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- Depois da Petro > Tere foi hora de subir de nível, só não sabia que seria tanto - 1. Guia A princípio recebi indicação do guia @b.runo_romualdo (35) 9810-1319 e havia fechado com ele. Porém, ele se machucou na semana da trilha e nos avisou que quem iria em seu lugar seria o @robsoncampos.guia (35) 9819-3859. Valor: 300,00 a guiada (nada incluso) e mais R$50,00 do transfer in/out da montanha a partir de MARMELOPÓLIS-MG. Embora não tenha trilhado com o Bruno, acredito que ele seja muito bom porque as recomendações foram muitas. Sobre minha experiência com o Robson, ele foi perfeito na minha opinião, foi certeiro em todas as ajudas e orientações durante o percurso e com certeza recomendo de olhos fechados. 2. Em quanto tempo realizar o trekking? Obviamente ou li e vi milhares de relatos e vídeos sobre essa travessia antes de ir e em absolutamente todos eles as pessoas dizem que a travessia é feita em 3 dias/ 2 noites. As grandes agências de turismo também vendem como sendo 2 pernoites na montanha. Qual foi minha surpresa quando ao entrar em contato com os guias nativos eles me disseram que 2 dias/ 1 noite seria o suficiente. Estranhei, mas vendo ali o tamanho da travessia (que deve ter uns 18km com as ascenções aos cumes) fazia sentido mesmo 2 dias, dividindo 9km pra cada dia. Usei como referência a Petro > Tere que 32km foram feitos em 3 dias/ 2 noites, uma divisão de mais ou menos 10km por dia. Então decidi realizar em 2 dias/ 1 noite mesmo (no final eu digo o que achei de ter feito dessa forma). 3. Água Levamos 2 garrafas de 1,5 litros e uma garrafa menor de 500ml por pessoa. Só reabastecemos uma vez na Pedra Redonda que, segundo o Robson, era a melhor água direto da nascente, todas as outras são 'mais ou menos'. Essa quantidade foi bem suficiente para nós. 3. Clima No geral, foi uma travessia 'quente'. Como fomos no final de abril/ começo de maio, o inverno rigoroso ainda não tinha chegado. A trilha inteira eu fiquei apenas com uma camiseta de manga comprida de controle de suor (Insider) e uma outra blusa/ jaqueta que passa longe de ser um anorak. Apenas a noite vesti a segunda pele e o fleece pra entrar no saco de dormir. Não passei frio em nenhum momento. Graças a Deus não caiu um pingo de chuva em nenhum momento. Vento teve um pouco mas nada anormal, com o movimento constante do corpo não foi um problema. Queria ter visto a temperatura quando estive por lá, mas meu celular Claro não dava nada de sinal. 3. O Relato Cheguei em Marmelópolis no dia 29 de abril as 21h. Mal consegui dormir pois o Bruno viria nos buscar em nossa hospedagem as 3h para seguirmos a base do Marins. Quando ele chegou, conhecemos nossos 2 outros companheiros de trilha, o Cleber e o Mário, ambos de Varginha-MG. Graças a eles, conseguimos fechar em R$50,00 o transfer por pessoa, pois o valor cheio é R$200,00, se fossemos só eu e o Rubens (meu marido) teria ficado R$100,00 por cabeça. A estrada até a base do Marins é bem zoada como de costume. Chegando lá, encontramos o Robson, que seria nosso guia. Começamos a subir as 4h do dia 30 de abril. O início da trilha é em mata densa e tinha muita, mas MUITA lama mesmo. A trilha também não é muito aberta e dependendo só da lanterna na cabeça, ficava difícil desviar de todos os galhos, raízes e buracos que apareciam pela frente. Chegamos no Morro do Careca depois de uns 45 minutos e fizemos a primeira pausa - eu obviamente já tava bem ofegante, mas dando conta. Acho que foi nesse momento que o Robson mencionou que estava com a mochila muito leve para o que ele geralmente leva e se ofereceu para carregar parte da minha água. Bom, eu não queria dar essa 'fraquejada' até porque minha mochila não tava tão pesada assim, mas como ele queria muito fazer essa gentileza, passei pra ele. Nisso o sol começou a chegar bem tímido e foi iluminando nosso caminho. Logo chegamos naquela pedra rachada no meio e logo me lembrei do Marco Aurélio e sua última marcação. Não tinha como não tirar uma foto por ali. Logo em seguida a travessia começa a te mostrar que não tá pra brincadeira. A partir daí é só subir pedra atrás de pedra, lage atrás de laje, escalaminhada atrás de escalaminhada. Não há um trecho de respiro até a base dos Marins. Nada, zero. Chegamos no acampamento base por volta de umas 7h30 e o Robson disse que nosso tempo tava excelente. Fizemos um café ali, deixamos as cargueiras e subimos o Marins leves. Olhar aquele paredão de longe assusta, parece que não tem como subir aquilo, mas pra falar a verdade, quando eu tava lá até