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Olá amigos viageiros! Aqui vai o relato de minha visita à Chernobyl! Mais detalhes lá no: www.profissaoviageiro.com Para me seguir lá no Insta… Instagram: @profissaoviageiro Só um aviso, se apagar a luz você vai perceber que esse relato brilha no escuro!!! Visitar Chernobyl foi algo sensacional! Um passeio único com muitas experiências diferentes e histórias da União Soviética que são incríveis! O que me levou a visitar um lugar desse? Aquilo é uma amostra do que aconteceria com a Terra se do dia para a noite os humanos simplesmente fossem embora daqui. A natureza voltaria a tomar conta do que é dela, engolindo a bagunça que deixamos para trás. Impressionante ver um lugar daqueles e ouvir tantas e tantas histórias do que rolou naquele lugar. Essa visita foi feita em 23/11/2017 Esse tour só é permitido com uma agência de turismo regulamentada. Existem algumas que oferecem o passeio. Não tem tanta diferença de uma para outra e a maioria delas oferece a opção também de passar a noite dentro da zona de exclusão. Bom, vamos lá… Para quem não sabe, em 26 de Abril de 1986 o reator 4 da Usina Nuclear de Chernobyl explodiu e causou o pior acidente nuclear do mundo até hoje. O governo soviético tentou esconder o ocorrido até que outros países da Europa, como a Suécia (beeeem longe de lá), por exemplo, perceberam que algo estava bem errado. Só aí eles admitiram o acidente. Tinha muita coisa acontecendo completamente fora do controle deles. Após alguns dias eles evacuaram as cidades vizinhas à usina e posteriormente criaram 2 áreas de exclusão. Em um raio de 30km da usina inicia a primeira área de exclusão. A segunda a 10km da usina, com uma contaminação bem pior. São tantas histórias insanas que escutamos lá que nem sei se consigo reproduzir todas aqui… Mas o negócio foi bem tenso. A usina ficava a menos de 3km da cidade de Pripyat, uma cidade modelo que a União Soviética usava como exemplo de como o patético regime socialista “funcionava muito bem”. O Governo sempre levava delegações de outros países para se hospedarem lá, tentando impressionar com a estrutura da cidade. Morar em Pripyat era muito bom mesmo. Segundo a nossa guia, lá surgiu o primeiro supermercado da União Soviética inteira e era o único lugar que o governo sempre abastecia para não deixar faltar alimentos e outros itens. Inclusive isso estava causando algum desconforto para os moradores de Pripyat, pois pessoas de outras cidades da União Soviética viajavam centenas de quilômetros para fazer compras lá, o que gerava filas intermináveis nesse mercado que se alongavam pelo meio da cidade! Como em todo bom regime socialista/comunista as pessoas não tinham nada em suas cidades e preferiam isso a passar fome ou necessidade de itens básicos. O governo demorou mais de 24 horas para iniciar a evacuação de Pripyat, e só fez isso quando a radiação já estava em níveis absurdos. O governo preferiu não falar a verdade para a população. Os moradores foram informados que a evacuação era temporária e por isso alguns não levaram muito mais do que a roupa do corpo… Nunca mais voltaram para casa. Por isso que ainda se vê muitos itens pessoais nas casas do jeito que foram deixados a mais de 30 anos atrás. As histórias do que se refere ao controle do acidente, como conter as chamas do reator e isolar a radiação, são bizarras. As pessoas ainda não entendiam muito bem os efeitos da radiação. Esse trabalho foi feito por voluntários e membros do exército (que não tinham muita escolha). Impossível imaginar que algum deles saiu sem sequelas desse trabalho. As pessoas responsáveis por esse trabalho receberam o nome de Liquidadores. Diziam que a radiação era tão forte que até a cor dos olhos mudava nos trabalhadores que ficavam dentro da usina depois de algumas horas de trabalho. Máquinas chegavam a quebrar devido a exposição da radiação. Foi algo absurdo! Bom, vamos à visita… O Tour começa em Kiev logo cedo. Pegamos uma van e vamos em direção norte. O primeiro check point é para entrada na zona de exclusão do raio de 30 Km. Temos que parar, descer e sermos identificados pelos membros do exército que ficam lá. Dentro dessa parte da zona de exclusão a