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  1. ATENÇÃO: Esse relato é apenas parte de uma grande travessia que ainda está em estudos para ser implementada no Parque Nacional e como ainda não é aberta ao público, os 2 primeiros dias foram retirados e só será incluído quando for oficial, mas fica aí a dica para quem deseja percorrer esse trecho, porque é perfeitamente possível conseguir as devidas autorizações no site do Parque. A gente mal começou a montar nossas barracas e uma chuvinha traiçoeira achou de nos pregar uma peça, mas não durou nem 15 minutos e o sol voltou a nos fazer companhia nesse finalzinho de tarde, deixando à mostra uma parte do espigão que nos levaria no outro dia até o cume do Pico Serra Negra. Enquanto cozinhávamos, presenciei os meninos conversando sobre acordarem umas 4 horas da manhã para subir o pico, coisa que eu sinceramente não estava a fim de fazer. No último dia eu vinha sofrendo com um desconforto abdominal, causado certamente pelo clorin que acabamos botando na água, coisa que eu já sabia que poderia desandar, então eu estava preferindo descansar bem aquela noite para poder seguir firme no outro dia, então havia decidido que se fosse para acordar com os galos, ficaria na barraca. TERCEIRO DIA O dia amanheceu sem chuvas, mas ainda tomado pela neblina. Os meninos abortaram a saída de madrugada, porque acabou sendo uma noite um pouco molhada e quando levantamos, já passava das sete da manhã. Decidimos deixar as barracas montadas e subirmos o pico juntos e é engraçado, que quase 15 anos atrás, quando cruzei pela Travessia da Serra Negra, partindo lá do Vilarejo de Maromba, eu mal sabia onde ficava esse pico e na ocasião não dei muita importância. Jogamos alguns equipamentos básicos e de segurança numas mochilas, pulamos um brejo metros abaixo do acampamento e já interceptamos uma trilha larga, que em 100 metros nos levou até uma bica, junto a um arremedo de porteira e mais uns 10 metros à frente, abandonamos essa trilha para a esquerda em favor de outra, justamente a trilha oficial que vai nos levar ao pico. No início, é uma trilha larga que vai ganhando pouca altitude, indo em direção ao sul, adentrando em florestas espaçadas, mas não demora muito e temos que curvar para leste, numa trilha que pegamos subindo para esquerda que agora sim, vai começar a subir pra valer até tropeçarmos no cocuruto de um cume rochoso de onde é possível avistarmos nossas barracas montadas no gramado. A continuação é para a direita, cruzando por cima do rochoso sem trilhas, mas somente por alguns metros, porque depois disso, temos quase uma avenida pela frente, muito porque, nos pareceu que foi roçado recentemente, onde instalaram umas ripas de madeira para demarcar o caminho, até que atingimos os amontoados de rochas, o estirão final até o cume, nos valendo de escalaminhada e sempre seguindo alguns totens que vieram bem a calhar por causa da neblina que ainda pairava sobre a conquista final. Agora a escalaminhada ganha ares de escalada, uns trepa-pedras de respeito até atingirmos o cume final. Viramos um pouco para a direita e subirmos uma grande rocha que marca o ponto mais alto da SERRA NEGRA ou para alguns o PICO DA PEDRA PRETA com seus 2.572 METROS de altitude, a sexta mais alta do Parque Nacional de Itatiaia. Apesar do tempo ainda um pouco encoberto, com as nuvens se dissipando lentamente, estou extremamente surpreso com a vista que nos foi apresentada lá de cima e fico envergonhado de ter subestimado esse pico, chegando a cogitar nem perder meu tempo para subi-lo, mas me equivoquei e por sorte tomei a decisão certa. É uma vista soberba, um grande rochoso, com um excelente topo para montar uma barraquinha, caso as regras do parque permitisse. Lá de cima, vemos rios que despencam na direção do maciço das Agulhas Negras, dentre eles, o Vale do Rio Aiuruoca, nosso caminho natural dessa travessia. Até o cume da Serra Negra, gastamos pouco mais de 01:40 e levaremos para descer, com uma passada ainda no pico mais abaixo, cerca de 01:30. E foi providencial perdermos um tempinho nesse cocuruto intermediário, para podermos apreciar o fantástico SAPO FLAMENGUINHO, uma espécie endêmica do parque, que mesmo eu tendo estado várias vezes no Itatiaia, não tinha tido a oportunidade de conhece-lo, talvez por visitar sempre no inverno. E foi mesmo uma grande sorte e um prazer poder ver dezenas deles nadando nas poças de topo de cume, com suas barrigas avermelhadas, um privilégio, inclusive, o sapinho é o símbolo do Parque Nacional. Antes do meio dia estávamos de volta às nossas barracas e enquanto nos mantínhamos ocupados na missão de desmontá-las e guardar tudo, fomos fazendo nosso almoço e antes das 13 horas, partimos. É preciso dizer que na Travessia completa do Parque Nacional, no roteiro não constava a subida ao Pico da Serra Negra, então, com um esforço um pouco descomunal, poderíamos simplesmente ao invés de acampar aqui no sopé da Serra Negra, ter seguido nos arrastando no SEGUNDO DIA e nos adiantarmos por mais umas 2 horas, duas horas e meia até as Cabanas do Aiuruoca e acamparmos lá, talvez aí, diminuindo essa travessia para 5 dias os invés dos 6 que prevíamos , mas tínhamos tempo e disposição, então subir a Pedra Preta, foi um premio. Nosso caminho vai seguir novamente pela trilha larga e desimpedida, o mesmo caminho que pegamos pela manhã para ir ao topo da Serra Negra, mas é claro, vamos percorrê-la por 100 metros até a bica e ignorar a saída a esquerda. Daqui para frente não terá mais erros, vamos descer até encostarmos no Vale do Rio Aiuruoca, distante ainda umas 2 horas. O sol nessa tarde do terceiro dia vai queimando tudo e mesmo sendo cedo ainda, nos apressamos na tentativa de poder aproveitar os poços transparentes no próximo acampamento. Em menos de meia hora chegamos à BIFURCAÇÃO DA POSADA SERRA NEGRA, a direita na trilha. Essa é somente uma referência, porque me parece que existem outras hospedagens e provavelmente, será de lá que o montanhista deverá partir caso queira subir o Pico da Serra Negra e talvez fazer parte dessa travessia, que é a parte aberta pelo Parque Nacional, então basta solicitar as devidas autorizações para além de subir esse pico incrível, poder cruzar pelo coração de um dos mais bonitos parques do mundo. Nossa jornada é quase sempre descendo e pouco antes de interceptarmos outro cominho vindo da direita, já na calha do Aiuruoca, uma grande formação rochosa nos chama a atenção, um grande domo de pedra se sobressai na serra a nossa frente, e é engraçado, que dá outra vez que estive cruzando pela Travessia da Serra Negra, não me lembrava dessa formação rochosa que nos pareceu ser, olhando no mapa, a PEDRA GRANDE. Interceptando agora o caminho principal, cruzamos por um riacho mais largo, um afluente do grande rio e tomamos a direção sul, agora acompanhado o próprio rio, mesmo que ainda um pouco distante dessa trilha, que agora quase virou uma estrada. Passamos por um sítio e vamos ziguezagueando, as vezes sob a sombra de eucaliptos gigantes, até que umas duas horas e meia depois de partirmos do acampamento, tropeçamos nas CABANAS DO AIURUOCA. Quase 15 anos atrás, aqui acampei, vindo pela famosa Travessia da Serra Negra, que parte lá do vilarejo de Maromba, mas quando por aqui passei, não haviam cercas ao redor dos 2 ranchos de madeiras, que hoje se resumi a apenas um, porque do outro só sobrou o telhado. O parque nos recomendou que acampássemos aqui, mas com certas ressalvas por ser um abrigo particular, mesmo estando em área do Parque Nacional, talvez por questões ainda mal resolvidas com os antigos donos ou talvez não, talvez haja uma convivência pacifica entre a comunidade e o parque, então aqui foi só uma especulação minha. Mas o certo é que é meio constrangedor ter que pular a cerca para acampar com uma placa indicando não ser permitido a entrada, muito porque, o próprio rancho se encontra totalmente fechado. EDITANDO: depois nos disseram que é possível alugar o espaço entrando no site do Parque Nacional. Montamos as barracas, mesmo ainda estando no meio da tarde e fomos tomar banho no SENSACIONAL RIO AIURUOCA. E é uma satisfação enorme poder rever toda essa paisagem depois que tantos anos se passaram. À nossa frente, uma parede gigante, quase uma fortaleza donde o sol ilumina, não só ela, mas o poço de águas cristalinas e geladas.1 Mais de uma década atrás, quando a travessia da Serra Negra não era legalizada ainda, era comum que montanhistas cruzassem o rio bem no poço e interceptasse uma estradinha do outro lado, que iria subir pra valer e nos deixar na estrada que vai à portaria do Parque Nacional (Posto Marcão), bem ao lado do antigo Hotel Alsene e foi justamente isso que eu fiz, mas agora eu teria a oportunidade de cruzar essa travessia pelo seu trajeto mais deslumbrante, mas isso, só no dia seguinte. Ficamos a tarde toda de bobeira, descansando, comendo e as vezes tirando uma soneca e quando a noite chegou, tratamos logo de fazer um banquete e comermos até não aguentar mais e quando cansamos de comer, cada qual tomou seu rumo e foi dormir profundamente, porque apesar de chegarmos cedo para acampar, esse foi um dia intenso e o próximo dia prometia muito mais. QUARTO DIA Antes das 8:00 da manhã, já estávamos de pé e com tudo já desmontado, só tomamos café e partimos. Primeiro é preciso voltar a pular a porteira principal da entrada da propriedade, atravessar a ruazinha e interceptar a trilha larga e desimpedida, que vai margear o Rio Aiuruoca pela esquerda de quem sobe, até que mais à frente, em cerca de 30 minutos, vamos cruzá-lo para o outro lado e em mais meia hora, tropeçamos no RANCHO DO VALE DA INVERNADA. Mais que coisa linda !!! Que lugar deslumbrante. Por estarmos já quase no verão, a CACHOEIRA DO MANÉ EMÍDIO está sensacional e do abrigo é possível avistá-la em todo seu esplendor, despencando à nossa frente no próprio Rio Aiuruoca, que daqui para frente começa a correr nas escarpas. O Rancho ainda resiste, se mantém de pé. Mesmo que um tanto abandonado, ainda é guardado por uma araucária lindona. Dentro, está preenchido por coisas inúteis, mas ainda serviria muito bem como abrigo depois de uma boa arrumação, mesmo que não fosse para dormir em seu interior, já que é possível montar as barracas ao seu redor. E aqui, eu deixo minha visão, minha opinião e minha sugestão para que um dia o Parque Nacional possa recuperar esse rancho e transformar esse lugar em ponto de apoio para essa nova travessia, ao invés de termos que nos sujeitar a acampar numa área onde poderemos ser enxotados pelos seus donos, caso nos peguem acampando lá sem autorização. E estou falando das Cabanas do Aiuruoca, que mesmo sendo um lugar lindíssimo também, nos constrange ter que ficar lá como clandestinos. E como as normas do Parque Nacional obriga todo mundo a carregar SHIT TUBE, uma espécie de involucro para carregar todos os nossos dejetos, não há nem a preocupação de ter que construir banheiros no local, ou seja, praticamente está pronto, já que água temos em abundancia por estarmos a poucos metros das margens do rio.