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- Depois da Petro > Tere foi hora de subir de nível, só não sabia que seria tanto - 1. Guia A princípio recebi indicação do guia @b.runo_romualdo (35) 9810-1319 e havia fechado com ele. Porém, ele se machucou na semana da trilha e nos avisou que quem iria em seu lugar seria o @robsoncampos.guia (35) 9819-3859. Valor: 300,00 a guiada (nada incluso) e mais R$50,00 do transfer in/out da montanha a partir de MARMELOPÓLIS-MG. Embora não tenha trilhado com o Bruno, acredito que ele seja muito bom porque as recomendações foram muitas. Sobre minha experiência com o Robson, ele foi perfeito na minha opinião, foi certeiro em todas as ajudas e orientações durante o percurso e com certeza recomendo de olhos fechados. 2. Em quanto tempo realizar o trekking? Obviamente ou li e vi milhares de relatos e vídeos sobre essa travessia antes de ir e em absolutamente todos eles as pessoas dizem que a travessia é feita em 3 dias/ 2 noites. As grandes agências de turismo também vendem como sendo 2 pernoites na montanha. Qual foi minha surpresa quando ao entrar em contato com os guias nativos eles me disseram que 2 dias/ 1 noite seria o suficiente. Estranhei, mas vendo ali o tamanho da travessia (que deve ter uns 18km com as ascenções aos cumes) fazia sentido mesmo 2 dias, dividindo 9km pra cada dia. Usei como referência a Petro > Tere que 32km foram feitos em 3 dias/ 2 noites, uma divisão de mais ou menos 10km por dia. Então decidi realizar em 2 dias/ 1 noite mesmo (no final eu digo o que achei de ter feito dessa forma). 3. Água Levamos 2 garrafas de 1,5 litros e uma garrafa menor de 500ml por pessoa. Só reabastecemos uma vez na Pedra Redonda que, segundo o Robson, era a melhor água direto da nascente, todas as outras são 'mais ou menos'. Essa quantidade foi bem suficiente para nós. 3. Clima No geral, foi uma travessia 'quente'. Como fomos no final de abril/ começo de maio, o inverno rigoroso ainda não tinha chegado. A trilha inteira eu fiquei apenas com uma camiseta de manga comprida de controle de suor (Insider) e uma outra blusa/ jaqueta que passa longe de ser um anorak. Apenas a noite vesti a segunda pele e o fleece pra entrar no saco de dormir. Não passei frio em nenhum momento. Graças a Deus não caiu um pingo de chuva em nenhum momento. Vento teve um pouco mas nada anormal, com o movimento constante do corpo não foi um problema. Queria ter visto a temperatura quando estive por lá, mas meu celular Claro não dava nada de sinal. 3. O Relato Cheguei em Marmelópolis no dia 29 de abril as 21h. Mal consegui dormir pois o Bruno viria nos buscar em nossa hospedagem as 3h para seguirmos a base do Marins. Quando ele chegou, conhecemos nossos 2 outros companheiros de trilha, o Cleber e o Mário, ambos de Varginha-MG. Graças a eles, conseguimos fechar em R$50,00 o transfer por pessoa, pois o valor cheio é R$200,00, se fossemos só eu e o Rubens (meu marido) teria ficado R$100,00 por cabeça. A estrada até a base do Marins é bem zoada como de costume. Chegando lá, encontramos o Robson, que seria nosso guia. Começamos a subir as 4h do dia 30 de abril. O início da trilha é em mata densa e tinha muita, mas MUITA lama mesmo. A trilha também não é muito aberta e dependendo só da lanterna na cabeça, ficava difícil desviar de todos os galhos, raízes e buracos que apareciam pela frente. Chegamos no Morro do Careca depois de uns 45 minutos e fizemos a primeira pausa - eu obviamente já tava bem ofegante, mas dando conta. Acho que foi nesse momento que o Robson mencionou que estava com a mochila muito leve para o que ele geralmente leva e se ofereceu para carregar parte da minha água. Bom, eu não queria dar essa 'fraquejada' até porque minha mochila não tava tão pesada assim, mas como ele queria muito fazer essa gentileza, passei pra ele. Nisso o sol começou a chegar bem tímido e foi iluminando nosso caminho. Logo chegamos naquela pedra rachada no meio e logo me lembrei do Marco Aurélio e sua última marcação. Não tinha como não tirar uma foto por ali. Logo em seguida a travessia começa a te mostrar que não tá pra brincadeira. A partir daí é só subir pedra atrás de pedra, lage atrás de laje, escalaminhada atrás de escalaminhada. Não há um trecho de respiro até a base dos Marins. Nada, zero. Chegamos no acampamento base por volta de umas 7h30 e o Robson disse que nosso tempo tava excelente. Fizemos um café ali, deixamos as cargueiras e subimos o Marins leves. Olhar aquele paredão de longe assusta, parece que não tem como subir aquilo, mas pra falar a verdade, quando eu tava lá até que achei fácil. Em coisa de 40 minutos já estávamos no cume. Eu fiquei muito emocionada, era apenas a segunda vez que assinaria um livro de cume (o único que tinha assinado antes foi o das Prateleiras). Fora que... no dia anterior eu e o Rubens tínhamos feito 5 anos de casados, não teve sensação melhor que essa. Bem, como de costume, o tempo estava fechado durante o tempo que estávamos no cume por isso não demoramos muito pra descer. Na descida cruzamos com muitos grupos que tinham acampado no cume e desciam com cargueiras - estavam até pedindo corda em trechos que na minha opinião não eram necessários. Deve realmente fazer diferença subir leve por ali. Voltamos pro acampamento e logo seguimos rumo ao Marinzinho. Cara... O Marinzinho separa os homens dos meninos. Ele deve ter uns 3 falsos cumes que te dá a ilusão de ter chegado, mas na verdade ainda tem 30 metros de pedra pra você subir. É uma escalaminhada ferrada em todos os sentidos. Não consigo nem descrever o quão difícil é essa parte da travessia. Fizemos cume no Marinzinho por volta das 11h. Pra fechar com chave de ouro, como se a subida não tivesse sido suficientemente difícil, descer pode ser ainda PIOR. É nessa descida que tem o único trecho de corda, numa parede de uns 7 metros e 90 graus com algumas poucas agarras. Toda essa parte envolvendo o Marinzinho, o Robson foi ESSENCIAL em diversos trechos que a pedra era muito mais alta do que a minha perna conseguia subir ou mesmo pra indicar onde estavam as garras ou apoios para os pés mais convenientes. Contratem um guia gente, pelo amor de Deus, CONTRATEM UM GUIA pra ir nesse lugar. Em determinado momento dessa descida, eu pisei num gramado fofo e minha perna foi a baixo, foi bem assustador, mas o