radiação ainda não muda muito no ar. O principal problema está no solo. Durante todo o tour não podemos apoiar nossas coisas no chão, encostar em plantas ou qualquer outra coisa. Vamos então parando em alguns vilarejos no caminho para ver o que sobrou deles. Basicamente todas as casas que eram feitas de madeira foram demolidas e enterradas. Não é possível descontaminar madeira, então o jeito foi demolir e enterrar. As de alvenaria ainda estão de pé. Existem alguns cachorros soltos dentro da zona de exclusão que são alimentados basicamente pelos turistas e trabalhadores de lá. Também existem muitos outros animais soltos, inclusive se não me engano lá é um dos poucos lugares do mundo que existem cavalos selvagens. Eu não vi nada além de cachorros e pássaros. Aqui as tábuas de madeira foram arrancadas. Aparentemente até boas tábuas de madeira não era fácil de conseguir, então elas podem ter sido tiradas para serem reutilizadas em outro lugar. Outra explicação é que as pessoas na época não colocavam seu dinheiro no banco, pois o justíssimo sistema socialista poderia confisca-lo sem grandes explicações. Então as pessoas escondiam o seu dinheiro em baixo do piso de suas casas. Como durante a evacuação muitos saíram correndo e nem levaram seus pertences, algumas pessoas voltaram paras as casas abandonadas e tentavam achar dinheiro em baixo dos pisos para roubá-lo. Paramos em umas 2 ou 3 vilas antes de chegar na cidade de Chernobyl. Lá até que está conservada, porque as pessoas que trabalham dentro da zona de exclusão usam Chernobyl como base, além do hotel que se pode passar a noite também ficar lá. Então é um visual um pouco diferente do que se vê no resto do passeio. Chernobyl até que está “arrumadinha”. A foto está péssima, mas esse é um monumento onde cada uma das vilas dentro da zona de exclusão está representada por esses círculos. Na verdade o resto do monumento está atrás de mim. Aqui estão os nomes de todos os moradores de Chernobyl que tiveram que deixar a cidade durante a evacuação. Nosso almoço foi servido aqui, no refeitório de uma “pousada”. Não se pode comer nada ao ar livre aqui. Toda a comida que é servida tem que vir de fora da zona de exclusão. Só por garantia deixei meu medidor de radiação (Contador Geiger) ligado do lado das coisas que estava comendo! Depois do almoço fomos tirar umas fotos com os uniformes e equipamentos do pessoal da nossa agência. No meu tour também estava incluído dirigir o carro deles, um Lada top de linha que um Ucraniano que estava no passeio contou que um modelo daquele na época da União Soviética tinha fila de espera de até 20 anos!!! Viva o socialismo!!!! Bom, pisaram na bola e não teve o rolê no Lada. No final do tour eu reclamei formalmente sobre isso. Mas pelo menos tirei umas fotos no carro! Bom, depois disso que começa a parte mais tensa do passeio. Entrando dentro da zona de exclusão do raio de 10Km. Mais um lugar que temos que sair do veículo e o pessoal do exército de novo confere um por um. Desse ponto para frente a radiação no ar já aumenta, e sobe muito em determinados lugares. Muito mesmo! Vamos em direção a Pripyat, fazendo algumas paradas no caminho. Esse é um lugar bem famoso, onde sempre vemos fotos sobre Chernobyl. Aqui era uma escola primária. É um dos lugares mais tristes de se visitar. Depois paramos em um lugar já pertinho de Pripyat onde conseguimos ver os reatores da usina que estavam em funcionamento e também do outro lado os 2 outros reatores que estavam sendo construídos. Essa imensa estrutura metálica é o sarcófago novinho em folha que serve para conter a radiação do reator 4. Ele foi construído para substituir o primeiro sarcófago que havia sido construído para durar 30 anos. Esse novo sarcófago foi criado para durar 100 anos e o que eles esperam é que até lá já se tenha descoberto novas formas de conter essa radiação de uma forma mais eficaz e definitiva. Com o conhecimento e tecnologia de hoje, acho que isso era o melhor que dava para fazer! Aqui dá para ver as chaminés dos outros reatores… O 1 e o 2, da direita para a esquerda, são essas chaminezinhas lado a lado com uma chaminé grande entre eles. O 3 está dentro dessa casinha e o 4 dentro do sarcófago. Aqui as obras