( OBSERVAÇÃO IMPORTANTE : Depois ficamos sabendo que é possível agendar a hospedagem nas cabanas do airuruoca quando se faz a reserva para a Travessia da Serra Negra, mesmo assim, continuo com a minha opinião de um dia o parque Nacional transformar o RANCHO DA INVERNADA em acampamento OFICIAL.) E acampando no terceiro dia no Vale da Invernada, ainda seria possível gastar toda a tarde para ir conhecer a grande Cachoeira do Mané Emídio, o que seria uma opção incrível. Mas, infelizmente não foi isso que fizemos, então resolvemos tentar ver se achávamos alguma trilha que nos levasse até ela, tentando não comprometer nosso roteiro, que tinha como objetivo chegar até a sede da Parte Alta do Parque (Portaria do Marcão) ou até mesmo no Abrigo Rebouças. Deixamos para trás o Abrigo da Invernada e fomos desfilando pelo vale, tendo a nossa esquerda o Rio Aiuruoca e a nossa frente a grande cachoeira. Alguns minutos e já fomos tentando encontrar uma passagem em meio ao capim alto na intenção de encostarmos no rio, mas acabamos não encontrando nada e retornamos para a trilha principal. Um pouco mais à frete, uma trilha nos levou a adentrarmos novamente em direção ao rio, onde tivemos que passar rastejando, mas ao chegarmos num local onde o caminho se abriu numa clareira com um brejo, parte do grupo não quis seguir. Na verdade, o Vinícius se recusou a enfrentar o brejo e o mato alto que nos levaria aos pés da Cachoeira do Mané Emídio, mas o Flórido parecia disposto a seguir de qualquer jeito, então se instalou um impasse. Bom, eu e o Bruno não demos muitas opiniões, para a gente qualquer posição que fosse tomada, estaria de bom tamanho. Verdade mesmo, que conhecendo tanto o Vinícius, quanto o Flórido e sabendo que tanto um quanto o outro são turrões quando se trata de seguir um roteiro, ficamos assistindo de camarote a queda de braço entre os dois, o que estava fora de cogitação era separar o grupo. Não houve uma discussão, propriamente um embate, mas a retirada rápida do Vinícius acabou por arrastar o Bruno, e eu e o Flórido, acabamos seguindo atrás, mas fui tranquilo, coisa que não aconteceu com o Flórido que acabou não aceitando muito a derrota e subiu bufando o restante da trilha, até que ela saiu da mata e adentrou em campo aberto, nessa hora já havíamos esquecido a tal cachoeira, porque o cenário à nossa frente começou a mudar maravilhosamente. Passados exatamente uns 3 km desde que saímos do acampamento pela manhã, andando quase sempre para leste, a nossa trilha vira bruscamente para o sul e vai começar a ganhar um morrote, então vamos subir quase 100 metros de desnível e nos posicionar novamente diante do VALE DA CACHOEIRA DO AIRUOCA, onde a paisagem se abre em monumentos rochosos e diante de um mirante de tirar o fôlego, fomos obrigados a parar imediatamente, tomar nossos assentos e aplaudir aquela paisagem colossal. Mal passava das onze da manhã. Ainda era cedo e mesmo que não tenhamos calculado bem a distância que ainda nos faltaria para o próximo acampamento, enfiamos o relógio no bolso, como se tivéssemos todo tempo do mundo e nos entregamos ao ócio, hipnotizados pela paisagem que nos arrebatou e não interessa quantas vezes se vai ao Itatiaia, sempre me pareceu ser como da primeira vez e agora, ainda mais fascinante porque eu jamais estivera vendo o parque daquele ângulo, já que o mais longe que havia chegado nessa parte, foi até os pés da grande cachoeira. Quando resolvemos partir, fizemos de modo lento, quase nos arrastando pela trilha quase plana que nos levaria para a própria cachoeira e o Flórido, simplesmente se negou a deixar aquele mirante e por lá ficou e então combinamos de espera-lo na queda d’agua, onde pretendíamos fazer outra parada demorada para um lanche. Uma hora depois, nos aproximamos da CACHOEIRA DO AIRURUOCA, simplesmente a cachoeira localizada numa das maiores altitudes do país, não sei se ela é realmente e oficialmente a queda em maior altitude como alardeiam por aí, mas que está entre as com a água mais fria, isso eu não tenho dúvidas. Bom, enfim, chegamos no topo da cachoeira, largamos as mochilas num degrau mais abaixo e fomos bater uma foto. Ninguém se animou a dar um mergulho, mesmo estando as vésperas do verão, ainda mais porque uma névoa resolveu dar um escondida no sol e eu mesmo já havia tido um trauma na década de 90, quando aqui estive pela primeira vez, ainda um jovem inconsequente, resolvi me ariscar e pulei no poço em pleno inverno rigoroso, quase não saí de lá, ficando paralisado por causa da temperatura. Quando o Flórido chegou, já estávamos lanchando, então ele desceu rapidamente até a cachoeira e subiu , engoliu um lanche e partimos. E nos próximos 2 km é preciso ficar de olhos bem abertos. Não para localizar o caminho, que é bem demarcado e óbvio, mas uns minutos à frente, vamos cruzar com outra trilha, do qual pegaremos levemente para a direita, porque a da esquerda indo para leste e que logo vai passar ao lado dos impressionantes OVOS DE GALINHA, talvez seja simplesmente uma das mais tradicionais trilhas do país, a clássica TRAVESSIA REBOUÇAS X MAUÁ, que por muitos anos ficou fechada pelo Parque Nacional. Quem é das antigas sabe da importância dessa travessia para o montanhismo nacional e é engraçado que hoje se chame essa travessia de Rancho caído, coisa que nunca ouvimos nos tempos antigos, mesmo que tenha existido um rancho no meio do caminho, coisa que não encontrei uma década atrás, quando a travessia voltou a ser autorizada. Pegando, portanto, levemente para a direita, mas ainda na direção sul, vamos começar a ganhar altitude para deixarmos o Vale dos Ecos, como chamávamos no passado. Do nosso lado esquerdo, o maciço das Agulha já vai nos acompanhando, até que depois de percorrermos os referidos 2 km desde a Cachoeira do Aiuruoca, chegamos à BIFURCAÇÃO, onde placas providenciais nos indicam dois caminhos, hora de jogarmos novamente as mochilas ao chão para uma breve reflexão. Nessa nova travessia que o Parque Nacional estuda a implementação, o roteiro pensado por eles e o que deveríamos seguir, era pegando para a direita, conhecida como a TRAVESSIA DOS 5 LAGOS, que em 2 km nos levaria direto para a Portaria da Parte Alta (Posto Marcão) onde deveríamos acampar na nova área de camping e no outro dia deveríamos continuar seguindo pela TRAVESSIA COUTO X PRATELEIRA , mas infelizmente o ACAMPAMENTO ainda não estava pronto, então não fomos autorizados a ficar junto ao Posto Marcão e nos sobraria ter que andar pela estrada do parque por mais uma meia hora até podermos finalizar no Abrigo Rebouças. A outra opção que nos restava era pegar para a esquerda, passar raspando na Pedra do Altar e adentrar no vale que corre nos pés do maciço das Agulhas. E foi essa a nossa decisão, já que alguns ali não conheciam essa parte do Parque Nacional. E foi realmente uma decisão acertadíssima, uma caminhada recheada de deslumbramentos. Eu já havia citado o quanto eu estava satisfeito em caminhar pelo parque em plena primavera, mas esse pedaço, com a trilha florida e os campos verdes foi simplesmente sensacional. Não me lembrava o quanto aquelas pedras, montanhas, formações rochosas eram espetaculares. Quando cheguei ao parque pela primeira vez na década de 90, levei um susto, perdi todas as referências. Era um dia extremamente frio de inverno, eu ainda jovem, pilotando uma SAARA 350, acampei com um amigo nas cercanias do parque e na madrugada, quase sucumbimos de tanto frio. Os campos cobertos de geada e a nossa frente, um amontoado de pedras que fez a gente parecer que estávamos visitando a LUA. Na ocasião, ainda sem muita experiência em montanhismo, nem sei como, sem usar nem um metro de corda, subimos ao cume falso do Agulhas Negras, nos guiando pelo rumo, escalando pedras na unha e agora, nessa nova travessia, mesmo que eu já tenha estado outras vezes no Itatiaia, minha alegria e satisfação acabara de me devolver a década de 90. Agora caminhamos rumo ao sudeste, justamente parecendo que vamos nos dirigir para à fantástica ASA DE HERMES ( 2641 m ), uma formação rochosa que por incrível que pareça, recebe menos gente do que deveria, porque a grande maioria que aqui chega, busca subir o Agulhas Negras em detrimento a dezenas de outas montanhas tão incríveis quando o cume do Parque Nacional. Passamos pela bifurcação que poderia nos levar ao cume da PEDRA DO ALTAR ( 2.665 m) e logo vamos curvando como se fossemos em direção ao sul e esse é o momento que encostamos e andaremos paralelos as Agulhas, até que estacionamos em um mirante onde à nossa frente desponta outro ícone do Itatiaia, num dos mais belos cenários do parque. Ficamos ali, sentados, boquiabertos, admirando o conjunto da PEDRA DAS PRATELEIRAS ( 2551 m )e toda a extensão. A sequência é uma descida íngreme e em ziguezague, até que cruzamos com a própria trilha principal que a esquerda poderia nos levar ao cume de um dos maiores ícones do montanhismo nacional. Essa travessia em si, não comporta a subida ao cume do PICO DAS AGULHAS NEGRAS( 2.791 m), mas é claro, com mais tempo não impediria que se reservasse mais um dia para ir ao cume, mas como existem tantos picos incríveis, o certo seria ir ao parque apenas para essas escaladas clássicas. Como não vamos ao cume do Agulhas e nem tempo daria, já que a tarde já vai pela metade, viramos à direita e logo à frente atravessamos a PONTE PENSIL sob o Córrego das Agulhas Negras. Atravessando a ponte pênsil, mais uns 15 minutos de pernadas nos leva até um reservatório de água, onde passamos por uma pontinha e ganhamos a área do LENDÁRIO ABRIGO REBOUÇAS. Hoje o abrigo e o camping foram entregues a iniciativa privada e as instalações estão muito boas, com banheiros limpos e cozinha, mas a área de camping em si, deixa muito a desejar. Até tentaram fazer um aterro e elevar os locais onde se pode botar as barracas, evitando assim que em tempos chuvosos, a agua entre nas barracas, mas o local é ainda bem sofrível, talvez o plantio de grama possa melhorar muito, mas mesmo assim, pra gente que está acostumado em acampar até em pé, é sempre melhor que nada. O certo é que não havia ninguém no Abrigo Rebouças e muito menos no Camping. Era um domingo, dia da ELEIÇÃO DO SEGUNDO TURNO e nem guarda parques encontramos, nada, nenhuma viva alma e como já chegamos muito cansados e sairíamos cedo, resolvemos apenas bivacar numa área nos fundos do abrigo, onde estenderíamos nossos sacos de dormir e por lá ficaríamos, abrigados da chuvinha que não parava de cair. Por sorte, mesmo o Rebouças fechado, o wi-fi estava ligado e funcionando muito bem e como era aberto e sem senha, aproveitamos para sabermos das notícias do mundo, já que há 4 dias estávamos isolados da civilização. As notícias que vinham do mundo dos homens nos davam contas de