dela. 20 minutos desde o A2, a subida fica mais ingreme e a trilha entra em uma fina crista, onde visualizo de ambos os lados, enormes precipicios com um colchão de nuvens embaixo. É uma visão que impressiona, mas só de olhar no vazio lá embaixo, chega até a dar medo. Crista (a esquerda) onde está o A2 e por onde a trilha sobe. Ao fundo a esquerda e direita, Itapiroca e Caratuva Por conta de sucessivos trechos de escalaminhada, vou parando em alguns momentos para retomar o fôlego. O trecho de subida final ao cume é de matar e os músculos das pernas já estão esgotados, já que toda a força é dirigida a eles. Mais 20 minutos de escalaminhada, chego ao alto de fina crista, onde a subida da uma tregua e visualizo bem a minha frente, o cume final do PP. Face oposta do PP visto durante a subida Um dos precipicios gigantescos bem ao lado da trilha O Topo visto do ultimo trecho de crista Passo por um descampado protegido (para umas 2 ou 3 barracas na base) que estava vazio e que é uma otima opção para o caso do topo estar lotado, mas sem água perto. A partir desse descampado, acesso o trecho final da subida ao cume. E finalmente, após 45 minutos de caminhada desde o A2, finalmente chego ao topo do Pico Paraná, na cota dos 1.877 metros de altitude as 14:35, para o merecido descanço. Do Topo se avista todos os Picos da Serra de Ibitiraquire, com os Picos do Itapiroca e Caratuva bem a frente, em destaque. É uma visão em tanto e que valeu todo esforço para chegar. Enfim, no cume do Pico Paraná Como eu já imaginava, todos os lugares protegidos no cume estavam ocupados e só havia 2 lugares livres, mas totalmente expostos aos ventos. A subida do A2 até o cume foi bem cansativa devido aos trechos técnicos e imaginei como seria se estivesse com mochila cargueira nas costas. Por isso, se quiser acampar no cume, a melhor opção é sair um dia antes ou na madrugada de sabado. Caso contrário, fique no A2 que tem mais espaço e com água próxima. A fina crista vista do topo, por onde sobe a trilha e com o pequeno descampado Vista de tirar o fôlego Após vários clicks e contemplação do visual, com a tarde caindo, os ventos começam a ficar mais fortes. A temperatura tb estava caíndo, por isso, nem fico muito tempo lá e logo pego o caminho de volta para o A2, apenas para constatar que o local estava lotado e quem chegasse depois, teria que tentar a sorte no cume ou voltar para o A1. Sorte que eu cheguei bem antes e já garanti meu lugar. Barracas no topo A vista durante o retorno do cume ao A2 De volta ao acampamento, encontrei com parte da galera do grupo trilhadeiros do face e que foi uma grata surpresa para mim. Estavam o Henrique, Jéssica, Ana Paula e mais 2 figuras que não me lembro o nome e é claro que após as apresentações de praxe, fiquei conversando com eles contando meus causos e pq estava sozinho. Com o por do sol, a temperatura diminuiu bastante e com o cair da noite, voltei para a barraca onde preparei minha janta e fui dormir cedo, por volta das 20h00. Continua logo abaixo.....
  4. Com muito espirito de aventura eu Eliseu Francisco e meu amigo Daniel Douglas finalmente decidimos subir uma montanha pela primeira vez e escolhemos o Pico Paraná. Antes de irmos procuramos por vários relatos a fim de nos preparar, e encontramos ótimos relatos que foram de grande ajuda, mas quando chegamos lá sentimos que faltaram informações, então escrevo esse relato com a intenção de agregar mais informações para quem deseja realizar essa incrível aventura de subir o pico mais alto do sul do Brasil. Nós só temos disponibilidade durante as férias, sendo assim teríamos que optar por janeiro (verão) ou julho (inverno). Os relatos diziam que ir durante o verão não é uma boa opção devido á instabilidade do tempo, o que faz com que possamos pegar chuva a qualquer momento e ficar impossibilitados de subir o pico ou pelo menos ter mais dificuldades, mas nós ficamos receosos quanto ao frio do inverno, pois a chuva é uma possibilidade, mas o frio no inverno é uma certeza, então optamos por ir em Janeiro. Eu moro em Três Corações-MG, meu amigo mora em Florianópolis-SC. Decidimos nos encontrar em Curitiba para organizar nossas coisas e então partir para o pico. Passamos no supermercado para comprar suprimentos (água, frutas, sanduíches, bolacha) e depois fomos até a rodoviária de Curitiba para comprar as passagens para o pico. O pico, aparentemente não é um destino muito comum para quem vai de ônibus porque ninguém na viação sabia me informar ao certo qual ônibus eu deveria pegar, mas como eu havia pesquisado antes, descobri que a melhor opção seria comprar com a empresa Princesa dos Campos, com destino a Barra do Turvo **Não é possível encontrar esse destino no site da empresa, somente no guichê**, a passagem em Janeiro de 2020 custava R$34,47, e um dos problemas é que esse é um destino muito além da estrada que leva ao pico, que fica á 48km de Curitiba, enquanto Barra do Turvo fica á 153km de Curitiba, ou seja pagamos muito para andar pouco, mas como não tínhamos outra opção... Outro empecilho é que só existem 3 horários por dia nessa rota, sendo ás 7:00h, 12:00h e 17:20h. Optamos por partir em um sábado ás 7:00h. O ônibus possui um cobrador, então pedimos pra ele nos avisar quando tivéssemos chegando próximo ao posto Mahle no km 46, que são os pontos na rodovia mais próximos a estrada que leva ao pico, por via das dúvidas eu acompanhei toda a rota pelo google maps e quando percebi que estávamos chegando próximo me levantei pra arrumar as coisas **Lembre-se de que você precisa levar seus equipamentos com você, pois o motorista não abre o bagageiro fora das rodoviárias**. O cobrador nos lembrou do local e nos avisou que o ponto seria ali, e também nos mostrou que havia outro ponto de ônibus do outro lado da rodovia, onde poderíamos pegar o ônibus para voltar pra Curitiba. **Na volta a passagem fica mais barata, pois o cobrador vai cobrar a passagem a partir daquele ponto**. Ao descer encontramos com um pequeno bar na beira da rodovia onde pedimos informações sobre onde fica a bendita estrada, fomos informados que ela fica á 2km seguindo a frente, ter que andar esse trecho no acostamento da rodovia foi inevitável, já que certamente o motorista não iria querer parar mais a frente por não ser seguro. Dois quilômetros depois nos deparamos com uma estradinha de terra á direita, havia um casal saindo de lá e perguntamos se aquela era a estrada que levava a fazenda Pico Paraná **Essa fazenda á a base de apoio na entrada da trilha que leva ao pico, é ela que você deve citar quando pedir informações**. Do início da estrada até a fazenda são cerca de 10km, eu sei, é muito, mas somos aventureiros e sabíamos que teríamos que fazer esse trecho, estávamos contando com alguma carona, e por sorte foi o que aconteceu, depois de andar cerca de 2km um motorista em uma caminhonete nos ofereceu carona, aceitamos sem relutar é óbvio, e foi realmente sorte, pois esse trecho tem muitas subidas, chegaríamos a fazenda já bem desgastados. Quando chegamos a fazenda fomos recepcionados por um dos proprietários que nos deu ótimas dicas e meio que nos assustou, é que como ele entende do clima local, ele nos disse que não seria uma boa ideia a gente ir até o Pico Paraná ou acampar lá em cima, pois o risco de chuvas, ventos e até raios é muito alto, ele então nos recomendou ir até o Pico Itapiroca ou Caratuva, não me lembro ao certo qual deles, a questão é que essa segunda opção é bem mais perto, tem cerca de somente 10m a menos que o Pico Paraná, a visão geralmente é mais limpa (sem nuvens), a trilha é menos intensa e daria pra subir e descer no mesmo dia para então acampar na base, onde é mais seguro. Obviamente ficamos meio preocupados, mas não pensamos duas vezes, nós fomos lá pra chegar até o topo do Pico Paraná e é isso que iríamos fazer independente do que tivéssemos que enfrentar, então avisamos ele da nossa decisão, assinamos uma folha de controle, deixamos na fazenda aquilo que não usaríamos na trilha e partimos. **É necessário pagar uma taxa de R$10(das 07 ás 18 horas) ou R$15(das 18 ás 07 horas) por pessoa na fazenda, esse valor te dá direito a usar os banheiros, chuveiro e camping. Também é necessário informar corretamente á qual pico você pretende chegar, pois caso se passe tempo demais do tempo comum de chegada, eles montam uma equipe de busca** Depois de tudo decidido, começamos então a trilha, eu não vou me apegar aos detalhes do caminho, já que a trilha é bem sinalizada, existem fitas brancas amarradas ás árvores que indicam o caminho para o Pico Paraná e fitas de outras cores para outros picos, além disso se você for em um final de semana provavelmente vai encontrar muitas pessoas na trilha, muitas mesmo, então quase sempre vai ter alguém á quem pedir informações. Quanto ás condições da trilha, quase todo o percurso é em meio ás árvores, então o sol não atrapalha tanto, o começo é uma trilha de chão batido com leves inclinações, depois de mais de uma hora de caminhada começam a aparecer algumas pedras no chão e aumentar a inclinação, logo depois nos deparamos com trilhas bem complicadas, com muitas raízes gigantes que dificultam a movimentação, existem muitas subidas e descidas todo momento, algumas dessas possuem cordas ou grampos para ajudar a escalar, por que fomos no verão e deve ter chovido nos dias anteriores nos deparamos com muita lama na trilha, o que foi péssimo porque os tênis ficaram imundos e as meias então, nem se fale, o chão fica muito escorregadio então a atenção teve que ser dobrada. Mais de quatro horas de caminhada e nos deparamos com uma das partes mais complicadas, pelo menos pra mim, tenho pavor de altura e a escalada nesse ponto é tensa, grampos e uma corda em pedras na vertical onde se você escorregar e não se agarrar a nada, a queda pode ser fatal, subir essa parte com uma mochila pesada e uma barraca nas costas foi muito complicado. **Escolha bons equipamentos, a mochila deve ser confortável e bem fixa ao corpo, se realmente optar por acampar fora da base, escolha a barraca mais leve o possível** Depois de passar por esse trecho tenebroso chegamos ao último acampamento antes do topo, decidimos montar a barraca ali e deixar nossos equipamentos para subir ao topo sem peso, desse ponto até o topo ainda leva cerca de uma hora de escalaminhada. Cerca de 6 horas depois de sairmos da base chegamos finalmente ao topo do Pico Paraná, infelizmente a visão não foi a das melhores, estávamos em meio ás nuvens, mas isso pouco importou, a sensação de poder dizer “nós chegamos, nós conseguimos” é indescritível e foi o que nos deixou satisfeitos. Havia umas 10 pessoas no topo e muitas outras no acampamento ou seja se você pretende ficar mais isolado sugiro ir no meio da semana. Depois de descansarmos por um tempo no topo, decidimos voltar para a nossa barraca e quando chegamos nos demos conta de algo ruim, estávamos quase sem água, levamos dois litros para cada um, erramos achando que seria suficiente **Pouco depois da metade do caminho da base até o topo do Pico há uma bica de água potável, encha o máximo de garrafas que puder** Era cerca de 16:00h, esperar até o amanhecer do dia seguinte não parecia mais uma boa ideia, quase sem água e como já tínhamos completado o nosso objetivo e não queríamos ter que voltar ao topo de novo, decidimos então por descer e acampar na base mesmo, então desmontamos a barraca, juntamos nossas coisas e começamos todo o trajeto de volta, que foi muito mais exaustivo, pois já estávamos arrebentados por ter subido carregando todo aquele peso, com o anoitecer tudo piorou **Leve aquelas lanternas que ficam na sua testa, vai fazer toda a diferença** Como não planejamos fazer trilha a noite não levamos lanternas, somente aquelas luzes de emergência, que usaríamos para iluminar a barraca, o problema é que em grande parte da trilha você precisa das duas mãos, então ficar segurando essas luzes foi um empecilho e tanto. Em certo ponto já estávamos sem água, com sede, alguns arranhões e quase exaustos e nada de chegar na bica que tinha água potável, somente outras bicas **Alguns montanhistas nos falaram sobre a tal pastilha de cloro que você usa para tornar a água potável, se eu soubesse disso antes... Pesquise e compre antes de ir** Depois de finalmente chegar á tão esperada e abençoada água potável nos saciamos, enchemos as garrafas e seguimos em frente, já era cerca de 21:00h quando decidimos que era melhor achar um lugar para acampar por ali mesmo, queríamos ter a experiência de acampar em lugar isolado e estávamos realmente quase sem forças para continuar, depois de andar mais um pouco achamos um lugar excelente, alto, limpo e plano, montamos a barraca e nos desmontamos no chão com ao alívio de que finalmente poderíamos dormir em paz depois de ter feito doze horas de trilha, mas nos esquecemos do frio, só levamos uma manta para forrar o chão da barraca e uma blusa de frio para nos agasalhar, foi outro grande erro, quanto mais tarde ficava mais ventava e a temperatura caía, foi um frio tremendo, eu não consegui dormir nem por um minuto, tremendo de frio, decidimos então acender o fogareiro dentro da barraca para cozinhar um macarrão instantâneo e nos aquecer, óbvio que não ajudou em muita coisa, meu amigo ainda conseguiu dormir apesar do frio, mas ele deve ter algum problema, se fechar os olhos por mais de um minuto, dorme. Com o nascer do sol os ventos param e o calor aumenta muito rápido, dormi por cerca de uma hora para então descermos, cerca de duas horas de trilha com o corpo todo doendo chegamos então a base. Foi a nossa primeira montanha, erramos bastante mais aprendemos muito mais. Não recomendo ir sozinho, nós nos apoiamos e zuamos bastante o que tornou tudo mais suportável. Pesquise bem antes de ir, leia o máximo de relatos que puder, se prepare e não se deixe intimidar, é uma aventura para se guardar pelo resto da sua vida, pelo menos eu nunca vou esquecer que eu subi a maior montanha do sul do Brasil.