nunca terminadas dos reatores 5 e 6. Chegamos então na entrada de Pripyat! A cidade foi inaugurada em 1970 e evacuada em 1986. Tinha aproximadamente 48.000 habitantes na época. Quando entramos na cidade é algo realmente muito louco. A guia ia mostrando as fotos de como era a cidade e nós vamos vendo como está agora… É impressionante! Esse que é o primeiro supermercado da União Soviética! Vamos entrando em diversos prédios com muito cuidado para não cair em um buraco ou o piso ceder com a gente em cima. Aqui material político dos soviéticos!!!! Imagina entrar em um lugar desses de noite!!!!!!! Esse era o ginásio de esportes da cidade! Fomos então para o famoso parque de diversões. Essa é a roda gigante que nunca foi utilizada. Sua inauguração estava marcada para alguns dias após o acidente nuclear. Hoje ela é um dos grandes símbolos de Pripyat e ninguém nunca deu uma volta nela! Essa aqui é a avenida principal da cidade… Assistimos um vídeo dentro da van de como era isso aqui antes… Não dá para acreditar que estamos no mesmo lugar! Aqui era um outro complexo esportivo. Depois disso fomos para o ponto mais próximo do reator. Ficamos a 300 metros de distância da usina que causou o maior acidente nuclear da história!!!!!! Isso é muito louco!!!! Quando saímos de lá passamos pela área mais contaminada por radiação do planeta terra: A Red Forest. Eu realmente não queria que nossa van quebrasse alí! Quando estamos chegando perto, a nossa guia sem falar nada só liga o medidor de radiação dela e fica mostrando para nós. Meio que sem entender muito todo mundo deixa o próprio medidor ligado… De repente ela começa a fazer a leitura e todos os alarmes dos nossos medidores começam a apitar… E ela vai lendo… Dois ponto três… Cinco……. Doze……… Quatorze………. Dezessete…….. Dezoito……… Vinte e dois……….. E o negócio não parava de subir… Isso tudo no meio daqueles alarmes tocando sem parar. Foi insano! Só como referência, uma radiação considerada “normal” é de 0,1 nessa unidade que nossos aparelhos mediam. Mas foi tudo muito rápido. De repente já tínhamos passado a Floresta Vermelha e tudo voltou ao normal! Pena que ela não avisou antes e preferiu fazer o mistério, se não teria filmado isso! Sério, foi bem louco! Mas foi bacana também o suspense!!!!! Isso porque estávamos dentro da van. O veículo protege muito da radiação. As diferenças que eu media de dentro para fora da van eram imensas nos lugares que descíamos. Mesmo dentro das casas o nível de radiação já caía bastante. Eu fico imaginando a radiação desse lugar, mesmo mais de 30 anos depois do acidente….. De lá partimos para a última grande parada do tour… Uma antena! Mas não era qualquer antena… Era a DUGA, ou DUGA 3! Essa anteninha foi construída com propósitos militares em um esquema ultra secreto do governo soviético. O local nem endereço tinha e na estrada que levava até o local da antena eles tentaram dar a impressão que se tratava de um local de acampamento estudantil. É como se aqueles filmes de espionagem começassem a ganhar vida! Para eles aquela história toda era muito real… Realmente se alguém descobrisse aquilo, ia ser difícil de convencer que era só uma anteninha tentando captar uma rádio de sertanejo universitário aqui no Brasil, por exemplo!!!! Olha o ponto de ônibus perto de lá com um ursinho desenhado! A entrada era só esse portão, para não chamar muito a atenção. Essa antena também ficou conhecida como o pica-pau russo, pois causava interferência de rádio em ondas curtas com um som parecido de um pica-pau por todo o hemisfério norte! Algumas teorias de conspiração achavam que eram os russos tentando entrar na mente das pessoas!!! Na verdade ela servia (ou deveria servir) para identificar lançamentos de mísseis de países inimigos a uma longa distancia, dando tempo de se prepararem para sua defesa. Aparentemente ela não funcionava muito bem, dando alarmes falsos, por exemplo, o que não deixou o pessoal de lá nada satisfeito, uma vez que o custo para construir aquilo foi algo estratosférico! Eu é que não queria ser o responsável pelo projeto em uma hora dessas !!!!! No final das contas o que eles deixaram foi uma estrutura bem bonita e imponente, ainda mais em um dia ensolarado de