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Peru, Bolívia e Chile em Setembro de 2009 – Diário de Bordo


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Não costumo fazer anotações de nada em minhas viagens. Muito menos relatos, mas esse foi um caso à parte e vou tentar passar como foi o meu dia-a-dia com o maior número de informações úteis possíveis.

 

Sei que esse relato ficou MUUUUUUUUITO grande. Até tentei fazer um resumo para colocar aqui mas não tenho o poder de síntese. Então, se você gosta de ler, divirta-se, e se você não gosta, sinto muito, pois os textos são longos mas tem muita informação interessante.

 

Os preços que paguei sempre foram depois de barganhar, pedir una rebaja (ou descuento), dizer que sou brasileiro e tal. Isso foi possível em quase todo lugar no Peru e na Bolívia. Dependendo a maneira como você pergunta, o preço é diferente, então dê uma afiadinha no espanhol aí, porque se perguntar em inglês ...

 

Espero sinceramente que esse diário ajude você, que vai fazer a mesma trip ou uma parecida, porque deu um trabalho do caramba ficar anotando tudo (ou quase).

 

PRIMEIRA EDIÇÃO: Fotos do PERU em http://lico.photos.me.uk/c1779148.html

SEGUNDA EDIÇÃO: Fotos da BOLÍVIA em http://lico.photos.me.uk/c1779933.html

TERCEIRA EDIÇÃO: Fotos do CHILE em http://lico.photos.me.uk/c1781811.html

 

QUARTA EDIÇÃO: Inclusão do roteiro em formato DOC. Não sei porque não tinha colocado isso antes ::prestessao::

 

Boa leitura.

Peru Bolívia e Chile.doc

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Eu planejei essa viagem por mais ou menos 3 meses. Fiz muitos levantamentos de despesas, roteiros e mais roteiros, fiz perguntas idiotas em vários tópicos no mochileiros.com, tive várias dúvidas de muitas coisas principalmente porque seria minha primeira viagem fora do Brasil, e não sou lá aquelas coisas no espanhol. Também tive muitas dúvidas sobre roupa de frio, já que moro em um lugar quente o ano todo, quanto levar de grana, onde ir, horários de transporte, empresas de transporte ... Resolvi que não ia comprar nenhuma roupa de frio técnica e ia encarar com o que eu tenho, não levei cartão de crédito, celular, carteira, chave de casa … nada. E assim foi.

 

O que tinha na minha mochila:

 

* 2 calças de moletom (usei todos os dias uma delas por baixo de outra), 2 calças de tactel, 1 calça jeans, 1 par de botas, 1 par de tênis, 1 par de chinelos, 1 blusa de moletom (usei muito), um cachecol (não usei), um anorak com fleece interno (usei muito), 2 camisetas de manga comprida de algodão, 2 pares de meia forclaz quechua (sem costura), 4 pares de meia de algodão, uma touca, um chapéu, 3 camisetas dry e 1 camiseta do palmeiras (dry), 1 toalha de banho, 1 toalha de rosto, cortador de unha, canivete suíço, cotonete, sabonete, shampoo, escova de dente, creme dental, repelente e protetor solar.

* kit de primeiros socorros (aqui tem dicas de como montar o seu: farmacia-basica-kit-de-primeiros-socorros-t3195.html)

* kit de emergência com 2 sacos plásticos, 2 velas, uma caixa de fósforo e 1 isqueiro.

* vários remédios como paracetamol, anti-inflamatório, remédio para picada de abelha (sou alérgico), para rinite, remédios para gripe, sorini para lavar o nariz (o tempo lá é muito seco), hidrocin (descongestionante nasal que usei algumas vezes), protetor labial para usar de dia no sol e manteiga de cacau para usar a noite como hidratante (usei quase todos os dias, não tive problemas mas vi gente com os lábios bem rachados). Como saí daqui no auge de uma crise de sinusite, levei também toda a farmácia para curar a sinusite.

* algumas coisas eu embalei em saquinhos ziplock e levei uns de sobra

 

O que não tinha na mochila e fez falta:

 

* uma mochila de ataque (porque a da Crampon 68l Trilhas e Rumos é uma piada. Acho que vou processá-los por chamar aquilo de mochila de ataque), um caderninho para anotar as informações, pastilhas de purificação de água e lanterna. Isso mesmo, esqueci a lanterna, é mole?

Fui com U$1540 em dinheiro, separado em 2 pacotinhos finos guardados um em cada bolso da calça que usava por baixo (sempre usei no mínimo 2 calças).

Tudo pronto, comprei passagem para São Paulo (R$66 pela Viação Cometa) para as 15h e no dia 31 saí mais cedo do trabalho. Somente depois que o ônibus começou a se movimentar foi que eu pensei: Puwtis, eu estou mesmo fazendo essa viagem! E pela primeira, vez em toda a preparação, eu senti um friozinho na barriga. Paramos no posto Graal (castelo) e eu comi um pão de queijo, um café e peguei um trident (R$7,60). Cheguei em SP por volta das 21h e a Milena estava me esperando no terminal Barra Funda.

Fomos comer um espetinho (R$15) ela me deixou no aeroporto de Guarulhos por volta de meia noite.

 

Boa viagem.

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DIA 1 - Lima

Fiquei zanzando pelo aeroporto e umas 5 e pouco da manhã encontrei o Paulo de Fortaleza, que iria na "mesma trip" que eu. Tomamos um café expresso (R$2,90) e fomos despachar as mochilas para seguir para a sala de embarque. Mandei colocar a minha em um saco plástico que a TAM disponibiliza e dei tchauzinho para ela com muita esperança de reencontrá-la.

Na hora de passar pelo raio-x o Paulo estava com uns perfumes e creme dental na bagagem de mão. Quase ele teve que largar tudo lá, mas como eu tinha um saquinho ziplock no jeito, tudo ficou resolvido e ele não perdeu as coisas dele. Fica a dica, mande todos os líquidos na mochila despachada.

Decolamos no horário previsto (mais ou menos 8:30h) e na hora da decolagem eu fiquei tão emocionado (heheheh) que eu filmei toda a decolagem, mas só esqueci de um detalhe: apertar o botão para gravar. Bom, a primeira vez que o piloto anunciou que passaríamos por uma área de instabilidade eu apertei o cinto e não tinha idéia do que estava por vir. Quaaaaaase joguei os bofe para fora com aquelas quedas repentinas do avião! Depois daquilo nenhuma montanha russa será mais a mesma para mim. Tivemos algumas dessas em toda a viagem, mas sempre que a luzinha de apertar o cinto acendia, eu já grudava na poltrona e ficava todo duro. Acho que a mulher do meu lado percebeu que eu estava meio apavorado, pois toda hora ela olhava para mim. Eu via de “rabo-de-zóio” porque nem piscar direito eu piscava, quanto mais me mexer.

Algumas áreas de instabilidade e 5h depois, chegamos em Lima com tempo fechado (descobri depois que é normal não ter sol lá). Me perdi do Paulo no desembarque e encontrei meu amigo Juninho e o José (Rossé), que seria meu taxista nos próximos 2 dias.

Já fomos direto para Miraflores, no parque Maria Reichi, que é onde tem "as linhas de Nasca" no jardim, feito de flores. Muito bacana, grátis e com vista para o pacífico. Do lado tem o Parque del Amor com uma ótima vista também e um lugar onde a galera salta de parapente.

Fomos almoçar na ponta da praia, um lugar chamado La Herradura. Pedi ceviche, mariscada, um monte de comida que não lembro o nome e a famosa Inka Kola (pedi gelo, porque lá eles tomam tudo natural) que gostei bastante. Tinha uma coisa parecida com um pimentão vermelho, e como eu gosto, cortei um pedação e quando eu fui morder, o José falou: PICA! PICA! Não entendi mas falei brincando: que pica o que zé, e mandei bala. Quase tive um ataque. Uma pimenta foooooooorte pra caramba e só depois eu aprendi que pica, ou pika, é quando a pimenta "arde".

Tudo ficou em 69S ou U$23 e eu fiz questão de pagar. O troco de U$50 veio com câmbio de 2,95. Esse seria o melhor câmbio que encontrei no peru e se eu soubesse, tinha pago com uma de U$100. Na saída tinha um bêbado querendo propina (gorgeta) por ter olhado o carro. Eu disse para o Juninho: que nada, vamos embora, esse aí está com a cara cheia de pinga! Na hora o José fez uma cara estranha olhando pra mim. Bom, descobri mais uma: pinga em casteliano/espanhol é pinto (órgão sexual). Foi a segunda mancada em meia hora.

Saímos de lá para El Salto del Fraile, e lá tivemos que dar 1S para o tiozinho que olha carro. Gastamos um tempinho tirando foto, conversando e fomos para o shopping Lancomar (4S a hora do estacionamento). Gostei. Bem bacaninha, de frente para o pacífico, mas não tinha um fiozinho de sol para ver se pôr.

O tempo em Lima é bem estranho e há muita poeira, muita fuligem, então é possível ver em todos os lugares taxistas com um paninho na mão limpando os carros. É normal e em qualquer parada você pode ver isso.

O trânsito é tudo o que você já ouviu falar e mais um pouco. Um caos. Muita, muita, muita buzina. Eles buzinam para tudo e para todos. É impressionante. Lá existe briga e morte no trânsito, igual em qualquer grande cidade do mundo. Eu não ví nenhum acidente, mas ví um atropelamento e pelo tanto de sangue que estava escorrendo, a coisa foi feia.

Esse meu amigo Juninho é pastor missionário no Peru e à noite eu fui na igreja dele. Uma igreja pequena, com gente simples e de vida difícil, mas com muito amor no coração, sorriso no rosto e o objetivo de falar sobre a salvação em Jesus Cristo. Gostei demaaaais, principalmente das músicas, que rolou até Hillsong United (uma banda gospel australiana). Depois do culto fomos encher a pança. Gastei mais uns 60S (muito) e descobri que perdi uma nota de U$50. Fomos dormir mais de meia noite.

 

DIA 2 - Lima

Levantei cedinho e tomei um café meio brasileiro, já que estava na casa do amigo brasileiro. Seria o único bom por vários longos dias.

A primeira parada do dia foi na Plaza de Armas, que achei muito bonita, limpa e bem policiada, principalmente porque era dia de troca de guarda as 10h.

A troca de guardas foi bem fuleira para o meu gosto. Chatinha, com a rua isolada e com portões fechados. As pessoas ficam do lado da praça, na frente fica a rua interditada ocupada por vários policiais. Não gostei e acho que perdi meu tempo, poderia ter feito alguma outra coisa. Um senhor que foi atravessar a rua para ver mais de perto, foi rapidamente cercado pelos policiais e "escoltado" de volta para a praça. Ali bem pertinho tem a Iglesia de la Merced, que também não achei graça nenhuma.

Fomos almoçar (na verdade eu não almocei porque comi muito no dia anterior) e troquei U$200 com um câmbio de 2,93. Troquei na rua mesmo. Conferi o dinheiro e meu amigo checou as notas.

Ali perto também, fui no Museo de la Inquisición, que é gratuito e muito interessante. Eu não sabia onde era, então fui perguntando (faça o mesmo!).

Saindo do Museo fui ver as Catacumbas, na Iglesia de San Francisco, ou melhor, no Museo del Convento de San Francisco (http://www.museocatacumbas.com). Paguei 5S mas vale a pena. Não podia mas até consegui algumas fotos lá dentro, pena que só uma ou outra ficou boa.

Bom, isso tudo me consumiu o dia todo e a noite estava chegando. Fomos para a casa do Juninho e o José tinha um compromisso mais tarde e não poderia sair comigo. O irmão dele, Carlos Farfan (charly_1415@hotmail.com), que também é taxista, ficou de me buscar para continuarmos os passeios. Paguei 200S de taxi pelos 2 dias. É um preço caro, mas eu não tinha combinado nada anteriormente e ele ficou à minha disposição o tempo todo. Não compensa fazer isso que eu fiz, compensa pegar corridas conforme a necessidade, mesmo porque no centro tem muita coisa que dá para fazer à pé.

Me despedi do José e à noite o Carlitos foi comigo no Circuito Mágico del Agua que fica no Parque de la Reserva (Jr. Camana, 564). O Juninho também não pode ir, então fomos só nós 2 mesmo. Pagamos 4S para entrar e 10S do estacionamento. O lugar é simplesmente fantástico. Gostei muito. Existem 13 fontes coloridas, com águas dançantes e uma especial, com espetáculo de projeções sobre a água e música que acompanha as apresentações.

O parque funciona de quarta à domingo (e feriados) das 16h às 22h fechando às 23h. É limpíssimo, com banheiros e muita segurança. As apresentações acontecem na Fuente de la Fantasía (fonte 2 no mapinha que recebe quando entra) às 19:15, 20:15, 21:30 e 22:30 e vale a pena.

Depois desse dia cheio, o Carlitos me deixou na Av. México, 333 para eu pegar um busão para Ica. Optei pela empresa Soyuz, peguei o das 23:40h (25S e de Ica para Lima custa 20S). Segundo me informaram, tem saídas a cada meia hora para Ica e Nasca. O trajeto demora em média 4 horas e o ônibus era confortável, semi-cama, e limpo. Não reparei se tinha banheiro. Dormi como uma pedra.

 

DIA 3 - Ica

Cheguei em Ica as 4h da manhã e obviamente não tinha o que fazer. Minha intenção era passar por essa cidade só para fazer o passeio para Islas Ballestas (Baiestas). Estava um frio monstruoso, que chegava doer, e eu fiquei na rodoviária assistindo um tipo "top 10" de clips em casteliano/espanhol. Até decorei uma ou outra musiquinha bacana. Tomei um chá de quinua (0,70S) na rua, bem em frente a rodoviária, depois paguei 0,50S para usar o banheiro.

Por volta das 6h resolvi ir até a Plaza de Armas para ver se me encaixava em algum passeio. Antes precisei parar em um cassino e ir no banheiro colocar mais uma calça de moletom por baixo, porque eu estava tremendo de frio. Conversando com o segurança ele me alertou que não era bom ficar zanzando aquela hora por ali.

Não encontrei passeio e estava tudo um deserto essa hora, ninguém na rua. Voltei para a rodoviária e o carinha da recepção me deu um telefone de um amigo dele que poderia ajudar. Acordei o cara as 7 e pouco da manhã e ele queria me cobrar mais de 100S pelo passeio. É claro que não aceitei. Na porta da rodoviária tem umas pessoas que ficam com vários celulares presos à uma corrente e ao corpo deles. Você paga por minuto e usa o telefone ali mesmo, pendurado no cara. Muito engraçado. Paguei 2S para falar com esse cidadão e mais 2,50S para falar com o LeoRJ, que estava dormindo e eu deixei recado com a Camila avisando que em breve estaria em Cusco.

Depois que amanheceu de verdade, fui em uma agência e realmente os passeios só sairiam no outro dia. A mocinha me passou o preço de 70S, mas com a choradeira ela fez por 60. Mesmo assim eu não fechei com eles. Fui em outras agências mas estavam todas fechadas. Fui procurar um hostel barato, pois na verdade nem queria ficar ali, queria passar a régua e ir para Nasca. Achei um por 20 soles com banho compartido no Colon Plaza (Av. Grau 120) e quando estava indo para procurar outro hostel, me deu um estalo.

Peguei o primeiro moto-taxi que ví e fui (por 3S) até a Laguna Huacachina para matar o tempo, só até eu decidir o que fazer.

Chegando na Laguna eu fiquei impressionado com a beleza do lugar. Estava vazio e um sol lindo, então resolvi apoitar meu barco por aqui e fazer o passeio no outro dia. Pesquisei preços em quase todos os hostels do lugar e o que mais me agradou era um novinho em folha (1 mês) que ainda nem tinha nome. Fica depois do Restaurante La Sirena, coladinho. Gostei do atendimento, da limpeza, do banheiro e porque estava com o quarto compartido vazio. Paguei 15S e fiquei com o quarto só para mim, enquanto outros pagaram 30 pelo quarto privado. A mocinha que me atendeu se chama Aliza e o msn dela é alizaboardingbabe@hotmail.com caso alguém queira ficar nesse hostel. Tinha um por 10S mas bem nojentinho.

Depois de fechar e deixar as coisas no lugar, fui comer 2 sandwiches de pollo (poio) por 1S cada e também fui tirar umas fotos do local.

Entrei na internet para fazer umas pesquisas e (2S por 20min) e resolvi fechar o passeio para a Islas com a Av Dolphin Travel (http://www.av-dolphintravelperu.com). Liguei lá mas eu e o cara que me atendeu não nos entendíamos sobre onde ele tinha que me buscar. Adicionei eles no msn e tudo ficou mais fácil. Só que os 60S não valia mais, como eu estava na Laguna, o preço era 70 mesmo. Não teve choro, fechei por 70 e combinei de me buscarem no outro dia às 6:45h da manhã. Eles ficaram meio desconfiados porque eu não tinha o nome do hostel, então eu combinei na base da polícia. Até pensei que eles me deixariam na mão. Paguei 5S pelo telefone e internet e fui almoçar umas 4 e pouco da tarde.

Os preços eram mais ou menos o mesmo e comi um lomo saltado (10S) e comprei uma água (2S).

Voltei para o hostel para arrumar as coisas e de tardezinha subi as dunas para ver o pôr do sol. Nem preciso dizer que foi fantástico né? Ao mesmo tempo que o sol estava baixando, do outro lado a lua já estava alta. Então olhando para frente eu tinha o sol se pondo e atrás a lua já alta. Não consegui tirar a foto dos 2 juntos, mas foi F A N T Á S T I C O. Lá em cima venta muito, então é bom levar uma touca e uma blusa, porque assim que o sol se põe a friaca já começa. Eu passei frio na hora de descer e a descida demora uns 15 min com passos apressados.

Cheguei no hostel já estava escuro, tomei um banho quentinho e saí para comer alguma coisa. Achei um menu por 5S mas não lembro o nome do lugar. Tem placas com os preços em quase todos, é só ir andando que você encontra. Quando veio a sopa eu cancelei o resto. Uma sopa com muito macarrão e muito legumes (3S), e aquilo me foi suficiente. Comprei outra água (2S).

Zanzei um pouquinho e voltei pro hostel para dormir. Não deu 10 min que eu deitei e as meninas que trabalham lá entraram no quarto. Ficamos conversando e pegamos um jogo, tipo uns pauzinhos que tem que ir tirando com uma só mão sem derrubar tudo, não sei o nome disso. Ficamos jogando até mais de meia noite e foi muito bacana porque elas não podem entrar nos quartos com hóspedes, aí teve uma hora que a dona do hostel estava procurando uma delas e elas se esconderam debaixo da cama. Foi engraçado. Mas a mulher nem entrou no quarto, só ficou andando para lá e para cá resmungando algo indecifrável e foi dormir. As meninas foram embora e eu fui dormir mais de meia noite. Quebrado!

 

DIA 4 - Ica e Nasca

Levantei 6h e todos no hostel estavam dormindo. Deixaram uma porta ao lado destrancada para eu sair. Encontrei o pessoal da agência às 6:45h em ponto e eles já estavam rodando por lá me procurando. De Ica até Paracas demora mais ou menos meia hora de carro e são 70km. Eu paguei 70S pelo passeio, mas conversando lá em Paracas descobri que Islas Ballestas custa de 30 a 35S diretamente com as agências e que se pode comprar na hora. O passeio para a Reserva de Paracas custa entre 20 e 25S e também pode comprar na hora, se formar grupo. Então não compensa ir para Ica para fazer esse passeio. Compensa você descer em Pisco, ir até o Mercado Central ou Plaza de Armas e pegar um ônibus circular até Paracas por 2,50S. Tem vários em intervalos de tempo curto.

Paguei 2S em uma água para levar no passeio. No cais tem que pagar uma taxa de 1S para embarque. Os barcos são novos e com 2 motorzões de 200HP.

