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No começo de maio/2024 realizei minha segunda viagem internacional – havia passado 1 mês em Londres em outubro/2022, e dessa vez, como já tinha mais experiência, resolvi passar 1 semana explorando o Chile com minha mãe e uma amiga. Ficamos 3 dias em San Pedro de Atacama e após, ficamos 3 dias em Santiago, e sinceramente, essa foi a pior escolha que fiz: depois de conhecer o Atacama, Santiago ficou parecendo a cidade mais sem graça existente rsrsrs Foi uma viagem incrível, e quero muito contar minhas experiências para vocês neste post! O trajeto para SPA é longo – precisa-se pegar um avião até Santiago, de lá pegar outro avião para Calama e então um transfer (melhor opção, na minha opinião) até SPA – o que dá uma distancia mais ou menos parecida com Campinas-São Paulo. No planejamento de minha viagem, decidi que iria comprar o transfer assim que chegasse em Calama – li na internet que no aeroporto não havia internet, então fiquei com medo de acontecer algum problema com minha reserva (como o voo atrasar, etc) e não ter internet para resolver, e resolvi deixar para comprar no aeroporto. Ledo engano, Letícia... Chegamos no aeroporto no meio da madrugada, por volta das 2:30h, e ao chegar no guichê já tivemos um problema para entender o espanhol (meio rápido demais para meus ouvidos), e, quando conseguimos entender o que o atendente dizia, percebemos de que não haveria mais transfers no dia! A única opção seria pegar um dos taxis superfaturados do aeroporto. Saímos do saguão para o forte frio do outono no Atacama (que, como saímos de uma forte onda de calor de Campinas, foi bem chocante) e não havia nenhum taxi à espera. Ficamos meio perdidas por uns 10 minutunhos, até que um carro adesivado de taxi, porém bem estranho, apareceu. Como era nossa única opção, partimos nessa aventura hehehe Ao entrarmos no carro e passarmos o endereço de nosso hostel, o motorista partiu, fechou todos os vidros e espirrou algo no carro. Nós, 3 mulheres totalmente totalmente indefesas, com toda nossa bagagem no porta malas do carro, ficamos meio assustadas. Minha amiga perguntou do que se tratava, e era apenas um perfume, o taxista só queria tornar a viagem mais agradável Abrimos nosso mapa com o caminho, só para verificar se o motorista estava indo para o lugar certo, e fomos. O deserto de madrugada é louco. Tudo totalmente escuro, você só ve algumas poucas silhuetas de morros ao redor da estrada, e o céu superestrelado. Passamos por uma fazenda de energia eólica no caminho, que também foi inesquecível: todas as “torres” (não sei o nome correto) piscam simultaneamente uma luz vermelha, o que me deu uma impressão de que estávamos no meio de um exército de alienígenas (minha criatividade estava bem aflorada na época hahahahhaha). Ao chegarmos próximo a cidade, o taxista mudou o caminho. Nosso GPS mostrava que devíamos ir para a esquerda, e o motorista foi à direta. Ai começou nossa segunda emoção em menos de 2 horas: cada ruela sem asfalto, sem postes e sem nada que o motorista entrava, o medo aumentava. Diversas vezes, no meio do caminho, apenas uma casa se encontrava acessa com um carro aberto na frente. Nessas horas, nós nos olhávamos e percebíamos que todas estávamos com os mesmos olhares, de “é agora que esse cara enfia a gente nesse carro e nos sequestra”. No fim, o taxista nos deixou certinho em nosso hostel e foi embora, cobrando exatamente o valor que havia cobrado. Agora é engraçado lembrar desses fatos, porém passamos um belo medo hahahaha Eu sou do time “viva a experiência” quando estou viajando, então escolhi uma hospedagem meio diferente: ficamos em um “glamping”, em um hostal chamado “Caminandes”. Eu achei incrível! Se trata de barracas de acampamento super equipadas, com camas box, luz, aquecedor e ventilador. Do lado de fora ainda existem algumas redes e caideiras para passar o tempo apreciando a paisagem do deserto. A única coisa “meio pá” que achei foi que, de madrugada, o deserto é MUUUUITO frio, porém o hostal oferece muitas cobertas, porém “viva a experiência”, né 😊 O Atacama é incrível. Fiz todos os passeios com a agencia “We Love Chile”, que achei muito boa. Eles tem uma agência fixa na rua Caracoles, a mais turística da cidade, e sempre que precisar eles estão lá. Paguei os passeios por volta de R$250,00 cada, o que no momento do pagamento achei meio caro, porém após ir em todos, afirmo: pagaria muito mais, pois vale. (Apenas um adendo, hoje em dia, caso eu fosse novamente, deixaria para fechar todos os passeios na cidade, com as agências da cidade. Eles sempre tem algumas promoções para sair no mesmo dia, que geralmente saem mais baratas do que comprando antecipadamente) Todos os passeios estavam inclusos um piquenique no local, o que foi ótimo para economizar com comida. Mesmo os que dizem que não estão com refeições inclusos, você sai bem satisfeito e pode economizar com um almoço ou jantar. Fizemos no primeiro dia o passeio do “Vallecito”. Originalmente iríamos para o Valle de la Luna, porém por conta de uma tempestade de areia, o parque fechou e tivemos que realizar a troca. A princípio, não fiquei muito feliz: Vallecito era um dos passeios que eu estava com menos vontade de fazer, afinal, vou pagar 250 reais para ver um ônibus abandonado?? Ledo engano2 Que passeio surreal! A guia que nos acompanhou foi incrível, ir nesses passeios com alguém contando a historia do lugar, a historia da formação das cordilheiras, é incrível. Não aconselho ninguém a ir nesses lugares por conta própria, pois, boa parte da graça desses lugares é conhecer a história da formação. Subimos em cima de montanhas que podíamos ver a cordilheira inteira, fomos ver a maior pedra de sal do mundo, e então fomos ver o ônibus. Após, fizemos um piquenique delicioso no meio do deserto, fala se não é uma experiência única? No fim do passeio, a van nos deixou no fim da rua Caracoles, e voltamos apé para o Hostal, o que achei muito legal pois lá é onde a vida acontece, porém não sei se esse é um ponto legal para todo mundo. Como estávamos hospedados nessa rua, foi bem fácil chegar na nossa hospedagem, porém não sei como as pessoas que estavam em localizações mais longes fizeram para voltar. De noite, fomos ao passeio “Astronômico Experience”, onde vi o céu mais estrelado da minha vida. Fui em época de lua nova, ou seja, a visão das estrelas estava surreal. Conseguimos ver a via láctea a olho nú, uma névoa no meio do céu, uma coisa que nunca vou esquecer. E as fotos estavam inclusas no passeio! E claro, um piquenique sob as estrelas para encerrar a noite. No dia seguinte fomos ao passeio “Piedras Rojas”, que, na minha opinião, foi o melhor. Senti o maior frio da minha vida lá, peguei até o gorro emprestado do guia de taaaaaaaanto frio que senti, mas meus amigos, que paisagem. Lá, você vê um misto de pedras avermelhadas, com um lago claríssimo e montanhas nevadas ao fundo, uma coisa que você só consegue ter as dimensões vendo ao vivo. Neste passeio fiz amizade com uma senhorinha de 71 anos que estava viajando sozinha para lá. Foi com a cara e a coragem enfrentar 4000 metros de altitude pela paixão por viagens! Infelizmente não me lembro de seu nome. Depois de sairmos das Piedras Rojas, paramos ao lado da “via infinita” para almoçar. A equipe do passeio estendeu algumas cadeiras e nos serviu um prato de arroz, PTS com massa, salada e vinho, no local da placa do trópico de capricórnio! Mais uma experiência única hehehe Saímos de lá no dia seguinte com um gostinho de “quero mais”. 3 dias naquela cidadezinha definitivamente não são suficientes para aproveitar tudo o que ela tem a oferecer. Com certeza retornarei novamente para ir nos passeios que não fui, e de quebra conhecer o Salar de Uyuni, que é pertinho. Para não me prolongar mais ainda, vou escrever em um comentário aqui abaixo a continuação, da minha perspectiva de Santiago Obrigada por lerem até aqui!
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Galera, comecei meu mochilão pela América do Sul em 2017 e durante um ano só faltou equador pra conhecer... fiz todo o trajeto de carona, usando Couchsurfing e gastando praticamente só com a minha alimentação. Compartilhei aqui alguns relatos inclusive... Hoje eu moro no atacama, ele realmente me atrapou. hahahaha Trabalhei em mais de 10 agencias aqui, recebi varias pessoas que me mandaram mensagem pelo site do mochileiros e hoje eu faço meu trabalho sozinha, monto cronograma e gestiono os passeios com operadores de acordo com a qualidade do serviço que cada um oferece de melhor Como todo mundo sabe, tem muita agência aqui, existem umas mais conhecidas e outras locais que não se encontram em pesquisa na internet, mas que são tão boas quanto (ou até melhores). Se você estiver vindo pra cá e quiser ajudar uma mochileira hahaha, fala comigo E claaaro, a gente sai pra tomar um café ou uma cerveja quando chegar por aqui. deixo meu WhatsApp, meu insta e o site que saiu do forno agorinha e que eu to no maior orgulho. 😁 whatsapp: +56971477844 Insta: @jevalcazara Site: https://www.atacamaporjevalcazara.com
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Bom dia mochileiros! Quero compartilhar com vocês aqui minha viagem realizada de 29/06 a 07/07 para o Chile. Ao final pretendo adicionar algumas fotos e valores então vamos lá. Observação: os valores que eu informar basta dividir por 153 para obter o valor em reais que eu paguei. 29/06 Meu rolê até chegar em Calama foi um parto pra falar bem a verdade kkk. Essa viagem eu fiz comprando todos os trechos separados, no entanto o trecho Floripa até Santiago foi uma maratona: Florianopolis > Congonhas Congonhas > Santos Dummont Santos Dummont > Galeão Galeão > Santiago Santiago > Calama Cheguei em Santiago super cansado eram 2 da manhã, não fui selecionado para fazer o teste aleatório do PCR e fui direto para imigração onde o guarda apenas perguntou de qual voo eu vim e aonde estava indo, super-rápido e tranquilo. Consegui achar uma sala da lounge key para poder dormir um pouco e comer, mas confesso que não deu para descansar muito não porque o tempo máximo de estadia é de 2hrs então usei 1hr pra dormir e o restante para comer. Santiago é um aeroporto frio e barulhento, para dormir nele é um caos. Peguei meu voo para Calama as 9hrs da manhã e cheguei perto das 11hrs. Lá eu já havia reservado o transfer Pampa com a agência de passeios chamada Araya. Então assim que peguei minha bagagem na saída as cias de transfer estavam todas esperando no desembarque e lá estava uma moça do transfer pampa com meu nome na relação de passageiros. Já paguei ida e volta 24.000 CLP assim que cheguei em San Pedro de Atacama fui resolver as burocracias que seriam pagar os passeios nas agências que eu havia escolhido, trocar dinheiro nas casas de cambio (consegui uma cotação de 153. Cada R$1 vale 153 pesos) e o mais importante: Me alimentar e dormir! Foi uma pena porque eu cheguei no dia de São Pedro a cidade estava em festa, mas eu estava com uma puta amigdalite e muito cansado para aproveitar a festança. O hostel que fiquei hospedado foi o hostal Mamatierra a mais ou menos uns 10 minutos da caracóles (rua principal do centrinho de San Pedro) um hostel muito bom, limpo, a proprietária falava português o que facilitou bastante a comunicação. O café da manhã sempre tinha ovos ou panqueca feitos na hora, além de salada de frutas, pão e um monte de coisa para passar no pão (Nutella, pasta de amendoim etc.) eu podia encher minha garrafinha de água no hotel e com isso economizar uma média de 1.200 CLP por litro de água mineral. 30/06 Vallecito e Lagunas Escondidas (Araya) Esse foi meu primeiro passeio, eu estava meio acanhado por estar sozinho, mas não demorou muito para os brasileiros que entraram na van dessem uma animada e logo começou o falatório, em pouco tempo estávamos todos entrosados. O guia foi espetacular paramos um instante do lado de um paredão de rocha e sal, ele nos pediu para fazer um minuto de silencio na qual era possível ouvir a estrutura estalando 😮 coisa de louco. É nesse passeio que tem aquele famoso ônibus abandonado no meio do nada e é nas lagoas escondidas que a concentração de água é tão grande que a gente literalmente não afundamos. Vale a pena comentar que a paisagem é linda demais as lagoas têm uma cor azul esverdeada cristalina, andamos por uma passarela de madeira cerada de rochas misturadas com sal uma coisa difícil de explicar. Esse passeio contou com um lanchinho ao pôr do sol próximo a última lagoa e alguns copos de uma sidra bem gostosa que o guia chamou de “suco de malícia”. A noite fomos todos cantar num karaokê que tem num pub chamado Lola, foi muito especial dividir palco com os chilenos, enquanto eles cantavam as músicas deles, a gente mandava de CPM22 até Michel Teló. Esse passeio custou: 85.000 CLP 01/07 Valle Arco-iris e Garganta Del Diablo (Araya) Esse passeio foi uma verdadeira viagem na geologia do deserto, nossa guia nos explicou o porquê das cores das montanhas, a origem das rochas que formam o vale arco íris, passamos pelos petróglifos do povo atacamenho onde eram retratadas a existência de animais, como lhamas, vicunhas, raposas-andinas (que chamam de zorro) entre outros. O passeio finalizou regado a frutas e um aperitivo feito com cream cheese shoyo e gergelim torrado, uma delícia! o vinho foi um tinto carmenere. Como eu tinha a tarde livre combinei com um casal que conheci durante o passeio para pedalarmos pela garganta do diabo, no vale do Catarpe. O guia desse passeio talvez tenha sido o mais apaixonado pela história do povo atacamenho e o que explicou com mais efusão como os Incas o território de San Pedro e logo foram subjulgados pelos espanhóis. Foi uma verdadeira aula de história olhando a história de perto. Para concluir esse passeio escalamos em torno de uns 300metros para termos uma vista 360 graus do vale do Catarpe e do imponente vulcão Licancabur. Os passeios custaram: Bike: 38.000 CLP Vale arco-iris: 35.000 CLP 02/07 Laguna Cejar (Atacama Magic) Passei a manhã livre dando rolê no centro da cidade, que é muito pequeno e praticamente resumido a rua Caracóles, mas eu precisava de uma bota descente para o que estava por vir e de uma jaqueta dessas insulated, para servir de opção de segunda camada. Na Caracóles há somente 3 lojas onde é possível comprar esses tipos de roupas/acessórios que é a Adidas Terrex (uma fortuna tudo), a Ricon del viajero (não tem muitas opções) e a RFK (que foi nessa que eu comprei minha bota da Columbia, no entanto nessa tinha poucas opções para o meu tamanho) saiu uns R$ 200 mais barato do que se eu comprasse no Brasil. Bota Columbia impermeável – 90.000 CLP. Os mercados são super pequenos e não tem muita opção de snacks e bebidas, o melhor que encontrei foi o Valimports que fica próximo da saída da cidade numa transversal que fica no final da caracóles, lá encontrei vários vinhos interessantes, garrafas de pisco e até vinhos de 2 litros nessas caixinhas de papelão longa-vida. A tarde tive meu primeiro passeio com uma agência local, a Atacama Magic. Fomos para laguna cejar e ojos del salar em 3 brasileiros e o resto do grupo eram chilenos. Esse passeio foi muito especial pelas amizades que fiz e também porque decidi entrar na água gelada e salgada da lagoa que fica no meio do deserto de sal e tive a experiência da flutuação (e do frio congelante também), vimos flamingos e tivemos uma explicação de como se formaram essas lagoas de sal e sobre o porquê de termos a impressão de estar cercado pelas cordilheiras. Depois fomos visitar os ojos de salar perto do final da tarde, que são literalmente buracos no meio do deserto em formato de cone, são formados pelos rios subterrâneos e são imensos! Mais uma paisagem linda para a conta. E para fechar com chave de ouro tivemos nosso café da tarde regado a muito pisco sour em frente as cordilheiras dos andes iluminadas pelo dourado dos últimos raios solares do dia, comemos bem, demos muitas risadas com nosso grupo de chilenos, uma lembrança que vou guardar com muito carinho. Esse passeio com as entradas dos parques custou um total de 55.000 CLP 03/07 Tour Astronomico (Space Obs) O meu tour para pedras rojas e lagunas altiplânicas foi cancelado por conta do parque onde estão situadas as lagunas altiplânicas ainda está fechado, então acabei ficando com a manhã e a tarde livre. Digo de passagem que não ter nada para fazer em San Pedro é meio chato. Combinei com um brasileiro que conheci no dia anterior para trocar e ideia durante a manhã e depois almoçar, fomos naquela sorveteria Babalu (que é conhecida por ter os sabores de sorvete exóticos), lá provei um sorvete de chañar (uma frutinha da região) bem gostoso. Comemos empanada do empório andino (melhor empanada que comi na viagem). As empanadas custam uma média de 2.300 a 2.700CLP. O sorvete com duas bolas (simple) custa 2.500. A noite era o dia do meu tão esperado tour astronômico, escolhi a Space Obs porque li aqui no blog que era uma agência especializada em astronomia e que tinha os maiores telescópios e um tour ser mais técnico, voltados aos nerds kkkkk. Fomos num grupo de 3 brasileiros 1 casal norte americano 1 casal francês e 1 indiano. Confesso que fiquei meio desapontado por não conseguir ver o céu tão nítido como a gente vê nas fotos, e pelo fato do local aonde fomos ainda dava para ver postes de luz e carros da cidade. A guia Valeria (que deu um show de explicação e tinha um inglês muito fácil de compreender) me explicou que vários fatores faziam com que o céu não estivesse nítido o suficiente, como o fato da lua estar crescente já ilumina muito o céu, o fato de estar cedo ainda tem resquícios de raios solares na atmosfera. Fizemos a observação a olho nu de alguns objetos como a lua, nebulosas planetárias, aglomerado de estrelas, sistema binário de estrelas etc. Pode parecer inicialmente frustrante ter que ter que espremer o olho para conseguir enxergar esses objetos, mas só de pensar que o céu está lotado de estrelas e galáxias e ali a gente consegue ver essas maravilhas a distancias absurdas torna a observação amadora mais nobre e vale sempre aquela reflexão em relação ao que somos nós diante da grandiosidade do espaço. O tour dá direito a uma foto perto de um dos telescópios, que em contato com conhecidos que fizeram o tour com outras agencias achei a foto da space obs bem fraquinha por sinal. O custo do tour astronômico é de 40.000 CLP 04/07 Ruta de Salares (Atacama Magic) Sei que é redundante falar, mas o tour dos salares é um dos mais bonitos, está no meu top 3 passeios. Começamos com café da manhã na frente do vulcão Licancabur a 3500m depois vamos para a lagoa diamante (que fica congelada no inverno) a 4500m de altitude, foi sem dúvida o momento mais frio da minha viagem. A força do vento e a baixa temperatura me obrigaram a usar meu cachecol como uma balaclava. Deveria ter investido numa pescoceira ou ter usado uma das máscaras que tinha na mochila para não receber o vento gelado direto na minha garganta. Em seguida vamos passar próximo a fronteira da Bolívia, e paramos nas formações rochosas gigantes que a guia nos explicou que os geólogos divergem entre eles, uns falam de um processo evaporatório e outros falam de um depósito de sedimentos que fez com que essas rochas tivessem essa disposição vertical. Uma coisa é certa, pela erosão dos ventos, talvez logo não tenhamos mais essas belezas para admirar. Em seguida visitamos mais duas lagoas que ficam literalmente no meio do nada, ainda tinha neve que caiu no início do mês de junho, simplesmente não derreteu! O passeio finalizou com um almoço no restaurante La picada del índio, aquele famoso por ser bom bonito e barato (e é mesmo). O custo do tour é de 50.000 CLP 05/07 Geysers del Tatio / Valle de la luna (Araya e Atacama Magic) O passeio dos geiseres é o que sai mais cedo, as 5hrs a van da Araya passou no hostel para me pegar. Fomos em 7 brasileiros, a galera tava meio sonolenta e com frio não foi tão animado como os demais passeios. Chegamos lá no parque geotérmico a -6 graus, consideravelmente quente em vista da temperatura que o pessoal estava relatando nos últimos dias (coisa de -15 graus). O frio é de doer, apesar de eu ter me vestido em camadas (superior: segunda pele de inverno, fleece e anorak, inferior: segunda pele e calça) não foi o suficiente! Tive que colocar mais uma calça moletom por cima da jeans e mais uma meia por baixo da meia térmica. A altitude deixou uma menina do nosso grupo muito mal então tivemos que parar por várias vezes porque ela estava zonza e não conseguia andar direito. O gêiser é mais um espetáculo da natureza e é impressionante aqueles que são cíclicos, pois eles obedecem ao ciclo certinho de 5 em 5 minutos para entrar em erupção. As bactérias que se formam próximo a saída da água colorem o redor do gêiser, lindo demais. Tomamos café no topo do parque com vista para os gêiseres (o café esfriava em segundos, era só sair da térmica kkkk). Saindo do parque geotérmico fizemos várias paradas por mais paisagens maravilhosas, vimos vicunhas, viscachas e alguns flamingos. Vimos lagos semi-congelados rodeado de uma vegetação amarela, que serve de alimento para fauna local. A tarde meu último passeio em San Pedro foi o Valle de la luna que dá para fazer até de bike, pois fica super próximo da cidade. Lá passamos por várias formações rochosas, dunas, rochas chamadas de evaporitas que são constituídas de sal (lá que tem uma formação bem conhecida chamada as três marias), a guia era brasileira e falava um espanhol bem fácil de entender (por conta do sotaque português). Ambos os guias dos passeios foram os mais fracos, não conseguiam engajar o grupo e não tinham o conhecimento e paixão dos guias dos passeios anteriores. Custo dos passeios: Geyser del tatio: 60.000 CLP Valle de la luna: 35.000 CLP A noite tomamos várias cervejas num bar chamado Chelacabur que mais parece um pub irlandês, muito rock, som alto, galera cabeluda, tipo clube de moto Harley Davison. Estava passando jogo da libertadores e assim que o Atletico Mineiro fez um gol no Emelec a gente levantou da mesa e começou a gritar gol (ainda bem que o Emelec não é chileno :D). Depois fomos todos bebaços comer na picada del índio (porque fim de rolê de bêbado sem lanche não rola kkk) 06/07 No meu último dia em San Pedro reservei para comprar algumas lembrancinhas para alguns amigos próximos, como estava no esquema “travel light” não pude trazer muitas bebidas na minha mala de 10kg pois ela somente com minha bagagem já estava com 9kg então as cervejas que comprei para dar de presente acabei tendo que fazer o sacrifício de bebê-las esperando o transfer para calama. Cheguei em Santiago e ai posso assumir aqui para vocês que fiz a maior idiotice dessa viagem, que foi me hospedar no Holiday inn (por conta do medo de passar algum perrengue e pela praticidade de estar no aeroporto) além de ter me custado uma fortuna, o hotéis.com fez a cobrança da diária antes de eu fazer o checkin (e eu havia optado por pagar na acomodação) e chegando no hotel me foi cobrado uma diária de “garantia” que até o momento não foi estornado do meu cartão. Já liguei 3x no hotel, já entrei em contato por email, twitter e a situação não foi resolvida. Paguei US$144 2x praticamente, acompanhe para cenas dos próximos capítulos (emoticon do whats chorindo). Achei que 8 dias somente para San Pedro foi mais que suficiente, poderia ter sido menos até. Talvez se eu fizesse o salar do Uyuni esses 8 dias seriam a conta perfeita, mas tive vários momentos ociosos que tive que me virar com as pessoas que conheci durante a viagem, ou até fazer igual uma paulista que conheci que foi somente com a passagem de ida para o deserto e resolveu o que ia fazer por lá (totalmente espírito livre). O deserto faz a gente ficar pensativo, a imensidão das paisagens, ver os vulcões, as cordilheiras, a dinâmica da natureza (exemplo, os ventos que levam sedimentos de rochas da cordilheira de domeyko para formar dunas no valle de la luna, os salares que são formados pela evaporação da água, as luzes do por sol que iluminam as cordilheiras mesmo após o sol desaparecer do horizonte). Essas coisas me fizeram por diversos momentos, parar de tirar fotos, olhar respirar, agradecer, pensar como eu era privilegiado de estar ali e poder ver aquilo com meus próprios olhos. Mais fotos dessa viagem vão estar no meu insta @eduretxt, um abraço e boa viagem a todos!
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Ola amigos, eu e minha namorada vamos sair de floripa rumo ao deserto do atacama, passaremos 2 dias la e depois vamos a santiago, e por ultimo a bariloche, antes de voltar pra casa, a gente quer uma dicas de onde vale e nao vale a pena ir, vamos dia 30 de maio, e voltamos dia 15 de junho
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San Pedro de Atacama de de carro (Saindo de Porto Alegre)
arthurmoraes postou um tópico em Perguntas Rápidas
Olá. Estou planejando uma viagem de carro no mês de maio até San Pedro de Atacama. Quero aqui, dicas de quem já foi, e também se cinco dias é o suficiente para visitar os locais que coloquei na listinha abaixo. A minha ideia é fazer a maioria dos passeis com meu próprio carro, com isso, já salvei mapas e orientações de como chegar e entrar nos parques. Até chega lá o meu roteiro está assim: Porto Alegre > São Borja (pernoite) > Saenz Penha (pernoite) > San Salvador de JuJuy (pernoite) > San Pedro de Atacama (5 dias?). Lembrando que só eu dirijo, por isso, vou parando. ROTEIRO: Pesquisei bastante e cheguei a estes locais aqui, e quero pedir dicas de vocês porque a maioria farei sem agência. E se vocês acham que consigo fazer tudo em cinco dias. O que posso fazer no mesmo dia? SEM AGÊNCIA - COM MEU PRÓPRIO CARRO - LAGUNAS ALTIPLÂNICAS, PIEDRAS ROJAS E SALAR DE ATACAMA - LAGUNAS ESCONDIDAS (Baltinache) - VALLE DE LA LUNA E VALE DE LA MUERTE - LAGUNA CEJAR - TERMAS PURITANAS (pode ser descartado) - LAGUNA CHAXA (pode ser descartado) APENAS VIA AGÊNCIA: - GAYSER EL TÁTIO -SALA DE TARA - TOUR ASTRONÔMICO Muito obrigado.- 23 respostas
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Olá! Alguém sabe dizer se em Calama ou San Pedro do Atacama no Chile existe à venda OXIGÊNIO INDIVIDUAL em spray do tipo Oxishot que é vendido no Perú??
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Bom dia, viajantes Estou programando uma viagem para o Atacama em Abril. Tenho dois filhos, uma de um ano e um de dois anos. Gostaria de saber se alguém teve experiência de viajar com bebês para altas altitudes. A princípio fomos liberados pela pediatra e vamos observar alguns cuidados extras na aclimatação. No entanto, para cruzar a cordilheira dos andes (de carro) a variação de altitude é grande...sairemos de 2000m de Purmamarca e cruzaremos a cordilheira chegando a um pouco mais de 4000m e depois chegar em San Pedro. Alguém já fez esse trajeto com crianças? Gostaria de saber como foi a experiência e quais cuidados extras tomaram... Obrigada pela troca de experiência!!
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Olá mochileiros, vou fazer o mochilão Chile-Bolívia-Peru em janeiro. Vou começar visitando o deserto do Atacama, depois irei para Ayuni, aí gostaria de saber qual seria a melhor opção de deslocamento de Ayuni até Cusco (Machu picchu) sem ser um voo direto entre essas duas cidades, já que o preço é bem salgado KKK). Também vi na internet uma opção de deslocamento por meio de onibus que não sei se é seguro, alguém que já fez esse trajeto poderia me ajudar?
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Preparativos pré-roteiro Minha passagem para Santiago foi pela Latam, saindo de Guarulhos 23h10. Como o voo chegaria de madrugada em Santiago, reservei uma hospedagem que não ficasse longe do aeroporto, para onde fui usando o táxi oficial que tem guichê no saguão do aeroporto. De maneira geral, os blogs de viagem informam que não é indicado pegar Uber no aeroporto, já que o serviço não é autorizado na cidade. E eu também havia lido que pegar táxi na rua também não seria bom negócio, porque é muito comum os taxistas darem golpe em turista, seja com confusão no troco, seja com cobranças além do negociado. Peguei Uber algumas vezes na cidade e não tive nenhum problema. Os passeios a partir de Santiago deixei comprados antes de partir em viagem. Pesquisei muitos sites, alguns com preços bem parecidos, e as agências que escolhi vou colocando no detalhe do dia específico em que fiz o passeio. A princípio, várias agências fazem a venda pelo website ou mesmo por Whatsapp, algumas ofereciam desconto quando pagamos por PIX (5%). De modo geral, achei o preço dos passeios bem salgadinhos, daí para circuitos cobertos pelo transporte público, fiz por conta própria usando Google Maps no celular e o vale transporte. Através do metrô da cidade dá pra visitar bastante lugares, basta comprar previamente o cartão específico, chamado ‘tarjeta BIP’, que é vendida no guichê das estações. A gente compra o cartão e já pede um valor em crédito, de acordo com a estimativa de uso para o período que a gente vai precisar. Inicialmente pedi a soma de 10 mil pesos, considerando o preço do cartão e o crédito inserido nele, que deu para quase uma semana de andanças. O valor da passagem pode variar de acordo com o horário que a gente usa. Na maioria das vezes que peguei, o metrô estava cheio, mas achei bem eficiente e me orientei sempre pelo Google Maps para saber a plataforma correta de acordo com o destino. Para os passeios em San Pedro de Atacama, eu havia pesquisado agências online e também vi que os valores eram bem caros. Em alguns blogs informava que na cidade tem bastante agências na rua principal e disponibilidade imediata, sendo mais fácil entrar em algumas para conferir os preços praticados. Foi o que fiz e os preços locais foram menos onerosos do que pela internet. Para a expedição a Uyuni, alguns relatos informavam que muitas agências terceirizam o passeio, sem muito critério da qualidade do serviço. Li blogs de viagem que recomendavam algumas agências, mas nem sempre era unânime. Peguei referências, cheguei na empresa Denomades e fiz uma reserva prévia pelo website deles, que cobram uma parte do valor online e o restante é pago na agência local que eles informam após a compra. Para câmbio, levei dólares e euros que eu já tinha e troquei na calle Agustinas, no centro perto do Paseo Bandera, onde tem muitas casas de câmbio que já divulgam a cotação em painel externo. Os valores eram bem próximos, às vezes com uma diferença irrisória, dependendo do montante a ser trocado. As empresas que eu havia anotado e que fiz a troca foram Afex e JM Cambios, que foram indicadas por outros viajantes. Para a maior parte dos gastos na cidade usei o cartão da Wise, que pedi um certo tempo antes da viagem. Ele funciona como uma conta internacional multimoeda, que a gente transfere de real para a moeda da nossa escolha usando o aplicativo, com a vantagem da cotação ser menor do que em banco ou em casa de câmbio, com spread bancário mais baixo. De maneira geral, o cartão foi aceito na maioria dos lugares, foram poucos lugares que ele não passava, daí é bom verificar antes ou ter outra forma de pagamento para não ter problema. O chip para celular é fácil comprar no comércio em geral. Comprei o da Movistar pertinho da hospedagem, em um mercadinho, por mil pesos, e já incluía 2GB para uso de internet. Foi bem fácil instalar, não precisou de dados pessoais, só coloquei, reiniciei o aparelho e já tava funcionando. Para compra de recargas de saldo, os mercadinhos também vendem, assim como bancas de jornal, farmácias... Onde comprei a recarga, só aceitava pagamento em dinheiro em espécie, en efectivo. Para quem vai a esses lugares na época de seca, é recomendável levar colírio e hidratante para pele e lábios, porque a umidade é excessivamente baixa e pode irritar a pele e os olhos. Na expedição a Uyuni, a gente deve iniciar cada dia com suprimento de água para o dia inteiro, já que nem sempre há comércio pelo caminho, mas as pousadas vendem garrafas grandes, só o preço que é elevado. Se usar muito o celular, é bom ter um carregador portátil para não ficar sem bateria antes de chegar na hospedagem. E como a distância entre as refeições é grande, pode ser interessante ter lanchinhos rápidos para consumir nos trajetos. Em San Pedro tem lavanderia na rua principal, usei duas vezes e gostei do serviço. Para quem tem urgência para pegar as roupas lavadas no mesmo dia, eles têm essa possibilidade pagando um pouco mais. Mas eu paguei o preço regular mesmo, pegando 24 horas depois de deixar a sacola de roupas sujas, cobrada por quilo em dinheiro vivo. Na expedição a Uyuni, achei as acomodações confortáveis de modo geral, apesar de bastante frio na época em que fui. Como a rotatividade de turistas é grande e provavelmente a roupa de cama só seja trocada a cada muitos dias, talvez seja recomendável ter um lençol para ter um tecido confiável em contato direto com a pele. Eu voltei de viagem com as pernas cheias de coceira e desconfio que tenha pegado sarna na viagem. O roteiro para os dias de viagem foi distribuído da seguinte forma: 1) Santiago: 8 dias 2) San Pedro de Atacama: 7 dias 3) Uyuni: expedição de 3 dias Dia 1 – Santiago Primeiramente, fui fazer o câmbio e aproveitei a proximidade para conhecer a Paseo Bandera, que é uma rua de pedestres com o chão bem colorido, com muitas lojas e vendedores ambulantes no meio da semana. Ali perto está a Plaza de Armas, que é o ponto central da cidade, cercada por vários prédios importantes ao seu redor, como a Catedral Metropolitana, o Museu Histórico Nacional, o edifício dos Correios, a Prefeitura, o letreiro da cidade. Nas vezes que passei pela praça, tinha policiamento e não me senti inseguro, mas é bom ter precaução devido haver ali moradores de rua e usuários de drogas. Bem perto da região, a pé, está o Bairro Lastarria, que dá pra ir conhecendo na caminhada os lugares que inspiram uma parada para uma refeição. E nessa mesma região está o Cerro Santa Lucia, morro que é atração turística com vários níveis de escada até o topo, com muitas coisas legais para ir parando para apreciar, além da vista da cidade do alto, que sempre vale a pena. Eu tentei ir por duas vezes no cerro em dias diferentes, mas estava fechado sem motivo aparente. Foi somente na terceira tentativa que ele estava aberto. Na frente do cerro, do outro lado da rua, tem uma feira de artesanato bem bacana, onde dá pra achar todo tipo de lembrancinha que a gente procura em viagem. Dia 2 – Santiago Para o segundo dia, fui para La Chascona, uma das casas-museu do poeta Pablo Neruda, com um cenário bem conservado lembrando um barco, com diversos cômodos mantidos com os pertences do poeta e de sua mulher. Minha visita só deu certo na terceira tentativa, já que no primeiro dia em que fui informaram que faltou energia e não poderiam abrir, e na segunda tentativa estava fechada sem motivo aparente. Ali pertinho, está o Cerro San Cristóbal, outro grande morro da cidade, com várias atrações bacanas. No guichê de ingressos, o funcionário informou que havia o ticket turístico que podia ser usado durante o dia inteiro, sem limite de subidas e descidas, por um preço mais em conta do que o ticket de ida e volta. No horário que fui, não tinha fila, mas com o tempo vi que os visitantes foram chegando, aumentando o movimento. A subida até o topo pode ser feita de funicular, com uma parada intermediária para quem quiser visitar o zoológico. Lá no topo fica uma grande estátua da Virgem Maria, além de ter uma bela visão da cidade. Dá pra gastar muitas horas caminhando pelo lugar, parando nos mirantes, nos jardins, no letreiro do Chile, vendo ciclistas e desportistas se aventurando nas subidas e descidas, e finalmente pegando teleférico para um passeio panorâmico por cima da cidade. Foi um passeio que eu curti muito. A região aos pés do cerro é muito bem servida de restaurantes, inclusive ali perto está o Patio Bellavista, um shopping térreo com ampla praça de alimentação, de maneira geral com preço acima da média. À tarde, peguei um ônibus para a direção do Templo Bahá’í e lá próximo da colina onde ele fica, chamei um Uber para completar o percurso. A entrada é gratuita mas não é permitido tirar foto no interior. O templo é bem diferentão, lembrando um casulo gigante, construído com um material que lembra resina moldada em forma de pétalas gigantes. Do alto da colina, dá pra ter uma bonita visão da cidade. O percurso de ônibus para chegar e sair de lá achei bem demorado, já que é transporte público com paradas infinitas ao longo do caminho. Mas com o tempo que eu tinha à disposição na cidade, acho que foi bem válido o passeio. Para quem não tem tempo a perder, pode ser melhor um transporte mais ágil se resolver incluir o Templo no roteiro. Dia 3 – Santiago Como nesse dia seria feriado nacional e tudo na cidade estaria fechado, agendei o passeio para Cajón del Maipo e Termas de Colina. Comprei o bilhete pela internet no site Chilenjoy, com pagamento do total do valor no ato da compra. Na noite anterior à data do passeio, eles enviaram mensagem pelo Whatsapp para informar o horário que deviam passar na hospedagem. Me pegaram às 06h00 e foram bem pontuais no horário estimado. Depois de pegar todos ao longo nas suas hospedagens, teve uma parada para café da manhã numa loja de conveniência de posto de combustível na saída da cidade. O passeio tem uma parada no Tunel Tinoco, onde podemos atravessar andando através de um túnel abandonado e muito escuro. No lugar aconteceu uma tragédia e muita gente o visita para prestar homenagem a um jovem que foi encontrado morto ali. Outra parada incluída é no vilarejo de San José de Maipo, onde existe uma feira de artesanato na praça principal, em que podemos encontrar roupas e acessórios para frio, se precisarmos de mais camadas de proteção. A principal atração do dia são as águas termais na montanha, com pequenas piscinas em diferentes níveis de altura, da mais baixa e menos quente, para a mais alta e pelando o couro. O caminho que usamos para subir na direção das piscinas é íngreme e a gente faz umas paradinhas para recuperar o fôlego até chegar lá no alto. Lá em cima tem banheiro sujo e ducha fria. Nos arredores tem um pequeno restaurante que dá pra chegar a pé, onde tem comida local feita por povos originários a preços inflacionados. No passeio está incluído um piquenique, servido ao lado de onde a van fica estacionada, mas é um lanchinho que acho que não substitui uma refeição. Como esse é um passeio de dia inteiro, muita gente acaba levando sanduíches ou comprando alguma outra coisa por lá. No caminho de volta, tem parada na Casa de Chocolate, que me lembrou aquelas casinhas bonitinhas de Gramado, na Serra Gaúcha. Achei tudo bem caro, além de ter fila demorada para tudo, inclusive se paga para usar o banheiro. Teve parada também numa barraca no meio do caminho que vende artigos feitos de pedras e cristais extraídos da montanha, com preços bem salgados para badulaques que não valiam tanto. O guia foi bastante camarada e deu o tempo que o pessoal pediu para aproveitar o passeio, até parando ao longo do caminho para fazer fotos. Com exceção dessas duas paradas no caminho de volta, achei que o tour é muito bem aproveitado. Dia 4 – Santiago Esse foi o dia de explorar a região central, iniciando pelo Museu de Arte Precolombino. O museu tem exposições temporárias e permanentes, contando um pouco da história dos povos que habitaram o nosso continente, com artigos feitos de cerâmica, tapeçaria, madeira, dentre outros tantos que compõem o grande acervo. O museu não é grande, mas tem bastante informação sobre a cultura da região, inclusive com uma seção dedicada à região amazônica. Ali pertinho fica o Mercado Central, com muitos restaurantes servindo pratos diversos e garçons insistentes querendo ganhar clientes. Há também várias barracas com frutas, peixes, frutos do mar e outros artigos facilmente encontrados em feiras livres. Acho que o mercado acaba sendo uma atração para quem quer comprar ou comer alguma coisa ali, mas não é um passeio imperdível para somente visitar, já que tem muito assédio dos restaurantes aos turistas e com preços que nem são lá convidativos. Ainda nessa região central, está o Barrio Paris-Londres, tendo como atração uma charmosa rua com cara europeia, com calçamento de ladrilhos e arquitetura característica, um ponto para algumas fotos, sem atrativo maior que esse. E finalmente, bem pertinho está o Palácio La Moneda, a sede do governo ocupando um quarteirão inteiro. O Palácio oferece visita guiada gratuita, que deve ser agendada uns dias antes da visita. Estão disponíveis dois horários à tarde em dias úteis. Fiz a reserva cerca de 3 semanas antes e no dia precisei levar passaporte e deixar o documento retido na entrada. A visita dura cerca de uma hora e dá pra conhecer muitos espaços dentro do Palácio, com uma guia bem camarada e didática, que respondeu dúvidas, mesmo a gente perguntando em português, e deu tempinho para tirar fotos. Eu achei bem válido e agradável. Uma outra atração no Palácio, do lado de fora, é a troca de guarda, que acontece em dias intercalados na parte da manhã e atrai muita gente para assistir. Eu particularmente não fui ver, daí fiquei com essa pendência para quando voltar na cidade um dia num futuro próximo, hehe. Dia 5 – Santiago Esse foi o dia que reservei para ir na Vinícola Concha y Toro, que resolvi fazer por conta própria, sem intermédio de agência de turismo. Comprei o ingresso antes de partir em viagem e escolhi um horário dentre os vários disponíveis, daí no dia saí com boa antecedência de metrô até a estação mais próxima (Las Mercedes) e peguei Uber para completar o percurso. Na hora de pico, vi que essa linha de metrô intercalava as estações de parada a cada trem que partia, mas há estações de parada em comum que a gente pode pegar a composição certa se a nossa não parar onde a gente pretendia descer. Da estação até a vinícola é bem ruim de trânsito, uma confusão de carros, ônibus, pedestres, ainda bem que estava com margem de tempo antes do horário do tour. O tour é bem instrutivo e organizado, em que são mostradas as instalações, a plantação, com direito a poder explorar os pés de uvas para tentar encontrar cachos remanescentes pra gente experimentar. O ponto alto do tour é a aula que o guia oferece sobre as características dos tipos de vinho, com direito a bebericar cada um dos rótulos mostrados. A taça que recebemos é cortesia para levar para casa. Depois disso, conhecemos a adega que deu origem ao Casillero del Diablo, onde tem uma projeção da história que virou a famosa lenda da Concha y Toro, tudo em português para quem reservou o tour nessa língua. Ao fim do tour, podemos explorar a lojinha e gastar nosso rico dinheiro para levar lembranças do lugar. Saindo de lá, fiz o caminho de volta em direção ao Barrio Italia, que é um lugar gostoso de andar, com bastante restaurante, cafeteria, lanchonete, bar, enfim, muitas lojas bonitinhas para um passeio sem muita pretensão. Logo depois, fui ao Parque de las Esculturas, um lugar aberto com várias obras de arte espalhadas e estudantes deitados no gramado, foi uma passada rápida. Ali pertinho, a pé, está o Sky Costanera, que oferece o mirante na torre mais alta da América Latina. O preço para subir em fim de semana é mais caro do que na semana. A subida é bem rápida, que até sentimos uma pressão no ouvido e lá do alto temos uma bela vista da cidade em 360 graus. O final do dia é o horário mais popular para visitar o mirante, com um pôr do sol que vai colorindo de vermelho o horizonte, rendendo belas fotos. Dia 6 – Santiago Nesse dia planejei ir a Valparaíso e Viña del Mar por conta própria, sem contratar tour guiado. O tour resolve tudo pra gente de forma prática, mas além de ser caro, eu queria visitar outra casa-museu de Pablo Neruda em Valparaíso, e o guia não dispõe de tempo para os turistas entrarem na casa. No fim, achei que é um tipo de passeio facilmente arranjado sem precisar de guia. Várias empresas de ônibus fazem o trajeto, com passagens que podem ser compradas no guichê ou nas várias máquinas de autoatendimento pelo mesmo preço. Eu comprei ida e volta, partindo do Terminal Alameda, que fica próximo da Estação Central. A passagem de volta fica com o horário em aberto, bastando apresentá-la no guichê da rodoviária de Valparaíso para ser emitido o bilhete com o horário que a gente definir perto da hora do retorno. Em Valparaíso é possível se deslocar de metrô, ônibus e vans. A partir da rodoviária, peguei ônibus para La Sebastiana, a casa-museu de Neruda que fica na cidade. É uma região cheia de morros e ladeiras íngremes, com ruas mais sujas e com bastante vendedor ambulante nas calçadas. La Sebastiana fica em um ponto alto, de onde se avista o mar a partir das várias janelas da casa. São vários andares, com cômodos pequenos remetendo à arquitetura de um barco, com muitos objetos em exposição usados por Neruda. Assim como nas outras casas-museu do poeta, o ingresso dá direito a áudio-guia enquanto a gente vai percorrendo os ambientes. Depois da visita, andei um pouco pelas ruas da cidade e logo peguei uma van para Viña del Mar, em uma distância como se fosse um bairro vizinho, algo como uns 10 minutos. Desci no Relógio das Flores, um cenário bonito e colorido que é símbolo da cidade, um dos pontos de parada turística. Caminhando pela cidade, cheguei no Castillo Wulff, erguido sobre as pedras na beira do mar, mas ele estava em reforma, indisponível para visita. Andando um pouco mais, cheguei no Museo Fonck, lugar com um belo acervo sobre a Ilha de Páscoa no térreo do prédio, e uma ótima coleção de animais empalhados no primeiro andar. Na frente do museu está instalado um Moai original da Ilha de Páscoa, o único disponível fora da ilha. Dia 7 – Santiago Para completar o tour pelas casas-museu de Neruda, eu queria conhecer a que fica em Isla Negra, mas, quando pesquisei, não achei muito fácil fazer esse por conta própria a não ser alugando carro. A minha escolha foi contratar passeio guiado e fiz reserva ainda no Brasil com a empresa Chilenjoy, que oferecia os melhores preços dentre os que pesquisei. Na noite anterior ao passeio, informaram por Whatsapp o horário que passariam na hospedagem e foram pontuais, às 07h00. O tour passou pela vinícola Undurraga, com uma guia falando português e conduzindo o grupo pela estrutura do lugar, algo parecido com o tour da Concha y Toro, e terminando com a degustação dos variados rótulos escolhidos, podendo ao final também levar a própria taça para casa. Comparando os dois tours das vinícolas, o da Concha y Toro tem um impacto maior, além de ser mais espetaculoso pela visita à adega com a projeção sobre o lendário Casillero del Diablo. A próxima parada do tour foi na casa-museu de Isla Negra, que está instalada na beira do oceano Pacífico, com vários cômodos dispostos no térreo. Essa é a casa de Neruda mais ampla das três, com muitas esculturas grandes em seu interior, algumas bem curiosas, como um cavalo em tamanho natural que pertenceu a uma loja que o poeta frequentou quando criança. Isla Negra é a casa onde estão enterrados os restos mortais de Neruda e da sua última esposa, Matilde. A última parada do dia foi em Algarrobo, onde fica a maior piscina do mundo, um lugar realmente muito lindo. A piscina gigante fica entre um complexo de resorts de luxo e o mar, e o lugar rende fotos bem inspiradas. O almoço foi em um restaurante ali do lado, já no meio da tarde, praticamente sem outros clientes além do grupo do tour. Dia 8 – Santiago O último passeio na cidade foi a Portillo, contratado pela internet com a empresa Descobrindo Chile. A saída da hospedagem foi às 07h00, previamente informada no celular, com parada para café da manhã. A viagem tem parada para tirar fotos do Aconcágua, com a estrada passando à beira do precipício onde já ocorreram acidentes feios com caminhões. Esse é o caminho que leva a Mendoza, na Argentina, e a van leva a gente até a placa que divide os dois países, com parada para fotos, mas sem atravessar a fronteira. Para chegar nesse ponto, passamos pela Estrada de Los Caracoles, com suas impressionantes 29 curvas muito fechadas subindo a montanha. Depois, o passeio chegou na estação de esqui de Portillo, que fica do lado da Laguna del Inca, mas quando fui não era temporada de neve. Na estação funciona um restaurante/café, e como é frio lá fora, a gente quer ficar refugiado ali dentro, mas se não houver consumo, o banheiro é cobrado. A atração é a própria Laguna del Inca, com águas coloridas refletindo as montanhas ao seu redor, uma paisagem muito bonita, com um percurso meio cansativo entre o restaurante e a margem da lagoa, já que é uma ladeira irregular que está a mais de três mil metros de altitude. Descendo a montanha, o último ponto de parada é em um restaurante/lanchonete na beira da estrada, onde há várias lhamas para entreter os turistas, enquanto o guia prepara um lanche para o grupo. Esse dia não foi preenchido até o final da tarde, deu tempo de chegar na cidade ainda no começo da tarde, com tempo para almoçar ainda no horário normal. Dia 9 – San Pedro Peguei um Uber até o aeroporto de Santiago para ir para Calama, a cidadezinha com aeroporto próxima a San Pedro de Atacama. Eu já havia reservado com certa antecedência o traslado de Calama até San Pedro, um trajeto de cerca de 1h20, no site da empresa Transfer Pampa. No saguão do pequeno aeroporto, havia uma funcionária com os nomes dos passageiros na plaquinha, bastou eu segui-la e fazer o pagamento do transfer no guichê da empresa. De maneira geral, os valores que pesquisei eram bem parecidos, e a gente obtém desconto se reservar os dois trechos de ida/volta. O centro turístico de San Pedro é pequeno, com ruas de terra e construções simples de um pavimento. A rua principal, Caracoles, é somente para pedestres e é onde está concentrado grande parte do comércio. Há muitas agências de passeios ao longo da rua, entrei em algumas delas para verificar os preços, que eu já tinha referência na pesquisa prévia da internet. Escolhi fazer os passeios pela empresa Andes Travel, que tinha preços melhores entre os que encontrei. Vários tours têm taxa de entrada cobrada no local, mas é possível verificar se a agência pode deixá-los já pagos na reserva. Antes de cada passeio, o guia do dia incluía quem iria fazê-los em um grupo de Whatsapp para que fosse possível saber a hora que a van passaria na hospedagem correspondente. Achei a empresa organizada e os guias sempre simpáticos. Dia 10 – San Pedro O primeiro passeio na cidade foi ao Valle del Arcoiris, saindo às 07h00 e retornando cerca de 13h00, e incluía café da manhã. É um passeio menos procurado, então o grupo era muito pequeno, quase exclusivo. O guia levou a gente para percorrer um sítio arqueológico com inscrições rupestres nos paredões de pedra, além de formações rochosas com enormes monumentos naturais esculpidos pelas intempéries. É um passeio com pequenos trechos de caminhadas leves, que achei tranquilo e instrutivo para um primeiro momento na cidade. Para a parte da tarde, havia reservado o passeio para a Laguna Céjar, entre 14h30 e 18h30. Nos passeios iniciados à tarde, o ponto inicial de encontro foi sempre no escritório da agência. O passeio passou por algumas lagoas protegidas e onde não se pode entrar, porém mais adiante na última delas é permitido entrar por cerca de meia hora para experimentar o efeito de flutuação nas águas com elevada concentração de sal. O lugar tem banheiros e chuveiros de água muito fria para tirar o sal do corpo. Na sequência, fomos levados aos Ojos del Salar, dois grandes poços de água doce que têm um efeito espelhado bem bonito. Na parada mais adiante, a guia conduziu por uma trilha leve às margens da Laguna Tebinquinche, em uma paisagem linda com vista para montanhas e vulcões refletidos nas águas da lagoa. O tour foi finalizado com um piquenique a céu aberto e com um pôr do sol muito bonito colorindo o horizonte. Dia 11 – San Pedro O passeio reservado para esse dia foi o Valle de la Luna, entre 15h00 e 19h00. No início do passeio, fizemos uma caminhada com dificuldade de leve a moderada, andando sobre dunas de areia fina e subindo um pequeno aclive para uma vista bem bonita de cima do morro. Para onde se olha, encontra-se um horizonte com formações rochosas muito diferentes, esculpidas pela ação da água e do vento, parecendo que a gente tá em outro planeta. Perto do pôr do sol, a van nos levou para um ponto mais alto, onde tem uma grande plataforma rochosa que serve de mirante para uma linda vista do vale, e a gente pode explorar o lugar até o escurecer, mas com precaução por causa da altitude, que faz a gente cansar rápido. Ao final do tour, foi servido um piquenique em outro ponto, onde pudemos contemplar o espetáculo do lugar com a passagem do dia virando noite. Dia 12 – San Pedro O tour reservado para esse dia foi Piedras Rojas, entre 06h00 e 14h00, com café da manhã no meio da estrada num frio de bater o queixo. O trajeto desse dia foi um pouco mais demorado, com elevação de altitude, passando próximo a vilarejos, montanhas, vulcões, além vermos com frequência animais, como lhamas e vicuñas. Creio que esse foi o passeio com mais turistas que fiz, e é mesmo um dos que mais recomendo. A parada inicial foi na Laguna Chaxa, hábitat de variados tipos de flamingos. Mais adiante, o ponto alto do tour foi em Piedras Rojas, onde fizemos uma trilha de dificuldade moderada, já que estamos a uma altitude bem mais elevada e é recomendável andar devagar e beber água sempre. O ápice do passeio foi à beira de um lago que estava parcialmente congelado, margeado por um caminho de enormes rochas avermelhadas sobre as quais podemos andar e contemplar a vista deslumbrante ao redor. No caminho de volta, ainda passamos pelas lindas Lagunas Altiplánicas entre as montanhas. No tour estava incluído almoço para o grupo em um restaurante em San Pedro. Dia 13 – San Pedro Dia de visitar Geysers del Tatio, entre 04h30 e 12h00, com uma viagem de quase duas horas por estradas de terra para chegar no lugar. Por causa do horário e da elevada altitude, esse foi o passeio mais frio na cidade, com temperaturas negativas nos primeiros momentos de caminhada, cerca de - 8 graus Celsius. A área onde ficam os gêiseres é demarcada para os turistas andarem, sendo proibido sair das trilhas, já que a água que borbulha nas crateras é muito quente. O espetáculo natural consiste nesse choque de temperatura, que faz levantar uma densa e fedida coluna de vapor perto dos pontos de água borbulhante. Depois da leve caminhada, a van nos levou a outro ponto para o café da manhã, onde presenciamos uma raposa (zorro) tentando roubar a comida disposta na mesa montada para o grupo. No caminho de volta, ainda paramos numa região mais pantanosa para contemplar diversos tipos de aves do lugar. Dia 14 – San Pedro Esse foi o dia da Ruta de los Salares, entre 08h00 e 14h00, um tour que não é muito procurado, daí a van era quase exclusiva. O passeio segue na estrada que margeia o impressionante vulcão Licancabur, divisa natural entre Chile e Bolívia, com um café da manhã tendo essa paisagem ao fundo, em meio a muito vento e frio. Nesse passeio, fizemos caminhadas leves e os banheiros são improvisados onde é possível, chamados baños incas. Em certo ponto chegamos nas margens de um salar, que podemos avistar de mirantes próximos da estrada. Passamos por lagoas aos pés das montanhas, com um lindo reflexo do horizonte, e paramos nos incríveis pilares de pedra Monjes de la Pacana, formados na região onde já houve atividade vulcânica em outros períodos geológicos. No fim do passeio, estava incluído almoço na volta a San Pedro, no mesmo restaurante do dia de Piedras Rojas. Dia 15 – San Pedro Para esse dia, reservei o tour Vallecito, entre 15h00 e 19h00. Ele leva para a região próxima ao Valle de la Luna, com parada para contemplar a geografia impressionante, em caminhadas leves. O ponto alto do passeio foi o icônico ônibus mágico (autobús mágico), alvo de especulações sobre como ele teria parado ali. Uma das teorias diz que antigamente os jovens o usavam para fazer festas clandestinas, já que no povoado de San Pedro é proibido dançar ainda hoje. Ao final do tour, o guia montou uma mesa para piquenique em um descampado para contemplar o sol de pondo no horizonte. Escolhi o último dia na cidade para fazer o tour astronômico, com a lua nova para não atrapalhar a visão do céu, não sendo muito recomendável fazer em fase de lua cheia porque as estrelas são ofuscadas. Havia dois horários disponíveis para o tour, 20h00 ou 22h00, podendo haver algum ajuste de horário de acordo com a proximidade do dia e a previsão astronômica mais precisa. Eu escolhi o primeiro horário com vários dias de antecedência, mas no dia me ligaram 19h30 informando que a van iria sair naquele momento, daí tive que ficar para o próximo turno, por isso recomendo certificar sobre a saída no próprio dia. A van leva o grupo até um terreno bem próximo à cidade, onde estão instaladas poltronas a céu aberto, com mantas individuais para gente usar e se proteger do frio. É bom ir agasalhado, eu senti frio no lugar. O guia explicou sobre as constelações que era possível ver a olho nu e depois conduziu o grupo para ver alguns detalhes através de telescópios ali instalados. Depois da exposição, ele nos conduziu a uma sala fechada e mais protegida do frio para ficarmos aguardando a vez de cada um tirar suas fotos com aquele céu espetacular. No tour estavam incluídas duas fotos profissionais, que foram tratadas e enviadas no dia seguinte. Para quem tinha celular potente que capturasse com qualidade o céu, estava livre para fazer fotos à vontade. Dia 16 – Uyuni Como eu já havia feito uma reserva a Uyuni pela internet, alguns dias antes da expedição passei no escritório da empresa indicada no e-mail, World White Travel, para fazer o pagamento do restante do valor. Um dia antes da viagem já é possível preencher o documento de imigração para entrada na Bolívia, para isso é necessário pegar com a empresa de turismo a placa do carro que vai nos levar. É bom preencher enquanto ainda tem internet à disposição, porque depois que atravessa a fronteira, pode ser mais difícil. Não é necessário imprimir o documento, basta salvá-lo no celular para mostrar no guichê da imigração. Também é necessário comprar um pouco de pesos bolivianos para as despesas, como entrada no parque nacional, água, lanches, souvenirs, banheiros. No escritório da agência, a atendente recomendou levar 350 bolivianos, mas ao longo da viagem achei que podia ser um pouco mais, que não sobrou quase nada para comprar badulaques. Peguei o tour coletivo de quatro dias e três noites, para 6 turistas em um carro 4x4. Para quem senta no banco do fundo, achei um pouco mais apertado se tiver pernas longas. Se estiver levando bagagem volumosa, ela é amarrada no teto do carro. Eu viajei somente com mochila, carregando a roupa necessária para os dias da expedição, tendo combinado com a hospedagem de San Pedro para eles guardarem minha mala pelos próximos três dias. A van passou na hospedagem às 07h00, foi pegando o restante dos companheiros de viagem e nos levou para a imigração chilena para a burocracia de saída, em uma fila de carros meio demorada e não havia banheiros. Passada a imigração chilena, é servido café da manhã e o motorista da van nos repassa ao motorista do 4x4 responsável pela expedição. Do lado da Bolívia, só é permitido a operação do passeio por guia boliviano. Passados os trâmites burocráticos, tivemos que comprar o ingresso da reserva nacional que já custou boa parte do dinheiro reservado, 150 bolivianos. O ingresso é válido por quatro dias e deve ser guardado para ser apresentado em outros momentos. A partir do meio da manhã finalmente a expedição começou, passando pela Laguna Blanca e Laguna Verde, aos pés do vulcão Licancabur. Mais adiante está o Deserto de Dalí, com um terreno montanhoso de cores que parecem pinceladas em um quadro. Já perto da hora do almoço, paramos nas Termas de Polques, sendo possível comprar ingresso para entrar na piscina natural de água quente, enquanto o guia preparava o almoço. O lugar oferece banheiro pago. Ao longo da tarde, paramos nos gêiseres Sol de la Mañana, com fontes de água em ebulição levantando colunas de vapor com fétido cheiro de enxofre. Visitamos também a Laguna Colorada, que tem uma impressionante cor avermelhada devido às algas que servem de alimento para a infinidade de flamingos que vemos por lá. Ao fim do dia, fomos instalados em uma pequena pousada, Hostal Tierra Oculta, no minúsculo povoado de Villa Mar, onde foi servida refeição cerca de 20h00. O alojamento era com quartos compartilhados de três camas e banheiros coletivos e nem sempre tinha água quente no chuveiro. Alguns casais preferem pagar um pouco mais para não precisar dividir o quarto. Achei as camadas de cobertas suficientes para suportar todo o frio que fazia. Durante todo o dia, nenhum lugar oferecia sinal de wi-fi. Dia 17 – Uyuni No segundo dia da expedição, foi servido café da manhã cerca de 08h00 e em seguida partimos para a incrível Italia Perdida, lugar que parece ter sido uma cidade de pedra abandonada, com formação rochosa impressionante e enormes paredões se equilibrando de formas variadas. Exploramos alguns lugares da imensa cidade de pedra e depois seguimos para a Laguna Catal, em meio a uma imensa formação de rochas vulcânicas, em uma região com maior vegetação e onde pudemos ver alguns animais típicos da região, como lhamas pelo pasto, patos selvagens no lago e vizcachas, pequenos roedores do tamanho de coelhos que vivem em meio às rochas. O almoço foi servido ali em um pequeno casebre e o banheiro é pago. À tarde seguimos para o Cañon de Anaconda, a parte de cima de um cânion que pudemos explorar e ter uma linda vista dos paredões rochosos, mas com cuidado, já que ficamos bem na beira do precipício enquanto outras pessoas ficam passando próximo da gente. No caminho para a hospedagem, percorremos o Salar de Chiguana, em uma superfície de sal misturado a terra, uma prévia do ponto alto da viagem. Ao fim do dia, chegamos na hospedagem, uma construção estruturada com blocos de sal, no povoado de Colcha K, com quartos de casal e banheiro individual. Foi servido vinho e um delicioso jantar cerca de 20h00, mas desta vez achei a quantidade de comida meio regrada para o grupo. A hospedagem tinha wi-fi ao custo de 20 bolivianos, mas com sinal fraquíssimo que praticamente não abria nada. Dia 18 – Uyuni No último dia da expedição, deixamos a hospedagem cerca de 05h00 em direção ao belo Salar de Uyuni. Depois de percorrer o Salar por um tempinho, o guia parou em um lugar estratégico para apreciarmos o espetáculo do nascer do sol naquele lugar. Depois, foi o momento das fotos com efeito de perspectiva, o guia tinha boas técnicas pra gente fazer umas imagens criativas. Tivemos um bom tempo para tirar fotos em grupo e individuais, e depois fomos para a Isla Incahuasi, onde compramos ingresso para explorar o lugar, enquanto o guia preparava o café da manhã. O lugar se trata de uma área rochosa elevada no meio do Salar, onde estão espalhados cactos gigantes milenares de crescimento super lento. Depois do café, percorremos o Salar na direção do Museo de Sal, um hotel desativado com esculturas de sal em seu interior e banheiro pago. Do lado de fora, está a praça das bandeiras e o monumento Dakar, lembrança de quando foi realizado o famoso rali na região. No fim da manhã, fomos nos despedindo do Salar em direção ao povoado de Colchani, onde tivemos um tempo para ver e comprar artesanato típico do lugar. Quase todas as bancas e lojinhas só vendem com dinheiro em espécie e foi aí que eu senti falta de ter um pouco mais de dinheiro sobrando. O último ponto turístico foi o curioso cemitério de trens, onde estão abandonadas várias carcaças de locomotivas antigas que serviam como transporte na região. O guia levou o grupo para almoçar em Uyuni e logo depois ficamos no escritório da agência até cerca de 15h30, horário em que outro guia iria fazer o caminho de volta para os remanescentes do grupo que retornariam para San Pedro. Como o escritório possuía wi-fi, aproveitei para preencher o formulário da imigração com a saída da Bolívia, sendo necessário pegar o número da placa do carro usado na viagem. O percurso de volta tomou o resto da tarde até chegar na mesma hospedagem do primeiro dia, em Villa Mar, para pernoite. A saída no dia seguinte foi às 04h30, fazendo a rota inversa de maneira expressa, com parada já próximo da fronteira para tomar café da manhã. Na imigração para sair da Bolívia, os funcionários cobraram 15 ou 20 bolivianos de cada turista de maneira ilegal. Comentei com o guia e ele disse que é difícil prever se irão ou não cobrar, mas realmente a cobrança não está prevista e pode ser contestada. Entre as duas fronteiras, deixamos o 4x4 e chegamos a San Pedro um pouco depois de meio-dia.
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Olá viajantes! Como vão? Depois de muito enrolar resolvi começar o relato da viagem que fiz com minha esposa para o Chile em agosto/22. Estava em dúvida se valia a pena deixar o relato aqui mas como tive muita ajuda através dos tópicos do site resolvi deixar minha singela contribuição também! Uma breve introdução, moramos em Florianópolis e marcamos, no final de 2021, as férias do ano seguinte, colocando duas semanas em agosto, já com a intenção de ir para algum destino de neve na América do Sul. Minha esposa já havia ido ao Chile em 2014 e eu não pude ir na época, então o Chile sempre era uma opção recorrente em nossas ideias de viagens mas até então nunca tínhamos ido juntos para lá. Já com as férias marcadas e trabalhando em casa, um belo dia, ainda em março/22, recebi no celular notificação de promoção de passagem aérea direta de Florianópolis para Santiago, pela Sky, por 1.000 reais. Considerando que voo direto (e promocional) de Floripa para qualquer lugar que não seja SP ou RJ é coisa rara, abri a notificação e vi que havia opção de passagem que se encaixava perfeitamente nas nossas férias, com voo saindo de Floripa no início da noite do dia 12/8 e retorno saindo de Santiago no domingo dia 28/8 a tarde, perfeito para nós que voltaríamos ao trabalho na segunda dia 29. Assim, comprei as duas passagens imediatamente, pela Viajanet. Pagamento no cartão de crédito, sem problemas, em seguida já recebi o e-mail deles e confirmei no site da sky com o localizador do voo. Já tinha comprado passagens antes com a Viajanet, inclusive para a Europa, e nunca tive problemas, assim como já usei, sem problemas, a decolar, zupper e outras. O que faço é já buscar na Cia aérea o voo, com o localizador, e uma vez por semana verificar se não houve alteração. Até hoje nunca tive problemas com isso. Passagens compradas, com muita antecedência, precisava definir o que fazer no Chile. Pesquisando por aí vi que dava certinho para ir ao atacama, com uma expedição ao Uyuni, e passar uns bons dias em Santiago, sem ficar corrido em nenhum lugar. Ao comprar as passagens de Santiago para Calama, aeroporto mais próximo do Atacama, vi que os preços das passagens para ir ao deserto no início da viagem estavam melhores, de modo que comprei as passagens de ida da capital Chilena para Calama para o dia 13/8, pela manhã, e volta para o dia 22/8, no final do dia, ficando 300 reais cada passagem, ida e volta. Antes de definir as datas do período no atacama eu pesquisei sobre os passeios, inclusive do Uyuni, o que também influenciou nas datas acima. Um dos pontos que demandam mais atenção em uma viagem ao atacama é sobre os passeios e as agências. Eu li muito aqui e no viaje na viagem do Ricardo Freire e acabei preferindo definir antes, por alguns motivos, o principal foi já chegar no atacama com tudo organizado. Mas é possível pesquisar e reservar lá na hora mesmo, tem muitas agências na rua principal do vilarejo de San Pedro de Atacama. Se a ideia é economizar o máximo possível, sem dúvidas que deixando para fechar lá os passeios haverá uma economia. Eu acabei pesquisando bastante, com várias agências, como a Atacama Magic, 123 Andes, Fui Gostei Trips, e outras, além de pessoas que meio que fazem uma intermediação, como o Rafa Atacama e a Deyd no Atacama. No fim percebi que os valores sempre eram próximos, não tinha muita diferença entre eles. O que havia é que as agências tentavam vender um pacote promocional com o número de passeios, num valor mais em conta. Mas isso trazia períodos dos dias sem passeio, de modo que nos dias que eu havia reservado ao atacama não daria pra fazer todos os passeios que queria. Como a diferença de preço não era grande e por ser muito bem avaliada, acabei fechando com a Araya. O atendimento deles é bom, é possível pagar uma parte adiantado, daqui do Brasil, em reais, por transferência ou pix para uma conta brasileira. No final foi bom ter feito com a Araya, achei a qualidade muito boa, bom custo benefício. Foram pontuais, guias bem simpáticos e conhecedores dos pontos de interesse, comida boa, vinhos bons (hehe) e a dinâmica dos passeios é feita de forma que quase sempre estávamos sozinhos ou com poucas outras pessoas nos locais, de modo que não ficava aglomerado nem nada. Tiveram dois pontos negativos, que detalharei nos relatos dos dias e passeios, mas nada demais. O quadro abaixo resumo os passeios que fizemos no atacama, cabendo acrescentar que no dia 13 a tarde fomos ao vale do arco íris, que não está na relação abaixo: Também pesquisei muito sobre o que levar na viagem, e cabe aqui uma pequena história sobre as bagagens. As passagens compradas (Floripa - Santiago e Santiago -Calama) foram com a Sky. No caso de Floripa para Santiago foi por intermediação da Viajanet e no comprovante que mandaram para o e-mail, após a compra, constava como bagagem de mão uma mala e a bolsa de mão. No site da sky constava apenas uma bolsa de mão. Ou seja, na franquia de bagagem que havíamos adquirido, para a Sky, não estava incluída a mala de bordo padrão. Entrei em contato com a Viajanet, já resignado que precisaria comprar a parte e, grata surpresa, a atendente reconheceu que como no comprovante das passagens que a Viajanet me mandou constavam como incluídas a bolsa e a mala de bordo, eu poderia comprar no site da sky a mala de bordo que a Viajanet faria o reembolso, o que de fato fizeram (ficou 600,00 as duas bagagens de bordo, ida e volta, duas pessoas). Já para o trecho interno acabamos comprando apenas uma mala de bordo, ficou cerca de 250 reais ida e volta. Agora sim, sobre o que levar na mala. Bem, agosto ainda é inverno, então levamos, para 15 dias, duas segunda pele para cada um, duas fleece para cada um e duas jaquetas grandes, impermeáveis, para cada um. Cada um levou também uma calça de sky, minha esposa já tinha da época que foi para o Chile em 2014, havia comprado em brechó em Santiago, eu comprei a minha em promoção na Decathlon. Essa calça de sky foi a única calça que usei no atacama e Uyuni, segurava o frio que uma beleza. E, para não fazer volume na bagagem, óbvio que viajei usando ela, mesmo ficando que nem um jeca no aeroporto hehe. Como o atacama é deserto e seco, levamos ainda, depois de muita pesquisa (e recomendo levar tbm, pois foi tudo muito útil): hidratante labial com FPS, colírio tipo lágrima, creme para mãos, hidratante nasal, lenço umedecido (nunca se sabe quando vai precisar de usar o mato, e precisamos), remédio para enjôo e para azia, aspirina para a altitude (funcionou muito bem), além de luva, gorro e cachecol. Sobre a moeda, levamos dólares para os hotéis e reais para trocar lá, além do cartão wise. Como não ficamos no centro de Santiago na ida, fomos do aeroporto direto para o hotel ao lado e no outro dia cedo, antes de amanhecer, já voltamos ao aeroporto, deixei para trocar os reais em San Pedro de Atacama. Lá as casas de câmbio ficam uma perto da outra e o melhor é ir em algumas perguntando a cotação. Conseguimos, no dia da chegada, 13/8, a cotação de 162 pesos por real, pouco abaixo da vigente no centro de Santiago, então até que não foi ruim. Na época o wise tava, já descontado as taxas, cerca de 165 pesos por reais. Não troque no aeroporto de Santiago, não vale a pena, a cotação é horrível. Em San Pedro do Atacama os mercados e restaurantes aceitaram o wise sem problemas. No empório andino também paguei com wise. Precisei de pesos nas lojinhas de artesanato e souvenir, mas tem uma que aceitou wise (ainda era a mais barata, hehe). Fica no início da rua principal, quem cuida é uma mulher já de idade, com uma perna só. Paguei a agência Araya com pesos (depois de trocar os reais lá mesmo no atacama), porque consegui um descontinho pagando assim, mas eles também aceitam wise e dólares. Detalhe que o passeio do Uyuni teve que ser em dólar. Sobre a hospedagem falarei ao longo do relato, acho que fica mais fácil. Enfim, acho que foi uma grande introdução, mas é isso. Até breve!
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RELATO TRIP - @der_wanderlust .pdfINTRODUÇÃO E PREPARATIVOS para quem quiser, tem a versão mais bonitinha em PDF aqui -> (edit: NÃO SEI PORQUE O ARQUIVO PDF APARECE COMO INDISPONÍVEL PARA DOWNLOAD, MAS QUEM QUISER O RELATO COMPLETO EM PDF, É SÓ CHAMAR NO INSTA @der_wanderlust) RELATO TRIP - @der_wanderlust .pdf PROMESSA FEITA, PROMESSA CUMPRIDA... Fala galera mochileira e não-mochileira, Depois de ter colocado o pézinho pra fora desse Brasilzão pela primeira vez na vida na minha primeira trip internacional, me sinto na obrigação moral de retribuir a toda ajuda que eu recebi de outros mochileiros que já tinham feito esse rolê antes, e que compartilharam suas experiências de viagem, para que pessoas como eu, que nunca tinham comprado sequer uma passagem aérea antes, pudessem viver uma das experiências mais incríveis da vida: mochilar!!! Então, cumprindo a promessa que fiz antes de viajar, cá estou eu, escrevendo este relato, que também espero que inspire muitas outras pessoas a pegarem sua mochila e partirem pro mundo, porque viajar é preciso!!! RESUMÃO O clássico mochilão pelos três países, 40 dias, desembarcando em Lima, indo pra Ica, Arequipa, acampando com escoteiros do mundo todo em Cusco, depois indo pra Puno, passando por Copacabana, La Paz, fazendo a travessia do Salar do Uyuni e chegando no Atacama e descendo até a capital chilena para pegar o voo de volta para casa. Tudo realizado entre julho e agosto de 2018, rodando mais de 5.000 km, só andando de bus entre cidades (porque pobre tem que fazer o dinheiro render kkkk). E por falar de dinheiro, vamos a parte interessante. João, quanto custou essa brincadeira toda? Pois bem, vamos por partes: Comida, transportes, hospedagens e passeios fora do acampamento (30 dias) R$ 4743 (1000 euros) Lembrancinhas e bugigangas pra família toda R$ 667 (parte em dólar, parte em reais) Passagens Áereas (Londrina-Lima/Santiago-Londrina) R$ 1476 (em reais mesmo) Acampamento em Cusco (10 dias, tudo incluso) R$ 1409 (exclua isso da sua planilha) Chip Internacional EasySIM4U R$ 120 (e ganha 6 revistas super tops) Seguro Viagem (40 dias) R$ 110 (economizei 500 dólares com ele) Excluindo o monte de blusa, chaveiro, cobertor, poncho que eu comprei lá (tudo é muito barato no Peru e na Bolívia), foram R$ 7850 tudinho mesmo. O que mais me pesou foram as passagens aéreas, por eu ter que sair do meu país Londrina-PR (pequena Londres com preços de Suíça), que só tem um aeroporto regional, as passagens saíram uns 300 reais mais caras do que se saísse de Guarulhos, só que ai gastaria com ônibus até São Paulo e no fim das contas daria na mesma. Então, considerando os 30 dias que eu estava na viagem “regular”, ou seja, que eu não estava acampado, minha média foi de R$ 163 por dia (alimentação, passeios, ingressos, hospedagem e transporte). Saiu um pouco caro, mas muito mais barato do que se eu tivesse ido de pacote de agência de viagem que se vende aqui no Brasil. O ROTEIRO O roteiro eu mostro detalhado aí embaixo com o mapa do My Maps (usem o My Maps, é muito bom pra quando você está planejando que lugares quer conhecer, ver quais cidades são próximas, quanto tempo de deslocamento e coisas assim). O roteiro por cidades ficou desse jeito: 20 jun – Londrina/Lima 21 jun – Lima - (City Tour) 22 jun – Lima/Ica - (Miraflores) 23 jun – Paracas/Huacachina - (Reserva Nacional e Islas Ballestas) 24 jun – Arequipa - (City Tour) 25 jun – Arequipa - (Trekking Canion del Colca) 26 jun – Arequipa/Cusco - (Trekking Canion del Colca) 27 jun/05 ago - Acampamento Vale Sagrado 06 ago – Cusco - (Maras e Moray) 07 ago – Cusco - (Dia no Hospital) 08 ago – Cusco/Águas Calientes - (Trilha hidrelétrica) 09 ago – Machu Picchu - (Huayna Picchu) 10 ago – Águas Calientes/Cusco - (Trilha de volta) 11 ago – Cusco - (Montanha Colorida) 12 ago – Cusco - (Laguna Humantay) 13 ago – Cusco/Puno - (Mercado San Pedro) 14 ago – Puno/Copacabana - (Islas Flotantes de Uros) 15 ago – Copacabana/La Paz - (Isla del Sol e Isla de la Luna) 16 ago – La Paz - (City Tour) 17 ago – La Paz - (Downhill Estrada da Morte) 18 ago – La Paz/Uyuni - (Chacaltaya e Vale de la Luna) 19 ago – Uyuni -(Salar 3 dias) 20 ago – Uyuni - (Salar 3 dias) 21 ago – Uyuni/San Pedro de Atacama - (Salar e Vale de la Luna) 22 ago – San Pedro de Atacama - (Lagunas Escondidas e Tour Astronomico) 23 ago – San Pedro de Atacama/Santiago - (Geyseres del Tatio) 24 ago – Santiago - (1700 km rodados pelo Chile) 25 ago – Santiago - (City Tour) 26 ago – Viña del Mar/Valparaíso - (Bate e volta) 27 ago – Santiago - (Cajón del Maipo) 28 ago – Santiago/Londrina Quando eu sai do Brasil, planejava ficar mais dias em Huacachina e menos em Arequipa, planejava fazer o tour do Vale Sagrado Sul em Cusco, assim como outros passeios em San Pedro de Atacama, mas como não viajei com o roteiro amarrado, ou seja, não tinha comprado passagem de bus nenhuma, nem reservado passeios ou hostels (exceto por Machu Picchu), pude muda-lo na hora, seja por amizades que fiz no caminho, ou por perrengues como o dia 07/08 que eu passei no hospital (isso eu conto depois). Por isso eu não recomendo comprar nada daqui do Brasil, nem reservar passeios, nem passagens de ônibus, nem hospedagem, tudo você consegue lá na hora, pechinchando e barganhando, assim você consegue preços melhores e não fica com o roteiro amarrado, você tem mais flexibilidade caso mude de ideia ou aconteça alguma coisa. Não tem segredo, tem que pesquisar, na internet, em blogs de viagens, no Mochileiros.com, em relatos de quem já foi, no meu caso, peguei um roteiro de 20 dias num blog, e fui adaptando, adicionando cidades e passeios, vendo os ônibus e hostels que eu poderia usar. Para os passeios, eu procurava nos relatos do Mochileiros.com e via as agências que a galera recomendava e já ia anotando o nome e o preço que pagaram pelos passeios. Para a hospedagem, eu procurava no Booking.com o nome da cidade, ordenava pelo menor preço, e ia vendo as avaliações da galera, se tinham curtido o lugar, mas sem reservar nada, só anotava o nome, o preço da diária, e quando chegava na cidade, ia direto nele (muitas vezes reservava o hostel pelo Booking quando chegava na cidade, pra não ter que pagar em caso de cancelamento). Para os transportes entre cidades, procurava no Rome2Rio as empresas que faziam o trajeto, o preço médio das passagens e já deixava anotado, mas também comprava só quando chegava na cidade, teve alguns que deixei pra comprar no dia da viagem mesmo. Para a alimentação, era na raça mesmo, perguntava para os locais mesmo onde tinha lugar bom e barato para comer, mas para planejamento, calculava R$ 40,00 por dia com comida. Tinha vez que gastava R$ 10,00, tinha dia que gastava R$ 50,00, mas fome não passava kkk. QUANTO LEVAR? Depois de definir o roteiro, ia anotando numa planilha no Excel mesmo, o roteiro por dia, os preços médios dos passeios, dos ônibus, das hospedagens, mais uns R$ 40,00 por dia pra comer, somei tudo e levei uns 20% a mais, só pra garantir. Funcionou bem, pelas minhas contas, eu precisava levar 1400 euros, trouxe 400 de volta, que já estão guardados para a próxima trip. Mas ainda levei meu cartão de crédito internacional, já desbloqueado para operações no exterior, só para uma possível emergência. Felizmente não precisei usá-lo. PREPARATIVOS Passagens Aéreas As duas piores partes da viagem são: comprar passagens aéreas e comprar moeda estrangeira, porque independentemente do quanto você pesquisa, parece que sempre você tá perdendo dinheiro. As passagens eu recomendo comprar uns 4 ou 5 meses antes da viagem. As minhas, comecei a procurar em janeiro, comprei em março, pra uma viagem para julho. Como eu tinha definido o roteiro primeiro, sabia que queria chegar por Lima e sair por Santiago, então procurava em todos os sites de busca possível na vida. Usei a opção “Múltiplos Destinos” ou “Várias Cidades”, passagens Londrina-Lima (20/07) e Santiago-Londrina (27/08), o Skyscanner tinha os melhores preços, mas ainda assim estava meio caro (R$1600). No site da Latam, Avianca, tudo acima de R$1800. Aí por acaso eu fui andar no centro da cidade um dia e passei em frente a agência da CVC, estava com sede, aí pensei, vou entrar, fingir que quero um orçamento e tomar uma água né? Tinha certeza que na agência de turismo seria o lugar mais caro. A atendente fez a busca no sistema dela, aí me disse: “R$ 1500 e pouco com bagagem despachada”, e eu: “como assim???? Mais barato que no site da Latam”. Acabei comprando lá, e como paguei a vista, teve um descontinho lá e saiu por R$1476 (comprei a passagem em março, minha viagem era em julho). Depois, de vez em quando eu olhava nos sites de busca e o preço não abaixava mais, então acredito que peguei a passagem com o preço mais barato possível kkk. A única coisa, é que em junho, a Latam trocou as escalas do meu voo de volta, ai a CVC me ligou para avisar que se eu voltasse no dia 27/08, teria uma escala noturna gigante no Rio de Janeiro, e acabaria chegando no dia 28/08, então ela me propôs voltar dia 28/08 num voo que eu pegaria escalas menores e chegaria no mesmo dia. Aceitei, o que foi a melhor coisa, porque ganhei um dia extra no fim da viagem. Chip Internacional Vou ser bem sincero, eu queria muito não ter comprado, mas como estava com tudo sem reservar, não conhecia nada, e queria dar um up no meu Instagram, fazer uns stories legais e postar tudo (pobre quando viaja tem que mostrar pra meio mundo, né?), e ainda por cima apareceu uma promoção da Revista Aprendiz de Viajante, que na compra de 6 revistas por R$ 120,00, de brinde ganhava um chip da EasySIM4U, com 4G ilimitado por 30 dias em todos os países, acabei comprando, não me arrependo, a internet funcionou muito bem mesmo, nas cidades, em alguns passeios, até em Machu Picchu funcionava, só no Salar do Uyuni que não tinha sinal nenhum. Também é possível comprar os chips nos países, não custa caro, mas tem que por crédito, troca o número, e tem franquia limitada, além de trocar o chip sempre que troca de país. Esse chip internacional funcionou nos 3 países, mas não servia pra ligações, apenas dados móveis. Além disso, como viagem era de 39 dias, e o chip só funcionaria por 30 dias, coloquei sua data de ativação para a partir do 9° dia, assim teria internet nos últimos 30 dias. Nos primeiros dias teria que me virar pedindo “la contraseña del wifi”. Usar chip brasileiro no exterior é pedir para pagar absurdos no fim do mês. Moeda Estrangeira Essa parte é com certeza a mais complicada, como levar dinheiro para a viagem? Reais, dólar, euro, cartão internacional, tele sena? Primeiramente, o cartão, mesmo sendo mais seguro, cobrava muitas taxas, fora os impostos que eram altíssimos para uso no exterior, além disso, muitos lugares não aceitam, então já risquei da minha lista. Bem, a moeda do Peru é o Novo Sol (S/)(PEN), da Bolívia é o Boliviano (Bs.)(BOB), e do Chile é o Peso Chileno ($)(CLP), por serem moedas “fracas”, suas cotações para compra no Brasil são as piores, então, ou compre dólar/euro no Brasil para trocar lá, ou leve real e troque lá. No meu caso, depois de muitas contas, cheguei à conclusão de que compensaria levar dólar ou euro, ao invés de reais. Para saber se compensa é só usar a formulinha que eu desenvolvi kkk (Quanto consigo em Soles levando Dólares) / (Quanto consigo em Soles levando Reais * Preço do Dólar em Reais) Se essa conta for maior do que 1, leve dólar, caso contrário, leve reais. Essa fórmula serve para todas as outras moedas, substituindo Soles por Bolivianos, Pesos, ou qualquer outra moeda fraca. Também pode ser substituído o Dólar por Euro, ou Libra, ou outra moeda forte. País Peru Bolívia Chile Real 0,77 PEN 1,65 BOB 152 CLP Euro 3,80 PEN 8,00 BOB 753 CLP Dólar 3,25 PEN 6,90 BOB 650 CLP As cotações estavam assim, então preferi comprar euros. No Banco do Brasil a cotação estava melhor que nas casas de câmbio, e para funcionários, não é cobrada a taxa de operação, então se você tem algum parente ou conhecido que trabalhe lá...#ficaadica. Enfim, comprei 1400 euros por R$4,72 para levar, depois comprei mais 250 dólares por R$4,04, e na véspera, minha tia ainda me deu mais R$300 para comprar um poncho de lhama kkk. Toda essa grana devidamente guardada num saquinho de plástico com um papelão no meio para não amassar, dentro de uma doleira que eu usava amarrada na coxa (na cintura é muito manjada) por baixo da calça, com medo de alguém roubar aquilo assim que eu saísse do aeroporto. Importante, não dobrar as notas de dólar ou euro, lá eles são bem chatos com isso. Voltei para casa com R$200,00, 400 euros e 20 dólares. Seguro Viagem Aproveitei a Black Friday de 2017 e comprei o seguro viagem da Allianz Mondial, por R$109, plano América do Sul Standart, para 30 dias, estava com 50% OFF. Aí, em março, quando comprei a passagem para mais de 30 dias, liguei lá, expliquei a situação, aí cancelaram minha apólice, devolveram todo meu dinheiro, e fizeram uma nova apólice de 40 dias por R$110, pasmem. E pelo menos no meu caso, não foi um gasto, foi um investimento muito bem usado. Certificado Internacional de Vacinação Essa porc%#** desse certificado, teoricamente é obrigatório para entrar na Bolívia ou Amazônia Peruana, aí todo mundo se mata pra conseguir, tendo que ir em algum posto da ANVISA para tirar (é de graça), aí chega na hora da viagem e ninguém nem pede (ninguém me pediu). Mas é a famosa Lei de Murphy, se você viajar sem, tenha certeza de que te pedirão, então não arrisque, procure onde é o posto da ANVISA mais próximo da sua casa e faça esse certificado. Ingresso para Machu Picchu O famoso ingresso, como eu ia na alta temporada (junho a agosto) e queria subir a Huayna Picchu (aquela montanha que aparece no fundo de MP), tive que comprar o ingresso em abril para poder subir em agosto. Caso você não queira subir nenhuma montanha ou vá na baixa temporada, não precisa de tanta antecipação. O acesso ao parque é limitado a 2000 pessoas por dia. Pedi para um guia turístico que mora em Cusco que conheci num grupo de viagens do Whatsapp, para que ele comprasse para mim, para que eu conseguisse o desconto de estudante. Mandei foto da minha carteirinha (ISIC e normal) e ele conseguiu comprar com desconto, de 200 soles, paguei 125. Mas caso você não tenha carteirinha, pode comprar pelo site oficial http://www.machupicchu.gob.pe/, ou pode deixar para comprar lá em Cusco mesmo. Mochilas De bagagem de mão, eu levei uma mochila de ataque de 30 L daquelas da Decathlon (comprem essas coisas na Decathlon que é top e barato), com uma pastinha com o passaporte, certificado de vacinação, passagens aéreas e minha caderneta de anotações. Já pra despachar foram: uma cargueira de 85 L da Conquista que eu já tinha há anos, com praticamente tudo dentro, além de um saco de dormir para -15° (emprestado de um amigo), um isolante térmico inflável (também da Decathlon e também emprestado de um amigo) e minha barraca Azteq Katmandu 2/3. Para não despachar esse monte de coisa amarrado e correr o risco de perder tudo ou alguém enfiar drogas na minha mochila cheia de zíperes (minha mãe assiste aquelas séries de aeroportos no NetGeo e ficou morrendo de medo kkk), eu pedi pra um amigo que trabalha com tapeçaria e ele costurou um saco para colocar tudo dentro e com um zíper só para poder passar um cadeado e deixar a mãe tranquila (ficou parecido com uma bolsa de academia). O que levar? Para detalhar melhor, tá aí uma lista completinha de tudo que eu levei: · 1 bota impermeável (Yellow Boot Timberland), 1 tênis (All Star velho), 1 par de chinelos e 1 par de alpargatas. · 2 toalhas de banho (1 normal e 1 daquelas da Decathlon que seca rápido) e 1 toalha de rosto, Kit banho (shampoo, condicionador, sabonete e bucha). · 1 estojo (pasta, escova, fio dental, desodorante, perfume, repelente). · Hidratante e protetor labial (levem, senão a boca e o rosto de vocês esfarelam no deserto). · 4 calças (2 jeans, 1 de sarja com elástico e 1 de moletom) e 2 bermudas (1 jeans e 1 de praia). · 8 camisetas. · 12 cuecas e 7 pares de meia. · 2 camisetas segunda pele. · 3 blusas (2 de lã e 1 de moletom). · 1 casaco impermeável corta-vento (R$199 na Decathlon, melhor investimento). · Pacote de lenços umedecidos. · Remédios usuais (antialérgico, sal de fruta, band-aid, para dor de garganta, Dramin) · Pasta com os documentos. · Doleira com a grana (dólar e euro). · Carteira com a grana trocada, cartão de crédito internacional para emergências, carteirinha de estudante. · Celular, carregador, fones de ouvido, bateria extra, adaptador. · 2 cadeados e algumas sacolinhas plásticas. · Caderneta e caneta. · 1 óculos de sol e relógio de pulso. · 1 rolo de papel higiênico. · 1 pacote de paçoca rolha e 1 saco de bala de banana (pra fazer a alegria da gringaiada). Me arrependi de levar tantas blusas porque lá acabei comprando mais (Mercado São Pedro em Cusco é sucesso), luvas, toucas e cachecóis não compensa levar daqui, porque lá tem mais bonitos e mais baratos. Devia ter levado e acabei me esquecendo, protetor solar, lá é caríssimo, aí tinha que ficar pedindo emprestado pros outros, e não esqueçam que nos Andes o Sol é mais forte, fora o vento e a secura do ar, então levem creme, hidratante para o rosto e lábios porque vão usar e muito! DIÁRIO DE BORDO Nos capítulos seguintes, vou contar como que foram os passeios, dia por dia, tentei lembrar e ser o mais fiel possível com todos os fatos passados, contando os perrengues, minhas impressões, também tentei contar tudo do modo mais descontraído que eu consigo ser (uiii ele é superdescontraído ele hehe). Coloquei algumas fotos para tentar ilustrar o que eu vivi, os lugares por onde passei, a grande maioria delas foi tirada do meu celular mesmo, como não tenho câmeras profissionais, nem GoPro, tive que me virar nos trinta com meu Galaxy S7 Edge, mas felizmente, a câmera dele é bem razoável, algumas poucas fotos, lá na parte do Atacama, foram tiradas com um iPhone X de um desconhecido que eu pedi para tirar do celular dele, porque o meu estava sem bateria e ele me mandou pelo Whatsapp depois. O relato em si acabou ficando mais longo do que o planejado, então, caso você não esteja com muita paciência para ler tudo, ou queira só um resumo, no final de cada dia eu coloquei um quadrado cinza com todos meus gastos diários, nome das empresas de bus, de algumas agências, dos hostels onde fiquei hospedado. Além disso, coloquei também algumas caixas coloridas com informações importantes em destaque, deem uma olhada nelas. Do mais, é isso, espero que curtam, e qualquer coisa, pergunta, dúvida, me chamem no Instagram @der_wanderlust que eu respondo com o maior prazer. Bora lá!!!