outono!!! Essa placa de radiação é só enfeite… O local não possui contaminação especialmente significativa! Aqui a nossa guia e o atual guardião da antena! Mesmo sendo Outono estava muito frio e já nevava bastante por lá. Após as instalações ultra secretas do governo soviético, foram só mais duas paradas rápidas…. Uma para ver algumas máquinas utilizadas no trabalho de isolamento do reator na época da explosão: E um monumento em homenagem aos liquidadores e bombeiros que foram responsáveis por todo o trabalho de combater o incêndio e conter a propagação da radiação: Depois disso só paramos nos check points para medição de radiação em nosso corpo e roupas… Eram máquinas muito velhas! Espero que estivessem funcionando bem e não deixaram eu voltar para casa com um tênis cheio de radiação! E foi isso! Foi assim meu dia em Chernobyl. Um dia cheio de experiências, histórias e aprendizado! Valeu demais o passeio!!!!!! Nota 10!!! Se alguém tiver alguma dúvida ou quiser alguma dica, é só falar! Abraço!!!!! Felipe www.profissaoviageiro.com Instagram: @profissaoviageiro Enjoy Chernobyl… … Die Later!
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Acho que um dos pontos altos em minha vida foi ter colocado os pés nesse lugar, e com meus próprios olhos ver o que possívelmente será do planeta quando nós, humanos, partirmos dessa para melhor. Chernobyl é mesmo um local único e assustador. A vegetação descontrolada e livre, as paredes caindo, vidros quebrados, portas arrebentadas e objetos pessoais deixados para trás. Não apenas isso, Chernobyl é uma oportunidade única de vivenciar uma era congelada no tempo, a era soviética. Vamos aos fatos: • Chernobyl é o nome de uma pequena cidade (agora fantasma) localizada no norte da Ucrânia, muito perto da fronteira com a Bielorrússia. Próximo dali foi construída, ainda na antiga União Soviética (URSS), uma central nuclear. A cidade próxima deste local, e que de fato sofreu com a tragédia, é um pouco menos conhecida, e leva o nome de Pripyat. Ainda que não muito grande, em Pripyat viviam cerca de 50 mil pessoas, quando em 1986 um teste na usina deu errado, e um dos reatores colapsou, liberando altíssimas doses mortais de radiação por toda a área! Após o acidente, 3 dias depois as pessoas tiveram que sair às pressas de suas casas, por odem do governo, sem nem mesmo saber o motivo. Muitos pensavam que voltariam após alguns dias. Mas não foi bem isso o que aconteceu… Conhecendo o inimigo: a radiação Existem 3 tipos de radiação, conhecidas como radiação alfa, beta e gama. Os dois primeiros tipos são partículas sem muito poder de penetração, e que são barradas por poucos milímetros de proteção, como chumbo. A radiação gama, por outro lado, tem altíssimo poder de penetração, sendo necessária por vezes uma placa de chumbo de até 10 cm para contê-la. Por esse motivo, a primeira recomendação no tour é: UTILIZE ROUPAS QUE CUBRAM TODO O CORPO! Utilize camisas de manga longa, calças compridas e um calçado fechado, como bota. É óbvio que isto não barra toda a radiação incidente, mas pelo menos dos dois primeiros tipos você estará “a salvo”. Mas não se preocupe! O tour é seguro e bem feito. Na verdade, mesmo em uma radiografia (raio-x) ou um voo de longa duração recebemos uma certa dose de radiação. Então vai sem medo e curta esse lugar peculiar! Como chegar a Chernobyl? Simples: com um tour! Esta é a única maneira legal de se entrar na área. Apenas agências de turismo autorizadas e credenciadas pelo governo ucraniano têm permissão para realizar esta atividade. Em geral, todos os tours partem da capital ucraniana, Kiev. Na minha ida contratei o tour de 1 dia da companhia Chernobyl Tour (https://chernobyl-tour.com/english/). Na altura, fui no mês de agosto (alta temporada) e paguei cerca de USD 100,00 por todo o processo. Neste preço estava incluso o transporte de ida e volta, autorização para entrar na área e guia. Por falar nisso, a guia do tour era muito bem informada e prestativa. Sem dúvidas recomendo esta empresa. Feito isso, pé na estrada! Chernobyl possui 2 zonas de exclusão, uma de 30km e uma de 10km, contados a partir do marco zero, ou seja, a usina nuclear (ou o que sobrou dela). Cada uma das zonas é um posto de