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  • Colaboradores
Postado (editado)

Segue abaixo um relato de horas de tensao durante 3 dias na Travessia da Serra Fina !

Uma história verdadeira envolvendo: barracas dizimadas , horas de uma marcha frenética pela via de escape, vendavais apocalipticos, montanhistas feridos, barrinhas de cereais e agencias de turismo mercenárias..... -

 

 

Sim essa história (nao estória) realmente nos ocorreu nesse feriadao de 3 a 6 de junho. Foram momentos de tensao a partir do instante em que tivemos que pensar em escapar dali e nao mais continuar com o plano original de fazer essa incrivel travessia.

 

Espero que esse relato possa conter detalhes interessantes que ajudem alguem a se programar para essa travessia. Sem duvida voltaremos lá....

 

 

Prólogo

 

Há muitos anos eu pessoalmente venho planejado fazer essa super travessia considerada, senao a mais dificil do Brasil, como uma das mais dificeis e belas. Uma combinacao muito tentadora.

 

Mas outras viagens surgiram, outras coisas vieram e ela ficou para trás.... bem... nao até dois meses atrás..... :shock:

 

Eu pessoalmente, como que em respeito dessa super travessia, planejava fazer antes, outras tambem consideradas dificeis, como uma preparacao digamos assim . Planejava na verdade fazer a Travessia Petro-Tere, subir o Agulhas Negras e quem sabe o Vale do Paty antes dessa.

 

Mas um grupo de amigos se empolgou com a ideia, ainda mais de fazer sem guia (algo que mesmo diante de tudo o que passamos nao me arrependo nem um pouco pois ao contrario da Travessia Petro-Tere onde pelos relatos parece ser imprescindivel um guia experiente, devido aos totens errados que ha pela trilha, vimos que seria possivel sim fazermos a Serra Fina por conta própria).

 

Esse desafio a mais foi o suficiente para me convencer.

 

E como nao é toda hora que se encontra pessoas dispostas a encarar algo assim tao trash, nao pensei duas vezes e já confirmei minha ida.

 

Em pouco tempo tinhamos uns 6 ou 7 pre-interessados na empreitada. Suas experiencias variavam do Trekking Salkantay a ascencao ao Huayna Potosi e de Pico Marins a uma ida a pé na padaria... :lol:

 

Nao é necessario dizer que os que se encaixavam no ultimo desistiram logo que leram os primeiros relatos... :lol:

 

No final eramos apenas 4, mas 4 pessoas que se pode confiar, que nao desistiriam facil. Eramos o Rudi, o Breno, FranCisco e eu.

 

Infelizmente o Rudi acabou detonando seu ombro em consequencia da pratica de um esporte extremamente radical ( futebol com os amigos :D ) e acabou ficando de fora. Talvez tenha sido melhor pra ele.

 

Em todo caso comecamos os preparativos.

O Breno estrearia sua super mega powerful Manaslu Discovery Light em grande estilo. No meu caso eu ia de

Kailash Smart II ::hein: ( uma disparidade vergonhosa). Ao contrario do que alguem que conheca essa barraca possa pensar, tenho sim amor a vida..... esse seria um teste extremo para essa Kailash... e sim ela voltou comigo :o::ahhhh:: mas falarei sobre isso mais abaixo...

 

Comecamos a treinar forte para essa jornada.. com enfase em especial a fortalecer pernas, joelho e costas... pesquisamos alimentos leves e com muito carboidrato... estudamos relatos, planilhas, mapas... foi uma operacao de guerra. A cada dia a empolgacao era maior..

 

Com semanas de antecedencia buscavamos a previsao do tempo. Se o tempo estivesse ruim cancelariamos tudo.

Mas faltando uma semana para a viagem, ao ver o horario do onibus das 23:00 para a cidade de Passa-Quatro (onde é a base para a travessia) estava tudo lotado :o

 

Desespero total e nao tivemos duvida, compramos a passagem para o busao das 23:30 uma semana antes.

