Percebo que a nacionalidade é um mero acaso e minha idade é só um número. Desapego daquilo que não faz mais sentido. Experiências em vez de subserviência. O desconhecido como força motriz. Os prazos e obrigações dão lugar ao compromisso com a estrada que leva cada dia a um novo destino. Coração que pulsa com a verdadeira emoção de viver, e não sobreviver aos dias que se acumulam na redoma cinza da rotina. Aprendi a ressignificar o conceito de casa, que perdeu as paredes e os tijolos, para virar o lugar onde eu estiver. Liberdade em sua plena existência assusta, porque ainda preciso aprender a me comportar sem relógio, roupas sociais e intervalos de 45 minutos. A essência mais pura da curiosidade e do espírito desbravador vem à tona, antes aprisionada na gaiola da tríplice carreira-status-dinheiro. Ah sim, ainda preciso de dinheiro, mas como meio e não como fim. A barriga passa a doer pela adrenalina e não porque o chefe exigiu o relatório pra amanhã. O padrão, a produção em série e o sentimento de mais um na boiada estendem o tapete pra passar o novo, o inesperado e uma existência com mais significado. E não é pra provar nada pra ninguém, não, é pela urgência em viver essa minha única vida da maneira mais avassaladora e intensa que eu conseguir. Agora vocês me dão licença, porque o mundo está a minha espera. .
Texto Rafaela Velhinho
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Viagem ao mundo a bordo de uma Land rover Defender adaptada. ´´ Pandora on the road´´