controle, vigiado pelo exército ucraniano, e este será seu primeiro contato com o local. Logo na primeira zona, a de 30km de distância, a van parou e descemos todos para que fosse feita a verificação dos passageiros. Nesse momento, checaram nossos passaportes e tudo mais, incluindo a autorização da agência para realizar esta atividade. Detalhe: brasileiros não precisam de visto para visitar a Ucrânia Passado pelo primeiro controle, seguimos em frente, agora já dentro da zona fantasma! Digo fantasma, pois desde o acidente em 1986, não há mãos humanas que façam a manutenção do local, e assim a natureza foi tomando conta. Prédios e casas foram abandonados, sofrendo com o tempo. Abaixo, uma foto de um antigo mercadinho soviético que ali existiu. Nem produtos, nem pessoas, nem nada. Só as marcas sombrias do que um dia foi uma próspera civilização. Quando estava lá, por vezes me sentia mesmo em outro lugar. Um cenário pós-apocalíptico, talvez. É realmente impressionante! Continuando o caminho pela estrada, chegamos na entrada da antiga cidade de Chernobyl! Sabe o que é interessante? Ainda moram pessoas lá!!! Cerca de 500 trabalhadores estão morando nesta cidade. Estas pessoas estão encarregadas de, em turnos, construir o novo galpão de contenção de radiação da usina, pois o antigo está vazando. Certamente estes são trabalhadores mais bem pagos, por razões óbvias. Ainda assim, como disse, no acidente a cidade de Pripyat foi muito mais afetada, pois está mais próxima da usina, e é para lá que seguimos. Após andar mais um pouco com a van, chegamos na última fronteira, a zona de exclusão de 10 km. Deste ponto em diante é terminantemente proibido passar a noite. Nesta área a radiação é de fato muito maior do que na cidade de Chernobyl em si! Difícil de acreditar, mas Pripyat é mesmo o local mais afetado, embora o acidente leve o nome de “Chernobyl”. Aqui as coisas ficam estranhas! Não são apenas casinhas e supermercados abandonados, é uma cidade inteira! Uma cidade inteira, com ruas, prédios, avenidas e praças tomadas pelo tempo. Uma história que está aos poucos se apagando com o passar dos anos. Vazio, apenas. Só se ouve o vento. O vento que corta os vidros quebrados das janelas. Na escola, ou o que sobrou dela, não se aprende mais nada. Livros espalhados pelo chão e cadeiras velhas apodrecendo nos dão uma aula importante da nossa fragilidade perante a natureza. Nas paredes da escola, o antigo sonho soviético de conquistar o espaço vai desbotando na solidão. A partir daí estávamos andando a pé, explorando a assombrosa e quieta cidade de Pripyat. Nos deparamos com uma antiga creche abandonada, que sem dúvidas é um lugar peculiar. Quando você pensa que está só, tem sempre uma boneca velha malvada te espreitando. Ou mesmo um coelhinho de pelúcia que às pressas foi deixado para trás. Continuamos nosso caminho, e aos poucos vamos encontrando ruas e paredes que perderam a batalha nesta cidade. Na cidade, um dos locais que mais marca presença é um antigo parque de diversões, que sequer chegou a ser inaugurado. Estes brinquedos nunca viram a diversão. Na frente, um campo de futebol que já não mais vê partidas e momentos de descontração. Em alguns lugares, o medidor já nos dá os alertas dos perigos. Obs: este contador pode ser alugado no tour por cerca de 6 ou 7 dólares, e no final do dia você ganha um certificado de visita constando a sua dose de radiação recebida. (Um belo de um souvenir para colocar na parede!) Seguindo em frente, entramos em um velho prédio. Lá, uma cena arrepiante: máscaras de gás utilizadas pelos corajosos heróis que prejudicaram suas vidas tentando conter a radiação. Ao fim do tour, passamos em frente à usina nuclear, que deu origem à tudo isso. Uma oportunidade de registrar o momento único na vida. Ao final do dia, voltamos em direção à van e regressamos para Kiev. Chernobyl é um lugar a se conhecer, e seguindo as instruções de segurança é seguro. Há, de fato, radiação, mas nada tão absurdo se vc evitar determinados lugares por lá. Na verdade, recebemos muito mais dose de radiação em uma viagem intercontinental de avião, do que em um tour por aquela região. Podem ir tranquilos. Por fim, fica aqui uma imagem que traduz este relato.