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  1. Está procurando dicas, relatos e informações diversas sobre a Noruega e a cultura norueguesa? Dá uma olhada nesse blog! https://norueguesnafloresta.com/
  2. Prefácio *Consumidora do mochileiros.com desde mil novecentos e dois mil e pouco, quando só achava o máximo "esse povo que viaja por aí mas se ajuda por aqui", e colaboradora desde 2017, sempre escrevi no sub-fórum "viajar sem dinheiro". Essa era minha realidade e os meios por quais fiz meus caminhos. Foram praticamente 7 anos de perambulâncias variadas até decidir me aposentar pelos mesmos motivos que alguns animais trocam seu exoesqueleto ou que humanos trocam de roupa. Não me cabia mais o conforto sob a pele. Vida que vai, vida que vem, hoje moro na Noruega e estou em caminho de ser expatriada. Atualmente, apenas imigrante. Como costumeiramente, esse não é um relato de dicas para você se virar na Noruega ou aprender tudo sobre o país. É um relato de eterna viajante curiosa que sou, apenas compartilhando as primeiras impressões sobre a tão distante - para nós brasileiros - terra dos Vikings. Quase um desabafo entre amigos de quem não fala português faz tempo e uma terna recordação pessoal. Tentar escrever um relato sobre a Noruega no sub-fórum "viajar sem dinheiro" não fez muito sentido na minha cabeça. Então, se está procurando informações precisas sobre o país, isso não serve para você. Mas se busca entretenimento descompromissado, porém genuíno, para uma eventual fila de banco ou visita ao banheiro, te convido a ficar por aqui. ** @Silnei do céu, se esse relato não couber aqui, move ele aí. Como disse, virei um sub-fórum emergente e na minha cabeça faz sentido postar aqui. Mas faz tempo que minha cabeça não faz mais sentido. Rsrs 😅 Por que diabos Noruega?! Porque me casei com um Norueguês e um de nós ia ter que abrir mão do conhecido para mergulhar no desconhecido. Como tenho uma atração quase patológica por cenários como esse, já sabemos como vim parar aqui... Rsrs 😁 A vida de viajante, principalmente de bicicleta, e de voluntariados ocupou tanto minha existência que relacionamentos de cunho amorosos-sexuais se tornaram inexistentes. Sim, foram 7 anos solteira sem nem uma bitoquinha. E tudo bem. Também nunca senti falta. Mas o tempo foi passando, a necessidade de aterrar crescendo e foi quando me aventurei a voltar para a matrix, com registro de CLT, aluguel e o drama do transporte público no ir e vir diários. Aí foi quando comecei a sentir falta. Em meu último relato ("Sobre a Solidão") abordei mais a fundo esse processo. Mas mal sabia eu que ainda tinha crédito com Deus. Na mesma semana que postei o relato aqui no fórum, um Norueguês comprava sua passagem para ir pela primeira vez de férias para a América do Sul, mais especificamente para o Brasil, a fim de visitar o melhor amigo de infância que mora ha anos no país, é casado com uma brasileira e acabara de se tornar pai. Esse Norueguês, decidido a explorar o desconhecido, começou a estudar espanhol com todo seu conhecimento sobre o Brasil. Risos. Algum tempo depois, chegou ao Hotel no qual eu estava trabalhando como recepcionista (e eu era a única que falava algum inglês na ocasião) e acabei por fazer o check-in dele. Tudo isso, em minha cidade natal. A cidade que mais detestava no mundo onde planejei minha fuga desde os 10 anos de idade, que foi muito bem sucedida e realizada aos 21 anos e cujo retorno acabara de se tornar uma piada de mal gosto aos meus olhos. Só fui para minha cidade natal pois estava morando e trabalhando na Chapada dos Veadeiros em 3 pousadas diferentes e infeliz quando, sem aviso prévio, a companhia de cruzeiros que trabalhava pré-pandemia me mandou o cartão de embarque para em uma semana retornar à vida de tripulante. Pensando apenas no dinheiro (dólar à R$5,25), coisa que nunca fiz, me demiti e rumei para São Paulo para os exames médicos e o embarque. No entanto, no meio do caminho, desisti! Nunca fiz nada só pelo dinheiro, não ia ser agora que ia começar. Mas já era tarde demais, estava no ônibus e à 8h de chegar na rodoviária do Tietê. Para onde eu ia? Como era a última semana de setembro, e tendo recebido em batismo o nome de Viviana Aparecida, resolvi ir à Aparecida do Norte pela primeira vez como romeira. Já havia trocado a bicicleta por hospedagem na Chapada e tudo que possuía era uma mochila com algumas roupas e livros. Raul já cantava "é que tudo acaba onde começou"... E fui. Apelei mesmo. Sempre fui muito curiosa por diferentes religiões e suas compreensões sobre Deus. Muitos dos meus voluntariados foram em centros religiosos ou espiritualistas, mas nunca tive tanta proximidade com a igreja católica. A idéia da culpa atrelada ao corpo feminino, a inquisição e outras coisas mais sempre me fizeram manter uma distância segura. Mas fui lá. Pensei: eu tô lascada. Se a Mãe do Homem não puder me ajudar, meus amigues, é fim da linha. Acreditem, as ideias para essa fim da linha eram relacionadas com fim mesmo... E foi assim que retornei à minha cidade natal pois lá é o ponto de partida para a Rota da Luz que leva à Aparecida. Essa viagem é por si só uma experiência de vida que não cabe aqui, mas posso afirmar que aprendi a diferença entre peregrino e romeiro antes da Serra de Santa Branca... 😂 Cheguei com alguns dias de antecedência ao dia 12 de outubro, participei de toda a festividade e posso afirmar que fui uma das primeiras a chegar e certamente a última a partir. Fui bem clara: preciso de um emprego, um lugar decente para morar que consiga pagar e algum rumo pra minha vida. Ao retornar, fiquei com uma prima que não via a mais de 25 anos e que me acolheu. No mesmo dia em que entreguei o currículo no Hotel fui contratada, em 15 dias tinha meu próprio apartamento. Eu, sem um real no bolso, sem fiador, com emprego e casa? Um milagre por si só... Mas o rumo na vida ainda estava distante. Do outro lado do Oceano Atlântico, no Círculo Polar Ártico, mas a caminho. Não foi amor à primeira vista da minha parte porque eu estava cega (da dele, foi), mas foi tremelique à primeira vista sim! Estava verificando as chegadas do dia para iniciar meu turno quando vi uma bandeira da Noruega 🇧🇻, que só consegui reconhecer porque dias antes havia cansado de assistir pessoas lavando tapete no YouTube e arrisquei um documentário sobre a Aurora Boreal. Daqui pra frente é eu dando um gelo nele e dando meu telefone com muita resistência, um drink aqui às vésperas dele ir embora, muita prosa ali, muita conversa no whatsapp, muita chamada de vídeo, ele voltando ao Brasil pra ficar comigo, ele voltando pra me pedir em casamento, nós ficando noivos, mais chamada de vídeo por meses infinitos, e finalmente eu pedindo demissão e chegando na Noruega, voltando pro Brasil pra arrumar documentos pra casar e...casando! Pronto, agora moro na Noruega! Chegada à Europa e finalmente... Norge! Só havia viajado pelo Brasil e para o Perú como mochileira, e México e Estados Unidos como tripulante. Achava exagero dos amigos que, enquanto na faculdade, faziam intercâmbios pela Europa e voltavam deslumbrados. Pois é, hoje entendo. A escala em Amsterdam já me mostrou um novo mundo MESMO. Tudo muito limpo, tudo muito organizado. Mas, primeiramente, porque boa parte da imigração para Schengen é feita lá. Uma vez dentro, Schengen toda é sua. Então, quando desembarquei na Noruega me senti culpada e fazendo algo errado por não ter um controle, uma catraca, uma imigração, um guardinha, um carimbo! Aqui pelo Mercosul ainda rola uma imigração, um carimbinho de fronteira em fronteira. Primeira sensação de unidade poderosa. Mas ao sair do aeroporto o choque foi ainda maior. Segundamente, pelo frio. Cheguei nas últimas semanas do outono e ao descer do avião me senti como os jamaicanos do filme "Jamaica abaixo de zero" chegando no Canadá. A mesma cena, acreditem. O frio entrava por meus ossos de tal forma que nem os abraços quentes e saudosos de meu amado davam conta. O silêncio também é algo inédito para mim, brasileira da ZL. Catracas, sabe? Pois é. Inexistentes. Tudo na base da confiança, e de multas elevadas para caso seja pego fazendo mal uso da confiança que lhe foi dada. Ônibus, com monitor mostrando toda a rota, o tempo que leva até a próxima parada e o tempo total ao destino final tudo atualizado em tempo real. Pontualíssimos. Em casa, temos duas unidades de medida. Quando digo que o jantar estará pronto em 10 minutos preciso especificar se são minutos noruegueses ou brasileiros rsrsrsrs Aliás, ônibus elétrico. Silencioso. Bem como os carros. E o Golzinho daqui são os Teslas. Depois deles, o que mais vejo são BMW. 👀 Não passo nem perto com medo da minha respiração arranhar o carro... Além disso, transporte público impecável. E existem muitos patinetes e bicicletas eletrônicas espalhados. Tudo é interligado e via app. Cheguei e fui tomar um banho. 