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Relato detalhado: Monte Roraima 2022, 7 dias
Leandro Z postou um tópico em Venezuela - Relatos de Viagem
Fronteira com a Venezuela está aberta, as primeiras expedições recomeçaram em abril/2022. Para passar por países com fronteira com o Brasil, brasileiro precisa apenas do RG. Porém, em maio/2022, estavam pedindo passaporte na Venezuela (a última cidade brasileira é Pacaraima-RR, a fronteira fica a 30min da primeira cidade venezuelana, Sta Elena, onde se usa dinheiro em reais e PIX), coisa nova e deixaram um colega passar só com RG. Exame PCR (aquele mais caro, de laboratório, que demora cerca de 24h e custa mais de R$200), feito até 72h antes, foi necessário. Se pesquisar "Monte Roraima agencia/tour", dentre os resultados, com certeza vão aparecer: Roraima Adventure, Pisa Trekking, Nattrip. São brasileiras e cobram caro (mais de R$6.800 até R$10.000) e todas SUBLOCAM agências venezuelanas, os guias sempre são venezuelanos indígenas assim como os porteadores (carregadores). Fiz (e recomendo) com a @ecoaventuratours por R$2.700, em maio/2022. Não se gasta nada durante a expedição, mas gorjeta ou "regalos" para os porteadores são incentivados ao final. *o valor caro das agências brasileiras inclui os superfaturados translado de Boa Vista para Sta Elena, pernoites em Boa Vista e Sta Elena; mas isso é facilmente contornável, faça a sua própria reserva em Boa Vista (se chegar até 13h, nem precisa de pernoite), pegue um táxi com o Cleiton (3h30min, R$600 o carro, 95 91191378) ou um bus da rodoviária até Sta Elena; de qualquer maneira, tem que pernoitar, na ida, em Sta Elena (Venezuela), converse com a agência, mas tem opções baratas de menos de R$70. Porteadores são "guerreiros" indígenas que carregam até 40kg nas costas! Levam toda a comida, banheiro e barracas. O turista só precisa levar suas coisas (roupas, higiene pessoal, saco de dormir, isolante). Se pagar um porteador (cerca de R$50 por dia), ele pode levar sua mochila. Eles também cozinham (café da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar; não achei necessário levar snacks como castanhas e amendoim), se for vegetariano, avise antes. Água não falta, é só beber do rio. Ninguém levou clorin e todo mundo se saiu bem. "Banheiro" é um caso à parte. É uma barraquinha com um banquinho e acento. Sacolinhas com cal ficam no chão para a pessoa acoplar no banquinho e fazer a necessidade sólida (urina pode ser em qualquer lugar). Há papel higiênico e álcool em gel disponíveis, mas recomendo levar lenço umedecido para contribuir... Após o uso, desacopla a sacolinha, amarra e deixa no outro canto. Maio, junho e julho são os meses de mais chuva, principalmente junho e julho, evite-os. Embora sempre chova e o tempo seja muito instável por lá, o melhor mês é outubro. Fomos em maio e foi tranquilo, chuviscou um pouco mais na subida, porém, nos momentos certos fez bastante sol. Por ser alto (2700m de altitude), inevitavelmente, é frio em alguns momentos, como durante a noite (chegou a 5ºC, em maio), mas suportável. Parece que o básico são 7 dias, a contar de Sta Elena (Venezuela), com 2 dias no topo (que são os mais importantes). Algumas agências escrevem 8 dias, mas está incluído um dia da viagem entre Boa Vista - Sta Elena (que demora aproximadamente 3:30h, incluído passar pela fronteira/imigração, mesmo brasileiro tem que dar saída do Brasil). Há também tours de 9 ou mais dias, com mais dias no topo (vai até "La Proa", lago Gladys, cueva de los Guácharos). Como dito, o básico são 7 dias divididos assim: Dia 1 - sai de Sta Elena umas 9h até a comunidade Paraitepuy, onde se inicia a caminhada por volta das 12h (lanche é dado). Caminha-se 12km (com alguma subida e descida) até o Rio Tek, onde tem muitos mosquitos e onde ocorre o primeiro pernoite. Dia 2 - atravessa o Rio Tek, caminha-se um pouco mais e atravessa o Rio Kukenan, dependendo do nível do rio, pode exigir certo esforço, mas qualquer um consegue e a equipe dá total apoio. É um dia tranquilo de caminhada (6km, pouca subida) até o acampamento base, local do segundo pernoite. Dia 3 - é o dia da subida de fato do monte, a distância não importa (4km?), o que importa é a ascensão de 930m, previsão de 4h, não é tão íngreme, mas achei o dia mais cansativo. Já dorme-se no topo (3 noites no total), no que eles chamam de "hotel", que são amplos lugares embaixo de pedras ou até dentro de pequenas grutas. Dias 4 e 5 - são os dois dias no topo, não precisa levar a mochila, pois volta para dormir no mesmo local, as atrações principais são: jacuzzis - pequenos poços com água gelada e ambiente instagramável; ventanas - mirante do Kukenan (segunda maior cachoeira do mundo, porém, é de estação) e outros; Maverick - o ponto mais alto do monte, sobe por uns 15 minutos e torça para o tempo estar aberto. Neste dia, anda-se pouco, acho que não chega a 10km; ponto triplo (tríplice fronteira) - tem um totem que marca a Venezuela, Guiana e Brasil para dizermos que já fomos à Guiana; Vale dos Cristais - belo lugar, não pode coletar os cristais; El Fosso - lugar magnífico (o meu preferido da excursão), é um simples poço, mas com uma quedinha d'água, arredores que lembram ruínas, uma trilha interesse para descer (partes estreitas, fendas), o banho é gostoso, mas geladíssimo. Estas 3 atrações ficam próximas uma da outra; neste dia, anda-se cerca de 14km total. Dia 6 - é um longo dia de descida do que subiu nos dias 2 e 3, ou seja, vai do topo até o Rio Tek, onde pernoita. Dia 7 - do Rio Tek até o Paraitepuy são os mesmos 12km (4h) do dia 1, então esses dois últimos dias são o mesmo caminho, mas no sentido inverso e não traz novidades. Termina-se antes das 12h. De Parateipuy até Sta Elena são 2h, a cargo da agência, mas costumam incluir almoço, aumenta a duração. Se precisar pegar vôo em Boa Vista ainda neste dia, considere que para sair de Sta Elena para Boa Vista, é questão de combinar com o táxi, a fronteira só se atravessa até às 17h (e fecha para almoço às 12h; pelo menos fechou no domingo que passei), então tem que sair até +-16h de Sta Elena, pois são 30min até a fronteira/imigração. Obs.: de Sta Elena tem como fazer o tour Gran Sabanna, 6 cachoeiras em um dia, R$160, dia inteiro, com almoço, com a @vagotours O que levar (devido ao peso, quanto menos levar, melhor, então considere usar algumas roupas mais de uma vez, usar jaqueta como travesseiro, etc): mochila de, pelo menos, 40l (capa de chuva é aconselhável) - colocando o saco de dormir comprimido, fica apertado, mas coube; não achei necessário mochila de ataque saco de dormir (saco para 10°C é o suficiente) - existem compressores, vendidos separadamente (uns R$70), que diminuem o volume do saco para carregar; alguns sacos já vem com esse compressor, geralmente são mais caros; isolante térmico colchonete inflável - eu não gosto de isolante de EVA, ocupa muito espaço e é horrível para dormir de lado, prefiro um colchonete inflável (uns R$370 na Decathlon), que também é isolante e confortável; a agência aluga saco de dormir e isolante, mas não colchonete inflável; garrafa para água - ninguém levou clorin, acho dispensável; roupa de frio (para dormir) e uma jaqueta impermeável (ou capa de chuva) - vai precisar algum dia...; eu não gosto de caminhar de manga comprida nem calça, mas tive que fazê-lo, com jaqueta corta vento, por causa da chuva na subida (mas estava de bermuda) e no Maverick. Levar calça de caminhada não é má ideia. roupas leves para caminhar é possível que algumas roupas sequem ao sol, mas não é bom contar com isso, o clima é muito instável; dependendo do tempo e do material, se molhou uma vez, vai ficar úmido até o final da expedição. bota/tênis e chinelo (alguns porteadores caminham de crocs); lanterna de cabeça e power bank (para o celular) - não tem eletricidade em nenhum ponto; higiene pessoal - sabonete, escova, pasta, protetor solar, repelente, toalha (de secagem rápida), lenços umedecidos; bastão de caminhada - para quem gosta, sempre ajuda, mas é um item que deve ser despachado no vôo, então é preferível locá-lo por R$25 (saco e outros itens também são locaveis); seguro viagem não é cobrado e não acho necessário; dorflex é uma boa pedida, imosec também. Cansa? Sim, todo mundo se cansa, mas achei que fisicamente não exige tanto, consideram-na como de dificuldade média, é só não estar totalmente sedentário. O desafio, para quem não está acostumado, pode ser os perrengues de acampamento: dormir em saco por 6 noites, tomar banho de rio, "banheiro" diferente, etc... que também não é nada de outro mundo. O grupo caminhava muito bem, mesmo se não caminhasse, não são muitos km por dia, o guia vai dosando a velocidade isso. Se precisar fazer em menos dias ou mais rápido, é só conversar previamente com a empresa/guia para adaptarem-se. Tem gente que chama uma moto, no Rio Tek, para voltar, por exemplo, custa R$200. Ou tem excursão que sobe mais cedo para aproveitar a tarde no topo, entre outras adaptações. A verdade é que sobra tempo no topo e nem sempre eles são organizados. Para o guia, é só mais uma excursão, para ele, tanto faz ir ou não ir a certos lugares... Momentos antes do Maverick, nós ficamos por horas no "hotel" esperando o tempo abrir ("tempo" significa "clima"), mas claramente já estava aberto (ou abria e fechava) e mesmo assim ficamos lá sem fazer nada, sem instruções da programação! Só fomos porque dissemos que queríamos ir de qualquer maneira, mesmo com chuva ou tudo nublado. Fomos e tudo certo. No dia seguinte, pela manhã, foi quase a mesma coisa, o tempo estava fechado, chuviscando, porém, dissemos que queríamos seguir a programação da tríplice fronteira, vale dos cristais e fosso (próximos um do outro), ao invés de irmos para não sei onde. E assim fizemos. O tempo abriu muito bem, fez um calorzão, andamos rápido e o dia terminou cedo (até dava tempo de irmos para outro lugar). Ou seja, o tempo lá é bem instável, o guia sabe de tudo, tem conhecimento, mas o turista também tem que expor suas vontades e conversar, pois é uma experiência única. Isto foi um pormenor, tudo correu bem, valeu muito a pena e recomendo a empresa e o tour.- 20 respostas
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Monte Roraima em 8 dias, Gran Sabana, Venezuela
Alexandre Curcino postou um tópico em Trilhas na Venezuela
Foram três dias para a subida, três dias no topo do Roraima e dois dias para retornar. O Monte Roraima é o palco da famosa aventura denominada 'O Mundo Perdido' (1912) de Sir Arthur Conan Doyle, o mesmo autor de Sherlock Holmes. Expedição realizada em janeiro de 2015. Na imagem, o Monte Kukenan à esquerda e o Monte Roraima à direita Saída de Boa Vista e preparativos para a subida Saímos de Boa Vista por volta das 8h. Boa Vista é a capital do estado de Roraima e a dista cerca de 215 km da fronteira com a Venezuela. Passando pela fronteira, percorremos mais 15 km até a primeira cidade no país vizinho, Santa Elena do Uiarén. Chegamos por volta das 10h e já fomos ter o primeiro contato com o dono da agência "Mystic tours", o senhor Roberto Marrero, morador de Santa Elena. Como ele acertamos o horário da ‘charla’ ou briefing sobre os procedimentos, cuidados e recomendações aos que irão subir o Monte. Após este breve encontro, aproveitamos para trocar reais por bolívares na cidade. A cotação do dia estava em 50 bolívares para cada real (ano de 2015). O valor que pagamos por pessoa foi de R$ 650,00 para oito dias (sete pernoites), incluindo alimentação e a montagem das barracas. Precisamos levar somente nossos objetos pessoais, como saco de dormir, isolante térmico e roupas. Para entrar em Santa Elena não foi preciso nada além de nossos documentos pessoais mas, para seguirmos adiante em nossa viagem, precisaríamos do ‘Permiso’. Retornamos então de Santa Elena para a fronteira e chegamos à Aduana. Fomos antes até a PF brasileira para obter o carimbo do nosso passaporte. Todo o processo durou cerca de duas horas. Na Aduana a Venezuela exigia, além dos documentos pessoais, a carteira de vacinação para a Febre Amarela. Após a obtenção do permiso, procuramos um hotel na cidade e encontramos o ‘Garibaldi’, no centro. Pagamos 1500 bolívares. A internet do hotel era muito ruim e ficamos sem conexão durante toda a estadia. No dia seguinte nos encontramos com o dono da agência para a ‘charla’ sobre a expedição, que durou pouco mais de uma hora. Na primeira parte, trouxe uma série de informações sobre como encarar os dias de caminhada, os locais onde iriamos pernoitar e os cuidados que deveríamos tomar. Na segunda parte da charla, falou sobre aspectos geológicos do Monte Roraima e concluiu falando sobre alguns aspectos esotéricos da região. É importante ressaltar que a agência que contratamos era voltada para o turismo esotérico e o agente nos fez algumas recomendações. Por exemplo, ao chegar à montanha ou entrada de alguma cueva (caverna), os índios Pemon – que consideram o Roraima um monte Sagrado –, recomendam que os chegantes sempre peçam permissão aos espíritos que guardam o lugar, dizendo que vêm em paz e que se comprometem a manter a harmonia do lugar. Disse também que, como em outros locais místicos, são também comuns avistamentos de OVNIS na região do Roraima. Há segundo diversos testemunhos independentes de naves saindo de cachoeiras, do interior do monte, etc. Concluiu dizendo que o Monte Roraima está ligado energeticamente com os principais pontos esotéricos do mundo, como Stonehenge, Nasca, Ilhas de Pascoa, Machu Pichu, Monte Fuji, Yukatan e, no Brasil, um ponto em Minas Gerais, na região de São Tomé das Letras. Disse por fim que em todos estes locais há centros energéticos subterrâneos. Primeiro dia Paraitepui ao acampamento do Rio Tek Chegamos na agência por volta das 9h, hora combinada para sairmos. Foi solicitado que não colocássemos nossos passaportes nas mochilas, pois poderiam ser requisitados nos dois postos de controle militar (os postos são denominados Alcabalas) que existem no trajeto. Dois veículos nos aguardavam. São preparados para estradas de difícil acesso, com espaço interno adaptado para abrigar nove pessoas além do motorista. Após a acomodação das bagagens nestes veículos, iniciamos a viagem de Santa Elena até o ponto conhecido como Paraitepui. Uma parte da estrada é asfaltada mas, em determinada altura, o veículo entra por uma estrada de terra que leva a este local, que marcou o início de nossa caminhada. O deslocamento dura cerca de 1 hora e 40 min. Na chegada a Paraitepui, o Sr. José (o nosso guia durante toda a viagem) foi cuidar dos detalhes de nossa liberação. O local é uma comunidade indígena com poucas habitações. Ficamos num abrigo simples, conferindo o equipamento para subida. A seguir, alongamos o corpo e tiramos algumas fotografias. A saída demorou um pouco pois o Sr. José aguardava a chegada dos chamados porteadores, que são moradores locais contratados para compor as diferentes expedições. Os porteadores fazem realmente um trabalho duro: carregam as barracas, a comida e demais utensílios necessários em cada parada. Um deles fica encarregado de levar o que eles chamam ‘chocolate’, ou seja, os dejetos gerados pelos membros da expedição durante a viagem! É proibido deixar estes dejetos no topo do Roraima. Após algum tempo, Sr. José chegou com os porteadores e com a permissão para a nossa viagem. Eles começaram a organizar nosso almoço: dois sanduíches imensos com queijo, presunto, cebola e pepino, acompanhados de suco. Após nos fartarmos, aguardamos mais alguns instantes e fomos orientados a colocar nossa mochila nas costas. Vale dizer que cada membro deve carregar seu próprio isolante térmico, seu sleeping bag, suas roupas e alimentos pessoais. Os organizadores sempre sugerem levar alguma comida extra de sua preferência. Momentos antes do início da caminhada (Imagem: Grupo 'Caminhando por aí', nossos companheiros de expedição) Finalmente iniciamos a caminhada! Como todos estavam animados, iniciamos muito bem, vencendo facilmente as subidas e descidas iniciais. Cerca de uma hora depois, nos deparamos com uma subida íngreme, chamada pelos locais de ‘La Prueba’. Dizem que é neste primeiro desafio que o chefe da expedição fica sabendo qual é o condicionamento físico dos membros da expedição. Quem é sedentário, por exemplo, sente bastante esta primeira subida! Neste primeiro dia de caminhada, a pessoa que não está acostumada com trilhas longas logo começa a sentir o peso da mochila nos ombros. Somando-se a isso o sol a pino e o terreno progressivamente pedregoso, temos um cenário singular que nos impõe uma dura prova de resistência. Este cenário prolongou-se por mais ou menos umas três horas e meia, quando a expedição alcançou o primeiro acampamento, na beira do Rio Tek. Os porteadores, acostumados a percorrer estas longas distâncias com muito peso, chagaram antes ao acampamento de modo que, ao chegarmos, quase todas as barracas já estavam montadas. Do acampamento do Rio Tek é possível vislumbrar o Monte Roraima e, mais próximo, o imponente Tepui Kukenan. Pessoas de vários países procuram o Roraima. Muitos Franceses, Russos, Espanhóis, Austríacos, Suecos, Venezuelanos, Japoneses, Americanos e, é claro, muitos brasileiros. Aspecto do acampamento do Rio Tek Monte Kukenan, fotografado no acampamento às margens do Rio Tek Todos que chegam ao acampamento procuram logo o Rio Tek para tomar banho (que no fim do dia é muito fria) e pegar água para beber e reservar. É importante dizer que toda a água utilizada durante a caminhada é retirada de rios, regatos e cascatas, etc. À noite, nos foi servido macarrão com carne moída, queijo e suco. Durante a noite, um céu espetacular pôde ser visto. O firmamento crivado de estrelas deixou a todos encantados. No meio da madrugada, ao levantar por um momento, pude presenciar uma das cenas que mais me emocionaram em toda a viagem: de um lado, entre o Roraima e o Kukenan, a estrela polar! No meio do céu, a lua minguante e, ao sul, o Cruzeiro ainda visível nas primeiras latitudes do hemisfério Norte. Segundo dia Acampamento do Rio Tek (1050m) ao Acampamento base (1500m). O Sr. José nos alertou ainda em Santa Elena que preferia iniciar a caminhada bem cedo. Por volta das 5h já era possível ouvir os passos dos porteadores. Eles acenderam o fogareiro e iniciaram a preparar nosso 'desayuno', que consistiu de um pão frito recheado com queijo, café e té (chá) quentes, servidos gentilmente por duas moças que também eram porteadoras da nossa expedição. Logo após o café iniciamos a caminhada do segundo dia. Trata-se de uma dura subida. Meia hora após o início da caminhada, chegamos ao Rio Kukenan, que cruzamos com relativa facilidade. Durante o período das chuvas na região, a travessia deste rio é um pouco mais desafiadora, exigindo inclusive o auxílio de cordas. Rio Kukenan, com os montes Kukenan e Roraima ao fundo A partir daí, por volta das 8h, o sol deu o ar da graça... Cruzamos grandes campos de pteridófitas e o terreno pedregoso começou a ficar mais e mais constante. A subida requer algumas paradas para retomar o fôlego e beber um pouco d’água. A quantidade de cascalho solto na subida cada vez mais íngreme é um perigo para quem não tem botinas adequadas. O grupo ficou um pouco mais separado, pois muitos já não podiam esconder mais o cansaço. A alegria inicial deu lugar à determinação de vencer este segundo dia. Joelhos e ombros são um pouco mais exigidos. Soubemos de um senhor de Boa Vista (de outra equipe) que desistiu no meio do caminho, sendo acompanhado por um porteador que o levou de volta à Sta. Elena. Parei muitas vezes para retomar o fôlego! Os ombros, castigados no dia anterior, pareciam já estar acostumados ao sofrimento imposto pelo peso da mochila. A expedição como um todo sentiu mais este segundo dia e mesmo antes de chegarmos ao final, paramos próximo a um regato para reabastecer a nossa água e também para almoçarmos. A comida foi preparada num conjunto de rochas a céu aberto por volta das 13h30 e consistiu de sanduíches e suco. É importante dizer que o tipo de alimento que nos era servido variava de acordo com a hora do dia: nas horas mais quentes serviam lanches frios e, nas horas mais frias, comida quente. Após recobrarmos as forças, retomamos a caminhada e, por volta das 15h30, chegamos ao acampamento que fica na base do Monte Roraima. Um imenso paredão nos deu a dimensão de nossa insignificância... Realmente espetacular vislumbrar o Roraima e o Kukenam, lado a lado. Imagem feita a partir do acampamento base Como no dia anterior, os porteadores rapidamente montaram nossas barracas e fomos tomar banho num córrego na base do monte. A água congelante desencorajava o mergulho mas, como a sujeira incomodava, respiramos fundo e fomos. O pouco tempo dos pés sob a água os deixava dormentes. Ao sair, a brisa fria aumentava aquela sensação, amenizada somente após vestirmos nossas roupas. No jantar, comemos arroz com polo (frango), legumes e bebemos um chá quente. Durante a madrugada fez um frio muito intenso. O segundo acampamento fica no meio da vegetação da base do Roraima. Pudemos ver muitas amoras que eram vorazmente disputadas por aves locais. Entre elas, a mais abundante é sem dúvida o tico-tico, visto sempre no solo buscando restos de comida. Sabias e andorinhas também puderam ser vistos em abundância. Terceiro dia Acampamento base (1500m) ao topo do Monte Roraima (2680m) Aos primeiros raios de sol, acordamos e tomamos o café da manhã. Sabíamos de antemão que o terceiro dia seria bem puxado, pois é nele que começou a subida propriamente dita pela rampa de acesso ao Monte Roraima. Logo no início, uma subida quase vertical nos deu a dimensão do desafio que nos aguardava. É uma subida perigosa para quem não tem familiaridade com ambiente natural. Mesmo para quem é acostumado, todo cuidado é pouco. Cada novo passo precisou ser bem calculado e, devido à chuva do dia anterior, o risco de escorregão aumentara. Algumas palavras passaram a constituir-se verdadeiros mantrans para os membros da expedição, ditas a nós pelo Sr. José repetida e pausadamente: ‘listo’, ‘paso a passo, sin carrera, sin apuro’. Diferente do dia anterior, não perdi o fôlego com facilidade pois os passos eram mais curtos e cuidadosos. Em compensação, mãos e joelhos foram mais exigidos. O caminho torna-se facilitado à medida em que você percebe alguns macetes: sempre há um tronco, uma raiz ou algo próximo que auxilia o impulso e a segurança para o próximo passo. Diferentemente da trilha do dia anterior, toda percorrida em ambiente savânico (aberto), esta trilha íngreme está entre a vegetação da base do Roraima, de modo que o sol não castigou tanto. Pelo contrário, à medida que a subida ocorria, ficamos cada vez mais sujeitos ao clima próprio do Monte. Uma cerração constante, ventos e um clima mais ameno marcaram esse trecho. Os ombros, já acostumados ao peso da mochila, já estava como que anestesiados ou antes, suplantados pelas dores nos joelhos e nos pés. No meio da caminhada, umas duas horas e meia após a saída, nos deparamos com uma descida, seguida por nova subida. Ao final desta subida, vislumbramos o famoso ‘Paso de las Lagrimas’. Neste local, nós passamos literalmente por baixo da queda d'água. Minha esposa pensou que começara a chover... Subimos pelas rochas em forma de escada toda molhada. Somado ao cansaço, a força da água e o terreno escorregadio e perigoso minam a confiança de muitos viajantes. Alguns atribuem o termo ‘Paso de Lagrimas’ não somente a queda, mas também às lágrimas que escorrem pelo rosto daqueles que consideram ter chegado ao seu limite físico e psicológico. Passado o desafio do ‘Paso’, continuamos a difícil subida, com algumas paradas para pegar água para descanso. Foi nessa parte da subida que encontramos por vez primeira o famoso anuro endêmico do monte Roraima (Anomaloglossus roraima), por estre as rochas. Anuro endêmico dos Tepuis do Sul da Venezuela (Anomaloglossus roraima) Algum tempo depois, chegamos finalmente ao topo do Roraima! Neste local o clima já era radicalmente diferente daquele da manhã e um sol agradável ajudou a secarmos nossas roupas. Fizemos nosso almoço ali mesmo entre as rochas. Enquanto comíamos, pudemos vislumbrar, logo na chegada, as estranhas formas esculpidas nas rochas pela água por milhões de anos, imagens estas retratadas em tantas imagens que viramos somente nas páginas da internet. Aspecto das rochas na chegada ao topo do Roraima Após o breve almoço – pão torrado com presunto e mussarela –, continuamos nossa caminhada, agora no topo, até nosso acampamento, o ‘hotel’. No Roraima, Hotel consiste em abrigos sob grandes formações rochosas. São abrigos que nos protegem parcialmente das chuvas intensas, sol e vento. As barracas são montadas onde é possível. Se um determinado grupo chega aos hotéis e não há ‘vaga’ para as barracas, é obrigado a ficar sob do ‘humor climático do Roraima’, que muda a todo momento. Há um hotel principal, mas ficamos num outro local chamado hotel sucre, com menor capacidade. Li certa vez num site uma afirmação que comprovei ser verdadeira: ‘durante a viagem ao Monte Roraima, vivenciamos diariamente as quatro estações!’. Quando chegamos ao nosso hotel, encontramos nossas barracas já montadas pelos porteadores. Após nos instalarmos adequadamente, descansamos por uns quarenta minutos e tomamos uma sopa caliente. Um dos porteadores veio nos dizer que iríamos realizar já naquela tarde nossa primeira incursão ao Roraima. Fizemos uma caminhada de 40 minutos e visitamos um dos vales de cristais existentes no monte. Confesso que esperava um pouco mais desse vale, que na prática não passa de uma única subida cheia de pequenos cristais. Eles também ficam espalhados pelas proximidades, sobre um solo argiloso de coloração levemente rosácea. A seguir, conhecemos também o local denominado ‘Jacuzzi’, uma espécie de piscina natural onde tomamos nosso banho. O fim de tarde, a garoa e o vento constante tornaram a entrada desconfortável, sensação somente suplantada pela necessidade de manter o corpo limpo! O caminho até estas localidades nos deu já uma boa noção da paisagem surreal existente no platô do Monte Roraima. O formato peculiar das rochas é um convite à imaginação humana. Viamos diferentes formas animais, construções que assemelhavam-se a catedrais, etc. Jaccuzi, no topo do Monte Roraima Formação natural encontrada no topo do Monte Roraima Foi nesta tarde que pudemos conhecer também o ponto mais alto do monte, denominado Maverick, com 2.860 m. Tem esse nome por ter a aparência do veículo de mesmo nome. Retornamos rapidamente para nosso acampamento. O fato de não estarmos mais carregando nossas mochilas tornou a caminhada mais rápida e menos desgastante. Na chegada ao acampamento, fizemos nosso jantar, que foi Macarrão (Pasta) com polo. Alguns beberam chá e outros chocolate quente. A chegada da noite convidava-nos invariavelmente ao recolhimento, seja pelo cansaço gerado pelo intenso dia de caminhada, seja pela necessidade de estarmos preparados para o esforço do dia seguinte. Neste dia soubemos que seria difícil visitar o lado brasileiro do monte. O hotel 'Quati' estava lotado. Assim, o sr. José achou por bem nos levar a alguns outros locais no lado Venezuelano do Roraima. Quarto dia O dia seria de uma longa caminhada pois, como não iriamos mudar o acampamento (o lado brasileiro estava, como dissemos, lotado), deveríamos nos deslocar até os pontos planejados para visitação e depois retornar. Por essa razão, percorremos 18 km nesse dia. Logo pela manhã tomamos nosso costumeiro café da manhã. Vimos o Sr. José chegar apressado dizendo em voz alta, num tom de comando: ‘Listo?’