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[t3]O INÍCIO[/t3]

 

Segue um resumo da nossa viagem de janeiro de 2012, que foi o meu 2º mochilão, 1ª vez que entrei em um avião e a 1ª vez que saí do Brasil. Embarquei nessa junto com 3 camaradas, um alemão, um negão e um japonês, respectivamente Diego, Alessandro e Marcio, nos dizíamos os caras da piada.

Acho importante dizer também que não tínhamos planejamento quase nenhum, somente uma ideia das cidades que iríamos passar e de alguns lugares para conhecer, o resto seria decidido tudo na hora, inclusive, compramos só a passagem de ida, afinal, não fazíamos a menor ideia de quando voltaríamos (só sabíamos que dia 23 teríamos que estar em SP) e nem de onde voltaríamos. E assim, fomos e voltamos, com o universo conspirando a nosso favor...

 

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Foto: Os 4 toiços (já com as mochilas despachadas).

 

Nossa viagem seguiu a seguinte ordem: Sucre, Potosí, Uyuni (Salar e Parque Nacional Eduardo Avaroa com passagem pelos desertos, lagoas, gêiseres, etc), La Paz, Copacabana, Isla Del Sol, Copacabana, Cuzco, Águas Calientes, Machu Picchu, Águas Calientes, Cuzco.

 

 

[t3]SÃO PAULO - SANTA CRUZ DE LA SIERRA - SUCRE[/t3]

 

01/01/2012 - Por volta das 10h da noite partiu o nosso voo saindo de Guarulhos/SP para Santa Cruz de La Sierra na Bolívia, ainda fizemos escala em Campo Grande (MS).

 

 

02/01/2012

Resumo: Chegada a Santa Cruz de la Sierra, partida imediata para Sucre.

 

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Foto: Dormimos no aeroporto.

 

Chegamos de madrugada em Santa Cruz, e pernoitamos no aeroporto, esperamos amanhecer e embarcamos direto para SUCRE, onde chegamos perto da hora do almoço. Os primeiros hostels que tentamos estavam cheios e o primeiro onde conseguimos vaga foi no hostel AMIGO. Na hora de fechar rolou um pequeno desentendimento quanto ao quarto com baño ou não, pois queríamos um quarto para dormir e um lugar onde pudéssemos tomar banho, que não precisava ser dentro do quarto (baño privado), e o desentendimento foi causado porque nos passaram os dois preços o do quarto (com baño compartido, como chamam lá) e quarto con baño (nesse caso banheiro privativo), e um primeiro momento entendemos que teríamos que pagar o dobro para poder tomar banho, o que não era verdade. Depois de nos entendermos, assumimos o quarto, um cômodo com duas beliches e muitos cobertores, perfeito para nós. A tarde fizemos um rolê pela cidade, não havia quase nada aberto pois como dia 1º, feriado, caiu no domingo, eles empurram o feriado para segunda-feira, e portanto era feriado. Pudemos observar um pouco da cidade, conhecer ruas e praças que estavam muito pouco movimentadas e quase não havia comércio aberto. A noite fomos dormir cedo, visto que o resto da última noite havíamos passado no aeroporto.

 

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Foto: As ruas pouco movimentadas no centro de Sucre, a direita o Japa sacando uns foto.

 

 

03/01/2012

Resumo: A cidade de Sucre com direito a downhill de bicicleta nas montanhas e trilha até El Cânion de Rufo.

 

Acordamos e fomos para o centro de SUCRE, estávamos decididos a fazer um dos passeios que as agências da cidade oferecem, acabamos fechando um downhill de bicicleta. Saímos da agência no centro da cidade de carro, com um guia e um motorista. O carro saí do centro da cidade, e conforme vai se afastando vai subindo morro, é interessante porque pudemos ver como é o que seria a periferia da cidade de Sucre, é como se fosse roça, não há favelas, pelo menos nós não vimos, apesar de que em vários lugares tivemos impressão de favela porque as casas não são acabadas. Quando chegamos ao alto de uma montanha eles param o carro, todos descem, descem as bicicletas do carro e começamos o downhill, com um guia que desce junto conosco de bike, o Ricardo e outro que vai atrás dirigindo o carro, o Willian.

 

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Foto: Crianças brincando a beira da estrada por onde passamos para chegar até o ponto de onde começaríamos o downhill.

 

A descida foi tranquila e a vista que se tinha era maravilhosa de uma serra como se fosse um mar de morros. No final da descida atravessamos um pequeno rio e chegamos a um campo de futebol, só digo que era um campo porque havia duas traves em uma área plana mas o terreno era horrível para querer jogar bola ali, muitas pedras, buracos e desníveis absurdos, eu cresci jogando bola em rua não plana de terra e pedra e posteriormente paralelepípedo, que me parecia melhor que aquele campo, depois do campo tinha um trecho de subida onde eles ofereceram para colocar as bicicletas no carro, para subir e depois nos devolveriam para percorrermos uma parte plana mais a frente, eu preferi subir pedalando, foi um pouco cansativo mas consegui sem me matar muito. Lá em cima, todos a postos e de bicicleta novamente seguimos a trilha da mesma forma que fizemos o downhill, com o Ricardo de bike e o Willian atrás de carro. Até que chegamos a um ponto onde havia ocorrido um deslizamento de terra que impedia que o carro passasse pela estrada, passamos com as bicicletas mas o Willian teve que deixar o carro e seguir a pé, pois mais a frente seria necessário que ele estivesse junto com o grupo.

 

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Foto: Parada para foto durante o downhill, o da frente é o guia Ricardo, o motorista Willian que tirou a foto.

 

Chegamos ao final do trecho que faríamos de bicicleta e as deixamos, com Willian que ficou tomando conta enquanto entramos numa trilha que nos levaria até El Canion de Rufo com o Ricardo. Fizemos a trilha passando por alguns trechos de descida de pedras, depois parte pela beira do rio hora em areia, hora em pedras mesmo e quando chegamos ao canion, que é um vão entre duas montanhas e a água do rio vem do meio desse vão todos estavam cansados e com fome, paramos e o Ricardo nos entregou os kits de lanche que estavam inclusos no pacote do tour da agência. Comemos, descansamos, conversamos bastante e começamos a volta, ao final da parte a pé, reencontramos Willian e as bicicletas, e retomamos a pedalada de volta, Willian saiu correndo a pé na frente, para reassumir o carro.

 

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Foto: Fim da trilha, em El Canion de Rufo, enquanto Ricardo pegava nossos lanches.

 

Fizemos a trilha de volta pedalando e quando chegamos ao campo de futebol as bikes foram recolhidas, todos entramos no carro e voltamos para o centro de Sucre. De volta ao centro, demos um role, e voltamos para o hostel, tomamos banho e saímos denovo, para comer e talvez sair a noite, mas não foi o que aconteceu, paramos para comer, eu fui tomar um suco e não entendi nenhum dos sabores que fiz a moça repetir 3 vezes (era só o 2º dia na Bolívia), resolvi arriscar pelo último que ela disse, tumbo, não sei o que é até hoje mas o suco era bom. Depois disso voltamos para o hostel e dormimos decididos a prosseguir viagem e ir para Potosí no dia seguinte.

 

 

[t3]SUCRE - POTOSÍ[/t3]

 

04/01/2012

Resumo: Partida de Sucre, chegada a Potosí, la ciudad más alta del mondo.

 

Em Sucre, tivemos algumas informações diferentes a respeito de ônibus para Potosí, algumas pessoas disseram que tinha ônibus de hora em hora e outras disseram que só havia 4 horários por dia, sem saber direito, saímos do Hostel e pegamos um busão circular de linha que nos levasse até o terminal rodoviário de Sucre, chegamos lá já passava das 10h da manhã e acabamos comprando passagem para 1h da tarde, ficamos por ali, na rodoviária, embassando até o horário do busão. Com um pouco de atraso embarcamos e partimos para Potosí, la ciudad mas alta del mondo a 4060m de altitude acima do nível do mar. Chegamos a Potosí por volta das 4h da tarde e resolvemos descer do ônibus uma parada antes do terminal pois nos disseram que ali era mais perto do centro e que se fossemos até a rodoviária teríamos que voltar para o centro. Descemos e já saímos a procura de hostel. Primeiro fomos a procura do centro, pois o lugar onde descemos era bem residencial. Os amigos já começavam a sentir os efeitos da altitude, eu percebi que o lugar parecia ter menos ar, mas graças a Deus não tive nenhum problema. Chegamos a praça principal da cidade, localizamos uma rua onde alguém (acho que o Japa) tinha pesquisado hostels na internet e seguimos andando, descendo por uma avenida, não encontramos muitos hostels no caminho que fizemos, e em alguns não havia vaga, o primeiro que encontramos vaga, e mesmo assim só havia um quarto com quatro camas, era um quarto muito ruim, que o alemão rapidamente apelidou de ‘La cova de Cristo’, a principio não fechamos, porém ao descermos um pouco mais a rua e ter pesquisado preços em dois hotéis bons, que com certeza eram muito mais caros, resolvemos retornar e fechar lá mesmo pois a altitude já encomodava bastante a galera. Deixamos as coisas e saímos para fazer um peão em Potosí pois já era de tarde e não dava para ficar enrolando muito senão anoiteceria. Começamos a subir pela mesma rua que descemos quando avistamos uma escada que dava para uma praça, subimos, havia uma espécie de feira no local, se destacavam diversos bolos coloridos de tamanhos variados que pareciam muito bons só que estavam ao ar livre, próximos a um local onde escorria esgoto e com muitas pessoas e cachorros andando para todos os lados. Entramos numa galeria, e conhecemos um pouco do centro de Potosí e suas ruas. Anoiteceu, continuamos subindo, passamos pela praça principal, entramos em um calçadão bastante movimentado e com muitos comércios, particularmente eu gostei bastante de Potosí.

 

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Foto: A praça principal de Potosí, bastante movimentada, ainda com as decorações natalinas, em uma noite gelada.

 

Depois disso voltamos para o hostel, sendo que quase chegando, na mesma praça onde mais cedo havia uma feira paramos para tomar maiz com um grupo de argentinos, uma bebida típica feita com choclo (milho), na verdade se assemelha muito a canjica e depois retornamos para la cova de cristo para dormir. Apesar de estarmos em janeiro e ser Verão, a noite esfria bem por lá.

 

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Foto: Terminamos o dia tomando maiz com uns argentinos.

 

 

[t3]POTOSÍ[/t3]

 

05/01/2012

Resumo: As minas de prata de Potosí, Casa de la Moneda, partida de Potosí para Uyuni.

 

Acordamos, nos aprontamos, acertamos com o hostel e demos saída, fomos ao mercado municipal a procura de desayuno e em seguida fomos até a agência El Mascarón, onde havíamos fechado o passeio até as minas de prata de Potosí no dia anterior, durante a caminhada vespertina. Como ainda era cedo fomos até o mercado municipal novamente comprar folha de coca para levar como oferenda para os mineiros. Voltamos para a agência e entramos em uma van que passou em alguns hotéis para pegar outras pessoas e seguimos para o bairro mais próximo das minas (nos bairros mais altos da cidade mais alta do mundo), onde fomos conduzidos até o quintal de uma casa onde recebemos as roupas, capacetes e botas que usaríamos para adentrar as minas. Que com exceção das botas podem ser vestidas por cima da sua roupa. Devidamente vestidos, retornamos ao carro que nos levou até a área onde estão as minas, lá recebemos uma lanterna, para prender no capacete e as primeiras instruções. A guia também contou sobre a história das minas e a vida sofrida que levam todas as pessoas que ali trabalham. Antes de entrar já era possível observar aqueles carrinhos que andam sobre trilhos iguais aos que aparecem no desenho do Pica-Pau.

 

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Foto: Últimos ajustes antes de adentrar às minas de pratas.

 

Entramos na mina, é uma sensação única e não é muito boa, em um primeiro momento me senti incomodado com aquele buraco, pequeno, cheio de gente, parecia que a qualquer momento não haveria mais ar, mas com o tempo fui me acostumando. Existem locais onde há poças no chão, outros em que temos que entrar em outros buracos que dão em outra trilha e assim seguimos até que chegamos em um lugar onde há uma estátua do diabo, que para os mineiros não é um ser do mal, seria como uma espécie de Deus do mundo subterrâneo, e por trabalharem em seus domínios, eles o veneram, oram, fazem oferendas e pedidos. Nesse ponto da estátua sentamos em volta, enquanto a guia, ao lado, explicava isso com mais detalhes. Seguimos caminhando pelas minas, e conforme íamos encontrando mineiros a guia ia lhes entregando os regallos (oferendas) que todo o grupo havia comprado para eles, havia sucos, refrigerantes, alguns doces e muita folha de coca. Em alguns pontos a guia e até mesmo os próprios mineiros oferecem para quem quiser os ajudar em alguma atividade que estejam realizando, algumas pessoas se arriscaram. Acho que vale citar também quando estávamos andando sobre algum trilho e de repente tínhamos que sair de lado porque os mineiros vinham empurrando os tais carrinhos cheios de pedra a toda velocidade. Mas o ponto alto do passeio na minha opinião foi quando encontramos com um mineiro obeso que aparentava ter quase 50 anos, até agora eu não sei se realmente ele é mineiro e as histórias que contou são verdade ou se é um "ator" combinado com as agências para contar aquelas histórias. Contou muitas sobre a vida dos trabalhadores dentro das minas, disse que trabalha a 35 anos e que de um grupo de quase 300 que começaram a trabalhar juntos nas minas, apelas ele e mais dois estavam vivos. De fato o relato dele foi muito impactante. Vou aproveitar essa oportunidade para abrir um parenteses no relato e citar que na Bolívia quase não existem pessoas obesas, então quando você vê um gordinho chama a atenção pois não é comum, como em São Paulo, por exemplo.

 

Vídeo: Alguns momentos dentro das minas de prata de Potosí, edição do Negão.

 

Depois disso saímos das minas de prata, e a sensação de sair de lá de dentro é muito boa, chega a dar um alívio. Retornamos a casa onde recebemos as roupas e as devolvemos, a van nos levou até a agência no centro de Potosí novamente. Resolvemos fechar na mesma agência, nossa ida para Uyuni, ainda naquela noite + hospedagem em Uyuni + tour de 3 dias pelo Salar e os desertos do parque Eduardo Avaroa. Saiu um pouco mais caro do que gastaríamos se fossemos por conta, embora não fosse possível ter essa certeza naquele momento, mas valeu a pena, evitamos alguns perrengues (como ter que procurar hostel em Uyuni de madrugada quando já está tudo fechado) e aprendemos essa lição, que serviu para todo o resto da viagem.