27h de deslocamento fazem dessa tarefa a promessa da vida eterna! Mas e o chuveiro? Nada de Lorenzetti. E esquenta a ponto de dar queimadura de segundo grau! E o banheiro, meus amigues, com chão aquecido. Esse é um dos prazeres que acredito que faz valer a pena a existência humana na Terra. Quem inventou de aquecer o chão do banheiro é um gênio! Estava faminta, claro. Meu amado prontamente foi fazer uma das especialidades norueguesas: panqueca! Tá pensando naquela enroladinha com molho de tomate recheada com carne moída ou frango, gratinada com um queijinho por cima? Nada disso. Panqueca pura salgada, com bacon e tem que salpicar AÇÚCAR por cima. Para harmonizar, um copo de leite, puro. Aí senti que deu ruim. Mas comi. Até achei bom. Mas não sou fã de bacon e menos ainda com açúcar, leite puro sem um Toddy?!... rsrs 😆🤷🏽‍♀️ De fato, lá fora fazia 4°C, mas dentro de casa agradabilíssimos 24°C. Mas garanto que depois de 5 meses separados o calor tava de suar! 😆 Na hora de dormir, um edredom pra cada?! Como assim? Pois saibam que esse é um dos segredos europeus para o matrimônio feliz. Esses foram os impactos do primeiro dia. Poucos dias depois veio a primeira neve... Do ramo das inefabilidades. Só tinha visto de longe no topo das montanhas no Perú. Guardar a lupinha das aulas de pedologia valeu a pena pois cada floco é realmente único! É poesia! E pra quem era acostumada com enxada e o peso da terra úmida, me surpreendi ao descobrir que a neve fofa recém caída é leve na pá! Aliás, se em dia de chuva no Brasil a gente já não tem vontade de fazer nada, por aqui pode estar a neve que for que vai ter gente correndo, passeando com cachorro, andando com carrinhos de bebê... A vida não pára! Faixa de pedestres? Nem precisa olhar pra atravessar. Só vai. Como dizem, não existe tempo ruim mas sim roupas inadequadas. O tempo foi passando, fui e sigo explorando, mas existem inúmeras diferenças culturais que tangem o meio social diário que me chocam. O Natal é realmente como um sonho, mas esse é um evento à parte. Eles levam muito a sério isso de colocar os presentes no pé da árvore e só abrir na noite do dia 24. E teve a Aurora Boreal, mas me sinto incapaz de descrever tamanha beleza singular. Sinto que qualquer tentativa de descrevê-la terminará sendo ofensivo diante da magnitude testemunhada. E não existe literatura que nos prepare para darmos de cara com um ALCE! Mas vamos focar nos pormenores cotidianos. A língua por si só já causa impactante estranheza. Uma ida ao mercado então... Minha nossa! "Ah, mas tem o Google Lens", sim. Ajuda. Mas não te tira o trabalho de desvendar o que é cada coisa. Nos três primeiros meses não entendia o porquê do meu café ficar com um pó branco boiando na xícara ou o porquê do meu caramelo de frustrados pudins virar uma amoeba transparente. Eles têm dezenas de açúcares, cada um com uma origem e função. Descobri que estava comprando um com lecitina para fazer geleias 🤡 e o que precisava, tinha uma foto de beterraba na embalagem. Porque aqui o açúcar simprão vem dela, ao contrário da nossa cana. 👍 Feijão, só em lata ou caixinha e geralmente já vem com molho de tomate junto. A saga para tentar encontrar um feijão mais próximo do carioca tem sido cômico, senão trágico. Até se encontra o Camil em empórios, mas e a panela?! Uma de pressão aqui, que como se não bastasse ainda tem que ser própria para indução, é cara!!!! Minha solução tem sido fazer chilli, porque daí o que já vem com molho de tomate se transforma em meio caminho andado. No mais, evito pensar. Rsrs Vassouras. Não tem. Aqui é aspirador de pó ou mop. Rodo e pano de chão? Jamais. Tive crise existencial por não saber o que fazer ou em que ordem fazer? Sim. As torneiras são rotativas em 360°. De um lado é iceberg líquido e do outro é acima de 100°C com todo o gradiente de mornos entre estas extremidades, pra cima abre, pra baixo fecha. Meti a mão na água fervendo quando queria água fria e vi minha alma saindo do corpo quando esperava o quentinho e veio um iceberg? Muitas vezes. A iluminação é toda baseada em lâmpadas de cores quentes e poucos watts que trazem o acalanto de muitas velas acesas. Pra quem é acostumado com aquele branco holofote em muito violento das lâmpadas de led brasileiras, levou um bom tempo pra eu acostumar. E são sempre várias, muitas, e abajures, e iluminações secundárias, e terciárias.... Ahhh, quanto interruptor! Sei que no Brasil tem fogão por indução, mas eu mesma nunca tinha tido contato com um e são excessão. Por aqui, é regra. Cozinhar sem fogo foi tão louco quanto ter uma máquina de lavar louças lavando louça pra mim, outra regra por aqui. 😁👍 E o Paulistão e Libertadores, como fica meu Corinthians?! Não fica. Paguei a porcaria do TNTsports só pra descobrir que nem com VPN posso ter acesso! E a dor de cabeça pra cancelar?! Fujam! O jeito é vibrar pelo Haaland nos jogos do City, representante mór da terra dos vikings, embora o marido seja Chelsea, a.k.a o Corinthians daqui... Rsrsrs só perde. 😔 E nada de emoção na narração. O máximo da emoção do Norueguês é um "OiOiOi!" quando passa perto da pequena área, ou um "oioi!" quando o jogador sofre alguma falta mais pesada. E longos silêncios. Rsrsrs Cervejinha pro jogo? Só se for comprar antes das 20h, lembrando que aos domingos NADA abre. O Governo também regula bastante o acesso à cigarros e bebidas com teor alcoólico maior que 4,7% com horário para venda (nada de Zé Delivery ou adega) e zero propagandas. Cigarro mesmo é raro de ver e, quando tem, todas as embalagens têm a mesma cor e a mesma fonte, além de ser beeem caro (150NOK, algo como R$75 o maço). O sucesso aqui é o snus, um pacotinho com um pó cheio de nicotina (ou não) e outras coisas, como cacto não sei da onde, gengibre, e tralalá. Se coloca entre os dentes e o lábio superior. Bem menos impactante à saúde do que um cigarro e todas suas milhares de substâncias. Como a Suécia é aqui do lado, muitos vão até lá pelos preços serem muito melhores e imensa variedade de produtos. Mas falando nisso, uma lata de Coca-Cola custa uns 18NOK, o que dá uns R$9. Já uma lata de leite condensado no norte é uns 36NOK, mas aqui no Sul nunca vi por menos de 70NOK (R$35). Claro que também existe a proporcionalidade do poder de compra. Um emprego básico de caixa de supermercado aqui ou faxineira fica na base dos 10.000NOK ou 12.000NOK (entre R$5000 e R$6000), mas quando um leite condensado custa R$35 e um cigarro R$75... Veja bem... Mas nada me choca mais do que ver crianças de 6, 7 anos sozinhas por aí. Livres! Aliás, tudo aqui é inclusivo e acessível para as crianças, desde carrinhos variados nos supermercados a áreas dedicadas para elas em todos os ambientes. Qualquer parquinho vai ter um barco ou embarcação viking. E sim, eles deixam os carrinhos de bebê lá fora COM A CRIANÇA DENTRO (👀) para tirar aquela sonequinha. Não, a criança não passa frio pois tudo é adaptado mas é chocante testemunhar essa cena sobretudo pela noção de segurança, tão distante da realidade brasileira. E é mais comum ver homens passeando com as crianças do que mulheres. 👀 Pra quem vem de um país onde grande parte da população nem possui o sobrenome do pai, isso sempre me choca. O clima é um capítulo à parte. Se no Brasil temos duas estações (quente e muito quente), aqui as quatro são muito bem marcadas e é seco. As roupas secam dentro de casa sim rapidinho que chegam a ficar esturricadas. É lindo e impressionante de ver como toda a paisagem muda em menos de uma semana. O que era tudo branco, vira uma explosão de verde. Os passarinhos quebram o silêncio mortal junto com as gargalhadas das crianças. Mas daí também vem a loucura do relógio biológico. No inverno, a luz solar só existia entre as 10h30 e as 13h45. Agora que se aproxima o verão, o Sol está se pondo quase 22h e às 3h30 os passarinhos já estão cantando. No começo achei muito louco isso de duas horas da tarde estar uma escuridão que parecia meia noite, mas assumo que foi mais fácil de me adaptar do que agora, com o Sol se pondo dez horas da noite... Sei que muitos podem pensar: "ah, mas você não mora aí ha nem um ano e blablabla, cadê a propriedade do conhecimento de causa?". Justamente, não tem. Porque cheguei a pouco tempo e realmente esse é um relato das primeiras impressões de alguém que está sendo impactada pela chegada. Fresco. Pelo início de jornada e nada mais. E sim, a Noruega é um país bastante extenso e sei que essa realidade é bem local, pois estamos morando no Sul ao lado de Oslo. No Norte, origem de meu marido, é tudo beeeeeem diferente. Desde a arquitetura, às paisagens, às dinâmicas dos vilarejos, ao transporte, aos preços, ao dialeto, tudo! Mas só posso falar da minha realidade nesse momento. Realidade de imigrante, abençoada pela atual proximidade com a Capital do país, tão diversa e tão cheia de imigrantes como eu. Principalmente refugiados. Não é fácil abandonar tudo que um dia te foi base e referência para mergulhar no total desconhecido. É diferente de quando fui para as aldeias do Acre e também não entendia uma palavra pois lá sabia que era apenas visitante. Aqui, sou residente. Há sim de se ter Coragem. Nada do que conquistei ou adquiri tem serventia aqui. Minha CNH não vale nada, é só um pedaço de papel. Para dirigir, terei que começar do zero todas as exigentes aulas mas, para isso, primeiro terei que vencer a barreira da linguagem. Meus sapatos, de nada servem na neve. Tão pouco minhas roupas. Até a nossa capacidade de expressão fica minada pela linguagem. E olha que cheguei com a vantagem do inglês, segunda língua oficial dentre os 5 dialetos e a língua dos povos originários do Norte, o que já ajuda e MUITO. Mas muitos dos imigrantes, principalmente os refugiados, diariamente chegam sem nem ao menos o inglês. Mas é como meu arquétipo hippie de mochileira já dizia... Para que o novo venha, é necessário primeiro deixar o velho ir. E fica esse relato das primeiras impressões de quem ha pouco chegou nessa admirável Noruega. Até porque não sei quando terei disponibilidade para dividir tais riquezas novamente uma vez que estou grávida! Agora, me preparo pra maior viagem da vida humana... :') ***Dedico a todos e todas imigrantes que diariamente mergulham no desconhecido munidos da bagagem do coração e da ânsia pela Vida Nova. Dedico ao meu amado Bjørn, luz da minha vida ❤️ E dedico à Maria, Mãe Suprema. O tal do Snus Nem queria mesmo...u.u AçúcaresAçúcares Capa de cartão de Natal Óia o parquinho! Únicos