  5. Como é Pico Ferraria, entrada no face Leste ? Alguém pode explicar sobre isso ?
  6. Havia tempos que o ponto culminante do meu estado e de toda a região sul estava no meu radar. Desde janeiro ajustando datas com meus parceiros, sempre aparecia um imprevisto e o Pico Paraná ia esperando. Em 20 de junho novamente fiquei sozinho, mas dessa vez, parti sozinho mesmo de Campo Mourão. Estava ansioso, pois queria chegar ao Pico Caratuva para acampar antes de anoitecer, afinal estava sozinho. Enquanto calçava a bota, o fiscal da Fazenda PP fez meu cadastro e cobrou singelos R$ 10,00. Enquanto ele foi buscar o troco troquei a camiseta, e nada de voltar com meus "nique" quando achei o rapaz: ele estava procurando um ser de camisa vermelha, kkkk, eu antes de trocar. Saí ansioso, às 16:10 o ritmo a partir da portaria são os Óreas (deuses da mantonha) quem determinam. Como estavam receptivos, em 25 min alcancei a bifurcação das trilha PP x Caratuva. À esquerda a trilha no começo estava bem ruim, com muitas árvores caídas exigindo manobras para passar sobre os troncos com a mochila carregada. Logo à frente, se dividia novamente, agora sem sinalização e sem sinal GPS. O faro indicava à direita. Porém já percebi que à direita também tem uma bifurcação, depois de uma olhadela vi tratar-se de uma trilha para a bica de água; segui pela outra. Com o suor já aparecendo, começa a verdadeira batalha. São aproximadamente 1500 m de subida constante, uma escalaminhada sem fim. Pedras, raízes enormes, barro, barrancos, 40 min praticamente engatinhando pela encosta. Eram 17:15 quando pela primeira vez, depois do Morro do Getúlio, conseguia enxergar algo além de chão e árvores. As árvores começaram a ficar menores e o terreno começa a perder inclinação, sinal de que estamos chegando em alguma área plana, seria o cume? Poucos minutos mais e pude avistar o resto de Sol que se escondia no horizonte e às 17:40 as primeiras barracas apareceram pra mim. Havia chego a montanha em 2 h. Arrumei um cantinho, meio torto mesmo: o pico estava lotado de gente. Logo chegou um pessoal que eu havia passado na trilha, eles vinham se comunicando por meio de berros, kkkk. Da mesma forma chegaram no cume, e fariam ainda muita algazarra no acampamento até que os o russo revoltado acabar com aquilo. Montando a barraca, ofereceu-me ajuda um montanhista que estava por ali, gentil, não recusei é claro. Batemos um longo papo, descobrimos que no outro dia iríamos acampar no PP. O entorno do Caratuva estava todo fechado, só aparecia o cume do PP lá na frente. Logo o breu tomou conta, junto uma neblina congelante. Foram longos minutos enclausurado dentro da Quick Hikker 2, tomando café. Mais tarde o tempo limpou deixando o céu embebido de estrelas, levando nos a uma profunda reflexão. Durante toda a noite seria assim, minutos de imergir na imensidão do firmamento, e minutos de se esconder dentro da barraca; colocar até a cabeça dentro do saco de dormir. No dia seguinte, às 06:00 todos já estavam ansiosos pelo espetáculo. Apenas os cumes do Caratuva, PP, Ibitirati e Taipabuçu estavam à mostra, o restante da Serra estava embebido por Morfeu. Eram 07:05 quando Apolo empurrou seu Astro no nascente. Uma sinfonia perfeita com o acampamento e as emoções que irradiam no peito do espectadores. Foram aproximadamente 8 min, talvez os mais emblemáticos da história de cada um que estava ali. Preparei um café prevendo um dia encharcado e intenso. Depois explorei o cume para preencher o livro e identificar os irmãos menores. O Pico Itapiroca estava descoberto da neblina e pude observar os campistas lá no horizonte. Desmontei a tralha, reuni tudo e às 08:25 coloquei a cargueira no ombros a saí, a ideia era descer o Caratuva pelo leste, passando pela bica para reabastecer. Depois de analisar o mapa parti, por uma trilha fechada depois do acampamento no sentido nordeste, a neblina tomava conta da serra, a visibilidade não chegava a 15 m. Pouco adiante a trilha dividiu-se: uma quase inexistente, a outra com sinais de tráfego, segui a mais usada apesar de o senso dizer o contrário. Não demorei a dar de cara com um penhasco, a trilha terminava ali, ao menos o que parece. Humildemente retornei a bifurcação e segui o instinto pela trilha fechada; em menos de 200 m estava encharcado. A trilha exige muito, no meio do nada, sem enxergar nada. Pedras enormes e escorregadias, barrancos lisos, trechos enlameados. No meio da mata a trilha não aparece, é preciso seguir com calma buscando indícios de cada um tempo algumas fitas amarelas sinalizam por onde deveria passar a trilha. Naquela penumbra toda não consegui achar a bifurcação que levava a bica, e devido a dificuldade de se locomover por ali, nem fiz questão de pegar o celular para verificar o GPS. Segui por 1,5 h no meio da nuvem, para o lado que virasse dava para sentir os desfiladeiros. Chegando no A1 tive de voltar uns 400 m buscar água na bica, afinal meu suprimento estava terminando e não estava afim de arriscar no A2 e descobrir que não haveria água. Na fonte conheci um grupo de Palmital, São Paulo, que ia em ataque ao PP. Acabamos seguindo juntos até o o elevador. Foi uma caminhada longa, mas agora a trilha é bem demarcada, chega a fazer uma vala. A crista toda envolvida pela neblina não víamos nada além dos 15 m. De repente o mergulho e um maciço escuro, ainda coberto pela nuvem, se desenha na nossa frente. A perna treme, mas, não dá para desistir. Lá vamos nós (não todos, alguns abandonam aqui) pelo elevador, se revezando com quem desce, com quem trava no meio. O grupo que eu acompanhava parou para descansar, a mim não era uma opção, afinal molhado com estava, certamente, se parasse, o frio castigaria. Segui em frente, sozinho agora. Rochas e mais rochas, em alguns lugares o caminho some na neblina, em outros é preciso passar por fendas apertadíssimas. Encontrei muita gente descendo, eles me animavam ao contar que lá em cima estaria aberto o tempo. Após passar de banda pelo A2, pelo A3, não tinha muito por que parar, o frio era grande, e a neblina não arredava pé. Depois de quase 4 h caminhando, dei de frente com um último paredão de pedra, alguns lances da ferrata e saí no meio de uma galera. Tinha chegado ao PP! Olhei de um lado, olhei de outro, e nada, custei acreditar que tinha chegado; cadê o tempo aberto que tinham me falado, mal dava para enxergar o entorno. Logo veio uma onda e levou as nuvens do cume, dando dimensão da minha posição. Fui o primeiro a armar acampamento naquele dia, muitos que chegaram após às 14 h, tiveram de descer e acampar no A3 ou A2, o cume estava lotado. O resto da tarde seria de expectativa, em curtos espaços de tempo as nuvens dispersavam e dava para ver o cume do Ibitirati, montanha irmã. Lá de cima um grupo de montanhista gritava feito doido e acenava durante esses lapsos de tempo. Dava para perceber que não pediam socorro, só queriam algazarrear mesmo. No fim do dia ainda foi possível avistar um pedaço do crepúsculo, gerando ansiedade com a alvorada do dia seguinte. Durante a noite, mais um espetáculo, as nuvens foram embora como uma cortina que se abre mostrando o interior da morada aos passantes. O céu com suas luzinhas incríveis carregando pedidos infinitos fez vigília. Às 04:00 do dia seguinte todo mundo já estava em pé. Na mesma situação, tudo coberto por Morfeu. Faltavam minutos para Apolo começar sua dança, quando Morfeu retirou seu batalhão, e o êxtase tomou conta do cume. Em minuto tudo estava à mostra, desde a Baía de Antonina até o Cerro Verde e o Ferraria. Neste momento o espírito da montanha enche-nos da sua perseverança, e como estátua, só percebo estar vivo devido à respiração diante de tão bela alvorada. Foram intermináveis 10 min. Lágrimas que bailam na face e o sentimento de que não há melhor lugar para se estar. Após me empanturrar com as comidas em excesso que carregava, tudo regado a café, pude identificar a crista que havia descido no dia anterior do Caratuva ao A1 em meio à neblina, fiquei arrepiado. Ficamos conversando com os montanhistas que havia conhecido no Caratuva que, também arrumaram seu cantinho por ali. Pena que não pude esperá-los para a descida, eu precisava estar às 15:00 na base. Comecei a descida às 10:45, logo alcancei um grupo descendo. Conversamos, trocamos contatos, acabamos descendo juntos. Até carona para a Capital dei a um deles. Acabei adiantando um pouco na trilha, principalmente no trecho entre o A1 e o cruzo do Caratuva, parte que eu havia desviado no primeiro dia. Esse foi o trecho mais complicado de toda a conquista, são intermináveis raízes e barrancos lisos, quase pior que encarar o russo e a trilha escondida do dia anterior. Parei na Pedra do Grito para esperar minha nova parceria de viagem. Acordei com um grupo de 38 noviças, todas em vestes característica, de um branco engomado, tules e rendas chegaram subindo rumo ao Getúlio. Podem até ter subido mas garanto que vai dar trabalho para limpar todo o estrago nas vestes. Eram 15:10 quando chegamos na base. Desfeita a tralha, tomei um banho de gato, e pegamos a rodovia. Já eram 23:15 quando dei por encerrada com sucesso a aventura, comemorando com uma bela pizza no capricho.
  7. Era pra ser uma aventura incrível... E foi! Aviso: este relato trata-se de uma visita guiada ao Pico Paraná e não constitui qualquer tipo de propaganda, apenas um relato sincero dos acontecimentos. Após assistir/ler dezenas de vídeos e relatos sobre o Pico Paraná, finalmente tive a oportunidade de subir a montanha mais alta do Sul do Brasil. Apesar de possui experiência em camping e trilhas, tratava-se de minha primeira montanha de verdade em um local que nunca havia estado, por isso optei por uma visita guiada pelo Gente de Montanha. Dadas essas condições, eu estava certo em fazê-lo, como ficará mais evidente adiante. No fim de semana de 6 e 7 de julho de 2019 a previsão do tempo indicava temperatura mínima de 6 °C em Antonina, então estávamos esperando algo em torno de -5 °C no acampamento, no alto do Itapiroca. A estratégia era simples e eficiente: fazer uma aproximação acampando no alto do Itapiroca e no dia seguindo fazer o cume só com mochilas de ataque. Mapa do local No dia 6 pela manhã o grupo se reuniu para um café da manhã reforçado em um hotel de Curitiba, conferência de equipamentos, distribuição de comidas nas mochilas e logo estávamos na estrada rumo à Fazenda Pico Paraná, o local de início da subida. O grupo era de aproximadamente 10 pessoas, quase todas desconhecidas, mas é incrível como um objetivo em comum é capaz de criar empatia imediata. Éramos todos só sorrisos. Além dos participantes, haviam 4 guias e mais duas pessoas responsáveis pelo jantar no acampamento (mãe e filho montanhistas, incrível). O tempo colaborou com um frio gostoso de caminhar e a subida do Getúlio fizemos todos bem rápido. Eu, empolgado, já fui no grupo da frente, zero de cansaço. Se tem algo que já aprendi é a de levar o menor peso possível, viaje leve e viaje fácil. Já do alto de Getúlio foi possível ter uma ideia da beleza do local. Deste ponto já é possível ver o Itapiroca e o Caratuva bem de perto e os olhos já se enchem de gostosura. Panorâmica do alto do Getúlio Após um bom lanche de trilha no Getúlio, já nos encaminhamos mata adentro, em uma trilha bastante fechada, com raízes, pedras e muito sobe e desce. Nenhum relato que li tinha me dado a exata percepção de como é essa parte da trilha, e eu achei cansativo. Adiante, passamos a bifurcação do Caratuva e logo após há um excelente ponto de água, de onde nos abastecemos para o acampamento. E em seguida já estavamos na bifurcação para o Itapiroca, com um trecho final mais inclinado. Mais uns pulos e após 5h de caminhada estávamos todos no alto do Itapiroca, às 15h30min. Chegada ao Itapiroca, Pico Paraná ao fundo Em meia hora o frio já começou a apertar, então é hora de montar as barracas e se agasalhar. Mas é tão difícil se concentrar com tanta beleza ao redor. O por do Sol é I N C R Í V E L. Por do Sol A noite foi difícil pra mim, às 22h já formava gelo no sobreteto das barracas. Apesar de levar isolante e saco de dormir adequados, passei frio. Preciso esclarecer: foi a primeira vez que peguei negativo em acampamento, então eu já sabia que algum aperto eu iria passar, pois o objetivo era principalmente o de aprender a lidar com o clima e frio de montanha (muito diferente de um frio intenso urbano). Mesmo com um liner e uma meia quente, meus pés ficaram muito gelados à noite. Pés gelados implicam em constrição dos vasos e naturalmente dificuldade de dormir. Acordei às 4h da madrugava e não preguei mais o olho. Às 6h fui o primeiro a sair da barraca, pois a natureza estava chamando (e claro tinha que ser o mais difícil). Usamos shit tube. As brumas do Pico Paraná Apos poucos todos foram levantando e curtindo o nascer do Sol. Aquele café reforçado, barracas desmontadas, e às 9h (um pouco tarde) estávamos em direção ao cume com mochilas de ataque. Voltamos à bifurcação do dia anterior e seguimos ao Pico Paraná, em uma descida com muitas raízes e pedras novamente. Aqui vem o aprendizado: o frio da noite me debilitou e as pernas não descansaram. Um pouco antes do A1 há um bom ponto de água, nos abastecemos. Mas eu fui ficando pra trás. Ao final da descida começam os paredões com grampos, se me recordo são dois grandes lances. A ajuda dos guias foi fundamental para transpor com segurança essa parte, pois eu tinha nenhuma experiência nesse tipo de obstáculo. Uma queda nesse local e a pessoa tem que retirada por maca, helicóptero não pousa ali perto. Após os grampos as minhas pernas cansaram de vez e fiquei por último, sendo conduzido por uma das guias até o cume, chegando meia hora depois do grupo, às 14h (tarde). Poderia ter parado antes, talvez fosse o melhor a ser feito, mas continuei porque estava ali tão pertinho. Estava tão cansado que quase esqueci de assinar o livro do cume. Assinando o livro do cume Não é bem assim que morro abaixo todo santo ajuda. A volta do cume até a Fazenda Pico Paraná são 8 kilômetros que são percorridos geralmente em 5-6h em um ritmo confortável, e inclui a subida até a sela entre Itapiroca e Caratuva. Eu precisei de 9h pra conseguir retornar, sendo fundamental o auxílio dos guias, que tiveram paciência e profissionalismo em me conduzir em segurança, chegando às 23h30min na fazenda. Apesar da exaustão nas pernas, não tive qualquer tipo de lesão, queda ou outro empecilho. Foi passinho de montanha, mas na descida. Cheguei 1h30min após o grupo e não pude me despedir da galera. Tive que passar mais uma noite em Curitiba antes de retornar à Florianópolis, onde resido. Dos erros e acertos, é obvio que o maior acerto foi ter feito a visita guiada, pois não tinha qualquer experiência real em montanha. O erro foi subestimar o frio nos pés, nunca havia sentido dor de frio. Já providenciei meias quentes, mas aceito sugestões. Não importa o quanto se estude, na teoria é uma coisa mas na montanha é outra. Vá para a montanha. Meus sinceros agradecimentos à equipe do Gente de Montanha e aos amigos que fiz durante a expedição. Em especial aos guias Irys e ao Gustavo, que passaram o perrengue comigo até o fim, e à Camila, que fez algumas das fotos que estão neste relato. Foi uma baita experiência e pretendo voltar.
