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Buenas, Essa semana fui com um querido acampar na rooteira pelo centro-sul do RS. A ideia era passar por Caçapava do Sul, visitando a Pedra do Segredo e arredores, ir em alguma cachoeira por ali e depois rumar pro destino principal que era o Rincão do Inferno, que fica entre Bagé e Lavras do Sul. Saímos de Santa Maria na quinta dia 16 de janeiro de 2025 rumo a Caçapava no início da tarde, com planos de voltar no domingo. 1º dia: rumo a Caçapava do Sul, camping Galpão de Pedra (quinta, 16/1/25) Chegamos em Caçapava pelas 16h, dá uns 100 e poucos km saindo de Santa Maria. Fomos rumo ao Parque Municipal da Pedra do Segredo, onde se pode acampar a 20 reais por pessoa, mas chegando lá nos disseram que estava sem água e não poderiam nos receber pra passar a noite, só pra visitação. Como é um parque, tem horário de funcionamento e fechava às 18h, então achamos que não valeria a pena fazer alguma trilha nesse primeiro dia e ficamos de voltar no seguinte. Tava de fato uma seca bagual, as plantas todas murchas sofridas, o córrego do parque completamente seco, um solaço rachando. Fomos então pro camping Galpão de Pedra, que fica a menos de 2km na mesma estrada da pedra do segredo. Ali o camping custa 30 reais por pessoa, chegamos, ajeitamos nossa barraca em cima do morro embaixo de uma pitangueira, fizemos um fogo pra desenrolar um rango e ficamos por ali curtindo o visu. O pico possui uma estrutura comum, tem mesas, fogão, geladeira, pia, banheiro e banho quente. A família também vende doce de figo, faz pastel, tem uns refri e trago pra quem quiser comprar. Preferimos ficar na rooteira, cozinhando na fogueira lá pra cima. Foi uma noite bem agradável, ficou fresco e não passamos calor, o que foi muito bom. 2º dia: trilhando a Pedra do Leão, a Pedra do Segredo e indo rumo a Bagé (sexta, 17/1/25) Acordei era 6:59 com a sonzeira da galera cavando um poço artesiano, o fim da tranquilidade. Íamos fazer um fogo pra desenrolar umas torradas antes de seguir pra trilha, mas ficamos com preguiça tendo a possibilidade da comodidade de um fogão convencional, afinal, era a última vez que íamos usar um desses em alguns dias. Mas a cozinha era bem do lado de onde tavam cavando o poço, tava uma barulheira desgraçada, fizemos tudo rapidinho, voltamos pro acampamento pra desmontar as coisas, levar pro carro e daí seguir a trilha. Tem dois caminhos pra chegar na pedra do leão, um é indo por baixo, entrando pelo mato e indo pela frente da pedra, contornando ela pra subir, ou ir andando pelo campo subindo o morro, e de lá de cima ir direto pela parte de trás da pedra. Resolvemos ir pelo mato porque era mais perto e ainda íamos ir pra pedra do segredo depois, e além disso porque tava um solaço pra andar muito pelo campo e eu já tinha feito essa em outra ocasião. Iniciamos a trilha, ela é marcada por umas garrafinhas de água de 500ml com uma fitinha azul. Não é muito longa, nos disseram que dava mais ou menos meia hora, mas não cheguei a contar. Tem um trecho de mato e depois começa a caminhar por cima das pedras, quando não tem garrafinhas tem umas flechas de pedra dispostas no chão pra mostrar o caminho. No caminho tu contorna quase a pedra inteira até encontrar a parte mais tranquila de subir, que ainda assim é meio radical pra quem não tá acostumado. Tem alguns degraus de metal incrustados na pedra e depois uma corda pra se apoiar por mais um trecho, então é praticamente uma escalada no trecho final. Chegando lá em cima, a vista pra todos os lados entre campo nativo, florestas, afloramentos rochosos e alguns cultivos de oliveira e eucalipto. Uma pedra em específico que tu pode ver dali parece uma espiral, é super linda, talvez seja a pedra do ET mas não tenho certeza. Essa a princípio não dá pra subir, porque é outra propriedade. Passamos um tempo ali em cima tomando um solaço e apreciando a vista, depois descemos. Os planos eram fazer um almoço ali no fogão convencional, mas tava aquela sonzeira da galera cavando o poço... não aguentamos, pegamos