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  1. Essa foi uma viagem desejada por muitos anos, mais de 20, talvez uns 30 anos, quando pela primeira vez ouvi falar sobre Niede Guidon, e sobre arqueologia, uma ciência que estuda o antigo, assunto que me inspira até hoje e que foi um dia o meu desejo de carreira, hoje não mais. Eu acho. Por volta de maio decido que nesse ano (2023), minha viagem seria para lá, então comecei a fazer cotação de passagem aérea, e iniciei o contato com o guia Bruno Freitas, de quem retirei o contato no site mochileiros.com. Falei também com o Waltércio, que se mostrou muito receptivo, oferecendo até o serviço de buscar no aeroporto, caso tivesse interesse. Fechei a compra das passagens para o dia em que encontrei melhor valor considerando o número de dias que pretendia ficar no parque e que oferecia o voo direto, uma opção que sempre busco, pois passar ainda mais horas para viajar além do tempo de voo não me atrai muito, e que ainda me permitia sair e voltar por Guarulhos, melhor opção para quem mora na Zona Leste de São Paulo. Esses são detalhes que acabam fazendo alguma diferença. Aprendi com amigos, que pesquisar na internet em diferentes sites, e depois comprar a passagem direto no site da companhia aérea é mais seguro. Encontrei uma boa opção de comprar a passagem junto com o aluguel do carro descendo em Petrolina. Existe a opção de descer no aeroporto de Teresina, mas seriam ainda mais horas de viagem até São Raimundo Nonato. A informação que encontrei naquele momento é que o valor da diária do guia estava em $250 reais, mais os $ 300 se eu quisesse que o guia me levasse no carro dele aos locais do passeio. Essa opção de pagar o carro do guia achei totalmente inviável, pois sairia muito mais caro, e ainda me deixa presa, sem uma opção de ter um carro a minha disposição para ir em locais em que não preciso estar com o guia, almoçar onde preferir, dar uma volta em São Raimundo, conhecer outros vilarejos etc. Ainda não existem ônibus locais que ligam São Raimundo ao Sitio do Moco, o vilarejo onde escolhi ficar hospedada. Uma única opção de ônibus da Viação Gontijo, que sai de Petrolina para São Raimundo Nonato na segunda, quinta ou domingo, e ainda voltando de São Raimundo para Petrolina de segunda, terça ou sexta. Inicio da viagem Nossa ida para o aeroporto foi de trem, partindo da estação Tatuapé do metrô, sai um trem para a estação Engenheiro Goulart da CPTM, de lá outro trem leva até a Estação Aeroporto, onde se pega uma ônibus gratuito que leva aos terminais de embarque. Nosso Voo era as 23:50h, chegamos em Petrolina por volta de 3:00 horas, não tinha buscado informação mais precisa, e só quando desembarquei descobri que a agência de aluguel de carros Movida ficava bem próximo ao aeroporto. Um funcionário da Movida estava esperando os passageiros que tinham carro alugado, eu, minha filha Sophia e mais umas duas pessoas, embarcamos na Van que nos levou há uns 200 metros à frente onde ficava a agência. Uns 40 minutos depois de desembarcar do voo eu já estava de posse do carro que eu tinha alugado, o que me surpreendeu, pois eu achava que teria que ficar umas horas no aeroporto e esperar a agência abrir pela manhã. Enfim, mesmo já tendo feito algumas viagens de avião, essa, de alugar o carro no próprio aeroporto era minha primeira vez. Por causa disso, eu acabei não buscando reservar um local para dormir nesse primeiro dia. Ficamos dando umas voltas em plena madrugada por Petrolina, pois eu não tinha decidido exatamente o que faria nesse primeiro dia. Procurei por algumas pousadas simples para dormir um pouco e logo seguir viagem, mas em plena madrugada não achei nada aberto. Passamos por um Ibis no caminho, mas nem entrei para ver a diária. Acabamos dormindo umas duas horas no carro em frente uma farmácia Drogasil no centro. Depois de dormir um pouco, caiu minha ficha de que seguir viagem assim sem dormir bem era uma péssima ideia, eu tinha tempo, então procuramos um hotel para dormir mais umas horas. Dormimos um pouco e recuperada, mais disposta, resolvi dar uma volta para conhecer Petrolina, afinal, desde o início eu já sabia que devia aproveitar todo o tempo e oportunidade que tivesse, não sabia quando e se voltaria por ali um dia. Foi o que fizemos, fomos até a orla, encontrei a balsa, que cobrava $ 2,50 para a travessia pelo Rio São Francisco entre Petrolina até Juazeiro, uma travessia de uns 10 minutos, que desembarca do lado de Juazeiro na Bahia. Pronto, achamos o que fazer naquele dia, para não ficar com a sensação de perder um dia. Passeamos no comercio de Juazeiro, tomamos água de coco do jeitinho que eu curto, com direito a comer a popa do coco, inclusive com o conselho do moço que vendia, de que a popa é bem nutritiva, me esqueci o termo que ele usou, algo do tipo “pura cartilagem”, na verdade ele está mesmo mais do que certo. Afinal, a popa do coco tem até mais nutrientes do que o próprio coco. Pronto, já estava aproveitando muito ali. Almoçamos ainda em Juazeiro, em um restaurante que fica próximo a saída da balsa, um tipo de quiosque, que serve algumas opções de prato, desde peixe, carneiro e carne de sol. A vista, bem ao lado do rio, permitia ver dali a ida e volta das balsas, a visão da ponte que liga Juazeiro e Petrolina e o tráfego constante de carros na ponte e até um Jet-ski que passava no rio no momento que eu gravada um vídeo. Escolhemos o PF de carne de sol, e acrescentei mais uma porção de macaxeira. A quantidade de comida foi mais do que suficiente para mim e para Sophia, minha filha de 13 anos. Reparei que ao lado desse restaurante que me esqueci de anotar o nome, mas que para localizar é sem erro, bem próximo da saída de balsa, tinha também a barraca de Acarajé da Ana, fiquei curiosa em saber se o acarajé dali seria parecido com o que comi em salvador anos atras e não havia gostado muito. Descobri dias depois, na minha volta, que não, era até que muito bom, porém não exatamente o Acarajé feito na barraca da Ana, mas o que era feito na barraca ao lado, que estava também fechada naquele momento, em pleno horário de almoço. Parece que ali, o movimento era maior a noite, foi o que percebemos no dia que voltamos, antes da nossa volta para São Paulo. Voltamos para a pousada, antes passamos no banco e em algumas lojas de Petrolina, no mercado, onde abasteci meu porta-malas de pães, frutas e outras coisas que pretendia cozinhar na cozinha comunitária lá da pousada que tinha reservado no Sitio do Moco. Saímos cedo da pousada em direção a São Raimundo Nonato, com direito a parada no posto para completar quase nada o tanque que já veio cheio, para conferir o óleo, água e pneus, afinal, estava com um carro que não conhecia, prestes a pegar umas 5 horas de estrada, por um caminho que desconhecido, esperava não ter nenhuma surpresa no caminho, o que me deixou muito feliz em descobrir não ter mesmo. Cautela é sempre muito bem-vinda. O início da estrada que peguei por volta de 9 horas da manhã em direção a São Raimundo estava com alguns buracos, acredito que a manutenção da estrada que vi mais tarde em outros trechos ainda não tinha chegado ali. Nada muito complicado, mas exigiu só um pouco de atenção. Passando esse trecho inicial, de no máximo uma hora, o restante da estrada estava muito bom, sem grandes problemas, fora a questão de ser uma estrada não duplicada, e essa mão dupla exige sempre bastante atenção, principalmente em momentos de ultrapassagem. O melhor foi que essa é uma estrada de pouco movimento, eu não encontrei um fluxo tão grande de carros em ambos os sentidos, então, não tinha tantos momentos em que precisei fazer ultrapassagem, mas de qualquer forma, eu não indico pegar essa estrada a noite, muito menos na madrugada, logo após a chegada no aeroporto, no voo em horário que cheguei. Ali naquele momento, percebi que minha decisão de dormir e pegar a estrada no dia seguinte foi a mais adequada e segura. Encontrei poucas opções de parada na estrada, não tinha mesmo planos de parar, então nem prestei atenção, mas tinha uns poucos locais pequenos. Resolvi parar em um trecho da estrada que inclusive era sem acostamento pois estava precisando ir ao matinho. O matinho era baixo, nenhum na verdade, pois ali comecei a me dar conta, estava em plena vegetação da Caatinga, até machuquei o dedo na tentativa de mexer na folha de uma arvore que tentei fotografar de mais perto. Vivia ali um momento muito feliz, enfim, estava indo ao parque que sonhei tanto conhecer, e sabia que tinha mais para ver do que pinturas rupestres, descobri nessa viagem que tinha mesmo, muito mais a conhecer e sentir. Essa parada, marcada pelo google maps na foto que tirei era próximo a cidade João Soares na Bahia, coisa que descobrimos ao longo da estrada, que saímos de Petrolina (PE), passamos pela Bahia e chegamos ao Piauí em um intervalo de umas 5 horas, fora as paradas. Essa parada foi por volta de 11 horas e as 12:30h já estávamos no Restaurante Velho Chico, que fica em Remanso, ao lado do Rio São Francisco, um local bom para almoçar e descansar um pouco, com uma vista tranquila. O restaurante fica próximo de um outro também bem conhecido na cidade que se chama Cais do Remanso. Eu havia recebido a indicação de almoçar nesse restaurante, havia parado em um posto de gasolina quando estava na estrada para perguntar onde ficava esse restaurante Cais do Remanso, me indicaram sem muitos detalhes que ficava virando a esquerda, quando chegasse na rotatória, tive algumas dúvidas mas acabei conseguindo encontrar, saindo um pouco do caminho que segue para São Raimundo Nonato, virando a esquerda na rotatória onde tinham três grandes piranhas ( peixes), seguindo em direção a margem do Rio São Francisco. Escolhemos um prato com peixe, entre as várias opções que deram. Almoço muito bom, não muito barato, mas compensou o descanso, a vista tranquila naquele canto onde esse restaurante fica, tiramos algumas fotos nossas e do local, e logo seguimos viagem. Chegamos em São Raimundo Nonato as 15h e já segui em direção ao Museu do Homem Americano, que fica há uns 5 minutos do centro. Resolvi aproveitar esse dia em que não tinha nenhum outro passeio previsto para fazer. Essa foi uma ótima ideia, a de conhecer o museu antes de ir aos sítios nos dias seguintes. Lá, eu pude ver algumas urnas funerárias, fragmentos de lanças e objetos vários retirados dos sítios arqueológicos que iria conhecer depois. Ouvir as histórias a respeito desses materiais depois de ter visto cada um deles no museu teve muito mais significado para mim. Chegamos no Bairro Sitio do Moco, na Pousada Sitio da Capivara umas 17:30h. Esse é um vilarejo que fica a 25 Km de São Raimundo. Eu havia reservado a nossa estadia inicialmente entre os dias 11 e 19 através do Airbnb.com, fiz uma alteração da diária no dia 10 quando resolvi ficar lá em Petrolina e não precisei pagar a diária do dia 10 que não usei, isso foi bom, pois essa reserva era do tipo sem reembolso. Antes, eu tinha reservado uma outra estadia em São Raimundo, pois achava que seria a melhor opção, apesar de ter recebido a indicação da Pousada Sitio da Capivara do Guia que havia contatado antes, mas não quis aceitar a princípio. Ficar em São Raimundo para mim não se mostrou realmente uma boa opção, pois eu gostei bastante do local onde fiquei, por ficar mais próximo da entrada do parque onde fui quatro dias dos cinco dias que visitei o parque. No quinto dia, realmente, passei por São Raimundo e segui ainda mais alguns kms adiante. Então, ficar no Sitio do Moco foi melhor opção nesse caso. Lá é um vilarejo bem pequeno e tranquilo, com poucas opções de locais para comer, mas suficientes para mim. Não tem mercado grande, apenas mercadinho, que nem precisei usar. Posto de Saúde, mercado grande, posto de gasolina, bares ou lojas apenas em São Raimundo mesmo, para quem achar que precisa disso nos dias de viagem que estiver por lá. Quando chegamos, já fomos recebidas pela nossa anfitriã, a Tininha (Cristina ) que já se mostrou extremamente receptiva e disponível desde o início, nos ofereceu muitas informações uteis nos dias seguintes. A pousada na verdade é um espaço que oferece opção de Camping e quartos para até 4 pessoas, ficamos em um dos quartos, com uma cama de casal e uma de solteiro, percebi que outros quartos tinham a beliche no lugar da cama de solteiro. Quando chegamos já vimos outros hospedes que estavam acampando há dias. Um casal, ela venezuelana, ele suíço, estavam viajando por alguns países, nesse momento estavam ali para conhecer o Parque, já tinham ido em alguns roteiros, nos dias seguintes tivemos muitas trocas legais e que me foram muito uteis. Mais um outro casal com quem conversei pouco, que me pareciam não ter muita noção sobre o que realmente era o Parque da Serra da Capivara. Infelizmente, por considerar o valor dos museus um pouco caros, resolveram não conhecer o segundo, já tinham ido em um. Outro casal de São Paulo, que estava viajando no carro próprio, saiu de São Paulo uns dias antes, passando por algumas cidades, estavam fazendo alguns dos roteiros do parque naqueles dias e ainda iriam voltar pra São Paulo fazendo um roteiro diferente, passando por outras cidades. O mais legal de conhecer esse casal foi a pequena Sofia, filha deles, uma garotinha de 6 anos, que todos os dias acordava feliz e saltitante, para vir dar bom dia para a Vida, a cachorra da nossa anfitriã Tininha. A alegria da Sofia me encantou. Ela me parecia ser alguém que todos os dias acordava mesmo para dar bom dia pra vida, a que a gente vive, não a cachorra somente, pois estava muito feliz acampando com os pais, vivendo aqueles dias de aventura na barraca. O local oferece uma cozinha coletiva, ela era um pouco pequena, mas suficiente, oferecendo o que um local assim precisa, uma geladeira meio velhinha, uma pia, um fogão que permitem que o hospede prepare a própria comida caso deseje. Na manhã seguinte, chegou meu querido (mas nem tanto) guia, com quem eu acabei por reservar quatro dias de passeios. Eu havia buscado no site Mochileiros.com dicas de guias nos roteiros que eu li, encontrei lá dois roteiros com boas informações e constando a lista oficial de guias do Parque Nacional da Serra da Capivara que foi divulgada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio) por quem o Parque é subordinado. Achei no relato da Erika, a indicação do guia Bruno Freitas, que ela disse ser muito bom, e a informação a respeito de outros guias que ela não indicava. Uma informação citada por ela, que eu reforço aqui, de que a escolha do guia é crucial e de grande importância, afinal, ele é quem vai montar os roteiros que se vai fazer nos dias de passeio. Eu contatei o Bruno meses antes da minha viagem, mas me enrolei um pouco e acabei não fazendo o pagamento do sinal referente a reserva a tempo, afinal, ele, que é um guia bastante procurado, não iria mesmo estar livre tão próximo do dia da viagem. Enfim, o Bruno me indicou o Wayne, que me atendeu de forma bastante razoável, mas que não oferecia a oportunidade de estender os passeios para a parte da tarde, resumindo o roteiro em poucas horas, apenas na parte da manhã, sem grande aprofundamento nas informações sobre os sítios ou estudos dos locais que visitamos e ainda pior, oferendo algumas informações que mais tarde descobri serem falsas, pois já que eu perguntava tanto e queria saber histórias sobre o local que ele não tinha como contar, ele então inventou algumas. Perdi totalmente a confiança em quase tudo que ouvi dele depois, quando soube disso. Eu consegui entrar em contato com uma outra hospede ainda antes da viagem, A Cibele, que iria estar com o Marido e filho nos mesmos dias que eu no parque. Combinamos de dividir a diária do guia. Como eu fechei com o Wayne, ela conversou com ele e de certa forma acabou por assumir a reserva. Ele, o Wayne acabou por atender o perfil da família da Cibele, não gostei de perder de conhecer mais do parque porque o meu guia só trabalhava até as 12h e com isso, nos 3 dias que estive sendo guiada por ele foi assim. No quarto dia, ele mandou para a Cibele o aviso de que “teria um imprevisto” e que mandaria outro guia no lugar. O Lucas chegou cedo na pousada, quando perguntei se ele também só “trabalhava até as 12h”, ele me disse que teria que seguir o que havíamos fechado com o Wayne, enfim, parte da tarde o que me sobrou sempre foi preencher o dia com outros passeios onde eu poderia ir sem o guia, ou ficar na pousada mesmo. Voltando ao que fizemos de roteiro no primeiro dia, como minha filha Sophia não havia passado muito bem a noite, havia tido algum mal-estar que mais tarde conclui ter sido uma insolação/desidratação, devido a isso, demoramos um pouco para sair. Nesse dia seriamos apenas eu e Sophia, pois a Cibele e família ainda não tinha chegado na pousada. Começando a conhecer o Parque Wayne nos levou até a portaria do Parque onde assinei um termo que indica as normas do parque e número de visitantes. Atualmente não existe mais a cobrança para entrada no parque como antes havia, mudança feita por Melina Rangel, que foi diretora do parque anos atrás, antes da atual diretora Marian Rodrigues. Fomos conhecer o roteiro do Sitio do Meio e o Baixão das Mulheres, esse roteiro deveria passar pelo Sitio do Meio, Caldeirão do Vilmar, Pedro Rodrigues, ponta da serra e terminar no baixão das mulheres. No sítio do meio entre as primeiras pinturas rupestres que vi pessoalmente na minha vida estavam cervídeos (veados) e figuras humanas dispostos em diversos planos. Além da concentração de pinturas rupestres, nesse local, através das escavações, foram encontrados restos de ocre, pigmento vermelho considerados ser um dos tipos de pigmentos usados nas diversas pinturas encontrados nos muitos sítios arqueológicos do parque. Entre os objetos encontrados ali, estão as contas de um colar de grãos perfurados, fragmentos de cerâmica, uma machadinha de pedra polida, objetos que havia conhecido no dia anterior na minha visita ao Museu do Homem Americano. Nesse sitio, podem ser vistos produtos da atividade humana desde o Pleistoceno final ( entre 20 mil e 12 mil anos atrás), pinturas feitas utilizando de diferentes técnicas, nas cores vermelha e brancas nesse caso, assim como testemunho da vida dos agricultores atuais, um forno de torrar farinha de mandioca, atividade desenvolvida pelos sertanejos que começaram a habitar na região por volta de 200 anos atras, buscando realizar seu sustento através da mandioca e também da maniçoba, uma raiz usada para extrair um látex que servia de matéria prima para um tipo de borracha natural. O forno de farinha me surpreendeu, uma construção redonda, melhor descrita na foto que anexo nesse roteiro, que foi usado pela família por alguns anos em que a mandioca era uma das poucas fontes de sustento desse povo sofrido, que viveu nessa região, em condições bastante precárias e que mesmo assim, soube que deveria respeitar, não prejudicando (dentro do possível) os desenhos nas paredes que eles acreditavam ser de algum povo indígena que viveu na região poucas centenas de anos atrás, que eles lá chamam de “ Caboclo bravo”, não imaginando que seriam assim tão antigas como as pesquisas realizadas vieram determinar depois. As famílias que tinham suas propriedades dentro das áreas do parque foram desapropriadas durante sua criação, tendo levado muitos anos, mais de 10 em alguns casos, para serem ressarcidas pelo seu terreno. Sendo que, ainda muitas outras, que não possuem os documentos de posse não puderem nem mesmo comprovar sua propriedade nem serem ressarcidas. Essa questão sobre a vida do sertanejo nessa região do Piauí foi e ainda é uma questão bastante delicada. Muitas histórias eu comecei a ouvir nessa minha viagem, outras tantas imagino que existem e gostaria de poder ter tido tempo de ouvir e refletir. Quero mostrar através desse meu bem extenso texto, que o Parque Nacional da Serra da Capivara tem muito a ensinar, sobre a vida do homem pré-histórico sim, e sobre o que o homem moderno vem fazendo da sua vida, vem fazendo da vida dos outros homens modernos que vivem em situação mais sensível e com menos recursos. Nesse dia infelizmente minha filha não estava muito bem, voltamos para deixá-la na pousada por sugestão do guia, que me fez acreditar que sem ela, ele me levaria em vários outros locais, mas não. Ele me levou para conhecer o baixão das mulheres, me contou umas poucas histórias, que mais tarde complementei com outras fontes. Me mostrou nessa região do Baixão das mulheres I, II, e III uns locais muito bonitos, e muitas outras