 

Acontece que ja na segunda feira, da semana da viagem, a previsao indicava sol com muitas nuvens e chuva no sábado. Mas nesse instante estavamos tao vidrados na ideia da Travessia que nem pensamos em cancelar.. embora devessemos ter feito exatamente isso.

 

Lembro que o Francisco perguntou: e se chover cara? Me limitei a responder ironicamente: ai a gente vai se molhar... ::lol4::

Bem esse foi um belo erro, e nao achei mais engracado quando realmente estavamos debaixo da chuva e de ventos assustadores na Pedra da Mina.

 

Ate esse ponto aprendemos 1 licao: jamais voltarei a Serra Fina se a previsao nao for de sol absoluto.

Durante a travessia conhecemos um grupo que ja havia abortado a mesma 4 vezes!!! (essa era a quinta !) E tirando uma ocasiao em que abortaram por desistencia de alguem, as outras vezes foi porque o tempo estava muito ruim.... ::putz:: Bem nessa primeira vez ja aprendi a licao: pesquisar a previsao do tempo!

 

Mas deixarei de enrolar....

 

A viagem

 

Quarta-feira 02/06 22:30 Rodoviaria do Tiete.

 

3 malucos com mochilas gigantes chamam a atencao das pessoas a sua volta.

Minutos mais tarde embarcam para Itanhandu no busao das 23:30

 

A chegada foi de madrugada, onde um camarada estava esperando para nos receber...

Dormimos ainda uma hora e tomamos aquele cafezim com quej tipicamente minero. ::otemo::

 

Primeiro dia

 

Quinta-feira 03/06 08:00 Itanhandú MG

 

Ao sairmos de carro em direcao a Fazenda Toca do Lobo ja notamos que o céu estava encoberto. Esperavamos mesmo que la de cima tudo se abrisse e tivessemos as vistas incriveis que vimos na internet. Infelizmente isso nao ocorreu... longe disso.

 

O nosso camarada nao sabia bem o caminho e entramos um pouco depois. Tivemos que perguntar a alguns moradores..

Ao perguntar a uma mulher se a toca do Lobo era perto ela nao pode conter seu espanto e largou um:

_ Nossinhôra !!!! :lol:

 

Bom, deu pra ver que: ou era longe ( um tirinho de espingarda) ou era um caminho miseravel...

 

Foi os dois na verdade!

 

O Fiat Uno sofreu pra chegar até proximo a toca do Lobo e a estrada estava tao ruim que seguimos por cerca de 1km a pé.

 

No meio do caminho 2 combes, uma van e carros passaram por nós voltando, ja nos indicando que a trilha ia estar cheia.

Um deles parou e disse que devia ter umas 70 pessoas na trilha... ::grr:: mas blz, ja que estamos aqui vamos nessa!!!

 

O caminho estava muito lamascento devido as chuvas de dias anteriores.

 

Paramos debaixo da placa da Serra Fina, alongamos e seguimos adiante. Uns 15 ou 20 minutos depois chegamos no lado de uma caverna (deve ser a toca do tal Lobo) e atravessamos um rio.

 

Eu tinha lido que mais para a frente tinha outro ponto de agua, mas resolvemos abastecer os 4 litros cada um ali mesmo. Isso foi bom pois nao achei o outro ponto de agua mesmo.

 

O dia se mostrava muito umido, e fazia frio. Para ficar melhor ja comecei com o pé direito..... dentro da água! Maravilha, nem comecei a trilha e ja tava com o pé molhado.... ::grr::

 

Entao comecamos a subir, a subir... a subir.... alias no primeiro dia é só subida mesmo.

 

Ja encontramos transito na trilha... inclusive um casal que voltava porque a bota da mina tinha estourado.

 

E o céu completamente nublado, nao se via absolutamente nada. Ja fiquei decepcionado com isso mas tinha esperanca de que o tempo melhorasse...

 

 

Nesse ponto nao estava tao frio e ainda andavamos de camiseta dry-fit. Carregados ao maximo nao demoramos muito para comecar a suar em bicas....