Eu fiz alguma coisa errada na minha máquina e todas as fotos que eu tirei nesse passeio ficaram ruins, estourando branco. Primeiro passamos pelo famoso Candelabro, que não se apaga devido a inexistência de chuva nessa região (Lima, Ica e Nasca não chove! É isso, simplesmente não chove.) e devido à composição do solo. No barco faz muito frio, então, touca e blusa para não congelar. O nosso barco foi o que ficou mais tempo nos pontos de parada e o guia explicou muita muita coisa, que obviamente não lembro quase nada. É muita informação.

Muitos leões marinhos e muitas, muitas aves. O local tem um cheiro forte de fezes de aves, que às centenas, cruzam de um lado para outro o tempo todo. Só vi um pinguim, isso porque tinha muitos leões marinhos (que comem os pinguins). Na volta vimos vários golfinhos mas não consegui tirar foto de perto.

Chegamos no cais e eu me afastei um pouco do centrinho. Estavam construindo um campinho de futebol lá no final. Atravessei o campinho e tomei um café meio estranho por 2S, um lanche de azeitona por 1S e comprei uma água no mercadinho por 1S.

No passeio conheci uma coreana e ficamos conversando. Eu disse que ia para Nasca e ela também ia, então resolvemos ir juntos. Ficamos na rodoviária na volta.

Optamos pela Soyus (http://www.soyuz.com.pe) e pagamos 10S com ônibus semi-cama. São 2 horas de viagem e saímos às 12:30h mas tem ônibus de hora em hora. Estava passando uns filmes engraçados mas como eu estava conversando, acabei nem assistindo. No caminho uma moradora local me alertou para uma formação na rocha que parece uma cara de um Inca. Achei legal ela ter me mostrado.

Chegamos em Nasca e logo fomos abordados por vários "agenciadores" falando inglês. Toda vez eu pedia para falar em casteliano porque sou brasileiro, e não gringo. Um deles era lutador de JiuJitsu e ficou me peguntando dos Grace e blá blá blá. Mas, passeio que é bom, tudo caro. Fomos procurar um hostel para a Hyunjung (Rãndjang) e bem em frente o terminal da Soyus tem um bem caro. Achamos um bacana que ainda nem estava pronto. Falamos com os proprietários e eles abriram para nós, mas eu não fiquei em Nasca. O dono e sua esposa eram uma simpatia só. O cara é cirurgião dentista e resolveu sair de Lima e abrir um negócio em Nasca. Em uma semana eles se mudaram e abriram o hostel (ainda não tinham aberto na verdade). O quarto foi usado pela primeira vez e custou 40 soles porque era de casal e com baño privado. Tinha opções mais em conta: compartidos. Não sei o nome do local porque ele ainda não me mandou email e não consigo falar com a Hyunjung. Mas assim que eu souber, edito aqui essa informação.

Perguntei sobre alguma agência idônea e o tio da esposa dela tem uma. O dono do hostel nos levou caminhando até lá mas às 15h não havia mais passeios para lugar nenhum. Perguntei sobre algum taxi de confiança e eles chamaram um que presta serviços esporádicos para eles. O Anibal (aniball.r.h@hotmail.com / 051 9 5645 2686) foi a melhor coisa que nos aconteceu em Nasca. Combinamos 50S (25 para cada um) para fazer o Cementerio Chauchilla e Aquedutos (se desse tempo) e fomos embora. As explicações do cara foram incríveis e eu perguntei como ele sabia tanto. Ele disse que estudou e ainda estuda porque ele quer montar um negócio próprio, uma agência.

Não vou colocar histórias aqui, mas a das múmias é interessante. Quando as pessoas morriam, eram colocadas de forma fetal voltado para o céu porque eles acreditavam que as pessoas nasceriam novamente. Eles colocavam também todos os pertences do morto junto, inclusive os filhos, para que quando eles voltassem à vida, tivessem tudo de volta. Algumas tumbas tinham múmias pequenas, que eram os filhos enterrados juntos. No museuzinho que tem lá é bem ruim para tirar fotos por causa da claridade que entra pela janela. A entrada no Cementerio Chauchilla custa 5S.

Achei um lugar bem montadinho para turista, com caminho demarcado, tenda nas tumbas, etc, mas ainda assim, interessantes. A cor de fundo das montanhas é muito bonita. O Hanibal nos explicou a primeira tumba e nos deixou livres para percorrer as outras 12, se não me engano.

Quando estávamos indo para o aqueduto, fui conversando com o Hanibal e falei sobre o mirador da Panamericana, porque eu não ficaria em Nasca para fazer o vôo (não gosto de aviões. não gosto mesmo!). Fizemos um trato que por 40S a mais (era longe) ele nos levaria no mirador. Então ficou Cementerio + Mirador + Aquedutos por 90S (45 cada). Mandamos bala para lá e infelizmente, como era longe, não conseguimos ver o por do sol do mirador, vimos de dentro do carro. Coisa de 15 minutinhos a gente conseguia. Bom, estava um frio do caramba em cima do mirador e nós sem blusa, porque de dia estava muito quente e não pretendíamos nos demorar tanto. Tirei algumas fotos meio tosca por causa da pouca luz, mas deu para ver nitidamente as linhas. Quando descemos do mirador já era noite e veio um carinha querer cobrar ingresso, acho que 1S. Eu pedi o comprovante, e como já estava fechado, ele não tinha comprovante e disse que não precisaria pagar.

Bom, já era noite e eu pensei que o aqueduto tinha ido por água'baixo. Foi aí que o passeio ficou mais interessante. O Hanibal disse que poderíamos ir lá a noite mesmo, já que era lua cheia e não precisaríamos pagar os 10S de portaria porque estaria fechado. Nem acreditei. Perguntei para a Hyunjung e ela topou. Os aquedutos são para captar as águas das montanhas, já que não chove em Nasca, e são construídos em forma de ziguezague para ir diminuindo a força das águas. Esse sistema abastece até hoje a cidade e 1 vez por ano eles tem uma festa da água (24/06) onde eles limpam os dutos.

Vi uns cactos com um fungo branco e o Hanibal explicou que aquilo era uma plantação de cacto. Antigamente o cacto era vendido para vários fins por um preço muito baixo, e depois da descoberta desse fungo, que é utilizado como matéria prima para colorir, o Kg do cacto foi para U$20, então lá existe muitas dessas plantações.

Voltamos para o hostel para eu pegar minha mochila, comprei uma água por 1S, me despedi dos donos do hostel e da coreana e o taxista me levou para a rodoviária e foi andando comigo até eu encontrar uma passagem para Cusco. Consegui para as 21:30h pela Palomino (Jr. Lima, 115 / Tel. de Ica 056 52 1411), semi-cama com baño, e ficou por 80S depois da rebaja. As outras empresas não tinham mais para o mesmo dia e custavam mais de 100S. Só tem um horário noturno por dia, das 20:30 às 21:30, depende da empresa.

Deixei a mochila na agência e fui dar um role por Nasca. Estava tendo uma festa na Plaza de Armas. Tomei um chá de coca (1S), comprei 2 club social (1,20S) e paguei 0,50S para usar o banheiro da rodoviária.

Conversando com uns locais, descobri que a famosa TUR BUS está com vários problemas porque eles não se responsabilizam por bagagens, então eles colocam uns avisos no ônibus tipo: RURAL SI, NO AL TURISMO. Outros SI AL TURISMO, NO AL RURAL ou coisa parecida. Os de turismo são direto, e os outros param em qualquer biboca, então cuidado com sua bagagem então.

O busão que eu fui estava vazio, então levei a mochila comigo e ocupei 2 lugares. Tentei dormir, mas o caminho é difícil, cheio de curvas, frio, e cada vez subindo mais. Tome o chazinho de coca antes de subir, vale a pena e dá resultado: não fiquei enjoado.

 

DIA 5 - Cusco

Quando amanheceu eu me mudei lá para o assento panorâmico e não dormi direito porque a estrada é mesmo muito ruim. Aliás, é muito sinuosa com muito sobe e desce, mas a qualidade do asfalto é boa. O caminho é tão complicado que para percorrer 600 e poucos km, demora de 13 a 14 horas, quando o normal seriam umas 7h mais ou menos. Às 8:15h em ponto uma mulher (rodomoça?) ligou o rádio bem alto. A música? Pense em Mim, Chore por Mim. Em espanhol! Ninguém mereeeece. Eu já estava acordado, mas tinha muita gente dormindo ainda e acordou com esse maravilhoso som. O CD, incluindo outros sucessos do mesmo gênero (em espanhol, claro), tocou várias vezes, até que alguém desligou. Umas 9 e pouco serviram uns biscoitos com bolacha e mate. Pedi uma graceosa (refri) depois do chá.

Cheguei umas 10 e pouco em Cusco e na rodoviária dei uma ligada para o Leo (0,20S). Paguei 3 soles no taxi da rodoviária até Wanchaq porque os taxistas pagam 1S para entrar na rodoviária. Conheci o Leo pessoalmente (figuraça), a Isabela que estava lá e a Camila. Ficamos um tempo papeando e fui dar um role de moto com o Leo. Fomos em Puca Pucara, Vale de la Luna e demos um rolezinho pelo centro. Tudo de grátis. No Vale de la Luna, além de um gramado bacana onde os peruanos vão fazer piquinique (e muita sujeira), tem um local que parece um templo, com as rochas polidas. Muito interessante.

Fomos em um restaurante chines mas não me lembro o que eu pedi. Gastei 20S com esse prato, uma cusqueña sem gelo e uma inka kola. Troquei 100U$ com câmbio de 2,91 e fechei um passeio para o Vale Sagrado com a Luna Tours (http://www.lunatourscusco.com) por 25S às 9h do dia seguinte. O boleto turístico se podia comprar na hora, no primeiro local de visitação. Na agência eu comentei que eu tinha interesse em fazer a trilha para Salkantay e o menor preço que consegui nessa agência foi 170U$ fora o aluguel do saco de dormir, que era mais uns U$10. Não fechei nada mas disse que eu iria procurar em outras agências.

Fiquei zanzando pela Plaza de Armas, conhecendo o local, até anoitecer. Estava tendo festa na cidade, com palco montado, uns desfiles tipo carnaval, uma coisa bem típica deles. Vi muita gente, roupas e danças diferentes.

Não saímos essa noite porque a Camila estava malzona e eu pregado de cansaço. Fui dormir cedo para aguentar o outro dia.

 

DIA 6 - Cusco (Vale Sagrado)

Acordei cedinho (5 e pouco) pra variar, arrumei minhas coisas e saí umas 7 e pouco. Deixei todos dormindo na casa do Leo. Paguei 2,50S no taxi até a Plaza de Armas e fiquei andando por lá até perto das 9h, que era o horário combinado. Comi um bolo de banana (1S) e comprei uma água (1S) para levar no passeio. Fui em várias agências ver preço para a Salkantay e o menor preço que encontrei foi 165U$ com saco de dormir, mas era um lugar meio esquisito e eu nem confiei muito. O cara muito blá blá blá, oferecendo até trilha inca para o próximo dia. Caí fora. Reparei que a parte central é extremamente limpa e sempre tem polícia.

Mais ou menos na hora eu encontrei a pessoa e fomos para o microonibus do tour. Fui ao lado de uma limenha que não foi com a minha cara ou o gato comeu a língua dela (acho que a segunda opção porque os amigos ficavam zoando com ela).

O guia muito bacana (Walter) explicava muita coisa no caminho, para que quando a gente chegasse nos lugares não perdêssemos tempo com as explicações.

A primeira parada foi no mercado de Purikuq. Um local feito para turistas comprarem vários produtos feitos de lã de alpaca e tomar um chazinho de coca gratuito. Tirei foto com as Lhamas e não comprei nada porque os preços eram altos. Logo depois paramos no mirador Taray. Novamente um monte de gente vendendo coisas.

No mercado de Pisaq, que tinha parada prevista de meia hora apenas, comprei uma luva dupla por 7S e um chapéu por 8S. Não lembro quanto era o preço inicial. O local é tipo uma feirona que se vende de tudo. Eu até queria comer um cuy mas não tive coragem porque é bem porquinho o lugar (mais que o normal) e o guia avisou que dependendo o que a gente comesse, poderia fazer mal. Resolvi não arriscar. Até todos voltarem, fui tomar um "café" (2S) mas não gostei, muito aguado. Tinha um casal de xaropes que sempre atrasava.

Saímos dali e paramos nas ruínas de Pisac por 1 hora mais ou menos. Aqui eu tive que comprar o boleto turístico, mas comprei só a parte do Vale Sagrado, que contém Pisac, Ollantaytambo, Chinchero e Moray, mas esse último as agências nunca vão. Paguei 70S e ele vale por 2 dias apenas.

Ruínas e mais ruínas, histórias e mais histórias e me fascina a inteligência dos povos antigos. A engenharia da época é uma coisa de louco, impensável até nos dias de hoje. O modo de vida, a separação da classe mais poderosa, dos agricultores, o sistema de irrigação, o cemitério ...

Fomos almoçar quase 15h em Urubamba. No restaurante Casa Grande o buffet completo custa 20S e é uma ótima opção, apesar do preço. Mas eu não estava a fim de comer, então comprei 3 club social no mercadinho ao lado do restaurante (3S) e fui tomar uma inka kola gelada (1S) no barzinho em frente. No outro bar, também em frente ao restaurante, a mesma inka kola, sem gelo, estava 2,50 e tinha menu por 11 soles (de frango, peixe, lombo, etc). Comprei uma bolsinha porta moedas por 1S, depois voltei e comprei mais 4 por 3S.

Nosso próximo destino foi Ollantaytambo. O mais interessante, mas não andamos muito porque já estava perto de escurecer. Acho que é o local mais bacana desse tour com uma escadaria gigante que nos espera logo de cara.

Existe um morro que tem a face de um inka esculpida, e no solstício de verão o sol se alinha com a face. O guia mostrou num livro uma foto com o ponto exato e o sol alinhado. No solstício de inverno é uma constelação de estrelas que se alinha. Impressionante. O livro contém a maior parte das explicações do guia e os locais que visitamos. Eu não lembro tudo de cabeça.

Depois de muita muita história fomos para Chinchero. Na descida comprei um saquinho de folha de coca por 1S. Teve gente que se atrasou novamente, mas dessa vez alguém caiu do cavalo, porque o guia largou para trás. Só ficou a mochila do cidadão. Uns 20 min depois ouvi o guia atender o telefone e dizer que ia largar a mochila dele na agência. O detalhe é que o cara estava indo pegar o trêm para Machupicchu, então presumo que ele foi de mão abanando para lá. Eu achei bem feito porque um monte de gente dispensou as explicações do guia e foi andar sozinho, mas todos sabiam do horário de voltar. Quase que o casal idiota lá ficou também, porque novamente foram os últimos.

Em Chinchero fomos nessa igrejinha xarope e vimos a feirinha local. Na saída da igrejinha ainda tinha que dar propina para os tiozinhos. Nem dei nada e não gostei porque chegamos lá a noite, foi tudo rapidinho, é longe pra caramba. Acho que Chinchero poderia ser trocado por Moray, se Moray fosse mais perto também.

Cheguei em Cusco umas 20h e tinha uma menina da Luna Tours querendo saber se eu ia para a trilha no outro dia cedinho. Disse que iria se no preço de 170U$ estivesse incluído o saco de dormir e que eu queria uma barraca individual. Trato feito. Ela queria um adiantamento mas eu não dei, disse que estaria pronto às 5:30h e se eles fossem me buscar eu pagaria tudo na hora. Dei o endereço do Leo e o telefone dele.

Passei em um mercadinho e comprei umas bolachas recheadas (8S). Comprei um DVD (2,50S) para descarregar a máquina e levá-la zerada para a trilha. Paguei 2,50S de taxi de volta até a casa do Leo.

Ficamos papeando enquanto ele estava arrumando as coisas para ir para a Bolívia de moto. Ele fez uma macarronada com molho branco deliciosa e comi com uns coraçõezinhos que tinha já pronto.

Como eu esqueci várias coisas, o Leo me emprestou uma mochila de ataque para eu não levar a cargueira, Clor-in para purificação de água e 2 bastões de caminhada que me foram extremamente, demasiadamente, muitissimamente útil. Salkantay sem walking stick é acabar com os joelhos na certa.

Fui dormir mais de 1h da manhã. Nem preciso dizer meu estado né?

 

DIA 7 - Salkantay

Acordei às 4 e pouco e meu dia começou com caganeira. Sim, diarreia. Acho que o Leo colocou laxante no macarrão, não é possível! hahaha O pior é que ele estava indo de moto para a Bolívia e acordou ruim também, coitado. Conferi minhas coisas e resolvi não levar chinelo para a trilha. A agência me pegou de van exatamente às 5:25h e me levou para o centro, onde eu pegaria um micro ônibus. Saímos às 6h da matina rumo à Mollepata (Moiepata) na estrada sentido Nasca. O caminho durou 2:30h e passamos por um pueblo e uns caminhos bem ruins, de terra, com ziguezague e sobe e desce.

Em Mollepata tomei um café que me disseram não estar incluído no pacote, mas eu não paguei não sei porque. Ninguém estava pagando e ninguém me cobrou nada. Não sei agora se eles vacilaram ou se não tinha que pagar realmente. Fui no banheiro e descarreguei um pouco da coisa ruim que eu tinha dentro de mim. Eu fiquei meio com medo de entrar na trilha com essa diarreia e resolvi tomar um imosec. Esse remédio não é recomendado se você estiver com alguma infecção alimentar, diarreia com sangue e vários outros alertas, então cuidado se tomar isso, porque ele prende o intestino. Mesmo eu sabendo do risco, resolvi tomar. Comprei uma água (2,50S) e um chapéu para encarar a trilha (10S) porque eu até levei um chapéu daqui para o Peru e comprei um lá em Cusco, mas esqueci os 2, então tive que comprar esse terceiro aí.

Minha mochila estava pesando 7kg mais a água, câmera e bastões de caminhada. Calculo que uns 8kg com tudo. Tinha gente com mochila de quase 20kg e adivinha, mandaram tudo nos burros. Não sei quanto pagaram, mas eles levam até 5kg de cada um. Todos tinham 2 mochilas, só eu tinha uma, e por isso o guia disse que se eu quisesse eu poderia mandar a minha. Resolvi testar minha resistência e carregá-la no primeiro dia, e se eu visse que estava pesada, eu despachava ela no segundo dia.

Começamos a caminhada com muito protetor solar e protetor labial. Andamos mais ou menos 8km e às 13h, depois de avistar o Humantay, paramos para almoçar: picadinho de carne com cebola, pimentão e ervilha com chá de menta depois para ajudar na digestão. Paguei 0,50S para usar o banheiro nessa primeira parada e eu ainda estava bem ruim.

Chegamos no acampamento ao anoitecer, umas 18h e a caminhada é dura, com muita subida e a altitude castigando. Vale abrir um parênteses aqui para a questão da altitude. Acho que como eu fui subindo gradualmente desde Lima, eu não me senti mal e não tive reação nenhuma, só mesmo a dificuldade de respiração na caminhada. Mas eu vi muita gente passando muito mal, então não se embeste de entrar na trilha sem estar aclimatado ok? Tinha um japonês brasileiro com outra agência que eu achei que ele não chegaria vivo no final da trilha. Ele conseguiu mas passou um perrengue violento principalmente no primeiro e segundo dia. Então cuidado!

Fui andando em um ritmo um pouco mais lento e como nosso grupo era de 16 pessoas (bem grande), tínhamos 2 guias onde 1 sempre ficava na frente e outro sempre ficava atrás. Fui acompanhando uns brasileiros e o guia de trás. Me acompanhou também um chileno muito bacana, o Gonçalo, que eu encontraria em Santiago mais tarde. Os brasileiros eram o casal Alex e Regina e o Cláudio (buda) que junto com o chileno foi que salvou viu? Porque o resto, uns belgas, franceses e nem sei mais o que, eram beeeeem xaropinhos. Ou reservados, não sei. Acho que é o jeito deles. Bom, cada um na sua.