pinturas. Nas informações que retirei do livro que adquiri no parque naqueles dias, consta que ali as pinturas são notáveis pelas características de perspectiva e pela técnica de desenho. Que a vegetação local quando a região foi descoberta pelo homem pré-histórico era constituída por grandes arvores, supõe-se que a mata era densa pois o vale é estreito e úmido e as arvores foram utilizadas por esses homens para a realização das pinturas situadas no alto. Nesse local, uma torrente violenta passa pelo solo durante as chuvas atuais, essa deve ter perturbado seriamente as camadas arqueológicas. Isso pode também ter acontecido em vários outros sítios por onde passamos, que apresentavam figuras feitas no alto. As pesquisas feitas descrevem que o homem pré-histórico costumava pintar de pé, portanto, talvez também a altura do solo de muitos desses sítios pode ter sido modificado. Muito já foi descoberto, muito ainda há por descobrir com as pesquisas futuras que ainda podem trazer maiores informações sobre os hábitos de vida desse homem pré-histórico. Nesse dia passamos ainda pela toca dos coqueiros. O tempo todo eu percebia muitas placas indicando outros sítios, que cruzavam o roteiro que estávamos fazendo, mostrando o quanto são enormes as opções de roteiros que o guia pode montar ao visitante, cabendo apenas a ele a decisão de o que vai mostrar (ou estar a fim) entre as muitas opções de caminho. Uma coisa que percebi, é que o baixão das mulheres é possível ser acessado a partir do roteiro que está próximo ao boqueirão da Pedra furada, e ao sítio do meio. Não consegui entender se tem ou não uma escada para acessar o baixão das mulheres por lá. Nesse dia, como fomos deixar minha filha de volta na pousada lá no sítio do moco, entramos para fazer o roteiro do baixão das mulheres ali pela rua ao lado da pousada Serra da Capivara, no final da praça principal do Sitio do Moco. Tem uma portaria trancada, que foi aberta pelo guia, e por lá entramos e saímos para fazer o roteiro do baixão das mulheres. Enfim, muitos caminhos possíveis, que são muito bem conhecidos pelos guias locais e que na minha opinião tem mesmo que ser assim, bem conhecido mais por eles, para que se garanta com segurança que os roteiros sejam feitos apenas com acompanhamento dos guias locais, que conhecem as normas de visitação e fazem questão de deixar claro que é pra cumprir, nada se leva de local algum, nada se deixa, não se sai da trilha principal, afinal, existem ainda muitos outros locais ainda não estudados, e qualquer local pode um dia desses ser demarcado como um novo sitio arqueológico. Após o roteiro que acabou por volta de 13h, incluindo o tempo em que voltei para deixar minha filha, apesar de o Wayne não me dar muitos detalhes de como chegar, eu consegui achar de qualquer forma o Instituto Olho D´água que fica na Cidade Coronel Dias, uns 8 Km para frente do Sitio do Mocó. Esse é um Centro de Memórias dos Povos da Serra da Capivara, que abriga uma exposição sobre os filhos das Serras, moradores antigos que habitaram a região, uma biblioteca e espaço externo de vivencias que atende diariamente 30 crianças de 6 a 12 anos no contraturno escolar. Esse museu cria alicerces para a preservação e valorização do patrimônio cultural, valorizando os conhecimentos tradicionais dos povos do Território da Serra da Capivara. Conheci ali como funciona uma Roda, que serve para beneficiar a mandioca. “Sabe como fazia antes? Era uma banca de bulinete (ou molinete?). A farinha vem da mandioca lá da roça; vem para cá e as raspadeiras descascam elas; depois vai ser rodada nas bancas do bulinete, rodava lá fora, rodava dois homens no braço, um de um lado e do outro, só rodando aquela roda... Daí é que vinha para a prensa, daí enxugava a massa”, essa foram palavras ditas por Adão Maroto, escritas no cartaz que fotografei na visita, mostrando um pouco do que foi visitar esse lugar, que tem a iniciativa de unir conhecimentos dos mais velhos com os dos mais novos, que frequentam o local. Eu amei a visita, acredito ser imperdível para quem dispor de tempo para ficar um pouco mais na região, e quiser ver além das muitas e lindas pinturas rupestres que o parque oferece. Vi também lá no Instituto Olho d´Água, a mala do seu José Camilo da Silva, que mais tarde descobri ser avó do guia Lucas. Ele anotava tudo e guardava na mala. Nascimentos de filhos, netos, bisnetos. Morte de parentes, coisas sobre a dinâmica da comunidade, sobre o inverno, milímetros de chuva, safra do milho, feijão. Tudo relacionado a quantificar. Nessa noite conhecemos a Cibele, seu Marido Homer e seu filho Dante de 13 anos. Pessoas muito simpáticas, que tinham planos de conhecer o parque de forma mais superficial e que dispunham de menos tempo do que eu e Sophia. No dia seguinte, nosso guia Wayne chegou, saímos pontualmente às 8 h para fazer o roteiro Desfiladeiro da Capivara, passando com certeza pelas Toca do Barro e pela Trilha e Toca do Baixão da Vaca. No roteiro que o guia Wayne havia mandado para a Cibele, única turista que ele atendia, afinal eu fiz a leitura que para mim, era apenas um favor de me deixar ir junto, mesmo que eu também estivesse pagando. Enfim, no roteiro que o Wayne enviou constava as tocas do Pajaú ( I e II), se realmente fomos lá não tenho certeza, pois essa placa eu não fotografei no roteiro. As grutas e pinturas são muitas, realmente em um momento tudo parece ser muito repetitivo, para quem não está fazendo precisas anotações do que já viu e do que falta ver. Eu só queria poder ter visto e fotografado o máximo de coisas que havia disponível, curtir os momentos pra guardar boas lembranças, mas infelizmente uma das lembranças que guardei nesses primeiros dias foi de o tempo todo estar pra traz, querendo poder ver alguma coisa um pouco mais, com mais detalhe e olhar pra frente e ver as pessoas (incluso minha filha) paradas, esperando eu resolver me juntar a eles. Era aparente para eles um incomodo eu estar demorando tanto, se bem que nem demorava muito, apenas queria olhar o que eles nem mesmo tinham percebido algumas das vezes. A toca do barro, onde com certeza estive, é um abrigo cujo nome vem do fato de que o barro do seu solo foi utilizado pela população local para a coleta da seiva de maniçoba. Cavava-se um buraco junto ao pé de maniçobeira, forrava-se o buraco com barro argiloso e impermeável, e, em seguida, sangrava-se a arvore, deixando cair a seiva no receptáculo assim impermeabilizado. A borracha da maniçoba foi uma das riquezas da região, sendo que o auge desse tipo de extração foi no início das décadas de 1900 e 1940. Essa borracha era utilizada em produtos especiais como a goma de mascar, tendo sido substituída pela borracha sintética e até mesmo pela borracha extraída das seringueiras. Nessa gruta, a maior parte das pinturas foi desenhada sobre os seixos dos conglomerados. As figuras humanas representam cenas. Hoje, infelizmente restam raras figuras, pois a maioria dos seixos pintados foi arrancada por visitantes que destruíram para sempre esse monumento pré-histórico de valor universal. Nosso guia nos contou que conhecia um morador que disse ter um desses seixos em casa. A Toca do Pajaú (I ou II) possui um processo de desagregação crescente devido ao agravamento das condições de aridez, nessa, a maior parte das pinturas já se perdeu, havendo diferenças entre os painéis observados pelos pesquisadores em 1970 quando foi descoberta e os atualmente vistos. Algumas pinturas que estão descritas no livro que consultei, têm cerca de 12 mil anos e representam cenas da vida cotidiana e da vida cerimonial. Algumas, como o conjunto dos dançarinos, é interessante de poder se ver e ficar ali imaginando o significado real para as pessoas que as desenharam. Tem também os veados com as cabeças viradas que são bem típicos, segundo o livro, isso vale como documento antropológico, mostra uma das técnicas de caça usadas na época quando dois homens seguram uma rede, os veados assustados fogem sempre pelo mesmo caminho e ficam presos na rede pelos chifres. Na coletânea de mais de 2000 fotos que tirei não encontrei essas cenas, acredito que não as vi. Mas lembro de ter visto em algum lugar que passei esses veados com cabeças viradas. Nesse roteiro que Wayne nos levou, ele resolveu incluir a gruta do Paraguaio, que ele não havia previsto nos levar não sei por que, pois esse é o primeiro sítio mostrado à Dra. Niede Guidon em 1970, na sua primeira visita à região. Ele compreende o Setor Baixo com muitas pinturas, e o setor alto, onde foram descobertas duas sepulturas, uma datada de 8.670 anos e a outra de 7 mil anos, que também havíamos visto no Museu do Homem Americano. Vimos também entre as outras pinturas, uma figura que inicialmente eram duas emas que foram transformadas em um grande veado, pelo preenchimento do corpo e posterior desenho da cabeça. Legal ficar pensando nas pessoas que interagiram com esse desenho, os momentos em que isso aconteceu. Eu sou dessas, que ficava viajando enquanto olhava as figuras, as paisagens, olhando a vegetação atual e imaginando a vegetação desses tempos remotos, os desafios tantos que esse povo pré-histórico precisou viver. Olha eu viajando aqui também. Quando passamos no local onde deixamos o carro estacionado, antes de ir para a gruta do paraguaio, passamos por várias placas no caminho que indicavam outras grutas por ali onde não fomos, são elas : Baixão da vaca, toca dos veados, tocas do fundo do baixão da vaca, Toca das Eminhas Azuis, Veadinhos Azuis e Tocas da gameleira, que ficam no sentido contrário a Toca do Paraguaio. Mostrando que existem muitos roteiros possíveis por ali, as distancias entre cada um deles eu não consegui determinar, por isso, sempre ficamos na dependência de o guia nos levar onde ele achava que devia ou queria levar. Roteiro desse dia encerrado, fomos almoçar na Pousada e Albergue Serra da Capivara. Antes, ainda no caminho, passamos por uma placa que dizia ser uma Homenagem à funcionária Ivani de Jesus Sousa Ramos, morta defendendo o Parque Nacional da Serra da Capivara. Nas minhas pesquisas, descobri que Ivani foi assassinada pelo próprio irmão, que tentava caçar na área do parque. Vi que Dra Niede entre todos os projetos que encabeçou, teve a iniciativa de contratar mulheres preferencialmente para trabalharem nas guaritas, pois essas, segundo Dra. Niede, ao receber seus salários, voltam para casa pra buscar melhorias nas condições de vida de sua família, no lugar do homem, que normalmente leva seu salário para gastar no bar. Confirmei que atualmente, essa rotina continua a existir, apenas mulheres trabalham nas guaritas. O restaurante da pousada Serra da Capivara é aberto a todos os públicos, é um self service que oferece muitas opções de comida, desde carneiro, frango, sobremesas cobradas a parte, etc. A fábrica de cerâmica e a loja de cerâmicas ficam no mesmo lugar, eu já havia feito a visita da fábrica na minha passagem no dia anterior, mas aproveitei nesse dia pra fazer mais uma vez a visita da fábrica com a Sophia. A visita é imperdível, um dos funcionários junta um grupo e vai passando pelos setores em que as várias peças são fabricadas, em especial em frente aos dois fornos de queima da cerâmica, que chegam a temperaturas de mais de 1000° C. Na parte dos desenhos nas peças, vi um funcionário fazendo um desenho a mão livre da pintura rupestre determinada para aquela peça. Eles apenas memorizam os desenhos impressos que ficam no portfólio com uma coleção enorme de desenhos das pinturas rupestres da região. A fábrica conta com uns 40 funcionários, nesse caso, homens, que foram incentivados a voltar para sua região de origem, após o êxodo rural que precisou acontecer anos antes. A demarcação do parque obrigou que muitas das famílias que há anos viviam nos sítios das regiões que hoje abrigam o parque, precisassem ser retirados de lá, alguns, recebendo indenizações que não lhes permitia realmente recomeçar a vida, tendo em muitos casos migrado para outras regiões, até mesmo São Paulo. A iniciativa da criação da fábrica de cerâmica ofereceu oportunidades de trabalhos para alguns homens que passaram a ter oportunidade de trabalho na região. Somando a fábrica e a loja de cerâmicas, mais a loja de camisetas que fica no mesmo local, totalizam uns 60 funcionários. Nessa noite, quando voltei para a pousada, conversei um pouco mais com uns ciclistas hospedados na mesma pousada e estavam fazendo as trilhas da região de bicicleta, ele, a irmã e uma amiga, tinham tido algum problema com as bikes e tentavam resolver. Conversamos muito sobre trilhas em outras regiões como a Chapada Diamantina que ainda pretendo conhecer, sobre questões da Educação no Brasil, já que uma delas é professora, como eu. Conversa agradável que deixou gostinho de querer mais, porém, quando os procurei novamente na pousada no dia seguinte já tinham ido embora, frustrados por não terem conseguido resolver os problemas nas bicicletas. Esqueci de comentar que nesse dia, após o almoço, visita na fábrica e na loja, as 15h já estávamos de volta na pousada, para encarar uma longa tarde de calor. Aproveitei um pouco a pequena piscina da pousada. Depois eu soube que lá no sítio do Moco tem pelo menos mais duas opções de pousada com piscina, e bem maiores pelo que vi. Mas apesar da pequenina piscina da pousada, ainda sinto até agora que minha escolha por lá foi boa, o ambiente era de um astral que me encantou. No terceiro dia de passeio, Wayne chegou e mais uma vez saímos pontualmente as 8h, não exatamente por minha causa, mais devido a Cibele que era quase um general na organização da nossa agenda, garantindo que todos estivessem prontos para sair no horário. Nesse dia, nosso roteiro foi o Boqueirão da Pedra Furada, incluindo a Toca do fundo do Baixão da Pedra Furada, Vista Panorâmica do Vale do Caldeirão do Rodrigues, Vista Panorâmica das Mangueiras, Caldeirão da Cachoeira, Toca da Fumaça e Toca do Cajueiro, fechando com a própria Pedra furada. BPF descobri lá que é o Boqueirão da Pedra Furada, considerado o Sitio Arqueológico mais importante das Américas porque uma década de pesquisas escavando e analisando vestígios arqueológicos permitiu detectar a presença humana mais antiga das três Américas. Esse museu-sítio é um monumento da pré-história, as marcas deixadas pelo homem pré-histórico sobreviveram a violentas alterações climáticas e hoje encantam tantos outros visitantes além de mim e minha filha. Cabe a nós ao menos preservá-las. Nesse roteiro, deveríamos ter passado pela Escada Vertical do Baixão dos Rodrigues, mas o nosso guia resolveu que não iria passar por lá, e informou apenas a Cibele sobre isso, pois segundo ele, as normas do parque estabelecem que apenas maiores de 15 anos podem passar por lá, e estávamos com dois adolescentes de 13 e 14 anos. Discutir e determinar opções com o grupo todo, não foi possível. A vista dos mirantes é simplesmente indescritível, só vendo mesmo. Nem mesmo as fotos panorâmicas que tentei tirar mostram o quanto é tudo tão bonito. Alguns diriam, mas é só pedra, verdade, é mesmo só pedra, em local bastante alto inclusive, o sinal de internet foi muito bom, me permitindo ligar para minha mãe de lá, para contar um pouco da alegria que estava vivendo em conhecer cada pedaço daquele lugar, com tanta história, tanto para ver e recordar. Passamos ainda pela pedra furada, mais especificamente chamado de Arco do triunfo da Pedra Furada uma pedra com furo grande e circular, um tanto irregular. Bem bonito. Uma imagem bastante divulgada quando se fala sobre o parque. As fotos ali talvez fiquem diferentes no final de tarde, quando o Sol está em posição contrária daquele horário que passamos, pois naquele momento o sol estava bem em cima do círculo na pedra, deixando a foto um tanto ofuscada. Mas deu. Procurando um canto onde as arvores ajudem, a foto fica boa. Não que o Wayne tenha me ajudado a achar esse lugar, isso também não era o perfil dele. Conheci pessoalmente naquele momento o guia Bruno Freitas, com quem eu iniciei contato meses antes. Bateu enorme empatia da minha parte naquele momento por ele. Queria tanto estar no grupo dele naquela hora, mas devido à falta de organização minha, eu estava em outro grupo, com outro guia, com outros parceiros. Toda experiencia é válida na vida, nem que seja para relatar a outros depois, que é o que faço agora. Desse circuito, chega-se ao Alto da Pedra Furada com passagem para o Vale do Baixão das Mulheres, que eu conheci sozinha com o Wayne no primeiro dia, porém entrando por outra portaria, me fazendo achar que só se acessava por lá, vi depois que não. Mais uma opção de ligação de roteiros. Existe ali também ligação com o Circuito da Chapada, passando pelo Alto dos Canoas e pelo Caldeirão do Rodrigues que não fiz. Chegamos no final do Circuito BPF, passando por uma plataforma onde ficam várias pinturas rupestres, Naquele momento, estava enfim chegando o local pelo qual eu tinha esperado a minha viagem inteira e tinha já por diversas vezes perguntado ao guia Wayne: É agora que eu vou ver o BEIJO?, ele por diversas vezes me respondeu que não, que não era ainda, mas enfim naquele momento, o beijo, a pintura rupestre da qual eu ouvi falar há muitos anos atras, e que tinha sido a minha referência de pintura rupestre até antes de eu conhecer o parque, iria enfim estar na minha frente. Outra pintura, o símbolo do parque, duas capivaras, uma maior, com linhas vazadas e outra embaixo menor, totalmente preenchida, possivelmente pintada em época diferente da primeira, fica bem ao lado da pintura O BEIJO. Em meio a muitas outras. O grupo apressado passou rápido em frente da pequenina pintura intitulada O BEIJO, Wayne não tinha mesmo tido a sensibilidade de entender o que eu tanto queria ver, tão pequena, tão mais sem graça que tantas outras maiores, mais detalhadas. Vai entender né. Eu vi sozinha, não tinha nem minha filha e nem o guia que me acompanhava para tirar uma foto minha em frente da pintura. Pedi para outra guia tirar para mim. Consegui ainda uma foto engraçada beijando a Sophia em frente DO BEIJO. Ideia da Cibele, que ficou com dó de ver a minha empolgação e resolveu retornar, enfim. Tenho a foto, e a memória. Eu estive lá um dia. Na noite desse terceiro dia, o Wayne passou para mim as 10 fotos que ele gentilmente tirou de mim e da Sophia no celular dele e não me disse mais nada. Para a Cibele ele avisou que teria um imprevisto no dia seguinte, que era um domingo, e que mandaria outro guia no lugar dele. No dia seguinte, nosso quarto dia de passeio, recebemos o guia Lucas e um estagiário chamado Thiago, que estava cumprindo o final do estágio de guia, ele veio para nos acompanhar no circuito que faltava ente os que foram previstos pelo Wayne. Fomos fazer o circuito Jurubeba e a Trilha Humbu. Esse tinha sido colocado como primeiro no roteiro feito pelo Wayne, acabou ficando nesse quarto dia. Considerei uma sorte, pois foi um roteiro que eu apreciei muito, por conter sim muitas pinturas, mas muita história também, pois é uma coisa que me agrada. Ouvir as histórias locais. Esse roteiro contou com vista panorâmica, visita a toca da Ema do Braz, Casa do Alexandre, Trilha Humbu, Pedra Caída, Toca do Sapo, Toca da Invenção e caldeirão D´água natural. Encontrei no livro diversas informações interessantes sobre esse roteiro, que por já estar extenso, cito apenas que se pode ter acesso a ele por diversos pontos, um deles, a pé pelo sítio do Mocó. Demonstrando existir opção até mesmo para quem quiser estar na região sem carro e sem contratar carro ou moto do guia. Ao menos esse dá, nesse caso, por outros sítios ou grutas, diferentes dos que fizemos, entrando por outro ponto que acessamos de carro. Nesse dia fomos até a portaria BPF apenas para assinar o termo de visitante, e voltamos para entrar por essa outra portaria, também guardada por funcionários, como todas as outras que passamos. A Toca da Roça do Sitio do Brás, foi utilizada como moradia pelos maniçobeiros, como outras também foram, nessa, sua parede foi usada como ponto de apoio para a construção de uma habitação de pau a pique que nós visitamos, estava ainda totalmente íntegra. Entre as pinturas rupestres, uma série de figuras humanas de tamanho reduzido e dispostas em fila. Essa história de estarem em fila gerou assunto no grupo, seriam os filhos contados para não perder a conta de quantos eram? seriam outros objetos anotados? Algum ritual? O guia desse dia se mostrou mais interessado em conjecturar com o grupo, foi mais divertido e leve ser guiada por ele e pelo Thiago, que pouco