 

A trilha é mesmo muito puxada, faz juz a sua fama....

 

Eu tinha impresso um mapinha, nada topografico, somente um indicando os pontos de água e o tamanho dos acampamentos.

 

Mapinha sem vergonha, os tempos indicados nao podiam ser feitos nem se a pessoa estivesse carragando somente uma sacolinha de supermercado! Que dirá mochilas com 15 ou 16kg nas costas! E olha que andamos muito bem, passando diversos grupos e nem parando o suficiente.

 

O Breno puxava um ritmo bem forte e tivemos que falar varias vezes pra pegar leve...a ideia era curtir o visual.

 

Mas o pior é que nas partes onde se poderia ver toda uma crista até o Capim Amarelo e o vale ao redor (a foto classica) nao dava para ver nada alem de 20 metros, tanta era a neblina...

 

Após umas 4 horas de caminhada a minha mochila Crampon 60 da T&R ja tava encomodando meus ombros... nao é suficientemente acolchoada para tanto peso e por tanto tempo. Ta na hora de comprar outra mesmo....ela é guerreira mas vou ter que aposenta-la...

 

Mal paravamos para comer alguma coisa e o tempo ia passando, ja estava me arrependendo de ter comecado a caminhada de fato as 09:00hrs. Isso era bem tarde.

 

Depois de uma subida muito forte chegamos finalmente ao Capim Amarelo. Eu so pensava e jogar a mochila no chao e acampar logo pra desmaiar na barraca.

 

Bem, parece que essa tinha sido a ideia das cerca de 20 ou 25 pessoas que ja estavam acampados ali em cima... :shock:

 

Nao cabia mais nada, nao dava pra fazer nem um bivak de tao aglomerado que estava aquilo ali.... segunda licao aprendida:

 

Nao fazer a Serra Fina em feriados se puder evitar...!

 

Tivemos que criar coragem e seguir adiante. Mas com a neblina quem disse que conseguiamos avistar o caminho, em geral feito no 2o dia, que teriamos que enfrentar ali mesmo?

 

Nao dava pra ver nem todo o capim amarelo, menos ainda morro abaixo....muito perigoso se estivessemos sozinhos....

 

Foi bom ter tanta gente naquele capim pois saimos atras de um gps...

vimos a rota e tentamos achar.... impossivel... depois de cerca de meia hora de um lado ao outro finalmente conseguimos...

Nesse instante ja estavamos ficando gelados pois a temperatura descia abruptamente. O horario ja estava avancando, eram 15:30 e tinhamos mais de uma hora ate o proximo ponto do meu mapinha, o Maracana, que tambem ja deveria estar lotado!!

 

Finalmente conseguimos achar o caminho, embaixo de uma barraca! Valeu, acampar em cima do caminho com toda aquela neblina foi realmente bem legal.....

 

Quando iamos comecar a descer a neblina apertou... outros montanhistas que ja conheciam muito a regiao estavam descendo tambem.

 

Colamos atras deles... a vontade de chegar logo no acampamento tinha retirado do cerebro a sede, a fome e o cansaco.

 

Eles desceram como raios e nao tivemos duvida, voamos atras deles. Ficar perdidos ali, no meio dos bambuzais de noite, sem uma barraca seria terrivel. O frio ja comecava a apertar e ja estavamos tremendo.

 

Um detalhe importante: ao descer o capim amarelo nao deixe nada fora da mochila... os milhares de bambus se enroscam em tudo.

 

Meu isolante termico ficou destrocado do lado de fora.

 

Estavamos tao desesperados para nao perder o caminho que nao mantinhamos a distancia recomendada uns dos outros.. entao acabamos levando muitas bambuzadas no meio da cara e em outras partes mais doloridas do corpo ::hein: pois quando alguem se agarrava neles para descer e depois soltava criava o efeito chicotada ::quilpish::::lol3::

 

A descida é cheia e zig-zags e somado ao piso cheio de lama e a inclinacao forte, fazia tudo mais dificil, facil seria despencar dali para baixo e sair rolando ate o final do vale.