Os guias eram bem bacanas e já fiz amizade rápido com eles. A mochila do guia José (Rossé) estava com uns 10kg e eu perguntei porque ele não mandou ela nos carregadores. Para minha surpresa ele me disse que não confiava nos carregadores, que alguma coisa poderia sumir ou a mochila se perder pelo caminho, afinal, elas vão amarradas nos burros e podem se soltar e cair em alguma ribanceira. Eu fiquei de cara! Nunca esperava uma resposta dessas. Comecei a reparar e encontramos os carregadores diversas vezes pelo caminho amarrando a carga. Desisti de enviar a minha no segundo dia e resolvi carregá-la sempre comigo. Fica aí o alerta.

No acampamento tomamos um chá com umas bolachas e pipoca. Eles servem água quente e na mesa tem vários tipos de chá, café solúvel, etc, então você faz o que lhe agradar. O jantar, logo depois, foi sopa de legumes com macarrão, um arrozinho duro e sem tempero e frango com batata. Pouca comida para o tanto de pessoas que tinha. Depois do jantar foi servido um chá pronto não sei do que, mas muito gostoso.

O céu no primeiro dia foi indescritível. Nunca ví na minha vida um céu tããããão lindo, tão limpo, com as estrelas tão brilhantes e com lua cheia. Perfeito! Depois do jantar o guia foi explicar as constelações e como se localizar pelo céu. Mas estava tão frio e eu tão cansado, que aquela escuridão que nada temia nossas lanternas, me convidou à me recolher para minha barraca. Detalhe, eu esqueci minha lanterna lembra? Sorte que um casal de belgas pouco comunicativo estava com 2 lanternas e me emprestou uma. Foi minha sorte.

Todas as barracas do nosso acampamento eram Doite, mas já estavam meio surradinhas e umas precisando trocar. Minha agência me mandou um saco de dormir, então essa primeira noite, que dormimos praticamente no pé do Salkantay com o Humantay, eu dormi com uma camiseta, 2 blusas, 2 calças, 2 pares de meia, luva, gorro, saco de dormir e isolante. Deitei umas 20:30h e tentei dormir.

Hoje nós andamos 16km.

 

DIA 8 - Salkantay

Não dormi quase nada. A noite inteira passei um frio do caramba e ouvi avalanches. O barulho era assustador e parecia que estava atrás de mim, que iria engolir minha barraca. Imagine um trovão bem forte. Beeeem forte. Sei lá, assustador! Segundo os guias a temperatura foi mais ou menos de -1C fora o vento. Isso para quem vive com 30C praticamente o ano todo é muito frio.

Levantei 5:30h com chá de coca na porta da barraca. Coloquei mais uma calça de moletom e desci para o café da manhã. Chocolatea com tortilha, manteiga, geleia, água quente para o café ou chá e omelete mexido com algumas coisas indecifráveis no meio, mas muito gostoso. Ganhamos um kit com maçã, bolacha e umas balas de chicha morada. Às 7h botamos o pé na estrada e eu estava com cachecol, luva, 2 calças de moletom + 1 calça tactel, 2 blusas e gorro, mas comecei a me “descascar” logo, porque o tempo muda muito. Esse é o inconveniente de não se ter equipamentos técnicos e próprios para atividade física. Minha blusa de moletom ficava molhada de suor e isso não é bom, porque quando o tempo mudava e começava ventar, eu tinha que colocar o anorak (que não respira) por cima da blusa úmida!

O caminho até o ponto mais alto e mais perto do Salkantay (4650m) é muito difícil. Com subidas íngremes o tempo todo, mudança de clima a todo momento e muita pedra pelo caminho. A altitude ajuda a ficar mais cansado. Teve gente que não aguentou e subiu de burro, teve gente que passou muito mal e eu achei que não chegaria no final da subida. A vista do Salkantay, bem de pertinho, é simplesmente incrível. O guia explicou um ritual de colocar 3 folhinhas de coca em baixo de pedras, fazer um pedido e não sei o que, mas nem prestei atenção. Fiquei só curtindo o visual e apareceu até um condor para alegria da galera.

Meio dia e pouco, e 11 km depois, chegamos no acampamento para almoço ao ar livre: sopa de milho (tipo fubá) com legumes, arroz sem gosto, salada de alface + cenoura + pepino + tomate + vagem e frango frito (delicioso) com salada de batata. Chá de anis com coca depois. Descansamos até as 14h e começaram as descidas (eu prefiro subida). Uma dica muito válida: NÃO VISITE A COZINHA DE NENHUM ACAMPAMENTO, SENÃO VOCÊ NÃO COME!

As descidas são tão fortes quanto as subidas, mas com um agravante: muita muita muita pedra. Por mais que você erga a perna elas pulam e se agarram em você. Eu chutei todas que eu consegui. Caminhei com dois bastões, usando muito os dois e ainda assim dava para sentir as rodillas (calma, os joelhos) sendo forçadas.

Comecei andar colado no guia da frente, com ritmo bem forte. Deixamos metade do grupo para trás. Alguns pingos de chuva começaram a me assustar, pois eu não tinha capa e uma chuva ali me complicaria muito. Aliás, quase ninguém tinha, se chovesse estávamos ferrado pois o tempo ainda estava alternando entre ventos muito frio e umas partes de calor. Molhado não seria uma boa experiência. Comecei a sentir meu dedão doer e descobri minha primeira bolha. Peguei um bandaid do guia porque deixei em Cusco meu kit de primeiros socorros (que burro!).

Entramos na mata ainda com o tempo fechado e instável. Eu pensei que quando entrássemos na mata a trilha melhoraria, seria de terra. Ledo engano. As descidas continuavam e as pedras não acabavam nunca e não é exagero. A beleza da paisagem variou de desértica, neve e floresta. Indescritível. Chegamos no acampamento umas 17h sempre em ritmo bem forte. Quando tirei a bota descobri outra bolha, no calcanhar e para ajudar na minha felicidade minha barraca não fechava o zíper da capa nem o zíper interno. Reclamei com o guia Simon e ele se ofereceu para trocar de barraca. Eu disse que não, que deveria ter um jeito. Aí o José arrumou um alicate e já arrumou quee ficou uma belezinha. Esses dois guias eram solícitos com qualquer um a qualquer tempo. Gostei muito. Roubei mais uns bandaids deles e fui jantar sem tomar banho, pois além do frio, a água estava simplesmente congelante. E porquinho é a vovozinha!

No jantar teve massa de pastel com doce de leite, pipoca e água para o chá ou café. Depois veio um arroz um pouco melhor, purê de batata e um bife ao molho de tomate muito bom. Chá de anis para completar. Como não tinha muito o que fazer com aquela escuridão e todos muito cansados, eu fui dormir exatamente às 20:40h e aposto que em 30 segundos eu estava roncando. Mais uma vez peguei emprestado a lanterna do casal de Belga.

Hoje caminhamos 18km.

 

DIA 9 - Salkantay

Hoje acordei bem antes das 6h, mas essa noite foi boa. Dormi bem e só com 1 calça, 1 par de meias, 1 blusa e o saco de dormir, sem luva e sem gorro. Às 6:30h, com o chá de coca na porta da barraca, arrumei minhas coisas e fui para o desayuno: aveia, pão com manteiga ou geléia, panqueca com doce de leite e água quente para chá ou café (a marca do café solúvel era Monterrey e foi o que quebrou o meu galho).

Às 7:30h em ponto estávamos na trilha e novamente entrando na mata. Eu tinha sinceramente esperança de que a trilha melhorasse, mas continuava bem ruim o caminho, com muita pedra. Acho que mais pedras que nos 2 dias anteriores. Esse terceiro dia foi marcado por muito sobe e desce, mas de longe um caminho muito mais tranquilo que nos outros primeiros dias. Vimos vários pássaros e vários tipos de plantas, incluindo algumas que temos por aqui, tipo bromélia, orquídea e outras que não lembro o nome. O guia parou várias vezes para explicar um pássaro, uma planta ou uma formação natural. Continuei firme e forte na frente do grupo, andando rápido no ritmo do primeiro guia.

No caminho teve uma hora que me afastei um pouco do pessoal e passei por um casal de mexicanos que estava com dor nos joelhos. Tinha uma americana obesa que também estava andando devagar, visivelmente cansada e vermelha por causa do sol que castigava. Eles estavam bem longe do grupo deles. Quando passei por um guia de outra agência, perguntei se ele era o guia dos mexicanos e da americana e o guia respondeu que não. De qualquer maneira eu disse que tinha 3 pessoas para trás que provavelmente precisariam de ajuda e ele pouco importância deu, continuou andando e não disse nada. Segui caminhando rápido encontrei nosso guia. Mais à frente, vimos um carregador com um cavalo que tinha uma pedra enfiada no casco. Eles vendam o cavalo ou burro e na porrada mesmo tiram a pedra. Dava dó do coitado.

No primeiro dia não tinha lugar para pegar água no caminho, mas do segundo dia em diante passamos por vários riozinhos e cachoeiras, então podíamos abastecer garrafinhas e sempre usei pastilha de purificação, mas vi gente bebendo a água no local mesmo. Resolvi não arriscar depois daquela diarreia. Em uma das paradas paguei 1S por 5 granarillhas (granariias), que é uma espécie de um maracujá, só que bem doce. Uma delííííícia. Fiquei com vontade disso o resto da trilha toda e não encontrei mais para vender.

Paramos em vários pontos de descanso e 14km depois, diretão, chegamos no povoado de Sahuayaco. Passamos por uma bandinha que se preparava para tocar e ainda pensei: que povoado animado. Encontramos aquela americana desesperada e quase chorando. Ela disse que já fazia mais de 1 hora que ela estava andando perdida, que o guia dela sumiu e ela não sabia mais o que fazer. O nosso guia disse para ela nos acompanhar porque já estávamos chegando no acampamento para o almoço. Começamos a caminhar e na mesma hora o guia dela apareceu, aí a mulher começou a chorar. Adivinha quem era? O mesmo idiota que tinha me dito que não era o guia! Contei para ela o que tinha acontecido anteriormente e o cara estava com uma cara de merda. Fiquei com vontade de dar um soco na cara dele. Era um cara de índio com cabelo comprido, camisa xadrez para dentro da calça, cinto para cima do umbigo ... parecia um zé ruela. Um soco só desmontava ele. Respirei fundo e continuei andando, já estávamos praticamente no local onde almoçaríamos.

Chegamos antes das 13:30h e fomos recebidos pelos borrachudos. Tive que pegar o repelente bem rápido, porque tinha bastante e eles estavam famintos. Aliás, foi um festival de desmontar mochila para pegar os repelentes hehehe. A banda começou a tocar e descobri que na verdade se tratava de um velório. Um garoto de 15 anos se suicidou e aquela bandinha "animada" que eu pensei era a banda da escola dele, que seguiu tocando em uma procissão pela rua até o cemitério. Triste.

Tomamos uma sopa de não sei o que com legumes e ovo. Aliás, todas as sopas vão clara de ovo, então, se você é alérgico, lembre-se disso e peça para a agência uma cardápio diferenciado. Tinha um casal de vegetarianos no nosso grupo que sempre tinham uma comida diferente (não necessariamente melhor, mas diferente). Rolou uma macarronada com vagem, cenoura e molho vermelho e um suco sei lá do que, e ninguém conseguiu descobrir do que era. A primeira facada da viagem foi pagar 3 soles em uma inka kola sem gelo. A coca-cola comprou a fábrica da inka kola há 5 anos mais ou menos, e devido ao boicote de muita gente, as garrafas de vidro não fazem nenhuma menção à gigante dos refrigerantes, mas as descartáveis contém Coca-Cola Company no rótulo.

Nesse ponto da viagem rola uma surpresa desagradável para uns e agradável para outros. Os carregadores e montadores das barracas se despedem e desse lugar seguimos até o próximo acampamento, em Santa Teresa, de VAN. Isso mesmo, não vamos mais caminhar hoje. Teve gente que achou um alívio, teve gente que ficou indignada porque pagou para fazer o caminho à pé. Bom, rola uma vaquinha para dar gorjeta para o pessoal e eu dei 5S. Daqui até o acampamento leva meia hora, mas a van que estava na frente furou o pneu e bloqueou a passagem de todos. Pneu trocado, chegamos às 15:30h no local indicado. Fui recebido por muuuitos outros borrachudos e por um macaquinho bem safado e arteiro heheh. Nós mesmos armamos a barraca hoje e tinha umas parecendo uma banana, de tão torta. O lugar à primeira vista me pareceu bem fuleira e não gostei.

Depois de tudo arrumado, o guia ofereceu um passeio às Águas Termais (Baños Termales Cocalmayo) e aí eu entendi porque fomos de van esse trecho. Se tivéssemos ido à pé do local do almoço até Santa Teresa, não daria tempo de ir nas termas. Vários toparam, mas 3 franceses e 1 casal de belga não quiseram ir. Comprei um sabonete por 2,50S (segunda facada) e pagamos 10S do transporte, na mesma van que nos levou até lá, e mais 10S para entrar no local. O caminho, como o da nossa trilha, é tortuoso e cheio de pedras.

O lugar é fantástico e depois de 3 dias andando, foi a melhor coisa que fizemos. Paguei 1S para deixar as coisas no locker e em 5 minutos que fiquei na fila, milhões de borrachudos me atacaram, então levem o repelente, pois o guia não avisa nada. Lá tem água morna, água bem quente e água gelada, da montanha. Fui direto na parte onde é permitido produtos químicos e fiquei lá atéééééé enrugar a pele e gastar pela metade o sabonete. Banho tomado, baterias recarregadas, fui para as piscinas e só saí da água 5 minutos antes do horário combinado de ir embora, às 19h (chegamos às 16:30h). Depois que escureceu não tinha mais borrachudos e estava moderadamente calor. Nessa hora o chinelo que não levei fez muita muita falta, porque descansar meus pés e não ter que calçar a bota seria a melhor pedida, mas não teve jeito.

Dois franceses se atrasaram mais de meia hora e às 19:30h começou a chover. Vazamos para dentro da van e ficamos aguardando as beldades. Chegamos super atrasados para o jantar, mas no acampamento não estava chovendo e não tinha mais borrachudo. Tomamos uma sopa de champignon muito boa e veio um arroz temperado com legumes, macarrão, salada, molho de champignon ... muita comida. O que eles regularam nos 2 primeiros dias, resolveram nos dar nesse terceiro. Chegou sobrar. Não tomei o chá. O local que eu achei chato quando chegamos, começou a ficar bacana, com um som decente bem alto e uma fogueira (logo após as apresentações típicas bem fuleira de alguns locais para recolher gorjeta).

Conheci uma galera e ficamos na fogueira batendo papo. Tomei 2 cusqueñas de 500ml beeeeeem gelada por 6S cada. O pessoal estava pagando 12S, mas como fui lá chorar e o cara gosta de brasileiros porque é um povo simpático, me fez um preço justo heheheh. Fui dormir 15 para meia noite e um pouco bêbado, já que não estou acostumado a beber. Quando cheguei na barraca ouvi um peido e comecei a rir muito. Aí não me lembro de mais nada, acho que dormi rindo e nem fechei a barraca.

Hoje andamos 14km.

 

DIA 10 - Salkantay

Acordei de madrugada para ir ao banheiro e estava chovendo, na minha barraca inclusive, já que esquecí de fechar o avanço. Nesse dia a gente estava liberado para dormir até umas 7, 7:30h mas como eu acordo cedo, 6 e pouco eu já estava de pé com minhas coisas arrumadas. Logo os borrachudos começaram a aparecer, então já tratei de tomar um banho de repelente. Reparei nas pernas de algumas pessoas, que estavam com muitas picadas.

Hoje o desayuno foi salada de mamão com melão e iogurte de morango, pão com manteiga e geléia, uma espécie de pipoca escura meio sem gosto, e água para chá ou café. Esse foi o melhor café da manhã e ontem o melhor jantar, acho que para compensar tanto borrachudo. Saímos mais ou menos 9:30h rumo à Águas Calientes e o caminho de Santa Teresa até a hidrelétrica fizemos somente com um guia. O outro foi de Van até a hidrelétrica, não lembro porque. Essa caminhada é tranquila e há obras para todo lado, aliás, o Peru todo está em obras. Passamos por vários lugares lindos, sempre acompanhando o rio Salkantay e nos deparamos com uma cachoeira impressionante em certo ponto da trilha. Demais. Uns 10 minutos antes da hidrelétrica tem um estacionamento 24h e à partir daí não é mais possível transitar com veículos, somente à pé. Meio dia chegamos na linha do trêm, onde almoçaríamos. No caminho pegamos um chuvisqueirinho e quando chegamos deu uma chuva rápida.

O almoço saiu as 13h: sopa de quinua com legumes, arroz branco, macarrão, molho de lentilhas e salada de abacate com queijo ralado. Um refri custa 4S no restaurante Apu Salkantay, onde comemos, mas nas barraquinhas em frente a linha do trem custa 2,50 uma coca 600ml (sem gelo é claro). Comprei uma. Mais uma vez repito, NÃO VISITE A COZINHA.

Saímos as 14h e começamos a andar sobre os trilhos. Logo pegamos um caminho à direita para subir para a outra parte dos trilhos. Chegando lá em cima, dá para ver do lado esquerdo, ao longe, Machupicchu e Waynapicchu. Uma vista interessante. O caminho daqui até Águas Calientes é bem chato de fazer porque só tem trilho de trem, muita muita pedra e borrachudo. Fique atento para várias coisas: a primeira é para não tropeçar nos dormentes ou nas pedras. A segunda é para os pássaros. Pude ver muitos e alguns bem diferentes. A terceira é para a natureza que é linda (não se esqueça da primeira enquanto faz a terceira!). E por último, por mais inusitado que seja, fique atento para não ser atropelado pelo trem. É sério. O Karin estava com um MP3 no ouvido e todo mundo gritando gritando e só quando ele viu a gente, que estava na frente dele, fazendo sinal para ele sair do trilho foi que ele deu um pulo para o lado e tirou o MP3. Foi por poooouco que ele não foi atropelado! Não ouviu o moooonte de buzinadas que o maquinista deu.

Chegamos em Águas Calientes as 17h e fomos para o hostal Oro Verde (reservasoroverde@hotmail.com). Foi uma boa surpresa. Lugar bacana e limpo. Trocando idéia com o dono Roger (rogerlandaeta@hotmail.com), muito gente boa, me disse que o preço é entre 25U$ e 30U$, mas chorei, falei dos mochileiros e tal e ele disse que pode fazer por 30S por pessoa. Hoje, desde aquele dia que tomei o imosec, foi que consegui ir no banheiro, por isso repito, cuidado se você tomar esse remédio. Fiquei no segundo andar, e como na barraca, fiquei com um quarto simples só para mim. A tomada fica escondida atrás da cama, e quando consegui achar, coloquei a máquina para carregar. Tomei um banho queeeente e demoraaaado e antes de sair para jantar, fui num barzinho bem ao lado onde o dono falava um portunhol engraçado, e tomei 2 pisco sour no happy hour por 14S. Na verdade só tomei um e disse que voltaria para tomar o outro depois do jantar.

Fui dar um role na Plaza de Armas, comprei 4 bandaids (curita para poner en las ampollas - ampoias) por 0,20 cada e gastei 2S para ligar para casa (0,50 por minuto, não pague mais que isso!). Dei um rolezinho e fui encontrar o pessoal que já estava lá no Restaurante Andino. Jantar hoje: sopa de não sei o que, arroz, peixe frito muito bom, batata e salada de tomate com pepino. Não tomei o chá e fui embora, deixei a galera lá. Voltei para o barzinho para tomar o outro pisco e fiquei papeando com o tequileiro Alan. Ele me passou a receita do verdadeiro pisco sour peruano e vou compartilhar com vocês:

Dica do Alan (cienciano1982@hotmail.com): usar o Pisco puro da marca Quebrante.

1 oz = 30ml

 

PISCO SOUR (o legítimo peruano)

3 oz de pisco

1 oz jugo de limón

1 oz jarabe de goma

1 oz clara de huevo

4 hielos

Bater no liquidificador por 2 minutinhos.