falava. Eu, que gosto de um assunto, tirei dele que estava cursando Fisioterapia em Teresina, que mesmo o pai querendo ter um filho “doutor”, como ele disse, tinha planos de obter a licença de guia, para poder guiar grupos nem que fosse como lazer, já que era nascido e criado na região. Na Toca da Invenção nós vimos pinturas feitas com pigmento branco, diferente do vermelho e algumas vezes cinza que tínhamos visto até aquele momento. Pareciam ser quatro veados, dois veados galheiros, já extintos na região hoje em dia, mais dois veados que não identifiquei o tipo. Estavam desenhados sobrepostos sobre outras figuras de emas e demais, mostrando esse evento que aprendi lá ter acontecido em outros sítios arqueológicos. O interessante é que essa sobreposição de figuras aconteceu até um certo ponto da pré-história. Porém, os indígenas mais recentes aprenderam que não se devia mexer nem “bulir” nessas pinturas, pois segundo as palavras deles, eram feitas por “caboclos bravos”, era por acreditarem nisso que essas figuras puderam ficar ali para nos contar a história de sua existência. Ali na toca da Invenção pudemos também ver uma escavação ainda em andamento, pois uma parte do solo estava coberta com um plástico, e alguns saquinhos cheios de terra estavam encima. Fiquei imaginando os trabalhos dos profissionais relacionados à arqueologia ali. Seria legal vê-los trabalhando. Quando fizemos a Trilha histórica da Jurubeba, essa fornece informações sobre o meio ambiente e a cultura do homem do Sertão nordestino, passamos pela Casa do Alexandre, utilizada em meados do século XX, durante uns 30 anos como moradia pelo maniçobeiro Alexandre e sua família, que utilizou o obrigo rochoso como teto natural completado por paredes de taipa. Passamos ainda pela Casa velha da Jurubeba e depois pela Casa da Jurubeba, pelas ruínas da Casa do João Coelho e pelo Museu do Neco Coelho. Paramos, conversamos, ouvimos histórias do Neco Coelho, da filha dele. Aproveitei para comentar com o guia Lucas sobre a minha visita ao Instituto Olho d´Água, e ele, coincidentemente era parente do senhor que tinha doado uma mala que vi lá no instituto, que continha fotografias, anotações várias sobre os nascimentos e falecimentos dos moradores locais. Existem muitas histórias para se contar e para se ouvir a respeito dos povos da Serra da Capivara. A manhã foi bem proveitosa, vimos muita coisa, difícil até memorizar tudo. Por volta de 12:30 h já estávamos de volta na pousada. Almoçamos no restaurante da Paula, que fica uns 200 metros da pousada do Sitio da Capivara. Almoço farto, eu pedi para 2, o que trouxeram uns 4 comeriam. Eu até pedi umas embalagens para levar para jantar, afinal, comigo não tem desperdício. Após o almoço e um tempo de descanso, fomos conhecer o Museu da Natureza, que fica 4 km após o Sitio do Moco, e próximo da Fábrica de Cerâmica. Esse também é um passeio imperdível, na impossibilidade de a pessoa ter tempo de ir em um dos dois museus, não consigo escolher de qual dos dois eu abriria mão, são diferentes, ambos complementam o que se pode ver no parque. Esse foi inaugurado em 2018, mostra como era a natureza no início dos tempos e as muitas transformações até os dias atuais. Imperdível. Nessa noite, fomos convidadas pela Cibele e família para irmos fazer a visitação noturna do Boqueirão da Pedra Furada. O local pode ser visitado a noite mediante a reserva prévia e pagamento de uma taxa de $ 70 reais para um grupo de até 10 pessoas. Além dessa taxa, Cibele ainda pagou $ 50 ao guia Lucas para nos levar lá. Outras pessoas me contaram que as vezes as pessoas vão até a portaria por volta de 17:30h e ficam esperando chegarem mais pessoas para formar um grupo e assim ratear o valor da visitação noturna. Passando de 10 pessoas, cada uma paga $ 20 a mais. Nesse dia, voltamos do Museu da Natureza e fomos direto para a portaria do BPF. Achamos muito bonito a vista das pinturas rupestres que tínhamos visto no dia anterior, porém dessa vez, iluminadas de forma que muitas das pinturas que não estavam muito nítidas com a luz do dia, a noite elas ficaram mais visíveis. A vista é outra. Mas no dia seguinte descobri que existe um aplicativo chamado aDStretch que faz um trabalho semelhante ao que essa iluminação noturna faz, sendo que é possível colocar as fotos das muitas outras figuras que vimos em outros sítios. Ele é pago ($ 70), mas é uma opção. Achei um pouco frustrante essa visita só poder passar no roteiro BPF, não é permitido andar por nenhum outro local dentro do período que era de 40 minutos. Sobrou tempo, em uns 20 minutos já estávamos voltando para nossos carros. Nenhum outro grupo procurou agendar, fomos apenas nós. Era domingo, talvez em um sábado em período de férias, quem sabe a procura é maior. O último dia de roteiro no Parque Agora chega à parte que gosto muito de poder contar. Eu não havia desistido tão fácil assim de ser guiada pelo menos por um dia pelo guia Bruno Freitas. Na tarde que cheguei, mandei mensagem para ele, perguntando se tinha jeito de ele me juntar em um grupo. Ele não confirmou, então aguardei. Eu havia encontrado com ele umas três vezes naqueles dias, ele ficou de me confirmar se conseguiria me juntar com o grupo já agendado. Nessa noite ele me respondeu que sim, que o casal havia aceitado que eu fosse com eles. Eu havia planejado deixar minha filha na pousada de qualquer forma, pois tinha planos de ir para o Parque Serra das Confusões, que fica em Caracol (PI), mas acabei desistindo de ir para lá, apesar de ser muito interessante o que tem pra ver por lá, não achei companhia, então não deu. Deixei Sophia na pousada de boa, pois ela não fez mesmo questão de ir naquele dia, Tininha ficou de olhar se ela ficaria bem. Chegaram uns hospedes novos no camping aquele dia, eu não perdi a oportunidade de conversar com eles um pouco naquela manhã, passar algumas informações uteis a respeito dos roteiros e sobre contratação de guias, me agradeceram muito. Eu então sai tranquila por saber que os rapazes eram gente boa, não teria que me preocupar com ela sozinha por lá em meio a estranhos, apesar de em se tratando de filhos, todo cuidado é pouco. Dei recomendações necessárias a ela e parti bem cedo. Às 8 horas já estava na praça de São Raimundo Nonato, no local marcado pelo Bruno, com o carro abastecido. Um detalhe é que no posto que passei não havia álcool, apenas gasolina, que custava uns $7,70 o litro. Encontrei com o Bruno tão empolgada, que ele até me pediu para acalmar um pouco. O casal Roberto e Marta era uma simpatia total. Já foram me permitindo viajar no carro deles, afinal, éramos apenas quatro pessoas, para que dois carros? Saímos em direção a Serra Branca e Depois na Serra Vermelha para ver o voo das Andorinhas. O tempo todo do trajeto foi preenchido com tanta conversa agradável que nem sentimos o tempo passar na ida nem na volta. A guarita de Serra Branca fica a 33 km de São Raimundo Nonato. Ali na guarita vi uns pássaros que tentei filmar e fotografar, sem muito sucesso. Havia visto um Picapau de topete vermelho no roteiro da Pedra Furada, esse, porém, tinha um canto bem diferente. Procurando um pouco na internet depois, vi que era diferente do canto da Araponga. Achei até o aplicativo Picture Bird que serve para identificar canto de pássaros, mas deixei para lá. Essa bióloga curiosa precisava virar a página, deixar para outra oportunidade. Anotei para quem sabe outra hora usar. Comprei uns panos de pratos feitos pelas funcionárias que trabalham na portaria do parque. Os panos têm bordados das pinturas rupestres mais características. Achei uma iniciativa tão legal, que resolvi comprar alguns. Nas outras portarias também encontrei algumas bijuterias e acessórios com temas do parque. Legal existir essa oportunidade de renda para as funcionárias lá. Passamos por algumas das várias tocas, as que fotografei as placas eram: Toca do Mulungu, do Vento, do João Sabino e Da Extrema. Em meio aos conhecimentos que o Bruno ia nos contando nos intervalos entre as Tocas, ele nos contou o significado do termo “Vestido na Cuia”, relacionado ao estado de extrema pobreza que o sertanejo vivia no século passado, quando retirava a roupa que possuía, muitas vezes a única, para trabalhar na roça e ao encontrar com alguém passando, cobria a genitália com a Cuia. Daí o termo. Eu tive o sentimento de estar tendo uma aula de geografia/geologia/antropologia durante muitas partes do roteiro que passamos. O Bruno, guia formado em Geografia, Turismo e cursando atualmente Gastronomia, é um rapaz muito culto, mas também fã de rock, reggae e descendente de indígenas. Nascido e criado na região e filho de outro guia do parque, o seu Toninho, ainda na ativa também. Me chamaram atenção algumas das suas tatuagens, inclusive, uma delas no braço, que nos mostrou com uma pintura rupestre. Muitas trocas interessantes durante esse dia, aprendi muito, observei muito. Deixei um agradecimento enorme ao Roberto e Marta, ambos professores, com quem também tive trocas muito boas, sobre viagens várias que eles já fizeram, inclusive várias dicas úteis que um dia usarei quando for ao Egito. Quando passamos na Toca do João Sabino, vimos a casa de pau a pique onde Morava João Sabino e Ana Rosa da Conceição, responsáveis pelo evento mais esperado do ano, as festividades de São João, tradição herdada pela família, que segundo a placa que fotografei na toca, é continuada até hoje. Entre a toca do João Sabino e da Extrema, visitamos um mirante. Depois na Toca do veado, que é um abrigo de cerca de 20 m de altura, vimos a pintura rupestre de um veado de 1,90 m de comprimento, outro com 1 m e um terceiro com 1,60 m. Ao lado desses grandes animais, aparecem pequenas figuras humanas. Esse painel, único na região, foi protegido da ação da chuva e dos ventos com uma cobertura com placas de fibra. Uma passarela de madeira permite melhor visão dele. Antes, em uma das grutas que passamos, eu fotografei um painel com várias pinturas. Em uma foto, que foi apontada pelo Bruno, que também gravei, estão muitas figuras humanas, tem cena de luta, tem cena de caça, que mostra a caça de onça, com um homem segurando a cauda da onça e outro com a arma atingindo na cabeça. Tem também a representação de várias pessoas enfileiradas. Essas figuras foram mais uma vez motivo de divagações nossas, o que estariam representando? Número de filhos, eu sugeri que podiam ser as crianças que vinham para a escola? vai saber. Imaginar a cultura desses povos é margem para soltar a imaginação para mim. Bruno ali, aproveitando de sua experiencia como guia para nos ajudar chamando atenção do que ele conhecia, nos permitindo apreciar enquanto olhávamos as muitas pinturas. Penso agora que as pinturas rupestres podiam ser mais bem divulgadas de forma individual, as diversas cenas, quem sabe o visitante poderia ter a oportunidade de escolher o que gostaria de ver entre tantas opções. Hoje em dia, em tempo de viralização de tudo que cai na internet, poderia ser sim um tiro no escuro, mas se fosse para servir que toda essa riqueza pudesse ser mais divulgada e passasse a ser um roteiro desejado por muitos turistas que procuram um lugar novo para conhecer, isso me deixaria muito feliz. Almoçamos em um restaurante de beira de estrada que era bem conhecido pelo Bruno, pois havíamos passado lá antes para reservar o almoço para quatro pessoas. Almoçamos frango e carne, comida simples, boa e bem servida. A Marta estava com desejo de comer carne de bode, mas não tinha aquele dia. Bruno prometeu a ela que nos próximos dias ele iria providenciar um local onde ela poderia comer a tal da carne de bode. Após o almoço, seguimos para uma outra guarita, conhecemos mais algumas pinturas e mais um mirante, que me fez entender por que segundo o Bruno, ali era chamado de Capadócia Brasileira. Seguimos para o local identificado como Baixão das Andorinhas, sentamo-nos, Bruno já bem à vontade com o local já se deitou na pedra para esperar a hora de as andorinhas aparecerem. Demorei um pouco mais para deitar na pedra também, mas depois entendi que a visão fica melhor quando observamos deitados. Seguimos com mais um bate papo agradável, passando por cursos que nosso guia estava fazendo, outras histórias, uma delas a do Chupa-cú. Eu nunca tinha ouvido falar desse, mas relacionei com as histórias do chupa cabra, que esteve em noticiários uns anos atrás. Se é mesmo um mito esse bicho eu não sei, só vendo o tal pessoalmente pra saber. O Roberto observava com um binóculo, a Marta virava a cabeça pra cima pra ver, em algum momento o Bruno disse que as andorinhas estavam começando a descer. Fiquei tentando achar, era uma nuvem que se movia no céu, e foram baixando aos poucos, até que começam a descer uma por vez, fazendo um rasante na nossa frente e entrando em direção aos rochedos onde vão se abrigar para passar a noite. É bonito de ver, eu gostei. Nosso retorno para São Raimundo foi tranquilo, rápido e com mais bate papo no carro. Nos despedimos, peguei meu carro que tinha estacionado em uma pousada com a ajuda do Bruno, e segui para o Sitio do Moco, para encontrar Sophia e ver como tinha sido o dia dela na pousada. No dia seguinte, últimos momentos meus ali na pousada, eu já com saudade, ainda pude assistir o início de uma oficina de circo que um grupo de voluntários veio fazer com a criançada do Bairro. Teve brincadeiras e bate papo. Antes de sair, ainda conheci mais uma dupla de mãe e filho, que tinham chegado naquela madrugada, vindos do Sul do país se não me engano. Combinamos de ir juntos na fábrica de cerâmica, pois eu ainda queria passar lá para fazer umas compras de lembrancinhas pra levar para casa, eles para conhecer. Acabaram não ficando muito na loja, pois pretendiam conhecer o Instituto Olho D´água que eu aconselhei não deixarem de ver, e como disponham de poucos dias ali, não queriam perder tempo. Indiquei o Bruno, que estava com agenda cheia, mas que indicou a eles outro guia, torço para que tenham feito um roteiro bom. Saímos por volta de 12 horas de São Raimundo, depois de comprar na loja de calçados duas redes de Caroá e uma sandália. A sandália de couro comprei na loja mesmo. As redes, a vendedora entrou em contato com um conhecido, que veio traze-las ali na loja. Comprei logo duas, pois ficar deitada nessas redes lá na pousada da Tininha me convenceu que seria uma boa lembrança a trazer dessa minha viagem. O caroá é uma bromélia típica daquela região, é endêmica da caatinga, cuja fibra já há muito tempo vem sendo usada para fazer tecidos resistentes. A rede dura uns 20 anos ou mais, é resistente e fresca. Uma experiencia gostosa essa de descansar em uma rede feita de Caroá. Levamos umas 3 horas após sair de São Raimundo Nonato para chegar na Cidade Casa Nova (BA) onde saímos. Pegando uma via a direita em direção as Dunas do Velho Chico. O guia Bruno naquele nosso primeiro encontro em frente a Pedra Furada tinha me dado essa dica, pois comentei que não sabia o que faria no meu último dia, já que estava pensando em desistir de ir até a Serra das Confusões. A estrada para as Dunas do Velho Chico estava em reforma, alguns trechos tive dúvidas se iria conseguir passar com aquele carro baixo, tinha alguns caminhões trabalhando na pista, que ainda não estava totalmente asfaltada, então deu um certo receio de passar, mas passei e cheguei após uns 30 minutos na praia que existe na beira do Rio São Francisco. O local é uma praia, com areia fina, com barracas, carros que ficam estacionados, igualzinho a entrada de qualquer praia do litoral de São Paulo que conheço bem. Tem até quadriciclo para alugar, não vi onde ficava o local que aluga, mas vi pessoas passando de quadriciclos nas dunas, que parece ter uma extensão que faz valer a pena, para quem tiver tempo. Ficamos só uns 30 minutos ali, pois não sabia como estaria o final da estrada para chegar em Petrolina, e não queria pegar estrada a noite. Foi uma pena poder ficar tão pouco tempo ali, que vale a pena um dia inteiro, só para ficar na areia, ou sentada nas cadeiras de praia alugadas pelos quiosques. O rio é tranquilo, raso e sem ondas nesse local. Quando devolvi o carro em Petrolina, os funcionários me falaram que ali fica bem mais cheio no final de semana. Naquele dia, uma terça feira, estava pouco movimentado, poucas pessoas na água e na areia, não vi guarda vidas, apesar de toda a estrutura do local. Voltamos para a estrada, chegando em Petrolina no início da noite. Passeamos ainda em Juazeiro, atravessamos de carro dessa vez, passando pela ponte que liga as duas cidades. Procuramos um Shopping para jantar, achamos um bem pequeno, que em nada se parece com os shoppings de São Paulo, e que já estava com as lojas e praças de alimentação fechadas naquele horário, umas 19 horas. Acabamos resolvendo voltar para a orla de Juazeiro, para comer em alguns dos restaurantes próximos ao Rio. Passamos pela Barraca de Acarajé da Ana e percebemos que ao lado tinha mais duas barracas que também vendiam acarajé. Uma delas estava mais cheia, resolvi comprar ali. Tem algumas opções de prato contendo acarajé, com peixe, com camarão, com tomate verde. Tem até a barca, opção quando o grupo é maior. Muito bom. Voltamos para Petrolina, mais um passeio na orla, pausa para a última foto da viagem e fomos para o Aeroporto devolver o carro e ficar mais umas horas sentadas nas cadeiras dos restaurantes até as 3 horas da manhã, horário do nosso voo de volta para São Paulo. Contando mais sobre a Fauna e Flora da Região Sobre a vegetação e fauna da região, não podia deixar de escrever um pouco a respeito dessas riquezas que são tão características desse Bioma, que é o único realmente típico no Brasil, afinal seu patrimônio biológico não é encontrado em nenhuma outra região do mundo. Na região do Parque Nacional Serra da Capivara, provavelmente são encontradas mais de mil espécies vegetais, sendo que um pouco mais de seiscentas foram catalogadas, mas muita coisa ainda deve ser catalogada em áreas e épocas diferentes, porque certas plantas têm uma vida muito curta. No começo da estação chuvosa aparece melhor a diversidade de espécies que compõem a caatinga. São encontradas as maniçobas, marmeleiros, juremas e jatobás, carobas e paus-d´arco. Nenhum desses nomes eu, nascida e criada aqui no Sudeste já tinha ouvido falar, além do jatobá. Estão presentes na região também as plantas chamadas de Cactáceas, como o Mandacaru, o facheiro, o rabo de raposa, o quipá, a palma e a coroa de frade. Entre as bromeliáceas encontradas, a mais importante é o caroá, que cresce frequentemente nos interstícios das rochas, cuja fibra, como já citei acima, é usada até hoje para produzir tecidos resistentes, como o da rede que comprei. As diferentes espécies acima, com exceção da palma cultivada, são endêmicas da caatinga, ou seja, encontradas somente no Nordeste semiárido ou árido. Ao longo da minha viagem, aquela música do Luíz Gonzaga, xote das meninas ficava o tempo todo na minha cabeça: “ Mandacaru quando fulora lá na seca, é o sinal que a chuva chega no sertão, toda menina que enjoa da boneca é sinal de que o amor já chegou no coração...”