que a extrema direita acabara de ser derrota e seus apoiadores, não acetando o resultado, ameaçavam tocar fogo no pais, mais um motivo para a gente prolongar nossa estadia no Parque Nacional e ficarmos de fora dessa balburdia toda que vinha tomando conta do Brasil nesses últimos meses. QUINTO DIA DA TRAVESSIA O dia amanheceu nevoeirento, mal enxergávamos o Pico dos Agulhas Negras, sinal de que poderíamos ter chuvas a tarde. Jogamos as mochilas às costas e partirmos às oito da manhã e assim que ganhamos a estrada do parque, aliás, essa é simplesmente a BR mais alta de todo país, chegando a impressionantes 2.400 metros, interceptamos a trilha que sobe o espigão que liga o PICO DO COUTO ( 2.680 m ) à PEDRA DAS PRATELEIRAS, justamente a travessia que deveríamos ter pego, se caso tivéssemos acampados no Posto do Marcão. Eu já conhecia o Pico do Couto numa investida com minha filha uns 10 anos atrás, quando pegamos uma temperatura de nove negativos, mas a travessia para as Prateleiras nunca tinha feito, então retomar esse plano novamente, era algo que eu ainda tinha em mente e havia chegado a hora. No início é uma subida bem íngreme, mas como estamos no início, as energias ainda estão transbordando. Existem placas e totens que vão nos guiando, mas por causa do nevoeiro a navegação fica um pouco conturbada e é preciso ficar atento o tempo todo, até que interceptamos de vez a trilha que vem do Pico do Couto, viramos para a esquerda e caminharemos agora mais em nível, porque o grande desnível já foi vencido. A névoa e o vento varreram tudo e enxergar alguma coisa já não era mais possível. Quarenta minutos desde que partimos do Abrigo Rebouças, esbarramos na TOCA DO ÍNDIO, uma gruta sensacional, formada por grandes matacões e que serviria muito bem para um abrigo de emergência. Atravessamos por dentro dela, para reencontrar a continuação da trilha. Ignoramos logo à frente uma placa indicando uma saída para um MIRANTE, que em dias abertos deveria nos dar uma visão gigantesca do maciço das Agulhas e 20minutos depois passamos por uma PEDRA EQUILIBRADA, onde eu fiz questão de escalar e tirar uma foto lá encima. Outros vinte minutos nos leva até outra formação rochosa com uma cavidade excelente para um breve descanso, podendo ser possível nos deitarmos de maneira confortável, que chamei de PEDRA DO SOFÁ, mas que parece mais com uma grande mão. Essa trilha é mesmo bem bonita e em mais dez minutos já vamos nos dirigindo para a surpreendente PEDRA DAS PRATELEIRAS, ainda um pouco escondidas atrás da serração e logo desembocamos na GRANDE BIFURCAÇÃO, onde escondemos nossas mochilas atrás de uma rocha, porque ao invés de viramos à esquerda, como quem vai em direção ao maciço das Agulhas, vamos virar à direita em direção à Pedra da Maça e Pedra Assentada, mas como teremos que retornar, resolvemos deixar as mochilas e seguirmos leves. Poderíamos a partir daqui, seguirmos para a Pedra das Prateleiras e subirmos até o seu cume. É perfeitamente possível escalar sem equipamentos, mas há uma passagem bem exposta e por isso mesmo, nas regras do Parque Nacional, você é obrigado a portar alguns equipos básicos para sua segurança. Eu já havia subido lá uma década atrás, mas dessa vez não vamos ao cume, mesmo porque seria uma subida inútil já que não conseguiríamos enxergar nada mesmo. Então pegamos a trilha e logo mais à frente, uma nova saída para a esquerda, até que ela desemboca no lago de altitude de onde já podemos avistar a Pedra da Tartaruga e a Pedra da Maça, 2 monólitos que dão um charme todo especial para o lugar, que agora, por causa das chuvas de primavera, estão rodeadas de pequenos laguinhos onde os sapos flamenguinhos fazem a festa, se acasalando por toda parte. O Cenário composto pelo LAGO DE ALTITUDE, juntamente com a Pedra da Maça e a Pedra da Tartaruga, é daquelas paisagens que a gente poderia ficar olhando pra sempre, ainda mais quanto as juntamos com as Prateleiras ao fundo. O nevoeiro vai e vem, numa dança de esconde –esconde, mas surpreendentemente não chega a fazer frio e logo a gente abandona tudo e segue a passos largos em direção à Pedra Assentada, que até então nenhum de nós sabe exatamente do que se trata, pensando ser somente mais uma pedra equilibrada à beira do caminho. A trilha vai cruzando alguns brejos, se enfiando em meio a uma vegetação de altitude, cruzando por algumas formações rochosas, até que percebemos que teremos que escalar um amontoado de grandes rochas para alcançar o cume onde provavelmente estaria a tal pedra. Quando a trilha acaba, alguns totens parece nos indicar o caminho, mas logo, sem nenhuma sinalização, somos obrigados a usar nossa intuição para ganhar altitude e logo o que nos pareceu ser uma brincadeira de trepa pedras, acaba por nos levar quase a termos que usar técnicas de escalada para continuar seguindo em frente. Claro que deve haver uma rota onde se possa chegar ao cume sem muita exposição, mas ao perdermos a rota original, não tínhamos mais como voltar e a cada passo, a escalada ficava mais técnica e exigia da gente uma concentração para não escorregarmos e sermos lançados no vazio. Foi nessa hora que o Flórido e o Bruno nos avisou que pra eles já não dava mais para continuar seguindo e mesmo que eu tenha insistido, eles recuaram. E fizeram muito bem, porque dali pra frente só fez foi piorar e eu e o Vinicius passamos um perrengue, tendo que ficarmos bem atentos até batemos no cume ou no pé de uma grande PEDRA EQUILIBRADA ou PEDRA ASSENTADA ( 2.453 m) É possível chegar onde está assentada a grande rocha, inclusive tem algumas chapeletas instaladas, mas com muito cuidado, conseguiríamos subir até sem cordas, mas seria um risco desnecessário, então apenas batemos uma foto e voltamos desescalando com o mesmo cuidado que ali chegamos, reencontramos os meninos e em menos de uma hora estávamos de volta às nossas mochilas, junto à bifurcação. Nossa sequencia volta para o norte e vamos seguindo como se fossemos subir o Pico das Agulhas Negras, mas 700 metros depois, alcançamos o final da estradinha do Parque Nacional, que agora não passa de uma trilha. Nosso rumo nessa nova bifurcação agora é para a direita, perdendo pouca altitude e já mirando um morrote a nossa direita, onde a trilha volta a virar para a direita e toma novamente o sentido sul/sudeste. Iremos cruzar algumas pontinhas de madeira sobre pequenos riachos e algumas bifurcações a direita são ignoradas e pouco mais de três quilômetros e meio depois, desde que saímos do final da estrada do parque, pouco mais de uma hora de caminhada, desembocamos finalmente no sensacional ABRIGO MASSENAS, um ícone sobrevivente desse incrível parque, hora de fazer uma longa parada, preparar um lanche/almoço e dar uma esticada nas pernas. Passados quase uma década, eis me aqui novamente nesse abrigo lendário, que apesar do descaso do poder público, teima em se manter em pé, mesmo que só a sala da lareira tenha resistido ao tempo. O telhado agora se encontra todo furado, mas a estrutura de pedra ainda resiste. A construção é da década de 50 e já foi chamado de Abrigo dos Excursionistas, um bom nome para expressar a grandeza e a importância dessa construção para o montanhismo nacional. Acampar nesse lugar é o encontro do homem com o isolamento, com o silêncio absoluto no coração das montanhas e eu espero que essa nova gestão do parque possa achar forças para manter esse patrimônio em pé e transformá-lo novamente num lugar habitável, porque o parque e os montanhistas do Brasil merecem. A tarde chegou e o tempo continua mais que embaçado e a chuva ameaça cair a qualquer momento. Partimos pouco depois da uma da tarde na direção leste, mas logo em seguida, uma plaquinha nos fez desviar para a esquerde e acabei ficando perdido, não me lembrava daquele caminho, mas logo notei que esse era um novo caminho para fugir do grande brejo e pouco mais de 800 metros de desvio, a trilha voltou para o seu caminho original e pouco mais de 1 km depois, já seguindo na direção sul, passamos por uma bica d’água. O Vinícius e o Bruno aceleraram o passo e eu e o Flórido ficamos um pouco para trás, e a chuva que ameaçava cair, despencou em uma tempestade de raios, ventos e granizo. O Temporal varreu tudo que tinha pela frente e não deu tempo nem da gente se organizar para botar as capas de chuva. O frio era tanto que a gente quase que se arrastava pela trilha enlameada e quanto o relógio bateu umas 3 da tarde, demos de cara com o ABRIGO MACIEIRA. Construído em 1926, dizem que esse é o mais antigo abrigo do Parque Nacional e se o Abrigo Massenas está em estado lastimável, o Macieiras está muito pior e está interditado porque corre o risco de desabar. Em 2009, quando o parque reabriu a TRAVESSIA RUI BRAGA, que é como é chamada essa trilha que liga a parte alta com a parte baixa do parque, eu fui um dos primeiros montanhista a percorrê-la, inclusive a trilha estava toda interditada pela vegetação e era preciso se rastejar e abrir mato no peito. Acampei sozinho no Macieira, era uma época da minha vida que eu havia decidido me aventurar solo e nessa noite, na escuridão total ,eu desafiei meus demônios interiores e de lá pra cá, nunca mais nada tirou minha paz nas florestas e montanhas do Brasil. A visita ao abrigo durou alguns minutos, já que não estávamos autorizados nem a acampar fora dele. Então tínhamos 2 caminhos a tomar : Ou seguíamos descendo até a sede do Parque ou alguns metros à frente, virávamos à direita numa estradinha e íamos acampar em outro abrigo. Ouvimos falar que o ABRIGO AGUA BRANCA era um abrigo totalmente preservado e em condições de dormir lá confortavelmente, então decidimos que seria melhor enfrentar mais 2,5 km de caminhada e podermos ter uma noite tranquila, ao invés de caminharmos noite à dentro até a sede do parque e não termos como voltar para a civilização, além do mais, seria um grande prazer conhecer esse outro abrigo. A estradinha segue sempre em nível, muito porque é perfeitamente transitável e deve receber os carros oficiais do parque. A chuva diminuiu, mas não cessou por completo e a gente ainda sofria com o frio porque a temperatura despencou. O Flórido e o Vinícius seguiram à frente e quase uma hora depois, quando eu próprio cheguei no Água Branca, encontrei o Flórido totalmente desolado por ter encontrado nosso hotel de montanha trancado com 2 cadeados gigantes com senha. Nossa, foi um balde de água fria em todo mundo, eu mal conseguia falar de tanto frio, mas sinceramente imaginava que era um abrigo aberto como todos os outros. Ao lado do Abrigo AGUA BRANCA existe um pequeno galpão onde possivelmente se guardam ferramentas e acessórios para manutenção e logo atrás dele, um pequeno quartinho de 2 x 2 e felizmente estava aberto e vazio. Eu ainda estava paralisado pelo frio, mas os meninos ainda estavam desolados por causa do abrigo fechado e como a chuva não parava, o gramado onde daria para montar as barracas, estava