Rubens conseguiu me puxar antes que qualquer coisa pior acontecesse. O Marinzinho realmente não é para amadores e nem para pessoas com o psicológico fraco, os guias falam que ali é onde ocorrem a maior parte das desistências pois há uma trilha de 'saída' a partir dali. Outra coisa que atrapalha bastante é que as partes da trilha em mata são bem fechadas e você precisa andar com alguma distância da pessoa a sua frente porque os galhos voltam pra bater na sua cara. Além disso, os galhos saem arranhando tudo: sua mochila, sua pele, seu isolante térmico - tudo vai sair meio lascado desses matos. Bom, como não existe trecho plano, depois de muito subir e descer, subimos de novo sentido a Pedra Redonda e chegamos lá por volta das 13h. Nisso o tempo abriu e deu pra ver absolutamente tudo: o Marins, o Marinzinho, o vale do Paraíba, o Itaguaré - T U D O. Que visão! Olhando ali pro Itaguaré eu pensei que provavelmente era a montanha brasileira mais linda que eu já tinha visto. Apesar disso, nesse ponto eu tava bem desgastada, só queria deitar na barraca e apagar. Eu sentia meu corpo começando a falhar, tropeçando em coisa besta. Parecia que tava chegando no meu limite. Como íamos fazer a travessia com apenas 1 pernoite, o combinado era acampar na Pedra Redonda, depois do ponto de água. Quando chegou nesse acampamento que tínhamos combinado (que aliás, não sei porque falam que é na Pedra Redonda sendo que andamos muito depois dela) o Robson sugeriu que fossemos até um próximo acampamento 'antes do cotovelo' porque lá tinha uma vista bacana pro Itaguaré. A real é que pelo tempo, realmente tava cedo, dava tempo de ir até a base do Itaguaré se quisesse, mas meu corpo tava subindo e descendo pedra desde as 4h da manhã... E eu só tinha dormido umas 2 horas naquela noite. Negócio tava bem feio pro meu lado. Mesmo assim, não sei porque me animei com alguma coisa e topei seguir. O Robson disse que mais 200 metros a gente chegava lá, mas na real, acho que andamos muito mais do que 200 metros, caímos no papo de mineiro que 'é logo ali'. Chegamos no local do camping as 15h. Olha o quanto andamos! A Pedra Redonda tava minúscula desse ponto e o Itaguaré cada vez mais perto. Subimos a barraca, estreiamos o shit tube feito de pote de creme de cabelo e comemos um risoto sem sal porque eu esqueci rs. Eu curti bastante esse local, só tinha nossas barracas por lá e mais ninguém. Bem calmo, vista perfeita e ainda fomos agraciados com uma noite 'semi-limpa' com um céu FORRADO de estrelas que era tudo o que eu queria. Antes de dormir, mandei pra dentro 2 relaxantes musculares pra acordar menos quebrada. Como tínhamos avançado bastante no primeiro dia, o segundo ficaria mais leve de um modo geral. Acordamos no dia 1 de maio as 6h. Tomamos café com bastante calma, arrumamos tudo e saímos do acampamento por volta das 7h30. O começo desse segundo dia foi bem puxado pra mim, o corpo não queria ter saído do saco de dormir. Eu só fui me animar um pouco mais depois de uns 40 minutos andando, que eu acho que os músculos esquentaram e começaram a entender que precisavam se mexer de qualquer jeito. Nesses trecho da travessia a gente vê o Itaguaré de vários ângulos, inclusive vê com perfeição onde é o 'pulo do gato' e também começamos a avistar a Serra Fina ao fundo. É também nessa parte que a gente passa por dois 'túneis' de rochas, que é necessário passar a mochila separada por que é bem baixo e estreita a passagem. Logo chegamos na base do Itaguaré, deixamos as cargueiras e subimos rumo ao topo. Por volta das 10h estávamos de frente pro 'pulo do gato'. Para quem não conhece (o que acho difícil, se você procurou esse relato, sabe extamente do que eu to falando rs) o 'pulo do gato' é uma pedra entalada entre duas paredes poucos metros antes do cume do Itaguaré. Seria um trecho muito fácil de se passar se não fosse o detalhe de ter um enorme abismo abaixo dela. Eu já estava certa de que não iria passar dali, os outros homens no grupo - inclusive o Rubens - estavam na dúvida se iriam ou não. No final, ninguém quis passar, até porque o Robson disse que depois do 'pulo' tem um trecho ainda mais exposto e perigoso, ai que eu não ia MESMO. Aliás, nesse horário tinha mais uns dois grupos por ali e ninguém passou daquele ponto. Bem, descemos novamente, pegamos as cargueiras e agora é só descida até o final. A primeira parte tem umas paredes íngremes que vai ter que rolar uma escalaminhada inversa - mas logo depois a trilha volta a ser em mata com muitos 'degraus' feitos por raízes. Bem perigosos para tropeçar, mas muito mais fáceis do que nas pedras. Ainda fizemos um breve parada para almoçar - cerca de 20 minutos. Os últimos 10 ou 15 minutos a trilha fica totalmente plana e aberta, mas com muita lama. Enfim, concluímos a travessia no dia 1 de maio exatamente as 13h - quando encontramos o Bruno já pronto para nos levar de volta a cidade de Marmelopólis. 5. Considerações finais De longe, essa foi a trilha/ travessia mais difícil que eu já fiz e entendo totalmente porque dizem que ela é a mais técnica do Brasil. É extremamente exigente, composta praticamente por escalaminhada com poucos pontos de respiro. Ela não tem dó nem piedade nem da suas pernas nem dos seus braços. Aliás, recomendo usarem luvas (eu não usei e minhas mãos estão rasgadas de pedras e folhas). Eu achava que seria algo do nível da Petro > Tere, mas definitivamente não é - É MUITO MAIS DIFÍCIL. Em alguns momentos eu pensei 'os 32km da Petro > Tere parecem um passeio no shopping perto desses 18km da Marins > Itaguaré'. Óbvio que é uma boa preparação, mas com certeza não tem como achar que é algo equivalente. Eu tô muito orgulhosa de ter conseguido concluir esse desafio, mas sei que não teria conseguido sem ajuda do guia Robson e do meu marido Rubens. Depois de viver isso, também acho que o ideal é fazer com 1 noite só. Fazendo em 2 noites, como é comercializado por ai, você fica bastante tempo parado no acampamento e provavelmente terá que carregar mais peso na mochila. Só faz em 2 noites quem é totalmente leigo e vai levar 8 horas só pra chegar no Marins (mas honestamente acho que essa pessoa nem deveria se meter nessa). Eu sai da travessia falando que 'nunca mais eu faço isso, só volto se for pra fazer bate e volta no Marins' mas hoje, 2 dias depois, eu já tô pensando 'mas e se eu voltasse com menos peso? e se levasse um carregador bem Nutella?' KKKKKKKKKKKKKK Não tem jeito, o que a gente gosta é de sofrer mesmo. A travessia com certeza é linda demais, isso não tem nem o que discutir e realmente acho que vale a pena passar por essa experiência. No entanto eu realmente quero que as pessoas saibam o que encontrar por ali e não subestimar quando ela é divulgada como "a mais técnica do Brasil". 