. Pois o que vi muito foi mandacaru nessa viagem, eu perguntei ao guia Wayne qual era a diferença entre o mandacaru e as demais espécies de cactos, para eu tentar diferenciar, ele até explicou, mas não memorizei. Para quem conhece bem, não é tão difícil assim ver a diferença entre eles. O mais impressionante mesmo é ver as arvores de grande porte que se formam a partir das plantas de mandacaru, são os chamados mandacarus gigantes, com caule marrom, como de arvores de grande porte, e não verde, da cor das folhas de plantas em geral. Fiquei tentando fotografar os grandes que via, tentando guardar a foto do maior mandacaru que eu vi, foram muitos, alguns não conseguia parar para fotografar durante os roteiros das grutas ou na estrada enquanto dirigia de um local para o outro. Em uma ocasião, eu no carro sempre mais para trás, pois a vezes parava pra tirar alguma foto, e a Cibele, no outro carro a frente era obrigada a diminuir a velocidade pra eu poder alcançar, então, em um momento, ela parou o carro e o marido dela, Homer, apontou para o lado direito, eu achando que estavam mostrando um mandacaru, olhei, achei aquele bem pequeno perto dos demais que já tinha visto, mas não era a planta que estavam querendo mostrar e sim um veado, que estava por ali. Perdi esse veado que já tinha fugido quando passei. Os mandacarus podem chegar até seis metros de altura, formam uma copa que se assemelha a um candelabro. Em uma conversa com Cibele na pousada, falávamos sobre a datação da idade da planta através dos anéis internos, do quanto isso é realmente uma estimativa aproximada, nunca exata, até mesmo em arvores da Amazônia ou Mata Atlântica, que tem períodos chuvosos mais bem estabelecidos. Nas arvores da caatinga, essa previsão da idade através dos anéis não deve ser nada precisa, devido ainda a outros fatores. Eu queria descobrir quantos anos deviam ter aqueles mandacarus gigantes que eu via, tentei prever que os que vi no roteiro da trilha do Humbu tinham mais de sessenta anos, devido a algumas das histórias que o guia Lucas contou. Meu palpite é que devo ter passado por algum que tinha mais de 100 anos, mas não saberei por enquanto. Passamos muitas vezes por facheiros, um dos dias, o guia nos fez parar em um para descobrirmos que eles fazem o barulho semelhante a chuva caindo no telhado, uma experiencia muito legal de se viver. Amamos. A vegetação é pouco variada, muito repetitiva quanto a variedade, mas eu gosto de refletir sobre o significado que essas plantas tão resistentes têm. Encontrei na internet o significado espiritual do cacto, que se traduz em resiliência, força. Coisa que aprendo cada vez mais que esse povo do sertão tem, uma resiliência aprendida através das adversidades da vida. Nós vimos aquele cacto que é chamado de cora de frade muitas vezes, é muito engraçado, pois parece mesmo o topo da cabeça de uma pessoa calva, ou aquele chapeuzinho que os frades usam na cabeça. Sobre a fauna, o que mais vimos foi o mocó, um mamífero roedor, único endêmico da caatinga, que se diferencia dos demais roedores como os ratos encontrados em casas, pois produz poucos filhotes a cada cria (dois ou três), que nascem com pelos e olhos abertos. Sendo capazes de acompanhar a mãe desde muito cedo. A caatinga abriga um número considerável de animais endêmicos, encontrados apenas nesse ecossistema, esse é um dos motivos pelo qual o Parque é tão importante. Existem morcegos, aves (20 espécies), dessas, eu identifiquei o pica-pau de cabeça vermelha e a gralha Can-can, entre tantas outras que ouvi. Existem lagartos, vi um que ficou posando esperando a foto, serpentes, jias, sapos. O maior predador da toda a região é a onça pintada que ultrapassa os 50 kg. Graças a Deus não vi nenhuma, mas ouvi do Bruno a história de um morador, o pai da Paula, que tem o restaurante e pousada no Sitio do Mocó. Bruno nos contou que o pai da Paula teve um entreveiro com uma onça em uma ocasião, e que saiu vivo e bem machucado. Enfim, acontece as vezes. Segundo o livro que usei como guia, o controle de caça e as medidas de proteção contra incêndios fez crescer o número de herbívoros dentro do Parque. Hoje, é possível ver correndo pelas estradas belos exemplares de veados. No nosso primeiro dia de roteiro no parque encontramos um veado bem ali na guarita BPF, era pequeno e andava tranquilamente por ali. O Clima predominante é o semiárido, caracterizado por uma grande instabilidade, com a seca que pode variar de 2 a 5 anos. As vezes a chuva concentrada é tão forte que causa alagamentos. A temperatura média anual é 28° C, variando uns 5° C, podendo alcançar mínimas de 10 ° C nos meses de junho no alto da Serra da Capivara. Os meses de chuva, chamados de “inverno”, vão de novembro até maio, porém a chuva é limitada e depois o sol predomina de 10 a 15 dias. O Verão começa em junho e se prolonga até as primeiras chuvas geralmente em novembro. O céu é de um azul tão límpido, muito mais do que em São Paulo sem dúvida, e as noites são iluminadas pelas estrelas. Em resumo, no sertão, não é a temperatura que define as estações do ano, e sim, a chuva. Termino esse meu extenso texto concluindo que é só mesmo vendo pra sentir tudo o que pude vivi nessa viagem. Intenção que carreguei enquanto estive ali, a de poder voltar e escrever um relato dessa viagem que incentivasse alguma curiosidade de saber o que mais tem pra ver na Serra da Capivara, além das famosas pinturas rupestres. Eu ainda quero voltar, para ir à Serra das Confusões, pra conhecer outros roteiros e ver de perto os avanços que hão de chegar nesse lugar distante e tão precioso. Um resumo do que fizemos: Dia 1 – Conhecendo Petrolina e Juazeiro Dia 2 - Viagem até Sitio do Mocó - passando em São Raimundo para conhecer o Museu do Homem Americano Dia 3 – Primeiro dia de roteiro no parque - Sitio do Meio e Baixão das mulheres I, II, III + visita ao Instituto Olha D´água Dia 4 – Segundo dia de roteiro no parque - Desfiladeiro (parte apenas) + Toca do paraguaio Dia 5 – Terceiro dia de roteiro no parque - Boqueirão da pedra furada Dia 6 – Quarto dia de Roteiro no parque - Trilha Humbu + Circuito Jurubeba + Museu da Natureza + Visitação noturna do Boqueira da Pedra Furada Dia 7 – Quinto dia de Roteiro no parque - Serra Branca + Baixão das Andorinhas na Serra Vermelha Dia 8 – Retorno para Petrolina, passando pelas Dunas do Velho Chico em Casa Nova (BA) Algumas informações uteis 1- Transporte pela Empresa de Ônibus Gontijo de Petrolina para São Raimundo (Domingo, Segunda e Quinta as 13:15h) - De São Raimundo para Petrolina (Segunda, Terça e Sexta 9:30h) 2- Van do Seu Francisco Saídas Quarta e sábado de Petrolina para São Raimundo às 11:30h - Quinta e Domingo de São Raimundo para Petrolina às 9:30h 3- Spin do Neto Segunda, quarta e sexta - De Petrolina para São Raimundo as 14h - De São Raimundo para Petrolina às 4h 4- De São Raimundo para o Sítio do Mocó somente táxi ou mototáxi, várias opções em São Raimundo, uma delas Seu Deto – 55 89 8115-2495 5- Existem opções de aluguel de carros em São Raimundo, mas não é locadora oficial ainda, os guias têm como indicar o telefone 6- Camping e Pousada Sítio da Capivara – 55 89 1319563 – No Airbnb.com tem apenas a opção de Pousada, para Camping direto com a Tininha nesse telefone. 7- Telefone do Guia Bruno Freitas – 55 89 81111007 (Meu perfil de guia com certeza) 8- Telefone do Guia e Comerciante Wayne – 55 89 8107-3049 (Não é meu perfil de guia) 9- Atualmente existem voos direto para o Aeroporto de São Raimundo Nonato que custam uns $ 3000 reais, inviável, mas existe também a previsão de começar a ter voo direto no futuro. Essa será uma ótima opção quando as passagens ficarem mais acessíveis. 10- Guia Lucas não peguei o número, nem encontrei na lista completa disponibilizada pelo ICMbio onde constam também os cursos e experiencias de cada guia. Mas pelo que sei ele é credenciado. 11- Outros guias de quem ouvi falar bem – Maria da Conceição ( Ceiça) (89) 98103-3218 e Waltercio (89) 81315923 12- Lista de guias credenciados pelo ICMbio - São uns 200 guias, todo tipo de conhecimento e especialização https://omochileiro.blog.br/wp-content/uploads/2019/04/condutores_guias_serradacapivara.pdf ( atualizado em 2018) https://www.gov.br/icmbio/pt-br/assuntos/biodiversidade/unidade-de-conservacao/unidades-de-biomas/caatinga/lista-de-ucs/parna-da-serra-da-capivara/informacoes-sobre-visitacao-2013-parna-da-serra-da-capivara/Lista_Condutores_Credenciados_PNSC_DEZEMBRO_20212.docx ( atualizado em 2021) Custos aproximados da Viagem · 2 Passagens aéreas ida e volta, compradas com 2 meses de antecedência - $ 1890 parcelado em 10 vezes · Aluguel de carro por 8 diárias ( Movida), fechado junto com a passagem aérea - $ 1160 em 10x · Estadia de um dia em Petrolina - Pousada Urbanus - $ 150 · Estadia de 6 diárias na Pousada Sítio da Capivara fechada 2 meses antes da viagem - $ 1264 · Estadia de 5 diárias em um quarto com 1 cama de casal na casa de um anfitrião em São Raimundo $ 740, reembolso totalmente devolvido após desistência dessa estadia. (Essa reserva era totalmente reembolsável) · Quiosque em frente a orla do Rio São Francisco em Juazeiro - Prato feito de Carne de Sol $ 20 + $ 12 de porção de macaxeira. · Bermuda na loja de roupas em Juazeiro $ 20 · Travessia da Balsa entre Petrolina e Juazeiro $2,50 por pessoa ida e volta · Almoço no Restaurante Velho Chico na cidade Remanso $ 60 · Entrada no Museu do homem americano $ 30 por pessoa (ambas pagamos meia-entrada $ 15) · Entrada no Museu da Natureza $ 40 por pessoa (pagamos meia também) · Almoço no Restaurante do Albergue Serra da Capivara $ 39 por pessoa · Peças na loja da Fábrica de cerâmica de $ 16 até muitos reais, muitos tipos de peça decorativa ou para uso doméstico, comprei copinhos de cachaça, canecas, prato, manteigueira etc. – Todo dia colocam peças com pequenos defeitos com desconto. · Camisetas na loja de Camisetas da Albergue Serra da Capivara/ Fábrica de Cerâmica - + - $ 40 · Almoço no restaurante e Pousada da Paula $ 35 por pessoa, - Marmitex desse mesmo local $ 20 · Diárias dos guias $ 250, algumas delas divididas com os casais com quem andei · Garrafão de água de 20 litros encomendado pela Tininha $ 7,00 ( usado para repor as garrafas de agua de 2 litros colocadas no freezer a cada dia - beber muita água ali é importante)
  2. Boas pessoal, Eu e a minha namorada queremos viajar de carona nos próximos dias. Gostaríamos de saber mais relatos de mochileiros que já tenham tido esta experiência. O nosso percurso será de Ipatinga (MG) a São Luís (MA). Gostariamos de saber se é seguro e fácil pegar carona. Quais as maiores dificuldades nestas zonas do Brasil para quem viaja? E se é fácil achar lugares para dormir 😴 Muito obrigado! 😀
  3. O Parque Nacional da Serra da Capivara é o maior museu a céu aberto de pinturas rupestres do mundo. Com cerca de 130 mil ha de área, localizado no sudeste do Piauí, o PNSC possui mais de 1200 sítios arqueológicos com diversas pinturas rupestres pré-históricas que datam de 5.000 a.C até 60.000 a.C. Criado por decreto em 1979, o PNSC somente foi aberto ao público p/ visitação a partir de 1992. E tudo isto somente aconteceu graças ao trabalho da arqueóloga Niède Guidon, que realizou um trabalho intenso de exploração e catalogação dos achados desde o início dos anos 70. Logística Localizado a cerca de 35km do município de São Raimundo Nonato/PI (SRN) e 7km de Cel José Dias/PI (CJD), para se chegar ao parque o viajante tem que ter disposição para planejar sua logística. Até a data da viagem (Dez/21), não existiam voos comerciais para o aeroporto mais próximo que fica em SRN, restando ao turista de outros estados desembarcar nos aeroportos de Petrolina/PE (Dist: 300km) ou Teresina/PI (Dist: 520km). Antes da viagem, pesquisei na internet se havia linhas de ônibus disponíveis entre Petrolina e SRN e evitar o uso de carro próprio/alugado. A única empresa que oferece é a Gontijo e, mesmo assim, apenas 2 vezes na semana (Domingo/Quinta). Além disso, mesmo para quem chega em SRN sem veículo, a oferta de vans de passeio para a Serra da Capivara é limitada (lembre-se distante 35km do centro de SRN). Portanto, restou-me como única alternativa alugar um carro em Petrolina (Localiza/Movida) e dirigir até o parque. O aluguel de veículo médio (Gol/Sandero 1.6) com Km livre com seguro custa cerca de R$ 150/dia. Para quem estender a viagem pelo nordeste e devolver em outra cidade, a locadora poderá cobrar entre R$ 800-1.000 adicionais de serviço de devolução. Embora encareça a viagem, a vantagem de alugar ou usar carro próprio é a liberdade de se deslocar entre cidade e traçar seu próprio roteiro. Além de poder transportar água, comida e equipamentos para sua trilha. Em relação ao combustível, em Dez/21 o preço da gasolina estava cerca de R$ 7,05/litro (Petrolina/PE) e entre R$ 7,10-7,35 (Remanso/BA e SRN/PI). Alguns postos oferecem desconto se pagar com dinheiro ou se completar o tanque do veículo. Não encontrei muita diferença de preços da gasolina entre SRN e Remanso e optei por abastecer o veículo em SRN. Situação das Estradas Para quem vem de Petrolina, existem duas formas de se chegar ao Parque Nacional da Serra da Capivara: via BR-235/BR-324/BR-020 por Remanso/BA (335km) ou via BR407 por Afranio (370km). Optei por dirigir via Remanso que costeia o Rio São Francisco, conforme recomendação do gerente da Pousada. Sobre as estradas (todas pista simples e sem pedágios), a qualidade do asfalto é boa exceto pelo trecho entre Petrolina e Casa Nova (BR-235) que apresenta muitos buracos na pista. A sinalização ainda é precária. Faltam placas indicando quebra-molas, olhos-de-gato refletivas e em diversos trechos a faixa amarela para separar as duas pistas. Dica importante: JAMAIS DIRIJA APÓS O ESCURECER. A menos que você tenha como hobby trocar pneus, consertar rodas quebradas, substituir amortecedores ou remover animais de seu parabrisa, dirigir a noite em trechos mal sinalizados aumenta o risco de acidentes e danos ao seu veículo. Por outro lado, a BR-020 que margeia a Serra da Capivara é excelente. O asfalto é de primeira, sinalização excelente e com poucos veículos circulando. Pousadas/Hoteis O serviço de hospedaria na região é feito por pousadas e albergues próximos de CJD e do Povoado do Sitio Mocó e poucos hoteis de categoria simples em SRN. Não há luxo nestas hospedarias, mas os quartos e banheiros são limpos. Preferi ficar próximo do parque para evitar o ir/vir (70km ida/volta) entre SRN e as entradas do parque. Hospedei-me no Albergue Serra da Capivara (Diárias de R$ 280/3pax em quarto triplo com café da manhã), que é uma pousada instalada ao lado da Fabrica de Cerâmica. Oferece almoço e jantar em buffet livre por R$ 32. Serviço de Guias de Turismo As normas do parque exigem que o visitante contrate um guia para acompanhar durante as caminhadas aos sítios arqueológicos. O ICMBIO que atualmente faz o serviço de zeladoria e controle das entradas, disponibilizou em seu site uma lista de guias credenciados (https://tinyurl.com/3czcvhwc). Os guias cobram R$ 200/dia pelo serviço (se o turista ficar mais de um dia, pode-se negociar um desconto). Por recomendação de alguns amigos que já tinham visitado o parque, optei pelo Mario Paes Landim ("Marinho") que é um dos guias mais antigos, morador do povoado e conhecedor da fauna, flora e sítios arqueológicos. Nosso guia preparou um roteiro de 04 dias com passeios que passariam pelos circuitos da Trilha do Hombu, Serra Branca, Boqueirão da Pedra Furada e Desfiladeiro da Capivara. E ao término de alguns dos passeios, paramos para conhecer o Museu do Homem Americano (inteira: R$ 20, meia: R$ 10) e o Museu da Natureza (inteira: R$ 30, meia: R$ 15). Grau de Dificuldade das Trilhas Os circuitos que fiz não apresentaram dificuldades, pois as trilhas são de curta a média distância. Não exigem experiência em escaladas, montanhismo etc. Foram feitas para o público geral. Conforme o período do ano, o visitante poderá enxergar duas vegetações completamente distintas: (i) caatinga na seca (Abr-Out), que é típica dos livros com arbustos secos e desfolhados e (ii) caatinga na chuva (Nov-Mar), que se confunde com cerrado e até com mata atlântica conforme o tamanho das árvores que encontrar. Visitei o PNSC no período úmido e a paisagem estava completamente verde. O que levar nos circuitos: água, boné, protetor solar e um lanche leve. Seguem algumas fotos das paisagens. Circuito Trilha do Hombu Museu da Natureza Circuito Serra Branca/Baixão das Andorinhas Circuito Baixão da Pedra Furada Museu do Homem Americano Desfiladeiro da Capivara Fábrica de Cerâmica na Serra da Capivara
  4. A Rota das Emoções foi criada na década passada pelo SEBRAE para fomentar o turismo no litoral do Maranhão, Piauí e Ceará. O projeto deu certo e propiciou a criação de uma infraestrutura turística que hoje facilita realizá-la. O ponto de partida da nossa viagem foi o site Viaje na Viagem que tem um capítulo completo muito bem escrito e detalhado . Em função dos Lençóis Maranhenses, o ponto alto da rota, o período recomendado para fazê-la é de Junho a Setembro, explicarei melhor depois. Pode-se fazê-la no sentido Maranhão - Ceará ou vice-versa. Há disponibilidade de transfers e ônibus para toda a rota, consulte blog acima. Em Setembro de 2022 a Azul passou a fazer toda a rota, parando em Jericoacoara, Parnaíba e Barreirinhas. Fizemos a rota no sentido Maranhão - Ceará para pegar as lagos dos Lençóis mais cheias pois em Setembro muitas delas já estão secas. É possível fazer toda a rota de chinelos, não levei calça nem tênis na bagagem. O roteiro está no mapa https://www.google.com.br/maps/@-2.5334562,-44.5365657,9z/data=!4m2!6m1!1s10bAbENdnJ7IGcGH9-Zj4iZKUYgs-Ayw?hl=en
  5. Olá viajantes, vou relatar aqui sobre a primeira férias que tirei na pandemia, no ano de 2020, e com o mínimo de planejamento e muito tempo disponível, fiz a Rota das Emoções, saindo de Natal no Rio Grande do Norte onde moro e indo até os Lençóis Maranhenses pelo litoral e voltando pelo interior. Paisagens variadas dos litorais do Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão, além do Parque Nacional de Sete Cidades no Piauí, a Serra da Ibiapaba e Guaramiranga no Ceará. Em 2019 comprei uma passagem para ir na Europa, visitar a família e conhecer alguns novos lugares, mas como não temos certeza de nada na vida em 2020 fomos pegos pela pandemia e ficamos isolados socialmente, para quem ama viajar e a estrada foi terrível, ainda mais com a quantidade de mortes e gente querida partindo, eu tinha férias planejadas para junho de 2020, mas a empresa cortou e acabei tirando em agosto que era o limite, pois ia completar dois anos no emprego, pior, tirei 30 dias para ficar em casa, pois o Brasil não era bem recebido em lugar nenhum e as atrações estavam fechadas. Continuei na minha rotina de praia, indo para o litoral e conhecendo lugares tão perto que ainda não conhecia e visitando lugares que geralmente são lotados que estavam vazio como a Praia de Ponta Negra em Natal/RN na foto abaixo. Foi assim a primeira semana das férias, em casa e nas praias próximas, mas a grande surpresa foi conhecer a Lagoa de Alcaçuz em Nísia Floresta/RN, tão pertinho de casa e ainda não conhecia no registro abaixo. Aproveite minha cidade como um turista, indo para os locais em dias de semana, até que li uma notícia que me deixou empolgado, a reabertura dos Lençóis Maranhenses e Jericoacoara, Jeri tinha ido 3 anos antes, mas o Lençóis já havia passado 13 anos e vale muito conhecer e reconhecer. Naquela quarta-feira, dia 19/08/2020 decidi, amanhã vou fazer a rota das emoções, essa era a única informação que eu tinha, o resto foi se ajustando, fiz a revisão do carro, final da tarde ver o por do sol em Ponta Negra mais uma vez, arrumar a bagagem e no dia seguinte partir. Dia 01 - 20/08/2020 Natal/RN -> Praia do Cumbuco - Caucaia/CE Mais de 4 meses depois voltando a pegar a estrada, o rumo era Jericoacoara, não sabia onde ia dormir, mas como sai um pouco tarde sabia que não era possível chegar em Jeri, ia dormir em algum lugar pelo caminho. O bom de não ter hotel ou pousada reservado é essa liberdade, estava com tempo livre, saindo de Natal pela BR 304, cheguei em Mossoró, almocei com uns amigos que tinha meses que não via e acabei saindo tarde, já era quase 15 horas, meu objetivo agora era passar de Fortaleza e procurar alguma praia para ficar, tinha uma que até então não conhecia, a famosa Praia do Cumbuco, era lá o destino. Cheguei em Fortaleza no fim da tarde, trânsito pesado, atravessei a Barra do Ceará já era noite, ia dificultar um pouco para procurar um local para dormir, passei em algumas ou o preço estava muito elevado, ou quando era mais em conta não estavam com uma condição muito boa, até que encontrei a Pousada Brasita, perto da praia, com piscina, um bom café da manhã. Deixei o carro descansando e fui caminhando procurar um lugar para comer e tomar uma cervejinha, e conheci o La Sala no centrinho do Cumbuco, muitas opções interessantes lá. Voltei para a Pousada e descansar, nesse primeiro dia rodei 570 km. Dia 2 - 21/08/2020 Praia do Cumbuco - Caucaia/CE ->Praia da Lagoinha - Paraipaba/CE O primeiro dia passou e foi praticamente estrada, depois desse deslocamento maior, ia iniciar um trecho mais contemplativo, ir parando, estava sem pressa, acordei e após o café fui conhecer a Praia do Cumbuco, sai caminhando pela beira da praia em direção a parte das barracas mas estava bem vazio por causa da pandemia e também era bem cedo, a maioria dos turista fica em Fortaleza e fazem bate e volta, mas na época eu preferia mil vezes as praias assim. Do Cumbuco segui para uma Lagoa das Cristalinas mas não era nada interessante e não arrisquei chegar em Cauípe, o acesso não parecia legal e o GoogleMaps só recomendava ir pela rodovia, voltando para Cumbuco, fui voltando e resolvi ir até Pecém que fica no município de São Gonçalo do Amarante, no caminho parei na Lagoa do Banana e parti em direção ao Pecém, já era hora do almoço. Olhei o porto e peguei