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[Chile - Torres del Paine & Atacama - cartão internacional]
GPaine postou um tópico em Perguntas Rápidas
Olá gente, Vou para o Chile (Torres del Paine e Atacama) nesse mês, e tenho dúvida sobre qual o melhor meio de pagamento Eu tenho o cartão de débito da Wise, e tenho pesos chilenos, dólar, e reais nele. 1. Eu posso usar ele pra fazer compras em mercados / lojinha / restaurante, ou é melhor que eu saque pesos chilenos em dinheiro vivo para andar pelas cidades? 2. Vocês sabem se eu pago taxa por pagar com o cartão (caso eu tenha a moeda da transação)? 3. É melhor eu ter dólar também ou apenas pesos chilenos?- 8 respostas
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Natal e Réveillon em Atacama e Santiago
Adriana Araújo1502435418 postou um tópico em Chile - Relatos de Viagem
Salve galerinha do bem ! Satisfação em compartilhar com vcs minha viagem de final de ano no Chile. Eu como uma boa geógrafa e louca por viagens tinha obrigação de ir conhecer o deserto, que afinal tá do lado da nossa casa por assim dizer 🤓. Eu passei Natal e Réveillon por lá, vou fazer um resumo dos assuntos relevantes mas se alguém quiser alguma informação só me contatar. Bom, eu planejei tudo em 4 meses, comecei com as passagens, hospedagens e pacotes dos passeios. Fechei tudo no Brasil. Embarquei 23/12/19 e fui direto pro Atacama ''c/ escala em Santiago pq n tem vôo direto p lá." Vc tem que chegar a Calama e de lá pegar um transporte para San Pedro " cidade base para quem vai ao deserto". Eu fechei o transfer pelo decolar e deu tudo certo, a propósito fechei os passeios de Atacama com eles tbm. A cidade de San Pedro é bem movimentada e fornece o básico para os viajantes, eu notei muita coisa de indústria brasileira lá nos mercadinhos, os preços em Atacama é BEM salgadinho, principalmente alimentação, as coisas ficam um pouco mais amenas fora de alta temporada, mas segundo o pessoal de lá não é muito diferente. Mas vale estar por lá... Existem restaurantes para todos os gostos!! Confesso que não sou apaixonada pela culinária chilena, mas uma coisa que eu ameiss foi o pão de lá... E o chopp, p/ os apreciadores não deixem de experimentar 😋 Agora falemos então do magnífico deserto 😍 São diversos passeios que vc pode fazer por lá, o bom do deserto é que a beleza de lá se encontra com todas as estações e tem atrações diversificadas. Eu vou citar os passeios mais marcantes p mim, mas se pretende ir, pesquise os que vc deseja conhecer de acordo com tempo e dinheiro que vc terá. Sem dúvida o que eu mais gostei foi... Ternas de Puritama Olha a vista desse lugar e lá embaixo tem as piscinas termais. É muito interessante porque o sol tá rachando, aí vc pensa que vai tá muito quente p entrar em água com temperatura de 28-30 ° e aí que se encanta... Porque lá embaixo a temperatura cai e fica perfeito. O segundo eu destaco... Laguna Cejar Esse passeio é ideal para ser feito no verão porque a água é bem gelada. Com 40% a mais de sal do que a água do mar, seu corpo não afunda, porém não se recomenda molhar o rosto e tão pouco mergulhar e vc sai coberta de sal. E por fim vou destacar... Lagunas Altiplânicas e Piedras Rojas O lugar e lindo, lindo, o vento, o ar pela altitude, tive que mascar folha de coca p não sentir o ar rarefeito. Vimos muitas Lhamas por lá foi bem legal, e apropósito a noite acabei indo comer carne de Lhama super tradicional por lá. Enfim o deserto é um lugar surpreendente de muitas aventuras e diferentes paisagens, se viagens pra curtir a natureza é teu forte então vc tem que fazer Atacama um dia! Agora vamos para o posto de tudo isso hahaha... Santiago Minha viagem aconteceu quando os protestos no Chile em 2019 já estavam controlados então foi sussa viajar por lá. É sabido que estamos falando sobre a capital neoliberal da América do Sul então... Empreendedorismo e modernismo e o foco de lá. Cidade agitada com muita comida e balada pra quem gosta. No verão Santiago perde sua maior atração que é o Valle Nevado, porém ele ainda oferece passeios. Tire um dia pra dar um rolê no centro "tipo 25 de Março aqui em Sampa". Vale a pena pra fazer comprar e trazer presentes inclusive o Pisco "bebida típica" de lá rsrs. Vá ao Cerro de Santa Lucía e Mercado Municipal, eu fiz isso tudo no msm dia e o bom que dá pra ir a pé, e confesso que foi o dia mais agradável que eu tive, no final da tarde tomamos chopp e comemos no Mercado ao som de música típica e do zunzunzun de muitas conversas! Depois de ficar ligeramente alegre e rindo a toa 🙈 pegamos Uber que por sinal até o momento não é legalizado mas funciona muito bem por lá, e fomos pro hotel. Falando nisso, o setor hoteleiro de Santiago é muito bom e o melhor é que, se vc procurar bem pode achar preços incríveis. Eu fiquei nesse hotel Maravilhento rs, por um preço ótimo. Para finalizar vou resumir os passeios clássico de Valparaíso e Viña del Mar Cidades costaneiras, na minha modesta opinião... Pura propaganda, não há nada a se perder em visitar, Valparaíso é uma favela antiga, que as imagens falem por si. Em Viña del Mar, tem o famoso relógio de flores, restaurantes de frutos do mar em abundância, mas para mim o que valeu foi passear pela orla e por o pé nas águas do pacífico Sul que é gelada demais, isso me fez valorizar nosso litoral top ❤️ e tivemos a sorte de ver leões marinhos a 1mt. de distância. Bom enfim termino por aqui, esse foi meu primeiro relato, e peguei a minha viagem mais recente, da um trabalho danado escrever sobre isso, então aproveitei o tempo de quarentena pra fazer isso. Esperamos o fim da pandemia para voltarmos a fazer nossas viagens com segurança pelo mundo! Abraços e boa sorte 🙏 -
CHILE (Atacama e Santiago) Passeios e Gastos
Carol.Barbosa94 postou um tópico em Chile - Relatos de Viagem
Olá, Aqui vou descrever sobre os meus passeios, gastos e como foi a minha viagem ao Chile do dia 02 a 10 de Outubro de 2019. Época fora da temporada de neve, porém, com uma beleza encantadora e ainda assim pude ver e sentir a neve. Vou deixar meus insta aqui pra quem quiser mais informações: @barbosa_carolin Passagens Aérea (ida e volta): R$ 709,00 Guarulhos x Santiago R$ 239,00 Santiago × Calama Companhia SKY Airline (comprei pelo site Maxmilhas). É possível encontrar bem mais barato, mas comprei muito em cima da hora hehe... Cambio: Comprei $25.000 pesos no aeroporto de Santiago, a cotação é ruim, mas é melhor que trocar no Brasil e saiu 153 pesos por real. Então gastei R$ 170,00 (com uma taxa de $1.043,00 pesos incluso, que é cobrado na casa de câmbio do aeroporto) A conversão é feita assim: o total de pesos que você precisa dividido pela cotação do dia. Ex: 26.043,00 ÷ 153 = R$ 170,21 Sugiro trocar no aeroporto só o que for usar para o translado. Transfer Aeroporto x Hostel (ida e Volta) De Calama p/ San Pedro leva em média 1h30 de viagem e o transfer é tabelado e custa $20.000 pesos ida e volta com desconto. (Só ida ou volta $12.000) Do aeroporto de Santiago até o hostel no centro ida e volta com desconto ficou por $13.320,00 pesos. (Só ida ou volta $7.400) Total Transfers: R$ 210,00 Hospedagens: Em San Pedro de Atacama, fiquei no Tiny Hostel, super limpo e organizado e perto de tudo. 29.300 pesos (R$ 174,40) por 3 dias e meio e não paguei os 19% do IVA porque apresentei o PDI e identidade. Em Santiago, fiquei no Hostal Yungay localizado no centro e indicado para quem busca mais tranquilidade a noite. O custo foi bem parecido com de Atacama, porém foram 05 diárias por 29.400 pesos. Devido a diferença de cãmbio o meu gasto foi de R$ 175,60. No Total, gastei R$ 350,00 para 08 diárias. Passeios: 1° Dia - Valle de la Luna: É um tour maravilhoso, com paisagens incríveis, passando pelas dunas e mais alguns pontos famosos como as 3 Marias. Geralmente feito na parte da tarde e encerra com um lindo pôr do sol. 2° Dia - Lagunas de Baltinache: São 7 lagunas simplesmente lindas!!! Fiquei encantada com aquele lugar, pode entrar na primeira e na última Laguna, água extremamente salgada e gelada rsrs... Também encerramos com um pôr do sol maravilhoso. A noite fiz o Tour astronômico. Super recomendo. 3° Dia - Piedras Rojas e Lagunas Antiplanicas: Pra quem não sabe, a entrada na Piedras Rojas está fechada, podemos ir apenas até o mirante, mas é um passeio fantástico também, só o caminho até chegar lá já faz valer a pena. Muitas histórias, vegetação, animais. Ainda passamos pela placa de Capricórnio. Nas Lagunas de Miscanti e Miñiques pudemos ver um pouco mais de perto os vulcões com o mesmo nome. Paisagem que parece uma pintura de tão lindo que é. 4° Dia - Deixei livre para conhecer um pouco mais de San Pedro e fazer algumas comprinhas de lembrancinhas. No seu dia livre pode alugar uma bike também para desbravar um pouco mais. Todos os passeios em San Pedro de Atacama ficaram por 87.500 pesos. (R$ 520,00) o pacote fechado com a mesma agência "Tour Connection" que super indico, os guias são maravilhosos. Agora vamos seguir para Santiago onde fiz os passeios com a Agência Bora Pro Chile Br e recomendo muito, excelente atendimento e acompanhamento do inicio ao fim de cada passeio. 5° Dia - Manhã livre no centro, fiz a visita guiada no Palácio de la Moneda agendei Com 1 mês de antecedência e assisti um pedaço da troca de guardas e conheci a Catedral. Na parte da tarde fui com a agência na Vinícola Undurraga. É simplesmente linda. 6° Dia - Viña Del Mar e Valparaíso. Que lugar lindo, alegre e cheio de Cores e arte. Não deixe de conhecer, é um dos principais passeios. 7° Dia - Portillo. O passeio mais esperado por mim. Que paisagem linda do inicio da estrada até a fronteira com a Argentina. Paisagens de quadro. Vale muito a pena conhecer, aquela Laguna del Inca é surreal!! 8° Dia - Vale Nevado & Farellones Sunset (Esse eu fiz com a agência Morandé) Pra quem assim como eu é apaixonada por montanha e pelo pôr do sol, esse passeio é super recomendado. Mesmo sem neve foi incrível. Todos os passeios em Santiago ficaram por 105.000 pesos (R$ 600,00) fechando os 3 primeiros com a mesma agencia e o ultimo com uma agencia diferente. Total com passeios e tickets de entradas R$ 1.120,00 Alimentação: A média que estabeleci para refeição foi de 12.000 pesos por dia, mas gastei bem menos. Como alguns passeios oferecem café da manhã, teve outro que oferecia almoço, então acabei economizando. Ao todo gastei R$ 545,00 em refeições. Lá existe os pratos prontos com entrada+prato principal+sobremesa por 4.000 pesos, McDonalds, Subway ou o famoso La Piccola Italia, são opções bem econômicas para comer. GASTO TOTAL DESSA VIAGEM: R$ 3.173,00 -
E aee galera mochileira!!! Vamos embarcar numa viagem sensacional, com paisagens incríveis e momentos inesquecíveis? Já sei que existem trocentos relatos sobre essa trip aqui. E esse relato não é diferente ou inovador, possivelmente pode ser apenas mais um... Mas esse é sob a minha ótica, com as minhas impressões, tentando transmitir as minhas sensações… Escrever um relato sempre vem com a intenção de ajudar os novos viajantes, assim como eu me alimentei muito de outros relatos pra fazer a minha. É uma retribuição a toda essa comunidade que me permitiu viver tudo isso. Além disso, eu uso os relatos como uma forma de registrar minha viagem, documentar como foram os meus dias, pra que daqui a uns anos eu volte aqui e relembre exatamente o que fiz naquele dia, viajar de novo na memória e não deixar que os detalhes desapareçam no tempo. Desde que conheci o Mochileiros.com em 2011, esse roteiro já me inspirava. Dentre os relatos que me fascinavam estava o do Sorrent em 2012, esse relato do @Sorrent é um dos clássicos desse site e os do Rodrigo e da Maryana que foram base e inspiração pra muita gente. Em vários momentos da viagem me senti vivenciando as coisas que eles escreveram. ROTEIRO Em junho/2015 eu fui junto com outros amigos pra Cusco. Como já tinha ido a um dos destinos desse clássico roteiro e também como pra fazer o roteiro completo com calma precisaria de quase 1 mês, ou seja, tirar minhas férias todas de uma vez e não poder dividi-las como sempre gosto de fazer, eu fui deixando esse roteiro de lado e indo pra outras bandas da América do Sul primeiro, até que enfim não consegui mais resistir e decidi fazer “meio roteiro clássico”. Amei muito Cusco, uma cidade incrível, uma vibe sem precedentes, quero muito voltar pra fazer a Salkantay ou a trilha Inca, as montanhas coloridas que em 2015 ainda não eram exploradas e conhecer Cusco do modo mochileiro, mas dessa vez, como já conhecia, decidi conhecer áreas novas. Resolvi também que dessa vez não faria Copacabana e La Paz e no futuro, voltando a Cusco, fecharia esse roteiro. Então fechei meu roteiro com Santa Cruz de la Sierra, Sucre, Uyuni, Atacama, Arequipa, Huacachina e Lima com 17 dias, de 10 a 26 de outubro de 2018. Outubro é uma boa época pra esse roteiro. Não é época de chuva em nenhum lugar e o frio no Salar já não é tão intenso. Fiz um seguro viagem pela Affinity que ficou em 160 reais. Graças a Deus não precisei usar, mas sempre façam. Quando fui pra Santiago em março me dei mal lá, tive que dar pontos no pé e o seguro foi essencial. Então sempre façam!!!🤙 Fui com um mochilão Quechua de 70 litros que coube tudo e ainda sobrou espaço. Não vou dizer tudo que levei porque as necessidades individuais variam pra cada pessoa mas adianto que roupas de frio, segunda pele, casaco pesado, gorro e luvas são necessários no Salar assim como você vai usar roupas leves no Atacama e Huacachina. Levei também uma mochila pequena de ataque, muito útil na travessia do Salar e no Canyon del Colca, além de ir comigo nos ônibus e nos voos. Bom, vamos aos fatos Quarta, 10 de outubro de 2018 🇧🇴 Vai começar a brincadeira! Fui de ônibus, viajando a noite inteira, da minha cidade Conselheiro Lafaiete/MG pra São Paulo. Da rodoviária do Tietê pro aeroporto de Guarulhos fui de metrô por 4 reais e gastei cerca de uma hora. Comprei as passagens de ida pela Boa (Boliviana de Aviacion) pra Sucre que incluía uma escala longa em Santa Cruz de la Sierra, suficiente pra ir no centro fazer cambio, conhecer a praça e dormir por lá. Decolei de Guarulhos às 13:15 e cheguei em Santa Cruz às 15h (hora local). O voo pra Sucre era só no outro dia de manhã. Imigração tranquila, a moça me perguntou o que ia fazer, falei com ela meu roteiro e ela disse que era um lindo roteiro e ela tinha muita vontade de conhecer Uyuni. Passaporte carimbado, passei no raio-x das mochilas e saí. Não vi a tal luz que a galera aperta e se for verde passa ou se for vermelha revista a mala. Talvez não tenha isso mais. Também não me deram nenhum papelzinho de entrada na Bolívia. O cambio do aeroporto, sempre ruim, tava R$ 1=1,50 bolivianos. Troquei 50 reais só pros primeiros gastos. Com 75 bolivianos no bolso e tempo sobrando fui procurar um busão pro centro. Ele sai dali da porta do aeroporto mesmo e custa 6 bolivianos. É um microônibus apertadinho mas fui la pro fundão e me acomodei com minhas mochilas. Tinha lido que esse onibus vai pra um terminal no centro e de lá poderia pegar um táxi pro hostel, mas o motorista disse pra umas mulheres lá na frente que ele passaria num ponto que fica a 5 quadras da praça e como não tava um calor absurdo (leia-se os mais de 30 e tantos graus comuns em Santa Cruz) mas tava uns 25 a 27 graus e meio nublado, me animei a descer e ir andando. O aeroporto é longe do centro então foram uns 45 minutos de busão. Cheguei no hostel por volta de 16h. Tinha reservado o Nomad Hostel pela sua localização, ao lado da catedral, ponto mais central impossível A diária era 65 bolivianos. Achei caro já que não ia nem poder tomar o café da manhã, mas compensava pela localização. O cara da recepção era brasileiro. A propósito Santa Cruz tem muitos brasileiros estudando lá e por isso tinha esperanças de bom cambio por ali. Do outro lado da praça estão várias casas de câmbio. Os valores variavam pouco ali, entre 1,75 a 1,77. Só pra informação, dólar tava a 6,93. Como imaginava que ali seria o melhor câmbio da Bolívia (e realmente foi) troquei 1000 reais, dando 1770 bolivianos, que pelas minhas contas seria o suficiente pro meu tempo na Bolívia. Dinheiro no bolso, fui dar um rolê na praça. Santa Cruz de la Sierra não tem muitos atrativos. Escolhi ficar lá uma noite apenas pra fazer câmbio e dizer que conheci a cidade. Porém não posso negar que a praça é bem bonita, muito arborizada e a catedral é linda. Dá pra subir no mirador da catedral, o ingresso é só 3 bolivianos e tem uma vista bem bacana da praça e da cidade. Saí do Brasil 2 dias depois do 1º turno e ia voltar na véspera do 2° turno, então tava feliz de ficar fora enquanto todo mundo discutia política. Pensam que consegui? 😛 Santa Cruz tava em polvorosa, logo logo começou a lotar a praça de gente pra manifestar. Há um tempo atrás a Bolívia votou um plebiscito pra saber se o Evo Morales poderia continuar concorrendo a reeleições. O NÃO ganhou com uma vantagem apertada. Só que agora o Evo quer concorrer de qualquer jeito, mesmo com o NÃO ganhando o plebiscito. Então tava todo mundo puto por lá, protestando contra a ditadura que segundo eles tá começando e exigindo que o resultado do NÃO seja respeitado. Tinha até uma turma acampada lá em greve de fome. Apesar de demonstrar ser um momento político tenso a manifestação tava bem pacífica com bandinhas e desfiles de escolas, tava bonito de ver. Fiquei um bom tempo ali refletindo sobre a situação política do nosso país e da América do Sul em geral. Como disse uma mulher com quem conversei, nossa America padece 😔 Fui jantar, procurei um lugar mais ajeitadinho, primeiro que queria uma coisa mais bacana pra começar a viagem e depois que tava com um pé atrás com comida na Bolívia (depois relaxei 😄) e achei um restaurante especializado em comida chinesa chamado Chen Jianfan ali perto da praça e pedi um prato de frango cozido com vegetais, arroz, batata frita e suco de maracujá por 33 bolivianos (R$ 18,64). Satisfeito, fui pro hostel. Pedi um Paceña no bar do hostel pra entrar no clima. Tinha um grupo grande de amigos numa mesa, um casal de argentinos e só. Não tava um ambiente muito interativo. Já tinha viajado de busão toda noite anterior, ia levantar cedo no dia seguinte, fui dormir. Quinta, 11 de outubro de 2018 🇧🇴 Levantei pouco antes de 7 da manhã, arrumei minhas coisas e saí. Cheguei na recepção e porta fechada e sem recepção. E agora como eu saio daqui? Olho ao redor e ninguém. A porta era de blindex e estava fechada de chave e ainda tinha a porta da rua. Pensei uns minutos e vi que tinha um pino em cima. Abaixei o pino, forcei a porta pra dentro e consegui abrir. Só encostei ela de volta e deixei destrancada (claro) Agora era a da rua mas ela só tava encostada 😅 FUGI DO HOSTEL 😂 modo de dizer pois já tinha pago a diaria no checkin mas passei um perrenguinho ali Ao contrário de ontem, não tinha muito tempo sobrando então descartei o busão. Ainda com wifi na porta do hostel olhei Uber pro aeroporto e tava 109 bolivianos 😨 Então fui pra praça e fiquei esperando pra ver se passava um táxi. Logo o segundo que passou tava livre e o tiozinho cobrou 70bol. Ok, lá vamos 😕 No meio do caminho tinha uma escola, tinha uma escola no meio do caminho 😒 E por ser horário de inicio das aulas tava um transito do cão. O tiozinho ia costurando o transito e se fosse busão ia ficar garrado ali. Achei melhor estar de táxi mesmo. Quase 1 hora depois chegamos ao aeroporto. Na entrada do aeroporto tem um pedágio de 8bol que o taxista paga mas obviamente cobra de você, então, 78bol. É caro mas dá 44 reais, se fosse no Brasil um trecho longo desses jamais seria só esse preço. Despachei meu mochilão no guichê da Boa e tava em jejum ainda né. Tinha biscoitos na mochila de ataque mas não tinha café e eu sou desses viciados então tive que pegar um capuccino naquelas máquinas de expresso por 12bol (ai meu coração💔) mas com café estava vivo de novo 😆 Entrei pro embarque e o voo era previsto pra 9:20 só que…fugi do hostel, fui de táxi pro aeroporto, pra que? Pra que? Pra mofar lá 😤 Santa Cruz tava nublado mas as noticias que chegavam é que chovia litros em Sucre. E pelo que entendi o aeroporto de Sucre não opera por instrumentos então tínhamos que esperar o tempo melhorar por lá. Dariam mais noticias as 10:20. OK. Sentei lá e fiquei observando o movimento. Num canto lá vi um casal conversando com um boliviano. O casal falava português. Depois que acabou o assunto com o boliviano eu fui lá puxar assunto. Eram Luana e Leonardo, casal carioca, militares da Marinha servindo em Corumbá, estavam indo também pra Sucre e Uyuni, depois La Paz e Cusco. Já tratei de combinarmos rachar um táxi em Sucre. Informaram nova previsão pro voo às 11:30 e enfim, com mais de 2 horas de atraso, partimos pra Sucre. No aeroporto de Sucre, um caso interessante. Tem um cara lá que fica conferindo o ticket da mala pra ver se é seu mesmo. Eu já tinha arrancado o da minha mochila, mas botei ela nas costas e saí de mansinho enquanto ele tentava se entender com um grupo de japacoreanos 😬 A sinalização no aeroporto também tem em espanhol, inglês e quéchua. Encontrei a Luana e o Leonardo e fomos atrás de um táxi. Já tinha lido que o preço era 60 bol. E era isso mesmo. O aeroporto de Sucre é longe da cidade, a uns 30 km. O bom de achar gente pra rachar é que saiu 20 bol pra cada. No caminho a Luana contou que tava apreensiva com a viagem pois tinha descoberto ha poucos dias que estava grávida de 6 semanas. Trocamos contato e o taxista passou primeiro no meu hostel. Fiquei no Kultur Berlin. Ótimo hostel, muito bom mesmo. Não lembro quanto paguei a diária mas fiz a reserva no Booking onde dizia 29 reais então paguei lá no check out uns 50 e poucos bolivianos. Hostel mais barato que o de Santa Cruz mas infinitamente melhor. Fui pro quarto que tinha 2 pavimentos, 2 beliches em baixo e 3 camas em cima. Tinha só um canadense lá, o Connor. Conversamos um pouquinho e saí pra bater perna. O hostel fica a 2 quadras da praça central de Sucre. Procurei um restaurante lá e pedi uma sopa de quinoa, prato bem grande, não lembro o preço mas não era caro. Ali na mesma praça tem a Casa de la Libertad, tida como o monumento histórico mais importante do país, onde foi proclamada a independência. Lá tem exposições com as fotos dos ex-presidentes, mobiliários, objetos das epocas coloniais e das batalhas de independência. A entrada custa 15bol e se você tiver passando com tempo por Sucre vale a pena. A praça 25 de Mayo é muito bacana. Ficar ali um tempinho observando a vida da cidade é muito bom. A catedral tava fechada. As construções ao redor são muito bonitas. Dali desci umas 3 quadras até o Parque Bolivar, outra praça bem arborizada e agradável, tem até uma miniatura da torre Eiffel pra galera subir. Descansei lá um pouquinho e voltei as 3 quadras pro centro saindo ao lado do Mercado Central. O mercado é mais de frutas, flores, comidas, frangos e carnes expostas, aquela salada visual que tanto impressiona a nós brasileiros. Passei no supermercado pra comprar uma água 2l por 4,20bol e encontrei uma loja dos famosos Chocolates Para Ti, que são vendidos no quilo. Tem amargo, tem em formato de dinossauro, tem vários. Não são lá muito baratinhos mas muito gostosos😋. Comprei pouco mais de 100gr e deu 31,50bol (R$ 18) Passei no hostel pra deixar as coisas e pegar uma blusa pois a tarde ia caindo e eu ia subir pro mirante. O mirante fica a umas 6 quadras do hostel, subindo. Cheguei lá pouco depois das 17h e apaixonei de cara. Tem uma escola ali e a aula tinha acabado e um monte de alunos estavam pela praça, conversando, jogando bola, misturados aos turistas que subiram pra ver o por do sol, um grupo de jovens sentados tocando violão, o ambiente ali era maravilhoso. Não teve lá um grande por do sol pois tinha umas nuvens, mas tava muito gostoso lá. Desci ao escurecer e quando cheguei no quarto do hostel tinha chegado um cara lá. Mandei um hola e ele respondeu o hola com aquele A comprido (holaaa) que denuncia de cara um brasileiro. Era o Fábio de São Paulo. Conheci um irmão de viagem. Mal imaginava naquele momento mas a gente seguiria juntos boa parte da viagem. Também tinha chegado no quarto a Daniela, uma boliviana de Santa Cruz. Tomamos banho e descemos pro restaurante do hostel, que tem um preço bem parecido com dos outros restaurantes da cidade, então comemos por ali. Comi sopa de entrada com spaguetti a bolonhesa e umas paceñas e piscos no happy hour depois. Enquanto isso tinham umas apresentações de danças folclóricas e os dançarinos eram do próprio staff do hostel, bem legal. Depois que acabaram as apresentações começou a boate do hostel na sala ao lado. Fomos pra lá e ficamos até parar a música lá pelas 2 da manhã. Detalhe que de hóspede só tinha a gente pois quando acabou todo mundo foi embora do hostel e só ficou nós 3 olhando um pra cara do outro
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Trip Deserto - Atacama, Uyuni e Santiago
Fernanda Freitas postou um tópico em Chile - Relatos de Viagem
[Trip Deserto – Atacama, Uyuni e Santiago] A Trip que estava no topo da minha lista de desejos foi realizada com muito sucesso em junho de 2019. Foram 13 dias, sendo 4 dias no Atacama, 4 dias para fazer a travessia para o Deserto do Uyuni e 5 dias em Santiago. San Pedro é daquelas cidadezinhas pacatas, chão de terra, paz e amor que rouba o coração da gente, as paisagens, os lugares são tão incríveis que parece que você está em outro mundo, SURREAL, minha alma transbordou de tanta emoção, vi a Via Láctea inteira bem em cima da minha cabeça, ouvi histórias ancestrais de Atacamenho raiz e o lugar menos esperado que eu não consegui segurar minhas lágrimas foram os Gêiseres Del Tatio, não sei explicar o que eu senti naquele lugar, só sei que foi incrível, apesar do frio de - 9° (alguns falaram que era de - 13°), fiquei hospedada no Hostel Hultur e foi incrível, porque tem área de fogueira e todo mundo se reunia em volta da fogueira toda noite. A travessia do Uyuni, não foi fácil, mas tbm não foi muito difícil, as hospedagens eram boas, disponibilizavam sacos de dormir, a comida era muito boa e tomei banho quente todos os dias. O mais complicado é o vento gelado em alguns lugares e a altitude, eu passei muito mal na laguna colorada, altitude de 4600 mts, tive que andar mais ou menos por uma hora e deu muito ruim. Fiquei 5 dias em Santiago tbm, vi neve, nevasca na montanha, não aproveitei tanto a cidade como gostaria, porque a Trip do Uyuni roubou minhas energias, me hospedei no Hostel Providência e um dos melhores Hostels que já passei, festa diariamente, e rodadas grátis de Pisco Sour. Uma dica para Santiago, fujam dos taxistas, eles são muito filhos da puta. No fim das contas foi tudo incrível. Como sempre digo "Tudo Vale a pena, quando a alma não é pequena" Viagem toda feita por conta, exceto os passeios que contratei agência local. Melhor agência para os passeios do Atacama é a Flamingo, melhor preço e atendimento excelente. Mais dúvidas, estou a disposição Sigam meu Instagram: instagram.com/fernasdicas -
Olá pessoal, após a leitura de muitos relatos de viajantes que foram ao Peru de carro ou moto e não tiveram maiores problemas, decidimos encarar uma viagem de carro até lá. Foram alguns meses de preparativos até a definição do roteiro final (que alteramos pouca coisa no decorrer da viagem), no qual pretendíamos visitar os principais pontos turísticos acessíveis com o nosso veículo, procurando realizar uma viagem econômica mas sem passar apertos. Decidimos ir pelo norte da Argentina e norte do Chile, assim passamos novamente por locais já visitados na viagem que fizemos em 2012 ao Atacama http://www.mochileiros.com/atacama-de-carro-video-com-a-filmagem-completa-da-estrada-pelo-paso-de-jama-t75603.html. Dentre os principais objetivos da viagem estavam: Salta, Tilcara, San Pedro de Atacama, Antofagasta, Iquique, Arequipa, Nasca, Lima, Cusco, Machu Picchu e Puno. Irei fazer um relato para cada dia da viagem, com fotos e gastos com hotéis e combustíveis. Filmei toda a viagem com uma câmera no parabrisa do carro, pretendo colocar em cada relato um video com o trecho percorrido. Nesse primeiro post vou colocar o mapa do trajeto percorrido, os documentos que levamos para cada país e algumas dicas. A planilha de gastos está disponível para baixar como anexo Documentos necessários: Argentina: Passaporte ou RG, Carteira de motorista, CRLV do veículo em nome de algum dos viajantes, Seguro Carta Verde Chile - Passaporte ou RG, Carteira de motorista, CRLV do veículo em nome de algum dos viajantes e seguro SOAPEX Peru - Passaporte ou RG, Carteira de motorista, CRLV do veículo em nome de algum dos viajantes, Seguro SOAT Dica: Não é obrigatório, mas recomendo levar a Carteira Internacional de Motorista (PID). Os policiais olham e já percebem que você está mais preparado. Recomendo levar também o passaporte, agiliza os trâmites na fronteira. Levamos também o manual do carro com o carimbo da última revisão para comprovar que revisamos antes da viagem e o CRLV do ano anterior para as abordagens policiais. Assim quando éramos parados entregávamos a PID e CRLV do ano anterior e deixamos o CRLV atual e a carteira de motorista guardadas para mostrar somente nas aduanas. Além dos documentos, levamos os seguintes equipamentos para o veículo: 2º triângulo, cambão e um kit de primeiros socorros. Nenhum desses itens foram solicitados (nessa e nas outras duas viagens que fizemos pela Argentina e Chile), mas como já tínhamos, levamos assim mesmo. Antes da viagem fizemos uma boa revisão no carro, trocamos o óleo, filtro de gasolina, óleo, ar condicionado, fizemos geometria, balanceamento e alinhamento das rodas e pedimos para dar uma olhada geral na suspensão e freios. Também compramos duas lâmpadas reservas para o farol baixo, já que é obrigatório circular com elas ligadas mesmo de dia nas estradas. O seguro Carta Verde adquirimos pela nossa seguradora, Porto Seguros sem custo adicional. Foi solicitado logo na entreda da Argentina, é possível fazer nas cidades fronteiriças também. Já o seguro SOAPEX para o Chile, emitimos online pelo site: http://www.magallanes.cl/magallaneswebneo/index.aspx?channel=8212 e o pagamento pode ser feito pelo Paypal e você escolhe o período de vigência. O seguro SOAT, obrigatório para o Peru, fizemos em Tacna (La Positiva no endereço Calle Apurímac 201 - 209), mas é possível fazer logo após a aduana de Santa Rosa, que faz fronteira com o Chile. Duzentos metros depois da aduana a direita há uma placa indicando o local onde é vendido o seguro. Por 30 dias pagamos o equivalente a 40 soles. É fundamental fazer esse seguro para não ter problemas nas estradas peruanas. No decorrer dos relatos vamos contando sobre as abordagens dos policiais nas estradas do Peru. O seguro do nosso carro só tem extensão de perímetro para os países do Mercosul e Chile, não conseguimos fazer a cobertura para o Peru, acabamos indo sem. Com relação ao dinheiro, preferimos levar dólares para trocar no Chile e Peru. Para a Argentina, levamos reais e fizemos o cambio na fronteira, a cotação estava AR$ 1,00 = R$ 0,27 ao passo que em Tilcara estava AR$ 1,00 = R$ 0,53. O ideal é trocar todo o dinheiro a ser usado na Argentina logo na fronteira. Para o Chile e o Peru íamos trocando conforme a necessidade. O real tem uma boa cotação am Arequipa, Lima, Cusco e Puno, nos demais locais a cotação estava péssima. Pagamos os hotéis em dólares e fazíamos as reservas pelo Booking durante o decorrer da viagem. No Chile e Peru ao efetuar o pagamento em dólares não é necessário pagar o imposto local os viajantes que ficam menos de 60 dias no país. Na Argentina, estava compensando pagar em pesos, por que na conversão ficava mais barato o hotel. Todos os hotéis que ficamos possuem estacionamento e no decorrer dos relatos vamos colocando o nome, localização e preço na data que ficamos. A viagem durou cerca de 30 dias e percorremos em torno de 11500km. Optamos por ir e voltar pelo Atacama e norte da Argentina por ser um trajeto conhecido e relativamente tranquilo, mas é cansativo ir e voltar pelo mesmo caminho. Segue abaixo os mapas com o trajeto da ida e da volta. Indice de postagens: Dia 01 - 25/12/2015 - Mais dicas importantes e primeiro dia da viagem Dia 02 - 26/12/2015 - De Curitiba a San ignacio[AR] Dia 03 - 27/12/2015 - De San ignacio a Salta Dia 04 - 28/12/2015 - De Salta a Tilcara Dia 05 - 29/12/2015 - De Tilcara[AR] a San Pedro de Atacama[CH] Como chegar ao posto Copec em San Pedro Dia 06 - 30/12/2015 - Passeios em San Pedro de Atacama Dia 07 - 31/12/2015 - Passeio nas Lagunas Antiplánicas Dia 08 - 01/01/2016 - De San Pedro de Atacama a Antofagasta Dia 09 - 02/01/2016 - De Antofagasta a Iquique Dia 10 - 03/01/2016 - De Iquique[CH] a Tacna[PE] Dia 11 - 04/01/2016 - De Tacna a Arequipa Dia 12 - 05/01/2016 - Passeios em Arequipa Dia 13 - 06/01/2016 - De Arequipa a Nasca Dia 14 - 07/01/2016 - De Nasca a Lima Dias 15,16 e 17 - 08-09-10/01/2016 - Passeios em Lima Dia 18 - 11/01/2016 - De Lima a Nasca Dia 19 - 12/01/2016 - De Nasca a Abancay Dia 20 - 13/01/2016 - De Abancay a Cusco Dia 21 - 14/01/2016 - Passeios em Cusco Dia 22 - 15/01/2016 - De Cusco a Ollantaytambo - Vale Sagrado Dia 23 - 16/01/2016 - Machu Picchu Dia 24 - 17/01/2016 - De Ollantaytambo a Puno Dia 25 - 18/01/2016 - Passeio as Ilhas de Uros e viagem de Puno a Tacna Dia 26 - 19/01/2016 - De Tacna[Peru] a Calama[Chile] Dia 27 - 20/01/2016 - De Calama[Chile] a General Guemes[Argentina] Dia 28 - 21/01/2016 - De General Guemes a Corrientes Dia 29 - 22/01/2016 - De Corrientes a Foz do Iguaçu Dia 30 - 23/01/2016 - Ida ao Paraguai e viagem de Foz do Iguaçu a Curitiba Trajeto da ida Trajeto da volta Vídeos das estradas percorridas na viagem, 12000km de filmagens: https://www.youtube.com/watch?v=YONvHjLMuvo https://www.youtube.com/watch?v=AQd5D_jPLTI https://www.youtube.com/watch?v=2_Rhrro_UxA https://www.youtube.com/watch?v=VyrmKHBqEyM https://www.youtube.com/watch?v=msWEf08eEK8 https://www.youtube.com/watch?v=SXT08k1E1MQ https://www.youtube.com/watch?v=Rr_F5LcxRuI https://www.youtube.com/watch?v=Bjxx2GfF4rw https://www.youtube.com/watch?v=_wt0e_PNv6g https://www.youtube.com/watch?v=sBM6Wdcmcr4 https://www.youtube.com/watch?v=O4e877RVuq8 https://www.youtube.com/watch?v=k969QIa3xTM https://www.youtube.com/watch?v=Th_ike28o7Q https://www.youtube.com/watch?v=AtL-UCZhvO8 https://www.youtube.com/watch?v=N1SJV43F1v0 https://www.youtube.com/watch?v=XQMlBuwxplw despesas.xls
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Olá amigos da comunidade Mochileiros.com. Aqui é o Thiago e a Priscila. Nós moramos na cidade de Blumenau-SC. Em dezembro de 2018 fizemos nossa viagem de carro até San Pedro de Atacama no Chile. A comunidade mochileiros.com nos ajudou bastante, pois no site conseguimos várias dicas e conhecemos outras pessoas que também nos ajudaram com informações. Por esse motivo queremos compartilhar nossa experiência. E quem sabe poder ajudar ou até mesmo encorajar outras pessoas a saírem do sofá e encarar essa aventura. Para realizar esta viagem primeiro nós fizemos algumas pesquisas, como por exemplo: documentos necessários, seguros obrigatórios, melhor roteiro, condição das estradas, hotéis, pontos turísticos, custo com passeios, custo com alimentação, custo com gasolina, custo com pedágios, melhor câmbio, o que levar na bagagem, etc. Juntamos todas essas informações numa planilha e então começamos a trabalhar nela. Então no mês de Setembro/2018 começamos a fazer as contas e preparar tudo o que precisava para viajar. Nessa primeira parte vamos tentar abordar o máximo de informações com relação ao roteiro, situação das estradas, GPS, câmbio, aduanas, seguros, itens obrigatórios, pedágios e combustível. Na segunda parte vamos falar um pouco sobre San Pedro de Atacama e sobre os nossos passeios. Então vamos ao que interessa: Nessa viagem foram 04 pessoas: Eu (Thiago), minha esposa Priscila, meu Pai e a namorada do pai. Saída de Blumenau: 22/12/2018. Chegada em San Pedro de Atacama: 25/12/2018. Saída de San Pedro de Atacama: 31/12/2018. Chegada em Blumenau: 03/01/2019. Carro utilizado: Peugeot 207, ano 2012. Motor 1.4, c/ 04 portas. Roteiro/Condição das estradas/Pedágios: Dia 01 - Blumenau - SC x São Borja - RS. Total: 860 Km. Esse caminho é o mais curto, porém tem muitos trechos com pista ruim (buracos, desníveis, etc.), além disso tem muitos radares e lombadas eletrônicas. O motorista tem que ficar atento. Pedágios: Nenhum. Dia 02 - São Borja-RS x Presidência Roque Sáenz Peña - Argentina. Total: 620 Km. As estradas são boas, pelo menos são melhores que do que as do Brasil. Pedágio 01: logo que passa a Aduana, já tem um guichê de pedágio. Valor pago em moeda brasileira: R$ 50 para veículos de passeio. (na volta ao Brasil, o valor é R$ 65) Pedágio 02: RN-12 aprox. no Km 1262. Valor: 50 Pesos Argentinos. Pedágio 03: RN-16 aprox. no Km 05. Valor: 40 Pesos Argentinos. Pedágio 04: RN-16 aprox. no Km 60. Valor: 65 Pesos Argentinos. Dia 03 - Presidência Roque Sáenz Peña (Argentina) x Salta (Argentina). Total: 630 Km. As estradas também são muito boas. Observação: na RN-16, entre os KM 410 e 481 a estrada é "horrível". Tem muitos buracos. Buracos gigantes. Você vai perder tempo desviando deles. Pedágios: RN-09 chegando na cidade de Salta. Valor: 25 Pesos Argentinos. Dia 04 - Salta (Argentina) x San Pedro de Atacama (Chile). Total: 580 Km. As estradas também são muito boas. Observação: Nós usamos o caminho Paso de Jama, que é melhor, pois é todo asfaltado até San Pedro de Atacama. Pedágios: Nenhum. *Na volta pra casa fizemos o mesmo trajeto. Hospedagem: Dia 01 - Dormimos na casa de parentes. Não tivemos gastos com hospedagem nesse dia. Dia 02 - Ficamos hospedados no hotel de campo El Rebenque, que fica na cidade de Presidência Roque Sáenz Peña (Argentina). Dia 03 - Ficamos hospedados no hotel Pachá, que fica na cidade de Salta (Argentina). Dia 04 - Ficamos hospedados no hostal Casa Lascar, que fica em San Pedro de Atacama (Chile). Aqui dormimos dia 25, 26, 27, 28, 29 e 30 de dezembro/2018. *Na volta pra casa ficamos nos mesmos hotéis. Câmbio: Peso Argentino: nós trocamos todo o dinheiro brasileiro por Peso Argentino na aduana, que fica logo depois da Ponte internacional, saindo de São Borja-RS. Valeu muito a pena trocar o dinheiro na aduana, pois pagamos 0,10 por cada Peso Argentino. Já em Blumenau a melhor taxa que encontramos foi 0,15. Comparação de preços Blumenau x Aduana Argentina: R$ 1 Mil reais trocados em Blumenau valem: 6.666 Pesos Argentinos (sendo: 1000 / 0,15) R$ 1 Mil reais trocados na Aduana valem: 10.000 Pesos Argentinos (sendo: 1000 / 0,10) Peso Chileno: nós trocamos R$ 1 Mil (reais) em Pesos Chilenos aqui em Blumenau, para ter um pouco de dinheiro na chegada à San Pedro de Atacama. O restante do dinheiro brasileiro nós trocamos em San Pedro de Atacama. Trocar o dinheiro em San Pedro valeu muito a pena, pois recebemos 170 Pesos Chilenos por cada R$ 1,00 (Real). Já em Blumenau a melhor taxa que encontramos foi de 154 pesos Chilenos por cada R$ 1,00 (Real). Comparação de preços Blumenau x San Pedro de Atacama: R$ 1 Mil reais trocados em Blumenau valem: 154.000 Pesos Chilenos (sendo: 1000 x 154) R$ 1 Mil reais trocados em San Pedro de Atacama valem: 170.000 Pesos Chilenos (sendo: 1000 x 170) *Compare antes de trocar seu dinheiro. Combustível / Postos de abastecimento: Na Argentina tem dois tipos de gasolina: a Super (comum) e a Infinia (aditivada). Infinia: variava de 45 a 48 pesos. Super: variava de 41 a 44 pesos. *Abastecemos com gasolina Infinia nos Postos YPF. *No Chile não abastecemos, por isso não informamos os tipos e preços que existem. Na Argentina tem muitos postos de abastecimento durante o trajeto. O último posto fica bem próximo da Aduana, no Paso Jama (divisa entre Argentina e Chile). Depois da Aduana não tem mais posto durante o caminho. Vai ter um posto somente em San Pedro Atacama (distância entre Aduana e San Pedro Atacama: 160 KM aprox.) GPS: Nós utilizamos dois aplicativos de geolocalização: o Google Maps e o Maps.me. Levamos dois Smartphones, em um deles usamos o Maps.me e no outro com Google Maps. Antes de sair nós fazíamos os trajetos pela rede WiFi e depois saíamos para a estrada. Os dois aplicativos funcionaram muito bem no modo off-line. Dica: o aplicativo Maps.me funciona totalmente no modo off-line. Para isso é necessário baixar os mapas off-line da região que você vai passar. Exemplo: nós baixamos todos os mapas da Argentina, do Chile e também dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Seguros obrigatórios para seu carro: Na Argentina: seguro Carta Verde. Você pode fazer em qualquer corretora de seguros. Ele cobre danos a terceiros em caso de acidentes. Nós fizemos o seguro com a Porto Seguro, com a cobertura de até 15 dias. Custo: R$ 125. Débito em conta corrente. No Chile: seguro SOAPEX. Você pode fazer este seguro com a HDI do chile. Só digitar no Google "HDI Chile". Ele cobre danos a terceiros em caso de acidentes. Nós fizemos o seguro direto no site da HDI Chile, com a cobertura de até 10 dias. Custo: R$ 40. Pagamento somente no cartão de crédito. *Veja se o seu cartão está liberado para realizar esta compra. Observação: em nenhum momento a polícia ou aduana nos cobrou esses documentos. Seguros para você: Nós optamos por não fazer nenhum seguro de vida ou de acidente. Mas as empresas de seguro oferecem inúmeras modalidades. Avalie a que melhor se enquadra com seu bolso. Itens obrigatórios para o carro: Na Argentina: Vários blogs e pessoas nos disseram que teríamos que levar um monte de coisas no carro. Então nós entramos em contato com o departamento de trânsito da Argentina e também com o consulado Argentino no Brasil que fica em Florianópolis. Segundo eles, os itens obrigatórios são: - 01 Extintor de incêndio (exceto em motos); - 02 triângulos de segurança; - Além dos demais exigidos no Brasil (pneu estepe, chave de rodas e macaco). E tem também os itens recomendados: (notem que são recomendados, não obrigatórios) - Kit de primeiros socorros; Portanto, não é obrigatório levar o tal do "cambão", que muitos blogs informam ser obrigatórios. No Chile: Considerar todos os itens obrigatórios citados acima. E no Chile todos os motoristas são obrigados a ter no carro um "colete refletivo". Caso o motorista precise sair do carro para alguma manutenção ou emergência ele precisa estar vestindo o colete. Isso é LEI NACIONAL. Na dúvida leve um colete também. Observação: Na Argentina fomos parados diversas vezes pela polícia. Em quase todas as cidades que passamos ao longo do caminho a polícia nos parava para solicitar algum documento. Algumas vezes eles pediam os documentos de identidade e do carro. Em outras eles faziam o teste de bafômetro. Mas em nenhum momento a polícia precisou revistar o nosso carro. No Chile não fomos abordados. Aduana Brasil x Argentina: Muito tranquilo. O atendente solicita os documentos do carro e identidades. Preenche um formulário no computador. Por último entrega um recibo (parecido com um cupom fiscal de mercado). Este recibo precisa ser bem guardado, pois ele será útil na Aduana Argentina x Chile. Não tem custo. Aduana Argentina x Chile: chato/demorado (pode ter fila e os atendentes são malas) A Aduana que nós passamos foi no Paso Jama. Tem 06 guichês. É necessário preencher um formulário em espanhol. Nesse formulário tem uma parte que fala se você está levando algum alimento que é "proibido". Após passar em todos os guichês eles entregam um recibo (parecido com um cupom fiscal de mercado). Este recibo precisa ser bem guardado, pois ele será útil na Aduana Chile x Argentina. Comidas não podem passar. Exemplo: frutas, verduras, carnes, lanches, etc. Tudo que é animal ou vegetal fica na Aduana. Alimentos processados passam. Alegação deles é que pode haver alimentos contaminados ou pragas. Se no formulário estiver a opção NÃO, mas na hora de revistarem o carro eles encontrarem alguma coisa, você leva uma multa. Após sair dos guichês vem um fiscal da vigilância sanitária e inspeciona o carro. Só depois de inspecionar o carro você está livre para seguir viagem. Não tem custo. *Na volta pra casa é necessário fazer tudo de novo, porém a vigilância sanitária não revistou o carro dessa vez. Espero que tenham gostado dessa primeira parte. Se tiverem algum comentário ou dúvidas por favor nos retorne. Um abraço.
