Membros andremuxa Postado Março 20, 2011 Membros Postado Março 20, 2011 (editado) Pessoal, deixo aqui meu relato da trip que fiz para a patagônia chilena (Punta Arenas, Puerto Natales e Torres del Paine) e argentina (El Calafate, El Chaltén) no fim de 2010. Antes de descer pra patâgonia, passei 3 dias em Santiago basicamente para comprar todos os equipamentos a serem usados na trip. O texto ficou muitoooo longo. Desculpe ser tão prolixo, mas escrever com tantos detalhes vai servir para que eu no futuro possa reler isto e lembrar bem dessa maravilhosa trip. (e espero que ajude pessoas como eu que tanto consegui informações neste fórum e com seus usuários. 26/11/10 - Sexta São Paulo – Santiago A chegada. Com minha mala composta por: uma camiseta, 3 cuecas, 2 pares de meias e alguns medicamentos e produtos de higiene pessoal, além do jeans, a camiseta e o tênis que utilizava, deixei São Paulo rumo à Santiago às 17:40h. Cheguei por volta das 21:00h numa Santiago com temperatura bem agradável, algo em torno de 25 graus. Peguei o transfer do aeroporto (se não me engano custou CLP 6.000) rumo ao Ventana Sur Hostel. Cheguei ao Hostel por volta das 22:30h e após deixar minhas coisas no quarto privativo de solteiro que havia reservado por 3 dias, logo saí em busca de algo para comer. Peguei um mapinha com indicações de restaurantes nas imediações, mas como já estava meio tarde, quase todos os restaurantes já haviam fechado e tive dificuldades para encontrar algo para comer que não fosse pizza ou comida chinesa. Após caminhar bastante, acabei entrando em um restaurante chique, achei que seria uma fortuna, mas até que não, comi um bom filé com puré de espinafre e mais alguma coisa que não me lembro, junto com uma Sprite saiu CLP 9.000 (cerca de 35 reais), o que não é barato, mas pra quem tá acostumado com os preços de São Paulo, não foi nada demais. Voltei para o hostel após o jantar e tratei logo de ir dormir, afinal, minha passagem por Santiago tinha apenas um motivo: compras, muitas compras. 27/11/10 - Sábado Santiago Começa a odisseia de compras. Acordei “de vez” por volta das 8:30h. Digo “de vez” porque durante a noite fui acordado algumas vezes pela zona no hostel, umas coreanas #$%$#$ tinham feito muito barulho na madrugada, principalmente descendo e subindo as escadas, já que todos os quartos ficavam no andar de cima da velha casa que abriga o hostel. Apesar de ter meu próprio quarto e usar protetores auriculares, sofri com o barulho. Não vou entrar em detalhes aqui, mas fiquei bastante desapontado com o hostel que tinha muitas boas recomendações no tripadvisor.com. Instalações literalmente caindo aos pedaços e o que é pior para mim num hostel: o colchão era de uma espuma péssima, afundava por completo nele, o que me fazia acordar com uma baita dor nas costas. Desci para tomar o “café da manhã”, que não passava de pão muito duro, geleia, manteiga, café e um suco de saquinho horrível. Mesmo assim comi o que pude para não ter que parar pra tomar café da manhã em outro lugar, porque queria aproveitar ao máximo meu tempo, já que tinha que comprar absolutamente todo o equipamento de trekking para a viagem e só teria sábado e segunda para fazer isso. Depois do café saí do hostel em direção ao metrô. Desci na estação Los Leones e segui para a primeira loja que visitaria no dia, a Tatoo. Cheguei lá com minha imensa lista de equipamentos em mãos. Antes da viagem passei 3 meses pesquisando sobre cada equipamento que compraria, aprendendo sobre os materiais, membranas, pesos, enfim, já sabia muito bem o que precisava e o que me serviria com a melhor relação custo-benefício. Como praticamente não teria tempo de amaciar, o primeiro item que queria testar/decidir era a bota. Isso mesmo. Após buscar em algumas lojas de São Paulo e não achar nada que me agradasse (além de saber que no Chile o preço seria ao menos 50% mais baixo que em São Paulo), acabei arriscando e deixando pra comprar a bota apenas 4 dias antes de iniciar o W em TDP. Já fui escolhendo alguns pares de meias e liners da marca Wigwam e provei o modelo de bota que havia escolhido previamente, a Asolo Fugitive GTX. O encaixe ficou muito bom, me senti muito seguro com ela, porém a bota se mostrou meio rígida e me apertava muito nos dedos, no “toe box” e fiquei bastante tenso, pois estava ciente que um erro na escolha da bota poderia acabar com minha viagem. Ao falar sobre minha preocupação com a falta de tempo para amaciar a bota e sobre o aperto na região dos dedos, o vendedor me sugeriu um outro modelo de bota: a Kailash GTX da italiana Scarpa. Este modelo também me apertava um pouco os dedos, mas se mostrou bem mais confortável que a Fugitive. O problema é que não “agarrava” tão bem o meu calcanhar como a Fugitive, no “teste da ladeira” meus pés escorregavam para frente, o que não acontecia com a Fugitive, então fiquei numa dúvida cruel. Não sabia se optava por uma bota mais flexível e confortável, porém que não me fazia sentir-se muito seguro, ou uma que me fazia sentir-se seguro mas que prometia causar mais problemas com relação a bolhas e etc. Fiquei caminhando pela loja um tempão com ambas as botas sem saber qual escolher. Como ainda tinha todo o resto do equipo pra comprar, decidi partir para o restante. Para minha decepção, apesar de ter pesquisado muito, logo nos primeiros itens constatei que o estoque da loja física não condizia com o que havia no site. Não havia a barraca que havia escolhido, uma Marmot Earlylight para 2 pessoas (barraca de 1 pessoa não serve para mim que sou muito bagunceiro rs!) não havia o anorak que havia escolhido, não havia o saco de dormir, não havia o fleece e não havia a mochila… Como havia gasto muitos finais de semana lendo intermináveis reviews sobre cada equipamento que queria comprar, fiquei muito desapontado, e pra eu, escolher outros equipamentos seria a última opção, já que, além da Tatoo, eu havia pesquisado na Andesgear e na La Cumbre, por isso descalcei as botas (eu ainda não havia decidido, mas queria porque queria comprar uma bota ainda no sábado, pra poder usar durante o domingo e caso sentisse um real incômodo trocar na segunda) e me dirigi à Andesgear, que fica perto da Tatoo. Chegando na Andesgear, mesma coisa. A maioria dos produtos que havia escolhido não estavam disponíveis. O vendedor meio pancada que me atendeu garantiu que poderia conseguir o anorak e a barraca para mim na segunda à tarde. Encomendei ambos, mas fiquei com um pé bem atrás, já que seria bem em cima da hora (eu partiria para Punta Arenas no começo da madrugada de segunda para terça) e ele ainda me pediu que ligasse para ele umas 11 da manhã para lembrá-lo sobre a necessidade de ligar para a central e pedir minha barraca e anorak, nesse momento tive certeza de que não seria uma boa ideia confiar naquele sujeito. A Andesgear já estava fechando, e a La Cumbre já havia fechado. Decidi então retornar à Tatoo, que era a única das lojas que ficava aberta até mais tarde para decidir sobre a bota e comprar o que mais fosse possível. No meio do caminho, parei em um restaurante meio popular. Pedi um salmão grelhado com purê de batatas e arroz por CLP 4.500. Quando o prato chegou eu não acreditei. Eram duas postas gigantescas de salmão com uma porção igualmente generosa de purê e arroz. Comi super bem e melhorei um pouco o meu humor. Cheguei na Tatoo e após calçar e descalçar a bota algumas vezes, mexer na amarração e ouvir os conselhos do vendedor, ainda sem muita certeza decidi pela bota da Scarpa. Comprei também underwear da marca própria da Tatoo, as meias, e um fleece da Lowe Alpine. Ainda faltava muita coisa. Fiquei preocupado porque só teria a segunda-feira para comprar todo o resto. Como ainda era umas 17:00h, decidi ir até o Mallsport para ver se encontrava mais alguma coisa da minha lista. Pra minha sorte na Andesgear do Mallsport encontrei a barraca que queria: uma Marmot Earlylight. Comprei a barraca e procurei o anorak, a mochila e alguns outros itens, mas sem sucesso. Detalhe: na ida para o Mallsport, fui de metrô até onde dava e então desci com o intuito de pegar um ônibus. Tinha comigo alguma moedas, então achei que não teria problemas. Mas ao entrar no ônibus descobri que o mesmo só funcionava com um cartão magnético. Meio confuso perguntei ao motorista como proceder, não entendi bem o que ele disse e decidi descer pela porta da frente mesmo no próximo ponto e acabei tomando um taxi para o Mallsport. Na volta do Mallsport novamente decidi tomar o ônibus, mas dessa vez perguntei para um rapaz que estava no ponto como o sistema funcionava, disse que eu era estrangeiro e estava um pouco confuso e então finalmente perguntei se ele poderia pagar minha passagem com o cartão dele e eu devolver o valor da passagem em dinheiro. Ele prontamente aceitou e na hora que fui tentar pagá-lo já dentro do ônibus ele se recusou a receber o dinheiro. Era um sujeito muito bacana, já tinha visitado o Brasil algumas vezes e conversamos bastante, até que eu tive que saltar no ponto do metrô. Voltei para o hostel, deixei minhas coisas e saí para comer num lugar recomendado pelo dono. Na volta montei a barraca dentro do quarto para testar e em seguida fui dormir. [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320183423.jpg 500 375.521557719 Legenda da Foto]Resultado do primeiro dia de compras.[/picturethis] 28/11/10 - Domingo Santiago Esquenta no Cerro San Cristóbal. No domingo acordei cedo, engoli uns pedaços de pão duro com geleia e saí trajando minhas botas novas. No caminho parei em um super mercado e comprei umas bolachas e suco pra comer no caminho. Fui caminhando até o Cerro San Cristóbal, pois queria testar e amaciar a bota. Subi em cerca de 30 minutos e a bota se mostrou bastante confortável. Lá em cima tirei umas fotos e pedi proteção à virgem para a minha viagem à Patagônia rs. Na descida o desempenho das botas novamente foi muito bom, confortável, e o incômodo na região dos dedinhos (que estava um pouco apertada) sumiu, me tranquilizando nesse aspecto, mas a meus pés escorregavam pra frente dentro da bota, o que me causou bastante preocupação e me fez pensar muito sobre se deveria trocá-las na segunda-feira. Decidi voltar ao hostel para almoçar. Novamente peguei o mapinha com os restaurantes da região e novamente acabei parando em um restaurante meio chique. Pedi um prato que minha mãe havia me recomendado, um peixe chamado Congrio. Não sei se estava mal preparado, mas eu odiei o tal peixe. A carne era MUITO gordurosa e o peixe estava meio cru, chamei o garçon para indagar sobre isso e ele me disse que se eu quisesse ele poderia por o peixe novamente na chapa, mas que o modo tradicional de se comer era aquele mesmo. Comi do jeito que estava mesmo e paguei cerca de CLP 10.000 pela refeição e uma bebida, não achei tão caro, mas eu realmente não gostei da comida. Do restaurante fui para o metrô, pois queria ir até o Shopping Arauco para comprar uma camera fotográfica para a viagem e havia verificado na internet que esse shopping possuia 3 das maiores lojas de departamento do Chile: Fallabella, Paris e Ripley. Desci não me lembro em qual estação, e tive que caminhar muito para chegar ao Shopping. No caminho me impressionei com a diferença da comuna de Las Condes das outras. Era simplesmente uma outra Santiago. O Chile apesar de bem mais desenvolvido que o Brasil, também tem um grande problema de distribuição de renda e pude constatar isso pelo número de carros importados de luxo nas ruas e os belos edifícios de apartamentos, muito diferentes das outras áreas de Santiago, onde circulavam muitos carros velhos e que eram formadas por casas e edifícios bem mais modestos do que aqueles. Depois de visitar as 3 lojas, me decidi por um modelo que havia encontrado na Fallabella. Comprei a camera e depois dei uma passada na loja da The North face no shopping, apenas para ver se havia algo de interessante. Os preços não eram lá muito convidativos e não me interessei por nada. Em seguida fui em direção ao boulevard do shopping e olhei o menu de praticamente todos os restaurantes até me decidir por comer uma pizza em um que não me lembro o nome. A pizza estava bem gostosa e o preço foi bem honesto, algo em torno de CLP 6.000 incluindo um refrigerante. Pensei em pegar um taxi até o metro porque estava fazendo um friozinho e eu estava só de camiseta, mas minha vontade de amaciar o máximo possível a bota (e muquiranice rs!) me fizeram novamente caminhar cerca de 45 minutos até o metro. Já dentro do metro, por uma imensa coincidência encontrei no vagão que estava o vendedor da Tatoo que tinha me vendido a bota! Teoricamente eu já não poderia trocar mais a bota, pois eu só poderia ter testado a mesma dentro do hostel, sem caminhar na rua nem nada. Super gente boa ele me perguntou como a bota estava, se eu estava me sentindo seguro com ela, e ainda me deu uma dica após pedir para que eu mostrasse o solado para ele: disse que se eu quisesse trocar no dia seguinte, deveria limpá-la bem, principalmente a sola, para que o gerente não identificasse que a bota havia sido usada fora do hostel rs. Voltei para o hostel e após um banho, fui dormir. Na segunda eu queria estar em frente à La Cumbre assim que a loja abrisse, o que só ocorre às 11:00h! [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320204405.jpg 500 374.305555556 Legenda da Foto]Vista de Santiago a partir do Cerro San Cristóbal.