. Minutos depois, começamos a caminhada até o chamado ponto fronteiriço tríplice entre Brasil, Venezuela e Guiana. O dia amanhecera chuvoso. Uma intensa névoa encobria todo o vale e um vento forte com umidade desencorajava a incursão. O experiente guia continuou a marcha e o seguimos por entre as rochas. O caminho era sempre irregular. É preciso pular muitas rochas e escalar algumas delas. É preciso também andar por caminhos específicos (entre pequenas rochas estrategicamente colocadas pelos indígenas) para tentar manter os pés secos (uma tarefa que se mostra sempre inútil ao fim do dia). Mesmo botas aparentemente impermeáveis de alguns membros da expedição não foram capazes de conter a água. Visitamos catedrais de pedra e outras rochas que, como já dissemos, lembram formas humanas e animais. Andamos por toda a manhã e, ao final, avistamos ao longe o pequeno obelisco que marca a tríplice fronteira. Nosso almoço foi um lanche frio com pão, repolho, maionese e atum, além deu um copo de suco. Foi nesse dia que conhecemos os pontos denominados 'catedral' e 'elefante', além de um outro vale com muitos cristais. Estávamos já bem cansados e a escalada foi difícil, sempre por entre ou sobre as rochas. Finalmente chegamos ao topo da colina e ao obelisco. Por graça da natureza, o tempo abriu e fomos brindados com um sol maravilhoso durante o tempo em que permanecemos no obelisco. Um sentimento de alegria envolveu-nos a todos, apesar do cansaço! Um imenso arco-íris pôde ser visto cruzando todo o vale. Entretanto, como já dissemos, o clima próprio do monte é muito instável, de modo que logo na sequência o tempo piorou novamente. Obelisco da tríplice fronteira (Brasil, Guiana e Venezuela) no topo do Monte Roraima Continuamos a caminhada rapidamente pois o Sr. José não queria que andássemos durante a noite por entre as rochas. Andamos por entre vales e elevações, sempre com um tremendo esforço físico. Ao perguntarmos aos porteadores quanto tempo restava, sempre nos diziam a mesma hora (não queriam nos desestimular). Após algum tempo, chegamos ao local denominado ‘El Foso’. Trata-se de uma imensa abertura em cujo fundo há um belíssimo lago. Uma cascata formada pelas águas que descem das elevações rochosas próximas completa o cenário. A beleza do lugar nos fez esquecer do cansaço e ficamos durante um tempo tomando fotos e conversando. O tempo uma vez mais colaborou justamente quando chegamos. Após a visita ‘El Foso’, começamos nosso retorno. A volta foi penosa! O tempo ficou fechado durante praticamente todo o dia e, ao cair da tarde, o frio aumentou drasticamente. Aspecto do local denominado 'El foso', no topo do Roraima Chegamos ao Hotel Sucre por volta das 19h (12 horas caminhando nesse dia), já com o uso de lanternas para nos guiar por entre as rochas. Quando cheguei, minha primeira reação foi deitar na barraca e ali permaneci por mais ou menos uma hora. O jantar foi composto de arroz, lentilha e carne moída. Como bebida quente, chocolate, chá ou café. Comida quente era quase tudo que precisávamos... Sim, quase tudo pois estávamos sujos e banho naquele frio noturno numa água congelante era impensável. A saída foi encontrar algumas poças próximas e tentar limpar o corpo da melhor forma possível. Outro grande problema de um ambiente umido é que suas roupas simplesmente não secam! A botina então, pode esquecer. Um dos membros da expedição sugeriu o seguinte paliativo: calçar uma meia seca e limpa, um saco plástico e, por cima disso tudo, a meia suja e úmida. Colocar a botina dessa forma torna-se menos desconfortável aos pés, que se mantém relativamente secos. Quinto dia Neste dia saímos um pouco mais tarde (depois das 8h), seja porque os pontos de visita eram mais próximos, seja pelo extremo cansaço. O tempo amanheceu mais uma vez bem fechado. Nosso café foram bolinhos recheados com ramon (presunto) e omelete. Fomos mais uma vez até o Maverick, ou seja, o topo do monte. Nesse dia conhecemos muitas formações estranhas, que foram nomeadas pelos locais de acordo com suas semelhanças com animais ou com formas humanas. Fomos a outro vale dos cristais, bem maior que o primeiro, onde podíamos pisar sobre os cristais que estavam espalhados por todo o caminho. Conhecemos o vale da esperança e o lago do mesmo nome. Na sequência, fomos até um dos pontos mais famosos do monte, denominado ‘La Ventana’, onde é possível ver todo o vale e as encostas do monte com suas várias cachoeiras. Para nossa infelicidade o tempo não melhorou a não pudemos ver nada, dada a espessa bruma que cobria todo o ambiente. Ao mesmo tempo, tal bruma dava ao lugar um aspecto misterioso e enigmático e surreal. No retorno ao acampamento, vimos uma cena inusitada: no meio de todas aquelas vimos a súbita chegada de um helicóptero. Ao longe, olhando para o local onde o helicóptero iria pousar, vimos um grupo de turistas estrangeiros, que embarcaram rapidamente e deixaram o monte na sequência. Ao mesmo tempo, alguns turistas japoneses desceram naquele lugar inóspito para conhecer o topo do monte. Notamos que, ao verem o helicóptero indo embora, ficaram sem reação, como se tivessem sido 'teletransportados' subitamente para um local alienígena. É uma opção mais cômoda e também muito mais onerosa. Continuamos nossa caminhada até o acampamento, passando pela jacuzzi e chegando no acampamento por volta das 15h. Ainda estava chovendo e fomos recebidos com sopa, pão, chá, chocolate e café. Cristais encontrados no topo do Monte Roraima Sexto dia Último dia no topo do Monte Roraima. Logo que o dia raiou, por volta de 5h40, o Sr. José veio nos acordar. Estava muito animado, perguntando quem gostaria de fazer uma última tentativa de conhecer a vista de ‘La ventana’. Poucos se candidataram, pois o cansaço era grande, estava muito frio e muitos já estavam um pouco desanimados. Optei por fazer a tentativa! O vento estava forte e o dia bem mais claro. Quando chegamos, pudemos contemplar a beleza da vista que ‘la ventana proporciona’, o que nos deixou muito emocionados. O mirante é realmente espetacular. Retornamos por volta das 7h30, e encontramos os demais membros da expedição tomando café da manhã, composto de Arepa e café quente. Saímos todos e fomos conhecer um local chamado ‘La Cueva’. Após pedir a costumeira permissão, pudemos explorar o interior do local. A seguir, no caminho de retorno, o dia estava bem mais agradável e o senhor José aproveitou para nos contar algumas histórias que ele conhecia sobre o monte Roraima. A seguir, retornamos ao hotel pois precisávamos estar descansados para o dia seguinte, quando iriamos iniciar a descida do monte. O ambiente no topo do monte é realmente inóspito. A última noite foi úmida e muito fria. Comemos uma sopa com pão e fomos dormir. La Ventana. Monte Roraima Sétimo dia Topo do Monte Roraima (2680 m) ao acampamento do Rio Tek (1050 m). Começamos o dia com um café reforçado de mingau com aveia e flocos e um pouco de chá. Dia de forte caminhada. Começamos a descer o monte logo pela manhã (6h). Foi certamente o dia mais difícil, exigindo muito de nossos joelhos. O planejamento era descer o monte, passar pelo acampamento base e chegar no acampamento do Rio Tek no fim do dia. Muitos visitantes que estão acostumados a trilhas montanhosas costumam descer pela trilha em alta velocidade, numa destreza admirável. Aspecto do paredão do Monte Roraima (descida) Descemos durante a manhã por toda a parte florestada da encosta do Roraima, com poucas paradas, almoçando no acampamento base. O almoço foi novamente pão de forma, repolho, atum e maionese. Ficamos cerca de meia hora nesse acampamento e continuamos a descida. No período da tarde, agora sob forte sol, caminhamos pela savana em direção ao rio Kukenan. Ao chegarmos ao rio, o calor e o cansaço eram tamanhos que instintivamente nos livrávamos das mochilas para nos refrescarmos no rio. Ficar com os ombros livres foi um verdadeiro alívio. Após essa breve pausa, nos encaminhamos para o acampamento do Rio Tek, onde tivemos nosso último pernoite. Tanto eu quanto minha esposa deixamos nossos calçados (praticamente imprestáveis) nesse local. Por sorte, tínhamos deixado um outro par quando de nossa ida. Fizemos isso para deixar nossa carga mais leve e ficamos muito felizes em saber que ainda estavam lá quando chegamos. Jantamos macarrão com carne e um pouco de suco e fomos dormir. Oitavo dia Acampamento do Rio Tek ao Paraitepui Na manhã do último dia, acordamos bem cedo. Tomamos o nosso café, já bem animados por estarmos no fim da caminhada. Os membros da expedição haviam combinado de deixar um ‘regalo’ aos porteadores que foram sempre tão atenciosos e prestativos conosco. Nos despedimos dos imponentes kukenan e Roraima e começamos a caminhada até o Paratepui. Ao chegarmos, encontramos uma pequena venda aberta e bebemos refrigerante gelado. O carro estava nos aguardando e, após todos os membros da expedição chegarem, fomos de Paraitepui até uma Vila no meio do caminho até Santa Elena. Nesta vila, que é uma comunidade indígena, tivemos uma farta refeição, com uma grande porção de polo assado, arroz, salada, maionese de repolho e refrigerante. Após essa bela refeição, fomos até uma rua onde compramos artesanato local. Pouco depois, voltamos à Santa Elena, onde a expedição foi finalizada.- 2 respostas
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Resolvi fazer este relado de viagem principalmente pela pouca orientação que encontrei para fazer a expedição para o Monte Roraima. Tive dúvida do que levar, mas, principalmente do que NÃO levar. Incerteza com que guia contratar. Incerteza com comida e pouca orientação sobre preparo físico necessário. Espero com este relato suprir algumas dessas deficiências que outros aventureiros possam ter. 1 – Diário de bordo 2 – O que levei para o Monte Roraima 3 – Como contratar um guia 4 – O que comer e o que beber 5 – Preparo físico necessário para subir o Monte Roraima 6 – Despesas 7 – Conclusão 1 – Diário de Bordo DIA 1 Saímos de Londrina, eu Ana e Maurício às 13:25.🛫 Chegamos em Congonhas com pouco menos de uma hora. O voo para Brasília saiu às 17h. Uma hora e meia de viagem. Chegando em Brasília tínhamos mais de 4 horas de espera até o voo para Boa Vista. Bom que deu tempo de conhecer o aeroporto, que é muito grande e bonito. Faz jus a capital do Brasil. Deu tempo de jantar (R$ 28,00) e até de comer uma sobremesa (R$ 36,00). De Brasília saímos às 22:45 e chegamos em Boa Vista a 1:20 (horário local, uma hora a menos do horário de Brasília). Em Boa Vista desembarcamos e pegamos um táxi (R$ 40,00) para o hotel (R$ 110,00).🛬 No hotel chegamos umas 2h da manhã. O Hotel Magna era bem simples, mas suficiente. Tinha até condicionado, mas o chuveiro não tinha a opção de quente. Tudo bem que faz muito calor em Boa Vista, mas água fria e tenso. Depois ficamos sabendo que somente hotéis de luxo que tem chuveiro elétrico em Boa Vista Procuramos dormir logo pq as 6 da manhã o táxi já ia passar nos pegar. DIA 2 Acordamos as 5:15 de uma noite não dormida muito bem. Pernilongos e poucas horas de sono. As 6h em ponto o táxi chegou.🚖 Partimos em direção a Pacaraima. Um pouco mais de 2 horas de viagem. Com direito a uma parada para tomarmos um café da manhã no Quarto de Bode.🐐 Chegando em Pacaraima o nosso guia Leopoldo já nos aguardava e a partir de então era com ele que a gente seguiria o restante da viagem. Pacaraima aparenta ser uma cidade bem pequena, mas estava com um fluxo bem grande de pessoas. Acho que a maioria era venezuelanos. Atravessar a fronteira foi bem tranquilo. Do lado brasileiro nem precisamos fazer trâmite algum (pelo menos eu acho que não precisava 🤔). Do lado venezuelano foi uns 20 min, isso graças ao auxílio do guia. Senão penso que demoraria mais. Para ingressar do lado venezuelano vc passa por tbm por uma fiscalização da guarda Bolivariana que tbm foi sussa. Mas, segundo informações ela geralmente não é tranquila. Ficam criando dificuldades para poder vender a facilidade. Mas não foi nosso caso. Depois da fronteira, mais uns 20 min chegamos em Santa Elena de Uairen e fomos direto para a base do guia, que já ajeitou as nossas mochilas no carro que nos levaria até a reserva de onde começa a expedição. O guia nos apresentou a equipe que nos acompanharia, Omar, sua esposa (até agora não sei o nome dela 😂) e Valentim. Depois se juntaria a nós o cozinheiro Armando. Tbm conhecemos outros dois brasileiros que fariam a expedição com nós, Guilherme e Gabriel. Logo partimos. Umas 10h. A previsão era de umas duas horas de viagem até chegar no Parque Nacional Canaima, mas o carro que estávamos deu um problema mecânico no meio da estrada. Então o motorista ligou para um outro que veio nos socorrer e trocamos de carro. Com isso atrasamos cerca de uma hora. A rodovia foi tranquila. A parte de estrada de chão é de muito sacolejo. Se não for um veículo traçado não daria conta. Quando chegamos na reserva de onde parte a expedição, tivemos que pagar uma taxa de R$ 30,00. A informação é que era R$ 10,00, mas, aparentemente subiu (deve ser a puta inflação venezuelana).🤑 Ainda nesta reserva fizemos um lanche e então partimos para 12 km de caminhada. Iniciamos por volta das 14:30. Não estava sol, o que facilitou um pouco, mas a caminhada não foi fácil. Um trekking de 12 km com uma mochila de uns 13 kg pra quem não tinha dormido direito não é fácil pra ninguém.😲 Chegamos no local do acampamento por volta das 19:00h, exaustos. Ajudamos montar as barracas e descemos para o Rio Tel para tomar aquele banho frio. Não demorou muito para o jantar ficar pronto. Uma macarronada com carne moída. Muito boa! Comemos, o guia nos deu algumas orientações sobre o dia seguinte e jogamos um pouco de conversa fora, depois dormimos, com uma chuva que se aproximava. De madrugada choveu um pouco. DIA 3 Eu acordei bem cedo. Foi uma noite bem dormida. Às 5:30 já estava de pé. Serviram o café da manhã às 6:30, omelete com uma espécie de “massinha” de pão frita. A programação era de sairmos a 7h, mas com a chuva que começou a cair e não dava para seguir viagem. Não pela chuva em si, mas sim pela cheia do rio que teríamos de atravessar. Esperamos até às 10 horas e Omar resolveu que dava para tentar. Então seguimos. Para atravessar o rio Tek foi tenso. Primeiro atravessaram nossas mochilas e depois um a um. O rio estava bem cheio e a correnteza era forte. Mas demos conta. Isso graças ao ótimo trabalho realizado pelos guias. Esta foi a primeira etapa, pq outras duas travessias do rio Kukenan nos aguardava. Paramos para o almoço, até pq não dava ainda para atravessar o rio Kukenan por causa da sua cheia. Prepararam e serviram o almoço, uma salada variada com pão. Ao seguirmos, atravessamos o Kukenan em dois pontos. O primeiro ponto foi tranquilo. A segunda é necessária a ajuda de uma corda esticada de lado a lado. Seguimos para uma caminhada de aproximadamente 3 horas. Deve ter dado uns 8 KM, mas pareceu ter andado uns 80 😅. Boa parte com um sol forte, outras com o tempo encoberto, mas sem chuva. Essa subida exige bastante preparo. Chegamos no acampamento. Mais um banho bem frio. Aquele velho e bom “banho checo”. Barracas montadas, foi hora de descansar um pouco. Já tirei um cochilo e acordei com a janta servida na porta da barraca, frango, arroz e batata cozida. Exaustos, dormimos fácil. Amanhã é o dia de concluirmos a subida e finalmente chegar ao topo. DIA 4 Acordamos cedo e o café foi servido assim que arrumamos as mochilas. Logo partimos para a etapa final da subida. Foi uma subida quase toda por dentro da mata. A trilha em si já é um espetáculo. Foram aproximadamente 5 horas de subidas e descidas. Passando por pequenos riachos, alguns mirantes onde era possível ver toda extensão do paredão do Roraima e o "Poço das lágrimas". Alcança o topo é muito gratificante. A sensação de conquista, de missão cumprida, de superação é difícil descrever. Tudo que vimos debaixo foi sensacional. A impressão que se tem e que de cima não pode superar aquilo que já vimos. Mas, por incrível que pareça, supera sim. 😲 A vista é sensacional. Apreciar o Kukenan, o sol, as nuvens, a vista de toda trilha que fizemos, o paredão visto de cima. As palavras são poucas para descrever. E isso foi só no momento da chegada, em um minúsculo pedaço do tepui que ficamos por alguns minutos. Depois de apreciar a vista e tirar umas fotos de um mirante, fomos rumo ao Hotel Índio, que nesta noite nos serviu de abrigo. É uma espécie de caverna com vista voltada para o Kukenan. O almoço foi servido (macarrão com carne moída). Descansamos um pouco e fomos conhecer as Jacuzzis. Ficava uma cerca de 30 min de caminhada do nosso “hotel”. A água é totalmente transparente, de uma pureza sem igual. Muito fria tbm. Confesso que deu trabalho para entrar. Mas não tem como estar lá e não entrar. O passeio seria incompleto. Por mais frio que seja, vale a pena. É uma beleza sem igual. Ao retornarmos foi servido um chocolate quente e pipoca. Foi possível apreciar um pouco de pôr do sol, mas com nuvens. Não demorou muito e jantamos (sopa de legumes com macarrão). Ficamos um tempo conversando e tirando fotos da lua e das estrelas. Logo depois dormimos. Amanhã é dia de irmos para outro hotel. 12 km de treking. DIA 5 O horário programado para acordar este dia não foi diferente dos outros, acordamos as 6, para tomarmos café as 6:30 e saída umas 7:30. O dia amanheceu com um céu muito limpo. Tomamos café da manhã que foi servido com uma espécie de panqueca com goiabada e uma porção de frango desfiado com umas misturas que nem sei o que é. Sei que parece que não combina, mas é bom. Mochilas arrumadas, partimos para outro hotel, Hotel Quati, este do lado brasileiro. São 12 km de trekking. A imensidão do tepui impressiona. Vc anda e parece que não tem fim. E embora seja um lugar peculiar pelas suas características, é possível perceber que o cenário vai mudando de um lugar a outro. Por este caminho de 12 km paramos em alguns pontos para conhecer e “sacar unas fotitas”. Existe até uma réplica da nave de Star wars 😁🖖 O ponto alto da caminhada é a passagem pelo "El Foço". Trata-se de um poço de um raio de uns 20/30 metros e uma profundidade de uns 30/40 metros. Uma pequena cascata cai de cima e é possível ver a lagoa que se forma no fundo. Uma lagoa de água transparente. Se de cima já impressiona, poder descer ao fundo então é espetacular. O caminho não é dos mais fáceis, mas a ajuda do nosso guia Omar mais uma vez fez toda diferença. O acesso ao fundo do "El Foço" é feita por uma caverna lateral. A descida já vale a pena. Parece que vc está em um cenário de algum filme do tipo "mundo perdido" ou filmes que retratam o período pré-histórico. O fundo do poço é muito melhor do que eu podia esperar. Tem um aspecto dourado, desde sua água até suas paredes. Quando o sol bate por suas fendas o dourado fica ainda mais vivo. A hora de entrar na água foi o momento mais desafiador. Sem dúvida foi a água mais fria que já experimentei até hoje. Ao colocar os pés na água, parecia que estavam sendo cortados. Doía a alma. E o foda é que para chegar na parte aberta, molhar só os pés não é suficiente, é preciso molhar pelo menos até a cintura. Fui o primeiro a entrar, já que percebi alguma hesitação por parte dos meus companheiros de viagem. Depois os outros vieram tbm. Todos nós com muitos gritos de "pqp" e suspiros de "Jesus". 😝 Valeu muito a pena. Olhar aquela imensidão de baixo para cima valeu o perrengue da água geladamente cortante. Depois do "El Foço" fomos para ao "Punto Triple", que é a tríplice fronteira entre Brasil, Venezuela e Guiana. Não é nada além de um marco que sinaliza a fronteira dos 3 países, mas é bem interessante saber que vc com apenas um passo pode mudar de país. Do lado guiano é possível observar um labirinto de rochas. Já do lado brasileiro o cenário muda um pouco e é possível observar árvores. Seguimos então pelo lado brasileiro e com cerca de uma hora de caminhada chegamos ao Hotel Quati, onde um delicioso almoço nos aguardava (feijoada). Almoçamos, descansamos alguns minutos e fomos a um mirante onde se pode observar a savana brasileira e o Roraiminha. A vista mais uma vez surpreendeu. Na volta passamos por um pequeno riacho para tomarmos banho. Dessa vez não tão frio. Ao retornarmos um chocolate quente foi servido, acompanhado de pipoca e bolacha de água e sal. Jogamos um pouco de conversa fora. Logo a noite caiu e a janta foi servida. Mais uma vez uma sopa de legumes. O que caiu muito bem, até pq fazia bastante frio. Mais um pouco de conversa, Conhaque e Rum para aquecer e fomos dormir. Até pq o dia foi cansativo tbm. DIA 6 Acordamos as 5 da manhã para ir ao mirante ver o sol nascer. O dia estava claro, mas quando chegamos no mirante o céu fechou e deu para ver bem pouco do sol mesmo. Mas mesmo assim a beleza foi espetacular. Voltamos ao hotel e tomamos café da manhã (um pão assado, com ovo, acompanhou goiabada). As 8 horas partimos para a aventura do dia. Foram 4 horas de caminhada para ir e 4 horas para voltar. Nada fácil. E isso pq estava somente com uma mochila de ataque. Iniciamos a caminhada com o tempo fechado e logo começou a chover. Conhecemos aquilo que chamam de Jacuzis Brasileiras. Passando por uma área que parecia um “jardim japonês”. Quando chegamos neste ponto o sol abriu um pouco. Neste dia experimentamos da grande variação climática do Monte Roraima. Chuva, sol, frio e calor tudo isso com diferença de poucos minutos. Conhecemos também Lago Gladys, que quando chegamos estava encoberto por nuvens. Abriu um pouco, mas sem muita visibilidade. Seguimos em direção a “proa”. Passamos pelos destroços de um helicóptero da Tv Globo que caiu ali no ano de 1998. O caminho não é fácil. O labirinto se torna bem mais complexo com chuva. Finalmente chegamos, mas o mal tempo não deu trégua. Apesar de ter parado a chuva, o tempo não abriu e vimos apenas o cinza de uma nuvem que insistia em não sair (nem tudo são flores 😏). Na volta, passamos novamente pelo Lago Gladys, agora totalmente visível e também passamos por um mirante espetacular, com o céu aberto. Voltamos para o Hotel Quati. Almoçamos. Descansamos um pouco. Logo a noite chegou. A janta foi servida. Jogamos um pouco de conversa fora. Muitas risadas e fomos dormir. Acredito que esta foi a noite mais fria de todas. DIA 7 Acordamos por volta das 5:00. A expectativa era de pegar um belo nascer no sol no mirante próximo do hotel Quati. E lá fomos nos. O céu que estava um tanto fechado abriu e contemplamos uma cena magnifica. Armando, o cozinheiro ainda nos presenteou com um chá quente enquanto apreciávamos a vista. Este foi o dia de regressarmos para a parte da entrada do topo do Monte Roraima. Foram mais 12 km de caminhada. Um dia de muito sol. No caminho passamos pelo Vale dos Cristais. O nome já diz tudo. A quantidade dos cristais impressiona. Depois de mais algumas horas de caminhada chegamos ao hotel Principal (fica bem de frente com o “Maverick – Ponto mais alto do Monte Roraima), bem próximo do hotel Índio que havíamos ficado no primeiro dia no topo do Roraima. Almoçamos e logo já saímos para conhecer a La Ventana. Um dos principais destinos para quem vai ao Roraima. Logo que chegamos o céu estava aberto. Foi possível apreciar a imensa vista que La Ventana proporciona, inclusive do Kukenan, que parece estar muito perto e também de outros tepuis. A vista não durou 5 minutos. O tempo fechou. Esperamos alguns minutos, mas, sem chance. Na volta passamos pela cachoeira Catedral e aproveitamos para tomar banho (frio, claro 😁). Retornamos ao hotel Principal já quase noite. Jantamos e logo dormimos. DIA 8 Dia que iniciamos a descida e retorno do monte. Começamos logo cedo, umas 7 da manhã. Embora a descida seja um pouco mais fácil, ela exige bastante cuidado e preparo físico. Por volta do meio dia chegamos no “acampamento base” onde almoçamos. Seguimos o trekking. Atravessamos o rio Kukenan e logo chegamos no rio Tek, lugar de nossa última noite de acampamento. Ali tomamos banho. Agora já não tão frio, até pq fazia muito calor. No começo da noite tivemos a oportunidade de reunirmos com os nossos guias e carregadores para um bom bate papo, avaliação da expedição e agradecimentos. Passadas as formalidades, jantamos e demos fim nos últimos álcoois. Acompanhado de muita descontração e risada. DIA 9 Solicitamos ao guia que excepcionalmente neste dia iniciássemos a caminhada mais cedo, com o intuito de evitar o sol muito forte. Então iniciamos por volta das 6:20. Foi uma boa, pois o céu estava bem aberto e o sol castigava. Apesar do sol, dos 12 km a serem percorridos e o soma do cansaço dos outros dia, até que foi tranquilo este retorno. Chegamos de volta na comunidade indígena de onde havíamos iniciada a expedição por volta das 11 horas. Exaustos! Não demorou muito para Leopoldo chegar com uma cerveja gelada para matar a sede. Ainda nos serviram um último almoço. Um mega prato com arroz, frango assado, saladas e banana frita. Acompanhado de refrigerantes e cerveja. Ainda ali na comunidade compramos alguns souvenirs e retornamos para Santa Helena e passamos a fronteira para o Brasil. Pegamos um taxi até Boa Vista. Chegamos por volta das 19:00h. procuramos um hotel onde podemos tomar banho e descansar um pouco até a hora do nosso vôo (1:00h). Chegamos em Londrina no dia seguinte as 13:00h. 2 – O que levei para o Monte Roraima Este tópico é um tanto pessoal, então, pode ter coisas que eu considere importante que para outra pessoa não seja tão importante assim e vice versa. Mas, uma coisa que você tem que ter em mente: LEVE O MÍNIMO DE PESO POSSÍVEL. Existe a possibilidade de vc contratar alguém para carregar a sua mochila. Não sei informar aqui quanto custa esse serviço, mas os guias oferecem. Não foi o nosso caso, cada um carregou a sua mochila. Então, se vc é do tipo que carrega a sua própria mochila (o que acho que seja o mínimo que deve fazer um mochileiro), cuidado com o peso. O peso pode variar de pessoa para pessoa, mas, considero que o limite ideal seria 10 kg. A minha foi com uns 13 kg. Tenho uma mochila de 60 litros. Vc tem que pensar que vai andar muito e em terrenos acidentados, com subidas, descidas, calor, frio. O total que caminhamos pelos 8 dias de trekking deu pelo menos 90 Km e boa parte desse percurso foi com a mochila nas costas. A recomendação que dou é que racione muito bem o que for levar. Uma das integrantes da nossa expedição teve alguns problemas por causa do peso excessivo da mochila. Bem, vamos lá, o que levei? -Protetor solar – Indispensável. O sol não pega leve. Não economize no uso. Ainda que esteja nublado, passe o protetor solar. -Repelente – Indispensável. Antes de chegar ao topo o Monte Roraima os mosquitos quase te carregam. -Shampoo – Levei uma quantidade bem pequena em um frasco pequeno. Tem quem só faz uso mesmo de sabonete. -Condicionador – Levei uma quantidade minúscula em um frasco tipo esses de hotel. Este é um item dispensável para muitos. Eu mesmo quase não usei. -Pente – quase não usei tbm. -Fio dental, escova e pasta de dente. -Desodorante – bem importante, já que vc pode ficar sem coragem de muito banho frio rsrs. -Lenço umedecido – Levei dos pacotes pq pensei que fosse tomar menos banho do que tomei. Um só seria mais que suficiente. -1 Sabonete. -Boné. -Touca. -4 Pares de meias – dá pra tentar levar menos e ir lavando pelo caminho. Se eu fosse hj levaria só 3. Tem muito lugar para lavar e demos sorte de pegar sol na maioria dos dias. O segredo não é só estender as roupas lavadas na barraca ou nos hotéis, até pq la possivelmente não secará. Tem que estender na mochila enquanto vc caminha. Comigo funcionou muito bem. -6 Camisetas – Hj eu levaria apenas 4. No mesmo esquema do item acima. -4 Cuecas e uma sunga – Hj levaria apenas 3 cuecas. -1 Calça de moletom – Achei que foi importante para o frio que faz dnoite. -3 Blusas – Considero importante essa quantidade. Foi o suficiente pra mim. Na medida. Não sobrou e não faltou. É interessante levar, várias ao invés de uma só. Como tem bastante variação de temperatura, é importante que seja em “camadas”. Em algum momento uma só vai resolver. Outro momento vai precisar de duas... três... -1 Prato plástico e talheres de plástico – Totalmente dispensável. Os guias levam todos os utensílios para as refeições. -1 Chinelo – Acho que é bem importante para dar aquela relaxada depois de um longo dia de caminhada. -1 Bermuda. -1 Calça de trekking modular – aquelas que é calça mas vira bermuda tbm. -Remédios – Isso é bem de uso pessoal. Cada um sabe das suas necessidades. Mas, penso que um relaxante muscular é indispensável. -1 Lanterna de cabeça – Muito útil, principalmente na hora das refeições noturnas. -4 pinhas reservas para a lanterna de cabeça. Uma apenas seria suficiente. -1 Lanterna de mão – dá para dispensar, as vezes a lanterna de cabeça é o suficiente, mas até que usei. -3 Power Bank – Não dá para ir em um lugar como o Monte Roraima e correr o risco de ficar sem bateria para tirar fotos. Mas aqui eu exagerei. Poderia ter levado só um de 20.000mah. Mas, atenção, se seu power bank não for bom, leve mais de um. -GoPro e alguns acessórios, incluindo baterias extras. -Isolante térmico/colchão inflável – Eu tenho um muito bom da Ziggy Aztek. -Saco de dormir – Tenho um que é para até 0º. Foi mais que suficiente. -1 Toalha para banho - Tipo microfibra. -1 Capa de chuva – Indispensável e deve deixar sempre acessível. -Capa protetora de chuva para mochila – Usei pouco, mas, foi por sorte de não ter pegado muita chuva. -Gel de suplemento de nutrição – Eu não dava muito para esses gelzinho que vc compra por exemplo na Decathlon. Eu levei apenas 10 e poderia ter levado pelo menos 15. No trekking faz toda a diferença. O sabor frutas vermelhas é o que mais gosto. -Levei algumas comidas – Tratarei em tópico próprio. 