nossas paradas e vazamos pra cozinhar no parque da pedra do segredo. A entrada no Parque Municipal da Pedra do Segredo é de 10 reais por pessoa pra passar o dia. Catamos a churrasqueira e desenrolamos nosso almoço na presença de um graxaim, nosso lobinho gaucho bem querido deitadinho ali perto nos observando. Então fomos pra tal pedra do segredo, que eu achei que era uma pedrona de subir assim igual a do leão, mas na real é um buraco na pedra, uma gruta que tu sobe e entra por uma lateral do morro, e dali pode observar a paisagem. Essa trilha é bem menor do que a do leão, mas bem mais íngreme. No caminho se passa pela entrada das trilhas pras pedras do sol e da lua, que não fomos, pela caverna da escuridão, logo no início, e pela gruta das estalactites, que tem umas paredes muito loucas de rocha sedimentar erodidas e umas estalactites pingando água (apesar da seca!!). Seguindo, chega perto da entrada do segredo da pedra, que tem também alguns degraus de metal pra escalar mas só uns três, e então tu entra numa gruta escavada pelo tempo, água e/ou vento. Visu muito lindo, fresquinho no caloraço do dia, ficamos ali descansando e mirando até pilhar descer de volta. Terminado esses passeios, seguimos rumo a Bagé pra buscar o Rincão do Inferno. São uns 70km, sendo uns 20 e poucos de estrada de chão beeem ruim, cheia de buraqueira, imagino que tenha piorado recentemente depois de toda a fita das chuvarada e enchentes no estado. Nos demos uma perdida, estávamos usando o google maps e ele não mostra a entrada atual mas sim uma antiga, mas dá pra saber pelas placas no caminho. Tem algumas escrito Rincão do Inferno e uma escrito Rincão dos Franco, é o mesmo lugar, só seguir. Chegando lá, uma bagualeza pra entrar na propriedade. Depois nos disseram que os carros sobem, mas ficamos na entrada da propriedade e entramos a pé. Encontramos uma primeira casa, do Nidinho, irmão do seu Alcíbio, o guardião do rincão junto com a dona Onélia. Ele nos levou até a casa do irmão. Pagamos 20 pila por pessoa, mas não é por dia, é pela entrada, então foi só esse valor pras duas noites que passamos ali. Ali é uma região quilombola, gente de bem e humilde que viveu a vida toda ali nesse pico isolado. Importante tratar com muito respeito e lembrar que não são pessoas que tão te servindo, não são empregados de um parque ou algum rolê turístico, mas os moradores históricos do lugar, que vivem ali sua vida de boa e agora recebem visitantes cobrando entrada por incentivo de alguns amigos pra complementar a renda. Eles são muito queridos e tratam a galera muito bem, encheram nosso galão de água e nos deram uma garrafinha de água gelada, trovamos um pouco, ele nos mostrou o caminho pra descida. Eu quase desisti de descer no dia, tava muito cansada e sabia que não ia ser fácil, queria dormir em cima, numa área de camping perto da casa deles, e descer no dia seguinte de manhã, mas meu parceiro de rolê me convenceu a descer. Descida bagualíssima, não é uma trilha fácil, pirambeira louca, escorregadia pela areia e pedras, com várias raízes, enfim, não é fácil mas não é impossível, fomos cheios de tralha pra passar nossos três dias no lugar que descobriríamos um paraíso. E, chegando lá embaixo, eu já podríssima, era de fato um paraíso. Vimos o fim do pôr do sol nas águas do rio Camaquã entre dois morros de pedra, um arenito conglomerático lindo, nós em umas prainhas de areia nas margens, um monte de jerivá e gravatá nascendo em cima das pedra na altura, tava tudo muito muito lindo. Montamos a barraca, desenrolamos nosso fogo, nossa janta, tomamos um banho no rio e soninho pra caminhar mais um dia. 3º dia: descobrindo o Rincão do Inferno (sábado, 18/1/25) Acordamos no silêncio daquele pico selvagem. Logo chegou um outro cara que ia passar ali o fim de semana, nos disse que há 20 anos frequenta o lugar, nos deu várias dicas de por onde ir pros lugares, umas cavernas e grutas, nos contou um pouco da história e do que tem por ali pra ver. Fizemos uma trilha pelo mato até a caverna que ele disse, ela vai entrando e