[/picturethis] 29/11/10 – Segunda Santiago A maratona de compras continua. Acordei umas 9:00h, saí do hostel (dessa vez sem comer o pão duro do “café da manhã”) e no caminho comprei um suco, umas bolachas e tomei um sorvete pra forrar o estômago. Peguei o metrô e cerca de 10:40h estava em frente à La Cumbre. Fiquei em frente esperando e quando era umas 10:57h ainda nem sinal de alguém para abrir a loja. Fiquei um pouco apreensivo pensando que a mesma poderia estar fechada por algum motivo. Mas logo em seguida os vendedores começaram a chegar e abriram a loja. Fiquei uns minutos do lado de fora esperando que abrissem todas as portas e depois que acendessem as luzes. Logo que entrei pedi para o vendedor para ver as mochilas, ele me levou para uma outra loja na mesma rua (na verdade abaixo do mesmo prédio) que na verdade era o estoque da La Cumbre. Como não havia encontrado a Cerro Torre da Lowe Alpine que era a minha primeira escolha, pedi uma Aircontact Pro da Deuter, e, pra minha sorte, havia apenas uma disponível na loja. Em seguida perguntei pelos sacos de domir. Não havia o modelo que queria, e acabei optando pelo único modelo disponível que ficava entre 0 e -10, um Marmot Trestles para -9. O vendedor me mostrou dois tons de azul, um mais claro e outro mais escuro. Optei pelo mais claro, e mais tarde ao olhar na etiqueta descobri que esse era o modelo feminino, (já na Patagônia!) que como era projetado para mulheres, era mais estreito na região dos ombros e esquentava mais em algumas regiões que outras. Ele me serviu muito bem, mas poderia ser ainda mais confortável se fosse o modelo masculino. Depois do saco de dormir fui ver os anoraks. Nisso trocaram o vendedor que estava me atendendo. Ao invés de um cara desinteressado que me atendia, passei a ser atendido por um francês que morava no Chile há muitos anos e era super legal, foi muito atencioso comigo e me auxiliou na escolha dos equipamentos. Ele me tranquilizou a respeito da minha bota medindo a palmilha para ver se o tamanho estava adequado, e até trouxe outra bota para eu calçar e comparar, mesmo sabendo que eu não compraria outro calçado. De anorak não havia nada com uma boa relacão custo-benefício. Provei um Arc’teryx que ficou muito bem em mim, mas era de Gore-tex Paclite e conforme havia lido de dica no mochileiros.com, esse material é um pouco frágil, além de tudo custava a bagatela de CLP 175.000 (uns 350 dólares), mas havia ficado MUITO bem em mim. Havia também um outro modelo da Arc’teryx com Gore-tex Proshell, mas pareceu técnico demais para mim, achei que passaria muito calor com ele usando nos rolês pelo Brasil e ainda por cima custava CLP 255.000. Deixei a decisão do anorak para depois, pois se tivesse tempo pretendia voltar na Tatoo para comprar o anorak que era a minha segunda escolha. Também fiquei muito em dúvida a respeito do que caberia na cargueira que estava comprando, então tomei a decisão de voltar ao hostel para pegar a minha mala e os itens que já havia comprado e levar tudo para a loja, a fim de ver se não teria problemas com espaço. Antes de sair pedi ao vendedor que não se preocupasse, pois logo eu estaria de volta. Voltei para a loja lá para as 13:30h, botei minhas coisas dentro da cargueira (incluindo a barraca que eu havia comprado e que mais me preocupava, pois pretendia manter tudo dentro da cargueira) e experimentei uma calça bermuda da The North Face, nisso já passava das duas da tarde e a fome bateu forte. Almocei numa padaria ao lado da loja, seguindo recomendação do vendedor. Voltei do almoço determinado a terminar minha compra. Escolhi um isolante térmico Therm-a-rest e uma bolsa de hidratação da MSR, um par de luvas Marmot, e como não teria mais tempo de visitar outras lojas para procurar outra opção, o bendito anorak Arc’teryx, além de mais umas coisinhas. (no fim do relato tem uma lista completa dos equipos adquiridos) Terminei de escolher os equipos umas seis da tarde, sendo que a loja fechava às sete. Na hora de pagar, medo. Meu único cartão de crédito não estava passando e eu não tinha dinheiro suficiente pra pagar os quase CLP 500.000 em compras. Fique bastante assustado, pois se não comprasse tudo ali minha viagem ficaria muito comprometida. Alguns itens já tinham inclusive sido desembalados e colocados dentro da minha cargueira. E o dono da loja (que era um verdadeiro escroto) já foi encher o saco do vendedor que me atendeu. Um dos vendedores sugeriu passar o valor em duas vezes (não parcelas, apenas pagar duas vezes), e mudando a venda de loja para venda web. Deu certo. E nessa hora foi um alívio total, até porque todos me olhavam com uma cara de “esse cara passou o dia todo aqui e não vai conseguir pagar?”. Mesmo sendo avisado pelo vendedor e por uma outra vendedora muito gente boa que havia me ajudado que não daria certo, decidi pedir ao dono um “regallo” pela compra, uma garrafa da Nalgene que custava CLP 6.000, afinal, eu estava deixando CLP 500 mil na loja! O cara respondeu muito escrotamente que não me daria nada, que um cliente argentino tinha gasto CLP 1 milhão pela manhã e nem por isso tinha ganhado algo. Fiquei P da vida, tive vontade de devolver tudo e não comprar nada na loja daquele bosta, não pelo fato de ele não ter me dado um brinde, isso é normal, mas pela maneira nojenta que ele respondeu. Peguei minha cargueira já arrumada pelo próprio vendedor (serviço completo!) e zarpei de volta para o hostel, já que meu voo só saia a 01:25h e eu precisava jantar e matar o tempo. Jantei num pizza bar perto do hostel e lá para as 23:00h a van do serviço de transfer me pegou no hostel para me levar ao aeroporto. O voo para Punta Arenas atrasou um pouco, e por isso fiquei deitado num banco em frente ao portão de embarque por cerca de uma hora, o que, conforme vou contar mais adiante, custou meu iPhone. [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320194507.jpg 374.812593703 500 Legenda da Foto]Saindo com a mochila pronta da La Cumbre.[/picturethis] 30/11/10 Santiago - Punta Arenas - Puerto Natales O voo foi tranquilo, e ao amanhecer eu já sobrevoava a Patagônia. Estava muito feliz e não acreditava que finalmente estava chegando naquele lugar que eu tanto sonhei por meses a fio. Da janela do avião eu via paisagens incríveis. Rios encravados em meio a montanhas nevadas e muitos blocos de gelo boiando no mar. Assim que o avião tocou o solo do aeroporto de Punta Arenas eu disse pra mim mesmo: “é isso André, você está na Patagônia!”. Ao desembarcar do avião e entrar no corredor que liga o avião ao aeroporto já tive uma prévia do que me esperava pelo pouco de vento que passava pela fresta entre a aeronave e o corredor. Assim que cheguei à esteira de bagagens, fiquei assustado com o frio. Mesmo dentro do aeroporto estava um gelo e ventava um pouco. Eu estava usando a combinação de roupa que usaria durante toda a trip: segunda pele completa, calça de trekking, um fleece e o anorak e estava com frio. Fiquei pensando que lá fora deveria ser muito pior e me questionei se não deveria mesmo ter comprado um fleece de polar 300, além do 200 que havia comprado. Peguei minha mochila, que como era novinha, eu tinha mandando plastificar em Santiago e passei uns bons minutos me matando pra arrancar aquele plástico todo que a cobria. Saí do aeroporto para pegar um transfer para a cidade, e, para a minha surpresa, a temperatura externa não diferia muito da de dentro do aeroporto não, somente ventava com mais intensidade. Esse aeroporto é que é frio demais mesmo! Não tive dificuldades para conseguir um transfer, pelo qual paguei CLP 3.000 para viajar até a cidade. Dentro do transfer conheci um chileno chamado Adolfo, que era do norte do Chile e também não conhecia a Patagônia, além de também não estar acostumado com aquele frio todo! Pela estrada fui admirando a paisagem, reparando como as arvóres e tudo o mais era moldado pelo vento, e de cara já fiquei surpreendido com a quantidade de plásticos que estavam enroscados nas cercas das propriedades por todo o caminho. Chegamos em Punta Arenas umas 6:30h. Adolfo também planejava ir para TDP, e por isso, assim como eu, pegaria um ônibus para Puerto Natales. Assim que saltamos da van na praça central da cidade, fomos surpreendidos por ventos fortíssimos que nos jogavam de um lado para o outro nas calçadas. (mais tarde fiquei sabendo que estavam atigindo 120Km/h nesse dia!) Como ainda era muito cedo, não havia absolutamente nada aberto na cidade. Após umas fotos na praça com a famosa estátua de Fernão de Magalhães, descemos em direção ao mar, onde encontramos um cassino. Entramos no cassino e havia um atendente no balcão. Adolfo perguntou a que horas as coisas abriam e etc, o atendente disse que nada estaria aberto muito cedo, o que causou certa estranheza a Adolfo, e foi então que o atendente alfinetou com um sorriso no rosto: “Aqui nós não somos chilenos, somos magalhânicos!” Depois de dar mais uma volta, encontramos uma pequena padaria aberta. Tomamos um café com leite e comemos um pãozinho delicioso, recheado com maionese e mais um molhinho. Estava realmente muito bom e as duas senhoras que cuidavam do estabelecimento eram realmente muito simpáticas. Ficamos enrolando lá por um bom tempo, batendo um papo, até que deu umas 9 horas e então voltamos à praça, onde havia um centro de informações turísticas. Fomos muito bem tratados pela pessoa que ficava no centro, nos deu várias dicas e foi super atencioso. Em dado momento fui pegar meu iPhone no bolso, e então percebi que ele não estava lá. Procurei desesperadamente em minhas coisas e então voltei à padaria para ver se tinha caído por lá. Nada. Foi nessa hora que Adolfo demonstrou que eu tinha encontrado um bom amigo. Sacou logo seu celular do bolso e tratou de me ajudar. Ligou para a empresa de transfer e para a LAN, e depois foi comigo até uma loja da LAN na cidade para ver se podiam me ajudar. Após entrar em contato com a LAN e a empresa de transfer, ficamos aguardando que uma das duas ligassem para o celular dele avisando caso encontrassem o aparelho. Depois disso fomo ao banco, pois Adolfo precisava depositar um cheque e, enquanto o aguardava, me impressionei com o aparato de calefação muito antigo que ficava dentro do banco, que, mesmo