6. Fotos Eu sinceramente não acho que fotos ajudem em algo - veja, eu quero ser útil, que uma pessoa interessada em fazer essa travessia leia isso e entenda o que pode esperar. As fotos não transmitem nem a beleza e nem a dificuldade do ambiente e isso é frustrante um pouco... Apesar disso vou colocar uma pequena seleção aqui só pra falar que 'coloquei alguma coisa' tá? Amanhecer na montanha Alguns trechos de escalaminhada (você irá usar MUITO sua mão) Mais alguns trechos... Nosso acampamento Itaguaré (dá pra ver certinho o 'pulo do gato') ❤️ Terminando a travessia mirando no próximo desafio no horizonte: Serra Fina
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Travessia feita entre os dias 27 a 29/09/2013. Album completo com todas as fotos da travessia no link abaixo: https://photos.app.goo.gl/X6M4hGU39KwJ3uxF7 1º Dia Já passavam das 5:00h qdo lá estava eu, saltando do metrô com destino a area de embarque/desembarque do terminal rodoviário do Tietê, onde encontrei o Clovis e o Idolo já a minha espera. As 5:25h nos vemos ganhando a Ayrton Senna em uma viagem que levaria cerca de 4 horas até o acampamento Base Marins, local onde deixaríamos o carro e onde se inicia a trilha que sobe o pico dos Marins. Após uma viagem tranquila, chegamos em Piquete por volta das 7:30, onde fizemos uma rápida parada para um café da manhã reforçado e tb encontramos o Michel, conforme combinado previamente. Ele iria vir no carro do David e nos encontraria direto na base do Marins, mas que por conta de imprevistos de última hora, o David abortou a travessia e o Michel teve que vir de ônibus até Cruzeiro e depois pegar outro até Piquete. Para a sorte dele, havia uma vaga sobrando no carro do Clovis... Feitas as devidas apresentações e após degustar nosso desejum, partimos serra acima, em meio de uma manhã fria e totamente encoberta de 11ºC com uma leve garoa, que dava a impressão que o tempo não iria abrir. Lero engano. Bastou terminar a sinuosa subida da serra em direção a Delfim Moreira que as nuvens e a garoa rapidamente deram lugar a um belo céu azul com o astro-rei brilhando com força total, para a alegria de todos. Na verdade, as nuvens haviam ficado embaixo. Porém, como nem tudo é flores, fomos parados numa blitz policial, onde nos revistaram da cabeça aos pés como se fossemos suspeitos, pegaram os documentos do Clovis e eu tive a leve impressão que pareciam estar procurando algum motivo para nos enquadrar. Porém, bastou o clovis entregar seu documento da OAB junto com a CNH, que os policiais rodoviários logo mudaram o tom da abordagem, nem pediram para abrir as cargueiras (eu achava que iriam querer abrir as cargueiras, ai iria levar mto tempo para arrumar tudo depois), mas felizmente não o fizeram e logo fomos liberados. Vantagem de estar acompanhados de um advogado, rs Sem perder tempo, saimos rasgando dali e num piscar dos olhos, adentramos a estrada de terra que leva a fazenda saiqui. Passamos por um mata-burro e tocamos em frente em direção ao acampamento base Marins. E após chacoalhar por quase 50 minutos, chegamos ao acampamento base as 8:55h, onde o Marco já nos aguardava. Curiosamente, não havia ninguém no acampamento base, só nós. Nem o Milton estava lá. Após ajeitarmos as cargueiras, alongar aqui, ali e acolá, pusemos pé na trilha pontualmente as 10:00. Pessoal no acampamento base Marins A subida até o morro do careca foi rápida, eu e o Marco chegamos lá por volta das 10:28h e os demais chegaram logo depois. No pit stop, nos presenteamos com a bela visão do colchão de nuvens no vale do Paraíba a qual deixamos para trás e após vários cliques, iniciamos a dura subida em direção ao chapadão, que fica na base do Pico dos Marins, local onde fariamos nosso 1º pernoite. No morro do careca Alguns minutos de caminhada do morro do careca, se chega a um descampado onde se encontra uma placa que indica as altitudes e que ali é o inicio "oficial" da trilha para o pico dos marins. Água está localizado seguindo por uma bifurcação a esquerda ao lado da placa e é a única de toda a subida. O ideal é pegar pelo menos de 2 a 3 litros, dependendo do consumo de cada um. Na placa que indica o inicio oficial da trilha para o Marins e a travessia. É, a caminhada até aqui era só um leve aquecimento, a trilha começa para valer mesmo a partir dessa placa.... Cantis carregados e mochilas nas costas, passamos a placa e iniciamos "oficialmente" a trilha. Após passarmos por um curto trecho no frescor da mata fechada, logo emergimos definitivamente nos campos de altitude, onde o sol passou a nos cozinhar. É a partir dai que a moleza acaba e inicia-se a primeira longa subida rumo ao pico, que eu considero o trecho mais puxado de toda o trajeto até a base do Marins, principalmente por conta da trilha ser mto erodita ali. A subida é ardua, o sol já estava castigando, e só de olhar a pirambeira ingreme logo a frente, cansava até a vista. Subida em direção ao 1ºmaciço trecho de escalaminhada e trepa-pedra Embora tenha bem piores, como o Corcovado e a Pedra da mina (sem contar as subidas fortes da travessia da serra fina), a subida do Marins pode parecer uma subidinha de morro qualquer, mas mesmo assim, debaixo de sol forte não é brinquedo não.... Com ritmos diferentes, o pessoal foi aos poucos, se distanciando uns dos outros. O Marco disparou na frente e eu estava logo atrás dele, enquanto os demais iam ficando para trás. Clovis trouxe 1 par de Walk-talks para nos comunicarmos, e disse que eu poderia seguir em frente e que não era preciso parar para esperar ele e os demais, se não quiser. Mas por conta de alguns trechos confusos como o labirinto, optei por fazer paradas mais longas para esperar e guiar o pessoal até passarmos pelo trecho onde a navegação é confusa e mais complicada, pois de todos, apenas eu e o Michel já haviamos subido o pico dos Marins antes. Nisso, o Marco já havia me avisado que continuaria