Colaboradores João Paulo JP1502431785 Postado Abril 26, 2014 Colaboradores Postado Abril 26, 2014 (editado) Paz e luz galera! Meu nome é João Paulo e esse é o meu primeiro relato de mochilão. Sou mochileiro e andarilho, minha vontade de viajar não é passageira! Gosto de fazer viagens longas,cansativas e de caminhar sozinho pelo mundo. Por uma razão que desconheço a vida me juntou ao Rafael e ao Tainan e essa foi a primeira viagem que fiz com amigos. Sem muitos planos decidimos ir ao Roraima após terem antecipado nossas férias sem aviso. Com a bomba em nossas mãos, não tínhamos noção de que rumo as coisas tomariam. Só sabíamos que estávamos desnorteados e a principio seguiríamos para o norte. Não teve jeito, caímos no cotidiano da trip, afinal mochileiro que é mochileiro vai a Roma ou a China e volta sem problemas. Tentei criar um relato legal porém as imagens dizem mais do que eu consiga me expressar. Desde já digo que estou à disposição caso decidam sentar no topo do Roraima, aprendemos alguma coisa nessa semana que passamos juntos. E ficarei grato se acompanharem o que vivenciamos. Considerações iniciais. Se o objetivo de vocês é chegar ao platô saibam que as limitações individuais decidirão até onde chegar. Não tenham medo da natureza, das estrelas e nem dos rios porque é justo muito dizer que eles matam menos que os humanos. E desfrutem de tudo que lhes for permitido. Tomada a decisão de viajar comecem facilitando a vida de vocês, pensem no que já tem em casa e o que devem comprar antes de ir. Lembrem-se que o material que devem levar é um investimento e não um gasto. Antes de iniciar meu relato deixo uma lista alguns itens básicos, talvez não use 10% das coisas da lista, mas o melhor é prevenir algumas dores de cabeça. O que levar? ( ) Documentação em geral: Cédula de Identidade. e cartão de vacina internacional (febre amarela); ( ) Mochila resistente (para trilha) ( ) Cantil ou garrafa plástica; ( ) Lanterna de cabeça; ( ) Óculos escuros; ( ) Chapéu ou boné (com aba larga); ( ) Um lenço ou toalha pequena para proteger o pescoço; ( ) Protetor solar e labial; ( ) Repelente em gel ou creme. ( ) Capa de chuva resistente (poncho) ( ) Toalha fina ou toalha de natação. ( ) Canivete (opcional). ( ) 1 Bermuda ou short tack tells. ( ) 1 sandália papete, ( ) 1 tênis ou bota de traking usados; ( ) 1 camiseta de manga comprida. ( ) 3 camisetas m. curta escura e leve. ( ) 3 pares de meia cano curto. ( ) 3 cuecas ou calcinhas. ( ) 1 bermuda térmica (evita assaduras). ( ) Luvas de frio (opcional). ( ) Câmara Fotográfica. ( ) Sacos plásticos resistentes para proteger as roupas limpas e as sujas. ( ) Produtos de higiene pessoal. ( ) Medicamento de uso pessoal. ( ) 1 par de meias futebol para dormir. ( ) 1 agasalho completo de Tak Tel ( ) 1 agasalho completo de moletom ( ) analgésicos e pomadas p assaduras. ( ) 1 sunga de banho ou biquíni. ( ) 1 fronha ( ) 1 bala-clave (touca de motociclista) ( ) 1 par de luva de vidraceiro ( ) 2 camisetas de algodão manga longa Além disso levamos: Rações (comida seca por não pesar muito, chocolates, barras de cereal, mel, café, aveia e cerais.) Bebida (alcoólica para aquecer o corpo no frio ou chuva.) *Pastilhas purificadoras de agua, sem isso não vá, uma diarreia lá em cima pode ser algo evitado. Baterias extras para câmera. Guia: Decidimos contratar tudo por aqui pois nossa situação pedia urgência, custou 800 Dilmas para cada um, fora o aéreo que não será problema nenhum, se programando bem poderá pagar isso depois em quantas vezes as aéreas