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O clássico Chile-Bolívia-Peru, ou melhor, a Tríade Atacama-Salar-Cusco sempre esteve na minha lista de desejos. Dentre esses países, eu sempre tive uma vontade maior de conhecer a Bolívia. Como uma boa bióloga, eu sou apaixonada por parques nacionais e a Bolívia tem uns maravilhosos. Além disso, eu gosto muito de trekking em montanhas e estou planejando fazer em breve algumas montanhas bem altas, acima de 5.000 m, na África e na Ásia. Desde 2016 eu desenvolvi uma rara doença auditiva chamada Síndrome de Menière, que basicamente é pressão alta na cóclea. A doença é terrível, mas felizmente a medicação no meu caso ajuda a controlar bastante os sintomas da síndrome, exceto o zumbido e umas tonturas eventuais. O máximo de altura que eu já tinha ido até então foi 2.800 m no Monte Roraima em 2015 (que senti enjoo, mas darei mais detalhes depois). Porém como meu problema auditivo começou depois disso, eu queria saber como meus ouvidos iriam se comportar em altitudes maiores do que 2.800 m, antes de encarar por dias as montanhas que eu desejo na África e na Ásia. Daí juntou a fome com a vontade de comer. A Bolívia, que eu já queria muito conhecer, era um local ideal para ir, pois além de altitudes acima dos 4.000 m, é um país bem barato para se viajar. Então na Black Friday de 2018 eu consegui comprar minhas passagens pela Submarino Viagens por R$1641,00 chegando por Santa Cruz de la Sierra (Bolívia) dia 16/09/19 e voltando por Cusco (Peru) dia 15/10/19 (mesmo pagando uma taxa para a empresa, ainda assim saiu mais barato do que comprar diretamente pelas cia aéreas. Tiveram dois problemas: o primeiro foi os horários loucos com mil pontes áreas e o segundo foi que eles trocaram os horários dos meus voos sem minha solicitação. Me mandaram só um e-mail pedindo a minha confirmação. Se eu não aceitasse eles iriam devolver o dinheiro, exceto o valor do serviço prestado pela Submarino). 16/09 (segunda): Depois de uma longa jornada de aeroportos (BH-Guarulhos-Santiago-Santa Cruz de la Sierra) que começou às 4:50h, cheguei no meu destino por volta das 20h. Passei pelo saguão do aeroporto pra trocar um pouco de dinheiro, mas as casas de câmbio estavam fechadas. Fui até o centro de informação ao turista e perguntei quanto dava um táxi em dólares até a Catedral, pois meu hostel ficava em frente (10 dólares). Peguei um táxi regular (branco com uma faixa azul. Eles ficam parados em frente ao desembarque). Por causa do trânsito, o trajeto demorou cerca de meia hora. O que não faltam nas cidades da Bolívia são táxis clandestinos. Em geral, todos os carros caem aos pedaços, literalmente. Sobretudo os taxistas clandestinos. Nenhum táxi, regular ou clandestino, tem taxímetro. Então sempre pergunte o preço da corrida antes de entrar. O trânsito na Bolívia é muito confuso e caótico (no Peru também, mas talvez um pouco menos do que na Bolívia. É uma loucura!). Não há placas de Pare. Os motoristas simplesmente embicam o carro na tora para passar nos cruzamentos. Eles não respeitam as faixas de pedestres, mesmo que o semáforo esteja aberto para os pedestres. Quase nunca dão seta, metem a mão na buzina a cada respiração, fazem fila dupla ou simplesmente param em qualquer lugar. A vida do pedestre é complicada. Para você atravessar a rua, vai ter que se enfiar na frente dos carros. Sinto de segurança é algo que praticamente não existe, inclusive nos ônibus que fazem as viagens intermunicipais. Ao chegar no hostel, deixei minhas coisas e fui dar uma volta de 10 minutos na praça da Catedral. Ela já é muito bonita, mas a iluminação a noite dá um toque especial. 17/08/19 (terça): fiquei no Nomad Hostel, que fica literalmente em frente à Catedral em uma rua lateral. O hostel é muito bom, mas não pode cozinhar. O que foi um problema pra mim. Fiquei duas noites lá e para a primeira noite tinha comprado vários legumes para fazer. Acabei conversando com o dono alegando que não fui informada sobre isso durante o meu check-in e que pelo aplicativo do Booking, por onde reservei, não havia essa observação lá. Acabou que ele permitiu que eu cozinhasse macarrão, pois era rápido e não faria sujeira. Fora isso, a estadia foi muito boa. A maioria dos comércios abriam a partir de 8:30h da manhã, fechando de 12 às 14h (isso serviu para toda a Bolívia, não apenas para Santa Cruz). Então não adianta sair mais cedo do que isso. Depois que tomei café da manhã no hostel, saí para trocar dinheiro. O câmbio para dólar estava 6,94 bs e reais estava 1,69 bs. Depois comecei a procurar agências de turismo para cotar passeios para o Parque Amboró. Para a minha infelicidade, praticamente não achei agências. E das raras agências que faziam o Parque, elas estavam querendo me cobrar entre 450 ou 550 DÓLARES (!!!) para me levar, uma vez que eu estava sozinha e era baixa temporada. Dá pra ir para o Parque de ônibus (mas você tem que dormir na cidade de Samaipata), mas exatamente por ser baixa temporada, achei que a probabilidade de conseguir guias lá seria menor porque Samaipata parece que não tem muita infraestrutura. Então não quis arriscar. Acabei ficando super frustrada pois queria demais ir ao parque fazer a trilha dos Helechos Gigantes. Enfim, me conformei. E acabei ficando um dia a toa em Santa Cruz, que tirando a Catedral, não tem nada de interessante. A cidade é bem grande e não achei ela muito segura, embora não tenha visto ou acontecido nada comigo. Mas em pleno centro durante o dia havia umas ruas vazias com aquele ar de suspeito em que seu sexto sentido diz: "não vai por aí". Curiosamente, depois me falaram que as cidades mais violentas aos turistas eram Santa Cruz e La Paz, que são as duas maiores cidades da Bolívia. Fui até a rodoviária para comprar passagens para Sucre. A rodoviária é uma zona. Tem gente gritando para tudo que é lado e você é abordado o tempo inteiro por pessoas querendo te vender passagens. Irritante. E a julgar pela aparência dos guichês das empresas, você acha que todos os ônibus serão uns cacarecos. Havia lido aqui no fórum as melhores empresas e mais confiáveis. Dentre elas, fui diretamente ao guichê da Transcopabana, que apesar de na sua faixada estar escrito que eles faziam o trajeto para Sucre, na prática eles não faziam. Fiquei então totalmente sem referência de qual empresa confiar e ir, pois até então tinha lido só coisa ruim sobre o transporte rodoviário, especialmente para o trajeto Santa Cruz-Sucre. Por sugestão de uma outra empresa que não fazia esse trajeto, acabei indo parar em uma empresa super escondida chamada Sin Fronteras. Lá eles me ofereceram um ônibus semi leito, de dois andares, sendo que no andar de cima havia 3 fileiras de poltronas (2 juntas e uma separada), com banheiro (coisa rara) e ar condicionado. De fato o ônibus tinha tudo o que oferecia, exceto Wi-Fi, mas tinha entrada Usb para carregar o celular. 18/09/19 (quarta): Basicamente enrolei o dia inteiro para pegar o ônibus para Sucre a noite. O ônibus não era novinho em folha, mas também não era ruim. Fui na fileira sozinha e a poltrona foi bem confortável para a viagem, que durou cerca de 12 h (saiu às 19h) e custou 100 bs. Antes de embarcar no ônibus a noite, eu estava bastante apreensiva por causa da qualidade do ônibus e por causa do trajeto em si. Havia lido que a estrada era péssima, extremamente perigosa por causa dos penhascos e que a maioria dos motoristas dirigem bêbados. Eu fiquei mais tranquila só depois que conversei com um outro passageiro que morava em Santa Cruz, mas estava indo fazer um trabalho em Sucre. Segundo ele, a estrada era nova e com guardrail, e que a empresa do ônibus era confiável. Para o nosso trajeto, ele também recomendou a empresa El Emperador, mas as passagens já haviam esgotado quando ele foi comprar e por isso acabou comprando da empresa Sin Fronteras. Antes de embarcar você deve pagar uma taxa de uso da rodoviária (não lembro se foi 2.50 ou 3.50 bs). O desconforto da viagem para mim foi que o trajeto tem muitas, mas muitas curvas fechadas. E pelo fato de estar no segundo andar do ônibus, a cada curva eu achava que o ônibus ia capotar. Então custei a relaxar. Se o ônibus que você pegar tiver banheiro, recomendo ir na parte de cima, pois o mal cheiro no primeiro andar é bem forte ao final da viagem. Recomendo também levar tampões de ouvido caso tenha dificuldade para dormir com barulho, como eu. Os bolivianos não usam fones de ouvido (uma senhorinha atrás de mim começou a tocar músicas às 5:30h da manhã. E quanto mais ela gostasse da música, maior era o volume. Eu queria matar a véia!). Leve também roupas de frio, pois de madrugada esfria bastante. Embora o ônibus que eu peguei tivesse banheiro, recomendo que não beba muita coisa antes de viajar. Um amigo meu viajou em um ônibus sem banheiro e o motorista não parou nenhum minuto. Segundo o relato dele, ele e os amigos tiveram que mijar da janela do ônibus em movimento. Imagina a cena! Também vi relatos de algumas meninas que também pegaram ônibus sem banheiro e tiveram que fazer xixi na estrada atrás do ônibus, depois de obrigar o motorista a parar ameaçando que iriam urinar dentro do ônibus. Fique esperto com as poucas paradas que o ônibus fizer na estrada. Tem alguns relatos contando situações inusitadas. No meu caso, depois de uns 10 minutos de ônibus parado em algum lugar, o motorista não conferiu os passageiros. Apenas gritou: "tá todo mundo aí?". Algumas pessoas responderam que sim e ele foi embora. 19/09/19 (quinta): Cheguei em Sucre por volta das 07:30h e todas as empresas na rodoviária estavam fechadas. Fui caminhando até o Condor hostel (subindo e descendo as inúmeras ladeiras da cidade) (40 minutos de caminhada lenta). Deixei minhas coisas no hostel e fui para a Praça 25 de Maio para pegar o ônibus (também chamado de Dinobus) para o Parque Cretáceo (15 bs ida e volta. De táxi dava cerca de 30 bs cada trajeto). O ônibus é vermelho e tem dois andares, escrito "Parque Cretáceo" na frente dele. Não tem como não ver. Ele para em frente a Catedral na praça 25 de Maio e passa às 09:30h, 11h, 12h, 14h e 15h. Eu peguei ele às 9:40h. Não achei casas de câmbio pelas ruas que andei em Sucre (certamente tem, eu que não vi). Os únicos lugares que eu vi que trocavam dinheiro foi em uma tenda logo na saída da rodoviária (dólar 6,92 bs, reais não aceitavam) ou uma farmácia 24 horas em uma esquina da praça 25 de Maio (dólar 6,84 bs). Eu achei Sucre bem bonitinha, principalmente o Centro. As praças são bem conservadas, os jardins bem cuidados. Na praça 25 de Maio tem Wi-Fi público, que não funciona muito bem, mas quebra um galho em emergências. O trânsito também era caótico, mas tive a impressão que era menos caótico do que em Santa Cruz. O Parque Cretáceo, embora pequeno, é sensacional! Lá pertence a uma fábrica de cimentos, que durante suas perfurações para extrair matéria prima descobriram pegadas de 4 grupos diferentes de dinossauros. São mais de 12 mil pegadas em um paredão (a maior coleção de pegadas do mundo) e por conta disso essa área foi tombada e é conservada como patrimônio (não tão bem conservada assim considerando que passam caminhões da fábrica na área o tempo todo, além das outras atividades). Então a fábrica de cimentos fez um parque dos dinossauros e possui várias réplicas em tamanho real (e muito bem produzidas), além de fóssils. O Parque funciona de terça a domingo, de 9 às 17h. Porém, para ir ao paredão ver as pegadas originais, os únicos horários são 12 e 13h. A entrada no parque custa 30 bs para estrangeiros e se você quiser tirar fotos, tem que pagar mais 5 bs, totalizando 35 bs (a visita ao paredão já está inclusa no ingresso). O clima em Sucre estava muito seco, mas no Parque Cretáceo estava pior ainda por causa do excesso de poeira. Se for visitar o paredão das pegadas originais, sugiro levar um lenço ou uma bataclava para proteger o nariz. Para ir ao paredão só pode entrar de sapato fechado. Saindo do Parque Cretáceo peguei novamente o Dinobus e pedi para descer na rodoviária para ver os horários de passagens para Potosí e Uyuni. Me indicaram a empresa Emperador (não é a El Emperador, que me indicaram como uma empresa confiável em Santa Cruz). Não tinha ninguém no guichê, mas na parede da empresa estava escrito os horários de saída para as duas cidades. Fui caminhando novamente até o centro e visitei a maioria dos museus. De longe o que eu mais gostei foi o Museu San Felipe de Neri (entrada 15 bs). Lá vc pode subir até o terraço e ver boa parte do centro. É bem bonito e rende fotos lindas da construção em si. A Catedral estava fechada para reformas. Depois de caminhar muito pelo centro, fui para o hostel descansar por volta das 17h. Comecei a sentir uma leve dor de cabeça, que atribui ao excesso de caminhada em um sol escaldante, à pouca ingestão de água e à noite mal dormida no ônibus de Santa Cruz. Porém a dor de cabeça começou a aumentar muito e comecei a ficar muito enjoada. Daí pensei que era algo que eu tinha comido (intoxicações alimentares na Bolívia são muito comuns. Cuidado com o que você come). Mas lá pelas 20h eu tava muito, mas muito mal. A dor de cabeça estava insuportavelmente forte, estava muito, mas muito enjoada, a ponto de vomitar toda a minha janta. 🤢 Já estava desconfiada de Soroche (que é o mal da altitude), mas não queria acreditar, pois não estava com dificuldade para respirar ou cansaço anormal. Comecei então a ler mais sobre o Soroche e uma informação crucial foi importante para que minha ficha caísse: você não começa a passar mal necessariamente assim que chega em uma determinada altitude (geralmente a partir de 2.400 metros algumas pessoas já passam mal). Algumas pessoas podem começar a se sentir mal com 20 minutos, mas outras pessoas podem levar até 10 horas para passar mal. Além disso, ao deitar, a frequência respiratória diminui, o que piora muitos os sintomas. E foi exatamente isso que aconteceu comigo. Comecei a me sentir mal cerca de 10h depois que eu cheguei em Sucre (que está a 2.800 m de altitude) e quando eu deitei para descansar. Quando eu levantava e começava a andar, o enjoo melhorava pois aumentava a circulação sanguínea no cérebro. E foi aí que minha ficha também caiu que eu tinha passado mal no Monte Roraima em 2015 por causa do Soroche, que na época atribuí a outros fatores. Mas a sintomatologia foi praticamente a mesma. Fui então até uma farmácia comprar Soroche Pills, que é um medicamento a base de ácido acetilsalicílico, e a vendedora disse para tomar a cada 8 horas por 3 dias, que é o período que geralmente as pessoas necessitam para aclimatar ( eu precisei tomar por 4 dias e no final da viagem tive que tomar de novo por mais 2 dias) . Cerca de 1 hora depois que eu tomei o remédio, comecei a sentir melhoras e consegui dormir. Cada pílula custou 5 bs. Importante destacar que não tem como você prever se sofrerá ou não com o Soroche. Os efeitos da altitude independem de sexo, idade, força ou resistência aeróbica. Só estando em altas altitudes para saber como seu corpo reagirá. O meu, mesmo depois de aclimatada, ainda assim não ficou 100%. 20/09/19 (sexta): acordei por volta das 7h da manhã com a minha cabeça começando a doer de novo e logo tomei outra Soroche pills. Tomei um café, peguei um táxi caindo aos pedaços até a rodoviária (5 bs) para pegar o ônibus para Uyuni às 12:30h, conforme eu tinha visto na parede da Empresa Emperador no dia anterior. Para a minha surpresa, a empresa não fazia o trajeto direto! Assim, tive que ir até Potosí (30 bs), desembarcar no cemitério (que é como eles chamam um terminal de ônibus antigo), pegar um táxi até um outro terminal para pegar outro ônibus da empresa até Uyuni. Isto é: nunca confie em nada que está escrito nas paredes. Sempre converse com o vendedor. Haviam outras poucas empresas que faziam o trajeto também, mas os ônibus saiam no final da tarde, chegando a Uyuni de madrugada (que segundo relatos de pessoas que conheci que fizeram essa viagem, não foi uma boa porque não tem nada aberto e você fica ao léu em um super frio - não tem nem uma rodoviária pra te proteger. Os ônibus param em uma rua no centro). Então preferi ir durante o dia, pois já não havia mais nada que eu quisesse fazer em Sucre. O ônibus era um ônibus convencional (1 andar com duas filas de cada lado). Não tinha ar, banheiro ou USB para carregar o celular. Ninguém conferiu a minha passagem. A taxa de uso do terminal foi de 2.50 bs. Foi muito bom ter pegado o ônibus durante o dia, pois pude apreciar a paisagem, que é deslumbrante. No início, a paisagem era mais bonita do lado esquerdo, mas a partir da metade da viagem o visual foi mais bonito do lado direito (que pega muito sol). O revelo dos Andes é muito maravilhoso. Geólogos ou entusiastas de geologia devem ficar doidos com a diversidade de rochas e paisagens. Você vê diversas formações, em diferentes ângulos e enxerga perfeitamente a influência da tectônica de placas e dos esculpimentos provocados pela água (nos passeios de Uyuni e Atacama são perfeitos para isso!). O clima é bem seco e o ar geladinho, mas nada que justifique as blusas de frio que os bolivianos usavam durante o dia pois o sol estava escaldante (e eu sou a pessoa mais friorenta do planeta!). Não sei se eles usam porque realmente sentem frio ou se é para proteger do sol. Embora eu acho que seja por causa do frio, pois quando mencionava em Santa Cruz ou Sucre que iria para Potosí, todos os bolivianos que conversei falaram: "Uh! Hace mucho frío!". Mas a medida que o sol foi se pondo, de fato começou a fazer frio. A estrada para Potosí é boa, mas realmente se der algum acidente e o ônibus sair da pista, já era. Os penhascos são gigantes. Fiquei um pouco apreensiva, mas não por causa dos penhascos em si, mas por causa da direção do motorista. Diversas vezes ele fez ultrapassagens em curvas que não se tinha boa visibilidade. Além disso, frequentemente o motorista metia a mão na buzina para outros automóveis na sua frente ou animais na pista, o que assustava bastante e me deixava as vezes apreensiva. Entre Sucre e Potosí passamos por apenas um pedágio, mas não consegui ver os preços. Na primeira metade da viagem há muitas curvas a maior parte do caminho é uma subida leve. Quando se atinge uma altura mais elevada, boa parte do caminho é plano e há mais retas. É interessante observar a vida de comunidades mais isoladas nos altiplanos. Há menos árvores e mais plantações (que não consegui identificar nenhuma). Chegamos em Potosí às 16h, porém o ônibus parou em um terminal novo, que não fazia viagens para Uyuni. Assim, tive que pegar um táxi (7 bs) até o terminal antigo (chamado por eles de Ex-terminal) e consegui um ônibus para Uyuni às 16:30h pela empresa Expresso 11 de Julho. O ônibus era ainda mais simples do que o ônibus Emperador que peguei em Sucre (que custava 40 bs). A taxa de uso do terminal foi de 1 bs. Foi impressionante como a questão da altitude é algo que realmente influencia o corpo. Assim que desci do ônibus em Potosí e andei uns 100 metros planos até a rua para pegar o táxi senti bastante cansaço. Parecia que tava correndo. Ao chegar ao antigo terminal fui ao banheiro, que fica no segundo andar. Como o ônibus para Uyuni já estava quase saindo, andei rápido e subi uns 40 degraus no máximo de escada. Parecia que eu tinha asma. Meu coração estava tão acelerado que eu tava tremendo e por mais que eu respirasse fundo, ainda era pouco. Antes de entrar no ônibus eu comprei um saquinho cheio de folha de coca no terminal (5 bs). E logo comecei a mascar e em pouco tempo senti diferença (que também foi influenciada por sentar no ônibus e ficar quieta. Nos dias seguintes depois que eu já tinha aclimatado, não senti diferença na respiração ao mascar folhas de coca. Só acelerava meus batimentos e me deixava um pouco enjoada. No Chile me indicaram a tomar chá de Chachacoma, que seria mais efetivo, mas não experimentei). Logo após sair de Potosí em direção a Uyuni paramos em uma provável barreira de pedágios, seguida logo após por uma barreira policial. Não sei se realmente era um pedágio, pois não vi placas com preços. E tanto no suposto pedágio, quanto na polícia, vi o motorista entregando um documento grande. A estrada para Uyuni também foi tranquila, em sua maior parte plana e mais reta. Em alguns pontos haviam Vicuñas cruzando a estrada (que é um animal que se parece com uma alpaca, mas menor e com menos pelos). Então tome cuidado a noite se for dirigir. Quando já estávamos quase entrando em Uyuni passamos por uma outra barreira de pedágio. Em Uyuni os táxis são melhorzinhos, mas a cidade é bem pequena e dependendo da localização da sua hospedagem, é melhor ir a pé. Depois de um longo dia de estrada, cheguei em Uyuni por volta das 21h e estava fazendo 5 graus (frio demais!!) Fui direto para o hotel (Le Ciel d'Uyuni) e tentei dormir (um dos sintomas que a altitude provoca é a insônia). De madrugada acordei com um pouco de dificuldade para respirar e com as narinas doendo bastante por causa do tempo seco (todas as cidades que tinha passado então eram muito secas, mas Uyuni e San Pedro de Atacama foram as piores). Só consegui dormir de novo depois de molhar um pedaço da toalha e deixar bem próximo ao nariz para ajudar a umedecer as vias aéreas. No dia seguinte meu nariz estava todo ferido por dentro e minhas melecas cheias de sangue (hemorragia nasal pode ser outro sintoma da altitude). 21/09/19 (sábado): Acordei cedo, tomei café da manhã no hotel (muito bom por sinal!) e comecei a procurar agências para o Salar. A maioria das agências ficam na Av. Ferroviária e o preço variou de 730 a 900 bs para um passeio de 3 dias (e duas noites com refeições inclusas) com destino final a San Pedro de Atacama, no Chile. Após pesquisar algumas agências acabei fechando com a Cordillera, que frequentemente é indicada aqui no fórum (embora também tenha várias não recomendações). Inicialmente a atendente me cobrou 900 bs, mas quando ela viu que eu não iria fechar, ela abaixou para 800 bs, aceitando o pagamento em dólares (116 dólares) (câmbio 6,90 bs) e ainda chorei um saco de dormir (que geralmente é alugado entre 40 ou 50 bs - e vi várias recomendações aqui no fórum para levar, principalmente para a segunda noite, onde o alojamento é no deserto a mais de 4 mil metros de altitude). Esse preço não inclui os valores que devem ser pagos no parque e na fronteira, que em geral somam cerca de 250 bs (somente bolivianos são aceitos). Todas as agências oferecem os mesmos passeios. O que parece que muda são os refúgios. Algumas agências também, principalmente as menores, terceirizam os passeios, encaixando-o em grupos de outras agências (isso aconteceu em praticamente em todos os meus passeios na Bolívia, no Peru e em San Pedro de Atacama no Chile. Isso é, você nuca sabe com qual agência de fato você estará indo e no final das contas o que muda é o preço). Os passeios das agências geralmente saem às 10:30h. Meu jipe saiu às 11:15h. Os carros levam até 8 pessoas, mas o mais comum é 7. No meu grupo tinha 6 pessoas (o motorista, mais 5 turistas - eu do Brasil, um casal da Alemanha, uma russa e uma húngara). Boa parte dos guias são bilíngues - inglês e espanhol. Inicialmente fomos ao cemitério de trens, que fica a 10 minutos da cidade. A estrada é de terra batida e é super tranquilo para um carro comum, mas vai trepidar bastante. Depois do cemitério, pegamos uma estrada asfaltada por uns 15 minutos e passamos por uma barreira de pedágios, que se eu não me engano é a mesma que relatei quando o ônibus estava chegando em Uyuni. Custou 5 bs, mas segundo o guia, você tem que pagar de acordo com a distância que irá. Não entendi muito bem como isso funciona, se é que eu entendi certo, pois ele explicou em um inglês que não tava entendendo quase nada por causa do sotaque dele. Saímos da estrada asfaltada e começou o chão de sal. Chegamos a uma fábrica de sal (entrada 10 bs) onde o processo é bem artesanal. Depois disso almoçamos (a comida estava muito boa e no local há banheiro por 2 bs) e fomos até o símbolo da Dakar, que também é onde tem as bandeiras dos países. De lá, entramos mais ainda para o deserto do salar e paramos para tirar as fotos em perspectiva. Sugiro levar uns brinquedos/bonecos pra brincadeira ficar mais legal e você ter umas fotos diferentes além das óbvias que todo mundo bate. A roupa suja bastante de branco ao sentar ou deitar no sal. Quando estávamos no caminho para a ilha dos cactos gigantes nosso jipe simplesmente parou. Teve algum problema elétrico e ficamos parados por quase uma hora, enquanto o guia e o alemão do meu grupo tentavam resolver. Sem solução, o nosso guia parou outros carros e nos colocou dentro de um para nos levar até a ilha enquanto eles rebocavam o carro até a ilha, pois teria outros jipeiros para ajudar a resolver o problema. A entrada na ilha dos cactos custou 30 bs e no local há banheiro (o uso já está incluído no preço do ingresso). O problema do nosso jipe foi solucionado e seguimos para o refúgio. Até um pouco antes de chegar ao refúgio o chão era de sal compactado, o que dá pra ir de carro normal sem problema. Porém perto dos refúgios o sal parece que estava molhado e somente carro 4x4 passava. Se alguém for tentar ir de carro próprio, sugiro que pesquise muito bem os mapas e tenha um GPS bom, pois o salar (e o deserto nos Andes nos dias seguintes) é tão grande que você fica totalmente sem referência pra que direção ir. O refúgio é bem legal. A construção é toda de sal, assim como o chão. A cama foi bem confortável, mas a noite foi bem fria. Além de todas as cobertas, tive que usar bastante roupa de frio. Os chuveiros tem água quente e o banho já estava incluso. Havia energia elétrica e tomadas nos quartos para carregar os equipamentos eletrônicos. Por volta das 19h eles serviram o jantar (e experimentei carne de Lhama, que é muito saborosa. Não é o meu caso, mas para vegetarianos a empresa prepara todas as refeições adaptadas). Uma dica de espanhol. Eu tinha esquecido o nome do guia e o chamei de "chico". O cara ficou extremamente emputecido. Pedi desculpa e falei que não sabia que era uma expressão ofensiva para ele (O que de fato não é! Inclusive o próprio guia nos chamava de chicos e chicas). Independentemente disso eu não curti nem um pouco nosso guia. Comparado com outros que eu vi, ele dava poucas explicações. Além disso, quando deixava a gente em algum lugar, de vez enquanto ele sumia. Quando perguntava alguma coisa pra ele, muitas vezes ele dava uma resposta bem seca e com bastante má vontade. 22/09/19 (domingo): o café da manhã foi servido às 7h e a programação era sair às 7:30h, mas saímos só às 7:50h. Andamos pelo chão de sal que necessita de 4x4 por uns 10 minutos e depois pegamos uma estrada de terra batida, que tem um pedágio e custa 10 bs. Andamos por mais ou menos uma hora e chegamos em um povoado chamado San Juan, onde tem uma casa cultural da quinoa, que mostra o trabalho artesanal da produção de diferentes tipos de quinoa. Eu achei bem sem graça pra falar a verdade. Na rota 701 paramos para observar alguns vulcões (em quase todo o caminho há vulcões a alguns deles saem fumaça). Nesse momento estávamos a mais de 4 mil metros, mas apesar disso não estava tão frio. O vento estava geladinho, mas o sol muito quente (deu até pra ficar de camiseta). Entramos no parque nacional (150 bs, e é válido por 4 dias. Guarde esse ingresso pois precisa dele para sair do parque). Fomos em duas lagoas com flamingos. A primeira era menor e tinha uma concentração maior de sal. A segunda, que é maior e bem mais bonita, tem um tom esverdeado e mais animais. Paramos para almoçar nessa segunda lagoa onde tem um restaurante e banheiro por 5 bs. Depois do almoço, indo em direção a árvore de pedra, passamos por uns rochedos cheios de vizcachas (que é tipo umas chinchilas). A última visita do dia antes de ir para o refúgio foi a laguna colorada, outro lugar maravilhoso. Chegamos no refúgio às 18h, que não era bom. Ele era muito, mas muito gelado e tinha energia elétrica só entre 19 às 22h. Dormi com 4 blusas de frio, touca, luvas, 3 calças, saco de dormir, mais as cobertas que eles forneceram. Não dava nem pra mexer e ainda assim senti um pouco de frio. De fato, se eu não tivesse o saco de dormir, talvez eu passasse aperto. 23/09/19 (segunda): Acordamos às 4:30h, com previsão de sair às 5h, mas saímos às 5:40h. Estava muito, mas muito frio (imagino que devia tá próximo a zero). Fomos para os gêiseires (muito doido! Ponto alto da viagem no deserto para mim. E também foi o ponto mais alto da viagem, literalmente, a mais de 5 mil metros de altitude). Depois fomos para as piscinas termais (6 bs para nadar), paramos para tirar umas fotos no deserto de Dalí e depois fomos para a laguna verde. Saímos do parque nacional e fomos para a fronteira Bolívia-Chile, já que eu iria para San Pedro de Atacama. Primeiro você passa pela aduana boliviana, entregando uma declaração de saída que eles fornecem na própria aduana. Depois de uns 5km, vc passa pela imigração, onde tem o carimbo de saída no passaporte e você precisa pagar 15 bs (em nenhuma outra aduana que passei no resto da viagem tive que pagar nada. Eu desconfio que esses 15 bs é uma espécie de propina que já está tão arraigada que é considerada como praxe). Dali, havia uma van da Cordillera nos esperando para seguir adiante. Depois de alguns quilômetros de estrada (não deu nem 5 minutos de van), chegamos ao posto de imigração e aduana do Chile. É engraçado como as instituições da Bolívia e do Chile são muito discrepantes! Os postos da Bolívia é caindo aos pedaços, poucos funcionários que não conferem nem seu nome direito no passaporte. Já no Chile eles são super sérios, tudo organizado, vários funcionários. Primeiro você passa pelo posto de imigração, onde eles batem o carimbo no seu passaporte. Duas coisas importantes: primeiro, eles te dão um papel que você deve guardar para sair do país. Segundo, você deve ter pelo menos uma hospedagem já garantida, pois você tem que fornecer os dados de onde irá se hospedar. Saindo da imigração você vai para a aduana, onde eles revistarão todas as suas malas. Não pode levar nada de origem animal ou vegetal (ele recolheram minhas batatas e ovos, mas deixaram minhas folhas de coca). Não deixe de declarar o que você está levando. Se eles pegarem, você será multado. Em nenhuma aduana ou posto de imigração tem banheiro. A van seguiu para San Pedro de Atacama e parou no terminal de ônibus. A cidade é bem pequena (pelo menos a área onde se concentram a maior parte das hospedagens, restaurantes e comércios) e simples, o que dá um clima muito legal. Fui para o hostel Mamatierra e eu recomendo demais. Hostel super limpo, confortável, café da manhã excelente, se você vai sair antes do horário do café eles separam um lanche pra você, não cobram pra lavar roupa, nem pra guardar suas malas na recepção caso faça o check-out e vá passear. Tomei um banho e saí para o Centro onde ficam as agências de câmbio e de passeios. Há diversas opções. É bom pesquisar os preços pois há uma variação, mas não é tão grande assim. Assim como em Uyuni, várias agências terceirizam os passeios e no final você geralmente acaba indo com uma empresa diferente da que você fechou (isso vale para Cusco também). Todos os passeios que eu fiz foi com a Star Travel, que me ofereceu os preços mais baratos, mas cada dia eu estava junto com uma agência diferente. Talvez a única coisa mais importante, pelo menos no meu ponto de vista, seja você buscar uma boa agência para fazer o tour astronômico. Esse sim realmente tem muita variação, mas do serviço e nem tanto do preço. Há agências que oferecem mais telescópios e/ou com potências diferentes (inclusive algumas oferecem explicações científicas e outras oferecem explicações esotéricas). A van do tour astronômico me pegou às 20:20h no hostel, pegou outros passageiros e fomos para a casa do René, nosso guia. Fomos literalmente para o quintal da casa dele. Lá ele colocou umas cadeiras com cobertas (faz um frio bom) e nos serviu vinho quente enquanto ele nos explicava e ensinava várias coisas sobre as estrelas. Foi muito legal! Ele entende bastante, é super divertido e muito didático. Depois de quase uma hora fazendo observações e explicações, ele tirou duas fotos e cada participante (éramos 5) e entramos para a casa dele, onde ele nos serviu vinho, achocolatado quente (com água!) e uns petiscos. Ele é uma pessoa muito interessante de se conhecer e nos contou sobre um serviço astronômico diferente que ele faz que chama Gastro, isto é, a junção de astronomia e gastronomia. Fiquei super curiosa! (O contato dele: gastrosanpedro@gmail.com). A única coisa que eu não gostei muito é que só tinha um telescópio (e a agência me ofereceu 3), mas que foi compensada pela pouca quantidade de pessoas, o que tornou o serviço bem personalizado (há agências que oferecem mais telescópios, mas vão grupos grandes, como 16 ou 20 pessoas). Ao fim do tour, a van me deixou de novo no hostel. 24/09/19 (terça): Às 08:30h uma van de outra agência (Andes Travel) me pegou no hostel e fomos pra ir até os petróglifos e Vale do Arco-íris (até a van pegar todo mundo era umas 9h quando de fato saímos para a estrada. A entrada custou 3 mil pesos chilenos). Eu achei o vale do Arco-íris maravilhoso e achei que o tempo de passeio foi muito curto. Queria ter passado mais tempo caminhando por lá. Chegamos na cidade por volta das 13:30h. Fui para o hostel, descansei um pouco e às 16h saí para o passeio do Vale de la Luna (fui na van da empresa Iutitravel). Outro lugar espetacular e a entrada custou 3 mil pesos chilenos. Ao final da tarde fomos para um mirante (Mirador de Kari) ver o por do sol (que teria sido infinitamente vezes mais bonito se fosse no Vale de la Luna). Cheguei no hostel por volta das 20:30h. 25/09/19 (quinta): acordei super cedo para ir para os gêiseres (a van da empresa Ilari Expediciones me pegou às 5:35h no hostel). Lá nos gêiseres está há mais de 4 mil metros e por causa das montanhas que bloqueiam o sol faz muito frio (o sol custa a iluminar no lugar onde a gente anda). Na área dos gêiseres há uma piscina termal que pode nadar e já está incluso no preço do ingresso (10.000 pesos chilenos). A tarde fui para as Lagunas Escondidas (entrada 5.000 pesos chilenos). São 7 lagoas pequenas e extremamente cristalinas que ficam em uma área com muito sal. O teor de sal das lagoas é mais de 45% e você não consegue afundar. É muito legal ficar boiando na água sem fazer nenhum esforço! A água é muito gelada, mas se você ficar só boiando, dá pra ficar de boa durante um bom tempo (até porque o gelado da água é compensado pelo sol quente). Só pode nadar na primeira e na última lagoa. Recomendo primeiro ir ver as lagoas e bater fotos, deixando para entrar na primeira lagoa quando estiver voltando pois o corpo vai ser sal puro depois, o que incomoda bastante para andar. Antes de entrar na van para ir embora tem que tomar uma ducha. Então leve toalha e roupas limpas para trocar. Das lagunas fomos ver o por do sol no mirante. Bom, o que eu achei do passeio do Uyuni e do Atacama? São passeios diferentes e complementares. Se você fizer só os passeios de San Pedro de Atacama (que são bate e volta), para fazer todos você precisará de uns 7 dias cheios. No meu caso, eu já tinha visto muita coisa no passeio de Uyuni, então não fiz várias coisas no Atacama, como as Lagunas altiplânicas, vulcões e termas. Então dois dias cheios para mim foram suficientes. Se você estiver em San Pedro e quiser fazer o passeio do Uyuni não contrate o pacote em San Pedro, pois é muito mais caro (tudo no Chile é caro) e são 4 dias ao invés de 3 (sendo que o quarto dia é basicamente só a volta para San Pedro. E partindo de Uyuni você ganhará tempo, já que pode voltar para San Pedro). Se eu fosse fazer Uyuni de novo eu contrataria a Cordillera de novo? Não. Não que tenha sido ruim com a Cordillera, mas a grama dos vizinhos me pareceu mais verde. Outras agências maiores me pareceram oferecer um serviço melhor. Porém não vou saber indicar os nomes das empresas e nem os preços. Sobre os gêiseres, os do Atacama são bem diferentes dos gêiseres do passeio do Uyuni. Primeiro que tem muito mais gêiser (segundo a agência é o terceiro maior gêiser do mundo). Segundo que nos buracos há água, ao invés de lama. Terceiro que você não pode chegar tão perto das aberturas, pois há muretas e limites de segurança. Eu fui mais impactada pelo gêiseres do Uyuni. Achei disparadamente mais legal, apesar de menor. Mas isso vai de cada um. Conheci gente que fez os mesmos passeios que eu que gostaram mais dos gêiseres do Atacama. Sobre as termas, eu não fui nas termas puritamas do Atacama, mas fui na terma dos gêiseres. A água é morninha, mas não é tão quente quanto o banho termal do Uyuni (que dava até pra suar!). Em alguns momentos senti até frio. Dá para ir de carro normal? No Atacama com certeza. As estradas são na sua maioria de terra batida. O carro só vai trepidar muito. Além disso, há placas nas estradas indicando o caminho é distâncias para as atrações. Mas é bom estudar bem os mapas e ter um bom GPS também. E é interessante você ter um guia para explicações sobre a região e culturas, o que enriquece muito os passeios e você vê algumas atrações com outros olhos, como por exemplo os petróglifos. O passeio do Uyuni dá pra fazer de carro normal? Na estação seca você pode até arriscar se seu carro for mais alto, mas eu definitivamente não recomendo (e olha que eu viajo muito de carro e enfio ele sem dó em estradas que ninguém acredita). As estradas tem muita areia e pedras. A possibilidade de você atolar ou furar vários pneus é enorme. Só de manutenção remediativa com certeza você gastaria mais do que contratar o passeio. Além disso, como eu já disse, lá você fica totalmente sem referência de que direção seguir. Se você for viajar para algum desses lugares de carro não vá sozinho. Apesar de pouco tráfego, as estradas são perigosas pelas condições ambientais extremas. Lembre-se: você estará em desertos e há quilômetros de ajuda de qualquer espécie, médica, tecnológica ou mecânica. Além disso, em altas altitudes dá muito sono por causa da baixa oxigenação e é comum muitos motoristas dormirem no volante sem perceber que está com sono. Eu mesma me peguei dormindo sem perceber em vários trajetos. En San Pedro de Atacama você pode alugar bicicletas e fazer vários passeios de bike. Eu não fiz e deve ser muito cansativo pelas distâncias e pelo sol. (A partir desse momento o relato será mais superficial, pois eu parei de escrever durante a viagem). Dia 26/09/19 (quinta): Para ir para La Paz tive que ir para Uyuni de novo, para então pegar um outro ônibus para La Paz. Cheguei no hostel em La Paz por volta das 4h da manhã. Quando deu umas 8h fui para o centro para começar a olhar agências. Fechei todos os passeios com a agência Bolivia in Your Hands. Passei o dia andando por La Paz, o que foi bem cansativo, pois a cidade é gigante e a altitude não colabora. Dia 27/09/19 (sexta): Fiz o downhill de bike na estrada da morte. E foi uma experiência surreal! As paisagens são espetaculares e a adrenalina vai a mil, mas o caminho é muito, MAS MUITO PERIGOSO. Sério. Eu não sei como aquela estrada é usada até hoje. O caminho é todo de terra com pedras e é a conta de um carro de passeio normal trafegar. Se vier outro em direção contrária, fudeu. Poucos são os trechos em que é possível passar dois carros pequenos. São pelo menos 3h de descida (Eu gastei 3:30h). Os primeiros 20 km você desce na nova estrada, que é asfaltada e um caminho bem fácil de se fazer. Só tem que tomar cuidado com o tráfego de carros e ônibus. Depois chega de fato a estrada antiga, que é o caminho da morte. Essa estrada tem esse nome não é atoa. Todos os anos ocorrem acidentes com os turistas que resolvem fazer essa aventura e você está muito exposto ao risco. Se você cair na estrada (como eu caí), você irá se machucar bastante. Se você cair fora da estrada, já era. A borda da estrada não é um barranco. É um penhasco, literalmente. É uma parede reta. O chão está literalmente há mais de 2 mil km. É TENSO DEMAIS!! Embora eu goste, eu não sou uma pessoa que pratica esportes de aventura com regularidade. Para mim o caminho foi muito extenuante. Não por esforço físico de pedalar (raramente eu pedalei, afinal 99,9% do caminho é descida) e sim pelo excesso de trepidação do guidão. No final da descida eu já não tinha mais força na mão para segurar o guidão e nem apertar o freio. Meu punho estava doendo absurdamente. Teve uma mulher do meu grupo que desistiu na primeira hora da descida pelo mesmo motivo. Porém no meu grupo havia uma outra mulher que para ela foi de boa (mas ela é muito acostumada com esportes radicais e academia). Então, isso vai depender da resistência física e psicológica de cada um. Pelas preferências do trânsito, você deve descer pela esquerda, que é o lado do precipício. Eu não fazia isso, pois é muito perigoso. Sempre ia pelo meio ou pela direita e se vinha um carro, aí sim eu ia pela esquerda. E exatamente por ir pelo meio eu me safei de um acidente que poderia ter sido fatal. Eu estava descendo pela esquerda muito rápido, passei por um trecho com pedras mais salientes e comecei a perder o controle da bike por causa do excesso de trepidação. Então resolvi ir pelo meio porque comecei ver a merda que aquilo poderia dar. Justamente quando eu tava começando a jogar a bike pro meio, eu não sei exatamente o que aconteceu, mas eu fui ejetada da bike. Eu literalmente fiz um super man no ar. Como eu estava indo em direção ao meio da pista, eu fui ejetada nessa direção. Mas se eu tivesse do lado esquerdo, tinha caído penhasco abaixo. Foi tenso demais e por causa das pedras, eu machuquei muito, mesmo usando os EPIs. Por sorte não quebrei nada, mas na hora da queda eu achei que eu tinha rompido algum orgão interno, de tanta dor abdominal que eu senti. Não conseguia nem respirar. E isso é uma dica que eu dou para qualquer um. Vá no seu ritmo, procure uma agência que te permita ir no seu ritmo e vá pelo meio ou pela direta da pista. Existe uma certa pressão dos guias para que você desça muito rápido. E foi justamente por tentar acompanhar o guia que eu me fodi. Dia 28/09/19 (sábado): Fiz um bate e volta para a montanha Chacaltaya e a tarde o passeio do Valle de La Luna. Os dois são muito bonitos. Chacaltaya é surpreendente e você tem uma visão muito bonita da montanha Huayna Potosí, que é bem famosa entre os amantes do trekking, como eu. O Valle de La Luna também é bem bonito, mas não me surpreendeu tanto pois eu tinha visto paisagens bem semelhantes no Atacama. A maior dificuldade de Chacaltaya é a altitude (são 5,395 m). A van chega muito próximo ao topo e a caminhada é relativamente curta, mas muito cansativa. Na alta altitude cada passo dado é como se você tivesse subindo uma escada de 50 degraus. Você respira, respira, respira, mas o ar não é suficiente. Além disso, tava muito, muito frio. Aquele frio que a mão dói de tão gelada. Essa somatória de condições (alta altitude + frio intenso + esforço físico intenso) te deixa muito cansado. O caminho que a van percorre para chegar até o estacionamento próximo ao topo desafia as leis da física e da gravidade. Ao longo de toda a minha viagem passei por estradas que eu duvidava que o carro ia passar e que não iríamos cair penhasco abaixo. Mas mesmo já um pouco acostumada, o caminho até Chacaltaya foi o que me deu mais medo. Tinha hora que eu só fechava o olho pra não ter um ataque do coração! Dá um nervoso sem igual. Durante todo o dia eu estava sentindo um pouco a musculatura dos meus antebraços por causa do esforço muscular da bike no dia anterior. Mas bem de boa. Chegou a noite meu braço direito inteiro começou a formigar e a medida que a noite foi avançando comecei a sentir uma dor insuportável no meu antebraço direito. A dor tava tão grande que analgésico não tava segurando a onda e nem consegui dormir. Dia 29/09/19 (domingo): Assim que amanheceu, a dor tava tão grande que eu tive que desistir de um outro passeio que já tinha contratado e que exigiria um esforço físico maior do que em Chacaltaya. Acionei meu seguro de viagem e fui para a emergência de um hospital. Chegando lá fizeram alguns exames e chegaram a conclusão que eu estava com Epicondilite lateral, uma inflamação decorrente de microrrompimentos das fibras dos tendões extensores do antebraço devido ao excesso de trepidação do guidão na estrada da morte. Resultado: 5 dias de anti-inflamatório e analgésico, braço imobilizado e tive que evitar de fazer esforço físico. Voltei para o hostel e acabei ficando por lá a toa o resto do dia. Dia 30/09/19 (segunda): Por causa do braço, resolvi ficar quieta no hostel o dia todo. Dia 01/10/19 (terça): Peguei um ônibus para Copacabana, chegando lá por volta de meio dia. Deixei minhas coisas no hotel e fui fazer um bate e volta em uma ilha no lago Titicaca. O lago é sensacional e o passeio foi bom, mas não me surpreendeu tanto. Muitos relatos do fórum recomendam ficar na hospedado na ilha, mas tudo é caríssimo. Cheguei em Copacabana novamente por volta das 18h. O clima a noite em Copacabana é legalzinho e há vários restaurantes legais. As ruas ficam cheias de turistas andando a noite. Se você for comprar alguma lembrancinha de viagem recomendo comprar tudo na Bolívia, antes de atravessar para o Peru. Você encontra praticamente as mesmas lembrancinhas em ambos os países, mas no Peru é muito mais caro. Dia 02/10/19 (quarta): Peguei um ônibus cedo em direção à Puno, para então seguir viagem para Arequipa. Embora a distância seja relativamente curta, a viagem durou longas 14h. Foi muito cansativo. O caminho é muito sinuoso, boa parte é de terra, causando grande trepidação do ônibus em boa parte da viagem. Com frequência sobem vendedores ambulantes no ônibus. Um desses vendedores que entrou no meu ônibus foi um vendedor desses chás de ervas que prometem curar tudo o que você puder imaginar. O abençoado ficou 1 HORA E MEIA falando na nossa cabeça com o microfone dele. Irritante, mas engraçado também ao mesmo tempo. Cheguei em Arequipa a noite e a cidade renovou todo o meu cansaço da viagem de ônibus. A cidade é incrível! Muito bonita e com um clima muito agradável. Fiquei andando pelas ruas do centro e depois fui para o hostel. Há vários passeios ao redor de Arequipa. O mais famoso é o passeio pelo Vale do Colca, porém como eu cheguei muito tarde, não consegui reservar passeios para o dia seguinte. Dia 03/10/19 (quinta): Passei o dia caminhando pela cidade de Arequipa. A cidade é muito rica culturalmente e historicamente. Há vários museus interessantes e casarões antigos por toda a cidade. Ao mesmo tempo, a cidade também tem algumas construções mais modernas e uma melhor infraestrutura. O que foi ótimo para dar um alívio dos perrengues que se passa na Bolívia, que é muito desorganizada e sem infra. Dia 04/10/19 (sexta): Peguei um voo cedo da VivaAir para Lima (de ônibus seria mais de 30h de viagem). Essa companhia aérea é uma lowcost que faz vários voos dentro do Peru (outra cia lowcost é a SKY). No meu caso a passagem não saiu tão barata pois comprei no dia anterior e tive que comprar o despacho de bagagem. Existem duas malandragens da VivaAir para arrecadar dinheiro. Primeiro é sobre as dimensões das malas de mão: as dimensões e o peso que eles exigem eram menores do que geralmente as outras cias aéreas exigem (e no Peru eles são bem rigorosos com as medidas e medem mesmo). Se chegar no avião e sua mala estiver fora do padrão deles, você pagará uma FORTUNA (não lembro e posso estar enganada, mas era algo tipo 400 doletas). Então muita gente acaba tendo que comprar o despacho de bagagens, como eu, que tinha a minha mala de mão dentro das exigências da Latam. A segunda malandragem é sobre o check-in. Durante a compra da passagem eles oferecem um valor de 4,50 dólares para imprimir o check-in com eles. Eu não comprei porque achei um absurdo. Depois que eu fechei a compra eu fiquei com aquilo na cabeça do porquê eles iriam cobrar para emitir uma um documento que poderia ser apresentado no celular. Então fui ler os termos de condições que aceitei sem ler (como todos fazem!). E lá eles deixam muito claro que o check-in deve ser apresentado IMPRESSO. Eles NÃO ACEITAM O CHECK-IN NO CELULAR. Se você não levar o check-in impresso, eles cobram 60 DÓLARES na hora!!! Surreal. Muito gentilmente a recepcionista do meu hotel imprimiu o check-in para mim. Mas se ela não tivesse imprimido, eu tava ferrada pois só vi essa condição do termo muito tarde na noite anterior. Tirei a sexta para fazer um Networking em uma universidade que tenho o contato de alguns pesquisadores que trabalham também na minha área. Dia 05/10/19 (sábado): Encontrei com um amigo limenho que me levou nos principais pontos da cidade. Foi um dia muito legal! Lima é uma cidade gigantesca e com um trânsito caótico (mas pra falar a verdade eu achei menos pior do que o trânsito na Bolívia). Passamos o dia inteiro rodando a cidade de carro e fomos em muitos, mas muitos lugares, além de Miraflores, que é o bairro mais turístico da cidade. De todos os lugares, disparadamente, o lugar mais imperdível na minha opinião é o Parque das Águas. Chegamos lá no entardecer e ficamos até a noite. No parque há várias fontes de água dançantes, com shows de iluminação e músicas. É fantástico! Outro lugar muito interessante que fomos é nas ruínas Huaca Pucllana, que pertenceu a uma outra civilização peruana, com uma arquitetura diferente e datada de mais de 1.500 anos. Dia 06/10/19 (domingo): Meu amigo e eu saímos de novo e fomos fazer um trekking em uma montanha chamada Lomas de Lúcumo, que fica em Pachacámac (cerca de 1 hora de Lima de carro). O lugar é muito bonito pois é composto por um bioma que ocorre somente no litoral do Peru. Demoramos umas 4 horas para fazer o caminho completo e saímos de lá absolutamente sujos de lama. Não vá com tênis normal, pois você escorregará muito além do normal. Vá de bota para trekking e impermeável. Leve uma roupa extra para trocar, pois é inevitável se sujar muito de lama. Dia 07/10/19 (segunda): Meu voo para Cusco saiu a tarde e foi uma peleja para conseguir imprimir meu check-in da VivaAir. O Uber que eu peguei foi muito gentil comigo procurando um lugar para eu imprimir o documento. Ele não sabia onde poderíamos conseguir e começou a descer no comércio e perguntar por indicações. Demoramos uns 20 minutos para conseguir encontrar uma copiadora. O voo foi super rápido e tranquilo (de ônibus demoraria cerca de 24h de viagem). Cusco é sensacional! A cidade é muito bonita e eu era capaz de andar nela por horas. A altitude (3,400 m) pesa um pouco nas caminhadas. Ainda que eu estivesse aclimatada, parece que os 3 dias em Lima (que é litoral) fizeram o corpo desacostumar um pouco com a altitude. A cidade faz bastante frio, especialmente a noite. Dia 08/10/19 (terça): Passei boa parte do dia fazendo cotações de passeios. Existem várias opções de passeios. Os preços das agências não variam muito e é aquele mesmo esquema de todas as cidades por onde passei: você paga uma agência, mas no final das contas você nunca sabe com qual agência de fato irá. Dia 09/10/19 (quarta): Fiz o Vale Sagrado (Pisaq, Ollantaytambo e Chinchero) + Ruínas de Moray + Salineras de Maras. A excursão durou um dia inteiro e valeu a pena demais. Muitos lugares diferentes e MUITO bonitos. É IMPERDÍVEL esse passeio! Dia 10/10/19 (quinta): Fui para Machu Picchu. E quase não fui ao mesmo tempo. Eu estava com uma mala de mão de rodinhas e por conta disso eu resolvi que não iria dormir em Águas Calientes pois não teria como transportar minha mala nas caminhadas. Resultado: mesmo sendo muito mais caro, optei por comprar minha ida e volta de trem, ao invés de fazer todo aquele esquema de ir andando pela hidrelétrica (existem dezenas de relatos aqui no fórum e no YT ensinando a ir para Machu Picchu de uma forma mais econômica). O preço do trem varia de acordo com os horários de partida e com o tempo de antecedência que você compra as passagens. O valor mais barato que eu consegui, dentre as possibilidades de horários, foi saindo de Ollantaytambo às 05:30h e voltando às 00h (total 212 dólares, incluindo o ingresso de Machu Picchu e todos os transferes). De Cusco à Ollantaytambo são cerca de 2h de van. Isto é, para pegar o trem às 05:30h, a van teria que me buscar no hostel às 3h. Acontece que a agência simplesmente NÃO ME BUSCOU! Eu fiquei extremamente brava e frustrada. O tempo inteiro tentei falar com o número de telefone da moça da agência e nada. A raiva era tanta que nem conseguir dormir depois disso eu consegui. Por volta das 6h da manhã, assim que a moça da agência acordou e viu todas as minhas mensagens e ligações, ela me ligou imediatamente, assustada, sem graça e sem saber o que aconteceu. Em menos de 15 minutos ela chegou no meu hostel com uma cara que deu até dó de tão apavorada e sem graça que ela ficou (ficou muito claro que realmente foi um erro que nunca aconteceu). Ela me prometeu que iria me encaixar em um outro trem e que me iria pessoalmente me buscar. E assim o fez. Às 8h ela me buscou para pegar a van e segui para Ollantaytambo para pegar o trem às 10h (obviamente a agência pagou toda a diferença, que foi uns 80 dólares). Chegando em Águas Calientes, uma van estava me esperando e seguimos diretamente para Machu Picchu. Em frente à entrada do Parque estava uma confusão sem igual. Há centenas e centenas de turistas esperando seus guias para entrar no Parque, filas e mais filas para pegar as vans de volta a Águas Calientes... e no meio disso tudo tive que procurar meu guia. Era impossível encontrar. Acabei conversando com uns dois guias aleatórios e eles fizeram um rádio peão entre eles e encontraram o meu guia, que foi ao meu encontro. Entramos no Parque por volta das 13h e não tive nenhum problema com relação ao horário do meu ingresso, que estava programado para as 11h. Eles nem conferiram isso. Realmente Machu Pichu é muito legal, mas é muito lotado. Ao término do passeio, retornei para Águas Calientes. A cidade é bem charmosa e o clima a noite é muito legal. Dá realmente vontade de passar uma noite por lá, mas como meu trem de retorno ia sair bem tarde, deu para conhecer relativamente bem a cidade. Eu achei as comidas e serviços oferecidos em Águas Calientes bem mais caros do que em Cusco, que já é uma cidade cara. Cheguei no hostel por volta das 2h da manhã. Foi tudo bem cansativo, mas no final acabou dando certo. Dia 11/10/19 (sexta): Para completar o estresse do dia anterior, peguei uma infecção alimentar, o que é algo considerado normal em viagens pela Bolívia e Peru. Resultado: fiquei no trono o dia todo, vomitando e com febre. No final da tarde meu amigo de Lima chegou em Cusco para curtir o fds comigo. Dia 12/10/19 (sábado): Meu amigo e eu fomos para o passeio das Montanhas Coloridas. Por causa da altitude e da inclinação na parte final da trilha, a caminhada exige muito, mas muito da respiração. Parávamos com frequência, mas chegamos lá! O lugar também é lotado e é bonito. Particularmente eu achei que me surpreenderia mais, mas ainda assim foi bem legal. Dia 13/10/19 (domingo): Meu amigo e eu iríamos para a Laguna Humantay (que é mais alta do que a montanha colorida), mas ele estava MUITO, mas muito mal devido ao Soroche. Achei que ia ter que levar ele pro hospital. E eu também ainda estava meio fraca por causa da infecção alimentar. Assim, acabamos achando melhor abrir mão do passeio e ficamos de bobeira em Cusco mesmo. Dias 14, 15 e 16/10/19 (segunda a quarta): Meu amigo foi embora na segunda bem cedo e eu fiquei o resto do dia a toa ou organizando minha bagagem para o meu voo de retorno ao Brasil na terça de manhã. A viagem de volta foi super longa (24h) e fiquei muito cansada. Cheguei na quarta de manhã em BH. Total de gastos: R$1.641,00 (passagens BH-Santa Cruz, Cusco-BH) U$ 1.400,00 (comprei o dólar a R$4,34) = R$6.076,00 Aproximadamente R$1.000,00 (passagens áreas para Lima e Cusco, Uber e comidas em aeroporto). Para quem tem Síndrome de Menière, eu não tive nenhum problema com a altitude. Muito pelo contrário, a minha frequência de tonturas até diminuiu. Não sei se por coincidência ou por algum efeito que a altitude proporcionou (apesar de não ver muita lógica nisso). Mas a questão é: já que eu não tive nenhum problema, agora o céu é o limite! hahaha! Eu sempre digo que cada mochilão me transforma de alguma maneira. Nessa viagem aprendi muito mais sobre mim, especialmente sobre aprender a respeitar os limites físicos do meu corpo. De longe a Bolívia e o Peru são os países mais culturalmente diversos que eu visitei até hoje e a minha maior recomendação é: vá sem medo. Essa viagem encheu a minha vida de novas cores, novos sabores e novos amores 🥰.