a dica do Restaurante Bola Mania, foi uma ótima sugestão, comida boa e preço justo. A próxima praia do roteiro é linda, Taiba também pertence ao município de São Gonçalo do Amarante, aproveitei muito o banho de mar e depois tirei o sal numa das bicas que desce pela encosta, ficaria mais tempo ali com toda a certeza. O próximo destino era Paracuru, o maps indicava que para seguir teria que voltar para a rodovia CE 085, porém arrisquei ir mais pelo litoral e no trevo segui em direção ao povoado de Siupé. Peguei um bom trecho de estrada de terra e uma estrada asfaltada que preferia que fosse de terra pois era mais furada que tábua de pirulito. Um grande trecho de dunas chamado de Lençóis Paracuruenses e o destino era a Praia da Pedra Rachada, ao lado de um ponto da Petrobras e o seu porto, do local uma bela vista das dunas e a Praia das Almas. Já passava das 16 horas e ia procurar o lugar para dormir essa noite, da praia segui ao Centro de Paracuru, e de lá decidi ir dormir na Praia da Lagoinha no município vizinho de Paraipaba. Na foto abaixo a Praia da Pedra Rachada e a vista da Praia das Almas. Encontrei uma pousada na beira mar, já cheguei a noite, jantei um sanduíche e fui dormir, dia de sol e praia dá um cansaço bom para dormir bem. No segundo dia da viagem rodei 140km. Dia 03 - 22/08/2020 Praia da Lagoinha - Paraipaba/CE -> Itarema/CE Acordei cedo, antes do café da manhã está pronto, fui caminhar e conhecer a Praia da Lagoinha, aquelas dunas e coqueiral remeteu a lembrança de antigas revistas de viagem que mostrava aquele cenário que lembrava a Praia de Genipabu perto de Natal, uma faixa de praia bonita e ampla, banho de mar e caminhada era rotina, a fome bateu, tomei café, arrumei as coisas e parti da pousada quando começava a chegar alguns transfers de Fortaleza com turistas. Fui até a Lagoa de Almécegas , mas não fiquei lá e segui viagem, voltei para a Rodovia e o próximo município é Trairi, passei para o lado das praias a primeira que fui é Guajiru que só passei e voltei para Praia de Flexeiras, com uma longa faixa de areia e boas barracas e um excelente banho de mar, estava bem lotado para um sábado. Seguindo viagem cheguei em Mundaú, praia perfeita, do alto da duna o encontro do Rio Mundaú com o mar, já era final da manhã e fui seguir viagem sem antes registrar esse visual. Rumei novamente para a Rodovia CE 085, e estava indo para a Praia da Baleia, mas comecei a perceber o carro com um barulho estranho e o ar condicionado parou de funcionar, desliguei o som e desconfiei que era a correia do alternador, no trevo mudei a rota e ao invés de ir para a praia rumei para Itapipoca, estava indignado, tinha poucos dias que havia realizado uma revisão para pegar estrada, dirigi 25 km com o resto da correia, com tudo desligado, até que cheguei na cidade e encontrei uma oficina aberta, desliguei o carro e ele não pegou mais, o senhor que me atendeu pediu para eu ir comprar uma correia nova e corri pois faltava poucos minutos para a loja fechar, se não ia passar o final de semana lá, deu tudo certo, mas bagunçou um pouco o planejamento (Que já não existia, mas a prioridade era o litoral), mas já estava na cidade, aproveitei e fiz um city tour e conhecer a cidade. Descartei a Praia da Baleia do roteiro e decidi que Icaraí de Amontada, que fica no município de Amontada era o próximo destino, já tinha visto algumas imagens do local e que estava bem badalada nos últimos tempos, cheguei ainda com tempo de aproveitar os últimos raios de sol, um banho de mar com aquele visual. Um dia ainda volto com tempo para ficar em Icaraí, rodei um bocado e não consegui uma pousada que coubesse no orçamento e desisti de dormir lá. Mas fiquei até anoitecer na praia. Peguei estrada novamente, estava cansado pelo contratempo, não contava com essas 3 horas que passei em Itapipoca, segui na estrada e cheguei na cidade de Itarema, resolvi dormir lá, noite animada de sábado na rua. Ao todo foram 290km. Dia 04 - 23 de agosto Itarema/CE -> Jericoaocoara - Jijoca de Jericoacoara/CE Mais um dia na estrada, tomei café e fui conhecer a cidade e o litoral de Itarema, atravessei um grande Lagamar e cheguei na Ilha do Guajiru, o lugar é perfeito para a pratica do Kitesurf. Fui seguindo pelo litoral, pequenas comunidades que vivem da pesca até voltar a rodovia e chegar em Acaraú, almocei na cidade que já conhecia e como ainda estava cedo resolvi conhecer mais três municípios na região, as cidades de Cruz, Bela Cruz e Marco. Na imagem abaixo a Igreja Matriz de Bela Cruz. Voltei ao roteiro principal e rumei em direção a Jijoca de Jericoacoara, inicialmente procurar um local para estacionar meu carro e um transporte até a Vila. Prefiro sempre deixar meu carro na cidade do que contratar um guia, o carro fica protegido e para transitar em Jeri o carro não é necessário e muito menos permitido, além de pagar mais caro pelo guia e pelo estacionamento, na época paguei 10 reais a diária do estacionamento e 25 reais pelo transporte. Soube depois que alguns turistas pagaram bem mais caro por esse trecho, mas peguei uma jardineira que levava trabalhadores da cidade até a vila. Cheguei em Jeri, me acomodei na Pousada Villa Caju, já tinha me hospedado em outra oportunidade no local e voltei, o atendimento é excelente, confortável, café da manhã delicioso, preço razoável e justo com o que oferece. Fui caminhar e assistir o por do sol na famosa duna. É sempre um espetáculo com o sol sumindo no horizonte. Jeri mesmo vazia e voltando a aquecer depois de meses fechados tinha um cheiro de esperança no ar. Voltei para o hotel, a noite estava tranquila, principalmente por ser um domingo a noite e também por vários restaurantes e bares ainda não tinham voltado a funcionar. Jantei, reservei os passeios, como turista solitário fui buscar parceiros para o passeio de buggy para o lado Oeste, esse lado recomendo ir no buggy, e para o lado leste fui num grupo maior numa jardineira. Nesse dia rodei 135km no meu carro e uns 20km na jardineira. Dia 05 - 24 de agosto Jericoacoara/CE Quinto dia, umas 09:30 o bugueiro chegou na pousada e fomos pegar o pessoal que dividi o buggy, era um casal muito simpático do Rio Grande do Sul, e partimos rumo ao oeste, praias desertas, dunas, travessia da balsa para Guriú, do outro lado do rio é o município de Camocim/CE e logo após o Mangue Seco que é um ponto mais para o pessoal tirar foto para o instagram, vamos para uma parada massa que é descer de tobogã e tirolesa no meio das dunas. O passeio foi com emoção, explorando dunas e lagoas e chegamos na lagoa de Tatajuba, primeiro dia que bebi durante o dia pois não estava dirigindo, aproveitei bem o dia de sol, banho, cerveja e peixe. O dia foi muito massa, dia para relaxar e aproveitar o destino sem preocupação, Jeri tem esse lado muito bom, andar pelas ruas de areia a noite sem preocupação, essas lagoas que são verdadeiros oásis. Jantei cedo e dormi, o dia foi realmente muito bom, e os locais estavam bem vazios. Dia 06 - 25 de agosto Jericoacoara/CE Mais um dia em Jeri, e o destino era a lado leste, muito mais bonito, mas sempre acho esse lado mais interessante fazer num carro maior, mais gente para interagir e fazer amizades, conheci um casal de Manaus e uma moça de Uberlândia em sua primeira viagem solo, foi bem legal a interação com elas. Nesse roteiro o foco é o município de Cruz, a primeira parada é na árvore da preguiça, depois na Praia do Preá e seguimos para um destino que eu ainda não conhecia que é o Buraco Azul Caiçara, a cor da água chama muita atenção mas não é cristalina, não dá para ver o fundo, então tem que ter cuidado, principalmente quem não sabe nadar. Abaixo o Buraco Azul. A próxima parada é a Lagoa do Paraíso, e o lugar merece mesmo o nome, anos antes eu tinha ido para um clube que é mais badalado, porém dessa vez ainda não estava funcionando, fui para outro e o pessoal reclamou, mas sou bem sincero em dizer, esse outro que é mais simples e é muito melhor, principalmente no preço. Sem contar que estava com pouca gente e deu para aproveitar bastante, quem vai com mais tempo, tente sempre ir nesses locais em dias da semana. Passamos um bom tempo na lagoa, boa parte do pessoal almoçou lá, mas sempre quando estou assim tenho a tática do café da manhã reforçado e um bom jantar, o almoço é cerveja e alguns petiscos. Na volta para Jeri teve uma parada na Lagoa do Amâncio que fica no meio das dunas do Parque Nacional de Jericoacoara A noite foi legal com as novas amizades que foram feitas, mas ainda sem baladas em Jeri, ficará para a próxima. Dia 07 - 26 de agosto Jericoacoara/CE -> Barra Grande/PI Último dia em Jeri, lugar que amo demais, mas era hora de partir, foram 3 noites, cheguei no domingo a tarde e sai na quarta-feira ao meio dia. O objetivo do dia era chegar no Piauí, arrumei a bagagem, tinha deixado a mala no carro em Jijoca e fui para Jeri só com uma mochila, o dia amanheceu, café da manhã reforçado e fui caminhar até a Pedra Furado, mas indo pela beira da praia, a Praia Principal de Jeri é bem vazia, o pessoal vai para os passeios e ficam mais ali no fim da tarde, tomei mais um banho de mar e comecei a trilha, ao total é uns 4,5 quilômetros, mas com muita subida em duna, recomendo levar água, mas o visual é lindo.e a Voltei para a pousada, aproveitei a piscina e no final da manhã fui seguir a rota, peguei a jardineira e fui ao estacionamento pegar meu carro. Sai de Jijoca de Jericoacoara, passei pelo distrito de Parazinho que pertence ao município de Granja, a sede do município de Granja, atravessando o Rio Coreaú por essa bela ponte abaixo. De Granja fui para Camocim, cidade que na outra oportunidade que vim na região tinha dado mais atenção, mas mesmo assim fui até o centro e ver a cidade novamente, seguindo viagem veio a cidade de Barroquinha, fiquei na dúvida se ia até a praia de Bitupitá que é a última do Ceará no lado oeste, mas resolvi seguir viagem e deixar para a próxima, logo em seguida vem Chaval, uma cidade com uma geografia única com aqueles monólitos e manguezais entre os Rio Timonha e Rio Ubatuba que serve como divisa natural entre o Ceará e o Piauí. Atravessando a divisa cheguei ao Piauí, o estado com o menor litoral no Brasil, mas com belezas únicas, rumei primeiro para a Praia de Barra Grande no município de Cajueiro da Praia, o lugar é muito massa, pousadas de muito bom gosto, mas com um preço muito elevado, consegui um quarto numa pousada boa e bem estruturada por 80 reais, mas aquele quarto parecia um cativeiro e o banheiro que eu tinha direito era o da piscina, não sou muito exigente, basta uma boa cama, mas nem isso tinha. Coloquei na cabeça que era só uma noite, ia dormir e seguir viagem, fui para a Praia curtir o fim de tarde, voltei para sair e jantar, pois não havia almoçado, com a economia do almoço resolvi jantar num lugar badalado, e não me arrependi, pensem numa comida boa, como um blogueiro de gastronomia vou dizer que foi uma experiência. Recomendo o Mô, a comida é excelente. Uma lagosta perfeita. Nesse dia foram 180 quilômetros percorridos. Dia 08 - 27 de agosto Barra Grande/PI -> Parnaíba/PI Uma semana na estrada, acordei todo quebrado, mas vamos em frente, fui caminhar pela praia e aproveitar aquele pedaço do paraíso, o lugar é lindo e recomendo muito, Barra Grande merece uma parada e é um paraíso para os praticantes de kitesurf. Final da manhã, fui seguir pelo litoral em direção a Cajueiro da Praia, sem antes parar na Praia do Sardim, que acho uma das mais lindas do Piauí. Cheguei em Cajueiro da Praia, que é a sede do município e continuei a rota pelo litoral indo nas praias do município vizinho de Luís Correia. A primeira parada é a árvore penteada, de lá fui até a Praia de Macapá, e depois segui por outras praias do município como Praia do Coqueiro, Peito de Moça e Atalaia. Após os banhos de mar fui conhecer a Lagoa do Portinho, quando estive em 2017 na região a Lagoa estava seca, mas me surpreendi com a Lagoa e o visual das dunas. Após o banho fui para Parnaíba e fiquei na Pousada Villa Cajuína, tudo muito novo e de bom gosto, um pouco afastado do centro, mas compensa pelas qualidades e preço justo. Sai para jantar, estava tão cansado que após a segunda cerveja bateu um sono, junta o enfado de praia com noite mal dormida e duas cervejas que o sono veio gostoso. Ao todo nesse dia rodei 110km e nessa noite descansei bem. Dia 09 - 28 de agosto Parnaíba/PI ->Tutóia/MA Aproveitei a manhã dessa sexta para lavar umas peças de roupa, organizar as coisas e como a pousada era muito confortável, descansei bem, não tinha passeio para o Delta, anos atrás já tinha feito o passeio do lado do Piauí saindo do Porto dos Tatus, então resolvi fazer pelo lado maranhense, partindo de Tutóia. Fechei a conta e fui para a praia de Pedra do Sal que da outra vez não conheci, é a única Praia do município de Parnaíba, o Piauí só possui quatro municípios litorâneos. Pedra do Sal não é muito interessante, mas já estava por ali, na volta fui em Ilha Grande, no Porto do Tatus e passei novamente no Centro Histórico de Parnaíba. De Parnaíba parti em direção ao Maranhão, atravessei o Rio Parnaíba e entrei no estado vizinho, é um trecho cansativo que merece atenção, ao todo rodei 165 km e cheguei em Tutóia no fim da tarde, procurei uma pousada e encontrei a Pousada São Vicente, paguei um ótimo preço num quarto simples com ventilador, 40 reais. Fui caminhar na praia e depois jantei na Churrascaria Tutóia, muito boa a comida e o atendimento. Dia 10 - 29 de agosto Tutóia/MA -> Barreirinhas/MA O dia amanheceu ensolarado, fui caminhar e na volta fui procurar os passeios, deixei o carro lá no estacionamento do pessoal do passeio e fui de moto até o porto, juntou o grupo, mas demorou mais de 40 minutos para uma senhora anotar o pedido do almoço dos passeios, o problema com esse almoço estava só no começo, optei por um prato de camarão para uma pessoa por 40 reais. O passeio começou, mas já ansioso para no final do dia ver a revoada dos Guarás, passamos próximo a ruína do navio Aline Ramos que coloquei na foto anterior, é um dos vários navios encalhados no Delta. Chegamos num pontal que era a primeira parada para banho num banco de areia formado na maré baixa. Após atravessar meandros entre um rico manguezal, ao chegar em outro braço do delta do Parnaíba uma enorme ilha diferente das demais surge, é a Ilha do Caju e suas imensas dunas. O passeio seguia tudo nos conformes e a próxima parada era para o almoço na Ilha do Coroatá, ai começaram os problemas, o almoço, o local não tinha a menor estrutura para receber pessoas, o meu prato foi um dos primeiros a ficar pronto, como já estava percebendo a demora, pedi licença ao pessoal que estava comigo no barco que ia começar a comer, terminei e não chegou o prato de ninguém, meia hora depois paguei minha conta e fui para a praia, quando vi que já estava perto das 16 horas fui procurar o pessoal que estava comigo no passeio e o guia e piloto do barco, até aquele momento ainda tinha turista sem almoçar e os trabalhadores, nenhum deles tinham recebido o almoço que em qualquer lugar eles recebem. Como não era a primeira vez, os guias resolveram não fazer a revoada dos guarás, decepcionado com isso, mas entendo a legitimidade dos guias, trabalhar por horas naquele sol sem se alimentar é um desrespeito do restaurante e de quem organiza o passeio. A revoada ficará para a próxima. Cheguei em Tutóia no fim da tarde, peguei meu carro e segui viagem para Barreirinhas. Viajem curta de 75km. Acima foto da Ilha do Coroatá. Já com pousada, fui no centro de Barreirinhas, já fechei os passeios para os próximos dias. Dia 11 - 30 de agosto Barreirinhas/MA Minha segunda vez nos Lençóis Maranhenses, estive em 2007 e voltar 13 anos depois foi muito interessante, Barreirinhas cresceu muito, comércio movimentado e boas opções de bares e restaurantes. Como era domingo, optei ir para a parte de Atins que não estive da outra vez, o passeio é de 4x4 e a primeira parada é no povoado de Atins, na foz do Rio Preguiças, de lá seguimos para o Canto do Atins, um povoado bem isolado e já decidimos o almoço do dia, dessa vez já vou adiantar que deu tudo certo. Partimos para ver o encontro das Dunas dos Lençóis com o mar, surpreende ver os grãos de areia vindo do oceano para formar esse cenário único. Esse roteiro inclui alguns banhos de lagoa. Fiz amizade boa com uma paulista que também era viajante solo, e nas dunas tinha uma dupla, na verdade um quarteto, que era um argentino, um venezuelano e duas cachorras, a Amarga e Felicidade, os malucos estavam fazendo a travessia a pé dos Lençóis, deu uma vontade de ir junto. Foi um dia perfeito. Dia 12 - 31 de agosto Segundou bom, é segundou de férias, para esse dia fiz dois roteiros pelos Lençóis. Na parte da manhã fiz o roteiro da Lagoa Azul que já tinha realizado na outra vinda, mas o objetivo maior era a Lagoa Bonita. Presenciar o por do sol nos Lençóis. Um visual único, recomendo para todos os brasileiros conhecerem esse paraíso que é os Lençóis Maranhenses. As imagens falam mais do que palavras, mas as fotos não demonstram a grandeza que é ver pessoalmente. Dia 13 - 01 de setembro Décimo terceiro dia na estrada e já estava começando a voltar para casa, em poucos dias voltaria a trabalhar, pra variar sem planejamento da volta, ia tentar ir para Santo Amaro, mas o tempo ficou curto e não tinha grupos formados para os passeios, Santo Amaro também ficou para a próxima. Sai de Barreirinhas, passei por Paulino Neves e vi os Pequenos Lençóis da estrada mesmo e cheguei em Tutóia novamente, de lá entrei novamente no Piauí e falei com uma amiga minha que mora lá e mudei os planos, voltei novamente para Barra Grande com ela, e dessa vez estando acompanhado peguei uma pousada melhor, fiquei na Pousada Titas, que é onde funciona o Restaurante Mô que estive na ida, foi uma tarde de contemplação e a noite jantei novamente no local. Ao todo dirigi por 270 quilômetros. Dia 14 - 02 de setembro Outro amanhecer em Barra Grande, agora numa cama decente, aproveitei de manhã a praia e reencontrei a paulista que conheci nos Lençóis que ia até Jeri com as minhas dicas, ela ia pegar o voo de volta pra casa em Teresina. Fiz o check-out na pousada, deixei minha conhecida na cidade dela e segui viagem, voltando para Natal pelo sertão, sai do litoral, passando novamente por Parnaíba, Buriti dos Lopes e segui até a cidade de Cocal, de Cocal o próximo destino é Piracuruca, onde pensei em chegar na BR 222 atravessando o Parque Nacional de Sete Cidades, mas o Parque ainda estava fechado, então voltei para Piracuruca. passei por Brasileira e cheguei em Piripiri onde do nada lembrei da cantora Gretchen. De Piripiri fui para Pedro II, subi a serra, a cidade é linda e com um clima agradável, de Pedro II fui novamente para o Ceará, próxima parada é Ubajara. Onde passei a noite. Dia puxado, rodei 500km Dia 15 - 03 de setembro Acordei em Ubajara, um friozinho bom de 18 graus, fiz uma caminhada pela cidade e logo depois fui rever o Parque Nacional de Ubajara, onde do alto da Serra do Ibiapaba tem uma linda vista da região. Sempre um prazer ir em Ubajara. Voltei para o hotel e resolvi ir para a parte sul da Ibiapaba, na outra oportunidade tinha conhecido Viçosa do Ceará, dessa vez rumei para Ibiapina, São Benedito, Guaraciaba do Norte e Ipu, nessa última, desce a Serra e chega na cidade que é bem interessante e tem um ponto muito interessante que é a Bica de Ipu, uma queda d'água de 135 metros, ainda aproveitei uma fonte que vinha da serra e tomei um banho para refrescar do calor que fazia. Resolvi não almoçar, e segui viagem, de Ipu passei por Varjota e cheguei em Santa Quitéria, que é o maior município em extensão do Ceará, indo em frente cheguei em Canindé, cidade famosa pelas romarias e um importante polo do Sertão cearense, o objetivo era dormir na serra, e fui em direção ao Maciço de Baturité e ia dormir em Guaramiranga. Antes de ir para a Pousada fui rápido até o Pico Alto assistir mais um por do sol dessa viagem. Guaramiranga é um destino bem turístico, vários fortalezenses aproveitam o clima serrano, tem bons restaurantes e opções de hospedagem. Ao todo viajei 330km. Dia 16 - 04 de setembro. Guaramiranga/CE -> Natal/RN E acabou, último dia da viagem, aproveitei bastante ainda para passear em Guaramiranga, fui na Cachoeira do Perigo e passei no Mosteiro dos Jesuítas no alto da serra em Baturité, de lá foi só estrada, uma parada para almoçar em Mossoró e cheguei em Natal. Os últimos 570 quilômetros dessa jornada massa. Valeu cada trecho, cada perrengue, cada momento. O Nordeste é incrível.