 

Ao chegar no fundo do vale, tem ainda uma subida forte em meio as pedras bem expostas.. o vento ja gastigava e as pedras estavam bem molhadas pelo orvalho que estava pelo ar.

 

A umidade era de 120% naquele momento. A hora indicava 16:30, apenas mais uma hora de claridade, pela frente.

 

A seriedade era evidente em nossas faces.

 

Depois de uma subida bem exposta nas rochas, passamos por um terreno plano coberto de capim de anta, de uns dois metros de altura.

 

Vi que dava pra acampar por ali e nao tivemos duvidas, largamos nossas mochilas ali mesmo. A outra galera continuou no caminho ao Maracana.

 

O local pareceu bem protegido do vento.

 

Em meia hora arrumamos as barracas e comemos o melhor miojao do mundo (a fome ta apertando mesmo).

 

A noite veio rapido e a temperatura chegou a 2o C durante a noite. Mas a umidade era tanta que doia os ossos. ::Cold::

 

Durante a noite um grupo inteiro passou por nós, pois nao tinham conseguido acampar no Capim amarelo...

 

Segundo dia

 

Sexta-feira 04/06 Entre o capim amarelo e o Maracana 7:00hrs

 

De manha vimos que o tempo seria ainda pior que o dia anterior...

 

Se nos dias que a previsao dizia : sol com nuvens ja tinha sido feio imaginamos no outro dia, sabado, quando a previsao era de chuva !!!

 

A cerracao estava bem baixa e nao era possivel ver mais que uns 20 metros a frente.

 

Tivemos que tomar uma decisao: iriamos abortar a Travessia se o tempo nao ajudasse durante esse dia. Estava bem frustante ter que caminhar numa trilha pesada e sem ver nada ao redor....

O visual encima de uma montanha compensa o esforco e da o animo pra continuar... mas do jeito que estava, sem ver nada.. nao fazia mais sentido...

 

Mas tinhamos esperanca de que o tempo melhorasse....

 

A navegacao nessa Travessia teria sido bem facil se o tempo estivesse limpo, mas nao tinhamos nem ideia de que rumo seguir sem poder ver mais que 20 metros a frente. Tivemos que descobrir ao passo que andavamos...

 

Tentamos achar a trilha para o Maracana e rumo a Pedra da Mina, mas acabamos no meio de uma descida muito ingreme, com lama e muito lisa... se o caminho estivesse errado, como subiriamos....

 

O bom senso nos mandava esperar algum grupo descer o capim amarelo para seguirmos juntos.....

 

Logo apareceram alguns e fomos atras...

 

Essa parte é tomada do capim de anta, teria sido bom usar roupas de manga comprida, oculos e luvas... pois eles sao cerrilhados e cortam pra valer...

 

Saimos desse trecho cheio de cortes nos bracos e maos, ate a boca eu cortei nesse capim lascado...

 

Sem contar que sao tao abundantes que nao da pra ver onde esta pisando e como estava tudo liso os tombos eram espetaculares...

 

Alguem tinha falado que o primeiro dia era o pior, mas sinceramente esse segundo dia nao ficou devendo nada em questao de dificuldade...

 

Foi um sobe e desce sem fim, com trechos de um verdadeira escalaminhada.... 6 horas disso. Se o tempo estivesse bom, deveria ter sido otimo...mas nao abriu nem um minuto... estava mesmo terrivel..... ::bad::

 

Depois de quase seis horas desde o camping um pouco abaixo do capim amarelo, finalmente chegamos na Pedra da Mina..

 

Foi um sobe e desce lascado, com uma parede monstra e um desnivel absurdo antes do fim do dia.

 

Obviamente ja tinha mais de 20 pessoas acampadas na Pedra da Mina e outros chegando, haviamos ultrapassado alguns grupos

 

Os melhores lugares ja estavam ocupados, atras de grandes pedras ou muros de pedras menores...