Não sei quanto andamos hoje. Fui dormir umas 23 e pouco para acordar as 2:30 da manhã.

 

DIA 11 - Machupicchu

Era 10 para as 3 da madrugada quando levantei e como minhas coisas já estavam arrumadas, logo desci para encontrar o pessoal e subirmos para Machupicchu. Fiquei sabendo que na noite anterior, quando eu já tinha ido embora, rolou um stress por causa de gorjeta. O guia pediu uma vaquinha para os cozinheiros e ninguém deu nada. Na verdade deram 16S e o guia não gostou. Ficou reclamando, resmungando e queria saber quanto cada um deu para devolver o dinheiro. Lá é meio que da cultura deles dar gorjeta, mas ninguém é obrigado a dar.

Começamos caminhar quase 4h e estava escuro e bem frio. O caminho é só subida. Muita subida com muitos, incontáveis degraus. Fui acompanhando uma menina de Tel Aviv que estava com dificuldade para subir e não achei legal deixar ela subir sozinha, já que atrás de nós ficou um bom tempo sem ninguém. Chegamos na portaria as 5h e aí o frio pegou porque paramos de nos movimentar. Quando a bilheteria abriu, as 6h, começou a distribuição das senhas para Waynapicchu e eu peguei a número 273 para o horário das 10h. Tinha o horário das 7h mas aí nós perderíamos a explicação do guia, pois tivemos um tour guiado até umas 9:30h mais ou menos. Não é muito interessante visitar Machupicchu sem um guia por conta das histórias. Sem história Machupicchu é só um amontoado de pedra

O lugar é fantástico. Não vou colocar aqui a descrição de Machupicchu porque ela é diferente para cada pessoa. As histórias são fantásticas e me impressiona a inteligência daquele povo. Eu gostei, mas vi muita coisa estranha nesse lugar. Vi cimento em alguns lugares, em algumas pedras, vi umas partes com pedras muito limpas e tive a impressão de que não são autênticas. Perguntei ao guia e ele disse meio encabulado que eles lavaram. Sempre tem gente limpando as pedras lá, mas não tirando a cor delas, tirando somente as gramas que crescem. Não engoli essa do guia. Vi eles remendando um pedaço com a desculpa de que era para assentar o solo. Muito esquisito. No local existe várias lhamas para servirem como predadora das gramíneas. Tinha um casal em pleno acasalamento, se esfregando, se enrolando pelo pescoço ...

Nos despedimos do guia Simon (o José já tinha voltado para Cusco ontem a noite) e 10 e pouquinho entrei na trilha para Waynapicchu. A subida é punk! Muita subida, muita escadaria e subi com um ritmo forte, demorei 50 minutos. Em alguns locais fica meio perigoso porque é um espaço pequeno para passar e sempre tem gente subindo e gente descendo. É aí que mora o perigo de levar um esbarrão e escorregar. Mas cada degrau (são muitos, lembre-se disso quando for) compensa e muito depois que se chega no topo. Dá para ver a cidade toda, inclusive a estrada em ziguezague que os ônibus turísticos fazem.

Fiquei um bom tempo lá em cima, acho que 1 hora mais ou menos, e faz um ventinho gelado viu? Descemos para a portaria e se você quiser comprar algo lá no bar, vai ter que desembolsar uma grana, pois é tudo muito caro. Um chocolate quente médio custa 8S. Nem vi o resto dos preços, fiquei até com medo heheh. Meio dia e pouco começamos a descer as escadarias que subimos de madrugada. Agora, de dia e na descida, a paisagem é totalmente diferente. Tem ônibus turístico que faz o serviço de leva e trás até Águas Calientes e custa 7U$ one way. Acho que deveria custar mais caro.

Demoramos 1h e 20 min para descer, 10 min a mais que para subir. O motivo é que a descida judia mais dos joelhos e nesse momento todos estavam com os pés muito dolorido, então andamos devagar. Aliás, juntos andamos o Gonçalo (chileno), a Idit (israelense) e eu, porque o resto se dispersou e alguns voltaram de busão.

Chegamos em Águas Calientes e fomos procurar nossos tickets no restaurante Chasqi, bem em frente a linha do trem. Aproveitamos e comemos um menu por 10S. Não lembro o que comi, mas o suco era de banana. Não recomendo. Tem outros restaurantes com menu a 10S também e com maior variedade de comida. É só andar, procurar e chorar, porque sempre pedem no mínimo 15S, aí o desconto vai da sua conversa. Achamos os tickets, pegamos as mochilas no hostel e fomos para a charmosa estação de Machupicchu. Embarcamos as 18h e em 5 min eu já estava dormindo. Acordei as 19:30h quando chegamos em Ollantaytambo. Estava um friiiiiiiio de rachar quando chegamos e nosso transfer demorou um pouco para aparecer. Achei que tinham nos esquecido, mas uns 20 min depois apareceu o cidadão. Entrei no minibus e dormi novamente. Acordei chegando em Cusco, umas 22h. Encontrei o guia Simon e num gesto de amizade, trocamos uma camiseta. Eu dei uma camiseta minha, usada mesmo, dry, e ele me deu uma da trilha inca. A gente conversou quase a trilha toda e ele foi muito bacana principalmente com os brasileiros. Nos despedimos e fui pegar um taxi até a casa do Leo. Depois das 22h os taxis são mais caros, mesmo assim achei um por 2,50S.

Capotei!!!

 

DIA 12 - Cusco

Acordei cedinho e levantei às 8h. Comecei a escrever algumas informações para não esquecer depois. Coloquei as roupas para lavar, tomei banho, fiz a barba, cortei as unhas e virei gente de novo. Fiz um café instantâneo e um chá de coca bem forte. Quando estava arrumando minhas coisas dei uma cabeçada na quina da janela que estava aberta e começou a sangrar, além do galo gigante que fez. Ficou um tempão saindo sangue e até achei que teria que visitar algum hospital para dar um ponto, mas lá pelas 15h ficou tranquilo e eu aproveitei para sair. Fui no restaurante La Casa del Chef onde a Camila estava trabalhando (2S até o mercado de Wanchaq) e comi um menu de lomo saltado com entrada de sopa de legumes (5S), depois fui conhecer o mercado.

Fiquei surpreso. É um local sujo e mal cheiroso em algumas partes. Lá se vende carne exposta à céu aberto, ao lado de barraca de ração de cachorro, junto com os engraxates, do lado do banheiro … uma coisa de louco. Vi um homem fazendo a barba ali na barraca mesmo. Uma coisa totalmente estranha e para nós, brasileiros, uma total falta de higiene, um lugar insalubre. Fiquei andando lá por uns 40 minutos e comprei 2 dvds por 1S cada. O mesmo dvd que eu paguei 2,50S na plaza de armas.

Subi à pé a Avenida del Sol e fui parar em outro mercado, o Mercado Central. Comprei 2 gorros duplos por 5S cada e mais um chapéu, também por 5S. Esse mesmo chapéu eu vi por 30S em outros lugares. Fiquei mais ou menso uma hora aqui e quando saí já estava escurecendo. Nas ruinhas próximas ao mercado eu comprei um pincel para limpar externamente minha câmera, mas sinceramente não parece um bom local para andar sozinho, mesmo assim entrei em muitas muitas galerias e lojinhas.

Paguei 0,50S em uma internet que não funcionava e fui em algumas agências ver preços de passagem para puno. A mais barato que achei foi 30S pela San Luis, e a mulher da agência me alertou para não comprar com empresas mais baratas por causa do alto número de acidentes envolvendo essas empresas menores.

Às 20h encontrei os brasileiros na Plaza e fomos em um barzinho bacana que estava tocando um jazz, o Le Nomade, perto da pedra de 12 ângulos. Gastei 27S por 2 cusqueñas, 1 caipirinha e minha parte da porção que nem lembro o que era. Fui para o Mama África, Inka Team, e vários outros também, mas fiquei mais nesses dois. Gastei 10S por 1 cusqueña e 1 pilsen no happy hour e 14S numa caipirinha que o francês fez o favor de derrubar. Conhecí uma peruana bonita, xerosinha, inteligente … e fui embora (3S) dormir umas 5h da manhã. Hoje minha garganta estava raspando um pouco e meu lábio começou a ficar muito seco. Dei uma relaxada com o protetor labial e passei um pouco de frio.

 

DIA 13 - Cusco

Acordei 8 e pouco, mas levantei as 10 e fiquei enrolando até sair para o centro (2,50S), onde troquei 40U$ na rua com câmbio de 2,91. Almocei um ceviche + inka kola por 5S no Mercado Municipal mas não gostei, estava tudo frio. Comprei uma água por 1S e liguei para casa por 0,40S o minuto. Fui tirar umas fotos da Plaza de Armas vazia, da pedra de 12 ângulos e pedra do puma, que fica na rua Surtunwasi. Já vi alguns endereços errados nos posts por aí, então atualize. Conheci um mineirinho bacana e fomos dar um role. Paguei 0,50S em uma bebida típica chamada chicha morada e como o Museo Inka estava fechado por ser domingo, adiei minha ida para Puno e resolvi ficar mais um dia em Cusco. O museu funciona de segunda à sexta das 8 as 18h, sábado das 9 as 16h e custa 10S. Combinei com o mineirinho de nos encontrarmos a noite para curtir a baladinha e fui embora (2,50S). O taxi tinha muitas businas e acho que o motorista queria me mostrar, porque ele usou todas. Foi engraçado.

Lavei a louça para não ser tão folgado, fiz um chá de coca e dormi das 18 as 22h. Tomei um banho e fui me despedir de Cusco. Fiquei esperando um taxi na porta do prédio por uns 2 minutos, e esse foi o dia que eu mais esperei (3S).

Fui em vááários barzinhos e tomei os free drinks (cuba libre) que eles distribuem. Tem que chegar e pedir para os caras que ficam na porta dos bares dizendo para você entrar, eles dão na boa. Aí você vai de barzinho em barzinho tomando os free drink, já que não paga portaria mesmo. Depois escolhe o melhor e fica nele, ou não. Encontrei o mineirinho do lado do Inka Team, mas fomos para o Mama África, que estava vazio vazio, bichado. Na rua hoje tinha muita gente oferecendo droga: Coca? No gracias. Brasileiro? Si. Marijuana entonces? No, no me gusta, gracias. Ihhhh, entonces no es brasileiro!

Voltamos para o Inka Team e ganhamos mais free drink. Uma peruana praticamente me arrastou para o banheiro e quando ia fechar a porta o segurança entrou e me tirou de lá. Essas peruaninhas são bem safadinhas. Gastei 10S com 2 cusqueñas, o resto foi tudo free.

Peguei um taxi (3S) para voltar e na hora de sair o taxista falou: CHAU RONALDINHO! Mal sabe ele que nem de futebol eu gosto. Fiz um miojo não sei com que, porque não lembro, e fui dormir umas 4h com a garganta pior um pouco pior que ontem.

 

DIA 14 - Cusco

Acordei 8 e pouco e 9h em ponto levantei num tiro porque ouvi a tiazinha que vende fruta na rua. Fui comprar granarilla, aquela da trilha, 4 por 1S. Fiquei uns 15 min na net e fui bater perna (2,50S) no Museo Inka (10S) e fiquei umas 2h lá, mas dá para ficar muito mais tempo, é bem bacana e valeu a pena ter adiado minha ida para Puno.

Ontem passei pelo Museo Pré-Colombino mas não tive coragem de pagar 20S porque me disseram que é bem chatinho. Comprei um pacote de folha de coca no Mercado Central (1S) e comi um menu (3S): sopa + arroz com mondonguito a la italiana (tipo miúdos de cordeiro com batata, ervilha e cenoura bem picadinho) + chicha morada. Uma delííííícia, mas tem que ter estômago forte. A aparência é daquelas comidas típicas nordestinas, tipo buchada de bode e tal. Delicioso, mas forte.

Peguei um taxi até o terminal (2,50S) e paguei 15S na passagem para Puno pela San Luis, a mesma que estava 30S lá na agência. Mais 2,50S de taxi até a casa do Leo e nisso já era umas 14h mais ou menos.

Fiquei a tarde toda na net, sem fazer nada. Deixei um bilhete para a Camila, que estava trabalhando, e as 21h peguei um taxi para a rodoviária novamente. Por mais perto que seja, o preço mínimo parece ser 2,50S, sem choro.

A rodoviária é um capítulo à parte. Os atendentes ficam o tempo todo gritando nos guichês: AREQUIPA AREQUIPA AREQUIPA AREQUIPA AREQUIPA AREQUIPA AREQUIPA bem rápido. Tenta aí. Uma hora emenda tudo e não dá para entender hAHAhAHAha. Outros gritam AREQUIPAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA. Coisa de louco. É bem capaz de lá na hora se pagar 10S pela passagem. Paga-se 1,10S de taxa de embarque, mas ví vários peruanos sendo liberados sem o ticket. Tenho a impressão que é coisa para turista mesmo.

Os melhores ônibus que eu ví foram os da Tour Peru, que são mais novos, espaçosos, só tem 1 andar, com banheiro e mais caros. Depois, semi-cama e sem banheiro, o da San Luis primeiro e San Martin segundo. Os outros que estavam na rodoviária nesse momento eram meio sucata. Fui na poltrona 48, última fila, e atrás tem um espaço até que grande, onde dá para levar a cargueira, mas a minha já estava no bagageiro. Sentou um velhinho fedido do meu lado, mas eu virei para a janela e dormi.

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DIA 15 - Puno e Copacabana

Paramos às 3h da manhã em Juliaca (Huliaca). Cidadezinha feia, suja, com muitas ruas interditadas por montes de terra e gente vagando pela rua tão cedo. Lugarzinho sinistro. Desceu um cara e tirou várias sacolas do bagageiro sem apresentar nenhum ticket. Ele mesmo abriu o bagageiro e tirou suas coisas. Chegamos em Puno umas 4 e pouco e eu também peguei minha mochila, coloquei nas costas e fui embora. Poderia ter pego qualquer uma.

Logo na entrada muita gente já te aborda oferecendo passeios. Uma senhora me ofereceu passeio pelas Islas de Uros por 15S e mais 15S até Copacabana pela Titikaka Bolívia, que vai direto até Copacabana sem baldeação. Perguntei sobre a Tour Peru e ela me disse que a Tour Peru não opera no horário das 14:30h em baixa temporada, somente as 7:30h. Acreditei e acabei fechando os dois por 27S.

Quando o guichê da Tour Peru abriu fui lá conversar e o atendente me disse que tinha tour para a Isla + Copacabana por 25S. E o busão da Tour Peru é bem melhor que os outros. Fui reclamar com a Lilia e ela me garantiu que o ônibus deles não iria sair e se saísse, não era direto. Fiquei com uma cara de merda e fui sentar. Um tempo depois ela chegou em mim e perguntou se eu estava molesto (bravo). Eu disse que não, mas que ela tinha me enganado dizendo que a Tour Peru não operava no horário das 14:30h. Ela mais uma vez me disse para eu ficar tranquilo que eles não iriam sair e se eu comprasse a passagem era capaz de eu ficar ao léu na rodoviária. Como ela estava indo para a oficina (agência) no centro, ela me ofereceu um taxi para ir com ela, depois a van me pegava lá para ir para o passeio. Antes ficar sem fazer nada no centro do que na rodoviária.

Aceitei mas antes disso fui tirar umas fotos do nascer do sol. Deixei minha cargueira no guichê da Titikaka Bolívia e fui para o centro. Chegando lá ela me deu um mapa da cidade e me pediu para voltar às 8:30h.

Como era 6h ainda, fui dar uma volta pelo centro vazio. Queria ir num cassino 24h mas estava fechado! Que coisa não? Tirei várias fotos e não estava o frio que eu imaginei, e eu com 2 blusas, 3 calças, 2 pares de meia, gorro … e de repente comecei a ferver.

Eu estava sem dinheiro e morrendo de fome e a primeira casa de câmbio abriu 8:20h da manhã. Troquei 5U$ com cambio de 2,90, já estava indo para a Bolívia e nem ia precisar de mais dinheiro mesmo. Comi uma saltenha de carne DELICIOSA na rua (1S), comprei 2 águas San Luis verdadeiras por 1S cada no mercadinho e comi um pão com canela (1S).

Voltei para a agência e 9h o minibus me pegou. Meia hora depois estávamos no lago embarcando. Fiquei dentro porque em cima estava ventando gelado e eu comecei a tomar amoxilina porque minha garganta já estava inflamada. As pastilhas não estavam mais fazendo efeito. O Titicaca, pronunciado corretamente fica TITIRRARRA, com o R fraco, tipo quando você pega alguém no flagra e diz: háhááá. Então, o “Titihaha” é o mais alto lago navegável do mundo, com 3810m. Existem outros mais altos, mas não são navegáveis. O barquinho vai tão devagar que dá sono. Quando chegamos na ilha foi minha decepção.

Tudo ensaiado, com musica para nos receber … um teatrinho idiota para turistas idiotas. Não gostei. As casas tem painel solar, rádio, telhado de alumínio coberto com totora, etc, as pessoas não vivem mais como antigamente, o que tem agora é exploração turística. Eles encenam, como numa peça de teatro, uma explicação tosca de como aconteciam as trocas entre as diferentes “tribos”. Quando termina, quase que num piscar de olhos as mulheres tomam seus assentos em um shoppingzinho para a sessão compras de lembrancinhas.

As pessoas, a ilha e as técnicas empregadas na construção da ilha flutuante são muito interessantes, mas o passeio é coisa de turista mesmo, tudo combinadinho previamente. Lamentável.

Fomos para outra ilha e algumas pessoas foram naqueles barcos de totora muito bacana, pagando é claro! Deve dar um trabalho do caramba para fazer esses barcos, mas eles não utilizam como seu próprio meio de locomoção, utilizam para levar os turistas. Eles tem barco de alumínio com motor à gasolina.

A outra ilha era pior, não tinha nada. Somente 2 tanques de criação de peixe, um bar com inka kola por 3S e bugigangas caras para comprar. O cara que nos recebeu perguntou meu nome e ficava toda hora falando: FÁBIO, COMPRA FÁBIO. FÁBIO COMPRA ALGUMA COISA. Triste!

Fique com maior dó no final das contas, mas eu só tinha 11,50S e precisava almoçar ainda, então não comprei nada.

As 12:30h eu já estava na rodoviária e achei uns menu por 5S, mas para gastar o resto do dinheiro eu comi um bistek + inka kola por 10S: bifão delicioso, arroz, ovo frito bem molinho, batata frita, salada de alface e abacate. Paguei 1S de taxa de embarque com direito a usar o banheiro 1 única vez para o número 1 apenas. Com os 0,50S que sobrou usei a internet por 15 min.

O ônibus da Titikaka Bolívia é na verdade um mini bus, daqueles que chacoalha pra caramba. Saímos uns 20 min atrasados e nem sinal da Tour Bus. Eu fui do lado esquerdo, acompanhando o lago, e vi que existe muita gente trabalhando na margem. Acho que eles ganham um pedaço de terra para plantar, porque era tudo dividido, com umas partes bem cuidadas e outras nem tanto. Ví também muitos pastores de ovelha e muita mulher fazendo serviço braçal.

Chegamos na fronteira e todos tivemos que descer. Primeiro fomos à polícia, depois à imigração. Se você perder o papel branco com o carimbo que você recebe quando entra no peru, tem que pagar uma multa que eu acho que varia de acordo com a ganância do policial, porque cada um que ouvi paga um valor diferente. Para mim foi rápido e fácil. Fui caminhando até o lado boliviano e na imigração boliviana recebi um papel parecido com o do peru, mas amarelo. Tem que guardar da mesma maneira. O minibus atravessou vazio e no lado boliviano embarcamos novamente. Ficou faltando um casal com uma criança e eles demoraram acho que meia hora. O cara me disse que eles ficaram 1 dia a mais que o permitido pelo visto e os policiais queriam cobrar deles 120S. Muito choramingo depois acabou ficando os 3 por 20S. Então fica esperto nisso para não perder dinheiro à toa ok?

