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Lucas Ramalho

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  1. Olá Letícia. Então em Lukla quando fui não tinha muitas coisas por lá, se passar por Kathmandu, compre tudo que puder por lá. O ônibus ou jipe que vai pra lá sai de Kathmandu, então não sei como chegar lá por via terrestre sem passar pela capital. Talvez de avião. Sorte!
  2. Bom Dia Universo! Viajamos 14 dias pelo centro-oeste da Argentina: San Juan, Rodeo, Pismanta, Dique Cuesta Del Viento e Ullum, lugares pouco visitados por turistas e até mesmo por argentinos. A viagem foi de carro saindo de Buenos Aires dia 24 de agosto. 1100 km nos separavam de San Juan. 16 horas de viagem com uma dormida de 4 horas em posto de gasolina. Apenas 1 policial nos parou e de forma gentil nos deixou seguir. A cidade é bem receptiva. Ficamos na casa de uma amiga. Diversos conhecidos e amigos nos convidaram para ótimos assados e para tomar os bons vinhos da região. Recomendo fortemente a Bodega El Milagro que fica em Albardón, 12 km de San Juan com seus vinhos de Cosecha Tardia naturalmente doces. Nos arredores, o dique de Ullum é obrigatório. É possível ir de ônibus e curtir o lindo visual. A trilha do Cerro das 3 marias é tranquila para iniciantes. Prepare a câmera e se estiver calor, meta-se nas águas. Rodeo fica a 200 km de San Juan. Há linhas de coletivos regulares, fomos de carro pela rota 149, com um visual incrível. No entanto, ela chega aos 2600 metros em seu trecho mais alto e pode enjoar um pouco. Rodeo deve ter uns 6 ou 7 habitantes haha! Brincadeira, mas é de fato uma vila com uma população bem reduzida. Possui 3 rádios locais e alguns restaurantes. O circuito mundial de Kitesurf rola por lá em fevereiro. A cidade se enche. De clima seco, chuva por lá é ouro. O vento constante garante a diversão no dique Cuesta del Viento. Cada minuto por lá vale a pena. Pouco turística, a região se mantém autêntica com costumes bem interioranos. Não há muito pressa, a hora da sesta dura incríveis 4 horas das 13h às 17h. A punta de espalda é o corte tradicional, delicioso e raro de encontrar em outro lugar. O doce de Alcayota (abóbora-chila) é uma iguaria doce típica de região. Ainda dentro da cidade, a palmeira de dois troncos é única no mundo! Praças bonitas, asséquias e monumentos completam a obra. Está pra ser inaugurado em outubro um dos maiores teatros da Argentina por lá. A região vai fazer parte do futuro corredor bioceânico que vai conectar o Chile (La Serena) a Porto Alegre de forma direta. Ótima opção pra quem quer conhecer um lugar ainda não tão explorado. Mais fotos https://bomdiauniverso.com.br/2016/09/10/rodeo-e-san-juan/ By Lucas Ramalho
  3. Bem eu fiz em 2014 certo. Mas acredito que o grande Senhor Tozaki ainda está por lá! Manda um abraço pra ele se você for!
  4. Diego parabéns pelo relato! Show de bola as fotos! Moro aqui na argentina Em agosto vamos com meu carro a San Juan passar 1 mês! Vou aproveitar pra dar uma esticada mais ao norte que ainda não conheço. Purmamarca, Salta, Jujuy e quem sabe o salar de Uyuni. É um Ford Fiesta 1.6, você acha que dá pra encarar o Salar de Uyuni com ele? Abraços
  5. Esquece acampar e cozinhar. É bem mais prático dormir nas casas das pessoas. Não precisa nem de barraca. Se quiser saber mais detalhes, manda mensagem privada. Forte Abraço!