facilitarem, não deixe de viajar por isso e se decidirem ir em grupos tentem negociar um preço melhor. Bolívares Fortes - Não é difícil fazer cambio nas ruas "cambio negro", porem não corra riscos, o dinheiro deles é embargado vale a pena lembrar que não tem valor nenhum fora da Venezuela, aproveitem o Duty Free na volta se sobrar alguma coisa. Quer uma barbada? Compre alguns dólares se o valor no Brasil estiver baixo, vale muito a pena trocar lá.O cambio era R$ 1x28 Bolívares. Voos-Não conseguimos voos diretos é possível ir via Brasília ou Manaus. Escolha a localidade mais próxima de onde você esta e tente pousar antes das 14 horas para não ter que dormir em Boa Vista. Facilitador em Boa Vista - https://www.facebook.com/lazaro.vieira.100?fref=ts Mochileiros me indicaram e não tive nenhum problema com ele. Facilitador na Venezuela https://www.facebook.com/dsapene?fref=ufi Tente encaixar uma data com os grupos dele se for o caso. TRIP Cronograma: 18/02/2014 - Primeira tentativa de embarque. 19/02/2014 - Voo Boa Vista - São Paulo. Pernoite em Santa Helena do Uairen. 20/02/2014 - Inicio do Trekking - Entrada no Parque Nacional do Monte Roraima - Caminha até o Rio Tek. 21/02/2014 - Travessia do Rio Tek e caminhada até a base do Paredão. 22/02/2014 - Inicio da subida. O Aprendiz - Garganta do Diabo - Cume. 23/02/2014 - A alegoria da caverna - Explorando Jacuzzis - Maverick Stone. 24/02/2014 - Canyons - Cachoreiras - Vale dos Cristais. 25/02/2014 - Descida até o Rio Tek. 26/02/2014 - Saída do Parque - Cachoeira de Jaspe e Volta ao Brasil. Tentativa de embarque. (Não deu certo.) Confesso que o começo incerto me deixou um pouco tenso mas também confesso que já sabia que aquele momento renderia bons risos mais tarde. Começamos a trip" com uma situação muito familiar a nos tripulantes de cabine, o voo lotou e só sobraram 2 assentos, ou embarcávamos os 3 ou não iriamos. Parceria até o fim do começo do fim, sei lá. Então desembarcamos e do aeroporto de Guarulhos fomos para o QG mais próximo que era a casa do Tainan, falamos besteira, tentamos dormir um pouco e esperaríamos ali sem saber o que dia seguinte teria a oferecer. Nossa primeira tentativa - FAIL ( X ). Distância entre São Paulo e Boa Vista 4756 km Logo pela manhã voltamos ao aeroporto e embarcamos no primeiro voo. Por volta das 13 hrs já havíamos pousado na capital do Roraima. Aproveitamos para almoçar em Boa Vista e comemos o peixe da região feito na telha, isso foi muito bom para irmos ambientando com a localização e fugir mentalmente dos ambientes fechados, rodeados por paredes, muitas das vezes impessoais que São Paulo oferece e que a maioria ainda considera o máximo! O isolamento. Voltando a nossa fuga da realidade, cuidamos bem dos nossos reservatórios que foram embora felizes e cheios com suco de cevada. O calor já previsto a cerveja também. Depois do almoço nos encontramos com o nosso guia Jaime, senhor do garimpo, nascido Guiana e vive em Santa Helena de Uairén. Conhece muito bem região além de tudo fala português. Feito o encontro fomos para estrada que liga Boa Vista e Pacaraima de taxi com o ele e a Sol, que até então era a mulher mais bonita da trip. Admirem! Aoooow, Sol era ofuscante. Um taxi até a fronteira pode custar de 35 a 50 Dilamas e dependendo de quantas pessoas estão indo com você terá a chance de pagar meia ou inteira. Cruzamos a fronteira caminhado e entramos em outro táxi, para voltar para casa...metira! hehe Esse vai até Santa Helena do Uairén. Não me lembro quanto custou mas foi algo