no verão, funcionava a pleno vapor, afinal, a temperatura não passava dos 6 graus. Depois do banco demos umas voltas na cidade e procuramos uma empresa de ônibus para nos levar a Puerto Natales. Eu na verdade já tinha planejado e reservado um passeio de barco até a pinguinera Isla Magdalena, mas devido aos fortes ventos, no dia anterior havia recebido um e-mail da empresa cancelando o passeio. Acabamos então comprando a passagem do ônibus da Buses Fernandez que ia para Natales fazendo no caminho uma escala de cerca de 1 hora na pinguinera Seno Otway, que é muito menor que a Isla Magdalena, mas que fica no continente e no caminho para Puerto Natales. Como tínhamos bastante tempo, tomamos um táxi coletivo até à zona franca de Punta Arenas. A zona franca é engraçada, tem um clima meio de “velho oeste” com as ruas vazias e com o ranger do metal sendo balançado pelo vento o tempo todo. Não vi nada de equipamento bom por lá (eu também não tinha nada realmente faltando!), apenas muitas coisas da Doite e de marcas chinesas desconhecidas. Acabei comprando apenas um gorro de fleece chinês bem meia boca, uma panela de alúminio que custou menos de 2 reais e um autêntico canivete suíço por um preço muito bom! No supermercado que comprei a panela, fiquei com um certo “nojo”. O mesmo era gigantesco e estava abarrotado de produtos chineses de baíxissima qualidade, para tudo quando é finalidade possível, dava realmente dó de imaginar que tudo aquilo seria usado umas poucas vezes e logo seria jogado no lixo, poluindo o planeta. Almoçamos na zona franca e depois retornamos para a cidade, onde pegamos o ônibus para a pinguinera Seno Otway. Apesar de ver poucos pinguins (essa pinguinera só tem 3.000 casais de pinguins, contra 60.000 da Isla Magdalena), valeu bastante a pena. Das passarelas pude vê-los de muito perto e me divertir com o caminhar super engraçado deles, (coisa de menos de 1 metro de distância em alguns casos) pois os bichos já estão acostumados e portanto “nem aí para você”. Após caminhar por cerca de uma hora entre as passarelas e ver os bichos se exibindo, entrando nas tocas e etc, retornamos ao ônibus e seguimos viagem para Natales. Chegamos em Natales por volta das 10 da noite e fazia um frio desgraçado! Ao sair do ônibus na garagem da empresa eu fiquei assustado, me tremia todo mesmo estando em um lugar fechado! Com o passar dos minutos fui me acostumando e percebi que o problema mesmo tinha sido causado pela diferença de temperatura do ônibus quentinho para o frio de Natales. Eu achava que Adolfo também iria ficar em um hostel, mas aí ele me disse que tinha um amigo que estava morando na cidade, e por isso iria dormir na casa dele. Mas antes disso fez questão de ir comigo procurar um hostel. Eu tinha uma lista de hostels indicados, mas estava frio e tarde e eu não estava a fim de bater perna, então logo no primeiro quarteirão depois do terminal da empresa de ônibus, encontrei o Hostel Nancy. Havia lugar e a diária saia por CLP 7.000. Decidi ficar ali. Adolfo me deu o número de seu celular e combinei de ligar para ele no dia seguinte para irmos juntos ao parque no ônibus da tarde, já que estava bem cansado de viagem e não queria pegar o primeiro ônibus que saia as 7:00h. Eu nem cheguei a ver o quarto quando disse que ficaria no hostel, mas logo que subi vi que a decisão foi acertada: a cama era excelente, com muitas colchas e cobertas (não consegui dormir nem com metade delas!) e tudo era limpinho e arrumadinho. No meu quarto havia apenas Lizzy, uma inglesa muito gente fina. Conversamos um pouco e então eu saí para procurar algo para comer. Encontrei aberto o restaurante “El Marítimo”, onde comi um Robalo delicioso e tomei um refrigerante por cerca de CLP 7.000. De barriga cheia, voltei ao hostel, tomei um banho e “capotei” na cama, afinal tinha passado a noite anterior praticamente em claro e o dia todo caminhando, entrando e saindo de ônibus. [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320212818.jpg 500 375 Legenda da Foto]Chegando em Punta Arenas.[/picturethis] [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320213001.jpg 375 500 Legenda da Foto]A famosa estátua de Fernão de Magalhães.[/picturethis] [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320213322.jpg 500 375 Legenda da Foto]Cães dormindo em meio à ventania de Punta Arenas.[/picturethis] [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320213119.jpg 500 375 Legenda da Foto]Um simpático pinguim mostra seus "dotes artísticos" na pinguinera Seno Otway.[/picturethis] [picturethis=http://www.mochileiros.com/upload/galeria/fotos/20110320213435.jpg 500 375 Legenda da Foto]Delicioso Robalo no restaurante "El marítimo".[/picturethis] 01/12/10 Puerto Natales Acordei por volta das 10:00h muito descansado. Havia sido a minha primeira boa noite de sono em 5 dias, numa cama confortável e num quarto silencioso, que foi o que mais contribuiu para minha boa noite de sono. Desci para tomar o café da manhã após o horário limite, mas a dona do Hostel muito atenciosa retirou algumas coisas da geladeira e me serviu também alguns pães. O café era simples, mas gostoso. Após tomar café fui procurar um locutório, pra poder ligar para o Adolfo. Depois de apanhar um pouquinho e com a ajuda de uma cliente do locutorio, consegui ligar e falar com o Adolfo, que ficou de passar em meu Hostel após 10 minutos. Voltei para o hostel e logo o Adolfo chegou. Fomos até a casa do amigo dele que morava em Puerto Natales, o Jayme. Ficamos na casa de Jayme por alguns minutos e logo começou a nevar de leve do lado de fora. Eu e o Adolfo fomos para o quintal. Eu nunca tinha visto neve na minha vida e o Adolfo nunca tinha ido para o sul do Chile - na região onde ele mora apesar de fazer frio, nunca neva. Depois de conversamos um pouco, seguimos em direção ao supermercado para comprar comida. No caminho paramos em uma loja que vendia pacotes e alugava equipamentos pra turistas. O Jayme conhecia todo mundo por lá, pois além de trabalhar como webdesigner, ele também fazia uns bicos de carregador dentro do parque (parece que essa profissão não é ingrata somente no Brasil!) Os moradores locais que conversavam na porta da loja falaram para mim e para o Adolfo que não seria uma boa seguir para o parque, pois o tempo estava ruim e havia informações de que algumas trilhas estavam fechadas, pois os fortes ventos literalmente arremessavam as pessoas para fora da trilha, tornando-as muito perigosas. Disseram também que o catamarã provavelmente não estaria atravessando o lago devido aos fortes ventos. Eu como estava com meu itinerário muito apertado, fiquei em dúvida se deveria tentar a sorte ou não. Fiquei mais um tempinho em frente à loja rindo das piadas que eles faziam uns com os outros, apesar de não entender absolutamente nada do que eles falavam. (Hahahaha Ô espanhol enrolado o que eles falam!) Fomos para o supermercado. Mais uma vez o Adolfo me ajudou imensamente a encontrar os produtos que queria, afinal eu não tinha nenhuma referência de marcas e etc, e ele me auxiliou bastante nas escolhas dos produtos. Enquanto estava dentro do supermercado, começou a nevar bastante do lado de fora. E eu como bom brasileiro que não conhecia a neve, logo corri para fora para sentir os flocos caindo e filmar toda a cena, para a alegria dos locais que ficavam admirados com o fato de uma simples nevasca ser algo tão fascinante para mim. Pensei, pensei, pensei e pensei. Como o Adolfo decidiu não ir para o parque naquele dia, decidi que também seria melhor escutar as dicas dos locais, ficar mais um dia em Natales e deixar para seguir para o parque na manhã seguinte. O Jayme me convidou para almoçar na casa dele e disse também pra eu pegar minha cargueira no Hostel, pois também poderia passar a noite lá! Fiquei muito feliz, pois mais do que economizar uma graninha com a pernoite no hostel, teria uma “experiência local”, sentindo como eles realmente levam a vida naquela terra fria. No caminho para a casa de Jayme já comprei minha passagem para o parque, pela Bus Sur, por CLP 8.000 e partindo às 07:30 da manhã seguinte. A noite fui muito legal. Tomamos umas cervejas, comemos “pichangas” (uns petiscos em conserva), assistimos uns curtas e claro, conversamos bastante. Por fim arrumei toda minha mochila e a deixei preparada para sair. Esta foi uma experiência muito legal, pois realmente me senti “no meio do povo” magalhânico. Os caras foram legais a ponto de dormirem juntos num dos quartos em uma cama de casal para que eu pudesse ficar sozinho no outro quarto com uma cama de solteiro. (a casa era bem pequena e simples e tenho certeza de que eles não eram gays hahaha) O Hostel Nancy. Curtindo uma nevasca no lado de fora da casa do Jayme. Barraca vendendo "guloseimas" para lá de estranhas em Puerto Natales. Vista da zona portuária de Puerto Natales. 02/12/10 Puerto Natales - Torres del Paine entrando pelo Pudeto (Paine Grande - Grey - Los Guardas - pernoite no Los Guardas) Fui dormir tarde e acordei as 06:30h para tomar café da manhã. O ônibus passaria em uma rua ao lado da casa do Jayme, pois a rua dele era muito estreita. Procurei não fazer barulho, mas mesmo assim Jayme e Adolfo se levantaram da cama quentinha naquele belo frio matinal e se despediram de mim. (na volta eu passaria de novo para buscar umas coisas que deixei por lá) Esperei o ônibus por uns minutos, (o combinado era de passar às 07:30h) e como o mesmo não aparecia e eu não estava certo de que estava no cruzamento onde deveria estar, decidi ir até a oficina da Bus Sur. Acontece que me perdi um pouco (estava me guiando apenas por referências visuais) e acabei passando um perrengue, pois entrei em desespero quando percebi que já passava das 08:00h, que era o horário limite para o ônibus sair da oficina e seguir para o parque. Conclusão: ao chegar na oficina fiquei sabendo que estavam a minha procura, pois eu era o último passageiro que faltava! Consegui embarcar no ônibus e finalmente estava seguindo para TDP. Dentro do ônibus fui curtindo as belas paisagens que surgiam e comecei a conversar com o passageiro ao meu lado, um inglês, que para meu espanto planejava fazer todo o W apenas comendo sanduíches de presunto e jujubas. Também me dei conta de que a Lizzy, que eu havia conhecido no Hostel Nancy estava no ônibus. Chegamos umas 9:45h na Laguna Amarga e às 10:30h na Pudeto, de onde partiria o catamarã das 11:00h em direção ao Paine Grande. Assim que desci do ônibus rapidamente fui em direção à pequena trilha que levava ao cais. Chegando lá já havia um bom número de mochileiros de todas as nacionalidades e pra minha desagradável surpresa, um grande grupo de israelenses. (mais tarde explico o porquê da minha “alergia” a eles) Cruzar o lago Pehoé foi uma experiência incrível. Aquela água azul turquesa cercada de montanhas nevadas era uma visão simplesmente fantástica. Eu me sentia ótimo e muito empolgado. Ao chegar ao Paine Grande, havia uma grande fila de mochileiros esperando para retornar com o catamarã, e que ao invés de ter os semblantes sorridentes e cheios de energia dos que chegavam, estavam todos com cara de “acabados”, sujos e cansados. No Paine Grande fiquei impressionado com a estrutura que encontrei, na entrada conversei um pouco com mais alguns gringos e logo eu e o inglês que havia conhecido no ônibus entramos na trilha. Ventava bastante. Fomos percorrendo a trilha que começou aberta em um vale e depois serpenteava por trechos de floresta esparsa. Ao atravessar uma pequena ponte, enchi meu camelbak com água das montanhas pela primeira vez. Que delícia! Água geladinha direto das montanhas. Segui em frente pela trilha no bosque, até que vi a laguna Los Patos, e subi junto com o inglês em umas rochas para ter uma visão melhor da mesma. Foi aí que tive a lição número 1 do parque: “não fique vacilando