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  1. Primeiras Impressões do Egitão veio de guerra. Li em algum dos tantos blogs que visitei que “o Egito se vive, não se explica”. E é a mais pura verdade. Não tem como ficar indiferente em um país desses. As mais diferentes sensações se mesclam e se confundem ao mesmo tempo; uma mistura de exuberância e decadência, caos e esplendor. Poder ficar frente à frente com os templos gigantescos e construções milenares, onde viviam os Faraós e a mística dos deuses antigos é viver na pele as melhores aulas de História que tínhamos no colégio. Ao mesmo tempo em que se convive com muita miséria, um trânsito caótico e barulhento, uma quantidade de lixo absurda nas ruas e no interior dos prédios, uma poluição visível e perturbadora e um assédio de pessoas querendo te vender coisas e serviços que beira à loucura, mas apenas um triste retrato de um povo em busca de uns míseros trocados pra sobreviver. DICAS PRÁTICAS Um bom planejamento é meio caminho andado pra aproveitar a viagem de forma tranquila e sem muitos imprevistos. Assim, vamos tentar resumir aqui algumas dicas que com certeza vão responder várias das suas perguntas sobre uma viagem ao Egito. VISTO Você consegue fazer o visto tranquilamente no aeroporto assim que desembarcar no país. Antes de entrar na fila da Imigração, se dirija a um dos guichês de posto bancário que ficam bem em frente e compre seu visto por 25 dólares. O visto é um selo que se cola no passaporte e é válido por 30 dias. Lembrando: apesar de não terem nos pedido nada, o Governo do Egito exige o certificado da Vacina contra Febre Amarela (com no mínimo 10 dias de antecedência) e passaporte com validade mínima de 6 meses. Apesar de tampouco terem nos solicitado, sempre bom ter a mão a reserva dos primeiros dias de hotel (no nosso caso, usamos a própria reserva online no aplicativo do Booking, não precisa ter as reservas impressas). MOEDA A moeda usada no país é a Libra Egípcia (EGP). Fomos em Fevereiro de 2018 com uma cotação de 5,50 para 1 Real. Muito importante: quase nenhum estabelecimento aceita cartões de crédito! Você consegue usar o cartão apenas em alguns hotéis de maior porte e nas redes internacionais de restaurantes, como Pizza Hut e MC Donald´s. A imensa maioria de restaurantes locais só aceita dinheiro, assim como a bilheteria de todas as atrações. Leve Euro ou Dólares para trocar, mas é muito fácil e simples sacar dinheiro nos caixas eletrônicos no aeroporto e espalhados pela cidade toda. CUSTO DAS COISAS (EM MÉDIA) • Transporte: muito barato. Corridas de táxi em média de R$ 10 a R$ 15,00. Uber, mais barato ainda. Chegamos a pagar R$5,00 em algumas corridas. Os barquinhos que usamos pra atravessar o Nilo, tanto em Luxor quanto em Assuã, custavam 1 Libra ou seja, R$ 0,20. • Alimentação: média de R$50 por casal, em bons restaurantes. Não fomos a nenhum restaurante em hotéis, geralmente os mais conceituados e também os mais caros. Os lanches nas redes de Fast Food eram super baratos; comíamos os dois no MC com cerca de R$25,00. • Entradas nas atrações: o ingresso para entrada nos Templos e museus variava de R$ 10 a R$ 30,00. Gastamos um total de R$300 por pessoa em ingressos para cerca de 14 locais, dentre templos e museus (não inclusos os deslocamentos até o lugar; por exemplo, gastamos R$ 60 para a excursão em van turística de Assuã ao Templo de Abu Simbel, a 300 km de distância). • Hotéis: escolhemos sempre os melhores custo-benefício que podíamos. Nossos hotéis foram em média de categoria 3 estrelas. Usamos o site do Booking pra pesquisar porque obtemos descontos devido aos anos de fidelidade. O preço dos hotéis à primeira vista engana e parece ser mais barato, porque somente no final da reserva eles mostram os impostos adicionais, em torno de 26% sobre o valor. – Cairo: 1 diária no Valência Hotel, no Centro de Cairo – R$ 108,00 – Luxor: 5 diárias no Nile Compound Hotel a R$ 66 a diária. Um dos melhores hotéis da viagem (ler mais detalhes no post sobre Luxor). – Assuã: 2 diárias no Battota Nubian Guest House a R$96 a diária. Hotel ficava na Ilha de Elephantine do outro lago do Nilo, mas a uma travessia de alguns minutos de barco. (Ver mais sobre o hotel no post sobre Assuã). – Luxor (retorno de Assuã): 1 diária no Achti Resort a R$ 130. Resolvemos nos “dar de presente” uma diária no Resort, mas porque encontramos um preço muito atrativo. – Giza: 2 diárias no Giza Pyramids Inn a R$ 200 a diária. Hotel em frente ao complexo das pirâmides (ver mais detalhes no post sobre Cairo e Gizé). – Cairo: 2 diárias no Star Plazza Guesthouse no Bairro Dokki a R$ 122 a diária (ver mais detalhes no post sobre Cairo). PRINCIPAIS DESTINOS Como já explicamos na introdução, optamos por visitar apenas os lugares históricos. Nosso roteiro incluiu Cairo, Gizé, Luxor e Assuã. Foram 2 semanas no total, tempo suficiente para visitar tudo o que nos programamos. Talvez teríamos adicionado 1 dia a mais para conhecer melhor a cidade de Cairo, pois ficamos 3 dias em Gizé e 2 dias em Cairo apenas. MELHOR ÉPOCA Mantenha essa frase como mantra: evitar o Verão! Ouvimos dos guias e nos hotéis que as temperaturas giram em torno dos 40 graus, podendo chegar a 50. Vários templos e passeios são em meio a regiões desérticas, então imagino que seja mesmo insuportável passar algumas horas sob um sol escaldante pisando nas areias do Saara. Fomos final de Janeiro e confesso que estava mais frio que o esperado. Apesar de os dias todos serem de muito sol, as temperaturas giravam em torno dos 15 graus de dia e 10 à noite, o que exigia sempre estar de casaco. Alguns dias fez 20 e poucos graus e aí era possível ficar de camiseta no sol, nunca na sombra. Melhores meses: outubro a março Quente, mas dá pra aguentar: abril, maio e setembro Não vá nem a pau: junho, julho e agosto O QUE VESTIR Esse tópico é mais voltado pras meninas mesmo. Sempre tem gente alarmista pra falar que vão oferecer camelos em troca do nosso corpitcho ou que vão nos sequestrar e nos colocar numa caverna; que antes de ir bate um certo pavor mesmo. A real é a seguinte: os egípcios realmente têm um certo fascínio pelas mulheres ocidentais. Não tenho dados científicos, mas somente a minha percepção e histórias que ouvi dos guias e dos próprios egípcios como parâmetro. Como país massivamente muçulmano, grande parte das mulheres anda com o véu tapando os cabelos ou até mesmo de burca. Então quando eles vêem as gringas com seus cabelos esvoaçantes e roupas ocidentais, acabam achando diferente. Outra explicação me dada por um guia é que, apesar de já ser proibido por lei, a mutilação vaginal clitoriana é uma realidade muito comum por aqui. As famílias têm medo que as meninas, com a possibilidade de sentir tesão, percam a virgindade antes do casamento, o que seria uma tragédia pros valores muçulmanos. Então, os egípcios enxergam as estrangeiras como “mulheres fogosas”. A verdade é que eles olham sim e falam coisas “inocentes” como “que linda” ou “homem de sorte” pro seu marido/namorado. E pedem pra tirar fotos, muitas fotos. Então moças, tem que cuidar o que vai vestir. É um país muçulmano, com regras diferentes das nossas, não custa respeitar e jogar conforme o jogo. “Então vou comprar agora uma burca pela internet!” Não é pra tanto; vestir sempre calças ou vestido longo e não usar decotes já é suficiente. Alguns sites falam em não usar alças, mas não acho que seja um problema. Eu não precisei usar porque estava frio, mas teria usado tranquilamente uma regata. Ah, umbigo de fora também não é legal. Fiquei impressionada com as chinesas e seus shorts extremante curtos e mini blusas provocativas. Antes que as mais feministas me crucifiquem, acho sim que devemos respeitar a cultura quando estamos no país dos outros. Algumas vezes (leia-se: quando já estava de saco cheio) eu usei lenço na cabeça, mas porque queria “me disfarçar” o máximo possível, não que fosse preciso. SAÚDE A tarefa de achar bons restaurantes (que aparentem o mínimo de higiene) não é tão simples. Se vê muita comida de rua, expostas em carrinhos em condições no mínimo, duvidosas. Vimos açougues pendurarem as carnes no meio da calçada, sob o sol e sujeira. Minha opinião nesse quesito vai ser influenciada pela infecção estomacal que peguei de logo antes chegar no Egito, de algo que comi no Líbano. Passei 4 dias muito mal e meu radar pra comida estava bem mais sensível, digamos