  6. Nossa aventura começou no início de junho. Estava grávida de 6 meses e minha filha estava completand 3 anos. Foi uma aventura incrível conhecer o Piauí. O período foi de seca, não pegamos nenhum dia de chuva. O interiorzão do Piauí e o litoral são incríveis, muito a ser explorado. A Serra da Capivara é uma beleza à parte, com bastante estrutura. Como estávamos de carro, compramos bastante artNos apaixonamos pelo estado! Mambaí (08 a 11/06) - saímos de Brasília cedo. Resolvemos ir por Mambaí e de quebra ficar uns dias lá. A nossa situação é a seguinte: somos um casal com uma filha de 3 anos e na época da viagem eu estava grávida. Uma aventura e tanto. Marcamos pelo booking.com o Mambaí Inn, que são alguns chalés. visitamos a Cachoeira do Funil, a Caverna Lapa das Dores, a Cachoeira do Alemão e a Cachoeira Paraíso do Cerrado, sendo que esta última foi a única que não precisava de guia. Para acessá-la, tem que ir até a cidade de Damianópolis, tem no maps. Lá os donos cobram e levam você até a cachoeira. As cachoeiras de Mambaí precisam de guia que você consegue na cidade. Essas que fomos são acessíveis para grávida (eu) e criança de 3 anos. Barreiras (11/06) - marcamos no Ventura hotel. Simples e ok, valeu a pena. Só dormimos para ir em direção ao Piauí, Na volta para Brasília dormimos lá também. Bom Jesus do Piauí (12/06) - marcamos no Hotel Brasão, o que foi um vacilo dormir lá. Em uma cidade do lado chamada Cristino Castro, dá para dormir em um lugar chamado Gurgueia Park Hotel, que tem piscina de água natural, além do fato de que se você tiver de 4x4, dá para fazer um passeio incrível, como os cânyons do Viana. Muito a ser explorado no Piauí! Coronel José Dias (Serra da Capivara) (13 a 15/06) - marcamos pelo airbnb uma casa incrível, com o visual lindo para o parque. Ficamos encantados com a Serra da Capivara. Visitamos o Museu da Natureza, construído por Niède Guidon, incrível. Marcamos um guia para um dia, que nos levou para o parque (pinturas rupestres) e para o pôr do sol no Vale das Andorinhas (que tmb tem pinturas rupestres). Pena que não vimos as andorinhas, pois elas não apareceram, mas quando elas aparecem dizem que é um espetáculo à parte. Teresina (15 a 17/06) - marcamos pelo booking.com um flat em um condomínio. Tomamos café em um dia no mercado Mafoá e fizemos um passeio pelo encontro dos rios Poti e Parnaíba. À noite fomos na festa junina do shopping Rio Poti. Pedro II (17 a 19/06) - ficamos em uma pousada muito legal chamada Pousada Rústica, bem rústica mesmo. Passeamos pela área central onde ficam várias lojas de opala. Aproveitamos e marcamos um passeio com uma guia, por dois dias, que nos levou para o morro do Gritador, uma mina de opala e algumas pinturas rupestres que estão bem danificadas (Torres). Também conhecemos um lugar incrível chamado Parque Nacional de Sete Cidades, que fica entre Piripiri e Piracuruca, com pinturas rupestres e formações rochosas incríeis. Além disso tem um banho de cachoeira no final. Barra Grande (20 a 24/06) - ficamos na pousada Eolos, bem gostosa. Fomos para Barrinhas, fizemos alguns passeios locais na região de mangue para ver cavalo marinho, fomos conhecer o maior cajueiro do mundo em Cajueiro da Praia. Em um dos dias passamos o dia em Coqueiro, no Aimberê Eco Resort. Conhecemos a praia de Carnaubinha. Fizemos um dia no Delta do Parnaíba. Atins, Lençóis Maranhenses (24 a 28/06) - ficamos pelo Air BNB, foi bem legal. Saímos de Barra Grande para Barreirinhas, no Maranhão. Estrada no Maranhão está precária, mas tivemos a sorte de conhecer os Pequenos lençóis maranhenses. Lindo! A estrada que vem do Piauí passa bem no meio. Tem lugar para estacionar e tomar banho nas águas formadas entre as dunas. Chegando em Barreirinhas, deixamos nosso carro e pegamos um barco pelo rio Preguiças (tem que ficar de olho nos horários). Demais! Em Atins fizemos dois dias de passeio no parque. Vimos o por do sol maravilhoso no parque. Posso dizer que foi um dos lugares mais incríveis que conheci! Também fizemos o passeio dos guarás, mas vimos poucos. Foi bem legal. Castelo do Piauí (28 a 30/06) - valia uns dias a mais. Tem um único hotel bem ruim, mas era o que tinha. Fizemos o passeio dos canyons do rio Poty, lindo! Tem o passeio na formação rochosa que dá nome à cidade e um outro passeio que só faz de 4x4, que dá para fazer um passeio pelo rio e ver artes em rupestres em relevo. Nesses últimos não fomos. Essa região vale mais tempo!!! Muito pouca explorada! Serra da Capivara (01 a 03/07) - passamos o aniversário do Dani por lá. Voltamos para lá porque gostamos muito. Nos hospedamos na fábrica de cerâmica e fizemos umas comprinhas. Fizemos alguns outros passeios e rumamos de volta para Brasília. Cristino Castro (03/07) - ficamos no hotel Gurguéia. Delícia com piscina de água natural. A região tem lugares interessantes na serra. Vale a pena conhecer melhor. Barreiras (04/07) - dormimos no mesmo hotel Posse (05/07) - dormimos em uma pousada bem gostosa e dia 06 estávamos em BSB
  7. Um pouquinho mais sobre esse lugar magnífico: http://viagensdaleticia.tumblr.com/post/178525482929/uma-jóia-um-tesouro-serra-da-capivara-pinturas Não é tão simples chegar à Serra da Capivara. Mas existem algumas opções. Tive bastante dificuldade pra encontrar informações. Agora, faria algumas coisas diferentes, de uma forma que o tempo pudesse ser melhor aproveitado. Mas toda experiência é válida. A Serra da Capivara é uma beleza natural maravilhosa, dá pra fazer trilhas, subir montanhas, ou visitar de maneira calma e andando pouco. Tem até acesso para cadeirante em alguns sítios. O tesouro arqueológico é interessantíssimo. O Brasil e o mundo precisam conhecer essa maravilha pra que tenhamos mais incentivos de pesquisa e preservação dessa riqueza. A cidade de São Raimundo é grande na região. A rede hoteleira é pouco explorada e pouco desenvolvida. Mas dá pra se hospedar com um mínimo de conforto e curtir bastante os passeios durante o dia. A cidade base para visitar o Parque Nacional da Serra da Capivara é São Raimundo Nonato, no sudeste do Piauí. A cidade tem aeroporto, porém atualmente só opera voos privados. Nenhuma companhia aérea está fazendo voos pra lá ainda. O aeroporto mais próximo então é o de Petrolina, em Pernambuco. A distância entre as duas cidades é cerca de 250Km. Chegada a Petrolina na madrugada de domingo pra segunda. Tive que dormir em Petrolina pois só achei transporte pra São Raimundo durante o dia. Tinha 4 contatos na mão, porém todos eram da mesma pessoa. O ônibus sai da rodoviária por volta das 11h da manhã. Acabei optando pelo transfer, que me pegou no hotel às 14h. O transfer do Neto opera de Petrolina pra São Raimundo de 2a., 4a. e 6a. as 14h e demora 6h o trajeto. O caminho inverso também opera nos mesmos dias, mas com saída as 6h da manhã. Perdi o dia todo viajando, um dia inteiro perdido apenas para deslocamento. Cheguei a São Raimundo por volta das 20h, depois de longo trajeto ouvindo sertanejo e Wesley Safadão o tempo todo, com diversas paradas, muitos animais na pista e uma menininha passando mal no banco logo atrás. Fiquei hospedada no Hotel Real, bem no centro da cidade. Tinha agendado com a guia Eliete para me guiar na visita ao parque. Não é possível visitar o parque sem guia. Li ótimas referências dela na internet, entrei em contato com pessoas que fizeram passeio com ela, e acabei fechando com ela. O valor do serviço de guia é meio tabelado - R$ 150/dia e como eu não tinha transporte, ela fechou por R$ 350/dia, sendo mais R$ 200/diária do carro dela. Porém ela teve um contratempo na segunda-feira e acabou me direcionando para outro guia, o Isomar. O Isomar é técnico de conservação do parque, já trabalhou na conservação de pinturas rupestres lá no parque e, apaixonado pelo trabalho, me contou toda a história das pinturas, da criação do parque, da cultura da região e um monte de outras informações. Ou seja, foi ótimo. Adorei o serviço do guia, além dele ser super gente boa. Então eu visitei o parque 4 dias, 3a. 4a, 5a, e 6a. O problema foi que o meu voo saía de Petrolina no sábado às 13h. E como chegar de São Raimundo a Petrolina no sábado? Não chega! O ônibus sai de São Raimundo às 11h e leva umas 5h até Petrolina. O transfer do Neto saía na 6a. às 6h da manhã. Ou seja, eu perderia mais um dia de passeio. Um táxi particular custa cerca de R$ 700 (totalmente fora das minhas possibilidades). Acabei achando duas cariocas no meu hotel que já tinham um táxi contratado no pacote que fizeram, e deixariam São Raimundo na 6a a tarde. Então foi minha única saída, viajar com elas. Porém sacrifiquei metade da 6a feira pra isso e tive que dormir mais uma noite em Petrolina. Meu destino seguinte era Palmas, mas quem disse que eu consegui informações de como chegar a Palmas de ônibus? Não consegui. Acabei fazendo uma rolê bem grande - São Raimundo (táxi)-Petrolina-Salvador-Brasília (avião) - Palmas (ônibus). E foi só quando cheguei a Rodoviária de Brasília que descobri que existe ônibus de Floriano (cidade vizinha de São Raimundo) até Palmas. Tudo bem que a viagem duraria 25h de ônibus, mas pelo menos eu teria aproveitado mais dois dias de passeio na Serra da Capivara e quiçá Serra das Confusões. Fica a dica: o trajeto de Floriano a Palmas é feito pela viação Real Maia. O que eu faria diferente: considerando os dias de transfer, vale a pena reservar uma semana pro passeio, pra perder esses 2 dias de deslocamento entre Petrolina e São Raimundo, e ainda aproveitar 3 ou 4 dias na Serra da Capivara e 1 dia na Serra das Confusões. contatos: guia Isomar: (89) 81123988 (89) 81383829 guia Eliete: (89) 81261435 transporte: voo direto da GOL de São Paulo a Petrolina (PE). Pernoite em Petrolina (voo de madrugada). De Petrolina a São Raimundo Nonato (PI) transfer do Neto hospedagem: Petrolina - Hotel Costa do Rio e Orla Guest House (ambos na costa, de frente pro Rio São Francisco). São Raimundo Nonato: Hotel Real Um pouquinho mais sobre esse lugar magnífico: http://viagensdaleticia.tumblr.com/post/178525482929/uma-jóia-um-tesouro-serra-da-capivara-pinturas veja fotos no meu instagram: @viagensdaleticia e na minha página do facebook: @viagensdaleticia
  8. NaraL

    Piauí

    Estou querendo conhecer os lençóis Piauienses e Jericoacoara entre os dias 26/12 a 04/01/2021.Me indiquem roteiros e onde ficar.Sou de Ribeirão Preto/SP
  9. DATA DA VIAGEM: FERIADO DE TIRADENTES, ABRIL DE 2017 Informações Iniciais: Trecho 1: João Pessoa/PB – Parnaíba/PI, dormindo em Maracanaú/CE, ~ 1.160 km, via BR-101 e BR-304, ambas em boas condições com trechos ruins no litoral norte do Ceará. Trecho 2: Parnaíba/PI – Jijoca de Jericoacoara/CE, ~ 230km Trecho 3: Jijoca de Jericoacoara/CE – João Pessoa/PB, dormindo em Maracanaú/CE, ~ 980km. Gasolina (preço médio do litro R$ 3,80): ~ R$ 900,00 (~ R$ 225/Pessoa) Transporte: Carro (Sandero motor 1.6) Grupo: 4 Mulheres Hospedagem em Parnaíba: Pousada Chalé Suíço, via Booking, Quarto quádruplo R$ 160/dia (R$ 40,00/dia/pessoa) com excelente café da manhã, piscina e quartos bem simples mas ok. Hospedagem na Vila de Jericoacoara: AirBnb, belíssima casa de revista da Lydie, uma moça francesa (https://www.airbnb.com.br/rooms/633549) super solícita, R$ 225/dia (R$ 56/dia/pessoa), sem café mas com camas, rede, banheiro moderno e tudo muito confortável. Guia no Delta: Léo dono da lancha (86) 9 94850-5680 (whatsapp) e Tito (guia e barqueiro) DETALHE IMPORTANTE: TODO O LITORAL TEM PLACAS GRANDES E NOVAS DE INDICAÇÃO PARA TODAS AS ATRAÇÕES. NÃO TEM ERRO DIA 1 (Noite) – CENTRO HISTÓRICO DE PARNAÍBA E CALÇADÃO CULTURAL O centro histórico fica às margens do Rio Parnaíba, junto ao Porto das Barcas e conta com bons restaurantes, barzinhos, lojas de artesanato e hotéis, instalados nos antigos galpões e casarios do porto que são do século 16. Aqui é onde se concentram os turistas. O centro histórico tem influência arquitetônica inglesa e está muito bem preservado. Saindo das margens do rio e entrando pela cidade é possível ver prédios de órgãos públicos, bancos e centros comerciais nos casarios antigos, além da igreja matriz e praças bem bonitinhas. A cidade surpreende e tem boa infraestrutura de turismo, mas sem muitas opções para badalação. O Calçadão Cultural é um espaço com bares diversos que vão até mais tarde, música ao vivo e outras opções de lazer e comida, situado na beira rio norte, uns 20 minutos a pé do Porto das Barcas. Tem opções mais baratas que o Porto das Barcas e é mais frequentado pelos moradores. Charmoso Centro Histórico de Parnaíba/PI DIA 2 – LAGOA DO PORTINHO + LITORAL (LUÍS CORREIA) O acesso à Lagoa do Portinho é fácil, indo sentido Luís Correia + estradinha de terra, cujo acesso tem placa na beira da rodovia PI-116. Devido ao excesso de gado no entorno, a água está eutrofizada e imprópria para banho. Têm infraestruturas de lazer mas algumas estão abandonadas. Destaque para as vaquinhas vivendo livremente por aqui. Vale a pena pela belíssima vista e para começar a sentir as dunas da região. Duna tomando a estrada p/ Lagoa do Portinho (tem desvio) Belíssima Lagoa do Portinho - Luís Correia Seguimos sentido Luís Correia, para o litoral de fato, até onde deságua um dos braços do Parnaíba na região do Porto de Luís de Correia. Tem bares onde os pescadores ficam mas a área não é muito boa para banho. Destaque aqui para um imenso parque eólico na outra margem do rio. Porto de Luís Correia Paramos para banho e água de coco na primeira e mais lotada praia de Luís Correia (Praia de Atalaia) onde tem infraestrutura ao longo de toda a avenida beira-mar. O mar é de aluvião, formando uma longa planície de areia, com água marrom por influência do Rio. Qualidade da água é super boa, temperatura é quentinha. Vendedores ambulantes passam e as coisas tem ótimos preços. Praia de Atalaia - Av. Beira Mar - Luís Correia A partir daqui seguimos pela estrada da costa (PI-116) parando onde tinham placas indicando as praias para ver e fotografar até a Praia do Farol (UAU). Praia deserta, belíssima e ótima para banho, com um farol super preservado e todo cercado, em pleno funcionamento, sob responsabilidade da Marinha. Ótima sinalização - Praia do Farol - Luís Correia Praia