que achei fácil. Em coisa de 40 minutos já estávamos no cume. Eu fiquei muito emocionada, era apenas a segunda vez que assinaria um livro de cume (o único que tinha assinado antes foi o das Prateleiras). Fora que... no dia anterior eu e o Rubens tínhamos feito 5 anos de casados, não teve sensação melhor que essa. Bem, como de costume, o tempo estava fechado durante o tempo que estávamos no cume por isso não demoramos muito pra descer. Na descida cruzamos com muitos grupos que tinham acampado no cume e desciam com cargueiras - estavam até pedindo corda em trechos que na minha opinião não eram necessários. Deve realmente fazer diferença subir leve por ali. Voltamos pro acampamento e logo seguimos rumo ao Marinzinho. Cara... O Marinzinho separa os homens dos meninos. Ele deve ter uns 3 falsos cumes que te dá a ilusão de ter chegado, mas na verdade ainda tem 30 metros de pedra pra você subir. É uma escalaminhada ferrada em todos os sentidos. Não consigo nem descrever o quão difícil é essa parte da travessia. Fizemos cume no Marinzinho por volta das 11h. Pra fechar com chave de ouro, como se a subida não tivesse sido suficientemente difícil, descer pode ser ainda PIOR. É nessa descida que tem o único trecho de corda, numa parede de uns 7 metros e 90 graus com algumas poucas agarras. Toda essa parte envolvendo o Marinzinho, o Robson foi ESSENCIAL em diversos trechos que a pedra era muito mais alta do que a minha perna conseguia subir ou mesmo pra indicar onde estavam as garras ou apoios para os pés mais convenientes. Contratem um guia gente, pelo amor de Deus, CONTRATEM UM GUIA pra ir nesse lugar. Em determinado momento dessa descida, eu pisei num gramado fofo e minha perna foi a baixo, foi bem assustador, mas o Rubens conseguiu me puxar antes que qualquer coisa pior acontecesse. O Marinzinho realmente não é para amadores e nem para pessoas com o psicológico fraco, os guias falam que ali é onde ocorrem a maior parte das desistências pois há uma trilha de 'saída' a partir dali. Outra coisa que atrapalha bastante é que as partes da trilha em mata são bem fechadas e você precisa andar com alguma distância da pessoa a sua frente porque os galhos voltam pra bater na sua cara. Além disso, os galhos saem arranhando tudo: sua mochila, sua pele, seu isolante térmico - tudo vai sair meio lascado desses matos. Bom, como não existe trecho plano, depois de muito subir e descer, subimos de novo sentido a Pedra Redonda e chegamos lá por volta das 13h. Nisso o tempo abriu e deu pra ver absolutamente tudo: o Marins, o Marinzinho, o vale do Paraíba, o Itaguaré - T U D O. Que visão! Olhando ali pro Itaguaré eu pensei que provavelmente era a montanha brasileira mais linda que eu já tinha visto. Apesar disso, nesse ponto eu tava bem desgastada, só queria deitar na barraca e apagar. Eu sentia meu corpo começando a falhar, tropeçando em coisa besta. Parecia que tava chegando no meu limite. Como íamos fazer a travessia com apenas 1 pernoite, o combinado era acampar na Pedra Redonda, depois do ponto de água. Quando chegou nesse acampamento que tínhamos combinado (que aliás, não sei porque falam que é na Pedra Redonda sendo que andamos muito depois dela) o Robson sugeriu que fossemos até um próximo acampamento 'antes do cotovelo' porque lá tinha uma vista bacana pro Itaguaré. A real é que pelo tempo, realmente tava cedo, dava tempo de ir até a base do Itaguaré se quisesse, mas meu corpo tava subindo e descendo pedra desde as 4h da manhã... E eu só tinha dormido umas 2 horas naquela noite. Negócio tava bem feio pro meu lado. Mesmo assim, não sei porque me animei com alguma coisa e topei seguir. O Robson disse que mais 200 metros a gente chegava lá, mas na real, acho que andamos muito mais do que 200 metros, caímos no papo de mineiro que 'é logo ali'. Chegamos no local do camping as 15h. Olha o quanto andamos! A Pedra Redonda tava minúscula desse ponto e o Itaguaré cada vez mais perto. Subimos a barraca, estreiamos o shit tube feito de pote de creme de cabelo e comemos um risoto sem sal porque eu esqueci rs. Eu curti bastante esse local, só tinha nossas barracas por lá e mais ninguém. Bem calmo, vista perfeita e ainda fomos agraciados com uma noite 'semi-limpa' com um céu FORRADO de estrelas que era tudo o que eu queria. Antes de dormir, mandei pra dentro 2 relaxantes musculares pra acordar menos quebrada. Como tínhamos avançado bastante no primeiro dia, o segundo ficaria mais leve de um modo geral. Acordamos no dia 1 de maio as 6h. Tomamos café com bastante calma, arrumamos tudo e saímos do acampamento por volta das 7h30. O