  3. Visitando Eidfjord por apenas 1 dia durante seu cruzeiro na Noruega? Quer aproveitar ao máximo seu dia e explorar a beleza natural da região? Continue lendo para o melhor itinerário de orçamento de 1 dia em Eidfjord (incluindo como visitar a famosa Cachoeira Voringfossen e caminhadas/ pontos de vista recomendados!). Nenhum táxi caro ou excursões de navio caro necessário. Você realmente não pode dar errado com uma visita à Noruega. Cada centímetro quadrado do país está cheio de beleza. Mas se você tiver a chance de visitar Eidfjord (especialmente em uma parada de cruzeiro que fará você navegar diretamente pelo fiorde), então você está realmente pronto para um deleite! Embora se você é como nós, talvez suas pesquisas de "o que fazer na parada de cruzeiro em Eidfjord" ou "como passar um dia em Eidfjord" ou "Eidfjord itinerário de 1 dia" não estão aparecendo muitos resultados. Antes de nossa visita, ficamos bastante surpresos com o quão difícil foi encontrar informações sobre este belo destino. É por isso que queríamos escrever este artigo com base no que aprendemos para ajudá-lo a planejar seu dia perfeito, ativo, ao ar livre e econômico em Eidfjord. Nenhum táxi privado caro ou navio de cruzeiro caro necessário. E mesmo se você não estiver visitando Eidfjord em um cruzeiro ou tiver mais de um dia para visitar, tenho certeza de que você ainda encontrará pelo menos uma dica útil no artigo abaixo. Especialmente quando se trata da maneira mais barata de chegar a Voringfossen de Eidjord, ou como alugar uma bicicleta ou canoa em Eidfjord (nós realmente não poderíamos encontrar esta informação em qualquer lugar online antes de nossa viagem)! O itinerário de 1 dia de Eidfjord que você encontrará abaixo é dividido em duas partes: uma visita à Cachoeira Voringfossen pela manhã e desfrutar das muitas trilhas para caminhadas (e pontos de vista deslumbrantes) da cidade à tarde. Vamos lá! Continue lendo em: https://foradazonadeconforto.com/como-passar-1-dia-ao-ar-livre-em-eidfjord-noruega-itinerario-p-cruzeiro-de-1-dia/
  4. Vou manter o artigo de hoje curto, doce e direto ao ponto. Você está visitando Stavanger, Noruega e quer fazer a famosa caminhada Pulpit Rock (Preikestolen) sem gastar os preços caros pelos quais a Noruega é famosa? Ou você tem uma parada de cruzeiro de 1 dia em Stavanger e quer uma maneira barata e eficiente de caminhar pelo Pulpit Rock e ainda voltar antes da partida do cruzeiro? Então este artigo é para você! O que é a Pulpit Rock (Preikestolen) na Noruega? A Pulpit Rock é um enorme penhasco vertical de cerca de 600 metros de altura que fica à beira do fiorde Norueguês chamado Lysefjord. Seu topo é um mirante natural grande, de vários metros quadrados, quase perfeitamente plano, e a rocha é a principal atração turística da região e um dos mais famosos pontos turísticos da Noruega. É absolutamente deslumbrante, mas esteja pronto para multidões, pois é uma atração muito popular. Portanto, mesmo se você estiver em forma e tentar subir rapidamente, provavelmente será desacelerado por uma trilha lotada, onde é difícil passar por outros caminhantes. Quanto tempo demora a subir o Pulpit Rock? Para a maioria das pessoas, você irá levar cerca de 2 horas para chegar ao topo do Pulpit Rock do Preikestolhytta Mountain Lodge (a área de trilha com comida e acomodação), e depois descer um pouco mais rápido do que isso. Depois de ficar algum tempo admirando as vistas e talvez comendo algum almoço no topo, a recomendação geral é planejar cerca de 4-5 horas no total para fazer a caminhada. Dito isto, se você está realmente com pressa (por exemplo, você tem tempo limitado já que tem que voltar para o seu cruzeiro) e você está em muito boa forma, isso pode ser feito significativamente mais rápido. Chegamos ao topo em apenas cerca de uma hora, mas foi bastante exercício, então eu realmente não recomendo a não ser que você realmente precise chegar correndo! Continue lendo em: https://foradazonadeconforto.com/a-forma-mais-barata-de-escalar-a-pulpit-rock-saindo-de-stavanger-noruega/
  5. Embora eu tenha estado na Noruega algumas vezes no passado, não foi até fazer uma viagem de Svolvaer a Nordkapp que me deparei com sua verdadeira beleza. Dirigir por diferentes terrenos e localidades me proporcionou memórias como nada mais. Quando voltei para casa, tinha amigos perguntando sobre minha experiência. Então, decidi escrever este guia para eles e para todos os outros interessados. Vamos começar então! Mapa de viagem de Svolvaer para Nordkapp: Conheça o melhor da Noruega de carro! Abaixo você verá um roteiro completo de viagem de carro de Svolvaer para Nordkapp. Aproveite as dicas de coisas para fazer e onde se hospedar durante a sua aventura, além de recomendações de condução na Noruega. Para ajudar a planejar e visualizar o seu roteiro, fiz também um mapa com todos os locais citados nesse artigo para que você consiga aproveitar ao máximo todas as minhas dicas. (basta clicar no mapa abaixo para aumentar o zoom). Início: Svolvaer Antes de embarcar para o resto da sua jornada para Nordkapp, reserve um tempo para explorar Svolvaer. E o que pode ser melhor do que começar observando as hipnotizantes luzes do norte do grupo de ilhas Lofoten estrategicamente localizadas? Você pode facilmente vislumbrar a aurora boreal de praticamente qualquer direção. Além disso, as ilhas estão localizadas muito próximas umas das outras, o que significa que você pode se deslocar rapidamente para seguir o rastro da luz. E enquanto isso, não se esqueça de reservar uma das viagens fotográficas guiadas para capturar essa experiência única na vida. Ou faça um passeio completo de vela, caminhada e pesca até a ilha deserta de Litlmolla e Skrova. Se você tiver tempo suficiente, também sugiro optar por uma viagem de cruzeiro ao Trollfjord para conhecer de perto a vida selvagem local e a paisagem da região. É a melhor maneira de observar as águias marinhas reais e experimentar a beleza encantadora dos majestosos topos das montanhas e das misteriosas profundezas do oceano. Continue lendo em: Roteiro de Viagem Perfeito de Svolvaer para Nordkapp – Noruega
  6. Visitar a Escandinávia e os países que fazem parte dela não é barato. Os custos nesses países são altos tanto em alimentos e bebidas, quanto em acomodações e atrações, o que pode dificultar se você não tiver muito dinheiro para gastar durante a sua viagem. Felizmente, há muito para ver e fazer ao ar livre, já que este é um dos destinos mais impressionantes e interessantes do mundo. Além disso, vale a pena gastar para explorar algumas das melhores atrações que os países escandinavos têm a oferecer. Se você estiver viajando com orçamento limitado, há algumas coisas que você pode fazer para manter seus custos baixos, já que não é preciso fazer tudo no auge do luxo. Se você estiver procurando opções de baixo orçamento, saiba que existem algumas maneiras de economizar dinheiro. Nem tudo é caro, existem maneiras de encontrar voos baratos e economizar muito dinheiro para aproveitar durante a sua viagem. Para economizar com transporte, continue lendo até o fim, onde dou algumas dicas sobre o Scandinavia Pass. Uma das maiores dúvidas durante uma viagem, apesar do que a maioria acredita, não é com o que economizar, mas sim com o que vale a pena gastar. Por isso, aqui estão algumas atrações na Escandinávia com que vale a pena gastar dinheiro… Continue lendo: 7 Coisas que Vale a Pena Gastar Dinheiro na Escandinávia
  7. Você está planejando viajar para a Escandinávia? Acha que é uma região muito cara e está se perguntando como de economizar na sua viagem pela Escandinávia? Se sim, continue lendo pois vou explicar como você pode economizar com transporte durante à sua viagem pelos países Nórdicos, uma das regiões mais desenvolvidas do mundo!! Copenhague A Escandinávia é uma região do mundo que é um verdadeiro sonho para quem gosta de viajar. Um conjunto de paisagens deslumbrantes, cidades encantadoras, um modelo de sociedade invejável e uma cultura simplesmente maravilhosa que faz com que qualquer um que passe qualquer tempo lá se apaixone. Continue lendo: Como Economizar na Escandinávia: Tudo sobre Scandinavia Pass (Noruega, Suécia, Dinamarca, e Finlândia)
  8. Qual o melhor lugar para ver a aurora boreal, levando em conta custo, facilidade e outras atrações do lugar - Canadá ou Noruega? Alguém já foi algum dos dois tem ideia de valores e roteiros? Obrigado.