Depois de fecharmos o tour com a Nancy, que por sinal é muito boa vendedora, é o tipo de pessoa que tem o dom, parece que sabe o que precisa dizer para te convencer que o que ela está oferecendo é melhor do que o que os outros oferecem, fomos almoçar porque as 14h abriria uma das atrações de Potosí, La Casa de la Moneda, e que pretendíamos visitar antes de partir para Uyuni. Conhecemos a casa que por sinal é interessante, eu gostei de tê-la visto, ao final da visita, como ainda tínhamos tempo até a partida do nosso ônibus para Uyuni ficamos em um café, dentro da Casa de Moneda, trocando ideia, comendo alguma coisa e aproveitando o wi-fi do lugar para saber como estavam as coisas por aqui, rimos muito ao ver que em pleno Janeiro, São Paulo tinha mais 200km de vias congestionadas segundo informações da CET, que nunca retratam a real situação da cidade, pois monitoram menos vias que outros calculadores de índices, afinal muitas das vias que não participam da medição também ficam com trânsito ruim.

 

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Foto: Como não pagamos a taxa "a mais" para fotografar na Casa de Moneda, só temos essa foto do pátio.

 

Saindo de lá retornamos a agência, que pagou um taxi para nos levar ao terminal de buses de onde partimos para Uyuni.

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[t3]UYUNI - SALAR DO UYUNI - DESERTOS - PARQUE EDUARDO AVAROA[/t3]

 

06/01/2012

Resumo: Chegada a Uyuni, pernoite, cemitério de trens, Salar do Uyuni e inicio do tour de 3 dias pelos desertos bolivianos.

 

Chegamos por volta da 1h da madruga e estava muito frio, tudo fechado, ninguém, nas ruas, só havia um lugar, também fechado tocando o hit da viagem "Ai se eu te pego", impressionante como todo mundo de todas as nacionalidades conhece e sabe cantar isso, alguns nem fazem ideia do que estão cantando, alemães por exemplo, mas se ouvirem um "Nossa, nossa..." sabem emendar um "assim você me mata...", parenteses musical a parte, voltemos ao relato, fomos direto para o hostel, que era bem confortável (ainda mais quando comparado a cova de cristo, onde havíamos durmido na noite anterior). Tomei um banho quente, que seria o último durante os próximos 3 dias, que passaríamos percorrendo os desertos e quando retornássemos iríamos para La Paz, nesse ponto da viagem, o lema era "Banho, só em La Paz", e assim foi... Fui dormir.

Acordamos meio perdidos, pois a informação da Nancy, da agência em Potosí, era de que sua irmã iria no hostel nos acordar com tempo hábil para o desayuno e depois partiríamos, ainda ficamos um tempo esperando e como nada da tal irmã aparecer, resolvemos sair para comer e ir atrás da agência. Durante o dia é possível ver que Uyuni é muito pequeno, e não há nada o que fazer, o negócio ali é se hospedar ou nem isso, se possível partir direto para o Salar. Chegando na agência ficamos sabendo que não poderíamos levar nossas equipajes (mochilas) na viagem, que teríamos que as deixar na agência e as pegaríamos quando retornássemos. A minha sorte foi que eu já tinha preparado a minha mochila pequena com a intenção, de não mexer na grande durante os três dias no deserto (a organização já começava a ficar complicada), então deixei preparada com o que coube e que eu achei que fosse utilizar durante esses três dias, não faltou quase nada. Os amigos, como não estavam esperando por essa tiveram que abrir suas mochilas no meio da agência que é um cubículo em meio a pessoas passando e de fato não foi fácil, naquela situação retirar todo o necessário para três dias, mas conseguiram e todos sobreviveram. Nesse meio tempo, entre os últimos acertos e a partida, comemos. e conhecemos uma dupla de mineiros, o Paulo (de Mariana) e o Ranieri (de Ouro Preto) que estavam fazendo uma viagem muito parecida com a nossa, inclusive voltamos a nos encontrar novamente em La Paz, Copacabana, Aguas Calientes e fizemos parte da viagem de volta juntos. Foi bom tê-los conhecido, conversamos a respeito da viagem, trocamos bastante idéias, sobre o que já havíamos feito e por onde havíamos passado e sobre os próximos passos das trips. Também fomos convencidos (pela agência) a alugar sacos de dormir que não foram necessários, pois nos locais onde dormimos as duas noites haviam camas com cobertas a vontade.

Dada hora, embarcamos em um carro 4x4, com o motorista/guia, o Gilmar e um casal de Corumbá, Josias e Ligia, que foram nossos companheiros durante aquele e os próximos dois dias. Mal saímos do Uyuni e já fizemos uma breve parada no cemitério de trens, é um local aberto, onde estão vários trens e peças velhos, enferrujados e pichados, nada demais, o que mais impressionava era a imensidão daquele lugar, uma enorme área plana e uma sensação de liberdade indescritível, não estava tão frio, afinal era janeiro, pleno verão, contudo a temperatura não era alta, mas venta muito e forte, realmente uma corta vento (blusa) é necessária.

 

598da90b0b2fd_BoliviaJapones(42).jpg.de193e5a349fb6e1f248bdcb4027c681.jpgFoto: O cemitério de trens

 

Depois do cemitério de trens, voltamos para o carro e rodamos quase duas horas, por uma área plana, imensa, em alguns pontos havia estrada demarcada, em outros ela sumia, era só o carro na imensidão, e vários outros carros de passeio que fazem a mesma rota, até que o terreno vai começando a mudar, antes em uma terra seca, agora começam a aparecer várias poças de água, que iam ficando cada vez maiores a medida que avançávamos e era possível ver também vários montinhos de sal, como se fossem montes de areia. Paramos algumas vezes, mas sempre rapidamente, e continuamos avançando e cada vez mais o terreno ia ficando alagado e branco, é maravilhoso.

 

598da90b13803_BoliviaJapones(53).jpg.045fe5712d1a771836781a7f169a6d43.jpgFoto: Dentro de uma loja feita de blocos de sal, tanto as paredes quanto as esculturas.

 

E assim fomos entrando no Salar, quando já estava tudo branco e com uma camada de água por cima percebemos o perigo de que havíamos escutado falar. Estava rolando uma história de um grupo de turistas que alugaram um carro e foram para o salar por conta própria, acontece que devido a água sob o solo, forma uma camada que parece um espelho e aí se o motorista não sabe por onde passar pode entrar com o carro em algum buraco e não conseguir sair. É possível imaginar o perigo, mas aquele lugar é de fato lindo. Vale ressaltar que o deserto de sal não é alagado o tempo todo, fica assim no verão e no inverno é seco, e deve ser muito bonito também o chão de sal, todo branco e com as rachaduras em forma de hexágonos. Tanto é que este passeio costuma ir até um ponto chamado de Isla Del Pescado que não pudemos ir pois todos disseram não ser possível devido ao alagamento.

 

598da90af12af_BoliviaPeruHenrique(459).jpg.cb1d6f83211bc128ee08e1e4b87b47d7.jpgFoto: Área de transição, um pouco de terra, um pouco de sal. É possível observar como não há estradas demarcadas e como os carros vão avançando por entre as poças d'água, que cada vez mais refletem o céu e não permitem que se tenha noção da sua profundidade.

 

Enquanto ainda estávamos todos embasbacados com aquele lugar chegamos ao hotel de sal, onde iríamos almoçar, haviam muitos carros de agência em volta do hotel (que é uma casa feita com blocos feitos de sal), eu imaginei que a agência fosse nos pagar um almoço no hotel, mas não é assim que funciona, o guia parou o carro onde achou melhor abriu a parte traseira e começou a preparar o nosso almoço, disse que poderíamos andar por ali durante cerca de meia hora e voltar para comer. Nessa meia hora foi possível sentir uma sensação de liberdade que nunca havia sentido na vida. É uma área plana a perder de vista, o chão é branco, de sal, com uma camada de água sobre ele, dependendo do ângulo que olha, chega a confundir o que é céu e o que terra, estava um dia ensolarado, com algumas nuvens no céu, céu e nuvens que eram refletidos pela água, juntamente com a claridade do sol, óculos escuros são indispensáveis nesse lugar. É muito claro.

Caminhei para longe, fiquei um tempo parado, só escutando o vento e admirando o visual, sentindo a paz e tranqüilidade daquele lugar, é fantástico, sensacional, sem dúvida um dos lugares que eu mais gostei de estar na minha vida. Tirei muitas fotos, fiz vídeos, tudo porque sabia que ia querer estar ali novamente e não sendo possível, tentaria reviver esses momentos através das recordações, claro que nem se compara, mas ajuda a reavivar as lembranças e as sensações que eu senti lá.

 

598da90ae3155_BoliviaPeruAlemao(69).jpg.0928fa3c5c1fb6cdcd620ae16a3cd7b6.jpgFoto: Agora sim, no meio do Salar, totalmente branco, lugar SENSACIONAL.

 

598da90b03173_BoliviaPeruHenrique(470).jpg.e010378463bdd49be060c67a8a7f9eb9.jpgFoto: sem palavras

 

598da90be2bd4_BoliviaJapones(67).jpg.2291e6535bbb8cdb55ade33eeaaaafe5.jpgFoto: Los caras de la piada

 

Depois de algum pouco tempo que tivemos, voltamos ao carro para almoçar, estávamos com fome e a comida era boa, arroz, salada de tomate e pepino e carne de lhama. Depois do rango o Gilmar nos deu mais um tempo para passear enquanto ele colocava as coisas em ordem, dessa vez eu fui em direção ao hotel de sal, vê-lo de perto. Primeiro fui até um tipo de ilha que tem perto dele, onde estão bandeiras de diferentes tamanho de vários países, bandeiras essas que são colocadas pelos turistas que passam por lá, por isso não há padrão, e como venta muito, é possível observar que as bandeiras mais destruídas, são as que estão lá a mais tempo. Ao redor do hotel de sal, existem algumas mesas e bancos, tudo construído de sal, além dos blocos que formam a construção do próprio hotel, não cheguei a entrar, havia muita gente e me contentei em dar a volta pelo lado de fora. É legal e vale a pena conhecer por ser diferente e uma das poucas construções da região, mas o legal mesmo é ficar em pontos isolados, onde não se consegue ouvir outro som que não o vento, observando aquela imensidão plana e branca e que em alguns momentos o céu e a terra se confundem, isso é sensacional.

 

598da90bea4ba_BoliviaJapones(75).jpg.21d363782e5e8de8f60fbe90b1c9db45.jpgFoto: A ilha das bandeiras, bem em frente ao Hotel de Sal, na foto, o Negão agachado e a Lígia com a pequena bandeira do Brasil que havia no local.

 

Todos de volta ao carro, hora de deixar o Salar, e dessa vez eu não faço idéia de quanto, mas rodamos muito, passamos o resto do dia rodando e parando de vez em quando para ir ao banheiro (modo de dizer), esticar as pernas, etc. Foi uma tarde cansativa mas prazerosa, dentro do carro, trocando idéia, dando risada, vendo a transição entre as diferentes paisagens que observamos aquele dia, saímos do deserto de sal, totalmente alagado, voltando na direção de Uyuni, saindo do sal, passamos por terras alagadas, e a quantidade de água no solo ia diminuindo a medida que avançávamos, até que chegamos a uma região desértica. Destaque para a trilha sonora da viagem, presente durante o toda a viagem com o Gilmar, deveriam ser umas 5 músicas de cumbia que se repetiam uma atrás da outra, vez após vez.

Já estava começando anoitecer quando chegamos onde iríamos dormir, era em um tipo de hostel num vilarejo de uma rua que aparentemente vive disso. Já havia muitos carros de agências que fazem passeios pela região por lá, todos 4x4, e consequentemente muitos turistas de várias partes do mundo, inclusive do Brasil. Depois de ver onde ficaríamos e colocar as nossas coisas no quarto, que era bem simples mas muito aconchegante, fomos orientados a ficar sentados nas mesas que eram tipo refeitórios coletivos, grandes mesas compridas com bancos dos dois lados e as pessoas ficam sentadas ao longo das mesmas. Como fomos os últimos a chegar, ficamos na ponta da última mesa, o pessoal já estava esperando a “cena” (jantar) a algum tempo e assim como nós estavam com fome. E como esse jantar demorou, e quanto mais o jantar demorava, mais as pessoas iam fazendo amizade, trocando experiências sobre as rotas que já haviam feito e quais fariam e o volume da conversa coletiva ia aumentando. Ali percebemos que alguns estavam fazendo a mesma rota que agente, ou seja, sair de Uyuni, passar 3 dias no deserto e voltar ao Uyuni, outros haviam saído do Uyuni iriam até San Pedro de Atacama no Chile e de lá seguiriam viagem e outros estavam vindo do Chile, percorrendo esta área e seguiriam viagem pela Bolívia. Perto da gente, havia um casal de brasileiros, de Santo André, que com mais algumas pessoas estavam vindo do Chile, me lembro também de um chileno, um holandês, argentinos (não há onde eles não estejam) e brasileiros. Nessas conversas, trocando experiências, descobrimos que a folha de coca deve ser cuspida depois de mascada, que se engolir ela tem efeitos laxantes, entre várias outras curiosidades. Quando a comida começou a chegar, no primeiro momento a euforia geral aumentou de uma vez, depois o barulho foi diminuindo a medida que a galera se ocupava se alimentando. Não lembro exatamente o que comemos, sei que primeiro veio sopa e depois mais alguma coisa, me lembro que havia pão e frango (pollo) como em todo lugar. Após o jantar e mais algumas risadas, gradativamente a galera foi se retirando a seus respectivos aposentos, a esmagadora maioria sem banho, que era pago e frio, e estava muito frio. Para nós que já estávamos conformados a só tomar banho em La Paz estava tranqüilo, afinal, aquele havia sido o apenas o primeiro dia sem banho.