  8. Já era hora de tirar do papel a conquista do PP, ponto culminante do meu estado. Desde janeiro no radar, foram mais de 4 ajustes com as pessoas que pretendiam me acompanhar, e finalmente fiquei sozinho. Bom pra falar a verdade eu já esperava, em várias trips as pessoas desistem na última hora. Dia 20 de junho, às 06:00 larguei de Campo Mourão rumo à Serra do Ibitiraque. Passei antes em Guarapuava pegar uns passageiros do BlaBlaBla - app de caronas -, bom eu precisava dividir os custos do transporte, hshshs. Eram 15:40 quando parei no estacionamento da Fazenda PP, rapidinho fiz o cadastro - enquanto eu ajustava os detalhes da mala e colocava a bota o moço da recepção ia perguntando e anotando. Em 10 min eu já estava na trilha, precisava ter pressa se quisesse chegar antes de escurecer no Caratuva, meu objetivo primeiro. Morro acima, em 25 min eu já estava na bifurcação das trilhas para Caratuva e PP, escorrendo suor. Peguei à esquerda, por uma trilha bem ruim. Nos primeiros 300 m haviam muitas árvores caídas, foi preciso fazer várias manobras para passar sobre e sob os troncos. Mas, tudo corria bem, só o fôlego estava apertando devido a pressa. Logo à frente, +- 500 m começa a verdadeira subida, por os outros, acredito, 1.500 m a subida é constante, íngreme com muitas pedras, raízes e barrancos. A pesar de tudo, às 17:15 pela primeira vez depois do Morro do Getúlio eu enxerguei o firmamento no horizonte, e ainda pude ver um resto de Sol que se punha. Já eram 17:40 quando avistei as primeiras barracas armadas no Caratuva. Caramba eu subi o Caratuva em 2 h com cargueira e tudo. Arrumei meu cantinho, estava cheio de gente no pico. Logo outro campista veio me ajudar com a montagem da tralha e bater um papo, logo fizemos amizade e já ficamos combinando de no futuro trilharmos juntos, eles estavam em um grupo que no dia seguinte iriam também ao PP, acabei fazendo amizade e trocando figurinhas com todos eles. À noite tinha momentos que a neblina tomava conta, então o frio era terrível. No dia 21 amanheceu fechado de dar medo, algumas vezes era possível avistar o cume do PP ou do Ibitiraque, do mais somente nuvens e uma neblina que parecia monção. No entanto, a alvorada foi esplendorosa, de encantar qualquer um. Ao explorar o cume, percebi que do outro lado do Caratuva, o lado do Ibipiroca, o russo não estava castigando tanto e pude avistar com o binóculo os acampamentos e as pessoas no Ibipiroca e no Cerro Verde. Às 08:25 estava de cargueira pronta e lá se fui para o PP por uma trilha alternativa que vai do Caratuva até o A1. Minha nossa, pensa num banho dentro da trilha fechada, fiquei encharcado; pior que isso, só fui perceber no outro dia: a trilha passa no limite de um desfiladeiro mas devido à neblina não vi nada, somente branco. Ia pegar água perto da trilha, mas devido as condições preferi seguir até o A1 e voltar pela outra trilha, menos densa (bem menos), até uma fonte principal. Logo que cheguei na bica encontrei um grupo que ia do Ibipiroca em ataque ao PP, um pessoal de Palmital/SP. Trocamos algumas ideias e acabei seguindo com eles até passar o elevador, pessoal gente fina. O elevador é um caso a parte, antes dele já é preciso dar aquela tremida (e não é de frio) para descer uns 15 m de parede, nada comparado aos aproximadamente 25 m do elevador. Depois do elevador o grupo parou para dar um fôlego, eu parti. Comecei a encontrar grupos descendo que me relatavam estar aberto o tempo no cume, eu ansioso para chegar. Depois de muitos obstáculos (passar no limite de penhascos, subir pedras enormes na unha, passar entre rochas apertadíssimas) cheguei no A2, ainda havia mais uma pernada, kkkk. Mas nada me abalava, e lá fui. Cheguei no cume às 12:00, fui o primeiro a montar acampamento naquele dia, alguns nem tinham desmontado do dia anterior ainda. Os Óreas não estavam muito colaborativos deixando o tempo fechado, tão fechado que mal dava para ver o próprio PP. Em alguns momentos pequenas aberturas nos mostravam o cume do Pico Itibiraque, e como um bando de loucos os trekkers de lá gritavam para os trekkers de cá, kkkk. Passamos o resto da tarde conversando, o grupo que conheci no Caratuva havia chegado, e o tempo não abriu de verdade, apenas deu uma baixadinha na camada branca no final do dia possibilitando enxergar o alaranjado do crepúsculo. A medida que a noite ia caindo o firmamento revelava o espetáculo e as nuvens foram dispersando. Um espetáculo memorável no céu. No dia 22/7 às 05:00 estava acordado, e no horizonte muitas nuvens ainda ofuscavam a paisagem, mas numa manobra que só os deuses sabem dar, em 15 min o tempo se abriu deixando toda a cadeia de montanhas da região exposta. Às 07:05 começava novamente o maior espetáculo da terra, a alvorada. Foram momentos emocionantes até que o astro preenchesse todo o leste com seu dourado inconfundível. Depois de um generoso café, muitos cliques e histórias contadas entre os montanhistas era hora de desmontar tudo e partir, fiz isso às 10:00, abortando o combinado inicial de descer junto com o grupo que fizemos amizades, eu precisava estar na base às 15:00 para as 16:00 pegar outros caronas em Curitiba, e eles iam começar a decida lá pelas 11:00. Montanha abaixo e logo começo a cruzar com os grupos que subiam de ataque, pelo caminho onde havia área de camping, tinha barraca armada, incrível até o A2 muita gente dormindo pelo caminho. Pouco antes do A2 alcancei outro quarteto que ia descendo, fizemos amizade rapidamente. Logo fiquei sabendo que um dos integrantes morava no meio do caminho meu para casa, então já combinamos a carona – ela estava de carona com o grupo que era de outro lado de Curitiba. Passado o elevador, pensei que tudo estaria tranquilo, que nada. O trecho entre o A1 e cruzo para o Caratuva (que eu havia contornado no primeiro dia) é um dos piores trechos de toda a trilha, são milhares de raízes e pequenas elevações que precisam ser transpostas por cima delas, exige muita calma e técnica para andar mais rápido. Acabei avançando mais rápido que meu novo grupo, perdemos contato. Quando cheguei na Pedra do Grito resolvi esperá-los, larguei tudo de lado e sentei. Um grito de guerra na trilha chamou a atenção, pensei serem escoteiros, mas em alguns minutos quem chega foi um grupo de noviças 38 segundo a madre que as conduzia, todas de saias longuíssimas de um vermelho incrível e camisas brancas de freiras, disseram que iam até o Morro do Getúlio. Confesso que eu duvido que foram, mas garanto que aquela não era a melhor roupa e que com certeza não voltou como tinha ido, kkkkkk. Nesse alvoroço todo nem percebi que parte do grupo tinha descido e as 15:10 um dos integrantes passava por mim, ele me disse que a moço que ia de carona comigo já tinha descido, duvidei pois, não a vi passar. Descemos juntos o último trecho, e lá estava ela esperando e gritando desesperada por mim no estacionamento, kkkkkk. Depois de um banho de gato, despedimo-nos dos novos amigos e lá fomos nós de volta à vida comum. Já se passavam das 23:00 quando cheguei em casa, onde uma bela pizza portuguesa esperava. Não é só a experiência que a montanha no dá, são, principalmente as amizades que cultivamos. Cada estrela no firmamento representa a amizade entre alguém, mesmo escondida pelas nuvens vão estar lá.
  9. Boa tarde, Irei subir o Pico Paraná sábado dia 15/12/2018 pela primeira vez, a ideia é subir e descer no mesmo dia! alguém se anima nessa jornada?
  10. Primeiramente gostaria de agradecer ao altíssimo arquiteto do universo pelas oportunidades e tornar o ser humano melhor para si e para o mundo!!! Agradeço também a parceria dos meus irmãos @darlyn, @beatrizz e Reges por terem decolado junto para mais essa aventura, dando assim inicio ao meu relato do majestoso PICO PARANÁ: Saímos de Chapecó-SC no dia 31/05/18, não lembro exatamente a hora pois a ansiedade de deixar a civilização era grande. Viajamos a noite toda com a nossa motora faca na bota Beatriz, chegamos em Campo Grande onde fica a fazenda do PP e descansamos até amanhecer ali mesmo dentro do carro, ao clarear o dia sai do carro para contemplar o amanhecer onde já dava pra ver os primeiros raios de sol nos morros em volta do Camping, foi onde conheci o Luan, filho do casal que cuida da fazenda a mais de 20 anos, pessoal super gente fina, onde nos deu algumas instruções e nos ofereceu café e pães de queijo (deliciosos), depois de tomar nosso café, fizemos nosso cadastro e demos inicio a trilha por volta das 9:00h do dia 01/06/18, logo de inicio já mostrou que não seria fácil, subida ingrime e com o peso da cargueira dificultava um pouco mais, minha primeira experiência em montanha. Chegamos ao morro Getúlio onde ali paramos para apreciar o visual e dar uma recuperada nas energias, seguimos então a trilha e chegamos no primeiro ponto de água, a "bica", e que água meus amigos!! Reabastecemos nossas garrafas e demos sequencia até chegarmos na bifurcação que vai pro Morro Caratuva ou Pico Paraná. Durante a trilha encontrávamos algumas pessoas voltando do PP falando que o amanhecer tinha sido coisa de outro mundo, isso só aumentava nossa vontade de continuar, depois de passar o segundo ponto de água a trilha começa a ficar mais difícil com muitas raízes, pedras e alguns pontos com cordas e grampos, isso faz com que o ritmo diminui e o esforço aumenta gradativamente. Depois de 4 horas e meia caminhando na maioria das partes de mata fechada chegamos ao A1(Primeiro ponto onde é possível acampar) e se deparar com a grandiosa montanha do PP, essas horas vc esquece de todas as dores, do peso que vc esta carregando, de qualquer outro pensamento e a emoção toma conta, realmente é de encher os olhos e o coração, ficamos ali um tempo sem saber se aquilo era verdade ou um sonho, o silencio tomou conta. Depois de nos recuperar emocionalmente paramos para almoçar o nosso precioso miojão com vista para o PP, ow coisa boa, melhor miojo da vida!! Recuperamos as energias e seguimos a diante, onde encontramos um pessoal falando que ainda o pior estava por vir, e realmente estava, a parede de grampo do PP, vento forte, o visual em volta lindo demais, a adrenalina a flor da pele, passamos pelos grampos com um pouco de dificuldade e com muito cuidado até chegarmos finalmente ao A2(Segundo ponto onde é possível acampar), largamos as cargueiras de lado e ficamos apreciando tudo aquilo que nos cercava, montamos nossas barracas pois já estava anoitecendo e o frio aumentando junto com as rajadas de vento que eram fortes demais, ficamos com medo de que nossas barracas voassem morro a baixo, encaminhamos tudo e fizemos nossa janta, daale miojo dnvo hahaha essas horas vc não se importa com nada, só agradece por estar vivendo ali aquele momento. Bebemos um vinhote do Seu Armelindo Biazus (meu nono) e fomos descansar pois estávamos precisando depois de quase 7 horas de trilha. A noite não foi tão fácil assim também, as rajadas de vento era de assustar e fazia com que a gente acordasse de tempo em tempo. No dia seguinte a intenção era de chegar ao cume do PP, levantamos fizemos nosso café e contemplamos um nascer do sol magnifico, de um lado a neblina cercando as montanhas, os raios de sol dando vida e iluminando o dia, até q a chuva deu as caras, tivemos que voltar para as barracas e esperar a chuva diminuir, assim que ela acalmou desmontamos o acampamento e achamos melhor não subir no cume, pois o vento estava realmente forte e a neblina tinha tapado toda a montanha, já não conseguíamos ver o horizonte. No caminho de volta pegamos chuva quase o tempo todo, a vegetação molhada fazia com que a gente se molhasse ainda mais, a trilha mudou completamente sua forma, precisávamos ter mais atenção onde pisávamos pois as pedras eram escorregadias. Fui me distanciando dos meus colegas pois cada um tinha seu ritmo e não podíamos parar pois se não o corpo quente esfriava e a sensação era de estar congelando. Paço a paço voltamos para o ponto de inicio na fazenda do PP, não paramos para almoçar, descemos direto num ritmo um pouco mais rápido pois já não parávamos para apreciar os lugares. Cheguei ao ponto de partida por volta de 12:30 exausto, com os pés, joelhos e quase todas as juntas doloridas, mas com o coração transbordando felicidade e a alma renovada por saber que tinha completado a missão. Larguei a cargueira no chão e deitei ao lado dela com os olhos lacrimejando de tanta emoção, não conseguia falar nada apenas refletir. Fui me recuperando até que o Darlyn também chegou e na sequência a Bea e o Reges, já estava preocupado com eles pois estavam demorando um pouco. Após todos se recuperarem almoçamos na base, comemos tanto e mesmo assim a fome parece que não passava kkkkk. Subir uma montanha exige mais que força física, é força psicológica, pode parecer loucura, talvez seja, mas é assim que a gente consegue realmente dar valor para as coisas mais simples da vida, nos superarmos, saímos da zona de conforto, buscamos aquele algo a mais, nosso universo é lindo e vc não precisa ir mto longe para perceber isso, a beleza das coisas está no espirito de quem as contempla, se desapegue do bem material e você enxergará a vida com outros olhos. Vida longa pra todos nós!!!! Thanks god. Surprised me again!! XXVP1850.mp4
  11. Eu, Lúcio, e minha esposa Marlene, 61 e 55 anos respectivamente, havíamos feito muuuuitos acampamentos (eu já fazia camping selvagem na década de sessenta, acompanhado de meu pai, usando barracas do exército, porque não existiam barracas de camping no Brasil) e algumas trilhas, mas a mais exigente até então havia sido a Ferrovia do Trigo, de nível fácil a moderado, além de pequenos trechos de montanha, mas tínhamos o sonho de chegar ao topo do Pico Paraná (PP), a montanha mais alta do Sul do país, com 1.877 metros. Sabíamos que seria muito difícil, então nem nos preocupamos em fazer preparação física especial, somente o que fazemos normalmente: eu jogo Tênis competitivo, minha esposa caminha e corre na esteira, caminhamos seis a oito quilômetros, andamos de bicicleta. Quase todo dia fazemos uma dessas atividades. Meu planejamento inicial seria chegar com as cargueiras até o Caratuva (com possibilidade de acampar no cume do morro do Getúlio caso estivéssemos muito cansados) acampar e seguir no dia seguinte para o Pico Paraná, percorrendo a Trilha da Conquista até o acampamento 1 (A1). Escolhi pernoitar no Caratuva porque pensei que, se não conseguisse chegar ao Pico Paraná, pelo menos teria o prazer de ver o nascer e o pôr do sol no segundo mais alto pico da região Sul. Fiz um planejamento minucioso, para evitar aperto, e troquei alguns equipamentos para deixar as mochilas mais leves. A troca mais importante foi da barraca Naturehike Alumínio 2 que eu tinha pela excelente Naturehike Cloud Up 2 Ultralight (de cor cinza, que é mais leve): de 2,2 quilos para somente 1,5 quilos! No final das trocas, minha mochila pesava 13 quilos e a da Marle 11 quilos (sem considerar água). Ficamos então esperando um final de semana com tempo bom, até que finalmente chegou o grande dia, o feriado de Tiradentes, com uma previsão de tempo perfeito. Nos acompanharam na aventura a Tânia, uma amiga com a nossa faixa etária, seus dois filhos Guilherme e Riana, os três com experiência em trilhas, pois fizeram a Ferrovia do Trigo conosco, mas sem experiencia em montanha, e um casal de jovens amigos, Diego e Marina, que não tinham feito nenhuma trilha ainda. Saímos de Chapecó na quinta, dia 19/04/18, à tardinha e pernoitamos em uma Pousada em Quatro Barras, a 30 quilômetros do PP. Na sexta cedinho rumamos para a Fazenda Pico Paraná, onde conversamos com o proprietário, Dilson, e comentamos sobre nosso planejamento. Ele nos recomendou não acampar no Caratuva, porque a trilha da Conquista não era muito usada e era muito fácil de se perder, e falou que era melhor acamparmos no Itapiroca, fazendo a trilha normal para chegar ao PP. Aceitamos a sugestão, afinal o bom planejamento é aquele que é flexível, colocamos as cargueiras, tiramos uma foto e partimos. A tradicional foto da partida: Riana, Marina, Diego, Marlene, Lúcio, Guilherme e Tânia. Com o corpo ainda frio, quase morremos ao subir o íngreme gramado inicial na fazenda kkk (lembrei do filme Por Aqui e Por Ali - A Walk in the Woods, imperdível). Tocamos em frente, sem pressa, parando para apreciar a paisagem e tirar muitas fotos. Perto de uma da tarde chegamos na bica, depois da bifurcação do Caratuva, onde paramos para almoçar um delicioso Cup Nodles turbinado com sopa Vono e meio pacote de queijo ralado para cada um. Riana almoçando na bica. Depois de quase uma hora de descanso, abastecemos de água para o acampamento e tocamos em frente. Com dois quilos a mais em cada mochila o cansaço logo aumentou, e chegamos estropiados ao Itapiroca em torno de quinze e trinta, a tempo de montar acampamento, subir o pequeno trecho até o cume, deixar uma mensagem no livro e apreciar um belo pôr do sol. Na chegada ao Pico Itapiroca, eu e Marle dividindo o sabor da conquista. Deitado na barraca, namorando o Pico Paraná e imaginando como era longe... À noite deve ter feito menos de zero grau, porque estava ventando muito e mesmo assim formou gelo nas barracas. Estávamos bem agasalhados e com bons sacos de dormir, mas mesmo assim passamos frio... Na primeira noite formou gelo nas botas, isso que estavam no avanço da barraca... No dia seguinte bem cedo acordamos para ver o nascer do sol, e ás oito horas estávamos prontos para partir para o PP. Nascer do sol com o Pico Paraná ao fundo. Parece uma pessoa deitada, onde o PP é o nariz... Nossas barracas com o PP ao fundo. Em primeiro plano o saco para lixo (traga sempre de volta todo seu lixo, e mais um pouco como colaboração). Escondi nossa comida no mato (porque na trilha do Pontal de Tapes nos roubaram algumas coisas a noite, inclusive toda nossa comida, nos deixando em situação de risco, fiz um relato aqui: mochileiros.com/topic/71954-pontal-de-tapes-uma-roubada-literalmente/), deixamos nas barracas somente os isolantes, os sacos de dormir e alguns itens menos valiosos e saímos com três a quatro quilos em cada cargueira. Tudo na expectativa de não passar muito aperto caso furtassem nossas barracas enquanto estivéssemos na trilha... E fomos subindo, descendo, pulando, escalando, curtindo a paisagem, tirando fotos, bebendo água geladinha de cada fonte que tinha no caminho, até chegar no Acampamento 2 (A2), em torno de onze e meia, onde Tânia e Marina disseram que ficariam ali nos esperando, porque estavam cansadas. Marle, Marina e Diego escalando o paredão. Fomos atrás da bica de água para reabastecer, pegamos somente uma mochila, com água, kit remédios e kit de emergência, e partimos os cinco restantes para o ataque ao PP. Depois de pouco mais de meia hora, parecia que estávamos chegando ao cume, ficamos felizes, mas... não era o cume, avistamos mais um caminho por dentro da mata, e um paredão ameaçador no final, e o cume nos chamando lá em cima. Diego, Riana e Guilherme desanimaram e disseram que não iriam continuar... olhei para a Marle, para ver se ela estava bem, ela me olhou firme e disse: vamos! Não pensei duas vezes, peguei duas garrafas de água, coloquei uma em cada bolso da calça e saímos quase correndo em direção ao pico, com a adrenalina a mil. Chegamos lá em menos de quinze minutos, ainda gritamos para nossos amigos, dizendo que o último trecho era fácil, que era para eles tentarem subir, mas eles não entenderam, acharam que estávamos acenando para eles e voltaram para o A2. Eu e a Marle na pedra, ao lado do livro do cume do Pico Paraná. Nos abraçamos, rimos que nem crianças, sem acreditar que conseguimos chegar lá, tiramos muitas fotos, curtimos a paisagem, deixamos uma mensagem no livro do cume, sentamos um pouco e iniciamos a caminhada de volta, porque não tínhamos muito tempo, eram mais quatro horas até o acampamento base no Itapiroca, já era mais de duas da tarde e não queríamos pegar noite na trilha. Ao chegar no A2, onde o resto da galera nos esperava, um susto: Guilherme estava com câimbras, eu fiquei com medo de que ele não conseguisse retornar e tivesse que ficar no A2, sem abrigo. Demos para ele um coquetel energético (Capuccino com leite em pó adicional, Carb up, mandolate e Snickers, que mistura!), o que fez com que ele melhorasse (pelo menos das câimbras, porquê o estomago foi detonado kkkk) e ficasse em condições de iniciar a jornada de volta. No caminho abastecemos de água novamente, no último filete que tinha na trilha, ficamos com as mochilas mais pesadas, o que aumentou o cansaço, e acabamos chegando no Itapiroca já quase de noite, as dezoito horas, exaustos. Uma janta quente e uma unica cumbuca cheia de sopa, passada de mão em mão como em um ritual indígena, nos reanimou, o frio estava menor (ou o cansaço maior?) daí pudemos dormir melhor. No dia seguinte, acordamos cedo, a tempo de ver mais uma vez o belo nascer do sol, arrumamos as cargueiras e iniciamos a descida em um bom ritmo, às oito horas. Fazendo as tradicionais paradas para descansar, tirar fotos e apreciar a paisagem, às onze e meia chegamos na Fazenda Pico Paraná e fomos correndo encontrar uma churrascaria para tirar o atraso... que ótimo sabor tem a comida e bebida depois da trilha! Não poderia encerrar o relato sem enaltecer nosso grupo, unido em todos os momentos como uma família, com uma sinergia que transmitia força e segurança a todos e que nos permitiu fazer a jornada sem nenhum percalço. Obrigado, galera, vocês são incríveis! A chegada na fazenda Pico Paraná Acho que alguns montanhistas contumazes vão rir da nossa história, achando muito fácil chegar ao cume do PP, mas na nossa idade acredito que poucas pessoas teriam a preparação física e principalmente mental para sequer conseguir chegar com as cargueiras até o Itapiroca, o que dirá sair do Itapiroca no dia seguinte, com algum peso na mochila, ir ao PP e voltar. Ficamos muito felizes em poder provar que a velhice está somente na cabeça das pessoas, e que nunca é tarde para realizar seus sonhos, por mais malucos que possam parecer. O pior é que descobri o que muitos falavam e eu não imaginava o estrago que fazia: o bicho da montanha nos picou e contaminou, ficamos viciados e já estamos preparando nova jornada, agora para conhecer o Pico Caratuva... A montanha é o paraíso na Terra! No mirante próximo ao A2... nossa sinergia nos faz mais fortes!