  9. Para ser franca….Svalbard não é, bem, um lugar normal. E como poderia ser? Quando os moradores locais têm que andar com rifles por causa da ameaça de ursos polares, lidar com o clima subzero do Ártico, e sobreviver 90 dias por ano sem a luz do sol, você já espera que as coisas sejam um pouco diferentes por lá. No entanto, misturado com essa estranheza, Svalbard é uma terra de beleza selvagem e maravilhosa. Então, se você está pensando em viajar para Svalbard ou está apenas curioso(a), aqui estão 18 fatos incríveis e um pouco estranhos sobre este pequeno e curioso arquipélago no norte do mundo. (Psssst! Você está pensando em visitar Svalbard? Então você vai querer dar uma olhada no meu Guia Definitivo para Visitar Svalbard no Ártico para obter dicas sobre como chegar lá, acomodação, as melhores atividades, como economizar, e muito mais). Continue lendo: 18 Fatos Incríveis Sobre Svalbard – O Ártico para Turistas!
  10. Em Agosto de 2018 durante uma viagem que tive como base Amsterdam, conheci um dos destinos que compunha me lista de países para conhecer: Noruega! Como durante minhas pesquisas para a viagem encontrei poucas informações sobre o país, resolvi criar este tópico com algumas informações que podem ser úteis sobre o país. Eu estava sentindo desde quando decidi por Noruega que essa viagem deveria ser feita de carro. Não poderia ter feito escolha melhor. Quando pesquisei valores de aluguel de carro na Noruega, de cara já levei um susto daqueles. Como estava viajando com um amigo, os custos seriam divididos por 2. Fiz todas as simulações possíveis, indo de Amsterdam para Oslo, e alugando carro lá. Indo de ônibus e alugando carro lá. Indo de ônibus até a Suécia e alugando carro lá. E alugando o carro direto em Amsterdam e ir dirigindo até lá. Esta última opção, acabou sendo a mais viável financeiramente. Enquanto o valor da diária estava em $125 na Noruega, em Amsterdam estava $26 pela mesma locadora. Para 10 dias, o valor total do aluguel ficou em €263 e o seguro total €180 (resolvi fazer o seguro total pois se não o tivesse feito, em caso de alguma avaria deveria pagar a franquia de €1500. Resolvi não arriscar). No total, durante os 10 dias de viagem rodei por 4.750km. Havia feito a Permissão Internacional para Dirigir (PID) antes da viagem, mas acabei não precisando ela em momento nenhum. Nem na locadora, nem nas fronteiras, nem mesmo quando uma viatura me abordou e solicitou o passaporte hahaha. Como a viagem para a Noruega representou menos da metade do total da minha viagem (que incluiu o festival Tomorrowland na Bélgica, que encareceu bastante a viagem) vou colocar os gastos agrupados apenas dos grupos de despesas exclusivos da roadtrip (caso alguém tenha interesse, pode entrar em contato que mando minha planilha com os gastos detalhados): A cotação do euro que paguei estava em R$4,49. Aluguel Carro: €263 Combustível: €485 Seguro: €180 Pedágios: €186 Acabei descobrindo que é possível gastar relativamente pouco em uma viagem para a Escandinávia. Na Noruega acampei durante toda a viagem. Levei barraca e saco de dormir. Não fiquei todos os dias em campings pagos, alguns dias parava nos locais de apoio para campers no acostamento das estradas (que tinham mesas, banheiros, etc). Para se ter uma idéia de custos, nos dias em que paguei para ficar em camping, as diárias eram em torno de R$80. Como fiz a compra de alguns lanches na Alemanha (pães, enlatados, etc), também não tive custo todos os dias com almoço/janta. Porém, quando parava em algum lugar para comer, o valor médio que paguei por refeição foi de R$35 (refeições simples) Como todos os sites/blogs me assustaram com os comentários sobre os preços astronômicos de tudo na Noruega (vi durante a viagem que não é beem assim), a intenção era fazer uma compra em algum mercado na Alemanha para conseguir economizar com comida. Assim feito, seguimos viagem. Como haviam muitas obras nas estradas alemãs, a viagem acabou demorando mais tempo que o planejado. Saímos por volta de 10:00 de Amsterdam, dormimos no carro em algum dos pontos de apoio na estrada da Dinamarca e chegamos na noruega no outro dia por volta de 14:30. Achei incrível a estrutura para camping/descanso nas estradas escandinavas, desde a Dinamarca até os interiores mais pouco povoados da Noruega. Para trocar os euros pela moeda local, paramos em uma cidade chamada Drammen (optamos por não passar por Oslo no inicio da viagem). A cidade foi a melhor vitrine da Noruega que poderiamos ter escolhido. Ela mesclava a simplicidade que os noruegueses trazem consigo na vida cotidiana, o desenvolvimento tecnológico e de transporte e as paisagens naturais que fazem com que cada canto do país se torne um possível cartão postal. (Drammen - 1ª parada na Noruega) Absolutamente toda a população norueguesa fala inglês fluentemente. Até mesmo nas pequenas cidades de 1.000 habitantes. Desenrolar com o pessoal de lá foi bastante tranquilo. Como o objetivo era rodar pelo país e explorar as paisagens naturais e os Fijords, não poderia deixar de fazer as trilhas mais famosas. Entre elas Preikestolen e Trolltunga... (continua)
  11. Vou contar aqui o relato de minha viagem à Noruega, país que foi considerado o mais feliz do mundo pela ONU. Fatores que fizeram com que a Noruega alcançasse tal posto: qualidade de vida, acesso ao lazer, saúde e educação. Um país modelo. Espero ajudar a quem gostaria de conhecer o país e dar o máximo de detalhes possíveis, dicas, o que conhecer, onde ir, o que fazer e o que evitar. Fui conferir de perto este país vizinho ao polo norte no final de março de 2017. O que mais me perguntaram (aqui e lá) é por que querer conhecer justamente a Noruega. Bem, sempre fui um apaixonado pela cultura nórdica e o povo escandinavo. Por questões de tempo -- e dinheiro -- acabei optando pela Noruega, no futuro talvez conheça os vizinhos Dinamarca, Islândia, Suécia e Finlândia (nestes dois últimos posso dizer que pisei, falarei mais à frente). O planejamento da viagem foi o mais atípico possível. Eu consegui confirmar minhas férias em cima da hora, não tive tempo de planeja-las. Então vi algumas promoções de passagens e lá estava uma oferta interessante para a Noruega. Me perguntei: por que não? Nisso eu já estava de férias, entrando na segunda semana. Fui checar meus documentos e tive uma desagradável surpresa: meu passaporte estava vencido desde 2015! Eu havia me confundido, achei que o passaporte tinha validade de dez anos, mas era de cinco anos. Os novos é que valem por dez anos. Imediatamente entrei no site da Polícia Federal e consegui um agendamento de requisição de passaporte para dois dias depois. Fui lá, e me deram um canhoto informando a data para retirada do documento, exatamente uma semana depois. Perguntei ao agente da polícia se esta data costumava ser certa, se o prazo costumava ser cumprido, e ele me respondeu: "não costuma falhar, o governo pagou à Casa da Moeda"! Então voltei para casa, comprei as passagens de ida e de volta, as passagens dos voos domésticos dentro da Noruega, as reservas de hostels e outros trâmites necessários. Detalhe: a data da ida era a mesma da retirada do passaporte! Sim, sei que é loucura, ainda mais em um país como o nosso, de serviços públicos altamente ineficientes. Felizmente deu tudo certo com a emissão do passaporte, retirei o documento no Galeão pela manhã e à noite mesmo voltei ao Galeao para viajar! Com tudo planejado em uma semana e indo na cara e na coragem, foi uma aventura incrível! Vou dividir os futuros posts por dia, começando pelo embarque no Galeão. DIA 1: A IDA E OSLO Cheguei ao Galeão por volta das 20h, o voo era às 22h45. Fui de Lufthansa, Rio - Oslo com conexão em Frankfurt. Despachei a bagagem e o atendente já me avisou: você só pega a bagagem em Oslo. Achei excelente isso, em voo para os EUA, por exemplo, você tem que pegar a bagagem na conexão e redespachar. O mesmo vale para os nossos voos domésticos. O Terminal 2 do Galeão está em obras, está sendo praticamente refeito e está quase pronto, aliás. Por isso todos os voos estão se concentrando no Terminal 1, o que gera uma pequena confusão e uma certa lotação no local. Mas nada que atrapalhe. Andei demais para chegar no meu portão de embarque e pude ver como o Galeão se transformou da água para o