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Quando falamos de viagens e lugares para se conhecer, normalmente nos vem à mente belas paisagens, gastronomia e lugares abarrotados de turistas (muitas vezes barulhentos). Mas nem sempre lembramos que viajar também é conhecer a História e vivenciar lugares, os quais nem sempre trazem um passado glorioso. Este é o caso de Dachau, o campo de concentração construído pelos nazistas Leia mais… http://www.gotravel2live.com/europa/alemanha/dachau-o-campo-de-concentracao-alemao-que-serviu-de-modelo-nazista/
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CAMPO CONCENTRAÇÃO DACHAU Acessível através de carro desde Munique aproximadamente 20 m. TRAM desde Munique aproximadamente 40 m Parque estacionamento: 3 Euros http://www.Kz-gedenkstaette-dachau.de Plano do Campo Concentração de DACHAU Em visita a Munique , este era um dos locais que considerava imperdíveis não só pelo carga histórica que comporta mas também porque é viver um Passado muito Presente. Assim e para ter tempo de recuperar caso fosse necessário decidimos que DACHAU seria a primeira paragem. Como poderão constatar, muitas das fotos estão a preto e branco. A razão pela qual decidi tratá-las assim tem a ver com uma pequena homenagem que gostava de fazer a todos aqueles que pereceram neste campo. Fotos a preto e branco estão ligadas ao passado e à dor, fotos a cores têm a ver com o DACHAU presente e com a esperança de que o que ali se passou não se volte a repetir. O Campo de Concentração de DACHAU foi inaugurado em 22 de Março de 1933 após a chegada dos primeiros prisioneiros e apenas algumas semanas depois de Adolf Hitler ter sido nomeado Chanceler. Foi assim o primeiro campo a ser construído pelo novo governo nazista e foi descrito por Heinrich Himmler como sendo “o primeiro campo de concentração para prisioneiros políticos“ A primeira maquete do Campo de Concentração. Era assim em 1933 Durante o 1º ano de funcionamento teve 4.800 prisioneiros sendo a sua maioria alemães comunistas, sindicalistas e outros adversários políticos do regime. Este campo serviu de modelo para outros campos de concentração, sendo que mais tarde foi a “Escola de Violência“ dos homens das S.S Durante os doze anos da sua existência, mais de 200.000 pessoas provenientes de toda a Europa estiveram presas aqui ou em campos secundários. Numa lista que se encontra no museu pude observar que estiveram aqui presos 4 portugueses. O edifício onde se situa a entrada principal do campo chama-se “JOURHAUS“ e além de entrada principal do campo foi também utilizado para os escritórios dos oficiais e pessoal das S.S. A entrada no campo é feita através de um pequeno túnel protegido por uma porta com barras de ferro e onde está inscrito (como em todos os campos) a frase “ARBEIT MACHT FREI“ ou seja “O trabalho liberta“, através da qual todos os novos presos entravam no campo . Esta porta separava os presos do mundo exterior. O lema “ARBEIT MACHT FREI“ reflectia a propaganda alemã de tentar banalizar perante os estrangeiros os campos de concentração querendo dar a ideia de que se tratavam de campos de “trabalho e re-educaçã “. Também se pode considerar que se tratou de um lema das S.S que implementava o trabalho forçado como método de tortura e como uma extensão do terror no dia a dia de um campo de concentração Em 1933, Theodor Eicke foi nomeado Comandante do Campo de Concentração. Foi ele que desenvolveu o plano organizativo e legal que seria mais tarde aplicado a todos os campos de concentração. Foi também dele a decisão de dividir DACHAU em duas áreas distintas: o campo de prisioneiros, rodeado por uma grande variedade de instalações de segurança e torres de vigilância; e de uma outra zona onde se situavam os edifícios administrativos e os quartéis das S.S Mais tarde quando foi nomeado Inspector Geral de todos os campos, Eicke estabeleceu DACHAU como modelo para todos os outros campos e também como escola de assassinato das S.S No inicio de 1937 as S.S. iniciaram a construção de um enorme complexo de camaratas utilizando o trabalho forçado dos prisioneiros. Esta construção foi terminada em 1938 e permaneceu inalterada até 1945 , mostrando assim que DACHAU esteve em pleno funcionamento durante todo o período de duração do Terceiro Reich. Os primeiros prisioneiros eram opositores políticos ao regime nazi, comunistas, sociais democratas , sindicalistas e membros do partido conservador e do partido liberal. Os primeiros presos judeus foram enviados