em torno de 30 Dilmas para os três. A estrada é boa e tudo já estava se descomplicando naquele exato momento, acabamos não chegando na fronteira no horário que queríamos. O Zé do Tainan foi o único que saiu oficialmente do Brasil usando o RG, os dois cavalos que levaram o passaporte ficaram com a obrigação de voltar no dia seguinte. Empurramos o foda-se com o pé e fomos dormir na Venezuela pois não iriamos gastar mais dormindo em BVB. Primeira etapa, missão cumprida! Muita Polar Light na mente galere, e um sandubão dos mais monstros que encontramos para matar a fome e dormir bem. (Fica do lado do banco rural o pico e não me lembro o nome.) Inicio do Trekking - Entrada no Parque Nacional do Monte Roraima - Caminha até o Rio Tek Acordamos muito cedo e a diferença de horário quebrou as nossas pernas, a cozinha do "hotel" (30 Dilmas a diária para 3 pessoas) ainda não estava aberta. Tive que usar minha cara de pau e pedir os vizinhos para emprestar por alguns minutos o fogão. Aproveitei para dividir nosso pão e pó de café com eles, afinal sobrou dividimos! Como o Rafael e eu tínhamos que correr até a fronteira voltamos ao Brasil para sair novamente, o taxista era muito louco (e quem não é?) ele ouvia uma radio que tocava musicas de 1430, e saiu gritando "coño" para todo mundo que fechava o táxi dele. Me senti voltando no tempo ouvindo aquelas coisas, e idolatrei aquela paisagem que é limpa e sem nenhuma propaganda, sem nenhuma marca. Eram a estrada e a paisagem, hipnótico, cenário perfeito! Tudo pronto para seguirmos viagem e paramos rapidamente para comprar uma lanterna de cabeça que faltava, quase tudo pronto então. Acabei encontrando uma casa antiga que me deixou feliz T.'.F.'.A.'. a todos os meus irmãos que por acaso lerem esse relato. Como ninguém ali era de ferro, compramos mais Polar Light antes de sair da cidade já que no caminho não teríamos outra oportunidade. Vale a pena dar uma olhada no que falta na mochila para comprar em Santa Helena, os preços são melhores do que aqui no Brasil. Tanto para cerveja, quanto para lanternas. Living easy, livin' free Season ticket, on a one,way ride Asking nothing, leave me be Taking everything in my stride Don't need reason, don't need rhyme Ain't nothing I would rather do Going down, party time My friends are gonna be there too Tudo comprado e o Jaime quis testar nossos nervos de aço colocando 3 tubos de PVC sem amarrar na carroceira da caminhonete e meteu brasa. Nos disse que precisava deles em sua casa e que iria aproveitar os 3 pontas firme para ajudar, estávamos de pé e a ordem e levamos "os canos" numa boa sem cobrar nada dele. A situação era...uma caminhonete em uma reta, com um lazarento metendo o pé no acelerador e aqueles benditos tubos quase voando na pista. Foi a melhor parte da viagem sem duvida alguma! Como saímos do Sul para o norte fomos guiados pela Polar, Ursa Menor e a Polar Light...bem menor ainda meu povo. Chegando na casa dele tivemos a oportunidade de conhecemos alguns de seus filhos e sua esposa, ali mesmo nos juntamos ao José. Nosso amigo, cozinheiro e companheiro de cachaça. Além disso era Iron Man também, sempre sumia na nossa frente sem deixar vestígios e aparecia com a comida feita e um suco pronto. O Jaime produz e vende farinha e uma maneira fácil de encontra-lo seria perguntar por ele em Santa Helena, ele é bem conhecido e a cidade é pequena. Lembrando que o mínimo de pessoas para formar um grupo é 5 e conseguimos subir em 3. ( Caso queiram algum contato sem intermediário.) Aproveitamos para