3 – Como contratar um guia Não tem como vc fazer o trekking sem um guia. Para entrar no parque em que o Monte Roraima está localizado já precisa deles e para andar pelo tepui então, certamente se perderia nos primeiros 10 passos sozinho. Uma das dificuldade e maior receio que eu tinha era sobre a contratação do guia. Não consegui encontrar muitas referências na internet e com as poucas referências encontrei o guia Leopoldo e arrisquei contratar. Leopoldo é venezuelano. Os guias venezuelanos são bem mais baratos que os brasileiros, em média 50% mais barato. Quando falei para alguns amigos que havia contratado venezuelanos, ouvi muita coisa do tipo: eles abandonam as pessoas lá em cima; eles não dão comida; não tem garantia nenhuma se eles vão prestar o serviço como contratado... De fato, vc não tem nenhuma garantia de que o serviço vai ser mesmo prestado. Até o último instante eu ainda estava receoso. Logo que entrei em contato o guia (fevereiro de 2018) ele pediu um adiantamento de 50% do valor. Em abril eu depositei os 50%. Realmente ele poderia ter sumido com a grana. O que eu faria? Contrataria um advogado para tentar reaver um deposito que fiz para um venezuelano? As chances de sucesso seriam poucas. Mas o Leopoldo e seus auxiliares me surpreendeu positivamente. Tudo o que foi contratado foi cumprido. Absolutamente nada ficou a desejar. Desde o primeiro momento em que ele enviou o taxi a nos pegar em Boa Vista até o retorno. Fomos muito bem tratados pela sua equipe, com toda atenção e cuidado que o Monte Roraima merece. Fomos muito bem alimentados. Eu recomendo o Leopoldo pq experimentei de seus serviços, mas, aparentemente tem outros bons tbm. Também sei que tem como contratar o guia direto em Pacaraima (última cidade do lado brasileiro) ou em Santa Elena de Urairén. Mas, para isso vc vai precisar de pelo menos mais um dia. No nosso caso, como programamos com bastante antecedência, chegamos em Santa Elena e com uma hora já saímos para a expedição. Deixo o contato do Leopoldo e de um outro guia que me atendeu muito bem tbm. Leopoldo +58 424-9115872 Imeru +58 414-1402438 Wenber +58 424-9622689 4 – O que comer e beber Quando contratamos o guia, no pacote já estava incluído a alimentação. Café da manhã, almoço e janta. Como já disse anteriormente, tinha receio se eles realmente serviriam isso e o que serviriam. Por conta deste receio, eu e meus amigos acabamos levando algumas coisas de comer, do tipo, amendoim, bolacha, chocolate, salgadinho (chips), salame, sopão... Levamos essas coisas com medo de passar fome, assim teríamos alguma coisa para comer. Mas, não precisava. Fomos muito bem servidos pela agência. Serviram macarrão com molho de carne moída, macarrão com molho de atum, arroz com molho de batata e frango, arroz com feijoada enlatada, saladas, sopas com legumes e macarrão, panquecas, pão, alguns pães típicos (não sei os nomes), pipoca, chás, café e chocolate quente, algumas frutas como laranja, melancia e melão. A comida que serviram foi o suficiente, mas o que levamos de extra acabou sendo útil nos longos caminhos das trilhas. É bom ter um pacote de bolacha a mão ou um chocolate. Nós levamos tbm uma garrafa de vinho, jurupinga e conhaque. Mas isso vai de cada um. Nas noites frias vai muito bem. Se vc for cheio(a) de “nojinho”, talvez devesse repensar ir para um trekking desses. Vc esta no meio do nada, com uma outro cultura e acaba se virando como pode. Mas, se vc come Mc Donalds então pode comer qualquer coisa rsrs. 5 – Preparo físico necessário para subir o Monte Roraima Não subestime o Monte Roraima. Não é um trekking fácil. Não é para qualquer um. Não escrevo isto para te desmotivar de ir lá, escrevo para que vc vá preparado. É importante que vc tenha algum preparo físico, alguma resistência. Vc vai enfrentar a caminhada (andamos um total de pelo menos 90 km), sol forte, frio, chuva, sobe e desce em pedras e barrancos e o peso da sua mochila. Não sou preparador físico, mas, para um maior aproveitamento da sua aventura, prepare-se fisicamente. Mesmo sendo leigo no assunto, recomendo que vc tenha resistência de correr de 7 a 10 km (por exemplo) para fazer uma subida tranquila e aproveitar ao máximo. A resistência é importante tbm pq vc anda todos os dias, sem descanso. O descanso é somente de noite. Se não estiver devidamente preparado o seu corpo não consegue recuperar. 6 – Despesas R$ 1.250,00 Passagem aérea de Londrina até Boa Vista (ida e volta). R$ 1.400,00 Pacote com o guia para uma expedição de 8 dias (incluído alimentação) R$ 100,00 Taxi de Boa Vista até a fronteira com a Venezuela (ida e volta). R$ 30,00 Entrada no Parque Nacional Canaima. R$ 180,00 Hotel – este valor dividido em 3, uma média de R$ 60,00 para cada. R$ 150,00 Alimentação antes e depois da expedição. R$ 80,00 Taxi em Boa Vista (dividido em 3). *Outros custos com material, roupas e acessórios não foram relacionados (e foi bastante). 7 - Conclusão Subir o Monte Roraima foi a realização de um sonho. Foi uma superação pessoal. O lugar é indescritível, exuberante, de uma beleza única. Nunca vi nada parecido em lugar algum. As fotos e vídeos não são suficientes para descrever. Nem mesmo o mais detalhado relado seria capaz. Ficar 8 dias sem comunicação externa é um capítulo a parte que com certeza colaborou bastante pare esse sucesso. Vc desliga do mundo externo, celular, internet e similares. Seu contato é com a natureza quase que exclusivamente. Por cada lugar que vc passa se surpreende, causa admiração e até mesmo se emociona. Se vc tem a intenção de conhecer o Roraima, pesquise, se prepare e vá. Vale muito a pena. Tenho certeza que será uma experiência para o resto de sua vida.
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Salve galera! Estive recentemente no cume do Monte Roraima com a expedição organizada pelo guia Vago. Apesar dos imprevistos durante a trip, como terem roubado pacote de farinha de milho, 1 kg de queijo branco, pacotes de sopas, enfim a viagem foi bem sucedida, graças ao Vago e ao porteador Salomon. Como tive o privilégio de ser o único cliente, então a caminhada rendeu muito. Peguei uma temporada excelente de bom tempo, pouca chuva, dos 7 mirantes visitados, só a proa que permaneceu fechada. O Vago ia planejando a logística conforme o ritmo da expedição. Visitamos lugares além do tradicional e ainda estávamos 1 dia adiantado, pois a caminhada rendia bastante. Quando chegamos no cume nosso acampamento tinha sido ocupado por um outro grupo, daí como bom conhecedor da região, pois já tinha subido em torno de 235 vezes o Monte Roraima, ele facilmente encontrou um outro abrigo natural onde permanecemos 4 dias protegidos da chuva e do sereno. Outro fator fundamental foi a navegação precisa durante os dias de neblina intensa e durante a noite, como no dia em que fizemos um bate-volta até a Proa, percorrendo 30 km ida e volta. Fiquei impressionado com a beleza do cume, foi muito melhor do que eu imaginava. A formação das rochas são surpreendentes. Em breve editarei as filmagens e postarei aqui pra conferirem. Recomendo que vá com as pernas condicionadas, pois tem subidas longas. Proteja-se dos borrachudos na base da montanha onde ficam vários riachos de água potável. No cume, a noite faz frio, em torno de 15 graus, proteja-se do Sol usando calças e camisa de manga comprida. Só posso dizer que valeu muito a pena e fiquei extremamente satisfeito. Abraços Abaixo vai a edição da primeira parte da expedição ao Monte Roraima: Aqui vai a segunda parte da Edição da Expedição ao Monte Roraima. Aqui vai a edição da parte final da Expedição ao Monte Roraima e a visita das cachoeiras da Reserva de Gran Sabana por meio de 2 roteiros imperdíveis.
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Pessoal, em novembro vou subir o monte Roraima em uma trilha q dura 6 dias. gostaria de saber na opinião de vcs se eu realmente preciso investir tão alto numa North Face ou uma mochila da Quechua vai suprir minha necessidade com um mínimo de conforto? O que me assusta é q a diferença de preço entre elas é de R$770,00
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Estive recentemente em Santa Helena de Uiaren na Venezuela. Pesquisei os preços nas operadoras. A maioria tem um mesmo pacote padrão. - 3 dias para subir - 2 ou 1 dia em cima - 2 dias para descer - Carregadores que levam ateh 15 kg para cada um dos participantes - Comida inclusa - Caminhada em media de 5hrs por dia
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Para mim é algo realmente complicado traduzir em palavras os momentos vividos nos dias da minha viagem. Viagem esta que não se traduz num simples mochilão ou turismo de longa duração. Foi o encontro de uma pessoa comum com seu sonho de andar por terras que tanto o inspiraram, terras mãe da esperança, terras de homens e mulheres feitos de histórias e de coração, corações gigantescos. O sentimento que fica depois de quase seis meses na estrada é o de gratidão, do agradecimento as infinitas pessoas que ajudaram esse pobre viajante das mil e uma maneiras possíveis, para vocês meu muito obrigado. Foto 1 - A companheira de viagem Tinha uma vida igual a tantas outras, era bem razoável por sinal, mas a vontade de caminhar e estar frente a frente com o novo me atormentava todos os dias. Queria conhecer com meus olhos as diferenças, os sotaques, as comidas, as belezas. Desejava não ter pressa, fazer tudo no seu tempo necessário, não estar preso a rotina dos dias e principalmente aprender. Sim, aprender, não com fórmulas prontas e nem sentado dentro de uma sala de aula. Queria aprender com experiências. Queria conhecer pessoas. De alguma forma queria fugir da minha vida cotidiana, não por ela ser ruim, mas pelo desejo de se conhecer e assim, quem sabe, voltar uma pessoa melhor. Quando esse sentimento passou a ser insuportável decidi que tinha que partir. Por um ano ajuntei algum dinheiro, queria ficar seis meses na estrada. A grana não era o suficiente, mas suficiente era a minha vontade. Dei um ponto final no trabalho. Abri o mapa e não tinha ideia por onde começar. Decidi não ter um roteiro, apesar de ter muitos lugares em que eu queria estar. Assim começa a minha história (poderia ser de qualquer um). O relato está dividido da seguinte forma: Parte 1: de Rio Claro ao Vale do Itajaí Parte 2: Cânions do Sul Parte 3: de Torres a Chuí Parte 4: Uruguai Parte 5: da região das Missões a Chapecó Parte 6: Chapada dos Veadeiros e Brasília Parte 7: Chapada dos Guimarães Parte 8: Rondônia Parte 9: Pelas terras de Chico Mendes, Acre Parte 10: Viajando pelo rio Madeira Parte 11: de Manaus a Roraima Parte 12: Monte Roraima y un poquito de Venezuela Parte 13: Viajando pelo rio Amazonas Parte 14: Ilha de Marajó e Belém Parte 15: São Luis, Lençóis Maranhenses e o delta do Parnaíba Parte 16: Serra da Capivara Parte 17: Sertão Nordestino Parte 18: Jampa, Olinda e São Miguel dos Milagres Parte 19: Piranhas, Cânion do Xingó e uma viagem de carro Parte 20: Pelourinho Parte 21: Chapada Diamantina Parte 22: Ouro Preto e São Thomé das Letras Parte 23: O retorno e os aprendizados O período da viagem é de 01/10/2015 a 20/03/2016. De resto não ficarei apegado nas datas exatas em que ocorreram os relatos que irão vir a seguir, tampouco preocupado em valorar tudo. Espero contribuir com a comunidade que tanto me ajudou e sanar algumas dúvidas dos novos/velhos mochileiros.
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Partindo de São Paulo, eu e mais quatro amigos passamos 12 dias nessa viagem, incluindo o trekking do Monte Roraima e os passeios turísticos mais tradicionais de Manaus, entre outros programas mais alternativos que agradam qualquer mochileiro com espírito de aventura. Fizemos tudo da forma mais econômica possível sem comprometer a segurança e o mínimo de conforto, disso saiu um rolê bastante acessível, exótico e simplesmente fantástico. Acompanhe nesse relato dia a dia com todas as informações necessárias pra te ajudar a planejar e aproveitar ao máximo sua viagem e evitar perrengue. Essa foi também a primeira viagem internacional do grupo Trilhando na Faixa, então inscreva-se no canal para ver o vídeo assim que estiver disponível: https://www.youtube.com/channel/UCw7K-Ri4mgpVsG4WIBdIbSg Lembrando que os valores são aproximados e referentes a Julho de 2018, podendo apresentar variações. Os valores discriminados são em despesas essenciais, não esqueça de reservar um pouco do orçamento para uma regalia ou outra que não conste na lista. Bônus para os Veganos: O autor que vos escreve é um também, então acompanhem pra terem informações específicas sobre a alimentação vegana em cada local. Índice de dias (use o Ctrl+F para navegar): Dia 1 – De São Paulo a Manaus a Boa Vista Dia 2 – De Boa Vista a Santa Elena de Uairén Dia 3 – De Santa Elena ao Paratepuy ao Acampamento do Rio Têk Dia 4 – Do Rio Têk ao Acampamento Base Dia 5 – Do Acampamento Base ao Hotel Índio e circuito no topo Dia 6 – Vale dos Cristais Brasileiro, Ponto Tríplice, El Foso e o cume Dia 7 - Do topo ao Rio Têk Dia 8 - Fim do trekking e Gran Sabana Dia 9 - De Santa Elena a Boa Vista, Lethem e Manaus Dia 10 – Manaus, praia da Lua e Mercado Municipal Dia 11 – Rios Negro e Solimões, INPA e bar Dia 12 – Teatro Amazonas e retorno pra São Paulo Antes de mais nada – Preparação O planejamento da viagem foi montado em torno de seu prato principal, o trekking do Monte Roraima, então as outras coisas entraram como um adicional oportuno. Para o trekking em si Juntamos um grupo de 6 pessoas com disponibilidade de duas semanas em Julho para subir o Roraima de forma econômica, nosso plano foi de contratar um guia local e fazer o trekking sem recorrer a porteadores de equipamentos ou serviços de agência. Estando todos habituados a atividades outdoor, não seria problema algum transportar nossas cargueiras ou cozinhar nos acampamentos, então o serviço de que precisaríamos seria o mais básico possível. Procuramos por guias que trabalhassem dessa forma e encontramos algumas boas opções, sempre indo atrás de indicações e comentários sobre cada um. Tendo sido o que prestou melhores esclarecimentos sobre tudo que precisávamos e estando numa faixa de preço bastante razoável, além de ter sido recomendado por uma conhecida, optamos pelo Jesus (WhatsApp: +5804266940599 / +5524992802417 ), contratamos o serviço de guia para uma expedição de 6 dias e um porteador para a estrutura de “banheiro” (mais sobre isso adiante) e transporte de lixo e dejetos, já que o Parque Nacional Canaima exige que se traga de volta isso tudo. Lá não existe levar pazinha e enterrar os dejetos, os porteadores trazem tudo de volta em sacos plásticos grossos com cal. É incluso também o transporte em 4x4 de Santa Elena ao Paratepuy, onde começa a trilha, e a volta. Os guias não cobram por pessoa, mas pelo trekking em si, independentemente do número de participantes. Cada guia pode levar até 6 pessoas. O valor acordado foi de 3000 mil reais, totalizando 500 de cada um de nós. Antes da viagem, uma das pessoas envolvidas precisou desistir da viagem e o custo final foi de 600 por cabeça. Nos oferecemos para pagar parte do valor em equipamentos de camping, já que eles são muito caros e difíceis de conseguir na Venezuela, e Jesus incluiu um passeio em algumas cachoeiras da Gran Sabana no último dia do trekking como uma troca de gentilezas. Todo mundo saiu feliz, rs. Pagamos uma parte do preço antecipadamente para reservar o serviço, o restante seria pago em mãos na véspera da expedição. Mantivemos contato com o guia nos meses antes da viagem para preparamos os equipamentos e afins, partimos da seguinte lista de itens essenciais, que pode ser ajustada de acordo com as necessidades de cada um: É perfeitamente possível reduzir o número de trocas de roupa; uma para o dia e uma para a noite, mais uma de reserva, só é muito importante ter todas as peças para o sistema de aquecimento em camadas e também um bom número meias, se possível utilize as específicas para trilha, são caras mas valem muito a pena para o conforto e saúde dos pés na expedição. Do contrário, improvise um liner colocando uma meia social sob a comum, isso ajuda a reduzir o atrito dos pés com a bota e previne bolhas. Truque simples e funcional. Julho é temporada de chuvas no Roraima, então pra quem vai nessa época é muito importante ter uma barraca resistente a água (o sobreteto sim, mas também o piso, atenção pra isso); roupas impermeáveis; saco estanque para os eletrônicos, saco de dormir e roupas; sacos plásticos para o restante; capa de chuva pra mochila e possivelmente ainda um poncho. IMPORTANTE: Não use barraca que não seja autoportante, no topo do Roraima é bem capaz que ela dê trabalho ou seja simplesmente inútil no chão de pedra e areia dos hotéis (parapeitos rochosos ou pequenas grutas que servem de cobertura natural, provendo locais de acampamento protegidos de chuva e vento). O tempo lá é imprevisível e muda muito rápido por conta dos ventos alísios. Chove com frequência, em geral em baixo volume, mas às vezes a aguaceira pode vir mais forte. Não tem hora pra cair a chuva, as previsões do tempo dão uma ideia do que esperar, mas inevitavelmente vão errar em algum momento. Esteja sempre preparado. Uma boa mochila é essencial para quem vai levar suas próprias coisas, escolha uma que se ajuste bem e fique confortável com o peso, aprenda a regulá-la corretamente de antemão. O uso do bastão de caminhada é opcional, mas é um equipamento extremamente útil para a subida e descida íngreme do Roraima, bem como para a travessia dos rios no caminho e outras possíveis utilidades Leveza é palavra-chave para se equipar, busque dividir barracas e investir em equipamentos leves e compactos, bem como em não levar nada além do que vai ser preciso e suas margens de segurança. Isso vale pra comida também, seja o mais eficiente possível. Dica Vegana: Para as refeições principais, levei 3 pacotes de Carne de soja, arroz integral com lentilha e purê de batatas da LioFoods, cada pacote dá pra duas refeições e apenas o purê não é vegano, basta dá-lo pra algum colega e voilá, dá pra comer até sem água quente, se necessário. Levei também um pacote de sopão de legumes da Kitano, levinho e faz até 8 pratos. Foram 14 refeições potenciais em 1066 gramas, 6 mais encorpadas e 8 mais leves. Para cafés da manhã e lanches, fui de amendoins, paçoca, biscoitos, barrinhas e Rap10 integral. Deram conta muito bem. É importante ter um método de purificar a água. Quando estiver no acampamento é preferível aproveitar a possibilidade de fervê-la, mas no caminho você vai ter de se virar com o cloro (ou um Lifestraw, se você tiver). Eu costumo utilizar o Hidroesteril ao invés do Clorin, é mais barato, fácil de achar e rende mais. É possível também pegar Hidrocloril gratuitamente em postos de saúde. Escolha o que preferir. Não é possível transportar os cartuchos de gás de fogareiro no avião, então reservamos alguns em uma loja em Manaus próxima ao aeroporto, a Apuaú Pesca. Os cartuchos ficaram 20 reais cada. Se sua alimentação não for excessivamente demorada para preparar, só um já dá conta muito bem para uma pessoa. Eu recomendaria levar dois só por garantia, o segundo podendo ser o backup de outro colega também, talvez. O Roraima não é um trekking difícil, mas ir com cargueira é pedreira nos trechos de subida. Não é necessário ser um atleta, mas não é programa pra sedentário, quiçá com porteador pra levar as coisas, mas mesmo assim é melhor adquirir condicionamento e experiência com outras trilhas menos exigentes. É possível para iniciantes, mas é essencial se informar e equipar muito bem, e ter a resiliência pra encarar dificuldades que são de praxe pra quem já tem o costume de travessias e acampamentos. Quanto menos delas forem novidade, mais tranquila será a experiência. Um resgate de helicóptero lá no alto é perfeitamente possível por conta das áreas planas do topo, mas custa uns 6 mil reais, e diferente das agências que já cobram alguns milhares de antemão, ir com guia contratado quer dizer que quem vai arcar com esse custo será você caso precise. Se prepare e se informe antes de ir, a montanha não vai sair de lá se você precisar esperar algum tempo pra conhecê-la. Para o caminho Para fazer o trekking, precisamos ir até Santa Elena do Uairén na Venezuela, cidade fronteiriça com Pacaraima, vizinha da capital roraimense Boa Vista, que conta com um aeroporto, mas para o qual os voos de São Paulo estavam tanto caríssimos quanto muito longos. Acabamos optando por ir por Manaus e pegar um ônibus noturno a Boa Vista, mas na trilha encontramos um casal que conseguiu um preço bom de voo pra lá, então fique de olho pro que for melhor, talvez consiga uma boa promoção. Compramos as passagens de ida e volta antecipadamente pelo Guichê Virtual. De Manaus a Boa Vista o ônibus não lota, dá pra comprar na rodoviária, mas pro caminho de volta é bom comprar com antecedência. Para entrar na Venezuela basta o RG, e o processo é até mais rápido do que com Passaporte, então se não fizer questão do carimbo, pode deixa-lo em casa. Para sair de Santa Elena para o interior da Venezuela, é preciso o Certificado Internacional de Vacinação contra febre amarela. Você vai precisar disso se por acaso for parado num posto de controle na estrada. Não precisamos apresentar o documento em nenhum momento, mas é bom tê-lo em mãos pra evitar problemas, é fácil, rápido e gratuito solicitá-lo, então não tem desculpa. Já deixamos feita nossa reserva para a hospedagem em Santa Elena, na Posada L’Auberge, lugar seguro e confortável com chuveiro quente, camas limpas, ar condicionado e wi-fi, todo o necessário para uma boa noite de descanso. O preço ficou bem em conta e a pousada está localizada no coração da área turística da cidade, próxima a bons restaurantes. O único ponto negativo é a parca iluminação em alguns quartos, que nos fez tirar as lanternas da mochila antes mesmo do trekking, mas só isso. Dito isso, vamos ao dia a dia da viagem. Custos na preparação: R$ 3000 pelo Guia, valor divisível em até 6 pessoas; R$ Variável de alimentação e equipamentos pro trekking; R$ Variável de transporte aéreo; R$ 367 nas passagens de ônibus Manaus-Boa Vista e retorno (compradas via Guichê Virtual); R$ 20 por cada cartucho de gás em Manaus (a quantidade a levar vai da preferência de cada um); R$ 40 de reserva de diária na hospedagem em Santa Elena, valor aproximado, varia de acordo com o quarto. Dia 1 – De São Paulo a Manaus a Boa Vista No primeiro dia pegamos nosso voo de São Paulo a Manaus pela manhã, chegamos a nosso destino na hora do almoço e fomos recebidos pelo contraste do bafo quente do clima manawara com a temperatura amena do ar condicionado do avião. Entramos logo num Uber para irmos comprar os cartuchos de gás que havíamos reservado. O próximo destino foi a rodoviária, onde retiramos nossas passagens para o ônibus a Boa Vista. Deixamos as cargueiras no guarda-volumes da rodoviária e partimos a pé para um Carrefour que fica lá pertinho, para pegar o resto dos mantimentos que faltavam pro trekking e também para beliscar na viagem de ônibus. É bom não deixar pra comprar nada em Boa Vista ou Santa Elena, se possível, já que não há muitas opções no caminho, e definitivamente nenhuma com tanta variedade quanto esse Carrefour. Dentro do supermercado há um caixa Itaú, já retiramos o dinheiro para a Venezuela lá mesmo, mas há caixas eletrônicos 24 Horas tanto na rodoviária de Manaus quanto na de Boa Vista. Fica a gosto do freguês onde fazer o saque. Depois disso, fomos passar o resto da tarde no Amazonas Shopping, boa opção próxima à rodoviária para fazer hora antes do horário do ônibus. Jogamos uma partida de airsoft e comemos na modesta praça de alimentação. Dica vegana: Foi aqui que eu já tive o primeiro indício de que Manaus não é lá muito fácil pra vegano, não tinha nada no cardápio de nenhum dos restaurantes que fosse livre de produtos de origem animal. Pedi pra adaptar um prato no Alemã Gourmet e foram bastante solícitos, aceitaram substituir os ingredientes animais por outros vegetais sem custos a mais nem nada. Foi uma boa opção considerando custo, também. No fim da tarde voltamos pra rodoviária pra esperar o horário do ônibus. Pra quem suar demais sob o sol manawara, lá há a opção de pagar um valor módico para tomar um banho. Próximo a uma das paredes há tomadas para carregar o celular. O ônibus partiu às 20h para chegar em torno de 6h30 no destino. O semi-leito já é confortável por si só, mas ele partiu com tão pouca lotação que foi possível que quase todo mundo tivesse duas poltronas lado a lado para si, permitindo deitar de forma muito mais à vontade do que o normal, o que foi ótimo. A TV do ônibus saiu de Manaus exibindo uma novela da Globo e depois um filme de ação genérico. O veículo contava com wi-fi, mas este só funcionou até sair da cidade, depois disso ficamos sem sinal com o mundo exterior. A estrada a Boa Vista é bem cuidada, é uma viagem bastante tranquila por entre vegetação densa pontilhada por alguns pontos de luz que despertam a curiosidade de o que seriam. Eu não sabia o que esperar da parada, definitivamente não um Graal como os das rodovias de São Paulo, mas fiquei surpreso com o quão modesta era a lanchonete escolhida. Apenas o básico do básico, então é bom estocar o necessário em Manaus mesmo. Foi engraçado reparar que, apesar de estarmos no meio da madrugada numa cidade minúscula na Amazônia, a algumas quadras dali rolava um estrondoso pancadão de funk. Acho que algumas coisas são as mesmas em todos os lugares, rs. Dia 2 – De Boa Vista a Santa Elena de Uairén Chegamos em Boa Vista bem cedo de manhã. A rodoviária de lá é um pouco melhor do que a de Manaus, mas não tem nada em volta dela. Para ir a Santa Elena de Uairén há táxis que vão até a fronteira e voltam, eles ficam numa outra rodoviária lá perto, basta tomar um táxi comum até lá que não deve passar de 10 reais. Nessa outra rodoviária, é possível aguardar até o carro pra Santa Elena encher para dividir o valor entre mais pessoas. Conseguimos ir os 5 em um carro só, de 7 lugares, os espaços restantes ficaram para as cargueiras. 