 

Resolvemos montar logo as barracas porque o vento estava bem forte. Ja era 16:40 e a temperatura estava em 4oC ::Cold::

 

Como a minha barraca é a Smart II da Kailash, resolvi montar ela atras da Manaslu do meu camarada, assim teria um muro pra me proteger e nao sair voando. Os caras ficaram em dois na Manaslu e eu sozinho na Smart com as mochilas...

 

O vento e o frio estavam demais, mas ainda conseguimos ver um pouco do Agulhas negras e todo o vale abaixo. Nem havia sinal de que iria chover no outro dia... por uns instantes ficamos confiantes..

 

Mas durante aquela noite, ja as 20:00 o tempo comecou a mudar... ventos absurdos chutavam minha barraca. E davam umas bicudas com gosto.... E como eles vinham de todos os lados, atingiam a minha barraquinha em cheio..

 

Essa Smart II, caso alguem nao conheca, nao tem varetas para montagem. Ela é fixa com os dois bastoes de caminhada para servir de colunas e amarrada com os espeques no chao...

 

Passei horas sem conseguir dormir, a cada paulada do vento eu pensava que ira ser a ultima... devido ao terreno apertado nao tinha conseguido prender todas as cordinhas da barraca.... se um dos espeques se soltassem o sobreteto ira parar la no Rio de Janeiro, uma grande pipa amarela.... ::hein:

 

A chuva comecou pra valer... parecia que estavam jogando agua com um balde na barraca... o sobreteto enconstava em partes internas da barraca jogando agua pra todo lado... a agua nao escorria, era jogada na minha cara..

 

Nao deu pra pregar o olho, dormi fracoes de 15 minutos das 20:00 as 5:00 da manha.... :shock:

 

Todo mundo se perguntava o que ira fazer..

 

Terceiro dia

 

Sábado 05/06 Pedra da Mina 05:00hrs

 

 

As 5 da matina acordei os camaradas na Manaslu que tambem nao tinham conseguido dormir direito. Pulei pra barraca deles pra ver o que fariamos...

Quanta diferenca... ......passei do olho do furacao pra uma torre forte.... eita Manaslu estavel. ::otemo:: ... dava pra ficar naquele vento, do fim do mundo, o dia todo desse jeito....

 

O pessoal nem acreditou que eu ainda estivesse vivo depois de um noite dessas na minha barraquinha...

 

Um parenteses aqui a respeito da Manaslu. É mesmo uma senhora barraca, mas poderia ter mais espaco interno e um avance maior.... cabe so duas pessoas sem mais nada dentro.... e o preco é um pouco alto mesmo com essa limitacoes.... Ta certo que nao tem nada melhor no Brasil, mas o preco poderia ser um pouco menor..... ai seria mais justo.

 

Mas é muito boa realmente... dava pra se sentir seguro dentro...

 

Naquele instante a tendencia era sair logo daquele raio de lugar pois estava cada vez pior...impossivel pensar em continuar...seria uma insanidade total...

Tivemos uma leve ideia de como é alguem preso dentro da barraca esperando uma nevasca passar..

 

A cada meia hora eu colocava a cabeca pra fora pra ver se tinha alguem saindo naquele tempo... das 5:00 as 9:00 ficamos nessa. Mas estava tudo na mesma.

 

De repente, mesmo com o vento destruindo uma barraca ali perto (incrivelmente nao era a minha!!!) parece que todo mundo comecou a levantar acampamento e descer...

 

Foi uma corrida frenetica para desmontar tudo debaixo da maior chuva e vento... o Breno dizia nao sentir mais os dedos das maos, nossos pes completamente encharcados...

 

Na minha barraca estava tudo boiando, tinha virado uma piscina...as mochilas pesavam duas vezes mais pois tudo estava encharcado de agua.

 

Mesmo assim voltarei algum dia com a Smart II pra Serra Fina, num tempo melhor e armando todos os espeques... se sobreviveu ao Twister, creio que com tempo bom vai se comportar direitinho. :lol: ..