 

598da90aeb29c_BoliviaPeruAlemao(104).jpg.6f8bfa0fa6d0cf437ee25b8a4aacc7fd.jpgFoto: A galera na mesa para a "cena"

 

 

 

07/01/2012

Resumo: Vale de Rocas, Entrada na Reserva Nacional Eduardo Avaroa, Laguna Colorada, Gêiseres, Piscina de Águas Termales, Laguna Verde e Laguna Blanca.

 

Acordamos bem cedo, como o Gilmar havia informado no dia anterior e logo após o desayuno tomado no próprio albergue onde pernoitamos, partimos. Ainda antes da partida, minutos antes, eu estava tentando lavar a minha bota que estava branca. Não só a minha todos os calçados de todas as pessoas, a água do salar havia secado e apenas o sal permaneceu sobre a superfície dos calçados, só com água e uma escovinha sem vergonha que eu consegui não resolveu muita coisa, só fui lavar mesmo a bota em La Paz, numa lavanderia. Também demos uma volta no vilarejo e subimos em um tipo de portal que havia na saída para tirar fotos, estava bastante frio.

Depois de um tempo rodando, mais uma vez percebemos a mudança de paisagem, saímos de uma área plana predominantemente de terra e areia e começamos entrar em uma região mais acidentada de grandes rochas, parecia uma floresta de pedra, local que chamam de Vale de Rocas, onde também fizemos uma parada para esticar as pernas e tirar fotos, lugar incrível, proporcionar vários visuais incríveis e possibilita tirar ótimas fotos. Me chamou muito a atenção a força do vento que corta aquele lugar e como as rochas são pouco desgastadas, das duas uma, ou são formações rochosas recentes, ou são de material muito sólido para estarem tão “inteiras” com aquelas constantes ventanias geladas.

 

598da92b64b52_BoliviaPeruHenrique(633).jpg.725c6b480e50c8b2c826e2f7f1ad7ab4.jpgFoto: El Vale de Rocas

 

Depois do Vale de Rocas, o que mais fizemos foi rodar por desertos, saímos da parte rochosa e voltamos a um deserto de terreno arenoso, contudo acidentado, sempre vendo picos nevados ao longe, até que chegamos ao Parque Eduardo Avaroa, que é uma área de preservação boliviana onde há um controle das pessoas que entram, também paga-se uma taxa para entrar. Pouco depois de entrarmos, chegamos a um dos pontos mais famosos do parque, a Laguna Colorada, repleta de flamingos com sua água avermelhada (colorada), lugar fantástico, onde se tem uma sensação de paz e de liberdade indescritíveis. Acredito que também seja um bom lugar para fotógrafos conseguirem boas fotos. A lagoa é cercada por montanhas e em suas margens o terreno é formado de pequenas pedras. Foi um dos poucos lugares de água (não poluída) que estive na minha vida e que não fiquei com vontade de entrar na água, nem necessidade de ir até a margem e molhar pelo menos a mão, fiquei contente e satisfeito em “apenas” poder estar ali e contemplar aquela maravilha.

 

598da92b575ac_BoliviaJapones(121).jpg.f1e07cc70240bea0254f2c629d287c13.jpgFoto: O japa me fotografou, em frente a Laguna, tentando a todo custo tirar uma foto que mostrar o máximo possível do que eu estava vendo lá, mas eu não consegui. É o tipo de lugar que só estando.

 

Dali, novamente ao carro, nem rodamos tanto e chegamos a mais um albergue, desta vez dentro do parque, mas não muito diferente do da noite anterior, paramos nesse albergue para almoçar, mas também passaríamos a noite lá. Teríamos a tarde para conhecer os outros pontos principais que ficam dentro da Reserva Eduardo Avaroa pois no outro dia, teríamos que voltar tudo o que havíamos rodado para voltar a Uyuni. Passamos a tarde passeando dentro da reserva, entre áreas planas e montanhosas, me lembro de termos passado por um ponto onde o Gilmar disse ser o mais alto do passeio, e que ali deveríamos estar a 5000 metros acima do nível do mar, vimos os gêiseres que são buracos no chão de onde saem gases e a parte que mais gostei e que mais marcou esse dia, chegamos a uma piscina de águas termales. É uma pequena piscina de água quente no meio do deserto montanhoso e gelado, em plena Cordilheira dos Andes, sem pestanejar, fomos logo tirando as roupas e entrando na água pois sabíamos que não teríamos muito tempo para ficar ali, como estava sendo em todas as paradas, havia mais pessoas por lá, também turistas e lá fomos nós. Percebemos que o Josias estava com muita vontade de entrar, mas titubeou um pouco, e isso foi o suficiente para a Ligia o convencesse a não fazê-lo, então, ficaram com o Gilmar e as nossas câmeras, tirando as fotos que temos de lá e esperando a nossa saída para prosseguir o passeio. De fato é algo muito relaxante, além marcante. Frio, vento forte e gelado, cercado por picos nevados e você na água quente, a céu aberto, é algo único. Enquanto estávamos na piscina o grupo que já estava quando chegamos saiu e chegaram outros grupos, me lembro que haviam argentinos e alemães. Me lembro do japonês tentando trocar idéia em inglês com os alemães e que os argentinos nos perguntaram a respeito de futebol, se gostávamos, para que time torcíamos e dizendo que Maradona havia sido melhor que o Pelé, tudo o que ele conseguiu foi nos fazer dar uma gargalhada coletiva na cara dele. Muito difícil foi sair da piscina, me lembro que o Gilmar tentou nos chamar algumas vezes para continuar o passeio, até que de fato saímos de lá, sempre pedíamos um pouco mais de tempo, dizíamos que dali não sairíamos, que ele poderia continuar o passeio e nos pegar na volta, etc. Quando saímos, ao levantar sem roupa e não poder voltar para a água, sair da água, secar-se e vestir-se eu confesso que senti um pouco de tontura, não sei se devido a variação de temperatura, ou pela correria de tentar fazer tudo isso muito rápido, ou se pela corrida da água até o local onde fui me vestir. Novamente a postos, de volta a 4x4. Não chegou a ser um banho, mas foi o mais próximo que tivemos durante esse passeio.

 

598da92b69e4e_BoliviaPeruHenrique(722).jpg.7900e8b8ea9a9de5f507fc106e87af74.jpgFoto: Piscina de águas termales em meio aos picos nevados da Cordilheira dos Andes.

 

Depois ainda fomos conhecer outras duas lagunas famosíssimas, a Laguna Verde e a Laguna Blanca, que realmente são verde e branca respectivamente e estão muito próximas, separadas a penas por uma pequena faixa de terra. Saímos do carro para tirar fotos e caminhar um pouco pelo local e estava muito frio e ventando pra caramba. O carro nos deixa num ponto mais alto de onde é possível ver as duas Lagunas. Gilmar ainda nos contou que aquela “montanha” cuja Laguna Verde estava aos pés era na realidade um vulcão e que do outro lado dele já era o Chile, e que devíamos estar a uns 10km da fronteira. Não consigo transformar em palavras o que senti lá, posso dizer que é muito bom e que tudo aquilo estava valendo muito a pena. Dada hora de partir, tivemos que nos despedir daquelas visões que já deixavam saudades, sabendo que por mais que tentássemos, as fotos não conseguiriam traduzir 100% das sensações, mas que com certeza ajudariam a reavivar as lembranças.

 

598da92b5f374_BoliviaPeruAlemao(156).jpg.cb33240c3b65f2097120e7f69db7b04b.jpgFoto: Laguna Verde, do lado de lá o Vulcão Licancabur e o Chile.

 

De volta ao carro, retornamos ao albergue, quando chegamos já estava anoitecendo e com certeza aquela foi uma das noites mais frias de toda a viagem, mas também a que mais permitiu curtir o céu limpo e estrelado, talvez por estarmos no céu, ou bem próximos a ele a quase 5000 metros acima do nível do mar. Nesse albergue as mesas eram separadas e acabamos ficando mais restritos ao nosso grupo, até chegamos a trocar idéias com pessoas diferentes mas nada nem perto da “festa” da noite passada.

 

 

 

08/01/2012

Resumo: Deserto de Dali, Arbol de Piedra, Lagunas Honda, Hedionda e outras, saída do Eduardo Avaroa, pueblito San Cristobal, de volta a Uyuni.

 

Todo mundo acordado e preparado, desayuno no albergue e pé na estrada, nesse dia sabíamos que teríamos que retornar a Uyuni e portanto tínhamos consciência de que isso implicaria rodar muitos quilômetros, pouco sair do albergue, fomos saindo da região montanhosa e entramos em mais uma grande área plana, de solo arenoso, cercado por montanhas com cumes nevados ao longe, Gilmar nos disse que aquele era o Deserto de Dali, e fizemos nossa parada na Arbol de Piedra, que é uma rocha grande, de certa forma isolada das outras rochas, no meio do deserto, esculpida pelo vento que tem o formato de árvore, quando chegamos não havia ninguém por lá, então estávamos só nós, naquela imensidão, sem qualquer outro barulho que não o do vento observando aquela escultura da natureza. Começaram a chegar mais carros (coches) e nós ainda demos uma volta, fomos até uma parte próxima onde há outras rochas e voltamos, não demoramos muito tempo, um fato marcante foi um grupo que chegou com uma violoncelista, que posicionou-se embaixo da Arbol de Piedra e começou tocar, bem legal.

 

598da92b6ea9a_BoliviaPeruHenrique(801).jpg.d38613f1b46cd30f13bf0c541a1f06e5.jpgFoto: Arbol de Piedra e a violoncelista que chegou e pôs-se a tocar.

 

Ficamos lá por volta de meia hora, de volta ao carro, ainda passamos pela região onde estão as Lagunas Honda e Hedionda, outra região belíssima e de paisagens únicas, uma ressalva, a Laguna Hedionda cheira muito mal. Apenas de passagem e com breves paradas para fotos, agora era hora de realmente rodar para valer, e assim foi, pudemos observar diferentes paisagens e as áreas de transição entre elas e como em todo o passeio, pudemos ver llamas, vicuñas e biscatias, este último muito parecido com coelhos e que sempre víamos em regiões montanho-pedregosas.

 

598da92b774c6_BoliviaPeruHenrique(823).jpg.358d9ba9d87b30363b72295e0ff31bda.jpgFoto: Laguna Honda

 

598da92b8d29f_BoliviaJapones(161).jpg.c271665eaaec8215a5f8d67d2578e2e0.jpgFoto: Destaque para os Flamingos

 

598da92b86050_BoliviaPeruHenrique(837).jpg.0fd451a24ce6f39b36781eff4a8f2b75.jpgFoto: O que eu acho ser um campinho de futebol (para jogar golzinho) próximo a uma casa as margens da Laguna Hedionda.

 

Dessa vez só paramos para almoçar, e mais uma vez o almoço foi como o do primeiro dia do passeio no Salar, o Gilmar parou o carro e nos deixou passeando enquanto preparava o almoço, lembro-me que era uma área montanhosa, com um vale e que duas crianças se aproximaram da gente, certamente moravam na região, provavelmente única casinha que conseguíamos enxergar de onde estavamos e costumavam brincar por ali, aproximaram-se devagar e bem juntas, conversaram conosco mas o que queriam mesmo era comida. Comeram com agente e se acabaram com um pouco de iogurte e as maçãs que ganharam.

 

598da92b94ccb_BoliviaPeruAlemao(193).jpg.a53d5921c60dda0826ea882dda94edab.jpgFoto: Durante a parada para o almoço

 

De volta ao carro, e a trilha sonora de 5 músicas do grupo de cumbia preferido do Gilmar, voltamos a viagem para o que na minha opinião foi o trecho mais cansativo de todos, rodamos muito, até a parada em um vilarejo chamado San Cristobal, onde parecíamos ETs quando chegamos, não havia pessoa na rua que não parasse o que estivesse fazendo para ficar nos olhando. Fomos ao banheiro, compramos guloseimas para beliscar enquanto o Gilmar foi até o correio. Mais uma vez, de volta ao carro e que eu me lembre, só paramos em Uyuni. Nos despedimos do Gilmar, da Ligia e do Josias, agradecemos pela companhia durante aqueles três dias que com certeza serão lembrados pelos restos de nossas vidas e seguimos a vida, cada um para o seu lado.

Na agência, pegamos nossas mochilas de volta, devolvemos os sacos de dormir que não utilizamos e fomos comprar nossas passagens para La Paz. Não sei se porque era domingo, se bem que nem sabíamos que dia da semana era, acabei de pegar o calendário para ver que dia caiu o dia 08/01/2012, constatei e descobri que provavelmente por isso tudo em Uyuni estava fechado naquele dia, comemos alguma coisa, vimos uma chuva começar e terminar e encontramos (novamente) o baiano, tudo isso enquanto esperávamos o horário do ônibus para La Paz. Ainda não havia comentado sobre esse personagem da viagem, mas a essa altura a presença dele foi fundamental para o resto da viagem. O baiano (não sei o nome dele, o chamamos de baiano o tempo todo e ele nos chamava de paulista) é um baiano de Salvador que conhecemos em Potosí, um cara cheio de convicções fortes e que estava terminando sua viagem, enquanto nós ainda não estávamos na metade da nossa. Cara muito gente boa, que nos deu várias dicas, algumas boas outras não, algumas coisas nós fizemos conforme ele disse outras não, até porque, em muitos dos lugares que ainda estaríamos ele já estivera e nós não fazíamos idéia do que encontraríamos por lá.

 

598da92b9eb29_BoliviaPeruAlemao(203).jpg.afd11595718136023a172fc97ff07c1a.jpgFoto: O baiano e os 4 paulistas, esperando pelo ônibus que nos levaria à La Paz, num frio da peiga

 

Para ajudar, o baiano foi no mesmo ônibus que agente para La Paz e em uma poltrona muito próxima, ele havia ido fazer o passeio de três dias pelo Salar e desertos sozinho, enquanto a irmã e um casal de amigos (que estavam com ele em Potosí) foram para outro lado, eles iriam se encontrar em La Paz, de onde voltariam para casa. Tanto que eu ainda não mencionei no relato, mas encontrei o baiano nas proximidades do hotel de sal, no Salar, enquanto caminhava sozinho, ainda tiramos fotos um do outro (ele tirou de mim com a minha câmera e eu tirei dele com a sua câmera), antes de seguirmos. O baiano já havia ido ao Peru, Cuzco e Machu Picchu e desceu para a Bolívia, passando por vários lugares que ainda passaríamos, ou pretendíamos passar, mas foi do Peru, principalmente da cidade de Cuzco, ingressos para Machu Picchu e Huaynapicchu que pegamos as principais dicas e que nos ajudou bastante lá.