completamente alagado. Foi aí que o Flórido resolveu tentar um contato com o gestor do Parque Nacional, já que conseguimos pegar um sinal de internet. Eu não estava muito de acordo com essa ligação, imaginei que se ele não nos disse que o abrigo estaria fechado, já estava claro que não era para a gente usar, mas já aproveitamos pelo menos para angariar uma autorização para dormir no quartinho vazio, melhor do que montar barraca no brejo. Claro, o gestor não passou as senhas do cadeado, como era de se esperar, mas nos deu autorização para acamparmos no quartinho, que ele nem sabia que existia. Eu e o Flórido nos mudamos para lá e o Vinícius e o Bruno, acamparam numa área abrigada na porta do abrigo. Agora com roupas secas e aproveitando que no finalzinho da tarde as chuvas cessaram, aproveitamos para subir na laje e acompanhar um espetacular pôr do sol sobre a extensão da Mantiqueira que abriga a Serra Fina, talvez o único motivo para se sair do caminho tradicional e vir até aqui, lindo de mais. SEXTO DIA – FINALIZANDO O último dia dessa travessia incrível, amanheceu com pequenos chuviscos e por causa disso, aproveitamos para descansar até mais tarde e só partimos depois das nove da manhã. Os 2,5 km voltando até a trilha principal, perto do Abrigo Macieiras, foram feitos de forma vagarosa, mas ainda assim nos pareceu muito mais rápido do que na ida. Reencontrando a trilha, que na verdade passou a ser uma estrada, o jeito foi meter o pé e deixar o tempo ir passando, já que nesse trecho final não há muita coisa para se ver, além da paisagem de sempre, sem muito visual. Somente uma hora depois talvez um pouco mais, é que nosso ritmo foi quebrado pela aparição de uma vara de QUEIXADAS atravessando nosso caminho. O Flórido ficou para trás e a minha frente se posicionou o Bruno e o Vinícius, que ao avistarem os porcos selvagens, trataram de meter marcha e sair dali rapidamente. Eu tentei entrar na mata na expectativa de conseguir uma boa foto, mas os bichinhos sumiram na mesma velocidade em que apareceram. Ao chegarmos na única bifurcação desse final de caminhada, viramos à esquerda e antes das 13:00, desembocamos em definitivo na GUARITA DO POÇO DO MAROMBA, bem a tempo de descobrir que não alcançaríamos mais o ônibus para Itatiaia, então, sem ter muito o que fazer, descemos ao poço de águas esverdeadas para uma ultima foto. A caminhada final até o centro de visitantes do Parque Nacional, vai nos tomar outra hora de andanças. Fomos muito bem recebidos lá, inclusive, aproveitamos para nos lavarmos e colocarmos uma roupa descente, enquanto aguardávamos o uber para nos levar até Itatiaia ( a cidade), mas acabamos pedindo para que o motorista nos deixasse direto na Rodoviária de Resende, onde descobrimos que, por causa da derrota de um dos candidatos na eleição de domingo, seus apoiadores resolveram não aceitar o resultado e desencadearam manifestações por todo o país, fechando rodovias e paralisando o Brasil. Em Resende, tivemos que encontrar uma hospedagem para ficarmos, na expectativa de que no outro dia a coisa pudesse se resolver, mas não foi isso que aconteceu. Mesmo assim, conseguimos embarcar num ônibus que tentaria chegar à capital e aos trancos e barrancos, entre bloqueios que abriam e fechavam, finalmente conseguimos voltar para casa. Só para constar, os manifestantes , já que esse movimento acabou por fazer parte da história, passaram mais de 2 meses ocupando ruas e quarteis de todo o país e no dia 8 de janeiro de 2023, tentaram um GOLPE DE ESTADO , que acabou fracassando e milhares acabaram presos, depois de quase destruírem as sedes dos três poderes e hoje, quase 3 meses depois, centenas ainda se encontram presos , sendo processados pelos atos antidemocráticos. Essa NOVA TRAVESSIA, que vem sendo planejada pelo Parque Nacional de Itatiaia, vem justamente em boa hora, num tempo em que outras travessias na Serra da Mantiqueira, acabaram por ganhar donos, que a enxergaram apenas como uma mina para se ganhar dinheiro e estou falando da Travessia Serra Fina, claro, onde o montanhismo raiz, acabou por ser renegado a segundo plano e priorizou-se o lucro. É dever do Estado fomentar o encontro do homem com a natureza, devolvê-los as suas origens, porque nós precisamos disso e é da natureza humana poder e querer se desafiar, poder ir ao encontro do desconhecido, pelo menos para ele, é do seu instinto querer vagar pelo mundo selvagem e vencer, mas vencer a sí mesmo e no final, se arrastar para casa, às vezes com o corpo estraçalhado, mas com a alma mais viva do que nunca e se sentir feliz, realizado por saber que sua vida está sendo bem aproveitada. Divanei Goes de Paula
  2. Travessia do Parque Nacional do Itatiaia - junho/2019 Foram aproximadamente 70 km m 5 dias de caminhada passando pelos seguintes pontos: Dia 1- Travessia Rui Braga subindo - Maromba (parte baixa PNI) – Abrigo Massena Dia 2- Travessia Couto Prateleiras – camping Rebouças Dia 3 – Agulhas Negras – Pedra do Altar – Camping Rebouças Dia 4 – Travessia Rancho Caído – Cachoeira do Aiuruoca – Ovos da Galinha – Pedra do Sino de Itatiaia – Rancho Caído Dia 5 – descida do Rancho caído até a cachoeira do escorrega do Maromba Nossa aventura começa na rodoviária Tiete com destino a Itatiaia. Saímos as 11h45 e por volta das 16h chegamos em Itatiaia. No caminho vim observando os contornos da serra do Itaguaré, Serra Fina e já imaginando a próxima aventura. Na rodoviária nosso anfitrião já nos esperava, passamos pela portaria do parque para o check in e pagamento de ingresso, porem já tinham fechado e falaram para que fizessemos todo o pagamento e check in no posto do Marcão. Fomos nos hospedar no quarto Gaia já dentro do PNI da parte baixa, uma casa dos anos 40 que hoje os moradores alugam os quartos para hospedagem. Um lugar muito aconchegante e bacana em total contraste com os próximos dias de trilha, uma noite bem dormida e corpo descansado. Inclusive a trilha começa ali mesmo, começamos as 7h30 e pegamos já um caminho por entre a mata passando pelas ruinas de uma imponente casa de outrora, seguindo pela rua de terra até o posto do Maromba onde chegamos as 8h e haviam nos informado que ali teria um guarda para checar a autorização da travessia Rui Braga. O homem não estava lá. Tinha um pessoal de colete amarelo do ICMBIO que estavam roçando a trilha e nos disseram para seguir adiante. Quarto Gaia Posto Maromba Começo da Ruy Braga E assim fomos, por uma trilha bem aberta no começo e recém roçada, em pouco tempo a trilha foi estreitando, mas ainda assim muito limpa, chamou a atenção alguns “guard rails” de concreto que encontramos no caminho, ali passou uma estrada antigamente, muito provavelmente para descer madeira que viraria carvão para os trens do Barão de Visconde de Mauá. Era um sigue zague de pouco aclive e fomos contornando as curvas de nível por entre a mata e passando por diversos riachos nas veredas que desciam. Ao meio dia em ponto chegamos no abrigo Macieiras, vários pinheiros europeus e araucárias o circundavam, uma casa de madeira bem antiga porem mal conservada, ainda assim se mantinha em pé, dava para imaginar que lugarzinho bucólico foi antigamente, com montanhistas e aventureiros se hospedando na casa. Ali fizemos nosso lanche do almoço e um breve descanso. As 12h45 seguimos adiante e logo mais alcançamos os campos de altitude e a primeira visão do Pico das Agulhas Negras e da serra das Prateleiras e para o outro lado do vale do Paraíba e da cidade de Resende. Abrigo Macieiras Mais um pouco de caminhada chegamos no Abrigo Massena as 14h45. Uma subida muito leve e tranquila. Imaginava que fosse mais pesada. O abrigo é imponente todo feito de pedra e muito deteriorado, sobrando somente as paredes de pedra maciça e uma parte do telhado do que deveria ser a sala principal do chalé, pois ali havia uma grande lareira em perfeitas condições. Tratamos de montar a barraca em frente e explorar a casa. Logo atrás subimos uma trilha até uma outra casa também abandonada no topo do morro que parecia ter tido uma antena pois havia uma base de ferro cortada e muito entulho de ferro em um buraco por ali. Atrás dela tinha uma linda vista do vale, da represa, da Serra do Mar e da Serra FIna. Eu havia lido em um relato aqui no mochileiros.com que tinha ainda uma terceira ruina em um morro aqui perto e por ali também seria a fonte de água próxima do Massena. Seguimos a trilha adiante e uns minutos depois achamos um fio de água que cruzava a trilha. Fomos em busca das ruinas seguindo a trilha mas não encontramos, quando resolvemos voltar vejo a ruina logo acima de um morro com uma araucária solitária visto de quem desce a Rui Braga. E para lá seguimos. Toda de pedra e tijolo maciço sem o telhado e todas as paredes em pé, havia ainda uma pia e parte do fogão a lenha. Estava aos pés das Prateleiras. Massena outras ruina com as prateleiras ao fundo Serra Fina Depois da exploração retornamos ao acampamento. Preparamos nossas coisas para jantar e com alguns galhos fizemos uma pequena fogueira na lareira. A fome apertava e fizemos a nossa janta. Com a noite veio o frio e as estrelas que brilhavam além de uma lua cheia intensa no céu. Tinha algumas nuvens, mas nada que incomodasse. Deitamos cedo. No dia seguinte acordamos as 5h a barraca estava coberta por uma fina camada de gelo, na hora de desmontar chegou a doer as mãos de frio para enrolar a lona. Café tomado e mochila pronta saímos as 6h30 subindo ainda mais um pouco até alcançar o vale do Rio Campo Belo tendo sempre as Agulhas Negras nos acompanhando, essa na realidade foi uma constante, pois a imponência deste Pico era vista de todo o parque em todas as trilhas que fizemos. Nessa altura do vale nos encontramos com talvez a continuação da estrada, isso se elas se encontrassem no passado, ali havia até alguns trechos com asfalto e diziam ser a BR mais alta do Brasil mandada construir por Getulio Vargas. Passamos pela placa que marcava o inicio/fim da Rui Braga (seriam 21km entre este ponto e o posto do Maromba) e o acesso a base das Prateleiras, logo adiante a cachoeira das Flores e enfim o camping Rebouças onde chegamos as 9h, aproveitamos e já escolhemos um bom lugar para montar nossa barraca e deixar nossas coisas. Fomos conhecer o abrigo e os arredores do camping. Abrigo Rebouças camping Rebouças E logo partimos em direção ao posto do Marcão, passamos pela nascente do Rio Campo Belo. Ali na entrada fizemos os procedimentos de check in, o pessoal do PNI falou que havia abaixado de zero a noite anterior, e também pediu para guardarmos bem a comida pois havia um Logo Guará que estava rondando o camping durante a noite. Feito o pagamento de ingresso, fomos comunicar as trilhas que iriamos fazer, já passava das 11h e o pessoal do ICMBIO não autorizou fazermos a travessia do Couto-Prateleiras, somente o Morro do Couto, ficamos um pouco decepcionados. Ainda pela posto do Marcão tentamos fazer umas ligações