do Farol deserta - Luís Correia Voltamos para a PI-116 e continuamos seguindo pela costa até a Árvore Penteada, atração famosa da região resultado da ação do vento sobre a vegetação. Destaque para as dunas, a vegetação rasteira e para uma enorme quantidade de jegues e outros animais domésticos vivendo livremente. Dirigir com cuidado por causa dos animais. Árvore Penteada - Luís Correia Logo a frente saímos da rodovia e seguimos por uma estrada local pavimentada até a Ponta do Anel, nas Praias de Maramar e de Macapá, local onde deságua o Rio São Miguel e onde termina o município de Luís Correia. Praia de aluvião também belíssima, com boa infraestrutura de restaurantes e pousadas. Para quem quiser um lugar mais sossegado sugiro o Dunas Bar que fica um pouco afastado do burburinho e onde toca um bom reggae. Almoçamos aqui um PF de peixe frito a R$ 15/pessoa. Além de banho de mar aqui rola banho de rio. Também vimos bem o efeito da maré que recua e forma lagoas transparentes por quase 1km mar adentro. E depois o mar sobe rapidamente, momento que os pescadores colocam os barcos na água. É incrível!!! Rio São Miguel desaguando no mar - Praia de Macapá - Luís Correia (vista a partir do Dunas Bar) Fenômeno do recuo da maré e lagoas que se formam - Praia de Macapá - Luís Correia Maré subindo e pescadores - Praia de Macapá - Luís Correia Na volta da Praia de Macapá paramos na cidade de Luís Correia para conhecer o centrinho comercial e tomamos o melhor sorvete do mundo (SÉRIO!!) na SORVETERIA DO ARAÚJO. Sabores convencionais e regionais (bacuri) maravilhosos. R$ 10,00 a casquinha grande. DIA 03 – LAGOA DE SOBRADINHO + LITORAL (BARRA GRANDE E CAJUEIRO DA PRAIA) Novamente saímos de Parnaíba sentido a Luís Correia, pela PI-116 rumo à outra lagoa famosa da região. Do lado oposto ao conjunto de dunas e areal da Lagoa do Portinho está a Lagoa de Sobradinho, no povoado de Sobradinho. O acesso a ela fica na PI-116, mas não tem placa grande, logo após o acesso da Praia de Macapá. O povoado de Sobradinho é bem simpático, com igrejinha antiga e povo tranquilo, lugar parado no tempo. A Lagoa de Sobradinho sofre com eutrofização assim como a Lagoa do Portinho e está imprópria para banho. Também vale a visita pela vista. Lagoa de Sobradinho - Luís Correia - Povoado de Sobradinho Retornando à PI-116 seguir nela até o encontro com a BR-402. Da rotatória da BR-402 seguimos sentido Ceará por ~ 2,5km até o acesso para o município de Cajueiro da Praia. Nessa estrada local pavimentada seguimos por ~ 7km até o entroncamento que indica Cajueiro da Praia (12km indo reto) e Barra Grande (14km a esquerda). Atenção redobrada porque a quantidade de bichos domésticos (vacas, bois, jegues, porcos, galinhas) cruzando a estrada não é brincadeira. Seguimos sentido Barra Grande até o ponto final na praia que, segundo se especula na região, é a nova Jericoacoara. Barra Grande pertence ao município de Cajueiro da Praia e está na outra margem do Rio São Miguel (oposta à Praia de Macapá em Luís Correia). À primeira vista a vila não é arrumada, mas na medida que você vai entrando a coisa vai se ajeitando. E realmente valeu a pena. É lindíssima!! Uma boa infraestrutura e muito bem preservada. Vimos muitos bichos nativos, até arraias. Aqui também é possível ver bem o fenômeno do recuo da maré e formação de lagoas mar adentro. Almoço PF por R$ 14,00 no Bar e Restaurante da Paula. Sugiro caminhar da praia de Barra Grande até a Praia da Barrinha e ir apreciando as lagoas, bichos e água limpa e quentinha. Equinodermo - Praia de Barra Grande Animais cruzando a estrada todo o percurso Belíssima Praia de Barra Grande e o fenômeno de recuo da Maré De Barra Grande retornamos na estrada até o cruzamento e entramos sentido Cajueiro da Praia, para conhecer a sede do município e a última praia do litoral piauiense. Passeamos da cidadezinha que é bem precária até a orla, na vila dos pescadores. De todas as vilinhas e cidades, esta foi a mais pobre. Vimos inclusive uma “escola” que era uma única sala de aula e crianças de diversas idades misturadas. Coisa que não via pelos interiores desde a década de 90. É uma tristeza, mas a paisagem é belíssima, apesar de saneamento e recolha de lixo precários. Cajueiro da Praia - Última praia do litoral piauiense Voltando para Parnaíba, via Luís Correia, pelo mesmo caminho da ida, paramos para uma cervejinha e para apreciar o pôr-do-sol de cair o queixo na Praia de Coqueirinho. E antes de voltar para Parnaíba, mais uma parada obrigatória na Sorveteria do Araújo. DIA 04 – DELTA DO RIO PARNAÍBA Enfim, o dia D da viagem. Por toda a cidade de Parnaíba tem agências de turismo que fazem os passeios pelo Delta e são várias as opções de percurso e de preços. O passeio clássico, que tem saída todos os dias, é de catamarã do Porto dos Tatus seguindo pelo braço principal do Rio Parnaíba na divisa dos estados (PI/MA) até o mar. Custa R$ 70, com almoço incluso servido no barco, música e duração de umas 2h. Para quem está só ou com pouco tempo pode ser uma opção. Eu acho furada (risos). Nós contratamos um passeio particular de lancha que ficou R$ 450 (R$ 112,50/pessoa) e durou de 9 as 19:00 com o melhor barqueiro/guia do mundo (Tito). Ele guia pesquisadores pela região e tem profundo conhecimento da fauna e flora locais, além de ser super educado e confiável, visto que éramos mulheres “sozinhas”. Fizemos dois circuitos: Baía do Feijão Bravo (manhã) e Revoada dos Guarás (tarde). Seguimos de manhã de Parnaíba sentido ao Porto dos Tatus e encontramos o Tito logo cedo. Dali seguimos de lancha sentido à Baia do Feijão Bravo, em alto mar, passando por braços principais e canais secundários do Delta, contornando a Ilha dos Poldros e parando em dunas com lagoas e nos manguezais. Ao longo do percurso passamos por alguns grupos de homens trabalhando nos mangues na catação do caranguejo, principal atividade econômica das comunidades ribeirinhas que ali vivem. O Tito parou e nos ensinou como é que faz (só não aprendemos..rs) Catação do caranguejo - Atividade de subsistência - Delta do Rio Parnaíba - Ilha dos Poldros Percurso (~1km) entre Dunas e Lagoas do Rio até o Mar - Baía do Feijão Bravo - Delta do Parnaíba Alto Mar Deserto - Baía do Feijão Bravo - Delta do Parnaíba Ovo de Gaivota - no meio do caminho entre o rio e mar - Baía do Feijão Bravo - Delta do Parnaíba Retornamos para o braço principal do rio. Parada para almoço e descanso no restaurante da Pousada Casa de Caboclo, na comunidade Canárias. Surpreendentemente chique. Quando vi pensei que ia deixar um rim para almoçar, mas um peixe com ensopado de caranguejo que serviu bem as 4 mais 2 refri lata ficou R$ 100 (R$ 25/pessoa). Só aceitam dinheiro. Restaurante - Comunidade das Canárias - Delta do Parnaíba Após o almoço seguimos direto por quase 3:00 na lancha por braços principais e canais secundários já Maranhão adentro até enormes dunas e lagoas próximas à área de refúgio dos guarás, num dos braços principais do Delta pouco antes do alto mar. Novamente subimos dunas e tomamos banho de rio e nas lagoas. Canais pelos mangues - Delta do Parnaíba - Maranhão Sem comentário - Delta do Parnaíba - Maranhão Sem Comentários [2] - Delta do Parnaíba - Maranhão Sem Comentários [3] - Delta do Parnaíba - Maranhão Ao entardecer seguimos daqui para uma pequena ilhota, onde o barco fica parado na água com motor desligado e a gente de boca aberta vendo o espetáculo dos Guarás chegando para pousar e adormecer. Os guarás são aves nativas de manguezais que medem entre 50 e 60cm, com bico fino, longo e curvado. A plumagem colorida, praticamente florescente se deve à alimentação a base de caranguejo-uçá, rico em pigmentos do tipo carotenos. É um espetáculo de chorar para os apreciadores da natureza. Revoada dos Guarás - Delta do Parnaíba - Maranhão Retornamos pelo delta já entre o escurecer e a noite. Dá medinho, mas é bem legal. DIA 05 – PRAIA PEDRA DO SAL + ESTRADA PARA JIJOCA DE JERI De malas prontas, seguimos para conhecer a única praia que pertence ao município de Parnaíba, a Pedra do Sal. Atravessamos a ponte sobre o rio no Porto das Barcas e seguimos pela PI-116 até o seu marco zero. A praia é diferentona das outras, com faixa de areia pequena e muitas rochas. Porém, construíram bares, e tem casas abandonadas até perto da água, degradando a paisagem, além de torres eólicas. Almoçamos PF com bife por R$ 10 num quiosque grande que não fica na areia. Praia da Pedra do Sal - Parnaíba Na estrada para Jijoca de Jericoacoara (cidade base para conhecer a Vila de Jericoacoara) choveu muito e a ponte que faz a divisa do Ceará com o Piauí, na altura do município de Chaval/CE, desabou uma parte. Tivemos que fazer um desvio em estrada de terra, com muita chuva e lama que atrasou a viagem em mais de 2h. A ponte do desvio já estava praticamente submersa. Foi para deixar o Piauí com emoção. Ponte submersa - desvio - divisa PI/CE Chegamos em Jijoca de Jeri mais de 19:30 e deixamos o carro no Estacionamento do Joel (R$ 15/diária). Naquele horário já não tinham jardineiras que custam barato para vila, daí tivemos que contratar uma caminhonete. Por isso, se tiver que ir pra Jeri, trate de chegar durante o dia. Enfiaram a faca quando viram nosso cansaço e desespero para chegar. R$ 120 (R$ 30/pessoa). O trajeto é todo em areal e dunas. Ao chegar na vila vi carros populares normais estacionados, mostrando que é possível fazer o percurso de carro comum. Mas optamos por não arriscar por causa do horário e porque na Vila o carro é totalmente dispensável. A caminhonete nos deixou no airbnb onde guardamos as malas e seguimos para jantar na vila. R$ 45 (~ R$12/pessoa) Pizza + umas cervejas. A vila é realmente uma gracinha, com opções para bolsos muito cheios e para viajantes comuns como nós. Basta procurar. Cheia de baladas e ótima para curtição noturna. A primeira avaliação é que saímos de um paraíso bruto e selvagem onde tínhamos praias praticamente só nossas (litoral do Piauí) para badalação e turismo de massa, logo, houve um certo estranhamento..rs. Mas conseguimos fugir bem dos trotes ao turista. DIA 06 – VILA DE JERICOACOARA + PEDRA FURADA + FAROL De manhã passamos para conhecer a igrejinha de Jericoacoara e seguimos pela encosta e praias até a famosa Praia da Pedra Furada. Muita gente oferece passeio de bugue até lá, mas a caminhada é tão sossegada que NÃO vale a pena. Levar água e lanches. Na Pedra Furada em si tem vendedores ambulantes. Por todo o percurso o mar é de ondas "picadas" e não é muito agradável para o banho. Dá pra molhar, mas não dá pra ficar de molho na água. Igreja Nossa Senhora de Fátima - Igreja de Pedra - Vila de Jericoacoara Trilha para a Pedra Furada - Vila de Jericoacoara Trilha - Praias pelo caminho - Rumo a Pedra Furada Pausa pro lanche - Praia da Pedra Furada - Mar Bravio - Vila de Jericoacoara Daqui atravessamos toda a praia até encontrar o ponto onde os bugueiros param com os turistas e subimos a encosta sentido à vila rumo ao farol. De um lado do percurso tem o mar e do outro tem a vista das dunas e do Parque Nacional. É uma vista espetacular e vale muito a pena a subida. Os jegues e cavalos são companheiros de caminhada todo o percurso. Trilha para o Farol - Companheiros de Percurso - Mar ao fundo - Vila de Jericoacoara Topo do Morro - Farol de Jericoacoara - Fim da subida Vista de cima - Dunas - Lagoas - Parque Nacional de Jericoacoara Seguimos a trilha pelo farol que acaba em uma estrada e dá no cemitério da Vila. Mesmo sem nenhuma placa ou indicação em nenhum momento nos perdemos ou achamos que fosse necessário ter guia. Na Rua São Francisco tem várias barraquinhas com comidas de rua e restaurantes MUITO mais simples do que as opções da Rua Principal e da Rua do Forró. Jantamos no Restaurante da Nêga, uma maravilhosa moqueca de arraia num PF a R$ 15 e a cerveja custava R$ 4 a lata. Ainda rolou de sobremesa um bolo de chocolate R$ 2 a fatia e um cafezinho de cortesia. Contratamos o passeio para as lagoas em um stand em frente ao Restaurante da Nêga. R$ 60/pessoa para ver duas lagoas e a praia de Preá. DIA 7 – LAGOA AZUL + LAGOA DO PARAÍSO + PRAIA DO PREÁ + DUNA DO PÔR-DO-SOL O bugueiro veio nos buscar às 9:00 no airbnb e seguiu pela faixa de areia até a localidade de Preá e daí até a Lagoa Azul, onde tomamos banho e uma água de coco. Eu, particularmente, acho errado o fluxo enorme de bugues e caminhonetes na areia. Passamos por uma carcaça de tartaruga marinha morta. Daí fico pensando: como esses animais fazem desova nessa areia pisoteada? Não fazem. A forma como o turismo todo é feito na região está ambientalmente errado. Uma tragédia anunciada. Carcaça de Tartaruga Marinha - Turismo Predatório - Jericoacoara Lagoa Azul - Localidade de Preá Da Lago Azul seguimos para a mais famosa Lagoa do Paraíso. O bugueiro, como é de praxe, parou no famoso, chiquérrimo e carérrimo Alquimista, das famosas redes (e super disputadas) e águas transparentes. Aqui fica o famoso pega-turista. Estava lotado, mas entramos pra ver o movimento e dar um primeiro mergulho. Por dica da nossa anfitriã do airbnb seguimos (depois de insistir com o péssimo bugueiro) de bugue do famoso ponto onde todos ficam para o Restaurante Aquários onde tinham as redes exatamente iguais (mas de sobra pra todo mundo), menos de um quinto das pessoas e muuuuito mais barato para comer e beber. Ponto amplamente frequentado pelos locais e por turistas que querem sossego. É uma delícia para passar o dia inteiro. Lagoa Paraíso - Restaurante Aquários - Jericoacoara Lagoa Paraíso - Transparente (mesmo com chuva) - Jericoacoara Na volta das lagoas paramos na Praia de Preá, uma vila de pescadores bem movimentada e não tão bonita, com fluxo enorme de carros na faixa de areia. Ao retornar para a vila de Jericoacoara seguimos direto para a praia principal e para a Duna do Pôr-do-sol ver o belíssimo. Vista - Duna do Pôr-do-Sol - Jericoacoara Jantamos de novo no restaurante da Nêga e fomos curtir um forrozin na vila. De manhã pegamos o transporte comum (R$ 15/pessoa) pra Jijoca de Jeri e pegamos a estrada. Achamos Jericoacoara muito mais fama do que realmente é. A forma como o turismo é feito é totalmente predatória contra o parque nacional. O que é uma pena.