 

Comecamos a descer... alias toda a montanha comecou a descer naquele instante...nem sabia que tinha tanta gente por ali naquele dia, deveria haver umas 30 pessoas descendo juntas... inclusive quem tinha acampado la embaixo antes da Pedra da Mina e teve que subir tudo pra entao descer...

 

Quem ja usou a via de escape, sabe que pra descer é uma pirambeira só.

 

Pedras nuas, grandes rochas lisas, uma area perigosamente exposta, uma inclinacao forte... tudo o que se quer evitar num dia de muita chuva e ventos..

 

Pra ter uma ideia, ao levantar o pé pra colocar na proxima pedra segura, o vento era tao forte que o pé ia parar em outro lugar... parecia que o vento estava nos sacaneando pra matar todo mundo... o negocio estava feio..

Nao dava pra ficar de pé o vento nos jogava a toda hora...

 

A mochila pesava mais do que no primeiro dia, quando estava carregada ao maximo e servia de paraquedas, o vento empurava com forca para o abismo....

 

No nosso lado, umas 15 pessoas da agencia de turismos desciam coladas... um perigo.. se um caisse, seria uma tragedia na certa...

 

Finalmente antigimos uma parte mais baixa, nos separamos do restante do pessoal e comecamos uma marcha fortissima pra sair dali... ja nao pensavamos em mais nada, em comer, em beber,,, queriamos sair da montanha....

 

O nome via de escape da uma ideia de algo rapido, bem pratico, tipo: pensar em desistir e ja estar fora.... mas o caminho é muito penoso.

 

4 horas depois enfim chegamos na parte mais baixa, onde o caminho na mata era naquele dia tambem o escoadouro de agua... andamos mais de duas horas na lama e com os pes dentro da agua....

 

As quedas ficavam mais frequentes e com o peso da mochila era bem perigoso quebrar o pé, por algumas vezes torci o tornozelo e creio que se eu nao estivesse de bota de trekking tinha quebrado ..

 

Quase na fazenda Serra fina, no fim da via de escape, um cara que ia pela agencia, quebrou o tornozelo... ai foi cada um da agencia por si.... os guias correram atras do resgate a cavalo, outro ficou com o cara na mata... a galera continuou sozinha...

 

Depois de um trecho muito pesado e num ritmo insano, onde alguns simplesmente se jogavam no chao de exaustao, chegamos na fazenda Serra Fina..

 

Foi um alivio ter escapado e poder tirar a mochila que estava destruindo meu ombro...

 

Os caras da agencia tinham ficado ao relento, sem ninguem para os resgatar, pois nao dav pra chegar com o carro até ali...

Cada um teve que se virar pra sair dali... tivemos que descer uns 3 km ate o Paiozinho pra ver se conseguiamos um transporte...

e isso porque quem foi pela agencia pagou, pasmem! 1.200 reais cada!!! ::ahhhh:: um preco de mercenarios...

 

Pagar 1.200 reais pra se lascar desse jeito? A gente tinha se lascado de graca mesmo ::lol4:: nao precisamos pagar pra isso.... :lol:

 

depois de alguma horas tentando achar alguem que ainda estivesse com alguma combe por ali, ja que os outros tinham descido para a cidade, encontramos o seu Edinho...

 

um cara super gente boa com um caminhaozinho toyota.... e o cara so cobrou 10 pilas cada um para nos levar... estavamos em uns 10 na traseira...

 

Descer naquela lama ate o asfalto (18km) era impossivel em nosso estado....e ele ainda rebocou um Citroen Xsara que nao me perguntem como... tinha sequer conseguido chegar ate ali......

 

Chegamos em Passa Quatro e pegamos logo um busao ate Itanhandu onde estavamos alojados....

 

Foi uma aventura... sem duvida... mas toda experiencia vale a pena...

 

Teremos que voltar la no ano que vem pra concluir a travessia....

 

A Serra Fina é realmente muito pesada....nao vi nada igual... mas é possivel...vale o esforco..