para avisar a família que pela aquela área era a única que pegava celular. Falamos com a família para dizer que tudo estava bem e que ainda teríamos 3 dias sem celular pela frente. Lá pelo meio dia começamos nossa subida ao Morro do Couto, levamos mais ou menos 1h, chegando lá fizemos nosso lanche com a companhia dos tico tico sempre rodeando por uma migalha de pão. Ali decidimos seguir para as Prateleiras, mesmo sem autorização. Fizemos a travessia em 1h30min passando pelo Mirante, toca do índio, até a base do Prateleiras a 2450m, curtimos o visual por ali, apesar da neblina que vinha e ia. Depois uma esticada até a pedra da maça e da tartaruga próximo a pedra assentada. Depois retornamos e descemos a trilha para o camping Rebouças. Essa mesma trilha que tínhamos cruzado hoje cedo pela manhã. Passamos novamente pela cachoeira das Flores, mas agora descemos até ao poço e o Bernard arriscou um mergulho. Tava muito friiiio!! Eu me contentei com um banho de gato na quedinha de água. Morro do Couto Toca do Indio Base das Prateleiras Pedra Assentada e da Maça Cachoeira das Flores De volta ao acampamento nos preparamos para o jantar e de nos aquecer com algumas camadas de roupa. Fomos ate o quiosque e começamos a fritar o bacon e preparar um delicioso arroz com curry, cogumelos, tomate seco e claro BACON. Junto no quiosque conhecemos três caras muito bacanas de Passa Quatro – MG o Igor, Natanael e a esposa dele. Eles trabalhavam como guia de montanha no Itatiaia, Itaguaré e Serra Fina. Estavam fazendo um verdadeiro banquete, e junto bebemos uma pinga com mel para esquentar. O papo tava bom e ficamos um bom tempo contando os causos de montanha. Depois fui dormir, pois o dia seguinte estava reservado para o Agulhas Negras. A noite foi fria beirando os zero grau. De manha cedo acordamos e tomamos nosso café tínhamos combinado com o Guia Willian Gammino as 8h, ele iria nos levar para o Pico das Agulhas Negras já que não tínhamos equipamento e não conhecíamos a via. Logo que ele chegou partimos rumo ao 5° maior pico do Brasil. Uma trilha leve e bem bonita, passamos pela famosa ponte pênsil, logo depois a trilha bifurcava sendo a esquerda o caminho para a Travessia do Rancho caído que passava pela Pedra do Altar e Asa de Hermes, a direita seguia nosso caminho, logo em seguida um riacho para abastecer nossos cantis e mais adiante já começava a subida. Primeiro uma rampa de laje inclinado onde ia seguindo pelas “agulhas” canaletas de água, passamos por um degrau grande onde os guias colocavam uma corda para subir, outra rampa íngreme e depois passamos por uma fenda de uns 3 metros de largura com muitas pedras caídas e fomos escalaminhando até uma pequena gruta e subimos no topo desta. Ali os guias armaram uma corda guia para ir subindo, apesar de bem fácil havia uma certa exposição. Prateleiras visto das Agulhas Primeiro ponto de corda E logo acima já estávamos no topo das Agulhas Negras, uma visão de 360° de toda a região sendo possível avistar o vale do Paraiba, as cidades lá embaixo, a serra do mar, as Prateleiras, Pedra do Sino a nascente do Airuoca, vale dos Dinossauros, Rancho Caido, Serra Negra... porem ali ainda não era o ponto culminante, para chegar lá tinha que descer um rapel de uns 8 metros numa fenda se apoiar numa pedra e escalar outro monólito de pedra até o cume do Itatiaçu com seus 2791,50m de altitude, ali estava o livro cume. Levamos menos de 3h no total para subir. No topo fizemos nosso lanche, como era sábado tinha muita gente, nós fomos uns dos primeiros a subir, isso é uma vantagem muito grande, pois quando começamos a descer de volta havia uma fila enorme esperando para subir, nosso guia foi bem esperto e bacana e montou um rapel para desviarmos a galera e ir descendo ate a fenda que formava o corredor de acesso. Depois só descida livre chegamos no córrego devia ser umas 13h30min, como tínhamos a tarde toda, resolvemos ir até a pedra do Altar que estava ali a uns 30 min, um visual e tanto lá de cima e sua posição estratégica era possível avistar longe, inclusive o caminho do Rancho Caido que iriamos fazer no dia seguinte, e a Pedra do Sino de Itatiaia. Ficamos pensando se não teria como fazer a travessia pela crista, demos uma olhada, aparentemente sim daria para fazer, mas isso vai ficar para uma próxima tentativa. Subida do Itatiaçu Cume das Agulhas Negras Retornamos para o acampamento e o mesmo já estava lotado, bem diferente da noite anterior. Naquele momento vimos um resgate vindo das prateleiras, uma menina parece que havia quebrado o pé e estava sendo descida de maca da montanha. Nesse dia o banho foi de chuveiro do camping, mas pensa numa água fria, meu Deus!!! Foi aquele banho de gato, só para tirar o grosso mesmo. E em seguida vesti todas as roupas que tinha. O frio pegou neste dia. Nos reunimos novamente com os amigos de Passa Quatro, tudo que ofereciam e não oferecesse o Bernard aceitava, virou o tico-tico só rodeando e beliscando um pouco de cada um. Tomamos uma pinga com mel e neste dia saiu uma macarronada a carbonara. Neste dia não nos demoramos muito pois estávamos cansados e o dia seguinte prometia muita caminhada. Já na barraca fomos dormir, estava muito frio. Lá pela meia noite tive que ir regar uma moita, quando sai da barraca quase congelei, a lua brilhava no alto. Enquanto estava ali na moita escutei um barulho de panela em uma barraca próxima, percebi que não havia ninguém e vi um rastro de lixo espalhado, pensei, será que o tal do Lobo? Não deu outra vi um vulto saindo dos vassourões e mexendo de novo na tralha de cozinha, dei a volta para tentar interceptar o “gatuno” ou seria o canino? Não o vi, fui pelo outro lado e me abaixei e assim vi na contra luz da lua umas pernas indo e vindo, derrepente ele parou a uns 3m do outro lado da moita de vassouras, pensei se eu estiver abaixado e o bixo vir e der um bote, então levantei e dei de cara com o Lobo Guara, ficamos nos encarando, ele era enorme quase do meu tamanho, umas orelhas grandes, arredondas e apontadas para cima, permanecemos uns minutos assim até que ele rosnou para mim, ai pensei: “pode crê mano, vou te deixar em paz...” kkkkkkkk e voltei para minha barraca para dormir. Passado mais uns 30 minutos o Lobo começa a uivar, na realidade parecia um latido engasgado e lá de longe se ouvia outro responder, nisso acordou o acampamento inteiro, levantei novamente e o cara da barraca do lado havia sido “assaltado” e ficou preocupado, começou a conversar, fez fogo, ficou fazendo barulho... e eu voltei ao meu leito. Havia um casal com 2 crianças pequenas e os meninos começaram a chorar, pensa num choro. E assim foi nosso restante de noite.... uivos, choros, conversas... Acordamos cedo com todo o acampamento, havia uma fina camada de gelo nas barracas, tinha feito 1 grau negativo. Desmontamos a barraca com dificuldade pois ela estava congelada e gelava os dedos da mão. Logo depois fizemos uns pães de queijo de frigideira, um café nos arrumamos e as 8h com certo atraso do previsto começamos nossa trilha, na mesma direção das agulhas depois viramos a esquerda no rumo da Pedra do Altar e depois mantivemos a esquerda para o Aiuruoca. Ainda pegamos gelo na trilha e lá pelas 9h30 passamos num pequeno riacho e as 10h30 chegamos na cachoeira do Aiuruoca, tiramos umas fotos e já saímos 11h15 já estávamos nos Ovos de Galinha uma formação rochosa muito curiosa e interessante, exploramos o complexo de pedra, tiramos umas fotos e deixamos nossas cargueiras por ali e partimos rumo a Pedra do Sino de Itatiaia. Fomos subindo suas rampas de pedra seguindo os vários totens pelo caminho em menos de 1h alcançamos o topo. Tiramos as fotos de praxe, fizemos um lanche e já iniciamos nossa descida até a base para resgatar nossas mochilas e seguir rumo ao Rancho caído. Airuoca Ovos da Galinha Pedra do Sino de Itatiaia Logo subimos uma crista e no topo estava todo queimado, percebi que era um acero, fogo controlado, pois dava para ver que se estendia por toda a crista com uma largura de uns 20m e as laterais estavam roçadas. Logo abaixo estava o vale dos dinossauros, o pico do Maromba a frente as Agulhas a nossa direita. Fizemos uma curva em direção a Serra Negra e fomos descendo e contornando o grande vale abaixo, pois parecia um grande banhado. Passamos por uns charcos e encontramos um formoção rochosa muito curiosa que emoldurava o Pico das Agulhas Negras e parecia uma miniatura dela. Mais uma pequena subida e uma descida por entre bambus e uma matinha nebular, havia uma trilha bem erodida pela agua. Logo abaixo a nascente do Rio Preto, e logo ali o Rancho Caido, pensamos em pegar agua, mas ouvimos mais adiante mais barulho de água e decidimos ir até o acampamento. Lá procuramos por um bom lugar para acampar. Era 15h30 achei que estávamos bem adiantados do previsto. Barraca montada, saímos atrás do barulho de água e encontramos uma pequena gruta onde o riacho passava por baixo. Cantil cheio, decidimos explorar o local e ir um pouco adiante na trilha. O Rancho caído esta num pequeno morro numa área de mata com algumas araucárias perdidas naquela área. Logo acima do morro havia algumas grandes pedras e fomos até lá. Quando voltamos para a barraca, fizemos uma pequena fogueira, preparamos nossa janta. Logo depois o Bernard foi dormir, fiquei ainda um tempo por ali curtindo o fogo e a lua cheia. Logo fui dormir. Acordamos as 5h e 6h30 com café tomado e acampamento desmontado iniciamos nossa trilha, ainda caminhamos por uma mata na lateral abaixo da crista do Maromba e Marombinha até a crista conhecida como mata cavalo e de lá vimos o vale abaixo do Rio Preto e a Serra Negra. Começamos a descer, depois já alcançamos uma mata nebular e por fim uma mata mais densa com grandes árvores, passamos algumas vezes por um rio até que a trilha foi alargando como uma estrada e achamos uma casa. Mais uns minutos pela estrada chegamos na cachoeira do escorrega do maromba as 10h e ali terminava nossa travessia oficial. O ônibus saia as 11h da Vila da Maromba, perguntamos aos hippies que estavam ali vendendo seu artesanato e disseram que tinha mais 30min de caminhada até a vila. Não pensei duas vezes e resolvi tomar uma banho de cachoeira antes de continuar. Pensa num banho delicioso, agua gelada, mas foi ótimos para relaxar e se lavar bem antes de enfrentar o ônibus para são Paulo e Posteriormente para Itajai, ainda mais depois de 5 dias de banhos de gato. Enfim aqui termina nossa jornada. Foram 5 dias incríveis que superaram minhas expectativas em relação ao Itatiaia. Tive uma parceria muito bacana do Bernard, altos papos durante a trilha e um ótimo companheiro. Escalamos várias montanhas, sendo que algumas delas estão entre as 10 maiores do Brasil. Pegamos muito frio a noite e calor de dia, muito sol. Encontro com Lobo e conhecemos pessoas bacanas no caminho. Agora já estou planejando voltar e fazer os picos secundários e curtir um pouco mais deste lugar.