Já estava escuro, quando o ônibus iniciou o embarque dos passageiros, escuro, muito frio, ventando e chuviscando e com certeza, esse foi o trajeto mais longo e cansativa da viagem, pelo menos para mim. A viagem tinha previsão de 12-13 horas de duração.

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[t3]LA PAZ[/t3]

 

09/01/2012

Resumo: Chegada a La Paz, Plaza e Iglesia San Francisco, Avenidas 16 de Julio e 6 de Agosto e começo da convivência com a cidade.

 

A viagem de ônibus de Uyuni a La Paz atrasou, não sei dizer exatamente porque mas demorou mais de 17 horas, a noite foi muito mal dormida (pelo menos para mim) apesar do ônibus oferecer relativo conforto. Era um ônibus de 2 andares e nós fomos no de cima, pouco vimos da viagem porque foi a noite e o tempo não estava bom, mas de certa forma foi melhor não ver, em alguns momentos percebíamos que o ônibus estava em estradas que pareciam menores que a sua largura, sendo que de um lado um paredão vertical e do outro desfiladeiro, são as famosas estradas bolivianas.

A partir do momento que achamos que estava chegando, a viagem ainda demorou mais de três horas, afinal, não conhecíamos e portanto não sabíamos como era e onde era La Paz, e quando começamos a ver maiores aglomerações de pessoas ao longo da rodovia pensamos estar chegando, mas na verdade aquela era só o começo da cidade de El Alto, cidade vizinha a La Paz, no alto da Cordilheira, onde fica o aeroporto, que tem um transito horrível e isso contribuiu ainda mais para atrasar a nossa chegada. Para nós tudo bem, afinal, não tínhamos programação ou compromissos, mas o baiano já começava a ficar preocupado pois tinha combinado de encontrar-se com a irmã, e naquele mesmo dia pegariam o avião de volta para o Brasil. Outro comentário, é registrar a sensação que eu senti quando passamos perto do aeroporto El Alto, me senti como se estivesse na Avenida Kennedy na Praia Grande, passando pelo Campo de Aviação. Nada a ver, depois conhecemos o aeroporto e até que era legal, mas foi a impressão que eu tive na hora.

Terminamos de atravessar El Alto e agora sim estávamos entrando na cidade de La Paz, a primeira capital de um país que eu estive na minha vida. A vista que se tem é impressionante, você no alto de uma serra, prestes a descê-la, vendo aquela cidade imensa, as primeiras impressões que se tem é de que tudo aquilo é uma enorme favela, pois são montanhas, repletas de casas sem acabamento, na lajota mesmo, sem reboque, segundo dizem, isso deve-se ao fato de que as construções acabadas pagam mais impostos. Mas basta começar a entrar na cidade para perceber que não é favela, são casas grandes, sobrados inclusive, só não são rebocados e pintados.

 

598da933b3852_BoliviaPeruHenrique(1112).jpg.f89f27fe9a10529f40f7013841e5e6f2.jpgFoto: A primeira impressão de La Paz, ainda chegando.

 

Enfim, desembarcamos em La Paz, algumas das nossas mochilas estavam sujas de terra seca, de um jeito que é possível notar que na verdade a mochila caiu no barro, que secou e se tornou aquela terra, e a minha mochila era uma delas, disseram que durante a viagem elas haviam caído na parada em Oruro quando foram desembarcar algumas pessoas, na hora eu não fiquei contente, mas depois agradeci por terem devolvido a mochila ao maleiro do busão.

Saindo da rodoviária, que fica bem no começo de La Paz (vindo de El Alto) o baiano estava muito apressado para chegar ao hostel, onde havia combinado de se encontrar com a irmã e como já estava atrasado fomos de táxi. O centro de La Paz é em declive, então a dica do baiano é, desça a pé e suba de táxi ou ônibus, o que até é justificável para quando se tem pressa, muito cansaço ou não se quer andar, até porque o táxi é barato. Ele já vinha nos contando sobre o hostel a bastante tempo, dizendo que era o melhor custo benefício, muito bem localizado, barato, e aquilo, e aquilo outro. Chegando ao hostel, El Solário, que fica na calle Murillo, atrás da Igreja de São Francisco, muito próximo ao Mercadão e a avenida principal, embora ainda não soubéssemos o quão bem localizado estava mas percebemos que de fato o baiano havia estado ali a pouco tempo pois conhecia várias pessoas que ainda estavam por lá, me lembro que ele nos apresentou um israelita e comentou sobre os costumes de um grupo de japoneses. Fomos ver um quarto e acabamos ficando com um que tinha quatro camas, exatamente a quantidade que precisávamos e que era ainda mais barato que os outros por ser um quarto de uso compartilhado, mas como tínhamos o numero necessário para encher o quarto, acabamos ficando como se fosse privado (como eles dizem), a única desvantagem é que era no piso térreo e de frente para a área comum onde as pessoas comem, mas para nós isso não foi problema nenhum. Ficamos com o quarto enquanto isso, o baiano que estava procurando a irmã resolveu ir para o aeroporto tentar encontrá-la lá, pois estava se aproximando a hora do vôo.

 

598da9339a3d7_BoliviaPeruAlemao(220).jpg.45a54f1e983c3c1a13b69828a9dfe2a8.jpgFoto: Fachada do Hostel El Solario, na movimentada e estreita Calle Murillo.

 

598da933b934d_BoliviaPeruHenrique(1121).jpg.cca7c3e567cafbb62f70c2563a5326f5.jpgFoto: Uma panorâmica do nosso quarto, simples, compartido mas que por estarmos em 4 acabou ficando privativo.

 

Nos despedimos e ele pegou um táxi para o aeroporto, foi a última vez que o vimos e depois disso não tivemos mais noticias. Ficamos com várias dicas para o restante da viagem.

Foi aí, que finalmente fomos tomar os banhos mais necessários e esperados da viagem em La Paz, agente, o baiano provavelmente foi até Salvador com o sal do Uyuni nos pés e a poeira dos desertos na testa. Depois que todos estavam de banho tomado, as barrigas estavam nas costas de tanta fome e saímos para comer. Japonês e o Alemão acertaram que iriam atrás de lanches, Subway, Mcdonalds e coisas assim, coisas da cidade grande, Negão e eu arriscamos um restaurante local, na própria calle Murillo, era um restaurante simples que ficava no 1º andar de uma construção, então tivemos que entrar e subir um lance de escadas, além do mais, estava vazio, provavelmente devido ao horário, já era tarde, por volta de 4 horas e portanto passado bastante da hora do almuerzo. Pagamos a bagatela de 15 bolivianos cada por um prato servido que tinha arroz, saladas, ovo frito e um bifão, marotissimo.

 

Foto do prato

Foto: Não curto muito foto de pratos mas aqui vale uma, ainda não a coloquei porque emprestei minha mídia com as fotos do Negão, que era quem estava com a câmera nessa hora e tirou a foto, ao Alemão. Mas quando a receber de volta, colocarei a foto.

 

Satisfeito fomos para a rua, procurar os dois no Subway e andar. Não me lembro como, mas os encontramos naquela cidade gigante e nesse resto de dia, apenas caminhamos pela avenida principal, conhecendo La Paz, avenidas 16 de Julho e 6 de Agosto (coincidentemente meu aniversário, que é o dia da independência da Bolivia). Andamos voltamos ao hostel, nesse final de tarde e noite ficamos lá e fomos dormir cedo (balada de los sueños) afinal a noite anterior havia sido bem complicada.

 

598da933a1032_BoliviaPeruAlemao(222).jpg.0aa4f9d70a4e99f894cd7a312f0ed7f6.jpgFoto: Negão e eu no canteiro central na Avenida 16 de Julio. La Paz like an european city.

 

 

 

10/01/2012

Resumo: “tipo” de Mercado Municipal de La Paz, Plaza Murillo, Centro de La Paz, Via Balcón, Parque Urbano Central, outro “Mercadão”, Vale de la Luna, reencontro com os mineiros.

 

Dormimos até a hora que tivemos vontade, o que não foi até muito tarde, pois fomos dormir cedo na noite anterior. E ainda meio sem saber o que fazer, saímos pela cidade e bem perto do hostel, na Plaza Mayor, em frente a Iglesia de San Francisco, chegamos ao Mercadão, que é um local muito interessante e peculiar na cidade de La Paz. Nas ruas próximas, já haviam pessoas vendendo alimentos, inclusive pães e uma grande variedade de diferentes coisas, em cestos, ou até mesmo em sacos que ficavam no chão, com gente andando em volta, e até cachorros. No Mercadão, que é formado por galerias em rampas, com vários níveis, a maioria dos comércios estavam fechados, e andando pelas galerias, percebemos que só estavam abertos justamente os que nos interessava, aqueles que servem desayuno, inclusive, como estava pouco movimentado éramos muito disputados pelas senhoras cozinheiras, todas nos chamando para seu “stand” (digamos assim). Nesses stands é possível tomar ótimos cafés da manhã a preços justíssimos, em todos eles há variedade de pães e você escolhe o que quer no seu lanche, não há cardápios com as opções de lanches, é você quem diz. E para beber há leite, café, chocolate, cocoa (tipo de achocolatado bem menos doce) mate-coca (chá de coca), alguns outros chás (mates) e refrigerantes, sim, alguns de nós tiveram a pachorra de tomar coca-cola no café da manhã. Achamos aquilo sensacional, tanto que a partir de então, todos os nossos dias em La Paz tiveram desayuno no Mercadão, cada dia em uma barraca diferente. Me lembro que geralmente o café era um lanche com pão do tipo tarraqueta (não lembro os nomes dos outros), com queso (queijo), huevo (ovo) y tomate. Mantequilla (manteiga) e jamón (presunto) também são ingredientes comuns. E tomava um leche (leite) con cocoa, lembrando que é necessário especificar que deseja o cocoa com leite, pois senão elas misturam na água quente e servem, eu cheguei a tomar, e não gostei muito.

 

598da933bf9b0_BoliviaPeruHenrique(853).jpg.ca9109eac7ea4145d10f83d38cc6ecfd.jpgFoto: Durante um desayuno no Mercadão. Como os stands são apertados as fotos do stand não ficaram boas, então, estou colocando uma da gente sentado tomando o café. Reparem que o alemão tirando a foto e que que pedi estamos olhando para a camera, o Japa e o Negão estão fissurados na telenovela que tava passando na TV da tia.

 

Vou aproveitar essa parte para relatar dois fatos interessantes que aconteceram durante nossos desayunos no Mercadão, como não me lembro exatamente quais dias aconteceram, vou aproveitar esse trecho para relatar tudo o que tenho a dizer de lá:

Nos quiosques, você entra, senta em uma mesa enquanto a senhora prepara os pedidos e como os quiosques são pequenos, no que nós 4 entrássemos já não caberia mais ninguém. Então estávamos sentados esperando a senhora preparar os lanches e em uma pequena televisão estava passando novela, sim, as 7h da manhã passando novela na TV e conversando sobre TV e a programação, eu perguntei sobre o Chaves (El Chavo), se na Bolívia era tão popular quanto no Brasil, e que eu era um grande fã do programa, imediatamente a senhora abriu um sorriso, disse que sim, que os bolivianos gostavam muito e em seguida mudou para o canal que detém os direitos de transmissão no país. E não é que estava passando, não exatamente o Chaves, mas um dos programas do Chespirito que não chegaram a passar no Brasil, logo que acabou o episódio começou um do Chapolin, mas já estávamos saindo.

O segundo fato curioso, foi uma vez que a senhora entregou o lanche que o alemão havia solicitado e ele apenas perguntou se ela havia colocado mantequilla (manteiga), a senhora o olhou com uma cara de duvida, colocou o prato sobre a mesa e foi desmontando o lanche e mostrando cada um dos ingredientes. “Si, hay mantequilla, mira...” (enquanto isso abriu o pão e foi passando os ingredientes de um lado para o outro do lanche e falando cada um a medida que os pegava com a mão nua, o que é extramente normal lá, e passando para o outro pão) “... Queso, huevo, jamón y mantequilla” (sendo que nesse ultimo ela colocou o dedo sobre o pão onde a manteiga estava passada) montou o lanche novamente e o entregou ao alemão, nos olhamos, rimos e ele mandou ver no sanduba.

Saindo do mercadão, ainda meio perdidos, sem saber o que fazer, nem para onde ir, nem bem o que havia em La Paz para se ver e fazer atravessamos uma passarela e fomos para o outro lado da avenida principal, chegamos a uma parte que remete muito a um centro histórico, com ruas só para pedestres, (calçadões no Brasil) e muitos comércios populares, além do que, havia grande movimentação de pessoas que estavam indo para o trabalho. Andando por ali, chegamos a uma grande praça, onde havia um grande prédio do governo, inclusive, dava a impressão que quase todos os prédios no entorno daquela praça eram do governo. Passamos pelo shopping, e voltamos à avenida principal, entramos em uma agência e compramos nossas passagens de volta para o Brasil, partindo de La Paz, dia 19/01 com destino a São Paulo, sendo que faríamos uma escala de 12 horas em Santa Cruz de La Sierra, então a partir dali, sabíamos que dia 19 teríamos que estar em La Paz para retornar ao Brasil, até onde iríamos e como voltaríamos isso nós ainda não sabíamos.

 

598da933a7b13_BoliviaPeruAlemao(225).jpg.192268ef9e62d980907fb5599ac85125.jpgFoto curiosa: Um cachorro no último banco de um busão circular, com a cara na janela.

 

598da933c5c4b_BoliviaPeruHenrique(892).jpg.bfc9a510c54fe9b18d16465a0b307977.jpgFoto: Dentro da agência onde compramos as passagens. Lá também funcionava como casa de câmbio. Detalhe para o segurança de fuzil.