Editado por Visitante
  • Amei! 1
  • Membros de Honra
Postado

caraca. pessoal que foi para la neste feriado passou perrengue.

tenho amigos aqui que nao conseguiram seguir adiante, logo vao postar um relato e uma amiga que conseguir seguir em frente mas o tempo pelas fotos nao ajudou.

 

mas isso acontece para a gente aprender.

 

na proxima voces conseguem e o tempo vai estar maravilhoso

 

abs

  • Colaboradores
Postado
Vcs demoraram 7 horas do capim amarelo ate o maracanã???? é isso???

 

acabei editando tudo acima e terminando o relato.. na verdade foram quase 7 horas desde o camping pouco depois do capim amarelo ate a Pedra da Mina..

 

do capim amarelo ate o maracana é cerca de 1 hora ou 1:20 andando bem.

  • Colaboradores
Postado

e ai ploc !!

estava la tambem , so que voltei do capim amarelo !! tava feio mesmo !! fiquei sem coragem de seguir em frente não tinha nenhum visual pura neblina hehehehe !!

realmente tava cheio muita gente mesmo , mas tambem é preciso algum feriado maior pra todos poderem ir !!

com certeza o feriado de 7 de setembro vai estar chei de novo hehehehe!!!

se marcar vc desceu com uns conhecidos danilo/vivi/fabio eles pernoitaram no rancho pois não conseguiram resgate na hora !!

abço

  • Membros
Postado
Vcs demoraram 7 horas do capim amarelo ate o maracanã???? é isso???

 

acabei editando tudo acima e terminando o relato.. na verdade foram quase 7 horas desde o camping pouco depois do capim amarelo ate a Pedra da Mina..

 

do capim amarelo ate o maracana é cerca de 1 hora ou 1:20 andando bem.

 

tranquilo, sem crise, só perguntei por que sabia que o tempo de caminhada não passa de 2 horas nem se se a gente quiser..rsrsr

  • Membros
Postado

Eu tinha lido que mais para a frente tinha outro ponto de agua, mas resolvemos abastecer os 4 litros cada um ali mesmo. Isso foi bom pois nao achei o outro ponto de agua mesmo.

 

Finalmente conseguimos achar o caminho, embaixo de uma barraca! Valeu, acampar em cima do caminho com toda aquela neblina foi realmente bem legal.....

 

 

Fala Ploc.

como assim vc não achou o ponto de água mais acima??? dava para escutar a água caindo lá de cima da trilha ::lol4::

 

Bem, quanto a barraca que estava na trilha era de uma brother que estava comigo. Não vejo esse absurdo, pois como vc mesmo disse o campim amarela estava lotado e não havia espaço para muitas barracas e olha que chegamos lá por volta do meio dia, só não continuamos pq um brother nosso estava muito cansado. Portanto, qualquer espaço que dava para armar uma barraca era válido. Além do que, existem várias vias que ali que dão na continuação da trilha e se for assim a maioria das barracas estavam no meio da trilha. Em situações de emergências todo espaço é válido.

Acho que hoje eu consigo escrever o meu relato...

abraços

  • Membros
Postado

Após umas 4 horas de caminhada a minha mochila Crampon 60 da T&R ja tava encomodando meus ombros... nao é suficientemente acolchoada para tanto peso e por tanto tempo. Ta na hora de comprar outra mesmo....ela é guerreira mas vou ter que aposenta-la...

 

Hehehe !! Tenho uma "guerreira dessas" ... é de matar mesmo ! O problema maior não são as alças mas a barrigueira que não transfere carga nenhuma. A carga fica nos ombros, por isso a gente soooooofre ...

 

Legal o teu relato principalmente pelo bom humor !! :D

 

Com relação a previsão do tempo eu estou chegando a conclusão de que não adianta insistir. Trilha, seja onde for, com tempo ruim, é pedir pra apanhar na cara e no final das contas a gente mais passa apuro do que curte o visual. De qualquer maneira o aprendizado é sempre válido ...

 

Abraço

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