começo desse segundo dia foi bem puxado pra mim, o corpo não queria ter saído do saco de dormir. Eu só fui me animar um pouco mais depois de uns 40 minutos andando, que eu acho que os músculos esquentaram e começaram a entender que precisavam se mexer de qualquer jeito. Nesses trecho da travessia a gente vê o Itaguaré de vários ângulos, inclusive vê com perfeição onde é o 'pulo do gato' e também começamos a avistar a Serra Fina ao fundo. É também nessa parte que a gente passa por dois 'túneis' de rochas, que é necessário passar a mochila separada por que é bem baixo e estreita a passagem. Logo chegamos na base do Itaguaré, deixamos as cargueiras e subimos rumo ao topo. Por volta das 10h estávamos de frente pro 'pulo do gato'. Para quem não conhece (o que acho difícil, se você procurou esse relato, sabe extamente do que eu to falando rs) o 'pulo do gato' é uma pedra entalada entre duas paredes poucos metros antes do cume do Itaguaré. Seria um trecho muito fácil de se passar se não fosse o detalhe de ter um enorme abismo abaixo dela. Eu já estava certa de que não iria passar dali, os outros homens no grupo - inclusive o Rubens - estavam na dúvida se iriam ou não. No final, ninguém quis passar, até porque o Robson disse que depois do 'pulo' tem um trecho ainda mais exposto e perigoso, ai que eu não ia MESMO. Aliás, nesse horário tinha mais uns dois grupos por ali e ninguém passou daquele ponto. Bem, descemos novamente, pegamos as cargueiras e agora é só descida até o final. A primeira parte tem umas paredes íngremes que vai ter que rolar uma escalaminhada inversa - mas logo depois a trilha volta a ser em mata com muitos 'degraus' feitos por raízes. Bem perigosos para tropeçar, mas muito mais fáceis do que nas pedras. Ainda fizemos um breve parada para almoçar - cerca de 20 minutos. Os últimos 10 ou 15 minutos a trilha fica totalmente plana e aberta, mas com muita lama. Enfim, concluímos a travessia no dia 1 de maio exatamente as 13h - quando encontramos o Bruno já pronto para nos levar de volta a cidade de Marmelopólis. 5. Considerações finais De longe, essa foi a trilha/ travessia mais difícil que eu já fiz e entendo totalmente porque dizem que ela é a mais técnica do Brasil. É extremamente exigente, composta praticamente por escalaminhada com poucos pontos de respiro. Ela não tem dó nem piedade nem da suas pernas nem dos seus braços. Aliás, recomendo usarem luvas (eu não usei e minhas mãos estão rasgadas de pedras e folhas). Eu achava que seria algo do nível da Petro > Tere, mas definitivamente não é - É MUITO MAIS DIFÍCIL. Em alguns momentos eu pensei 'os 32km da Petro > Tere parecem um passeio no shopping perto desses 18km da Marins > Itaguaré'. Óbvio que é uma boa preparação, mas com certeza não tem como achar que é algo equivalente. Eu tô muito orgulhosa de ter conseguido concluir esse desafio, mas sei que não teria conseguido sem ajuda do guia Robson e do meu marido Rubens. Depois de viver isso, também acho que o ideal é fazer com 1 noite só. Fazendo em 2 noites, como é comercializado por ai, você fica bastante tempo parado no acampamento e provavelmente terá que carregar mais peso na mochila. Só faz em 2 noites quem é totalmente leigo e vai levar 8 horas só pra chegar no Marins (mas honestamente acho que essa pessoa nem deveria se meter nessa). Eu sai da travessia falando que 'nunca mais eu faço isso, só volto se for pra fazer bate e volta no Marins' mas hoje, 2 dias depois, eu já tô pensando 'mas e se eu voltasse com menos peso? e se levasse um carregador bem Nutella?' KKKKKKKKKKKKKK Não tem jeito, o que a gente gosta é de sofrer mesmo. A travessia com certeza é linda demais, isso não tem nem o que discutir e realmente acho que vale a pena passar por essa experiência. No entanto eu realmente quero que as pessoas saibam o que encontrar por ali e não subestimar quando ela é divulgada como "a mais técnica do Brasil". 6. Fotos Eu sinceramente não acho que fotos ajudem em algo - veja, eu quero ser útil, que uma pessoa interessada em fazer essa travessia leia isso e entenda o que pode esperar. As fotos não transmitem nem a beleza e nem a dificuldade do ambiente e isso é frustrante um pouco... Apesar disso vou colocar uma pequena seleção aqui só pra falar que 'coloquei alguma coisa' tá? Amanhecer na montanha Alguns trechos de escalaminhada (você irá usar MUITO sua mão) Mais alguns trechos... Nosso acampamento Itaguaré (dá pra ver certinho o 'pulo do gato') ❤️ Terminando a travessia mirando no próximo desafio no horizonte: Serra Fina
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