assim. Ao longo de toda a viagem meu estômago estava visivelmente alterado (traduzindo: tive “piriri” algumas vezes). Então é muito importante cuidar a água e beber apenas a mineral, comprada lacrada. Além de problemas estomacais, muitas doenças sérias são transmitidas pela água, como hepatite A, extremante comum no Egito. Quanto à alimentação, procuramos comer bastante nos hotéis em que estávamos hospedados, ou quando achávamos algum restaurante legal, repetíamos a dose. PASSEIOS Muita gente, mesmo, contrata os passeios com as agências de turismo, sendo que muitos já fazem inclusive toda a viagem fechada anteriormente, com as passagens, hotéis e passeios já inclusos e definidos. Nada contra, acho que isso é muito pessoal. A gente, todavia, acha terrível ter que seguir a boiada e não ter liberdade. Por isso, fomos por conta própria e a grande maioria dos passeios, fechávamos um dia antes, com o hotel. Depois de alguns dias, já mais habituados, inclusive fomos de táxi até o templo e lá na hora decidíamos se queríamos visita guiada ou não, pois em todas as atrações é possível contratar os guias no próprio local. Alguns templos fizemos com guia, assim como o museu do Cairo; outros, pesquisamos bastante a história na internet e íamos sozinhos. Confesso que às vezes era muito melhor ter completa liberdade pra tirar quantas fotos quiser e ficar até a hora que desse na telha. Um dos passeios contratamos por um site chamado getyourguide.com.br, onde varias agências ofertam todos os passeios possíveis conforme a data e o local. Esse passeio privado incluiu 4 templos, motorista e guia em espanhol e durou quase 9 horas, tendo custado 49 euros o casal. Achei que valeu a pena. A regra geral é sempre, sempre, pechinchar. Tudo. Quando te disserem um preço, baixe esse valor em pelo menos 40%, e lembre ao vendedor que no Brasil somos “pobres” e não temos dólar ou euro! Só pra vocês compararem, o passeio ao Templo de Abu Simbel custou R$ 60 por pessoa (ingressos a parte), incluindo o transporte de van por 300 km de Assuã até o local, com café da manhã fornecido no trajeto, sendo que o menor valor que encontrei por meio de agência foi de R$ 400. As opções são muitas: contratar uma agência de turismo, pedir para o hotel organizar o passeio ou ir de táxi ou Uber até o local e lá decidir se quer fazer o passeio com guia ou não, tudo vai depender de quanto está disposto a gastar!! Agora uma dica mega importante: evite os passeios mais famosos (como as Pirâmides, por exemplo) na sexta e sábado, que funcionam como o final de semana pra eles. Lá o domingo é dia útil e o primeiro da semana. E chegue o mais cedo que conseguir, pra tirar aquelas fotos “Mara” sem ninguém atrapalhando pra pôr no Instagram!! TRANSPORTE Esse tópico é divido entre os deslocamentos nas cidade e entre elas. Dentro das cidades usamos massivamente os táxis, mas sempre combinando o preço com o motorista antes (negociando bem o valor, é claro). Nos dias em que visitamos vários templos, achamos mais interessante contratar um motorista com o hotel, que ficava disponível quantas horas fossem pagas. Em Luxor, pagamos R$ 70 por cerca de 5 horas que utilizamos o serviço. Em Cairo utilizamos bastante o Uber, com preços mais baixos que os táxis, que já são baratos! Uma ideia também é verificar quanto custa a corrida com o Uber antes de entrar no táxi, caso você esteja com pressa. Em Luxor andamos também de tuc-tuc, aquelas motinhos de 3 rodas famosas também na Índia, mas só porque o trânsito era muito mais tranquilo que em Cairo. Em Luxor, caso seu hotel fique na margem oeste do Nilo, o ferry faz a travessia por 1 libra egípcia, e se não me engano funcionava 24 horas. Entre cidades: usamos o trem para nos deslocar entre Cairo e Luxor e entre Luxor e Assuã. Nas primeiras pesquisas sobre os trens, descobrimos que existe uma tal regra do Governo Egípcio sobre os turistas apenas poderem utilizar o trem turístico noturno entre Cairo e Luxor. Isso seria devido à segurança dos turistas desde os atentados de 2009. Particularmente, acredito estar mais segura em um trem com egípcios do que num trem lotado de turistas! Só que o tal trem custa a bagatela de U$ 100 dólares por pessoa, cerca de R$ 330! Existe o ponto que, como você dorme no trem, economiza uma diária de hotel, e as refeições estão incluídas; mas nós achamos ainda sim um tanto salgado pro nosso bolso, já que os tickets sairiam R$ 660 por casal, cada trecho!(site da cia. http://www.wataniasleepingtrains.com/). Descobrimos que havia alguns jeitos de burlar a regra e comprar os tickets dos trens diários expressos regulares. Um dos jeitos é comprar os tickets online pelo site oficial das linhas férreas egípcias (https://enr.gov.eg), onde existe a opção em inglês e você faz um cadastro, escolhe o destino e horário do trem, podendo reservar apenas 2 assentos por cadastro. Depois, só precisa imprimir e comemorar que poupou R$ 300 por pessoa nessa brincadeira! Sim, o ticket de 1a classe, com um dos assentos mais reclináveis e largos que já vi e ar condicionado custou R$ 33 por pessoa. Escolhemos o trem “expresso” (não sei bem porque tem esse nome já que pára em todas as principais estações até Luxor) 980, que partiu às 08 da manhã e chegou ao destino as 19 horas, 11 horas depois. O trem tem banheiro (pra usar quando estiver muito apertado) e eles inclusive vendem lanches (não quisemos arriscar e levamos salgadinhos mesmo), sendo que a paisagem das montanhas costeando o Nilo, chegando em Luxor, é muito interessante! Outro jeito seria comprar o ticket nas máquinas eletrônicas na estação de trem, mas tentei em vão encontrar a opção em inglês, quando tentamos comprar os tickets de Luxor para Assuã. Por fim, você pode solicitar que o hotel envie alguém para comprar os bilhetes na estação, já que os guichês são proibidos de vendê-los aos turistas por causa da tal regra de segurança. Uma vez com os tickets na mão, é só ir à estação e procurar seu trem e vagão (uma tarefa um pouquinho árdua, mas todo mundo é super solícito pra ajudar), e apresentar os bilhetes ao fiscal quando solicitados, sendo que este não está nem um pouco interessado se você é ou não turista. O retorno de Luxor a Cairo fizemos com avião em virtude da economia de tempo mesmo (Cia. aérea Nile Air, cerca de R$300 por pessoa), considerando que o vôo leva 1 hora em comparação com as 11 horas do trem. Por fim, também fomos de trem de Luxor a Assuã, tendo pedido ao nosso motorista de um dos passeios que comprasse os tickets na estação, a um custo de R$ 16 por pessoa cada trecho. A viagem também foi em cabine de 1a classe e levou cerca de 3,5 horas pra chegar ao destino. Se você quiser mais informações sobre os trechos disponíveis de trem dentro do Egito, esse site é completíssimo: https://www.seat61.com/Egypt.htm CHIP DE INTERNET Já estamos acostumados à tarefa de comprar um chip assim que desembarcamos em cada país. Usamos muito a internet para as postagens diárias nas redes sociais, além de servir para coisas extremamente úteis como se deslocar com o GPS, chamar um Uber e pesquisar sobre as cidades e atrações do local (muitas vezes fazemos isso no mesmo dia ou na hora em que estamos visitando o lugar, por completa falta de tempo de fazer todas as pesquisas antes). Existem duas empresas internacionais que comercializam os SIM cards pra turistas, a Orange e a Vodafone. Como usamos bastante os chips da Vodafone em outros países e geralmente ficamos bem satisfeitos com o sinal, optamos por ela mesma. Compramos um SIM Card com 10 Giga de internet e ligações locais por R$ 35, um dos mais baratos que utilizamos até hoje. Necessária apresentação do passaporte. A internet funcionou em todos os lugares, apenas com a velocidade mais restrita e acesso em 3G, pois o serviço de internet oferecido no país é limitado. Tentamos abordar nesse post todos os assuntos que consideramos mais importantes. Tenho certeza que depois desse texto você está bem mais tranquilo e confiante com a sua viagem ao Egito!!! Se surgirem outras dúvidas, nos mandem email ou contate-nos através das redes sociais do @pandoraontheroad (links no rodapé da página principal).tantes. Tenho certeza que depois desse texto você está bem mais tranquilo e confiante com a sua viagem ao Egito!!! Se surgirem outras dúvidas, nos mandem email ou contate-nos através das redes sociais do @pandoraontheroad (links no rodapé da página principal). Instagram : https://www.instagram.com/pandoraontheroad/