50 reais por pessoa. Há ônibus que vão e voltam da fronteira também, mas não vale tanto a pena pelos horários. A estrada de Boa Vista até Santa Elena, passando pela última cidade brasileira antes da fronteira, Pacaraima, é uma linha reta cortando plantações perfeitamente planas. Não há nada pra ver na estrada, o caminho leva pouco mais de duas horas, é o momento perfeito pra tentar dormir um pouco e encurtar a percepção do percurso. A entrada na Venezuela é bem rápida e tranquila, basta passar pelo posto da polícia federal, responder algumas perguntas de identificação e retirar seu Permiso de entrada. Você vai precisar apresentá-lo na hora de voltar pro Brasil, guarde-o seguramente. Verifique se seu taxista pode te deixar em sua hospedagem em Santa Elena, é uma opção bem conveniente se ele concordar. Se preferir, já aproveite pra agendar a volta também, mais uma vez verificando se é possível partir já da porta do hotel. Muito mais prático do que pegar outro táxi até a fronteira, mesmo se ficar um pouquinho mais caro. Chegamos ao L’auberge no começo da tarde e nos hospedamos, já fazendo agora a reserva para o dia do retorno do trekking. Jesus já se encontrou conosco lá mesmo, onde também havia se hospedado, e deu breves explicações sobre o percurso do trekking e sobre Santa Elena, o briefing de verdade seria à noite. Feito isso, nos convidou para ir almoçar nas redondezas e já aproveitar pra trocar o dinheiro. Comemos em um restaurante bem simples lá perto, com poucas opções. Fiquei só no arroz e macarrão mesmo, e estranhei um pouco este porque os venezuelanos parecem utilizar um molho de tomate muito mais doce do que o nosso. Percebi também que todos os pratos vieram excepcionalmente bem servidos, nenhum de nós conseguiu terminar de comer tudo. Muita comida é uma constante lá na Venezuela, então vá com a barriga preparada para fartas refeições, rs. Experimentamos uma bebida popular de malte, o Maltín, é bem gostoso, vale a pena conhecer. Pagamos em reais, coisa de 15 por pessoa. O câmbio do dinheiro é totalmente informal e complicadíssimo a primeira vista pelos valores estratosféricos em bolívares. Andamos pelas ruas buscando a melhor conversão entre os vários cambistas nas esquinas e em frente às lojas. O melhor que conseguimos foi 1:175k. Troquei 100 reais e foi o suficiente pra tudo que precisei pagar em bolívares, incluindo lembranças pra trazer pra casa, mas as coisas são bastante instáveis por lá no que se refere a dinheiro, o que se paga em duas cervejas comuns em Santa Elena é o valor de um almoço inteiro com bebida numa comunidade indígena na Gran Sabana. Sobre o câmbio, esse foi um bom valor para a conversão na rua, mas para moradores com contas em bancos venezuelanos há a possibilidade de conversão por transferência bancária, em que é possível trocar a 1:800k. A maioria das lojas e restaurantes em Santa Elena aceita pagamento em reais, e geralmente o faz a taxas bem acima de 1:175k, então o recomendável é deixar os bolívares para as comunidades indígenas na Gran Sabana e pagar o que for possível em reais. Mesmo nelas há frequentemente a possibilidade de pagar em reais, e parece até preferível por parte dos moradores, então talvez nem seja necessário trocar o dinheiro, mas é bom ter um pouco de bolívares só pra garantir. Minha impressão foi de que o bolívar está tanto quanto fora de controle, a inflação fez com que ficasse bastante instável a ponto de até mesmo dentro do parque nacional o guarda-parque me informar que só poderia comprar um mapa do Tepuy Roraima pagando em reais. Não deixa de ser uma experiência divertida, porém, ter nas mãos aquelas pilhas enormes de notas para travar uma guerra com os amigos ou fazer chover dinheiro. Não é sempre que a gente pode se sentir tão ryco, afinal, rs. Depois do almoço e de uma volta pra conhecer um pouco de Santa Elena, voltamos à pousada pra deixar tudo arrumado pra partida no dia seguinte. Repousamos até a noite quando saímos novamente com Jesus, seu irmão Randy e o sr. Leotério, que também iriam conosco no trekking, para um jantar no Papa Oso Pub, uma pizzaria bacaníssima a uns 5 minutos de lá. Dica vegana: Em Santa Elena também não encontrei opções veganas nos cardápios, mas foi tranquilo de adaptar, pedi uma pizza sem o queijo e ela veio muito melhor do que qualquer uma que já comi no Brasil desse jeito. A culinária venezuelana é muito rica em variedades vegetais e as usa de forma bem inventiva, então lá é um ótimo lugar pra ser vegano, eu diria. Eu pelo menos consegui comer muito bem. Comemos pizzas artesanais absolutamente deliciosas e tomamos uma cerveja local popular, Zulia, mais suave do que as brasileiras e bem saborosa, gostei bastante. Aparentemente os venezuelanos gostam muito da nossa Itaipava, que é pra eles como uma Stella ou algo do tipo é pra nós, fato interessante. A conta ficou bem alta em bolívares, mas em reais a coisa mudou de figura, foi um preço baixíssimo considerando o naipe da refeição. 138 reais numa refeição espetacular para 8 pessoas. Voltamos pra pousada, deixamos na recepção algumas bolsas com coisas que não usaríamos no trekking e fomos dormir cedo pra partir ao amanhecer para o trekking. Custos no dia 2 R$ 10 de transporte de uma rodoviária a outra em Boa Vista, divisível por 4 pessoas; R$ 50 de transporte de Boa Vista a Santa Elena de Uairén; R$ 40 de reserva de diária na hospedagem em Santa Elena para o dia do retorno, valor aproximado, varia de acordo com o quarto; R$ 15 de almoço; R$ Variável de câmbio de reais a bolívares; R$ 20 reais de jantar; Dia 3 – De Santa Elena ao Paratepuy ao Acampamento do Rio Têk Sair com o nascer do sol não foi bem o que aconteceu, porém. Explico: Abastecer o carro em Santa Elena é uma tarefa demorada. Demorada tipo umas 12 horas numa fila gigante em que as pessoas deixam seus carros à noite e vão pra casa dormir pra abastecerem de manhã quando o posto abre. É uma coisa realmente impressionante, e bem inconveniente quando você tem hora pra sair. Íamos partir com a luz do sol, acabamos saindo umas quatro horas depois, que foi quando nosso motorista conseguiu encher o tanque. Os veículos que fazem esse serviço são, como já nos havia sido dito, rústicos. Um 4x4 antigo com uma gambiarra aqui e outra alí, várias marcas de uso e idade, e música animada tocando a todo volume, várias vezes versões modificadas de músicas populares do funk ou sertanejo brasileiros. É uma experiência veicular divertidíssima. Um dos nossos teve uma situação de saúde que, apesar de não ser grave, seria impeditiva para fazer o trekking. Depois de muita deliberação, conjectura, replanejamento e insistência, Jesus chamou um táxi para deixá-lo seguramente na fronteira, donde voltou a Boa Vista, e nós quatro restantes partimos para o parque, com pesar pelo companheiro. Enfim, embarcamos tardiamente com Jesus, Randy, Leotério e os pais de Jesus, que foram junto porque a mãe, de origem indígena, daria um voto de confiança para nosso grupo frente aos que regulam a subida ao Paratepuy e entrada na trilha do Monte Roraima. Só um método de agilizar o processo. Os pais de Jesus também foram extremamente simpáticos conosco, foi uma reunião familiar bem agradável de participar, rs. No processo de obter as autorizações necessárias, já deixamos reservado e pago nosso almoço na comunidade indígena do Kumarakapuy, por onde passaríamos antes de ir ao passeio da Gran Sabana alguns dias depois. 2 milhões de bolívares com bebida inclusa, pouco mais de 10 reais. 27 km de estrada de terra acidentada depois, estávamos no Paratepuy. Lá foi o momento de assinar a ficha de entrada no parque e ter nossas bagagens revistadas brevemente por itens ilegais. Coisa rápida, só foram bastante enfáticos quanto à proibição de entrada de drones. O mesmo senhor que coleta as assinaturas e faz a vistoria vende mapas do Monte Roraima ao valor de 25 reais cada, é um preço um pouco salgado, mas é um item bem feito e informativo, pra mim valeu a pena como recordação. Por volta de 14h, horário limite de entrada na trilha, começamos o trekking, esse primeiro dia é tranquilo, um pouco de subidas e descidas, mas o perfil altitudinal do percurso é praticamente plano ao longo de seus 14 km. O que dificultou foi a má fortuna de sermos pegos numa chuva relativamente forte, e de ter chovido bastante no dia anterior também. Sacamos roupas impermeáveis e capas, até aí tudo bem, o problema de verdade foram os rios, que sobem bastante com as chuvas. Mais de uma vez tivemos que parar para esperar a água baixar no que seriam travessias triviais sobre pontes ou pedras. O resultado foi que já nesse dia tivemos que meter o pé na água. Adeus a pés secos pelo resto do trekking. Fora isso, esse primeiro dia é muito tranquilo, chegamos a nosso destino em torno de 17h30. O acampamento do Rio Têk conta com casas de pau a pique que os indígenas usam como espaços de comércio para os trilheiros durante a alta temporada. Não é o caso em Julho, mas podemos usar a cobertura para deixar as coisas, cozinhar e comer, garantindo um pouco de conforto. Para montar a barraca, há espaços de grama alta que podem servir como um colchão relativamente macio. Alguns cachorros ficam por lá de olho na comida que podem conseguir dos trilheiros, dê uns pedaços pra eles, rs. No acampamento do Rio Têk é muito importante tomar cuidado com a fauna, há alguns formigueiros no local e, na época de chuvas, é comum avistar cascavéis. Uma delas inclusive deu uma volta por perto de nossa barraca durante a noite. Eu estava dormindo profundamente, mas meu colega ouviu movimento na grama e no dia seguinte uma testemunha ocular confirmou, hahaha, então aplicam-se os cuidados de verificar suas coisas fora da barraca antes de mexer nelas, e evitar de andar sem botas. É lá que você vai ter seu primeiro encontro com os puri-puri também, mosquitos minúsculos e extremamente irritantes que vem em horda e mordem em qualquer lugar desprotegido, deixando marcas cabulosas. Ainda ostento algumas nos braços duas semanas depois do trekking, rs. Provavelmente o seu não será o único grupo acampando lá, então se estiver se sentindo sociável, deve ter uma galera diferente pra conversar. Nesse primeiro dia compartilhamos a mesa com um casal de brasileiros. Ele, fotógrafo, não colocou suas câmeras em sacos estanque e uma delas acabou totalmente encharcada na chuva, um prejuízo de dar dó, então é bom ter muito cuidado com o que não pode molhar. No dia seguinte cedi alguns sacos plásticos pra eles protegerem um pouquinho melhor as coisas. Uma dica que eu dou é a de levar um rolinho de sacos de lixo com a litragem que você achar mais adequada, eu levei de 15L. É sempre bom ter esse recurso em abundância, alguém sempre acaba precisando. Custos no dia 3 R$ 15 de reserva de almoço com bebida inclusa no Kumarakapuy, pago em bolívares, valor aproximado; R$ 25 de mapa do Monte Roraima, opcional. Dia 4 – Do Rio Têk ao Acampamento Base Despertamos com o sol no segundo dia de trekking e tomamos um café da manhã reforçado, a trilha hoje seria um pouco mais dura pelo ganho de altitude. Jesus compartilhou um pouco da culinária local conosco: pão com uma pimenta tradicional indígena; domplins, que são como pasteizinhos; e apenas uma beiçada para cada de um fermentado indígena de batata doce, bebida com sabor bem peculiar mas que não pudemos tomar muito pois ela tem histórico de mexer com o intestino de quem não está acostumado, rs. Acordamos cedo, mas tardamos a sair, aguardando o nível do rio Têk baixar. Não era ele o problema maior, explicou Jesus, mas logo depois teríamos que cruzar também o Kukenán, mais largo e bravo. O Têk serviu como uma espécie de diagnóstico para quando o Kukenán fosse estar transponível, desse modo. Enquanto esperávamos, tivemos vista limpa do Roraima e do tepuy vizinho, chamado Kukenán também, igual ao rio. A vista para ele é melhor do que para o Roraima, provavelmente a maioria das fotos que você já viu do Acampamento do Rio Têk com uma montanha no fundo eram dele. E é lindíssimo. Saímos às 9h e atravessamos o Têk para iniciar a caminhada de 9 km até o acampamento base. Poderíamos ter tirado as botas para atravessar, mas como já estavam molhadas mesmo, não ia fazer muita diferença. Entre o Têk e o Kukenán, há uma colina com uma pequena igreja construída com pedras do rio, e perto dali há rochas com inscrições antigas em relevo, litóglifos, representando animais e pessoas. Duas vistas muito interessantes para os curiosos com o aspecto humano em torno desse território. Atravessar o Kukenán realmente foi um pouco mais pedreira, a travessia é feita onde um afluente se junta a ele, o que resulta numa distância relativamente longa a ser percorrida de uma margem a outra. O bastão de caminhada é item essencial aqui, se você não tiver um seu, provavelmente usará um emprestado do guia. Do outro lado, paramos por uns 20 minutos para entrar na água num ponto em que ela é mais lenta, ótimo lugar para banho. Afastando-se um pouco da margem já se chega ao acampamento Kukenán, também com estruturas de pau a pique. Pareceu tão confortável quanto o acampamento do Rio Têk. A partir daí é só subida, subida e mais subida. É cansativo com a cargueira, sobretudo se o sol forte da savana abrir por entre as nuvens, mas dá pra ir tranquilo. Paramos no meio do caminho, no Acampamento Militar – este apenas uma área aberta no meio da vegetação – para um lanche. Tivemos aqui nosso segundo (e felizmente último) encontro com uma cascavel, que estava camuflada entre as rochas bem perto de onde nos sentamos. Cuidado. Vimos também diversos lagartos, grilos enormes, e os malditos dos puri-puri, rs. Mais uma pernada de subida em subida e chegamos ao Acampamento Base no meio da tarde, uma ampla área para montar barracas, com água bem perto. Nele não há as estruturas que há no Têk e Kukenán, mas os guias costumam estender lonas presas a árvores para permitir que se cozinhe e coma a abrigo da chuva. Há muitos pássaros diferentes e bonitos nessa área, e encontramos uma amoreira com alguns frutos silvestres dando sopa. Ainda não estavam maduros, mas nada que prejudicasse a experiência de poder comer alguma coisa fresca por entre nosso cardápio de industrializados, rs. Quando caiu a noite, tivemos ainda a boa fortuna de ter céu limpo. Tão longe da cidade, é claro que estava completamente estrelado e magnífico, a ponto de avistarmos diversas estrelas cadentes passando. O Acampamento Base é um lugar belíssimo, em suma, e estar tão perto da parede do Roraima, com toda aquela expectativa para o dia seguinte, só fez aumentar a apreciação. Foi uma ótima noite. Dia 5 – Do Acampamento Base ao Hotel Índio e circuito no topo Esse seria um grande dia. Acordamos bem cedo para nos preparar, Leotério mais cedo ainda, já que subiu antes para garantir nosso lugar de acampamento lá em cima. Jesus optou pelo Hotel Índio, mais próximo do acesso ao topo, mas bem pequeno, então seria preciso essa segurança, já que outros grupos iriam subir no mesmo dia. Conforme nos foi dito, os guias e porteadores tem uma organização tácita entre si para levar coisas de volta desde o Acampamento Base até o Paratepuy, e por isso poderíamos, sem precisar desembolsar nada, deixar pra trás algumas coisas que não iríamos utilizar no topo, e as pegaríamos de volta quando retornássemos à comunidade. Essa foi a hora de separar o essencial da tranqueira, a subida até o topo é íngreme e longa, quanto menos peso melhor. Tendo removido tudo que não seria preciso, iniciamos o percurso, que adentra em mata mais fechada e vai se aproximando do paredão. Mesmo com a vegetação mais densa, é uma trilha bem aberta, sem dificuldades. Só exige uso de mãos em alguns poucos trechos de escalaminhada, mas nada complicado. Logo se chega à parede do Roraima e aí se pega o único caminho conhecido para o topo que não exige escalada em Big Wall, a famosa La Rampa. Sem surpresa, é uma subida constante rumo ao topo, sem muito a se dizer aqui. O ponto digno de nota é logo antes da chegada ao topo, trata-se do Paso de Lagrimas, uma pirambeira em pedras soltas sob uma cascata semipermanente, é o trecho mais complicado do percurso, e onde é preciso ter mais atenção para evitar acidentes, sobretudo na época chuvosa, quando a queda de água está mais forte. Ênfase em forte, proteger bem seus equipamentos contra a água é muito importante, pois apesar de ser um trecho curto, molha bastante, e não dá pra se dar ao luxo de atravessar com pressa. Passado o crux do caminho, chega-se em pouco tempo ao topo do Monte Roraima, um momento bastante emocionante. O topo mostra desde cedo suas características únicas e justifica seu apelido frequente de “O Mundo Perdido”, as formações geológicas são impressionantes e a vida expõe toda sua gana de se manter num ambiente tão estéril. A água, a rocha e o vento desenham formatos que não existem em qualquer outro lugar do mundo, e é espetacular não por se parecer com algo fora da Terra, mas justamente pelo quão terreno é, pelo tanto que diz de inacreditável sobre os processos que o planeta e a vida enfrentam há milhões de anos. Imagino que para geógrafos, geólogos, biólogos e afins, aqueles que saibam realmente ler essas marcas, a experiência seja ainda mais fantástica, mas o leigo não perde nada no quão marcante ela é. Enfim, andamos mais alguns minutos do acesso ao topo até o Hotel Índio, montamos nosso acampamento sob a proteção da cobertura rochosa e partimos ávidos para conhecer mais do Tepuy. Partimos sob chuva e vento fortes, mas aliviados por estarmos caminhando leves. Nesse dia faríamos um circuito nas proximidades, começamos pelo Vale dos Cristais do lado venezuelano, um local onde cristais de quartzo cobrem o chão. Quartzos podem não ser lá tão impressionantes por si só, mas a mera quantidade deles torna a vista lindíssima. Seguimos para ver algumas das Ventanas, áreas próximas ao abismo de onde se pode ver o Kukenán e outras faces do Roraima. As nuvens densas do topo não ajudaram muito, mas por entre as curtas aberturas no branco tivemos visões maravilhosas, a mais marcante para mim sendo quatro cachoeiras lado a lado num ponto longínquo do Roraima. Vimos também o Salto Catedral, uma grande cachoeira lá no alto do Roraima, na qual é possível banhar-se dado um clima favorável. Ainda assim, não seria um local tão bom quanto as famosas jacuzzis, pequenas piscinas naturais de água tão cristalina que mal se vê onde ela começa nas margens mais rasas, e com o fundo coberto de quartzos. Não há descrição que faça jus a elas. Depois disso seguimos para a parede sul do Tepuy, onde adentramos na Cueva de los Guácharos, uma caverna que corre por vários quilômetros até acabar num buraco no paredão. Claro que só entramos por algumas dezenas de metros, para ver as formações geológicas. Cavernas são sempre lugares interessantíssimos, quase alienígenas, e essa não foi diferente, é um ponto muito bacana pra se visitar. Pertinho, há um mirante, do qual não conseguimos ver nada, e outro hotel, esse bem maior, ocupado pela turma de uma agência de Boa Vista. Voltamos a nosso acampamento e jantamos muito confortavelmente num patamar superior do hotel Índio, que forma como se fosse uma mesa onde podemos colocar o fogareiro e as panelas, e uma suave curva na parede onde se pode sentar. É como se tivesse sido esculpido. Durante a noite fez bastante frio, tivemos que recorrer a toda gama de roupas para ficarmos aquecidos. Senti que meu isolante térmico – um basicão de EVA e alumínio já surrado pelos anos – não deu conta. Não que eu tenha ficado em risco de hipotermia nem nada, mas perdi muito em conforto nessa noite, um equipamento um pouco melhor (ou ao menos mais novo) talvez seja uma boa pedida. Também tivemos um visitante noturno inesperado. Durante a madrugada ouvimos algumas coisas caindo na “cozinha”. Meu pensamento foi que outra pessoa estivesse lá fazendo algum lanche noturno ou algo do tipo, mas descobrimos depois que foi um quati esguio que foi pra lá tentar abocanhar alguma coisa. Eu sei que tem um hotel chamado Quati lá em cima, mas fiquei surpreso de saber que eles realmente conseguiam viver lá em cima, quatis são impressionantes. Depois disso deixamos as coisas mais fora de alcance. Não posso afirmar com certeza, mas suspeito seriamente que tenha sido isso que aconteceu com um saco de chá instantâneo que eu perdi depois de uma refeição e não encontrei mais, rs, só espero que não tenha feito mal pro bicho. Dia 6 – Vale dos Cristais Brasileiro, Ponto Tríplice, El Foso e o cume Esse seria o dia do circuito longo no topo, o prato principal do trekking por assim dizer. O dia amanheceu frio e chuvoso, características bem pouco promissoras para proporcionar belas vistas de paisagem, mas que dão ao Roraima seu ar misterioso. Calçamos as botas, jogamos as mochilas de ataque às costas e partimos. No caminho, fomos atribuindo formas às rochas encobertas pela neblina enquanto andávamos no que parecia um plano sem fim e indistinto. Percebi como a navegação no Roraima pode ser complicada, sem visibilidade não há pontos de referência claros para orientar a caminhada, alguém andando sozinho e sem conhecimento do terreno poderia facilmente se perder. Depois de margear um rio em um vale entre duas paredes altas de rocha. chegamos ao Vale dos Cristais do lado brasileiro, e se o outro já é impressionante, este é simplesmente fantástico. Os cristais de quartzo cobrem o chão como neve e afloram aglomerados em grandes rochas. Em algumas cortadas, é possível perceber os traços do longo processo de formação dos cristais. Nenhum de nós jamais havia visto algo parecido. Bem perto de lá, num ponto elevado, encontra-se o famoso Ponto Triplo, que marca o encontro de Venezuela, Guiana e Brasil. Não há muito para se ver, mas a sensação de estar lá vale o percurso. É apenas uma pirâmide triangular em que cada face corresponde a um dos países. Nos lados de Brasil e Venezuela há placas identificando o país, datas etc. No lado de Guiana, a placa é arrancada pelos militares venezuelanos sempre que é instalada pelos guianenses, consequência do ainda vivo debate entre os dois países pelo território da Guayana Esequiba. Me pareceu um tanto cômico que os militares dos dois países fiquem nessa disputa por uma placa no alto da montanha, rs. Enfim, o terceiro ponto de interesse desse circuito é não menos magnífico que o primeiro, no que se refere a obras naturais. El Foso, um belo cenote no meio da paisagem. Com tempo bom é possível banhar-se, mas pelo alto nível da água o caminho estava até mesmo intransponível, com as galerias que levam ao poço alagadas. A próxima parada foi um quase-hotel sob o qual nos sentamos para uma refeição, já que a caminhada de volta seria longa e rumo ao Maverick, ponto culminante do tepuy, convenientemente bem próximo do Hotel Índio. Maverick porque teoricamente o formato de alguma rocha por lá se parece com o veículo de mesmo nome, nem reparei, e creio que a associação seja um tanto forçada, já que esse nome deriva do original imaweru (ou algo parecido com isso, a memória não ajuda a lembrar de nomes, rs), relacionado à lenda de Makunaima. A aproximação foi por terreno um pouco mais pantanoso, tivemos de evitar a lama e as poças fundas, mas a subida em si não é comprida e não apresenta dificuldades técnicas. Rápido e fácil. A sensação de chegar ao cume, porém, não é menos fantástica. Creio que não importa quantas montanhas você já tenha subido, nunca perde a magia, e o Roraima parece ter algo que aumenta ainda mais o sentimento. Beijei a rocha e coloquei uma nova pedrinha no totem que marca o ponto mais alto. A montanha não me deu uma vista da Gran Sabana, mas de si própria. Tive vista para os pontos longínquos do tepuy e para seu abismo, e nunca vou me esquecer da imagem. Após desfrutarmos do cume, retornamos ao acampamento, o que tomou pouco tempo. Durante o jantar adiantado, ainda ao fim da tarde, o céu se abriu um tanto e deu vista perfeita para o Kukenán, bem de frente para nós. Refeições com uma vista maravilhosa, quando as nuvens colaboram, mais uma vantagem do Hotel Índio Esse foi o último dia no topo, na manhã seguinte sairíamos ao amanhecer. Durante a noite choveu e ouvimos trovões à distância, no Kukenán. Dia 7 - Do topo ao Rio Têk Saimos cedo, com alguma urgência, pois as nuvens de chuva ainda se acumulavam no paredão do Kukenán, na cabeceira do rio que leva seu nome e que teríamos que atravessar mais tarde. O Paso de Lagrimas foi de novo a parte mais difícil, descer mais ainda. A cascata caía forte e as pedras tornavam as passadas arriscadas, não à toa é nessa descida onde ocorre a maioria dos acidentes. Calma e cuidado. O resto da descida é tranquila, mesmo os trechos mais verticais do caminho até o acampamento base são surpreendentemente simples para descer, em pouco tempo estávamos lá embaixo, onde descansamos brevemente antes de seguir rumo aos rios. Como se diz, pra baixo todo santo ajuda, a descida é uma delícia, seguimos com bastante espaço entre nós, cada um a seu ritmo apreciando um momento de introspecção solitária na savana. Pelo caminho, já desde La Rampa, cruza-se com porteadores