  6. Olá Lucas, Penso em fazer esse trekking, não sei ao certo qdo e gostei dessa forma alternativa e por conta própria que vc fez. Faço trekking aqui na minha cidade. Então gostaria de saber qual a preparação que a pessoa deve fazer antes de encarar o EBC? E relação a Altitude é muito perigoso? Olá Então. Comece com montanhas mais próximas do Brasil. Na Argentina e Bolívia tem várias montanhas de 4 a 5 mil metros que servem de preparação para lá. O altitude pode ser mortal, Então só vá quando estiver em plena forma física, em plena forma mental, preparada para a altitude e com bastante experiência com trekking. Lucas Ramalho
  7. Olá! Então veja bem as condições climáticas! Tem tido muito terremotos na região. É tranquilo ir sozinho quando se tem experiência. Mas nunca solitário hehe! Namahô! TSS
  8. Até onde eu sei não. Porém é necessária bastante experiência!
  9. O clima em dezembro eu não sei te dizer. Em agosto estava muito bom. Calor e pouca chuva! Então o transporte entre as ilhas é super fácil. Barcos e balsas garantem a travessia diariamente.
  10. Olá! Então não fiz o tracklog. Mas um bom mapa é vendido por lá e já garante 90% da localização na trilha. O resto vai da experiência de cada um!
  11. Olá Meu caro. Vá por terra de Nairobi. É mais tranquilo. Não sei quanto está o preço agora, na época estava 500 USD para ver os gorilas. Boa Trip!
  12. A Indonésia foi o último país da minha volta ao mundo. De Hanói eu peguei um avião para Jakarta. A capital se situa na ilha de Java e é um aglomerado de 20 milhões de pessoas. País de maioria muçulmana, conta com forte presença budista sobretudo em Bali. A Indonésia é um país extremo, ariano, fogo e conta com mais de 17 mil ilhas, sendo o maior arquipélago do mundo. Com mares revoltos e dezenas de vulcões, muitos deles ativos, não é raro populações inteiras serem deslocadas devido a uma erupção. O país é ótimo para um explorador que gosta de se aventurar pela natureza, seja mergulhando, fazendo trekking pelos vulcões ou conhecendo os dragões de Komodo. Em jakarta, eu tive duas ótimas surpresas. A primeira delas é que eu cheguei justamente no último dia do Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos, então o país estava em festa. Segunda, que reencontrei Lirón da Dinamarca que havia conhecido no Egito, 8 meses antes. Sem combinar nada, nos encontramos à noite em uma das milhares de ruas da capital. Santa Sincronia. Fomos celebrar juntamente com Ferry, holandês que também tinha acabado de chegar no país. Mas não perdi muito tempo por lá, logo segui de trem para o interior da ilha, em busca dos vulcões. Yogyakarta foi minha próxima parada. Apesar de ter ido só, reencontrei Ferry por lá, Lirón ficou em Jakarta. Na manhã seguinte eu fui de bicicleta até Borobudur, templo budista Mahayana do Século IX. A trip rendeu no total 100 quilômetros feitos em aproximadamente cinco horas. Valeu a pena. O templo é realmente interessante, apesar de uma multidão visitá-lo todos os dias. De volta à cidade, fui a um restaurante tomar um café e escrever um pouco. Então comecei a conversar com Devi, que trabalhava por lá. Eu disse que era brasileiro e para minha surpresa na mesma hora ela me convidou para sair. Perguntei se ela não estava em horário de serviço, mas ela disse que o trabalho era bem flexível hahaha. No dia seguinte eu sai do hotel e me “mudei” para a casa dela. Nós fomos então conhecer o famoso vulcão Merapi, o mais ativo da Indonésia, com 2968 metros. Eu fui dirigindo a scooter dela e Ferry foi com sua namorada em outra moto. Saímos dez da noite da cidade para uma trip de 3 horas até a base do vulcão, de onde então começaríamos a caminhada. Nos perdemos várias vezes pelo caminho e o frio só ia aumentando conforme íamos subindo pela estrada. Ferry estava congelando. Chegamos por volta das 2h da manhã e nenhum dos três teve coragem de começar a subida. Eu fui sozinho. Eles ficaram dormindo lá na base. Após 3 horas em um forte ritmo alcancei o topo do vulcão. Uma dezena de