  12. É com imensa satisfação que escrevo esse relato sobre a segunda e sucedida tentativa de subida ao Pico Paraná. Fiz um relato aqui no mês passado pra contar uma trip maravilhosa de ida ao PP. Porém naquela ocasião o clima não foi tão amigo assim. E o destino foi o A2, o segundo acampamento do Pico Paraná. Dessa vez pegamos um fim de semana com previsão de sol, o que se cumpriu. Tempo ótimo, não muito frio e com um sol sensacional. A trilha de subida ao PP é bem desafiante, mas é daquelas coisas que te fazem crescer, é como começar tomar café sem açúcar. Depois do PP você fica exigente pra trilha, e qualquer coisa não te satisfaz, precisa ser desse nível e além. Uma dica pra quem teve medo dos grampos a primeira vez é que na segunda fica bem mais fácil hehe. Relato aqui então a parte do A2 até o cume! O acampamento foi no A2, e o por do sol é lindo, uns 20 minutos de subida do A2 já da pra ter uma vista maravilhosa. A noite deu pra ver a Via Láctea! A subida ao cume começou as 05:30 da manhã com lanternas, e em torno de 1 hora chega-se ao Cume. Comparado com o restante da trilha essa última etapa é bastante íngreme, então tome um bom café antes de começar. E o espetáculo do nascer do sol é uma coisa de outro mundo. Então, eu só tenho cada vez mais admiração e carinho pelo Pico Paraná, sou fã, meio suspeita a falar, porque nesse ano já é a terceira vez que fui pra fazenda. E ta a uns 600 km de distância de casa, e todo esforço vale a pena pra quem já foi picado pelo bicho da montanha. Obs. No A2 não está tendo água nesses tempos, se abastece nos pontos de subida! VID-20180717-WA0009.mp4
  13. VID-20180603-WA0046.mp4 Saudações mochileiros/aventureiros! Fico sempre muito feliz quando começo um novo relato. Porque é o registro e uma forma de reviver cada momento de uma trip. E graças a Deus, todas as que tenho feito, me trazem as melhores lembranças e vivências possíveis. A bastante tempo eu tinha o anseio de fazer a trilha do PP. A maior montanha do Sul do Brasil. A primeira pessoa (de acordo com relatos) a conquistar o pico Paraná foi o Reinhard Maack, em julho de 1946, o que dá a trilha (de grosso modo) seus 72 aninhos. Fico imaginando quantas pessoas já tiveram o privilégio de passar pela trilha do PP e agradecendo aos que facilitaram o caminho. Enfim, nossa missão começou na quinta, dia 31 de Maio, quando saímos de carro de Chapecó /SC, e fomos até Campina Grande do Sul, na Fazenda Pico Paraná. Chegamos na fazenda perto das 7 da manhã do dia 01, e começamos a trilha perto das 09. Logo no começo já deu pra entender o desafio, pois nunca antes tinha feito uma montanha com cargueira. E o peso mostrou sua presença. Fomos parando nos vários pontos, apreciando a vista e pegando fôlego. Tivemos muita sorte com o tempo, o céu estava azul e o sol brilhando. Paramos no primeiro pico, o Morro do Getúlio, onde a vista já mostra uma pontinha do que viria pela frente. Depois de passar pela bifurcação que separa a trilha do Caratuva (que já fiz um relato aqui no final do ano) seguimos rumo ao PP. Ali a trilha começa a ficar um pouco mais difícil com muitas raízes, pedras e alguns pontos com cordas e grampos. Seguimos até chegar no A1, que é um ponto onde é possível acampar. Ali foi nosso primeiro contato com a vista do PP, e a emoção nos chegou. Todos ficaram abismados com a majestade da montanha e nos deu um up pra continuar o caminho. Que como os colegas que encontramos no caminho nos disseram, o pior estava a frente. Decidimos que iríamos acampar no A2. Depois do A1, a trilha desce e chega a parte que pra mim foi a mais desafiante, as paredes de grampos! Com a mochila então, foi bem tenso, que bom que estava com companheiros tão legais que içaram minha mochila com cordas até lá em cima haha. Isso foi decisivo pra que eu tivesse coragem pra subir. Depois dessa parte mais o cansaço físico mesmo.. Chegamos finalmente ao A2, querendo jogar as mochilas de lado e apenas contemplar. Arrumamos nossa casinha e fizemos o merecido miojo. Nesse ponto o vento já estava forte e o frio chegando. Quando estávamos de boa já era noite e o céu nublado. Infelizmente não pegamos o por do sol, mas a vista tava linda mesmo assim. A noite ficamos com medo de voar por causa do vento forte que vinha da montanha. As rajadas! No outro dia iríamos subir até o cume as 6 da manhã, pra ver o sol nascendo, mas logo cedo veio a chuva e o vento, e não conseguimos. Ali do A2 mesmo deu pra curtir um nascer do sol pra lá de especial! Tivemos que voltar pras barracas porque a chuva chegou com tudo, e esperamos acalmar. Colocamos as capas na preparação pra descida. E depois de organizar tudo, começou a missão da volta. Pegamos quase todo o caminho com chuva, a trilha estava escorregadia e alguns pontos alagando. Mesmo assim encontramos muitas pessoas indo e voltando. Que bom! Isso mostra que por mais desafiante que sejam as condições, a vontade de estar em contato com a Montanha é sempre maior. Chegamos de volta cerca de 14 horas, super cansados, com as costas, joelhos, braços e pés doendo haha. Mas com o coração ♥ leve e a alma revitalizada. Estar na Fazenda do PP já te leva pra outro mundo. Ou seria o mundo real? Começar uma trilha, mexe com o psicológico, tira da zona de conforto, traz mil aprendizados, desapegos, te conecta com algo maior. Não tem explicação nem preço. Vocês sabem do que eu estou falando né?! Logo estaremos de volta, com a esperança de um dia cheio de sol, pra conseguirmos ficar mais tempo no PP e estar no cume. Quando a gente sai, já da vontade de voltar. Video relato feito pelo nosso querido @darlyn Montains are calling! @darlyn @Dionathan Biazus VID-20180603-WA0046.mp4
  14. Travessia Pico Paraná Picos visitados Camapuã Tucum Cerro Verde Itapiroca Pico Paraná 11 A 13 Maio 2018 Integrantes Pedrão Do Brasil Mario Firmino Hernan Gélson Edinei Karla Patrick Luciane Guia https://www.facebook.com/mariocesarfirmino 1° Dia Saímos de Florianópolis no dia 11 de Maio às 03:00 . Chegamos na fazendo do Bolinha as 07:30 hs. Nossa meta era começar pelo pico Camapuã , O que aconteceu. Iniciamos o trekking as 08:00 h como previsto. No início tudo bem. Mas logo apareceu um Morro maneiro, (Camapuã) daqueles que abrem o pulmão de qualquer um. Logo em seguida descemos e atingimos o (Tucum). Pico imponente daqueles que o sujeito pensa logo em desistir da empreitada, mas nada que não possa ser transposto. Descemos, subimos e atingimos o (Tucum). Em seguida descemos e como já era tarde optamos por ir dormir no Itapiroca, já que tínhamos que manter o conograma. Descemos e longo atingimos uma floresta densa e úmida. Iniciamos uma subida hard e logo caiu a noite. De lanternas chegamos ao cume (Itapiroca). Armamos barraca e logo veio uma chuva irada que se estendeu durante toda a noite. 2° Dia Acordamos tomamos café e o tempos ainda estava meio fechado. Desmontados barraca descemos uma descida muito inclinada e hard. Chegamos no entroncamento do Itapiroca com o Pico Paraná. Fomos em direção ao nosso objetivo. Passamos pelo acampamento A1. Logo seguimos nossa trilha, agora a qual ficou mais difícil, agora com obstáculos tipo grampos , cordas, correntes etc.... Trilha de ascensão difícil devido os obstáculos que requerem tempo, atenção e muito calma. Seguimos e logo atingimos o acampamento A2. Descansamos pegamos Água no Camelo, Pois na casa de pedra não havia água. Lembrando gente no topo não tem água. Seguimos em frente e logo nos deparamos com imensos abismos , os quais merecem atenção devida , pois um vacilo e pode se acidentar. Seguimos e logo atingimos o topo do (Pico Paraná) nosso alvo. Acampamos no pico. Irado Tempo bom Pessoas maravilhosas. Jantamos e fomos logo Dormir, pois estavamos todos exautos. 3° Dia Acordamos com o tempo fechado , tomamos café e iniciamos nossa descida, Pois ainda tínhamos que chegar na fazenda do Dilson antes do anoitecer. Descemos todos os grampos , passando pelo A1, A2, entroncamento Pico Paraná e Itapiroca. Descemos a biquinha, entroncamento com o (Caratuva) e seguimos até o Morro do Getúlio e atingimos a fazenda do Dilson as 18:30 hs. Após um merecido Banho quente descemos até Florianópolis onde chegamos as 00:00 hs. Finalizamos a travessia de corpos no limite do cansaço físico e mental. Trilha não recomendada para iniciantes. Tem que ter um bom preparo físico e psicológico. Guia: Mario Cesar Firmino (Montanhista Descalço) https://www.facebook.com/mariocesarfirmino
  15. Trekking no Pico Paraná – 28 e 29 de Dezembro de 2017 "Pode ser difícil admitir que passar o tempo em remotas paisagens preservadas em seu estado natural signifique, o mais das vezes, passar o tempo confinado nas paredes de uma cela de náilon molhado, sem poder sair da barraca." Jon Krakauer, em 1990, Sobre Homens e Montanhas Com a citação do escritor e montanhista Jon Krakauer, inicio o relato da viagem feita em 28 de dezembro de 2017, para o trekking e acampamento no Pico Paraná. A serra Ibitiraquire é o local onde está inserido o P.P. (Pico Paraná), que é a maior montanha da região Sul do Brasil, contabilizando 1.877 metros de altura. A trilha para alcançar o cume demanda entre seis e oito horas em ritmo de caminhada. A ideia aqui era ir de Maringá a Curitiba (427 Km) dividindo o carro em quatro ocupantes: Leila, João Milton, João Paulo (meu namorado) e eu, subir a montanha, pernoitar em acampamento, fazer o ataque ao cume e descer rumo ao litoral. Vale dizer que todos os meus companheiros possuem grande afinidade com atividades físicas ao ar livre e nesse caso eu era a exceção. Quem sou eu? Arquiteta, quase balzaquiana, mais sedentária do que ativa, cuja experiência em aventura se resume, ou no caso resumia, a inúmeros episódios de ‘Man vs. Wild’ e ‘Largados e Pelados’. Para minha preparação, li relatos de outros viajantes e assisti a vídeos de outras pessoas que se aventuraram a subir o P.P., na esperança de antever o tipo de dificuldades que iria encontrar, além de visualizar partes do trajeto e tornar toda a aventura mais palpável. Resolvi correr, mas com a frequência de atleta de final de semana. Fora isso, havia iniciado a leitura de “Sobre Homens e Montanhas”, o que se fez bastante útil, principalmente o capítulo “Sem poder sair da barraca”. Em várias conversas com o João Paulo, fui alertada que além de ter condicionamento físico eu teria que prestar atenção ao estado psicológico, uma vez que uma eventual mudança de humor poderia afetar negativamente o restante do grupo e tornar a jornada - que já é cansativa – uma experiência de exaustão. Entretanto, minha principal preocupação continuou a ser o meu condicionamento físico, pois em minha primeira experiência em montanha, feita um mês antes no Pico Agudo – Sapopema, Paraná, trilha considerada de dificuldade fácil, eu havia sentido um esforço físico significativo. Com essa lembrança em mente e sabendo que enfrentaria uma longa “escalaminhada” (uma mistura de trajetos em terreno plano, mas também subida e descida por meio de pedras e troncos caídos, muitas vezes com auxílio de cordas ou grampos de metal fixados permanentemente em pedras), preparei a mochila e topei a viagem, mais por impulso e desejo de variar os ares do que por consciência. O objetivo principal da trilha no P.P. era servir como treinamento para o longo trekking (longo mesmo, com duração de sete a nove dias) percorrendo o circuito “O” em Torres del Paine, na Patagônia Chilena, do qual os meus companheiros participarão em Março de 2018. Por esse motivo, ficou decidido que faríamos a trilha e acamparíamos no chamado "falso cume" da montanha, pois seria uma ótima oportunidade de testar os equipamentos que eles pretendem levar para o Chile. Não tínhamos muitas opções de datas para a subida da montanha, por isso acompanhamos diariamente a previsão do tempo especificamente no Pico Paraná e na noite anterior à nossa partida, a previsão constava de tempo aberto com pancadas de chuvas de 1 mm durante a tarde do dia 28, o que parecia bastante bom. Partimos de Maringá a bordo de um Fiesta Sedan, após constatar que o porta-malas de um Gol não daria conta de transportar quatro mochilas cargueiras. Chegamos a Curitiba e nosso primeiro destino foi a Decathlon Barigui, aproveitamos para comprar equipamentos que faltavam, não era o meu objetivo, mas foi o conjunto de calça e jaqueta impermeável que me salvou de um grande perrengue! Descansados da viagem, deixamos Curitiba às 6h00 da manhã do dia 28 rumo à Fazenda Pico Paraná (58 Km), paramos pra tomar café em um posto e chegamos um pouco depois das 8h00. Todos que vão subir as montanhas a partir da Fazenda Pico Paraná devem deixar seus dados na sede, incluindo a data de retorno e telefone de emergência, bem como pagar uma taxa para o acesso (R$10,00) que dá direito a estacionar o carro e utilizar o banheiro da sede. Mochilas nas costas! Seguem os itens: Barraca Azteq Nepal; Saco de dormir; Isolante térmico; Quatro litros de água; Alimentos (salame, chocolate, miojo carboidrato em gel); Fogareiro e talheres; Roupas impermeáveis; Toalha; Lanternas de mão e de cabeça; Canivete; Apito; Fleece (precaução para baixas temperaturas); Roupas secas; Kit primeiros socorros; Kit higiene; Travesseiro inflável; Capa de chuva (poncho e capa para a mochila) Estávamos prontos! Em meio a uma garoa fininha e temperatura quente iniciamos a trilha às 8h50. A primeira parte, um trajeto de terra batida e pedras cercado por um tipo de vegetação que lembrava samambaias, durou cerca de uma hora e teve um ganho de altitude significativo, fizemos uma pequena pausa para hidratação e continuamos. Como sabia que a subida inicial era a pior parte, fiquei animada com o que estava por vir! Passamos pela bifurcação das trilhas que seguem para o Pico Paraná, sinalizado por fitas brancas e Caratuva, sinalizado por fitas amarelas, seguimos em direção às fitas brancas! Seguimos nosso destino, a trilha varia entre trechos de mata fechada e caminhos ao ar livre, chão de lama, troncos e galhos retorcidos, pedras grandes e cheias de limo que demandavam o uso das mãos para subir e descer. Permanecemos secos durante umas duas horas de trilha, quando começou a garoar, então colocamos as capas de proteção nas mochilas. Nas primeiras poças de lama, encharquei os dois pés! Caminhamos mais um pouco entre pedras, paramos na bica d’água para abastecer as garrafas, sempre por subidas e descidas. Em uma dessas descidas, escorreguei e caí de lado em uma pedra, o que me rendeu um roxo maior que a palma da minha mão aberta e que até hoje (08/01) permanece na minha perna. Mesmo após a queda eu estava realmente me divertindo e me sentindo muito bem, curtindo a paisagem que é espetacular! Em uma pequena clareira, quando terminávamos uma subida, vimos um montinho gordinho e branquinho. Era um cachorro deitado. Chegamos perto e chamamos o cachorro que parecia não querer sair do lugar. No primeiro momento pensamos que poderia ser de alguém e que essa pessoa havia deixado o cachorro ali para poder fazer o restante da caminhada e encontrar com o bichinho na volta. Voltamos para a trilha e o