  3. Olá Mochileiros, como vão? Espero que estejam bem! Recentemente realizamos a espetacular travessia na Serra dos Órgãos, que vocês poderão conferir nesse link: Passada essa experiência, ficamos com muita vontade de fazer e conhecer a Travessia da Serra Negra, localizada no PNI (Parque Nacional do Itatiaia). Nosso amigo Nandão deu a sugestão de fazermos em Setembro para fecharmos a temporada, então compramos a ideia e começamos os preparativos. Saímos de Pouso Alegre-MG no sábado (10/09/2022) à 0:30 e fomos rumo à Santa Rita do Sapucaí-MG para pegarmos o restante da turma. Dessa vez contamos com novos integrantes, além dos já conhecidos por outros relatos. Caímos na estrada por volta de 1h30min da manhã, rumo ao PNI para começarmos a tão sonhada travessia. Começamos nossa caminhada por volta de 07h30min e fomos sentido ao abrigo Rebouças. Da esquerda pra direita temos Luiz Eduardo, Guimarães, Zé Renato, Fabinho, Leonel, Gledson, Samuel, Tiago(Bananeira), Max, Eder, Leticia, Suzi, Nandão e Gabriel Isaac. Seguimos adiante até a primeira subida do dia e desviamos da trilha para irmos até a Pedra do Altar, que possui 2660m. Após o vislumbre daquela vista maravilhosa, descemos e continuamos a trilha - nessa hora eu disse para o pessoal que o "pior já havia passado" e que daquele ponto em diante era só descida até chegar na Cachoeira do Airuoca. Depois da cachoeira, era tudo desconhecido por todos nós, pois a travessia do Rancho Caído que já havíamos feito vai para outra direção. O visual foi muito belo por todo o caminho até o próximo ponto de água e logo em seguida avistamos uma cabana abandonada. Passamos por outro ponto de água e, em seguida, por uma porteira onde dizia que o camping Cabanas de Aiuruoca estava a 200m, porém, o nosso objetivo era o camping Pousada Pico da Serra Negra, da dona Sônia, que nos haviam informado ficar a 1 hora do primeiro camping andando forte - eu sinceramente não sei o que é o "forte" dessa pessoa que disse isso, porque andamos bem e demoramos pra burro pra chegar! Um sobe e desce sem fim, com uma dificuldade enooorme, mas finalmente parte da turma chegou na Pousada da dona Sônia - que lugar aconchegante e gostoso, fomos muito bem recebidos. Não demorou muito, o resto do pessoal chegou e começou a falar a frase que virou tema do relato: "o pior já passou" né, Samuel?! hehehe... me divirto com essa turma. No camping teve de tudo: integrante que nem café bebia, aula de como ligar fogareiro, como fazer copo com latinha de refrigerante, como caçar javali, como forjar... meu Deus! Essa turma é muito prendada. IMG_5303.MOV 2º dia. Levantamos cedo, tomamos café na pousada e partimos para encarar a tão temida Subida da Misericórdia. Eu sinceramente não imaginava que seria tão difícil, Deus é mais, viu?! Saída do camping: domingo (11/09/2022) 07h15min No caminho, nossa amiga Suzi disse uma frase, que não sabemos o autor mas, que faz todo sentido para todo mundo: "VIVEMOS TODOS SOB O MESMO CÉU, MAS NEM TODOS TEMOS O MESMO HORIZONTE!". Vale à pena meditar nisso. A cada subida vinha a frase do "o pior já passou". Dava para ver na cara do pessoal que todos estavam acabados, porém, era muito divertido quando juntávamos para tirar fotos. Terminando essa subida, passamos por um corredor de árvores muito bonito e logo depois chegamos em um lugar descampado: Andamos um pouco mais, pegamos água e nos preparamos para uma descida sem fim. Logo após a descida, finalmente chegamos na Cachoeira Santa Clara, às 11h28min, e encerramos a travessia. Os joelhos agradeceram. Considerações finais: Nós já fizemos várias travessias, mas o que mais me chamou atenção nessa é a forma por onde ela passa, por vales, entre árvores, estrada de chão, isso foi demais! Gostaria muito de agradecer todas as pessoas que foram nessa travessia pelo acampamento, as risadas dentro da van, o companheirismo e a zoeira entre mim e o Bananeira (o sonho dele é me superar e confesso que ele foi muito bem, estou pensando em fazer o treinamento dele...hehe). Sentimos falta do nosso parceiro Breno com suas reclamações. Esperamos você na próxima irmão, você fez falta. Uma travessia de montanha nunca será fácil, porém, se você estiver acompanhado das pessoas certas, ela vai continuar sendo difícil, mas será prazerosa, divertida e emocionante. E, como de costume, deixo um pensamento para finalizar: "Já repararam como geralmente é fantástica a paisagem que se vê do topo de uma montanha? É realmente deslumbrante! Algo realmente mágico... Agora... Já imaginaram o esforço e sacrifício a fazer para chegar ao topo dela? A vitória é para quem está disposto a pagar o preço por ela." Apreciem algumas fotos fantásticas feitas pelo nosso fotógrafo Zé Renato.
  4. Olá pessoal, pretendo ir para o Parque Nacional do Itatiaia em março de 2021 (ou quando a pernoite no parque for reaberta), saindo de São Paulo e indo de ônibus até a cidade de Itatiaia. Segundo relatos eu vi que a maioria dos tranfers até a portaria da parte alta (portaria do Marcão) saem da cidade de Itamonte. Gostaria de encontrar algum contato de transfers que saem de Itatiaia.
  5. Pessoal, boa tarde. Estou de férias 😎 e querendo ACAMPAR 🏕️🏕️🏕️ em algum lugar bonito que tenha previsão de ☀️☀️☀️SOL de 📆 amanhã até domingo. Estou em Ubatuba, aqui tem previsão de chuva 🌧️ Conhecem algum lugar que não seja tão longe daqui e valha a pena por 2 ou 3 dias? Pensei em algum camping mais isolado e seguro na pandemia 😷no vale do paraíba ou região próxima ao Itatiaia...🤔 Dicas?
  6. Travessia Serra fina 9/3/2020 saindo de Belo Horizonte de BUSÃO !
  7. Boa Tarde. Em cima da hora um amigo meu me convidou e as pressas embarcamos com interesse em fazer a trilha e escalarmos o Pico das Agulhas Negras. Antes, entramos no site do Parque do Itatiaia, que faz a guarda da portaria de entrada, e imprimimos a ficha para acessar ao parque. O processo é sempre assim: Leva-se a ficha impressa (em anexo) ou preenche-se lá a ficha para dar entrada no parque. Recomendo muito mesmo que chegue bem cedo, por volta das 6 da manhã, pois a liberação se dá por ordem de chegada, tanto para entrar no parque quanto para estacionar dentro (caso contrário terá que andar em média 3KM a mais). Todo o caminho foi muito lindo e cansativo, e cada parada para descansar valia muito pelo visual deslumbrante do Pico das Agulhas negras e adjacências. Levamos cerca de 4 horas para fazer todo o trajeto, em um ritmo baixo. O que não sabíamos, pois nenhum relato diz sobre é preciso alguns conhecimentos de escalada e apresentar o equipamento básico pra entrar no Parque. Descobri isso num dia anterior no hostel e então procurei um guia para nos ajudar. Demos sorte de encontrar o Ivan (35) 99271676. Esta é uma informação que considero crucial. Se você não tem muita experiência com escalada PRECISA contratar um guia. Durante todo trajeto vimos diversas pessoas se arriscando, por falta de orientação e/ou por abuso mesmo. A subida é íngreme e não é raro ficar próximo a desfiladeiros altos, o que pode ser muito perigoso e qualquer erro pode ter consequencias bem sérias. Vi algumas crianças na trilha e eu não recomendo devido aos riscos, mas é algo pessoal e cada pai sabe o que é melhor... Segue abaixo o contato do Ivan, muito legal e prestativo mas, o mais importante, um cara extremamente experiente em escalada e que leva a segurança dos clientes ao extremo. Usa corda dupla com nós muito firmes e sempre fica "na cola" da gente em todas as situações que envolviam qualquer risco: Ivan (Guia turístico do Pico das Agulhas Negras): (35)99271676 - atende por WhatsApp Valeu muito a pena mesmo e espero voltar mais vezes! Ficha_de_Controle__de_Visitante_2018.pdf
  8. Saudações, povo da mochila. Compartilho aqui relato de uma curta passagem pelo Parque Nacional do Itatiaia no início de maio, junto com minha esposa. Já fazia uns três anos que planejava visitar o Parque, mas indisponibilidade de datas e outros compromissos postergaram a visita. Felizmente, por ter trabalhado nas Eleições/2018, consegui certo número de dias de folga e utilizei dois na sequência do feriado do dia do Trabalhador (1º de maio), que caiu numa quarta-feira. Minha esposa tinha alguns dias de folga para tirar também e dessa forma conseguimos estender um feriado para cinco dias, e seguimos o seguinte cronograma: 3ª feira (translado): Brasília-Campinas; pernoite em Campinas 4ª feira (dia 01): Campinas>Itatiaia ; Pedra do Altar 5ª feira (dia 02): Agulhas Negras 6ª feira (dia 03): Prateleiras ; Pernoite em Maromba (RJ) Sábado (dia 04): Travessia da Serra Negra (1ª parte) Domingo (dia 05): Travessia da Serra Negra (2ª parte) ; retorno à Campinas; pernoite em Campinas 2ª feira (translado): Campinas-Brasília Optamos por ir por Campinas pois os preços das passagens estavam mais atraentes e a distância e tempo de viagem não aumentavam tanto (40min). Em Campinas alugamos um carro: Fiat Mobi na Foco. É a segunda vez que alugamos um Mobi, não apenas por ser mais barato, mas também por ser bastante econômico (em nossa viagem para Paraty percorremos 700km com um tanque, usando Etanol!). A Foco apresentou os melhores preços mas o ponto negativo é que as lojas ficam fora do Aeroporto, então para quem tem pressa ou horário apertado, recomendo avaliar. Entretanto, a Foco Campinas oferece transporte numa Van para os clientes e o tempo de deslocamento é entre 10 e 15 min. Ainda que eu goste de viajar de ônibus, as opções de horários e pontos de parada para a região do Itatiaia são poucas e péssimas, fazendo com que alugar o carro seja o melhor custo-benefício. Equipamento: Optamos por pernoite no Abrigo Rebouças e em quarto na Pousada Pico da Serra Negra (com janta e café da manhã). Pernoitar no Rebouças nos ajudou também a otimizar nosso tempo, evitando, por exemplo, ir e voltar do PARNA para fazer Agulhas e Prateleiras, além de andarmos mais leves durante a travessia. Com os pernoites no Abrigo e em quarto na Pousada, pudemos levar o mínimo de equipamento e peso possível, apenas o necessário. Essa escolha nos possibilitou utilizar, durante as atividades, uma Mochila 43L e uma Mochila 36L. Para o despacho dos equipamentos que foram usados no Abrigo Rebouças (sacos de dormir, vestuário, utensílios de cozinha, etc) acabamos utilizando minha mochila de 65L. Nessa hora senti falta de um Duffel, que tornaria tudo mais simples e prático rsrs Para cozinhar, levamos um fogareiro Nautika Apolo, um kit de panela da Quechua, talheres e outros acessórios. Quanto ao gás, como é proibido o despacho de material inflamável no avião e o Abrigo Rebouças não disponibiliza botijão, a saída foi comprar um botijão TekGás em Campinas e mandar entregar no hotel. Comprei pela internet na Corricos (www.corricos.com.br) e, por telefone, negociei uma entrega rápida. Fui muito bem atendido pela equipe da loja e providenciaram a entrega no hotel através de um motoboy. Como o Itatiaia é conhecido por suas noites frias, levamos nossos sacos de dormir -5ºC de conforto. Passamos calor. Para quem fica no abrigo, acredito que um de conforto 0ºC ou +5ºC é suficiente. Para quem vai de carro e pode levar, uma opção é levar lençol e cobertas. Para a travessia da Serra Negra, levamos apenas nossas roupas (camadas de aquecimento e para dormir, Crocs pendurados nas mochilas), água e alimento para 3 dias. Como estávamos sozinhos e não cruzaríamos com outros grupos, levamos também uma barraca de emergência e dois sacos de emergência, pois o peso é insignificante e são extremamente úteis em uma eventual necessidade. Estávamos com GPS de mão, e como backup, celular com App de navegação. O Abrigo Rebouças: O Abrigo Rebouças possui energia elétrica mas não possui - ainda, vamos ver como ficarão as coisas após a concessão - nenhum serviço de alimentação, não oferece botijão de gás, apesar de haver um fogão industrial, e não possui chuveiros quentes nem geladeira. A diária sai R$ 35,00 por pessoa, sendo necessário realizar reserva entre 30 a 7 dias de antecedência da data de entrada. A estrutura é de abrigo de montanha, com quarto e banheiros compartilhados. As camas são em beliche, havendo um gavetão para cada pessoa, localizado abaixo da cama inferior. A estrutura, apesar de rústica, é bastante confortável. Inicialmente havíamos planejado dormir três noites no Abrigo Rebouças e pegar um táxi de Maringá para o PARNA no final da travessia, para recuperar o carro. Entretanto, após conversar com o taxista Marquinhos (tel/whats 35 8428-1059), preferi pernoitar em Maromba no dia anterior à Travessia e deixar o carro na pousada. Assim ficamos menos dependentes de terceiros e horários para retornar a Campinas. 