  2. Resumo: Itinerário: Amsterdã (Holanda) → Cairo → Alexandria → Assuã → Luxor → Santa Catarina → Sharm El Sheikh → Cairo → Amsterdã (Holanda) Período: 02/08/1998 a 14/08/1998 03/08: Amsterdã (Holanda) 04/08: Cairo (Egito) 06: Alexandria 07: Assuã 09: Luxor 11: Santa Catarina 12: Sharm El Sheikh 13: Cairo (Egito) 14: Amsterdã (Holanda) 14: São Paulo Ida: Voo de São Paulo ao Cairo pela KLM (que se fundiu com a Air France posteriormente), com parada de algumas horas em Amsterdã, o que me permitiu dar um passeio pela cidade. Volta: Voo do Cairo a São Paulo pela KLM, com conexão em Amsterdã. Nesta conexão não saí do aeroporto. O preço de ida e volta foi cerca de US$ 1,200.00. Considerações Gerais: Não pretendo aqui fazer um relato detalhado, mas apenas descrever a viagem com as informações que considerar mais relevantes para quem pretende fazer um roteiro semelhante, principalmente o trajeto, acomodações, meios de transporte e informações adicionais que eu achar relevantes. Nesta época eu ainda não registrava detalhadamente as informações, então albergues, pousadas, hotéis e meios de transporte poderão não ter informações detalhadas, mas procurarei citar as informações de que eu lembrar para tentar dar a melhor ideia possível a quem desejar repetir o trajeto e ter uma base para pesquisar detalhes. Depois de tanto tempo os preços que eu citar serão somente para referência e análise da relação entre eles, pois já devem ter mudado muito. Sobre os locais a visitar, só vou citar os de que mais gostei ou que estiverem fora dos roteiros tradicionais. Os outros pode-se ver facilmente nos roteiros disponíveis na internet. Os meus itens preferidos geralmente relacionam-se à Natureza e à Espiritualidade. Informações Gerais: Em toda a viagem só houve sol. E que sol ☀️. No Cairo, em Assuã e em Luxor disseram-me que os termômetros chegaram a cerca de 55C à sombra (foi o que disseram, mas não sei se era real). Temperatura um pouco mais baixa, cerca de 15C, só de madrugada em cima do Monte Sinai. Chamou-me muita atenção o deserto. Achei um ambiente lindo, mas extremamente hostil à vida. Inclusive tive um episódio de dificuldade com ele. A população de uma maneira geral foi muito cordial e gentil 👍. Fui muito bem tratado em toda a viagem, com raras exceções. Porém houve muitas pessoas ligadas ao turismo que desejavam vender produtos ou serviços a qualquer custo, acompanhando-me por vários minutos fazendo ofertas. Muitos outros atendentes de locais turísticos reiteradamente pediam gorjetas. Alguns hotéis pediram para ficar com o passaporte, o que não me agradou, dado que era meu documento de identificação. Diziam para eu andar com um cartão do hotel, caso fosse perguntado. Tive grandes dificuldades com a língua, pois a população em geral não falava inglês. Por isso precisei comunicar-me muito com as mãos, fazendo gestos. As paisagens e itens ao longo da viagem agradaram-me muito, com templos, pirâmides, santuários, palácios, museus, monumentos, montanhas, rios, praias, ilhas, áreas naturais e outros . Especialmente gostei da experiência no Monte Sinai, do Rio Nilo, do Mar Vermelho, do Deserto do Saara e do Templo de Karnak. Andei de carro alugado com motorista a maior parte do tempo. Para ir ao Sul peguei um trem. Fiz um cruzeiro pelo Rio Nilo por sugestão de uma amiga. Achei as estradas bem razoáveis. O trânsito foi um capítulo à parte. Completamente caótico para o meu padrão, principalmente no Cairo e em Alexandria, com muitos veículos e com pedestres, que não pareciam se preocupar com sua segurança. Mas eu ainda não tinha visto nada. Na Índia conheceria um trânsito muito mais caótico. A viagem teve alguns episódios complicados, mas nada que me parecesse realmente ter ameaçado minha segurança. Em Luxor, um guia local disse-me que se fosse fazer um passeio por conta própria, poderia ser alvo de terroristas. Gostei da comida local, mas também fui a locais de comida rápida, como McDonald's. Os preços no Egito eram um pouco mais baixos do que no Brasil, mas como eu achei que tinha pouco tempo, e dada a minha inexperiência, acabei comprando uma excursão, o que fez com que a viagem custasse mais do que poderia. Uma amiga, que já havia estado lá, deu-me várias sugestões de locais a conhecer e falou de eventos pelos quais tinha passado na sua viagem. Isso facilitou um pouco a viagem para mim. Eu planejei esta viagem de apenas 2 semanas porque estava saindo do meu emprego (dei cerca de 3 meses de aviso prévio, até entregar o projeto em que estava e mais vários pacotes adicionais) e tinha entendido que tinha sido contratado por uma consultoria, e achei que não esperariam por tanto tempo. Quando voltei, descobri que tinha havido algum mal-entendido ou eles tinham mudado de ideia e eu estava desempregado. Aprendi a não mais restringir minhas viagens por uma razão como estas. A Viagem: Fui de SP a Amsterdã no domingo 02/08/1998. Cheguei lá na 2.a feira 03/08/1998 no início da tarde. No avião vi uma propaganda sobre city tour em Amsterdã para paradas a partir de 3h, se bem me lembro. Minha parada era de cerca de 6h, então pensei na possibilidade de fazê-lo. Durante o voo fui conversando com um homem holandês de uns 70 ou 80 anos, que falava fluentemente português. Se bem me recordo, acho que morava em Holambra. Quando avistamos terra, ele apontou e me disse que era Portugal. Deu-me várias informações sobre a Holanda e falou que quase todos falavam inglês. Ao chegarmos, pareceu-me falar com orgulho do Aeroporto Schiphol, mostrando-me as obras sendo feitas e dizendo que estavam sempre melhorando. Amsterdã: Ao chegar ao aeroporto, em minha primeira viagem fora da América do Sul e em um país que não falava nem português nem espanhol, fiquei com um misto de receio e vergonha de me dirigir ao atendimento. Mas fui em frente. Após perguntar à atendente se ela falava português ou espanhol e ela dizer que só inglês, consegui descobrir informações sobre confirmação de conexões, horários e portões. Chamou-me a atenção como as holandesas eram bonitas 👩‍🦰. Geralmente meu padrão de beleza favorito é latino, mas realmente elas, apesar de terem cabelos e olhos claros, pareceram-me muito belas. Fui até a agência de turismo do anúncio no avião e perguntei sobre o city tour. Dava para fazer no tempo que eu tinha e iria sair em breve. Custava 35 florins, que eu disse para o atendente que era bastante caro, o que me pareceu desagradá-lo, quando respondeu confirmando que sabia disso. Dava cerca de uns US$ 20.00. Paguei e saímos logo a seguir. Fui acompanhado por um casal de irlandeses, se bem me recordo (britânicos eram). Para as atrações de Amsterdã veja https://guia.melhoresdestinos.com.br/o-que-fazer-amsterda-59-334-p.html e https://wikitravel.org/en/Amsterdam. Achei a cidade muito bela, na rápida visita que foi possível. Os canais no meio das ruas, que o guia disse serem de água doce, as construções típicas, a área verde do aeroporto até a região mais povoada etc. Não entrei, mas vi de longe a fila para entrar na Casa de Anne Frank. Passamos pela área central de cafés e pontos de diversão, em que profissionais do sexo ficavam dentro de vitrines esperando por clientes. Passamos também pela praça central (acho que era a Praça Dam). No fim, paramos em uma espécie de fazenda, em que nos mostraram o processo de criação das vacas e fabricação de queijo. Havia uma loja, onde apreciamos os produtos, mas nenhum de nós comprou nada. Acho que isso aborreceu um pouco o guia, que no retorno nos relatou estar com dor de cabeça. As ruas, estradas e o carro do city tour eram muito bons. Tive alguma dificuldade com o inglês em algumas ocasiões, mas no geral foi possível entender e ser entendido. Após chegar ao aeroporto, embarquei numa subsidiária da KLM para o norte da África, a Martinair. Saímos por volta de 20h. O voo foi tranquilo, mas estava cheio. Havia duas mulheres com trajes típicos árabes nos bancos à minha frente. Quando chegamos, perto de 1h da 3.a feira 04/08, uma delas, que carregava 2 bebês, um em cada braço, aparentemente começou a passar mal. Estava sentada, girava os braços com os bebês de um lado para o outro e tinha fisionomia de quem parecia que estava em delírio. A outra estava dando risada ao lado. Eu fui abrir o compartimento de bagagem para pegar minha mochila e caiu uma caneta no chão, perto delas. A outra deu mais risada