seguindo na frente e foi questão de 20 minutos de paradas para aguardar os demais, que eu o vi bem distante, já lá em cima, virando a esquerda no trecho do 2º maciço em direção ao "funil". Depois de muita escalaminhada e subidão desgastante, as 14:35 finalmente cheguei ao trecho do chapadão, onde montei barraca numa area de acampamento na 1º base do Marins (e também referência para a bifurcação para a travessia) para o então merecido descanço. Nesse tempo, vi o Marco subindo em direção ao cume do Marins já de ataque, pois havia chegado lá meia hora antes de mim. Após montar minha barraca e forrar o estomago com um belo almoço regrado a arroz, feijão, purê de batata e atum, me limitei a permanecer ali descançando e aguardando os demais, que só chegaram bem depois, por volta das 16:20. No final do dia, só eu e o Clovis fomos ver o por-do-sol em um morro próximo a area de acampamento. Após todos estarem mais descançados, ficamos apreciando a bela noite estrelada e contemplando o prazer de donos absolutos do lugar, já que não havia mais ninguém ali e eramos os únicos acampados no local. Após as 21:00hs, todos se recolheram as suas respectivas barracas e logo capotaram, afinal, descançar era preciso, pois o dia seguinte seria bem mais puxado. A noite foi tranquila com frio ameno em torno de 04ºC e assim como os outros, logo peguei no sono. 2ºDia O Sábado amanheceu com céu azul e livre de qualquer vestígio de nuvens, o que indicava que o dia seria igualmente aproveitavel com visão total de todo o entorno e do trecho da travessia. Com o cansaço do dia anterior, ninguém levantou para ir ver o nascer do sol no cume dos marins. Após um belo café da manhã, barracas desmontadas e mochilas nas costas, iniciamos a travessia para o Itaguaré as 7:55h. Pelo roteiro, tinhamos que sair da base do Marins até no máximo 8:00hs, por conta do tempo de percurso até o Itaguaré levar cerca de 7 a 8 horas em um ritmo relativamente forte e a ausência de pontos de água em todo o percurso. Aproveitamos para recarregar nossos cantis com a água na nascente que fica do lado do inicio da subida para o Marinzinho (no chamado "morro da baleia"). E novamente 3 litros são mais do que suficiente para todo o trecho. O trecho inicial da travessia sobe por esse morro em formato de "baleia". Iniciamos a subida do morro da baleia nos orientando por diversos totens pelo caminho até chegarmos a um trecho plano para então iniciar uma curta descida até uma area de "charco" em um pequeno vale, onde a trilha reaparece. Após passarmos pelo charco, iniciamos a ingreme subida do paredão do Marinzinho pela sua encosta esquerda nos guiando pelos totens. A trilha cruza obrigatóriamente pelo topo do Marinzinho . Durante a subida, vestígios de trilha vão aparecendo pelo caminho e fazendo um certo zig-zag para contornar os enormes rochedos que compõe o maciço do marinzinho até chegar ao primeiro cocoruto. De lá, se tem a 1ºvista do topo do marinzinho e ao chegar no topo, somos presenteados com a belissima visão do entorno e todo o trecho da travessia a percorrer até o Itaguaré. Subida do Marinzinho Area de "charco" na subida do Marinzinho Pico do Marinzinho a esquerda, Pedra redonda mais abaixo no centro e Itaguaré bem ao fundo Esse trecho não apresenta maiores dificuldades de navegação e após passarmos por uma area de acampamento (para cerca de 3 barracas) na base do Marinzinho, as 8:40 chegamos ao cume do ponto mais alto de toda a travessia, o Pico do Marinzinho na cota dos 2.432 metros de altitude. Ao chegarmos lá, aproveitamos para fazer nosso 1º pit stop para mastigar umas barras de cereais, molhar a goela e obviamente, cliques e apreciação da belissima vista de 360 graus e também do Marins visto de outro ângulo, que são de tirar o fôlego. Base do Marins vista da subida do morro da baleia (trecho inicial da subida do Marinzinho) Area de acampamento na base do Marinzinho Cume do Marinzinho O Pico do Marinzinho é o 1º pico da travessia sentido Itaguaré que se cruza e o último para quem vem no sentido contrário. No topo, há 2 placas indicando os caminhos e também a bifurcação para a pousada do Maeda. Se tiver problemas durante a travessia, pode abortar descendo por ali, que é uma rota de fuga. Após o pit stop, retomamos a pernada agora caminhando pela crista do cume do marinzinho, que é composto por enormes rochedos. Pouco antes de iniciar a descida em direção a pedra redonda, a trilha se enfia no meio de 2 enormes rochedos, o que nos obriga a passar engatinhando por baixo deles. Em meio de outras 2 rochas, há um local plano onde é possivel bivacar. Uma das belas vistas do topo do Marinzinho Pedra redonda em destaque, visto do cume do Marinzinho Trilha se enfia por baixo dessas 2 enormes rochas e continua do outro lado.... Placa no cume do Marinzinho Após iniciar a descida, chegamos a borda leste do marinzinho, onde visualizamos o enorme vale que iremos descer e logo em seguida a subida e o trecho da crista até a Pedra redonda na sequencia, que parece estar perto, mas está a cerca de 2 horas de caminhada ainda. Continuamos a descida e ao chegarmos numa area de paredão, encontramos cordas estratégicamente instaladas p/ auxílio na descida. Há cerca de 4 cordas postas ali, a de cor vermelha é a mais nova. Dei uma testada nelas para ver se estavam bem firmes e ai comecei a descer. Vencido esse trecho, temos uma descida forte até o fundo do vale entre o Marinzinho e a Pedra redonda, que são de lascar. É que a partir desse ponto, os bambuzinhos aparecem e começam a enroscar na mochila, portanto, se estiver carregando isolante e barraca pelo lado de fora, tente coloca-los para dentro da mochila ou proteja-os de outra forma, senão os bambuzinhos e o capim elefante irão acabar com eles. Vista do enorme vale entre o Marinzinho e a Pedra redonda As cordas fixas para auxilio na descida do marinzinho Pico dos Marins visto do topo do Marinzinho Após atravessar o pequeno vale, iniciamos a subida em direção a crista da Pedra redonda. Porém, percebi que um dos membros do grupo estava em um ritmo mto menor que os demais, o que me deixou preocupado qto ao tempo que iriamos levar até o Itaguaré. Eu e o Marco estavamos na frente, enquanto outros 2 do grupo, ficaram acompanhando 1 dos rapazes que estava mais lento. Assim como no dia anterior, o grupo foi se distanciando uns