Relógios ajustados com 1 hora a mais, chegamos em Copacabana de tarde, mas sem pôr do sol porque estava nublado. Andei umas 2 horas procurando hostel e acabei fechando com o Hotel Los Andes num quarto duplo só para mim, com TV a cabo, água quente e desayuno. O valor normal é 80BOB, ou seja, 40 por pessoa, mas fiquei sozinho por 30BOB. Baixa temporada né? O El mirador estava 90BOB quarto duplo e não fizeram desconto. Fui em vários que só tinha quarto duplo e ninguém vendia só para 1 pessoa. Povo burro, porque não tinha ninguém na cidade, então eles preferem ficar com o quarto vazio do que alugar um duplo para 1 pessoa só.

Eu levei um susto quando perguntei o preço no primeiro hostel, por um instante me esqueci que o cambio é diferente. Troquei 15U$ a 6,90, mesmo preço da fronteira, não teve jeito. Comprei água de 2l (5BOB), uma barra de Twix (7BOB), pacote de bolachas (8BOB) e fui comer uma truta (15BOB): entrada sopa de champignon delicia + truta delicia + sobremesa de banana com chocolate. Tomei um suco de laranja (8BOB) que desceu rasgando minha garganta, que a essa altura do campeonato já estava beeeeem inflamada. Dormi antes das 22h tomando amoxilina.

 

DIA 16 - Copacabana (Isla del Sol)

Com a garganta doendo e um friozão, não tive coragem de sair para ver o amanhecer. Até acordei cedo mas só levantei as 7h para tomar café da manhã: pão com manteira, geleia e chá. Comprei o passeio para Isla del Sol por 18BOB no próprio hotel porque eu fui em várias agências e até nos próprios barqueiros o preço para o Day Full era 20BOB. O barco da agência Andes é separado e saiu um pouco mais vazio que os outros 2. Só saíram 3 barcos no horário das 8:30h. Vi boleto de gente que pagou 40BOB. Saímos 10 p/ 9h e 10h paramos para deixar um pessoal na parte sul da ilha, onde embarcaram algumas outras para a parte norte, e pagaram 15BOB. Subi algumas vezes na parte de cima do barco para tirar fotos mas estava muito frio. Embaixo dei umas chochiladas e senti que em Puno e em Copacabana meu coração estava sempre batendo mais forte e minha respiração um pouco mais ofegante.

Chegando na parte norte, para visitar as ruínas tem que pagar 10BOB e eu só tinha exatamente esses 10BOB, então tentei entrar sem pagar mas não deu. Resolvi ir sozinho para a parte sul e perguntei a um morador, que me mostrou 2 caminhos, um pelo topo da montanha e um contornando, pela cidade. Escolhi ir pelo topo onde às vezes a trilha terminava do nada e era uma subida até mais ou menos viu? Com muitas pedras. Usei meu senso de direção lembrando sempre que eu precisava ir para o lado direito, rumo ao alto, e uns 50 min depois eu cheguei na trilha principal, demarcada, que o pessoal faz quando sai das ruínas.

Na trilha demarcada comecei a ver gente, uns bicho grilo na verdade, e a visão é fantástica. Vários miradores naturais. Quase chegando na parte sul inventaram uma Bolleteria onde estavam cobrando 10BOB para passar. Eu disse para o cidadão que não tinha dinheiro, que não tinha ido nem nas ruínas porque estava liso e blá blá blá. Os americanos na minha frente tiveram que pagar, e eu passei.

Acabei fazendo a trilha em mais ou menos 2h e me arrependi de não ter ido contornando a montanha, pelo povoado. Acho que teria sido mais interessante, apesar da visão ser deslumbrante.

Os barcos saem da parte norte para a parte sul às 13:30h, então se você fizer o passeio só na parte norte, não perca o horário. Da parte sul, os barcos saem as 15:30h para Copacabana.

Quando eu estava descendo a imensa escadaria da parte sul (subir isso deve ser triste), tirei foto de umas lhamas e estava olhando as fotos quando apareceu 2 pirralhos e 1 pirralha no caminho. A pirralhinha falou para os pirralhos: Ele tirou foto nossa! Na mesma hora um deles, de uns 4 ou 5 anos me disse: HAY QUE PAGAR! Eu perguntei porque e ele disse que é porque eu tinha tirado foto deles. Eu disse que não e mostrei a foto das lhamas. O pivetinho olha para mim e fala: HAY QUE PAGAR, LA LHAMA ES MIA. Falei que não ia pagar nada e saí andando. As lhamas estavam bem do nosso lado e eles nem tinham visto, continuaram andando e logo viraram à direita. Safadinhos esses bolivianos.

Os preços de hospedagem na parte sul varia de 30 a 40BOB para 1 pessoa com baño compartido e sem desayuno. Mais ou menos 70BOB com baño privado e com desayuno. No norte eu nem tenho idéia porque não perguntei. O preço médio do refrigerante no sul é de 8 a 10BOB e refeição, de 20BOB para cima. No último barzinho para quem desce, e primeiro para quem sobe, paguei 5BOB numa coca-cola de 600ml e uma truta estava 20BOB, mas não comi para dizer se é bom. Passamos por uma ilha flutuante montada, bem pior que as do Peru, tipo casinha de palha da barbie. Custava 5BOB para descer e a maioria não saiu do barco. Ridículo. Essa foi a piada de Copacabana. Tinha um senhorzinho para cobrar a entrada e só, o resto era para tirar foto mesmo.

Na ida, de manhã, e na volta, na parte da tarde, é o local que não pega sol. Chegamos quase 18h e eu não fui no cerro ver o por do sol, mas me arrependi amargamente. Se puder, fique mais um dia para aproveitar esse espetáculo da natureza, vale a pena. O que me desanimou um pouco é que estava tudo muito vazio. Não gosto de lugares cheios, mas sem ninguém também não né? Peguei minha mochila no hotel e troquei mais 10U$ com o mesmo câmbio e paguei 15BOB na passagem para La Paz, pela 2 de Febrero. Tinha que colocar a mochila no bagageiro em cima, todo aberto, mas eu levei a minha do lado da minha poltrona, atrapalhando o corredor mesmo. O Titicaca fica do lado esquerdo, mas já era noite, então nem aproveitei a paisagem. Paguei 2BOB por 5 min de internet e 1,50BOB por 5 folhas de sulfite, onde eu estava fazendo anotações de viagem. Sentou mais 1 fedido do meu lado. É o segundo já!

Em Tiquina todos tem que descer para atravessar o lago de barco (1,50BOB) e o ônibus vai pela balsa, que é bem precária. Ventava muito e o barquinho com motor de escova de dente elétrica chacoalhava tanto que os 3 minutos para atravessar pareceram horas, e não foi só eu que ficou com medo não. Sem contar que estava um breu só, sem luz nenhuma no barquinho e um friiiiiiiiiio do caramba. Chegamos em La Paz umas 22h e quando vi o tamanho da cidade pensei: tô ferrado!

A cidade é gigante e eu perguntei para os taxistas sobre alguns hostels e para minha surpresa eles não conheciam. Ter o endereço das coisas em La Paz se torna essencial, então anote essa dica aí. Desci a rua do terminal à pé e caí na Av. Montes, virei para a esquerda e fui até a Iglesia de San Francisco. Nessa igreja, a rua virando à direita é a famosa Sagarnaga, que umas 3 quadras acima cruza com a Llampu. Passando a igreja, ainda na avenida, mas do outro (fluxo contra) virando à esquerda é a Yanacocha, do hostel Austria e hostel Señorial. Se ainda continuar na avenida, a próxima à esquerda é a rua do hostel Torino.

Fui no hostel Austria e um cara mal humorado me atendeu, aliás, nem abriu a porta. Quarto 35BOB com baño compartido mas ele só tinha double (70BOB). Saí resmungando e um turco que estava chegando no mesmo tempo que eu ficou só olhando. Fui do outro lado da rua e tinha double por 60BOB também com baño compartido, mas o atendimento foi ótimo. Perguntei para o turco (Denis) se ele queria dividir um quarto comigo e ele topou, afinal já era quase meia noite. Troquei uma idéia com a mulher do hostel e ganhamos essa noite na faixa porque ela deu nossa entrada como se fosse as 5h da manhã, então nossa diária valia do dia 17 para o dia 18.

Tomei um banho meio quente e meio gelado e fomos comer algo. Um bistek (lanche com bife) gostoso e bem gorduroso (5BOB) e uma fanta (4BOB). Fomos andar na Av. Montes, que muda seu nome para Av. Prado, e voltamos quase 1:30h para o hostel. Estava bom para tirar fotos, sem ninguém, mas não levei a câmera. Tinha um monte de bolivianos perto da Iglesia de San Francisco comendo, bebendo, sentados no chão … uma coisa estranha.

O chão do hostel é de madeira, e as camas são de ferro, então tudo faz barulho. Uma coisa ruim é que você não tem a chave da entrada, então toda vez que vai sair ou entrar tem que acordar a mulher da recepção.

 

DIA 17 - La Paz

Levantei 9h e tomei uma xícara grande de café em frente ao hostel (3BOB). Fomos dar um role para conhecer as ruas, comprei um sabonete (3BOB) e comi uma tucumana de carne bem encharcada (2BOB). Caímos novamente na Av. Montes e fomos a um café tomar um monterrey (4BOB), o mesmo da trilha inca. Continuamos andando por tudo e na hora do almoço eu comi um bifão com ovo, arroz, batata e salada de alface, cenoura e tomate (8BOB), 0,50 por 10 min de internet e fomos à Plaza Murillo. Achamos um café bacana com wifi grátis (Alexander Coffe), que fica na esquina de baixo do hotel Torino, onde mais abaixo um pouco também tem o shopping norte, burger king, tranqueiras para comprar, etc. Fui na Iglesia de San Francisco e não achei nada de interessante lá. Feita de blocos cinza, feio, parece tijolo. Comprei uma caneta (1BOB) e fui no museu da coca. O Denis voltou para o hostel para dormir. O museu fica na Calle de las Brujas e paga-se 10BOB para entrar. É bem pequeno e tem muita história que pode ser encontrada no site www.cocamuseum.com. Funciona todo dia das 10 as 19h e o que eu mais gostei foi o barzinho, que pode entrar sem pagar nada e tem muitas coisas feitas com folha de coca. Eu tomei um café com coca muito bom, mas bem caro para um café nos padrões bolivianos – uma mixaria para um bom café (10BOB). Comprei uma blusa de lã de alpaca, que a dona da loja jura que é de alpaca (Artesanias Hilari na Calle Linares, 948 – diga que é indicação de brasileiro) por 70BOB. Eu pesquisei muito e achei preços de 70BOB a mais barata até quase 500BOB. É muita diferença dependendo do lugar.

Fui fazer uma pesquisa de preços para o Chacaltaya. A Barro biking (Calle Sagarnaga, 288 Galeria de las Brujas) me pediu 40BOB já incluído entrada, mas só tinha para daí 2 dias. As outras agências eram todas o mesmo preço, 50BOB+15BOB de entrada. Acabei fechando Chacaltaya + Vale de La Luna com a Torino (www.hoteltorino-bolivia.com) por 45BOB + entrada, das 8h as 16h mais ou menos. Como disse que não queria ir para o vale, acabou ficando por 40BOB.

Voltei para o hostel, tomei banho e saí com o Denis para comer algo. Fomos nas barraquinhas em frente a Iglesia de San Francisco, que abrem até bem tarde, e comi 1 hamburguesa e 1 bistek com ovo por 10BOB. Na barraca do lado tomei uma coca (1BOB) e reparei como é impressionante o trânsito de La Paz, é louco mesmo a noite. Fomos no Alexander Café porque o Denis queria acessar a internet e lá tomei um capuccino gelado e aguado (16BOB), com a garganta ruim. Pedi um café expresso (7BOB) e esse sim estava decente, até que parecia café brasileiro. Quando estávamos voltando, passamos pelo Torino porque tínhamos intenção de mudar de hostel. Desistimos quando vimos o quarto. No Señorial o quarto era maior, melhor e mais barato, mas tinha menos gente. Fui dormir quase meia noite, eu acho.

 

DIA 18 - La Paz

Essa noite foi complicado. Meu nariz entupiu e estava frio, só as 5:30h eu tive coragem de levantar para colocar um descongestionante. Levantei às 7:15h e saí rapidinho porque já estava com as coisas arrumadas. Tomei um suco de linhaça quente com limão (1BOB), comprei para levar 2 pãezinhos não sei do que (0,50 cada), uma empanada (1BOB), uma água (3BOB) e um pacote de bolachas (5BOB). Passei no Torino e tomei um café expresso muito bom (8BOB) e usei 15 min de internet (1BOB).

O trânsito de La Paz também é louco logo cedo, aliás, a todo tempo. Não sei se os policiais estão lá para ajudar ou atrapalhar viu? Eles colocam uns cones que até agora não entendi para que serve. Só para estreitar mais a via.

Saímos com uns 40 min de atraso, paramos em El Alto para tirar foto do Mercado De las Brujas e suas famosas oferendas de feto de lhama à Pachamama. O tempo estava bem ruim para tirar fotos, meio empoeirado. Paramos em um mercadinho para comprar água (3BOB), frutas, biscoitos e usar o banheiro. O caminho é bem ruim e demora umas 2 horas. Na primeira parada para fotos, faltando quase 20 minutos para chegarmos ao Chacaltaya, que é a estação de esqui mais alta do mundo, vimos o Huayna Potosi do lado esquerdo, todo lindo cheio de neve, e o nosso objetivo ao lado direito, seco.

Chegando no local, entreguei meu boleto de viagem para o guia e ele me pediu os 15BOB da entrada. Eu disse que ia pagar na bilheteria e ele falou para pagar para ele porque o cara da bilheteria estava cozinhando e não podia atender. Achei estranho e pedi o comprovante. O guia ficou puto da vida, resmungando, falando que não era para ele o dinheiro, não sei o que lá e eu disse que achava que não tinha que pagar coisa nenhuma, que ele estava me engrupindo. Aí o cara ficou uma fera. Larguei ele bravinho lá e comecei a subir, as 11:22h.

Tentei subir sem luva, mas rapidinho eu já não estava sentindo meus dedos. Coloquei as luvas, fechei a blusa e as 11:55h cheguei na parte mais alta do Chacaltaya. Logo depois chegaram 2 francesas e só. Ninguém mais chegou lá, nem o guia. A vista é impressionante. Dá para ver umas lagunas coloridas e o Potosi bem de pertinho. Coisa linda. Passei protetor porque o sol estava bem ardido, protetor labial, tirei várias fotos e fiz um lanchinho lá em cima. O tempo começou a fechar e as francesas e eu decidimos descer.

Na descida começou a nevar. Isso mesmo, nevar! Parei, fiquei estático e comecei a rir como uma criança que ganha um presente sensacional. É claro que era pouco, fiquei tentando tirar foto mas acho que saiu uma ou outra só. Aquela nuvem cinza na minha cabeça estava derramando suas gotas que de tão frio, se congelava antes de tocar o solo. Demais! Quando voltei descobri que teve uns 3 ou 4 que passaram mal, vomitaram e nem chegaram a subir até o primeiro ponto. Também descobri que a Torino me enfiou em um passeio da agência Maia ou Maya.

Partimos de volta umas 13h e como eu não fui para o Vale, fiquei em La Paz as 14:30h. Na descida de volta do Chacaltaya eu fiquei com muito medo. A van que nos levou era velha e como usava muito o freio, começou a cheirar queimado e o motorista nem parou um pouco para esfriar as pastilhas. Mandava bala. Se aquela merda perdesse o frio não ia sobrar nada. É precária a manutenção dos veículos lá.

No final da rua Figueroa, número 659, comi um menu diferente (7BOB). Entrada com sopa de sêmola e guizo de cordeiro com macarrão, cenoura, batata e um pãozinho com um molhinho delicioso. Não sei que parte era do cordeiro, mas foi uma das comidas mais bem temperadas que eu comi, achei até uma folha de louro no prato. Essa rua, você de frente para a Iglesia de San Francisco, na mesma parede indo para o lado direito, passa por um portãozinho e sobe uma rua cheia de barraquinhas. É nessa rua, lá no final da subida do lado direito, se chama MAGG'S (F: 245-2433). Esse vale o endereço.

Tomei a sobremesa (meio papa, meio suco de mamão) e desci com uma chuva estava começando a cair. Fiquei parado em uma banquinha esperando passar, mas como não passava, fui assim mesmo. Cheguei meio molhado no hostel e o Denis havia saído com a chave, é mole? Tirei um bode no sofá e meia hora depois ele chegou. Tomei um banho quente depois de muita briga com as torneiras. Meu nariz estava escorrendo e eu ainda estava tomando amoxilina.

Saímos 19h e pouco e achamos uns barzinhos muito bacana. Pena que estava cedo ainda. Achei um bem legal, um dos mais bem decorados que já fui na minha vida, se chama Diesel Nacional (www.zonadiesel.com). Sonzinho ambiente, e uma Bock por 14BOB. Voltamos à pé pela Av. Prado e precisei comprar um pacotinho de lenço (1BOB). No caminho comi um negócio estranho: barriga não sei do que frita com batata. Apesar da cara e do nome estranho era uma delícia (3BOB), feita num taxo e vendida na rua mesmo, em algumas das dezenas de banquinhas ao ar livre. O Denis comprou tomate, pimentão, cebola e chorizo para cozinhar com um grão parecido com nosso feijão, só que branco e maior. Fiz um chá de coca quando chegamos no hostel (tinha um monte para os hóspedes) e não aguentei esperar. Fui dormir quase meia noite com um anti-alérgico para cortar a coriza que eu estava.

 

DIA 19 - La Paz

Essa noite eu dormi bem, graças a Deus e ao remédio. Levantei 7:30h, peguei minhas roupas para lavar, desci e experimentei o “feijão” que o Denis fez, mas estava com tempero forte e duro. Ele não cozinhou na panela de pressão, então não cozinhou direito. A mulher do hostel se ofereceu para lavar minha roupa por 5BOB e eu topei. Saí para procurar uma jaqueta de pluma de ganso e andei que nem camelo por todas as ruazinhas imagináveis perto da Llampu e etc. Acabei comprando uma polar de fibra mesmo (grossa) de 130 por 80BOB. Comprei também 4 gorros por 32BOB tudo. Tomei um suco quente de quínua com maçã (1,50BOB) e comi uma tucumana de frango muito boa (2BOB). A maioria dos lugares são sujos e achei os bolivianos mais mal educados na rua que os peruanos. Em muitos lugares vi avisos para tomar cuidado com seus pertences, cuidado com taxi e acredite, cuidado com pessoas se dizendo policiais. Não foi em 1 nem 2 lugares que vi esses avisos não, vi em vários mesmo. Sinal que devemos tomar cuidado.

Voltei para o hostel, acordei o turco 10 e pouco e desci para tomar um café (3BOB) e uma empanada com recheio de vento (2BOB) em frente ao Señorial. Esperei o cara se arrumar, tomar café e 11 e pouco ele vira pra mim e diz que vai voltar para o hostel, que não gosta de andar muito e tal. Quase dei uma porrada nele.

Peguei um busão circular mesmo (1BOB) e fui para o mirador Killi-Killi e assim que cheguei começou a chover. Despencou água por mais ou menos 1 hora e minha sorte é que no mirador tinha umas coberturas, aí fiquei lá conversando com a molecada que brincava hora na chuva, hora na proteção da cobertura. Lembrei do meu tempo de criança. Mesmo não sendo o mirador mais alto, dá para ver o mar de casas marrons em meio a algumas outras cores cravadas no morro. La Paz fica em um buraco no meio das montanhas e é a sede do governo boliviano. A capital é Sucre.