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Chegamos em San Pedro pelo aeroporto de Calama. Lá pegamos uma van que cruza parte do deserto e nos leva até o povoado. Nos hospedamos por 5 noites no Ckoi Atacama Lodge http://www.ckoiatacama.cl, uma ótima dica de hospedagem. Boa estrutura, atendimento super simpático, perto de tudo, mas longe o suficiente do barulho e com bom preço. O Atacama é uma viagem cara. Todos os passeios são feitos com agências e embora isso interfira na liberdade de quem é bicho solto, é de fato a única forma de preservar aquela natureza absoluta. Uma rua de terra principal com duas paralelas e quatro transversais formam o casco histórico de San Pedro de Atacama. E ali naquele pequeno povoado, naquele oásis perdido em meio a uma paisagem que muda de cor com o passar das horas, há uma efervescência, com mercadinhos, restaurantes e lojas que vão de um artesanato simples a joias de pedras preciosas. Não se pode dançar em San Pedro de Atacama. Sob os nossos pés, um imenso cemitério indígena, restos de um povo que acreditava que tudo aquilo o que víamos era o bem mais precioso que tínhamos. Um povo que sabia honrar cada pedaço daquela terra e extrair dela tudo o que precisávamos para existir. Um povo que tinha um enorme respeito pela nossa grande e única fonte de tudo, e entendia sobre o que realmente importava. Ouvir música é permitido, contanto que ela não desperte, no corpo e nos pés, a vontade de manifestar euforia e, por consequência, desrespeito sobre aqueles que nos ensinaram tudo o que jamais poderíamos ter esquecido. E mesmo com todas as fotos e vídeos e relatos que havíamos visto e ouvido, não fazíamos ideia da imensidão que nos aguardava e nem do tamanho que isso seria aqui dentro. Deserto do Atacama O deserto do Atacama não é real. É um outro planeta inventado num filme. É um sonho confuso que se divide ao acordar. É uma mentira contada sobre um paraíso. É uma miragem que nos faz duvidar, o tempo todo, se estamos acordados. Uma memória que temos certeza que está a nos enganar. Um medo constante dos olhos esquecerem a beleza, a imensidão e a intensidade do que veem. Uma emoção que faz chorar todos os dias diante da magnitude do que nos rodeia. O lugar mais especial que já pisamos. No deserto do Atacama há muitas possibilidades de passeios e dificilmente, por tempo e dinheiro, você fará todos. Pesquise bastante e escolha passeios diferentes e que se encaixem no seu gosto e no seu bolso. Optamos por fechar todos os passeios com a mesma empresa, Araya https://www.arayaatacama.com/, e adoramos. Pode não ser a agência mais barata, mas os guias são excelentes e pontuais, as vans são ótimas e nos pegam e nos deixam de volta no hotel e os lanches oferecidos em cada passeio, eram visivelmente melhores que o de outras empresas. Escolhemos os seguintes passeios: Lagunas Escondidas Três litros de água por dia é o que se recomenda beber no deserto. O corpo rapidamente sente a secura na boca, nas mãos, nos poros, na língua, na pele. A desidratação chega sutil, a saliva falta e a dor de cabeça se aponta lá no fundo dos olhos. Um mínimo gole de água resolve instantaneamente. Sentimos cada parte do nosso corpo reagir ao ambiente em que recebemos muito mais do que damos, como deveria ser sempre na natureza. Saímos às 8h da manhã para as Lagunas Escondidas, um conjunto de 7 lagoas formadas no meio da Cordilheira do Sal. Uma viagem de uns 20min de carro e uma caminhada de uns 15min nos levam à primeira delas, uma piscina natural com a água tão salgada que, se secarmos as mãos na roupa, uma capa branca se forma no mesmo instante. Dá pra ver pequenas bolhas brotarem do solo, indicando a nascente de água subterrânea, um fenômeno banal explicado pelos geólogos, mas impressionante para nós. Água verde clara, transparente e salgada. Seguimos a trilha adiante e, entre uma e outra lagoa verde, nos deparamos com a penúltima do conjunto. Falta ar e palavras para descrever o que os olhos não acreditavam ver. No meio de um concentrado de sal na superfície, rodeado de rochas de sal que vão escurecendo pelo horizonte até ficarem marrom, um pedaço do céu se abre no chão, de uma cor tão azul esverdeada, tão verde azulada, tão aturquezada, tão ainda sem nome, que os olhos se enchem de lágrimas e a boca saliva a vontade das mãos de toca-la. E o corpo desaba na pedra mais próxima e se rende, sem qualquer outra chance de alternativa, enquanto o silêncio e a suspensão são a única manifestação comum e possível dos sentidos. E ali, naquele instante mágico, naquele intervalo que a noção de tempo não consegue explicar, entendemos o nada que somos. Vale de La Luna e Vale de la Muerte É curioso e surpreendente perceber-se no lugar considerado o mais inóspito da Terra, o ambiente que temos de mais próximo à superfície da Lua. Por isso o nome, Vale de la Luna. 23 milhões de anos soam como um número perdido e vago, já que é humanamente incalculável para aqueles que vivem, quando muito, um mísero século por aqui. São 23 mil gerações da nossa família vivendo por um período acima da média. Um número impossível para nós. Mas não para a Terra. Não para a natureza. Não para aquele lugar onde tempo e espaço são conceitos que temos que ressignificar para tentar, com muitos esforços, começar a entender o início de nós. Cavernas no meio de cânions de um tamanho muito além do alcance dos olhos; gesso, argila, cristais de sal, granito, quartzo, infinitos minérios cuja explicação para aparecerem ali não existe; cinzas e pedaços de rochas espalhados por todo o vale; e o vento, que faz tudo aparecer e sumir conforme a sua vontade, moldando esculturas que os humanos, tão perdidos diante daquela fonte gigante de tudo, chamam de “Marias”; e a chuva que, raríssima, quando aparece vem imensa, abrindo caminhos em espaços invisíveis. Da mesma forma é o Vale de la Muerte, que era para ser Marte, pelo óbvio, mas a dramaticidade ocidental não permitiu. Do topo do vale vemos o horizonte rosa, as cordilheiras desenhadas, a terra vermelha, as fontes intermináveis de minérios, o sal, os vulcões, o tamanho daquilo tudo. Ali somos nós os estrangeiros, os extras do território, aqueles que não pertencem, achando que sabem alguma coisa, mas que não conseguem explicar quase nada do que se passa nesse outro planeta, que só parece nosso, mas que é ele muito mais o dono da gente. Laguna Céjar O céu do deserto do Atacama é de um azul firme, fixo, que de tão certo e forte faz os olhos duvidarem. E o horizonte de montanhas e cordilheiras de um colorido que vai do branco da neve nos cumes dos Andes, passa pelo avermelhado rosa da cordilheira do sal, depois pelas formações rochosas amarronzadas de sal seco, pelo bege do solo de pedras menores, até voltar ao branco do sal puro e, por fim, ao azulverde da água das lagoas. É como uma paleta cíclica de cores que só existem ali. A Laguna Céjar é um imenso de água no meio dessa esfera impossível. Começa rasa e transparente, tentadora aos pés, e aos poucos, ao passo lento e natural que a natureza impõe, vai passando pro verde, todos os tons, até chegar ao azul, confundindo o nosso olhar entre céu e água, entre cima e baixo, entre nós e a imensidão. Ali não se pode tocar. É preciso aprender a apalpar com os olhos. Ojos del Salar Acredita-se que há milhões de anos, não se sabe dizer quantos, contra toda e qualquer teoria geológica de probabilidade, dois meteoritos caíram na Terra, um ao lado do outro, bem ali no meio do deserto. E com menos explicação ainda, esses buracos formados se encheram de água, doce, limpa, onde se pode mergulhar. E mesmo com toda a seca que se vive lá, ano após ano, a água não diminui. Se evapora, é novamente alimentada por alguma nascente que não se sabe sequer de onde poderia vir. Os buracos possuem uma profundidade que máquina nenhuma inventada pelo homem consegue calcular. Eles te encaram, imensos, como que rindo da tentativa vã e sem propósito de entender o que não se pode explicar. Nos emocionamos entre os Ojos del Salar. Laguna Tebinquiche A Laguna Tebinquiche é a origem de tudo. No momento em que o mundo acabar e a Terra sucumbir às torturas que praticamos a cada segundo, é ali que tudo recomeça. As bactérias presentes nas pedras que rodeiam toda a lagoa são capazes de dar início ao ciclo da vida. A potência daquele lugar é assustadora. Há um caminho delimitado para caminhar, para que se tente não acabar com o nosso único possível recomeço. E após uma trilha no meio dessa fonte de vida tão invisível aos nossos olhos, tão possivelmente desacreditável a olho nu, chega-se a um ponto onde a luz do pôr do sol a oeste reflete nas montanhas a leste, mudando-as de cor. A beleza é tão arrebatadora que, ao não sabermos para onde olhar, se para o sol que se põe por trás das montanhas e vem até nós pelo reflexo na água ou para o horizonte que vai seguindo o movimento do olhar em amarelo claro, amarelo escuro, laranja claro, laranja escuro, rosa claro, rosa escuro, até atingir a cor púrpura do outro lado, a luz do dia acaba, deixando somente o silêncio daquela visão impossível. E pedimos, com lágrimas que escorrem em meio ao sorriso incessante, que os olhos não esqueçam o milagre que acabaram de ver. Termas de Puritama Há 3 mil metros de altitude cresce uma espécie de cacto que só existe em bando. Chegando aos 6 metros de altura e vivendo por cerca de 200 anos, esse tipo que sequer vinga diante da solidão, possui uma madeira porosa dentro de sua casca de espinhos perfeita para o artesanato. De tão esbelto e firme, é difícil crer que, assim como as rolinhas, não sabe e não suporta ser só. Mas gosta de topos, talvez para ter a certeza de avistar os seus a todo instante, como uma galinha que não perde seus pequenos de vista, mas todos sendo mãe e filho ao mesmo tempo. Num dos cânions em que vive essa espécie há um rasgo feito por um raio, há milhões de anos, que foi se abrindo com o movimento da Terra e formando um caminho. Por ali corre um rio, que não se sabe como, nasce dentro de um vulcão e vem correndo toda uma montanha até desaguar entre cactos carentes e rabos de raposa, planta que só cresce perto d’água e mais parece um capim dourado brilhando no meio da rocha seca e do céu azul. Pequenas cachoeiras de uma água inacreditavelmente morna, que quanto mais se sobe o caminho no cânion, mais quente fica. Ora na sombra, ora sob o sol fervente do deserto, quando as mãos encostam nessa água, o corpo inteiro arrepia a sensação inesperada daquela temperatura improvável. Caminhamos por 2 horas na abertura do cânion, às vezes ao lado das águas, às vezes na rocha laranja, avistando somente a vegetação que garantia que o rio estava ali. Com a boca seca e os olhos em choque, atingimos o cume e as famosas Termas de Puritama. 7 piscinas naturais desenhadas como que em andares, cada uma delas com formatos e temperaturas diferentes, que vão dos 23 aos 30 graus. A água é quente feito abraço, potável e de uma transparência que se confunde com as lágrimas, dando a impressão de que choramos cada gota daquele elixir que, se não cura doença, acalenta a alma. Quando o corpo emerge aquelas águas, o coração palpita; a boca não consegue não beber; as mãos correm os braços na tentativa de sentir ainda mais o abraço que envolve por inteiro; os olhos não conseguem se fechar para não perderem um segundo daquela sensação indescritível e choram ao mesmo tempo em que querem ver; e o sorriso vem, completamente involuntário, mais do que convidado e sem nenhum necessidade de ser chamado, aguçando cada poro e cada mínimo sentido e despertando a absoluta certeza de que a plenitude do amor está dentro e só pode ser isso. Esse passeio é o Termas da Puritama + trekking. Não deixe de ir caminhando. A sensação de chegar ao topo vivendo o caminho é incomparável do que alcançar as termas numa van. Tour Astronômico A altitude alta e as nuvens raríssimas fazem do céu do Atacama o ponto de observação mais limpo da Terra. É ali que estão os maiores e mais modernos telescópios da Nasa* e os mais competentes astrônomos. A realidade é que, para além das pesquisas, olha-se para cima após as 23h e tudo parece um filme. As estrelas são holofotes, dispensando qualquer luz artificial, e o céu parece tão baixo e tão perto que é possível ver o movimento da Terra em tempo real, com os planetas visíveis a olho nu mudando de lugar a cada segundo. A Via Láctea é um borrão branco nítido, grande, que prende os olhos ao tentarmos entender o inexplicável. Mas o que o telescópio mostra ao parar em Saturno beira o indescritível. O coração palpita quando os olhos se deparam com os anéis perfeitos e a nitidez do imaginário de toda uma vida. É preciso coragem para descer as escadas do imenso observador do céu e aceitar registrar aquele instante somente na memória, rezando pra que ele permaneça, forte, vivo e intenso, exatamente como o segundo em que os olhos perceberam o que viam. E num misto de felicidade e medo do que o tempo muitas vezes prega em nossa lembrança volátil, três estrelas cadentes rasgam o céu, roubando a respiração e deixando ainda mais claro que a gente é um pingo de absolutamente nada. Fizemos o tour astronômico com a Space Obs, porque lemos muitos relatos de que eles teriam os melhores telescópios. Não gostamos. Extremamente técnico. Grupos grandes, muita espera e filas para cada telescópio. Um casal de simpáticos astrônomos estrangeiros nos recebe e nos guia pelo tour. Observamos o céu a olho nu, com ela apontando estrelas, planetas e constelações. Seguimos para a observação nos telescópios e finalizamos com uma roda de chocolate quente e uma palestra bem entediante sobre física quântica, cálculos astronômicos e informações numéricas pouco interessantes e nada relevantes para quem, como nós, busca um pouco mais de magia. Nos arrependemos de não termos feito também esse passeio com a Araya. Algumas pessoas que fizeram com eles, amaram a experiência. O guia era um senhor nascido no Atacama e entendedor do céu, que em meio aos telescópios, contava sobre as crenças ancestrais do surgimento das constelações. Tudo acompanhado de chocolate quente ou de whisky. Preparem-se para o frio da noite do Atacama. Especialmente nesse passeio, que é feito na madrugada por razões óbvias, o frio é congelante. Gorros, cachecol, luvas e meias. Tudo é necessário. *O D FABIANO nos atualizou com a informação correta. Telescópios do ALMA Observatory. Passeios que não fizemos Salar de Tara - queríamos muito, mas estava fechado, com muita neve no acesso. Geyser el Tatio - era muito cedo, muito frio e estávamos mais interessadas nas belezas das lagoas. Vale do Arco-Íris - faltou tempo. Lagunas Antiplânicas - na seleção de cada passeio, optamos pelas outras lagunas. Onde comer? Não achamos tão tranquilo comer em San Pedro. Tentamos tudo. De restaurantes típicos locais a pizzarias. Destacamos somente a Pizzería El Charrúa, com pizzas crocantes e saborosas, e o Empório Andino, com empanadas de diferentes sabores. Também lemos muito sobre Las Delicias de Carmen. Comemos lá 2 vezes e não gostamos nenhuma. Dicas Na rodoviária há o precioso e pouco divulgado Mercado dos Produtores. Não deixe de caminhar até lá. É onde os artesão locais tem suas oficinas e lojas. Nos apaixonamos pela Dona Carmem, uma das mais antigas artesãs do Atacama e dona de mãos que tecem belíssimas peças, de uma lã natural que ela mesma prepara, monta em novelos e encaixa em seu tear. E também o Manolo, exímio ourives e conhecedor de cobre, mineral abundante na região. Suas joias são obras de arte. https://www.instagram.com/trip_se_/
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Nossa viagem teve início em julho de 2019 e terminou 41 dias depois, em agosto de 2019. Viajamos, eu e minha esposa, de forma relativamente barata, ficando em hostels, airbnb e pequenos hotéis. A maior parte dos trajetos fizemos de ônibus, mas alguns trechos optamos por voos baratos, o que ajudou a cumprir o extenso roteiro que fizemos. Inclusive a ida de São Paulo a Jujuy compramos as passagens de ida e volta com milhas aéreas numa promoção da Gol com a aerolineas argentinas. O lado ruim do passeio foi que acabou "rápido". Apesar de ser nossas mais longas férias, por incrível que pareça ficou a sensação de que "passou rápido". Vou sintetizar o que fizemos de forma a dar uma ideia de cada local. Se alguém quiser alguma informação que possa ajudar no planejamento de viagem, é só entrar em contato. . São Paulo - Jujuy - o voo foi tranquilo e, inclusive, pudemos ver o eclipse parcial do sol. Fizemos escala em Buenos Aires, assistimos ao jogo entre Brasil e Argentina no porto Madero e, no dia seguinte logo cedo, partimos para Jujuy; . Jujuy - Quebrada de Humahuaca - chegamos no aeroporto e dividimos um taxi até o terminal de ônibus. De lá tomamos um ônibus pra Purmamarca, onde ficamos hospedados por duas noites no excelente La Valentina Hostal (R$ 125 o casal). Conhecemos o Cerro de los Siete Colores, caminhamos pelo paseo de los colorados, ficamos à toa no pequeno, belo e tranquilo vilarejo. Também fomos a cidade de Tilcara e as ruínas de Pucará de Tilcara (recomendo muito fazer o passeio com o guia local incluído no valor da entrada). Por fim, conhecemos Humahuaca e as Serranias del Hornocal. O NOA (Noroeste Argentino) tem paisagens maravilhosas e grandiosas. Aliás, o que não faltou nessa viagem foram grandes paisagens, daquelas onde o horizonte parece bem distante. Nossa intenção era conhecer Salta e Cafayate na volta, pois, em 38 dias nosso voo sairia da mesma Jujuy. No fim das contas, Salta e Cafayate ficaram para outra viagem, pois ficamos mais tempo em alguns lugares e voltamos a Jujuy no mesmo dia em que nosso voo retornaria ao Brasil. . Purmamarca - San Pedro de Atacama - tomamos o ônibus da empresa Andesmar as 03:40 hs da madrugada, na entrada de Purmamarca (atrasou meia hora, o que fez a gente pensar que seríamos deixados pra trás,,, mas não hehe, ainda bem). A viagem foi tranquila e cruzamos a fronteira com o Chile no Paso de Jama. O ônibus chegou antes e ficamos cerca de 1 hora esperando para fazer os trâmites de entrada. Mas foi bem tranquilo e logo estávamos descendo em direção a San Pedro. Esse trecho da viagem é fantástico. Chegamos as 11hs da manhã. Ficamos 4 noites nessa pequena cidade de adobe, num airbnb que não recomendo (La Estancia - R$ 150 o casal), pois era um pouco afastado do centro e faltou água quente. Na verdade, nos receberam na chegada e depois nunca mais apareceram (no último dia deixamos as chaves com um bilhete e fomos embora). . San Pedro de Atacama - já havia estado na cidade algumas vezes. Local bem legal, com aquele clima gostoso de aventura. Fizemos vários passeios maravilhosos: Laguna Cejar, Lagunas Altiplânicas, Salar de Atacama, Geisers del Tatio, Valle de la Luna, Tour astronômico, mas o que mais gostamos foi o passeio de bike pela Garganta del Diablo. Fizemos uma breve pesquisa e contratamos tudo lá mesmo,,, Alugamos duas bikes, compramos águas e empanadas e partimos em direção a Pukará de Quitor. Pagamos a entrada na estradinha que leva a garganta del diablo, ouvimos as explicações do que havia no local e fizemos a volta completa pela garganta até a igreja de San Isidro. Passeio gostoso e bem divertido. Depois voltamos pela estradinha até Pukara de Quitor. Subimos até o ponto mais alto com uma vista incrível do pôr do sol. O tour astronômico também foi sensacional. Valeu a pena. Uma dica é comprar empanadas, pois são gigantes e muito gostosas (e baratas). O melhor de San Pedro foi ter conhecido uma bonita família da Alemanha na gélida laguna Cejar,,, as amizades improváveis que surgem nessas viagens são um verdadeiro tesouro. . San Pedro - Arica - Tacna - Lima - esse foi um dia lonnnngo, mas, ao mesmo tempo, tranquilo. Saímos as 22 horas de San Pedro e chegamos as 06:00 hs da manhã em Arica. Queríamos conhecer as cuevas de Anzota, mas o receio de demorar na imigração e perder o voo fez com que deixássemos pra outra vez. De lá, tomamos um taxi compartilhado de uma espécie de empresa que fica ao lado do terminal de ônibus e cruzamos a fronteira com o Peru (desde que tomamos o taxi em Arica, mais os trâmites de fronteira e a chegada na rodoviária de Tacna levamos cerca de 1 hora no total). Tinha uma baita fila na imigração, mas andou rápido. Era nossa terceira fronteira. Chegamos em Tacna, tomamos um café da manhã próximo ao terminal de ônibus, trocamos algum dinheiro e fomos pro aeroporto. Lá ficamos algumas horas esperando até a partida para Lima. O voo foi pela Viva Air Peru, custou 65 dólares por pessoa (com as bagagens incluídas). Pela distância enorme entre as duas cidades achamos o valor bastante bom. Saímos pontualmente as 14:45 hs e chegamos as 16:30hs no aeroporto de Lima. De lá fomos pro bairro Miraflores, onde havíamos reservado o airbnb da Diana. Vou comentar aqui porque foi o melhor airbnb da viagem: um quarto enorme, com banheiro, tv a cabo, wifi e etc. A localização é excelente (Calle Porta 264 en Miraflores - R$ 98 o casal) e a Diana gente finíssima. Muito amável e prestativa. Acabei deixando pra avaliar ela depois da viagem e descobri que não podia porque o airbnb dá o prazo de 15 dias pra avaliações. Daí resolvemos deixar a dica aqui, pra quem for a Lima. . Lima - foram 2 noites em Lima, adoramos o bairro de Miraflores. A cidade está sobre uma espécie de falésia, sendo que se vê a praia lá do alto. É uma região bem bonita com área pra caminhada, recreação e belos jardins, acompanhados da vista do mar, que fica uns 65 metros abaixo. Essa região é conhecida como Malecón. Fizemos diversas vezes a caminhada desde o shopping Larcomar até o farol e também nas imediações da Praça Kennedy. Em um dos dias acordamos cedo e saímos em direção ao centro histórico e catacumbas do convento de São Francisco, as quais recomendo como um passeio "diferente". A noite fomos até o Parque la Reserva (também conhecido como parque das águas - uma curiosidade é que choveu um pouco neste dia, coisa rara em Lima). Um passeio bem legal e que gostamos bastante. O parque é meio afastado e tomamos um taxi. Na volta tivemos que pechinchar porque os valores variavam muito e já era tarde. Queríamos muito conhecer o museu de arqueologia, mas estava em reforma por 2 anos. Desta forma, fomos ao Museu Larco. Pra quem curte arqueologia esse é um museu imperdível, pois além de estar em uma propriedade linda, o acervo é incrível. Vale a pena o passeio guiado, pois é barato e nos deu informações bem legais. O restaurante do museu também vale a pena (não é barato, mas também não é um valor abusivo). Além deste museu conhecemos o Museu de Arte de Lima, o sítio arqueológico de Huaca Pucllana e o bairro Barranco. Lima foi uma grata surpresa, em especial o museu Larco, a comida muito boa (lomo saltado, papa a la huacachina, frutos do mar, etc...), e a beleza do Malecón. Depois de dias muitos bons partimos em direção ao terminal de ônibus da empresa Oltursa, em direção a Huaraz. . Huaraz - a cidade mudou bastante desde a última vez (em 2003) que estive lá. Ficou um pouco mais feia e bem maior do que era. Chegamos e fomos pra um airbnb que havíamos reservado (El Alamo Amuk - R$ 55 o casal). O local era razoável, um quarto enorme com banheiro dentro, porém um pouco inferior as fotos que vimos. O problema foi que ficamos 2 (dos 4 dias) sem água, devido a manutenção da prefeitura naquela rua (baita azar,,,, não foi culpa do local, mas mesmo assim não foi nada agradável... ). Havia combinado os possíveis passeios uns meses antes com a agência Scheler (whatsapp +51 943 397 706 - site: http://www.schelerhuayhuashtrek.com/) e nos demos bem. O cara (o Scheler) foi totalmente solícito, gente finíssima (ajudou em tudo), e os passeios ocorreram de forma excelente. Nos arrependemos de não ter ficado na pousada dele. Fizemos os seguintes passeios: Llanganuco (imperdível,, no caminho conhecemos outras cidadezinhas da região, inclusive a histórica cidade de Yungay - soterrada em segundos, por uma avalanche em 1970 - tomamos sorvetes típicos, doces de leite tradicionais da região e queijos), Glaciar Pastoruri (chega-se a cerca de 5050 metros de altitude - cansativo mas gostamos bastante), Sítio Arqueológico Chavín (quem gosta de arqueologia esse é o lugar - na pirâmide principal é possível entrar nas galerias subterrâneas,,, um local incrível). Tínhamos a intenção de ir até a laguna 69 e laguna Parón, mas o tempo não ajudou e ficará para uma próxima viagem. Uma dica é conhecer o excelente museu arqueológico de Ancash e tomar um suco de limão com ervas na creperia do Patrick (na avenida principal). Na noite do último dia fomos ao terminal da empresa Linea Bus, onde viajamos para a cidade de Trujillo. . Trujillo - chegamos na cidade umas 06:30hs da manhã. Tomamos um taxi até o hotel Strenua Las Quintanas (R$ 81 o casal). Excelente local (banheiro, frigobar, microondas, cafeteira, tv a cabo, café da manhã excelente no quarto e muita simpatia). Não fica tão próximo ao centro mas fizemos a pé o trajeto numa boa. O próprio hotel ofereceu o tour que fizemos. Visitamos as Huacas Esmeralda e Arco Íris, depois fomos a cidade de barro de Chan Chan (centro da cultura Chimú). O tour nos levou para almoçar na praia em Huanchaco. Poderíamos comer em qualquer restaurante. Escolhemos um com vista. Provamos o famoso ceviche da região. Tivemos ainda tempo de dar uma voltinha pela praia e caminhar até o pier. Depois o passeio seguiu em direção a Huaca de la Luna (cultura moche,,,, local imperdível). A noite curtimos a belíssima praça central de Trujillo. Uma cidade com um centro histórico bem preservado e multicolorido. No dia seguinte tomamos um tour para conhecer o complexo El Brujo. Depois de cerca de 1 hora chegamos ao complexo. Visitamos o sítio arqueológico e depois o museu. Pela forma como foram encontrados seus restos mortais, a Dama de Cao foi alguém muito importante,,, provavelmente uma governante. A huaca (como eles chamam os templos) é impressionante. O interessante é observar que se pode ver dezenas dessas huacas pelas redondezas. Há centenas delas na região. Foram culturas muito organizadas e poderosas, que persistiram por séculos. A quantidade de objetos de arte, inclusive feitos de ouro, é muito grande. Uma curiosidade é que em quase todos os sítios arqueológicos da região é possível ver o Viringo (o cachorro sem pelos que era comum na época das antigas culturas da região). Após visitar o museu voltamos pra Trujillo, descansamos e tomamos um ônibus para Chiclayo (3:30 hs de viagem). Nos sentimos os "indianas jones" nessa viagem. . Chiclayo e Lambayeque - Chiclayo é uma cidade enorme,,, achamos Trujillo bem mais bonita. Nos alojamos no Hostal Satélite (55 reais o casal). É um alojamento bemmmm simples e fica numa avenida afastada do centro. A dona é muito simpática e o "coronel" (o cachorrinho super amável) deu as boas vindas. Mas o local é muito simples mesmo. Contratamos um tour que nos levou para Huaca Rajada, onde visitamos o sítio arqueológico (onde foi encontrada a tumba do Sr. de Sipán), bem como o pequeno mas interessante museu local. Foi um passeio que valeu a pena. Logo depois o tour seguiu para a vizinha Lambayeque. Primeiro paramos para um almoço e compra de um doce típico local (o alfajor King Kong,,,, não curtimos o doce não hehe). Fomos para o museu arqueológico Bruning e, logo depois, a cereja do bolo, o museu Tumbas Reales de Sipán. Sensacional !!! (pena que não permite fotos internas). Faltou conhecer o "estranho" parque Yortuque, um local com estátuas bem loucas,,, e a cidade praiana vizinha de Pimentel (precisaria ficar cerca de 3 dias para conhecer com calma o local). Uma dica pra comer são os cafés/restaurantes que ficam na praça da catedral de Santa Maria (praça chamada parque principal). Bom preço e comida excelente. A noite tomamos um mega super ultra confortável ônibus da empresa Movil em direção a cidade de Chachapoyas. . Chachapoyas - está aí uma região com muito a oferecer. Chegamos logo cedo na pequena e bela cidade,,, um ar de interior com um centro bem preservado e com casas em tom marrom e bege. Nossa hospedagem foi em um airbnb na Jirón Junin, n° 731 (R$ 89 reais o casal) . Gostamos do local, um quarto separado (com banheiro e tv) na casa da Sra. Ritha. Muito simpática e receptiva. Há poucas quadras do centro e de frente para uma pizzaria familiar muito boa. Ficamos 4 dias na região e contratamos alguns passeios na praça principal. Conhecemos os seguintes lugares: -> Kuélap - imperdível,,, partimos na van em direção ao povoado de Nuevo Tingo. Pra chegar na cidade murada dos Chachapoyas, a mais de 3.000 metros de altitude, tomamos um teleférico que por si só é uma atração (são 4 km percorridos em cerca de 20 minutos). A cidade é toda murada, possui apenas três entradas e tem construções circulares. Foi um passeio excelente, apenas o guia era meia boca,,, um cara muito ruinzinho (no passeio seguinte trocamos de agência e o outro guia foi muito bom). Neste local também fizemos amizade com um casal de viajantes da Austrália. No caminho para Kuélap estão as ruínas de Macro, as quais é possível acessar passando por uma espécie de gôndola com cabos de aço para cruzar o rio. Não conseguimos ir pela falta de tempo, mas pareceu interessante. -> Catarata Gocta - fizemos por conta própria. Tomamos uma van - transporte público - até um ponto na estrada onde há tuc-tucs. Um deles nos levou 5 km acima até Cocachimba, o vilarejo onde tem início a trilha para a parte baixa da catarata. Ficamos fãs dos tuc-tucs,,, são baratos e estão por todos os lados. Compramos as entradas e partimos pela trilha (6 km em cerca de 2:45hs). A trilha é tranquila, bem marcada e não necessita guia. É mais tranquilo (fisicamente) ir do que voltar . Chegamos na frente da catarata (na verdade são duas quedas somando 771 metros). É claro que entrei na água gelada,,,, nadei até o outro lado do laguinho e fiquei curtindo a paisagem por um tempo (não vimos ninguém mais se aventurar a nadar ali). Uma sensação incrível de leveza. É um passeio muito bonito e agradável. Na volta, quase no final da trilha, havia uma casinha onde o morador local vendia café (que ele mesmo cultivava), variedades de cachaça (produzidas por ele) e a bebida chamada "arapa" (ou algo assim,,, derivada do bagaço de cana e muito apreciada localmente por ser barata e ter algo de álcool). Pra adoçar eles usam a "panela", um adoçante que acho que é rapadura moída. Ainda almoçamos em Cocachimba e voltamos a Chachapoyas via tuc-tuc + van na estrada. -> Pueblo de los muertos - caminhamos até a rodoviária da cidade e tomamos uma van em direção a cidade de Lamud. Passamos por Luya e poucos quilômetros depois descemos na praça principal de Lamud (creio que 1:30hs de viagem). Perguntando aqui e ali nos indicaram um local próximo (1 quadra e meia descendo a praça). Trata-se um pequeno galpão com algumas múmias e artefatos arqueológicos repleto de botas de plástico (estilo galochas) e roupas para quem vai explorar a Caverna Quiocta. Uma moça nos recebeu e deu informações sobre o "pueblo de los muertos", disse que era domingo e que estava sem as chaves do sítio arqueológico. Pediu para esperarmos um pouco e se foi. Ficamos ali observando os folders colocados nas paredes e vimos que há muitos lugares para explorar a partir de Lamud. Havia opções para a Caverna Quiocta, para os Sarcófagos Karajia e para outros locais com sarcófagos menos conhecidos. Depois de um tempo ela nos cobrou dois tíquetes (um valor simbólico) e deu as chaves pra gente. Perguntamos como podíamos fazer para chegar lá. Ela ficou surpresa e perguntou se não estávamos de carro. Dissemos que não,,,,, daí ela indicou os tuc-tucs da esquina. Combinamos o preço com o motorista e ele nos levou. São cerca de 9 km até o início da trilha. Haja bunda,,,, Começamos a descer até a encosta onde fica o local onde ficavam depositadas as urnas funerárias. A trilha é uma descidona boa,,, mas em uns 40 minutos estávamos no portão de entrada. Abrimos com as chaves que a moça nos deu e ficamos ali por cerca de 1 hora. No caminho é possível ver, bem ao longe, a catarata Gocta. O local é impressionante, com vistas alucinantes do penhasco e um tanto quanto perigoso quanto à quedas. Tem que ir com muito cuidado e não abusar. Ainda há alguns sarcófagos inacessíveis que se vê na encosta, mas as "casinhas" onde ficavam a maioria deles estavam vazias e semi destruídas. Com certeza caçadores de tesouros retiraram quase tudo dali. O fato de estarmos sós neste lugar foi algo diferente. Fechamos o portão com as chaves e retornamos pela trilha morro acima. O tuc-tuc estava lá esperando e nos levou de volta a Lamud. O local onde pagamos os tickets estava fechado, assim que (conforme combinado), deixamos as chaves na farmácia chamada "Botica Sanchez". Almoçamos e retornamos de van para Chachapoyas, felizes e cansados. -> Revash e Museu de Leymebamba - saímos num tour em direção a pequena vila de San Bartolo. Depois de umas 2 horas chegamos na pracinha de onde sai a tranquila caminhada (uma meia hora) até os mausoléus de Revash. Impressionante as casinhas pintadas de vermelho e branco. Muito bem conservadas. Na região há diversas delas, mas essas são as mais acessíveis. Dá pra chegar bem pertinho mesmo. Tiramos algumas fotos, curtimos a paisagem e retornamos à van. Logo em seguida seguimos para a cidadezinha de Leymebamba, onde almoçamos e fomos ao interessantíssimo museu (que fica meio afastado do povoado). Um museu muito bem organizado com um acervo único: mais de 200 múmias e objetos encontrados nas encostas da laguna de los condores (3 dias o passeio até o local - não fizemos), além de explicação da cultura Chachapoyas, maquetes, animais mumificados, instrumento feito de concha marinha chamado "pututu" (inclusive se pode soprar para escutar o som), etc. O bom é que se pode tirar fotos sem restrições. Logo após a rica visita guiada regressamos para Chachapoyas. Foi um grande dia ! O potencial turístico da região é muito grande,,, não conhecemos vários lugares: cânion de Sonche, ruínas de Macro, sarcófagos de Karajía, caverna Quiocta, trekking gran Vilaya, etc). Além disso, cada ano se descobrem novos sítios arqueológicos. Há passeios mais "nervosos" como o trekking até a laguna de los condores (3 dias no total) e o "nervosíssimo" e absolutamente incrível Gran Pajatén. Recomendamos muito o norte do Peru, repleto de belezas naturais, sítios arqueológicos, museus, boa comida, etc. Os preços são mais baratos que a região de Cusco e há poucos turistas e muito o que ver. Como curiosidade, não encontramos brasileiros em Huaraz, Trujillo, Chiclayo e Chachapoyas. Também não deu pra conhecer a região de Cajamarca e as praias do norte do país... quem sabe um dia... Na madrugada, seguimos viagem numa van turística em direção ao aeroporto da cidade de Jaén, a 220 km (umas 4 horas), onde saiu nosso voo para Cusco (com escala em Lima). Pequeno aeroporto em Jaen: De dentro do Tuc-Tuc próximo ao aeroporto de Lima (demos uma voltinha até chegar a hora do voo para Cusco): . Cusco - chegamos mais uma vez na espetacular cidade de Cusco. Vendo as pedras que formam a base das construções não há como não tentar imaginar como era a cidade no auge do império Inca. Chegamos no aeroporto e já negociamos um taxi até o lúdico e pitoresco Hostal Royal Frankenstein (R$ 75 o casal), do alemão Ludwig, uma cara gente boa e muito bem humorado que dá todas as dicas que precisar. O hostal é simples, limpo e com excelente localização (em cada canto tem algo inusitado). Recomendamos ! Como em outras viagens já havíamos conhecido Machu Picchu, o Vale Sagrado dos Incas e uma boa parte de lugares da região, nos concentramos onde ainda não havíamos estado. Curtimos a cidade em si,,, caminhamos sem rumo pelas ruas, almoçamos um almoço bem fraquinho no mercado municipal, assistimos a uma apresentação de dança folclórica e deitamos no gramado em frente a Qoricancha (centro religioso Inca). No dia seguinte tomamos um tour para o sítio arqueológico de Moray (enormes círculos em terraços, com vários níveis, que devem ter servido de adaptação para cultivo de milho e batatas). Um local muito bonito! Fizemos paradas em alguns lugares onde há apresentações de como os antigos tingiam os tecidos para fazer roupas e de como era a produção de cerâmica; venda de chocolates com sal de Maras; e etc. Finalizamos o dia nas salinas de Maras,,, outro local bastante peculiar. Valeu a pena conhecer. No dia seguinte fizemos uma caminhada da plaza de armas em direção a Saqsaywaman. Visitamos o sítio arqueológico e fomos ao nosso objetivo principal: brincar no escorregador natural de pedra, chamado "suchuna" (garantimos que a descida é veloz ). Depois caminhamos até o sítio arqueológico de Qenqo e regressamos a pé até Cusco. Fomos dormir cedo porque, conforme havíamos combinado com a guia Suzana, as 3 hs da madrugada sairíamos em direção a Waqrapukara, uma joia da região. Hostal Royal Frankenstein - Cusco: A tinta na mão da moça vem de um bichinho que fica num cactus da região: . Waqrapukara ("waqra": chifres; "pukara": fortaleza) - esse é um daqueles lugares únicos,,, uma rocha gigante na beira do cânion do rio Apurímac, com duas saliências (como se fossem orelhas ou chifres), com um platô plano no alto. Acredita-se que o local foi construído pela cultura Kana e que era usado como local cerimonial, posteriormente foi dominado pelos Incas que agregaram construções ao local e agregaram a função de fortaleza ao local. É como se fosse uma pequena Machu Picchu. As 4 hs da manhã a Suzana apareceu com o motorista (um primo dela) e saímos em direção a rota que passa por Sangarará. Paramos para tomar café da manhã em um vilarejo a beira da estrada. Depois, cruzamos uma lagoa muito grande e teve início uma estradinha de terra bem estreita e cheia de curva pela encosta (uns 9 km), até que a única forma de seguir era a pé. O carro nos deixou ao lado de uma pequena lagoa de águas escuras onde havia uma casinha de um criador de ovelhas e alpacas. De lá subimos pela trilha na lateral direita da lagoa e logo tomamos uma parte mais plana e alta. A trilha é super bem marcada e tranquila, mas a falta de fôlego nos fez lembrar que estávamos a 4.500 metros de altitude. Depois de um tempo começamos a descer suavemente e, umas 2 hs depois, chegamos a Waqrapukara (cerca de 8 km de trilha). O céu estava muito azul,,, um dia maravilhoso. O local é impressionante, repleto de escadarias de pedra e construções. Não pagamos nada para entrar, apenas anotamos os nomes no livro do guarda parque. Ficamos um tempo por lá e a Suzana realizou uma espécie de agradecimento a Pacha Mama. Havia apenas alguns gatos pingados por lá. Pouquíssima gente. Depois de um tempo começamos a regressar. A volta é uma subida suave, mas que cobra seu preço. Levamos um pouco mais de 3 horas para chegar ao carro, com direito a várias paradas para beber água. Regressamos a Cusco cansados e muito felizes. Obs.: há outras rotas para conhecer Waqrapukara: pelo vilarejo de Huayqui (penso que essa deva ser a rota mais bonita, pois segue a encosta do cânion - também acredito que deva ser a mais fácil de se fazer por conta própria, pois há transporte de Cusco até Acomayo, e de lá até Huayqui), e por Santa Lucía. . Yauri/Espinar - saímos cedo do hostal Frankenstein e um taxi nos deixou num terminal de ônibus na rua Huayruru Pata (terminal Sicuani - empresa Coliseo), de onde saem coletivos para Sicuani. Depois de uns 140 km e 2 horas e pouco de viagem, fomos deixados na garagem da empresa (Av. Cesar Alvarez). Perguntamos e, próximo dali, saíam os ônibus para Yauri. Mais 70 km e quase 2 horinhas e chegamos na cidade (que é bem grandinha). Tomamos nosso tradicional tuc-tuc e descemos na praça principal, onde lemos que haviam vários pequenos hotéis. Ficamos no excelente e frio Real Apart Hotel (R$ 60 reais o casal). Foi uma positiva surpresa, por isso recomendamos. Na manhã seguinte um tuc-tuc nos deixou onde saíam os ônibus para os Três Cañones de Suykutambo. É preciso chegar antes das 8 hs, pois só há um único ônibus no dia, saindo cedo e regressando de tardezinha. Quase não conseguimos um lugar. Em pouco tempo havia muita gente do campo (com muitas crianças pequenas) e ônibus saiu mega lotado, com gente em cima uns dos outros (literalmente). Depois de uns 30 km descemos numa parada que fica bem no encontro dos três cânions. O motorista advertiu para não perdermos o horário da volta, que seria as 15:30hs. Descrevo o local como surpreendente, com sítios arqueológicos da cultura Cana e paisagens absurdamente belas. Cruzamos o rio Apurímac (um rio maravilhoso) e pegamos uma trilha até o alto de um dos paredões. A subida é boa (vale lembrar toda a região está acima dos 4.000 metros,,, ufaaa!). Tiramos umas fotos e apreciamos a vista. Depois retornamos por um caminho que tem inicio próximo da parada do ônibus e que nos levou até um sítio arqueológico chamado T'aqrachullo (ou Maria Fortaleza). O local é turístico e tem indicações. Subimos até o alto de outro paredão onde a vista dos três canions é fantástica (essas subidas são de cerca de 100 metros de desnível). Lá no alto tem muitas ruínas do sítio arqueológico, com construções circulares (típicas da cultura Cana). Descemos pelo mesmo caminho e seguimos as indicações até outras ruínas fantásticas (de onde já se pode observar a presença da arquitetura Inca). Depois retornamos a estrada e fomos caminhando (7 km) até as ruínas de Mauk'allaqta. Cruzamos novamente o rio por uma ponte de metal antiga e pegamos a trilha até o sítio arqueológico. Este era ainda mais incrível que os demais, com dezenas e dezenas de construções circulares, inclusive uma "chulpa" (urna funerária) com a cúpula de pedra. Ficamos um tempo aí e voltamos a estrada para esperar o ônibus que nos levaria de volta a Yauri. Por sorte, um casal muito gente boa (de Arequipa) estava passando de caminhonete e ofereceu carona. Era um casal que havíamos visto no início do dia próximo aos três cânions. Voltamos e nos deixaram na praça onde ficava nosso hotel. Quando descemos do carro vimos que eles também estavam hospedados no mesmo local. Coincidência boa. Depois jantamos juntos num restaurante típico local e acabamos por fazer amizade com eles. No dia seguinte pegamos o ônibus de volta a Sicuani e, de lá, uma van até Puno, onde dormimos uma noite e depois seguimos viagem até La Paz, via desaguadero. Não deu tempo de conhecer K'anamarka e outras atrações da região (termas, vilarejos e etc). São necessários pelo menos 2 dias livres (sem contar a chegada e a saída) para conhecer bem o local. . La Paz - chegamos em La Paz pela manhã, a viagem e a passagem pela fronteira foram tranquilas pra gente, porém não podemos deixar de registrar que algumas pessoas levavam chocolates (comprados em Cusco) e (absurdamente a nosso ver) ficaram retidos. Bem,,, da rodoviária seguimos a pé em direção ao Loki Boutique La Paz (R$ 112 o quarto de casal - um pouco acima do que vínhamos pagando em hospedagem até então). O quarto e o banheiro são excelentes. O único probleminha é que, durante a noite, ouvíamos ratos dentro das paredes do antigo casarão (mais especificamente numa das tomadas do quarto). Gravei e mostrei para a administração do hostal, mas não tinham outro quarto,,, assim que ficamos ali mesmo. Muito estranho dormir com os ratos fazendo ruídos a noite toda. Já estivemos muitas vezes em La Paz, uma cidade única,,, ainda mais agora, com o sistema de teleféricos cruzando a cidade de cima a baixo. É uma mescla de caos urbano com um ar de aventura. Muitos mochileiros de todo o mundo cruzando as ruas agitadas e, ao fundo, a paisagem maravilhosa do nevado Illimani. Nosso objetivo inicial era descansar na cidade e fazer alguma trekking/montanhismo. Desistimos do Sajama pelo alto custo que implicaria e acabamos não indo desta vez ao Parque Condoriri, onde pretendíamos conseguir algum transporte até a trilha que leva ao Pico Áustria (um mirante maravilhoso). Acabou que aproveitamos pra curtir a cidade em si e descansar uns dias. Andamos muito a pé e de teleférico. Visitamos: Calle Jaén (artesanatos), Mirador Killi Killi, Parque Urbano Central, Mirador Laikakota (o escorregador de cimento liso vale muito a pena), Zona Sul da cidade, inclusive fomos ao Valle de la Luna. Na volta paramos em outro escorregador (altíssimo) de cimento. Ficamos ali brincando por um tempo até retornar ao centro da cidade de teleférico. Um lugar bem legal é o café chamado Kuchen Stube (rua Rosendo Gutierrez - próximo a praça Eduardo Avaroa). Nos dias em que ficamos em La Paz houve desfiles por toda a cidade. Foi muito legal ver o pessoal ensaiando nas praças à noite e desfilando nos dias seguintes. Teve até uma espécie de desfile de carnaval (um megaevento da cidade). Fomos convidados pelo Juan, pela Miroslávia e por seu filho Nils (amigos de longa data e donos da agência de turismo http://hikingbolivia.com/ - aproveito para indicar a agência pela competência e honestidade deles) para um jantar