dos outros, por conta do ritmo variado. Marco para variar, disparou e dessa vez, permaneci logo atrás dele, e após a subida do vale, as 11:40 já estavamos na crista, bem próximos da pedra redonda que já era visivel logo a frente. Descidão nervoso do Marinzinho.... Caminhada na crista da pedra redonda com o marinzinho ficando para trás.... Seguindo pela crista em direção a Pedra redonda Enfim, chegando a pedra redonda, que representa a metade do caminho... As 12:06 finalmente cheguei a Pedra redonda, só para constatar que na verdade, a pedra redonda não é redonda e sim uma enorme pedra rochosa em cima de outra maior com uma rachadura que parecem estar se equilibrando no topo a meio caminho. Fiquei mais tempo do que normalmente ficaria ali para aguardar um dos rapazes que estava mais lento e mesmo após 30 minutos ali, nada dele aparecer. Pelo roteiro, teriamos que chegar até a Pedra redonda com no máximo 3 horas e meia de caminhada a partir da base do Marins. Enquanto isso, encontramos com um grupo que estava fazendo a travessia só de mochila de ataque e haviam iniciado a subida as 7 da manhã no milton e pretendiam fazer a travessia no modo "light and fast", ou seja, de uma vez só, chegando no acampamento base Itaguaré no final do dia. Aproveitamos para trocar idéias com eles, enquanto descançavamos. Jararaca tomando sol na trilha Pico dos Marins visto da Pedra Redonda O papo estava bom, mas o tempo estava passando, o relógio já marcava 12:45 e com o tempo estourado em quase 1 hora, eu e o Marco conversamos e decidimos que seguiríamos em ritmo forte na frente porque vimos que só tinhamos água suficiente para chegarmos ao Itaguaré. Eu estava com pouco mais de 1 litro de agua + 500 ml de gatorade e o Marco com menos de 1 litro apenas. Avisamos os demais e seguimos em frente, mas tivemos que apertar muito o passo para recuperar o tempo perdido. A partir da pedra redonda, se inicia um longo trecho de descida em meio a enormes tufos de capim elefante. Tivemos alguns perdidos em alguns trechos da descida, pois em alguns pontos, a trilha torna-se invisivel e é preciso abrir caminho no meio dos tufos para visualizar a picada e assim, continuar seguindo em frente. Deixando a pedra redonda O trecho a percorrer visto da pedra redonda Nesse trecho o gps do Marco ajudou bastante, mas foi o farejo de trilha que mais fez diferença, pois quase não precisamos recorrer ao gps, o que nos economizou um tempo precioso. Eram 12:56 e a nossa frente viamos o Itaguaré e o pico das grutas parecendo estar próximos, mas ainda havia uma longa caminhada com 2 descidas e subidas de vales que nos separavam deles. Terminado a descida da pedra redonda e passado o trecho onde o capim é mais alto, a trilha fica mais visivel novamente o que tornou a navegação mais tranquila. Após subirmos um leve morrinho e passarmos por um trecho plano, a trilha fica mais demarcada e passa a seguir pela crista a esquerda, mas ainda com uma discreta descida (quase plana) em direção a base da Pedra redonda. Caminhando pela crista em direção ao Itaguaré Após chegarmos na base, passarmos pelo primeiro descampado para umas 3 barracas. A partir desse ponto, o terreno nivela de vez e a caminhada fica mais tranquila. A trilha segue em frente, porém com alguns trechos um pouco confusos, por conta de algumas bifurcações que não levam a nada. Caso entre em alguma dessas bifurcações, basta retornar e pegar o outro caminho. Uma das areas de acampamento na base da Pedra redonda Com o tempo bom e a maior parte da navegação no visual, eu e o marco fomos seguindo em frente a passos fortes até que as 13:50, passamos por outra area de acampamento desde a pedra redonda, essa bem maior que a anterior, que deve caber pelo menos umas 6 ou 7 barracas. Nesse ponto, era possivel ver todo o trecho de descida percorrido desde a Pedra redonda. o "pontinho" da Pedra redonda no alto (a esquerda) ficando para trás.... Em alguns instantes, parava para olhar para trás para ver se conseguia ver os demais descendo pela encosta da pedra redonda, mas não conseguia ver, o que me fez supor que ainda estavam lá no topo aguardando... 1 hora desde a Pedra redonda, passamos por outro descampado menor, para cerca de 4 barracas, porém com o problema de ser um pouco exposto aos ventos e como os demais, não ter água próxima. Após passarmos por esse último descampado, visualizamos logo a frente, os 2 vales que teriamos que vencer para alcançarmos o pico das grutas com o Itaguaré bem imponente a frente parecendo que estava "logo alí", mas ainda havia muito chão pela frente. Chegando na primeira descida de 2 grandes vales, que só de olhar, impressiona... Chegamos ao inicio da descida do 1º dos 2 vales e pensei: num creio, qdo olhamos do alto do Marins ou do Itaguaré, a gente não vê esses 2 vales e imagina que todo o caminho é feito pela crista com poucos trechos de subida e descida. Bem, a 1ºvez a gente sempre se surpreende mesmo. A vista dos 2 vales é muito bonito, mas o buracão é de impressionar ao mesmo tempo que só de olhar as 2 subidonas logo a frente cansava até a vista. Mas como as aparências enganam, tão logo iniciamos a ingreme descida do 1ºvale, a mesma não durou mto e já nos vemos subindo o outro lado. Após ter subido o primeiro dos 2 vales maiores entre a Pedra redonda e as grutas A subida, embora curta, era íngreme, com alguns lances de escalaminhada e alguns trepa-pedra, o que me fez parar algumas vezes para recuperar o folego. Em compensação, a trilha é bem demarcada nesse trecho e por isso, nosso avanço foi mais rápido. Nesses poucos minutos entre as 2 paradas, o marco disparou na frente e eu tive um outro perdido na subida do 1º vale, pois deixei passar uma bifurcação a esquerda que era a continuação da trilha. A que eu estava virou a direita e terminou em um enorme paredão sem continuação, o que me fez perder um certo tempo até me dar conta que deveria ter passado alguma bifurcação que era a continuação da trilha. Procura aqui, ali, acolá e nada....Na hora pensei: como uma trilha bem demarcada termina no nada assim? Provavelmente a bifurcação é discreta, por isso passou batido. E ainda um pouco preocupado por conta do horário e o cansaço da subida, joguei a cargueira no chão e resolvi descer um pouco a trilha para procurar melhor a bifurcação, com mais calma e sem o incomodo