 

Continuamos descendo pela principal, Avenida 16 de Julio, ora pelas calçadas laterais, ora pelo passeio central, que tem canteiros e monumentos, é bem bonito, sem falar na impressão que se tem de estar cercado por favelas, pois a avenida fica em uma espécie de vale, rodeada por montanhas repletas de casas sem acabamento. Estávamos tentando ir até o Mirador, que aparecia no mapa que pegamos no hostel, passamos por uma parte do Parque Urbano Central, e chegamos a Via Balcón, que são passarelas que avançam sobre uma área mais baixa da cidade, essas passarelas proporcionam boas vistas de La Paz, inclusive do Teatro al aire libre, algumas quadras, campos menores e um campo maior, a Cancha Zapata, além de uma série de prédios novos, muito grandes e bonitos. Ao final da Via Balcón chegamos a uma escadaria que terminava em grandes portões que davam acesso para o que parecia ser um teleférico, mas estava fechado. Dessas escadarias era possível ver parte da arquibancada do Estádio Olímpico Hernando Siles, que fica no bairro de Miraflores, um dos mais nobres de La Paz. Teríamos ido no teleférico, imagina, um teleférico em plena Cordilheira dos Andes, dah hora. Mas como estava fechado e demoraria para abrir não nos restou outra opção senão voltar, voltamos pelas passarelas e chegamos ao parque, onde fizemos pequenas paradas para comprar água, sentar um pouco e observar o movimento, a galera já começava a sentir fome, sem falar que estávamos a mais de 3500 metros acima do nível do mar.

 

598da933cb657_BoliviaPeruHenrique(906).jpg.20a50be3107bd370ad2f22d69212490b.jpgFoto: Panorâmica da vista que se tem estando na Via Balcón.

 

Depois da breve parada, voltando para o centro, começamos a caminhar sem rumo, descobrindo, ruas, ruelas e vielas achamos outra área de comércio popular, uma espécie de galeria, onde se vendia de tudo, roupas, livros, eletrônicos e muitas tranqueiras, nessa galeria, avistamos uma que estava cheia de gente, era um estande que vendia comida, no cartaz dizia “Tucumanas especiales”, havia de carne, pollo (frango) e mistas, mas o que seriam tucumanas, ficamos um tempo observando e vimos que eram como se fossem pequenos pastéis que o pessoal comia puro, com ketchup, mostarda e uma série de outros molhos e complementos que a tienda disponibilizava. Resolvemos comer também, e as tucumanas foram o nosso almoço naquele dia.

 

598da933d17f0_BoliviaPeruHenrique(930).jpg.8a07b991e6576638fb990111e8e36930.jpgFoto: Barraca de tucumanas e o cartaz com os preços e sabores disponíveis.

 

598da933d691f_BoliviaPeruHenrique(927).jpg.a7c4de2a9553e3193ab87ee4c5648a17.jpgFoto: Na barraca de Tucumanas, o alemão já devorando uma das suas, enquanto o Japa escolhia entre Carne, Pollo, Mixta ou Carque

 

Saindo de lá, terminamos de conhecer as galerias e de volta a avenida principal, que a essa altura já era a Avenida 6 de Agosto (continuação da 16 de Julio) nos informamos e decidimos aproveitar aquela tarde para fazer um dos passeios oferecidos pelas agências em La Paz, o Vale de la Luna. Pegamos um van que nos indicaram que iria para lá em um ponto de ônibus, o Japonês não estava muito bem e sentindo-se muito cansado resolveu voltar para o hostel, então fomos apenas os três. Pegamos a van e pedimos ao cara responsável por abrir e fechar a porta que nos avisasse quando estivéssemos cerca (perto) do Vale de la Luna para descermos da van, o passeio até lá foi mais legal do que conhecer o Vale em si. O mais legal foi correr atrás de informação, pegar uma van, sair do centro, conhecer outra região da cidade, bem diferente diga-se de passagem, parece ser área nobre, com relevo bastante acidentado mas boa infraestrutura, passamos por algumas obras grandes que estavam acontecendo na cidade e descemos da van no local que nos indicaram. Fomos até a entrada do Vale, é necessário pagar a entrada. Vale conhecer, mas se estiver com pouco tempo ou dúvida entre esse ou outros passeios, faça os outros, o Vale de la Luna são trilhas, com muitas subidas e descidas em um terreno que dizem parecer com a superfície da Lua, mas nada demais, andamos um pouco, tiramos fotos, mas na minha opinião o ponto mais interessante, foi quando já havíamos visto quase todas as trilhas e subimos em um tipo de cabana que fica em um ponto mais alto para descansar um pouco, o Sol estava muito forte esse dia, ficamos um tempo lá sentados, trocando idéia e chegou um trio de alemães (originais, não como o nosso) de Dortmund, não me lembro sobre o que falamos mas o papo foi legal.

 

598da933db70d_BoliviaPeruHenrique(959).jpg.5d9389940977ef8a138267b80ba87cf7.jpgFoto: Vale de la Luna, acho que essa foi a melhor foto que tiramos lá, o alemão se aproximando de um abismo para fotografar uma flor entre os cactos e o negão fingindo que o chutaria para o abismo. Na foto também é possível perceber as formações rochosas que são o Vale de La Luna. Existem vários pontos com diferentes alturas e formatos, digamos "mais interessantes" que as da foto, mas não foge dessa superfície.

 

Depois, terminamos de conhecer os poucos metros de trilha que faltava e fomos embora, novamente para as vans e voltamos ao centro de La Paz, nessa van, só estávamos nós três e duas argentinas (uma delas com a camisa da Argentina) que também tinham ido conhecer o Vale de la Luna, acabamos conversando e fazendo amizade. De volta ao centro de La Paz, Alemão e o Negão fecharam de ir comer lanche, afinal a sensação de saciedade proporcionada pelas tucumanas já havia passado, eu ainda não estava com fome e pretendia ir à missa, na Iglesia de San Francisco e por isso fui para lá, pois eu achava que havia visto que começaria as 17h e já faltava pouco. Chegando lá, constatei que só começaria as 18h e então resolvi ficar por ali mesmo, bem tranqüilo, observando a praça e o movimento, dei uma volta, sentei na escadaria, subi no último andar do mercadão e fiquei apenas observando o dia-a-dia dos bolivianos, muitas pessoas voltando do trabalho para casa, alguns pais com crianças brincando em uma tarde muito agradável, por volta das 17h30, eu tive uma estranha sensação de estar sendo observado, não aconteceu nada, foi apenas uma sensação, talvez por eu estar sozinho, talvez por ser turista (e não tem como não parecer) e todos te olharem mesmo, e eu achei melhor não ficar mais ali, lembrei-me que havíamos deixado algumas roupas em uma lavanderia de manhã, eu só havia deixado a minha bota pois estava toda branca, de sal do Salar do Uyuni e fui até lá, mas nossas coisas ainda não haviam sido liberadas.

 

598da933ae504_BoliviaPeruAlemao(218).jpg.57e7e7cb8bd77cfae2bd8d8beee4c051.jpgFoto: Iglesia de San Francisco

 

Voltei a igreja e assisti a missa, obviamente em espanhol, celebrada por um padre que não parecia boliviano, era branco, de cabelos grisalhos e compridos, com barba igualmente grande, parecia um profeta, e na hora eu achei que fosse argentino, mas o que mais chamava a atenção era a grandiosidade e beleza da parte interna da igreja, não tirei foto porque era proibido, inclusive, durante a celebração o padre deu algumas broncas por ter visto flashs. Muitas pessoas, principalmente turistas, aproveitam a hora da missa para entrar e conhecer a igreja por dentro pois ela não fica aberta durante o dia todo. Saindo de lá, voltei para o hostel e encontrei o Japonês, que já estava bem melhor, descansou bastante durante o dia, estava conversando com “os mineiros” Paulo e Ranieri, que conhecemos no Uyuni. Eles estavam trocando idéias sobre o que eles haviam feito na viagem desde então e quais eram seus próximos passos, e nós também. Os mineiros nos chamaram para ir ao hostel onde estavam, que era bem perto do nosso e havia uma espécie de pátio central, com um bar e ali ficamos bebericando, beliscando e conversando. Com o cair da noite a temperatura baixou vertiginosamente, eu já estava todo gelado, quando resolvi ir ao nosso hostel tomar um banho quente e me agasalhar melhor, quando já estava quase voltando os caras chegarão, o Alemão e o Negão, disseram que haviam encontrado um pessoal que conhecemos no albergue durante uma das noites no passeio dos desertos e foram até o hostel deles, estava tendo festa e aí foram ficando. Os levei comigo ao hostel dos mineiros e fechamos a noite conversando. Nessa conversa os mineiros nos disseram iriam fazer o downhill de bike em La Paz, conhecer o Chacaltaya e que com a mesma agencia haviam fechado o translado até Puno, sendo que passariam por Copacabana e dormiriam uma noite em Isla del Sol, na hora parecia que compensava muito, tanto que saímos decididos a fechar o mesmo translado. A essa altura já tínhamos mais ou menos um planejamento de datas, pois tínhamos um dia para ir embora, decidimos ficar mais um dia em La Paz e no outro ir para Copacabana e Isla del Sol, de lá iríamos para Puno, depois Cuzco e Machu Picchu, de Cuzco voltaríamos para La Paz, para dia 19 iniciar a volta.

Como só teríamos mais um dia em La Paz a nossa dúvida era se iríamos ao Chacaltaya, que é uma grande montanha da região ou se iríamos ao Tiahuanaco, uma área arqueológica de ruínas de uma civilização mais antiga do que os próprios Incas, como havíamos passado três dias nos desertos, entre montanhas e por várias pessoas nos terem dito que não compensaria ir ao Chacaltaya pois já não havia mais neve devido ao aquecimento global, decidimos pela segunda opção. E de certa forma depois acabamos nos arrependendo pois mais para a frente encontramos os mineiros que foram no dia seguinte ao Chacaltaya e nos contaram coisas que agradaram, que gostaríamos de ter visto, além de dizer que havia neve sim e que eles entraram em contato direto com ela, além da galera não ter curtido muito o Tiahuanaco, eu gostei, nunca tinha ido em um sitio arqueológico antes então não sabia o que esperar, outro fator é que não contratamos guia e não sabíamos nada a respeito das ruínas e isso contribui para que você não aproveite o passeio, afinal, ruínas como o próprio nome já diz, são coisas velhas e estragadas que não tem como achar interessante sem saber nada a respeito do passado. Mas essas são impressões que eu procurarei relatar mais detalhadamente no relato do próximo dia, quando fomos ao Tiahuanaco.

 

 

 

11/01/2012

Resumo: Tiahuanaco Sitio Arqueologico de Kalassasaya, Sitio Arqueologico de Pumapunku, Museu Litico e Museu de Cera. Primeiro fomos no Sitio Arqueologico de Kalassasaya

 

Acordamos decididos a ir a Tiahuanaco nesse dia, mas antes fomos ao mercadão para o desayuno e depois subimos para a Avenida Illampu onde era a agência de passeios que os mineiros haviam fechado o pacote até Puno para fazer o mesmo, achamos que compensaria e que seria um bom negócio. Por capricho do destino não fechamos, ficamos esperando na porta da agência até mais de 9h da manhã e a agência não abriu, e aí partimos para Tiahuanaco, achamos que estava ficando muito tarde. Queríamos fechar esse trecho de manhã com a intenção de partir no dia seguinte, mas com essa impossibilidade, deixamos para tentar fazê-lo a tarde, quando chegássemos do passeio, acontece que durante o passeio conversando, mudamos de opinião e achamos que seria “mais legal” ir na raça, por conta própria e de certa forma foi e ainda economizamos um pouco, mas por outro lado, se tivéssemos fechado com a agência, teríamos evitado os grandes transtornos que passamos em Copacabana, para sair e chegar até Puno. E tudo isso eu pretendo relatar quando chegar o momento.

 

598da93c6f0c6_BoliviaPeruHenrique(992).jpg.0e5103329a00867330518118e2949276.jpgFoto: Sentados na porta da agência, esperando abrir, como o Chaves quando o Seu Madruga o convidou para dejejuar.

 

Saindo da agência sem fechar o passeio, subimos (literalmente) para uma praça que funciona como terminal rodoviário, de lá saem ônibus para muitos lugares e pegamos uma van para ir a Tiahuanaco, não preciso dizer que saí bem mais barato ir de van e comprar a entrada na porta do que fechar com agência, talvez compense se o pacote da agência oferecer guia, o que poderia ter tornado o nosso passeio bem mais interessante, ou no mínimo menos tedioso. Pegamos uma van, que rodou bastante até chegar lá, e a viagem foi bem divertida, fizemos amizades e fomos a maior parte do caminho cantando, o legal é que a maioria dos outros turistas que lá estavam conheciam as musicas brasileiras que puxávamos, não importando o ritmo, principalmente argentinos e aí teve de tudo. Os pontos altos foram quando percebemos que lá na frente da van (nós estávamos no fundo) havia um casal de brasileiros (e só eles além de nós eram brazucas por ali) morrendo de vergonha alheia, por nós, mas não estávamos nem aí, a galera veio no embalo e nós matamos um pouco de saudade da nossa música e ainda pudemos observar o quanto a musica brasileira é conhecida no exterior, isso sem dizer que estávamos no auge do sucesso de “Ai se eu te pego”. Outra fato marcante foi uma senhora dizendo para um grupo de argentinas (não me lembro exatamente quantas) que já estavam cantando e 'dançando' junto com agente e os outros tripulantes da van para que não fossem na nossa conversa, pois estaríamos mal intencionados para com as mesmas. A principio não entendemos o que ela havia dito, e quando entendemos, rimos muito. A bagunça foi diminuindo, afinal, já estávamos cansando, até que chegamos. Compramos nossos ingressos por B$ 80 (oitenta bolivianos) cada, era o preço para estrangeiros, com direito a entrada nos 4 diferentes setores que compõe as ruínas de Tiahuanaco Sitio Arqueologico de Kalassasaya, Sitio Arqueologico de Pumapunku, Museu Litico e Museu de Cera.

 

598da93c7fb7d_BoliviaPeruHenrique(1000).jpg.d8641ddce74899f70df41e3a7e3fd56a.jpgFoto: O ingresso para Tiahuanaco, que ia sendo perfurado a medida que entravamos em cada um dos setores.