pessoas já estava por lá. O visual é inacreditável e é possível ver a lava borbulhando no meio do vulcão. Não pareceu muito seguro hehe, mas como experiência valeu muito a pena. Desci em uma hora e reencontrei Devi sonolenta me esperando por lá. Ferry e sua namorada já tinham se mandado. Eu estava morto de sono e como voltei dirigindo, paramos em um café para descansar. Após recuperar o fôlego, voltamos então para Yogyakarta. A cidade é bem peculiar: conta com uma avenida central estilo 25 de março repleta de lojas, com milhares e milhares de pessoas dia e noite vagando por lá. Sem moto é difícil se deslocar na cidade, como Devi tinha duas eu consegui visitar alguns pontos turísticos enquanto ela estava trabalhando. Nós também aproveitamos o calor para ir à praia que fica há duas horas de lá. Confesso que nem me arrisquei na água, nunca vi mar tão revolto como aquele. À noite fomos ao Ramayana Ballet que conta a história do casal mais famoso do mundo oriental: Devi e Rama, mesmos nomes nossos, Devi e Rama, como eu custamava ser chamado por lá. O curioso foi que choveu durante o espetáculo e como era a céu aberto todos continuaram assistindo o show de guarda-chuva, inclusive a gente. No total fiquei oito dias em Yogyakarta, apesar de ter planejado apenas dois. Devi tinha que retornar para Brunei onde trabalhava e eu então acabei seguindo viagem para Bali. Nossa despedida foi em um show de Reggae que rolou no Rasta bar, no centro da cidade. Antes de chegar à Bali, fiz uma visita a Ijen Crater, famosa pelos trabalhadores que coletam enxofre das paredes da cratera. Ganhando cinco centavos por quilo coletado, eles vivem em regime de quase escravidão. Há também um grande lago de enxofre na base da cratera famoso pelo fenômeno do fogo azul, gás sulfúrico inflamado que aparece durante a noite e atrai milhares de visitantes. Bali é uma ilha exótica, mas super turística. De maioria budista, os habitantes mantém as tradições de longa data. Suas praias são convidativas para surfar, logo aluguei uma prancha e fui me aventurar na praia central. Ocorre que o mar é sempre traiçoeiro e as correntes de retorno (rip currents) me levaram quase para alto-mar. Sem conseguir voltar, comecei a acenar para os últimos surfistas que já pareciam bem longe. Esperei um pouco e não tentei ir contra a corrente, apenas relaxei. Depois de alguns minutos, comecei a voltar vagarosamente e por sorte consegui chegar até a beira. Alguns surfistas me ajudaram no retorno. Eu já estava quase com hipotermia. Mar é coisa séria. A ilha conta infelizmente com muitos policiais corruptos. Eu dirigia uma scooter quando um policial se aproximou dizendo que eu havia cometido uma infração: virei à esquerda e depois voltei para a principal já que eu tinha errado a rua. Me mostrou um desenho de uma moto fazendo isso com um X dizendo que não era permitido. Logo me pediu dinheiro, creio que 20 dólares. Ele segurou a minha carta e eu me recusei a pagar. Então ele disse que eu teria que ir até o juiz para pegá-la de volta. Como não queria enfrentar esta burocracia, ele disse que eu poderia ter a carta de volta caso pagasse. No fim das contas, deixei 10 dólares com ele, mas tratei logo de sair daquela ilha. Fui para Lombok. A ilha é bem mais interessante que Bali e atrai menos turistas. Fui fazer um trekking no segundo vulcão mais alto do país, Monte Rinjani. A 3726 metros, ainda está ativo e acidentes fatais não são raros. Geralmente se recomenda 3 dias para chegar ao topo com 2 pernoites na base dele. Porém eu resolvi subir em apenas uma noite e mesmo os guias se recusaram a ir comigo dizendo que era impossível. Então comecei às 20h guiado apenas pelo GPS. À meia-noite encontrei dois indonésios perdidos ainda no platô, eles tinham ligado para os seguranças que logo chegaram de moto. Eu disse que estava indo rumo ao pico e eles então decidiram me seguir após uma conversa com os seguranças. Mas logo ficaram para trás, já que estavam num ritmo muito mais lento e aparentemente relembraram o