vinho. Eu não ia ao embarque internacional havia seis anos. Não deve absolutamente nada para os aeroportos que vi na Noruega e Alemanha. Embarquei e o Boeing decolou sem atraso. Era um avião meio velho, mas o serviço de bordo da Lufthansa é excelente! Após servirem o jantar -- os tradicionais "pasta" ou "chicken", as bebidas eram à vontade e de maneira geral a tripulação era muito atenciosa e solícita. E aqui faço questão de abrir um parágrafo exclusivo para falar sobre serviço de bordo. Sempre digo que o reflexo de um bom serviço de bordo no custo total de um voo é ínfimo, irrisório. Tanto faz se é barra de cereal ou comida de verdade. Mas um cliente pode escolher uma companhia aérea justamente pela qualidade do serviço de bordo. Portanto, deixo um apelo aqui às companhias: pensem mais um pouco! Fui de classe econômica e cada passageiro tinha uma tela de entretenimento, com filmes, música e também o monitoramento do voo, indicando onde estávamos no momento. Depois do jantar assisti à um documentário sobre a história dos pitstops na F-1, apresentado por David Coulthard. Quando o avião finalmente saiu do continente para o Atlântico eu dormi. Acordei com o voo já na Espanha! Pela manhã foi servido um café da manhã tipicamente alemão: omelete! Comecei a notar instantes depois, próximo ao pouso, os fractais de gelo na janela. Interessante. Era um prenúncio do frio que eu ia sentir já na Alemanha. A fila da imigração em Frankfurt era longa, mas andou rápido. A agente que me atendeu só me perguntou para onde eu ia e carimbou o passaporte. Esta facilidade que tive na imigração não se repetiu no raio-x do embarque para Oslo, eu esqueci de colocar os líquidos (perfume, pasta de dente etc.) no famoso saquinho transparente e tive minha mochila toda revirada. Ainda recebi uma severa reprimenda do agente. Ele estava certo, afinal. Fiz voo doméstico aqui no Brasil alguns meses atrás na mesma situação e não me barraram. Lá as coisas são diferentes. Segui em um voo também da Lufthansa para Oslo, tudo no horário, serviço de bordo igualmente bom. O aeroporto internacional da capital da Noruega é fantástico. E fica a dica: no aeroporto, bem como em toda Noruega, não existe telefone público. Foram todos removidos há alguns anos, segundo o atendente do posto de informação do aeroporto. Se você quiser utilizar o Brasil Direto da Embratel, para ligar para o Brasil a cobrar, não vai funcionar do seu celular. Atenção: TODOS na Noruega falam inglês. Pelo menos todos com quem falei, sem exceção. Bagagens recolhidas, peguei um trem para o centro de Oslo. Comprei o ticket pelo cartão em uma máquina no próprio aeroporto. O que mais se encontra na Noruega são serviços automatizados assim. Até despacho de bagagens nos aeroportos, falarei em post à frente. Simplesmente sensacional. O trem, muito rápido e confortável, me deixou na Sentralstajon (estação central) em 30 minutos. Peguei um taxi para o hostel e puxei papo com o taxista. Que era da Somália. Isto é, a primeira pessoa com quem efetivamente conversei não era norueguesa! O taxi me deixou no hostel e, após fazer o check-in perguntei à recepcionista onde poderia fazer um lanche rápido. Eram 21h. Ela me indicou um McDonald's perto (fast-food foi o que mais comi na Noruega, falarei depois). Perguntei se não era perigoso, ela disse que não, ela mesmo saia sozinha tarde sem problemas. E realmente não era. Oslo parece o centro antigo do Rio de Janeiro no domingo. Ruas quase sempre desertas mesmo nos horários de movimento. Cheguei ao McDonalds, depois de um tempo eles desligaram o aquecedor e todos foram, assim, "expulsos". Voltei tranquilamente ao hostel pronto para os próximos dias. DIA 2 - OSLO Café da manhã reforçadíssimo no hostel, era minha tática já programada. Tudo é muito caro na Noruega, com a comida não seria diferente. Saí do hostel por volta de 9h. Minha primeira impressão da capital norueguesa durante o dia foi de uma antiga cidade do interior. Estava ensolarado mas frio. Fui diretamente à estação central, passei por trólebus e tramways nas ruas, todos velhos. No caminho passei pela catedral de Oslo e tirei umas fotos. O caminho até a estação foi permeado, também, por mendigos. E não eram poucos. Aliás, em todas as cinco cidades em que estive vi mendigos, a maioria idosos ou imigrantes de origem muçulmana. Confesso que foi minha maior surpresa nesta viagem à Noruega, não que eu não esperasse ver mendigos, mas pela quantidade de gente pobre no país mais desenvolvido do mundo. Realmente não esperava por isso. Também no caminho passei pelo Parlamento, pela Universidade de Oslo e uma praça próxima onde uma animada bandinha tocava músicas típicas de outros países. No centro de informações peguei um mapa e perguntei à menina de feição oriental que estava no balcão onde poderia adquirir um chip pré-pago com um número da Noruega. Ela me indicou a MyCall, me mostrou no mapa onde ficava e fui até lá. Rapidamente troquei meu chip, o chip novo funcionou em todo lugar que fui na Noruega e também na Suécia e Finlândia (quando estive em Tromsø e atravessei a fronteira), bem como na Alemanha (no aeroporto de Frankfurt, na volta). Até aqui no Rio de Janeiro o chip funcionou (fiz um teste por curiosidade dias depois da minha volta ao Brasil). O chip tinha validade de 30 dias e dava uma franquia de 2GB de internet. Em todo lugar que fui a banda de internet era 4G, full. Eu havia adquirido no hostel o Oslo Pass, um cartão que dá direito a utilizar todo o transporte público da cidade e oferece entrada gratuita ou desconto na maioria das atrações da cidade, e descontos também em restaurantes. O uso do cartão é ilimitado dentro de uma faixa de tempo. Eu comprei o cartão de 48 horas, isto é, em 48 horas eu poderia usufruir de tudo o que o cartão dava direito. Quando comprei o cartão peguei também um caderninho com tudo o que o cartão oferecia. Portanto, se você for à Oslo, antes de tudo, compre o Oslo Pass. Utilíssimo. O primeiro uso do Oslo Pass foi para visitar o Centro Nobel da Paz, na marina de Oslo. É lá que o tradicional prêmio é concedido anualmente. Para entrar você deve guardar sua mochila ou qualquer tipo de bagagem em um armário. Logo na entrada tem um mural onde as pessoas deixam seus recados e impressões sobre o lugar. Outra surpresa: de dez cartões, nove eram críticas à Noruega, vários deles dizendo que a Noruega era um país fake. Depois segui para a área dos museus, onde se encontra o Museu Viking. Neste museu estão dois barcos originais da era dos bárbaros, encontrados em escavações no início do século XX. Cada barco comportava cerca de 36 pessoas. Na hora minha impressão foi de como embarcação tão precária foi capaz de chegar ao Canadá! Sim, pelo que se sabe os vikings foram os primeiros a chegar ao continente americano, 600 anos antes de Colombo. Antes do museu, contudo, visitei uma imensa área ao ar livre retratando como era o cotidiano norueguês ao longo dos anos. Uma cidade cenográfica, com os interiores das contruções totalmente abertos ao público. Uma real imersão, você se sente voltando no tempo de verdade. Para chegar à área dos museus eu fui de barca, pois os museus ficam em uma península, e voltei de ônibus. No ônibus não foi necessário validar o Oslo Pass, até perguntei a um passagero como eu deveria fazer. "Não é necessário", me disse um senhor. Só embarquei e desembarquei, simplesmente. Um detalhe sobre o trânsito da Noruega: tudo muito calmo, sereno e tranquilo. Os motoristas não tem pressa e o tráfego flui. E o pedestre é altamente respeitado, tendo preferência sempre. Nos primeiros dias na Noruega eu não tinha muita noção do tempo, tanto que depois do café da manhã eu geralmente comia novamente por volta das 16h. Depois que fui voltei do museu, olhei para o Sol e vi que ele estava na mesma altura da manhã. Claro! Quase no polo norte, não poderia ser diferente. O Sol não sobe igual aqui no Brasil. Voltei ao hostel e conheci outros hóspedes. Saimos à noite e ficamos surpresos: tudo na Noruega fecha cedo! Fui entender melhor os motivos depois que estive em Tromso, fechar cedo pode ser uma questão de sobrevivência, leia posts adiante. O que fica aberto até mais tarde são os fast-foods e pizzarias. Aliás, pizzaria é o que mais tem na Noruega, tem uma tal de Pepe's Pizza em todo canto. DIA 