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  1. Bivaque Minha mulher comprou um saco de bivaque na França, na tradicional Vieux Campeur, encomendado por mim. O Survival Bivy Lite da RAB é levíssimo, 200 gramas. Depois de 10 anos fazendo trekking resolvi testar o bivaque. A vantagem é que não levamos o peso da tenda. Meu menisco do joelho direito agradece. Assim resolvi desencanar um pouco desta questão de dormir num bivaque. O pessoal diz brincando que bivouac, origem da palavra bivaque, é um termo francês que significa sofrimento. Psicologicamente sempre achamos que estamos mais protegidos se temos a fina parede plástica de uma tenda entre nós e a natureza, quando dormimos. Proteção do frio, da chuva, dos insetos, dos répteis, dos roedores,...Vamos deixar a lista por aqui. Isto é relativo. A onça que rasgou a tenda e devorou um pescador no Pantanal não conhecia esta teoria de que a tenda é mais segura (um caso raro porque o pessoal cevava as onças para vender pacotes turísticos). Na travessia do Villarica, Chile, peguei uma ventania na qual talvez estivesse mais seguro em um saco de bivaque. Assim rumei para Cocalzinho, 130 km de Brasília, para testar o saco na travessia Cidade de Pedra - Cachoeira do Rosário, num trekking solo fácil. Cheguei sábado meio-dia e deixei o carro no sítio de uma senhora conhecida. Rumei para a Cidade de Pedra e visitei algumas formações rochosas que não tinha visto num trekking anterior com o amigo Renato. Alguns paredões são usados pelo pessoal de escalada para treinamento. Tem pedras com 4 ou mais vias. No caminho avistei uma siriema. Formações rochosas ótimas para bouldering. Encontrei inclusive um lugar perfeito para um bivaque sob as pedras. Mas lá não tinha água e minha reserva estava pouca. Não dava para ficar. Na volta, para tomar o rumo do local onde queria bivacar, me perdi entre o labirinto de rochas. Só quando passei a usar a bússola, encontrei a saída. As vezes confiamos demais na memória visual e acabamos indo em outra direção. Mas foi bom. Apesar do atraso conheci outras formações rochosas. Peguei uma chuva mas o poncho deu conta dela tranquilo. Este poncho, vcs verão adiante, é também a cobertura do bivaque, se ameaçar chover no acampamento. Segui e fui para um córrego com mata ciliar que já conhecia. Depois de um total de 5 horas de caminhada (incluindo Cidade de Pedra) cheguei no ponto. Escolhi um local com uns lajeados de pedra bem retos, ideal para botar o isolante e o saco de bivaque. O porém é que não estava distante da margem do riacho (a água podia subir até lá) e uma chuva forte poderia provocar uma cascata de água descendo pelas lajes até o ponto que escolhi. Mas a previsão não era de muita chuva. Armei a barraca primeiro. Eu levei por segurança uma tenda. Como não tenho experiência, caso desse algo errado com o bivaque, eu teria uma opção. Armar o bivaque é brincadeira. Apenas estendi o isolante e a mochila, enchi o isolante inflável Therm-a-rest e joguei por cima o bivy, que já tinha dentro dele o saco de dormir e o liner. Deixei preparado um poncho de silnylon, que poderia usar para cobrir o bivaque, se começasse a chover. O Survivor só aguenta 1.000 ml de coluna d'água. Não suporta um pé dágua muito intenso. Tratei de tomar um banho. Uma sopa de missoshiro esquentou depois . Não precisei toalha, não estava frio. Vesti um underwear e fui dormir por volta de 7:30 horas, após botar repelente no rosto e nas mãos. Embora estivesse superconfortável, demorei um bocado para dormir. Aquela espectativa: será que os insetos vão incomodar, etc... O meu bivy só tem uma abertura por onde se entra nele e é a mesma que deixamos o rosto de fora. Um cordolete ajusta o diámetro. Temos que vestir primeiro o liner, o saco de dormir e depois entrar no bivy. Após algum tempo deitado tirei o saco de dormir. O bivy retém muito do calor corporal. Dormi a maior parte da noite só com o liner (um Reactor da Sea & Summit). Durante a noite fez algo entre 17 e 19º C. Só perto de amanhecer, quando faz mais frio, é que joguei o saco por cima, sem vestí-lo. Usei o saco durante a noite como almofada para os joelhos, porque durmo de lado e um joelho sobre o outro costuma doer. Nenhuma pertubação de insetos e outros bichos, noite tranquila. Levei até um chapéu com mosquiteiro para usá-lo durante o sono, mas não foi necessário. Dormi pouco a noite, mais por conta do psicológico. Mas é bonito olhar o céu e as redondezas da sua cama. Era noite de lua cheia e o clarão permitia divisar as proximidades. É uma coisa muito legal do bivaque. Só do meio da noite em diante é que precisei me enfiar mais dentro do bivy. A regulação da temperatura é basicamente o quanto do seu corpo é coberto pelo saco de bivaque. Meu modelo, na busca do menor peso, não tem ziper. De manhã, quando fui desmontar a barraca (uma Zolo da Doiter de um só tecido) me espantei com a quantidade de condensação dentro dela. O ar frio da noite esfriou a umidade dentro da barraca e deixou-a empapada. Talvez se tivesse dormido dentro dela meu calor corporal não deixasse a umidade condensar. Não tive nenhum problema de condensação no bivaque. O material - Pertex Endurance- dizem que tem muita respirabilidade. Só com mais uso posso afirmar se é bom. Mas passou num primeiro teste. Foto do saco de dormir + liner enrolado dentro do saco de bivaque. Para comparação de tamanho, ao lado minha bota. Casa e cama juntos. Não é uma economia de peso? Vou levá-lo sempre que for acampar em lugares frios. Ele aumenta bem a temperatura de uso do saco de dormir e pode representar a diferença entre morrer ou sobreviver numa emergência (tenda rasgada numa tempestade, por exemplo).
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