caminho. A trilha é bem árdua sobretudo se for fazer em apenas uma noite. A última parte é realmente desgastante. Como a trilha até o topo é de pedras soltas misturadas com areia e cinzas vulcânicas, cada passo acima é dois abaixo. Mas eu fiz isso e às 7h da manhã cheguei finalmente ao pico. A paisagem é fantástica e também é possível ver o vermelho-fogo da lava no núcleo. Após fotos e um lanche rápido, voltei até o início, dessa vez em apenas 3 horas. Não recomendo obviamente que alguém vá sozinho e em apenas uma noite, a não ser que saiba muito bem o que está fazendo, até porque é comum mortes de estrangeiros por acidentes nessa montanha. Feito isso fui para Gili, famosas ilhas cuja circulação de motos e carros é proibida. Um paraíso, porém completamente lotado, estilo Guarujá. Fiz um mergulho, porém a visibilidade não estava muito boa. Mas valeu a pena o pôr do sol, que é fantástico. Voltei para Lombok e logo me dirige a Lakey Beach, paraíso dos surfistas no meio da ilha. Fui como sempre com um francês, Gil. Dividimos uma pensão e no dia seguinte fomos tentar surfar. De longe, as ondas não pareciam tão grandes, porém in loco eram imensas para um surfista iniciante. Gil foi na frente e quando eu entrei no mar, ele estava branco. Ele apenas me olhou e disse: elas são muito grandes, cara. E realmente eram. Tentamos por uma hora mais ou menos, mas eu só engoli água e levei caldo. Em uma delas fiquei quase 1 minuto submerso, não conseguia subir de jeito nenhum e quando voltei à superfície, outra onda veio e mais um minuto submerso. Realmente é preciso ter peito e respeito para surfar. A última parte da trip foi na Ilha das Flores, pertinho da Ilha de Komodo, do famoso dragão. Mergulhar por lá é divino. Em um dos mergulhos que fiz, fiquei lado a lado com 3 tubarões. Realmente incrível. Fui então conhecer os perigosos dragões de Komodo, que para minha surpresa ficam bem próximos das instalações dos guardas que tomam conta do lugar. Era meio-dia e eles estavam deitados embaixo da estrutura da cozinha que era elevada. Estavam tirando uma soneca. Mas não se engane, são venenosos e caso alguém seja atacado, tem 24 horas para ir ao hospital, do contrário morre. Geralmente eles evacuam a pessoa de lancha super rápida até Bali. No dia 7 de setebro, dia da independência, peguei então o avião de volta ao Brasil. O avião não, cinco aviões, foram 48 horas de viagem de onde o vento faz a curva até São Paulo. Era hora de voltar pra casa depois de quase um ano e meio de aventuras. Ainda no aeroporto da Ilha das Flores, havia uma sacada no segundo andar e todo mundo que estava ali, indonésios e indonésias, acenaram para mim dizendo adeus enquanto eu andava até o avião. Eu senti como se fosse realmente o encerramento de um filme que foi filmado durante toda essa minha viagem. Valeu muito a pena e eu faria tudo novamente. Viajar o mundo não é perigoso como se pensa, aliás o maior perigo é ficar preso, não em um lugar físico, mas dentro de si mesmo, da sua jaula mental, dentro de preconceitos, idéias fixas, condicionamentos e mentiras que tomamos como verdade. Não acredite na tevê quando diz que o mundo é perigoso, não acredite em seus pais quando dizem para não falar com estranhos, duvide até mesmo de você quando acha que não pode fazer algo, mesmo querendo fazer. O mundo é como uma pedra de amolar, afia-nos ou desgasta-nos conforme o metal que somos feitos. Não deixe o tempo passar sem que você faça algo com ele, não queira sentir a dor do adiamento. O mundo está aí apenas esperando para ser descoberto, dia após dia, é possível se encantar e se maravilhar com o que ele nos oferece. Sabedoria é encontrar o divino no profano, o fantástico no cotidiano e a verdade no engano. Lucas Ramalho
  13. Infelizmente ou felizmente é obrigatório meu caro. A altitude pode ser fatal para quem não tem experiência. É possível sim contornar esta situação, mas só recomendo para quem já está acostumado com alta montanha. Caso queira mais infos, manda uma mp pra mim. Abraço