em encostas”. Uma forte rajada de vento me atirou longe. Por sorte foi em direção à trilha, e não a laguna que ficava do outro lado. Fui me desequilibrando com a força do vento até quase cair, uns 6 metros pra frente. Se o vento tivesse me jogado para o outro lado, certamente eu iria parar na laguna. Seguimos em frente. No caminho encontramos Lizzy, que estava acompanha por uma francesa chamada Marianne e também um outro inglês, o Daniel. Seguimos caminhando juntos e após umas 2 horas chegamos ao primeiro mirador do glaciar Grey. Nossa, que vista! Seguimos em frente e chegamos ao campamento Grey, que estava vazio. Lá fizemos nosso almoço, cada um comendo a sua “tranqueira”. O funcionário da Fanstástico Sur que administra o refúgio foi super legal com a gente, mesmo sabendo que não iríamos acampar lá, nos deixou à vontade para usar os banheiros e tanques. Ele parecia mais preocupado em gelar alguma coisa, haja visto que carregava um bom pedaço de gelo que tinha acabado de retirar do lago Grey. Como ainda era cedo, tínhamos energia, e podíamos economizar CLP 5.000, decidimos caminhar mais uma hora e acampar no campamento Los Guardas, que era gratuito. Chegando no Los Guardas, encontramos apenas um casal em uma barraca. Escolhemos uma boa clareira e começamos cada um a armar a sua barraca. Acabei subestimando o tamanho da minha Marmot Earlylight, que eu montava pela primeira vez. Como o espaço que havia designado pra mim na nossa “clareira familiar” não era suficiente (todas as barracas ficavam de frente, formando um círculo) acabei sendo obrigado a me mudar para uma clareira ao lado, onde não havia nenhuma barraca. Para meu total desgosto, pouco tempo depois de armar minha barraca o grande e barulhento grupo de israelenses chegou, armando suas barracas todas ao redor da minha. Sem muito o que fazer e encantado com as belezas que já havia visto, fui com o pessoal até o mirador do Glaciar Grey, onde tive uma visão espetacular daquela imensidão de gelo. Meus olhos chegaram a marejar com a beleza daquele lugar. Voltei para o Campamento. Preparei meu macarrão dentro do “refeitório” e depois fui para a barraca dormir. Já era cerca de 22:00h, mas os israelenses não estava nem aí. Falavam muito alto, discutiam, enfim, faziam uma verdadeira “farofa” sem o mínimo respeito pelos outros mochileiros que estavam acampados. Só consegui dormir por volta das 23:00h, mas não por muito tempo. Uma das israelenses numa barraca ao lado chorou a noite toda, me acordando diversas vezes. Também acordei por causa do barulho do vento nas árvores e a certa hora jurava que havia algum animal circulando em volta da minha barraca, o que me fez dar repetidos murros no chão para ver se o afugentava. Cruzando o Pehoé rumo ao Paine Grande. O interior do catamarã repleto de gente do mundo todo. A trilha acompanhando o lago Grey. As onipresentes Lengas. O Daniel, eu e a Marianne. O lindíssimo Glaciar Grey. Trecho da trilha até o Los Guardas. Vista do lago Grey a parti do Campamento Los Guardas. Minha barraca (laranja) entre duas barracas israelenses no Los Guardas. 03/12/10 Torres del Paine (Los Guardas - Grey - Paine Grande - Italiano - pernoite no Italiano) Acordei por volta das 07:00h, tirei água do joelho e tratei de ir ao riacho bem próximo ao Campamento, onde coletei água para o café da manhã e dei uma lavada na panela que havia usado na noite anterior (posteriormente descobri que fiz besteira: se quiser lavar algo, colete água e lave-o a uma distância segura da fonte d’água). Preparei um sanduíche de salame, comi um polenguinho e mais uma barra de cereais, além de beber um mocaccino quentinho e revigorante. O restante do pessoal também tomou seus respectivos cafés da manhã, e após mais uma visita matinal ao Grey, arrumamos nossas mochilas e rumamos de volta para o Paine Grande, que não era o destino final do dia, já que ainda seguiríamos até o Campamento Italiano. Após a bela caminhada de volta ao Paine Grande (eu e o Daniel que éramos bem mais rápidos) chegamos bem antes dos outros e ficamos um bom tempo sentados em um banco, comendo as batatinhas fritas totalmente trituradas pela mochila do Daniel. Quando os outros chegaram, entramos no refeitório do Paine Grande, que é bem legal e possui até mesmo pequenos fogões de uso coletivo e gratuito (com gás e tudo!). Fizemos então uma refeição mais substancial (de novo o sanduíche de salame, mas com direito a chocolate e uma Sprite geladinha que comprei no refúgio pela bagatela de CLP 2.000) O inglês que estava conosco (o qual esqueci o nome) estava se sentindo mal, fraco. Talvez por conta de sua forma física não tão boa assim e a sua estúpida ideia de trazer apenas sanduíches de presunto e balas para comer. Ele nos disse que pretendia voltar para Natales atravessando o lago com o catamarã da tarde. Nós sugerimos que ele acampasse aquela noite no Paine Grande, e, caso não se sentisse melhor pela manhã, que partisse no primeiro catamarã. O vento castigava violentamente o abrigo do lado de fora. Fiquei um bom tempo observando um pato que caminhava em meio ao capim que balançava com força, na maior naturalidade do mundo (é claro, estava no ambiente dele). Não sei o que o inglês acabou decidindo, mas após o lanche, descansamos um pouco mais, nos despedimos dele e seguimos nosso caminho. Nós precisávamos seguir em frente, pois ainda havia uma boa caminhada até o Italiano, além de todo o processo de encontrar um bom lugar para armar a barraca e etc. Na caminhada para o Italiano, novamente eu e o Daniel fomos muito mais rápidos, deixando Marianne e Lizzy para trás rapidamente. Aproveitei pra dar uma desenferrujada no meu inglês, conversando muito com o Daniel, que era filho de mãe imigrante de Trinidad e Tobago e pai da Índia. Foi bem legal trocar algumas ideias com alguém de origens tão diferentes das minhas. Seguimos em frente e depois de umas 2 horas atravessamos a temida ponte que dava no Campamento Italiano. (na verdade a ponte não é nada demais, apenas treme bastante, e cair naquela água geládissima com certeza não seria nem um pouco legal!) No Italiano demos logo de cara com o refúgio dos guarda-parques, no qual havia um guarda bastante simpático que mais tarde passou em nossas barracas para que escrevéssemos em um caderno de registros nossos nomes e nacionalidades. Novamente eram apenas eu e o Daniel, já que Marianne e Lizzy haviam ficado para trás. Selecionamos a área que nos pareceu melhor e eu procurei ficar um pouco mais afastado, onde teria menos chances de ter novamente como vizinhos os barulhentos e desrespeitosos israelenses. Após montar a barraca, tratei de ir para o refeitório preparar meu jantar. Nesse meio tempo a Lizzy e a Marianne também chegarem e armaram suas barracas um pouco afastadas de nós. Estava ficando tarde e haviam poucos lugares disponíveis para armar barracas, mas os israelenses não haviam chegado, e quando chegaram, adivinha onde se estabeleceram? Fiquei muito P da vida, mas felizmente nessa noite eles estavam cansados demais para “causar” ou eu é que tive o sono pesado demais para ser incomodado por eles. Fui dormir por volta das 22:00h e o fato é que eu novamente acordei muitas vezes nessa noite, mas somente por conta do barulho que as violentas rajadas de vento produziam nas Lengas. De volta ao Paine Grande. O imponente Paine Grande. O simpático pato. A "cozinha" do Campamento Italiano. Minha barraca com a lateral fechada por pedras para protegê-la do vento. 04/12/10 Torres del Paine (Italiano - Valle del Francés - Italiano - Los Cuernos - pernoite no Los Cuernos) Acordei por volta das 07:00h e já havia um bom movimento em todo o campamento. Tomei meu café da manhã e usei o banheiro, que surpreendentemente era bastante limpo apesar de não contar com pias e chuveiros. O Daniel acordou um pouco depois de mim, e logo Lizzy e Marianne também se juntaram a nós, pois seguiríamos todos juntos para o Valle del Francés. Arrumei minhas coisas na pequena bolsa esportiva que havia levado para usar como mochila de ataque e lá fomo nós. O começo da trilha foi bem pesado, com muitas pedras e alguma escalominhada. Fiquei imaginando que quem fosse para o Campamento Británico mais acima no vale com a cargueira nas costas teria uma tarefa realmente árdua. Pra variar eu e o Daniel logo nos destacamos de Lizzy e Marianne, e após cruzar a parte com mais pedras e contemplar o belo visual de montanhas nevadas que surgia em nossa frente, começamos a adentrar bosques de Lengas e, conforme a altitude aumentava, maior era o acúmulo de neve no chão. No caminho cruzamos o Campamento Británico, que estava completamente vazio. E não era para menos: além de ser uma trilha pesada pra se cruzar de cargueira, o Británico não possuia qualquer tipo de estrutura, apenas algumas clareiras com muros feitos de troncos de Lengas para proteger do vento. Tiramos muitas fotos e eu adentrei alguns trechos onde havia um acúmulo maior de neve, apenas para que o Daniel me fotografasse, afinal, não esperava encontrar muito mais neve do que isso (eu realmente não esperava o que acabei enfrentando em Chaltén alguns dias depois). Em dado momento fiz uma bola de neve e atirei nas costas do Daniel. Então expliquei a ele que não pude resistir, foi a primeira vez que tive a chance de “atacar” alguém com uma bola de neve. Ele me disse que se sentia feliz por ser a vítima de minha primeira bola de neve rs. Fomos em frente até o fim do vale, onde havia um mirador. Na verdade sem perceber acabamos passando pelo mirador e adentrando um bosque de Lengas que seguia montanha acima. Aqui já havia bastante neve, cobrindo todo o chão de branco. Fiz alguns pequenos filmes dessa experiência, era a primeira vez que sentia meus pés afundando na neve. Haviam mais uns gringos por lá. Pedimos que tirassem algumas fotos nossas e descemos de volta, encontrando a Lizzy e a Marianne em uma grande rocha no caminho. Ficamos ali tentando admirar a vista, mas o tempo estava fechado e não se via muita coisa. Decidimos lanchar ali, e ao sentar em uma pedra me dei conta de que estávamos no mirador em si, conforme estava escrito com uma tinta amarela bem apagada na própria pedra. Passados alguns minutos, o tempo ensaiou abrir, mas muitas nuvens continuavam a encobrir as montanhas, até que do nada o tempo cinzento deu lugar a um céu azul límpido, nos permitindo ter uma boa visão de todas as montanhas ao redor e tirar umas belas fotos. Após curtir bastante o visual, decidimos voltar para o Campamento Italiano e arrumar nossas barracas para seguir para o Los Cuernos. A trilha até o Los Cuernos foi tranquila e eu e o Daniel mais uma vez ficamos à frente das mulheres. Acabamos encontrando novamente Lizzy e Marianne à beira do lago Nordenskjold, onde todos nós deitamos na “praia” de seixos rolados, descansamos e comemos chocolate admirando a paisagem que circundava aquele lindo lago de águas azuis. Chegamos no Los Cuernos lá para as 18:00h. Fiquei muita na dúvida se deveria seguir direto para o Campamento Chileno, o que levaria cerca de 4 horas sendo que a luz do sol duraria até às 22:00h. Eu já estava atrasado em meu itinerário, pois havia perdido um dia em Natales e no primeiro dia em TDP decidi dormir no Los Guardas ao invés de ir até o Grey e voltar para dormir no Paine Grande, como o roteiro W tradicional propõe. Eu não queria mesmo “perder” mais um dia em TDP, mas como ninguém quis seguir em frente comigo e eu não me senti à vontade para ir sozinho, acabei ficando no Los Cuernos mesmo. Armei minha barraca e comecei a preparar minha janta. Nisso vi um fogareiro Guepardo igualzinho ao meu em cima de uma mesa. O dono do fogareiro era bem branco e tinha olhos azuis, parecia muito um europeu. Fui trocar uma ideia com ele e então descobri que ele era brasileiro mesmo, um catarinense. Foi o primeiro brasileiro que encontrei na trip e ele disse que eu também o era. Ele havia feito o circuito O e me relatou como atravessou o Paso John Gardner com seus equipamentos precários (o cara não tinha nem anorak, usava um poncho!) graças a ajuda de um grupo guiado. Havia muita neve mesmo, em alguns pontos até a cintura (conforme as fotos que ele me mostrou) e ele só conseguiu atravessar porque o guia de um grupo pediu que ele se mantivesse junto com o grupo, pois estava realmente muito perigoso e se algo acontecesse com ele não seria bom pra ninguém. (sabe como é, má publicidade para o parque) Também conversei um bocado com um simpático casal de holandeses na barraca ao lado. Então fui conversar com a Lizzy, o Daniel e a Marianne, que haviam ficado em uma clareira mais afastada da minha (não havia lugar pra todo mundo). Após conversar um bocado tomei coragem pra tomar um banho morno no refúgio, escovar os dentes e ir para a barraca dormir. Na subida ao Valle del Francés o tempo não estava bom. Lengassssss. Conforme fui subindo, encontrei mais e mais neve acumulada. Quase no fim da trilha e sem expectativa de ver bem as belas paisagens. E não é que o tempo abriu! Eu, Lizzy, Marianne e Daniel. Campamento Británico e sua "bela estrutura". Na volta - descendo o Valle - o tempo estava bem melhor. Deixando o Campamento Italiano e partindo para o Los Cuernos. Descanso a beira do lago Nordenskjold. Anoitecer no Los Cuernos. 