deixar a roupa da volta e tudo que pudesse danificar com água da chuva, travessia de rios ou sujeira. Tudo seguro no Jaime's LOCKER. Finalmente nosso destino era o encontro com o Tepui! Sandálias de palha, sustentável e nada de petróleo. Afinal não estou na cidade. Adeus alienados! Vai uma castanha do Pará? A vista é sempre algo incrível, meus olhos fitavam tudo que se movia a minha frente. Por fim chegamos muito cedo na entrada do parque que abre somente as 13:30 hrs e aproveitamos para fazer um rango. Indo inversamente na linha do tempo do dia anterior o que me fazia sentir melhor. Enquanto o José fazia o nosso lanche aproveitei para marcar território. Acabei esquecendo todas as castanhas do Pará ali...hehehe (Desculpa ae galera a soja frita também ficou.) muito jegue fiquei perambulando pelo lugar enquanto o Jaime tomava uma injeção de Vitamina C. Justo as 13:30 nossa entrada foi permitida e as 13:31 nossas patas já marcavam a trilha. O primeiro dia foi inusitado, nada que havia lido em guias se comparava com o que estávamos vivendo. Planejar a viagem nem sempre é a melhor forma de viver o cotidiano dela. Porem isso só funciona com quem não gosta de forçar o acontecimento dos fatos. Viva o acaso que a vida se torna mais fácil. Optamos por não pagar portadores, não é justo pagar alguém para carregar seu peso, principalmente quando se tem crianças envolvidas. Se para você é difícil carregar as próprias coisas, não justifica passar para alguém essa responsabilidade pagando. Temos uma foto que aparece uma criança com uma Akai pequena nas costas, se ela carregava coisas para sua própria família ou suprimentos para turistas eu confesso que não sei. Nosso destino era a margem do direita do rio TEK! Parece pintado a mão, parecia mentira e não saia um minuto se quer de nossa frente. Vendo a distancia penso logo no Tainan dizendo peace of cake! Hahaha Fogo nas canelas gurizada! Tudo novo, tudo muito bonito, fila indiana andando, passos largos e o caminho ajudou bastante. Para ir aliviando o peso das mochilas fomos comendo algumas coisas pelo caminho. Vez ou outra parávamos para descansar e reparar as nuvens negras se aproximando. Andávamos na contra mão dos nossos apetites, não tinha para onde correr. A chuva sempre te recebe no Roraima, portanto se quiser deixar uma capa de chuva sempre ao seu alcance, é uma boa. Vazio de luxos e cheio de riquezas, caminho de dualidade ideológica. Ela cai e passa sutilmente, nem chega a ser um incomodo, e ainda alivia o teu cansaço. Não vá querer molhar suas coisas, elas vão dobrar o peso. O fim da linha não existe, ele é sempre o começo da trilha do dia seguinte. Quase chegando ao nosso destino já era possível ver o rio serpenteando terra abaixo. Terra pisada e o por do sol, fim do dia e bendito descaso! Chegamos e já montamos o acampamento para aproveitar o resto de luz. O Taina desceu direto para o Tek e encarou um banho frio, eu fui reconhecer o lugar e ver onde estava. O Rafael foi mijar na placa do Tek, literalmente ele é o mais insano! Desci rindo da maldita cena! Nossa primeira comida foi preparada por nos mesmos. Não posso imaginar o que passou pela cabeça dos guias nesse momento, com toda a certeza era uma situação comum porque as condutas andam cada vez mais adversas. O brother cozinhou shitake depois passou na manteiga, fez o molho vermelho e ainda cozinhou um macarrão integral! O Tainan sendo fiel ao seus dotes. Ajudei no que pude, o cara teve a manda e mandou muito bem com poucos recursos. E que fique bem claro que Agua