  14. Fábio Cordeiro. Faça um relato e coloque no mochileiros para ajudar quem quer ter mais informações sobre os países.
  15. De longe um dos meus países favoritos, Nepal surpreende pela exuberância de suas montanhas e pela harmonia com que seu povo se adaptou à vida nos Himalaias. Cheguei à capital Kathmandu e logo senti a diferença para a Índia: sem muita amolação, tudo fluindo de forma mais fácil e rápida e até pra conseguir informações estava mais fácil. Curti a capital por três dias e logo rumei às montanhas sagradas. Fui de Jipe: estava bem mais barato e não tinha o risco de enfrentar o aeroporto mais perigoso do mundo: Lukla. Diga-se de passagem, a aviação no Nepal é uma roleta russa, nenhuma das companhias aéreas locais tem autorização para operar na Europa e pegar um avião por lá é sempre um tiro no escuro. Mas a aventura por terra foi igualmente emocionante. Uma viagem de 20 horas por locais em que não havia sequer estrada e com diversas travessias de rios. Estávamos em 13 num carro que era pra apenas nove pessoas e ainda pegamos um protesto de 1 hora na estrada. Vale a pena. Chegamos já de noite e após a refeição descansei bastante para o início da trilha no próximo dia. A partir daqui irei descrever a trilha que eu fiz até o Acampamento Base do Everest (EBC) com detalhes do percurso incluindo locais e tempos estimados. Com uma mochila pesando 25 kg, um mapa e bastante determinação comecei a trilha rumo ao EBC. A trilha começa em Faplu, onde termina a estrada para os carros e começa a trilha para os Yaks (boi tibetano) e para os Sherpas (povos que vivem nos Himalaias, atualmente trabalhando como carregadores e guias das trilhas). Para entender a trilha, veja o mapa abaixo com o roteiro aproximado que eu fiz. A trilha do mapa começa em Lukla, mas eu comecei em Faplu, há dois dias caminhando de lá. O circuito que eu fiz envolve três passes, Kongma la, Cho La e Renjo La, cada um tem uma atitude aproximada de 5400 metros, sendo que o acampamento base fica depois do primeiro passe caso o trilheiro opte pela direção leste-oeste. Optei como sempre por ir sem guia e sem carregadores, não consigo ver o mérito de subir uma montanha com alguém carregando sua mochila e te guiando, isto corta toda a magia de percorrer uma trilha, mas é apenas a minha forma de ver e há casos e casos. Comecei às 8h saindo de 2600 metros aproximadamente rumo à Juving. No caminho encontrei apenas um grupo de romenos e um casal ucraniano. A trilha é bastante óbvia e não há como se perder. Muitos locais vivem por lá e podem te ajudar caso haja necessidade. Não é preciso levar muita comida, já que toda noite dorme-se em uma pensão já com o jantar incluso, tampouco é necessário barraca, apenas um saco de dormir que nem precisa ser para inverno, já que as casas são bem abrigadas do frio. Era maio de 2013, quase início do verão por aqueles trópicos. De dia, bermuda e camiseta eram mais do que suficientes, à noite, uma jaqueta e uma calça davam conta do recado. No 2º dia encontrei como sempre um francês, Antona, e um sueco, Magnus, que também estavam indo rumo ao EBC e nós acabamos indo juntos. Com o nosso ritmo forte, a trilha rendeu bastante. No segundo dia caminhamos 11 horas até Choplung, bem abaixo do temido aeroporto Lukla. Outro fato interessante de Lukla é que como ele está localizada no seio dos Himalaias, não há serviços de táxis ou ônibus, de lá só se sai a pé ou de helicóptero. É um dos poucos aeroportos que eu conheço neste sentido. O 3º dia foi mais tranquilo até Namche Bazaar, principal centro comercial da região, que fica a 3400 metros e é o último ponto onde se pode desfrutar de lojas, padarias, restaurantes, bares e até clubes. A partir dali, somente abrigos dos nativos montanha acima. Tudo que precisa ser comprado tem que ser ali: equipos, eletrônicos, suprimentos etc. Incrível que não há estradas até lá, tudo é carregado nas costas dos Sherpas ou no