1. Chegando…e já saindo Saímos de Brasília na noite de terça-feira, em voo com escala da Azul. Chegando em Campinas, fomos resolver o aluguel do carro. Chave nas mãos, fomos primeiramente comprar mais algumas coisas no Extra e depois para o Hotel Casablanca (http://www.hotelcasablanca-campinas.com.br/). O hotel é bastante agradável, com ótimo custo benefício, bom café da manhã e estacionamento grátis. Apesar da correria conseguimos descansar bem e acordamos cedo no dia seguinte para tomar um bom café-da-manhã e, às 8h, sair rumo à parte alta do Parque. A estrada é movimentada, mas excelente. Os pedágios...são aos montes - não esqueça de levar dinheiro para isso! Pouco depois do meio-dia já estávamos no Graal Alemão, onde paramos para abastecer e almoçar. O preço da gasolina estava bom; o da alimentação, caríssimo. Como não sabíamos se haveria restaurante mais acima, acabamos comendo lá mesmo. Mas para você que está lendo, fica a dica: em Engenheiro Passos há banquinhas e restaurantes bastante convidativos, talvez o maior e mais movimentado seja o Restaurante do Juquinha. De Engenheiro Passos até o Posto Marcão é curva que não acaba mais. Felizmente a estrada estava ótima, com asfalto e pintura recentes. Mas isso até a Garganta do Registro, onde começa a estrada que leva da rodovia até o Posto Marcão. Estrada ruim, mas transitável para qualquer veículo. Para um Parque tão movimentado quanto o de Itatiaia, já deveria ter sido melhorada. Entre 1ª, 2ª e raros momentos de 3ª marcha, pouco antes das 14h estávamos no Posto Marcão. Fizemos o cadastro, pagamos o ingresso, pegamos a chave e fomos largar as coisas no Abrigo. O estacionamento estava movimentado, pois um grupo do Exército estava fazendo reconhecimento para uma futura atividade de treinamento. Havia carros, tendas, caixas e muitos soldados. No abrigo estava tudo calmo, apenas sinais de duas pessoas. Pudemos escolher com tranquilidade nossas camas e organizar alimentos e equipamentos. Como ainda estava cedo, resolvemos ir para a Pedra do Altar. Saindo por volta das 15:30, cruzamos com o casal que estava no abrigo, voltando de um caminhada. A trilha para a Pedra do Altar sai (também) do Rebouças e segue parte da trilha para o Agulhas Negras. Em alguns pontos, sinais da sinalização rústica da Transmantiqueira. A trilha é bastante tranquila, sem lances técnicos. Fomos com bastante calma e apreciando a paisagem e pouco antes das 17h estávamos no cume da Pedra do Altar. O céu ensaiava o pôr-do-sol e um forte vento soprava, mas tínhamos a montanha e toda a vista só para nós: de lá apreciamos Agulhas Negras, Asa de Hermes, Couto. Na descida fomos presenteados com o Agulhas Negras tingido de laranja. Pouco tempo depois de passarmos a ponte pênsil a noite caiu. Sacamos as lanternas e seguimos para o Rebouças, atrás de um grupo que voltava do Agulhas. A noite não estava tão fria e a água gelada do chuveiro não foi tão ruim. De qualquer forma, o banho nessas situações é tomado aos poucos: mãos, pé, cabeça, pernas, tronco, e por último as costas rsrs. No abrigo, novas pessoas. Além do casal havia agora um grupo de aproximadamente 10 pessoas que fariam a Travessia da Serra Negra no dia seguinte. Descobrimos que a cozinha do abrigo ficou pequena para tanta gente, e ainda por cima gente espaçosa: São apenas duas mesas grandes com bancos. Com muito custo conseguimos um espaço para fazer nossa janta e comer com calma. Fizemos o bom e velho macarrão com atum, acompanhado de chá. Acabamos indo dormir cedo. Infelizmente a noite foi barulhenta: roncos, despertadores tocando de madrugada sem que seus donos - ou os amigos dos donos - desligassem. Pense você: o despertador tocando quase 10 minutos, as pessoas do grupo acordando e discutindo de quem era o celular, e ninguém se movendo para desligar. Em um rompante de indignação com a inação e incapacidade das pessoas de conviver no coletivo, desci da beliche, abri a mochila alheia e desliguei o celular. “Desculpa gente, mas se ninguém desliga eu desligo”. Voltei a dormir, para 1 hora mais tarde acordar com o barulho dos soldados na área externa. 2. Agulhas Negras Café-da-manhã tomado, cuscus paulista para o almoço devidamente preparado, nos arrumamos para o Agulhas Negras. Por volta das 8:30 o guia Carlos da Barba Negra Aventuras (Telefone: 24 998235501), chegou no abrigo e às 9h partimos para o Agulhas Negras. O tempo estava nublado, mas o horizonte estava limpo: tempo perfeito! Nossa progressão foi tranquila e rápida até a base do Agulhas. A partir da primeira rampa o ritmo foi mais devagar, o que era esperado. O Carlos nos conduziu em ritmo muito bom e com toda a segurança. Não me prendi muito a marcar o tempo, pois estávamos ali para curtir o local e a ascensão. Que paisagem. O Agulhas é realmente um lugar muito único e considero uma das montanhas mais bacanas que já subi aqui no Brasil, pelos seus muitos lances de 'escalaminhadas' e por exigir mais que a simples caminhada. Apesar de não ser uma montanha com muitos lances expostos, pode causar medo e vertigem em algumas pessoas e, para quem não está fisicamente preparado, pode ser exigente. No cume, tínhamos novamente a montanha só para nós. Essa foi a primeira vez da minha esposa em montanha, e mesmo com receios e incertezas encarou o desafiou. Comemos algo e aí Carlos e eu fomos para o cume verdadeiro. Assinado o livro, voltamos, tiramos algumas fotos e iniciamos a descida, também em ritmo bem tranquilo, sem pressa, sem ansiedade. Chegando no Rebouças nos despedimos do Carlos, que nos encontraria no dia seguinte para irmos ao Prateleiras, e entramos. O banho dessa noite foi um pouco mais sofrido, pois estava mais frio que na noite anterior. Mas tudo bem, água fria ajuda na recuperação muscular rsrsrs. Após o banho, fomos jantar. O cardápio do dia era purê de batata instantâneo com lombinho defumado. Nessa noite o abrigo estava mais agradável e espaçoso. O grupo grande havia partido, e agora estávamos nós, o outro casal, e mais um casal que havia chegado. Só gente bacana, e bom papo rolando. A noite foi bem mais tranquila e silenciosa, inclusive porque a atividade do exército já havia terminado. No cume verdadeiro do Agulhas Negras. 3. Prateleiras Café-da-manhã tomado, cuscus paulista para o almoço devidamente preparado, nos arrumamos para o Prateleiras. Mochilas prontas, chave do abrigo devolvida na portaria. Acabamos saindo mais tarde, umas 9:30. Eu havia alimentado uma possibilidade de fazer Prateleiras e Couto nesse dia, mas como atrasamos a saída, o Couto ficou para uma próxima. A trilha até a base do Prateleiras é tranquila e muito bonita, como é toda a parte alta do Itatiaia. Os vales que se descortinam são dignos de receberem gravações de filmes como Senhor dos Anéis e o Hobbit. A trilha que sai do Rebouças, segundo consta, era uma antiga estrada que cruzava o parque. Tanto é que parte dela é asfaltada. Rapidamente se chega à base do Prateleiras e é aí que começa a diversão. Apesar de mais baixo, sua ascensão é muito mais desafiadora e exigente: pedras para subir, pedras para descer, fendas, rastejo. Para quem não está acostumado, pode dar uma abalada. Apesar disso, indo com calma e com um bom guia, não há razões para se apavorar. Chegando na parte final, no primeiro trecho onde se recomenda o uso de cordas, Ana já estava cansada física e mentalmente, e decidida a ficar. Carlos então subiu e montou a corda para eu subir. Passamos rapidamente o pulo do gato e os demais trechos e enfim, cume. Que vista! Um carcará solitário numa das pontas nos observava, e observava a paisagem, certamente procurando uma presa. Vista incrível a partir do Prateleiras. Ana e eu na base do Prateleiras. Ficamos algum tempo ali e Carlos me mostrou as ancoragens do rapel que é possível fazer dali, ao invés de descer pela trilha. Voltamos e encontramos a Ana e descemos para uma fenda onde almoçamos. Iniciamos o retorno e pouco antes das 15h estávamos no Rebouças. Acertamos o pagamento e nos despedimos. Pegamos o carro e partimos para Maringá (RJ). Se for seguir esse roteiro, recomendo demais se planejar para chegar em Maromba antes do pôr-do-sol. São 2h30min até lá e a estrada é bastante sinuosa, com trechos estreitos e o asfalto nem sempre conservado. Chegamos em Maringá às 17:45 e já estava escuro. Seguimos direto para a Pousada Santa Clara, que fica próxima à cachoeira Santa Clara e ao Restaurante Truta Rosa. Havia reservado um quarto com a Maria Margarida (24 992690350), bastante simpática e solícita. A pousada é bem bacana, quartos limpos e confortáveis. Deixamos as coisas, tomamos banhos e fomos jantar. O centro de Maringá é bem bacana e agradável, bastante organizado. Por recomendação do pessoal da pousada fomos no restaurante Paladar da Montanha. Apesar do prato típico ser a truta, optamos por uma picanha na chapa. Prato muito bem servido e preço muito bom. Maringá estava tão agradável que Ana quase me convenceu a ficar lá rsrs mas como sou obstinado, fui fiel ao planejamento. A região da pousada é bem agradável e silenciosa. Dormimos muito bem. 4. Travessia da Serra Negra - Pt. I Acordamos às 5h. Já havia deixado todas as coisas separadas e o que não ia ser útil, na travessia foi para o carro. Maria Margarida gentilmente adiantou o café para nós. No estacionamento, vi um táxi de Itamonte que só podia ser o Marquinhos. Ele saiu tarde da noite de Itamonte e pernoitou no carro. Convidamos ele para tomar um café. Apesar de relutar um pouco, acabou aceitando. Às 6:30 saímos da pousada com destino ao Posto Marcão. A estrada estava tranquila e o Marquinhos é uma ótima pessoa e ótimo motorista, bastante prudente, e muito bom de papo. Deu uma aula sobre as possibilidades de passeio e lugares para visitar na região. Às 8:40 estávamos no Posto Marcão. Papéis preenchidos, cantis abastecidos, iniciamos a caminhada às 9:40. Escolhemos