cachorro levantou, era uma fêmea e parecia bem alimentada. A cadelinha decidiu ir conosco e foi avançando sem a menor dificuldade por entre galhos e pedras, fazendo caminhos alternativos. Em certo ponto, penso que ela se cansou do nosso ritmo devagar e se mandou na nossa frente. Atingimos outra clareira no topo de uma montanha menor e decidimos parar para comer e beber água, eram cerca de 13h00, foi o primeiro momento em que tiramos as mochilas das costas para relaxar um pouco. O tempo continuava ruim, além de garoa havia muita neblina e não conseguimos ter uma visão ao certo do que estava ao nosso redor. Assim que tirei a mochila, resolvi bater o grosso da sujeira que estava em mim após os tombos (que foram uns dois na ida), senti que havia alguma coisa errada com a traseira da minha calça... Um buraco enorme! Para a minha salvação, a calça impermeável, aquela da Decathlon, estava dentro da mochila. Troquei de roupa atrás de uma moitinha e resgatei a dignidade. Alimentados e hidratados voltamos ao caminho, mais mata fechada e a chuva começou a ficar mais forte. Em certo ponto da trilha, chegamos a uma montanha que dá visão ao P.P. e toda a sua imponência. Nesse momento paramos para admirar, apesar de toda a neblina, é uma paisagem de tirar o fôlego! Você se sente muito pequeno diante de uma porção de terra tão desafiadora. Estava tudo certo até aí, sentia cansaço, mas nada que me impedisse de continuar, os chocolates e o gel de carboidrato cumpriam seus papéis. Foi quando o João Paulo apontou para um lado da parede de pedra e observando com calma ele disse: “É por ali que nós vamos ter que subir” e foi aí que comecei a ficar realmente apreensiva. Entramos por mais uma porção de trilha com mata fechada e saímos diante do paredão de escalada. A chuva engrossou e confesso que nesse momento todo o meu bem estar psicológico escorreu parede abaixo. Eu e J.P. estávamos na frente e fomos os primeiros a começar a escalada. O J.P. subiu com facilidade (mesmo com uma mochila de mais de 15 Kg nas costas) e com tranquilidade me chamou pra começar a subida. Coloquei o pé e me apoiei no primeiro grampo, minhas pernas tremiam visivelmente, meu rosto era puro desespero. A Leila que estava logo atrás de mim percebeu que eu não estava bem e avisou todo mundo. Tenho medo de altura, aquele medo que faz a planta do pé doer só de me aproximar de uma varanda no terceiro andar de um edifício. Sentei na pedra mais próxima a pedidos do grupo, nesse momento, um pouco de melodrama: ”Não tem vista que compense isso que a gente está fazendo! O que a gente está fazendo é burrice!”. Então, com toda a paciência do mundo, o J.P. subiu, deixou sua mochila no final da parede de grampos, desceu, colocou minha mochila nas costas e subiu junto comigo, sempre me animando e me dando incentivo! Nessa hora eu não sabia mais o que eu sentia, era uma angústia muito grande misturada com a vergonha de ter tido um surto enquanto meus companheiros pareciam bastante tranquilos. Nem preciso dizer que subi cada um desses grampos pensando realmente que a minha vida dependia apenas das minhas mãos, tremendo da cabeça aos pés e amaldiçoando mentalmente a minha decisão de ter encarado esse trekking. Coloquei o título desse relato com uma frase de In Bloom do Nirvana porque o tempo de fato muda o humor das pessoas, ainda mais em situações de stress. Acredito que se tivéssemos pego um tempo estável, sem chuva, a dificuldade de subir ainda existiria, mas eu talvez não surtasse. Após a subida dos grampos, mais trilha por caminhos de pedra e argila que agora pareciam pequenas cachoeiras. Estávamos em meio a uma chuva torrencial que com certeza passou muito além do 1 mm previsto! Levamos sete horas pra chegar ao chamado “falso cume” e a partir dali fomos procurar um local para montarmos acampamento. Os melhores locais, planos e protegidos estavam ocupados por outras barracas de forma que tivemos que acampar em terreno inclinado. Depois percebemos ter sido uma boa escolha, visto que onde era plano ficou completamente alagado. Encontramos nesse momento, 16h00, dois caras que estavam voltando do cume, eles passaram pelo nosso grupo durante a trilha e chegaram muito tempo antes de nós ao acampamento. Eles acharam um pedaço de lona preta gigante e se ofereceram para estendê-la e nos deixar montar as barracas protegidos da chuva. Acampamos em uma descida, exposta ao vento e a dez passos do limite da montanha. Tudo pronto! Eu e o J.P. em uma barraca e João Milton e Leila ao nosso lado. Apesar de termos abrigo senti que estava apavorada, nunca havia acampado e logo na primeira experiência peguei chuva sem parar... Por dezoito horas seguidas! Eu entendo que para a maioria das pessoas a experiência que estou relatando não é o perrengue todo que eu descrevo, mas venho aqui humildemente explicar que eu sou o tipo de pessoa que raramente sai de sua zona de conforto. Estava tentando colocar a cabeça no lugar, mas a única coisa que conseguia pensar era em como descer a parede de grampos na pedra inclinada com chuva forte. Mesmo que novamente o J.P. descesse com a minha mochila, eu ainda considerava perigoso demais para qualquer pessoa que fosse, encarar esse trecho com o mau tempo. Eu tinha medo por ele, por mim, pelo J.M. e pela Leila. Passaram-se horas, comemos nosso macarrão instantâneo com sopa em pó e salame, tiramos as roupas e os coturnos encharcados de água e lama, abrimos os sacos de dormir e tentamos descansar. Eu deitei, mas demorou muito tempo até que eu conseguisse desligar minha cabeça da preocupação com o retorno. Nesse ponto eu nem pensava em subir até o cume, pensava apenas na sensação maravilhosa que seria estar na base da fazenda. Dia 29 de dezembro, acordamos perto das 8h00, a chuva continuava sem dar trégua, entre gritos de barraca a barraca, estabelecemos um horário para desarmar o acampamento e começar a descida. Abrimos um pouquinho da lona da barraca e quem estava ali? Nossa dog trekkera! Toda molhada de chuva, porém plácida, sentada ao lado da barraca de nossos amigos (descobrimos mais tarde que a cadela vive na fazenda e faz o percurso várias vezes ao dia). Não tentamos subir ao cume, muita chuva, vento e neblina (nenhuma visibilidade do entorno da montanha), somados ao meu maravilhoso estado de espírito, nos levaram a decidir que a melhor coisa a se fazer seria voltar para a base. Os rapazes que nos ajudaram também estavam se preparando para descer, aproveitamos para irmos juntos (fica aqui registrada a minha distração de não ter ao menos perguntado o nome deles, que mancada!). Segui na frente do grupo, pois a minha mochila era a mais leve de todas e fui seguindo os rapazes, o cara de chapéu de duende e seu amigo. Eles me esperaram nas partes de escalada nos grampos para descer com a minha mochila e foram muito pacientes. Fica aqui meu agradecimento pela ajuda muito importante de vocês ao nosso grupo! A descida foi mais tranquila, ainda que com muita chuva, fui me acalmando, mas ainda me sentia responsável pela frustração de todos em não ter subido até o cume. Encontramos um grupo que subiu até o cume em um bate e volta de cinco horas, enfrentando chuva grossa e neblina e mesmo assim encararam até o final! Nessa momento eu senti o ‘L’ de loser se desenhando na minha testa. Levamos cerca de cinco horas para fazer a volta, a lama estava por todos os lados, desistimos de desviar das poças. Cansados e escorregando o trajeto final inteiro, chegamos à base. Lá, sentamos, pedimos três cervejas (mantendo o motorista sóbrio, sempre!) e pastel de carne (R$5,00 a latinha de Budweiser e R$7,00 por pastel, feito na hora por sinal), mochilas para o lado e finalmente a alegria de termos chegado ao fim. Banho tomado, arrumamos nossas mochilas no porta-malas, limpamos o que pudemos da sujeira dos coturnos e seguimos rumo ao litoral para passar o Réveillon. Não chegamos ao cume, mas a sensação de ter encarado esse desafio (ainda que pequeno aos olhos dos mais treinados) foi de orgulho, algo completamente fora da minha rotina, que eu jamais planejaria por conta própria e que deu uma sensação de superação que eu ainda não tinha sentido. Não vou recomendar a qualquer um que encare esse trekking só porque eu saí inteira, seria muita irresponsabilidade. Fui acompanhada de pessoas que sabiam o que estavam fazendo e que se prepararam com antecedência, cuidadosamente e só por esse motivo consegui acompanhar. Em vários relatos, as pessoas começam alertando que: “O Pico Paraná não é passeio!” e essa frase nunca esteve tão certa! Passado o frenesi e esse misto de sensações, agradeço de coração ao João Milton e a Leila por toda a compreensão e paciência e em especial ao J.P. por todo carinho, incentivo e dedicação para me ajudar em todos os momentos! Depois que as dores nas pernas e ombros foram embora, começamos a pensar no retorno, com tempo estável, outra estratégia de ataque à montanha, preparo físico melhorado, fotos do entorno, assinatura no livro e comemoração no cume!
  16. já explico o título! moro em sp, mas meus pais em ctba. bom, o pico paraná é ali perto... é claro que não resisti e levei na mochila uma outra mochilinha com a tralha necessária pra dois dias de caminhada pras festas de natal. recém adepto da M.U.L. (marche ultra legère, como nossos irmãos mochileiros francófonos chamam o backpacking light, o mochilar levinho....), resolvi radicalizar, indo com uma mochila de 18 litros estufada. ao final comento os equipos, mas já adianto que apesar de alguns percalços, ainda não posso ser chamado de adepto da M.U.L.a! meus planos eram ou vazar já no dia 25 à noite ou no dia 26 cedo. acabei comprando passagem pra registro saindo de ctba, para as 7:15 da manhã do dia 26. e assim foi: embarquei no limite do tempo, apesar de ter acordado bem cedo, mas pq me atrapalhei no sistema de ônibus de ctba: muito organizado, mas entre santa felicidade e a rodoferroviária eu passei pelo terminal campina do siqueira. os curitibanos vão perceber o caminho doido que fiz.... um pouco menos de uma hora depois eu já descia no km 46 da br, no lado sul da ponte sobre o rio tucum, de onde sai a estradinha que nos leva à fazenda pico paraná. esse caminho na estradinha se faz em cerca de uma hora de caminhada,mas eu havia caminhado uns 5 minutos quando um carro pára ao meu lado e o motorista oferece carona, perguntando se eu ia à fazenda pico paraná. entre, nos apresentamos, ele me disse seu nome, que era gaúcho de venâncio aires e veio meio na doida, tendo viajado 700 kms pra estar ali. pergunta se eu já conhecia o local, afirmo que sim, embora não tivesse alcançado o cume em julho por ter me machucado (vide relato em pico-do-parana-17-a-19-07-08-a-noite-e-de-rede-t28518.html ) e etc., ele me pergunta se eu participava de algum fórum na net e eu conto que participava do mochileiros.com e ele retruca: - vc é o ogum do mochileiros? o alemão era o cacius, participante aqui do fórum, com quem já tinha trocado umas mensagens, justamente sobre o PP.... se tívessemos marcado não teríamos conseguido sincronizar a chegada minha e dele praticamente ao mesmo tempo na estradinha de acesso à fazenda PP... ok, economizei na caminhada até a fazenda. ali no estacionamento ele me fala que estava levando uma barraca pra duas pessoas, então desnecessário era levar a rede, os espeques e o toldo.... alivio cerca de 900 gramas da minha carga, que já não era muito pesada (mesmo com água, não passei de 7,5 kg de carga na escalaminhada inteira...). o problema da minha mochila era não poder colocar mais nada dentro. ela foi no limite de carga dela, afinal, era uma mochilinha de raid, de corrida de aventura. cacius tava com uma trilhas e rumos montanha 75, com a tralha completa dentro. como ele não sabia direito o que ia encontrar - ao contrário de mim - veio com tudo, inclusive dois mosquetões e um anel de fita de aproximadamente um metro e meio, além de um cordelete de uns 8 ou 10 mm. mais pra frente vcs saberão o quão úteis foram esses equipos.... antes de caminhar eu explico o roteiro: - olha, o troço é simples. a trilha tá demarcada. a gente sobe aqui o morro do getúlio, logo chegamos na bica, dali em diante a gente costeia o caratuva, desce um selado, chegamos à encosta do PP, subimos até o acampamento 2. se chegamos cedo vamos até o cume e descemos, se for o caso amanhã a gente sobe até o itapiroca ou o caratuva, ok? - ok! o plano pra mim parecia simples, afinal eu tava levinho....mas o cacius tava com uma mochila pesada, afinal, a barraca era uma super esquilo 2/3.... não deu 20 minutos pro cacius estar todo vermelhão, suando em bicas e já me propondo: - olha se quiser ir na frente, pode ir, eu me viro... claro que não fiz isso, e foi ali que eu comecei a usar uma expressão que seria repetida ad nauseam: - só mais um pouquinho a gente já tá ali no mirante... "só mais um pouquinho" é uma frase que o cacius não vai querer ouvir durante muito tempo! fomos subindo e o cacius foi descobrindo pq a subida do getúlio é apelidada de "morro da desistência". é uma subida cadenciada por diverso degraus, com um aclive relativamente acentuado, que faz a gente sofrer. ali cada grama de carga nas costas cobra seu preço. no meio do caminho, num mirantezinho, paramos e eu dou uma mexida nas armações da mochila do cacius, pra aumentar a transferência de peso pra cintura. dali em diante o conforto dele aumentou um pouco. passada a subida do getúlio, já no planaltinho que nos leva à encosta do caratuva (e à bica), numa área gramada, já encontramos o terceiro doido que ia compor a equipe. deitado ao sol, enquanto secavam a barraca, o saco de dormir, algumas roupas, estava o dionir. este paranaense, ali de ctba mesmo, fugindo da família pra dar uma escapada à montanha, entrou na fazenda no próprio dia 25, à noite, e pegou chuva na trilha... foi subindo até onde encontrou um lugar pra armar a barraca e dormir meio molhado. estava ali tentando secar suas coisas, e já pensando em descer de volta (estava sem um casaco pra frio, esquecera...), quando o convencemos a ir adiante. o cacius estava com um anorak a mais, e cedeu-lhe um. assim, a trupe completou-se. 3 pessoas que iam fazer a trilha em solitário. em solitário, mas agora a três. continuamos andando. o dionir explicando ao cacius como era atrilha à frente, eu sempre falando que pra bica faltava "só mais um pouquinho", e o cacius bufando, vermelho, enquanto carregava a cargueira. aqui um parênteses. eu e o dionir estávamos com mochilinhas muito pequenas, não tínhamos como carregar parte da carga do cacius, e esse tb não queria dividir a carga. e que carga! até um anel de fita e dois mosquetões ele trouxera (nmais pra frente sberão como foram úteis essas coisas). sem saber direito o que ia encontrar no caminho ao PP, trouxera de tudo um pouco, inclusive umas maçãs desidratadas que fomos comendo até chegarmos na bica. chegamos à bica após vencer o "morro da desistência", subida na qual o dionir quase desisitira do passeio por excesso de água, e o cacius pelo calor. é preciso ressaltar que esse foi um raro trecho com tempo