3 - OSLO Saímos cedo e fomos visitar o Oslo Operahus, uma impressionante casa de ópera de estilo arquitetônico moderno. Morremos de pena dos patos que não conseguiam nadar, o lago estava congelado e eles não conseguiam se mover. Depois fomos ao museu de Edward Munch, atrás da famosa pintura "O Grito". Mas para nossa surpresa o quadro não estava lá, fomos informados pelo segurança de feição indiana. Voltamos mais para o centro de Oslo e, enfim, entramos no museu onde estava o quadro e outras obras famosas do pintor norueguês. Era o Museu Nacional da Noruega. Dá para se perder dentro do museu. Os museus lá são quase que cultuados, é frequente ver turmas escolares, de crianças de quatro anos, sendo guiadas pelas professoras e aprendendo sobre arte. À tarde encontramos um pub e foi possível experimentar uma sopa de siri e outros frutos do mar. À noite foi a hora de experimentar o tradicional Pinnekjøtt, um prato que os noruegueses costumam fazer no Natal. Trata-se de costela de carneiro acompanhada de purê de colza e batatas. A carne é salgada, parece carne seca. Achei que o prato não daria para nada, se é que você me entende. Mas, pelo contrário, é muito bom e nutritivo. Fiquei sabendo, depois, que na Noruega a batata é muito consumida, está presente na maioria dos pratos da culinária local. De volta ao hostel, dormir relativamente cedo e acordar realmente cedo para pegar o trem até o aeroporto. Próximo destino: Tromsø! DIA 4 - OSLO -> TROMSØ Acordei cedo e fui direto para a Sentralstajon. Daria para ir à pé. Embora fosse perto do hostel em que fiquei hospedado, digamos que a temperatura de 0°C não era muito amigável às 6h da manhã. Ainda mais que eu estava com bagagem, uma brava mochila e uma bolsa. Eu fiz um plano de pagar o que pudesse em dinheiro e deixar o cartão só para as hospedagens. No entanto, na hora de comprar o bilhete do trem a máquina só aceitava cartão de crédito. Porém fui informado que eu poderia emitir o bilhete e embarcar no trem, e só no destino (no aeroporto) eu pagaria a passagem. Foi o que fiz, e mais uma vez fiquei admirado com a praticidade (inteligência) do sistema. Contando, é claro, com a boa fé das pessoas. No aeroporto, no entanto, mais uma vez a máquina só aceitava cartão. Então não adiantou nada, paguei no cartão mesmo. Acho que até poderia pagar em dinheiro, mas tinha que chamar alguém. Não é possível deixar a plataforma sem pagar. Eles contam com a boa fé das pessoas, mas não dão sopa para o azar. O despacho de bagagens nos aeroportos da Noruega é self-service. Já falei isso? Se falei repito, porque achei o máximo. Você vai até uma esteira próxima ao balcão de check-in, pesa sua bagagem, você informa seu voo e sua identidade, a máquina te dá uma etiqueta, você etiqueta sua bagagem, com uma pistola você escaneia o código de barras da etiqueta e finalmente despacha a bagagem na esteira. Pronto! Leva dois minutos! Bagagem rapidamente despachada, fui para o embarque. O voo da SAS foi muito tranquilo, um serviço de bordo muito bom para uma companhia low cost. O avião estava relativamente vazio. Chegando em Tromsø, uma inacreditável paisagem branca. Fiz uma hora (horas) no aeroporto porque meu check-in no hotel era a partir das 14h e eu cheguei pela manhã. O aeroporto é pequeno mas muito funcional. Quando deu mais ou menos a hora peguei um ônibus e rapidamente procurei a loja onde eu reservara pela internet, ainda no Brasil, roupas de frio. Sim, as roupas que levei daqui nem de longe suportariam o frio da cidade. Tive que aluga-las. Existe um ditado norueguês que diz: "não existe tempo ruim, existe roupa inapropriada". Cheguei ao hotel. Deixei as bagagens lá e fui explorar a neve. Em Tromsø tem neve até no verão. As paisagens são espetaculares. Foi em Tromsø que realmente descobri porque tudo na Noruega fecha cedo: é uma questão de sobrevivência. A Catedral do Ártico, uma igreja onde o acesso é possível atravessando uma longa ponte, é linda à noite. Foi o que me disseram. Tentei ir lá, mas quando vi que por volta das 18h a tal ponte sumiu da paisagem no meio da neve eu desisti, é claro. À noite fui a um pequeno shopping comer alguma coisa, e descobri outra coisa: é muito usual você comprar comida e levar para casa. Quando comprei meu lanche perguntei à atendente onde eu poderia sentar para comer, pois não conhecia o shopping. Imaginei uma praça de alimentação, como temos por aqui. A resposta dela foi clara: "pode comer em qualquer lugar". E tem mais, fui a lugares na Noruega em que eles davam desconto se você pedisse para viagem! Voltei cedo para o hotel e assisti "O Quinto Elemento", passando na TV norueguesa sem legendas. Já disse que na Noruega todos falam inglês, né? DIA 5 - TROMSØ O hotel em que fiquei em Tromsø estava cheio. No café da manhã era necessário disputar um lugar, estava hospedada lá uma equipe esportiva. Não sei de que modalidade. Mas eram muitos os integrantes. Tomei o típico café da manhã norueguês (ou alemão?) com salsicha, presunto e outros condimentos. E café com leite, que para mim funciona melhor que Red Bull. Depois do café reforçado, fui até a Catedral do Ártico, finalmente atravessando a ponte. A travessia foi melhor do que a chegada ("O caminho é o que importa, não o seu fim", Louis L'Amour); As águas geladas do norte puderam ser vistas sob um céu cinza cujo Sol teimava em tentar sair. Um vento absurdo golpeava a ponte, o que tornou a experiência única. Parei no ponto mais alto da travessia e fiquei lá um tempo, observando. Chegando à catedral, tirei muitas fotos do lado de fora. A igreja estava fechada e mesmo assim a entrada era paga. Mas pelo que observei do interior, pelo lado de fora, não tinha muito o que ver lá dentro. De volta ao centro da cidade, depois de perambular em cada esquina e me maravilhar com a neve, parei no meu amigo Burger King para aquela refeição econômica. Mas além da fila estar quilométrica, entrou um bêbado lá causando tumulto. Antes que desse confusão, eu fui embora. Foi aí que encontrei meu outro amigo, 7-Eleven. Levei o lanche para o hotel, descansei um pouco e mais tarde fui para a agência de correio da cidade, onde eu pegaria uma van para ver a famosa Aurora Boeral! No horário marcado com a agência que faz o tour da Aurora, apareceram duas vans. Incansavelmente eles dirigiram até a Suécia e Finlândia, em busca do melhor céu para observação, mas não foi possível ver o fenômeno. Paciência. Mas pelo menos eu nunca vi um céu tão estrelado quanto o de Karesuando, cidadezinha de 300 habitantes da Suécia/Finlândia (sim, a cidade pertence a dois países!). Você pode encontrar mais detalhes sobre este tour no TripAdvisor, onde fiz uma avaliação do serviço e conto detalhes. Comigo na van estavam um casal de Cingapura e duas italianas. No bate-papo, cada um se apresentando, dizendo o que faz etc., eu disse que era brasileiro, do Rio de Janeiro. A primeira coisa que queriam saber era sobre o zika virus. Eu disse que o virus foi debelado e a epidemia estava sob controle... Voltamos para o hotel por volta das 6h, dia claro. Eu pegaria um voo para Trondheim às 11h. Haja fôlego! DIA 6 - TROMSØ -> TRONDHEIM Devolvi a roupa de frio intenso na loja e peguei um táxi até o aeroporto. Era domingo de manhã, cidade totalmente deserta. O caminho até o aeroporto foi tranquilíssimo, existem túneis que deixam o percurso muito rápido. Entrei no avião, que faria uma parada em Bodø para pegar mais passageiros. Antes de decolar, foi necessário descongelar as asas da aeronave. Veio um caminhão e jogou água (era água?) nas asas e assim o avião pôde decolar. Nunca tinha visto este procedimento. Eu cheguei a achar que o caminhão iria bater na asa, de tão perto que chegou para fazer o degelo. A parada em Bodø foi rápida e logo chegamos a Trondheim. Chegando ao aeroporto, antes de embarcar no já conhecido Flybussen (o ônibus que conecta ao aeroporto às áreas urbanas da cidade), perguntei ao motorista qual seria a melhor parada para o endereço do meu hostel. Mostrei o endereço, e ele me disse o nome da parada, que eu achei que tinha entendido. Embarquei e curti as belíssimas paisagens do trajeto. Quando o ônibus começou a parar nos pontos, fiquei ligado e prestando a atenção no que poderia ser meu ponto de desembarque. Mas uma hora, acho que me distraí, o motorista parou em