do peso nas costas. As pernas estavam um pouco bambas por conta de termos andado com relativa pressa afim de otimizarmos tempo, mas bastou um breve descanço e reencontrar o caminho para logo retomar a caminhada afim de alcançar o marco. Após a subida do primeiro vale, a trilha segue bem demarcada pela lateral esquerda de um cocoruto, onde vou contornando pelos rochedos evitando ganhar altitude. O trecho plano é curto e logo iniciei a descida do 2º vale, onde vi de longe o Marco terminando a subida. Durante a descida, tive outro perdido. A trilha vira para a direita e termina no nada, mas uma outra discreta bifurcação a esquerda sugere que o caminho é por ali, em curtos zig-zags. Por isso, se estiver sem gps, é importante ficar bem atento. Nos vales, o capim elefante e bambuzinhos, se misturam com vegetação mais típica de mata atlantica, o que me proporciona um alivio temporário no frescor da sombra da mata, antes de retornar ao alto da crista. A subida do 2º vale embora curta, não dura muito e logo me vejo emergindo de dentro da mata para o sol voltar a cozinhar minha testa novamente. As 14:55, estou novamente na crista já próximo da base do pico das grutas, no trecho final antes do Itaguaré. A partir dali, a caminhada fica mais leve e tranquila, pois as subidas e descidas de vales finalmente acabaram. Do alto, tive a bela visão dos 2 vales vencidos e da crista percorrida desde a Pedra redonda. E para meu alivio, visualizo o pico das grutas bem a minha frente e o Marco me aguardando sentado em uma enorme rocha junto com a galera que tava só de mochila pequena de ataque. Fiquei sabendo depois que ele os alcançou e ainda ultrapassou eles. Agora sim, Pico das grutas a vista e Itaguaré bem próximo.... Pico das grutas e olha lá o Marco de boa me esperando (quem manda ser mais lento e ainda perder a trilha lá atrás? rsrs) Com o terreno nivelado e trilha demarcada, voltei a apertar o passo e as 15:18, passo por mais uma area de acampamento para cerca de 5 a 6 barracas na base do Pico das grutas, mas sem água próxima. Nisso, aproveito para tirar algumas fotos das enormes rochas que compõe o cume das grutas, e agora mais próximo do Itaguaré, reduzo o ritmo, pois sei que estou bem perto do final e pelo horário, havia recuperado o tempo perdido na primeira metade da caminhada até o Pico da pedra redonda. Do descampado, se tem uma bela visão do Itaguaré bem a frente, agora sim, bem perto, o que acabou dando um folego extra. Mais 10 minutos e alcanço as primeiras rochas do cume das grutas, onde reencontro o Marco, que já estava ali a quase 30 minutos me aguardando. Ah, se não fosse aquele maldito perdido lá atrás.....:quilpish:: Clareira na base do pico das grutas Do pico das grutas até o acampamento na base do Itaguaré leva em torno de 50 minutos, então não me preocupo e resolvo fazer um pit stop mais longo para molhar a goela e apreciar a bela vista de todo o trecho percorrido com a Pedra redonda em destaque e o Marinzinho logo acima, com o Marins a esquerda bem distante. O pico das grutas é um cume composto por várias e enormes rochas que parecem que foram empilhadas umas nas outras. Em alguns trechos, tivemos que saltar de uma rocha a outra por conta de alguns buracos, mas nada demais. As 16:20 nos vemos descendo o último e curto vale em direção a base do Itaguaré e ainda teriamos um trecho chato da travessia para vencer. Enfim, chegando a base do Itaguaré Na última subida antes de chegar a area de acampamento do Itaguaré, chegamos a um trecho entre enormes rochedos, onde foi necessário tirar as mochilas e se arrastar junto com elas por dentro das fendas até o outro lado. Algumas setas indicam o caminho e ali lembra um pouco a bat caverna. Após emergimos do outro lado, continuamos a subida e chegamos a outro trecho onde agora a bola da vez foi içar as mochilas por cima das rochas e novamente se arrastar por baixo delas até o outro lado. Nessa parte, o Marco literalmente trepou a enorme rocha e conseguiu alcançar a parte de cima sem precisar se arrastar por debaixo delas. Eu não me arrisquei e optei por ir por baixo mesmo. Passado esse último trecho e mais 10 minutos, finalmente chegamos a bifurcação onde a direita sobe para o cume do Itaguaré, e a esquerda, desce até as areas de acampamento na base. Na bifurcação, existe uma seta apontando a direita indicando "Marins". Nesse ponto, já se avista as areas de acampamento e o pequeno valezinho logo abaixo, onde está o tão desejado e precioso líquido. O marco estava um pouco a frente e como não conhecia o caminho, pegou uma bifurcação errada e acabou subindo um pouco o morro, enquanto eu peguei a correta por já conhecer o local e logo me vi descendo rapidamente o vale. Vi ele lá em cima e dei um grito para orienta-lo qto ao caminho correto, pois as trilhas se confundem nesse trecho (se ele continuasse a direita, iria parar em um precipício) Passando pela bifurcação com a seta indicando "Marins" Então, as 16:50 alcanço o riachinho do Itaguaré e aproveito para recarregar meu cantil que estava quase vazio (só tinha cerca de 400 ml de água apenas). Marco chega logo em seguida e após nos fartamos do precioso líquido (a dele inclusive já havia acabado), retomamos o caminho e finalmente as 17:05 com 8 horas cravados de travessia desde a base do Marins, chegamos ao enorme area de acampamento na base do Itaguaré para literalmente, desabarmos ali. E para a nossa alegria, não havia ninguém acampado no local. Com isso, fomos donos absolutos do lugar. Nem precisamos dizer que comemoramos o sucesso da empreitada, afinal, mesmo com o tempo estourado, conseguimos chegar ao Itaguaré no horário limite previsto e ainda com sol. Pelo roteiro, nosso objetivo era chegar entre 16:00 e 17:00h, para ter tempo de montar as barracas com calma e ainda ir ver o por-do-sol. Enfim, no discreto riacho na base do Itaguaré, coletando o precioso liquido E finalmente, Marco e eu na base do Itaguaré para o merecido descanço O duro ali foi montar as barracas, pois as rajadas de vento estavam muito fortes naquele fim de tarde, o que de certa forma, já era o prenuncio de que o tempo iria virar naquela noite. Com isso, deu um certo trabalho para montar as barracas, mas sem grandes problemas. Os últimos raios do dia coloriam o alto do Itaguarezinho e o frio de altitude já se fazia presente, me