bom. dali em diante, pegamos muita umidade. a trilha estava um sabão. uns minutos na bica pra tomar água, tirar as mochilas, carregar bem os cantis. fomos sem ter certeza de existência de água lá no acampamento 2, então cada um levou pelo menos mais uns 2 litros e meio, 3 litros. e então começamos o costeamento do caratuva. o caratuva tem na sua encosta mata atlântica. é em meio dela, rente a um paredão de pedra (ora visível, ora encoberto por vegetação), que caminhamos. é um trecho cansativo, típico de "tração nas quatro", pois usamos braços e pernas o tempo todo pra vencer os obstáculos: covas, raízes, galhos, árvores, pedras, degraus, riachos e etc. perdemos muito tempo nesse trecho. da outra vez, eu passei por esse trecho com a trilha seca, e mesmo assim encontrei alguma lama. dessa vez, a trilha estava toda enlameada. então, além do sobe-e-desce, do pula-pula, acrescente-se os escorregões e também toda a cautela necessária para evitá-los. assim, a lentidão passa a ser uma caraterística da caminhada. o tempo todo o cacius perguntava quanto faltava para o acampamento 1 e eu e o dionir dávamos estimativas que não se realizavam. de fato estávamos estimando a distância e a velocidade erradamente. e claro, o cacius ouvia a mesma frase, como um mantra: "só mais um pouquinho". o fato era que eram duas horas e lá vai pedrada quando passamos pelo acampamento 1. o tempo estava fechado, bem nublado. paramos uns minutinhos, estimamos se valia à pena parar ali pra cozinhar ou continuar até o acampamento 2, e o cacius sugeriu que fôssemos adiante. afinal, estimávamos mais 40 minutos apenas pro acampamento 2.... descemos o selado do caratuva. cacius ia observando os precipícios. há um trecho em que praticamente só há o espaço para a trilha... chegamos à base da trilha do PP. quando íamos começar os degraus de aço (eu já tava na primeira plataforma), o cacius nota que uma alça da sua mochila arrebentou. decidimos primeiro içar a mochila até um platozinho (lembram dos mosquetões e da fita? começaram seu uso aí). no platozinho eu dou uma olhada na mochila e improviso uma emenda na alça com um cordelete que o cacius trazia. continuamos a ascenção, lentamente, até pra não forçar demais a mochila. lembrando que nesse trecho ela foi içada, degrau a degrau. claro que a operação foi lenta. passado esse trecho, continuamos na trilha, até que finalmente chegamos ao acampamento 2, passando antes pelo meu "cafofo", o trecho onde armei a rede em julho passado. eram então cinco horas da tarde. começáramos às 8:30. levamos, portanto, 8 horas e meia na ascensão, tempo que realmente não é exatamente um record de velocidade, mas estava muito bom.... afinal, fomos nos divertindo no meio do caminho, e a trilha estava pesada de se fazer, toda molhada. o tempo estava nublado. um ventinho frio, gelado mesmo. montamos as barracas. aqui um parêntesis: cacius carregava uma pesada barraca, e eu, nada... recomendo seus trabalhos como porteador, carregador: carrrega numa boa, não aceita ajuda, e ainda oferece frutas e doces. (falei que ia escrever isso no mochileiros, depois receberei xingos pelo e-mail.... - o cara é um touro pra carregar carga!) barraquinhas armadas: a super-esquilo do cacius, e a falcon 2 do dionir. uma nota sobre a falcon 2: barraquinha clássica de entrada no mundo do mochilismo leve. embora náutika não seja célebre por barracas com efetiva qualidade pra trekking, essa barraquinha pequena e leve acaba servindo bem pra um monte de gente. tem uma área boa pra uma pessoa, é baixa (o que acaba sendo uma vantagem, pois resiste melhor a ventos que as demais barracas grandes da náutika) e, por ser uma igluzinha, é auto-portante. o que, pra acampar sobre rocha, pode ser uma vantagem. abaixo de 150 reais, é a única opção pra quem for fazer trekking mesmo. sei de gente que andou "customizando" barracas assim, inclusive pra uso em neve. pra quem quer fazer trilha mesmo, sempre acha-se uma saída. consegue-se aquilo que eu chamo de "adequação relativa". pra dar um exemplo, o calçado de escalada por excelência é a sapatilha, mas há quem que, por falta de opção, use kichutes com os cravos lixados. não é uma sapatilha, mas é muito melhor do que uma bota ou um tênis de corrida, esses sim equipos inadequados pra escalada. fiz a primeira refeição quente do dia. um miojo que, como de costume nessas horas, estava delicioso. afinal, como bem lembrou o parofes num relato sobre uma ida a itatiaia, "o melhor cozinheiro é a fome". depois do miojão, um café com leite em pó pra dar uma esquentada, e cama! eram 7 da noite quando fechamos as barracas pra dormir um pouco. durante a noite, o céu abriu por alguns momentos, podendo-se ver um céu muito estrelado. mas foi uma noite de sono cansativa... a barraca não estava num local exatamente plano, de modo que escorregávamos sempre em direção aos pés. a cada meia hora ou 45 minutos, acordávamos pra "escalar" o isolante térmico... às 5 da manhã tocou meu despertador. resolvi esperar um pouco... minutos depois tocou o despertador do cacius. antes que ele voltasse a dormir (como eu fiz minutos antes.. hehe) eu já falava para nós levantarmos. claro que levantar foi uma enrolação. meu tênis ainda estava molhado e ainda por cima, gelado. (fiz essa trilha com um tênis de raid, comento mais tarde sobre isso). coloquei meu segundo par de meias e encarei o tênis gelado.... eram 6 horas quando nós três começamos o ataque ao cume. os três tapados de lanternas na cabeça, já apagadas - afinal, o sol raiava.... as lanternas foram apenas passear no cume... no mesmo dia haveria uma outra situação ridícula dos três com as lanternas na cabeça, citarei adiante. a ascensão final começa com uma caminhadinha básica pra cima e logo depois o trecho em pedras e mais pedras. sobe-se e desce-se adoidado em pedras, vamos passando por vãos, degraus e etc. vários trechos com degraus de metal já instalados. num trecho, degraus e uma corrente, para auxiliar. há um falso cume, depois sim o verdadeiro cume, que estava tomado pela metade por um grupo que ali acampara. esse grupo nos ultrapassara na véspera, era composto por um bando de rapazes barulhentos que vinham gritando na trilha. pra que fazer barulho, né? mas a vista de cima do cume é maravilhosa. numa abertura entre as nuvens deu pra ver a baia de paranaguá praticamente inteira. havia um belo espetáculo de nuvens à nossa volta. estávamos acima das nuvens, dava pra ver sua evolução nas encostas, ver as nuvens subindo e descendo pelos costados das montanhas no entorno. em cima do cume pego minha máquna fotográfica para bater algumas fotos e noto que o filme não tinha rodado, ou seja, nenhuma foto batida duranto dia anterior sairia. abro a máquina, colo o filme no lugar certo, bato meia dúzia de fotos. ficamos 20 minutos lá em cima. nós três assinamos o livro cume, que fica fechado em uma caixa de metal azul, aparafusada à rocha. fizemos amizade com outros dois que estavam acampados no acampamento 2 próximos a nós, o tiago todinho e o alexandre. eram 8 horas da manhã quando iniciamos o descenso. o que falamos de besteira no caminho não está no gibi. e, num momento em que eu passava por cima de uma pedra ouço o motorzinho da máquina fotográfica rebobinando o filme. comecei a rir. não teria nenhuma foto da ascensão, e também nenhuma do descenso. era só pra ter fotos lá de cima mesmo.... eram aproximadamente 9 e meia da matina quando chegamos de volta ao acampamento. fiz um café com leite, comemos alguma coisa, começamos a desmontar a barraca, conversando com o alexandre e o todinho. todinho me mostrou onde fica a bica do acampamento 2 e, no caminho da bica, há que se subir uma pedra, ele me dizia: - apóa a mão ali no reglete! e eu lá sabia o que era isso? apoiei num berêu na rocha, e depois descobri que o o berêu era o tal reglete. pra quem não sabe o que é berêu, é um substantivo genérico, que serve para nominar qualquer coisa: "quebrou o berêu". "perdi o berêu". "tá faltantando um berêu". "apareceu um berêu esquisito nas minhas costas"... peguei água, e depois fui mostrar o caminho pro dionir. na véspera fomos andando até a tal pedra, mas não sabíamos que era necessário transpô-la pra chegar à bica. o dionir na minha frente, sobe na pedra antes, e eu peço ajuda pra subir. com meu peso, acabo puxando-o na minha direçao, ele cai, de frente, e me empurra fora da trilha, numa encosta do PP, um verdaeiro precipício. fiquei agarrado a alguns bambus, enquanto o dionir, branco que nem um lençol me perguntava, quatro vezes seguidas: - machucou muito? machucou muito? machucou muito? machucou muito? eu não tive nenhum arranhão, mas por muito pouco não fui parar uns 500 metros abaixo. ficamos os dois ali uns 2 minutos, um olhando pro outro, até que dei um jeito de subir um pouco, ele me alcançou e me puxou. fomos com as pernas trêmulas até a bica.... voltamos ao acampamento, reunimos a tralha toda e meio dia, devidamente alimentados e com muita água, começamos a descida. o tempo estava fechado, úmido mesmo. fomos descendo. em pouco tempo chegamos ao trecho com os degraus de metal e o cacius acha melhor não descer os degraus com a cargueira nas costas. quando vai tirar a mochila, acontece: a outra alça arrebenta e tb a barrigueira. meia dúzia de palavrões do cacius depois, decidimos primeiro descer a mochila, depois ver como consertar.... lembram dos mosquetões e do anel de fita? usamo-os para "costurar" a mochila abaixo, degrau de metal por degrau de metal. até a base do PP, já na ligação com o caratuva. paramos, tomamos um pouco de água, olhando meio desconsolados pra mochila escanguelhada. pro fim, com um cordelete e a fita, eu dou um jeito de amarrar a outra alça (uma alça já tinha ido pro espaço no dia anterior), e improviso uma barrigueira com o anel de fita. essa barrigueira não ajudou muito na transferência de peso, mas serviu pra equilibrar a mochila. mas, infelizmente, o peso estava nas alças, nos ombros do cacius. fizemos o caminho de volta lentos. paramos por diversas vezes. apenas às 5 da tarde chegamos à bica. fizemos um almoço. acabei virando um miojo no chão. preciso rever os meus modelos de espiriteira, vou usar algo mais estável. acabei por usar um pouco do macarrão do cacius, esse sim, um verdadeiro gourmet de trilha, e não como eu ou o dionir... ficamos uma hora ali parados, comendo, tomando água gelada, discutindo espiriteiras, e etc. às seis da tarde recomeçamos a descida, e eram sete e quarenta da noite quando, exaustos, chegamos à sede da fazenda. o alexandre e o todinho ainda estavam por ali. parlamentamos, e resolvemos, nós três, dormir ali na fazenda e seguir pra ctba no dia seguinte. armamos as barracas ali na área de campng, ao lado das barracas do todinho e do alexandre. fizemos uma fogueira (no local adequado, há um espaço justamente pra isso, delimitado por pedras) e também rodou uma cuia de chimarrão. mas antes da fogueira e do chimarrão, resolvemos todos os 5, devidamente limpos após o embarreamento no PP, comer alguma coisa decente ali no restaurante do posto do tio doca, na BR. enquanto o todinho e o alexandre iam de moto, nós três entramos no carro. já estávamos andando há algum tempo quando eu percebi que os 3 tapados estavam de lanternas na testa..... dentro do carro! se no restaurante o buffet não funcionava mais, cada um traçou um prato feito. a fome é o melhor cozinheiro, e estávamos realmente com muita fome. comemos rápido, conversamos um pouco, voltamos à fazenda. e aí sim, à fogueira e ao chimarrão (antes que nos xinguem, a fogueira foi na área de camping, num buraco revestido por pedras, preparado pra se fazer fogueiras!!!). era meia noite quando desisti da conversa e fui dormir. parece que o dionir seguru todo mundo falando até duas da manhã... às cindo os despertadores tocam. alexandre e todinho vão subir o caratuva, eu, o cacius e o dionir reunimos a tralha e rumamos à curitiba. não sem antes uma boa conversa com o seu dilson, dono da fazenda. cacius nos deixou em pontos escolhidos, e rumou a santa catarina. dionir foi pra casa, e eu para a casa dos meus pais. exausto, mas feliz. ------------ vamos à detalhes técnicos. a fazenda Pico Paraná acessa-se pela br, no km 46, longo antes do rio tucum, pra quem vai de curitiba em direção a são paulo. pega-se uma estradinha de terra à direita e segue-se as placas. ora indicam "fazenda pico paraná", ora indicam "fazenda rio das pedras" 5 reais pra entrar (cobrados só uma vez) quando se entre entre 7 e 20 horas, em outros horários, 7 reais. há um banheiro no abrigo, o que permite um bom banho na volta. seu dilson é extremamente prestativo em relação às informações. a trilha está muito bem demarcada e cuidada. seu dilson não divulga, mas é tb feito um trabalho de resgate dos perdidos (ainda não sei como alguém pode se perder ali) e, principalmente, os desavisados que são atacados de hipotermia lá em cima. ele pede que nãos entre na trilha sem lanterna e apito e, claro, os agasalhos necessários. nos acampamentos 1 e 2 faz frio à noite, mesmo no verão. notem que , em pleno verão dormi com um saco pra 15 graus e usando meias e um fleece. cacius dormiu com o saco pra oito graus, um fleece e um gorro. nenhum de nós dois passou calor..... no inverno já foram registradas temperaturas de menos 12 no cume. há muita umidade, afinal o PP fica à beira mar. deve-se evitar acampar no cume. além de devastar desnecessariamente a área, é perigoso: o local é de incidência de raios. além do mais, não se recomenda ir até o cume com uma pesada cargueira nas costas. pode-se perder o equilíbrio em diversos locais, e cair. afinal, acidentes ocorrem. --------------- sobre equipos. exagerei no ultra light. fui com um tênis de raid, que se revelou impressionante no grip, mesmo com piso muito enlameado. leve e resistente também. mas não impermeável. passei dois dias de pés úmidos. o tenis é da quechua, diozas raid 500. se fosse impermeável, teria sido o calçado perfeito. a mochila, uma quechua de raid de 20 litros (18 no corpo, 2 pra cantil de água, separado e acessível por fora da mochila, um show!), acabou abrindo dois buracos numa queda sobre rocha. confortável, mas não feita exatamente para essa atividade. tem uma barrigueirinha, inclusive com bolsos. a espiriteira revelou-se, desta vez, meio instável. vou aumentar a a estabilidade, pra não perde ro miojo de novo. barracas resistentes a ventos e chuva são recomendáveis, fortemente! ou uma boa rede, e bom isolamento térmico. fui com cerca de 6 kg de carga, mas acho que uns 9 kg era aceitáveis. não passei fome, muito pelo contrário. bastões são também muito recomendáveis. o quechua 500 light do cacius abriu o bico, quebrou, em dois pontos. o todinho e o alexandre estavam com bastões da azteq, em alumínio, um deles travou. meu bastão, um azteq de fibra de carbono, tem aguentado bem o tranco até agora. uma boa mochila, e, claro, carregar pouco peso, são essenciais pra esse "passeio". a trilha é bem pesada, não raro fazendo muita gente desistir no caminho. no mais, as recomendações de sempre. assim que puder, posto mais fotos.