para DACHAU por oposição política ao regime e não por perseguição étnica. Nos anos seguintes novos grupos foram deportados para DACHAU entre eles homossexuais, ciganos, testemunhas de Jeová e também sacerdotes. Na noite de 10 para 11 de Novembro , a chamada “Reichskristallnacht“ (“Noite dos vidros quebrados“) mais de 10.000 judeus foram aprisionados em DACHAU. A partir de Março de 1939, a agressão nazi que agora se dirigia também a outros países europeus, originou a chegada a DACHAU de prisioneiros de guerra provenientes da Polónia , Noruega, Bélgica, Holanda, França, etc. Os prisioneiros alemães tornaram-se assim numa pequena minoria sendo que o grupo mais importante correspondia aos presos Polacos e Russos. Hoje em dia, a fantástica exposição que retrata a história do campo de concentração está situada no chamado “Edifício de Manutenção“. Este edifício tem também o seu lado histórico pois além de diversos escritórios, armazéns, cozinha e lavandaria,era aqui que se situava o “ Banho dos Prisioneiros “ onde tiveram lugar os degradantes procedimentos para o registo de novos prisioneiros. Era aqui que o prisioneiro perdia toda a sua identidade como ser humano pois era despojado de toda a sua roupa, aneis, pulseiras, relógios, etc, mas mais importante era aqui que perdia a sua liberdade e a sua autonomia. Os banhos eram a ultima estação do procedimento de admissão. Rapavam a cabeça , eram desinfectados , tomavam duche , vestiam a farda de prisioneiro eram enviados para a respectiva camarata. Uma cerca de arame farpado electrificada , uma trincheira e um muro com 7 torres de vigia rodeavam o campo. Existia o que os soldados das S.S. definiam como zona de proibição e que consistia em um relvado antes da trincheira. Os prisioneiros sabiam que a entrada nesta zona constituía a morte pois os soldados posicionados sobre as torres de vigilância disparavam a matar. Muitos foram os prisioneiros que correram em direcção á zona proibida para que pudessem pôr termo ao sofrimento que lhes era aplicado. O Campo de Dachau estava dividio em 2 secções : a área das camaratas e a área do crematório. A área das camaratas era constituída por 34 blocos sendo que 32 se destinavam aos presos , 1 era destinado aos sacerdotes cristãos presos por se oporem ao regime e o outro estava reservado a “ Experiências médicas “ . As camaratas hoje existentes são uma réplica desses tempos. Mesmo assim ainda é possível imaginar as condições desumanas em que estes presos viviam. Não estavam autorizados a tocar nas camas dos dormitórios. Se após medição efectuada pelos guardas houvesse distâncias ou diferenças superiores a alguns milímetros todos os presos dessa camarata sofriam pesadas torturas. O número de camaratas destinadas a “ fins médicos “ foi crescendo ao longo dos anos chegando a alcançar 9 camaratas situadas no lado direito. A atenção médica no Campo era nula . Estas camaratas foram utilizadas pelos médicos das S.S. para efectuar experiências brutais em seres humanos. Ao regressar a DACHAU em 1955 o prisioneiro italiano Nico Rost recorda estas experiências : “ Ainda hoje , alguns anos depois da libertação , fico paralisado de medo quando passo no cruzamento do que antes era a camarata 3 .Esta era a camarata de presos que mais temia , era o reino do Dr. Rascher . As atrocidades que aqui foram cometidas ultrapassavam em muito todas as outras crueldades levadas a cabo em outros campos de concentração alemães. Os médicos abusavam dos prisioneiros indefesos . Aqui os prisioneiros eram colocados em água gelada até á congelação , eram efectuados transplantes de medula , ensaios de tuberculose , hipotermia e ensaios de novas drogas que terminavam numa morte agonizante depois de terríveis sofrimentos “ Em 1942 foi construída uma nova área de crematório pois o antigo já não dava para cremar todos os prisioneiros mortos neste campo. O novo crematório possuía já uma câmara de gás . Na construção do novo Crematório nada foi deixado ao acaso e num único edifício foram criadas 4 salas que em sequência permitiriam o extermínio em massa da população de prisioneiros. A primeira sala tratava-se de uma zona de desinfecção da roupa que era deixada pelos prisioneiros . Toda a roupa era tratada , desinfectada para ser posteriormente reutilizada. Na sequência das 3 salas seguintes , a primeira sala , designada como “ Sala de Espera “ , onde os prisioneiros eram informados que iriam “tomar duche “ , tal como a própria inscrição sobre a porta o indicava “ BRAUSEBAD “. Na realidade essa porta dava acesso á câmara de gás , de pequenas dimensões , com capacidade para cerca de 150 prisioneiros ( segundo informação no local ). A sala seguinte destinava-se á colocação dos cadáveres antes de serem recolhidos para serem cremados o que acontecia na sala contigua onde existiam 3 fornos . Na mesma área do crematório mas em zona separada , encontra-se o “ Antigo crematório “ de pequena dimensão e que já não dava saída a todos os mortos do campo. O número de prisioneiros em DACHAU entre 1933 e 1945 chegou a ultrapassar os 200.000. Foram assassinados cerca de 45.000 prisioneiros , mais uma quantidade grande que não estavam registados. De salientar que aquando da libertação do Campo de DACHAU pelas tropas Norte Americanas em 29 de Abril de 1945 ,foram ainda encontrados cerca de 30 vagões lotados com corpos em adiantado estado de decomposição. Na altura da libertação havia 67.665 prisioneiros registados . Destes 43.350 foram classificados como presos políticos , 22.100 como judeus e os restantes foram divididos em outras categorias. CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE DACHAU NO PRESENTE No topo do Campo existe uma escultura da autoria de Nandor Glid . Um esqueleto humano presta homenagem a todos os prisioneiros que num acto de desespero saltaram para a zona proibida. A morte no campo de concentração era comum e corrente. A escultura está demarcada nas laterias por dois postes de cimento que pertenciam á instalação de segurança que existia no campo. Foi acrescentado ao campo uma fila com a réplica do que seriam as camaratas . Ao longo da alameda que vai desde o edifício de manutenção até á zona do crematório , foram devidamente delineadas as posições das outras 34 filas de camaratas , sendo que cada uma está numerada. De forma a honrar as vítimas de diversas religiões que aqui pereceram ,foram construídas quatro igrejas e memoriais : A CAPELA DA AGONIA DE CRISTO Esta Capela foi o primeiro monumento religioso a ser construído no Campo pós a libertação. A sua inauguração oficial teve lugar a 5 de Agosto de 1960. A sua forma circular aberta simboliza o cativeiro de Cristo . A IGREJA EVANGÉLICA DA RECONCILIAÇÃO A Igreja protestante da Reconciliação foi inaugurada a 30 de Abril de 1967. Está situada abaixo do nível do solo do campo. Uma rampa conduz o visitante a uma entrada estreita e escura que depois se abre num pátio interior muito iluminado. No ponto onde as trevas e a luz se reúnem encontra-se uma porta de aço com a inscrição do salmo 17ª , “ Esconde-me sobre a sombra das tuas asas “. MEMORIAL JUDAICO Este memorial encontra-se á direita da Capela da Agonia de Cristo e foi inaugurado em 7 de Maio de 1967. A estrutura foi fabricada com lava de basalto negro e inclina-se em direcção ao solo como uma rampa. No seu ponto mais baixo existe um pátio onde através de uma pequena abertura no tecto entra a luz.No seu interior existe uma chama , a “ Ner Tamid “ ou seja “ A luz eterna “. CAPELA RUSSA ORTODOXA A Capela Russa Ortodoxa “ A Ressureição de Nosso Senhor “ está junto do forno crematório. É o monumento religioso mais recente e foi inaugurado em 29 de Abril de 1995. A Capela construída de blocos de madeira tem uma forma octogonal e está construída sobre uma pequena colina criada com terra da Ex União Sovietica. O seu ícono principal mostra Cristo ressuscitado que leva os prisioneiros para fora do campo. No chamado edificio de manutenção existe uma exposição permanente onde em cerca de 65 paineis , 5 videos e muitos objectos pessoais é contada a história real de DACHAU. Um espaço ímperdivel para quem pretende saber um pouco mais deste espaço cheio de mistério, cheio de terror, cheio de raiva e dor e um lugar onde a sensação da morte e sofrimento está sempre presente. Para mim foi um privilégio poder visitar este lugar e poder sentir e viver uma história muito recente, onde ainda se ouvem os ecos da xenofobia e da descriminação racial levada ao seu extremo. Ainda no "Memorial" tirei uma foto que para mim resume toda esta visita. A foto é esta: A mensagem que quero deixar para as gerações vindouras que poderão ler este report é: "Que a luz deste candeeiro seja capaz de iluminar o caminho daqueles que percorrem a alameda da paz e consiga manter ás escuras aquela torre de observação que quando aberta e funcional voltará a trazer a miséria , a dor e a morte." Frio, angustiante e arrepiante, foi assim que senti o CAMPO DE CONCENTRAÇÃO DE DACHAU. Visitem-no Abraço a todos João Paulo