  10. Olá mochileiros Estou na estrada há quase 5 meses viajando pelo litoral brasileiro, tenho muita coisa pra compartilhar, mas decidi por começar os relatos com o litoral do Piauí - que é maravilhoso - mais especificamente sobre Barra Grande, que é onde estou no momento. Eu nem fazia ideia da existência de praia no Piauí (vergonha, eu sei!), quanto mais de praias maravilhosas como Pedra do Sal, Coqueiro, Barrinha… um amigo de São Paulo me recomendou seguir a Rota das Emoções assim que caísse no Maranhão, daí pergunta daqui, pergunta de lá e o nome da Barra Grande sempre aparecia como um lugar IMPERDÍVEL. Cheguei no Piauí vinda dos Lençóis Maranhenses, de ônibus: de Barreirinhas a Tutóia de ônibus (sai por volta das 11h, não lembro o preço =/), depois de Tutóia a Parnaíba (sai de Tutóia por volta das 14h, 15h, compra na hora, $20). No centro de Parnaíba saem micro-ônibus e vans diariamente para o litoral: Luís Correia - praia do Atalaia, praia do Coqueiro; Cajueiro da Praia e Barra Grande. Barra Grande está situada no litoral do Piauí, mais especificamente no município de Cajueiro da Praia. É praia querida por kitesurfistas (por conta do vento abundante e da ótima estrutura para os praticantes) e aventureiros em busca de praias de beleza selvagem e sem muvuca, e parada mais que obrigatória para quem percorre a Rota das Emoções. Parnaíba é a cidade mais próxima - fica a 78 km - e tem conexões rodoviárias com várias cidades, além de um aeroporto com voos aos sábados! Fiquei em Parnaíba por 3 dias, lá conheci um piauiense que me recomendou conhecer a Praia do Coqueiro, em Luís Correia, a caminho de Barra Grande. A CAMINHO - Passei uma noite na Praia do Coqueiro e decidi ir pra Barra Grande no dia seguinte - tinha visto que tinha transporte para BG na parada dos micro-ônibus em Parnaíba (ele só circula de segunda a sábado), “a estrada é a mesma, não tem erro”, pensei. Porém era domingo, o único dia da semana que as vans não vão pra BG! Me lasquei - só que não, rs. Os piauienses são muito solícitos, e me ajudaram: na saída do Coqueiro peguei o micro-ônibus ($7) até Cajueiro da Praia; desci num posto e um moto-táxi me levou até BG por $10. Sucesso! PRA FICAR - Em Barra Grande caí no Raízes Eco Hostel - como passei um tempo viajando em lugares com pouco sinal de internet e tenho construído o meu roteiro de forma mais orgânica, conforme vão me sugerindo lugares, acabei não tendo muito tempo pra pesquisar. O Raízes veio pra mim numa busca rápida - hostel, Barra Grande - e foi amor à primeira olhada no IG. O hostel é todo baseado nos conceitos da permacultura, e foi bio-construído: paredes de hiperadobe, uso de composteiras, tratamento da água cinza, fossa ecológica, teto verde, captação de água da chuva. Além de ser eco, é lindo de morrer! Ou seja, caí no lugar certo, afinal ando buscando práticas mais sustentáveis não só em casa mas no decorrer da jornada. Ficar no Raízes é uma experiência educativa também pros hóspedes, tudo é sinalizado dentro do hostel, justamente para que essas ações possam ser reaplicadas nas nossas casas. O hostel é bem equipado, charmoso, bem localizado (pertinho da praia e do comércio) organizado e limpo, e serve um café da manhã delicioso - quem tá na estrada sabe o quanto um café fresquinho e um bolo caseiro deixam a caminhada mais gostosa! De noite funciona o Raízes Bar, aberto ao público de fora do hostel, com cardápio de comidas rápidas feitas artesanalmente - pizza artesanal assada no forno à lenha! -, cerveja, caipirinhas. A diária no quarto coletivo sai por R$ 60, com café-da-manhã incluso e promoção de double caipirinha na chegada! Pra quem viaja de casal ou em família (o hostel recebe muito bem famílias com criança!) tem quartos privativos com vista privilegiada, deu vontade de ficar uma noite só pra sentir a vibe, rs. SOBRE BARRA GRANDE - Barra Grande é LINDA. O mar do Piauí é de uma cor turquesa muito brilhante, pra mim que venho acompanhando o mar desde o litoral do Pará é muito louco observar a mudança de tom, temperatura, fluxo… A praia é meio de tombo, tem dias que a maré tá suave pra entrar e boiar, tem dias que ela tá mais movimentada. Caminhando sentido Barrinha - à direita - depois do cemitério tem um rio que encontra o mar e forma uma lagoa. Caminhando sentido Macapá - à esquerda - ficam as barracas de praia, o complexo BGK, os kitesurfistas, enfim, o agito da praia. Caminhando até depois da última barraca, bem pra frente, é possível conhecer o mangue - vale pelo pôr-do-sol, que é maravilhoso. Aliás, na Barra Grande o céu fica rosa ao entardecer… um espetáculo à parte. A praia é bem limpa e o mar é super próprio pra banho. Nos finais-de-semana a praia fica bem lotada, a quantidade de lixo nas barracas aumenta, mas felizmente o pessoal que comanda o comércio agiliza a limpeza - uma pena ver que quem frequenta a praia polui e vai embora, deixando a sujeira pra população local. Barra Grande é destino querido dos kitesurfistas por causa do vento (venta muito, a galera do kite pira!). Mas quem não é praticante consegue curtir - e muito - a praia e as outras belezas. Tem passeios ecológicos, eu ainda não me engajei em nenhum, mas sei que dá pra sair pra ver os cavalos-marinho e o peixe-boi. A vila é um charme: ruas de pedra e de piçarra, casas floridas, praça com igreja, pessoas conversando nas soleiras da porta, jumentos e porquinhos nas ruas. Pra quem curte vila de praia mais tranquila Barra Grande é um deleite, sem aqueles empreendimentos hoteleiros gigantescos que descaracterizam o lugar e escondem a população local, transformando a praia num pico elitizado e somente para turistas endinheirados e pouco interessados na comunidade e na natureza. Faz-se tudo a pé, e próximo do hostel e das pousadas tem mercado, adega, frutaria, peixaria, cafés, padaria, farmácia… só não tem banco! Mas a maior parte dos locais aceitam cartão, então dá pra se virar bem. PRA COMER - acabo cozinhando e dividindo rango, até porque a cozinha do Raízes é toda equipada e dá pra ficar bem à vontade. Mas tem opções boas de prato feito na barraca da Croa (fica na praia, próximo ao Kite Lounge), e comidinhas. Recomendo muito o Cocinharte, que vende empanadas argentinas e faz promoções durante a semana. Para comprar, recomendo a frutaria da Clarinha e as peixarias locais - sempre tento me informar com a galera os melhores lugares para comprar comida e aproveitar as safras. No Piauí o caju é abundante, a banana é deliciosa, dá pra inventar e ser feliz, além de participar de forma positiva da economia local. PRA CHEGAR SEM PERRENGUES E SURPRESAS - Pra quem vai de ônibus: vindo de Teresina, tem carro saindo diariamente da rodoviária às 23h30 pela Expresso Guanabara (valor aprox. $90). Se você você estiver vindo do Maranhão ou do Ceará, o melhor é descer em Parnaíba, e de lá vir com o microônibus da Damasceno ($15, agência Fontenele, fica no centro da cidade, rua São Sebastião), com saídas de segunda à sexta às 10h30, 14h, 16h, e sábado às 14h (aos domingos não tem transporte direto pra BG!). Dá pra vir de transfer também, sai em média $100 - a empresa Rota Combo faz todos os trajetos da Rota das Emoções. NAS REDONDEZAS - vale muito à pena conhecer a praia de Macapá, a praia do Coqueiro e as outras de Luis Correia. Se você estiver por conta, dá pra descolar caronas pra lá se não, tem sempre a opção do ônibus que está voltando de Barra Grande pra Parnaíba. Espero ter contribuído! O litoral do Piauí é lindíssimo e ainda pouco explorado.
  11. De volta ao Piauí. Um ano antes, no mesmo feriado de 12 de Outubro, conhecemos um dos maiores tesouros nacionais que é a Serra da Capivara. Este ano conseguimos novamente preços aceitáveis para curtir o feriado no Piauí, e dessa vez escolhemos o litoral. Conhecer o Delta do Parnaíba, percorrer o menor litoral brasileiro, conhecer a vibe de Barra Grande (do Piauí, para não confundir com o homônimo da Bahia), As praias de Luis Correia, etc. Era o que estava nos planos. E, novamente, além de uma viagem de avião (Rio-Brasília-Teresina), teríamos uma longa viagem terrestre pela frente. Chegamos em Teresina de madrugada e apenas fomos dormir mais algumas horas num hotel nos arredores. Partimos para o litoral logo cedo no dia seguinte. O fluxo de carros era grande dessa vez, bem maior que na direção sul que pegamos no ano anterior. Ok, é sabido que muito mais gente visita o litoral que a Serra da Capivara. A viagem terrestre até Barra Grande do Piauí levou pouco mais de 5hs. São 400 km. Escolhemos Barra Grande como base por ter lido que era tida como a “Jeri do passado”, com ruas de areia e boa vibe. Acho que foi ótima escolha, é bem agradável passear pelo centrinho de noite. E bem badalado. A praia é ótima, e linda. Pousadas são relativamente caras – depois soube que a elite de Teresina adotou a região, daí os preços mais elevados. Nesse dia da chegada ficamos de relax na praia de Barra Grande por toda a tarde. Conseguimos uma barraca bacana (kyte), depois fomos curtir um pouco o mar (maré estava alta) e o espetacular pôr do sol numa barraca (capucho) um pouco mais afastada (menos gente!), em frente às pousadas de luxo de beira de praia que tem por lá. Vale repetir: o pôr do sol de lá é um momento sublime. Ah, e o vento. Constante, forte. Por isso as dezenas de kytes na água, o que dá uma beleza especial ao pôr do sol. Parecem pássaros ao longe. Não tem muito o que falar e descrever. Vale sentir e apreciar. Curtimos ainda uma piscininha noturna. De noite batemos perna no centrinho, esbanjamos num jantar finesse (restaurantes tinham longa filas por lá!) e fomos dormir. Vida boa. Sábado era dia de explorar o litoral. Usei como referência o ótimo relato da Érica Martins (https://www.mochileiros.com/topic/74878-relato-delta-do-parna%C3%ADba-litoral-do-piau%C3%AD-jericoacoara-7-dias/) e partimos no sentido inverso ao dela. Na viagem que fizemos para a Capivara encontrávamos sempre animais na estrada. As estradas são geralmente muito boas (para o litoral pareciam um pouco piores que para o sul), perigo maior são mesmo os bichos que de vez em quando cruzam. Entre as estradas do litoral, sobretudo em Cajueiro da Praia (Barra Grande), tinha muito bicho. Era galinha, porco, cachorro, gato, burro, bode, pato... praticamente um safari. Nesse dia (sábado) nossa primeira parada foi na Praia de Macapá, em Luis Correia. Praia de rio que desemboca no mar. Fomos seguindo a estradinha até nos depararmos com ônibus de turismo estacionados e carros fazendo manobras. Sinal de que é melhor voltar dali! Lotado de gente. Como a região é bem grande, recuamos para o primeiro bar de praia que vimos e fomos curtir a praia. Sublime. A Praia de Macapá, sobretudo naquela hora de maré baixa, é daquelas que eu posso estacionar e curtir durante longas horas. Vasta, cheia de curvas que são formadas pela combinação entre vento e maré baixa, belíssima. Muito pouca gente na região onde estávamos. Logo do lado tinha a maior galera num dos bares – aquele dos ônibus parados. Sempre tinha alguém curtindo um kyte também. Ficamos lá por um tempo e partimos. Nossa meta era explorar o litoral. Olhando para trás, eu teria ficado mais tempo por lá. Antes de partirmos vimos dois carros atolados na areia sendo resgatados. Areia onipresente em região de dunas e muito vento. Havia pontos na estrada com avanço das dunas (e máquinas trabalhando para retirar). Parada seguinte foi na árvore penteada, que lembra a árvore da preguiça de Jericoacoara (que, aliás, soube que tombou recentemente). É bacana, um ponto fácil para fotos. Acesso fácil e sinalizado. Dali em diante enfileiramos algumas praias para conhecer, mas acabamos apenas passando por elas. Praia do Farol (vazia, sem qualquer infra), as praias seguintes à do farol (algumas tem infra), a famosa Praia do Atalaia, urbanizada, e naquele dia beeeeeem cheia. Muita gente, muitos ônibus, flanelinhas, etc. Digo bem cheia, mas a praia também é bem ampla. Tem espaço de sobra para todos. Decidimos não parar. Ainda estiquei até a Praia do Farol Velho, mas que ficava numa região bem largada, parecia fantasma. Logo voltamos e seguimos viagem. Próxima parada foi a Lagoa do Portinho. No caminho, a duna literalmente tomou conta da estrada. Chegando lá... ainda bem que eu já tinha lido o relato da Érica. A Lagoa praticamente morreu, parece estar secando. É um lugar ainda bonito, eu diria, mas bem largado. Muita coisa abandonada. Tinha praticamente ninguém por lá. Um barqueiro veio oferecer passeio de barco, mas recusamos. Enfim, logo partimos. Fomos para Parnaíba, na zona do porto, para fechar um passeio ao Delta. Minha ideia era fechar com algum barqueiro para o dia todo, mas Katia vetou solenemente a ideia, ainda traumatizada com o barco pulante de Alter do Chão (não é nada terrível, ela que tem medo mesmo). De modo que, então, nos rendemos ao passeio habitual com a galera. Fechamos o nosso (70 pp) para 2ª feira. Naquela região tem a Sorveteria do Araújo, que é MUITO saborosa. Simples, e saborosa. Aliás, se tivéssemos nos hospedado por lá, acho que ali era o ponto de curtir a noite. Naquela hora, com o sol a pino, não tinha praticamente ninguém. Partimos para a Praia Pedra do sal, a única de Parnaíba. Galera diz que o pôr do sol de lá é bem bacana. A praia é bem grande, e dividida pelo farol. Embora houvesse bastante gente, havia espaço de sobra para todos. Ficamos um tempo por lá, mas não até o pôr do sol, que era o plano original. A praia é interessante, mas Barra Grande é melhor! (Macapá também – e aí me dei conta de que poderíamos ter ficado mais tempo por lá). Disparamos de volta para curtir ainda o pôr do sol em Barra Grande. O litoral piauiense é relativamente curto, mas a viagem da Pedra do Sol até Barra Grande leva coisa de 1,5 hora. Não é pouco. Chegamos em Barra Grande a tempo de curtir o pôr do sol, mais um. E mais um espetacular. Na mesma Barraca do Capucho, que se tornou nosso ponto final obrigatório de cada tarde. Tal qual o Restaurante o Nain, em Canoa Quebrada, semanas antes. De noite fomos compensar a esbanjada de ontem e fomos num restaurante mais guerreiro, no centrinho mesmo. Pagamos nada menos que ¼ do valor da conta anterior. Excelente custo-benefício! De resto ficamos batendo perna no centrinho, comendo tapioca doce e uma limonada com rapadura que era uma delícia. Domingo tiramos para ser um dia mais relax. Para curtir Barra Grande mesmo. Pouco carro. Amanheceu meio nublado. Partimos para Cajueiro da Praia, para conhecer o (outro?) Maior Cajueiro do Mundo, que (também?) fica lá. Tem mais estrutura do que eu imaginava. Não tinha ninguém, mas vc pode entrar numa boa. É interessante. Cajueiro é uma cidade bem menor que as outras (Parnaíba, Luis Correia), e mais pobrezinha. Rodamos rapidamente, ainda era cedo de manhã e havia pouca gente. Tem um projeto Peixe Boi por lá, mas estava fechado. Conhecemos a praia local de Cajueiro da Praia, que é bacana. Mar calmo. Mas havia bares, já de manhã, com aquelas aparelhagens de som nas alturas. Isso espanta. Fomos retornando em direção à Barrinha, parando nos mirantes pelo caminho. Passamos o resto da manhã na Praia da Barrinha, de relax. Aproveitamos para caminhar até a foz do rio que divide a Barrinha de Barra Grande. Se tem foz de rio, eu quero conhecer. Mais um belo lugar. Na verdade, no google maps consta como Lago da Santana. Seja o que for, belo lugar. Aliás, é possível (e fácil, na maré baixa, cruzar da Barrinha para Barra Grande. De tarde fomos para Barra Grande. Fazia aquele calor sinistro que faz na região quando não tem nuvem para proteger. Logo arrumamos um bar para estacionar e curtir a praia, a sombra, a cerva, e tudo o mais. A maré estava baixa, o que permitir entrar MUITO mar adentro. Vegetações e pedras cravejadas de mariscos surgem centenas de metros adentro. Fui lá conferir e curtir. Quando voltei a maré já estava em pleno trabalho crescente, o que requer atenção redobrada (para não esfolar o pé numa das pedras cheias de mariscos!). Curtimos nosso fim de tarde no mesmo lugar de sempre. Mas dessa vez uma nuvem fechou o tempo e não rolou pôr do sol. Chegou até mesmo a pingar. Coisa rara na região em outubro. Jantamos muito bem no Manga Rosa, repetimos as tapiocas e limão com rapadura, e fomos dormir mais cedo. Nossa última noite na área. No nosso último dia partimos logo cedo. A viagem até Parnaíba leva cerca de 1 hora. O passeio sai pouco antes das 9hs, do município vizinho de Ilha Grande. O barco segue o rio, passa por um igarapé, mostra caranguejos (e faz uma encenação de um tal homem lama...). E chega num braço de areia que na verdade é uma praia no delta. Ou uma ilha: Poldros. É onde param os barcos de passeios organizados. Curtimos um tempo por lá, com céu fechado. Na volta, o barco para numa área de dunas belíssimas, onde também serve caranguejo para a galera. Subi as dunas e fui entrando por elas. Na minha frente tinha um cara ainda mais explorador. Visual extraordinário. Tudo seco, tal qual quando visitamos os Lençóis Maranhenses. Andei por uma lagoa seca, mas ainda relativamente úmida. A natureza é bela de diversas formas. Depois de um tempo, voltei e fui curtir um pouco de banho de rio. Sempre uma delícia. O passeio leva +- umas 6hs e acaba no mesmo ponto. Pegamos o carro e partimos direto para Teresina. Mais 4,5hs dirigindo. Como era 2af, a o São João Carne de Sol estava fechado. Paramos numa pizzaria guerreira logo adiante para matar a fome antes de devolver o carro e dormir algumas horas. Nosso caminho de volta ao Rio começaria de madrugada e dia seguinte era novamente dia de batente. Mais um feriado desbravando algum canto do Brasil!
  12. Studart

    Serra da Capivara

    O Parque Nacional Serra da Capivara está localizado no sudeste do Estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. A superfície do Parque é de 129.140 ha e seu perímetro é de 214 Km. A cidade mais próxima do Parque Nacional é Cel. José Dias, sendo a cidade de São Raimundo Nonato o maior centro urbano. A distância que o separa da capital do Estado, Teresina, é de 530 Km. A maneira mais rápida de chegar ao Parque é através de Petrolina, cidade do Estado de Pernambuco, da qual dista 300 Km. A cidade de Petrolina dispõe de um aeroporto onde opera atualmente a Gol, e a BRA, ligando a região com Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. A criação do Parque Nacional Serra Capivara teve múltiplas motivações ligadas à preservação de um meio ambiente específico e de um dos mais importantes patrimônios culturais pré-históricos. As características que mais pesaram na decisão da criação do Parque Nacional são de natureza diversa: - culturais - na unidade acha-se uma densa concentração de sítios arqueológicos, a maioria com pinturas e gravuras rupestres, nos quais se encontram vestígios extremamente antigos da presença do homem (100.000 anos antes do presente). Atualmente estão cadastrados 912 sítios, entre os quais, 657 apresentam pinturas rupestres, sendo os outros sítios ao ar livre (acampamentos ou aldeias) de caçadores-coletores, são aldeias de ceramistas-agricultores, são ocupações em grutas ou abrigos, sítios funerários e, sítios arqueo-paleontológicos; - ambientais - área semi-árida, fronteiriça entre duas grandes formações geológicas - a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do rio São Francisco - com paisagens variadas nas serras, vales e planície, com vegetação de caatinga ( o Parque Nacional Serra da Capivara é o único Parque Nacional situado no domínio morfoclimático das caatingas), a unidade abriga fauna e flora específicas e pouco estudadas. Trata-se, pois, de uma das últimas áreas do semi-árido possuidoras de importante diversidade biológica; - turísticas - com paisagens de uma beleza natural surpreendente, com pontos de observação privilegiados. Esta área possui importante potencial para o desenvolvimento de um turismo cultural e ecológico, constituindo uma alternativa de desenvolvimento para a região. Em 1991 a UNESCO, pelo seu valor cultural, inscreveu o Parque Nacional na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade. Em 2002 foi oficializado o pedido para que o mesmo seja declarado Patrimônio Natural da Humanidade. O Parque Nacional Serra da Capivara é subordinado à Diretoria de Ecossistemas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), tendo sido concluída a sua demarcação em 1990. Em torno do Parque foi criada uma Área de Preservação Permanente de dez quilômetros que constitui um cinto de proteção suplementar e na qual seria necessário desenvolver uma ação de extensão. Em 1994 a FUMDHAM assinou um convênio de co-gestão com o IBAMA em 2002 um contrato de parceria com a mesma instituição. Depois de criado, o Parque Nacional esteve abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Análises comparativas das fotos de satélite evidenciaram esse fato. Durante este período a Unidade de Conservação foi considerada “terra de ninguém” e como tal, objeto de depredações sistemáticas. A destruição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos do sul do país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as espécies nobres. O desmatamento dessas espécies, próprias da caatinga, aumentou depois da criação do Parque, em decorrência da falta de vigilância. A caça comercial se transformou numa prática popular com conseqüências nefastas para as populações animais que começaram a diminuir de forma alarmante. Algumas espécies, como os veados, emas e tamanduás praticamente desapareceram. Estes fatos tiveram conseqüências negativas na preservação do patrimônio cultural. A falta de predadores naturais provocou um crescimento descontrolado de algumas espécies, como cupim ou vespas cujos ninhos e galerias destroem as pinturas. As causas desta situação são em parte externas à região, mas também decorrem da participação da população que vive em torno do Parque. São comunidades muito pobres, algumas das quais exploravam roças no interior dos limites atuais do Parque. Estas populações dificilmente compreendem a necessidade de proteger espécies animais e vegetais uma vez que os seres humanos apenas logram sobreviver. Assim, a população local depredava as comunidades biológicas e o patrimônio cultural do Parque Nacional e áreas circunvizinhas, pela caça, desmatamento, destruição de colméias silvestres e a exploração do calcário de afloramentos, ricos em sítios arqueológicos e paleontológicos. Fonte: FUNDHAM. - Fundação do Homem Americano
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