ainda. Eu fechei imediatamente. Esperei um pouco e abri novamente e caiu algum outro objeto pequeno. Desta vez ela me olhou com repreensão. Concordei com ela e fechei o compartimento, até que a porta fosse aberta, a sua amiga voltasse a si e não houvesse risco aos bebês. Egito: O processo de imigração foi um pouco lento e com alguma rispidez. Acho que o idioma influiu nisso, pois eu não falava muito bem inglês e também não era a língua deles. Concluído o processo de entrada eu saí da área reservada e fui para o saguão de desembarque do aeroporto. Logo veio um rapaz oferecer-me serviços turísticos, mas em princípio eu recusei. Tentei usar meu cartão Visa Electron, diretamente ligado à minha conta no Brasil, para sacar o dinheiro inicial para a viagem. A máquina parecia meio antiga, se comparada às existentes no Brasil. Coloquei o cartão, mas ela parecia não aceitar bem. Empurrei com um pouco mais de força. Ela aceitou, mas travou o cartão e o engoliu. Eu quase não tinha levado dinheiro em espécie. Apareceram rapidamente duas pessoas locais que estavam no saguão e ficaram ao redor da máquina. O rapaz que havia oferecido apoio pediu a eles que não fizessem isso e disse que meu problema era seu problema e que iria me ajudar. Foi procurar o responsável pela máquina. Eu estava preocupado com a situação. Após algum tempo, veio um homem, aparentemente de pijama (estava de gorro com bolinha pendurada por um fio em cima), com uma chave abriu a máquina, devolveu-me o cartão, fechou-a e a religou 😃. Eu agradeci muito. Paralelamente chegou um agente de turismo, acho que seu nome era Ahmed, provavelmente chamado pelo rapaz que havia me oferecido apoio e me ajudou com o cartão, e começamos a conversar. Dada a dificuldade da entrada e percebendo a dificuldade na comunicação devido à língua, comecei a cotar com ele o preço de uma excursão. Falei da quantidade de dias e do interesse num possível cruzeiro no Rio Nilo, que uma amiga havia sugerido. Ele fez uma sugestão de roteiro com Cairo e arredores, Alexandria e um cruzeiro pelo Rio Nilo passando por Assuã, Luxor e arredores. Eu gostei, mas disse a ele que desejava conhecer o Monte Sinai e o Mar Vermelho. Ele se surpreendeu e disse um pouco exaltado “Are you crazy my friend? Do you know where Sinai Mountain is? - Você está louco meu amigo? Você sabe onde fica o Monte Sinai?” 😃. Eu calmamente abri minha mochila, peguei uma revista Geográfica Universal (que localizei e está a meu lado agora, enquanto escrevo), folheei algumas páginas e mostrei para ele uma foto do Mosteiro de Santa Catarina aos pés do Monte Sinai. Ele fez uma expressão de decepção, deu uma pausa e me perguntou depois qual era meu objetivo. Eu respondi que meu interesse era espiritual e místico. Ele pensou, se me recordo que deu um telefonema, e depois me propôs que fossem reduzidos alguns dias dos outros trechos e que eu viajasse para o Monte Sinai para chegar ao entardecer, dormisse no Mosteiro, subisse durante a madrugada e visse o nascer do sol do pico. Eu adorei a ideia 👍. Na mesma revista, ele me mostrou a foto de Sharm El Sheikh, banhada pelo Mar Vermelho. Perguntou-me porque eu queria ir até lá e eu respondi que adorava praias e só desejava molhar as canelas. Ele riu e me disse que para molhar as canelas eu teria que andar muito, mas como já tinha concordado com a ida ao Sinai e o Mar Vermelho era um pouco à frente, não ficou muito incomodado e viabilizou 1 dia no Mar Vermelho. Depois de tudo combinado, ele me disse que queria seu dinheiro. Não me lembro do valor com exatidão, mas creio que foi um pouco mais de US$ 1,000.00. Eu expliquei o problema que havia ocorrido com a máquina, mas como ela tinha voltado a funcionar, fui dar uma olhada nela. Resolvi tentar, desta vez com a maior delicadeza possível e bem devagar. A máquina aceitou o cartão, processou-o, deixou-me navegar nas transações e me liberou o dinheiro e o cartão 🙏. A seguir, o agente direcionou-me para um motorista que me levou ao hotel que ele havia indicado, sem problemas. Acho que o hotel chamava-se Faraó ou Concorde ou algo semelhante. Para as atrações do Cairo veja https://www.lonelyplanet.com/egypt/cairo/attractions, https://wikitravel.org/en/Cairo e https://visitafrica.site/visit-cairo.html. Os pontos de que mais gostei foram o Complexo das Pirâmides, o Deserto do Saara, o Museu Egípcio, o Rio Nilo, A Mesquita de Citadel, o Mercado Khan El Khalili, a área de Giza, a área de Memphis, mesquitas populares, galerias de arte local e a cidade como um todo . Na 3.a feira 04/08 pela manhã, após dormir um pouco, tomei café da manhã. O guia e o motorista vieram até o hotel para sairmos para conhecer a cidade, o que repetimos na 4.a feira dia 05/08. Numa das manhãs fomos ao Museu do Egito , que me pareceu muito interessante, com muitos monumentos e objetos típicos do Antigo Egito. Na outra manhã fomos ao Complexo de Citadel , que possuía uma enorme mesquita, mas não frequentada, acho que apenas para visitação de turistas. Numa das tardes fomos visitar o Complexo das Pirâmides, em Giza . Nesse dia aproveitei e entrei numa delas, na de Quéfren, a intermediária. O interior estava vazio, mas foi interessante ver como as pessoas precisavam curvar-se para poder entrar nas passagens. Na saída acabei andando de camelo, mesmo sem querer, que pensei que estava incluído, mas depois veio o cuidador cobrar o passeio. Havia conjuntos habitacionais no entorno das pirâmides, o que tirava bastante daquele ambiente histórico delas no meio do deserto, que eu tinha imaginado. Depois de conhecer as pirâmides e a Esfinge, tive uma ideia brilhante 😃. Resolvi dar um passeio a pé no deserto, por conta própria, sem equipamento nenhum nem água. A temperatura estava por volta de 50C à sombra (foi o que disseram, mas não sei se era real). Era o meio da tarde. Andei cerca de 15 ou 20 minutos, até perder as pirâmides de vista, pois ficaram encobertas pelas dunas. Olhei para o deserto à frente, só com dunas e areia. Pensei em andar um pouco mais, talvez mais uns 15 ou 20 minutos. Mas pensei melhor e resolvi voltar 🙏. Foi a minha sorte. No meio do caminho de volta, já estava com muita sede, provavelmente com princípio de desidratação. Quando cheguei de volta às pirâmides, estava morto de sede. Entrei numa loja do KFC ou McDonald's (acho que era KFC), em busca de algo para beber, mas o guia me viu e disse para irmos, que eu poderia beber no caminho. Levou-me então a lojas de itens de ouro e joias e lojas de tecidos e tapetes para eu conhecer. Eu peguntei ao dono onde havia algo que pudesse comprar para beber. Seu empregado me trouxe uma garrafa de coca cola padrão de cerca de 300 ml. Eu bebi quase num gole só 😃. Percebi que ele ficou surpreso. Ele pacientemente apresentava-me os itens, que achava que eu poderia comprar, mas eu não quis nenhum. Perguntei novamente onde poderia comprar algo para beber. Depois de algum tempo, seu empregado me trouxe outra coca cola, Bebi com mais calma, mas, ainda assim, com grande ímpeto. Já bem melhor, deixei claro meu interesse por comprar algum líquido para beber e que não pretendia comprar nada mais, apenas desejava levar lembranças no coração. Ele acabou sua explicação, ficou decepcionado por eu não ter comprado nada e disse que não haviam mais coca colas. Eu agradeci e perguntei quanto era, mas ele disse que não era nada e fazia parte da hospitalidade egípcia. Na loja de tecidos e tapetes, comigo já bem mais hidratado, pacientemente ouvi o atendente explicar sobre os itens, mas repeti que apenas desejava levar lembranças no coração. Numa outra ocasião fomos a Memphis, onde me impressionou o Colosso de Ramsés II. Em uma das ocasiões, vi moedas da época de Alexandre Magno no museu. Depois, na rua, o guia mostrou-me um homem vendendo moedas idênticas (até o desgaste pelo tempo era igual). Se eram falsificações, eram muito bem feitas. Acho que eram autênticas, o que me deu um sentimento de melancolia, pois mostra que nossa civilização quase não dá importância às civilizações antigas. Em outra ocasião um atendente de uma loja de papiros contou-me a história do mito de Ísis e Osíris (https://www.muitocurioso.pt/o-mito-de-isis-e-osiris-a-historia-completa). Numa visita a uma loja (acho que o guia ganhava comissões por me levar a elas), ofereceram-me hibisco para beber. Eu aceitei e elogiei, dizendo que estava delicioso. O homem que me ofereceu olhou-me seriamente e disse