e depois para participar de uma cerimônia tradicional local para pedir um ano bom a Pacha Mama. A cerimônia foi bastante diferente de tudo que havia participado. Um momento interessantíssimo da viagem e expressão da cultura local. Na noite seguinte viajaríamos de ônibus até Cochabamba, entretanto, conseguimos um voo pela BOA (https://www.boa.bo/) por incríveis 99 reais. Partimos logo cedo para Cochabamba. . Torotoro - chegando no aeroporto de Cochabamba tomamos um taxi até a Av. República, onde saem as vans para Torotoro. Esperamos uns 40 minutos até lotar e saímos. Foram 137 km em cerca de 3:40hs (35 bolivianos por pessoa - uns 19 reais). Estão construindo uma rodovia nova entre Sucre e Cochabamba, mas quando fomos a estrada estava bem judiada. Antes de chegar, há vários zigue zags na estrada. Torotoro é mais uma pequena vila que uma cidade,,, tem muitos hostals, duas pizzarias e poucos restaurantes. Está a 2.700 metros de altitude. Ficamos no Hostal Torotoro (R$ 75 o casal), onde há uma entrada imitando caverna e quartos razoáveis, entretanto é bem mal administrado por duas adolescentes. Para ter água quente era necessário pedir e esperar. A pequena vila é base para passeios incríveis. Tem uma pracinha e vários edifícios com réplicas de dinossauros. Para fazer os passeios é necessário contratar um guia da cooperativa de moradores da região. Pessoas super bem treinadas e educadas. Gostamos muito da organização. O primeiro a fazer é passar no escritório de registro do Parque Nacional Tororo. A entrada custa 100 bolivianos (uns 60 reais) e vale por 4 dias. Cada tour tem um custo adicional e pode ser dividido em até 6 pessoas. Chegamos no local onde saem os guias e já montamos um grupo com 6 pessoas para conhecer o El Verguel + Cânion de Torotoro. O valor foi cerca de 160 bolivianos, que dividimos em 6. Fizemos o trajeto a pé mesmo, pois achamos mais interessante (cerca de 10 km ida e volta, contando a entrada no cânion). O guia era muito gente boa. Logo na saída da cidade há uma encosta com incríveis pegadas de dinossauros de vários tipos. Depois seguimos por uma estradinha de pedras até chegar a uma trilha que segue por uma espécie de leito seco de um rio. Neste caminho há formações rochosas bem legais e pegadas de vários períodos (Triássico, Jurássico e Cretácio) de 4 famílias de dinossauros (Anquilossáurios - quadrúpedes herbívoros; Terópodos - carnívoros; Ornitópodos - herbívoros de quatro patas que também caminham em duas; Saurópodos - os de pescoços longos). Algumas são do tamanho de uma pessoa. Chegamos num mirante de metal, de onde se vê o cânion de cima. Um lugar único! Depois de um tempo ali iniciamos a descida até o rio Verguel,,, cerca de 850 degraus de pedra. Seguimos por dentro do cânion até chegar num laguinho de água bem fria. Do outro lado uma cachoeira que o guia jurava que era de água morna. Fomos os únicos que arriscamos ir. E não é que o guia não mentiu. Uma água cristalina e morninha. O duro foi voltar pela água gelada do laguinho hehe. Regressamos lentamente, subindo os degraus e fazendo a trilha de volta até a cidade. Um dia espetacular! Na manhã seguinte formamos um grupo com dois casais de espanhóis e o mesmo guia do dia anterior. Pagamos cerca de 600 bolivianos (100 para cada pessoa) e saímos num carro em direção a Ciudad de Itas + Caverna Umajalanta. O primeiro destino foi a Ciudad de Itas (uns 20 km de Torotoro e 1.000 metros mais alto). É uma trilha bem tranquila, passando por formações rochosas que lembram vários animais. Há inúmeras grutas e passagens entre as rochas, formadas pela erosão das chuvas. Algumas formam galerias enormes. Uma curiosidade é que foram encontrados artefatos da cultura Guarani na região ("Ita" = pedra em Guarani). Disseram que é o local mais alto (cerca de 3.700 metros) com registro dos Guaranis. Também passamos por pinturas rupestres. Foram cerca de 4 km (ida e volta). A próxima parada foi o almoço num local com uma vista sensacional. O almoço (pago a parte do passeio) foi excelente. Seguimos para o local onde fica a caverna de Umajalanta. O carro nos deixou a 1 km da boca da caverna e seguimos por uma trilha bem gostosa de se fazer e com pegadas de dinossauros pelo caminho. Antes de entrar há uma parada para colocar os capacetes com lanternas e deixar as mochilas. A caverna é magnífica e um tanto quanto "aventureira". Descemos diversas vezes em cordas com nós,,, cruzamos passagens muito estreitas e nos arrastamos entre o teto e o chão. No final há um laguinho com peixinhos sem olhos (típicos de cavernas). Outro dia incrível para não esquecer... Regressamos a Torotoro e saímos pra comer uma pizza. Uma dica: Torotoro está entre Cochabamba e Sucre e há possibilidade de "transfer" de Torotoro para Sucre. São 6 horas de viagem de carro e só não usamos porque já havíamos comprado as passagens aéreas. Os espanhóis conseguiram fechar um carro e partiram até Sucre. No dia seguinte nós tivemos que regressar, numa épica e muito empoeirada viagem de van, a Cochabamba, pois de lá tomamos um desses voos econômicos para Sucre. Por conta de um tiozinho (muito sem noção) que atrasou a van em quase 1 hora, chegamos no aeroporto cerca de 20 minutos antes da saída do voo. Foi um desespero, pois despachamos as bagagens e embarcamos de forma imediata, mas deu tudo certo. Torotoro vista no voo Cochabamba a Sucre: . Sucre - chegamos ao aeroporto e achamos tudo muito organizado. Pegamos uma van até o centro de Sucre por um valor muito bom (se fôssemos de táxi sairia umas 8 vezes mais). Caminhamos até o hostal La Casa Verde (R$ 150 reais o casal - foi a hospedagem mais cara de toda a viagem), bem localizado (poucas quadras da praça central) e com um excelente café da manhã. A cidade foi uma grata surpresa. O centro histórico é muito bonito, todo em estilo colonial e muito bem preservado, com muitas opções de restaurantes, cafés e lojas de chocolate e artesanato. Na praça, em frente a Catedral Metropolitana de Sucre, pegamos o ônibus do "Parque Cretácico" (horários: 9:30, 11:00, 12:00, 14:00 y 15:00 hs - de terça a domingo), uns 5 km de distância (15 minutinhos). A área pertence a fábrica de cimento "Fancesa" e, além do parque (que é interessantíssimo, muito educativo, com réplicas de dinossauros, museu e muita informação), também tem o sítio paleontológico chamado "Cal Orcko", um dos mais importantes já descobertos. Trata-se de um paredão (cerca de 110 metros de altura x 1500 metros de comprimento, inclinado em 73º), em camadas, onde estão expostas 5055 pegadas individuais de dinossauros de, pelo menos, 8 espécies. Há 462 trilhas de caminhada contínuas. Dá pra ver o paredão desde o parque (uns 300 metros de distância), mas fizemos o tour guiado (ocorre apenas das 12 as 13hs - horário de almoço da empresa de cimento), caminhando ao longo da parede. Foi sensacional ficar ali ao lado das pegadas,,, vale muito a pena! Planejamos conhecer Maragua, um local creca de 25 km de Sucre, com trekkings, pegadas de dinos (uma das maiores pegadas de carnívoros do mundo pode ser vista aí) e pinturas rupestres, mas pela falta de tempo deixamos para uma outra oportunidade. De noite, tomamos um ônibus da empresa "6 de octubre" na rodoviária de Sucre em direção à Villazón (cidade na fronteira Bolívia/Argentina), uns 420 Km de distância. Estávamos um pouquinho preocupados porque, na noite do dia seguinte, tínhamos um voo de Jujuy para Buenos Aires, e depois para o Brasil. Tinha muito chão ainda até chegar em Jujuy. . Villazón/La Quiaca - Jujuy - Brasil - depois de uma longa, porém tranquila viagem (cerca de 9 horas), chegamos na gélida rodoviária de Villazón (3.450 metros de altitude e -8ºC de temperatura). De lá tomamos um taxi até a fronteira (2,6 km dali) onde havia uma pequena fila,,, mas andou rápido. Ninguém revistou nada! Pegamos as mochilas e fomos caminhando 1km até a rodoviária de La Quiaca (já na Argentina). Esperamos um pouco até que achamos um ônibus para Jujuy (260 km em cerca de 5 horas). Acabou que deu tudo certo, pois tínhamos toda a tarde em Jujuy até a hora de nosso voo as 21:40hs. Deixamos as malas no novo terminal de ônibus de Jujuy e fomos até o centro pro tempo passar. Aproveitamos para almoçar, tomar um café num shopping, caminhar um pouco pelas ruas próximas e o principal: comprar algumas garrafas de vinho no supermercado! Voltamos para o terminal e esperamos passar um ônibus que nos deixaria no aeroporto. O mais engraçado é que, depois de fazer o check-in do voo, ouvi nossos nomes sendo anunciados no aeroporto. Fomos até o balcão da empresa e, para nossa grata surpresa, o voo estava lotado e nos mudaram para a 1ª classe. Hahaha,,, tá certo que era um avião pequeno e a 1ª classe não era algo assim fantástico, mas minhas pernas agradeceram o espaço cômodo até Buenos Aires. De lá pegamos o ônibus da empresa Tienda León (que faz o transfer gratuito de quem compra passagens da aerolineas argentinas) e fomos do aeroparque até o aeroporto de Ezeiza. Tomamos mais um chá de cadeira (umas 4 horas) e embarcamos as 06:40hs da manhã pro Brasil. Foi uma viagem épica , que na verdade foram muitas viagens em uma. Focamos em lugares menos conhecidos como Waqrapukara, Suykutambo, Parque Torotoro, Chachapoyas e o norte do Peru. Mas também vivenciamos grandes cidades como Cusco, Lima, La Paz, Huaraz, Trujillo, Chiclayo, Puno, Sucre e Jujuy. E ainda as pequenas e únicas Purmamarca, Tilcara, San Pedro de Atacama, Huanchaco, Lamud, Leymebamba, Yauri e Torotoro. Visitamos museus, sítios arqueológicos dos mais variados, desertos, cidades de antigas civilizações, montanhas, geleiras, mar e neve, águas termais, geisers, lagos de cor turquesa e cachoeiras,,, andamos de avião, ônibus, bicicleta, teleférico, carro, tuc-tuc,,, caminhamos trocentos quilômetros (ainda vamos fazer esta conta) entre cidades e trekkings em lugares maravilhosos e repletos de história e aventura,,, fomos do mar até 5.050 metros,,, comemos comidas típicas e deliciosas (viva o Peru),,, dormimos cinco noites dentro de ônibus, uma num aeroporto, muitas em pequenos e simples hotéis e até mesmo uma num hospital. Conhecemos muitas pessoas legais de muitas nacionalidades (chilenos, bolivianos, peruanos, argentinos, brasileiros, espanhóis, ingleses, alemães, australianos, e muitos outros),,, sendo que algumas boas amizades tiveram início. Celebramos a amizade com Juan, Miroslávia e Nils, participamos da cerimônia da Pacha Mama em La Paz e em Waqrapukara e desfrutamos da hospitalidade do maluco do Ludwig em Cusco. Por fim, brincamos muito, como deve ser, deslizamos em escorregadores de Saqsaywaman e em La Paz, nos perdemos de bicicleta na Garganta del Diablo, nadamos em lagoas geladas e, principalmente, compartilhamos um com o outro, juntos, pequenos e grandes momentos que ficarão eternizados em nossos corações. Infindáveis pequenos fragmentos de coisas boas,,, de cumplicidade,,, de entender um ao outro. O maior tesouro da viagem foi estar na melhor companhia.
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Olá pessoal, O fórum sempre me ajudou demais em todas as viagens que havia feito e nunca fiz um relato, peço desculpas, mas dessa vez vou tentar contribuir como posso no roteiro que voltei recentemente. LOGÍSTICA GOL e Latam todas conhecem, sem muitas novidades. A BOL (Boliviana de Aviacion) foi novidade para mim, achei OK, pontual, aviões igual a todos só que um pouco mais antigos, preço justo, só o check in que não consegui fazer online mas os guichês tinham vários funcionários e foram super rápidos. DICA: Perdi o voo de La paz - Uyuni (subestimei o trânsito de La Paz) a opção era remarcar (acho que 60 BOL de taxa, que é super barato) mas só tinha opção para o outro dia e iria atrapalhar meu planejamento. Fui conversando com várias pessoas no aeroporto e cheguei até um local onde saem os BUS (mas só tinha opção de tarde, e isso era 08 - 09 h da manhã) ou pegar as VANS (fica na mesma rua em quadras diferentes, não tem como não ovir pq os cara ficam gritando o destino). Então peguei uma VAN de La Paz -> Oruro (50 BOL - 2h trajeto) e Oruro - Uyuni (60 BOL - 3:30h tajeto), as VANS são dignas e bem novas mas super apertado e o trajeto tranquilo basicamente uma reta com estrada bem conservada. Esse local fica bem na saída do aeroporto, caminhadinha considerável mas peguei uma VAN de transporte oficial por 1,50 BOL que me deixou na rua de trás. Foto da Van HOSPEDAGEM Pesquiso e fecho tudo pelo BOOKING tem outras opções mas eu já acostumei e eles me dão alguns descontos esporádicos. Já fechei tudo antes, apenas Uyuni que desenrolei na hora e foi tranquilo. La Paz - Selina Hostel ( encurtador.com.br/chCGW ) - Localização boa com mercado, restaurante e farmácia bem próximo, possuem um restaurante/lanchonete que é bem bom e bem caro. Pegada deles é mais para galera que curte uma festa inclusive uma mini baladinha dentro do hostel, quartos e banheiros tudo ok. O centro é uma caminhada considerável visto que estará na altitude mas isso depende de cada um, eu particularmente fui até o mercado das bruxas e mirador kili kili a pé pq curto andar para explorar a cidade. Custo x benefício eu recomendo. Uyuni - Como era apenas uma noite fiquei num hotel bem barato (50BOL) que é bem zuadinho (não lembro nome e nem tem site), tem várias opções por todo canto, dá para chegar e procurar ou olhar no booking também. San Pedro Atacama - Aji Verde Hostel ( encurtador.com.br/ejlop ) - Hostel bem diferente, gostei muito da estrutura e do ambiente único problema é que ficava longe do centro, nada impossível de caminhar mas no fim do dia após os passeios eu deixei de ir no centro à noite por cansaço. Se pudesse ficaria em algum local mais próximo da rua Caracoles que é onde tem tudo. Tem mercado próximo do hostel e um restaurante de bairro. Santiago - Pariwana Hostel Santiago ( encurtador.com.br/rAHKY ) - Um dos hostels mais top que já fiquei, tudo nota 10 MAS se vc não gosta de farra/bagunça não vai gostar. Fica bem na região como se fosse a Vila Madalena em SP, a Lapa no RJ, o Batel em Curitiba e assim por diante então a noite tem bastante barulho, se estiver indo para descansar, que não era meu caso, não vai conseguir. Mas tem TUDO perto, todos principais pontos turísticos da cidade estão próximos, mercado, restaurante tudo tudo próximo. CÂMBIO Fiz um tópico exclusivo sobre o tema porque vejo que sempre tem muita dúvida e discussão sobre isso. A ideia foi tirar as fotos das cotações para tentar ajudar. Sempre levo DOLAR, acho que no fim das contas vai ser sempre a melhor opção na maior parte das vezes. É aceito em qualquer lugar do mundo e terá menos dor de cabeça MAS poder variar dependendo do destino, dependendo da cotação entre outras situações. Em Santa Cruz não sai do aeroporto então peguei só um pouco, no aeroporto de La Paz a cotação é melhor mas tem a pegadinha dos 20BOL de taxa, e na Calle Sagargana acredito que será a melhor opção, como eu estava no carnaval só tinha uma casa de câmbio aberta então com certeza não estava com a melhor cotação. Uyuni não tirei foto, não lembro o cotação mas em La Paz era melhor. Em San Pedro do Atacama o câmbio era 810 dollar, 176 reais mas pergunta em todas pq tem uma do lado da outra que dá bastante diferença. Simulações DESTINOS Não vou postar as fotos dos passeios para não deixar muito longo o post, mas tem bastante coisa no meu insta ( @fahypolito ) caso queira ver. Vou focar em postar imagens úteis que da trip que não estão no insta. DICA: Pode ser óbvio mas talvez alguém não tenha pensado nisso, pesquisa por hashtag no insta (caso não saiba segue foto abaixo) assim poderá ter ideias dos locais que irá visitar. Isso me ajudou bastante quando pesquisar o salar de uyuni para ter umas ideias para as fotos.
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"Amigos, amigas...damas y caballeros...ladies and gentlemen. ¡Bienvenidos al Desierto de Atacama!" É com essa saudação caricata de Miguel, um dos guias que nos acompanhou nos passeios durante a semana, que inicio o relato de um dos lugares mais impressionantes que eu já estive. E não, não é mentira quando você estiver lendo esse ou outros relatos. O negócio é brabo mesmo. O Atacama é um lugar que consegue misturar em um raio de 100km: clima árido, clima andino, fauna e flora do Altiplano Andino, lagunas salgadas e doces, cenotes de água salgada, cultura inca e atacameña, astronomia, meteoritos...É como se o mundo tivesse escolhido um lugar específico do mundo pra colocar um monte de fatores relacionados a natureza e à ciência juntos. E tudo isso deu muito certo! Fomos eu e minha namorada Carolina passar 1 semana exclusivamente no Atacama. Antes de mais nada, vimos muitos relatos de gente que passou 1,2 dias por lá antes de ir pro Falar de Uyuni, na Bolívia. Não só não fizemos isso como a maioria dos guias e do pessoal que conhecemos lá não recomendam. Separe suas viagens. O Atacama tem muita, mas muita coisa pra fazer, 7 dias é até pouco pelo tanto de coisa que a gente poderia ter feito. E outra, A Bolívia é tão plural quanto o Chile. Aproveite para ir para Uyuni quando for fazer uma trip pela natureza de lá. A mesma coisa com o Chile! O Atacama merece mais que 2-3 dias! Em todas as empresas e restaurantes que está no texto, estou deixando um link para você conferir os serviços. Dando créditos, um link que nos ajudou muito foi esse aqui, do Viagem na Viagem. E um relato daqui do Mochileiros que também foi bem útil: Bom, vamos começar com coisas práticas: 1. Gastos Passagens aéreas: R$ 1043,00 x 2 pessoas = R$ 2086,00 - (GRU-SCL-CJC) Hospedagem: R$1028,00 Todos os passeios: R$ 1400,00 x 2 pessoas = R$ 2800,00 Seguro-viagem: R$ 63,50 x 2 pessoas = R$ 127,00 Gastos com comida, souvenir, transfer, etc) = R$ 340,00 x 2 pessoas = R$ 680,00 Total sem passagem aérea: R$ 4635,00 / 2 = R$ 2317,50 por pessoa Total com passagem aérea: R$ 6721,00 / 2 = R$ 3360,50 por pessoa Sim! Não foi tão caro, comparando com os preços que a gente viu nos relatos antes de ir (5k+ por pessoa). Acho que isso é produto de duas coisas: i) Pegamos uma sorte com o dólar. Fizemos a conversão BRL USD-CLP e, por conta dos protestos em Santiago desde outubro/2019, conseguimos pegar uma cotação de 800 CLP/USD, o que ajudou muito (antes dos protestos o câmbio estava 600 CLP/USD); ii) Bom senso mesmo. Vamos falar na seção dos passeios, mas lá muitas das agências são careiras e, por um serviço muito similar às outras, mais baratas. O termo que ouvimos lá foi "los nuevos ricos brasileños". Basicamente tem muito brasileiro que não tá se importando em gastar e vão no serviço mais confortável. Na maioria das vezes de agências brasileiras (FlaviaBia, Araya, etc). Pelo que vimos, a diferença maior é que nessas os tours são feitos em português. Mas como queríamos falar espanhol a vera, a gente foi na Flamingo e foi perfeito! E metade do preço das duas citadas ali atrás. Então vai de cada um! Não perca dinheiro a toa . 2. Hospedagem Ficamos no Antawhara Atacama Hostal. A hospedagem é justa. Como não tínhamos tanto budget, procuramos algo que alinhasse privacidade com praticidade. O Antawhara nos atendeu muito bem no quesito conforto (as camas são confortáveis, banheiro privativo é bom e o café da manhã é muito gostoso). No entanto, o banheiro é bem pequeno. E eu perdi um chinelo lá, sabe-se lá como hehe. Mas no geral, duas críticas que vimos que não procede: i) Os chuveiros são quentes sim! A galera reclama que era frio, mas bastava ajustar o aquecedor do lado de fora de cada quarto! E ii) Vocês vão ler muitos relatos de como é importante ficar perto da Caracoles, Blabla, centro, etc...Tudo balela! O Hostel ficava 10min andando da Caracoles, era um passeio bem legal de ir andando porque você passa por uns mercadinhos, por padarias (alias, MELHOR pão! Vão na padaria La Franchuteria). Além de ter uma vista fudida do deserto (o centro fica no meio da cidade, o que não dá pra ver nada!). Carolina e a vista da frente do Anthawara. Melhor que ver a rua, não? 3. Roupas e calçados Tinha levado um tênis de corrida, já que estava imaginando que íamos andar bastante. No entanto, o que não lembrei era que andaríamos na terra/areia! E meu tênis não aguentou! Tive que comprar uma bota de trekking por lá. Já que já teria que comprar uma, e já estava perto do natal, desembolsei um pouco mais para uma bota da North Face. E achamos que os preços lá davam bem ok. Comparando em relação com o Brasil, claro. Qualquer bota da North Face você paga mais de 500 reais aqui. Pagamos 400. Carolina levou um tênis de cano alto de treino, que deu super certo. Acho que é a partir daí que se deve levar. Um tênis que tenha cola suficiente para não desgrudar com tanto que você caminha na areia. Ou talvez seja o jeito que eu ando, já que em uma viagem à Patagônia Argentina (clique no link, caso queira ler o relato de lá!) minha bota abriu também, da mesma forma! Só não vá de sandália ou chinelo, como vimos umas meninas! Devem ter sofrido, coitadas! Sobre roupas, lembre-se que a amplitude térmica do Atacama é bem alta. Então você está num calor infernal de dia e num frio do cão a noite. Inclusive, falaremos, que no tour astronômico, mesmo com uma jaqueta corta-vento que em tese aguenta até -8 graus, senti que podia ter colocado mais uma blusa. Levei um fleece e essa jaqueta na viagem, e foi ótimo! O importante é focar no corta-vento, já que venta muito no Atacama! Outro ponto foi uma dica que, quando fui à Patagônia, também levei: aquelas calças anfíbio de trilha, que você pode tirar a parte de baixo para virar bermuda. Foi útil demais! Pra quem gosta de fazer trilha como a gente gosta, vale muito a pena! Usamos tanto a calça quanto a bermuda! E por último, não esqueça de um bom chapéu. O Sol é estarrecedor, então se preocupe com isso. Mesma coisa com protetor solar. E como venta, procure aqueles chapéus que tem a cordinha para ele não voar! Eu particularmente gosto bastante deles, então deu tudo certo . 4. Agência e Cronograma Como era nossa primeira vez no Atacama, ouvimos as dicas de colegas e relatos e contratamos uma agência para fazer 5 passeios, onde conseguimos descontos quando comparado com os preços individuais. Fora isso, fizemos uma pedalada sozinhos e também fomos ao observatório ALMA. Falaremos disso mais em baixo. Em relação à agência, como disse ali em cima, evite essas agências careiras como a FlaviaBia e a Ayara e também a Ayllu. Elas são o dobro, triplo do preço da agência Flamingo, que foi a que escolhemos, por um serviço muito similar. Os passeios foram incríveis e pegamos 2 guias durante os 5 passeios que tornaram nossa experiência ainda melhor. Os tours foram em um mix de espanhol e inglês, mas os guias falam português para quem quiser! E até alemão! Como queríamos treinar nosso espanhol, a gente até perguntava em espanhol as coisas hehe (e fomos elogiados!). Faz parte da experiência da latinoamericana. O tour astronômico fizemos com a Space, mas faríamos com a Flamingo sem problemas! Na Flamingo, fechamos 5 passeios por 1000 reais cada pessoa, o que foi o melhor preço que vimos em todas as agências. Ainda, tirando o passeio o primeiro passeio de meio-dia para o Vale de la Luna, todos os passeios tem algum tipo de comida inclusa (café, almoço e coquetel, ou uma combinação entre eles). Ainda, o preço que to falando aqui já tá incluso o preço da entradas dos parques, que é pago separado. Valeu muito a pena mesmo! Se conseguirem escolher por guias, pegamos dois guias maravilhosos: O Miguel e a Cheryl. O Miguel fez 3 passeios com a gente e a Cheryl 2. Amplos conhecedores da fauna, flora e geografia da região, a experiência ficou ainda melhor com as aulas deles! Outra bacana é: compre os passeios por lá, em San Pedro, quando chegar. Não seja nóia. Os preços ficam lá em cima com antecedência. E tem muita agência na cidade. Então dá pra negociar por lá, fechando pacotes específicos, etc. Vimos essa dica em algum relato e seguimos. Foi certeiro. Sobre fazer essa viagem alugando uma 4x4 e ir sozinho, consideramos a possibilidade, mas deixaremos para a próxima. O plano é incluir o norte da Argentina numa trip dessas, saindo do Brasil e terminando em San Pedro de Atacama. Pelo que conversamos lá é preciso um investimento em GPS por satélite, o carro adequado, etc...Vimos algumas pessoas fazendo isso por lá! Por fim, fazer a trip com a agência facilita muita coisa, mas é de certa forma, corrido. Você acaba tendo que seguir o cronograma do tour, e com exceção de 1 passeio que nos demos muito bem com a galera que tava junto, a sua experiência fica dependendo do clima do negócio. Por outro lado, é a melhor opção para quem nunca foi pra lá, já que você conhece tudo e dicas e guias da região! Por exemplo, em um dos passeios o pessoal era muito mala. Gente mal educada mesmo, atrapalhando o guia nas explicações, atrasando o cronograma, etc...Então é isso, como era nossa primeira vez, contratamos as agências para saber qual é. Na próxima, com certeza vamos fazer sozinhos alugando nosso próprio carro! Acho que é essa a melhor decisão: a primeira vez com agência e as próximas sozinhos! Bom, nosso cronograma foi: Dia 1, domingo 1/dez: 7:00 - Voo LATAM - GRU-SCL (chegada às 12h) e às 16:00 - Voo LATAM - SCL - CJC (chegada às 18h30). Dia 2, segunda-feira 2/dez: Valle da la Luna (Flamingo) e Tour Astronômico às 23h (Space) Dia 3, terça-feira 3/dez: Pedalada até Pukara de Quitor e Valle de Marte (por conta) e Laguna Cejar (Flamingo) Dia 4, quarta-feira 4/dez: Lagunas Altiplânicas (Flamingo) Dia 5, quinta-feira 5/dez: Ruta dos Salares (Flamingo. É o passeio mais similar ao Salar de Tara, que está fechado há 2 anos) Dia 6, sexta-feira 6/dez: Geyser del Tatio (Flamingo) e vila de San Pedro Dia 7, sábado 7/dez: Observatório Alma e voo CJC-SCL às 21h Dia 8, domingo 8/dez: Voo SCL-GRU ás 6:30. 5. Relato Dia 1: Voo SP-SCL-Calama - 1/dez/2019 O voo saiu de SP logo de manhã, às 7h da manhã. Saímos de madrugada de casa (Somos de SP). Voo tranquilo até Santiago. Estávamos preocupados com os protestos, com câmbio, etc...E descobri uma coisa muito importante: o melhor câmbio a se fazer é lá em San Pedro de Atacama mesmo. Sim, lá tem casas de câmbio, algumas, principalmente na Rua Toconao. A cotação que vimos no aeroporto foi 720 CLP/USD, enquanto em San Pedro conseguimos por 800 CLP/USD. O voo SCL-Calama saiu às 16h e, ao chegar no aeroporto de Calama, pegamos o transfer Licancabur. Todos os transfers que vimos eram o mesmo preço, a diferença era que esse dava pra reservar antes. Fizemos a reserva enquanto estávamos no aeroporto de Santiago ainda. Ao desembarcar em Calama, tinha uma plaquinha com meu nome nos aguardado. E sim, a van nos deixa no Hostel. Chegada no hostel umas 20:30, banho, comida e cama. A viagem tava só começando! Dia 2: Burocras, Vale de la Luna e Tour Astronômico - 2/dez/2019 Passamos a manhã fechando os passeios da semana. Como disse lá em cima, fechamos com a Flamingo todos os passeios, com excessão do Tour Astronômico, que fechamos com a Space. A Flamingo tem também um tour astronômico, e tenho certeza que é de ótima qualidade. A questão aqui foi ter fechado o Space antes da Flamingo. Acho que se tivéssemos ido primeiro na Flamingo, ganharíamos um desconto com o astronômico deles. Almoçamos já no primeiro dia num restaurante excelente: El Huerto. Comida simples e ambiente muito agradável, com preços bem ok e pratos que dá pra dividir. Às 16h, teríamos nosso primeiro tour: o Vale de la Luna, com a Flamingo. O tour é legal e você consegue conhecer a Cordillera del Sal, uma das 3 cordilheiras da região. O Vale de la Luna é só uma parte da Cordillera e você conhece vários picos. Mas preferiria ter feito o passeio sozinho de bike, já que o tour para nos lugares e sai com intervalos rápidos. Como é perto de San Pedro, dava pra ir pedalando e ficando mais tempo em cada lugar. Por outro lado, o tour te permite levar pra um lugar bem massa de ver o pôr do sol. E claro, as aulas de geografia, fauna e flora do lugar! "Las Tres Marias", escultura natural do Vale de la Luna Cordillera del Sal Poner del sol na Cordillera del Sal De volta à San Pedro pelas 20h30-21h, jantamos uma empanada (sobre isso, experimente a empanada de pino! É o sabor típico deles, um recheio de carne moída, ovo e um tempero típico. É do caralho.) pela Caracoles e fizemos hora até o tour astronômico da Space. Escolhemos a Space depois de ver várias avaliações de que eles são o melhor tour para ver as estrelas do Atacama. E, de fato, eles tem a melhor estrutura: o tour acontece numa fazenda afastada da cidade, onde há pouca luz e barulho. Ainda, ele inclui guia pra falar sobre astronomia e curiosidade científicas do lugar. Diferente do que tínhamos visto, não há um "tour místico" e um "tour científico", é só o científico mesmo, com aulas sobre as constelações ao ar livre, orientações de navegação nas estrelas, etc...Depois de uma palestra com aqueles pointers para o céu, a vantagem da Space é ter a disposição vários telescópios para olhar o céu. E é surreal. Você olha para o céu e vê um clarão, que a priori parecia realmente uma grande nuvem. Mas na verdade era todo o feixe da Via Láctea passando logo acima de você! Valeu muito a pena e, apesar de ser a mais cara, o tour foi bem completo, já que depois eles te convidam para uma casa para tomar chocolate-quente ou chá/café. Algumas dicas pro tour astronômico: i) Leve blusa. Sim, o deserto faz bastante frio a noite, mesmo no verão, como o nosso caso. E você fica bastante tempo ao ar livre. Levei uma corta-vento que aguentava até -8 graus e acho que foi no limite, porque fica bem frio mesmo. ii) A Space, por ser a agência que faz esse tour mais famosa, é também a mais cara. Pegamos por garantia mesmo, mas fiquei muito curioso como seria o tour astronômico da Flamingo. Até porque na Flamingo eles incluem uma foto no preço. Já, a Space, não. Tenho certeza que o tour é do mesmo nível, e pelo que eles falaram, nesses tours alternativos eles incluem uma versão mais mística, com curiosidades da cultura atacameña com o céu. Parece ser bem legal! Na próxima com certeza farei com eles. Além disso, o passeio com a Space vai bastante gente, um ônibus inteiro. Pra quem gosta de um clima mais intimista, talvez valha a pena ir com outra agência mais intimista. Na Space, os tours são em inglês ou espanhol. iii) Fique de olho no calendário lunar! Marcamos o tour no primeiro dia de viagem porque a lua já estava crescente. Durante os períodos de lua cheia, as agências não fazem o passeio pela invisibilidade. Então planeje sua viagem para não perder o tour! Imagino que ver o céu durante a lua nova deve ser a melhor experiência possível! No entanto, por estar em lua crescente, conseguimos tirar umas fotos bem bacana da Lua . Por último, iv) conseguimos ver um céu surreal. No entanto, a guia disse que poderia ficar muito melhor! Isso porque, uma das vantagens de se ver o céu no Atacama e o porquê de ser tão famoso tem a ver com o quão seco é o clima. Um clima seco significa menos vapor d'água no ar. E, portanto, menos refração da luz que vem dos astros. Logo, o melhor mês de ver as estrelas é em junho, o mês mais seco do ano e também quando o hemisfério sul fica com o céu de inverno, com muito mais opções de constelações e planetas para se ver! Mas deve ser um frio do caramba hehe. Mas a próxima com certeza vamos fazer em junho! De volta a San Pedro, hotel e cama! Com a lua crescente, deu pra tirar uns fotões da Lua! Dia 3: Pedalada até Pukara de Quitor, Valle de Marte e Laguna Cejar - 3/dez/2019 O dia 3 começou com um belo café da manhã no Anthawara e fomos direto para a Caracoles procurar algum lugar de aluguel de bike. A ideia era ir pedalando até Pukara de Quitor, ruínas arqueológicas de um forte antigo do pueblo atacameño e também, se desse tempo, ir até o Valle de Marte, que era mais ou menos no caminho. Às 16h, teríamos o passeio com a Flamingo para a Laguna Cejar. Alugamos uma bike pra cada por um preço bem ok (CLP 6000 as duas bikes por 6 horas, o que dá uns 6,25 dólares). Todas as bikes alugáveis de San Pedro são MTB (moutain bike), já que você anda em muito buraco e terra. A pedalada até Pukara de Quitor se faz em uns 20 minutos, é bem tranquilo. Lá, se paga a entrada no parque (2500 pesos). As ruínas em si estavam fechadas (dez/2019) por conta de uma chuva forte no deserto em fev/2019, que fez as ruínas entrarem em manutenção. Porém, o legal era fazer a trilha de uns 3-4km que têm vários mirantes para ver tanto a cidade, quanto a paisagem e claro, as ruínas em si. O passeio foi bem bacana, a trilha é tranquila a foi um ótimo start pra nossa pedalada! Só não esqueçam de levar bastante água já que você acaba pedalando no sol e no deserto! As ruínas são bem legais de se ver. A história do lugar é bacana e, durante a trilha há vários painéis explicando a história do lugar. Basicamente aquilo foi um forte que foi construído pelos pueblos atacameños para se proteger de invasões estrangeiras: primeiro dos Incas e, anos mais tarde, dos espanhóis. É bem massa! Pedalada até Pukara de Quitor! Vulcão Licancabur, vista da trilha dos miradores de Pukara de Quitor As ruínas, que estavam fechadas, mas que durante a trilha dá pra se ter uma ótima vista do forte! Trilha feita e refeita, pegamos nossas bikes mais uma vez para pedalar até pelo menos a entrada do Valle de Marte. Tínhamos pouco tempo, então não daria tempo de entrar no parque, mas só circular por lá já valeria a pena. E não é que foi, se não a mais legal experiência da viagem, uma das? O porquê? Pelo sentimento de ir offroad. Vamos explicar que a história é boa! No caminho para o Valle de Marte, saindo de Pukara de Quitor, paramos para descansar na estrada e ficar olhando a paisagem. Aí, curioso, saí um pouco da pista para chegar mais perto das montanhas e pá: acabei pisando numa área de areia movediça! É surreal, nunca tinha visto uma area movediça antes! Realmente você afunda! E é bem camuflado, então é pra tomar cuidado! Porque parece que a areia tá seca e dura, mas na verdade há uma lama embaixo te esperando para te sugar! E aí é que nos demos conta que ali do lado passava um riacho de água salgada, que estava seco! Ficamos tão entusiasmados com o pico que amarramos as bikes perto da estrada e seguimos a pé pelo o caminho de sal (aliás, a região também faz parte da Cordillera de Sal, e você pode, como eu fiz, inclusive colocar na boca o sal do chão. É realmente sal! Haha) e demos de cara com umas montanhas bizarras, totalmente off-road! Parecia realmente que estávamos em Marte! O rolê foi legal por conta disso! Foi uma aventura bem animal! Do nada, estávamos pedalando no meio de Tattooine (planeta que o Luke e Anakin Skywalker cresceu, de Star Wars hehe)! Pedalada off-road pelos arredores do Valle de Marte! Carolina e Tattoine Off-road e areia movediça De volta às bikes, pedalamos até San Pedro porque às 16h teríamos o passeio para a Laguna Cejar com a Flamingo. Apesar de se chamar "Laguna Cejar", o passeio é muito mais que isso! Você visita lugares como Ojos del Salar, Laguna Tebinquiche e Laguna Piedra. O passeio da Flamingo foi bem legal. Primeiro, porque pelo fato de eles servirem um coquetel no fim do passeio em frente à Laguna Cejar, ao pôr do sol. Segundo porque o guia que pegamos, Miguel, de tanta experiência que tem já sabe dos esquemas! Ele organizou os horários de forma que pegássemos a Laguna Cejar e Piedra por último, já com o lugar vazio! E de fato, só tinha a nossa van e de outra agência por lá para ver o pôr-do-sol. Por isso uma boa agência com bons guias faz diferença! O passeio começa com a Laguna Tebinquiche, laguna espetacular do Salar de Atacama. Se faz um trekking ao redor da laguna, que não é nadável. Inclusive, a Laguna é cheio de vida microscópica, sendo objeto de estudo da origem da vida! Têm várias placas explicativas pela vida microscópica do lugar. Laguna Tebinquiche e sua vida microscópica! De lá, fomos para os Ojos de Salar, um cenote no meio do deserto. Cenote, para quem não sabe, são formações geológicas que dão acesso à águas subterrâneas. Vale lembrar que, apesar do Atacama ser o deserto mais seco do mundo, lá tem muita água! E o segredo tá tanto nas chuvas de verão, que ocorrem em fevereiro, quanto nos lençóis freáticos. E o cenote dos Ojos de Salar dá acesso a um deles! E o melhor, é nadável! Ninguém do tour se animou, com excessão de nós, brasileiros, sedentos por pular em uma piscina/laguna/mar! Típicos! Pulamos lá de cima e foi bem legal, o cenote é bem fundo e é uma mistura de água salgada com água doce! Foi engraçado porque todo mundo ficou com uma cara tipo "Brazilians...". Mas é isso, se dá pra nadar a gente nada! YOLO, certo? Haha. Deixe 2 brasileiros e um cenote juntos no meio do deserto. A gente pula mesmo! ✌️ De lá, fomos direto pro complexo que contém tanto a Laguna Cejar quanto a Laguna Piedras. Ambas são salgadas, mas a única que é nadável é a Piedras, apesar do passeio ser identificado como Cejar. O lugar é totalmente preparado para os banhistas: vestiários, duchas, banheiros...e é muito legal! Você realmente não afunda de tanto sal que a água têm! A água é de boas (apesar da Carolina ter achado geladíssima hehe), só tem que tomar muito cuidado para não machucar ao entrar: o sal de fora cristaliza, e é muito fácil se cortar ali. Eu mesmo machuquei a minha mão. Além disso, não ouse molhar seu cabelo porque, uma vez que o negócio cristaliza, é difícil de tirar. Só tirar o sal do corpo já foi difícil, imagina com do cabelo. Como já disse, lá tem um complexo para tomar ducha e se trocar! Boiando na Laguna Piedras! E o Licancabur no fundo... Depois de nadar e aproveitar um pouco a laguna, nos encontramos com o pessoal da van para tomar nosso coquetel ao pôr-do-sol, de frente à Laguna Cejar. E que coquetel! Salaminho, baguetes, uma maionese com alho bem boa, amendoim, Lay's, tinha até Pisco Sour, suco e água, tudo a vontade! Serviço excelente da Flamingo, não deixando nenhuma outra agência pra trás. E lembrando que tínhamos toda a Laguna Cejar pra gente, uma vez que o guia, Miguel, sabia dos esquemas e dos horários para aproveitar lá. Muitas agências vã lá direto, e ele nos garantiu que aqui fica totalmente lotado de turistas, disputando lugar na laguna. Agora, algumas dicas sobre o passeio: i) Ficamos muito em dúvida entre fazer esse passeio da Laguna Cejar ou as Lagunas Escondidas, que também têm lagunas de sal para mergulhar. A diferença é que as Escondidas as lagunas são artificiais, antigas minas de lítio que gerou as lagoas. E por que decidimos Cejar ou ao invés de Escondidas? Primeiro por conta do preço. Só duas agências fazem as Lagunas Escondidas, e eram agências pequenas. Já ficamos com o pé atrás nisso...Teríamos então que fechar um passeio extra com uma agência aleatória para fazer as Escondidas, sendo que o passeio da Laguna Cejar já estava no cronograma da Flamingo e ainda incluía um coquetel massa? Além de outros picos como o cenote e a Tebinquiche? Não topamos! A Laguna Cejar foi sensacional e supriu totalmente nossa vontade de nadar numa água com densidade tão baixa Além disso, no passeio da Lagunas Escondidas eles encarecem o preço se você quiser passar por aquele "Magic Bus". um ônibus abandonado no meio do deserto fora de mão de qualquer passeio. Logo, preferimos a Cejar por ser mais cômodo e pelo tour ser bem completo, num preço justo! ii) Não se esqueça dos trajes de banho e toalha! Além de uma muda de roupa. Lá venta bastante, então você vai querer trocar de roupa o mais rápido possível quando sair da água. Miguel, o guia, e nosso incrível coquetel ao pôr-do-sol à beira da Laguna Cejar Depois do coquetel, terminamos de ver o pôr-do-sol olhando para a Laguna Cejar, que é por si só um lugar belíssimo! Láa de longe dava pra ver uns flamingos, mas nada comparado com o que veríamos nos próximos dias! É bizarro que qualquer pôr-do-sol no Atacama é um escândalo de beleza. Emocionante, mesmo! Depois do sol se por, voltamos à San Pedro e descansamos, já que no dia seguinte teríamos nosso primeiro passeio em altitude Laguna Cejar y el poner del Sol ☀️ Dia 4: Lagunas Antiplânicas, Piedras Rojas e pueblo de Toconao - 4/dez/19 (4300m de altitude) No dia 4 fizemos o tour das Lagunas Antiplânicas com a Flamingo. O tour incluía primeiro as Lagunas, depois iríamos almoçar no pueblo de Socaire, um outro oásis do Atacama, conhecer o mirador Piedras Rojas quase na fronteira com a Argentina, voltar pelo Salar do Atacama até a Laguna Chaxa ver uns flamingos (e foi aí que vimos flamingos DE VERDADE) e terminar o dia passando no pueblo de Toconao, o terceiro dos 3 oásis da região (San Pedro, Socaire e Toconao). Foi o nosso primeiro passeio na altitude. E nisso seguimos uma dica preciosa: planeje seus passeios em ordem ascendente de altitude. San Pedro fica a uns 2000m de altitude e você não sente nada. O problema é quando você faz os passeios que ultrapassam 4000m. E é o caso das Lagunas Antiplânicas. Os outros passeios na altitude seriam a Ruta dos Salares e o Geyser. Demos a sorte de pegar o Miguel de novo como guia, o que foi bem legal já que nos apaixonamos por ele no dia anterior! Ele sabe TUDO. Tudo mesmo! E outro ponto bacana é que, nos passeios de dia inteiro, a Flamingo te pega no hotel. Miguel e a trupe chegaram às 8h e começamos a subir! E aí tá o primeiro erro que cometi nessa trip: eu subestimei a altitude. Achei que ia ser tranquilo. Mas não tínhamos nem atingido 3000m de altitude e minha cabeça já estava latejando, sem contar a dor no olho, falta de ar, etc...altitude é coisa séria! Levamos bastante remédio, inclusive um remédio de alpinista, o Diamox 250g. Dá pra tomar até 4 por dia, mas acabei tomando só 2. Ajudou, de certa forma! Continuei com dor de cabeça o dia inteiro, apesar da falta de ar passar. É pesadaço! Mas deu tudo certo! O passeio em si é demais. Essa é a magia do Atacama: você em questão de horas pode viver o deserto, o clima do Altiplano e das montanhas, tudo num mesmo lugar! E isso se aplica à flora e fauna. É muito legal ver como a natureza muda de acordo que íamos subindo. Primeiro que você começa a ver cores nas vegetações. Segundo, os animais: Vimos as parentes selvagens das llamas, as vicuñas, e elas são demais! Vimos várias delas em todos os passeios que fizemos nas montanhas. Chegamos a ver até um burro selvagem e uma raposa. Além de um parente andino dos coelhos, a viscachia! E claro, o Miguel sabia de tudo. Uma das partes mais legais de ter feito o tour com a Flamingo foi realmente o amplo conhecimento da fauna, flora e geografia do lugar que os guias tem. Impecável. As Lagunas Antiplânicas foram a primeira parada. São duas lagunas: a Laguna Miscanti e a Laguna Miñiques. E lá já é totalmente diferente das lagunas que vimos no dia anterior. É um clima totalmente característico do Altiplano! Tinha flamingo, vicuñas tomando água, gaivotas...um dos lugares mais bonitos que já vimos. E, mais uma vez, um ótimo serviço da Flamingo, com um café da manhã sendo servido a beira da Laguna Miñiques, num ponto estratégico que o conhecimento do Miguel nos trouxe, com uma vista extraordinária à luz da manhã altiplânica. Laguna Miñiques e essa foto excelente 😝 A Laguna Miñiques é a menor mas, na minha opinião, a mais bonita. Talvez porque foi lá que passamos mais tempo, por conta do café da manhã. A Laguna Miscanti foi onde conseguimos ver pela primeira vez alguns flamingos de perto. Você faz um trekking em torno da lagoa, e é muito legal parar e olhar! Por conta da altitude, tem que ir bem devagar, eu mesmo já estava sofrendo sem andar, imagina andando na trilha! Mas deu tudo certo e foi uma ótima forma de ser recepcionado pelos Andes e pelo clima altiplânico! Laguna Miscanti. Essa a gente não consegue chegar tão perto quanto a Miñiques! De volta à van, a próxima parada era Piedras Rojas. Piedras Rojas é tipo uma uma depressão plana e tipo uma lagoa. É uma mistura dos dois. E foi um dos lugares mais bonitos que eu já vi na minha vida. Foi a primeira vez dentro da viagem que emocionei vendo a paisagem. O que eu pensava era: isso aqui é surreal. A natureza realmente não erra, ela acerta, acerta e acerta. Aquilo é majestoso. É enorme. Com olhos marejados, mas numa ventania de cortar a pele, foi uma mistura de querer ficar mais e querer sair porque o vento estava realmente forte. Além disso, no caminho até Piedras Rojas passamos por alguns mirantes e ainda chegamos mais perto da Argentina pra dar uma olhada na Laguna Tuyajto. Ali já estávamos a menos de 30km da fronteira. E o que eu mais vi foram carros de diversas nacionalidades, inclusive brasileira! Me deu ainda mais vontade fazer aquela trip que descrevi lá em cima, ir dirigindo desde SP até o Atacama, passando pelo norte da Argentina. Está nos planos! Piedras Rojas. Agora vocês entendem porque não consigo definir se é uma laguna, uma depressão ou algo muito louco. Mas que é bonito e emocionante, isso não há dúvidas! Carolina, Piedras Rojas e um vento bizarro Nós e o Miguel! Uma das pessoas mais inteligentes que já conhecemos! E