obrigando a colocar uma blusa de moleton. Barracas montadas, marco literalmente desabou dentro da dele e nem foi ver o por-do-sol no cume do Itaguaré. Se bem que nem eu fui tb, estava exausto e como já havia visto em outras 2 ocasiões que ali estive, só pensei em comer algo. Mas mesmo assim, subi um morro do lado para ver se conseguia ver o pessoal vindo pelo alto do pico das grutas, mas nem sinal algum deles. Meia hora depois, começou a escurecer e imaginei que eles haviam decidido acampar em alguma das areas de acampamento entre a base da Pedra redonda e o das grutas. Só fiquei imaginando em qual deles. Então, desencanei e resolvi ir até o cume do Itaguarezinho para curtir o visual das cidades do vale do paraíba e também para ver se havia alguém acampado por lá, mas também não havia ninguém. Já mais descançado, fiquei só curtindo o céu estrelado e as luzes das cidades lá embaixo, no vale do paraíba. Já havia passado das 20:00hs e nisso, vi alguns relampagos bem distantes, o que era um prenuncio que estava vindo um temporal daqueles. E nessa hora eu só dava graças a deus por já estar no Itaguaré. Depois de curtir o local, desci até a base, preparei minha janta e fiquei fazendo hora dentro da barraca, enquanto a comida esquentava. Marco já havia capotado, os fortes ventos haviam cessado e o silêncio havia tomado conta de vez daquele belissimo vale na cota dos 2.260 metros de altitude. Mas nem tudo foi calmaria: Ao retirar alguns doces da mochila para pegar o feijão, arroz e a salada de atum, um camundongo (ratinho de altitude) veio fazer sua refeição. Pegou um pedaço de bolo que eu havia deixado de lado de fora e nisso, acabo sendo obrigado a joga-lo fora. Outro camundongo apareceu na sequencia com o mesmo objetivo e eu dei uma rasteira na grama, afim de assusta-los, o que deu certo, pois fugiram para dentro da mata e não voltaram mais, mas percebi que estavam na moita. Depois desse incidente, tomei alguns cuidados e guardei todos os alimentos bem embalados e dentro da mochila que estava dentro da barraca, fechando o ziper logo em seguida. Com isso, não tive mais nenhum incidente desde então. Após uma janta farta com direito a arroz, feijão, salada de atum, ervilha e batada com um belo sucão e alguns doces como sobremesa, entro na barraca, me enfio dentro do saco de dormir e logo pego no sono, mas que infelizmente dura pouco tempo, pois por volta das 22:30h, acordo com o barulho de trovões próximos e ao enfiar a cabeça para fora a barraca, vejo tudo encoberto e a visão totalmente prejudicada, com os primeiros pingos de chuva começando a cair. Então, volto para dentro do saco de dormir e em 10 minutos, a chuva veio forte, mas como já estava dentro da barraca, estou bem protegido e nem me preocupo, apenas fico aguardando os trovões pararem para então voltar a dormir. A chuva foi rápida e com o afastamento dos trovões, o silêncio logo voltou e ai então consegui pegar no sono novamente, imaginando que o resto da noite prometia ser tranquila. A maior parte até foi, mas no final da madrugada a calmaria foi quebrada por uma nova pancada de chuva, que veio mais forte que a anterior e me acordou de vez. Mas ainda assim, consegui dormir mais um pouco, pois ainda estava muito cansado do dia anterior e só queria ficar deitado. 3º dia O Domingo amanheceu totalmente encoberto e chuvoso, ventava bastante e eu tive que ficar atento para possiveis infiltrações no interior da barraca com a chuva que havia começado as 4:30 e não havia parado até então. Eram 6:30 e a chuva estava mais fraca, mas ainda constante. Para os ventos, havia colocado rochas enormes em cima das estacas, afim de dar um reforço extra as mesmas. Como a previsão do tempo indicava, o tempo realmente virou no sábado para o domingo, então resolvi tomar meu café da manhã dentro da barraca mesmo, e já ir arrumando as coisas, afim de iniciar a descida tão logo desmontasse a barraca. Após tudo pronto, fiquei de boa dentro da barraca só com o isolante e até dei uma rapida cochilada, qdo o marco me chamou dizendo que a chuva havia parado, mas perguntando se eu iria descer agora ou se esperaria os demais chegarem. Isso porque, só nós estavamos acampados lá. Face oposta do Itaguaré A imponente serra fina vista do alto do cume do Itaguarezinho Acampamento na base do Itaguaré visto do alto do Itaguarezinho A chuva havia dado uma trégua, as nuvens estavam bem mais acima e por isso, não tivemos a visão prejudicada pela neblina. Mesmo sem o sol, pudemos nos fartar de fotos com direito até a subir o Itaguarezinho, afim de observar a bela vista do vale do paraíba com outras nuvens mais abaixo de nós, cobrindo boa parte das cidades. Eram nuvens em cima e embaixo, visão única e diferenciada. Descemos até o vale e resolvemos fazer um pouco de hora ali, para esperar os demais. Subi parte do Itaguaré, para ver se conseguia avistar o pessoal vindo. E após algum tempo, os vi bem distantes, emergindo na crista antes da base do Pico das grutas. Gritei para sinalizar e eles responderam. Mas ainda estavam muito longe, a cerca de 2 horas de caminhada de onde eu estava. Vale do Paraíba visto do alto do cume do Itaguarezinho O amplo cume do Itaguarezinho, um dos 2 picos menores que compõem a base do Itaguaré A esquerda, Itaguarezinho, a direita vista do vale do Paraiba sentido Rio Desci e avisei o marco que avistei o pessoal, mas que estavam muito longes ainda. Como já havia passado das 10:00h e havia combinado com o resgate para nos esperar entre 12:00 e 14:00h, aliado ao fato de que estava começando a chover de novo, resolvemos descer na frente. Para esse trecho final da travessia, 1 litro de água é o suficiente (e que já havia pego no dia anterior), então nem me preocupei, pois sei que lá embaixo, há 3 pontos de água potavel. Trecho final da travessia visto da base do Itaguaré. Destaque para o Pico das grutas a direita No inicio da caminhada ainda pela crista, o vento voltou a ficar forte o que dificultou bastante a caminhada, ainda mais com chuva fraca, mas assim que desescalaminhamos a enorme pirambeira da rocha que compõe o pico menor, logo mergulhamos na floresta, onde os campos de altitude deram lugar a mata atlantica e a descida passou a ser feita por trilha bem larga e batida em meio a mata fechada. Nisso, a chuva parou e a descida pela trilha até o acampamento base