diminuindo de tamanho, dá pra ir indo agachado por bastantinho, mas não quisemos seguir muito não. Voltamos pelo rio, por cima das pedras, e paramos no acampamento dele pra trovar mais um pouco. Tava muito quente esse dia. Como era sábado, várias pessoas chegaram pra passar o dia. Pensei na trabalheira que é descer e subir só pra ficar o sábado, mas na real trabalheira maior é descer cheio de tralha pra acampar duas noites. Ouvi algumas das pessoas dizendo que é lindo, mas não iriam de novo pela dificuldade. Resolvemos subir pra ver o pôr do sol lá de cima, pra buscar comida que já não tínhamos nada pra cozinhar de janta e pra tomar uma cerveja, que o seu Alcíbio vende na casa dele. Tínhamos pensado em, no dia seguinte, acordar tranquilos e subir pelo fim da manhã, pra almoçar na estrada indo embora, mas devido à canseira da subida resolvemos que teríamos que acordar cedo porque o solaço dificulta muito a trilha, calor demasiado, não precisávamos passar por isso. Enfim, lá em cima o seu Alcíbio tava tocando violão pra uma rodinha de visitantes, ficamos ali pra ouvir. Vimos o pôr do sol e descemos outra vez, todo mundo já tinha ido embora, estava só nosso vizinho de camping que nos convidou pra comer um peixinho frito que ele tinha pescado uns dias antes. Rangamos com ele e fomos dormir. 4º dia: voltando do Rincão pra Caçapava, conhecendo a Cascata do Salso (domingo, 19/1/25) Dito e feito, acordamos cedinho pra organizar tudo, tomar um último banho, nos despedirmos do rincão e subir ainda com o sol não tão forte (mas não fraco) da manhã. Passamos um tempo conversando com o Alcíbio e a Onélia, dois queridos, e partimos. Íamos pra Caçapava do Sul de novo, pro Parque Municipal da Cascata do Salso, que fica perto do aeroporto, mas como precisávamos abastecer o carro desviamos do caminho mais fácil e fomos pra Lavras do Sul. De aí seguimos estrada, o google maps guia direitinho pra essa cascata do salso. Tava um calorão, estávamos loucos pra outro banho. A cascata tem uma trilha curta que passa por uma casa abandonada onde funcionava essa hidrelétrica (a cachu também é chamada de cascata da usina), e contornando a casa tu pode ver a cascata, uma queda d’água com um pocinho e uma pequena prainha de areia. Tinha uma galera, umas duas família, uma fazendo churrasco antes da trilha e outra lá embaixo tomando banho, como fica bem pertinho da cidade parece ser bastante frequentado. Isso se nota também por ter um pouco de lixo jogado. Pilhamos esse banho, mas a água não parece das mais limpas. De qualquer jeito tava delicioso pro tanto que estávamos suados e queimados de sol. Ceguinho o curso da água tem uma represa, com um poção mas não nos animamos a entrar, eu que tenho medo de água jamais entraria, é grande e parecia fundo, além disso de não ter achado a água muito limpa. Última parada do rolê, aproveitamos um pouco ali a cachu e seguimos rumo de volta a Santa Maria. Foi tudo muito lindo, umas paisagens incríveis, já conhecia Caçapava mas é sempre bom voltar pra esses lugares lindos e de outro jeito (eu só tinha ido com a universidade pra fazer trabalho de campo, nunca pra acampar e curtir). Já o Rincão do Inferno é um pico absurdo, muito maravilhoso, foi ótimo acampar lá, completamente solitários cozinhando no fogo de chão e tomando uns banho numa água quentinha e deliciosa. Recomendo muito essa trip, pra quem curte um acampamento roots e ficar olhando paisagem e explorando matos e cavernas não vai se arrepender. De gastos, além da gasol e da comida que levamos, pagamos 30 pila por pessoa no Galpão de Pedra, 10 por pessoa na Pedra do Segredo, 20 por pessoa no Rincão do Inferno e a cascata do salso é de graça. Ao todo deu 120 pila pra nós dois. O latão de brahma no seu Alcíbio tava 6 pila, a água eles dão de graça, mas tem mineral pra vender também caso alguém prefira. Disseram que eles fazem almoço e janta pros visitantes se tu pedir e combinar antes, mas não cogitamos essa opção. De resto, só alegria e muitas boas memórias.
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