 

Primeiro fomos no Sitio Arqueologico de Kalassasaya, que é o que tem a maior área e talvez o que apresente maior diversidade, é formado por uma área muito grande, com diversas construções e restos de construções, algumas estátuas, pátios, portais, etc, o que mais me chamou a atenção foi a perfeição do encaixe das pedras de diferentes tamanhos, sem nenhum tipo de massa entre elas e que até hoje estão intactas, lembrando que as ruínas são de uma sociedade anterior aos Incas (e isso é o máximo que eu sei de lá). Havia escadas, paredes com cabeças, muralhas, algumas casas de barro (apenas restos, óbvio), e um local de tumbas, também muito curioso. Em algumas das estátuas, haviam cruzes marcadas, e isso eu ouvi um guia falando para um grupo que haviam sido marcas feitas pelos espanhóis quando estiveram lá. Outra coisa que também impressionava era a imensidão plana onde as ruínas estão localizadas, é difícil imaginar, mas em plena cordilheira, uma grande área plana como aquela, que parecia estar bem no centro, pois era possível ver muito longe, para qualquer um dos lados que se olhasse, talvez esse tenha sido um dos fatores que contribuíram para o sucesso e perseverança do povo que viveu ali.

 

598da93c85be2_BoliviaPeruHenrique(1028).jpg.0e82e37ef1bde920d1d8f4dd8d4f18f5.jpgFoto: A perfeição de encaixe das pedras dos mais variados tamanhos.

 

Depois de andar bastante debaixo do Sol e sem entender praticamente nada do que estávamos vendo, o que também é muito ruim, pois você está em um lugar que com certeza tem uma riqueza cultural impar, e tudo ali diante dos seus olhos, mas por falta de conhecimento prévio e mesmo de um guia que mesmo com explicações breves, te fariam enxergar tudo aquilo que você está tão somente vendo. Depois fomos ao Museu de Cera e Museu Litico, onde não se pode tirar fotos, no museu de cera estão expostos vários objetos e restos deles da civilização que viveu em Tiahuanaco e o Museu Lítico é uma bela construção, com pouquíssimos objetos expostos, apenas alguns portais e esculturas, mas o que na verdade chama a atenção é um pátio em seu interior, rodeado por pequena escada de degraus baixos e largos, como se fosse uma mini-micro-arquibancada e no centro desse pátio, está a maior escultura da região, contudo, muito semelhante as vistas em Kalassasaya, só que bem maior, deve ter quase 10m de altura. E por último, fomos ao Pumapunku, que também é um sitio arqueológico a céu aberto, contudo em uma área bem menor do que a ocupada pela Kalassasaya, e também não sei explicar muito bem como, mas as ruínas de Pumapunku são visivelmente diferentes do que havíamos visto, parecia outro lugar, eram peças que sinceramente não sei como chegaram à elas, como por exemplo esculturas de vários Hs e todos idênticos, é muito difícil imaginar como se chegou a tamanha perfeição sem uma fôrma, que conseguiram aquilo esculpindo rocha bruta, e assim como esses Hs, diversas outras “esculturas” em rocha, espalhadas por entre as ruínas. Claro que tudo isso que relatei aqui foram impressões que eu tive, sem ter conhecimento prévio nenhum, se alguém se interessar e quiser saber um pouco mais, esse é um bom link, com um texto não muito grande e dá uma boa idéia geral de Tiahuanaco (http://www.superinteressante.pt/index.php?option=com_content&view=article&id=115:o-misterio-de-tiwanaku&catid=9:artigos&Itemid=83)

Terminamos de ver tudo relativamente cedo e antes de ir embora, ainda ficamos embassando por lá um pouco, tirando fotos ao longo de um asfalto sem nenhum movimento de veículos, etc.

 

598da93c8bd86_BoliviaPeruHenrique(1088).jpg.f43c04f7450193e0ca59b09a7a0d347d.jpgFoto: Pumapunku

 

 

598da93d6954a_BoliviaPeruHenrique(1110).jpg.fb391a71649a940e607535a8242e063d.jpgFoto: Essa foto me remete a "Se beber não case" não sei o motivo. Aqui estávamos só fazendo graça até dar a hora de ter o busão para voltar a La Paz.

 

De volta a La Paz, organizamos nossas coisas e saímos para dar as ultimas voltas na cidade, comprar presentes, ou ver alguma coisa que ainda estivesse faltando, pois no dia seguinte deixaríamos a cidade e partiríamos para Copacabana, conhecer o Lago Titicaca e a Isla del Sol e de lá para o Peru.

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[t3]LA PAZ - COPACABANA - ISLA DEL SOL[/t3]

 

12/01/2012

Resumo: partida de La Paz, Lago Titicaca, Copacana, chegada a Isla de Sol.

 

Dia de deixar La Paz, subimos para perto praça/terminal pois no dia anterior havíamos verificado que de lá também saia ônibus para Copacabana, fechamos o nosso trecho com um desses microônibus, e da mesma forma que no dia anterior, você paga, entra e fica esperando que consigam passageiros para encher o carro, devemos ter esperado quase 1h até a partida, subimos a serra até El Alto e de lá seguimos para o Copacabana, o que marca visualmente durante essa viagem é a mudança de paisagem, afinal, você já está acostumado a seca, terra e poeira e perceber como o marrom vai dando lugar ao verde da vegetação nativa e plantações, além das criações de animais que se vê ao longo da estrada. E é uma transição muito clara, aos poucos começam a aparecer pequenas plantas, que vão aumentando tanto em tamanho quanto em quantidade conforme se desloca em direção ao Lago e quando está próximo as suas margens, tudo é verde, é o milagre da água.

 

598da93e5b008_BoliviaPeruHenrique(1153).jpg.df9f81148975c57e6afd20eec1e43f3c.jpgFoto: Não tenho certeza, mas para mim é um símbolo do Corinthians ali no morro, no caminho entre La Paz e Copacabana. Nessa foto é possível perceber a vegetação cada vez mais presente, conforme descrito acima.

 

Nosso primeiro contato com o Lago não foi em Copacabana, foi durante a travessia do “Estrecho de Tiquina”, onde tivemos que sair do busão, pagar uma pequena taxa e atravessar em uma balsa, o ônibus atravessa em outra balsa, para prosseguir viagem, durante essa parada, pudemos observar os prédios e embarcações da Armada Boliviana (Marinha) o que chega a ser cômico pois são pequenos barcos que não passam de lanchas e outra, a Bolívia não tem saída para o mar. Depois da travessia, desembarcamos em San Pedro de Tiquina e não demorou muito para retomarmos nossas posições no ônibus para seguir viagem.

 

598da93e549fe_BoliviaPeruHenrique(1161).jpg.92949cfd8f1a20b3927499a418352700.jpgFoto: As margens do Titicaca, essas são as balsas que fazem a travessia dos veículos, todas identificadas com bandeiras bolivianas.

 

Rodamos por cerca de uma hora mais, até que enfim, chegamos a pequena cidade de Copacabana. Já passava das 14h da tarde e não pretendíamos pernoitar ali, queríamos ir para Isla del Sol naquele mesmo dia, para voltar no dia seguinte e seguir viagem. Descemos do ônibus e fomos caminhando em direção ao Lago, que parecia Mar, ignorando todos os estabelecimentos comerciais, com exceção de dois, restaurantes e agências de passeios. Os restaurantes por estarmos com fome e já estávamos analisando onde iríamos comer caso tivéssemos que ficar por lá, mas só iríamos comer quando tivéssemos certeza de que não conseguiríamos mais atravessar para a ilha. Nas agências que encontramos, não era mais possível, pois todas vendiam travessias que saiam duas vezes por dia, ou as 8h da manhã ou as 13h da tarde e já eram 15h. Resolvemos então, ir até a praia, ver se lá conseguiríamos algo até que convencemos um senhor a nos atravessar. Ele mandou que embarcássemos e esperássemos "um pouco" que ele já iria, e ficamos lá esperando por um bom tempo, e a fome aumentando. Uma vantagem, ele aceitou nos levar até a parte norte da ilha, onde iríamos dormir, havíamos recebido algumas referencias de amizades que fizemos durante a viagem de que o lado norte era “melhor” que o lado sul, e que os passeios das agências incluíam hospedagem na parte sul, por isso já chegamos dispostos a ir para o lado norte.

 

598da952e311c_BoliviaPeruHenrique(1217).jpg.7ae2541b5ea91539a3eb7e57d7f0a261.jpgFoto: Los caras de la piada, dentro do barco, esperando "um pouco" já na parte coberta porque estava muito quente, o Sol muito forte e já havíamos cansado de ficar na cobertura tomando Sol. Detalhe para as janelas, algumas com vidro, outras não e outras com plástico.

 

Enquanto esperávamos, chegou um espanhol, sozinho e também entrou no barco, disse que estava viajando com um grupo de pessoas mas que aquele trecho estava sozinho pois eles haviam ido para outro lado, e logo depois um boliviano, de origem aymara, morador da ilha, que iria de carona no barco. Disse que é aymara pois quando se está há alguns dias na Bolívia, é possível distinguir os quéchua (que são maioria) dos aymara, se não me engano, há outras origens mas estas duas parecem ser as maiores, e também não entendemos muito bem mas há uma separação informal entre eles dentro da própria sociedade. Conversamos bastante com esse boliviano e ele também nos deu algumas dicas. Enquanto estávamos no barco esperando a mais de uma hora, já bastante impacientes vimos o senhor com quem havíamos combinado a travessia em um ponto mais alto, bem lá onde conversamos com ele e o gritamos, para irmos e ele fez sinal com a mão, para esperarmos, o Negão e o espanhol foram lá falar com ele e voltaram com a informação que já suspeitávamos, ele estava esperando para ver se aparecia mais alguém, para aproveitar a viagem, e para nossa surpresa chegaram uns 30 argentinos e lotaram o barco do tiozinho, passava da 5h da tarde e a temperatura começava a cair vertiginosamente. Dessa vez, como éramos o grupo menor, fomos na miúda, enquanto os argentinos causavam, eu fiquei na maior parte do tempo conversando com nosso recém-amigo boliviano, tentando conseguir informações que pudessem nos ajudar na Isla e trocando idéia mesmo, afinal ele já havia estado de férias no Brasil, ficou em São Paulo, no Brás, visitando amigos e parentes que cá estão. A sensação que senti naquele barco também foi muito boa, em um local totalmente novo para mim, no meio de um lago, o navegável mais alto do mundo, com muito vento, pois estávamos na parte descoberta e com muito vento. Poderíamos ter viajado sem o forte vento, o que com certeza diminuiria muito a sensação de frio, mas a vista que se tinha da parte de cima do barco era muito bela, bela demais para perder a oportunidade de observá-la por causa do frio.

 

598da95316e35_BoliviaPeruAlemao(237).jpg.c31370226942247b121a03418f52451d.jpgFoto: Os pés do alemão, fotografados por ele, sentado na popa do barco, detalhe do rastro deixado na água e a ilha de pedras com a árvore. Nessa hora já tava bem frio.

 

Com o Sol cada vez mais baixo e a temperatura também, chegamos ao entorno da Isla Del Sol. A primeira parada, para desembarque do amigo boliviano foi um pouco antes da parte sul turística e ele se foi, para sua casa, logo depois passamos pela área de hostels, da parte sul e pudemos entender porque nos disseram não ser o melhor ponto da ilha para ficar, todos os hostels ficam num costão imenso, e do barco, o acesso para descer e subir da praia parecia muito difícil, seguimos viagem, até que o Sol se pôs atrás da Isla, aquele lado que estávamos pega o Sol da manhã, a tarde ele se põe do outro lado e a própria ilha faz sombra. Começava a anoitecer quando desembarcamos no píer da parte norte da Isla del Sol. Que lugar maravilhoso, e tranqüilo, pequenas praias as margens dos Titicaca e uma sensação de paz indescritível, pelo menos foi o que eu senti.

 

598da952e9d94_BoliviaPeruHenrique(1243).jpg.2aba226806ee7915f8d9886bdd90fb1c.jpg

 

598da952f00eb_BoliviaPeruHenrique(1245).jpg.1d5c9b2b6bbdbab050e927c75e93f098.jpgFoto: A praia que nós desembarcamos, e o final de tarde sensacional.

 

Descendo, a primeira coisa que fizemos foi procurar pelo hostel do tio do nosso amigo boliviano, pois ele havia nos indicado e disse para dizermos que éramos seus amigos, mas infelizmente o hostel que é de frente para a praia onde desembarcamos já estava cheio. Agradecemos pela atenção e combinamos de voltar lá para jantar, assim que encontrássemos onde dormir, pois também havia um restaurante no hostel. Entramos pela vila, procurando lugar para ficar e rapidamente chegamos a uma outra praia, essa maior que a anterior e cheia de barracas, muita gente acampando por lá, lugar sensacional, a única coisa que faltava era o calor, se estivesse quente aquele lugar seria perfeito.

 

598da95302740_BoliviaPeruHenrique(1240).jpg.80311f020805fa39d8e57b934905a658.jpgFoto: A outra praia do lado norte da ilha, sem os piers, ainda mais tranquila, onde a galera acampa.

 

Passamos em mais dois ou três hostels e sempre encontrávamos vaga para 1 ou 2 pessoas, até que resolvemos fechar um que era um quarto grande mas que só tinha duas camas de solteiro, mas como o quarto ficava no 1º andar e o chão era de madeira, resolvemos fechar pois encontramos um bom preço e 2 dos nossos (alemão e o japonês) estavam equipados com sacos de dormir, e aceitaram dormir no chão. Fechado. Voltamos ao hostel do tio do amigo boliviano para jantar, estávamos decididos a comer La Trucha Salmonada, por indicação da minha sogra, que me contou ser um peixe muito saboroso e que só teria dado certo no Titicaca, não existindo em qualquer outra parte do mundo. Depois do maravilhoso e tão esperado jantar, com aquela vista maravilhosa da praia saímos caminhando pela vila.

 

598da95309303_BoliviaPeruHenrique(1249).jpg.e104aecc2be9bf62c405dc0a530b320e.jpgFoto: Jantamos no hostel do tio do amigo boliviano, eu comi uma Trucha a la plancha.

 

598da9530f938_BoliviaPeruHenrique(1248).jpg.daca1b6a9b51936cb467f8bae2938e4b.jpgFoto: O cardápio do "restaurante".