para o guia, como que em tom de estranhamento "Ele disse que é delicioso". Quando saímos de lá, perguntei ao guia se costumavam beber hibisco. Ele me disse que não, que era um costume muito negativo aos olhos deles. Como o hibisco não é alcoólico, não sei se entendi bem a situação (posto que bebida alcoólica é reprovada no Islamismo). Numa das tardes, em que havíamos chegado cedo, perguntei ao motorista Iasser (acho que era este o nome) se poderia levar-me ao Mercado Khan El Khalili, que não estava no roteiro. Disse que sim e combinamos o preço. Ele não falava inglês, mas conseguimos nos entender razoavelmente. Achei o mercado bem interessante, com tanta variedade de produtos típicos. Pareceu-me enorme. Dentro, pude conhecer uma mesquita não turística, que era lotada. Entrei com cautela e explorei seus vários pontos. Nesta e em outras ocasiões, Iasser ajudou-me a aprender algumas palavras em árabe e sempre procurou ajudar-me em tudo o que podia. Ele era bem jovem. Imagino que tivesse uns 20 anos. Numa das tardes, após chegar dos passeios, resolvi sair por conta própria para andar. Achei bem interessante os arredores do hotel e a área nas margens do Rio Nilo. Entrei numa pequena vila onde havia uma loja de artes (papiros etc). Perguntei se poderia entrar para ver os itens e os donos concordaram. Mas eles queriam vender-me de qualquer modo. Após conversarmos bastante e eles fazerem muitas ofertas, disse amistosamente que iria embora. Um deles me disse que gostaria que eu comprasse algo com o dinheiro que tinha na minha carteira, apontando para o meu bolso, num gesto demonstrando um pouco de insatisfação. Fiquei meio preocupado com o ocorrido, despedi-me e saí. Após andar um pouco em direção à saída da vila, vi 2 homens andando rápido em minha direção. Eles gesticulavam e falavam alto. Eu acelerei o passo e eles também. Pensei que tinha cometido algum tipo de ofensa e acelerei mais ainda, quase correndo. Eles aceleraram também e começaram a gritar. Ao chegar ao fim da vila, que saía numa enorme avenida, tentei passar no meio de dois carros estacionados, para ver se me livrava da situação, mas acabei ficando entalado. Pensei que estava encrencado e que poderia sofrer algum tipo de violência. Eles vieram em minha direção, desviaram dos carros e foram em frente. Eles estavam gritando para o motorista do ônibus que pretendiam pegar. Por isso estavam correndo também 😃. Depois de ficar uns 2 minutos rindo da minha ignorância, eu me desentalei e voltei ao hotel. No caminho um homem veio até mim e me fez uma pergunta em árabe apontando para seu relógio (acho que procurava alguém para consertar ou queria saber algo sobre a hora). Eu respondi em inglês, ele sorriu e me disse que pensou que eu fosse egípcio. Posto que eu era estrangeiro, convidou-me para ir a sua loja, pois tinha vários itens à venda 😃. Numa das noites, fui jantar num McDonald's. O atendente pareceu entender meu pedido, mas começou a fazer gestos que eu não entendi. Depois de repetir algumas vezes, sem que eu tivesse entendido, uma mulher que estava à minha frente, com trajes típicos árabes, virou-se para mim e me disse em inglês, bem claro, que ele estava me perguntando se eu queria comer no restaurante ou era para viagem 😃. Vi o guia fazer orações ao longo do dia, conforme recomenda o Islamismo, ajoelhando-se e voltado para Meca. Chamou-me atenção as mesquitas também chamarem pelos alto-falantes as pessoas para rezar nos vários horários indicados. Nestes passeios, pude ver como era caótico o trânsito do Cairo, bem mais complicado que o de São Paulo e do Rio de Janeiro, na minha opinião. Atravessar vias movimentadas não foi uma tarefa fácil para mim. Na 5.a feira 06/08, fomos até Alexandria. Saímos bem de manhã e voltamos no fim do dia, pois eu embarcaria para Assuã num trem que viajaria durante a noite. Para as atrações de Alexandria veja https://wikitravel.org/en/Alexandria, https://visitafrica.site/visit-alexandria.html e https://www.lonelyplanet.com/egypt/mediterranean-coast/alexandria. Os pontos de que mais gostei foram o Mar Mediterrâneo, as catacumbas, o anfiteatro romano, as áreas naturais, os monumentos e a cidade como um todo . Estava um dia bem quente, mas não tanto quanto no Cairo. Talvez uns 35C. O trânsito também parecia ligeiramente mais leve do que no Cairo, embora tenhamos presenciado um acidente ao longo do dia. Passamos pela praia, onde descemos e fui dar a volta numa espécie de construção antiga, aparentemente sem uso, onde havia apenas pescadores ou pessoas em situação de rua ou sob efeito de álcool ou alguma outra substância. Um deles inclusive pediu-me dinheiro. A vista do Mar Mediterrâneo pareceu-me linda. Interessante como nesta região os egípcios locais entram na água de roupa comum mesmo ou com roupas que cobrem todo o corpo. E, mesmo com o enorme calor, achei que havia muito poucas pessoas na praia, principalmente na água, comparado com o que seria no Brasil. O guia explicou-me que na cultura islâmica, ir à praia com roupa de banho é considerado muito negativo moralmente. O guia falou também da direção e da distância para a localidade em que os nazistas foram derrotados na 2a Guerra Mundial (acho que era El Alamein). Fiquei tentando descobrir onde teria sido a famosa Biblioteca de Alexandria. Ainda não existia a nova, que foi inaugurada alguns anos depois. O Farol de Alexandria vim a saber depois que tinha sido onde atualmente é a Cidadela de Qaitbay. Fomos visitar uma catacumba. No caminho encontramos uma mulher vestida inteiramente de preto, que provavelmente tinha ido visitar onde seu marido estava enterrado. O guia explicou-me que muitas viúvas vestem-se assim por vários anos. Disse-me que sua mãe havia usado preto por bastante tempo depois que seu pai tinha morrido. Achei muito interessantes as catacumbas e imediatamente lembrei-me que os primeiros cristãos reuniam-se nelas em Roma para fazer suas celebrações, inclusive como forma de fugir das perseguições. A temperatura lá dentro era bem mais amena, uns 10C a menos do que lá fora, provavelmente por causa das paredes de barro. Foi um alívio ficar lá por algum tempo. Passamos por um anfiteatro romano, muito bem conservado. Achei-o bem interessante. Passamos também por alguns outros monumentos e construções antigas. Almoçamos num restaurante local. O guia perguntou-me se eu queria feijão. Eu disse que sim, esperando que viesse um prato com vários itens, incluindo feijão. Depois de algum tempo veio um prato somente com feijão 😃. Ele sorriu e disse “Feijão”. Eu sorri levemente, mas um poco decepcionado e surpreso. Depois chegaram para acompanhar bolinhos de carne e pão árabe, se me recordo. À tarde fomos a uma região com hotéis, palmeiras, área verde e similares. Pareceu-me uma área bem agradável, com belas paisagens. O guia me disse que ali estavam hotéis muito caros, com diárias de centenas de dólares, que em outros países seriam várias vezes mais caros. No fim do dia voltamos para o Cairo. No carro tocava uma música que repetia muito a expressão “ia habib”. Havia também uma propaganda no Brasil em que uma música usava esta expressão. Eu perguntei ao guia o que significava “ia habib”. Ele pareceu surpreso e perguntou “o que?”