descendo pela mesma rota. Eles podem ser contratados para levar as bagagens de quem estiver moído pelos dias na montanha. Uma das nossas contratou um deles para levar sua cargueira nesse dia e no próximo, 35 reais por dia. É uma opção. O sol abriu forte por entre as nuvens depois de um tempo. Queimou-me o braço exposto em questão de minutos, a marca da fita do bastão de caminhada ainda está visível nas costas da minha mão. Não dispense o protetor solar, o sol equatorial é bruto. Chegamos com alguns minutos de intervalo entre cada um ao Rio Kukenán, e atravessamos apressadamente, Jesus estava claramente preocupado, o rio subia rápido e ficava cada vez mais forte. Cruzamos poucos minutos antes de ficar perigoso. O Têk já estava alto também, tivemos que margeá-lo até encontramos um ponto adequado para cruzar, mas o fizemos sem qualquer traço da preocupação que marcou a travessia do Kukenán. Estávamos em casa, de volta ao acampamento do Rio Têk, com seus cães amigáveis e os malditos puri-puri. Compartilhamos o vasto espaço com um pequeno grupo de agência que conhecemos brevemente no topo. Não falamos muito com eles. Desci sozinho ao Rio Têk num momento para lavar nas pedras uma camiseta que eu estava usando como pano. Me vi sozinho na imensidão da savana, com o Kukenán imponente entre as nuvens exercendo uma atração magnética sobre meus olhos, e a sinfonia do rio preenchendo meus ouvidos. Nada além disso. Lavar roupa num rio, um dos momentos mais pacíficos de toda minha vida, seguido pela sensação agridoce de saber o quanto eu sentiria falta desse lugar. Dormimos cedo, na manhã seguinte deveríamos estar caminhando já antes do sol nascer. Dia 8 - Fim do trekking e Gran Sabana Acordamos antes das 5 e tomamos um café da manhã generoso, agora fazia menos sentido racionar. Saimos em silêncio, no escuro, para não acordar o outro grupo. Sair tão cedo teve o objetivo de chegarmos logo ao Paratepuy para termos mais tempo nas cachoeiras da Gran Sabana. Ninguém reclamou. A caminhada foi acelerada, de meus companheiros, eu fui o único que não contratou um porteador para esse dia. Estava me sentindo muito bem e queria terminar o percurso com minhas próprias forças. O Roraima fez me sentir mais forte e disposto do que havia há muito tempo na rotina de São Paulo. Depois de andar com peso pelos últimos dias, a única coisa no meu corpo que não estava a 100% eram os pés que passaram tanto tempo em botas molhadas, mas o incômodo era só no começo da caminhada. E as picadas de puri-puri, não dá pra se acostumar com isso tão rápido. Ajudou, também, que todos os trechos de água que dificultaram muito nosso percurso no primeiro dia estavam agora muito mais baixos. A diferença era simplesmente espantosa, se não soubesse o quanto a água podia subir, não teria nem mesmo registrado esses trechos, de tão insignificantes que pareciam agora. Roraima e Kukenán nos deram uma esplendorosa despedida, pela primeira vez vimos os dois juntos livres de nuvens. Imaginei o quão espetacular estaria a vista do cume em que eu havia estado dois dias atrás. Mas aceitei de bom grado que a montanha não tenha me concedido essa visão, não fez falta nenhuma A chegada ao Paratepuy veio com gosto de sucesso, completamos o trekking, concluímos uma experiência que será para sempre grandiosa em nossas memórias. E ainda era cedo, logo teríamos um almoço de verdade e um dia pelas maravilhas fluviais da Gran Sabana. Eu demorei muito pra ficar impaciente, nas cerca de 4 horas de atraso de nosso transporte. O grupo que deixamos dormindo no acampamento do Rio Têk inclusive acabou descendo antes de nós, apesar do veículo deles também ter atrasado bastante. E quando fiquei impaciente, foi só isso, já falamos sobre as condições do abastecimento lá em Santa Elena, todo mundo foi compreensivo. Eventualmente o 4x4 chegou, trazendo um grande grupo de coreanos que aparentemente não tinham ideia de que estavam ingressando num trekking de vários dias com quantidades cavalares de lama e chuva. Trouxe também um grande isopor cheio de cerveja, para brindarmos o trekking concluído. A descida foi emocionante, pode-se dizer. Perrengues veiculares são algo por que já passei um milhão de vezes, então minha reação ao ouvir o carro inguiçando foi um “bem, acho que isso era inevitável” mental. Quando tivemos que parar pro motorista fazer alguma gambiarra pro carro voltar a andar eu fiquei calculando de quantas horas poderíamos precisar para estarmos de volta em Santa Elena se ele quebrasse ali no meio do nada no caminho do Paratepuy. Seriam muitas, na certa. Mas no fim do tudo certo, chegamos ao Kumarakapuy e o motorista foi embora levar o carro pra consertar, em breve viria uma substituição. Foi o tempo de darmos uma volta pelas poucas lojinhas abertas - já que era sábado e os moradores são de maioria adventista - e almoçar. Fiquei surpreso com o prato vegano que chegou: arroz, feijão vermelho, repolho, mandioca, banana da terra e abacate, todos maravilhosamente temperados. Eu pessoalmente não gosto de abacate e nem de comer bananas fora de seu estado mais natural possível, mas as duas coisas caíram muito bem com um pouquinho da pimenta tradicional dos indígenas. Tudo acompanhado por um belo suco natural de maracujá, o favorito dos venezuelanos, pelo jeito. Nas lojinhas comprei um modesto chaveiro representando o Roraima, um suporte de incenso para minha noiva e um pote da famosa pimenta. Eles tem uma versão dela com o acréscimo de cupins inteiros na receita, o que achei bastante curioso. Tudo muito barato mesmo em bolívares. Isso feito, embarcamos já um pouco tarde para o passeio pela Gran Sabana, concordamos em tirar uma das cachoeiras do roteiro para aproveitarmos bem as demais, e partimos na road trip mais divertida que já fiz. O carro voava pela estrada enquanto dentro soavam de novo as músicas animadas que no Brasil seriam de uma cafonice extrema. A primeira parada foi o Oasis, uma cachoeira que faz jus ao nome, praticamente ao lado da estrada. Queda pequena no meio de uma concavidade formada por um paredão, resultando num poço simplesmente magnífico e perfeito para nadar. A água estava ótima, o dia seguia quente apesar de ameaçar chuva nas próximas horas. Passamos um bom tempo curtindo o local, não há nada melhor do que uma bela piscina natural após uma montanha. Quando subimos de volta ao carro, começou a chover, mas nada que fosse interferir com os planos. Partimos para o próximo ponto enquanto ríamos de nosso colega no banco de carona quando ele, ao tentar fechar a janela, constatou que não havia vidro. O passeio definitivamente não seria tão divertido num carro novo e arrumadinho, de forma alguma. E a chuva não durou o bastante pra aquilo ser realmente um problema, afinal. Seguimos até uma ponte onde paramos para observar o rio Yuruani, um curso de água bastante largo e que corria forte. Ficamos tirando algumas fotos no meio da estrada com a turma toda, correndo de um lado para o outro para procurar os melhores ângulos. Dalí, o carro avançou pela margem direita do Yuruani, nosso próximo ponto de interesse era uma queda um pouco acima no rio, a Cortina do Yuruani. Desembarcamos numa área de picnic aparentemente abandonada há algum tempo, seguimos perto da margem parando nos pontos de visibilidade para a cascata, ficando mais próximos dela a cada um. A Cortina do Yuruani é uma queda não muito alta, mas muito bonita, que vai de uma margem a outra do rio e cai uniformemente. Pelo que disseram, com o rio baixo é possível caminhar por trás dela de uma margem a outra. Definitivamente não era o caso, o rio estava violento, impressionantemente bravio, uma queda ali seria morte certa, mas fiquei curioso de como seria na época de baixa, quando é comum as pessoas praticarem rafting e nadarem perto das margens. Já perto do fim da tarde, subimos no carro para voltar a Santa Elena, agora mais calados conforme a escuridão se assentava. Chegando à cidade, demos entrada na pousada e combinamos de nos encontrarmos em uma hora para jantar lá perto, tempo suficiente de tomar um banho e colocar roupas limpas. Pegamos de volta as bolsas que havíamos deixado na recepção, sem incidentes. A uns cinco minutos da hospedagem, jantamos em uma pizzaria, esta bem mais modesta – e – do que o Papa Oso, mas que também não devia no sabor. Uma deliciosa massa pan. Eu, o vegano, pedi uma pizza individual, a que tinha mais vegetais no cardápio, sem o queijo. Pensei que a pequena seria menos adequada do que a média, afinal, os últimos dias me autorizavam a comer bastante. Acabou que a média tinha 8 pedaços, e dali pra cima entrávamos numa terra de gigantes. Acabei comendo 7 dos pedaços, estava delicioso. Voltamos para a pousada, confirmei nossa partida na manhã seguinte com o taxista, que viria nos pegar às 8 horas. Nos encontraríamos antes com Jesus e Randy para um café da manhã típico e despedidas. Dormir numa cama foi uma mudança bem-vinda. Custos no dia 8 R$ 15 de jantar em Santa Elena, pago em bolívares, valor aproximado. Dia 9 - De Santa Elena a Boa Vista, Lethem e Manaus Depois de uma semana em campo, o relógio biológico já está regulado ao tempo da natureza, despertei pouco antes do amanhecer e não voltei a dormir. No meu típico hábito de estar com tudo pronto antes da hora, já deixei todas as minhas coisas preparadas, quando o táxi chegasse era só pegar tudo e partir. Nos encontramos com Jesus e Randy em frente à pousada e fomos comer o que Jesus disse que seriam as coxinhas de padaria da Venezuela. Arepas e domplins com os mais variados recheios. Nenhum vegano, claro, então pedi um domplin simples, pra comer puro. Bem, o domplin que comemos no Roraima não era frito em óleo, obviamente, então fiquei um pouco surpreso de receber um enorme pastel redondo, do tamanho de uma pizza brotinho. Melhor. Café. Da. Manhã. De. Todos. Era mesmo um pastel, só com a massa um pouco mais grossa. Nada saudável, que seja, mas muito bom. Acompanhou novamente um suco de maracujá. Voltamos à pousada e nos despedimos calorosamente de nossos guias e agora amigos, já pensando em reencontros quando voltássemos à Venezuela ou eles fossem ao Brasil. Vendi os cartuchos de gás que não utilizamos para eles, a menos do que paguei na loja, só para recuperar um pouco do valor. No horário, embarcamos no táxi de volta para Boa Vista. A saída da Venezuela foi muito mais rápida e tranquila do que imaginei que seria, apenas entregamos os permisos e seguimos a longa viagem pro Brasil. O valor ficou em 75 reais por pessoa, agora que estávamos em quatro pessoas. Passaríamos a tarde em Lethem, para ir pra lá é possível pegar um ônibus sentido Bonfim, no valor de cerca de 35 reais, que para na fronteira da Guiana, e de lá ir de táxi para o centro comercial da cidade. Para voltar é a mesma coisa. É possível também pegar um dos mesmos táxis que fazem o percurso a Santa Elena, em torno de 500 reais para o grupo. Questão de ver o mais rentável. O caminho para a Guiana passa pelo Rio Branco, e na época de cheia a visão é bem impressionante, a estrada cortando campos alagados pontilhados por árvores e construções. Depois disso vai plano por entre plantações até chegar a seu destino. A fronteira Brasil-Guiana é completamente diferente da Brasil-Venezuela, se nesta há um monte de gente pra todos os cantos e filas grandes, naquela há muito menos movimento, entra-se rápido no país e a primeira coisa que se nota é a mão inglesa do trânsito. A mudança súbita do lado da estrada por onde se deve trafegar causa certo estranhamento, rs. A cidade de Lethem é minúscula, e evidencia a austeridade do país, as largas ruas sem asfalto acumulam lama, os prédios são baixos, pouco luxuosos, não há nada de particularmente vistoso por lá. O centro comercial é uma área com lojinhas de tranqueiras, é um bom lugar pra comprar presentes pra trazer de volta pro Brasil. Eu havia ouvido falar sobre um refrigerante de banana que só existe lá na Guiana, e fiquei de olho para ver se encontrava, é de uma marca chamada I-Cee. Acabei encontrando num pequeno restaurante, paguei 5 reais por garrafa de 710 ml, e valeu a pena, é bom. Há algumas opções de almoço por lá, desde comida brasileira até umas opções mais locais, que não são muito diferentes da comida chinesa mais simples que encontramos por aqui, o que se explica pelo grande influxo de imigrantes orientais que a Guiana recebeu historicamente. Com 20 reais se paga um bom almoço com bebida. Percebam que estou dando os valores em reais, lá não é preciso trocar dinheiro, as lojas aceitam reais. A língua da Guiana é o inglês, mas presumo que os lojistas estejam acostumados a se comunicarem com brasileiros de uma forma ou de outra, se for necessário. Não imagino que não-falantes do inglês tenham dificuldades para se virar por lá. Enfim, não é um passeio espetacular, mas é uma experiência definitivamente muito interessante, até porque não é muita gente que pode dizer que visitou a Guiana, não é mesmo? De volta para Boa Vista, fizemos hora na rodoviária - já que não há nada de interessante pra se ver por perto dela - até a partida do nosso ônibus. Dessa vez ele saiu cheio, todas as poltronas ocupadas, muitas delas por passageiros venezuelanos. Fui sentado ao lado de uma moça bem falante que me deu várias dicas sobre Manaus. Num momento o ônibus parou e adentraram dois militares ordenando que todos mostrassem os documentos. Os estrangeiros foram tirados do ônibus para uma verificação ou algo do tipo. Fiquei um pouco espantado, mas aparentemente, é de rotina. Só mais um sintoma da situação fronteiriça. O ônibus logo partiu, adentrando a escuridão por entre as árvores. E eu dormi até o amanhecer. Custos no dia 9 R$ 75 de táxi de volta a Boa Vista; R$ 100 de transporte para ir e voltar de Lethem, valor aproximado; R$ 20 de refeição em Lethem; R$ 15 de refeição simples e petiscos para o ônibus na rodoviária em Boa Vista. Dia 10 – Manaus, praia da Lua e Mercado Municipal Acordei novamente com os primeiros raios de sol, quase chegando a Manaus. Nosso camarada que não fez o trekking já estava lá, em um hostel perto do centro histórico da cidade. Da rodoviária pedimos um Uber para lá. O Hostel Manaus, onde ficamos, é uma hospedagem a preço bastante razoável, limpa e com excelente atendimento, fica a recomendação. Dividi um quarto privativo com um colega ao valor de 45 reais a diária para cada um, há diárias mais baratas nos quartos coletivos. O hostel pede um caução de 20 reais, que pode ser usado em consumo de cervejas e refrigerantes vendidos por lá, ou recuperado no check-out. Depois do check-in deixamos as coisas nos quartos e partimos logo para conhecer a cidade. Nesse dia, quente e abafado, optamos por visitar uma das praias do Rio Negro, e o atendimento do hostel foi muito solícito em nos dar informações e sugestões. Optamos pela Praia da Lua, para chegar lá pegamos um Uber para a Marina do Davi e, de lá, um barco até a praia. O lugar é fantástico, uma faixa de solo corta o Rio Negro entre a floresta inundada. A água é boa e ver sua própria pele parecer vermelha sob a água escura do rio é bem interessante. Lá há quiosques para comer e beber, bem como aluguel de pranchas de Stand Up Paddle. A água calma e as copas das árvores despontando formam um lugar excelente para marinheiros de primeira viagem, como eu, terem uma experiência bastante divertida, rs Passamos um bom tempo lá, quando cansamos apenas voltamos ao pequeno píer para esperar o próximo barco voltando para a Marina. Embarcamos e chegando lá já pedimos um Uber para mais um rolê, agora no Mercado Municipal. O lugar é enorme e tem muitas opções de presentes e lembranças para levar pra casa, acabei trazendo uma garrafa de cachaça de jambu, uma fruta do Norte que provoca efeito anestésico na boca, não é pra todos os gostos mas é muito interessante e gerou muitas reações engraçadas com o pessoal aqui, hahaha. Experimentei algumas marcas e a que mais gostei foi a Meu Garoto, que foi a que comprei. Meus colegas foram comer um almoço tardio no Mercado, pratos tradicionais de peixe. Eu como não encontrei nada de vegano, comprei um açaí. Eu sabia que era diferente do que conhecemos aqui em São Paulo, e honestamente achei o nosso muito melhor. Questão de hábito, talvez. Não que tenha achado ruim, mas realmente é um pouco amargo. Enfim, se não me agradou no sabor, na sustância não deixou a desejar. Feito isso, fomos dar uma volta na avenida em frente ao Mercado para analisar as opções para nosso passeio do dia seguinte. Havíamos pegado contato com a companhia que nos levou e trouxe da Praia da Lua e negociamos um barco privativo no valor de 600 reais para fazer o passeio turístico tradicional pelos Rios Negro e Solimões. O melhor valor que conseguimos nos operadores de rua, para ir num barco lotado com mais 30 pessoas, foi de 100 reais por cabeça. Pagando 120 cada um, preferimos ter o conforto do barco privativo, até pra podermos ver tudo rapidamente e termos tempo de emendar algum outro passeio depois desse. A quem possa interessar, seguem os contatos do barqueiro, chamado Grande: (92)99981-8463/99157-8495/99227-3999 (WhatsApp). A pé, fomos para um Carrefour nas redondezas comprar comida pra fazermos no hostel e seguimos para ele na sequência. Não saímos à noite nesse dia, aproveitamos para organizar nossas coisas, descansar e jogar umas cartas entre nós. O Hostel Manaus é populado principalmente por mochileiros estrangeiros, pelo que pude perceber, então as interações por lá foram consideravelmente internacionais, o que é sempre muito interessante. É fantástico ter três línguas diferentes sendo faladas ao seu redor num mesmo lugar. Fomos dormir não muito tarde, o passei no dia seguinte seria nas primeiras horas da manhã. Custos no dia 10 R$ 20 de Uber ao hostel, divisível por 4; R$ 90 de duas diárias de hospedagem em quarto privativo pra duas pessoas; R$ 20 de caução no hostel, podendo ser recuperado no check-out ou usado em consumo; R$ 15 de Uber à Marina do Davi, divisível por 4; R$ 10 de barco para a Praia da Lua, já contando ida e volta; R$ 15 de Uber ao Mercado Municipal, divisível por 4; R$ 8 de açaí no Mercado Municipal; R$ 30 de comidas e bebidas no supermercado, para dois dias. Dia 11 – Rios Negro e Solimões, INPA e bar O café da manhã incluso na diária do hostel era simples, mas suficiente e saboroso, o suco natural de cupuaçu ou graviola na certa era a melhor parte. Comemos bem e partimos para a Marina do Davi novamente. Encontramos nosso barqueiro, Grande, e embarcamos na Apuaú III, uma lancha grande e confortável que tínhamos só para nós. Navegamos pelas águas escuras do Rio Negro até chegar ao primeiro ponto de interesse do passeio, uma aldeia indígena bem pequena, claramente apenas um espaço de recepção de turistas. Lá há artesanato para comprar, algumas coisas interessantes para fotografar e, pra quem é dessas, a opção de degustar as saúvas defumadas consumidas pelos indígenas. Para quem quiser pagar, há a opção de assistir a uma apresentação e realizar pintura de pele, mas como não era de nosso interesse, logo seguimos viagem. A próxima parada foi num braço do rio, e é ponto polêmico considerando meus colegas veganos: É o rolê de nadar com os botos. Acessa-se o local por uma plataforma flutuante onde os operadores solicitam que se remova todo o protetor solar da pele e dão instruções para os visitantes sobre como interagir com os animais sem incomodá-los. Os bichos vêm soltos do rio, atraídos pelos peixes que um funcionário dá no bico deles. Esse tipo de interação meio domesticada com animais selvagens é sempre questionável, sobretudo considerando que depois do nosso barco chegaram dois daqueles que carregam 30 pessoas cada. Enfim, questão de consciência, esse passeio é cobrado separado de qualquer forma, 10 reais por pessoa. Daí, seguimos por um igarapé do Rio Solimões, um curso de água por entre as árvores que, nessa época do ano, estavam inundadas. A passagem é simplesmente magnífica, a vista da flora e da fauna é linda, tiramos muitas fotos belíssimas no caminho até o restaurante flutuante de onde sai o caminho elevado para se ver as vitórias-régias. Eu quando criança, depois de uma aula na escola sobre essas plantas, sonhava com viajar à Amazônia para conhecê-las enquanto ainda era leve o bastante para que suportassem meu peso. Eu não teria podido subir nelas, de qualquer modo, então o atraso de alguns anos não mudou nada para a realização do sonho, eu acho. A vista das vitórias-régias é linda, mas por entre tantas coisas maravilhosas acaba não se destacando tanto assim, acho que dentre meus colegas eu fui o que mais se deslumbrou, considerando meu velho desejo infantil. Fora as plantas, há a exuberante fauna amazônica para pontilhar a paisagem: macacos, sapos, aves, insetos etc. O restaurante flutuante é um ponto de parada para almoço nos passeios tradicionais. Também há artesanatos indígenas para serem adquiridos, a preços mais altos do que na aldeia. Como Já havíamos decidido não parar para almoçar ali, seguimos logo para o próximo ponto de interesse. No caminho pelo rio, passamos pelas ferragens de várias grandes embarcações abandonadas e vimos botos despontarem hora ou outra na superfície, passamos por baixo da grandiosa Ponte Jornalista Phelippe Daou e enfim chegamos ao gran finale, o Encontro das Águas, o local onde os rios Negro e Solimões se encontram para formar o Amazonas. As águas de diferente densidade, velocidade e temperatura não se misturam, empurram uma à outra como se competindo pelo espaço. A vista é um espetáculo, e botando a mão na água pode-se perceber a diferença da temperatura. Alguns dizem que não vale a pena ir até tão longe no rio para ver esse fenômeno, mas discordo. Esse foi o último ponto do tour, na volta contornamos a cidade e vimos o grande porto, a Zona Franca, os vários postos de gasolina para barcos (o que é curioso para nós que não vivemos às margens de um rio como esse, rs). Grande nos deixou no píer em frente ao Mercado Municipal, onde comemos uma coisinha rápida (eu fui de açaí de novo) e logo pedimos um Uber para nos levar ao Bosque da Ciência do INPA (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia), uma pequena área de preservação com animais silvestres soltos e recintos de animais resgatados sendo cuidados pelo instituto, além de um museu com exibições biológicas e históricas. O bosque é um local bem agradável, e é fácil avistar diversos animais por entre as árvores. Vimos macacos, preguiças e uma paca jovem. Junto com os animais em cativeiro: peixes-boi, jacarés, tartarugas e uma ariranha, o instituto oferece uma amostra bem diversificada da fauna amazônica. E bem, se Manaus é difícil para veganos, pelo menos tem tapioca pra todo canto, e mesmo a simples – lembrando de pedir sem a manteiga - já é uma refeição relativamente saborosa e de sustância. O melhor de tudo é que é extremamente barata, normalmente 2 reais. Aproveitei e comi uma numa lanchonete lá dentro pra complementar, e ela e o açaí de antes já foram o bastante até chegarmos de volta ao hostel. Voltamos já eram umas 17h e fomos arrumar as coisas para partirmos sem problemas no dia seguinte. Com tudo pronto, começamos a falar sobre sair à noite para ir a um bar, decidi jantar antes para não ter problema de não encontrar comida pra mim. Pouco depois partimos de Uber para a praça do Teatro Amazonas, que não fica longe, mas todo mundo nos alertou pra não andarmos por aí de noite. O seguro morreu de velho e a tarifa mínima do Uber não ia quebrar a banca de ninguém. Nosso destino foi a Casa do Pensador, um bar legal com preços bons e um cardápio diversificado. Entornamos algumas cervejas, mandamos umas porções de batata pra dentro e experimentamos uma caipifruta de Graviola que, apesar de um pouco fraca no álcool, estava deliciosa. Enquanto estávamos lá, um grupo de mochileiros profissionais artistas de rua parou lá perto pra fazer uma apresentação de música e acroyoga, foi bem interessante. Voltamos pro hostel quando o bar começou a fechar. Eu já estava um pouco tonto pela bebida, então quando deitei não demorei a adormecer. Custos no dia 11 R$ 15 de Uber à Marina do Davi, divisível por 4; R$ 120 de passeio Rios Negro e Solimões; R$ 8 de açaí no Mercado Municipal; R$ 15 de Uber ao INPA, divisível por 4; R$ 5 de ingresso no Bosque da Ciência do INPA; R$ 2 de tapioca no Bosque da Ciência do INPA; R$ 15 de Uber ao hostel, divisível por 4; R$ 10 de Uber à praça do Teatro, divisível por 4; R$ 20 de comes e bebes no bar; R$ 10 de Uber ao hostel, divisível por 4. Dia 12 – Teatro Amazonas e retorno pra São Paulo Dormi como uma pedra e fiquei surpreso quando, no café da manhã, estava todo mundo admirado com a chuva cabulosa que caiu durante a noite e sobre a qual fiquei sabendo apenas naquele momento. Os benefícios de um sono suavemente etílico, hehehe. Acordei cedo querendo aproveitar a manhã para fazer o tour do Teatro Amazonas e ir ao Palacete Provincial, que abriga cinco museus. Ninguém mais quis ir comigo e, desdenhoso da falta de espírito de exploração de meus colegas, parti sozinho pelas ruas manawaras sob o sol que já desde cedo escaldava a pele. Cheguei no Teatro antes dele abrir e entrei com a primeira turma, o tour custa 20 reais a inteira e passa pelo interior do prédio com uma guia explicando detalhes da História, Arte, Arquitetura e curiosidades do local. É um passeio bastante interessante, apesar do tamanho do prédio não impressionar o paulistano frequentador do nosso enorme Theatro Municipal. Mais do que compensando por isso, o Teatro Amazonas é magnífico e os detalhes de sua construção e decoração são tantos e de tal esmero que impressionam qualquer um. Como um apreciador da ópera, devo dizer que acrescentei na minha lista de coisas a fazer antes de morrer uma visita ao Teatro quando estiver ocorrendo seu famoso Festival Amazonas de Ópera, evento anual com diversos artistas internacionais e apresentações que me pareceram fantásticas. O tour, infelizmente, demorou bem mais do que eu esperava, o que me deixou sem tempo hábil para a visita ao Palacete, então retornei ao hostel para encontrar meus camaradas. Antes de fazer o check-out, fomos fazer uma refeição numa lanchonetezinha simples mas gostosa lá perto, a Skina dos Sucos, onde comi uma tapioca com recheio de uma raiz da região, o tucumã, que se parece um pouco com cenoura, e tomei um suco de uma fruta cítrica também local, o taperebá. Tudo muito bom. Voltamos para o hostel, fizemos o check-out e usamos a grana do caução para tomar uma saideira da geladeira de lá. Seguimos para o aeroporto e logo embarcamos no voo de volta pra São Paulo. O último presente que Manaus me deu foi a vista aérea do Encontro das Águas, magnífica. Chegamos em casa no começo da noite, findando assim essa viagem fantástica e exótica que agora compartilho com vocês. Custos no dia 12 R$ 20 de tour do Teatro Municipal (ou 10 a meia); R$ 15 de suco e tapioca na lanchonete; R$ 20 de Uber ao aeroporto, divisível por 4. Acaba aqui o relato, agradeço a você que chegou até aqui e fico alegremente disponível para auxiliar na medida do possível com qualquer dúvida que os leitores possam ter. Não hesitem em mandar mensagens, rs, e boa viagem!