Divina Pastor era CACHAÇA!!! iRRRAAaa!!! Dia seguinte Travessia do Rio Tek e caminhada até a base do Paredão. Acordei cedo e por sorte o sol ainda não tinha nascido ainda. Desci para a margem do rio e fui assistir o melhor espetáculo da manhã. Que a maioria das pessoas não se dão a oportunidade, porque acordar cedo é foda...né nada! Não tomei o Whisky, acabei esquecendo ele na barraca...foda sou o mais disperso de todos! Eles acordaram logo em seguida e também fora para o rio. Voltando ao acampamento alguns já tinham partido, outros desmontavam as barracas e foi quando percebemos que eles estavam descendo, e que nos eramos os únicos subindo, alem de um grupo pequeno com duas mulheres, um guia e uma criança. A maioria esmagadora era venezuelana. A coisa mais inusitada que poderia me acontecer, levei alguns Kanjis amarrados na mochila e vizinhos os japoneses me ensinaram a pronuncia de Fogo-Montanha Vento-Floresta. Fiquei muito grato e enchi os cantis deles com guaraná em pó. Uma especiaria que eles dão mais valor que nos. Tudo recolhido, barracas guardadas e mochilas fechadas. Não deixamos nem rastro. Atravessamos o Tek e descemos o morro, diferente do primeiro dia da caminha o segundo tinha alguns obstáculos. Começava a ficar um "pouco" mais difícil, mais tarde teríamos que atravessar outro rio. O calor começava a derreter os marshmallows que tinha levado, e para ajudar caiu muito pó de café em cima dele. Pensei que tinha estragado e queria até jogar fora, mas o chiclete branco de café rendeu. Seguindo em frente encontramos um marco da colonização espanhola, o cristianismo cravou suas garras no Roraima. Com todo o respeito não nos interessava muito ver uma casa de Deus tão próximo a uma montanha...meio sem senso pensar que a casa de Deus é de tijolos ou pedras amontadas por um mero homem. Passamos pela igreja e a marquei como azimute, alguma parte do caminho teria que ficar memoriza em meio aos caracóis de terra pisada! O segundo rio foi um pouco mais chato para atravessar, imagino que quando chove mais fica um pouco mais complicado. Tivemos sorte e atravessamos o rio bem seco. Do outro lado havia algumas casas de barro e pau como aquela que usamos para cozinhar no dia anterior, lugar bom para se acampar caso consiga chegar antes do sol se por no segundo rio. E ali encontramos uma galera tomando banho, um Jaime abriu um saco de doces que ninguém sabia que ele tinha e nos reunimos todos debaixo de uma arvore. Peitos free, algumas europeias estavam tomando banho como vieram ao mundo ali no rio, se aqui elas mostram os peitos só no carnaval lá é o ano todo, o estranho é a hipocrisia que os brasileiros vivem. Enfim... Sentei ali e notei que um deles estava desenhando debaixo da arvore, parecia estar em uma dimensão paralela a todos. Resolvi conversar com ele e o cara é realmente desenhista, alem de guia juntem-se a ele caso seja preciso. https://www.facebook.com/dgalejandrof Alejandro Fariñas. Seria um pouco inusitado fazer a trilha com ele, no minimo diferente dos outros guias que citei acima, fica a critério de cada um. Saindo de lá fomos atras de uma arvore. Parece besta mas não era, o Jaime avisou bem antes de começarmos a andar por ali que não era permitido deixar fezes dentro do parque. Então nos humanos dotados de inteligência deveríamos catar as fezes, colocar cal e levar junto ao corpo novamente até o lugar adequado. Merda a parte, fomos comer a casca dessa arvore que tranca um pouco a tal da merda la em cima. Não ia ser fácil a pobre casca lutar contra a aveia