05/12/10 Torres del Paine saindo pela Laguna Amarga (Los Cuernos - Chileno - Torres - Chileno - Hosteria Las Torres) - Puerto Natales Na noite anterior eu havia perguntado para o pessoal em qual horário eles planejavam deixar o Los Cuernos, e eles me disseram que pensavam em acordar às 09:00h. Como eu iria cometer a pequena loucura de ir do Los Cuernos para o Chileno, do Chileno subir as Torres e depois ainda descer até a Hosteria Las Torres a tempo de pegar o ônibus das 19:45h para Natales num percurso de cerca de 30Km, decidi levantar as 06:00h para deixar o Los Cuernos às 07:00h. Acabei me atrasando um pouco e saí do Los Cuernos quase às 08:00h. Quando estava com a cargueira nas costas quase entrando na trilha, vi a Marianne indo para o banheiro. Parei para falar com ela e saber qual era percurso que iriam fazer, e então ficou meio que combinado que nos veríamos novamente na trilha entre as Torres e o Chileno, pois Marianne, Lizzy e Daniel ficariam mais um dia no parque, passando a noite no Campamento Torres. Parti para a trilha. Foi legal pela primeira vez trilhar realmente a só. Botei meu ipod e meti bronca pela trilha, enfrentando muito vento nas encostas do lago Nordenskjold. em dado momento tive que cruzar um pequeno rio. Parei pra fazer um suco com a água geladinha. Uma delícia. Também foi a primeira prova real para a impermeabilidade das minhas botas. 100% aprovadas. Observei muitas aves e cruzei com pouquíssima gente no caminho, algo que me surpreendeu um pouco, pois em todas as outras trilhas do parque eu não passava mais de 10 minutos sem cruzar com alguém. Já estava de saco cheio de falar “hola” para um monte de gente que só sabia esta palavra em espanhol. (e o Daniel mais ainda, foi ele que me passou essa “raivinha” no dia anterior rs) Como tinha pressa, eu estava literamente “bombando” na trilha. Não parei para descansar nenhuma vez e em cerca de 1:45 minutos (contras as 3h estipuladas no mapa) já havia chegado no cruzamento onde se podia pegar o atalho para o Chileno ou seguir em frente para a Hosteria las Torres. Parei para comer algo, peguei o atalho e continuei sem praticamente nenhuma dificuldade, trilha bem tranquila mesmo. Só que na última parte da trilha para o Chileno, é necessário vencer um bom desnível. A trilha começou a ficar bem cansativa, mas o problema não era nem esse. Ventos violentíssimos (os mais fortes que enfrentei no parque) literalmente me atiravam para fora da trilha várias vezes. Cheguei a cortar a mão em um dos tombos, e além disso, o vento arrancava a capa da mochila de 5 em 5 minutos. Depois de ter que parar umas 5 vezes pra por a capa de volta, (ter que parar, tirar a pesada mochila das costas, por a capa de volta e depois fazer força pra por a mochila nas costas de novo é dose) uma hora fiquei realmente irritado e taquei o @#$@$#-se, deixei a mochila sem capa mesmo, apesar de estar chovendo de leve. O vento era tão forte que quando batia de frente simplesmente me impedia de caminhar. Eu dava três passos e voltava dois. No trecho final, quando já avistava o Campamento, foi necessário atravessar uma encosta com um longo desfiladeiro abaixo, onde se vê o rio Ascencio. Fiquei com muito receio. Em dado momento me agarrei na raiz de uma árvore e esperei que o vento desse uma trégua, pois fiquei realmente com medo de ser atirado no desfiladeiro. A trégua não veio. Mas logo vi uma trekker que vinha de outra trilha (da Hosteria) passar por mim e atravessar o trecho com dificuldade, mas sem a menor cerimônia. Ao ver que ela conseguira sem maiores problemas, segui em frente também. Eu avistava o Campamento tão perto, mas tão longe. Parecia que eu nunca iria chegar lá, mas após subir e descer alguns montes, finalmente dei de cara com a ponte que cruza o rio e dá no Chileno. Era pouco antes do meio-dia, ou seja, estava indo bem, fazendo as trilhas entre 30% e 40% mais rápido do que o mapa do parque indicava. Me sentei em um dos bancos ao lado do refúgio e, meio sem fôlego, fiquei uns minutos parado e analisando o mapa, pensando bem se deveria desistir de tentar salvar um dia e acampar ali, subindo para as Torres e voltando para dormir, ou se deveria deixar a cargueira em frente ao refúgio, subir para as Torres, pegar a cargueira e descer para a Hosteria Las Torres a tempo de tomar o transfer das 19:00h, que me levaria até a portaria Laguna Amarga para pegar o ônibus das 19:45h para Natales. Pela proximidade com a Hosteria Las Torres, o Chileno estava cheio de turistas “ playboizinhos” - com os melhores equipamentos apenas para fazer as trilhas e depois voltar para o luxuoso hotel. Durante o lanche puxei conversa e perguntei para um cara que estava sentado ao meu lado se ele já havia subido até as torres. Era um americano simpático, me disse que já havia subido com o seu pai no dia anterior. Perguntei a ele qual seria o grau de dificuldade, explicando que eu precisava estar de volta ao Chileno até umas 17:00h, pra que desse tempo de eu pegar a cargueira e descer até a Hosteria para pegar o transfer. Ele me encorajou, disse que sozinho e sem cargueira eu certamente seria bem mais rápido do que as 2:30h indicadas no mapa para se completar as duas trilhas que levam às torres. Perguntei sobre onde eu poderia por minha mochila (pensei que de repente ele poderia oferecer sua barraca ou coisa do tipo) então ele me disse que achava que eu poderia deixar na entrada do Refúgio Chileno mesmo. Haviam outras mochilas lá, de pessoas que deixavam as mochilas do lado de fora e iam comer ou comprar algo dentro do refúgio, ou seja, deixando minha mochila ali ninguém teria como saber se o dono estava por perto. Deixei a cargueira na entrada do refúgio, juntei algumas coisas na “sacola de ataque” e meti o pé na trilha quando o relógio marcava 13:00h. Como tinha apenas 4 horas para ir e voltar, dei o máximo de mim na trilha. Cheguei a assustar algumas pessoas com a velocidade que eu batia os bastões no chão e seguia em frente. Estava sempre ultrapassando alguém. Conclusão: fiz as duas trilhas quase na metade do tempo, 1:30h. (andando como um doido) Cheguei nas Torres às 14:30h. O tempo estava ruim, frio, ventava e chovia e não consegui ver quase nada. Apesar disso havia umas 30 ou 40 pessoas lá em cima, muitas bem mal preparadas, usando jeans e moletom. Como estava mal alimentado por conta de toda a loucura do dia, comi um sanduíche de salame e um pouco de chocolate. Pensei em descer até o lago, mas na hora não me pareceu uma boa ideia. Depois de comer, tirei algumas fotos e como o clima não estava nada bom, e eu não tinha mesmo muito tempo, decidi voltar logo para o Chileno. Novamente fiz a trilha como um louco, fui até mesmo bastante imprudente no começo: desci a primeira parte da trilha que é cheia de areia numa espécie de “slalom” com meus bastões. Em certo momento eu quase que passo do ponto onde a trilha real seguia em frente e acabo descendo precipício abaixo. Confesso que aquilo foi bem estúpido. Bom, descida é sempre mais rápido e consegui estar de volta ao Chileno em apenas 45 minutos, ou seja, 16:00h eu já estava de volta, quando tinha estabelecido o limite de 17:00h, pra na pior das hipóteses fazer a última trilha até a Hosteria Las Torres em duas horas e chegar a tempo de pegar o transfer. Eu não sabia como funcionava o esquema do transfer e nem mesmo se lugar no ônibus de volta para Natales era garantido (mesmo eu tendo a passagem de volta em aberto) por isso mesmo “adiantado” uma hora, fiz a trilha até a Hosteria (que é muito fácil depois que se cruza a montanha que vem antes do Chileno) bem rápido e às 17:00h já estava lá. Conclusão: corri como um louco, corri riscos, não aproveitei tão bem o dia e acabei chegando duas horas antes do que eu precisava. Comprei uma Sprite no quiosque que havia no estacionamento da Hosteria. Depois entrei na Hosteria pra ver se tinha algo decente para comer, mas a cozinha estava fechada. Fiquei um bom tempo sentado em um banco na entrada, observando o movimento de turistas endinheirados com seus equipamentos de ponta para dar voltinhas no parque e depois voltar para dormir no luxuoso hotel. Achei isso bastante engraçado ao lembrar dos tipos que vi cruzando o parque de tênis e calças jeans. Acabei descobrindo através de um funcionário do hotel que o transfer que levaria até a Guarderia Laguna Amarga não saia da frente do hotel e sim do estacionamento ao lado. Segui para lá e me deparei com um grande grupo de adolescentes chilenos. Fiquei preocupado. Não sabia como funcionava o esquema de assentos e pensei que talvez não houvesse lugar para todos, cheguei a pensar em andar os 7,5 Km de estrada para me garantir. Quando deu umas 18:15h, umas 3 vans chegaram para levar o grupo de adolescentes para a Guarderia Laguna Amarga. Ao perguntar para um dos adultos que os acompanhavam, descobri que se tratava de um grupo fechado e que estes não eram os transfers regulares, e sim vans fretadas para levá-los de volta. Duas vans se encheram e a última ficou pela metade. Foi então que decidi perguntar ao guia se eu poderia pegar uma carona com eles, caso houvesse espaço. Ele me respondeu prontamente e simpaticamente que sim. Ótimo, iria chegar na Guarderia mais cedo e assim afastar meu medo de ficar sem assento no ônibus para Natales e ainda por cima economizar os se não me engano 2.000 CLP da passagem. No caminho alguns adolescentes puxaram papo comigo, eram todos de Santiago e como praticamente todo chileno que conheci, ficaram muito alegres ao saber que eu era brasileiro, me fizeram muitas perguntas e me falaram que já conheciam ou queriam muito conhecer o Brasil. Ao chegar na Guarderia Laguna Amarga, me despedi e agradeci pela carona. Havia uma pequena casa com bancos para quem aguardava o ônibus. Segui para lá, onde havia um casal de idosos suecos e uma holandesa, perguntei para eles sobre como era o esquema de ônibus e ficamos lá batendo papo para o tempo passar. Enquanto isso pude contemplar um belo arco-íris e reparar com algum arrependimento que o tempo havia melhorado muito na região das torres, o céu estava azul e provavelmente a visibilidade deveria estar excelente, mas já não havia o que fazer: era hora de voltar pra Natales e me preparar para a viagem até El Chaltén. Cheguei em Natales no início da noite, e da garagem da empresa de ônibus segui direto para a casa de Adolfo. No caminho comprei uma bela e grande garrafa de suco Cepita de Pêssego (o qual adorei) e fui tomando no caminho, enquanto sentia que a temperatura caia rapidamente junto com os últimos raios de sol. Quando cheguei na casa de Jayme fui recebido pelo mesmo e por Adolfo, que me abraçaram e estavam ávidos por saber como havia sido minha aventura. Lhes contei tudo - na medida do possível com meu portunhol - e depois jantei um hotdog com palpa (abacate) preparado pelo Adolfo. Até que o abacate salgado fica bem gostosinho no hotdog! Mostrei umas fotos do parque e tomamos umas cervejas juntos. Trilhando sozinho rumo ao Campamento Chileno. Uma bela de uma pirambeira, sempre dificultada pelas rajadas de vento. Quase chegando no Campamento Chileno. O tempo não estava nada bom nas Torres. Visão do rio Ascencio a partir do Campamento Chileno. Recepção da gringaiada endinheirada na Hosteria Las Torres. Hosteria Las Torres. Já na Porteria Laguna Amarga. Que tristeza já me batia ao ver o que eu estava deixando para trás. Mais triste ainda fiquei ao imaginar que o tempo devia ter melhorado muito nas torres... Um lindo arco-íris surgiu enquanto eu estava aguardando o ônibus para deixar o parque. 