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A Expedição Monte Roraima começou quando me deparei com a foto abaixo. Achei impressionante a existência de um lugar assim no mundo. E comecei a ler tudo a respeito. Vou resumir os pontos mais importantes para se levar em conta: "O Monte Roraima tem 34 km2 de área e fica exatamente na fronteira entre o Brasil, a Venezuela e a Guiana, com um marco de concreto em seu topo registrando a tríplice fronteira. A maior parte da montanha está em território venezuelano (85%), 10% na Guiana e apenas 5% em solo brasileiro. O acesso ao topo foi descoberto em 1884 na parede sudoeste, a partir da Venezuela, e por ser o único caminho por trilha, sem necessidade de técnicas de escalada e nem cordas, passou a ser utilizado por todas as expedições. Fora isso, há os passeios panorâmicos de helicóptero e pelo menos duas vias de escalada (Scorpion Wall e Cutting the Line)." Por estar na Amazônia e numa região com clima equatorial é quase impossível fugir das chuvas, mas mesmo assim há meses mais favoráveis para a viagem. De outubro a abril: Período de menos chuva e frio. Vantagem: Evidentemente a de evitar perrengues com a chuva. Desvantagem: Não observar as inúmeras cachoeiras que se formam nos paredões do Monte Roraima De maio a agosto: Período de maior frio e chuva. • Para iniciar o trekking o caminho é o seguinte ( pelo menos no meu caso, brasileira) : Boa Vista ( Roraima) x Santa Elena de Uairén ( Venezuela) x Paratepuí ( de onde a caminhada começa de verdade); • As agências no Brasil cobram verdadeiras fortunas para realizar o passeio e depois de ler vários relatos, contratei os serviços da Mystic Tours ( agência venezuelana localizada em Santa Elena); • Brasileiros não precisam de passaporte para entrar na Venezuela; • É obrigatório o certificado internacional contra Febre Amarela; • Pode levar REAL pois qualquer estabelecimento em Santa Elena aceita nossa moeda e por uma câmbio bem atraente; • Li em vários relatos que qualquer pessoa pode fazer o trekking, vou ser bem sincera, não é pra qualquer pessoa. Sem o mínimo de condicionamento físico vc vai sofrer e muito; Bom vamos lá... Chegamos em Boa Vista as 14:00 e contratamos o taxista Ciro da cooperativa Pacanaima, pagamos por pessoa o valor de R$ 45,00 para nos levar até Santa Elena ( 250 km), do outro lado da fronteira na Venezuela. Ficamos na Pousada Backpackers, quarto quádruplo, R$ 21,00 a diária, tem um pub embaixo que toca uma musiquinha e servem pizza. Ao lado do nosso hotel tem a Pousada Michele mesmo valor pelo quarto quádruplo. Na mesma rua encontra-se a Mystic Tours (agência que contratei aqui do Brasil) para nos levar ao Roraima. Detalhes da Expedição: • Valor total em reais pelo trekking de 6 dias: R$ 586,00; • O que inclui: Guia, cozinheiro, comida para os 6 dias, barraca, saco de dormir, isolante, transporte para o início e fim do trekking, um almoço no último dia com refrigerante e mapa da La Gran Sabana; • Serviço extra: você pode contratar um dos carregadores para levar sua mochila, cobraram 32.000 bolivares o dia, aproximadamente, R$ 35,00; • Os carregadores montam e desmontam a barraca que é compartilhada, sempre duas pessoas; • O dono da agência é o Roberto Marrero, gostei muito dos serviços prestados! Foram atenciosos e muito simpáticos com todos do meu grupo; • Eles fazem um reunião com todo o grupo um dia antes de iniciarem o trekking, onde tiramos todas as dúvidas e eles nos entregam o saco de dormir e o isolante, que são carregados por nós; 1º Dia: De Santa Elena x Paratepuí x Acampamento Rio Tek Nos reunimos na porta da agência as 09:00 da manhã, assinamos um termo de responsabilidade e partimos em veículo 4x4 para Paratepuí onde se dá início ao Trekking. Chegamos lá, prepararam um lanche. Enquanto comíamos, os carregadores se organizaram com tudo que precisaríamos para os 6 dias que nos aguardavam. Tudo pronto, começamos a caminhar as 12:30, o calor já estava absurdamente perturbador. Rsrs Vou confessar, a minha mochila estava tranquila mas quando coloquei o saco de dormir e o isolante, virou um monstro. Andamos nesse dia cerca de 13km com algumas paradas e rios para repor a água. No fim da tarde chegamos ao Acampamento do Rio Tek, o acampamento com mais recursos. Tem uma vendinha com cerveja e salgadinhos, mesa pra comer e o Rio Tek fica a poucos metros de distância. O banho no Rio Tek foi uma aprovação, água muito frio mas depois, tornou-se deliciosa se não fosse o ataque de Puri-Puris ( mosquitos da savana venezuelana). Voltei com 1 milhão de picadas e coçam, como coçam! Os carregadores rapidamente armaram as barracas enquanto outros preparavam nosso jantar, uma macarronada com carne moída deliciosa e suco. Confesso que fiquei bem cansada nesse dia, a cada descida de morro você já se preparava para subir e o sol era imperdoável. Fomos dormir e descansar para o outro dia que pra mim, foi o mais punk de todos. 2º Dia: De Acampamento Rio Tek x Acampamento Base Nesse dia acordamos bem cedo, 05:30 e começamos a arrumar tudo, fomos tomar café que já estava a mesa. Uma deliciosa panqueca com presunto e ovos, chá e café ( parecia chá) rs; Enquanto tomávamos café, os carregadores já desmontavam nossas barracas. Começamos a caminhada novamente, nesse dia atravessamos o Rio Tek ( bem fácil) pulando algumas pedras. Mais adiante, nos deparamos com o Rio Kekunán, nesse rio já demanda toda logística de tirar a bota, ficar de meia, o carregador te ajuda com a mochila e também na travessia. A correnteza estava bem forte e é um trecho maior para atravessar. Do outro lado do rio, meias secas, bota no pé e a caminhada continua. Nesse dia a minha mochila estava me matando e o sol novamente castigava. Na minha opinião, o segundo dia foi o pior dia, muitas dores nas costas, o tempo todo subindo e subindo, tudo muito íngreme. Fiz diversas paradas e em determinado ponto exausta, paramos todos e começaram a preparar um lanche, de repente, chuva, muita chuva. Comemos debaixo de chuva mesmo, exaustos e seguimos pois ainda nos faltava um hora e quarenta de caminhada, íngreme, debaixo de chuva. Parecia uma eternidade, eu perguntava pros carregadores a todo momento quanto faltava e eles diziam: “15 min” traduzindo: “ 1 hora e mil minutos” rsrs Finalmente, depois de percorrermos 15km, costas, quadril, fio de cabelo, tudo doía, chegamos ao Acampamento Base aos pés do Roraima. E de repente quanto coloquei meus olhos no paredão do Roraima, a emoção tomou conta e toda a dor sumiu em um segundo. A paisagem do Kukenán e do Roraima te acompanham a caminhada toda e a savana venezuelana é lindíssima. Mas chegar tão perto me causou um misto de cansaço, vislumbre, emoção e gratidão por estar contemplando aquele lugar incrivelmente lindo. Os carregadores em sua maioria sempre chegam primeiro e já começam a montar as barracas. O friozinho já começou a ser nossa cia frequente. Descansamos um pouco e fomos até um riozinho tentar tomar um banho mas a água estava geladíssima! Meus amigos tomaram banho e eu também mas de lenço umedecido. Rsrs Não deu! No jantar fizeram arroz com frango desfiado e legumes, sempre com suquinho para acompanhar. A noite sempre caía rápido demais e como estávamos sem comunicação com o mundo, parecia uma eternidade cada minuto. Fomos descansar pois no dia seguinte, o destino seria: o topo do Monte Roraima! 3º Dia: Acampamento Base x Monte Roraima Nesse dia também acordamos cedo e o guia nos entregou enquanto tomávamos café, um lanche ( sanduíche) para a subida. Arrumamos nossas tralhas e com muito entusiasmo, partimos. Esqueci de comentar, não aguentei a minha mochila e minhas costas estavam destruídas, contratei um dos carregadores para levar minha mochila ( 32.000 bolivares ou R$ 35,00 a diária) até o último dia. Além da carga que já tem, eles incluem a sua mochila, não é um carregador particular. Os caras são incrivelmente fortes e resistentes. Agora assim a subida era íngreme de verdade mas empolgante! Caminhamos cerca de uma hora e meia ou mais, nessa altura já tinha perdido a noção de tempo e o meu interesse em procurar contabilizar o tempo nessa experiência. Muitas pedras, muita chuva e cada vez mais próximos do incrível paredão. De repente, ele, o paredão diante dos meus olhos, mostrando o quão insignificante eu era perante aquele gigante místico, o mais antigo do mundo. Comecei desesperadamente a abraçar o paredão e meus amigos riam muito da cena Tive que postar a foto que tiraram! rs. Caminhamos mais e cheguei na parte mais difícil de todo o trajeto: O Passo das Lágrimas ( tem esse nome porque vc sobe o tempo todo sendo batizado por uma cachoeira que despenca do topo), muito escorregadia, extremamente íngreme, meu coração parecia saltar boca a fora, meu joelho tremia mas a emoção tomava conta. Finalmente, pisamos no Monte Roraima, chuva e muita alegria. Nunca vi nada parecido em toda minha vida, a atmosfera, aquelas rochas negras, as plantas carnívoras, o sapinho negro que vi logo que cheguei... Partimos pra uma caminhada de mais uns 30 min até chegarmos no Hotel Sucri ( eles chamam de Hotel os acampamentos no Monte). Ficamos deslumbrados, fascinados e cada um foi explorar ali os arredores do acampamento enquanto já montavam as barracas. Nesse dia depois de descansados, fomos dar uma volta. Pontos: La Cueva e um dos mirantes. Sensacional. 4º Dia: Monte Roraima Nesse dia acordamos cedo também e chovia muito, muita neblina mas ainda sim, não íamos perder um segundo que fosse por causa da chuva. Partimos com destino a Las Ventanas, Vale dos Cristais e Jacuzzis. O vale dos Cristais é impressionante, mas atente-se, não pode ser retirado nenhum cristal de lá, paga-se multa de 1.0000 dólares. Para meu desgosto ou simplesmente truque da natureza, quando chegamos nas Ventanas, estava tudo coberto por neblina não dava para se ter uma noção da imensidão e periculosidade daquele lugar mas ainda sim, contemplei de bom gosto e agradecida. De lá fomos as Jacuzzis, que lugar! Maravilhoso, água gelada sim, mas não pude resistir! O fundo das jacuzzis é repleto de cristais! Ficamos lá por algum tempo e retornamos para o acampamento. O tempo no Roraima é muito instável e no nosso caso, choveu o tempo todo. Eu gostaria muito de ter conhecido o Ponto Trilho ( fronteira dos 3 países – Guiana, Brasil e Venezuela), El Fosso e outros mas o tempo não estava do nosso lado e impossibilitou esses passeios. Faz parte da experiência estar aberto para as mudanças de humor da natureza! Gostaria de ter ficado mais tempo e contratado o trekking de 8 dias mas só consegui uma semana de férias. Mas tá valendo! 5º Dia: Monte Roraima x Acampamento Rio Tek Nesse dia, vc anda tudo que andou em dois dias em um único dia. Prepare-se, os seus joelhos vão gritar! Rs Eu escolhi sair com o primeiro grupo dos mais lentos ( duas meninas), detalhe, cheguei ao passo das Lágrimas sozinha e comecei a descer quando avistei o grupo dos mais rápidos já dando as caras. O que antes eram “lágrimas” agora pareciam as cataratas de Foz do Iguaçu. Muita água, a trilha virou um rio de correntezas fortes. Desci com todo cuidado do mundo e ainda sim tive vários momentos de muita tensão pois tinha pedra rolando, podia cair algo de cima, perigo por todos os lados. Levei uns dois bons escorregões mas nada sério e continuei a descida. O combinado foi, almoçarmos no Acampamento Base e continuarmos até o Rio tek. Algumas horas depois de muita descida, pernas tremendo, cheguei sozinha com uma boa diferença do meu grupo. Sentei no rio e comecei a pensar em toda aquela experiência incrível. E depois decidi ir direto ao Rio tek sem parar pra almoçar. Peguei meu bastão, coloquei minha trilha sonora do filme “A Vida Secreta de Walter Mitty” e parti em meio a neblina pois 15km me aguardavam. No caminho encontrei um dos indígenas e carregadores e quando eu pisquei ele já estava sumindo na trilha por entre os montes. Foi muito bacana ter essa experiência comigo mesma, desci sozinha do Roraima ( me senti Indiana Jones rs), um turbilhão de pensamentos e ali naquela trilha fui pensando “ o que mais sou capaz de fazer e ainda não sei?” Quando cheguei no Rio Kekunán me bateu o desespero pois o nível do Rio tinha subido bastante e de repente, vi o índio com quem conversei no início da trilha e ele estava sentado esperando por mim pois sabia que talvez eu não conseguiria passar sozinha. Achei tão fofo! E assim ele fez, pegou na minha mão e me ajudou! Eternamente grata! Cheguei exaustaaaa ao Acampamento Rio Tek e lá encontrei outros indígenas e guias, me pagaram duas cervejas porque minha mochila ainda estava com o carregador e ficamos tentando nos comunicar. Tirei a minha bota molhada, o casaco molhado e pedi para experimentar a “mochila” feita de palha na qual eles levam todos os itens. Quase 1 hora e meia depois chegaram 2 pessoas do meu grupo e ficamos por ali de papo. Final da noite, jantamos e ficamos admirando os vagalumes e o céu intensamente estrelado e recordando já com saudades, do Monte Roraima. 6º Dia: Acampamento Rio Tek x Paratepuí Começamos a caminhada cedo e diferente dos outros dias, todos muito introspectivos, talvez estivessem exaustos ou talvez, estavam encantados demais pra falar. Chegamos em Paratepuí, joguei o poncho de chuva na grama e me deitei, cansada! Logo os carros chegaram e começamos a nos organizar para o retorno a Santa Elena, mas antes paramos em São Francisco onde foi servido um almoço delicioso com frango assado e refrigerante ( artigo de luxo depois de 6 dias tomando água de Rio e Chá) rs. Compramos umas lembrancinhas por ali e seguimos. Chegamos em Santa Elena e nosso taxista já estava a espera para nos levar a Boa Vista, onde nosso voo sairia no dia seguinte rumo ao Rio de Janeiro. O que falar dessa experiência? Foi indescritível! A gentileza dos indígenas, o sorriso sincero ao te servir todos os dias, o esforço físico, o encontro com o místico, o grupo incrível que conhecemos e as paisagens que levarei pra sempre na memória. Eu voltaria ao Mundo Perdido e tenho certeza que ainda me encantaria como se fosse a primeira vez! Considerações importantes: • Agência Mystic Tours (http://www.mystictours.com.ve/); • Facebook do Roberto Marrero dono da agência: https://www.facebook.com/roberto.marrero.391?fref=ts; • Posada Backpackers: http://lagransabana.travel/es/reserve-ahora/viewproperty/Posada%20Backpacker/64; • Posada Michele: http://www.hosteltrail.com/hostels/posadamichelle; • Contato do taxista Ciro que nos levou de Boa Vista a Santa Elena: +55 95 9136-4950 ele tb usa o Whatsapp; • Facebook do nosso Guia, o Lapa: https://www.facebook.com/jose.padrino.3150; • Gasto total da viagem, incluindo passagens áereas do Rio de Janeiro para Boa Vista: R$ 1.850,00; Quase me esqueci, fomos a uma baladinha em Santa Elena : https://www.facebook.com/tremens.tn?fref=ts ( Boate Tremens) a única da cidade!
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Agencias Turismo - Monte Roraima Boa tarde! Pretendo fazer trekking pela gran sabana, incluindo monte Roraima e Salto Angel. Gostaria de saber se alguém tem alguma agencia que faça a trilha para indicar. Estou encontrando dificuldades, já que, por viajar sozinha, estão querendo me cobrar uma fortuna ou então dizem que não montam grupos de viagem (eu deveria convidar mais alguem para me acompanhar). Alguém poderia me dar alguma dica? Agradeço desde já.
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A viagem deu início dia 23/11, O grupo era de 9 pessoas, Minas,Manaus,Brasília e Roraima. 1°dia - Saímos de Boa Vista por volta das 10:00 e chegamos em Santa Elena no início da tarde, o grupo se hospedou numa ótima pousada perto do centro comercial, deixamos nossas coisas nos quartos e fomos pra rua comer e fazer compras... Comprei Tênis, material esportivo, fone de ouvido... O grupo voltou para a pousada no início da noite e fizemos um churrasco foda... O cara de Minas mandava bem na churrasqueira... 2°dia - No dia seguinte o veículo estava lá às 07:00 como combinado, partimos para a comunidade São Francisco, onde tomamos um café da manhã muito gostoso e olhamos as lojinhas de artesanato... Depois disso entramos no veículo tracionado e partimos savana a dentro, com destino inicial em Paraytepuy, onde começa todo o trekking a pé... Chegando lá, desembarcamos nossas coisas e já fomos logo almoçar, o incrível é que a alimentação foi sempre muito gostosa, surpreendeu a todos... Após o almoço, começamos o trekking de aproximadamente 4 horas até o primeiro acampamento chamado Rio Tek, paisagem massa, na beira do rio, com o Monte Roraima na tua frente... O grupo era divertido demais e já tava um zoando o outro... A equipe do guia sempre muito atenciosa, eram 6 pessoas, todos muito gentis e arranhavam bem o português, dava pra entender... Barracas armadas, o grupo se ajeitou e logo as 19:00 à janta estava pronta, e adivinhem, estava maravilhosa... O grupo foi batendo papo, se conhecendo e lá pelas 21:00 o povo começou a dormir, pois a caminhada cansa um pouco... 3°dia - Acordamos todos cedo, a equipe do guia já estava com nosso café da manhã pronto às 07:00, ajeitamos nossas coisas e lá pelas 08:30 demos início à nova caminhada, atravessamos o Rio Tek, andamos um pouco e passamos por uma igrejinha linda, atravessamos o Rio Kukenah e demos continuidade no trekking, aproximadamente 3 horas e meia, com aquele Monte Gigante na nossa frente até chegarmos num acampamento militar, onde o grupo repousa e a equipe do guia prepara nosso almoço(arroz, salada e atum)... Após o almoço, voltamos a caminhar por mais ou menos 3 horas e meia até chegar no acampamento Base? Que fica no pé do Monte Roraima, visão perfeita, tudo muito lindo... A equipe descansou enquanto a equipe do guia montava nossas barracas, fomos tomar banho na cachoeira e quando voltamos, estava tudo no esquema... Foi o dia mais puxado, então logo após a janta ficar pronta, a galera jantou e foi logo dormir... 4°dia - o dia mais esperado, hora de subir o magnífico... Acordamos pela manhã com o café da manhã e partimos... A subida é feita por uma fenda, sempre com uma vista incrível de toda a savana, Um clima gostoso... Chegamos no topo já na hora do almoço, e logo a comida estava pronta, descansamos como de costume e andamos mais ou menos 15 minutos até o hotel (caverna). Com a tarde livre, o guia nos levou para vários lugares incríveis para tirar foto... Voltamos para o "hotel por volta de 18:00 e as 19:30 já estávamos jantando, já estava me acostumando mal com a comida deles rsrs... Uma noite descontraída, e logo a galera foi descansar... 5°dia - dia de rodar pelo topo... Foi o dia mais irado, fomos em muitos lugares e aproveitamos pakas, cada lugar mais foda que o outro... A manhã inteira curtindo, pausa para o almoço e a tarde inteira curtindo, conhecemos quase tudo é foi muito produtivo, muito massa... Voltamos no final do dia em êxtase... Tomamos banho na Jacuzzi e já fomos jantar... A galera capotou de sono rs... 6°dia - acordamos com um café da manhã, tiramos mais algumas fotos por perto e nos preparamos para descer... Paramos na hora do almoço no acampamento base e lá almoçamos, depois seguimos viagem em direção ao Rio Tek, onde a galera tomou um banho maneiraço no rio... Montamos acampamento, jantamos e fomos dormir... 7°dia - ao acordar com um mega café da manhã, ajeitamos nossas últimas coisas e fomos fazer nosso último dia de trekking.... Chegamos então à comunidade Paraytepuy, onde tinha um almoço foda com macarrão enquanto arrumavam nossas coisas na Toyota.. Voltamos para San Francisco e compramos uns artesanato lindos... Depois disso voltamos para Santa elena onde nosso veículo já estava nos esperando.. isso já era 15:15 Voltamos para Boa vista dormindo e mega satisfeitos... Nos deixaram nos respectivos endereços e encerramos nosso tour... PS; o pacote fechado custou R$1.250 (incluindo pousada, transporte, alimentação nos dias de trekking, barraca e isolante térmico) achei um preço muuuito bom, o guia super atencioso, a alimentação foda, foi muito maneiro... Recomendo [/img]
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Chegamos no aeroporto por volta das 2 e o objetivo principal era achar um lugar para descansar um pouco, o que não foi difícil principalmente com a ajuda do pessoal do aeroporto que deixaram o ar condicionado ligado e as luzes apagadas no mezanino pouco usado do aeroporto. Um pouco antes do horário marcado Frank (tel 95 99159 3855), o taxista, já estava alegremente esperando por nós. Acordamos no susto e já saímos correndo para não perder tempo. O combinado era de pegar-nos no aeroporto passar no Hotel Colonial pegar a Debora com o Luiz e tocar para frente. Fizemos uma parada no Quarto do Bode para comer a paçoca de carne, tão boa que até trouxe para casa, e um pão de queijo. A próxima parada era para a aduana brasileira e depois a venezuelana. 3 horas depois chegamos na Posada Michele para conhecer nossos guias e porteadores. Fiquei chocada com tanta comida, parecia compra de natal. Entramos no carro que nos levaria para Paraitepuy numa viagem de 2 horas. Chegando lá preparam um lanche para começar a expedicao que contava com o guia e 4 porteadores que nos acompanhariam até o fim e dois que eram só para os dois primeiros dias.