e os ovos do café da manhã, mas confesso que funciona! Trilhando nossos destinos finalmente temos nossa panorâmica do paredão, cara a cara! Bem vindos ao nosso segundo acampamento, o paredão! Andamos em caminhos diversos ou sentidos opostos. Para os gregos ou para os moderno significava por ali mesmo! hahaha Fíih foi o depoimento mais sereno da trip! Para mim a verdadeira garganta do diabo era a que ficava soltando uma fumaça no meio as duas montanhas. E não aquela terra do inicio da subida. Adoçando o café com lã! Depois acordou no dia seguinte com a camiseta marcada de café na altura das tetas e não lembrava o que tinha feito. Zé de mais! Relaxando e curtindo o visu. Jaime e o relento, acabei vendendo minha barraca pra esse lazarento, não era la grandes coisas, mas servia bem. Saiu mais um café. Desse jeito vamos a pé até o Pará, cortem as veias dos 3 que vaza cafeina! O mesmo ângulo ângulos, dois instantes. Amoras, selvagens e sem veneno. Cachaça, selvagem, bruta e sem veneno! Água fria...pqp muito fria! Gelada!!! Inicio da subida. O Aprendiz - Garganta do Diabo - Cume. O aprendiz tem o direito de entrar, sentar-se e permanecer calado até a chegada da garganta do Diabo. Amanheceu e era dia de subir na vida. Pãozinho quente, mas não era assado. Fritura logo pela manhã, não tem como recusar. Juntar a tralha e encarar os joelhos, agora não tem mais volta. Antes mesmo de começar a subida a montanha me mandava algum recado. Como sempre faço pedi licença para entrar no lugar, e segurança para voltar como comecei. In the jungle Welcome to the Jungle Watch it bring it to your knees, knees I wanna watch you bleed A subida te pedirá basicamente resistência, não requer nenhuma técnica além de respiração. Escadões, ângulos acentuados e muita caminhada. A água nunca sera um problema, sempre encontra água fresca pelo caminho em qualquer uma das etapas. Sem puxar o saco de ninguém e dizendo isso somente por observar os fatos, esse cara é o mais forte que conheço. Em vários aspectos, deixa todos os ratos de academia que conheci no chinelo. Mais uma vez fomos recebidos pela chuva, como sempre é bom para os ânimos. O Jaime disse que isso aconteceu por culpa minha que subi a montanha gritando. Subi mesmo, gritei por Caiano, chamei por meus ancestrais e trouxe para aquela realidade algo que conheci em montanhas vizinhas no Peru. Gratidão sempre. Fiquei preso por chegar por ultimo e decidi me esconder aqui, todos seguiram e entraram em uma fresta logo em frente a essa pedra. Finalmente o mundo perdido estava sob os nossos pés. Conseguimos! Ainda bem que o Stelle conseguiu gravar os momentos que não tinha disposição para pensar em nada. Agora íamos para a casa de pedra, na caverna seja la o que for, ao isolamento. Amo caminhar na chuva, sempre foi uma das coisas que mais gostei na vida. A paisagem mudara drasticamente outra vez. Casa nova! Roupas estendidas na umidade mas tá valendo. Leve uma corda, não levei e vi o quanto faz falta. Uma bela hora para descansar. Ouvir o som da chuva se misturado ao da queda d'água que havia na entrada da casa. Confusão mental total, não parecia parar de chover, ou nem estava chovendo. Mas ótimo para dormir e sair descansado da toca. As marcas na teta que havia dito antes. Almoço pronto, chuva caindo, comidinha quente e um ratão correndo por ali. Só os fortes mesmo. Alguns cristais e incenso para que fiquemos deixar o lugar limpo dos moradores anteriores. Depois do almoço deveríamos explorar uma caverna mas não teve como, chovia sem parar. O lugar