lombo dos Yaks. A estrada mais próxima fica a 3 dias dali, justamente onde eu comecei a trilha. Descansei um pouco da intensa caminhada e até tomei um conhaque com Gal de Israel que havia desistido da trilha. No dia seguinte saí mais tarde rumo à Tengboche, Antona e Magnus optaram por um caminho mais longo que eu decidi não ir. A 3800 metros fica um dos monastérios mais famosos do Nepal, onde Rimpoche, líder do budismo tibetano, costuma realizar suas cerimônias. Eu tive a honra de participar de uma delas e de andar lado a lado com ele no final dela. Uma sensação única ouvir os mantras emanando da boca de todos aqueles monges a quase 4 mil metros de altitude. Aquele momento foi sem dúvida o cume espiritual da trilha. Na Guest House, vi fotos e assinaturas de brasileiros que subiram até o topo do Everst, maior montanha do mundo. Até hoje, pouco mais de 10 brasileiros chegaram até o pico e em 2014 todas as expedições foram canceladas devido à morte de 16 sherpas no Khumbu Ice fall, umas das partes perigosas da ascensão. No 5º dia segui até Chukung onde reencontrei o francês e o sueco. Ficamos em um abrigo a 4800 metros. Como tinha feito um trekking no Markha valley, norte da Índia, 10 dias atrás, não senti qualquer efeito da altitude. Cheguei quase de noite e como estava bem aquecido, tomei um banho gelado do lado de fora do abrigo pra espanto geral. Foi apenas um banho rápido hehe. Mais tarde joguei xadrez com um israelense, Avi, e logo fui dormir. O dia seguinte consistiu em um ataque ao Chukung Ri, a 5500 metros aproximadamente. Acabei se desencontrando dos dois e perdido por 2 horas pela montanha voltei ao abrigo. Peguei mais informações e novamente fiz o ataque, dessa vez, encontrei o caminho certo, só que já estava tarde e eu fui o último a subir. Os ventos fortes e a rápida mudança de tempo são características de lá, mas tudo foi tranquilo. De volta ao abrigo recarregamos as baterias e no 7º dia então partimos rumo ao acampamento base. De fato há um abrigo chamado Gorak Shep, 200 metros abaixo do EBC onde os trilheiros passam a noite. A trilha até lá partindo de Chukung envolve o primeiro passe Kongma La a 5500 metros. Com mochila pesada, a subida parece interminável. Levamos 4 horas até a passagem e de lá mais duas horas por uma dura geleira até Lobuche. Almoçamos bem, descansamos e seguimos finalmente para Gorak Shep. Mais 2 horas de caminhada e finalmente chegamos ao último abrigo do circuito. O local conta com chuveiro elétrico, internet, aquecimento e quartos para os trilheiros. Tudo isso é pago à parte, eu optei por banho gelado e não fiz questão de internet. Lá conversei com um grupo de estadunidenses que tinham pago de 2 a 3 mil dólares pela trilha. Nós, se gastamos 200 dólares cada no total, foi muito. Esta é uma outra vantagem de ir sem guia e sem carregadores, os custos vão lá embaixo, mas isto é uma questão delicada e cada um deve decidir o que é melhor pra si. O 8º dia foi o coroamento, acordamos antes do sol nascer e rumamos então para uma montanha chamada Kala Patar, de onde se tem uma vista privilegiado do Everest e do EBC. Chegamos ao topo em uma hora e após a celebração e dezenas e dezenas de fotos voltamos ao abrigo para o café da manhã. Após recarregar as baterias seguimos finalmente para o acampamento base onde milhares de barracas disputam espaço no gelo, bem próximo de onde começa a rota de ascensão até o cume. O interessante é conversar com quem está ali e com quem acabou de voltar do pico. De lá são “apenas” mais 3 mil metros até o topo do mundo. Quem quiser se aventurar, além de precisar de muita experiência também precisa de muito tempo e dinheiro: o preço gira em torno de 100 mil reais e leva-se no mínimo 2 meses para realizar o feito. Um dia, um dia! Voltamos ao abrigo, arrumamos as coisas e partimos em direção a Dzonghla, via Lobuche. A trilha foi árdua já que o tempo virou e ventava muito forte. Ficamos perdidos