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Venezuela, Janeiro de 2014 Voo São Pualo – Boa Vista Boa Vista - se informar com seguranças do aeroporto sobre terminal Carabá local onde pegar taxi ‘lotação’ para Santa Elena do Uiaren e ir de taxi ate esse local (30 reais) - taxi ‘lotação’ leva 4 pessoas e cobra 35 reais de cada. Faz parada na aduaneira para que peguem autorização de entrada (não é necessário passaporte, so RG) Santa Elena de Uiaren - Pousada 3 Naciones (melhor custo beneficio) -dono da pousada é brasileiro e troca reais por bolivares no cambio negro! Confiável! (estava 1 real = 23 bolivares e no final da viagem estava 1 = 27 bolivares) - comprar passagem para Ciudade Bolivar com 1 dia de antecedência (agências de turismo reservam para turistas e deixar pra comprar na hora de sair é arriscado) - deixamos parte da bagagem na pousada para subir o monte Roraima apenas com o necessário para 6 dias la **todos os onibus que viajamos no país colocam ar condicionado no mais frio, sempre viaje com casaco, meias e saco de dormir - na fila (enorme) de carros para abastecer conseguimos o telefone do jipeiro Franklin Sierra telefone 04265673074 que conseguiu contato de Alejandro (Alex) 04266102578 para nos levar a entrada do monte Roraima – o dono da pousada deixa fazer essas ligações Monte Roraima - Taxi com Alex ate aldeia Indigena (cobrou 3 mil bolivares para levar na comunidade e ate a entrada do parque do monte roraima e combinamos dia e horário pra ele buscar – mais 3 mil para a volta – total 6 mil = 260 reais) - indígena Jeremias Williams (Rapemon – ele eh rapper! Tenho no facebook) cobrou mil por dia de trek mais 2 mil para comida (total 8 mil = 348 reais) - 6 dias de caminhada, tomando banho no rio, cozinhando a própria comida (fizemos compras no brasil: miojo, sopão, sardinha,..) e levando as próprias mochilas. O guia so indicava o caminho. - total gastamos 14 mil bolivares (3500 cada um = 152 reais) sendo que as agencias cobram cerca de 10 mil por pessoa (435 reais). **muito frio a noite e muito calor de dia com chuva, perigo das roupas da mochila molharem e passar frio a noite **levar comprimidos que purificam agua Ciudad Bolivar -viagem de ônibus por 11h entre Sta Elena e CBolivar - chegando em CBolivar já compramos passagem de ônibus direto para Caracas e descemos na Plaza Venezuela (8h de viagem) Caracas - Hotel La Floresta ou Altamira ambos no bairro Altamira – mesmo preço (325Bol por pessoa no quarto duplo ou quadruplo = 14 reais) mas La floresta é mil vezes melhor - conhecer bairro Boulevard (3ª estação de metro dps da estação Altamira) - taxi ate aeroporto para comprar passagem à Los Roques (compramos ida e volta por 7240 Bol para o dia seguinte – 315 Reais) Los Roques – 5 dias/Empresa Aerotuy -pagar taxa ao chegar na ilha (214Bol – 9 Reais) -Autorização do Inparques para acampar (guardar este documento) e barcos-taxi para qualquer ilha combinando data para buscarem você la - 2 noites em Francisqui de ariba (ilha deserta apenas com a casa abandonada em que o pescador Willy tinha concessão de uso) -Ilha principal Gran Roque (única ilha com pousadas e comercio) com área de camping péssima, muitas moscas e sem banheiro, sem chuveiro Caracas - Tour com amigo venezuelano que conhecemos no topo do monte roraima - Centro Historico da cidade e Subir montanha Ávila - rodoviária para CBolivar fica no bairro Altamira Ciudad Bolivar - empresa Eco Adventures com um agente que nos abordou na rodoviária de Ciudad Bolivar (escritório na própria rodoviária sala n. 33 – site: http://www.adventurevenezuela.com email: ecoadventuresbess@hotmail.com) - chorar muito o preço que eles reduzem – 8.500 Bol para 3 dias com 3 refeicoes diárias inclusas com uma noite extra sem alimentação (315 Reais) Canaima - pousada simples, local próximo a cachoeiras - Um dia para conhecer as cachoeiras mais próximas de canoa -um dia com saída pela manha para Salto Angel e dormir em galpão aberto em redes, sem energia elétrica Jantar e café da manhã servidos pelo guia. Ciudad Bolivar - muito perigosa sem atrações a não ser o delta do orinoco, rio que aparecem botos Sta Elena - freeshop com poucas coisas mas preço muito bom (perfumes, bebidas e eletrônicos) - taxi ‘lotação’ ate Boa Vista
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Se existe uma palavra que define essa viagem para a Venezuela é EXTREMO. A praia mais bonita do mundo, a cachoeira mais alta do mundo, a montanha plana mais alta do mundo. A Venezuela é o extremo da beleza natural, o extremo da aventura selvagem, o extremo do cansaço físico e, infelizmente, o extremo da violência e da corrupção. A viagem no total deu 23 dias e como há muito a ser dito, o relato será dividido em tópicos. Resumo do roteiro: 20/12 – 21/12: Voo CFN – Caracas, pernoite em Maiquetia, translado Higuerote, voo LR 21/12 a 28/12: Los Roques 28/12: Retorno Los Roques, translado Higuerote 29/12: Voo Maiquetia-Puerto Ordaz, Voo Puerto Ordaz-Canaima, Passeios lagoa e cachoeiras no parque, pernoite no alojamento 30/12: Salto Angel e pernoite no redário 31/12: Voo Canaima-Puerto Ordaz, pernoite em Puerto Ordaz 01/01: Transporte Puerto Ordaz – Santa Elena de Uairén, pernoite em Santa Elena 02/01 a 07/01: Monte Roraima 08/01: Travessia fronteira e transporte até Boa Vista 08/01 a 10/01: Boa Vista 11/01: Voo Boa Vista - CFN Meu namorado (Felipe) e eu, embarcamos em CFN dia 20/12 às 13:30h rumo a Caracas. Como fomos pela Copa airlines, fizemos conexão no Panamá, onde chegamos às 17:30h (hora local). No free shop do aeroporto do Panamá há basicamente eletrônicos, perfumes, óculos e roupas. Calçados só encontramos uma loja muito pequena e que com a conversão do dólar, não valia a pena comprar. Mas o que achei mais sensacional do free shop do Panamá foi a loja da National Geographic! É de pirar lá dentro!! Saimos do Panamá às 21:46h e chegamos em Caracas às 00:40h – horário local (em relação à Brasília e ao horário de verão, Caracas é menos 2:30h). Por causa do horário, o desembarque em Caracas já estava bem vazio. O Miguel Serrano já estava nos esperando na porta do desembarque com sua esposa e assim não fomos abordados por ninguém. O MIGUEL SERRANO: O Miguel é um venezuelano que trabalha como agente de turismo. Quando começamos a planejar a viagem (quase 6 meses antes), o nome do Miguel aparecia na maioria dos relatos e indicações no fórum dos Mochileiros e em um grupo do facebook sobre Los Roques (https://www.facebook.com/groups/losroques/). Começamos a trocar e-mails e whats com ele sobre passagens aéreas para Los Roques, transporte entre aeroportos, hotéis para pernoite em Caracas... Já adiantando, todas as indicações e recomendações do cara são MUITO VÁLIDAS. Sério. O cara é um excelente profissional, muito confiável ( e pessoa mais desconfiada que eu tá pra nascer) e não te deixa na mão em nenhum momento. E se não fosse ele, nem metade das coisas que fizemos teriam dado certo. Por mais que tentarei explicar, só vivenciando a situação política e econômica do país para entender a profundidade do que vou falar. Talvez a melhor forma de expressar a situação geral da Venezuela é: TÁ TUDO MUITO FUDIDO por lá (existe um tópico específico para isso mais embaixo). Apesar de, obviamente, o Miguel incluir o valor dos serviços dele, valeu cada centavo que gastamos com ele. Primeiro por causa do dinheiro mesmo. O Bolívar forte (Bsf. - moeda da Venezuela) no câmbio oficial do governo é muito desvalorizado quando comparado com o câmbio negro. Existe um app pro celular (ou pode consultar no site tbm) chamado Dólar Today que é a base do valor do dólar no câmbio negro. Durante a viagem, em média, 1 dólar equivalia a aproximadamente 180Bsf no câmbio negro, enquanto no câmbio oficial 1 Usd valia cerca de 5 a 6 Bsf. Desde que comecei a acompanhar o valor do Bsf há cerca de 6 meses, a inflação do bolívar no câmbio negro aumentou mais de 100%. Então esse é um app importante de se ter para a viagem. Claro que vc nunca vai conseguir trocar exatamente o valor do dia que o Dólar Today dá, mas ele é uma boa maneira de se manter informado e não ser passado para trás. Em Los Roques conseguimos o melhor câmbio (1Usd para 145Bsf) na farmácia da ilha. Em Santa Elena de Uairén, quando fomos para o Monte Roraima, estávamos conseguindo cerca de 1Usd para 120Bsf para notas grandes (por exemplo, se quiséssemos trocar 100 dólares, eles faziam o câmbio a 120Bsf. Mas se fosse pouco dinheiro, tipo 20Usd, eles faziam o câmbio a 70Bsf). Na fila da imigração na fronteira Brasil-Venezuela, ficamos sabendo que algumas pessoas conseguiram câmbio de até 195Bsf na Isla Margarita). Resumindo: com essa discrepância entre o valor do Bsf no câmbio oficial e no câmbio negro, não valia a pena pagar nada com cartão de crédito, pois seria debitado o câmbio oficial. Tudo só valeria a pena se pagássemos com dinheiro vivo e convertendo pelo câmbio negro. Esse foi o primeiro grande motivo de termos fechado com o Miguel. Ele comprou nossas passagens aéreas para Los Roques, fechou nossa estadia em Los Roques, fez o transporte até o aeroporto de Higuerote e a garantiu a pernoite em Caracas. Pagamos ele somente quando chegamos lá. Isto é, tudo na base da confiança. Se não viajássemos, ele teria feito isso tudo e não veria o dinheiro. Também trocamos 100Usd com ele (com câmbio de 100Bsf) para termos dinheiro pra entrar na ilha (que só aceita Bsf para a entrada). E pagamos tudo para ele,inclusive a Pousada em LR. Quando chegamos na pousada, o pessoal já estava a nossa espera. Outro motivo de ter fechado com o Miguel foi para termos o apoio de uma pessoa local. A Venezuela não está fácil e a segurança tem que ser prioridade absoluta. Quando chegamos no aeroporto de Caracas, ele e a esposa estavam nos esperando com uma plaquinha com o nome do Felipe bem no desembarque. Os dois super simpáticos, com o carro próprio, nos levaram para dormir em um Hotel (que não lembro o nome!), mas era ótimo, quase a beira mar. Nos buscaram na manhã seguinte, nos levaram até o aeroporto de Higuerote e praticamente só foram embora quando estávamos entrando no avião. Quando voltamos, a mesma coisa. Quando descemos do avião chegando de Los Roques, o Miguel já estava nos esperando. A mala para Los Roques pode ser no máximo de 10Kg. Alguns quilinhos a mais até podem ir, mas vc paga o excesso de bagagem (que tem que ser paga em Bsf). Muitos quilos a mais não vão. Pq? O avião é um teco-teco de 8 ou até 20 lugares e que não aguenta carregar muito peso. Nossa bagagem excedeu uns 3Kg e não lembro exatamente quanto pagamos de excesso de bagagem, mas deu menos ao equivalente de 20 reais. Mais uma vez graças ao Miguel! Como estávamos com muito peso pro Monte Roraima (barraca, sacos de dormir, roupas de frio...), ele ofereceu de deixarmos a parte da bagagem que não usaríamos em Los Roques na casa dele. Quando ele fosse nos buscar do regresso da ilha, passaríamos na casa dele para buscar nossas coisas antes de partir para outro destino. O Miguel também oferece serviços turísticos para Canaima/Salto Angel. Após Los Roques e algumas mudanças de planos em nosso roteiro de viagem, fechamos com ele o passeio para Canaima/Salto Angel. Existe um esquema de corrupção monstruoso nos aeroportos e não estávamos conseguindo adiantar nosso voo para Puerto Ordaz e tbm não achamos passagens rodoviárias (em 3 ou 4 rodoviárias diferentes). Só conseguimos ir para Puerto Ordaz na data que gostaríamos por causa do Miguel. Ele e a esposa ficaram rodando conosco até de madrugada tentando trocar ou comprar passagens para Puerto Ordaz, arranjaram hotel de última hora... Outra vantagem de ter fechado tudo antes com ele foi a garantia do nosso passeio. Nas altas temporadas, os voos lotam, as passagens esgotam. Da mesma forma, as pousadas na ilha. Então se o tempo está curto e vc não tem disponibilidade para ficar na cidade, caso não consiga passagens/hospedagem, não vale a pena arriscar. É melhor garantir no mínimo a passagem aérea para Los Roques com o Miguel. Em baixas temporadas eu até arriscaria tentar arranjar uma pousada na hora na ilha. Sai bem mais barato. Mas somente em baixíssimas temporadas. Do contrário, tbm não vale arriscar. Existem várias pessoas que são agentes de turismo como o Miguel. Quando estávamos pesquisando e entrando em contato com várias pessoas, algumas delas, inclusive outros agentes de turismo venezuelanos, nos indicaram o seu contato. Assim, da minha parte e do Felipe, o Miguel tem a nossa total recomendação. Se voltarmos à Venezuela, especialmente Los Roques e Canaima, certamente entraremos em contato com ele novamente. O e-mail dele é miguelserrano10@gmail.com Whatsapp: +584141307231 Ele fala espanhol, mas entende bem português também. LOS ROQUES – O paraíso Não conheço outras praias no Caribe, mas pelas minhas pesquisas e todos os relatos que já li e ouvi, é unanimidade: Los Roques é o paraíso! Certamente voltarei naquele lugar! Praias paradisíacas, com tons de azul que confundem com o céu, areia branca e fina e VAZIAS. Com exceção de um bar e a praça na Gran Roque (que é a ilha onde tem as as pousadas e o aeroporto), não há badalação. A maior parte dos turistas são casais ou famílias. Muitos, muitos estrangeiros. Apenas duas empresas aéreas fazem o trecho para Los Roques: A Aerotuy e a Chapi Air. Os voos da Aerotuy partem de Maiquetia (que é uma cidade metropolitana de Caracas e onde fica o aeroporto. É como se fosse o aeroporto de Confins em relação à BH). Essa empresa vende passagens pela internet, mas tem um histórico grande de atrasos. Quando estávamos fechando as passagens para Los Roques, a venda de passagens pela Aerotuy estava suspensa pelo governo exatamente pelo excesso de atrasos e cancelamentos. O voo é mais caro. Cerca de 160 dolares, mais imposto. O avião é um pouco maior (acho que deve ser pra uns 50 passageiros ou um pouco mais). Os voos da Chapi Air partem de Higuerote, que é uma cidade que fica cerca de 2:30h de carro de Caracas com o trânsito livre. É bem longe, mas é mais garantido (desde que vc já tenha a garantia de passagem, como quando o Miguel comprou pra gente. Dependendo da época do ano, não há passagens, pois os voos lotam e esgotam). A empresa não vende passagens pela internet e custa cerca de 120 dolares, mais imposto (só pode ser pago em Bsf). O avião é um teco-teco de 8 a 20 lugares. Fechamos com o Miguel a passagem para Los Roques com a Chapi Air (170Usd cada), a pernoite no Hotel em Maiquetia (Bsf 2.300 o casal), o translado ida e volta Caracas-Higuerote (90Usd cada), a Pousada Gremary em Los Roques com pensão média (35Usd cada a diária). Pegamos 7 diárias em LR. Trocamos ainda 100 dólares com o Miguel com o câmbio para 100, dando 10.000Bsf. O volume de dinheiro é muito grande, então não adianta trocar muito dinheiro. Além de não saber onde por, o risco é maior de ser roubado. Além do mais, o limite de trânsito de dinheiro não declarado é o equivalente a 10.000Usd. Se a polícia te pegar com o dinheiro, além do crime de trocar dinheiro no câmbio negro, dependendo da quantidade de bolívar que trocar pode ultrapassar os 10 mil dólares (já que câmbio oficial é MUITO menor do que o câmbio negro). Ou ser roubado pela própria polícia, pois mais corruptos do que eles não há. Los Roques é um conjunto de ilhas e quando o teco-teco começa a chegar perto, a imagem é absurdamente espetacular. Indescritível. A Pousada Gremary (que fica bem na praça) é simples, mas tem uma boa infraestrutura. Os funcionários são muito simpáticos e a comida é muito boa. Parece que nenhuma pousada tem chuveiro quente (por mais luxuosa que seja, pois a ilha é movida a geradores. A energia cai toda hora e creio que se tivesse chuveiro elétrico, seria muito pior). A água também é escassa. A única coisa que é importante ter na sua pousada é: café da manhã e janta, wifi, uma cama confortável e, especialmente, ar condicionado no quarto. De resto, vc ficará na praia em outras ilhas o dia inteiro. Nas ilhas não tem nada pra comprar, salvo raras exceções em algumas ilhas. Então o lance é levar caixas térmicas (Cavas) com gelo e sua comida. As pousadas que oferecem pensão completa incluem esse serviço. Eles preparam a cava pra vc. Nós optamos por pensão média, que incluía apenas o café da manhã e a janta. A cava nós mesmos montávamos. O Gregório (dono ou filho do dono da Pousada) nos emprestava uma cava. Nela levávamos água 2L, suco 1L, cerveja 6 latas, sanduíches da padaria, além do gelo e um biscoito doce na mochila. Pra gente era mais do que suficiente para um dia inteiro de praia. Essa nossa compra pra cava ficava em média uns 300 a 500Bsf por dia (que no câmbio a 145, dá cerca de 2 a 4usd). Financeiramente vale muito mais a pena comprar e montar sua própria cava. Se a pousada montar a cava pra vc no esquema de pensão completa, vc terá ainda mais conforto pela facilidade e praticidade, e maior variedade de comidas (macarrão, outros sanduíches, mini-saladas...), mas tbm pagará por isso. Padaria, loja de gelo, cerveja e padaria são bem pertos uns dos outros. Pousada vc encontra de tudo que é jeito. Tem umas muito luxuosas de até 185usd a diária por pessoa. A maioria gira em torno de 85usd/pessoa/diária. Mas existem algumas mais simples, como a que ficamos ou outras mais simples ainda. Pagamos o valor de 35Usd a diária por pessoa pq fechamos com o Miguel e na alta temporada. Se conseguissemos fechar lá sairia bem mais barato, mas arriscaríamos não conseguir vagas. Na baixa temporada, ouvi falar de pousadas de até 10Usd a diária. Não sei quais são elas. E creio que a baixa temporada seja igual no Brasil: longe de feriados e férias escolares. O que fazer em Los Roques? Cada dia ir em uma Ilha diferente. Cada uma tem suas características. Unanimidade é que a Cayo de água é a mais bonita. De fato. Fomos nela 2 vezes: no primeiro e no último dia. Uma semana é tempo mais do que suficiente para conhecer as principais ilhas, onde existem barcos que vão para elas todos os dias (ou seja, as mais comerciais). Mas existem muitas outras ilhas não tão comerciais, mas que valem a pena demais serem visitadas. Mas conseguir barcos pra elas não é tão fácil. Os barcos geralmente são acertados pelas próprias pousadas. No nosso caso, conversávamos com o Gregório sobre qual passeio estava disponível para o dia ou falávamos qual ilha gostaríamos de ir. Ele por telefone logo arranjava o barco. O barqueiro nos buscava na pousada ou, geralmente, íamos até o píer e procurávamos algum responsável que já estava nos aguardando. Tem 2 empresas de mergulho com cilindro. Se tem interesse em fazer, já procure elas logo quando chegar para ver a disponibilidade de passeios e fazer sua reserva. Não conseguimos e não tenho os nomes/contatos. Fomos às ilhas Cayo de agua, Augustin, Carenero, Sarqui, Madresqui, Francisqui, Crasqui, Noronsqui, Espenqui, além da base Gran Roque. Dentre elas, Augustin é a única não comercial que conseguimos (ela é vazia. Só tinha eu e o Felipe e mais um casal da Aústria). Dizem que Boca de Sebastopol é incrível pra mergulho e snorkel, mas é menos comercial ainda, então não conseguimos. As que eu mais gostei foram Cayo de agua, Carenero e Augustin. Levem máscara e snorkel. O aluguel é até barato, mas é muito mais prático e higiênico ter seu próprio equipamento. Vc os usará todos os dias. Na farmácia havia acabado o repelente e havia pouco protetor solar. Há muitos pernilongos em Gran Roque. Então não se esqueça! É prudente levar remédios tbm. Não esqueça também os adaptadores para tomadas. Se vc for na data de alguma festa grande, como no nosso caso o Natal, deixe para ir nas ilhas mais próximas no dia seguinte. Os barqueiros saem mais tarde pq enchem a cara com vontade. Mas foi bem interessante passar o Natal na ilha! Parece que a população é muito católica. Eles entupiram a igreja e todo mundo começou a cantar músicas ao redor do presépio bem ao estilo caribenho! Todo mundo empolgado, batendo palma, celebrando! Depois eles ligaram algumas caixas de som na praça e todos começaram a dançar músicas que fazem sucesso por lá. Até Show da Xuxa em espanhol rolou! Foi uma interação bonita de se ver! Pessoas de todas as partes do mundo dançando, sorrindo e divertindo juntas!
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Depois de um longo e tenebroso inverso volto a escrever. Um amigo iria fazer um concurso em Boa Vista/RR, sendo assim ele me convidou para subir o Monte Roraima com ele. Dei uma olhada na data, e descobri que o mês de março seria um bom período para ir até lá, pois seria uma época de pouca e chuva e baixa temporada para turistas, ao contrário de datas como o carnaval e férias escolares. Desde então comecei minha pesquisa. Entre várias indicações de empresas venezuelanas, brasileiras e guias que realizam o passeio, achei a Nativa Tour (http://www.nativatourskhasen.com/). Para um grupo de 4 pessoas o passeio sairia por mil reais por pessoas. Éramos um grupo composto justamente por esse número, entretanto, um dos colegas não puderam ir, por isso o tour ficou no valor de R$ 1300,00 por pessoa. O lado positivo da Nativa Tour: nosso grupo foi apenas os três integrantes, ao contrário de outras empresas que montam grupos de quinze pessoas. A diferença financeira não é tão significativa, pois o valor gira em torno de R$ 750,00. Mas o ganho do turismo em relação ao tempo e conforto é significativo em um grupo menor. Tendo em vista nosso escasso tempo, decidimos reservar um taxi para ir de Boa Vista até Santa Elena de Uiarén, na Venezuela. Distância de 230 Km. Entrei em contato a Dona Sônia (95 91280819 – 99123-2522), que fui atenciosa e garantiu que disponibilizaria um taxi para nos buscar em Boa Vista. No horário marcado lá estava o táxi como combinado. Entretanto, quando chegamos em Pacaraima, a Polícia Federal não estava mais atendendo, nem a Migraciones do lado venezuelano, portanto ficamos uma noite na cidade. Valor pago pelo taxi R$ 200,00. Ainda em Boa Vista, em uma “Feira de Importados” comprei um carregado portátil de 23 mil amperes no valor de R$ 100,00. Uma dica para economizar bateria é deixar o celular em “Modo Avião” e apenas um do grupo fica com o despertador ligado e é responsável em acordar o resto da galera. Em Pacaraima, ficamos no Hotel Roraima, que cobrou R$ 210,00 pelo quarto triplo. No dia seguinte, as oito horas da manhã, a Polícia Federal já estava funcionando. Fomos a pé até lá, carimbamos nossa saída, de lá caminhamos até “la migra” na Venezuela, onde carimbamos nossa entrada. De lá mesmo, pegamos um táxi brasileiro, que cobrou cinco reais, e nos deixou na Nativa, já em Santa Elena. Nosso primeiro câmbio foi na cota de um real por 66 bolívares, que realizei ainda na fronteira, próximo ao posto de gasolina da Venezuela que é apenas para carros brasileiros. Posteriormente, lá nas ruas de Santa Elena meus colegas fizeram o câmbio na proporção de um para 62 bolívares. Ao contrário do que alguns dizer, não há vantagens exorbitantes na troca do dólar por bolívares, a moeda norte americana estava na proporção de um para 200 bolívares. Para levar os três intrépidos aventureiros ao topo do Monte Roraima, a Nativa escalou como guia Heber Herreira, José Silva como auxiliar imediato, Andy, um guianense responsável pelo transporte da comida e Mauro, um índio fã da seleção brasileira e que mora no Parque Nacional Canaima na comunidade Paraitepuy, onde está o monte. Saímos da entrada do Parque Canaima, onde pagamos uma taxa simbólica de 100 bolívares, por volta de 11h30 e caminhamos até às 15:40 até o acampamento rio Tek, onde fizemos nossa primeira parada. Segundo dia, acordamos e tomamos um reforçado café da manhã, saímos por volta de 07h15 e caminhamos até o “Campamento Base”, que está a 1900m de altitudes, onde chegamos por volta de meio dia. Pelo grupo ser pequeno e de pessoas com boas condições de saúde, acho que deveríamos ter tocado direto e subido o Monte Roraima no segundo dia. Então aqui fica a dica, para grupo pequenos e de pessoas com boas condições de saúde física, vale a pena fazer o percurso em um dia e meio, saindo da base do Parque Canaima, o mais cedo possível e caminhar até o “Campamento Base”, e daqui partir cedo para o topo do Monte Roraima. Foi é “refém do tempo” no Monte, então quanto mais tempo o aventureiro puder passar lá em cima melhor. O passeio de seis dias eu não recomento, achei pouco tempo, por isso acho que no mínimo tem que ser oito dias. Saímos por volta de 07h30 e às 10h30 já estávamos em cima do Monte Roraima. Sugestão de material para levar: • Bananas passa (1kg); • BCAA; • Barra de Proteína; • Sabão neutro; • Bateria portátil para o celular (caso as fotos forem tirada do aparelho); • Binóculos; • Gelol e/ou emplastos (salonpas); • 01 calça impermeável; • 01 blusa impermeável; • 01 Blusa Thermo Skin; • 02 segunda pele; • 01 calça segunda pele; • 01 bota; • Lanternas; • Uma corda para varal e 05 prendedores; • 03 camisetas dry fit; • Protetor solar; • Chapéu ou boné; • Óculos escuros; • Toalha de banho Intagram: @neilimafotografia Facebook: Nei Lima Blog: http://imagemreflexao.blogspot.com.br/
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Monte Roraima - 6 dias e 5 noites - Carnaval 2015
misstetei postou um tópico em Trilhas na Venezuela