Tirei umas fotos quando parou de chover e enquanto aguardava o busão para voltar, comprei uma água (3BOB) e fiquei conversando com uma mocinha que quer estudar para ser guia. Ela me disse que La Paz passa uma falsa impressão de cidade segura mas que na verdade é bem perigosa e me disse para evitar taxi porque muitos roubam os turistas. Ela disse que isso é bem frequente e que não existe uma fiscalização dos taxistas. Peguei o bus (1BOB) e novamente começou a chover. Era tudo o que eu precisava, chuva com garganta e nariz ruim. Me abriguei em uma “lan house” e gastei 1BOB com meia hora de internet. Quando saí estava chovendo granizo. Era cada pedrada cabulosa. Liguei para casa (4BOB o minuto) e voltei para o hostel. O Denis estava assistindo filme no notebook (cara esquisito). Fui para a cozinha fazer um chá de coca forte e doce, comi umas bolachinhas e vi que ele estava cozinhando o feijão novamente. Como choveu e não fez sol, minha roupa estava toda molhada ainda.

Deitei um pouco e umas 16h levei minhas roupas para secar em uma lavanderia (Calle Ballivian, 1286) por 7BOB o Kg para lavar e secar e 5BOB só para secar. Fui ajudar a mulher e acabei me ferrando. As roupas ficariam prontas as 18h e eu fui na Plaza Murillo dar uma volta. Aproveitei e comi uma salada de fruta (2BOB) e depois fui na rodoviária ver os horários e preços de ônibus para Oruro. Na maioria das agências custa 20BOB semi-leito e opera os seguintes horários: 4:30, 5:00, 5:30, 6:00, 7:30, 8:30, 10:00, 11:00, 13:30, 14:30, 15:30, 16:30, 18:00, 19:00, 19:30, 21:30. A mais recomendada é a Trans Nascer mas fui mal atendido e por isso eu optei pela 6 de Agosto, que pelo mesmo preço fui no assento leito.

Voltei voando para o hostel porque comi tanta tranqueira na rua que algo me fez mal. Pronto, essa era a segunda diarreia da viagem. Fui rapidinho buscar minhas roupas no horário combinado e paguei 10BOB, pois tinha 2kg de roupa. Essa lavanderia é boa e rápida, mas tem outras com melhor preço. Aproveitei e fui na Linares trocar minha blusa, que ficou pequena, tomei uma coca-cola (1BOB) para ver se melhorava, comprei 20 chaveirinhos de folha de coca por 3BOB cada, uma luva dupla (10BOB), 2 pares de meia de alpaca (10BOB cada) e um chale de “lã de alpaca” (25BOB) para minha mãe. Fui para o hostel e dormi até as 22h. O Denis tinha ido num concerto de Jazz no Teatro Municipal, mas quando ele voltou, me disse que foi cancelado. O dia que o cara resolve sair da toca o passeio dá errado hahaha.

Tomei um banho, comprei uma água de 2l (6BOB) e fomos dar um role pegando um temido taxi (8BOB / 2) até o Thelonious Jazz Bar, mas era caro a entrada e a banda começaria tocar tarde e esticamos até o Diesel. Caipirinha 22BOB e 18BOB por uma Negra Modelo, mexicana. Resolvemos procurar outro barzinho e perguntei para um boliviano que estava com duas garotas. O cara disse: vai reto aqui, uns 2 quarteirões para baixo tem bar. Fiquei desconfiado pela maneira com que ele respondeu e na próxima esquina, onde tinha um taxista chegando na sua casa, e eu perguntei para ele sobre barzinhos naquela rua. O taxista disse que não tinha bares naquela direção e disse para não irmos mais para baixo porque era perigoso. Voltamos pelo mesmo caminho e o cara ainda estava lá com as meninas. Cheguei bem perto deles e comecei a falar: Seu merda mentiroso $%, me falou caminho errado é? E agora? Blábláblábláblá. O cara nem piscava, acho que ele pensou que ia apanhar. As meninas então, ficaram estáticas. Continuamos andando e achamos um outro barzinho bacana, estava lotado, mas como estávamos sem documento, o cara queria nos cobrar um absurdo lá para entrar. Resolvemos ir embora mais ou menos 1:30h e dividimos um taxi de volta (8BOB). Preferimos pegar taxi com senhores bem de idade e barrigudos. Foi uma teoria que inventei de que se acontecesse alguma coisa, pelo menos ele não ia aguentar a correr atrás de nós AhaHhaHAh. Vimos vários taxistas novos, inclusive alguns bebendo enquanto dirigiam a procura de passageiros. Então cuidado.

Fui dormir e hoje não tomei mais amoxilina. Já melhorei da garganta.

 

DIA 20 - La Paz e Oruro

Levantei as 8:15h e hoje a diarréia me pegou de vez. Dei um rolezinho lá pelas 9h para tomar um suco de laranja (2BOB) e comprar outro chale, de outra cor (25BOB). As barraquinhas e lojinhas ainda estavam abrindo. Na verdade eles não tem horário definido, cada dia funciona num horário diferente. Todo lugar com internet estava fechado, então voltei correndo para o hostel porque a coisa piorou. Resolvi tomar um imosec, já que hoje eu ainda pegaria um busão e um trem até Uyuni. Fiquei enrolando um pouco para dar tempo de abrir alguma “lan house” para eu gravar um DVD com minhas fotos e quando abriu, não tinha gravador de DVD, é mole? Voltei para o hostel mais uma vez e fiquei lá passando muito mal até quase 13h. Fui muuuuitas vezes no banheiro, eu não aguentava mais, então resolvi tomar um segundo imosec porque a coisa ficou muito feia. Desde ontem eu já não comia mais nada e comecei a ficar fraco.

Saí para a rodoviária e no caminho parei para comer um prato a la carte em um restaurante um pouco melhorzinho. Tomei uma coca-cola 600ml (4,50BOB) e esperei muito até que chegasse a comida. A sopa tradicional de entrada + uma carne picadinha bem gostosa com arroz, verdura e uma surpresa: REPOLHO (13BOB). É o fim da picada! Por essa eu não esperava. Mas eu precisava comer senão eu ia desmaiar. Fui no banheiro e vazei para a rodoviária a passos de tartaruga, porque a subida é punk, o sol estava forte e a altitude nos deixa lento.

Cheguei quase 14h e já tinha alguns ônibus saindo. Eu fui na parte de baixo, que só tem 3 filas e é bem mais espaçoso. A porta do banheiro estava trancada porque a porcaria estava quebrada. Aí bateu o desespero. Demoramos uns 20 minutos para sair porque rolou uma confusão com uma mulher que embarcou fora do terminal e não pagou a taxa de embarque. Não entendi direito o que aconteceu, mas eles passaram conferindo a taxa de embarque de todo mundo (2BOB). Depois que o busão sai do terminal ele para em uma rua cheia de barracas que vende de tudo, cheia de ônibus e gente. Vai descendo devagarinho com a porta aberta e nesse tempo entra um monte de gente vendendo água, jornal, sorvete … e eu comprei uma água 2l (5BOB).

A paisagem mais bonita fica do lado esquerdo, e como eu estava do lado direito tentei dormir um pouco, já que o filme que estava passando na verdade eram vários pedaços de filme. Muito estranho, estava passando um filme e de repente começava outro sem terminar o primeiro. Em alguns povoados, no meio do nada, o ônibus para e entra algumas mulheres com aquelas roupas típicas boliviana. Elas vão sentadas no chão mesmo e na escada. A pobreza dos povoados também chama a atenção com muita sujeita e as casas todas marrom, algumas feitas de barro e outras de tijolo sem acabamento.

Minha barriga estava me incomodando muito e eu comecei a beber água para ver se melhorava e para hidratar também. Aí surgiu outro problema, deu vontade de mijar.

Chegando em Oruro quase as 18h eu peguei um taxi de 10 por 6BOB até a estação de trem e descobri depois que o preço normal é 3BOB. É longe, nem tente ir à pé. Mesmo que cobrarem mais de 3BOB compensa ir de taxi. Lá na estação só encontrei passagem executivo (86BOB). Tinha que ser esse! Paguei 1BOB para usar o banheiro, mas só deu coragem de fazer o número 1. No trem tive mais um problema, as janelas estavam empoeiradas e com muito cheiro de poeira. Quem tem rinite alérgica sabe do que eu estou falando. Sofri muito com a dor de barriga e com esse cheiro de poeira. O trem é lento e chacoalha bastante, achei bem caro a passagem por esse serviço. Consegui dormir um pouco porque fui sozinho na poltrona, então me estiquei todo usando praticamente os 2 assentos. Paramos em Uyuni as 2:30 da manhã e dava dó ver como eles pegam as mochilas e jogam de um lado para outro. Peguei a minha e como tinha uns tipinhos bem estranhos no terminal, fui para o Hostel Avenida, que fica bem em frente. Quarto simples e baño compartido por 30BOB, péssimo atendimento e sem negociação, principalmente as 3h da manhã. Foi um alívio usar o banheiro limpinho e dormir.

 

DIA 21 - Salar de Uyuni

Pulei da cama as 7:15h mas ainda não estava me sentindo bem. As torneiras ainda estava sem água, então fui escovar os dentes no chuveiro. A água era quente e tinha aquecedor à gás dentro do banheiro. Encontrei uns alemães indo do Alasca à Patagônia de moto. A rota era de 60mil km e o percurso total que eles percorreriam era de 80 mil. Não conversei muito porque eles estavam acordando, então desejei boa viagem e saí.

Logo já fui abordado por uma mulher chamada Juliet (guarde esse nome!), dona da JULIET TOURS (Av. Arce – praça central). Ela me ofereceu um passeio alternativo ao tradicional, por onde poucos tours passavam, água e saco de dormir incluído por 600BOB com voucher até San Pedro de Atacama. Deixei minha mochila na agência e por indicação dela fui tomar um café da manhã no mercado, já que alí na praça custava de 15 a 25BOB.

Para ir ao mercado é só seguir pela Av. Ferroviária e virar à direita na segunda rua depois da estação. Tem uma escadinha e lá em cima tem várias barraquinhas que servem café da manhã, não tem erro mas qualquer coisa é só perguntar onde se pode tomar um desayuno. Paguei 4BOB por um cafezão gostoso e 2 pães com manteiga. Na volta fui pesquisando preços de passeios e achei até por 100U$ e o mais barato, e nada confiável, foi 500BOB. Voltei para a Juliet Tours e fechei por 500BOB o tour diferenciado com voucher até SPA, água, saco de dormir e apenas 6 pessoas + motorista. Fui na imigração dar saída e tive que pagar 21BOB. Reclamei perguntando se por algum acaso os bolivianos tem que pagar para sair do Brasil e o policial me disse que a fronteira é diferente, e que para sair pelo Chile tem que pagar. Fica aí a dúvida da legalidade. Tirei uma foto do anúncio pregado na parede.

Fiquei enrolando na agência tomando café e assistindo Chapolin Colorado, vários inéditos no Brasil e eu gosto muito ehhehe. Se eu soubesse que o passeio era só as 10:30h eu tinha ficado mais no hostel e tinha tomado um banho quente. Se não quiser ficar na agência assistindo chapolin, tomando café e com aquecedor, pode ir até o Museo Arqueológico que fica bem pertinho (é só perguntar) e custa só 2BOB. Não fui porque quando descobri já estava na hora de partir.

Chegou um carrinho velho e sujo. Notei que as agências fazem isso, deixam um carro novinho todo limpinho na frente para dizer que o carro será como aquele, mas quando chegam … Já não gostei disso, aí quando fui entrar no carro vi que tinha uma pessoa a mais. Na verdade estávamos indo com outra agência porque a Juliet não fechou um carro. Essa outra agência enviou um guia que fala inglês e esse mala ocupou mais um lugar. O motorista era meio tantan, meio locão.

Saímos bem atrasados, já era quase meio dia. Paramos no cemitério de trens e depois das fotos fomos para Colchaní, onde tem muitos artesanatos bacanas por 6BOB. Só não comprei nada porque minha mochila estava superlotada e eu tinha mais 9 dias de viagem pela frente. Conhecemos como se fabricam o sal em uma área que ainda está ativa. Para cada 10 mil kg de sal, eles colocam 1 kg de iodo. Um pacote grande (com vários pacotinhos) de sal custa apenas 9BOB por causa da concorrência. Tem muita gente extraindo sal e esse sal é consumido somente na Bolívia, não é exportado.

Passamos por um jeep novinho em folha e quebrado. Paramos no famoso Hotel de Sal onde tudo é de sal. Na verdade muitas das construções no Salar de Uyuni é feito de sal. Andamos uns 40 min em um batidão salgado até a Isla del Pescado. Não estava muito frio porque era primavera. Na Isla del Pescado o guia pagou minha entrada, com dinheiro da agência é claro (15BOB). Na verdade a Isla del Pescado se chama Isla Incahuasi. A verdadeira Isla del Pescado não é visitada e tem poucos cactos. Nesse momento descobrimos que o tour que a Juliet nos vendeu (para mim e para um casal de espanhol) não seria cumprido porque como estávamos com outra agência, eles fariam o tour tradicional. Fiquei puto, reclamei, reclamei, reclamei mas não teve jeito.

Na Isla, cada metro de cacto corresponde a 100 anos de vida. Conheci um cara que estava descendo de Los Angeles até a Patagônia DE BICICLETA. Já fazia 8 meses que ele estava na estrada e não tinha idéia de quando chegaria ao Chile. Almoçamos as 16h: macarrão, carne de porco, salada de tomate e pepino, coca-cola e banana de sobremesa.

Paramos várias vezes para tirar fotos, inclusive aquelas montadas que todos tiram. Pra isso o guia foi bom, porque ele que tirou quase todas. Ficaram até que bacanas. Ficamos tirando fotos até quase 18h e vimos o por do sol. Na verdade foi o esconder do sol atrás das montanhas, mas foi bacana. Paramos em um local de extração de tijolos de sal e achei muito interessante, cada tijolo pequeno é vendido a 1BOB e o grande a 1,50BOB. O sal é reposto na época das chuvas, que alaga tudo e repõe o sal retirado.

A trupe era o motorista Armando, o guia Carlos, uma espanhola e seu namorado francês, 1 americana, 1 irlandês e um belga que parecia o curinga do filme do batman.

Depois do por do sol, começou a escurecer (óbvio!) e a estrada ficar ruim. Pensei que estávamos perdidos e acho que todos também pensaram porque ficou um silêncio ensurdecedor dentro do carro, ninguém dava um pio. Essa merda de jeep tinha uma porta que não fechava direito e entrava poeira toda hora, muita poeira. Meu nariz ficou uma beleeeeza. Fizemos o caminho sozinhos, não havia nenhum outro jipe por perto e achei isso um tanto perigoso, se acontecesse algo estaríamos ferrados. Chegamos em San Juan numa espelunca que nem tinha água quente, conclusão, ninguém tomou banho. Tinha um mercadinho de meia tijela e tomei a terceira facada da viagem: um vinho boliviano Campos de Solona por 35BOB, mas no meio do nada, até que ficou bom o preço. Jantamos sopa de legumes com pão, frango frito, batata frita e banana frita. Dessa vez o Armando lavou a mão para fazer a comida. Milagre! Uma coisa estranha é que esses gringos soam o nariz em qualquer lugar, inclusive na mesa do jantar. Acho falta de educação, mas todos fazem isso.

Sem mais nem menos descobrimos que iam desligar o gerador, mas ninguém avisou nada. Quando cheguei no quarto para arrumar minhas coisas as luzes se apagaram. Como eu estava do lado da mochila, fui tateando e peguei uma vela, que deixei acesa em cima da porta (com a porta aberta). Pousadinha sem vergonha, não custava nada avisar para o pessoal poder pegar as lanternas. Dormi umas 23h sem tomar banho.

 

DIA 22 - Salar de Uyuni

Essa noite fez de -5 a -8 graus e eu passei um pouco de fio. Meu nariz entupiu por causa da poeira e as 7h eu estava de pé. A água estava um gelo, não dava nem para lavar o rosto direito, mesmo assim teve uma americana de outra agência que tomou banho. Tô fora! E porquinho é a vovozinha novamente. Café da manhã: água quente para o chá ou café, nescafé, leite em pó, pão com geléia e doce de leite (mais pobre que a outra agência). Enquanto o Armando arrumava as coisas no carro, o pessoal achou uma bola e começou a bater balãozinho. Quando eu cheguei na roda todo mundo falou: aêêêêê, chegou o brasileiro. Mas logo se decepcionaram, pois a americana jogava melhor que eu.

Saímos quase 9h e fomos acompanhando a linha do trem que vai para o Chile. Passamos por um vulcão ativo e do outro lado já é território chileno. A porta de trás, descobrimos, é a que não fechava direito, então começou entrar muita poeira novamente até que o Armando parou para socar a dita cuja, mas não resolveu. Vimos vários jeeps em vários caminhos diferentes, alguns pareciam estar perto, mas era só impressão. Paramos para ver um tipo de fungo que cresce nas rochas, se chama Yareta e tinha uma gigante com mais de mil anos, segundo o guia fajuto. Paramos primeiro na Laguna Cañapa e depois na Laguna Hedionda. No caminho pudemos ver várias vicunhas, tipo veado. Nessa segunda laguna custava 5BOB para usar o banheiro e tinha umas mesinhas ao ar livre, umas com teto de palha, outras sem, justamente para os tours que param para almoço. Comemos salada de batata, vagem e não lembro o que, arroz branco e bife de frango empanado. Coca-cola acompanhada de um frio, mesmo no sol e assim que terminamos de almoçar já botamos o pé na estrada.

Paramos para tirar fotos em umas montanhas coloridas. Esse deserto também é conhecido como deserto de Dali, por causa das montanhas coloridas, referente às famosas pinturas de Dali. Lá fora estava bem frio, dentro do carro ficava calor porque não dava para abrir o vidro, senão a gente se afogava em poeira. Foi terrível. Quando estávamos chegando na Arbol de Piedra (Árvore de Pedra) vimos uma espécie de coelho chamada biscatcha. Chegamos na arvore às 15h e parece mesmo uma árvore. Esperei uns babacas que ficavam pendurado na árvore atrapalhando a foto dos outros, e quando não tinha mais ninguém, consegui fazer algumas fotos bacana. Ficamos meia hora e vazamos pois estava ficando muito frio e o vendo ficando forte. O casal de espanhol (espanhola+francês na verdade) fumavam muito, em toda parada, e eu reparei que os dois guardavam as bitucas em um porta treco. Achei interessante e quem dera todos tivessem essa consciência porque se as autoridades bolivianas não tomarem providências, muito em breve aquele deserto se tornará um grande lixão, pois tem sacos plásticos, garrafas, latinhas, bitucas … por todo lado.

Chegamos na laguna colorada umas 16h e já intimei o guia perguntando quem ia pagar minha entrada, que custa 30BOB. Outra pousadinha de merda, nem precisa dizer né? Mas eu já estava esperando por isso. Não tinha água para tomar banho, aliás, não tinha nem água na torneira, nem para descarga, para nada. Deixei minha mochila em uma cama, peguei uma água e umas bolachas e fui, seguindo orientação do guia de meia tigela, pelo o lado direito da lagoa para ver o por do sol. Segundo o Carlito, era melhor que o mirador onde todos vão, pelo lado esquerdo. Acontece que andei uns 40 min e não achei nenhum lugar decente, só uma ilha de gelo. Voltei todo o caminho e fui até o mirador, onde o por do sol foi decepcionante novamente porque o sol não se põe, ele apenas se esconde atrás das montanhas e ainda continua claro. Mas a vista da laguna é impressionante, sensacional, vale a pena sem sombra de dúvida, mas eu ainda não vi um por do sol aqui. Na volta tinha umas bolachinhas com chá de coca e café monterrey. Fazia bastante frio e o jantar foi sopa gostosa com muitos legumes e pão, macarrão duro com molho vermelho e um queijo fresco ralado.