  17. Olá Pessoal, vou relatar minha aventura, dessa vez fomos para o Pico Paraná (PP). Situado entre os municípios de Antonina/PR e Campina Grande do Sul/PR, o PP é a montanha mais alta do sul do Brasil, são 1877 metros. O acesso se dá pelas margens da BR 116, em sentido a São Paulo ao passar pelo posto de combustível Tio Doca nas proximidades do km 47 terá uma ponte sob o rio Tucum na cabeceira desta ponte tem uma rua de terra que após 6 km chegará à base/estacionamento. Onde terá toda estrutura de apoio ao aventureiro, mais info consulte http://fazendapicoparana.altamontanha.com Chegado o dia da aventura 11 e 12/07/2015, partimos de Joinville/SC eu e o João. Por volta das 4h45min já estávamos na estrada, o tempo estava chuvoso, mas, a previsão para Campina Grande do Sul, era tempo estável. Fizemos uma rápida parada em um posto de gasolina na BR 116 quando o Boka que vinha de Curitiba/PR avisou que perdeu a hora, iria se atrasar. Seguimos até a base, às 07h30min chegamos, fizemos nosso cadastro, trocamos algumas ideias com o pessoal que estava por lá e às 08 horas em ponto, partimos para a trilha. Após uns 10 minutos de caminhada, paramos em uma pedra para tirar algumas fotos e esperar o Boka, que não demorou muito a chegar. O tempo estava nublado. Continuamos nossa caminhada pelo Morro do Getúlio aonde chega-se a uma bifurcação, sinalizada, onde é possível ir ao Caratuva ou no nosso caso seguir para o PP. Pausa para um lanche e um papo rápido com outros aventureiros que iriam até o Itapiroca (próxima bifurcação). Continuamos sem nenhuma dificuldade, logo se encontra uma bica d´agua e o início da trilha com raízes expostas. No decorrer da trilha terá mais pontos de água. Era 11h15min quando chegamos a mais uma bifurcação, esta entre o Itapiroca e o PP. Seguimos em direção ao Pico Paraná. Nossa jornada continuava entre as varias paisagens proporcionadas pela natureza, algumas lembravam cenas de filme de terror. Às 12h35min chegamos ao A1, acampamento 1, onde tem alguns pontos para acampar. Aqui o sol resolveu aparecer. Como sabíamos que o A2 não ficava muito distante, continuamos nossa caminhada sem nenhuma dificuldade. Às 13h20min chegamos a um paredão que uns grampos o ajudam a subir, ali, encontramos alguns aventureiros que optaram em não seguir viagem. São vários os pontos onde são encontrados grampos, cordas e correntes para ajudar na subida. Chegamos ao A2 às 14 horas, montamos o acampamento e fizemos um lanche. Aqui tem uma casa de pedra, que nas proximidades tem água. Não chegamos pegar água aqui, pois, trouxemos de um ponto anterior. Como tínhamos muito tempo de luz do dia, optamos por atacar o cume, porém, no período em que estávamos comendo o tempo começou a mudar e o cume já estava todo coberto. Então decidimos ficar por aí e descansar. Daí em diante o tempo ficou ruim, ventou muito, praticamente até o amanhecer. A noite choveu em alguns momentos e o vento continuava a balançar nossas barracas. Pela manhã fizemos um belo café e o sol voltou a brilhar com toda sua beleza. Partimos para o cume às 7 horas. Do nosso acampamento até o cume foi o trajeto que comecei a sentir dores no joelho esquerdo, contudo, depois de mais grampos chegamos. A vista do cume é fantástica, vale a pena todo esforço. Fizemos em 1 hora. Lá em cima tem uma caixinha em que os aventureiros deixam seus recados. O vento estava bem forte o que mostrava que o sol não ficaria por muito tempo. Após algumas fotos começamos a voltar. Após uns 15 minutos da decida do cume até nosso acampamento o tempo mudou novamente, ficou nublado. O João e o Boka apresaram os passos para começar a ajeitar nossas tralhas eu e minha dor estávamos indo em ritmo mais lento. Ao chegar arrumei minhas coisas e pegamos a trilha de volta. Às 9h40min já estávamos caminhando rumo à base, fizemos algumas paradas no decorrer, para lanchar e para eu respirar fundo, apesar dos analgésicos que tomei a dor parecia só aumentar. A chuva começou a marcar presença, quando o relógio marcou 16 horas chegamos à base. Partimos até o posto de combustível mais próximo para lanchar. Eu e o João pegamos a estrada de volta a Joinville/SC e o Boka a Curitiba/PR. Até a próxima!
  18. Eu já estava há um ano sem tirar dois dias consecutivos de folga. A última vez tinha sido em fins de julho de 2014, quando fui fazer a Petro-Tere. Já não via a hora de subir uma montanha. Sonhava estar acampado no alto de um morro, acordar no meio das nuvens. Como tudo que é muito planejado e comentado costuma dar zebra, decidi que era a hora de partir. Fiz meus planos sem avisar ninguém, esperando a hora certa de ir. Aproveitar que a meteorologia previa tempo bom e rumar para Curitiba a fim de conhecer o Pico Paraná. Sempre tive vontade, mas nunca tinha ido. Pensei então, já que vou para lá, fico dois dias e tento subir os 3 picos que são vizinhos e poderão ser alcançados pela mesma trilha. Assim sendo, decidi que, se meu preparo físico permitisse, sairia de manhã da fazenda PP, subiria para o Pico Paraná e de manhã desviaria para o Itapiroca. Depois subiria até o A2 onde montaria acampamento e se desse tempo subiria o Pico paraná para ver o por do sol. No dia seguinte, após pernoitar no A2, subiria o PP novamente para ver o sol nascer. Desceria embora e na volta faria um outro desvio para subir o Caratuva. Combinei com meu irmão e sócio, quase na véspera, que tiraria a quinta e a sexta-feira (13 e 14 de agosto) de folga. Dia 15 era feriado municipal, mas no nosso ramo o feriado é dia que se trabalha mais, portanto teria que estar de volta no batente. Saí de Maringá na 4ª feira às 23 horas. Tinha trabalhado até às 19:30, dormira um pouco e estava pronto para a viagem. A tralha já estava arrumada fazia uma semana. Peguei o Ford Ká e caí na estrada, parando duas vezes para um cochilo rápido. Cheguei na fazenda Pico Paraná por volta de 8 horas da manhã e às 8:30 comecei a subida da trilha. O Silvano, caseiro da fazenda, me informara que estavam mais 3 pessoas na trilha. Um cara que estava subindo o PP pela 70ª vez (tinha subido na quarta-feira) e mais dois que subiram juntos no início da manhã. Era minha primeira vez ali, mas eu já tinha uma ideia boa do que iria encontrar. Saí com cerca de 1 litro de água dividido em 2 garrafinhas. Tinha também um camelback, mas resolvi não enchê-lo. O começo foi bem tranquilo. Tinha lido que muitos já pipocam logo na subida do Getúlio, mas achei ela bem maneira. Depois de mais ou menos 1:30 horas eu estava na bica d'água. Troquei a água que eu tinha por uma água fresca, enchendo as duas garrafinhas (1,2 litros) e no camelback coloquei só meio volume, cerca de 1 litro, porque não queria carregar peso desnecessário e encheria novamente os reservatórios na bica perto do A2. Segui em frente rumo ao Itapiroca, só que agora em ritmo bem mais lento pois as condições de trilha tinham mudado bastante. Apesar de seca a trilha não permitia deslocamento rápido. Muitas raízes e pedras a serem superadas. Já tinha ouvido que esse trecho era o mais cansativo, mas achei que fosse menos complicado. A navegação em si está bem fácil. A trilha super demarcada. Só que o trouxa aqui decidiu ouvir música e passou despercebido pela bifurcação para o Itapiroca. Quando vi já estava chegando no A1. E agora, o que fazer? Toco direto para o A2 e deixo o Itapiroca para amanhã? Se eu deixar para amanhã talvez eu fique cansado demais e deixe um dos dois, Itapiroca ou Caratuva, sem fazer. Será que volto tudo isso enfrentando essa trilha cheia de raízes? Como será a subida para o Itapiroca? Será muito demorada? Decidi esconder a mochila perto do A1 e voltar de mochila de ataque para o Itapiroca. Só levei lanterna, uma garrafa de água, um pouco de comida, máquina fotográfica e GPS. Depois de 35 minutos voltando, cheguei à bifurcação para o Itapiroca. Apesar de um início meio íngreme, a trilha desse ponto até o cume do Itapiroca é bem tranquila e rápida. Fiquei lá no cume o tempo suficiente para umas fotos, uma rápida forrada no estômago e depois voltei. Na descida do Itapiroca encontrei dois rapazes que estavam indo somente até o Itapiroca. Conversamos um pouco e eles me disseram que dali até o A1 era 1 hora, do A1 até o A2 mais 2 hora e do A2 até o cume do PP mais 1 hora. Como eu tinha vindo em 40 minutos, calculei que daria para fazer tudo dentro do planejado. Depois de mais um tempo recuperei a mochila no A1, tirei algumas fotos e segui em frente. Já próximo dos grampos de descida rumo ao A2 encontrei com o Sr. Ivo (61 anos) e o Patrick, que estavam voltando do PP. Eram eles que haviam saído pela manhã. Fariam um bate-volta ao PP e já estavam na volta. Era a primeira vez do Patrick. Era a 57 ª do Sr. Ivo. Quanta vitalidade. Na minha frente se apresentava um paredão a ser transposto, logo após a descida. Havia uma corda grossa pendurada que dava para ver dali de onde estávamos. Parecia meio complicado e dava uma certa apreensão.Seu Ivo me disse que preferia subir pela rocha ao lado, agarrando coma as mãos, mas que tinha gente que preferia a corda. Depois de mais um pouco de papo eles seguiram o rumo deles e eu toquei em frente. Logo cheguei na parede, olhei a corda e decidi subir por onde seu Ivo aconselhara. Ficava mais próximo do "abismo", mas foi tranquilo. Se bem que acho que pela corda teria sido mais fácil. Depois da corda teve um lance de grampos na pedra que também foi tranquilo. Olhando de longe, e de perto também, parece mais difícil do que na verdade é. Só que não convém subestimar. Um vacilo ali pode significar uma queda e um ferimento que pode ser grave. A minha volta até o Itapiroca tinha tido como consequência um consumo de água além do planejado. Eu estava mais cansado e bebendo mais água. Mas estava tranquilo porque poderia reabastecer no A2. Seu Ivo tinha me dito que o outro cara que subira na quarta-feira estava acampado no PP. o nome dele era Carlos. Toquei em frente, passando outros lances de escalaminhada e grampos mais ou menos complicados até que cheguei no A2 por volta de 15:45. Tratei de montar acampamento. Encontrei uma área cercada de arbustos e com uma cama de caratuvas secas. Tinha até um cercadinho de pedras onde uma fogueira tinha sido feita. Era ali mesmo. Montei a barraca e parti para encontrar a mina d'água para reabastecer os cantis. Eu tinha quase secado o camelback e as garrafinhas também estavam bem vazias. Cheguei na mina d'água e ela estava seca. Que decepção. E agora. Eu tinha menos de meio litro de água no total. Voltei para a barraca e fiquei pensando no que fazer. Resolvi que subiria até o cume do PP para o por do sol. O cara que estava lá iria embora no outro dia. Ele certamente teria bastante água e me cederia um pouco. Às 16:15 parti para o PP, levando uma garrafinha com cerca de 200 ml de água, ou menos. Só ia molhando o bico de vez em quando. Cerca de 40 minutos depois eu estava no cume do Pico paraná, onde encontrei com o Carlos (Antônio Carlos). Cara muito gente fina. Ficamos conversando um tempão. Ele disse que o plano era sair de lá no sábado, mas como eu o informara que a bica d'água estava seca ele iria embora na sexta pela manhã. Ele também tinha pouca água, cerca de 700 ml. Daí eu desisti de pedir água para ele. Ficamos ali conversando e observando aquelas paisagens lindas até o sol se por. Que lugar lindo, vale todo o esforço para se chegar até ali. Como o cume de uma montanha é um lugar especial. Só sabe disso quem já esteve em um. Eu não tinha levado blusa e o vento era bastante forte fazendo a sensação de frio aparecer. Achei que faria bastante frio à noite, mas já na descida, onde não tinha vento, a temperatura estava até agradável. Toquei de volta para o A2 pensando no que iria fazer. Faria o grude que tinha levado? Pra isso precisaria de cerca de 300 ml de água, o que me deixaria quase a seco. Nem bebi água na volta. Terminei o trajeto de volta para o A2 sob luz de lanterna. A noite chegou e eu estava no meio da volta. Apesar disso foi tudo tranquilo. Cheguei na barraca e estava quebrado. Quase sem água, cansado prá caramba, com fome, etc. Eu sou um cara que me considero em boa forma para meus 49 anos. Corro quase todo dia, ando de bike, só que montanha com mochila é diferente. Já fazia 1 ano desde a última vez. E olha que daquela vez fiz Petro-Tere de quinta a sábado e no domingo fiz Cobiçado-Ventania. Só que esta trilha parecia estar mais puxada que a Petro-Tere. Talvez por eu não ter dormido na véspera. Decidi que faria a janta e que ficaria na seca até de manhã. Se desse coragem subiria para ver o sol nascer. Se não desse coragem eu voltaria e encheria os cantis num riozinho que tinha passado, ou mesmo na bica d'água. Fiz a janta somente com 200 ml de água. O problema é que a janta é uma sopa vono "enriquecida" com farinha de mandioca e queijo ralado, que eu já levo misturado. Com 300 ml de água ela fica legal. Com 200 ml ficou um grude mesmo. Mas tava muito gostosa. Depois da janta, peguei o celular que eu tinha levado, emprestado de minha mãe, porque eu mesmo nuca tive, e liguei para casa. O sinal de celular era bom. Fiquei um tempão admirando a beleza daquele céu estrelado. Que coisa linda. Aquele dia tinha sido demais. Mais do que eu merecia. O visual lindo de cima do Pico Paraná. Aquele por do sol que parecia coisa de filme. E agora esse manto de estrelas. Eu era um cara privilegiado. Voltei para a barraca, enchi o colchão e tratei de dormir. Foi fácil dormir, já que estava bem cansado e a temperatura estava agradável. No meio da noite acordei com bastante sede. Dei uma molhada na boca e voltei a dormir. O despertador tocou às 5:00. Enrolei um pouco, mas levantei e me preparei para subir de novo para ver o sol nascer. Eu estava aqui e não seria pela pouca água que eu deixaria de ver esse espetáculo. Peguei uma garrafinha com cerca de 100 ml de água e deixei outra guardada com a mesma quantidade. Parti para o cume já eram quase 6 horas e cheguei lá em tempo de ver o sol nascer. O Carlos já estava de pé fazendo uma sequência de fotos com suas câmeras. Uma Canon num tripé e outra GoPro num bastão preso ao solo, fazendo um time lapse do sol nascendo. O cara tinha mais de 3 quilos só de material fotográfico. Ficamos ali conversando e apreciando o nascer do sol. Ele me contando de suas andanças. Eu contando as minhas poucas. Apesar de fazerem 3 anos desde a última vez que ele subira o PP, esta era a sua 70ª vez. Que coisa doida cara. O sujeito tinha subido aquela montanha 70 vezes. Era como a casa dele. Se bem que se eu morasse mais perto certamente estaria ali com frequência. É um lugar lindo. É nesse tipo de lugar que eu me sinto mais perto do que eu entendo por "Deus". Aquela paz, aquela integração com a natureza. Aquela necessidade de pouco diante da grandiosidade que lhe é apresentada gratuitamente. Bom, mas eu tinha que descer, desmontar acampamento e seguir em frente até o Caratuva. Esse era o plano. Assim sendo, mais ou menos às 07:45 comecei a descida. Me despedi do Carlos e fui embora. Meio triste por deixar aquela paisagem que não saberia quando, ou se, voltaria a ver de novo. Meio preocupado com á água. meio que planejando o resto da jornada. Quando cheguei perto da "casa de pedra" decidi dar um confere na mina. Tinha muito orvalho pela manhã e quem sabe? Não fui muito animado, mas fui. Chegando na mina uma grata surpresa. A água tinha voltado. Corri para a barraca, peguei a outra garrafa e voltei para encher. Eu tinha que avisar o Carlos, dessa maneira ele não precisaria ir embora hoje. Poderia ficar mais um dia como planejara. Mas subir aquilo tudo de novo? Ia me atrasar prá caramba. Peguei o celular, liguei prá minha mulher e pedi que tentasse achá-lo no facebook. Ele estava com um celular que vivia emitindo aqueles sinais de mensagem típicas de facebook. Ela tentou, tentou, mas não conseguiu. O cara tinha sido bacana