 

Passamos por um mercadinho onde já começavam a faltar os produtos pois tudo o que tinham estava sendo comprado pelos turistas, passamos por uma barraca de lanches e sempre vendo diversas situações, eu ainda estava impressionado com aquele lugar. Passamos por uma quadra e eu já fiquei louco de vontade de bater uma bola se fosse possível no próximo dia, só para dizer que joguei na altitude. Quando já era noite, compramos um vinho e fomos para a praia, pensamos que haveria um grande luau, mas não foi o que aconteceu, a galera ficou separada em pequenos grupos mesmo, não havia fogueiras, apenas alguns violões enquanto a noite ficava cada vez mais escura, escura e gelada, mas com um céu repleto de estrelas. Lugar incrível.

 

[t3]ISLA DEL SOL - COPACABANA - PUNO[/t3]

 

13/01/2012

Resumo: Partida da Isla del Sol, perrengues em Copacabana, saída da Bolívia e entrada no Peru, Puno só de passagem.

 

Acordamos de madrugada para ver o Sol nascer, afinal estávamos em Isla del Sol, o que não foi possível pois o amanheceu chovendo e nublado, eu dormi até um pouco mais tarde, os amigos foram dar uma volta, iniciaram uma trilha, tiraram fotos, ajudaram a desenroscar um filhote de cabra que tinha se enrolado toda em uma corda.

 

598da9531e064_BoliviaPeruAlemao(255).jpg.eac2c7060461ff6e0b0e613fb8f6cca1.jpgFoto: Japa, com seu poncho-capa-de-chuva, em um costão preparando-se para 'sacar una foto'.

 

598da9532661a_BoliviaJapones(196).jpg.2799e5e8fcbd8c4cfb7cdebd26f2700c.jpgFoto: As ovelhas que os toiços ajudaram a desenroscar.

 

Depois que voltaram, ainda não sabíamos exatamente o que fazer, eu queria fazer a trilha até a parte sul e de lá pegar o barco para voltar a Copacabana a tarde. Fomos atrás de um café da manhã e o alemão demonstrou seu interesse em voltar para Copacabana e partir para Puno, já no Peru, o mais rápido possível. Encontramos um local cheio de turistas tomando café, o café da manhã era um preço único e vinha algumas frutas, um suco, que você poderia escolher o saber e um pão, se não estou enganado, o preço era justo. Durante o café, todos compraram a idéia de seguir viagem, então fomos até o píer onde havíamos desembarcado para descobrir quais os horários de embarcações para Copacabana e descobrimos que haveria um as 10h da manhã e outro só as 13h da tarde, já passava das 9h30, fomos correndo arrumar nossas coisas e dar saída no hostel, afinal, era tudo muito perto, compramos os tickets e conseguimos embarcar. Atrasou um pouco, houve uma parada na parte sul e a embarcação foi bem menos rápida do que durante a nossa ida para a ilha, chegamos em Copacabana quase as 13h.

 

IMG_4039298221497.jpeg.15f96d6cba555f3e6014c6d0b7f241bf.jpegFoto: Desayuno na Isla del Sol, sem Sol, e partir.

 

Saindo do barco nossa intenção era ir atrás das agências ou rodoviária para tentar um ônibus para aquele mesmo dia para Puno, e aí encontramos os mineiros, Paulo e Ranieri estavam almoçando, tranqüilos ainda tinham 3 ou 4 horas até a saída de seu ônibus para Puno, que já estava incluso no pacote que haviam fechado em La Paz e nós não. Conversamos um pouco, comparamos o que eles tinham feito e o que nós havíamos feito, percebemos que gastamos um pouco menos indo por conta, mesmo levando em consideração que ainda teríamos que comprar as passagens para Puno. Eles estavam relativamente satisfeitos, só não gostaram de ter ficado na parte sul da Isla, onde segundo eles não havia muito o que ver ou fazer, a não ser a trilha. Nos demos até breve e fomos atrás da nossa passagem. Daqui pra frente foi só confusão e talvez eu não saiba relatar muito bem o que aconteceu exatamente pois o alemão tomou a frente e fez os corres (de fato ele queria sair de lá) e eu meio que fiquei na minha, deixei que ele resolvesse. Rodamos várias agências, a maioria dizia não haver passagens para o mesmo dia e já queriam nos vender hospedagem em Copacabana para a próxima noite, pois segundo eles não conseguiríamos passagem. Fomos até o local de onde sairiam os ônibus e descobrimos que ainda havia vagas para aquele dia sim, mas nem todas as agências comercializavam passagens para ele, e então, fomos atrás da agência que tinha as passagens que precisávamos e as compramos. Pronto, agora estava tudo acertado, era só nos dirigir até o local onde o ônibus sairia e aguardar a partida, que já estava próxima de acontecer. Nessa confusão, um cara tentou nos vender hospedagem em Puno e nós não quisemos, as experiências dessa própria viagem nos mostraram que se conseguem preços melhores diretamente nos próprios locais de prestação dos serviços. Estávamos no local e horário indicado para partida do ônibus, mas devido a bagunça e falta de placas de sinalização e identificação dos ônibus que eram vários não tínhamos certeza sobre qual ônibus devíamos embarcar, então, estivemos para embarcar, na porta do ônibus e o mesmo cara que tentou nos vender as hospedagens para Puno confirmou que não era aquele o nosso, que deveríamos permanecer aguardando e aí começou a merda. Ficamos esperando muito tempo, todos os ônibus partiram e nada de aparecer outro. Só estávamos nós e um grupo de 4 argentinos esperando o que parecia ser o mesmo ônibus e mais ninguém, começamos a ficar impacientes e o alemão foi atrás da agência junto com dois dos argentinos, a essa hora a fome já apertava, mas com o impasse e a esperança de que a qualquer momento a situação seria resolvida não pudemos ir comer. Para a nossa surpresa, voltaram com a informação de que o ônibus já havia partido e que não viajaríamos mais naquele dia, obvio que não aceitamos a situação e nesse ponto foi muito bom termos nos juntado com os argentinos, pois eles não sossegaram enquanto não nos ofereceram uma solução, fecharam o pau com a agência e com quem vinha falar por ela. Primeiro disseram que não poderíamos embarcar no ônibus nossas passagens haviam sido vendidas mais a frente, depois, saíram dizendo que tentariam contato com o ônibus para que nos esperasse mais a frente, eu já dava a situação como perdida e aí veio a informação de que o ônibus estava nos esperando na fronteira e que uma van nos levaria até lá. Os argentinos e agente nos jogamos dentro da van, enquanto parte das bagagens era amarrada no teto pois não cabia tudo de todo mundo lá dentro e fomos. Chegando na fronteira, tivemos que dar saída na Bolívia, eu ainda me atrapalhei para encontrar a porcaria do papelzinho que haviam me entregado na entrada em Santa Cruz de la Sierra e quando já estava desistindo de procurar e ir ver como poderíamos resolver a situação, achei, em um lugar onde eu já havia procurado 3 vezes. Eu sou muito organizado, mas nesse dia estava totalmente abobado e atrapalhado, tanto que nem corri atrás de nada perante a confusão pela qual estavamos passando, deixei os caras resolverem e só acompanhei, acho que foi o efeito Isla del Sol.

Demos saída na Bolívia, atravessamos a fronteira a pé, demos entrada no Peru e saímos correndo para chegar ao busão que estava nos esperando no acostamento da rodovia. Jogamos nossas coisas no bagageiro e entramos no ônibus, a principio parecia que realmente não haveria lugar para todos irmos sentados, mas depois fomos descobrindo e salvo engano, todos chegamos bem acomodados, o maior problema era a fome, que pode ser enganada graças ao Japonês que comprou uns salgadinhos em Copacabana durante o rolo todo. No caminho pudemos perceber a diferença de infra-estrutura entre a Bolívia e o Peru, a qualidade da estrada e seus arredores eram bastante superiores. Chegamos a Puno por volta das 17h e a intenção inicial era ficarmos um dia lá e depois partir para Cuzco, mas bastou o ônibus entrar na cidade e com o que vimos de dentro do ônibus o alemão passou a proferir frases do tipo: “Que lugar horrível”, “Eu odeio Puno”, “Não vejo a hora de sair daqui”, e como ninguém fez questão de ficar, na rodoviária mesmo, já vimos e compramos a passagem para o próximo ônibus que fosse para Cuzco. Agora mais tranqüilos mas ainda agitados com toda a correria, teríamos mais de uma hora em Puno até a partida do nosso ônibus, fomos ao banheiro, comemos de acordo com o que havia disponível na rodoviária e ficamos aguardando. A rodoviária também era bem melhor do que quase senão todas as que havíamos estado na Bolívia. Já passava das 6h da tarde quando o ônibus partiu, sabíamos que seria uma longa viagem e que chegaríamos a Cuzco na madrugada. Anoiteceu e o dia acabou sem ainda ter terminado, conosco dentro do busão.

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[t3]CUZCO[/t3]

 

14/01/2012

Resumo: chegada a Cuzco, primeiros contatos (Plaza de Armas, Avenida El Sol, etc), compra de ingressos para Machu Picchu e Huaynapicchu (pelo preço oficial do governo peruano), ruínas de Saychakaman (só de fora), Cristo Blanco, The Frog (pub), Mamma África (balada).

 

Chegamos a Cuzco no começo da madrugada, por volta das 2h da madrugada, totalmente perdidos e sem conhecer nada, pegamos um taxi na rodoviária mesmo e pedimos ao taxista para nos levar ao hostel que o baiano havia nos indicado, segundo ele, preço bom e bem localizado e realmente era, o problema foi que não havia vagas. Saímos do táxi e começamos a bater na porta, bater palmas e chamar até que apareceu um cara com essa informação, não dispensamos o taxista, pois talvez seria necessário que ele nos levasse para outro lugar, resolvemos tentar no hostel ao lado e BINGO, conseguimos um quarto para 4 pessoas, bem grande, com sacada para a rua e baño privado (banheiro no quarto) por 25 soles por pessoa por dia. Muito bom preço, mas bem superior aos que estávamos acostumados a pagar na Bolívia. Já sabíamos disso, e todo mundo que havia passado pelo Peru nos alertava de que os preços eram mais altos, nada chega a ser caro quando comparado com o Brasil, principalmente regiões de turismo, mas por existir certa estrutura para receber turistas, sempre existem pessoas tentando levar vantagem em cima. A grande diferença eram as cotações, enquanto na Bolívia, comprávamos em média 3,10 bolivianos com 1 real ou 6,50 bolivianos com 1 dólar, no Peru a cotação era de 1,40 soles por 1 real, ou 2,50 soles por dólar e com isso o seu dinheiro acaba saindo mais rápido. Então, a informação do baiano nos ajudou a achar um hostel bem localizado a um bom preço, lugar que nunca chegaríamos de madrugada sem as referências, provavelmente teríamos dormido na rodoviária e procurado onde ficar no outro dia, quebrados.

Se alguém tiver interesse no hostel, é o Imperial na calle Nueva Baja (a rua é pequena) fica ao lado do paredão que seria os fundos do Colégio San Francisco.

Acordamos e o tempo era muito favorável, fazia um lindo sábado de sol.

 

598da9544845a_BoliviaPeruAlemao(262).jpg.7007920491a97df7f56bceb3699fa960.jpgFoto: Andando em Cuzco, Plaza de Armas.

 

E que pela primeira vez andamos em Cuzco, pois na noite anterior não vimos nada, e ao mesmo tempo em que tínhamos os primeiros contatos com a cidade estávamos a procura do órgão oficial do governo peruano que controla as entradas para Machu Picchu, inclusive, vendem as entradas, que são pagas em dólares, tudo isso, também por dicas do nosso amigo baiano, que nos contou que o as agências fazem, são tirar cópias dos seus documentos e ir até lá comprar as entradas por você, claro que ganhando algum em cima e aí tentam te vender pacotes com passagens, hospedagens entre outras coisas. O preço é pago em dólares e não é barato, portanto, como estávamos decididos a ir na raça para Águas Calientes (cidade mais próxima a Machu Picchu), fomos atrás desse órgão ver para quando haveria disponibilidade. Outro detalhe, quando se compra o ingresso para Machu Picchu, você tem a opção de comprar também a subida para Waynapicchu que pode ser em dois horários, entre as 7h e 8h da manhã ou entre as 10h e 11h da manhã, por opiniões de pessoas com as quais conversamos, gostaríamos de comprar para as 10h da manhã pois segundo os mesmos, há a possibilidade de névoa no período da manhã, e se isso acontecesse, perderíamos o visual maravilhoso da subida e principalmente quando chegássemos lá em cima. Lembrando que era dia 14 e no dia 19 teríamos que estar em La Paz para voltar ao Brasil. Batemos um pouco de cabeça, perguntamos bastante e chegamos ao tal órgão, havia fila, mas nada demais. Quando chegou a nossa vez, dentre as opções disponíveis, a que melhor se encaixava era a de ir a Machu Picchu no dia 17 e aí teríamos aquele e mais um dia em Cuzco, e um dia para chegar a Águas Calientes até o dia da nossa subida. E depois, teríamos mais um dia para voltar a Cuzco e outro para chegar a La Paz, só não sabíamos exatamente como. O único problema foi não ter conseguido comprar WaynaPicchu para as 10h, para o dia 17, só haviam poucas entradas para as 7h da manhã, esqueci do contar, mas o numero de entradas por dia e por horário em Waynapicchu é controlado, então quando vendem o número limite, param e ninguém mais compra as subidas para aquele dia. Pronto, primeira missão do dia concluída, entradas para Machu Picchu compradas, agora precisávamos: conhecer Cuzco, comprar passagens de avião de Cuzco para La Paz (chegamos a conclusão de que não seria possível de outra forma) e descobrir como faríamos para ir e voltar de Águas Calientes. Mais uma vez, o universo conspirou a favor e tudo foi se resolvendo com o passar do dia, caminhamos bastante pela cidade, principalmente pela região da Plaza de Armas, que é o centrão de Cuzco, e Avenida El Sol, inclusive foi nessa grande avenida Cusquenha que tiramos muitas fotos e passamos por lugares sensacionais, tanto que acabamos almoçando em um mercadão-galeria que entramos, onde vende-se de tudo mas principalmente artesanato, comemos na praça de alimentação do lugar, e pela primeira e se não me engano última, tomamos uma Inka Cola. Digo “se não me engano” porque eu com certeza não voltei a tomar, talvez algum dos amigos tenha repetido. Não é nada demais, é um refrigerante amarelo, com gosto de tutti frutti que leva a marca Coca Cola Company.