iniciar via Circuito dos 5 lagos, pois o outro lado, do Rebouças, já conhecíamos. A trilha já começa com uma subida, que vai ficando gradual. Nada muito intimidador, mas já dá uma agitada. O visual na primeira parte é muito bonito. O campo, lagos e o Agulhas Negras ao fundo é realmente fascinante. Depois começam os trechos nos lajeados, que dão um pouco mais de trabalho. A sinalização aqui não é das melhores e a progressão não foi muito rápida. A referência de direção é a Pedra do Altar. No início da Travessia da Serra Negra, via 5 lagos. No início da Travessia da Serra Negra, via 5 lagos. Chegando na bifurcação da Pedra do Altar, toma-se o rumo da Cachoeira do Aiuruoca. Segue-se em single-track em terreno bom, com algumas pedras, mas aqui avançamos bem. Há um ponto de água muito limpa. Infelizmente a área ao redor está visivelmente erodida e é necessário alguma intervenção. Acredito que uma ponte/pinguela aliviaria a pressão. Andamos bem até chegarmos na próxima placa, apontando a direção da Serra Negra, Cachoeira do Aiuruoca e Rancho Caído. Tomamos mais à esquerda e prosseguimos. Passamos por um trecho mais fechado, uma espécie de taquaral, até sairmos e ter a primeira visão da Cachoeira do Aiuruoca lá embaixo, onde um grupo que seguiria para o Rancho Caído banhava. Paramos para comer um pão com patê de atum e frutas secas. De lá partimos, desfrutando do belo visual do alto da serra. Não sei precisar o tempo, mas depois a trilha entra na mata fechada e assim vai por muito tempo. A trilha está bem demarcada, não deixando muita margem para erros, a não ser na área chamada de “Invernada”. Aqui duas vacas pastavam tranquilas e nos observavam quando nos aproximamos e, para trás, fica um enorme lajeado por onde cai uma cachoeira. A sinalização na invernada não está presente (ou apagou com o tempo) e, se não estivéssemos com GPS, poderíamos ter nos perdido, como já aconteceu com outros grupos. A trilha aqui segue na beira do barranco onde está a cabana, descendo e cruzando o córrego. A partir daqui ela fica bem visível. Pouco tempo depois encontra-se o rio Aiuruoca, onde pode-se abastecer as garrafas e, para os corajosos, tomar um banho. A trilha volta para a mata e por ela vai. Na área da Cabanas do Aiuruoca, um pouco de luz. Na ocasião dois rapazes estavam trabalhando na estrutura, dando a impressão de que a área será reativada como local de pernoite. Lá avistamos mais uma marca da Transmantiqueira. Seguimos pela trilha, um carreiro bem largo que aparenta ser uma estradinha. E aí foi pela mata até finalmente chegarmos na Sônia, às 17:30. Foram pouco mais de 7h30min, em um ritmo bem tranquilo, principalmente nas descidas, pois o joelho da Ana estava começando a doer. Chalés na Pousada Pico da Serra Negra, propriedade da Sônia. Fomos muito bem recebidos na Pousada Pico da Serra Negra pela Sônia e seus irmãos. Um deles trabalha na Posto Marcão ( e foi quem nos recebeu no nosso primeiro dia quando chegamos no PARNA), o outro é guia e também faz o serviço de levar seu carro até Maringá (R$ 250,00+R$15,00 do estacionamento). Nosso quarto já estava preparado e era bem agradável. Gosto muito de camping selvagem, mas confesso que o um quarto bacana com cama boa e chuveiro quente é algo difícil de resistir. Fizemos nossos alongamentos, tomamos banho e a noite já havia chegado com um céu bastante estrelado. O pessoal preparou uma janta reforçada com truta frita. Uma delícia! Bem alimentados, parti para a sessão de convencimento da Ana, que estava pensando em desistir de continuar no dia seguinte. Depois de muita conversa, análise do tracklog e da dificuldade de outra alternativa a não ser prosseguir, ela aceitou rsrsrs Por isso só decidam o dia de amanhã depois de banho tomado e bem alimentados! 5. Travessia da Serra Negra - Pt. II A noite foi revigorante. Acordamos bem descansados, tomamos um reforçado café, acertamos as contas com a Sônia, abastecemos os cantis e partimos às 8:40. Seguimos pela estrada e confundi na leitura do Tracklog, perdendo uma saída à direita antes da curva à direita. Acabamos chegando numa outra casa e uma senhora falou: “sobe tudo aí que vai achar a trilha”. Já estávamos pensando em voltar para achar o traçado oficial mas ela insistia, e depois um filho dela saiu e insistiu: “só subir tudo aí e já vai ver”. O problema é que era um baita morro bem inclinado. A insistência foi tanta que acabamos subindo e de fato, achando a trilha. A partir daí foi basicamente um single track, subindo quase 500m. Combinamos de ir em ritmo suave, sem esgotamento e aproveitando o visual, que é realmente incrível. Convém destacar que da Sônia é possível atacar a Pedra Preta - inclusive a trilha parte de uma ramificação desse segundo trecho da Serra Negra - mas é uma caminhada pesada e em geral, o pessoal dedica um dia apenas para isso. Pouco a pouco subimos e depois de 1h30min chegamos na altitude máxima daquele dia. Sobe, sobe, sobe! Daqui a pouco é desce, desce, desce! A partir daí foi basicamente descer, alternando entre campo aberto e floresta, em trilha cavaleira. A erosão dessa trilha é assustadora. Há pontos nos quais a trilha está 1.8m abaixo da altura original. O trecho final, já nos sítios, é muito bonito. Foram 5h30min de caminhada e pouco antes das 14h estávamos na Cachoeira Santa Clara, limpando o corpo e fazendo a recuperação muscular em suas águas geladas. De lá andamos uns 800m até a Pousada, onde só trocamos de roupa, pois o banho já tinha sido tomado na cachoeira. Nos despedimos do pessoal e às 15h partimos. Paramos em Penedo apenas para conhecer rapidamente a cidade, comer um Hambúrguer (Kako´s) e comprar uns chocolates. Às 17h partimos rumo à Campinas, nas 5h de direção mais cansativas da vida. Afinal, foram 33km de caminhada. Chegamos em Campinas, no Hotel Casa Blanca pelas 22h. Na manhã seguinte, bem cedo, estávamos no aeroporto, chegando em Brasília a tempo de cumprir nossa jornada diária de serviço. Bota suja, alma lavada! Trecho final, já em estrada. Bota suja, alma lavada! Impressões sobre os atrativos Agulhas Negras e Prateleiras, ao contrário da Pedra do Altar e Morro do Couto, são montanhas cuja ascensão de forma autônoma exige bom condicionamento, habilidades de orientação e conhecimento técnico. Para novatos, o acompanhamento de alguém que conheça a rota e os lances técnicos e esteja com os equipamentos requeridos é essencial para garantir a segurança e o aproveitamento do atrativo. Apesar de eu ter conhecimento e experiência avançada de trekking e intermediária em escalada, ainda assim optei por contratar um guia. Com isso também evitei ter de levar equipamentos como cordas, cadeirinha e mosquetões. A Travessia da Serra Negra é um trekking pesado. Ainda que não haja lances técnicos, são quase 19km no primeiro dia e pouco mais de 15km no segundo dia com muita variação altimétrica, principalmente no primeiro dia, o que exige bom preparo físico e mental. Não recomendo para iniciantes e pessoas sem experiência em trilhas. Caso escolha ela para uma primeira experiência de travessia com pernoite, esteja bem preparado. Na dúvida sobre sua capacidade de percorrê-la, recomendo ir com guia e comprar o pacote completo na Sônia, ou ter um carregador - isso não é nenhum demérito. Água não é um problema ao longo do percurso. A trilha está bem demarcada e visível e a navegação não é difícil. A sinalização, porém, está deficitária, principalmente nos trechos críticos (bifurcações), não sendo possível confiar apenas nela. Assim, recomendo levar um GPS ou celular com App de Navegação (Wikiloc, Avenza, LocusMaps) como referência. Utilizei esse trakclog. Sinalização da Transmantiqueira, apagada. Sinalização da Transmantiqueira, conservada. Contatos: Marquinhos (Taxista Itamonte): 35 8428-1059 (tel/whatsapp) Pousada Santa Clara: 24 99269-0350 (tel/whatsapp) Guia Carlos: 24 99823-5501 (tel/whatsapp) Pousada Pico da Serra Negra: 35 9965-6515 (whatsapp) Corricos: (19) 3258-5385 Hotel Casablanca Campinas: (19) 3272-7575
  9. To planejando uma travessia no Parna de Itatiaia. Saindo de Mauá, acampamento no rancho caido. Segundo dia subida a pedra do sino de Itatiaia, cachoeira do aiuruoca, Pedra do altar e acampamento no Rebouças. Terceiro dia pico das agulhas negras e pernoite no Rebouças. Quarto dia travessia couto x prateleiras e descida ruy Braga. A ideia é começar em Mauá e subir via rancho caido. PERGUNTA: É possível fazer esse trajeto? Digo o PN autoriza a subida por este sentido neste caminho? Agradeço as dicas. Sempre Alerta
  10. - Acesso: Pela Rod. Presidente Dutra, o acesso para Penedo é fácil e bem sinalizado, em Itatiaia - Existe ônibus circular em Penedo. Acho que é possível ir até as Três Cachoeiras e a Cachoeira de Deus, de ônibus - A Vila é bem pequena, mas sofisticada. Tem pousadas, restaurantes e lojas chiques, mas tem inúmeras opções de hospedagem e alimentação, procurando é possível encontrar algo mais razoável. Num final de semana comum, estava com certo movimento, mas ainda tranqüilo. Tinha bastante gente nas cachoeiras por conta do calor, aliás não sabia que fazia tanto calor em Penedo, achava que era mais fresco, mas uma pessoa da cidade disse que aquilo não era normal, talvez reflexo do aquecimento global. Mesmo a noite o calor não aliviou e foi necessário ligar o ar-condicionado. - Não sei se existe um artesanato típico da cidade, pois a maioria dos artigos que vi é de MG. Porém tem muitas lojas com artigos de decoração e várias fábricas de chocolate - Tem boa infra-estrutura, com posto de combustível, alguns caixas eletrônicos, farmácia, supermercado. - Não vi pernilongo. Tinha mosquito nas cachoeiras, mas não tenho certeza se era borrachudo, pois era muito grande para ser borrachudo. De qualquer forma, é bom sempre prevenir com repelente. - Para quem gosta de agito, o clima deve ficar bom no mês de julho. O local montanhoso, os chalés com lareiras, os restaurantes com fondues e as fábricas de chocolates indicam que é um roteiro típico para casais e que a alta temporada é o inverno. Porém para curtir as cachoeiras, só no verão, pois a água é bem gelada - A cidade é muito fofa, mas não tem muito que fazer, além de fazer compras e comer bem (chocolates, fondues, trutas, massas, comida alemã, etc.). Acredito que dê para conhecer o básico em um dia, curtir o centrinho charmoso e conhecer as cachoeiras. Porém, existem atrações interessantes por perto, como por exemplo, o PNI e Visconde de Mauá - Hospedagem: tem muitas opções, para todos os gostos e bolsos. Preferimos ficar perto do centrinho, mas quem quer sossego, pode ficar mais afastado, perto das cachoeiras, no meio das montanhas. Porém, com esse longo período de chuvas que tivemos esse ano, as estradas podem não estar muito boas, principalmente as mais afastadas. - Restaurantes são bons e normalmente à la carte. Porém vi uma opção self-service na avenida principal e acredito que deve ter outras opções mais em conta na Av. Brasil, na região de comércio local (não turístico) da cidade. A dica é perguntar aos moradores da cidade, bata um papo com um vendedor de alguma loja, que eles te indicam um restaurante BBB. - No geral, a cidade é cara. Artesanato e souvenir são caros
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