um ponto, saiu da direção, veio até mim e disse: "this is the correct stop for you". Como assim? O cara memorizou onde eu iria parar, saiu do volante na maior calma, caminhou até mim e me disse que ali era o ponto? Entendo quando dizem que dá até tristeza em voltar para o Brasil, não pelo país em si, mas pelo "modus operandi" das coisas por aqui. É um mínimo de cortesia e civilidade. Desci do ônibus e depois de uma breve caminhada cheguei ao hostel. Check-in feito, bagagens acomodadas, fui direto ao meu velho conhecido Burger King. A cidade estava vazia no domingo, mas o BK estava lotado. Não tinha muita coisa para ver à noite, então voltei ao hostel e me dediquei a fazer um backup das minhas fotos e vídeos, até então estava tudo no celular apenas. E também dar uma limpeza nele, muito lixo ocupando memória. A única aventura da noite, mesmo, foi quando me tranquei do lado de fora do quarto (quem nunca?) e a recepção estava fechada! Por sorte tinha um zelador ainda por lá, que tinha a cópia das chaves! DIA 7 - TRONDHEIM Pela manhã fui visitar a cidade. Mas meu alvo, mesmo, era a Catedral de Nidaros, uma das igrejas cristãs mais antigas de que se tem notícia. Erguida por volta do ano 900 DC, passou por inúmeras reformas, sendo a última na década de 1920 e que praticamente construiu e reconstruiu o que está lá hoje. Uma característica destas igrejas antigas são os cemitérios em volta. Fiquei impressionado com a antiguidade dos sepulcros. Dentro da catedral (paga-se um valor para entrar) a arquitetura é incrível, um silêncio ensurdecedor e tudo aberto para visitação. Mas tinha um escadinha que descia para um subsolo, sem nenhuma placa ou aviso dizendo do que se tratava... Eu desci, se alguém me repreendesse eu simplesmente pediria desculpas. O não eu já tenho, como se diz. Mas isso não aconteceu. Descendo as escadas estreitas, uma luz automática iluminou os degraus e depois o ambiente do subsolo. Dei de cara com túmulos muito pequenos. Eram túmulos de crianças. Estavam sem inscrição alguma. Uma descrição em um papel ao lado explicava quando estes túmulos foram encontrados, e dizia também que não há indício de qualquer tipo de identificação a respeito de quem jazia ali. Confesso que não sei muito bem o que senti na hora. Eram túmulos de crianças, e é sabido que sacerdotes da Igreja Católica Apostólica Romana, no passado, enterravam seus filhos proibidos nas dependências de sua própria congregação. O fato de não haver identificação corrobora isso, e também o fato de que os túmulos foram encontrados depois dos túmulos que estavam do lado de fora da igreja, deviam estar escondidos. Outra coisa é o fato de não existir aviso na escada, talvez para não fazer propaganda para visitante do que havia ali. Fiz uma ligação de uma coisa com a outra imediatamente. Muito chocante, para falar a verdade, quando você vê de perto o resultado das atrocidades que só lia nos livros de História. Como humanidade nós melhoramos, já fomos muito piores. Avaliei ali na hora, sozinho, no silêncio, no meio daquele cenário bárbaro. Eu acho. Saí daquele calabouço atroz, subindo de volta para o interior do templo, e havia começado uma missa. Mas foi rápida, como rápido saiu o padre do local após o serviço. Não tirei foto de nada do lado de dentro, por respeito. Não havia nenhum aviso, mas achei melhor não. Saindo da catedral, fui à famosa ponte sobre o rio cercado por tradicionais casas de madeira. Essas casas... Várias eram fake! Como um cenário de filme, só tinha a fachada, para compor o visual! Em Trondheim, como em toda Noruega, chove e faz sol em intervalos curtíssimos de tempo. Neste dia foi assim, cometi o erro de andar sem guarda-chuva. Assim foram as horas restantes do dia, finalizando com um khebab em um restaurante árabe próximo. Restaurantes árabes também podem ser seus amigos na Noruega. São baratos e te salvam. DIA 8 - TRONDHEIM - BERGEN Voei para Bergen pela manhã, e ao chegar na cidade imediatamente percebe-se que a energia é outra. É uma cidade universitária. Em termos de Noruega, pode-se dizer que é uma cidade movimentada, fervilhando de gente circulando pelas ruas, principalmente estudantes. Localizei meu hostel - o pior que fiquei, diga-se - e tratei logo de conhecer o pier. Tinha carne de baleia em um restaurante. Digamos que é uma comida diferente. Não se pode dizer que é boa, mas não é ruim. É... diferente. Depois de bater perna a tarde toda, olhei a previsão do tempo e vi que dava para conhecer o Mount Floyen. Você pega um trenzinho que sobe a montanha, e a vista de cima é espetacular. O anoitecer é simplesmente indescritível. Nada tão belo que não consigamos ver no Rio de Janeiro, por exemplo, mas a vista dos fiordes é imperdível. DIA 9 - BERGEN No dia seguinte me dediquei a conhecer a casa de Edward Grieg. Quando olhei o mapa, ainda no Brasil, pensei imediatamente em alugar um carro, já que a casa fica um pouco distante do centro de Bergen. O aluguel é fácil e a nossa CNH vale na Noruega, graças a um tratado internacional cujo Brasil é signatário. Mas acabei desistindo, vi que as distâncias são longas, não existe lugar para estacionar direito e, se o tempo fica ruim, pode acabar sendo perigoso (mais por causa da neve), se algum imprevisto acontecer não seria bom, ainda mais em um país cujo idioma você não domina. Deixei para chegar lá e ver o que aconteceria. Mas foi muito fácil chegar na casa de Grieg. No dia anterior eu peguei um mapa no centro de informações turísticas, onde também comprei minha passagem de ônibus de Bergen para Stavanger. A atendente me explicou como chegar de tramway, que é o nosso VLT. Cheguei na praça e peguei o VLT, e foi rapidíssimo. Aliás, cabe aqui uma observação. O VLT, lá, atinge uma alta velocidade porque parte da linha é segregada, isto é, fica fora das ruas, além das próprias ruas terem poucos carros e pedestres. Portanto o VLT de Bergen acaba funcionando como um trem comum. Bem diferente do VLT do Rio de Janeiro, por exemplo, que disputa espaço com zilhares de carros e pedestres. E por isso é lento e não transporta ninguém, indo do nada a lugar nenhum. Sigamos. Dentro do VLT, o anúncio de cada estação é personalizado, de acordo com o local. Quando o trem estava chegando na estaçao Hop, perto da casa de Grieg, os acordes eram do seu Allegro Molto Moderato, do Concerto para Piano em Lá Menor. O vídeo da chegada da estação Hop está aqui: https://youtu.be/9O1KvY9uk5U?t=91 (o vídeo não é meu). Do concerto está aqui: https://www.youtube.com/watch?v=fKfGDqXEFkE . Depois de descer da estação, caminha-se um pouquinho e logo se chega a casa de Grieg. Uma casa pequena, com vários móveis originais e seu piano original! E a vista do lado de fora é espetacular, monhanhas e um imenso lago, além de um grande jardim e vista para floresta. Até eu comporia músicas fantásticas em um lugar desses (risos). Voltando ao centro da cidade reservei o resto do dia para aproveitar mais da área portuária e conheci a famosa carne de baleia. Uma carne com gosto de vinagre e um pouco salgada. Não é ruim. Mas é diferente. DIA 10 - BERGEN - STAVANGER Lembra que falei que comprei uma passagem de ônibus, de Bergen para Stavanger? Pois então, apareci cedo na rodoviária de Bergen para pegar o ônibus, seria uma viagem cujo um trecho é feito por balsa. E foi isso que me atraiu a fazer o trajeto pela estrada. Novamente pensei em alugar um carro, novamente desisti. Desta vez por conta do custo, seria caríssimo, somando a gasolina que é uma das mais caras da Europa. Mas entrei no ônibus e caí na estrada e... no mar! Como disse, um trecho é feito por balsa e leva quarenta minutos. Na balsa vão os veículos e, claro, os passageiros. Ainda em Bergen, na compra da passagem, a atendente disse que este passeio era muito bonito. E a intenção era mesmo cruzar os fiordes, que são belíssimos. Foi uma pena que o tempo estava péssimo, choveu muito principalmente durante a travessia por mar e não pude ver tudo o que queria. Chegando à rodoviária de Stavanger, peguei um taxi até meu último hostel. Era em um hospital universitário, em termos de instalações foi o melhor hostel. Tem um restaurante muito bom e com ótimo custo-benefício, no térreo. Além de uma lojinha que vende lanches, doces e salgados e fica aberta 24 horas. DIA 11 - STAVANGER Choveu bastante