já começava a incomodar pela umidade, decidimos ficar e aproveitar do jeito que deu. Breu total! Essa noite foi a que dormi mal, muitas coisas aconteceram e ainda não tinha tido tempo para assimilar, estava com a cabeça a mil. O barulho da chuva, uma dor de barriga e a sensação estranha de estar sendo observado a cada passo que dava, tive que sair e ir cagar. Que merda! Aproveitei para ver o movimento da noite e respirar fora do saco de dormir. Amanheceu eu peguei a viola Botei na sacola e fui viajar Nada disso irmãos! A parada era tensa e era hora de explorar a área externa. Afinal já conhecia os 4 cantos da casa nova. A tradição diz que devem ser cozidos e depois fritos! Por toda parte os cristais foram deixados, uma hora o vale some! Ê-laiá dá um bife para essas plantas que elas comem. Não teve como entrar porque tava gelada, muito alem do que a vida humana permite. Ou porque coisas melhores aconteceriam. Sei-lá! Jacuzzi. Somente os bravos voam até ali, vi poucos la em cima. Subir o monte e ver pardal é fogo. VSF! Realmente em dias chuvosos então dá pra correr pelado lá em cima. Rastro de Japoneses. A diferença de subir com chuva é essa, a paisagem muda constantemente. Se você seguir uma enxurrada por algum tempo logo vai ver algo se transformando. Começamos a caminhar com essa área praticamente seca e com a chuva ela se transformou em um pequeno rio e depois em uma cachoeira. Alguém viu o Jaime? Sabia que estávamos sendo seguidos!!! Não estávamos sozinhos, foda-se podíamos cagar em paz, pois nossa montanha ficava de costas para essa. Chegamos na janela! Estava fechada mas se abriu. https://www.youtube.com/watch?v=H8MxEwTY384&feature=youtu.be O que será que ele queria dizer? Sem medo galera, que ele seja em nossas almas a reação mais tardia! Essa foi nossa vivencia no ponto mais alto do Roraima, o Maverick Stone. Do caralho de mais. Seguimos a trilha e a maior surpresa de todas. Seguimos pelas rochas acompanhados por um pequeno rio, paramos e o Jaime tinha algo a nos dizer. Ele queria que nos separássemos por uma hora, cada um em um canto pensando no que estava fazendo ali, sobre a família que deixamos em casa e em como o caminho que fizemos impactaria em nossas vidas. A primeiro momento não sabia o que fazer, mas antes que ele fechasse a boca eu corri dali, a natureza humana é realmente assustadora. Quis sumir para poder sentir meu próprio eu se estilhaçar, destruir o pluralismo social que vivia nos últimos dias e entrar em contato com o meu inconsciente, sem nenhuma influencia externa. Caminhei por cima de pedras, pulei pequenos canyons e me deitei sobre uma pedra. Foi a hora que o sol apareceu, decidi não pensar em nada. Esvaziar minha mente e dar lugar a luz do sol que estava recebendo ali em cima. Precisava de clareza e encontrei da melhor forma. Jurava que havia me afastado muito do grupo, logo os encontrei e seguimos até o ponto mais surpreendente da historia. Encontramos 2 cachoeiras, uma do lado da outra. A cena mais incrível que já havia presenciado, uma cachoeira em cima da montanha já era de mais, duas era insano! Nada de fosso, ficamos por ali. https://www.youtube.com/watch?v=6D17QGFLvdI Falou e disse! Willy WonkaWilly WonkaWilly Wonka https://www.youtube.com/watch?v=DZeP3IAh-gg https://www.youtube.com/watch?v=XjbBXWNMoRM O vale dos cristais. Mais uma atitude louvável do Jaime, no levou ao vale como prometido. Chegando lá por volta do meio dia o sol estava no momento exato para nos deixar na mesma situação. Não havia sombra para nenhum de nos 