Fala galera! Enviando um relato aqui pra ver se ajuda um pouco o pessoal que quer conhecer o Monte Roraima. Vamos lá! Período: 12 a 22/02/2015 Fui um dias antes do pessoal porque a passagem estava beeem mais barata. Roteiro: 12/02/2015 - Vitória/Rio/Manaus/Boa Vista 13/02/2015 - Boa Vista/Santa Elena de Uairen 14/02/2015 - St. Elena 15/02/2015 - Dia 1 Trekking 16/02/2015 - Dia 2 Trekking 17/02/2015 - Dia 3 Trekking 18/02/2015 - Dia 4 Trekking 19/02/2015 - Dia 5 Trekking 20/02/2015 - Dia 6 Trekking 21/02/2015 - St. Elena/Boa Vista 22/02/2015 - Boa Vista/Manaus/São Paulo/Vitória Passagens aéreas Consegui uma super promoção e paguei R$ 685,00 ida e volta, com as taxas. Pacote trekking Duração: 6 dias e 5 noites Agência: Mystic Tours Incluso: Café da manhã, almoço, jantar, banheiro portátil e barracas Preço: 35.000bsF = R$ 730,00 Câmbio 1 real= 48bsF (no dia que chegamos) 1 real = 54bsF (no dia que voltamos) Documentos Identidade ou passaporte Cartão de vacinação internacional A vacina contra febre amarela tem que ser tomada pelo menos 10 dias antes da viagem. O cartão de vacinação internacional vc pega em qualquer aeroporto, com seu documento e o cartão de vacinação entregue pelo posto de saúde. DICA: Se tiver sua identidade atualizada e for numa época de muito movimento, tipo feriados prolongados, vá só com a identidade, não com passaporte. Porque com a identidade não precisa passar na Polícia Federal, só no stand da Venezuela. Já adianta muita coisa. O que levar O que faltava, comprei na Decatlon, os preços de lá são ótimos e de boa qualidade. Tem que escolher, claro. Mochila Capa de chuva p/ mochila Capa de chuva ou poncho Saco de dormir (a agência fornece, mas quis levar o meu O deles é limpinho, mas é grande, ocupa muito espaço) Lanterna cabeça Lanterna de mão Anorak Fleece Bota 2 pares de meias grossas 1 meia grossa para dormir 2 calças que não sejam pretas e que sequem rápido 2 camisas que não sejam pretas e que sequem rápido 2 camisas manga longa que não sejam pretas e que sequem rápido 1 Bermuda Biquini Toalha absorvente Luva Gorro Chapéu Chinelo Calça moletom para dormir Camisa para dormir Mochila de ataque (para viagem e para os dias que ficarei em St. Elena e no cume) Garrafa de água Repelente (Exposis Extreme, é o melhor) Protetor solar Vaselina (passar no pé pra não dar bolhas) Sabonete biodegradável Sacos para lixo Clorin Remédios para febre, enjoo, azia, dor, anti-inflamatório etc Silver tape (minha bota abriu o solado, foi o que salvou) Chocolate, Amendoim, frutas secas e outras comidinhas Hospedagem Boa Vista: Hotel Farroupilha - R$ 170,00 a diária no quarto quádruplo (R$43 por pessoa) St. Elena: (na ida) Venezuela Explorer Ecolodge - bsF 1.500 a diária no quarto duplo St. Elena: (na volta) L'auberge: bsF 4.400 a diária no quarto quádrúplo O Farroupilha é simples, mas limpinho e confortável e tem ar condicionado. O Explorer é no meio de uma fazendinha, bem lindinho, mas não muito perto do centro, não tem ar, mas tem chuveiro quente (mas é bem fresco, não precisou) O L'auberge tem ar, chuveiro quente e fica perto de tudo. Muito boa a pousada. Saí de Vitória 18:37h e fui pra saga de aeroportos...Cheguei em Boa Vista 01:40h da madrugada, pegamos um táxi até o hotel, eles geralmente cobram valor fechado, R$40,00. Reservei a diária no hotel Farroupilha sem pagar metade do valor, pagamos na hora que chegamos. Tomamos um banho bom e dormimos pq estávamos exaustos. No dia seguinte fomos pra rodoviária, que fica em frente ao hotel e descobrimos que só tinha um ônibus pra Pacaraima, que saía as 7:30h e perdemos. Fomos de taxi, pagamos R$40,00 por pessoa pra nos buscar no hotel. Geralmente é R$35,00, vc indo na central dos taxis. São 2h até Pacaraima, ele nos deixou na fronteira mesmo. Fomos fazer os trâmites de saída e entrada, passamos um tempão, tinha muita gente...filas enormes. Tem que passar na Polícia Federal pra dar a saída do Brasil e passar no stand da Venezuela pra dar a entrada. NÃO ESQUEÇA da vacina de febre amarela nem da carteirinha internacional de vacinação. Fizemos tudo e fomos pra Santa Elena. Tomamos um bom banho e fomos passear procurar a agência que fechamos o tour pelo Roraima. Como a gente chegou antes, íamos ficar um dia a toa, então fechamos um passeio pela Gran Sabana, de 1 dia. Segue link do relato com fotos. gran-sabana-tour-de-1-dia-t110288.html A tarde fomos à agência para fazer o briefing da Expedição ao Monte Roraima. Dia 01 Nosso dia começou as 05:30h da manhã com o carro da agência chegando na pousada (eles geralmente não buscam, mas pedimos, pedir não custa nada rsrs). Estava marcado de sairmos as 06h, passamos na agência pra tomar um café da manhã, pegar o guia e partimos as 06h pra Paraitepui, num trecho de cerca de 1h em estrada de asfalto e 40min em estrada ruim, de barro. Aí já começa a aventura, os caras correm demais, pelo amor!! Chegamos vivos, ufa!!! Em Paraitepui a gente assina a entrada no Parque e é a última chance de fecharmos com um porteador para levar nossa mochila. Eu não fechei, levei a minha. Acho que era uns 2100 BsF por dia. Então começamos a caminhada, no primeiro dia são 13km, a gente almoçou no caminho, pão com mortadela e suco, por volta de 13h, pegamos chuva depois disso e chegamos ao acampamento Tek por volta das 15h. Aguardamos os porteadores montarem nossas barracas, ajeitamos nossas coisas e fomos pro banho no Rio Tek. A água estava boa, não muito gelada, foi muito bom o banho, bem revigorante. Ficamos batendo papo e logo a janta estava pronta, de barriga cheia o sono começou a bater e fomos dormir. Estava bem fresco, não fez frio. Dia 02 Acordamos cedo com um lindo nascer do sol, comemos no café da manhã arepa com queijo e mortadela frita e partimos pro 2º dia. Nesse dia a gente atravessa o Rio Tek e o Rio Kukenán, que estava com um nível baixo, então foi tranquilo passar por cima das pedras. São cerca de 10km nesse dia, chegamos no acampamento Base por volta das 14:30h. Almoçamos no acampamento porque o porteador que estava com nossa comida foi na frente e o guia achou que ele tivesse ficado pra trás, aí ficamos esperando pra comer no caminho e nada do porteador chegar, então resolvemos ir e esperar no acampamento. ãã2::'> O banho desse dia foi tenso. A água estava extremamente gelada, quase morri congelada. A janta foi um macarrão gostoso, com legumes e frango desfiado. Esse acampamento é mais alto (1100m), logo, mais frio. Dia 03 O dia de ascensão ao cume...o mais esperado. Tomamos café e o guia nos deu um lanche pra levar e comer no caminho, esse seria nosso almoço. São 4,5km de subida puxada, mas fomos na fé. Cheguei por voltas das 12:30h no cume e ficamos esperando o restante da galera chegar pra achar um local pra montar o acampamento, porque como era carnaval, os acampamentos estavam lotados. Nosso guia achou um local coberto e protegido do vento, isso é muito importante porque sempre chove e venta muito. A altitude no cume é 2700m, consequentemente, frio. O guia fez uma sopinha pra ajudar a esquentar. Dia 04 Acordamos bem cedo, com um lia lindo, tempo aberto, solzão! É importante sair cedo porque a tarde as nuvens começam a subir e você não consegue ter uma vista legal no mirante que íamos. Não fomos ao Ponto Tríplice, pois nesse trekking de 6 dias é mais complicado, são 4h pra ir e 4h pra voltar, só da pra fazer isso no dia, então fomos nas atrações mais próximas, como La Ventana, Mirador, Jacuzzis, Maverick (ponto mais alto do Roraima) e outras mais. :'> O banho do dia foi nas jacuzzis. Deu pra tomar sem gritar muito de frio hehe. Dia 05 O dia da volta. Nesse dia a gente faz o percurso de dois dias, até o acampamento Tek. Quando chegamos no acampamento, eles estavam vendendo coca-colaaaa e cerveja. O happy hour foi mais legal e mais demorado rsrs. Jantamos macarrão (de novo). A comida estava muito boa todos os dias, mas vai chegando no final, a gente começa a enjoar. Dia 06 Último dia =/ A volta foi rápida, mas cansativa. As forças vão se esgotando e quando você chega em Paraitepui, parece vem tudo de uma vez. Todas as dores, cansaço... Os primeiros chegaram por volta de 10:30h, aguardamos o pessoal chegar, revistaram as mochilas e assinamos a volta do monte. O pessoal colocou nossa mochila no carro e partimos pro almoço (incluso no pacote) na comunidade indígena que fica no caminho. Comida boaa, arroz, feijão, frango...saudadeee rsrs. Chegando em Santa Elena eu só queria um chuveiro, uma cama e pizza. Todo esforço valeu a pena. O lugar é mágico, perfeito...uma natureza incrível. Voltaria sim, com toda certeza. É isso, espero que tenha esclarecido um pouco como é o trekking ao Monte Roraima. Bjos! -
Itinerário: Belém/PA - Boa Vista/RR - Santa Elena de Uairén/VEN Período da viagem: 15 a 23/11/2014 Dia 15/11: Peguei o voo de Belém/PA, minha cidade, às 22h40 do dia 14. Fiz conexão em Manaus e, às 3h40 (com quase 1h de atraso) no horário local, cheguei em Boa Vista. Peguei um táxi até o Hotel Ideal, que estava lotado. Acabei caminhando duas quadras e, após passar algumas pessoas estranhas de bicicleta por mim, decidi entrar no primeiro hotel que encontrei, o Barrudada. Acordei, tomei café e peguei um táxi até o Terminal Caimbé, de onde saem os táxis coletivos até Pacaraima. Esperei em torno de 20 minutos pro táxi encher, e daí saímos rumo à fronteira. A viagem demorou em torno de 2h30. A aduana brasileira estava fechada na hora do almoço, e quando foi reaberta (às 13h30), havia uma fila enorme - consegui sair de lá só às 15h. Segui a pé para a aduana venezuelana, fiz os procedimentos e fiquei aguardando passar um outro coletivo. De lá, segui ao Hotel Michelle, onde encontrei com o já famoso Marco, com quem já tinha acertado alguma coisa antes de sair do Brasil. Com ele, também acertei um tour para a Gran Sabana, de 1 dia somente. Gastos: Táxi Boa Vista - Pacaraima: R$ 30,00 Táxi Aduana - Santa Elena: Bs.F. 50 Diária Hotel Michelle: Bs.F. 700 Tour da Gran Sabana: R$ 170 Câmbio: R$ 1,00 = Bs.F. 37 Dia 16/11: Às 9h partiu o tour para a Gran Sabana, o qual recomendo bastante. A primeira parada foi logo na Quebrada de Jaspe, já comentada aqui no fórum, e que é um local belíssimo. Vale tomar um bom banho nas águas geladas de lá. O mais bacana é que, quando chegamos lá, não havia ninguém. O tour passou por outros pontos legais de apreciar (como um mirante para a cadeia de tepuis), parou para almoço na comunidade de San Francisco, e seguiu até Sapo Wapo, outro lugar muito legal par tomar banho, com águas igualmente geladas - este estava mais cheio, era um domingo e havia muitas famílias lá. Ponto negativo para alguns turistas, que jogaram lixo por todo o local - a guia (aliás, recomendo a Nurys, dona de uma Blazer verde - ela vive lá no Michelle) teve de chamar a atenção de um dos turistas por 3 vezes. No retorno ao hotel (às 16h30) o Marco me informa que não conseguiu fechar um grupo pro tour de 8 dias, e não havia grupos para aquela data que não fossem de 6 dias, somente. Então, ele me encaixou em outro grupo, de 6 dias mesmo. Uma pena. Gastos: Entrada na Quebrada de Jaspe: Bs.F. 10 Monte Roraima (6 dias): ao todo, custou R$ 750,00, negociado direto com o guia Marco, porém não guiado por ele Dia 17/11: Saí pra conhecer a padaria Gran Sabana Deli - e não achei nada de mais, apesar de ser uma boa opção na escassez de variedades em Santa Elena. Às 10h30 passou o 4x4 no hotel. O motorista ainda parou para abastecer (numa casa normal, naquele esquema da Venezuela) antes de seguir a Paraitepuy, ponto de início da trilha. Acabamos iniciando a trilha somente às 14h. O primeiro dia de trilha é bem tranquilo, exceto por uma subida bem no início dela, que o guia Roberth disse que se chamava "Subida da promessa". Eu entendi muto bem o porquê: passei mal logo nela! A minha moral foi lá pra baixo, mas o meu sobrepeso cobrou a parte dele, né! kkkk Enfim, depois de algum tempo na trilha, começou a chover muito forte. Como lá anoitece cedo (pouco depois das 17h já está bem escuro) e as nuvens estavam bem pesadas, ficou bem complicado caminhar. Chegamos umas 18h no Campamento Tek debaixo de um "toró", como dizem aqui na minha cidade. As barracas foram montadas durante a chuva mesmo. Depois da janta, todos nos recolhemos. Dia 18/11: Aqui também amanhece cedo: às 5h já estava de pé. A trilha começou logo com a travessia pelo Rio Tek, onde o guia sugeriu atravessar de meias pela água, como muitos já falaram aqui no fórum. O Tek estava bem tranquilo, então a travessia foi sussa. Ainda passamos por uma simpática igrejinha - que nos fez sair da trilha principal para bater umas fotos dela - até chegarmos no Rio Kukenán, este sim mais forte. Mesmo procedimento, com um detalhe: vi errado uma pedra e pisei em falso na água. O resultado? fiquei todo molhado! A bota também mergulhou por completo na água! De qualquer forma, paramos no Kukenán para tomar um banho (já que chegamos muito tarde no dia anterior), e deixei a roupa e a bota secando durante o banho. A trilha seguiu por muitas subidinhas não íngremes, mas um tanto cansativas para um pançudinho como eu. Às 12h chegamos no Campamento Militar, onde rolou um almoço - salada fria de atum. Caminhando devagar, chegamos às 15h no Campamento Base. Mais um bom banho (e outra queda kkkkk), janta e... barraca! Dia 19/11: O amanhecer foi animador: depois de 2 dias, enfim o Roraima e o Kukenán ficaram visíveis. Muitas fotos legais antes do café. Às 8h30 saímos para a temida subida ao Roraima. Amigos, a subida é forte. Aqui cada um seguiu seu ritmo, sendo que o meu é bem lento em subidas. Em algumas partes de pequenas descidas, o guia orientava a descer de costas para a queda. O tempo piorou e, durante a trilha, começou a chover bem forte, assim como as nuvens ficaram bem densas, prejudicando um pouco a trilha. O Paso de las Lagrimas estava sem a queda d'água, mas a chuva não permitiu ver o progresso da caminhada. Às 12h45 consegui chegar no cume. Junto comigo, chegou um grande grupo de brasileiros, alguns deles de bastante idade. Conversei com vários lá, nos abraçamos e nos felicitamos pela vitória (afinal, que sensação fantástica a da conquista de um objetivo, hein?). Exploramos um pouco a região próxima à da subida antes de seguirmos para a "área hoteleira", as cavernas onde os grupos montam acampamento lá no Roraima, e que são chamados de Hotéis. Acabamos ficando no Hotel San Francisco, porém não na parte principal dele: o grupo resolveu chamá-lo de "Quintal do San Francisco" mesmo. Choveu forte todo o resto do dia, deixando-nos presos no hotel, com muito frio. O chocolate quente e a sopa quentinha que o guia Roberth e o carregador Florencio fizeram ajudou bastante! Dia 20/11: O único dia que ficaríamos inteiro no Roraima era esse. E ele começou bem: o tempo abriu! Tomamos café e fomos correndo para "La Ventana", a janela que fica de frente para o Kukenán e que permite vistas fantásticas da Gran Sabana. No caminho, o tempo de repente começou a fechar, fechar e... Bem na hora que chegamos na Ventana, o tempo fechou de vez De lá seguimos para a "Jacuzzi", uma belíssima piscina natural com cristais ao fundo, e de águas gélidas kkkk O banho nele foi fantástico, mesmo com o frio (apesar de que, como a água estava mais gelada que o tempo, o corpo logo acostumou com a temperatura). Da Jacuzzi fomos ao vale dos cristais, e de lá Roberth nos levou para mostrar as curiosas formações rochosas - incluindo "El Pene", uma pedra de formato meio fálico que rendeu fotos engraçadíssimas. Voltamos ao Quintal do San Francisco para almoçar e dar uma leve descansada. De tarde, debaixo de muita chuva, seguimos para "La Cueva", uma caverna muito interessante - o ponto mais alucinante do dia, pra ser mais exato. O guia sentiu a vibe do grupo e seguiu para o interior da caverna - coisa que outros grupos não fizeram. Lá, depois de passar por caminhos bem estreitos, chegamos a uma pequena queda d'água e um lago belíssimos, onde não resistimos: o grupo se deu as mãos e mergulhou naquela água congelante! Foi um daqueles momentos memoráveis - o mais marcante da trilha toda para mim. Na saída da caverna, o tempo deu uma melhorada, e o guia novamente alterou a rota original pela vibe do grupo: em vez de voltar ao acampamento, seguimos para o "Maverick", um dos pontos mais altos (em altitude mesmo) do Roraima. Quando chegamos lá no topo, o tempo abriu de vez: conseguimos ver tooooooda a região do Roraima, o Kukenán limpinho limpinho, o trajeto do Rio Kukenán... Enfim, uma vista fantástica. Só descemos quando o tempo começou a fechar de novo, já escurecendo. Ao retornar para o "hotel", um momento de meditação para agradecer um dos dias mais fantásticos de minha vida. Dia 21/11: Acordamos às 5h15 com o tempo suuuuper aberto, quase sem ventos pra trazer as nuvens. O Roberth nos autorizou a sair com o Florencio novamente até La Ventana. Seguimos correndo pra lá, e chegamos com o lugar somente para nós. Tempo ótimo, sem nuvens. Resolvemos adiantar muitas fotos para apreciar depois o lugar. Logo outros grupos começaram a chegar, aproveitando o tempo bom. Voltamos ao acampamento, tomamos café, desmontamos as coisas e iniciamos a descida às 9h. A descida castigou bastante meus joelhos, me fazendo tomar mais uma queda por conta das pernas fraquejadas (ô homem pra cair, eu! ). Chegamos às 12h15 no Campamento Base pra almoçar, e logo seguimos novamente. Esse dia, pra quem ainda não leu outros relatos, é o dia mais cansativo, pois fazemos 2 dias em 1: o 2º e 3º dias de caminhada são feitos juntos, no retorno, neste dia. Bem cansado, cheguei perto de 17h no Campamento Tek, depois de atravessar novamente os rios (sem cair, desta vez). Dia 22/11: Último dia de trilha. Seguimos a passos lentos de volta, sempre olhando para trás, curtindo o Roraima e o Kukenán (que estavam mais uma vez abertos, se mostrando para nós). Cheguei em Paraitepuy um pouco depois de 10h. Em Paraitepuy, conforme prometido, paguei "una bien helada!" para Roberth e Florencio, embora a cerveja nem estivesse tão gelada assim... Dali, a 4x4 nos levou a San Francisco de Yuruani para almoçar, e depois nos levou de volta a Santa Elena de Uairén. Gastos: Cerveza: Bs.F. 50/unidade (sei lá quantas bebemos... kkkk) Coca-Cola: Bs.F. 50 Considerações: - Recomendo DEMAIS o guia Roberth. Ele conseguiu sentir a motivação do grupo e alterou diversas vezes a programação, incluindo coisas que não estavam inicialmente previstas. Além disso, é engraçado (tirou muito sarro de mim kkkk) e muito atencioso, além de contar muitas histórias do local. O carregador Florencio também é muito atencioso e prestativo. Roberth Castro E-mail: maikantepuy@hotmail.com Telefone: 041 64902337 - Falando nos guias e carregadores, os caras trabalham pra caramba. No final demos uma pequena contribuição porque eles merecem, carregam um peso desgraçado nas costas e só terminam de trabalhar quando todo mundo se recolhe. - Aqui não espere muita higiene: até o Clorín é meio dispensável. Você pode botar no seu cantil, mas e na hora do suco servido nas refeições? A meu ver, tem que relaxar a cabeça com esse detalhe e depois mandar ver num anti-helmíntico na volta Outro detalhe, que li num mapa no hotel: a água no Roraima tem um pH ácido, o que pode irritar o estômago de alguns (como o meu). De qualquer forma, vale sempre perguntar pro guia onde dá pra colher água pra beber. - A última: sinceramente, acho que o Roraima foi com a nossa cara, assim como eu fui muito com a dele. Obrigado, Monte Roraima!
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Não Se Engane - Monte Roraima não é para qualquer um
Rubens Filho SJC postou um tópico em Trilhas na Venezuela
Não Se Engane - Monte Roraima não é para qualquer um. Bom dia segue as minhas observações e dicas. Eu comprei um Pacote – 11d 10n - 05 noites no topo CIRCUITO de uma agência de Boa Vista de 11 dias em dezembro de 2013. Escolhi este roteiro pois é o único que engloba todos os pontos de interesse no topo sem ser muito cansativo. Pois, é um negócio de arruma,desarruma e arruma a mochila no dia seguinte que fica um saco. rsrsrsr É uma região com clima instável. Calor, chuva e frio.Os trechos são feitos sempre de dia, em áreas bem abertas e descampadas, só no dia da subida que é pelo mato e depois por pedras soltas, exigindo muita atenção e no topo é aberta e plano com alguns poucos trechos desafiadores. Se o tempo no topo estiver ruim, será bem decepcionante, após andar muito e não ver nada da Pedra Maverick, Mirante La Ventana e o Lago Gladys, como aconteceu comigo. Pode acontecer. A altitude não ultapassa os 2700 mts. No caminho há fontes de água e pergunte ao guia se a água é para beber. Lembro que não há conforto, e não ficarão 100% secos, 100% limpos, 100% aquecidos,com higiene 100 % e com alimentação 100%. Será inevitável não ficar com as roupas sujas de poeira, suadas, fedidas e por vezes molhadas até se trocarem dentro da barraca. O condicionamento físico mínimo é importante,mas o mental é mais importante pelas dificuldades facilmente superáveis. Terão que desapegar da caminha quente, cobertor, banho quente, comida bem elaborada,... Eles tem um carregador só para trazer o lixo de volta. E como sempre, haverá a propina para a equipe no final. O mais chato foram o pessoal.Parte do grupo não estava preparado para esta aventura. E cair e se ralar será inevitável. O que levar -squeezes ou cantis para somar 2 Litros no mínimo. 1 mochila pequena para cada um com capa de chuva para ela ( para lanchinho, água, capa de chuva, máquina fotográfica,... ) e uma mala não rígida para o carregador contratado levar as demais roupas e acessórios, bota de caminhada em boa condição e amaciada,de preferência impermeável devido a trechos molhados, tênis para caso a bota arrebentar ou outra bota, chinelo ou papeete que é bem melhor, roupa para calor( camisas dry fit são melhores que algodão), roupa para frio e casaco impermeável c/ capuz ( capa de chuva ou anorak que é melhor, fleece, gorro, luva,cachecol, de lã é o melhor, meias para frio) e roupas para banho e para dormir,calcule de acordo com os dias. As outras roupas poderão deixar no hotel de Boa Vista. Poderão alugar com a agência saco de dormir e isolante térmico que usa-se embaixo do saco de dormir. Eu levei uma manta, aquelas que "dão" em voos, valeu muito a pena. Os acampamentos são no geral bem abrigados do vento e chuva, mas depende do "hotel",é assim que eles o chamam, e da quantidade de gente ali e acordo entre os guias de outros grupos.Pode acontecer de as barracas ficarem num lugar ruim e em terreno pouco inclinado. Não esqueça de boné ou chapéu, protetor labial para frio e calor, repelente contra borrachudos próximos dos rios e acampamentos,estão sempre famintos,já no topo, não há. Recomendo o Exposis Extrême 100 ml. E toalhas, nestes casos é melhor aquelas de secagem rápida. o que incluir de acessórios no pacote - 2 lanternas boas (se tiver aquelas para cabeça é melhor), pilhas extras para as lanternas,sacos plásticos resistentes tipo os usado para gelo,são para envolver as roupas,adaptador universal de tomada (na Venezuela é diferente), dinheiro vivo para cambiar na Venezuela,uns R$ 200,00 fora o dinheiro para contratar um carregador,super recomendado para vocês, recomendo levar pílulas ou solução de Hipoclorito de Sódio (NaClO) e siga as recomendações para purificar a água. Não essencial, mas facilita muito para organizar as coisas ou até para sentar, uma lona ou plástico resistente de 2 mts x 2mts, uma corda de varal de uns 4mts também, quais a logística de banho - eles fornecerão um kit banho,mas é insuficiente.É proibido usar sabonetes e shampoo comuns, só neutros e biodegradáveis; A água é de fria para muito fria,mas não congelante, são em lugares rasos e de água corrente, e em áreas abertas e exposto ao vento,pouco distante dos acampamentos, recomendo levar uma caneca grande de plástico, para ajudar no banho, de necessidades fisiológicas - 1 rolo de papel higiênico ou aqueles lenços umedecidos para uso em bebês (2 a 3 pacotes).Eles tem um esquema de banheiro organizado e interessante, mas algumas vezes o mato poderá será preciso, um frasco de álcool GEL pode ser útil, no pós- higiene, o que levar de adicional para comer- fruta como banana ou maça,na trilha eles fornecem fruta como abacaxi doce,doce, recomendo que levem uvas passas, castanhas, biscoitos integrais,comprem um Centrum para tomar 1 comp. p/ dia e VINHO ou Cachaça, como é a refeição que eles oferecem - Preparado pelos índios e sem muita higiene, mas sempre quente, sem verduras e fruta enlatada, muito carboidrato e bem constipante, fonte de proteínas: ovo mexido e carne moída, frango desfiado,geralmente de produtos enlatados acompanhado de suco artificial, e muito achocolatado quente. Tem utensílios para comer e beber, qual a roupa adequada (a data escolhida foi setembro) - já citei , como é a comunicação em caso de alguma eventualidade - bem, eles tem rádio por satélite que restrigem muito o seu uso devido as baterias, há 2 situações possíveis, 1º - desistência por estar passando mal ou não aguenta mais o perrengue e quer voltar, como são 3 guias, um volta. 2º - uma urgência ou emergência, eles chamam um helicóptero sem paramédicos, que é pago pela pessoa uns US 2.000,00 e se for por PITI, é uns US 4.000,00,Seria um péssimo lugar para entorses, luxações, fraturas, cólica renal, cólica biliar e apendicite,dor de dente, não ?medicamentos de emergência - eles tem um kit de 1ºsocorros, mas leve um kit pessoal com anti-espasmódico, relaxante muscular com antiinflamatório, antiemético, antipirético,antialérgico,Antiácido, pacotinho de soro de rehidratação, spray de mel c/própolis e gengibre e pastilhas para garganta, spray ou creme de antiinflamatório tópico, creme de antibiótico e corticóide tópico, band aid e merthiolate. Pinça para tirar espinhos, cotonete, frasquinho de SF 0,9% NaCl, gazes , luva de procedimento. Observei que os casos mais comuns foram bolhas no pé ( EVITE ANDAR COM O PÉ MOLHADO), diarréia, vômitos e dor na garganta.Mas,dor muscular pode ocorrer.Recomendo que tome um relaxante muscular associado a antiinflamatório antes e após as longas caminhadas. E após a viagem tomem um remédio para vermes. Máquina fotográfica, como recarregar a bateria durante a trilha?Não tem como recarregar na trilha. Então não esqueça de carregar no hotel e um pouco na portaria do parque em Paraitepuy. Uma dica : pilhas e baterias DESCARREGAM muito rápido no frio. Envolva-os com roupas e mantenham sempre desligados. Então, leve se possível, 2 câmeras e mais os celulares para fotos. Não sei nadar, isso é um problema? O maior problema é atravessar o rio Kukenan, onde se acampa bem próximo e tem borrachudos, e se o rio estiver cheio é uma aventura atravessá-lo, mas os guias são muito experientes. Não haverá problemas. Em outros locais, dá para se banhar nas margens. Mais umas dúvidas: a travessia no rio é caminhando dentro da água em que nível? Sim, é dentro do rio sobre pedras escorregadias submersas e na cheia, com correnteza leve. Há sempre guias ajudando e são muuuuito pacientes e recomendam usar somente meias para atravessar o trecho de de 30 mts para melhor aderência.Na ida o nível estava baixo( batia na minha canela inferior) e na volta estava alto( no meio da minha coxa ), acredito que baterá no seu caso, na cintura, no caso de cheia.Não é difícil, só tem que ter cuidado e ajuda. Tem risco de molhar a mochila caso vc mesma a carregue?Sim.Principalmente, se escorregar.Poderá pedir para alguém atravessá-la. Os carregadores que são contratados levam a bagagem na mão ou usam animal de carga? São índios Penon ( homens, mulheres e jovens )que fazem isto há anos e desde pequeno, carregando mandiocas. Não usam animais, pois é proibido no parque. Usam uma mochila rústica feita de fibras e galhos muito resistente, mas desconfortável. É impressionante a capacidade deles de carregar peso e ritmo de caminhada. Pois, são muito baixinhos e mirradinhos,porém muito resistentes.Vale a pena contratá-los, pois é a principal fonte de renda deles e a trilha será muito mais fácil para vocês. Sobre banheiro, vc falou que tem um esquema legal que entendo ser no acampamento, mas durante a caminhada, como funciona ? O banheiro é próximo do acampamento, isolado e "camuflado". Usam um banquinho de plástico cortado no meio de forma circular ,como uma privada. Distribuem alguns sacos de lixo pequeno para que encaixe no buraco para defecar dentro em seguida você coloca cal com uma pá dentro e fecha.E deixa no local determinado por eles. A recomendação é que isto é somente para defecar. O xixi deve ser feito no mato. Na caminhada, não tem este esquema.Tem que ser feito no mato ou dentro de um saquinho para depois entregá-lo ao guia. As necessidades são no mato ou em algum saquinho? E esse tipo de resíduo também temos que recolher ou somente o papel usado? Não necessariamente, pois não há uma orientação sobre isto. O papel, sim, tem que recolher. E recomendo fazer as necessidades fora da trilha e caminhos.Mas, cuidado com bichos e urtigas. No manual do montanhista também recomenda-se enterrar os dejetos e nunca, nunca, fazer próximo de fontes de água. Abraços