em Stavanger, o que acabou prejudicando os planos. Eu queria ir até a Preikestolen (https://www.visitnorway.com.br/onde-ir/noruega-dos-fiordes/seguranca-primeiro-uma-trilha-segura-em-preikestolen), mas fui fortemente recomendado a não fazer a trilha. O tempo estava chuvoso e, embora não houvesse neve, o caminho estava muito escorregadio e, portanto, perigoso. Perdi a manhã. À tarde fui dar uma volta na cidade. Bem neste local (https://www.google.com/maps/@58.968912,5.7318066,3a,75y,13.33h,94.73t/data=!3m8!1e1!3m6!1sAF1QipOjlsJTZlQHpsu9InL1Icfrty53wqNbwyEmx5ts!2e10!3e11!6shttps:%2F%2Flh5.googleusercontent.com%2Fp%2FAF1QipOjlsJTZlQHpsu9InL1Icfrty53wqNbwyEmx5ts%3Dw203-h100-k-no-pi-0-ya11.6884575-ro-0-fo100!7i8704!8i4352) um casal (ela da Noruega e ele da Eritréia) me abordou e fizeram uma oração. Conversamos brevemente sobre a vida e fui embora. Isso me marcou. Como o tempo melhorou à tarde, pude ver o belíssimo entardecer entre as ruas pacatas e as casas charmosas da cidade. Voltei à pé para o hostel. A temperatura caiu absurdamente à noite e novamente choveu. No dia seguinte, voo para Oslo e volta para casa. DIA 12 - STAVANGER - OSLO - FRANKFURT - RIO O voo para Oslo pela manhã foi rapidíssimo, menos de quarenta minutos. Chegando ao aeroporto de Oslo, eu tinha um certo tempo até o voo para Frankfurt. Já falei aqui das facilidades dos aeroportos da Noruega, certo? Você mesmo despacha sua bagagem em um sistema automatizado e tudo é muito rápido e fácil. Mas notei outra coisa: as bagagens podem ser despachadas por qualquer companhia aérea, não necessariamente a sua! No meu caso, despachei pela Scandinavian Airlines (SAS), uma companhia norueguesa, que repassou minha bagagem à Lufthansa. Sabe como se chama isso? Inteligência! Menos filas, mais rapidez, o passageiro ganha e as companhias também. Os voos seguintes, Oslo-Frankfurt e Frankfurt-Rio foram tranquilos. Chegando no Galeão, uma certa confusão de praxe, na aduana, com muita gente e poucos funcionários, mas nada demais. CONCLUSÃO Se você quer conhecer um país que, comparado ao Brasil, não tem movimento ou grande densidade populacional porém é ordeiro, sem violência, com pessoas super cordiais e onde os serviços funcionam, visite a Noruega. No meu caso, para o meu gosto pessoal, gostei muito da estadia lá, é um lugar para se viver fácil. É evidente que não tem o calor humano do Brasil, mas tem outras coisas que garantem seu bem estar. É outro mundo, por assim dizer. Esta viagem que fiz foi como mochileiro, fiquei em hostels e passei todos estes dias comendo em fast-food, e usei muito transporte público. Agora, se você for um turista "tradicional", prepare o bolso. Os restaurantes são caríssimos, os hotéis são caros e a vida na Noruega, em si, é cara. É uma viagem que vale a pena, você consegue conhecer de forma rápida as cidades (passei uma média de dois dias em cada uma) e você faz uma imersão cultural. Recomendo muito. Espero que este relato possa ajudar a quem quiser um dia conhecer a Noruega!
  12. Tudo que você precisa saber para visitar Svalbard, a região mais ao norte no mundo que pode facilmente ser visitada por turistas. Embora relativamente cara, nós damos todas as dicas para você economizar com acomodação, transporte, excursões, e comida. Se você quer visitar o Ártico a um baixo custo, então esse é o caminho! Imagine um lugar que é literalmente o mais ao norte do mundo que você pode ir (a menos que você consiga chegar ao Pólo Norte) …. Um lugar onde… … há mais ursos polares (e snowmobiles) do que pessoas. … há bizarras e semi-abandonadas cidades de mineração Russas (com a estátua de Lenin mais ao norte do mundo). …há geleiras, cavernas de gelo, fiordes e paisagens árticas intocadas. … há o famoso “Doomsday Seed Vault” (Cofre de Sementes do Fim do Mundo). Se esta lista ainda não te fez perceber, Svalbard é um lugar incrível (embora estranho) para visitar. Continue lendo: O Guia Definitivo para Visitar Svalbard no Ártico Norueguês Economizando
  13. Sempre sonhei em ver a Aurora Boreal, mas me desmotivei com os preços propostos por diversas agências de turismo brasileiras que ofereciam pacotes terrestres caríssimos, que, somados ao valor da passagem, tornavam a viagem inviável. Pesquisando sobre os melhores lugares do mundo para se ver a Aurora, achei Tromso, uma cidade ao norte da Noruega. Liguei na central de turismo da cidade e fui informada que poderíamos ver e reservar todos os passeios pela internet, através do site do Visit Tromso ou pessoalmente em seu quiosque que fica no centro da cidade. Como já estava na Europa, comprei um vôo Low Cost, daqueles que são mais baratos por não permitir embarque de bagagens, da Norwegian Airlines. A passagem custou 129 euros, saindo de Cracóvia, Polônia. Os hotéis em Tromso precisam ser reservados com antecedência, pois a cidade é bem turística. Fizemos todas as reservas dois meses antes de viajar e alguns lugares não possuíam mais quartos disponíveis. Ficamos no Smart Hotel, que fica no centro e é bem confortável, além de ter opções de refeições, que ajudaram bastante nos dias em que chegamos muito cansadas dos passeios e não queríamos gastar fortunas com alimentação. Não encontramos nenhum Hostel disponível na data, por isso ficamos em hotel. Fizemos a reserva do primeiro passeio em busca da Aurora pela internet. Quando chegamos no ponto de encontro, fomos informadas que aquele dia não seria um dos melhores para vermos a Aurora, mas decidimos ir mesmo assim. Foram mais de 3 horas rodando em busca das luzes, chegamos a cruzar a fronteira para a Finlândia. Chegando lá começamos a ver algumas luzes esverdeadas no meio da estrada. Era ela. Bem sútil, se movimentando lentamente sobre nós. Tiramos algumas fotos, tomamos sopa próximos à uma pequena lareira feita pelos guias e logo retornamos à Tromso. Ficamos contentes por termos visto, mas decepcionadas com quão fraca tinha sido a Aurora. No dia seguinte, fomos ao Visit Tromso e reservamos outro passeio para ver a Aurora com a Artic Adventure e também um passeio de Snowmobile com a Lyngsfjord Adventure. Cada passeio custa cerca de 150 euros, mas são pagos na moeda local, Coroa Norueguesa. O passeio de Snowmobile dura 2hs e meia, mais duas horas de trajeto até o Camp Tamok. O skimobile lembra um Jet ski, mas para neve. São duas pessoas por snowmobile e dois guias levam o grupo pelas montanhas sem uma trilha determinada. Passamos por árvores e animais selvagens, chegamos a lugares onde existe mais de meio metro de neve sobre o chão. É uma aventura incrível e, para completar, terminamos nas tendas dos Samis, um povo indígena da região nórdica. Lá tomamos bebidas quentes e provamos a tradicional sopa de carne de Rena, aquecidos por uma grande lareira. No dia seguinte, fizemos o segundo passeio em busca da Aurora e esse foi a melhor experiência da minha vida. O senhor Roy, da Artic Adventure, é extremamente atencioso e nos proporcionou uma experiência completa! Logo quando passamos a ponte de Tromso, as luzes começaram. Seguimos mais meia hora e ele pediu para que o motorista saísse da estrada. Andamos um pouco na neve, rumo à beira do mar, onde ele montou uma tenda aquecida, colocou peles de rena sobre a neve para que pudéssemos sentar e acendeu uma fogueira. Contemplamos as luzes fortes que variavam entre verde e rosa, tiramos algumas fotos com a câmera dele (celulares não captam a luminosidade da aurora) e nos sentamos envolta da fogueira enquanto o Sr Roy cozinhava para nós e nos contava histórias e curiosidades sobre a região. Ficamos cerca de 7 horas nesse acampamento, conversando e admirando o show de luzes. O reflexo da aurora no mar somado às luzes da cidade distante, dava um ar lúdico à paisagem. Voltando ao centro de Tromso, fizemos passeios ao Polaria (aquário da cidade), à igreja ártica, à biblioteca da cidade e, claro, aos restaurantes locais. Nosso restaurante favorito foi o Kaia Bar, onde comemos a melhor carne de Rena. Foram quatro dias em Tromso, mas poderíamos ficar muito mais tempo, pois não faltam atividades. No site do Visit Tromso (www.visittromso.no/en) vocês podem encontrar todas as opções de passeios e programarem sua viagem pela cidade. Quer acompanhar nossas viagens? Nos siga no instagram @Onde Olhei
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