4, o momento era o mesmo para todos e o espaço no tempo também. Compartilhamos a atitude de cada um segurar um cristal em cada mão e descarregar tudo o que não queríamos mas neles. Nos deitamos sobre as pedras e depois os jogamos o mais distante que conseguimos. Foi uma experiencia totalmente diferente das demais que havia vivido com montanhas. Não se trata de misticismo nem de outras coisas, era energia da natureza canalizada da melhor maneira. Missão cumprida! E com tempo bom ainda. Voltamos ao acampamento e passamos próximo a janela, a vista era a melhor possível. https://www.youtube.com/watch?v=tKSbaAJkUtQ Descida até o Rio Tek - Saída do Parque - Cachoeira de Jaspe e Volta ao Brasil. Descemos de forma tranquila, sem pressa nenhuma. Afinal eram o últimos minutos não tínhamos horário nenhuma marcado com ninguém, nosso compromisso era com nos mesmos. O jeito era contemplar a paisagem e falar besteiras até o Tek. A descida é muito fácil. Cutucando a cascavél com a vara curta! Chegamos ao Tek. Falta pouco agora. Para voltar ouvir motor de carro, ver doenças, fumaça e cimento...foda viu! Deixei meu mala com ele. Um raio o atingiu fazendo o caminho. Banans nanicas! Foi o fim e com direito a Polar Light! O Jaime não tem jeito, cuidar de bêbados não é fácil. E um banho fudencio nesse lugar horrível. Matou! Chave de ouro. Valeu de mais cada minuto. O Koru retrata novos começos, o crescimento e a harmonia, tomadas a partir do simbolismo do broto de samambaia antes de desabrochar sua folha. Editado Maio 15, 2014 por Visitante Citar
Membros Katia Briesch Postado Abril 29, 2014 Membros Postado Abril 29, 2014 Oi Joao tudo bem?? Joao eu estou doidinha pra querer fazer o Monte Roraima.... ai abro seu relato e dou de cara q nao tem relato só imagens...aakakak Cara to curiosa.... . me ajuda ai... Quantos dias vc levou para fazer o Monte Roraima??? Citar
Membros Paulino cash Postado Maio 1, 2014 Membros Postado Maio 1, 2014 minha proxima trip! uma vez passei do lado do Monte Roraima, tinha grana mas não tinha tempo! continua postando aeee... vlw! Citar
Membros Drisz Postado Maio 2, 2014 Membros Postado Maio 2, 2014 ah adorei o relato, baita dicas , em junho estarei indo ao Monte Roraima. Citar
Colaboradores João Paulo JP1502431785 Postado Maio 2, 2014 Autor Colaboradores Postado Maio 2, 2014 Obrigado Drisz, boa sorte! Citar
Membros Maurivan_RR Postado Dezembro 11, 2014 Membros Postado Dezembro 11, 2014 Bela descrição, farei esse trekking dia 30/12. Depois de 9 anos morando em Roraima criei vergonha e lá me vou. Citar
Colaboradores Frederico Pires Postado Outubro 9, 2015 Colaboradores Postado Outubro 9, 2015 Esse relato vai ser muito útil! Muito louco esse Monte Roraima! Citar
Membros Raphael E Postado Fevereiro 24, 2016 Membros Postado Fevereiro 24, 2016 senhores, excelente relato!!! acabei de voltar e estou relendo isso aqui, vendo as fotos fotos, vídeos e os encontros que vces tiveram. fiz grande uso da sessão "O que levar?", me serviu bastante! acrescentaria, se me permitem, dois itens: corda para varal, que foi mto útil lá em cima (e uns pregadores tbm, resistiram com valentia aos constantes e cortantes ventos do topo); e uma espécie de pasta/bolsa realmente impermeável onde coloquei os documentos, que foi a única coisa que permaneceu sem umidade durante toda a viagem abraço e chevere! Citar
Editores Claudia Severo Postado Maio 6, 2016 Editores Postado Maio 6, 2016 Show de relato. Belas imagens. Parabéns pela jornada Citar
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