06/12/10 Puerto Natales Acordei, tomei meu café da manhã e me despedi de Jayme, que não estava bem do joelho e por isso não me acompanhou até a empresa de ônibus, como fez Adolfo. As 08:00h dei um abraço, agradeci muito ao Adolfo e adentrei o ônibus da Turismo Zaabj em direção a El Calafate, cidade em que eu ficaria apenas por uma noite, já que na manhã seguinte seguiria para El Chaltén. Não muito tempo depois de deixar Natales, o ônibus parou num posto fronteiriço, para que oficialmente saíssemos do território chileno. Já dentro do posto fronteiriço, percebi que não estava com o papel da imigração, que recebi no aeroporto de Santiago. O oficial então me fez assinar um novo papel e não me deu nenhuma cópia do mesmo, me dizendo que não seria necessário. Voltamos ao ônibus e andamos mais uns 2 Km, e então paramos no posto fronteiriço argentino, na província de Santa Cruz. Chegando na minha vez de ser atendido, o oficial argentino me perguntou sobre o “papel” chileno. Disse a ele que não tinha recebido nada e então ele meio que confuso só anotou meu R.G. e nome num canto da lista de passageiros do ônibus. Na hora não achei que isso seria problema, mas no fim da viagem me causou uma tremenda dor de cabeça. Cheguei em Calafate lá para umas 14:00h. Assim que desci da rodoviária, cai numa rua principal, onde já pude sentir o clima da cidade: lugar de turistas endinheirados e preços exploratórios. Segui direto para o Hostel Calafate. Chegando lá descobri que a diária era de ARS 60,00, o que achei um absurdo. Pensei em sair para procurar um hostel mais barato, mas como não estava lá com muita paciência para caminhar e também bem cansado, converti o valor para real e percebi que conseguiria economizar apenas uns R$10,00 se fosse para outro hostel. Aquele tinha boas recomendações, então decidi ficar ali mesmo. Peguei a chave e entrei no quarto, que apesar de até que “arrumadinho” tinha uma cama péssima. Como havia perdido meu iphone no começo da viagem, não tinha como saber as horas e nem como despertar. Saí então à caça de um relógio barato para quebrar o galho. E quem disse que eu achava? Após rodar muito, acabei comprando um relógio muito vagabundo, que não deveria valer nem R$10,00 por absurdos ARS60,00! Bom, eu não tinha escolha. Melhor pagar caro num relógio porcaria do que perder a hora de acordar ou não saber que horas são no “meio do mato”. Depois disso fui até uma lan house pra ligar para casa e para minha namorada e finalmente fui procurar um lugar para jantar. Passei em frente a um restaurante bastante movimentado e dei uma olhada no menu. Um bife de chorizo custava AR$ 58,00. Achei caro, mas pra quem tinha passado 4 dias em TDP comendo comida de acampamento, decidi que era um luxo merecido. Entrei e me sentei à mesa. Vi que numa mesa ao lado um bife de chorizo estava sendo servido, bem pequeno por sinal. Mas foi quando eu fui dar uma olhada no cardápio que percebi que o valor que eu tinha visto (AR$ 58,00) era o preço só do bife, sem qualquer acompanhamento! Somando batatas e arroz o valor do prato chegaria a absurdos AR$ 120,00! Me levantei e fui embora, aquilo era exploração demais para mim. Dei uma volta dando uma olhada no menu de cada restaurante pelo qual passava em frente, mas como tudo me pareceu caro, acabei comendo uma hamburguesa com papas em um barzinho de esquina, o que também não foi nem um pouco barato: AR$ 40,00. De barriga cheia voltei ao hostel e fui arrumar minhas coisas. Como Calafate é uma cidade bem turística, o hostel se encontrava vazio, pois a maioria de seus hospédes tinha “caído na gandaia” e só voltaria de madrugada pra fazer barulho e acordar quem tinha que levantar cedo. Aproveitei que estava tudo calmo pra lavar minhas cuecas, meias e etc na pia do banheiro. Fui então dormir lá para as 01:00h e quando deu umas 5:30h fui acordado por uma tremenda gritaria: eram umas garotas (inglesas eu suponho) e uns caras que haviam chegado bêbados e por isso decidiram literalmente “causar” no hostel, fazendo guerra de travesseiros, pulando e berrando sem parar. Fiquei deitado na minha cama esperando que alguém do hostel aparecesse pra dar um jeito na bagunça, mas nada aconteceu. Como eu ia levantar dentro de pouco menos de uma hora, fiquei dando uma enrolada na cama e quando bateu 6:00h decidi me levantar e ir tomar café da manhã. 07/12/10 El Calafate - El Chaltén (Piedra del Fraille - Lago Eléctrico - Piedra del Fraille - pernoite na Piedra del Fraille) O café da manhã foi a única coisa boa que encontrei no Calafate Hostel - talvez na cidade de Calafate. Tinha bastante variedade e além de comer o máximo possível para ficar bem alimentado, levei também algumas geléias e doces de leite daqueles que vem potinhos plásticos para comer enquanto estivesse acampado. Terminei de comer e voltei ao quarto para pegar minhas coisas e partir de Calafate em direção a El Chaltén. (eu não via a hora, pois detestei aquela cidade) Parei na recepção para pagar pela estadia e havia um grupo de gringos se enrolando no espanhol com o funcionário do hostel. Apesar da rodoviária ser bem perto, já estava ficando em cima da hora, pois meu ônibus partiria às 07:30h. Pedi educadamente ao pessoal que estava na minha frente que me deixassem acertar as contas antes, ao que consentiram sem problemas. Ao trocar umas palavras com um deles, descobri que iriam pegar o mesmo ônibus que eu, portanto, se eu estava atrasado, eles também estavam! Antes de sair do hostel decidi deixar a bolsa velha que estava carregando com minhas roupas “civis” - 2 camisetas e um jeans - na sala de bagagens do hostel. Entrei lá e vi um locker aberto, com sua chave na tranca. Não pensei duas vezes: meti minha bolsa lá, tranquei e me mandei. (o certo seria eu solicitar um locker na recepção e etc, mas como o funcionário estava ocupado, achei que não haveria problemas) Cheguei à rodoviária às 07:30h, o ônibus ainda não estava cheio e o embarque tranquilo. Após me certificar que minha cargueira tinha sido acomodada no bagageiro, subi no ônibus e me sentei em uma janela. (os assentos não são marcados) A viagem foi tranquila, fora uma mulher muito chata que estava atrás de mim e não parava de falar, de se debruçar em meu banco, abrir a minha cortina e pasmem, até eliminar gases extremamente mal cheirosos, depois dizem que os europeus são todos super educados... Num momento quase me desentendi com ela - ela empurrou minha cortina pois queria ter uma visão super ampla pela janela e eu disse que queria dormir, portanto não queria que a cortina ficasse escancarada a partir do começo de minha poltrona. A estrada seguia cortando as lindas paisagens patagônicas, pelo caminho vi inúmeras “haciendas” e fiquei imaginando como seria a vida por ali, numa região tão linda qunto isolada. Não demorou muito para deixarmos a rodovia principal e entrar numa menor - recentemente asfaltada - que dava em El Chaltén. Logo tive a visão maravilhosa das montanhas da região e a alguns quilômetros de Chaltén o ônibus parou para que pudéssemos apreciar a paisagem a partir de um mirante na estrada. Seguimos viagem e logo que chegamos à Chaltén, paramos no chalé que abriga o que creio ser a sede do Parque Nacional de los Glaciares. Lá existe um museu com informações sobre a fauna, flora e geografia local. Após uma pequena palestra ministrada em inglês ou espanhol, recebi um mapa - bem meia boca, diga-se de passagem - e voltei ao ônibus. O ônibus rodou apenas mais algumas centenas de metros e logo estacionou na rodoviária local. Peguei minha cargueira e já tratei de comprar minha passagem de volta para Calafate, no sábado, às 18:30h, pois meu voo de Calafate para Buenos Aires partiria no domingo às 12:10h. Após perguntar para uma local onde poderia encontrar uma padaria, saí caminhando pelas ruas da cidadezinha, que estava bastante tranquila, com poucos turistas. Entrei na padaria indicada para comprar pão e salame, procurava por um pão igual ao que encontrei no Chile, que era igualzinho ao pão de forma desses que compramos de pacote, a diferença é que ele não vem previamente cortado, e por isso não amaça com tanta facilidade. Como não havia o tipo de pão que procurava, acabei comprando apenas um pedaço de salame que me pareceu meio velho, mas como tinha trazido bastante comida do Chile, não me preocupei muito. Em seguida me dirigi à loja da Patagonia Aventura, a fim de comprar um pacote para conhecer o glaciar Viedma no sábado. Após alguns minutos de indecisão entre as opções de pacote disponível e de me certificar que seria possível realizar o Viedma Pro (trekking + escalada no glaciar) no sábado e retornar a tempo de pegar o ônibus das 18:30h para Calafate, fiz minha reserva e paguei os AR$550,00 pela brincadeira. Ao sair da Patagonia Aventura avistei do outro lado da rua o que pareceu ser uma pequena padaria/café, a qual adentrei em busca de pão. Novamente não encontrei o tipo de pão que procurava, mas a senhora muito simpática que me atendeu perguntou-me se o pão era “pras montanhas” e eu disse que sim, então ela me sugeriu um outro tipo de pão fabricado por ela, o qual acabei comprando juntamente com algumas empanadas, pois já se aproximava do meio dia e a fome logo bateria com força, e eu não tinha a intenção de almoçar na cidade. Saindo da padaria fui em busca de transporte até o Rio Electrico, pois planejava subir ao Paso del Cuadrado e pernoitar na Piedra del Fraille. Segui pela mesma rua (que terminava bifurcando na estrada de terra que atravessa o Rio Electrico e na trilha que leva ao Fitz Roy) e parei em uma agência de turismo para perguntar sobre transporte. Sabia previamente que existiam vans que faziam este transporte, mas como a cidade estava mesmo muito vazia, fui informado que não havia nenhuma van programada para aquela tarde. A atendente da agência ligou para um motorista e então me disse que o mesmo poderia me levar até lá por AR$70,00, mas apenas às 15:00h. Como achei o valor alto e ainda faltava mais de 2 horas até que o motorista pudesse me levar, decidi caminhar até o início da estradinha de terra e tentar uma carona. Me sentei num barranco à beira da estrada e comi uma empanada. Após alguns minutos o primeiro carro passou. Levantei o braço pedindo carona, mas só depois que ele passou por mim pude notar que já se encontrava cheio. Fiquei matando o tempo cortando alguns fios soltos da minha Deuter Aircontact nova e assim foram passando alguns carros, a maioria de turistas hospedados na Hosteria El Pilar, que ficava depois do Rio Electrico. Pedia carona para todos que passavam, alguns carros estavam realmente cheios, mas outros passaram por mim vazios e mesmo assim se negaram a me dar carona. Até que cerca de 1 hora depois que comecei