Coloquei 1 camiseta, 3 blusas, 3 calças, 2 pares de meia, gorro, luva, passei protetor labial e umas 20:30h eu fui dormir enquanto o pessoal ficou lá conversando em volta da “lareira”. Levantei umas 22h com uma puta diarreia. Não sei se essa era a terceira ou se era a mesma e o efeito dos imosec tinha acabado. Sei que a coisa foi feia. Não dormi a noite toda porque eu levantava a cada meia hora para ir no banheiro. Aconteceu alguma coisa séria comigo porque me deu muitos gases, eu não conseguia parar de peidar e minha barriga doía muito, ficava em atividade a todo tempo. Agora até acho engraçado mas passei muito muito mal a noite toda. Caganeira com um frio daquele não foi fácil e sinceramente eu pensei muito em desistir da viagem e vir embora. Eu fiquei realmente passando mal a noite toda.

 

DIA 23 - Salar de Uyuni e San Pedro de Atacama

Levantamos às 4 e pouco e o guia me disse que pode ter feito de -10 a -15 graus essa noite. Contei para ele que eu estava passando muito mal e disse como foi minha noite, que provavelmente precisaria de um médico porque eu realmente não estava bem. Sou averso a médicos e remédios, mas a situação tinha saído do controle. O guia foi na casa de um local e voltou com umas sementes para eu tomar como chá. Ferveu uma água e eu mandei para dentro aquele negócio. Foi impressionante mas 15 minutos depois minha barriga parou reclamar e eu parei de peidar. Acho que era anis ou algo parecido, mas graças a Deus parou.

Saímos mais cedo que a maioria dos jeeps mas como nossa carroça velha não andava, quase todos nos passaram e acabamos vendo o nascer do sol dentro do carro. Lamentável. Chegamos nos geisers umas 6h da manhã já com sol. Aliás, pegamos um sol de frente que deixava todo mundo cego, o Armando tinha que ir com a porta aberta olhando por baixo para ir no caminho certo porque não dava para ver nada nada pela frente. Um perigo porque se tivesse uma pedra no caminho (e tinha) bateríamos de frente. Isso quase aconteceu, mas bem na hora passamos por um lugar onde fez sombra e deu para ver o caminho certinho.

Eu gostei dos geisers e o cheiro de enxofre é bem forte, brinquei um pouco com o vapor e percebi que não sentia meus dedos dos pés. Sempre achei um exagero o que ouvi por aí de que é congelante e tal mas senti na pele esse problema. É realmente muito frio e todos estavam como mesmo problema. Caraca. No caminho para hotspring (Águas Termales), atingimos 5 mil metros de altitude e umas 7:30h chegamos lá. Ficamos até umas 9h mas eu não entrei na água, que estava quentinha, porque do lado de fora ainda estava muito muito frio. A mulherada, e os homens, se trocam alí mesmo no meio de todos. Tomamos café, o melhor de todos, com pão que parecia um bolo, chá, café, suco, iogurte de morango e korn flakes.

Nosso carro era o mais velho de todos, o mais sujo e a poeira me incomodou bastante. A primeira parte do caminho, até os geisers é muito muito ruim, cheio de costelinha de vaca e tem hora que chega adormecer a bunda, nem dá para dormir. A segunda parte é um pouco melhor. Paramos na Lagoa Verde com o Licancabur ao fundo e o motorista Armando resolveu abrir a boca e explicar porque a lagoa é verde. Em 5 minutos de explicação percebi quão dispensável foi aquele guia zé ruela. A viagem teria sido outra se o Armando tivesse explicado as coisas, pena que ele não fala inglês porque o resto do pessoal não falava espanhol. Acabou que só eu e a Rachel entendeu. A Lagoa Verde não tem flamingos e é verde porque tem alguns minerais que são tóxicos para eles. A Laguna Blanca e Laguna Verde eram uma só, mas com as mudanças climáticas elas se separaram e hoje a verde recebe água da branca, que em uma época do ano que não me lembro qual, fica congelada e se pode andar sobre ela. Em 5 minutos o cara explicou mais que o guia falou a viagem inteira. Affffffff!

Quase 10h fiquei na fronteira com o Chile, que é uma casinha ridícula com uma cancela, e me despedi do pessoal. Peguei um transfer com a Cordilheira (que custa 5U$ já incluído no meu tour) e sai às 10h em ponto. Se atrasar já era! O motorista entregou os papéis que deveríamos preencher para entrar no Chile e listou o que não poderíamos levar: “Não é permitido frutas, verduras, coisas de origem animal, blá blá blá. Folha de coca, maconha e cocaína também são proibidos e se vocês tiverem algum desses itens, vocês tem 1 hora para consumi-los até chegarmos na imigração” – e deu risada.

A vista do Chile depois que se sai da fronteira é impressionante. Não deu para tirar foto porque eu estava em um lugar que não rolava, só tinha francês na van. No momento em que entramos no asfalto chileno começa uma descida gigantesca de 45km e com uma descida de 2 mil metros de altitude. O freio é utilizado o tempo todo e a pista é de ótima qualidade com várias saídas de emergência, caso se tenha problemas para frear.

A entrada na imigração chilena é bem chata, rigorosa e os policiais são bem fechados. Na mochila de umas francesas tinha quínua e umas coisas não sei do que que foram confiscadas. Elas levaram sorte porque se tiver alguma coisa na sua mochila que não foi declarada naquele papel que o motorista entregou, você tem que pagar uma multa, e é bem caro. Conheci uma japonesa que pagou 200U$ por 1 dente de alho e 1 pimentão que ela trazia da argentina. Ela chorou, esperneou e disse que só tinha 200 reais. Não teve jeito, ficou com a pendência e quando ela saiu do Chile ela teve que pagar a o restante, então fique esperto!

A van me deixou na Carácoles e ficou um cara comigo. Decidimos ir juntos procurar hostel e ficamos por um tempo rodando. Vimos um por 8.000P com desayuno (albergue da juventude) e outro por 9.000P sem desayuno, descendo a Toconão. Continuamos descendo a Toconão e parou um cara perguntando se estávamos procurando alojamento barato e respondemos que sim. Ele nos ofereceu o Licancabur por 5.000P, sem desayuno. Estávamos em frente o Licancabur e eu falei: pero esta cerrado! E ele disse que era o dono e que abriria para nós. Pedimos para ver e ele realmente estava com a chave e abriu. Gostamos do lugar mas não tinha ninguém. O dono nos deu a chave e disse que no outro dia ou a noite alguém viria para cobrar.

Fui tomar um banho e estava gelado, mas estava tão calor que foi até bom. Quando saí do banheiro o outro carinha mudou de idéia e foi embora porque ele queria ficar em um lugar com gente, e eu queria ficar em um lugar barato AahHAHA, gente eu conheço na rua, nos bares, nos passeios, então nem encanei com isso. Troquei 31BOB por 65P e 50U$ com câmbio de 530. Almocei por 2.500P quase em frente o Licancabur mesmo, um lombo de porco com ovo e batata frita delicioso. Muita coisa para mim, pedi um refi de limão (700P) para ajudar a descer a comida e mesmo assim ainda sobrou uma porção de batata do McDonnalds. Saí para ver preços de busão para Santiago e dei um role pela rua Licancabur, onde tem o campinho de futebol, várias agências e uns restaurantinhos de qualidade duvidosa e preço abaixo dos 2.500P. As empresas cobram o mesmo preço da passagem até Calama, 2.500P, e só a TurBus faz direto para Santiago por 28.000P.

 

Achei um passeio para a Lagunas Cejar por 11.000P com Pisco Sour e petiscos que sairia às 15h. Os preços são meio que tabelados, então segue algumas informações atualizadas de várias agências que peguei folder:

 

Valle de la Luna: de 6 a 7 mil + 2 mil de entrada

Geyser del Tatio: de 15 a 20 mil + 3,5 mil de entrada

Laguna Cejar: de 12 a 15 mil + 2 mil de entrada

Lagunas Altiplanicas: 25 mil + 6 mil de entrada

Salar de Tara: de 35 a 45 mil (mínimo 4 pessoas)

Vale del Arco Iris: 25 mil (mínimo 4 pessoas)

Salar de Atacama: de 12 a 15 mil + 2 mil de entrada

Termas de Puritama: 10 mil + 10 mil de entrada

 

A maioria é tudo o mesmo preço, mas a única que consegui negociar mesmo, que a briga foi bacana, foi com a AYLLU.CL EXPEDICIONES (www.aylu.cl), que fica na Caracoles, 330. Eu paguei 11.000P mas fui com uma agência que cobra 15.000P.

A van era super limpa, com ar condicionado, e o guia muito legal. Saímos as 15h e fomos pegar o resto do pessoal. No caminho o guia parou em um povoado indígena para se apresentar e explicar sobre o antigo modo de vida em SPA. Muito do que ele falou durante o tour ele aprendeu com o avô, que era atacamenho nato e sempre morou no deserto. O cara dirigia com o maior cuidado para não incomodar com o balanço da van, é mole? Ele pediu para termos paciência que o caminho era ruim mas compensava. Coitado, mal sabia ele o que eu já tinha passado na Bolívia e no Peru.

Paguei 2.000P de entrada nas Lagunas Cejar (1.500P estudante) mas à primeira vista não achei interessante, não era o que eu esperava. A lagoa é muito muito salgada, então você não afunda. Quando se sai da lagoa tem que tomar um banho de água doce rapidinho porque começa a coçar e arder na hora. Eu não entrei porque estava muito gelada, só molhei até o tornozelo, que ficou branco de sal. Essa primeira lagoa é a Laguna Piedra e a segunda é a Laguna Cejar, mas nessa não pode entrar por causa dos flamingos. Na verdade não pode nem chegar perto deles e o guia explicou que normalmente nasce de 2 a 5 mil filhotes de flamingo por ano no deserto, mas nesse ano de 2009 não nasceu nenhum! Eles estão investigando a causa disso e uma das hipóteses é o turismo que está atrapalhando.

Saímos da laguna e fomos para os Ojos del Salar e nesse lugar eu fiquei embasbacado. São dois buracos gigantes no meio do deserto, no meio do nada. Jaques Costeau quando ainda era vivo levou sua equipe de exploradores lá e não encontrou evidências desses buracos terem sido provocados por queda de meteoro ou algo parecido. A profundidade é desconhecida. Fica o mistério. Fomos ver o sunset na Laguna Tebinquiche e todos no tour, menos eu, eram chilenos. Fui muito bem tratado, todos falaram comigo, fizemos piadas sobre várias coisas, falamos do turismo chileno e descobrimos que o guia, que era guia a apenas 2 meses, é um poço de conhecimento.

O por do sol foi coisa de cinema, e o frio também. Eu fui de bermuda (a única vez que usei uma durante a viagem) porque estava muito calor, mas assim que começou a ficar escuro o frio pegou. Foi servido 2 garrafas de Pisco Sour, bolachas recheadas, bolachas água e sal, geléia, amendoim, palitinho, batata palha, sucos, café e chá.

Chegamos em SPA mais tarde do que o previsto porque o cara foi devagar e falando sobre muita coisa. Uma verdadeira aula de história, mas não de histórias aprendidas em livros, de história passada de geração a geração. Interessantíssimo. Sobrou meia garrafa de Pisco Sour e é claro que eu pedi e ele me deu de boa. Quando voltei ao hostel já tinha uma mulher lá. Paguei e como o cara que ficaria comigo no quarto duplo tinha ido embora, ela me mudou para um quarto simples pelo mesmo preço (mas estava 10.000P na tabela). Estava tão cansado que capotei e nem saí para jantar.

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DIA 24 - San Pedro de Atacama

Essa noite eu dormi como um anjinho, só acordei de madrugada para tirar a blusa, porque estava com vários cobertores. Levantei antes das 8h, fui no banheiro e parece que sarei. Fui na padaria, comprei 2 pães e umas fatias de um negócio parecido com presunto (440P) e um suco de laranja de garrafinha (550P). Caminhei até a pracinha da igreja e tomei meu desayuno alí mesmo, acompanhado de vários passarinhos e um cachorro, que acabou espantando os bichinhos. Estava tudo fechado as 8h, tudo menos a agência H2O, que aluga as bikes. O preço é 3.500P para ½ dia e 6.000P o dia todo. Negociei por 3.000P até as 15h e fui para o deserto pedalar. Eles te entregam trava, chave de roda, câmera de ar e bomba para encher o pneu tudo numa sacolinha, que aproveitei para colocar minha garrafa de água dentro.

Parei em Pukara de Quitor, 3Km depois e paguei entrada de estudante (1.500P). Fui nas ruínas e subi até o topo. Como eu já tinha visto muita ruína, nem me surpreendi. Depois caminhei por meia hora rumo ao mirador, utilizando um pouco do caminho fácil e um pouco do caminho difícil. No começo tem um pouco de areia e a subida fica pesada, e se for cortar o caminho batido, tem que tomar cuidado com os cascalhos. A vista lá em cima também não me impressionou tanto, minha expectativa era maior, mas vale a pena. Gostei. Para descer levei 15 minutos e tem que se observar onde pisa para não escorregar em alguma pedra solta.

Saí dali e fui para a Cueva del Diablo, que fica bem ao lado da entrada. Tem uma pracinha bacana e encontrei uns uruguaios passando mal por causa da altitude. Fui nas grutas e me faltou uma lanterna para ir até o fim. Tirei umas fotos e continuei minha pedalada até a Quebrada del Diablo. No caminho já comecei a ficar com a bunda doendo. Não estou acostumado a pedalar e o banco (selim) da bicicleta não ajudava muito. Passei um riozinho onde peguei um pouco de água e quando vi eu já estava na igrejinha, lá em cima do lado direito. Deixei para passar lá na volta e acabei chegando em um rio com uma parte funda. Não me lembrava dessa parte e verifiquei que onde eu estava não batia com o mapa nem com a explicação do cara da agência. Quase 1 hora depois, com um calor do caramba, fome, cansado e ninguém para perguntar, resolvi voltar até a igrejinha, que estava fechada e eu aproveitei para tirar umas fotos. Voltei e quando fui passar aquele primeiro riozinho, olhei para trás e me deu um estalo. Parei a bike, abri o mapa e me encontrei. Essa Quebrada del Diablo não fica tão longe assim de Pukara de Quitor, então quando você cruzar o primeiro riozinho (NÃO É POÇA D'ÁGUA, É O RIOZINHO MESMO!) já vai ver do lado direito uma entrada com uma ruazinha de terra e várias árvores formando tipo um corredor até uma formação rochosa. Eu não prestei atenção e passei batido por ela na ida.

Esse lugar é um labirinto de montanhas impressionante e lindo. Fui até um ponto de bike e depois fui caminhando mesmo. Gosto mais de caminhar do que pedalar. Fiquei um tempo ouvindo o vendo (é a única coisa que se ouve lá) soprar nas paredes e quando o relógio apitou 14h bati em retirada. Voltei rápido, com menos de 40 minutos e nos últimos 3km eu já estava quase descendo e empurrando a bike, pois estava muito desconfortável ficar sentado pedalando. Entreguei a bike, troquei 50U$ com câmbio de 530 e encontrei um restaurante/sorveteria na calle Tocopilla chamado Flor del Desierto. Comi um menu por 2.500P: sopa de verdura, arroz, uma salada de uma verdura que não sei o nome, pepino, tomate, uma bola de carne empanada não sei com que muito boa, e suco de laranja. Pedi uma coca-cola (400P) e tomei um sorvete de casquinha, desses de máquina (400P) que derreteu muito rápido, então tive que engolir ele e e me concentrar muito para perceber que era de creme com baunilha. Continuei andando por ali e achei um gatorade (1.000P) geladinho e não perdi tempo. Usei internet por 15 min e paguei 250P.

Do lado do Museo Arqueológico tem um SOLMÁFARO que indica a intensidade dos raios ultra-violeta naquele momento. Nesse dia estava verde, que quer dizer que poderia ficar exposto sem problemas. Bom para a atividade que eu fiz. Em frente ao museu tem um caixa eletrônico para quem precisar.

Fui para o hostel umas 16h e não tinha ninguém lá, só um bilhete dizendo que eles não sabiam se eu ficaria mais um dia, e se eu fosse embora era para fechar tudo e deixar a chave na porta. Começou a ventar e antes que esfriasse eu já tomei um banho e fui deitar um pouco. Levantei as 18h, limpei minhas blusas que estavam empoeiradas, arrumei minhas coisas e saí.

Fui dar um rolezinho a noite e paguei 1.000P por um café expresso. Bem carinho pelo tamanho do café. Gastei 700P com ligação para o Brasil e procurei lan house para gravar minhas fotos em DVD. O lugar mais barato que achei foi 1.200P sem DVD e 2.000P com DVD mas eu não quis. Voltei ao restaurante do almoço e paguei 2.000P por um prato Bife a lo Pobre e mais 1.000P por uma Escudo (chilena). Pedi para trocar um pouco de batata frita por arroz e veio um bife gigante com ovo frito, arroz e batata palito frita. Estava uma delícia e dessa vez não sobrou nada não. Estava tendo jogo do Colo Colo x Everton (clássico chileno) e fui ver o segundo tempo em um pub na Caracoles com a Tucumano. Descobri comentaristas pior que o Galvão Bueno. 2 caipirinhas no happy hour + 1 pisco com coca custou 6.000P + 400P de 10% (10%???). O Colo Colo perdeu de 3 a 2 e a galera estava fula da vida. Vi um pouco de Goiás e Cerro Portenho e como 23h não tinha mais nada na rua, fui dormir.

 

DIA 25 - San Pedro de Atacama e Calama

Acordei umas 6h e como já tinha deixado tudo arrumado (como sempre), saí 7h mas não havia ninguém no hotel para receber a segunda diária, ou não haviam acordado ainda, porque estava tudo fechado. Deixei um bilhetinho de agradecimento hehehe, coloquei a chave na porta e fui.

A passagem para Calama custa 2.500P e dá para comprar na hora. Nem se compara com o serviço do Peru e da Bolívia. Tudo limpo, com assistente de bordo, painel luminoso que mostrava a velocidade do busão, nome do motorista, há quanto tempo ele estava dirigindo e tal. E saímos as 7:30h em ponto!

Cheguei em Calama 2 horas depois e a “lan house” da rodoviária estava fechada. A passagem para Santiago estava 23.000P em todas as empresas. Caminhei meia hora até o centro e fui trocar uns dólares. Parei numa lan house decente e gastei 200P por 15 min de internet. A cotação média das casas de câmbio em Calama estava 536P mas eu achei uma casa com cotação de 545P e troquei só 110U$ porque achei que em Santiago estaria melhor, mas não estava.

No caminho de volta comi uma empanada de pino muito boa (600P) e um capuccino Nestlé de máquina, demaaais de bom (400P). Entrei em uma rua chamada Antofagasta e dei de cara com uma empresa de ônibus chamada Romani, que mais tarde o chileno que conheci na trilha me disse que é muito boa. Tinha um busão saindo para Santiago em menos de meia hora e custava 22.000P. Não pensei duas vezes, mais barato, ônibus novo, 2 pisos, com banheiro e eu não precisaria voltar até a rodoviária naquele sol escaldante. Tomei um guaraná Canada Dry (650P) e fiquei esperando o horário. Eu dei 700P para a mulher e ela me deu 350P de troco. Eu disse que estava errado, que ela me devolveu a mais e ela disse que não, que eu dei 2 moedas de 500P. Ou eu ou ela estava marcando toca, mas para não arrumar confusão ali no meio de tanta gente, resolvi ficar com o troco mesmo.

Saímos no horário das 10:55h e ví muitas cruzes pelo caminho. As pessoas constroem jazigos, como no cemitério, mas na beira da estrada. São muitos mesmo. Passamos por Antofagasta, uma cidadezinha bacana na beira do Pacífico. O tempo estava fechado, então nem rolou fotos. Já tínhamos andado 300km até aqui. Uma mulher que sentou do meu lado me disse que tem uma coisa bacana aqui chamada LA PORTADA, que é uma formação rochosa natural muito legal, prédios com pinturas exóticas, uns prédios com arquitetura bem antiga … muito legal mesmo. Vi as fotos na máquina dela e gostei. Tem coisa para fazer em um dia inteiro eu acho. À tarde bate muito sol do lado direito e às 17:30h serviram um kit com bolachinhas recheadas, barra de cereal e chá. Começou escurecer quase 19h já e ainda estávamos no deserto, desde SPA, mas agora que chegamos beira mar. Então aconteceu isso, durante o dia todo fiquei vendo deserto, e quando escureceu começou a bela paisagem. Sugiro fazer o contrário, sair de noitinha de SPA e quando estiver amanhecendo você vai estar nesse ponto. Aí ver o sol nascer acompanhando o Pacífico é show de bola hein? Já era mais de 22h quando serviram um kit com bolacha salgada, barrinha de cereal novamente e um refi lata (o meu era Pepsi). Dormi na medida do possível, com um pouco de frio.