que tornou os passeios uma grande aula de geografia e cultura! O cara fala 4 línguas! De lá fomos até Socaire almoçar. E que almoço bacana. Socaire é um pueblo de ao redor de menos de 1000 habitantes. Almoçamos numa cocineria chamada Cocineria Teresita. A dona do lugar, Teresita, era uma querida e serviu pra gente uma refeição com uma sopa de entrada, um almoço que tinha opção vegetariana e com bebida inclusa. O almoço já estava incluso no passeio da Flamingo, e tínhamos o restaurante só pra gente. Era bem familiar e tornou a experiência melhor ainda! Carolina e a sopa de entrada do almoço! Depois ainda veio um PFzão da massa. Bom demais! De volta à van, o próximo ponto era a Laguna Chaxa. Uma laguna já no Salar do Atacama, foi o primeiro lugar que vimos os Flamingos de perto! Isso é importante: tem flamingo em praticamente todos os lugares do Atacama. Não só isso, existem 5 tipos de flamingos no mundo e, só no Chile, vivem 3 tipos. Isto é, o Chile é um reduto de flamingos! E foi na Laguna Chaxa que vimos eles de perto pela primeira vez. E muito perto! A laguna é um acúmulo de água salgada e enxofre, que com seu cheiro característico, fez a experiência ficar mais legal ainda. Ah, detalhe: nos relatos vimos que a galera costuma fazer passeios que só vão para o Salar do Atacama. Mas veja só, até esse momento, já tínhamos conhecido alguns pontos do Salar do Atacama, sem ter feito o passeio específico pra lá. Por isso acho que é meio furada você fazer o passeio exclusivo do Salar do Atacama já que, em outros passeios, passaremos por pontos estratégicos dele! Na Laguna Chaxa a recomendação é ficar em silêncio. Isso porque devemos respeitar o habitat natural dos animais. Sempre temos que lembrar que nós que somos os forasteiros, invadindo onde eles vivem. Nada mais justo que ficarmos em silêncio. Claro que sempre tem um sem noção que faz algum barulho, mas o pessoal é educado e já reprime na hora. E ficando em silêncio você consegue ver os flamingos beeem de perto, inclusive pegar alguns deles voando, o que dá uma visão animal! Agora uma piada interna legal: No meio da viagem ficávamos brincando que a Carolina era um flamingo: magra, alta, bela e com pernas longas hehe. E não podia faltar uma foto dela em seu habitat natural, certo? Eis o resultado: Flamingos em seu habitat natural. Discovery Channel Production. E mais uma vez o Miguel fez diferença. Como a Laguna Chaxa é um dos points para ver os flamingos de perto, o fato de termos deixado para a tarde foi sensacional. E estratégico. i) O pessoal que vai pra lá durante os passeios do Salar do Atacama vai de manhã. E fica lotado! Fomos de tarde e estava bem tranquilo. ii) A tarde, quando o Sol já está mais baixo, os flamingos se juntam para tomar água. Então dependendo da hora que você visita o lugar, consegue vê-los, mas sóo de longe. E não foi o nosso caso! Vimos eles de pertinho! Foi incrível. Laguna Chaxa, Salar do Atacama e flamingos. De volta à estrada, a última parada foi no pueblo de Toconao, o terceiro oásis que visitamos no deserto. Toconao também tem menos de 800 habitantes! Visitamos a igreja, as lojas, e ficamos livres para passear pelo pueblo sozinhos. Passamos numa loja de lã em que eles criavam llamas! Dava até para passar a mão nelas! E, como nós somos são-paulinos e grandes fãs de futebol, ficamos impressionados com o campo society que tem por lá. A cidade é bem precária, no meio do deserto, falta água e recursos e a maioria das construções são feitas de madeira de cactus. Mas tem um dos melhores campos de futebol society que eu já vi. É galera, futebol é muuuito mais que um jogo . Pueblo de Toconao Um dos melhores campos society que já vi! Os chilenos são fanáticos por futebol, como nós! Chegamos à San Pedro de Atacama por volta das 17h-17h30. O pôr do sol seria só pelas 20h. Perguntamos ao Miguel antes de ir se ele recomendava algum lugar para ver o pôr-do-sol na cidade. E foi batata: remendou um lugar que, se você seguir a Caracoles, para o lado oposto ao da Space, iria sair numa área bem bacana de ver o pôr-do-sol, com muitas pedras e lugares para sentar. Lá parecia ser um lugar que o povo vai pra beber durante a noite, já que tinham muitas garrafas e latas de cerveja no chão. Beleza, tomar umas por lá a noite deve ser animal, mas podiam jogar no lixo né? Até jogamos uns lixos que achamos fora. Apesar disso, o lugar é bem legal! E mais uma vez o pôr-do-sol foi espetacular! Ótima recomendação do Miguel! Só tinha a gente lá, então o povo não deve conhecer o pico. Depois disso, hotel e cama porque no dia seguinte teríamos mais um rolê na altitude...e seria o dia mais legal da viagem! Pôr-do-sol em San Pedro de Atacama no lugar que o Miguel nos recomendou, no fim da Caracoles! Dia 5: Ruta dos Salares (o mais próximo do Salar de Tara) - 5/dez/2019 (4500m de altitude) A Ruta dos Salares foi o nosso passeio mais legal! Foi uma soma de fatores, mas foi o que nos trouxe melhor lembrança. O clima, as paisagens, as pessoas...Mas antes de explicar de dar o relato, vamos explicar algo: Viajamos em dez/19 e, se alguém ou algum relato depois de 2018 te falar que foi ao Salar de Tara, é mentira. O Salar de Tara está fechado para mineração. Sim, é lamentável, já que o pessoal fala que é realmente o lugar mais legal do Atacama. A alternativa é fazer a chamada Ruta dos Salares: Ele passa pelo Salar de Atacama e ao redor do Salar de Tara. E foi sensacional! A Flamingo é uma das poucas que faz esse passeio e, por conta disso, ficamos praticamente sozinhos o dia inteiro. Mais ainda, como as pessoas ficam frustadas que você não entra no Salar de Tara em si (apesar de vê-lo por cima!), elas não se interessam tanto pelo passeio. Resultado: tinham 8 pessoas conosco, além da nossa excelente guia Cheryl, a mesma que fez o Valle de la Luna com a gente! O clima intimista fez o passeio ser o melhor de todos! Moreover, o passeio mais uma vez contou o serviço excelente da Flamingo, com um café da manhã e um almoço excelentes! Outro ponto é que esse foi o nosso segundo passeio na altitude (mais de 4000m) e, dessa vez, fui preparado! Tomei chá de coca antes de ir e foi o MELHOR remédio. Não passei mal de altitude como passei no dia anterior, apesar de ter sentido um pouco a pressão. Bom, vamos para o relato. O passeio começa com um café da manhã à beira do Licancabur. E que café! Que vista! Comemos vendo o majestoso vulcão num campo todo florido! Foi uma ótima forma de iniciar o dia! E ainda por cima tava cheio de vicuñas por lá! Acabaríamos almoçando por lá também! Café da manhã de cara com o Licancabur, num campo maravilhoso do Altiplano pra começar o dia! Todo o passeio é focado na Caldera La Pacana, que basicamente é a cratera de um vulcão enorme e antigo que se situa o Salar de Tara. Você passa por várias lagunas até quase na fronteira com a Bolívia e a Argentina. A estrada é belíssima e é um dos acessos que dão na Argentina! E é bizarro ver como a cratera do vulcão é enoorme! Nesse ponto, o Salar de Tara começa logo depois! Por isso é o passeio que mais se aproxima ao Salar, porque fazendo a volta na cratera da Caldera la Pacana, consegue-se ter uma ideia da imensidão que é a formação geológica que formou o Salar de Tara. E não só isso, mas o passeio é focado no conhecimento geológico que criou o lugar. Vale lembrar que o Atacama antes de tudo foi um oceano. Não só um oceano, mas era o encontro entre o Oceano Pacífico e o Atlântico, nos tempos de Pangeia. Quando as placas tectônicas começaram a se movimentar, os Andes surgiram, e toda aquela região é referente à esse advento. Foi o passeio que mais conseguimos entender a formação geológica do lugar e a característica do altiplano andino! Foi uma aula de geografia! Mais uma vez vi vários carros argentinos e 1 brasileiro. Fazer essa viagem de carro deve ser incrível e, se fosse fazer, passaria pela Estrada 27 que é a que estávamos! Ambas as Estradas 27 e a que fomos no dia anterior (Estrada 23) dá na Argentina, e cada uma com uma paisagem diferente! Outro ponto importante: O passeio não tem banheiro em nenhum lugar. Na verdade, até tem, o que eles chama de "baño Inca", que é basicamente fazer xixi (e outros) atrás da pedra hehe. Deu pro gasto! A viagem passa pelos pilares da Caldera La Pacana e se extende até o Mirados Salar de Los Loyoques, onde pudemos ficar olhando a paisagem por mais de 1h! A vantagem de se fazer um passeio quase que exclusivo! Tínhamos as paisagens só para a gente! É bizarro a heterogeneidade do Atacama. Isso é só uma parte da cratera do La Pacana, no passeio da Ruta dos Salares. Espetacular! Inclusive, a imagem que se vende do Salar de Tara são os pilares da Caldera La Pacana (que não é o Salar de Tara hehe)! Os pilares são gigantes! E belíssimos! E o melhor de tudo é que, em todos os lugares desse passeio, a gente podia chegar mais perto a ver a imensidão do negócio da melhor forma. Além disso, a fauna e flora do altiplano mais uma vez se destacava, onde inclusive conseguimos ver outra vez as vicuñas e até uma raposa bem de perto! A raposa de boas no Altiplano Andino 🦊 O próximo ponto foi ir à fronteira com a Argentina e Bolívia no Mirador Salar de Loyoques, mas o vento tava forte demais. Nenhum problema, já que o lugar era espetacular! Ficamos um tempo por lá e voltamos para o mesmo lugar que tomamos café para o almoço. E aí foi um momento muito legal: uma viagem boa também se faz com pessoas boas. A turma que tava no passeio era demais! Eram 7 pessoas: 1 suíça, 1 mexicana, 1 argentina (uma senhora que estava viajando sozinha! Fudido!), 2 brasileiras, a guia Cheryl e nós! E que papo legal que batemos no almoço! Foi um dos grandes momentos da viagem! Carolina e o pilar da Caldera La Pacana Caldera La Pacana. Não dá pra ter ideia da imensidão do negócio por foto! É demais! "Vai Carolina, faz uns malabares aí com o Mirador Salar de Loyoques" Fotão com o Licancabur! Depois do almoço, voltamos para San Pedro. O passeio saiu mais cedo, umas 7h da manhã, por isso chegamos umas 15-16h de volta! Tiramos uma foto com a galera do passeio para guardar na memória, já que eles fizeram parte disso! Foi demais Nós, Cheryl e a galera do passeio! Agora aqui vai um aviso importante, já que pode acontecer com qualquer um. O Atacama é alto, e os passeios que você faz são altos. E isso significa que você tem que pegar leve na comida, já que a digestão é afetada pela falta de oxigenação do sangue. Eu já tinha passado mal com mal da montanha no dia anterior, mas no fim do dia da Ruta dos Salares acabei tendo uma intoxicação alimentar. Provavelmente porque tomei leite no café. Minha intolerância é bem baixa, nunca passo mal, com excessão se você toma a mais de 4000m de altitude! Para os que já tem o intestino fraco como eu, isso é um ponto importante, já que realmente qualquer coisa que você comer, por mais sútil que seja a intoxicação, se torna o caos. E vamos dizer que essa noite não foi das melhores hehe. O lance era esperar, tomar bastante água e evitar comer. Continuei com os sintomas até a volta para o Brasil, mas foi totalmente controlável . Então tomem cuidado! Não comam muito, não bebam álcool nos dias antecedentes e durante os passeios de altitude! Sofri com mal da montanha e com uma intoxicação muito provavelmente catalisada pela altura. Fica a dica! Fim do melhor dia da viagem, com direito à uma intoxicação que valeu todo minuto hehe. O passeio realmente tinha sido espetacular. Dia 6: Geysers Del Tatio e Vila de San Pedro de Atacama - 6/dez/2019 (4700m de altitude) Dia do último passeio na altitude. Deixamos por último pela questão de estratégia que mencionamos: em ordem ascendente de altura. Esse é o passeio que você sobe de forma mais brusca também! Então se prepare, tome um chá de coca antes e vai na fé! A van da Flamingo nos buscou logo às 4:30 da manhã já que os geyseres são maiores pela manhã quando ainda está frio nas montanhas. E isso é importante, lá faz FRIO. Pegamos entre -4 e -6 graus. Quanto mais frio, mais evidente fica o vapor d'água. E maior a pressão da água também. Antes do relato, vamos entender o que é o lugar. "Geyser" é qualquer formação geológica que solta vapor d'água. O nome veio do Geyser original na Islândia (o qual ainda queremos conhecer!), mas são poucos lugares do mundo que os têm. O lugar que tem mais geyseres no mundo é no Parque Nacional de Yellowstone, nos EUA. E o Atacama é um deles! Lá você consegue ver jatos enormes de água saindo do chão! E mais ainda, é possível nadar nas águas termais naturais do lugar. O que claramente fizemos! Foi um passeio muito legal e deu pra entende porque é o mais famoso de todos. Num frio do cão, acordamos às 3h30, com a van saindo entre 4 e 4h30. A subida é longa e chegamos lá pelas 6:30/7h. Esse passeio tem banheiros, o que foi extremamente útil pra mim já que estava no meio de uma intoxicação alimentar! São dois pontos de visita, onde é possível ver o vapor d'água saindo e também nadar, como disse. Demos a sorte de mais uma vez pegar o Miguel como guia, e conhecer um lugar desses com um amplo conhecedor da geografia foi demais! Nós dois, nerds que somos, grudamos nele perguntando várias coisas relacionadas à formação geológica, pressão, temperatura...uma aula! Tomamos café da manhã logo depois de ver os gêiseres. Mais uma vez, um ótimo serviço da Flamingo. Depois foi a vez de nadar nas águas termais, o que foi animal! Vale lembrar que era antes das 10h da manhã e estava um frio, nessa altura da manhã, entre 0 a 10 graus. Mas é isso, mais uma vez YOLO e lá fomos nós nadar na água a uns 35-40 graus. O mais legal foi sentir os pontos em que a água quente de baixo da terra vinha. Para não passar frio, ficávamos em cima desses pontos estratégicos. O lugar também é cheio de vestiários e lugares para trocar. O problema é o caminho entre sair da água e ir para o vestiário. Por isso que poucos pulam hehe. Geyseres Del Tatio, sensacional! Mergulho nas fontes termais! Depois de nadar, já era umas 11h, e começamos a voltar para San Pedro. Parece cedo, mas vale lembrar que o rolê começou às 4h30 da manhã, então a gente acaba ficando bastante tempo por lá! Mas o passeio ainda não tinha acabado! Passamos ainda pelo Vado Putana, uma região de pântano que fica na montanha, e também pelo Pueblo de Machuca. Machuca é um pueblo originalmente formado pela emigração boliviana para o Chile. É um vilarejo muito charmoso, com uma bela igreja e muitas lojinhas de artesanato. O maior meio de produção deles é a criação de lhamas. Estar no meio da montanha o torna diferente dos pueblos de Socaire e Toconao que havíamos passados nos dias anteriores. E ahh, é lá que se vende espetinho de carne de llama! Eu não comi porque né, intoxicação alimentar, mas tava com uma cara muito boa! Foi muito legal conhecer a cultura de um pueblo formado exclusivamente na montanha. Uma coisa que aprendemos com o Miguel foi a importância das lhamas para a cultura andina. São 4 animais da família das lhamas que vivem na América do Sul: Lhamas, Alpacas, Vicuñas e Guanaco. Esses dois últimos são selvagens e os dois primeiros domésticos. E aí que tá: As lhamas e as alpacas são consideradas sagradas justamente porque foram os primeiros animais a serem domesticados no altiplano andino. E eram usadas basicamente para 3 utilidades: carne, lã e carga. E isso é talvez o maior fundamento de identificação da cultura andina. Inclusive há muitas celebrações, rituais e cultos para as lhamas, de tão sagradas que são. E Machuca traduz muito esse sentimento sagrado que esses animais trazem. Um grande aprendizado da viagem! Llamas na região ao redor de Machuca Pueblo de Machuca! Voltamos a San Pedro pelas 13h30. Teríamos então ainda o dia inteiro para ter o dia livre. E foi muito bacana! Conhecemos finalmente os pontos de interesse do pueblo de San Pedro de Atacama, o que inclui a igreja toda construída de madeira de cactus e também, como a grande surpresa, o Museu do Meteorito. E isso foi totalmente ao acaso! Vimos uma placa do Museu do Meteorito na cidade nos primeiros dias que chegamos. Não havíamos visto nenhum relato que o incluía no roteiro! E que museu legal! O Atacama é um dos melhores lugares para caçar meteoritos justamente porque, como o clima é bastante seco, é fácil de identificar as rochas vulcânicas e de meteorito. Aí foi que dois irmãos resolveram criar esse museu para ensinar as pessoas como reconhecer meteoritos e mostrar um pouco do trabalho que eles tem feito nos últimos anos! O museu é muito simples e com muita coisa legal, além de tudo paga meia para estudante! Recomendamos total e foi uma das boas descobertas da viagem. Em toda trip que já fiz sempre descubro coisas não planejadas que acabam se tornando ótimas memórias. Essa foi uma delas! ✌️ Fachada do Museo del Meteorito! Ainda explorando San Pedro, almoçamos em mais um restaurante recomendado pelo pessoal da Flamingo: La Picada Del Indio. Almoço justo, no mesmo preço do El Huerto, mas um pouco mais "pop". Nesse aprendemos a nossa lição e pedimos um macarrão para dividir em 2. Como meu intestino ainda tava ruim, foi ótimo para não exagerar. Todos os pratos lá são bem servidos, e dá pra poupar bastante se dividirem o prato em 2 como fizemos. O resto do dia foi assistir o pôr-do-sol em frente ao Hotel e descansar, já que tínhamos acordado bem cedo. Ainda, arrumar as malas já que iríamos ir embora já no dia seguinte, às 21h30. Mas ainda tinha um passeiozão a ser feito! O Observatório ALMA, que vamos falar na próxima seção! Dia 7: Observatório ALMA e viagem de volta pra casa - 7/dez/2019 Chegou o último dia e deixamos um dos melhores passeios para o final! Eu e Carolina somos, como devem ter percebido, dois nerds e curiosos. E parte disso é gostar muito de ciência e astronomia. E isso no Atacama é um prato cheio. Quando começamos a planejar essa viagem foi em janeiro de 2019, com a compra das passagens. Na mesma época, 11 meses antes, vimos em um relato que era possível visitar o ALMA, o maior observatório do Hemisfério Sul e um dos maiores do mundo! ALMA significa Atacama Large Milimeter Array (ALMA). Eles planejam, até 2024, serem responsáveis por 53% das observações do céu do mundo. É composto por 66 antenas de cooperação internacional e foi originalmente formado por um join effort da o Observatório Europeu do Sul (União Europeia), da Fundação Nacional de Ciência (EUA), do Instituto Nacional de Ciências do Japão e do governo chileno. Mas há vários países signatários e contribuidores do projeto que financiam o laboratório. Pra quem gosta de ciência, ali é o lugar para se estar. E o máximo é a democratização da ciência: se você, um instituto de pesquisa, universidade, que fecha um acordo para a utilização das antenas para dados astronômicos não publicar algum artigo científico em alguma revista top internacional em um intervalo de 1 até 2 anos, a sua base de dados se torna pública! Como um economista acadêmico que sou, adoraria que esse pensamento fosse universal em todas as áreas do conhecimento. Quem sabe um dia! Mas o importante é que o ALMA oferece visitas guiadas públicas e, o melhor, de graça! Basta agendar! Fomos um pouco overexcited e reservamos em janeiro, mas dá pra reservar muito mais perto da sua trip do que nós. Eles oferecem um busão que sai de San Pedro e nos leva até o observatório. Ida e volta, na faixa. Lá é feito um passeio guiado pelas instalações internas e externas, explicações da relevância do projeto pro avanço da ciência do mundo e ainda demos a sorte de ver uma das antenas, que ficam em uma região das montanhas bem mais alto do que estávamos, em manutenção! Foi um dos momentos mais legais da viagem o passeio e, sobretudo para nós brasileiros, pela situação emergencial que nós cientistas estamos vivendo no Brasil (Dez/19, governo Bolsonaro, etc), é de extrema importância para entendermos de como a prioridade deveria ser, se não maioria, relevante, para a ciência dentro das políticas públicas de um país. E o Chile cumpriu seu papel muito bem, sabendo que está num lugar privilegiado na Terra para ver as estrelas. E isso vale também para os países signatários e financiadores do projeto. Ah, checamos e perguntamos e, apesar de ter uma bandeira brasileira por lá, o Brasil não é signatário do acordo. Isso porque, em 2015, durante o governo Dilma, quando o projeto foi inaugurado, mais uma vez não foi de prioridade do governo brasileiro ser um dos financiadores do projeto, apesar de ter sinalizado em anos interiores o interesse. Mas é isso, o Brasil tá out, e isso independe de governos. É uma questão de instituição. Ainda, infelizmente, para nos brasileiros, a ciência não é prioridade. Chega de baixo astral e vamos continuar o relato! O ALMA é um passeio obrigatório para quem gosta de astronomia e ciência em geral. Aquilo lá é a fronteira do conhecimento e é um privilégio pro Chile poder sediar o laboratório. O passeio ocorre nos finais de semana pela manhã, não se esqueça de agendar no site e aproveita que é de graça! Os dados astronômicos do ALMA foram um dos responsáveis por gerar a primeira imagem do buraco negro em 2019. Eles falam isso com muito orgulho! Viva a ciência! Demos a sorte de ver uma das antenas em manutenção. Elas ficam a mais de mil metros acima do laboratório, onde é mais seco e sem poluição de luz. Voltando para San Pedro, com as malas já arrumadas e deixadas no locker do hotel (fizemos o check-out de manhã) e esperamos a nossa van para o aeroporto de Calama. Fechamos tanto a ida quanto a volta com a empresa Licancabur, que já colocamos o link acima. Valeu a pena fazer a ida e a volta para os dois já que economizamos uns 5000 pesos assim. Então quando for comprar o transfer, compre a ida e a volta juntos! Deu tudo certo e antes das 19h já estávamos no aeroporto! O voo era as 21h. De resto, só fizemos escala em Santiago e voltamos pra GRU! Uma última olhada para a Caracoles antes de ir embora. Que lugar! 6. Conclusão O Atacama foi certamente um dos lugares mais especiais que eu já fui na minha vida. Já tinha conhecido Santiago e a costa chilena uns anos antes, e fazer a viagem apenas para o deserto foi determinante. Primeiro porque a cultura atacameña é totalmente diferente da cultura da capital. Isso porque em nenhum outro lugar do Chile se tem um deserto (desconsiderando, claro, a Patagônia, que é um deserto se considerarmos a definição de pluviosidade). Imagino que quando eu conhecer a Patagônia Chilena sinta a mesma coisa. Eles tem uma forma única de encarar o mundo e a natureza. Sobre isso, é uma das coisas que mais me tocou. A natureza é parte da cultura do povo atacameño. Eles vangloriam seus animais, sua flora e sua geografia. São tão privilegiados de terem em seu território um lugar tão heterogêneo mas, ao mesmo tempo, tão unido mentalmente como o deserto. Isso é forte! Por outro lado, dá pra perceber, mais uma vez, como a nossa identidade latino-americana é presente em todo o continente. Tinha sentido isso na Patagônia Argentina e também em Santiago ou no México (escrevi um relato sobre o México também onde tive a mesma conclusão, e você pode conferir aqui), e agora outra vez sinto. Não importa se você está no deserto, nas montanhas, na cidade ou na costa, somos um continente unido. Podemos falar português e eles espanhol, mas temos sempre um denominador em comum. Seja o futebol (glória!), a natureza, a herança indígena, o artesanato. A cultura latino-americana é sagrada e deve ser preservada e admirada. E isso cabe a nós, latino-americanos. Temos que cuidar do nosso patrimônio e manter as tradições milenares em evidência. É isso que nos faz únicos. Por fim, o Chile em 2019 e agora em 2020 tem passado por um momento muito importante em sua história. Os protestos que começaram em outubro de 2019 são um sinal para os governantes de que eles estão insatisfeitos. Como economista, sempre ouvimos que o Chile é um exemplo de nação, até por ser a única considerada desenvolvida no continente. Sim, de fato, mas algo está mudando. E faz parte do processo de desenvolvimento da população o engajamento e o conluio de querer tornar melhor. E eu entendi que é exatamente isso que o chileno está sentindo. Foi um a mais poder ir ao país nesse momento tão importante da história deles. Eu mesmo não concordando com a forma violenta que foi/está sendo o processo, mas as maiores rupturas do mundo vieram com grandes esforços. Talvez esteja acontecendo isso com o Chile. Talvez não. Só é importante dizer que eles estão num processo deles e que só eles entendem. É uma nação incrível, com a vantagem de ter uma natureza invejável e também, por que não, uma cultura institucional de dar inveja. Mas como o povo chileno é incansável, eles querem melhorar. E acho que é isso que está acontecendo! Eles merecem sempre mais e de melhor, assim como todos os hermanos latino-americanos. Espero realmente que o produto de tudo isso seja um país melhor e mais justo. Obrigado Miguel, Cheryl e todo mundo que fez parte disso. O Atacama é especial. Foi uma viagem especial, com uma companhia especial (sim, você, Carolina ) e que com certeza vai estar na minha memória como uma das melhores viagens da minha vida. Não hesitem de mandar e-mail e/ou responder aqui no fórum. As minhas últimas viagens eu absorvi conhecimento daqui do Mochileiros e é um prazer contribuir. E mais uma vez, obrigado por terem chegado até aqui no relato. Isso aqui é minha terapia favorita! ¡Viva Latinoamerica! !Viva el Atacama! !Viva Chile y hasta luego! 🇨🇱 Victor Hugo Alexandrino
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Olá amigos da comunidade Mochileiros.com. Aqui é o Thiago e a Priscila. Nós moramos na cidade de Blumenau-SC. Em dezembro de 2018 fizemos nossa viagem de carro até San Pedro de Atacama no Chile. A comunidade mochileiros.com nos ajudou bastante, pois no site conseguimos várias dicas e conhecemos outras pessoas que também nos ajudaram com informações. Por esse motivo queremos compartilhar nossa experiência. E quem sabe poder ajudar ou até mesmo encorajar outras pessoas a saírem do sofá e encarar essa aventura. Já contamos a primeira parte do nosso passeio, onde você encontra informações como: documentos necessários, seguros obrigatórios, melhor roteiro, condição das estradas, hotéis, pontos turísticos, custo com passeios, custo com alimentação, custo com gasolina, custo com pedágios, melhor câmbio, o que levar na bagagem, etc. Se você não leu a primeira parte, então clique aqui. Nesta segunda e última parte vamos falar sobre: formas de chegar em San Pedro Atacama, aclimatação, hospedagem, casas de câmbio, agências de turismo, passeios, alimentação e compras. Então vamos ao que interessa [= → Formas de chegar até San Pedro de Atacama: • De avião: sim é possível! Mas quem vai de avião desembarca na cidade chamada Calama, que fica a aproximadamente 100 km de San Pedro. De lá é possível pegar um ônibus direto para San Pedro ou alugar um carro. Em San Pedro existe uma pequena rodoviária, bem no centro e que funciona praticamente o dia todo. • De carro: ir de carro é uma aventura incrível. • De moto: também uma forma muito bacana de pegar a estrada. Porém é mais limitado do que o carro, pois você não tem tanto espaço disponível, vai precisar fazer mais paradas para abastecer, etc., mas nada que tire o prazer do passeio. A maneira de ir vai depender da sua vontade e do quanto você está disposto a gastar. Por que vontade? Porque ir de carro por exemplo, cruzando o Brasil, a Argentina e Chile não é para qualquer um. É uma viagem longa, cansativa, demorada, que vai te exigir planejamento, paciência e atenção a todo momento. Ou seja, tem que ter muita VONTADE mesmo! E quanto você está disposto a gastar? Pegar um avião, desembarcar e chegar é muito rápido e fácil. Porém tem o seu preço. Quando nós resolvemos fazer a nossa viagem, fizemos uma comparação entre ir de carro e ir de avião. Sem dúvida ir de carro era mais barato. E sem contar que ir de carro você aproveita o passeio, pode parar quando quiser, pode tirar fotos pelo caminho, conhece outras cidades pelo caminho. Então tudo isso pesou na hora da decisão. Por isso eu digo: VÁ DE CARRO, VALE MUITO A PENA. *Mas lembre-se de revisar o seu carro antes. Preparar tudo que precisa com antecedência. Segue abaixo um resumo para quem vai de avião: Você embarca no Brasil e desembarca na cidade de Santiago (Chile). De Santiago você pega outro avião até a cidade de Calama. De Calama você pode pegar um ônibus (turismo) que te leva até a rodoviária de San Pedro de Atacama ou pode alugar um carro e dirigir até lá. Todos os ônibus que chegam em San Pedro de Atacama desembarcam no Terminal de Buses, que é uma pequena rodoviária, que fica bem próxima da Rua Caracoles, que é a principal rua de lá (aprox. 5 min caminhando). Distâncias: Santiago x Calama: 1530 Km Tempo de voo: 2h Calama x San Pedro de Atacama: 100 Km Tempo na estrada: 1:30h → Aclimatação: Você vai perceber que o ar em San Pedro é diferente. É normal você ter certa dificuldade para respirar, devido à altitude. Pelo caminho você já começa a notar a diferença. Quanto mais alto, mais difícil a respiração. Esteja preparado, pois seu nariz e sua boca irão ficar bastante secos. Nós sentimos dificuldade ao dormir, pois de madrugada o nariz trancava e a boca ficava seca demais. Algumas vezes nós levantávamos para tomar água e umedecer o nariz. Conversamos com alguns brasileiros, que relataram terem sentido dor de cabeça e enjoo. Mas é uma condição suportável. Entenda que é um clima totalmente diferente do nosso. Durante o dia era quente e seco. A noite a temperatura era agradável. Para não dizer que nesse lugar não chove, o guia nos contou que chove uma semana por ano. Curiosidades: San Pedro de Atacama está a 2.300 metros acima do nível do mar. E tem alguns passeios que nos levam a 5 mil metros. Dica: Beba muito líquido, evite álcool e prefira comidas leves. → Hospedagem Em San Pedro existem muitos Hostels. Nós escolhemos um hostel chamado Casa Lascar, que ficava ao lado da rodoviária de San Pedro. Muito próximo ao centro. Esse hostel nos atendeu muito bem, pois tinha dois quartos, uma cozinha, uma sala e um banheiro só para nós. A reserva foi feita na plataforma booking.com. O preço não era absurdo e valeu muito a pena. Dica: Quando você for procurar a sua hospedagem, você pode escolher por exemplo: quarto compartilhado ou não, banheiro compartilhado ou não, que tenha garagem, local para lavar a roupa, cozinha, etc. Tudo depende da sua necessidade e do quanto você quer gastar. Sites para reservar hotéis é só digitar no Google. → Casas de câmbio Em San Pedro existem algumas casas de câmbio, onde você pode fazer a troca do seu dinheiro de forma muito simples e fácil. A maioria delas fica aberta até tarde da noite, então é bem tranquilo. Nós trocamos todo o nosso dinheiro em San Pedro e valeu muito a pena, pois se tivesse trocado no Brasil teríamos perdido muita grana. Nós trocamos o nosso dinheiro na casa de câmbio RENT A BIKE EMILY, pois foi a casa de câmbio que nos ofereceu a melhor cotação. E esta casa de câmbio também aparece em outros blogs de viagem, por isso nós optamos. Dica: Pesquise em pelo menos três casas de câmbio, antes de trocar o seu dinheiro. Nós falamos com duas casas de câmbio antes, para saber a cotação. E por último fomos até a RENT A BIKE EMILY. Chegando lá nós falamos sobre o preço dos concorrentes, então ali conseguimos a melhor cotação. → Agências de turismo Em San Pedro existem muitas agências de turismo, oferecendo pacotes dos mais diversos. Existem alguns passeios que não são todas as agências que fazem, por exemplo subir na boca do vulcão. Neste caso só uma e outra fazem o passeio, pois é mais arriscado, demora mais, requer alguns equipamentos específicos, etc. Nós reservamos os passeios antes da viagem. Fechamos os passeios com a agência Volcano Aventura, que fez um preço muito interessante. Na ocasião pagamos uma parte adiantado e o restante quando chegamos. Foi bem tranquilo, nos atenderam super bem, não tivemos qualquer problema. E a negociação toda foi pelo whats. Dica: Pesquise bastante, pois só assim você consegue um preço bacana. Consulte as páginas de cada agência, no Facebook, Instagram, etc. Veja os comentários, a data da última atualização, etc. Assim você tira uma ideia se a agência é boa ou não. Mais passeios ou mais pessoas, geram bons descontos. Seja esperto e negocie. → Passeios A maioria dos passeios começa muito cedo, por isso você precisa se programar com horários. As agências te pegam na “porta de casa”, ou melhor, na porta do seu hostel. Junto ao motorista sempre tem um guia que fala espanhol ou inglês. Ao chegar no destino, eles também servem uma mesa de café, com doces, frutas, água, suco, etc. É muito divertido, vale muito a pena. Geralmente as agências realizam um passeio por dia, para não cansar seus clientes. Há também passeios noturnos, basta você pesquisar na internet, para saber mais. Outra forma de passear em San Pedro é alugando uma bike. São várias lojas que tem bike para alugar por dia, por hora, etc. Dica: É possível realizar a maioria dos passeios com seu próprio carro, porém algumas estradas não são boas, pois tem pedras, buracos, lama, etc. Se o seu carro não for preparado, melhor ir com a agência de turismo, pois elas têm carros preparados para esses lugares. Nós fizemos todos os nossos passeios com a agência. → Alimentação Os restaurantes servem de tudo e um pouco mais. Mas vale lembrar que as comidas de restaurante não são iguais a que você come em casa. Por isso, se você prefere aquela comidinha caseira ou aquele feijão, saiba que não vai encontrar. Nós optamos em fazer a nossa janta todos os dias. Então passava no mercado, comprava os ingredientes e preparava tudo no hostel. →Compras Em San Pedro você encontra de tudo para comprar, inclusive tem algumas marcas famosas que tem lojas nesse lugar. Não pense que é tudo baratinho não. Se você fazer a conversão para sua moeda, cuide para não cair pra trás.... (kkk); Vale a pena comprar uma lembrancinha ou outra, mas não dá para se empolgar. Acho que é isso pessoal. Espero que vocês tenham gostado. E tomara que esse relato possa ajudar vocês a planejarem sua próxima viagem. Um grande abraço. Contatos: 47 988417695 Instagram: thiagomarianobnu
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Julho/2019 - A rota do Lítio - Argentina, Chile e Bolívia Introdução: Os preparativos - 1º semestre de 2019 Viajar de carro sempre foi algo que amei desde criança, as horas passadas observando a estrada pela janela daquele Fiat Prêmio do meu pai, quando íamos ao litoral norte de São Paulo, eram sempre encantadoras. Com certeza, essas experiências na bela rodovia Rio-Santos me instigaram a planejar as viagens que realizo hoje em dia. A ideia de percorrer a Cordilheira dos Andes de carro era um desejo antigo, muito inspirado no filme Diários de Motocicleta. Subir os Andes, percorrer o altiplano andino, dormir nos vilarejos de mineradores, explorar os vulcões, salares e lagos eram os objetivos de 2019. Para isso, precisávamos de um carro ideal e em 2018 trocamos nosso Renault Sandero em uma Pajero Sport 4x4. Esta foi nossa primeira experiência com carro 4x4 e logo em janeiro fomos testar nossas habilidades em Visconde de Mauá-RJ, atrás de estradas de barro e lama. Muito satisfeitos com a performance do carro em estrada de terra, não poderíamos pensar o mesmo quanto ao consumo de combustível. Infelizmente nossa Pajero era à gasolina e bebia um posto de combustível por mês, o que começou a ser um problemão quando iniciamos o planejamento da viagem e descobrimos longos trajetos sem postos de abastecimento. Precisávamos resolver esse empecilho, a solução era trocar de carro ou carregar vários galões de combustível, o que poderia ser muito perigoso. Decididos, faltando um mês para a viagem, tivemos uma grande sorte de encontrar o carro perfeito para o desafio, uma L200 Triton, equipada Savana e que era carro de suporte da Mit Cup. Sabíamos que este carro não nos deixaria na mão e, mesmo sem as revisões, colocamos-o na estrada sem medo. O trajeto não era fechado, o planejamento do percurso contava com alguns pontos de parada estratégicos, que na verdade, nem foram seguidos. No caminho, todo o trajeto foi redesenhado, dando o título desta aventura off-road: A rota do Lítio. Dia 06/07/2019 - A ansiedade do pré-viagem O dia anterior à viagem era de pura ansiedade, eu e a Carol esperávamos ansiosamente o casal de amigos que iriam nos acompanhar neste trajeto, Jeferson e Patrícia. Compramos umas carnes e faríamos um churrasco para comemorar o início da grande jornada. Já sabíamos que não seria fácil o que estava por vir, ainda mais para mim, que não estava 100% bem de saúde, afinal tive pedra no rim uma semana antes e tive que colocar um duplo jota (cateter entre o rim e bexiga) para preparar para um procedimento cirúrgico que se realizaria depois de um mês. Sim, eu teria que viajar com isto, para lugares onde o atendimento hospitalar inexiste, mas isso não me impediria de tal aventura. Atrás dos últimos preparativos, fomos à loja da Decathlon comprar umas últimas peças de roupas para nossos amigos que tinham acabado de chegar do interior de São Paulo e tinham mais dificuldades de encontrar equipamentos adequados à viagem. Quando voltamos das compras, começamos a preparar a caçamba da L200, era tanta coisa, que achávamos que não caberia, desde dos equipamentos de camping, galões de água e combustível, mantimentos e malas grandes de roupas por conta do frio. Tudo coube milimetricamente. Em cima do rack de teto, colocamos mais um pneu para evitarmos qualquer tipo de perrengue que poderia nos aparecer. E assim, fomos dormir, ou pelo menos tentar, pois a cabeça não parava, o estômago sofria com a ansiedade e nossos cachorros não paravam quietos, parecem que sabiam que ficariam um tempo longe da gente (de fato, esta é a pior parte destas viagens, ficar longe do Marx e do Nietzsche). Dia 07/07/2019 - O início infinito: A longa e entediante rota de São Paulo a Foz do Iguaçu Acordamos cedo, dormimos mal, mas parecia que tínhamos descansado um ano inteiro, pois energia não faltava. Tomamos um café reforçado, arrumamos as últimas coisas e bora pegar a estrada. Saindo de casa - carro preparado. O trajeto deste primeiro dia era longo, cerca de 1.070 quilômetros até Foz do Iguaçu, passaríamos o dia inteiro na estrada e com o mínimo de paradas possível. A Paty trouxe um tupperware com um torta de atum excelente que foi nossa refeição durante vários dias onde priorizamos a quilometragem percorrida em vez das paisagens e lugares. Assim foi o primeiro dia, que teve 60 quilômetros extras, pois tivemos que voltar para casa, já quando estávamos na Régis Bittencourt, pois havia esquecido minha carteira. Voltamos e saímos de casa efetivamente às 8 horas da manhã, seguimos pela Régis até Curitiba e depois atravessamos as estradas de pista simples abarrotadas de caminhões do Paraná até a cidade de Foz do Iguaçu. Chegando próximo à cidade, entramos no booking e escolhemos uma pousada barata. De longe e por incrível que pareça, foi a pior estadia da viagem. O termômetro das ruas marcava 10º C, mas parecia que nosso quarto estava -15 ºC e obviamente o chuveiro era pífio e só esquentava quando caía um fio de água. Dia 08/07/2019 - Percorrendo Missiones: De Foz do Iguaçu a Corrientes (ARG) Logo que levantei da cama já pensei no café da manhã que deveria aproveitar, pois nas minhas últimas experiências fora do Brasil, o café nunca era grande coisa. Após uma noite terrível de frio, nada melhor que um pão na chapa e um café com leite. Arrumamos as coisas e fomos em direção ao Paraguai, a ideia era comprar um mini fogão de camping e uns outros equipamentos para a viagem, porém perdemos tempo à toa, voltamos para Foz do Iguaçú sem comprar nada e ainda precisávamos trocar nosso dinheiro. Depois de uma ampla pesquisa nas casas de câmbio e encontrar a melhor cotação, seguimos à fronteira da Argentina, rumo a Puerto Iguazú. Uma espera de uma hora na fila e passamos tranquilamente. Tinha todos os documentos em ordem e olha que as exigências não são poucas, seguro Carta Verde, dois triângulos, colete refletivo, cambão e selo de velocidade máxima na traseira do carro (que adquiri em um posto de combustível já na Argentina). Esperando para atravessar a fronteira. A ideia era chegar até Corrientes, na entrada do Chaco, iríamos percorrer a rota das Missiones, porém sem nenhuma parada, pois teríamos que vencer mais de 700 quilômetros. Estradas de pista simples e muitas colinas suaves que seguem paralelamente ao leito do rio Paraná. As margens são tomadas pelo pasto com cabeças de gado espalhadas pelos imensos latifúndios. Sabíamos que estávamos deixando de lado o belo roteiro cultural das Missiones, mas nosso objetivo era a Cordilheira. Após cruzar Missiones e entrar na província de Corrientes já ficamos mais espertos, já tinha lido que ali a polícia era extremamente corrupta e fariam de tudo para tirar uns trocados. Dito e feito, logo que avistamos a primeira blitz, já fomos parados. Aquele guarda com cara de poucos amigos já me pediu para descer do carro, abrir a caçamba e por aí foi, várias coisas verificadas até que ele me pede o “apagador de fuego”, vulgo extintor de incêndio. Naquela hora gelei, tinha pensado em tudo, mas esqueci de verificar a validade do extintor de incêndio, tentei dar uma enrolada, mas não deu certo. Com um sorriso maroto ele me informou que me daria uma multa. Tentei desconversar e falar que não sabia disso, pois no Brasil já não era mais necessário e conversa vai e conversa vem, até que ele me pede para entrar no carro e separar 1.000 pesos (100 reais). Pegou meus documentos, foi até a cabine policial e retornou ao carro, e em questão de milissegundos colocou a mão para dentro da janela e tomou os mil pesos da minha mão, liberando-nos. Agora era o momento mais crítico, precisávamos comprar um extintor de incêndio antes de sermos parados novamente pela polícia. Passamos por mais dois comboios, mas não fomos parados, coração a mil. Até que avistamos a entrada da cidade de Ituzaingó, que na verdade mais parece um vilarejo, rodamos e demoramos cerca de uma hora para encontrar uma loja que trabalhasse com extintores. Chegando lá, obviamente ele não tinha o modelo do nosso extintor e disse que demoraria cerca de 3 horas para recarregá-lo, o que nos deixou apreensivos, pois queríamos chegar em Corrientes ainda neste dia. Ele ofereceu um outro modelo de extintor, acabamos aceitando e pagamos mais cerca de 100 reais por ele com validade de 6 meses! Mas pelo menos estávamos liberados. Seguimos viagem e logo antes de chegar em Corrientes paramos para abastecer e percebemos que o combustível era bem mais caro que no Brasil, o litro do diesel comum era cerca de R$4,50 e do diesel S10, R$ 5,20. Mas tudo bem, se tá na chuva é para se molhar, enchemos o tanque e partimos, chegando em Corrientes por volta das 21h. Agora a saga era achar um hotel para ficar e estacionar o carro. Queríamos ficar no centro, pois precisávamos jantar ainda e tinha esperança de encontrar um parceiro meu que conheci em um mochilão para o Atacama em 2015 e que morava em Corrientes, mas sem sucesso. O Hotel era bem ruim, com um banheiro bem peculiar. A descarga era literalmente um buraco na parede. Jeferson e Patrícia ficaram perdidos e não sabiam utilizar o vaso, pediram ajuda para o senhor da recepção, pedindo que desse uma olhada na descarga do vaso sanitário, porém “vaso” em espanhol significa “copo”, e daí começou a confusão. Tudo se resolveu quando o recepcionista perguntou “estás cagando?” e aí caíram todos na gargalhada, mas o problema foi sanado. Dia 09/07/2019 - A travessia do Chaco: Corrientes a San Fernando del Valle de Catamarca Acordamos bem cedo, o trajeto a ser enfrentado seria o mais cansativo, cruzar a planície do Chaco, a ideia inicial era ir até San Miguel de Tucumán. Durante o café da manhã, que praticamente não tivemos, pois o hotel disse que não tinha pão e nem nada, afinal era feriado de independência e nada abriria, entrei na internet para baixar as fotos de satélite dos lugares que iríamos percorrer (esta foi a estratégia utilizada em toda a viagem, baixávamos os mapas e com o sinal do GPS ligado íamos nos orientando). Enquanto o download ia se realizando, aproveitava para estudar um pouco sobre o lugar que visitaríamos, e, quase sempre, estes estudos mudavam nossa rota, ou seja, não iríamos mais para Tucumán e sim para Catamarca. O objetivo seria percorrer a Rota 60 (Ruta de los Seis Miles). Este dia foi só de estradas retilíneas e planas, a paisagem do Chaco era o melhor exemplo do que o agronegócio produz, campos imensos de soja ou pasto, vilarejos super pobres lojas de luxo na beira da pista. Concessionárias da John Deere, Case II, Cartepillar contrastavam com casas mal acabadas de no máximo dois cômodos e que abrigavam famílias grandes. Os postos de gasolina eram lotados de crianças que trocavam suas tardes de brincadeiras pela disputa em lavar