a pedir carona surgiu uma caminhonete branca toda arrebentada, conduzida por um senhor argentino muito gentil, que parou imediatamente para me dar carona. Exigiu apenas que eu jogasse a cargueira na caçamba e então abriu a porta para mim com alguma dificuldade. Foi só quando me sentei no banco que percebi o porquê da dificuldade em abrir a porta: assim como na parte exterior da porta, não havia maçaneta na parte interior, e ele utilizava um pedaço de ferro pra cutucar a trava da porta para abrí-la e fechá-la! A caminhonete estava mesmo em mísero estado, mas o senhor era muito simpático, eu mal abri minha boca e ele já percebeu que eu era brasileiro. Falou um pouco de portunhol, me disse que já havia visitado o Brasil algumas vezes e que trabalhava como empreiteiro e estava construindo uma casa nas imediações para o presidente do Banco Itaú. Conversamos um pouco sobre a fauna e ele me falou um pouco a respeito das montanhas que ficavam cada vez mais próximas, principalmente do maravilhoso Fitz Roy, que se mostrava tão imponente naquela tarde de sol. Na estrada vi algumas pessoas seguindo à pé desde Chaltén, numa caminhada enfadonha de 17Km pela estradinha de terra. Saltei na ponte antes do Rio Electrico, peguei minha cargueira e agradeci pela carona. Em seguida tomei a trilha pelo lado esquerdo do rio (sem cruzá-lo) e não demorou muito para perceber que eu estava seguindo na direção errada, o que me foi confirmado ao ver outros trekkers cruzarem o rio e seguirem pelo direito. Voltei os poucos metros que havia caminhado e tomei a trilha certa. Como as pessoas que vi adentrarem a trilha eram todas de idade mais avançada, rapidamente ultrapassei todos e logo seguia sozinho. A trilha era bem fácil, só parei uma vez à beira de um rio de água cristalina para beber água e comer algo e em alguns pontos da floresta para tirar fotos de flores e de paisagens que achei mais interessantes. Procurava me mover sem fazer muito barulho, pra ver se dava sorte de ver um puma ou quem sabe até um raríssimo Huemul. Não cruzei animal nenhum e em cerca de 2 horas cheguei à Piedra del Fraille, que não passava de cabana que funcionava como restaurante e mais duas construções bem rústicas. Entrei na cabana onde fui falar com a responsável pelo local (creio que não era a proprietária, apenas uma funcionária) a qual me disse que o valor seria de AR$40,00 para passar a noite acampado. Fiquei “P” da vida, perguntei para ela se era isso mesmo, absurdos quarenta pesos, o que era quase o preço de um hostel para apenas acampar na clareira ao lado da cabana. Ela disse que era isso mesmo, e que além do terreno a única coisa que oferecia inclusa no valor era banho quente das 19:00h às 21:00h. Como já estava tarde e eu já tinha economizado com o transporte mesmo, acabei aceitando o assalto. Montei minha barraca embaixo de uma árvore - havia bastante espaço, pois só haviam mais umas 3 barracas por lá - e voltei para o interior da cabana, a fim de coletar informações a respeito do Paso del Cuadrado. No interior da cabana (que era aquecida e estava numa temperatura bem agradável) havia um grande grupo de idosos franceses, que estavam se hospedando numa outra cabana-dormitório. Logo vi também dois homens conversando em português e então fui falar com eles. Me mostraram um grande mapa de Chaltén (eu só tinha o muito meia boca que ganhei na entrada do parque) deram algumas dicas a respeito das trilhas nas imediações, mas nada muito interessante, pois ambos estavam hospedados na Hosteria El Pilar e portanto estavam numa “pegada de viagem” diferente da minha, inclusive ficaram me olhando com um ar de espanto quando disse que viajava sozinho e que estava fazendo um circuito apenas acampando. Disse a eles que pretendia subir ao Paso del Cuadrado, mas o tempo lá fora estava bem ruim, havia inclusive começado a chover e eles me disseram que não era uma boa ideia. Conversei com a mulher que tomava conta do local e ela me confirmou que não seria uma boa, já que o tempo não me permitiria ver a face leste do Fitz Roy e havia também a questão dos fortes ventos lá em cima e o fato de eu estar sozinho, o que seria bem mais perigoso. Conforme sugestão dela, para não ficar parado decidi tomar a trilha que seguia ao longo do rio por trás da propriedade e dava no Paso Marconi. Peguei umas porcarias para comer e segui pelo leito do rio pedregoso com chuva e vento na cara, sentindo que a temperatura continuava a cair. Segui em frente até que após cerca de 1:30h cheguei em um ponto do rio no qual a água era represada, formando uma lagoa. Tentei subir por umas pedras pela latereal esquerda para tentar encontrar a continuação da trilha, mas a neblina não permitia enxergar além de uns poucos metros à frente, além das pedras estarem bastante escorregadias devido à chuva. Procurei, procurei e procurei um meio de seguir adiante pelas pedras, mas nada. Quando eu já pensava em desistir, vi abaixo um cabo de vassoura jogado a alguns metros do ponto por onde eu tinha subido as pedras. Desci até lá para procurar mais algum rastro humano e então encontrei uma pequena trilha que seguia por trás do morro. Peguei o cabo de vassoura para usar como bastão e segui em frente. Após mais uns 40 minutos, cheguei ao lago Eléctrico, onde eu não via muita coisa além de uma paisagem cinzenta e com muita neblina. Vi que do meu lado esquerdo havia o que eu pensei ser um pequeno glaciar que alimentava o Rio Eléctrico e cheguei o mais próximo possível que pude. (mais tarde descobri que o que eu acreditava ser um pequeno glaciar era na verdade o glaciar Marconi) Passei um tempinho ali, comi uma barrinha de cereais e voltei para a Piedra del Fraile. No caminho de volta explorei uma trilha já próxima, mas como o tempo estava péssimo e ela não parecia levar a nenhum lugar interessante (pelo menos a “curto prazo”) desisti dela e segui em frente até a Piedra del Fraille. Chegando lá fui coletar água no rio que corre quase que ao lado da cabana para preparar o jantar. Tive que dar uma lavada na panela e prato plástico que havia levado e parecia que minhas mãos queimavam quando entravam em contato com a água daquele rio, que era muito, muito gelada mesmo. Enquanto lavava as coisas, vi uma truta nadando e a segui por alguns metros rio abaixo, imaginando se haveria alguma maneira de capturá-la, já que a água era completamente cristalina e eu podia vê-la o tempo todo. Ela se mostrou muito ágil nadando rio abaixo e logo eu desisti de qualquer tentativa de pescá-la. Começou a nevar e então ficou ainda mais frio. Atrás da minha barraca haviam 4 estuturas rústicas de madeira onde pude cozinhar abrigado do vento. Esquentei a água e preparei arroz e carne moída liofilizados. Pra não comer comida fria como aconteceu em Torres del Paine (é necessário deixar a comida se hidratando por 10 minutos e naquele frio esfriaria rapidinho) tive a ideia de por o preto dentro do meu sleeping bag durante os 10 minutos de hidratação. O truque funcionou e o arroz ficou ok, mas eu achei a carne moída bem ruim (por causa do tempero mesmo), mas com a fome que estava comi tudo e ainda mandei um Polenguinho pra “rebater” e um pedaço de chocolate de sobremesa. Após o jantar lavei as coisas e escovei os dentes num tanque que ficava atrás da cabana. Enxaguar a boca com aquela água geladíssima foi mais difícil ainda do que lavar as coisas de cozinha. Já pronto para dormir e bastante cansado, fiquei por um tempo observando a neve cair e então organizei as coisas dentro da barraca, inflei o isolante e me meti dentro do saco para dormir. 08/12/10 El Chaltén (Piedra del Fraile - Campamento Poincenot - Laguna de Los Tres - Campamento Poincenot - pernoite no Poincenot Acordei por volta das 07:00h. Fui ao banheiro e depois entrei na cabana, onde perguntei para a mulher que tomava conta do lugar se eu poderia preparar meu café da manhã lá fora e apenas tomá-lo lá dentro, pois estava muito frio. Achei que não seria um problema, afinal tinha pago AR$40,00 apenas para passar a noite acampado ali fora. Pra minha surpresa ela respondeu que não, que eu só poderia comer lá dentro o que comprasse. Fiquei “P” da vida, achei uma tremenda sacanagem e falta de bom senso. Como não tinha escolha, preparei e tomei meu café lá fora mesmo. Tomei um moccacino da Nestlé que comprei em Natales (muito bom por sinal), comi um sanduíche de salame com queijo e mais um Polenguinho. Em seguida lavei as coisas e novamente escovei os dentes na água geladíssima. Aproveitei também pra usar o banheiro daquela joça e então desmontei minha barraca e arrumei a mochila. Lá para umas 09:30h segui meu caminho, retornando pela mesma trilha que havia tomado para chegar na Piedra del Fraille, até encontrar o trecho onde uma placa sinalizava a bifurcação das trilhas que levavam de volta a Chaltén (para a ponte do Rio Eléctrico) e para o Campamento Poincenot. Tomei a trilha rumo ao Poincenot, e conforme seguia em frente e adentrava a floresta, a mesma se tornava cada vez menos óbvia, demonstrando que não era muito utilizada. Algumas vezes a trilha “sumia” por causa de água empoçada ou porque havia crescido vegetação, mas sempre por apenas alguns metros. Após umas 2 horas parei no meio da floresta para comer algo. Foi um momento legal, de comtemplação. Estava completamente sozinho ali e fiquei escutando o “silêncio” da floresta, já que não haviam animais e poucos pássaros. Segui em frente caminhando em meio a bonitos bosques, e em dado momento tive que cruzar uma cerca de arame farpado que provavelmente delimitava os limites do parque e da propriedade particular. Continuei andando por bosques até chegar no Rio Blanco, por onde a trilha seguia ora no terreno pedregoso do rio, ora margeando pela encosta na lateral. Enquanto subia pelo rio começou a nevar e a ventar bastante, por longos trechos me orientava apenas pelos montículos de pedra (ok, não tinha segredo, bastava continuar subindo pelo rio, mas na hora eu não tinha certeza sobre isso e ficava preocupado com a possibilidade de não conseguir encontrar o próximo montículo de pedras e acabar me perdendo), e estando sozinho ali pensei muito no que seria de mim se torcesse o pé ou caísse de alguma pedra maior que tiver que subir no caminho. Subindo pelo rio cheguei num ponto onde avistei algumas pessoas e então fiquei um pouco aliviado, era o glaciar Piedras Blancas. Pedi para um cara tirar uma foto minha e perguntei se o Poincenot ainda estava longe, ele me disse que faltavam cerca de 40 minutos para chegar lá. Decidi chegar mais perto e lanchar à beira do lago do glaciar. Ao invés de deixar minha cargueira logo na “entrada” do glaciar, decidi ir com ela cruzando/saltando as grandes pedras que antecedem o lago. Num momento quase me desequilibrei (e seria um belo tombo numa pedra alguns metros abaixo) e então decidi deixar de ser cabeça dura e largar a mochila sob uma grande rocha, mas já estava quase de frente para o glaciar. Peguei pão e comi o resto da lata de atum que havia aberto na última parada. Tirei então umas fotos e como estava ficando mais frio, peguei minha cargueira e segui em frente. Passaram-se mais uns 30 minutos até que eu cheguei à ponte sobre o rio, cruzei-a e dei de cara com o Poincenot. Haviam apenas mais 3 barracas armadas ali. Selecionei um lugar que me pareceu bom e armei a minha barraca, usando também alguns troncos que estavam pelo chão para construir uma barreia antivento ao redor dela. Com a barraca de pé, fui perguntar a um grupo de 3 caras que estavam acampados numa clareira a uns 10 metros da minha. Eram 3 alemães, perguntei a eles se já haviam subido à Laguna de Los Tres ao que me responderam que não, em seguida me oferecendo um pouco do chá com rum que estavam bebendo. Todos nos apresentamos e eles então conversaram um pouco entre si e me disseram que também pretendiam fazer a trilha