foi bem tranquila. As 11:00h, fizemos um pit stop debaixo de um enorme rochedo para um lanche rapido (no local há 2 locais ótimos para acampar, bicavar e até se proteger da chuva). Após o lanche, descemos rapidamente e as 12:15 alcançamos o acampamento base Itaguaré, onde nosso resgate já nos aguardava. No acampamento base Itaguaré Depois de comemorar o fim da travessia e batermos algumas fotos na placa que indica o fim, logo adentramos na Kombi e voltamos até o ponto de partida, o acampamento base marins, onde chegamos as 13:20. Depois voltamos na caminhonete do Marco para buscar os demais que já estavam nos aguardando assim que chegamos. Com todos reunidos novamente no acampamento base marins, e após nos despedirmos do Marco e do Michel, eu, Idolo e o Clovis estacionamos em um restaurante em Piquete e mandamos ver um belo de um PF com uma coca geladona afim de comemorarmos o sucesso da empreitada. De estomago forrado e revigorados, retomamos a viagem de volta a SP, onde chegamos por volta das 22:30h, cansados, mas felizes. ---------------------------------------------- Como chegar ao Pico dos Marins - Pra quem vem de SP ou Rio, via Dutra: Pela Rodovia Presidente Dutra (BR 116) saída 51, seguir pela BR 459, passar por Piquete e logo em seguida (800 metros) virar à direita para a Estrada Viscinal José Rodrigues Ferreira que dá acesso à Vila dos Marins. Quando chegar ao fim do asfalto, que é na saída da Vila dos Marins, suba à esquerda até o final da serra, passe o portal do município de Marmelópolis na divisa SP-MG, entre à direita e logo em seguida você chegará ao Acampamento Base Marins. Outros detalhes e maiores informações aqui: http://www.marinzeiro.com/como_chegar.html#sprj -> Água se encontra no acampamento base e no morro do careca (a cerca de 50 minutos de caminhada do acampamento em uma bifurcação a esquerda ao lado da placa que indica o inicio da trilha). Depois só no topo, em uma nascente afluente do riacho passa quatro no trecho de chapadão. A nascente está escondida e fica praticamente do lado do inicio da subida do pico do marinzinho, bem a leste. -> Se for fazer a travessia para o Itaguaré, saia da base do Marins até no máximo 7:30. Em um ritmo relativamente forte, leva-se entre 7 a 8 horas da base do Marins até a base do Itaguaré já incluindo as paradas para descanço pelo caminho e também nos picos da Pedra redonda e Grutas. Então, se quiser chegar no Itaguaré ainda de dia para poder montar a barraca com calma e ainda curtir o por do sol, esteja subindo o pico do Marinzinho antes das 8:00. Com isso, você estará chegando na base do Itaguaré entre 16:00 e 17:00hs. -> Na descida do pico do Marinzinho em direção a pedra redonda, há algumas cordas fixas para auxilio da descida. A corda mais recente que colocaram lá é a vermelha. Teste ela e as demais para ver se está bem firme antes de utiliza-la. Use as demais para prender e descer a cargueira, se for o caso. No geral, dá para descer tranquilamente ali, mas em caso de ventos fortes, mta atenção ali, pois o vento pode te desequilibrar. No horário que passei ali, o vento estava mto forte e o equilibrio ficou prejudicado, por isso optamos por tirar as cargueiras e desce-las utilizando uma das cordas, por medida de segurança. -> Procure chegar na Pedra redonda em um tempo máximo de 3 horas e meia desde a base do Marins. Se levou mais tempo que isso, terá que apertar o passo, exceto se acampou na base do Marinzinho ou iniciou a travessia bem cedo mesmo (antes das 6:30h). Ainda assim, fique atento ao tempo de caminhada, se não quiser chegar ao Itaguaré no escuro. A trilha entre o pico das grutas e a base do Itaguaré tem trechos confusos e onde é necessário saltar de uma pedra a outra. Há um trecho inclusive que é necessário tirar as mochilas para passar por uma fenda e uma outra que precisará tirar novamente a mochila e iça-la por cima das rochas, para então ter que se arrastar por baixo delas até o outro lado. Se não quiser ter que passar por tudo isso a noite, mantenha um ritmo bom ou acampe em uma das clareiras na base da Pedra redonda ou grutas, terminando a travessia no dia seguinte. -> Não há água em todo o trecho da travessia, só no sopé do morro da baleia (inicio da subida do Marinzinho) e na base do Itaguaré. Atente-se a isso. O riacho da base do Marins (que fica mais a direita e é caminho para quem sobe até o cume do Marins, não é confiável e está poluída, portanto não recomendo beber dessa água nem com clorin) Eu levei 2 litros + 1 de gatorade para a travessia da base marins até o Itaguaré. Na subida do Marins, pode-se economizar no peso subindo com 2 litros e e deixar para recarregar nos poções da pequena nascente que fica a poucos metros do inicio da subida do morro da baleia, esse que compõe a subida em direção ao Pico do Marinzinho. Essa nascente é afluente daquele riacho na base do Marins que está poluído, mas nesse trecho ele está bem acima e a água é de boa qualidade. No 1º pernoite, se for utilizar essa água para lavar as mãos, panelas e etc, colete a agua necessária e lave as panelas ou as mãos longe da fonte, para não contaminar a nascente. -> Não se preocupe em procurar o local onde fica a água na base do Itaguaré. A trilha passa obrigatóriamente pelo vale onde fica a nascente. E a mesma fica próxima da area de acampamento, então não tem erro. -> No cume do Itaguarezinho (morro que fica a direita para quem vem da travessia), há vários locais de acampamento protegidas e é um ótimo lugar para acampar e ver o nascer do sol logo pela manhã. Há uma trilha bem aberta que sai da principal entre a area de acampamento e o riachinho que leva diretamente até o cume. Em menos de 10 minutos, se atinge o cume. -> No cume do Itaguaré não há areas de acampamento e a trilha da travessia não passa por ali. Apenas há uma bifurcação que sobe até o cume e interliga com a da travessia, que vem bordejando a encosta direita do Pico. -> Combine previamente com o responsável no acampamento base Marins como será feito o resgate na base do Itaguaré, se optar por ir de carro e deixar lá.Caso optem por ir de onibus ou queiram voltar por Passa quatro/Cruzeiro, acrescente mais 4 a 5 horas de pernada pela estrada de terra até a rodovia, onde há linhas de ônibus regulares para essas cidades.
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