. Eu repeti a pergunta, bem devagar. Aí ele riu, percebeu que eu estava ouvindo a música, e disse que significava “meu amor” e era para eu dizer para minha namorada. O guia me disse que era costume haver pagamento de uma gorjeta pelos serviços dos guias. Eu não imaginava e nem esperava. Achei que já estava tudo no preço do pacote. Se bem me recordo, dei-lhe cerca do equivalente a R$ 15,00 atuais. Ele comentou que era uma gorjeta muito baixa. Eu dei mais R$ 15,00 então. Acho que ele se ofendeu. Começou a me tratar com gritos. Precisávamos atravessar uma rua para comprar a passagem do trem ou obter algum tipo de documento e, fora das zonas de travessia, pareceu-me perigoso e resolvi esperar, mas ele disse que eu tinha que ir e eu, com algum cuidado, fui. Ele quase foi atropelado. Acho que tinha ficado transtornado porque esperava uma gorjeta muito maior. Ele foi me embarcar, levou-me até meu assento, deu-me orientações e se despediu. Eu me despedi, mas coloquei no bolso da camisa dele, antes de partir, o equivalente a R$ 150,00 atuais, se bem me lembro. Depois de algum tempo, o motorista, que tinha ficado triste com a situação, veio até a minha janela feliz, dizendo que o guia iria voltar a falar comigo. Em pouco tempo ele chegou, voltou a me tratar cordialmente, deu-me seu cartão, caso eu precisasse de algo, despediu-se novamente e, depois, ficou na janela até o trem partir. Viajei durante a noite e cheguei em Assuã pela manhã. Os relatos que eu havia lido antes de viajar diziam que os ataques dos grupos terroristas a turistas costumavam ocorrer no sul do país. Nove meses antes, um ataque no Templo de Hatshepsut tinha matado 58 turistas e 4 egípcios. A viagem foi tranquila. Pena que por ser à noite, não deu para apreciar a paisagem plenamente. Cheguei na 6.a feira 07/08 e fui procurar o barco do cruzeiro que havia comprado. Pareceu-me um bom barco 🛥️. Fiz os procedimentos de entrada e fui para o primeiro passeio. Como meu pacote era o mais básico, só tinha direito a motorista, sem guia. Logo que entrei no carro o motorista mostrou-me um crucifixo, dizendo que era cristão. Por ser uma 6.a feira, dia dedicado a Alá, creio que os motoristas muçulmanos não estavam trabalhando. O cruzeiro durou 3 noites e 4 dias, acabando na 2.a feira de manhã. Fomos de Assuã a Luxor, passando por ilhas e pequenas vilas às margens do Nilo. Em alguns locais havia apoio para passeios em terra. Acabei ficando na mesa com 2 italianas (acho que eram Ida e Ana Paula) e seu guia egípcio. O guia deu-me muitas sugestões sobre o que conhecer ao longo da viagem. Conversamos bastante sobre o Brasil, a Itália e a vida em geral. Um dos garçons, certa vez, comentou como eu tomava coca cola. Minha camisa tinha a marca da Coca-Cola também. Acho que foi uma das últimas ocasiões em que tomei coca colas, pelo que me lembro. Quando eu estava sozinho me servindo nas refeições, os cozinheiros disseram-me para descansar no primeiro dia e me alimentar bem, pois eu precisaria de muita energia para namorar as 2. Como eu não tinha esta pretensão, só dei risada 😃. Para as atrações de Assuã e arredores veja https://wikitravel.org/en/Aswan, https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/aswan/ e https://www.lonelyplanet.com/egypt/nile-valley/aswan. Os pontos de que mais gostei foram a represa, o Rio Nilo, a Ilha de Philae, a Ilha Elefantina, os monumentos do antigo Egito e os núbios . Gostei também das paradas de Kom Ombo e Edfu e seus templos e monumentos. E gostei da navegação pelo Rio Nilo . Para as atrações de Luxor e arredores veja https://wikitravel.org/en/Luxor, https://viagemeturismo.abril.com.br/cidades/luxor/ e https://www.lonelyplanet.com/egypt/nile-valley/luxor. Os pontos de que mais gostei foram o Templo de Karnak, o Vale dos Reis, o Templo de Hatshepsut, os monumentos do antigo Egito e o Rio Nilo . O sol aqui era inclemente ☀️. A temperatura nas horas mais quentes disseram-me que ficava entre 50C e 55C (foi o que disseram, mas não sei se era real). Num dos dias cheguei a tomar cerca de 8 garrafas de 1,5 litro de água, o que perfaz 12 litros. Isso sem contar o que bebi no café da manhã e no jantar. Quase não fui ao banheiro urinar. Suei quase tudo. O sol era tão forte, que a sensação não era de que queimava, mas sim de que estava cortando. Nesta etapa havia muitos vendedores nas localidades, que me acompanharam por bastante tempo e metros, oferecendo produtos,. Não desistiam. Depois de muitas ocorrências destas, falei em português e percebi que desistiram bem mais rapidamente. Embora um pouco grosseira, foi uma estratégia que acabei usando algumas vezes depois. Numa ocasião, um vendedor de água fez um preço mais baixo para mim. Eu comprei. Logo após apareceram europeus pedindo água ao longe. Ele olhou para mim um pouco tenso e disse para eu não dizer o preço que havia pago. Numa ida a uma das ilhas, acho que era Elefantina, havia um grupo de ingleses em um barco e me convidaram para ir junto. Eu disse que gostaria, mas um dos barqueiros disse que eu precisaria ir só e pagar o preço do aluguel completo. O inglês disse que eu poderia ir com eles se quisesse e poderia somente pagar uma parte do rateio, mas, logo em seguida, rindo, disse-me que eu era muito rico e poderia ir num barco só, se preferisse 😃. Acabei indo com eles. Eles eram pesquisadores ou professores das áreas de História, Geografia e afins. Uma das inglesas já havia estado no Brasil e falou da sua visita a Ouro Preto, ressaltando os aspectos econômicos da História. Acho que foi nesta visita que num dado momento ficamos um pouco distante dos outros, eu e um casal de ingleses, e dois atendentes egípcios vieram nos mostrar medidores do Nilo e aproveitaram para pedir gorjetas, que o inglês deu. Achei a Ilha de Philae linda e grandiosa com seus monumentos e templos. Kom Ombo e Edfu também achei muito belos. Como nós fomos geralmente no início da tarde, o sol estava muito quente e eu procurava me esconder atrás dos pilares para obter sombra. Dentre tudo que conheci na viagem, o Templo de Karnak foi um dos pontos que mais me agradou . Achei-o espetacular, com sua enorme quantidade de monumentos, de várias épocas, construídos em vários governos e de vários estilos. No Vale dos Reis, segui a sugestão do guia das italianas e fui conhecer as 3 tumbas que ele indicou. Pelo ingresso pago, só se podia conhecer 3, com livre escolha, exceto Tutankamon, que era à parte e em que eu fui depois. Achei o Templo de Hatshepsut diferente e bem interessante, bem como a história dela e suas representações em forma de homem. Ali tinha sido o atentado aos turistas alguns meses antes, então eu procurei ficar atento também. Houve uma vez em que fiquei bastante tempo no fundo do barco admirando o rio. Num dos dias, quando acordei, percebi que o barco já estava se movendo. Fiquei meio decepcionado por ter perdido parte do deslocamento, mas logo fui para cima para admirar a paisagem. O guia egípcio brincou comigo, dizendo que eu parecia o guarda do motor 😃. Em várias ocasiões perguntaram se eu era francês, pois eu estava viajando com uma camisa que havia ganho numa promoção de um posto de gasolina no Brasil, que tinha 3 desenhos da Torre Eiffel com as cores do Brasil, devido à Copa da França. Vários franceses que me encontraram ao longo deste trecho da viagem gozaram a minha cara devido ao massacre que o Brasil tinha sofrido da França um mês antes na final da Copa do Mundo da França 😃. Numa das tardes em que o barco se deslocava, fizeram uma espécie de festa, com crepes, bebidas e música suave. Achei muito boa. No último dia do cruzeiro houve uma festa de despedida, com vários jogos, como se fosse uma gincana. Foram divididas as pessoas em grupos. Eu e as italianas ficamos no grupo com espanhóis. Havia várias provas. Eu me lembro de uma de cantar uma música, de outra de pronunciar algumas palavras em árabe, de outra de uma mulher se vestir e se comportar como um homem e de outra de um homem se vestir e se comportar coma uma mulher. Uma das italianas (Ida) ficou com a prova de falar as palavras em árabe e conseguiu êxito. A outra italiana ficou com a de cantar. Ela cantava muito bem e ganhou bonificação na pontuação. Se me recordo, cantou “Paroles ”, em italiano. Eu fiquei com a tarefa de me vestir e me comportar como uma mulher. As italianas me vestiram e me pintaram. Acho que fizeram um bom trabalho, porque quem passava por mim fazia uma expressão de admiração “Ooh!” Coloquei algo como laranjas no peito e usei um salto. Caí do salto muitas vezes 😃. Desfilei alguns segundos e depois, fui, bem devagar, para não chegar, em direção ao mestre de cerimônias, aos garçons e aos trabalhadores, para dar um possível beijo neles. Mas todos sumiram. E eu acabei minha performance. Ganhei bonificação extra também 😃. As italianas me elogiaram bastante, principalmente Ida. O guia egípcio delas caçoou de mim, dizendo que no dia seguinte estariam as fotos na primeira página dos jornais brasileiros. Ida perguntou se eu queria ir até a “supa” ou algo parecido. Eu não entendi. Disse que sim. No dia seguinte vim a saber que era para ir até o terraço do barco. Antes de dormir ainda fui para a piscina, onde chegou depois uma das espanholas e outros depois. No dia seguinte, na hora do café, vários participantes vieram até nós e cumprimentaram a italiana por seu desempenho, dizendo que ela poderia seguir carreira. Depois, olhavam para mim e diziam gargalhando que eu também poderia seguir carreira. A ida parecia meio chateada e me perguntou porque eu não tinha ido ao terraço como tínhamos combinado. Aí que eu entendi. Disse