comigo, tirou até umas fotos de mim enquanto eu estava descendo e gritou que colocaria no facebook dele e agora eu não tinha como avisá-lo sobre a água. Quem sabe chegando ali e vendo que a água tinha voltado ele subiria de novo. Só que teria o trabalho de desmontar e montar barraca de novo. Fazer o quê? Bom, desmontei minha barraca, deixei-a secando sobre uma moita. Arrumei a mochila. Fiz meio litro de chá já que agora tinha bastante água e fiquei ali no A2. Bebendo chá, olhando a paisagem e esperando a barraca secar o orvalho. Liguei prá casa mais uma vez. Mulher, filhas, mãe, irmão, irmã, falei com todo mundo. Guardei a barraca na mochila e me preparava para descer quando ouvi um grito: - Hei, tem água na mina? era o Carlos que vinha descendo com a mochila nas costas. Sorte que ainda não tinha descido muito. -Tem sim. Eu gritei de volta. Ele soltou mais um ou dois gritos de comemoração e virou de volta para o cume. Eu segui meu trecho feliz porque o amigo também poderia continuar com seu plano. Toquei em frente pela trilha e logo estava de volta no paredão, que dessa vez teria que ser descido e não subido. Tinha pensado em descer a mochila primeiro e depois descer sozinho. Chegando lá decidi descer com a mochila mesmo e pela corda. Foi bem mais sossegado do que eu estava imaginando. Continuei a jornada, passei por 3 pessoas. Um era certamente o guia, pois levava uma mochila de uns 90 litros que parecia estar abarrotada. Era um cara barbudo, mas esqueci de perguntar seu nome. Ele estava guiando um casal que parecia ser mãe e filho. Chegando no A1 encontrei dois irmãos que estavam descansando e lagarteando ao sol. Fiquei um pouco ali descansando e conversando com eles. Eles pretendiam subir o PP, mas um deles, o mais velho, travou quando chegou nos grampos e por isso decidiram voltar. Isso acontece. Não é nem questão de coragem. É que acontece de o cara olhar, ficar com medo de fazer e aí o melhor é voltar mesmo. Continuei na trilha, parando num riachinho para me refrescar. Gosto de molhar um pano e me refrescar quando tenho oportunidade. Um tempo depois eu estava na bica d'água onde voltei a encher os cantis. Enquanto estava lá, apareceram os dois cachorros da fazenda, tinham vindo descendo a trilha e pararam na bica para se refrescar. Fizeram a maior festa na água que escorria para o riozinho. Beberam, deitaram na água. Foi bem legal, mas eu pensei: - de onde esses cachorros vieram? Eu não passei por eles na descida. Daí a pouco chegaram os dois irmãos que já estavam descendo e disseram que os cachorros tinham acompanhado eles na subida e que depois que chegaram no A1 eles tinham sumido e que só tinham reaparecido quando eles começavam a descida de volta. Eles foram embora e eu fiquei mais um pouco ali. Voltei à trilha e logo cheguei à bifurcação para o Caratuva. Era pouco mais de uma e meia da tarde. Deixei a mochila escondida e fui de ataque para o Caratuva. Achei que a trilha fosse menor e menos exigente. Engano. A trilha não era tão curta quanto a do Itapiroca. E era bem mais exigente. Apesar de bem demarcada e de não ser uma subida técnica, o ganho de atitude era considerável. Trechos bem íngremes e eu já cansado tive que fazer várias paradinhas para tomar fôlego. Às 14:45 eu cheguei ao cume do Caratuva. No meu MP3 as duas músicas que tocavam na chegada ao cume foram, na sequência, Dream On (Nazareth) e depois Dust in the Wind (Eagles). Nada planejado. Aconteceu de ser assim. Parecia uma mensagem que eu estava recebendo. Dream On, sonhe, não custa nada e o sonho e o primeiro passo para a conquista. Eu estava ali realizando mais um sonho. Acabara de conquistar o terceiro cume que eu planejara. Tinha presenciado cenários incríveis, paisagens belíssimas. A paz que a gente tem quando caminha sozinho. E depois Dust in the wind, para me lembrar que a gente não é nada, que eu não era melhor e nem pior que ninguém por ter conseguido completar o que eu planejara. E que diante daquela imensidão e beleza que se descortinava na minha frente eu não era nada. Eu era somente poeira ao vento. Depois de filosofar um pouco, pensar na vida, comer umas castanhas, bater umas fotos, era hora da descida. Bati em retirada, cheguei até onde tinha deixado a mochila e voltei para a fazenda PP, contemplando o resto de dia, feliz por estar ali. Cheguei na fazenda PP e fui tomar um banho para tirar a canseira. Havia uma barraca montada no camping. O plano era sair logo para Maringá. Mais ou menos às 6 da tarde. Só que eu garrei numa prosa com o Dilson e com o Alexandre, que eu acabara de conhecer a ambos. O Alexandre iria subir a trilha, de ataque, às duas da manhã, para ver o sol nascer no PP. Ficamos conversando por mais de duas horas. Dois caras bem legais. O Dilson , que eu só conhecia de nome, e imaginava totalmente diferente do que se apresentou. Dois caras muito bons prá se conversar. Acabei saindo de lá às 20:30 horas, já passado disso. A viagem de volta era longa e eu estava cansado. Fiz 3 ou 4 paradas para cochilar. Acho que dormi umas 3 a 4 horas nessa paradas e só cheguei em casa às 7:20 da manhã. Às 08:30 horas eu já estava trabalhando. Cansado prá burro, com sono, mas muito mais feliz. A cabeça, essa estava nova de novo e pronta para mais um tempo de batente. O Kázinho fez 16,4 Km/litro. O bicho é fera.
  19. Após passar um feriadão de 4 dias de tempo bom, sem uma nuvem, temperatura amena, em casa uivando para as montanhas resolvi fazer uma caminhada mais hard, pra lavar (e cansar) a alma. Escolhi ir ao Pico Paraná, ponto culminante do sul do Brasil e considerada uma caminhada pesada. Apesar da pequena distância (+/- 9km) a trilha percorre um sobe e desce bem intenso na serra do Ibitiraquire, o que a torna bem cansativa. A ideia era ir até o PP, e se desse tempo e as pernas aguentassem, esticar até o Ibitirati, montanha nunca alcançada por mim. Também seria meu retorno ao PP, quinze anos depois da minha última ascensão, em janeiro de 2000. Como a caminha é pesada, cansativa, e eu queria ir rápido (pra tentar o Ibirirati) convidei apenas gente que desse conta do recado. A maioria já tinha compromissos, e acabou sobrando eu, Natália e Matias. Saímos cedo num domingo que prometia tempo bom, estava frio e sem chances de chuva. Chegamos na fazenda do Dílson , fizemos o cadastro e começamos a caminhada 7:20hs. Segundo o Dílson, de ataque levaríamos de 5 horas pra subir e 4 horas pra descer. Pensei comigo, precisamos ser mais rápido se quisermos ir ao Ibitirati. A trilha está bem fácil de ser seguida, uma valeta. Não tem como errar, só seguir o trilho mais profundo. Subimos o Getúlio, também conhecido como morro da desistência, por ser logo no início e bem íngreme, o pessoal que não está preparado física e psicologicamente para por ali. Logo chegamos numa das partes mais bonitas da trilha, a caminhada pelos campos de altitude entre o Getúlio e o Amarilis, aonde se descortina toda serra: bem na nossa frente o Caratuva com o Itapiroca logo a sua direita, a direita deste, pro sul, Tucum, Camapuã e Camacuã. Ao norte, a esquerda do Caratuva, Taipabuçu, Ferraria, Ferreiro e Guaricana. A caminhada continua em direção ao Caratuva, vamos passar pelo selado entre ele e o Itapiroca. Na bica cimentada pegamos água e comemos alguma coisa. Continuamos a caminhada pelas raízes da encosta do Caratuva, parte bem cansativa da trilha. Logo passamos pela sela (ligação entre duas montanhas), aonde se inicia a subida pro Itapiroca, à direita. Continuamos na trilha principal, para nosso destino que se encontra ainda distante, umas duas horas de caminhada, talvez mais. Quando saímos da floresta temos a primeira visão do gigante! Montanha linda, uma das mais belas que conheço. O PP está bem a nossa frente, com o União e Ibitirati colado nele. Para o sul temos o Cerro Verde, Luar, Siri, Ciririca, com a baía de Antonina ao fundo. O tempo está ótimo, céu azul, nem quente nem frio, apenas algumas nuvens começam a surgir. Continuamos até o A1 (área de camping situada bem em frente ao PP), aonde paramos para alguns cliques e logo seguimos para a parte dos grampos. Este trecho é uma descida acentuada, por uma crista muito bonita, mas que me faz lembrar que na volta será uma subida bem chatinha... Chegamos nos grampos bem na hora que uma turma está descendo. Subimos rapidamente para não precisar esperar eles descerem. Mais pra cima encontramos o Papael descendo com a Ana Wanke, vida de guia de montanha não é fácil... Continuamos a subida, passamos pelo A2 (área de camping mais próxima do cume, e última antes dele) sem pegar água, pois tínhamos coletado no rio perto do A1. Bem nessa hora começa a se aproximar uma nuvem. Continuamos a subida, passamos pelo falso cume, que enganou a Natália direitinho (e engana todo mundo pela primeira vez). A caminhada neste trecho exige certa atenção, pois a trilha já não é tão evidente assim, pois caminhamos por cima das pedras. Existem algumas marcações, mas com nevoeiro, uma pessoa que nunca foi pra lá pode ter alguma dificuldade. Aliás é neste trecho que aconteceu a maioria das mortes no PP, as pessoas se perdem no nevoeiro, à noite, e acabam seguindo trilhas falsas que terminam nos desfiladeiros, pois caminhamos pela crista da montanha. Quando finalmente chegamos no cume à nuvem chegou junto... 12:20 hs fincamos o pé no cume, exatas 5:00 hs de caminhada. A falta de visual, o cansaço e o horário adiantado nos faz desistir do Ibitirati. Vou ter que bolar um jeito de conquistar essa montanha... Almoçamos, descansamos, tomamos um suco, tiramos fotos, e quando olhamos no relógio já se passaram uma hora, temos que voltar. Iniciamos a descida, e claro, assim que deixamos o cume a nuvem também... A descida é tranquila, até chegarmos aos grampos. Logo após a descida encontramos uma menina que resolveu aguardar seus colegas que estavam subindo, pois não teve coragem de subir os grampos. Ela nos pediu para descer conosco, e descobrimos que era amiga do Matias, frequentadora da PIB Curitiba, nossa igreja. Selma se junta a nós, o que acabou atrasando nossa descida. Aqui cabe um parêntese: segundo a Selma, seus amigos se prontificaram a voltar com ela, ou mais alguém aguardar o resto do pessoal voltar, não deixando ela sozinha. Segundo ela, foi por insistência dela que todos subiram. Ela também não conhecia a trilha, e tinha pouca experiência em montanha, tendo subido apenas Anhangava e Canal, montanhas bem menores e menos exigentes que o PP. NUNCA devemos deixar alguém sozinho na montanha, por mais que possa parecer tranquilo, esta é uma regra primordial de segurança. Nossa descida foi em 6 horas, chegamos 19:20 hs na fazenda. Selma foi de arrasto, sofreu bastante e com certeza aprendeu que deve-se conhecer aquilo que se pretende fazer. O PP não é uma trilha impossível, que só profissionais ou montanhistas ultra-mega-blasters podem fazer, mas precisa de muita resistência física e psicológica. Apesar de ter levado lanterna Selma ficou com muito medo de fazer a parte final da trilha no escuro, seu cansaço a fazia praticamente sentar para descer um simples degrau, precisando de ajuda o tempo todo. Seus colegas chegaram na fazenda 22:00hs... E foi assim mais um domingo de montanha, natureza e contato direto com o Criador. Que nos proporcionou visuais fantásticos, o prazer da companhia dos amigos, poder ajudar os que precisam, e pernas doídas por três dias. Próxima!!!
  20. Fala galera, segue abaixo minha segunda contribuição para o site, dessa vez sobre o Pico Paraná. PICO PARANÁ O PP fica localizado na serra do Ibitiraquire, entre as cidades de Antonina-PR e Campina Grande do Sul-PR. Com 1.877m, é a maior montanha da região sul e a 30º do Brasil. COMO CHEGAR A partir de Curitiba, pegue a Rodovia Régis Bitencourt sentido São Paulo, após passar a entrada da Estrada da Graciosa, o pedágio e o posto Tio Doca (fica do lado esquerdo da rodovia) vai haver uma ponte, cruze ela e na próxima ponte (Rio Tucum) entre em um caminho a direita (antes da ponte). A partir dai siga as placas indicando Fazenda Pico Paraná. FAZENDA PICO PARANÁ A fazenda possui toda infra estrutura para auxiliar os aventureiros: estacionamento, camping, banheiro, casa de apoio... Para mais informações eles possuem um site: http://fazendapicoparana.altamontanha.com/ TRILHA Primeira coisa: a trilha não exige muita técnica, porém é bastante longa e exaustiva, aconselho não ir sem ter um mínimo de experiencia em trilhas ou equipamentos apropriados. A trilha até o topo do PP é bem visível e possui placas indicando o caminho ou marcações com fitas nas arvores, portanto não se preocupe em se perder. Ela possui aproximadamente 8,5 km e é percorrida em uma média de 6 a 8 horas dependendo do seu físico. Existe alguns pontos para acampar. No topo existe espaço para poucas barracas e dependendo do local faz muito frio e venta demais. A uns 40 minutos do topo existe um espaço maior, onde muitas pessoas acampam e no dia seguinte levantam cedo para subir até o topo sem as mochilas pesadas. RELATO Saímos de Maringá-PR dia 16 as 4 da manhã rumo ao PP, em 4 pessoas. Chegamos a fazenda e por volta do 12:00 começamos a subida. O começo da trilha é bem puxado, vc passa muito tempo subindo por entre a mata e pouco mais de uma hora depois já estavamos mortos hahah A umas duas horas de caminhada vc chega a uma bica onde pode abastecer de água as garrafas (existem 3 pontos durante o caminho). Seguindo na trilha você irá passar pelas bifurcações (sinalizadas) onde indicam o caminho do PP e dos outros picos da região. O caminho segue por subidas e descidas, com bastante "obstáculos" e bastante lama, por isso aconselho a irem com um bom tênis. Em alguns pontos você sai da mata e entra em uns campos abertos onde pode-se ter uma bela vista da região e dos picos ao redor. Por volta de umas 4 a 5 horas de trilha chegamos aos grampos nas pedras. Eles formam uma especie de escada para passar pelos "pequenos" paredões de pedras. Não é muito difícil ou perigoso, mas exige atenção (principalmente carregando mochilas pesadas) pois uma queda desse local pode ser preocupante. Nós não tivemos muitos problemas com isso, mas um grupo que encontramos no caminho não teve coragem de subir e retornou para acampar em uma clareira próxima. Se não me engano eram 2 ou 3 partes da caminhada que possuíam esses grampos. A partir dai até o acampamento foi bem rápido, aproximadamente de 40 min a 1 hora. Chegamos por volta das 17:30 no acampamento, nossa idéia era continuar até o topo, porém um pessoal que encontramos nos informou que já havia muitas barracas no topo e que provavelmente não teria lugar para nós, então decidimos acampar ali mesmo. Existe uma bica próxima desse acampamento. Vá até a "casa de pedra" e siga a trilha a direita, vá sempre beirando a montanha até uma pedra, depois dessa pedra, desça a trilha e continue nela, apesar de parecer que ela vai terminar, ela irá seguir até uma mina de água beeeeeem escondida. Voltamos com água ao acampamento, montamos as barracas e ligamos o fogareiro pra fazer um dos melhores miojo de nossas vidas hahaha. No dia seguinte levantamos as 5 da manhã, deixamos tudo nas barracas e subimos apenas com lanternas. 40 minutos depois chegamos ao topo do pico. O visual é impressionante. O seu campo de visão é enorme, as nuvens estão abaixo de você e o sol nascendo ao fundo é sensacional, valeu a pena todo o esforço da caminhada até lá!! Uma dica: se agasalhe bem, venta demais no topo e faz muito frio! Ficamos lá por algum tempo e depois voltamos ao acampamento, desarmamos tudo e preparamos para a descida. A descida durou aproximadamente 4:30 e aquela bica de água logo no começo se torna uma das coisas que vc mais deseja na vida hahahah Saímos da fazenda em torno das 15 hrs e retornamos a Maringá, exaustos, porém satisfeitos com a conquista.
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