os parabrisas dos carros em troca de algumas poucas moedas. Esse era o melhor exemplo daquilo que Denise Elias chama de Cidades do Agronegócio, onde a pobreza é generalizada e contrastante com algumas ruas que concentravam o comércio de luxo para satisfazer uma pequena elite de latifundiários. Depois de cerca de 13 horas de estrada, chegamos em San Fernando del Valle de Catamarca, uma cidade no sopé andino com uma arquitetura muito bonita no estilo neocolonial. Resolvemos ficar em um hotel também próximo ao centro, mas foi difícil achar vaga, pois havia um festival na cidade e a maioria dos quartos já estavam lotados. Saímos para passear na cidade, mas já era mais de 22h, tudo estava fechado, porém não impediu que aproveitássemos um pouco do local, visitamos a Plaza 25 de Mayo e nos deslumbramos com a linda Catedral Basílica de Nossa Señora del Valle. A Catedral de Nossa Señora del Valle. Dia 10/10/2019: Rota 60 - A Ruta de los Seismiles A partir deste dia pode-se dizer que a aventura realmente começa. Tomamos um belo café da manhã, andamos pela cidade para comprar uns últimos equipamentos, antes de desbravar os Andes. Saímos em direção à Ruta 60, mas ainda demoramos cerca de 2 a 3 horas para realmente começar a subir a cordilheira, o interessante é que tudo ali era diferente, a noção de tempo e espaço era outra, e conforme mais próximo dos Andes, mais encantador e misterioso o ambiente era. Ao cruzarmos a primeira cordilheira, chamada de Cordilheira Oriental, uma linha de montanhas mais baixas no sentido norte-sul, vimos a diferença climática. A Cordilheira Oriental barrava os ventos úmidos que vinham de leste, enquantos os Andes barravam os que vinham de oeste, ou seja, estávamos em um vale no sotavento das cordilheiras com clima árido e paisagem arbustiva. As montanhas areníticas ao redor contrastavam com o azul do céu e com as nuvens, desenhando um cenário de tirar o fôlego. Vista da Cordilheira Oriental, as nuvens indicam a direção do vento no sentido sudeste-noroeste. Ao iniciarmos a subida da cordilheira, deixávamos a paisagem de estepes de lado para entrar nas punas altiplânicas, uma formação vegetal herbácea típica das altitudes andinas. A Ruta de los Seismiles tem esse nome pois margeia 19 cumes com altitudes superiores aos 6.000 metros em relação ao nível do mar. Entre eles, o cume mais alto chama-se Ojos del Salar, seguido do Monte Pissis. Ambos são estratovulcões e recebem o título dos vulcões mais elevados do mundo. Ruta 60 e as punas altiplânicas. No canto direito temos o Ojos del Salado, vulcão mais elevado do mundo, ao meio o Incahuasi e no canto esquerdo o San Francisco. Atrás deste monte de areia já é território chileno. A nossa vontade era chegar no sopé destes vulcões, porém eles estão localizados no lado chileno e para nosso azar chegamos 30 minutos depois que a fronteira havia fechado, então sacamos o celular e tiramos fotos de onde podíamos. Apesar do céu limpo, o frio era forte, sobretudo por conta dos ventos que não davam trégua em nenhum minuto. Essa é uma característica do altiplano andino, onde instala-se uma zona de alta pressão que gera ventos que facilmente ultrapassam os 80 km/h. Este dia encerrou-se no vilarejo de Tinogasta, que fica no meio do caminho entre Catamarca e o Paso San Francisco (fronteira Chile-Argentina). Lá, conseguimos um hostel e fomos dormir extasiados com o dia em que passamos. Dia 11/07/2019 - Tinogasta a Antofagasta de la Sierra: O improvável resgate e o sinistro Campo de Pedra Pomes Este dia começou com uma forte indecisão: qual rota seguir?; voltaremos à rota original para Tucumán?; faríamos a linda Ruta 40?; ou “metemos o louco” e vamos ao Campo de Piedra Pomez? Tomamos o café da manhã e seguimos, decidimos pela Ruta 40, por ser a mais turística e com paisagens lindas de tirar o fôlego. Seguimos viagem, passamos por Belén, onde almoçamos um belo frango assado no conforto da calçada e com a caçamba da L200 como mesa (essa refeição foi uma das melhores da viagem). Belén é uma pequena cidade da província de Catamarca com cerca de 12 mil habitantes, mas que serve como base para os turistas que pretendem percorrer a Ruta 40 até San Antonio de Los Cobres. Após o almoço e mais chão pela frente, minha mente não parava, quase não conseguia prestar atenção na estrada, não sabia se estava feliz em percorrer a Ruta 40 e deixar de lado o Campo de Piedra Pomez. Até que passamos por um povoado chamado Las Juntas, sabia que o caminho que levava ao campo era logo após esse vilarejo. Não pensei duas vezes, ao avistar a bifurcação parei imediatamente fora da pista e desliguei o carro. Assustados, a Carol, o Jé e a Paty perguntaram prontamente o que havia acontecido e eu só respondi com o silêncio. Fiquei uns minutos mentalizando e tomei a decisão de enfrentar a Ruta 43, aquela que nos levaria ao Campo de Piedra Pomez. Todos acataram a minha decisão arbitrária e assim seguimos pela péssima estrada de chão que ia em direção às montanhas. Paisagens diversas seriam descobertas neste dia, uma mais incrível que a outra. Dos cactos gigantes a dunas de mais de 400 metros de altura em altitudes que nunca pensei que encontraria tais formações. As dunas invadindo a estrada. Dunas gigantes na beira da Ruta 43, encontradas acima dos 3.500 metros de altitude. Após as incríveis dunas, estávamos percorrendo novamente as punas altiplânicas, um cenário misterioso tomava conta da estrada, ninguém cruzava nosso caminho e os ventos castigavam a lataria do carro, nem abrir uma fresta do vidro era possível, pois fazia um barulho enorme e ainda desestabilizava o carro. Alguns quilômetros à frente e avistamos uma placa com a seguinte inscrição: Salar Laguna Blanca a 18 km. Como iríamos ao Salar de Uyuni, prontamente pensamos em não perder o foco e seguir adiante, mas algo me despertava curiosidade e, mesmo não querendo perder tempo, decidi fazer um desvio e seguir para a Laguna. Alguns minutos depois, avistamos um carro vindo em nossa direção piscando os faróis e acenando incessantemente. Eram duas mulheres desesperadas, dizendo que a caminhonete delas havia atolado no salar. Já fiquei empolgado em ajudar, finalmente testaria os limites do 4x4. Chegando no salar, já percebi que não seria tão fácil como havia pensado. A Nissan Frontier deles estava bem atolada e já havia marcas no chão de outra pessoa que havia tentado ajudar e não conseguiu. Prontamente, coloquei a Triton na frente da Frontier, sacamos o cambão, conectamos em ambos os carros, engatei a reduzida e acelerei, nada! Tentei mais duas vezes, sem sucesso e como resultado, havia atolado também. Enquanto isso, a Carol e a Paty se divertiam tirando fotos na laguna, ainda não tinhamos percebido a gravidade da situação. Foi uma luta para desengatar o cambão para poder desatolar a Triton, mas conseguimos, com a reduzida engatada e uma ajuda para empurrar saímos do atoleiro sem maiores problemas. Todavia, havia muito trabalho pela frente ainda para tirarmos a Frontier daquela situação. Víamos no rosto do motorista o cansaço e o desespero, ele e a família com crianças pequenas já estavam lá havia 4 horas e só uma pessoa tinha aparecido e foi embora sem conseguir ajudá-los. Neste momento já era umas 15h e provavelmente ninguém mais apareceria. Lutávamos contra os fortes ventos altiplânicos e a altitude já nos castigava. Primeira tentativa de resgate no salar. O jeito seria utilizar as pranchas de desatolagem, pela primeira vez elas íam sair do rack de teto. Obviamente os parafusos oxidados deram mais trabalho que o comum, mas conseguimos soltá-las. Agora precisávamos erguer o carro, colocamos o macaco embaixo apoiado em alguns tocos de madeira que a família havia conseguido e levantamos a traseira da Frontier para encaixar a prancha, repetimos do outro lado e pronto. Tudo certo, o motorista acelerou, o carro andou um metro e atolou de novo. Tivemos que repetir este procedimento três vezes até que enfim eles estavam libertos daquele momento terrível. Quando saíram, a alegria deles e a nossa foi tão grande, que posso dizer que este foi o melhor momento da viagem. A família chorou de emoção e nos agradeceu de todas as formas possíveis. Satisfeitos, cumprimentamos-os e seguimos nossa rota e neste momento passou pela nossa cabeça: Qual era a chance que eles tinham de encontrar alguém como nós com duas pranchas de desatolagem no meio do nada? Foi pura sorte ou será o destino. Ainda conseguimos chegar no tão esperado Campo de Piedra Pomez antes de anoitecer, algumas dezenas de quilômetros para frente do Salar Laguna Blanca, avistamos uma placa que dizia solo 4x4 e bem ao horizonte era possível observar uma paisagem diferente, com formas pitorescas e uma cor clara em meio aquela areia escura, típico material vulcânico depositado. Após quase uma hora percorrendo um caminho não demarcado, cheio de costelas de vaca, muita areia e pedras, chegamos nos monumentos de pedra pomes. Esta área natural e protegida é uma bela paisagem originada pela erosão eólica de rochas vulcânicas piroclásticas (pumicita ou pedra pomes.) Sobre mais de 25 Km de extensão, se destacam milhares de facetas ruiniformes, algumas com mais de 50 metros de altura, dando ideia da espessura do depósito. Esta rocha é um produto da atividade dos aproximadamente 200 vulcões que existem na região de Antofagasta de la Sierra, entre os quais se destaca a Caldera del Galán, cuja última erupção ocorreu no final do Plioceno. Este vulcão tem uma das maiores crateras conhecidas no mundo, com 34 Km de norte a sul e 24 Km de leste a oeste. A incrível paisagem do Campo de Piedra Pomez, ao fundo vários vulcões que são os responsáveis pela formação desta paisagem única. Nem o frio intenso e nem a altitude nos impediram de escalar estes incríveis monumentos. Ficamos tão extasiados com este lugar que assistimos ao pôr do sol de lá e encararíamos o trecho final até Antofagasta de la Sierra à noite. E realmente, dirigimos no meio dos Andes, em um lugar nada turístico à noite e a sensação foi um mistura de apreensão e liberdade. E enfim, por volta das 22h horas, chegamos em Antofagasta de la Sierra e rapidamente encontramos uma casa para dormir, típica parada de mineradores da região. Ainda antes de dormir, fomos jantar e experimentamos um pouco da culinária local, o famoso prato Locro, uma espécie de sopa com milho, feijão, batatas andinas e carne de lhama. Não foi muito apetitoso, mas valeu a experiência. Locro, típico prato andino. Dia 12/07/2019 - O ponto austral do Triângulo do Lítio - O Salar de Hombre Muerto Depois de uma noite literalmente congelante, levantamos para encarar mais um trajeto pouco conhecido. E logo nos primeiros momentos do dia já vem a primeira surpresa, não muito boa. Um frio intenso, entrei no carro e dei a partida e nada, mais uma vez e nada, outra vez e nada. Parei, respirei, raciocinei e já sabia o problema, o diesel havia congelado. As garrafas dentro do carro estavam todas com os líquidos congelados. Mas ainda bem que os carros de hoje tem uma válvula de pré-aquecimento do combustível antes de injetá-lo nos cilindros. Deixei a parte elétrica ligada um tempo, dei a partida e finalmente o carro pegou. Segui rapidamente para o único posto de combustível da cidade e logo descobri que lá só vendia diesel aditivado com anticongelante, e bem caro, diga-se de passagem. Coloquei meio tanque e partimos. Mais uma surpresa, agora engraçada, tivemos ao jogar água no parabrisa. Com os vidros muito sujos, jogamos água para limpar e instantaneamente congelou. Fiquei preocupado com a possibilidade de trincar o parabrisa, pois estava muito frio, tudo congelado, ligamos o ar quente e seguimos viagem no forno do interior da Triton. Este dia rodamos cerca de 400 km inteiramente acima dos 4 mil metros de altitude, colinas suaves desenhavam o horizonte da paisagem recheadas de salares que contrastavam com imensos vulcões, ainda ativos. Alguns lagos congelados beiravam a pista e se mostravam como as poucas fontes de água na paisagem árida do altiplano andino. Em alguns locais, nem mesmo era possível observar as punas, pois o ambiente era tão extremo que não havia nenhuma forma de vida. Lagos congelados na beira da Ruta 43. Algumas horas depois chegamos no Salar de Hombre Muerto, o ponto mais ao sul do Triângulo do Lítio. Localizado ainda na província de Catamarca-ARG, o salar é uma das regiões mais ricas em lítio do mundo, a área em que se localiza o Triângulo do Lítio contém mais de 85% das reservas conhecidas do planeta e vale a pena dizer que tal recurso é extremamente estratégico, alguns especialistas até o consideram o novo petróleo, pois o lítio é o recurso chave para a produção de baterias, desde celulares a veículos. No Salar de Hombre Muerto há uma mineradora estadunidense que explora o recurso e o envia até o porto de Antofagasta, no Chile, onde é exportado in natura para a Ásia e Estados Unidos. Na região não há nenhuma indústria que utiliza o lítio, ou seja, ele representa, apesar de muito cobiçado, mais um produto de baixo valor agregado na pauta de exportações latinoamericanas. O Salar de Hombre Muerto - uma das mais importante reservas de lítio do planeta, Após umas paradas para fotos e estudos, seguimos viagem, o objetivo era chegar em San Antonio de los Cobres. Pelo meio do nosso caminho alguns pequenos vilarejos de mineradores se apresentavam no caminho. Ao final da Ruta Provincial 17 (continuação da Ruta 43), pegamos a Ruta 51 que vem do Paso Sico (fronteira Chile-Argentina) e seguimos à San Antonio, e este foi um dos trechos ruins de estrada e um dos pontos mais elevados que passamos por toda a viagem. Ruta 51 - 4560 metros de altitude. A Ruta 51, bastante sinuosa com trecho íngremes e muitas pedras. Com o combustível na reserva e aquele clima de apreensão, enfim chegamos no final da tarde ao nosso destino. Arrumamos uma pousada na hora e enfim fomos lanchar depois de um dia inteiro sem comer absolutamente nada e sem cruzar com uma alma viva na estrada. Aproveitamos também para tomar os vinhos que ganhamos da família que resgatamos no salar e após uns goles notamos o poder da altitude, estávamos todos bêbados em questão de minutos. Foi uma bela noite de sono. Dia 13/07/2019 - As montanhas coloridas de Pumamarca e as sinclinais da Quebrada Humahuaca Acordamos cedo e de ressaca, a Carol não aguentava de dor de cabeça. Realmente não era mito que beber na altitude não é muito bom, descobrimos do pior jeito. Seguimos viagem pela Ruta 40 até a Ruta 52 para descer os Andes em direção ao vilarejo de Pumamarca, um local bem turístico e muito procurado pelas suas belas montanhas coloridas e sua famosa feira de artigos andinos. A Ruta 52 é uma bela estrada, bem sinuosa, porém asfaltada que liga o Paso Jama a Pumamarca. A descida das montanhas requer muito cuidado pois as curvas são bem fechadas e algumas ainda tem buracos no asfalto. Além disso é um trajeto onde circulam muitos caminhões cegonha que precisam invadem a pista contrária quando fazem as curvas. A bela Ruta 51 em direção a Pumamarca. Após a bela descida dos Andes, chegamos finalmente em Pumarmarca, conhecida como “Tierra de Colores”. Já havia estado aqui em 2015 e tinha me apaixonado pelo lugar, a geologia desta região é encantadora, sobretudo, quando avistamos o famoso ”Cerro de Siete Colores”, cartão-postal da cidade. O Cerro de Siete Colores é uma cadeia de montanhas que possui sete diferentes horizontes, cada um com uma cor específica, datada de um período geológico distinto. Resultado da interação de grandes forças de agentes internos de modelação do relevo em contraste com os agentes externos de intemperismo, a variedade de cores resulta da acumulação de sedimentos de origem marinha, lacustre e continental. As cores acinzentadas, verdes escuras e violeta corresponde ao tempo mais antigo, o período Pré-cambriano (600 milhões de anos atrás). Já as cores rosa escuro e branco são do período cambriano (540 milhões de anos atrás), cujos estratos carregam vestígios fósseis da fauna marinha daquele tempo. Já as cores cinza claro ao amarelo são de afloramentos areníticos do período Ordoviciano (505 milhões de anos atrás). Após um longo período de interrupção da sedimentação, no Cretáceo (144-65 milhões de anos atrás) são depositados cascalhos avermelhados e arenitos e finalmente os tons avermelhados e rosa claro são mais recentes, datados do Terciário (65-2,1 milhões de anos atrás), onde o local já se constitui como uma bacia continental e não mais o fundo de mares e lagos. O Cerro de Siete Colores, com os seus diferentes horizontes geológicos. Vista da trilha que contorna o Cerro de Siete Colores. Após nossa parada em Pumamarca, já era hora de seguir a estrada, nosso próximo ponto seria o sítio arqueológico de Tilcara, com vistas ao Jardim Botânico de Cactos e às ruínas de Pukará. Tilcara é o povoado mais turístico da província de Jujuy, o que nos desanimou um pouco pela quantidade de vans turísticas e pessoas na cidade. Contudo ainda é um belo lugar e não pode faltar no roteiro do noroeste argentino. As ruínas de Pukará datam de cerca de mil anos atrás e nos contam muito sobre a vida dos povos pré-colombianos que habitaram a região. Pukará significa fortaleza e pela localização de sua construção, no alto de um morro é possível perceber que se tratava de um local bastante protegido. Grande parte das ruínas foram reconstruídas recentemente para demonstrar como viviam os habitantes daquela época. Os belos dobramentos às margens da Ruta 9, em Maimara, caminho para Tilcara. As ruínas de Pukará em meio a paisagem árida formada pelos belos cactos gigantes. O templo de Pukará reconstruído. Após esta bela parada, seguimos viagem pela Ruta 9 e Quebrada de Humahuaca. Tal local ganhou em 2003 o título de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e trata-se, realmente, de um belíssimo lugar, com uma cultura ímpar e uma paisagem natural maravilhosa. Já no fim de tarde, a caminho da fronteira Bolívia-Argentina, avistamos as incríveis sinclinais de Humahuaca, formadas pela combinação de diferentes ambientes de sedimentação dobrados pelo choque das placas tectônicas sulamericana e pacífica. Às margens da Ruta 9, a bela paisagem das sinclinais de Humahuaca. Já era noite quando chegamos na cidade argentina fronteiriça, La Quiaca. O pior é que ainda precisávamos achar um lugar que fizesse impressão, pois o Jé e a Paty não haviam conseguido imprimir o certificado internacional de vacinação contra a febre amarelo, um documento obrigatório para a entrada na Bolívia, Percorremos alguns locais e por sorte achamos um escritório aberto, muita sorte por se tratar de um sábado à noite. 14/07/2019 - A rota solitária no sul da Bolívia - La Quiaca a Uyuni. Acordamos com uma primeira missão, precisávamos comprar uma lâmpada para o farol da Triton que havia queimado na noite anterior. Fomos direto à fronteira, fizemos toda a documentação, inclusive a Declaracion Jurada, o documento mais importante para se entrar de carro na Bolívia, se você não o tiver, a polícia pode apreender seu carro e ele se torna propriedade do governo boliviano e, realmente, você perde seu veículo. Diante disto, além de fazer o documento ainda tiramos umas três cópias com medo de entregar a original para um oficial e “sem querer” ele perdê-la. Adentramos Vilazón, a primeira cidade do sul boliviano lembra o cotidiano de Ciudad del Este, ruas abarrotadas de lojas que vendem eletrônicos a preços mais baixos que no Brasil ou Argentina. Fizemos o câmbio e saímos à procura das lâmpadas. Almoçamos um prato bem suspeito numa feira local, custou cerca de cinco reais a refeição e todos sobrevivemos. Após tudo em ordem, seguimos viagem pela rota em direção ao vilarejo de Tupiza, uma rota bem alternativa que praticamente não existiam relatos. A rota mais tradicional é aquela que segue para Potosí e depois para Uyuni, mas é muito mais longa. De fato a rota por Tupiza era meio estranha, apesar de estar passando por um processo de asfaltamento, diversas vezes saímos do trajeto original e avistávamos a estrada asfaltada no horizonte. Seguíamos em direção a ela e logo o asfalto sumia de novo e saíamos da rota, isto se repetiu umas cinco ou seis vezes e não havia ninguém a perguntar também, nessa hora as fotos de satélite nos auxiliavam. Apesar das dificuldades, o trajeto é magnífico, com montanhas belíssimas margeando o caminho que seguia os leitos dos rios. Vista do caminho para Tupiza. Um dos trechos que entrávamos por engano e saímos da rota principal. Ainda na estrada, alguns estupendos inselbergs apareciam em nosso trajeto, demonstrando a força da erosão eólica sobre os monumentos geológicos da região. Um belo inselberg no caminho a Tupiza. Depois de uns 80 quilômetros rodados conseguimos nos manter sempre no caminho correto, pois grande parte da estrada já estava asfaltada, ainda bem, pois as serras que tivemos que vencer eram muito íngremes e exigiram bastante da Triton que não passava dos 40 km/h. Apesar de íngreme a estrada, a Triton aguentou bem e nos fez avistar as belas paisagens montanhosas do sul da Bolívia. No fim de tarde chegamos a Uyuni, já bem cansados e famintos. Imediatamente fomos abastecer o carro e comprovamos aquilo que tínhamos lido sobre a Bolívia, o combustível para estrangeiros é o dobro do preço. Mas fizemos um esquema com o frentista do posto e ele nos vendeu a 1,5 a mais que o preço normal nos vendendo como estivessemos com o carro boliviano. A grana a mais ele embolsou, justo, afinal o salário deles é estupidamente baixo. A noite, eu e Jé nos separamos das nossas esposas afinal queríamos comer especiarias locais, enquanto elas queriam uma refeição mais confiável. Apesar de muito pobre o lugar, não nos preocupamos com a segurança, nada é pior que São Paulo ou Rio de Janeiro. Dia 15/07/2019 - Desbravando o Salar de Uyuni Estávamos ansiosos para este dia, enfim iríamos conhecer o tão famoso Salar de Uyuni, e o melho,r faríamos isto com o nosso próprio carro, sem depender de agências de turismo. Logo cedo fomos em direção a Colchani, o vilarejo de entrada do Salar, observamos o caminho que algumas Toyotas faziam para não termos nenhuma má surpresa e atolarmos em algum lugar. Foi bem tranquilo, como era época de seca, não havia tantos atoleiros na entrada do salar. Seguimos umas vans até a praça das bandeiras, um ponto bem turístico com as bandeiras de diversos países e até mesmo, de times como Corinthians, Palmeiras e Grêmio. Aproveitamos para conhecer o Hotel de Sal ao lado da praça e tirarmos fotos no monumento do Rally Dakar. O monumento do Rally Dakar no meio do Salar de Uyuni. Após isso seguimos algumas marcas de pneu no chão até a ilha Incahuasi, uma ilha de cactos em meio ao Salar de Uyuni. Tal ilha forma uma magnífica paisagem e localiza-se bem próximo ao centro do Salar, tanto que dirigimos mais uns 40 minutos da praça até a ilha. A Ilha Incahuasi próximo ao centro do salar. A formação do salar de Uyuni é explicada pelo soerguimento da plataforma continental no momento de formação da cordilheira andina. A região era um imenso mar que ascendeu e transformou-se com o tempo em uma imenso lago, por conta da elevada evaporação da água. Enquanto a água evaporava, depositava-se em seu fundo imensas quantidades de sais. Ao passo que mais evaporação ocorria o lago foi sumindo e uma imensidão branca de sal tomou conta de uma área de aproximadamente 10.500 km². Tal formação também fez do salar uma importante reserva de lítio, configurando-o como o ponto setentrional do Triângulo do Lítio, região já mencionada anteriormente. Diferentemente da Argentina e Chile, a Bolívia tinha outros planos para tal recurso, Evo Morales havia investido fortemente em indústrias que processariam tal recurso e que, em vez de exportar um produto de baixo valor agregado, poderiam no futuro exportar até mesmo carros elétricos. Dirigir em meio ao salar pode ser uma aventura perigosa, apesar de muitos locais terem marcas de pneu, nem sempre estas te levam a algum lugar, seguimos algumas, dirigimos por horas e não achávamos nada. Por isso é bom ter uma bússola e contar com um gps com as imagens de satélite baixadas para não se perder em meio à imensidão branca. Alguns trechos do Salar não tem marcação, por isso é importante uma bússola e um gps para se guiar. Saímos em busca do espelho d’água. Sabíamos que não era época de encontrá-lo, pois estávamos no período de secas, mas alguns locais nos disseram que na base do vulcão Tunupa era mais fácil de encontrar. Abrimos as imagens de satélite, observamos a localização do vulcão e seguindo a bússola, partimos em direção à sua base. Enfim encontramos água e o famoso espelho que nas fotos dá a sensação de estarmos flutuando em um céu infinito. Esta seria uma das mais belas paisagens que veríamos no roteiro inteiro. O céu infinito no Salar de Uyuni. Ainda tentamos subir de Triton no vulcão Tunupa, mas percebemos que seria inútil a tentativa, pois a estrada acabava bem longe da cratera e não haveria tempo suficiente para escalá-lo durante o dia. Portanto voltamos a Colchani, no mesmo esquema, traçamos a rota nas imagens de satélite e seguimos a bússola. Desta vez iríamos passar a noite em um hotel de sal na entrada do salar. Este hotel de sal era novo e ainda não estava recebendo reservas, mas na noite anterior durante uma conversa com os guias, eles nos ofereceram a estadia neste lugar por um preço bem bacana, então resolvemos arriscar. De fato era um hotel bem bonito, mas com uma estrutura muito aquém do esperado. Tomei uma das piores decisões da vida, quando resolvi encarar um banho. Achei que o frio do salar seria compensado com um banho quente, porém o chuveiro esquentou nos primeiros segundos e depois ficou geladasso. Neste momento a temperatura no próprio quarto já era negativa e nunca passei tanto frio na vida. Até a Carol ficou assustada, ao final do banho, tremia tanto que nem quatro cobertores eram capazes de me esquentar. Necessitei do calor humano dela para parar de tremer, mas isto ocorreu uns 15 minutos depois. Reconstituído, fomos observar o pôr do sol no salar, um espetáculo, apesar do frio congelante. O pôr do sol visto da janela do nosso quarto no hotel de sal. Dia 16/07/2019 - A travessia Bolívia e Chile pela rota do vulcão Ollague Antes de seguirmos viagem neste dia, necessitamos trocar o óleo da Triton, pois já havíamos andado mais de 5 mil quilômetros, e ainda realizar uma lavagem completa para tirar o sal do carro, com o intuito de não estragar as peças por corrosão. Conseguimos deixar Uyuni na hora do almoço e seguimos viagem. Infelizmente o roteiro que gostaríamos de percorrer não seria possível (a rota direta para San pedro de Atacama, passando pelos Gêyseres Sol de la Mañana e Laguna Colorada), pois os guias locais haviam nos informado que o caminho estava praticamente intransitável pela quantidade de neve que havia no local. Decidimos não arriscar e mudar o trajeto, seguiríamos pelo Paso Avaroa, que nos levaria até Calama, capital do deserto do Atacama no Chile. Tal roteiro é menos turístico e pouco movimentado, mas de igual beleza. Nele passamos por várias formações rochosas vulcânicas, grandes afloramentos de basaltos e diabásios, sendo o mais famoso o Valle de las Rocas. Valle de las Rocas - Ruta 701 - Bolívia. O caminho através da Ruta 701 é lindo, inteiramente na altitude e rodeado por grandes e inúmeros vulcões. O maior deles e ativo era próximo a fronteira, o Ollague. Quando chegamos próximo a ele, vimos pequenas fumarolas saindo de dentro de sua cratera, o que me deixou muito empolgado, torcendo para avistar uma erupção, o que não ocorreu. Olhando pelo lado positivo, pelo menos estou vivo. Os vulcões foram nossos únicos companheiros neste dia. Não cruzamos com ninguém nesta estrada. Chegando na fronteira, iniciamos os longos trâmites para ingressar no Chile. A polícia aduaneira do Chile é uma das mais exigentes da América do Sul e mesmo estando numa fronteira pouco movimentada, fizeram-nos esvaziar o caçamba inteira da Triton e abrir as caixas da caçamba, o que foi muito difícil por conta do frio que emperrou as trancas. Depois de cerca de uma hora e meia de trâmite, já era noite. Seguimos a Calama e, infelizmente, perdemos várias lindas paisagens do trajeto. Porém, como era noite de lua cheia, as lagunas altiplânicas espelhavam-a elaborando uma misteriosa e harmoniosa paisagem. Minha vontade era de parar e acampar ali mesmo, porém o frio e os ventos impediram-nos de realizar mais esta aventura. Chegamos por volta das 22h em Calama e resolvemos ficar em um bom hotel depois da trágica e congelante estadia no hotel de sal, precisávamos de um banho decente, pois havia uns três dias que não desfrutávamos deste conforto. E por esta cidade ser bastante turística, demos sorte porque conseguimos fechar um hotel com desconto do IVA para estrangeiros. Dia 17/07/2019 - A aridez do Atacama e a nostalgia do reencontro Depois de tantos dias acima dos 3.500 metros de altitude, descer para 2.500 pareceu que ganhávamos um novo gás. As coisas aparentavam mais leves, o carro também respondia melhor, parecia que tudo seria mais tranquilo agora. De Calama até San Pedro de Atacama ainda é um bom percurso. Demoramos cerca de 2 horas para chegar no nosso destino turístico. Próximo de lá já avistávamos dos mirantes as cordilheiras de sal presentes no Valle de la Luna. Tais cordilheiras delimitavam os limites do salar de atacama, o ponto mais ocidental do Triângulo do Lítio e o ponto mais longe da nossa casa. Até então o odômetro já registrava mais de seis mil quilômetros percorridos e ainda havia toda a volta para encararmos. Ao entrar em San Pedro, a nostalgia tomou conta de mim, afinal havia estado lá em 2015 em uma das minhas maiores aventuras, um mochilão com meu camarada Jonas Risovas, sem destino certo e sem nada fechado. Procurando aproveitar mais este momento nostálgico fui atrás do mesmo hostel que havia me hospedado quatro anos atrás e, rapidamente, encontrei-o logo após o cemitério municipal. O Hostel Lackuntur é um pouco mais afastado da principal rua do vilarejo, a Caracoles que concentra as agências de turismo e as lojas de artesanatos para o consumo turístico. Chegando lá, prontamente me apresentei dizendo que já havia me hospedado lá e, por isso, gostaria de um bom desconto. A resposta foi positiva e então fechamos mais duas noites por lá, afinal queríamos aproveitar mais os atrativos do deserto. Fizemos nosso almoço no próprio hostel e saímos em busca da Laguna Escondida, um circuito de sete lagunas com alta concentração de sal, que impedem seu corpo de afundar. Uma bela experiência na hora, mas terrível quando você sai da água pela quantidade de sal impregnada no seu corpo. A primeira das sete lagunas escondidas. Somente duas são abertas para o banho, o restante é fechado por conta da preservação do frágil ecossistema. Após a escaldante trilha nas lagunas seguimos para o Valle de la Muerte para assistir o pôr do sol. Tal lugar recebe esse nome por conta de um erro de tradução. O local aparenta muito a superfície de marte, o que levou pesquisadores a chamarem de Vale de Marte, porém, num típico telefone sem fio, com o passar do tempo, o lugar ficou conhecido como Valle de la Muerte. A bela vista do Valle de la Muerte. Ao fundo sobressai-se na paisagem o cartão-postal de San Pedro de Atacama: o vulcão Licacanbur. Dia 18/07/2019 - A beleza imensurável das Lagunas Altiplânicas A cordilheira andina é show de beleza natural, sobretudo, quando nos caminhos percorridos, tornam-se visíveis suas lagunas formadas pelo degelo dos cumes elevados. Este foi o objetivo deste dia. Percorremos a rota 23 até quase a fronteira da Argentina no Paso Sico, e, posso dizer com tranquildade, que é o caminho mais lindo do deserto do atacama. Nossa primeira parada foram as Lagunas Miñique e Miscanti, que levam o mesmo nome dos vulcões que as margeiam. Formadas pelo degelo, apresentam diferentes tons de azul, demonstrando a diferença de suas profundidades e da alcalinidade da água que recarregam seus reservatório. A bela Laguna Miñiques e seu vulcão ao lado esquerdo. Seguindo a diante na rota 23, o próximo ponto de parada é a Laguna Salar de Talar e as Piedras Rojas. Infelizmente este local não é mais aberto para visitação. Na primeira vez em que estive aqui, em 2015, eu e Jonas tivemos a oportunidade de caminhar pela laguna congelada e encarar o declive das Piedras Rojas, um grande campo de material piroclástico provindo da erupção do vulcão Miscanti. De qualquer forma, não deixa de ser bela a paisagem na beira da estrada. Momentos espetaculares e inesquecíveis vivenciamos ao longo deste incrível trajeto. A bela laguna do Salar de Tara. Antigamente era possível caminhar sobre suas águas congeladas. O mirante do Salar de Tara costuma ser o último ponto turístico visitado pelas agências de San Pedro de Atacama nesta rota. Uma pena, pois alguns quilômetros a frente é possível observar a imponente Laguna Tuyajto. Também formada pelo degelo das montanhas, suas águas apresentam um tom azul turquesa que contrasta com o amarelado das punas altiplânicas e o cinzento do solo árido. Laguna Tuyajto, parece uma pintura com suas águas azul turquesa. Após esta última parada era hora de voltar para San Pedro de Atacama. Planejamos dar uma volta pelo centro da cidade, a rua Caracoles à noite e fazer uma boa refeição, pois o dia seguinte seria um dos mais puxados da viagem. Dia 19/07/2019 - O poder das forças endógenas: A bacia geotérmica El Tatio Era por volta das 4h30 da manhã, ou melhor da madrugada, quando nosso despertador tocou. Sentimos aquele ímpeto desespero, porque tínhamos que levantar, deixando o calor de nossas cobertas para encarar o frio congelante do deserto. A ideia era ir até um famoso ponto turístico, os Gêyseres del Tatio. Localizado na bacia geotérmica de mesmo nome, esta área contém uma série de fissuras que são preenchidas com a água do degelo e que entra em contato com o magma em subsuperfície, alcançando uma temperatura próxima aos 85ºC e com colunas que podem chegar a alguns metros de altura. O El Tatio é o maior campo de gêiseres do hemisfério sul e terceiro maior do mundo, atrás do Parque Nacional de Yellowstone nos Estados Unidos e do Vale dos Gêyseres na Península de Kamtchaka na Rússia. O local apresenta uma altitude superior aos 4.200 metros em relação ao nível do mar e quase sempre as temperaturas são negativas. Ao nascer do sol, facilmente, as temperaturas podem chegar abaixo dos 15 graus celsius negativos. Contudo, apesar de ser a hora mais fria do dia, também é a mais recomendada para a visitação. Chegamos bem na hora do nascer do sol e, realmente, a temperatura estava muito baixa. As luvas não davam conta e nem nossas botas. Tentamos, inutilmente, acender nosso fogão de camping para fazer um café e não conseguimos sequer uma chama. Acreditamos que seja por conta da combinação do frio com o oxigênio rarefeito no local. Mas o frio não nos venceu, fizemos umas trilhas para ver de perto os gêyseres, um espetáculo à parte. A águas jorravam ao alto e quando caíam no chão, congelavam instantaneamente. A bela paisagem formada pela combinação dos raios solares atravessando as fumarolas dos gêyseres. O campo dos Gêyseres del Tatio tem um boa infraestrutura de visitação com muros que limitam a zona de segurança de observação dos fenômenos. Após a visitação a este magnífico lugar, seguimos a rota para a Reserva Nacional dos Flamencos. Acabamos errando o caminho e percorremos um longo trajeto em meio ao Salar de Atacama. O Salar de Atacama é bem diferente dos demais salares que visitamos ao longo de nossa viagem. Ele não apresenta aquela imensidão lisa e branca, pois o sal está misturado com o barro proveniente das escassas chuvas torrenciais que atingem a região em alguns dias do ano. Neste erro de trajeto, podemos adentrar uma área de uma mineradora que atua no salar, provavelmente retirando lítio, arsênio e outros recursos.Rapidamente, o guarda nos repreendeu dizendo que estávamos um uma zona privada e que a Reservas dos Flamencos era muito antes. Demos meia volta e seguimos a estrada, ou melhor o caminho que corta o Slar pelo meio. Enfim chegamos na tão procurada Reserva, um local de descanso e reprodução de flamingos. Alguns deles estavam próximo à área de observação o que nos rendeu um belo cenário. Contudo, é possível perceber os impactos da atividade mineradora no local, em 2015 eu já tinha visitado a região e a minha percepção era outra. As águas apresentavam um aspecto turvo, muito diferente do espelho cristalino que observei alguns anos atrás. Os flamingos se alimentam dos microorganismos que se desenvolvem nas áreas alagadas do salar. A bela cordilheira andina refletida no Salar de Atacama. E após esta última parada, estávamos praticamente finalizando nossa viagem. Agora era descansar para iniciar o caminho de retorno a nossa casa. Dia 20/07/2019 - A travessia dos Andes pela Rota 52 (Paso Jama) Com o sentimento de dever cumprido, arrumamos nossas malas e nos despedimos do Atacama. Percorreríamos a linda ruta 52, que atravessa os Andes do Chile à Argentina pelo Paso Jama. Assim que deixamos o vilarejo de San Pedro de Atacama uma longa subida , praticamente em linha reta, precisou ser vencida. Sem muitas dificuldades para a Triton, o caminho que se abre é um ponto alto da viagem. Logo alguns quilômetros estrada acima, nos aproximamos dos vulcões Licacanbur e Sairecabur. Os estratovulcões Licacanbur e Sairecabur vistos da janela da Triton. São vários incríveis minutos margeando estes vulcões. A paisagem é espetacular, em meio à aridez do Atacama, o Licacanbur destaca-se com o típico formato cônico recoberto com neve próximo à sua cratera. Seu cume supera os 6 mil metros de altitude, porém ele é só mais um dos vários vulcões que fazem parte do chamado Círculo de Fogo do Pacífico, que compreende a Cordilheira dos Andes, a América Central, a Sierra Madre mexicana, a falha de San Andreas, as montanhas de leste do Canadá e o Alaska no continente americano. O Círculo de Fogo do Pacífico tem esse nome, pois trata-se de uma região com intensa atividade vulcânica e sísmica. Mais de 80% dos terremotos e erupções no mundo ocorrem nesta região. Isto deve-se ao contato convergente de placas tectônicas, sejam do tipo continental com oceânica, no que diz respeito à América, ou oceânica com oceânica, quando ocorre na Ásia ou Oceania. Alguns quilômetros a frente e deixamos a linha de vulcões para trás e entramos no altiplano andino, uma área com cerca de 4 mil metros de altitude em média. Percorrendo a Ruta 52 não são poucos os salares, lagos congelados ou montanhas que margeiam a estrada, contrastando a bela paisagem com as condições extremas do local. O Salar de Tara, localizado à beira da Rota 52 é um excelente ponto de parada para apreciar a paisagem. Salar de Loyoques, outra bela parada às margens da Rota 52, Algumas horas à frente e já avistamos as Salinas Grandes, outro salar no caminho da Rota 52. Quando a avistamos, já sabíamos que estávamos perto da bela descida para Pumamarca, que havíamos realizado uma semana atrás. Porém desta vez não seguiríamos ao norte e sim iríamos a Salta, pousar e encarar os longos trechos de volta para casa. Dia 21/07/2019 - A travessia do Chaco: pela estrada ou pelo acostamento? Antes de seguirmos viagem, resolvemos aproveitar um pouco a linda cidade de Salta. O meu maior desejo era comer novamente um pancho, o cachorro-quente salteño. Em 2015, eu e Jonas ficamos alguns dias em Salta e todas as nossas refeições foram panchos, pois era a opção de comida mais barata, já que não tínhamos grana. Comi logo três panchos, uma delícia, pois o que o diferencia do nosso cachorro-quente são os molhos, eles oferecem cerca de 15 diferentes tipos de molho, alguns como Salame, Pizza, Roquefort etc. Ainda aproveitamos para ir no mercado comprar vinhos, afinal estávamos na Argentina e voltar ao Brasil sem nenhuma garrafa não era uma opção. Compras realizadas, seguimos viagem, o trajeto era longo, cerca de 700 km iríamos percorrer, mas achávamos que seria rápido, pois a Rota 16 é um reta infinita. Grande engano nosso, depois de umas duas horas de estrada, começou um longo trecho de buracos, ou melhor de crateras. Eram tantos que nossa velocidade média era de 20 km/h. O desespero começou a bater, naquele ritmo demoraríamos muito tempo para chegar. Diante dessa situação, resolvi agir, botei o carro fora da estrada, engatei o 4x4 e segui atravessando as vezes o pasto e plantações de soja. E dessa maneira conseguimos vencer este trecho que tinha uns longos 50 km. Como havíamos saído mais tarde de Salta, não iríamos conseguir chegar em uma hora adequada em Corrientes, por isso resolvemos pousar em uma cidade do Chaco mesmo. Escolhemos Saenz Roque Peña para procurarmos um hotel e demos muita sorte. Depois de pesquisar preços em pousadas e hotéis péssimos, resolvemos nos dar o luxo e ir dar uma olhada no hotel mais luxuoso da cidade o Gualok. E por incrível que pareça, ele tinha o preço parecido com as espeluncas que tínhamos visto antes, isto porque como somos estrangeiros, eles não cobram o IVA. A bela piscina do Hotel Spa Cassino Gualok. Recomendamos a estadia a todos que foram atravessar o Chaco. Ficamos muito animados, afinal o Gualok não era um hotel qualquer, era também um Spa e um Cassino. Logo fomos aos nossos aposentos, tomamos o melhor banho da viagem e já estávamos no saguão cobrando nossos drinks de cortesia. Sentados à beira da piscina, bebemos um pouco e tomamos coragem de ir ao cassino. Ao entrar no cassino, já fomos avisados que não era permitido tirar fotos, infelizmente. Mas o cenário era uma típica cena de filme de Las Vegas, aquelas mesas cheias de velhos apostando e perdendo dinheiro. Tentamos a sorte em umas máquinas caça-níqueis, mas obviamente, perdemos mais do que ganhamos. Mas tudo bem, gastamos menos que vinte reais e nos divertimos um pouco. Dia 22/07/2019 - Mais e mais asfalto - de Saens Roque Peña a Foz do Iguaçu Não tenho muito o que escrever sobre este dia, acordamos cedo e dirigimos até a noite, quando finalmente cruzamos a fronteira argentina e voltamos às terras tupiniquins. O único causo do dia foi que na província de Corrientes e exatamente no mesmo posto policial que havíamos pago propina uma semana atrás, eles nos pararam novamente. Fiquei muito irritado, nem cumprimentei o guarda e já fui falando que tudo estava em ordem e que já tínhamos sido parados aqui alguns dias atrás. Ele me observou com cara de poucos amigos, pediu para eu descer do carro e abri a caçamba. Fiz o que ele mandou e, prontamente, já comecei a tirar as malas sem ele pedir. Ele deve ter percebido minha irritação e falou para eu colocar tudo de volta e nos liberou. Assim, seguimos nosso longo trajeto. Ao chegar em Foz, optamos em ficar em um hotel próximo da fronteira, pois queríamos aproveitar e fazer umas compras no Paraguai. Dia 23/07/2019 - Ciudad del Este - O dilema da oportunidade versus o consumismo Não me alongarei muito sobre este dia, pois o resumo foram compras e mais compras. A Carol super empolgada para comprar apetrechos para nossa casa e o Jé e a Paty ansiosos pelo primeiro dia deles no mais famoso centro de compras da América do Sul. Obviamente aproveitamos algumas oportunidades e compramos o que mais vale a pena, os eletrônicos, lustres para casa, perfumes e bebidas. Todavia, voltamos ao Paraguai mais duas vezes ao longo do dia e resolvemos dormir mais uma noite em Foz para realizar todas as compras possíveis. Algumas das compras do Paraguai, a dificuldade seria caber tudo no carro. Dia 24/07/2019 - A volta é sempre mais demorada. Enfim em casa. Acordamos bem cedo, e a ainda fomos mais uma última vez para o Paraguai, pois a Carol havia esquecido de comprar o perfume para sua prima, a qual ela tinha prometido. De volta ao hotel, o maior desafio foi colocar tudo de volta no carro, além das dezenas de novas compras. Não sei como coube tudo, até dentro do pneu que estava no rack de teto colocamos coisas e assim partimos, torcendo para não sermos parados pela Receita Federal. O caminho de volta foi o pior de todos, muita obra na estrada, muitos caminhões no Paraná. Chegamos em Curitiba já era de noite, mas resolvemos encarar a volta completa sem parar. Chegamos em São Paulo já eram quase 2 horas da manhã e tivemos a melhor recepção de todas. Marx e Nietzsche com seus rabos abanando pareciam dois foguetes indo de uma lado para o outro quando ouviram o barulho do carro. Nos lamberam de ponta a ponta e quase que não deixaram nós descarregarmos o carro. Jeferson e Patrícia ainda encarariam mais duas horas de estrada até a casa deles em São Pedro-SP. Por isso, descarregamos o carro inteiro, arrumamos o porta-malas da Duster e eles seguiram. Nos despedimos com aquele sentimento mesclado de cansaço, dever cumprido e tristeza por ter acabado. E agora era voltar a vida normal com mais uma aventura pela frente. Mapa da rota percorrida
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