que não tinha entendido, que “supa” para mim era sopa. Ela não gostou muito e fez algumas piadas em relação a isso. O guia egípcio delas me sugeriu um programa para o dia, alugando uma bicicleta e dando uma volta pelo Vale das Rainhas, se me recordo. Quando fui me despedir de Ida, ela parecia bem mais distante. Acho que ficou decepcionada com o ocorrido no dia anterior. Fiz a saída do barco e fui dar uma volta pela cidade. Resolvi fazer o que o guia tinha sugerido. Atravessei o rio, mas quando cheguei, rapidamente vieram vários guias me oferecerem seus serviços. Recusei todos, mas um deles começou a me acompanhar e insistir bastante. Eu disse que faria por conta própria, mas ele insistia em argumentar sobre as vantagens de ir com seu parente (acho que era seu cunhado). Depois de muita conversa, sem conseguir me convencer, ele disse que não seria viável eu ir por conta própria, pois terroristas poderiam atirar em mim. Eu não fiquei exatamente com medo dos terroristas, mas de que ele pudesse ter alguns conhecidos que viessem querer me atacar ou roubar. Então decidi realmente fazer o passeio de carro com seu cunhado. O passeio transcorreu bem, mas os itens a conhecer não eram tão espetaculares quanto os dos dias anteriores. De qualquer forma, não deixou de ser uma experiência interessante ver esta parte do país também. Depois do almoço, atravessei o rio de volta e fiquei andando pela cidade, enquanto esperava o horário do trem, que saía à noite para o Cairo. Enquanto margeava o rio, um rapaz de dentro de um barco chamou-me. Eu não entendi bem, mas como ele reiterou o chamado, fui até ele. Ele queria que eu lesse uma carta que uma ex-cliente e amiga sua (acho que belga ou holandesa) tinha enviado . Ele não sabia ler inglês. Eu li. Era uma carta de agradecimento amistoso. Ele então pediu-me para escrever uma resposta para ela. Eu escrevi o que ele ditou. No fim, ele pediu para eu colocar alguma coisa da minha cabeça, mas eu achei indevido, pois era uma carta pessoal. Como ele insistiu, eu sugeri algo amoroso, mas ele disse que não desejava fazer sexo com ela, que ela era só sua amiga. Mudei para algo fraterno, ele pareceu gostar, fechou a carta, ofereceu-me chá, eu recusei, mas ele insistiu novamente, para não deixá-lo constrangido por ter feito um serviço de graça, aceitei um pouco de chá e fui embora. Depois disso continuei a passear pelas margens do rio e entrei numa loja para conhecer os produtos, avisando que não desejava comprar. O dono pediu-me para ajudá-lo a traduzir termos em inglês para espanhol, pois via muitos clientes de língua espanhola e queria negociar em sua língua. Novamente uma situação inusitada 😃. Eu nem falava espanhol direito, mas tentei fazer o melhor que pude. Enquanto estávamos fazendo a tradução de algumas frases clássicas de negociação, como “Preço Justo”, chegaram algumas moças com aparência latina. Perguntei de onde eram e disseram que eram brasileiras. Começamos a conversar. Disseram que vinham de um evento em Hurghada, no litoral. Falamos sobre nossas experiências de viagens. Elas mencionaram o forte assédio que sofreram (provavelmente dos vendedores). À noite fui pegar o trem para o Cairo. Após embarcar, notei que havia uma diferença entre o nome impresso no meu bilhete e o nome do trem. Perguntei a algumas pessoas, incluindo passageiros, mas elas aparentemente não entenderam ou não souberam me explicar, posto que não falavam inglês. Quando chegou o comissário, ele me disse que estava tudo certo, o trem era aquele mesmo, pegou uma caneta e fez um pequeno traço em uma das letras, dizendo que provavelmente havia ocorrido uma falha na impressão do caractere 😃. Ficou claríssimo para mim como é duro ser analfabeto. Não saber ler limita profundamente a independência e dificulta fazer coisas básicas do dia a dia. Cheguei na 3.a feira 11/08 de manhã no Cairo. Devido ao que havia ocorrido na despedida, antes de pegar o trem para o sul, nem contava mais com o carro para ir ao Sinai e ao Mar Vermelho. Mas o motorista Iasser estava lá esperando-me atenciosamente e fomos. Fomos em direção a Santa Catarina, Mosteiro na Base do Monte Sinai. Chegamos lá no meio da tarde. Para as atrações de Santa Catarina veja https://www.descobriregipto.com/monte-de-santa-catarina-santa/, https://wikitravel.org/en/Mount_Sinai e https://en.wikipedia.org/wiki/Saint_Catherine,_Egypt. Os pontos de que mais gostei foram o Monte Sinai, o mosteiro e a vila em si . Após chegar e me estabelecer em um quarto que o mosteiro alugava, fui dar uma volta para conhecer o mosteiro e os arredores. Achei bem interessante a vida simples naquele local no meio do deserto. Durante o meu passeio vi uma moça, aparentemente acompanhando um rebanho de cabras (eu acho). Ela estava totalmente coberta pela roupa, só com o nariz e os olhos de fora. Percebi, pelos seus olhos, que ela riu. Acho que não estava acostumada a ver ocidentais fora dos limites do mosteiro. Conheci uma francesa (acho que chamava Daniele). Ela me disse que tinha 2 opções interessantes para ir até o topo do Monte Sinai. Uma era subir à tarde e ver o pôr do sol. Outra era subir na madrugada e ver o nascer do sol. As duas seria difícil fazer em sequência, pois a subida era dura e eu não aguentaria. Poderia passar a noite no topo também e ver o pôr do sol e o nascer do sol. Optei por subir durante a madrugada e ver o nascer do sol. Ela me disse que provavelmente minha noite não seria muito boa, pois havia muitos mosquitos ali 🦟. Realmente ela tinha razão. Depois do jantar, fui dormir, mas tive grande dificuldade devido aos mosquitos. Fui dormir 22h e pedi para me acordarem por volta de 2h. Mas os mosquitos (acho que eram pernilongos) deixaram-me dormir muito pouco. Acordei às 2h da 4,a feira 12/08 e fui dar uma olhada nos arredores. Havia bastante movimentação. Acho que muitos grupos pretendiam subir durante a madrugada. Eu me lembro de ter visto um grupo que aparentava ser de judeus. Resolvi ir para começar a subida então. No início do caminho de subida havia alguns homens com trajes de habitantes do deserto oferecendo aluguel de camelos🐪. Eu não quis. Moisés tinha subido a pé com mais de 80 anos, então acreditei que eu poderia também. Eles me disseram que a subida seria tranquila e eu não me perderia, pois estava com sorte de ser noite de lua cheia. Após andar um pouco, encontrei um grupo de holandeses, em sua maioria mulheres. Acho que tinham um guia. Perguntei se achariam interessante irmos juntos e elas disseram que sim. Mas elas tinham um pouco de sobrepeso e iam muito devagar, parando para tomar água após andar pouca distância. Depois de algumas paradas, eu comecei a ficar com medo de não chegar a tempo do nascer do sol (eu estava sem relógio). Educadamente disse para elas que iria na frente e as encontraria no topo. Elas sorriram e para minha surpresa agradeceram o trecho que fomos juntos. Já perto do topo, houve um trecho mais íngreme, em que foi necessário dar impulso com as mãos para colocar os pés depois. Mas nada que fosse de grande dificuldade. Cheguei no topo e já havia bastante gente. Inclusive parecia haver pessoas que haviam passado a noite lá e estavam dormindo em seus sacos de dormir. Creio que a subida durou cerca de 1h30 a 2 horas. Cerca de meia hora depois que eu cheguei, as holandesas chegaram. Lá em cima estava um pouco frio, talvez uns 15C ou 13C, bem diferente do solo lá em baixo. Fiquei esperando o nascer do sol. Enquanto isso aproveitei para fazer meditação e contemplar o Deserto do Sinai no escuro. Magnífico . Depois de algum tempo, comecei a ficar com um pouco de frio e sono, mas nada muito forte. Cerca de 4h30 ou 5h o céu começou a clarear, A cena pareceu-me espetacular, iluminando o deserto gradualmente . Então, depois de algum tempo, apareceu o sol, lá longe, saindo de trás das montanhas. Era possível ver uma ampla área do deserto e contemplar a sua magnitude . Apesar de cansado, foi uma experiência que adorei. Meditei mais um pouco e contemplei mais um pouco também, antes do sol esquentar a temperatura. Depois fui dar uma volta no topo, para ter uma visão completa de 360 graus. Descobri que havia uma capela lá, a Capela da Santíssima Trindade. Se bem me recordo estava fechada, mas pude apreciá-la por fora, na sua simplicidade e solidez. Fiquei bastante tempo olhando sob diferentes perspectivas a paisagem lá de cima, do lado do deserto, do lado do mosteiro e