 

DIA 26 - Santiago

Amanheceu com tempo fechado e neblina, mas com a paisagem toda verde. Ainda bem porque eu já estava cansado de ver deserto. Passamos por um túnel gigantesco chamado Tunel El Melon e chegamos na rodoviária às 8 e pouco. Alguém não comeu o kit bolachinha + barra de cerel + pepsi e eu aproveitei e peguei, já que todos já tinham desembarcado. Saí do terminal passando pelo shopping e logo na saída, à direita, tem a Estação Central do metrô. Comprei um cartão por 1.300P e fiz uma carga de 1.700P, mas nem usei tudo. Em Santiago existem 3 preços de passagem, sendo 450P a mais cara que é nos horários de pico. Peguei a linha vermelha e 7 estações depois eu estava na Estação Universidade Católica, onde tem a imensa PUC Chilena. Fui caminhando pela Av. Portugal até a rua do Eco Hostel (www.ecohostel.cl) que é todo branco e não tem indicação nenhuma de que aquela portinha é um hostel. A diária custa 7.000P mas eu paguei 6.500P com desayuno. Guardei minha mochila no locker e fui tomar café: água quente para o café, chá ou leite em pó, pão, manteiga ou geléia, várias frutas e korn flakes. Comi um pouco de tudo e peguei um kiwi docinho docinho. Tinha umas meninas bonitas com cara de “nem me fale bom dia”, aliás, vários mal humorados nesse hostel para falar a verdade.

Fui comprar um adaptador de tomadas, porque o padrão chileno é diferente, então, leve um daqueles T, ou benjamim. Paguei 700P nessa porcaria e na volta parei no Cerro Santa Lucia, que achei muito bacana, com vários espaços bem arborizados e um mirador meia boca. Estava bem friozinho lá em cima, ventando bastante e eu fiquei zanzando por lá umas 2 horas, dá para ficar mais tempo tranquilamente, mas como o tempo estava fechado eu resolvi voltar. Comi um sonho grande (280P) e fui nos mercados da Av. Portugal ver os preços. Comprei um vinho Exportacion da Concha y Toro (1.090P), uma sopa de champignon (299P), um pacote de chiclete (169P) e uma água de maçã de 1,5l (599P). Voltei para o hostel e coloquei as câmeras para carregar enquanto tomava minha sopa.

Logo depois já saí procurando um lugar para gravar as fotos em DVD, já que no hostel não tem gravador e para upar essas fotos demoraria décadas. Fui numa lan house na Diagonal Paraguay, fiquei quase meia hora baixando as fotos da máquina para o PC e na hora de gravar só dava pau e estragou meu DVD. Paguei 250P pela utilização e fui para outra, na mesma rua. Essa sim era decente, com Pcs novos, sonzinho ambiente … e café hehehe. Paguei 300P do tempo de utilização, 300P de um DVD virgem e 250P de um café de máquina bem bom. Fui subindo a Av. Libertador Bernardo O'Higgins sem rumo até o Parque Florestal. Um lugar belíssimo, super limpo, com monumentos pichados que contrastam com a beleza do lugar. Cheio de gente passeando com cachorros, namorando, fazendo pic-nic e com policiais fazendo ronda. Fui caminhando caminhando até que dei de topo com o Museo Bellas Artes, que eu nem sabia que era por alí. Aproveitei que estava com entrada “de grátis”, apesar de não ser domingo, e fui conhecer. Na sala de audiovisual, à direita, passava umas imagens que se integravam com um som, que dava ritmo às imagens, ou vice-versa. Nas salas de exposição chilena, muito óleo sobre tela e na sala do piso inferior tinha uma galeria de esculturas que eu gostei muito muito. Valeu a pena esse passeio.

Saí ainda sem rumo andando perto do museu e caí novamente na Av. O'Higgins, que estava agora com o trânsito fechado e um pessoal descendo. Lá embaixo, meio longe, uma super galera e um som indistinguível à distância que eu estava. Resolvi descer para ver o que era mas perguntei antes para um policial que me respondeu: Es una marcha! Una marcha gay! Caí na risada e voltei para o hostel porque também eu já estava bem cansado de andar. Passei novamente pela PUC, que é imensa, e fui no mercado comprar comida. Peguei uma comida à kilo: arroz temperado com frutos do mar e um pouco de purê de batata (1.848P). Paguei mais barato que um menu e fui para o hostel comer, e que delícia aquele arroz viu?

Chegou mais meninas, mas um pessoalzinho bem estranho, difícil de arrancar um sorriso. Só uma japonesinha que foi bacana. Acho que porque ela morou no RJ por 6 meses, então pegou um pouquinho do jeito brasileiro de ser. Fui tomar banho, abri o vinho e experimentei metade da garrafa hehehe. Apareceu no quarto um cidadão de Aracajú quase morrendo de frio, e esse seria meu companheiro de quarto.

Enquanto estávamos conversando, notei que o irlandês, que também estava no mesmo quarto, entrava e saia toda hora, sentava, levantava, falava sozinho, no celular … perguntei se ele estava incomodado com alguma coisa e ele disse que sim. Que a luz do quarto era fraca para ele ler, que estava frio, que estava sozinho e não tinha ninguém para sair a noite, que o amigo dele não ligava e não atendia o telefone, blá blá blá. Perguntei se ele estava a fim de ir em um barzinho e ele sugeriu uma disco que disse ser bacana. Topei mas o Robinson ficou para dormir, então passamos antes no Guang Yen (José Miguel de la Barra, 468 – Centro – F: 633-1867) para comer um chapsui de chancho com arroz chaufan (1.850P) e estava muito bom. O Ópera Catedral era quase em frente esse restaurante e chegamos antes das 23h para não pagarmos entrada, que é de 4.000P. Um lugar bacana, com mulheres bonitas e cheirosas, bem diferente de Cusco. Chopp Stela Artois de 500ml por 2.000P e Negra Modelo (mexicana) por 2.000P. De repente o irlandês vira para mim e diz que vai embora porque tinha que trabalhar e vazou, não fazia meia hora que tínhamos chegado. Fiquei lá curtindo uma banda local e quando acabou o show fui embora debaixo de chuva. Parei em uma conveniência de posto e comi um hotdog com batata e uma coca-cola (1.490P). Achei caro mas era o que tinha. Cheguei no hostel e capotei na cama.

 

DIA 27 - Santiago

Acordei cedinho mas fiquei enrolando na cama até as 8h, que é a hora que o desayuno está na mesa. Reparei que é tudo muito limpo, organizado, com vários lockers no quarto, chave individual da porta da frente … o melhor hostel que fiquei nessa viagem. Tomei café com a japonesinha (Yuko) e combinamos de ir no cerro. O Robinson também topou e enrola daqui, enrola dalí, acabou que saímos umas 10h com um fiozinho de sol bem tímido. O alagoano, acostumado com aquele calor maravilhoso, só levou 2 blusas finas de moletom e já estava quase morrendo de hipotermia. Emprestei para ele a polar que comprei na Bolívia e fomos caminhando pelo Parque Florestal. Chegando no cerro, no bairro Bellavista, subimos de funicular ou bondinho (900P) pela entrada Pio Nono. Pegamos um mapa do Parque Metropolitano e fomos caminhando à partir da Estação Funicular do Cume sentido Acesso Pedro de Valdivia Norte. Domingão as bikes reinam no parque. Muita gente caminhando, fazendo exercícios, aulas de ginástica, aula de bike, etc. Estávamos caminhando lentamente, curtindo a paisagem e o tempo fechado quando mais ou menos na altura da Piscina Tapahue começou a chuviscar. Apertamos o passo para nos abrigarmos e acabamos perdendo alguns pontos interessantes como Jardim Mapulemu e Jardim Japones. O parque todo é muito limpo e há seguranças por toda parte, mas é um lugar grande, com alguns pontos ermos e cheio de vegetação, então vale tomar cuidado. Ficamos mais de 1 hora na cabana de aluguel de bicicletas esperando a chuva passar. A Yuko começou a ficar com frio e o Robinson deu minha blusa para ela e ficou com um par de luvas que eu levei a mais. Todos listos e trégua na chuva, começamos a voltar.

Caminhamos por todo o Parque Florestal até o museo Bellas Artes e fomos naquele restaurante chines já mencionado. Comi um chapsui de carne (1.950P) e a Yuko e o Robinson que não tinham ido lá ainda, gostaram muito. Voltamos umas 17h para o hostel (novamente com chuva) e chegando lá fiz um chá para esquentar o corpo. Ficamos na sala com aquecedor à querosene conversando e nisso chegou um casal de brasileiros vindo da Concha y Toro. Eles pagaram 7.000P cada e não foi lá aquelas coisas. O Gonçalo já tinha me falado para ir numa vinícola de verdade em vez de ir na Concha y Toro, mas achei que era exagero dele. Falei que tinha planos de ir para Valparaíso no dia seguinte e eles meio que me animaram a ir em uma estação de esqui em vez de Valparaíso ou Viñas del Mar. Acabou que os brasileiros dominaram a sala e ficamos lá papeando, tomando vinho e pisco sour (aquela garrafa que ganhei em SPA). Combinei com a Yuko e com o Robinson de irmos na El Colorado e combinamos também de sair o mais cedo possível, pois o último horário de subida para as pistas era 11h da manhã.

Fui tomar banho e vi que meu sabonete tinha acabado, então usei o sabonete líquido do hostel e saí cheirando aquilo heheeh. Chegou mais umas suíças esquisitas para completar o EcoEsquisiHostel. Chamei o Robinson para comer algo e fomos caminhando até a Pino Nono na Bellavista. Só tinha gente feia e lugares caros. Na rua paralela, a Constituición, tem vários restaurantes bacanas, com gente muita bonita e lugares mais caros ainda. Voltamos e achamos uma pizzaria no caminho, onde dividimos uma pizza grande (5.000P) e fomos para o hostel mais de meia noite. Santiago à noite, num domingo, sem movimento, é mais linda ainda. Gostei muito dessa cidade e sinceramente é um lugar que eu moraria sem pensar.

 

DIA 28 - Santiago

Dormi essa noite como uma pedra e levantei 8h em ponto para tomar aqueeeele café da manhã. Achei impressionante como a todo tempo os banheiros estavam limpos, com papel, sabonete e água quente. Saímos umas 9h para Plaza de Armas porque a Yuko precisava ir no correio e eu precisava de uma casa de câmbio. Fomos à pé, é claro. Troquei 40U$ com câmbio péssimo de 537. Passamos pelo Palácio de la Moneda e nos disseram que na terça haveria troca de guarda (cambio de guardía). Perfeito! Daria tempo de eu ver a troca antes de ir embora. Pegamos o metro (400P essa hora) alí pertinho e quando eu tirava uma foto, um segurança me abordou querendo saber porque eu estava tirando foto. Perguntei se teria que ter algum motivo para tirar foto e ele quis saber para que era. Fiquei meio com cara de AAAAHN? e ele me perguntou de onde eu era. Respondi que era brasileiro e ele então explicou que nas estações é proibido tirar fotos e como o metrô é todo monitorado, o chefe da segurança mandou ele me abordar. Eles são meio paranoicos com esse lance de terrorismo e tal. O cara até citou o atentado em Londres mas eu nem estava mais prestando atenção no que ele estava falando. Esclarecido que as fotos eram de “turista”, fomos para o trem e chegamos as 11:10h na galeria Omnium.

Um cara nos abordou antes mesmo de chegarmos na agência, oferecendo um transfer privado por 80.000P para nós 3. Achei um absurdo de caro, porque o preço normal é 6.000P e foi nessa hora que entramos na agência e descobrimos que não tinha mais transfer! Esses caras são realmente pontuais, puwtis grilo..

O Robinson estava louco para ver neve e já estava quase aceitando o preço mas eu fiquei brigando com o cara lá na frente da agência e o preço baixou para 40.000P. Mesmo assim estava caro demais. Voltei na agência e falei que o cara queria um absurdo e perguntei se eles não tinham outro transfer. O atendente da agência, e os outros funcionários, ficaram me olhando e disseram que o preço do cara até que estava bom para um tour privado, mas se não quiséssemos pagar tudo isso, teríamos que voltar no outro dia. Eu falei que ia embora no outro dia cedo mas que não tinha nem dinheiro nem coragem de pagar o que o cara estava pedindo, que não é todo mundo que é gringo e ganha em dólar.

Fui lá para fora da agência e fiquei tentando fazer o cidadão baixar para pelo menos 10.000P por cabeça mas o cara estava mais chorão do que eu. Quando estávamos quaaaaaase fechando por 35.000P os 3, o cara da agência El Colorado nos chamou lá dentro. Entramos e ele disse que ia subir com a gente, pelo preço normal de 6.000P. Puuuuuuuuwtis, que maravilha. Era que nós precisávamos Ahahha. Contato da Agência Austral, que nos quebrou um baita galho: info.australservices@gmail.com ou o site deles: www.australservices.cl

A subida foi bacana. Tinha umas poucas partes com gelo e já estávamos todos animados. Quando vimos as geleiras …. eu fiquei babando. O Robinson passou meio mal na subida e quase morreu de frio. Sorte que ele estava com uma blusa minha por cima das blusas dele, touca e um par de luvas. A Yuko ficou com minha polar e eu tranquilo e bem agasalhado também.

Estava 12.000P para usar a pista e o aluguel de equipamentos custava: 7.000P prancha ou squi, 5.000P blusa, 5.000P calça e 3.500P óculos. Eu não estava com vontade de esquiar nem snowboard porque chegamos tarde lá e o aluguel era caro para usar por 3 horas mais ou menos, que era o horário que nós tínhamos. Compensava se tivéssemos subido no transfer das 7:30h.

Fomos em uma conveniência e comprei 2 pãezinhos (200P cada), um requeijão de bisnaga (500P) e levei para a lanchonete da estação. Peguei um café (1.000P), tirei da bolsa uma maçã e uma pera que não comi no hostel e o pic-nic estava pronto kkkkkk, só faltou a farofa. Mas as coisas na estação são bem caras, não dá não. E até os locais fazem isso que eu vi uns caras saindo da conveniência e indo para a lanchonete com sacolas na mão.

Tiramos fotos, brincamos na neve e na hora de ir embora, o tabaréu do Robinson sumiu. Ficamos procurando esse maluco por toda parte e quando achamos ele quase 40 minutos depois (estava tirando fotos lá para baixo), já não cabia nós 3 na van das 16:30h. Tivemos que esperar a próxima, que saiu quase 17:30h. Enquanto estávamos procurando ele, conversei com um chileno que pratica snowboard e ele me disse que hoje o dia foi perfeito. Muita neve, sol torando o dia todo e pista a 12.000P, porque em alta temporada o valor é 32.000P e só estava aberta porque no sábado deu uma nevada forte, senão Farellones e El Colorado já estariam fechadas. Aí só Valle Nevado.

A descida foi rápida, mais ou menos 1 hora, mas pegamos trânsito e perdemos o por do sol no Cerro Santa Lucia. O metrô estava lotado e eu fui tirar foto e acredita que novamente veio um segurança me abordar? Esse não me explicou nada e disse para parar de tirar foto que era proibido. Até pensei em argumentar com ele mas acabei desistindo. Dessa vez a passagem estava 450P.

Na ida para o hostel passamos no mercado e eu comprei 2 Exportación Concha y Toro por 990P cada. O Casillero del Diablo estava 3990P e eu vacilei em não ter comprado. Aqui onde moro está custando mais de R$35. Tomei 1 deles enquanto arrumava minhas coisas e nesse tempo o Gonçalo ligou para irmos a algum barzinho dar um rolê e conversar. Tomei um banho “voando” e peguei um metrô (380P) até não lembro onde, que ficava mais perto para ele. Fomos num barzinho bacana que produzia uma cerveja artesanal, experimentei um pouco e gostei. Conversamos e fomos embora meia noite mais ou menos, porque ele trabalharia no dia seguinte e eu voltaria para o Brasil. Pedi um lanche para viagem e gastei 5.000P ao todo. Ele me deixou no hostel e acho que não demorei 5 segundos para dormir.

 

DIA 29 - Santiago

Mais uma noite bem dormida. Pulei 7:30h, acordei o Robinson e a japinha já estava de pé. Tomamos café, devolvi a chave do hostel (peguei de volta 1.000P que tem que deixar de calção) e fomos caminhando até o Palácio de la Moneda. A troca de guarda é bacana, muito mais que a de Lima. Começa antes das 10h, umas 15 para as 10 mais ou menos, então, se chegar depois disso vai perder uma parte. Nunca ví igual, Santiago tem mais cachorro pelas ruas do que pombos. É impressionante. Tinha uma galera brasileira ridícula lá, todos de “uniforme” de uma agência que não me lembro, crachá com os nomes, uma bandeira do brasil e fazendo muita bagunça. Hoje fez calor e deu para ver as cordilheiras, bem no dia que eu estava indo embora.

As 10:30h eu já estava descendo a avenida da estação Los Heroes, onde um pouco mais para baixo tem 2 empresas que fazem a linha para o aeroporto. A Turbus é mais chique, com bagageiro, e deve ser mais caro também. Fui com a Centroporto e paguei 1.400P pela passagem, que achei bem caro. Tinha um ônibus que já estava saindo, às 15 para as 11. Aliás, tem esse ônibus de meia em meia hora, e o outro também, mas com diferença de 15 minutos entre eles, então, tem uma ou outra empresa a cada 15 minutos. A viagem até o aeroporto demora de 30 a 45 minutos e 11:20h eu já estava na fila da TAM, que demorou apenas meia hora.

Troquei os pesos que me restaram por um câmbio de 558 (safados hehehe) e ainda tem que pagar uma taxa de 1,5U$. Sobrou 530P para eu gastar, então comprei uma bolacha de 500P e fiquei com 30P.

A TAM de Santiago não tinha saco para embalar a mochila, então foi sem mesmo. Saímos com 40 min de atraso mas o almoço servido compensou heheh: arroz com frutos do mar, salada, paozinho com manteiga e um doce delicioso não sei do que. Tomei um vinho branco argentino para acompanhar. Apesar do atraso, chegamos na hora em Guarulhos, e sem turbulência. Vim assistindo SE BEBER NÃO CASE e quase morri de rir. Muito bom.

No aeroporto de Guarulhos, gastei R$3,65 com internet (R$0,33 por min), peguei um busão até o Tatuapé (R$3,65), que tem a cada 25 min mais ou menos, e de lá peguei um metrô até a barra funda. Comi um x-salada e um hotdog (R$2,50 cada), tomei um suco (R$1) e uma coca-cola 600ml (R$3,50). Comprei a passagem de SP à S.J.R.Preto (R$66) e cheguei em casa umas 5h da manhã.

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Miiiiiii não foi por culpa sua não e você sabe que não te odilho não ::love:: ti gosto muito ::otemo::

 

João, lá tem muitas agências, tem que ir em uma por uma pesquisando, conversando, sentindo o clima. Eu fui com a Luna Tours (http://www.lunatourscusco.com) e paguei U$170 com saco de dormir incluído. As empresas contratam guias, então não adianta querer pagar mais caro para ter um serviço melhor porque na prática isso não vai acontecer.

 

Augusto e Trosko, valeu pela força. Eu estou terminando de separar as fotos, tirar aquelas desfocadas, tortas, sem noção ... e acho que essa semana já deixo tudo no jeito. Aqui em casa ninguém ainda viu as fotos. Na verdade nem eu vi tudo.

 

Intééé

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