até lá, mas que não estavam certos se iriam até lá mesmo ou se ficariam mais por perto. Após conversarem mais um pouco me disseram que subiriam comigo sim, e então cada um pegou o que precisava para subir (luvas, lanche, água e etc) e deixamos o Poincenot rumo à Laguna de Los Tres. Após cruzar novamente o rio pela ponte, seguimos até dar de cara com o Campamento Rio Blanco, que é só para escaladores. O Campamento encontrava-se completamente vazio, mas dispunha de uma estrutura bem melhor do que o Poincenot (onde não há nada além de uma letrina), um lugar protegido para cozinhar e uma pequena cabana de madeira. Começamos então a subir a montanha e conforme ganhávamos altitude, maior era a quantidade de neve acumalada, mais forte era o vento e menos árvores existiam. Meus pés começaram a ficar gelados e as rochas mais escorregadias, tornando o caminho mais difícil e perigoso. Todos nós já sabíamos que não teríamos uma boa visão ao chegar lá em cima, mas decidimos seguir em frente mesmo assim. Quase no cume da montanha, já não se via mais o chão, pois tudo estava completamente coberto de neve. O cenário lá em cima era pior ainda do que esperávamos: um “whiteout” total causado pela neve que não parava de cair, não conseguíamos ver além de 5 metros à frente. Ainda tentamos seguir em frente por algumas dezenas de metros para tentar ver pelo menos onde ficava o lago, mas foi impossível e após algumas fotos decidimos descer de volta ao Poincenot. No caminho de volta encontramos um argentino cozinhando uma sopa na “área de cozinha” do Campamento Rio Blanco. Ele nos disse que não era escalador, mas que passaria a noite na cabana do Campamento. Após conversar um pouco e fumar um dos cigarros que os alemães enrolaram (não sou fumante, mas gosto da sensacão da fumaça quente descendo a garganta no frio), continuamos a descer até o Poincenot. Chegando lá fomos cada um preparar o seu jantar. Eu comi o resto da porção de comida liofilizada que havia aberto na Piedra del Fraille e eles prepararam macarrão. Após o jantar, tomamos mais chá com rum e ficamos conversando um pouco, até que começou a nevar e decidimos limpar nossos respectivos itens de cozinha e entrar nas barracas. Dei uma organizada nas coisas dentro da barraca, me deitei dentro do saco de dormir e peguei meu ipod para ouvir um pouco de música e ler. Logo o sono bateu forte e dormi. No meio da madrugada acordei com uma sensação de estar com “fogo no rosto”, era o frio intenso da madrugada, coloquei meu gorro na cabeça e fechei por completo o saco de dormir. Não sei qual foi a mínima da madrugada, mas certamente foi negativa, uma vez que meu saco é pra -9º (conforto) e mesmo assim não fiquei “quentinho”. 09/12/10 El Chaltén (Campamento Poincenot - Laguna Capri - El Chaltén - pernoite em El Chaltén) A noite havia sido a mais fria que eu havia enfrentado na Patagônia e assim que abri a barraca quando acordei às 07:00h, entendi o porquê. Havia nevado a noite toda e o bosque que na noite anterior tinha apenas uma ou outra parte esbranquiçada, estava quase que totalmente coberto pela neve, que ainda assim continuava a cair incessantemente. Os troncos que havia colocado ao redor da barraca como medida de proteção do vento acabaram formando umas espécie de “dique”, causando um grande acúmulo de neve e consequentemente reduzindo a temperatura no interior da barraca. Dei uns socos no sobreteto para que a neve acumulada ali caísse, e então dei uma olhada para ver se havia algum movimento do lado de fora e voltei a me deitar. Após uns minutos o barulho da neve caindo sobre o sobreteto da barraca cessou. Achei que a neve tinha parado, mas quando abri a barraca para dar uma olhada lá fora percebi que o barulho havia parado porque novamente já se havia acumulado um bom volume de neve no sobreteto, o que abafava o som dos flocos que continuavam a cair. Fiquei dentro da barraca fazendo hora, esperando uma trégua que não vinha. Quando deu umas 09:00h, decidi arrumar a mochila e tomar meu café da manhã. Botei o sleeping bag dentro do saco de compressão, esvaziei e enrolei o isolante inflável e deixei tudo mais ou menos ajeitado na cargueira. Quando fui calçar as botas pra sair da barraca, percebi que as mesmas estavam congeladas, muito rígidas mesmo porque estavam molhadas do dia anterior. Calcei as botas geladas e botei água pra esquentar. Fiz um moccacino e comi um pouco. Os alemães também saíram da barraca e um deles me contou que não havia conseguido dormir a noite inteira, pois além de estar usando um saco não muito quente, havia vazado água de uma garrafa no interior da barraca, o que deixou seu isolante completamente encharcado. A neve voltou a cair com maior intensidade e então tanto eu quanto os alemães decidimos voltar para as barracas. Tentei deitar no chão, mas o mesmo estava um gelo, o que me obrigou a tirar o isolante térmico da mochila e inflá-lo novamente. Passei a manhã toda tirando cochilos e enrolando lá dentro. Quando deu 13:00h, a neve diminuiu um pouco, apesar da quantidade de neve acumulada sobre o chão ter aumentado demais. Decidimos desarmar acampamento debaixo de neve mesmo. (o que no fim das contas é o mesmo que desarmar na chuva, pois a neve molha tudo do mesmo jeito) Consegui bolar um esquema para desarmar minha barraca “por dentro”, dobrando e guardando o quarto ainda com o sobreteto armado. Com aquele tempo péssimo chegamos à conclusão de que não seria uma boa seguir para o Campamento D’agostini e decidimos voltar para Chaltén. Quando novamente fui calçar minhas botas decidi usar 3 camadas de meias: o liner, uma meia de trekking e ainda por cima uma meia de lã Merino. Ainda assim meus pés estavam muito gelados e após alguns minutos afundando-os na neve, perdi a sensibilidade de ambos - demorou mais de uma hora caminhando até que eu voltasse a sentir que meus dedos “estavam lá”. No caminho para Chaltén tive uma dimensão maior da quantidade de neve que havia caído: os cursos d’água estavam recobertos por camadas de gelo e absolutamente tudo estava branco, meus pés afundavam fundo a cada passo que eu dava e grandes quantidades de neve caiam em minha cabeça toda vez que esbarrava nos galhos de alguma árvore. Seguimos a trilha que passava pela Laguna Capri e quando lá chegamos paramos para fazer um lanche. Na Laguna Capri os alemães deram um exemplo de educação e respeito: um deles foi lavar seu canivete na Laguna quando foi interrompido por outro, que lhe disse ser proibido limpar qualquer coisa a menos de 30 passos da Laguna. Ele então concordou, pegou um copo com água e se afastou para lavar o canivete longe de lá. CONTINUA... Editado Outubro 7, 2011 por Visitante Citar
Membros leandroroots Postado Março 21, 2011 Membros Postado Março 21, 2011 André belo Relato, :'> ainda num consegui ler tudo, mas é realmente muito interessante li até o dia 02/12 mas vou terminar mas uma viagem realmente incrivel! agora em abril irei pra chapada dos veadeiros e vi suas recomendações. valew cara qualquer coisa vamos nos conversando. fuy, Leandro Roots. Citar
Membros andremuxa Postado Março 21, 2011 Autor Membros Postado Março 21, 2011 Valeu Leandro! O "pior" é que ainda falta a parte de El Chaltén! rs Abcs Citar
Membros de Honra peter tofte Postado Março 23, 2011 Membros de Honra Postado Março 23, 2011 Parabéns André: Ótimo relato, belas fotos! Sua descrição das aflições nas compras em Santiago me lembraram as minhas! Na ocasião concentrei as compras no la Cumbre pois tinha um tax refund se comprasse acima de US$ 500. Acho que vc só não fez o TDP circuito completo por falta de tempo. O "pato" que vc fotografou na verdade é um ganso caiquén, macho, na fase branca. A fêmea é mais escura. Como se comportou a EarlyLigth em TDP? Pegou ventos fortes? Abs, peter Citar
Membros andremuxa Postado Março 23, 2011 Autor Membros Postado Março 23, 2011 Valeu Peter! Pois é, as compras em Santiago foram mesmo dureza! E eu comprei 60% das coisas na la Cumbre e tive meu tax refund sim! Sim, se tivesse tempo faria o circuito completo de TDP com certeza. (ainda volto lá para fazer) Achei o W muito "baba", gosto de coisas mais desafiadoras. Ainda falta corrigir uns errinhos! (vou corrigir o do "pato") A Earlylight se comportou muito bem. O único lugar onde peguei ventos mais fortes em TDP foi no Campamento Chileno, pois fiquei numa área mais desprotegida, mas ela aguentou muito bem, ficou super estável. (mas eu a amarrei em todos os pontos) Em Chaltén enfrentei mais ventos e uma boa quantidade de neve e ela também aguentou muito bem. Ainda vou terminar o relato com esta última parte da trip. Abcs Citar
Membros de Honra peter tofte Postado Março 23, 2011 Membros de Honra Postado Março 23, 2011 Parabéns pelas compras! Pelo que vi vc selecionou bem o equipo. A tenda pareceu-me leve (quanto pesa?) e resistente. Estou na expectativa do relato de El Chaltén. Este eu fiz há dois anos atrás, creio. Ler o seu relato vai ser como revisitá-lo! A diferença é que eu não peguei neve/ventos fortes, apesar de ter estado mais ou menos na mesma época! Mas isto é a Patagonia: imprevisível! Abs, peter Citar
Membros de Honra peter tofte Postado Março 23, 2011 Membros de Honra Postado Março 23, 2011 Em tempo André: No meu relato sobre el Chaltén eu também postei uma foto com os gansos e chamei-os de patos! Abs, peter Citar
Membros andremuxa Postado Março 24, 2011 Autor Membros Postado Março 24, 2011 Parabéns pelas compras! Pelo que vi vc selecionou bem o equipo. A tenda pareceu-me leve (quanto pesa?) e resistente. Estou na expectativa do relato de El Chaltén. Este eu fiz há dois anos atrás, creio. Ler o seu relato vai ser como revisitá-lo! A diferença é que eu não peguei neve/ventos fortes, apesar de ter estado mais ou menos na mesma época! Mas isto é a Patagonia: imprevisível! Abs, peter Acho que fiz boas escolhas sim! Ainda pretendo postar uma lista completa do que comprei. A Earlylight pesa 2.7Kg incluindo a lona para o chão e o gearloft. (sem isso fica em 2.4Kg) As varetas são em alúminio DAC featherlite de 9 mm, muito resistentes e leves. O melhor de tudo foi que paguei 250 dólares nela e aqui eu vi vendendo por R$1.300,00! Vou dar só um "aperitivo" do que ela e eu enfrentaram no Poincenot em pleno verão: Abcs Minha humilde barraquinha no Poincenot. Citar
Membros de Honra peter tofte Postado Março 24, 2011 Membros de Honra Postado Março 24, 2011 Nossa! Em pleno verão! Ótimo peso para uma tenda de 2 pessoas! Gosto da Marmot. Em Santiago só não comprei a Marmot Thor porque não tinha na la Cumbre. Acabei comprando a TNF Mountain 25 porque com o tax free saia bem mais em conta. E o frio? Chegou a sentir frio na barraca? Qual o saco de dormir que levou? Conseguiu subir para a Laguna de los Tres depois desta neve toda? Abs, peter Citar
Membros andremuxa Postado Março 25, 2011 Autor Membros Postado Março 25, 2011 Eu tava indeciso! Quase comprei uma The North Face tadpole. Mas gostei bastante da Marmot, me serviu bem e creio que vá bem no Brasil também (ainda não usei aqui). Comprei também luvas e uma calça impermeável da Marmot e gostei. Não senti muito frio na barraca, exceto nos momentos óbvios como ao acordar e antes de entrar no saco para dormir! Comprei um Trestles também da Marmot na La Cumbre. Sua temperatura de conforto é -9. Mesmo assim em duas noites eu acordei digamos "morno". Não tava aquele "quentinho ideal", mas tava tranquilo. No dia da foto que eu postei acima, nevou a noite inteira. Acordei pra fechar melhor a parte superior do saco, pois sentia uma sensação de estar sendo queimado no rosto devido ao frio intenso mesmo no interior da barraca. Eu não tinha termômetro, mas chuto que a temperatura devia estar em torno de - 10. Sobre a Laguna, veja se este filme que fiz no topo da montanha responde à sua pergunta: Abcs Citar
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