da cidade e do outro lado do deserto . Acho que por volta de 8h comecei a descer. Fui explorar um caminho que havia por trás da capela. Como já havia andado bastante nele, resolvi descer por ele. Acho que me perdi um pouco e demorei mais do que previsto, mas cheguei lá embaixo. Acho que era por volta de 10h ou 10h30. A temperatura tinha subido bastante. Comi alguma coisa como café da manhã e fui visitar os pontos que faltavam do mosteiro. Dei uma volta por dentro do mosteiro, vi suas instalações abertas ao público. Vi um local com vários crânios, que imagino que eram dos antigos habitantes do mosteiro. Perguntei a um visitante quem eram e ele me respondeu que estavam mortos. Seu amigo gargalhou ao ouvir a resposta 😃. Daniele perguntou-me se poderia dar uma carona para ela até Sharm El Sheikh, no Mar Vermelho. Eu disse que sim. Um pouco antes de sairmos, apareceram 2 americanos e me perguntaram se poderia dar uma carona para eles também. Eu concordei. Saímos perto do meio dia. Estava bem quente. O motorista Iasser pediu um pouco da coca cola ou água que estava numa garrafa no chão e, quando bebeu, cuspiu, dizendo que estava quente. Eu estava bem cansado, pela noite mal dormida, com poucas horas de sono (no trem na noite anterior já não tinha dormido muito bem) e pela subida e descida. Fiquei cambaleando boa parte da viagem e abrindo e fechando os olhos. Chegamos a Sharm El Sheikh no meio da tarde. Deixamos os americanos no hotel em que pediram. Fui até o hotel que o pacote havia designado para mim. Daniele perguntou se poderia ficar lá também e eu concordei. Chegando lá foram nos apresentar os quartos. Se me recordo, o atendente apresentou-me uns de que não gostei (naquela época eu ainda fazia questão de banheiro dentro do quarto). Falei para o dono do hotel que não estava bom, mas ele disse que aquele era só um dos quartos e que iria me apresentar outros melhores. O atendente apresentou-me um que achei bem razoável. No fim da apresentação disse que a água ficava fechada e, se eu precisasse usar, deveria avisar para que eles ligassem. Ao ver minha cara de espanto, ele me disse “Para que desperdiçar?”. Naquela época eu ainda não estava acostumado aos racionamentos de água em São Paulo e achei a proposta inaceitável, mesmo estando num país desértico. Falei para o dono que não estava bom e eu iria para outro hotel. Imagino que era seu melhor quarto. Ele se irritou e falou algum tipo de xingamento e me disse para ir para outro hotel. O motorista Iasser entendeu o xingamento e disse que era melhor nós irmos para outro local mesmo. Sugeriu um de que os americanos haviam falado (não me recordo se era onde haviam ficado). Daniele também não quis ficar lá, dizendo que os quartos eram sujos. Fomos nós 3 procurar por outro hotel. Chegando lá, atenderam-nos muito bem, tinham bons quartos, por preços bem aceitáveis (acho até que era mais barato que o outro oferecido pelo pacote). Mesmo tendo que pagar à parte (fora do pacote comprado), achei que era melhor ficar ali. Daniele, até onde eu lembro, também gostou e ficou lá. O agente de turismo do pacote não havia pago hospedagem para o motorista Iasser. Ele iria dormir no carro. Eu paguei à parte a hospedagem para ele. Daniele convidou-me para jantar, num dos trechos do trajeto. Eu estava morto de cansaço, agradeci, mas da maneira mais educada que pude, recusei. Talvez um passeio no dia seguinte, depois de uma noite de sono. Mas acabamos nos desencontrando. Eu jantei e dormi profundamente, até quase perder a hora no dia seguinte. Na 5.a feira 13/08, fui dar uma volta na praia e conhecer o Mar Vermelho 🌊. Não reencontrei Daniele. Não sei se ela ficou chateada por causa do jantar. Saí para caminhar pela orla calçada e depois fui para a areia. No Egito as praias eram privadas. Então não se podia ficar estabelecido na areia em qualquer local. Podia-se caminhar na beira do mar, mas mesmo para entrar no mar era necessário pedir permissão ao proprietário, que, naquele local, geralmente eram hotéis. A praia ali era bem diferente da que tinha visto em Alexandria, pois era basicamente frequentada por estrangeiros, acho que na maioria europeus. Usavam roupa de banho como nós. Havia até algumas mulheres fazendo topless, algumas das quais acho que ficaram um pouco incomodadas por eu passar pela beira da praia. Em alguns hotéis, perguntei se poderia nadar. Após me perguntarem se era só nadar, todos permitiram. Havia anúncios sobre prática de mergulho, esta sim acho que era cobrada (não sei se era o curso, o aluguel de equipamentos ou a simples prática). Indicaram-me uma praia pública a 20 minutos de caminhada aproximadamente. Depois de andar bastante na orla nas praias dos hotéis, resolvi ir para esta, para sentar um pouco. Chegando lá, vi que era uma pequena faixa de areia, espremida entre praias particulares. Mas o suficiente para sentar e ficar apreciando o mar e a orla. Entrei um pouco no mar, para nadar e me refrescar, visto que o calor continuava enorme. Falei com um egípcio que estava nadando, comentando sobre o calor e ele me disse que em agosto era assim mesmo. Depois de ter nadado bastante nas praias privadas e públicas e ter ficado contemplando o mar e a orla, resolvi voltar, pois precisávamos chegar no Cairo no fim do dia, visto que o avião saía no início da madrugada. Reencontrei o motorista Iasser, que parecia ter descansado bem. Peguei minha mochila e saímos com destino ao Cairo. Não me recordo se foi na vinda ou agora na volta, que quando passamos pelo Canal de Suez, ele falou brincando para os guardas que eu era irmão do Leonardo (jogador que foi da Seleção Brasileira, Flamengo, São Paulo e estava no Milan naquela época). Achei a estrada muito boa, tanto o asfalto como a infraestrutura. Num dado ponto, parecia haver um caminhão capotado na lateral da estrada. Iasser pediu para parar e foi levar uma garrafa de água para o local. Não sei se foi um acidente. Pelo que entendi dele, tinha sido, mas as pessoas estavam bem. Chegamos no Cairo já à noite. Ele disse que a companhia de turismo oferecia-me uma noite num hotel até a saída do avião, mas eu não quis. Achei que não era necessário e que a qualidade dos serviços da companhia não tinha sido muito boa. Ele me perguntou o que eu tinha achado da viagem. Respondi que tinha gostado do Egito, gostado dos serviços dele, mas gostado parcialmente da companhia de turismo. Ele pareceu ficar decepcionado pelo fato de eu não ter elogiado a companhia, do mesmo modo que fiz com o Egito e com ele. Desejei a ele felicidades e que conseguisse caminhar na direção de se tornar um profissional cada vez mais completo. No aeroporto pedi ao atendente que me acordasse um pouco antes do check in e deitei no banco para tentar descansar um pouco. Fiz o câmbio de volta e usei a pontuação (milhar e separador decimal) do Brasil. O atendente me disse que estava errado, pois era diferente da dos EUA, que provavelmente eles tinham como padrão. Ele já tinha ficado chateado porque havia dito que era para fazer o câmbio dentro da área de embarque, o que eu não entendi direito. Fui ao banheiro do aeroporto e os letreiros para definir qual era o masculino e o feminino estavam em árabe 😃. Entrar num banheiro feminino num país muçulmano poderia ser altamente problemático. Fiquei esperando alguém passar, mas não aparecia ninguém. Precisando ir ao banheiro, decidi optar pelo que tinha o chão do caminho para ele mais sujo. Acertei. Era o banheiro masculino. Provavelmente, pela quantidade de homens muito maior, havia mais sujeira. Embarquei e cheguei a Amsterdã no começo da manhã. O voo foi tranquilo. Durante o voo vi na TV a notícia de que haviam explodido bombas nas embaixadas dos EUA no Quênia e na Tanzânia em 07 de agosto, justamente quando eu tinha chegado ao sul do Egito. Em Amsterdã não saí do aeroporto. Comprei um pequeno queijo holandês e embarquei para São Paulo. No voo fiquei ao lado de uma moça que havia ido assistir os Jogos Gay. Ela parecia bem simples e não falava inglês, tanto que tentei ajudá-la com as aeromoças. No Brasil fizemos escala no Aeroporto do Galeão. Pude apreciar um lindo pôr do sol 🌅, enquanto esperávamos o avião para São Paulo. Cheguei em São Paulo sem problemas no fim do dia. Esta viagem me fez ganhar pontos suficientes para poder resgatar gratuitamente uma passagem da KLM para Buenos Aires, 3 anos depois.
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