por 30 minutos, mas acabamos por encontrar o caminho. A trilha principal vai de Namche Bazaar até Gorak Shep, já a trilha dos 3 passes conta com partes menos batidas e mais fáceis de se perder, por isso, mapa, GPS e um forte senso de orientação são fundamentais neste roteiro. Chegamos quase à noite e Antona pensou em passar o dia seguinte descansando, mas depois mudou de idéia. No 9º dia então seguimos para Gokyo pelo 2º passe Cho La a 5400 metros. Mais um dia de longa caminhada que rendeu no total 12 horas até o abrigo. Para celebrar comemos Yak Steak e tomamos muito, muito chai. Meu lugar favorito de todo o circuito, o lago Gokyo é impressionante. Os abrigos ficam de frente pra ele. Na verdade são sete lagos que são considerados sagrados tanto para o budismo quanto para o hinduísmo e no dia seguinte fizemos uma curta caminhada até o quarto lago chamado Thonak Tso. Então topei o desafio de Antona e mergulhei nele por 1 minuto. Gritando de alegria e de frio, foi um verdadeiro batismo nessas águas sagradas. De lá eu segui sozinho para o quinto lago onde fiz uma meditação. Voltei para o abrigo e descansei. A noite fizemos uma celebração de despedida já que no dia seguinte eu voltaria direto para Namche enquanto Magnus e Antona ficaria mais um dia por lá. Levantei cedo no 11º dia preparado para o terceiro e último passe chamado Renjo La a 5400 metros. Já devidamente aclimatizado, não tive maiores problemas e caminhando por mais 10 horas cheguei então a Namche Bazaar a 3400 metros, onde pude celebrar com um casal estadunidense o sucesso do circuito. De madrugada fomos a um bar onde conversei com Paul que tinha acabado de voltar do pico e me contou um pouco da sua missão. No penúltimo dia segui então de namche até Bupsa em mais 11 horas de caminhada por uma trilha alternativa. Ironicamente, foi o dia que mais exigiu de mim fisicamente. Mesmo estando em altitudes médias de 2 a 3 mil metros, essa trilha alternativa sobe e desce verdadeiros penhascos e mesmo com a mochila mais leve, o esforço físico necessário foi tremendo. Além disso, por ser pouco usada, ela conta com 2 pontes velhas de madeira, quase caindo aos pedaços, e a passagem por elas é uma roleta russa. Esse caminho alternativo é pra quem gosta de emoção. No último dia então segui de Bupsa até Faplu em mais 12 horas de trilha. De lá peguei o velho Jipe que dessa vez foi em 2 dias com uma parada à noite pro motorista descansar. Se antes não havia estrada, o que tinha ficou completamente destruído pelas chuvas. Ficamos horas parados esperando pelos tratores limparem a via, pelo menos havia tratores hehe e não tivemos que cavar a estrada como na Índia. Cheguei em Kathmandu ao meio-dia com uma mulher ainda dentro do jipe vomitando nas minhas costas hehe, por que não? O Circuito dos três passes do acampamento base do Everest durou 13 dias em um ritmo bastante forte. Foi sem dúvida a trilha mais prazeirosa que eu já fiz (a mais difícil foi o Kilimanjaro até então) e pra quem gosta de trekking, aquele lugar é a Meca. Os gastos foram mínimos: contando o Jeep, os abrigos e a alimentação gastei menos de 200 dólares. Quem quiser fazer os três passes em um tuor com guia e carregador não pagará menos de 4 mil dólares. Minha dica é: se você está decidido a ir em um tuor, reserve tudo em Kathmandu e não daqui do Brasil ou de outro país. Nepal tem outros circuitos interessantes como o Annapurna, mas conversando com quem fez os dois, a preferência vai sempre para o EBC. Se puder fazer os dois, melhor. Há também centenas e centenas de monastérios onde se pode ficar meses em meditação vivendo com os monges. Enfim, é um país para sempre se voltar na minha opinião. De Kathmandu peguei um voo até Bangkok ou Banguecoque no brasileirês. Após esses vários trekkings realizados, era tempo de descansar um pouco, mas só um pouquinho. Conto na próxima. Lucas Ramalho
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