 

598da9544ef62_BoliviaPeruAlemao(263).jpg.c915449aafa7c6cd835ffacbe4183b13.jpgFoto: Monumento em uma praça menor, na avenida El Sol.

 

598da95465a81_BoliviaPeruHenrique(1256).jpg.816a315cb2cb89f1d19e09cc6c1a3a70.jpgFoto: Outra arte na mesma praça.

 

598da9546c430_BoliviaPeruHenrique(1262).jpg.cd47a4371a5a140b3858b60ff32c3fcd.jpgFoto: Avenida El Sol.

 

598da95473038_BoliviaPeruHenrique(1261).jpg.b9fdf1ca82d46cb756228a684624e05b.jpgFoto: O alemão estava olhando para essa pintura na foto anterior.

 

598da95455d01_BoliviaPeruAlemao(269).jpg.169417a82fc53bd62f09ca0f6c751241.jpgFoto: Almoço no mercadão, tomando Inka Cola.

 

Depois do almoço, seguimos caminhando, desbravando a fantástica cidade que estávamos, nos surpreendendo a cada descoberta, Cuzco é sem dúvida uma cidade fantástica. Passamos na agência da Aero Sur que fica na avenida El Sol para ver sobre as passagens e acabamos comprando para o dia 19 de manhã. E se tudo acontecesse dentro do prazo previsto, chegaríamos ao aeroporto de La Paz e teríamos cerca de 3 horas até o próximo embarque para Santa Cruz de la Sierra. Descobrimos que em Cuzco, assim como em algumas grandes cidades turistícas é possível comprar um ingresso só que te dá direito de acesso a várias atrações durante determinado período, mas no nosso não compensaria porque não teríamos muito tempo para isso. E até porque, a essa altura, nos interessava mais conhecer a cidade em si do que museus, parques, ruínas e fazer passeios turísticos. De volta a Plaza de Armas, a curtimos um pouco mais, é um lugar onde é possível passar horas, apenas observando o movimento.

 

598da95479904_BoliviaPeruHenrique(1278).jpg.c39750993e715fba143e9d00291d47ea.jpgFoto: Plaza de Armas, outro ângulo.

 

A tarde, resolvemos caminhar para uma área menos movimentada e mais alta da cidade, seguindo nosso mapa turístico, iríamos até as ruínas de Sacsayhuaman, começamos a caminhada despretensiosamente indo para o outro lado da Plaza de Armas, e seguindo na direção que o mapa indicava, as ruas foram ficando menores, mais estreitas e mais íngremes, fomos subindo com bastante tranqüilidade, parando diversas vezes para apreciar a vista e tirar fotos dos vários pontos favoráveis que essa subida proporciona. Passamos, por ruas, vielas, escadões, praças, inclusive uma grande com fonte e tudo, a frente do que parecia ser uma escola católica.

 

598da9545e621_BoliviaPeruAlemao(288).jpg.933e4e3dcdbcce17c416f18c92547e6f.jpgFoto: Cuzco do alto, mas ainda estavamos na metade da subida.

 

Eis que chegamos a um ponto onde finalmente avistamos o final da subida, mas mesmo assim ainda faltava muito a subir. Paramos mais uma vez, enquanto tomávamos fôlego conversamos, estávamos decidimos que não pagaríamos para ver as tais ruínas, até pela hora, já estava tarde para iniciar um passeio que não saberíamos quanto tempo poderia durar, então combinamos que passaríamos direto pela portaria, que estava aberta, caso alguém falasse alguma coisa, veríamos de que se tratava e passamos vazados pela portaria, com a impressão de que ninguém havia nos visto, quando estávamos a alguns metros pra frente, já havíamos subido bastante, ouvimos alguém nos chamar, mas combinamos de seguir em frente e ninguém olhar para trás. Lá em cima sim, havia uma portaria fechada, onde era necessário apresentar ingresso para entrar, aquela lá em baixo era só uma bilheteria e ninguém ali voltaria lá para comprar ingresso e depois ter que subir novamente, era longe e muito íngreme. O guarda ofereceu para pagarmos o valor das entradas ali mesmo, que ele liberaria nossa entrada, era 70 soles por pessoa, não aceitamos, nem estávamos tão interessados em tais ruínas. Quando ele viu que não entraríamos, nos ofereceu que pagássemos 70 soles para cada 2, ou seja, nos daria 50% de desconto. Óbvio que se estava oferecendo desconto para algo que o governo determina o preço, nosso dinheiro não seria convertido em ingressos, não aceitamos, o guarda retomou seu posto e nós resolvemos atravessar um vale, fazendo uma pequena trilha e indo para outro morro, onde inclusive havia um Cristo, igual ao Redentor do Rio de Janeiro, contudo o de lá é bem menor e eles o chamam de Cristo Blanco. Pretendíamos ver o que fosse possível das ruínas do outro lado do morro e ir até o Cristo. A visão das ruínas não teve nada demais, mas a visão que se tem de Cuzco la de cima do Cristo é muito bonita.

 

598da95428cb4_PeruJapones(9).jpg.613162b710953b8d6904acd773953359.jpgFoto: O que conseguimos ver das ruínas do outro morro.

 

598da95431550_PeruJapones(10).jpg.cc2d4b09f46e598453c48e18ec2cee39.jpgFoto: Cuzco, agora dos pés del Cristo Blanco.

 

Ficamos um tempo por lá, haviam mais pessoas, inclusive ambulantes tentando vender suas lembrancinhas aos turistas. Pela altura que estávamos, ventava bastante e a essa hora a temperatura começa baixar. Iniciamos a descida, primeiro pela trilha, até chegar as ruas. No caminho, pouco depois da bilheteria das ruínas, compramos choclos (milho) cozido e descemos comendo.

 

598da95439c01_PeruJapones(11).jpg.19820a745a7a9a752bf692f8725bfc11.jpg

 

598da95440b57_PeruJapones(12).jpg.371d9ce470bcb0789578032d03d00046.jpgFotos: Descendo, comendo choclo e trocando idéia

 

Bem devagar e conversando fomos descendo até estarmos novamente na Plaza de Armas, quando começava anoitecer. Entramos no Mcdonalds (sim, existe essa desgraça por lá) onde os amigos resolveram comer um McPollo e retornamos ao hostel, pois iríamos nos trocar para sair à noite, afinal, além de ser aniversário do Japonês, ainda não havíamos saído a noite durante a viagem. Banho tomado, roupa de sair ou pelo menos o melhor que conseguimos e lá fomos nós, decidimos ir ao The Frog, um pub que um grande amigo (Tirolez) que já havia estado em Cuzco nos indicou. Chegamos lá por volta de 10h da noite e estava deserto, pensamos que estava daquele jeito por ainda ser cedo para a balada, então, enquanto a galera “chegava” ficaríamos conhecendo o lugar, beliscando, tomando umas, enfim, curtindo. Conhecemos todos os ambientes, experimentamos algumas bebidas, uns ruins, outros nem tanto e petiscamos algumas das opções da casa, e com certeza o que se destacou foram umas porções batatas assadas, com queijo e alguns temperos, muito bom, comemos várias. Só não muito porque da mesma forma que aqui, na balada as coisas são mais caras. Estávamos nos divertindo, mas o tempo foi passando e percebemos que não chegava gente ao lugar, a essa altura, já havíamos feito amizade com os garçons e perguntamos para eles o que estava acontecendo, porque em pleno sábado não havia movimento no lugar? E obtivemos a resposta de que as pessoas passam lá mais cedo (deduzimos que para um esquenta) e de lá vão para as baladas (discotecas, como eles dizem). Perguntamos a respeito das tais discotecas e eles disseram que haviam duas maiores e mais famosas, que ambas ficavam na própria Plaza de Armas, uma era a Mamma África e a outra eu não lembro o nome. Não ficamos muito mais e saímos, chegando a Plaza, em uma das ruas laterais que terminam nela, passamos em frente um barzinho onde havia uma banda tocando musicas que nos agradavam e entramos, a partir do momento que sentamos na mesa só tocaram musicas ruins e desconhecidas, só ficamos o tempo de cada um tomar uma. O barzinho era legal, pequeno e de decoração alternativa, mas interessante. Saindo de lá chegamos a Plaza de Armas, avistamos a balada grande (que eu não vou me lembrar do nome) que era paga para entrar, o que não faríamos, afinal, já nem estávamos mais tão na pegada assim, ficamos um tempo na frente da entrada, observando o movimento, quem entrava e saía e havia gente de todo o mundo por lá, principalmente europeus. Fomos até o Mamma África e entramos no primeiro andar, onde a entrada é gratuita, legalzinho, mas nada demais, é necessário pagar para subir nos outros andares, que era onde era bom, segundo as pessoas que nos disseram. Não lembro exatamente se o alemão e o japonês chegaram a entrar no Mamma África conosco ou se foram antes, mas o caso é que foram embora por estarem com sono, Negão e eu resolvemos ficar mais um pouco, mas não saía muito disso, dávamos umas voltas pela praça, sentávamos, íamos onde havia movimento ver o que acontecia, conversávamos com algumas pessoas, vimos algumas pessoas que já havíamos encontrados em outros lugares durante a viagem, como por exemplo os argentinos do rolo do busão de Copacabana. Até que, quando já estávamos quase indo embora, passando em frente ao Mamma África, o segurança, avaliando o porte do Negão, perguntou se éramos brasileiros e nos chamou para entrar, agradecemos mas dissemos que já havíamos entrado no 1º andar e que não nos interessava, ele imediatamente sacou o carimbo que libera a passagem para os diferentes ambientes e nos ofereceu acesso a área paga, claro que topamos na hora, e realmente, era outra balada. Muita mais gente, bem mais animado e até o som era melhor, só rolava eletrônico. Gente do mundo inteiro, acho que o menos tinha lá era peruano. Ficamos lá por cerca de uma hora, e quando nos vimos diante de uma situação que poderia vir a ocasionar uma briga na qual estaríamos envolvidos, achamos melhor sair fora, fomos embora, rindo muito da situação.

 

PS: Ficou faltando algumas fotos da noite, assim que eu recuperar as minhas, das que foram tiradas pelo Negão eu coloco.

 

 

15/01/2012

Resumo: Domingo de preguiça, Catedrais San Pedro e Santa Clara, Mercadão popular de Cuzco, tarde no hostel.

 

Domingão de preguiça, era só o nosso segundo dia em Cuzco, mas parecia que já estávamos lá a uma semana, é sem dúvida uma cidade muito acolhedora. De manhã fomos andar por um lado da cidade que ainda não havíamos estado, pela região das catedrais de praças São Pedro e Santa Clara, bem tranqüilos e sem muitas preocupações, entravamos e saíamos de galerias que vendem de tudo e sempre nos divertíamos com as tiazinhas nos chamando para entrar e ver suas mercadorias dizendo: “Amico, pase amico”, fomos também a uma espécie de mercadão, um dos poucos lugares da cidade que parecia ser mais freqüentado por moradores do que turistas e lá vendia realmente de tudo, artesanatos, frutas, legumes, verduras, roupas, lanches e refeições e uma série de outras coisas, e o que mais chamava a atenção era a área onde haviam pedaços de carne, cabeças, patas e partes de vários animais vendendo, como se fosse em um açougue, só que ali as partes ficavam penduradas em varais, sobre as bancadas das barracas ou até em potes e latões, havia uma certa separação de setores, mas tudo isso em um mesmo ambiente, dentro de um grande galpão.

 

598da98429760_BoliviaPeruAlemao(321).jpg.bd77b99fca7d6de4a7fe82a00eaa4f94.jpgFoto: Calle Santa Clara, a frente o Arco de Santa Clara. Olha o céu e imagina a lua que tava aquele dia.

 

598da984335a5_BoliviaPeruAlemao(309).jpg.9460fd85a2cda59f8f62162b5fae2315.jpgFoto: O mercadão visto de fora, não se engane com o tamanho, parece pequeno mas não é, ele se estende para o que seria o fundo da foto e é bem grande.

 

598da9843aecc_BoliviaPeruAlemao(313).jpg.4b87e3f75051365442147aa5441516c5.jpgFoto: A parte do "açougue"

 

598da9844435a_BoliviaPeruAlemao(314).jpg.4eceab10e16866b35899886d8d4d3b2f.jpgFoto: A parte da lanchonete

 

Resolvemos ir confirmar nossas passagens pois quando as compramos o vendedor disse para confirmarmos alguns dias antes pois poderia ser que houvesse alteração no horário do vôo, fomos até a Avenida El Sol mas a agência da Aerosur estava fechada, então resolvemos ir até o aeroporto, até para se ter uma noção de distância e de quanto tempo gastaríamos para ir embora, tudo isso foi totalmente desnecessário, mas foi o que fizemos. Chegamos no aeroporto e ao localizarmos o guichê da Aerosur percebemos que também estava fechado, fomos informados que havia acabado de fechar e que não abriria mais durante aquele dia pois não havia mais vôos da companhia. Voltamos para o centro e ainda meio perdidos, sem saber o que fazer, o Negão se propôs a fazer o nosso almoço, o alemão foi fazer um peão pela cidade, eu também queria ter ido andar, mas preferi prestigiar o almoço do Negão. Passamos em um mercadinho, compramos arroz e salsicha e fomos para o hostel, o alemão sumiu no mundo. E passamos a tarde no hostel, que disponibiliza uma cozinha e utensílios para que os hospedes utilizem, enquanto o Negão cozinhava ficamos por perto, junto com um grupo de argentinos, apenas conversando e tentando fazer funcionar um Playstation 2 ligado a uma TV velha em uma espécie de sala que ficava em uma área lateral ao pátio interno do hostel, já que não havia conseguido jogar futebol durante a viagem, queria pelo menos ganhar de um argentino, nem que fosse no Winning Eleven. Infelizmente não rolou, o rango dos argentinos ficou pronto, já estavam terminando de preparar quando chegamos e eles se foram. Quando o negão terminou, comemos e a comida estava muito boa, o moleque manja mesmo, fez propaganda a viagem inteira e não era mentirosa, manda bem na cozinha. Depois do rango, eu fiquei com a louça, e parecia que não terminaria nunca de lavar aquelas panelonas enormes que ele usou porque não havia menores. Mas valeu muito a pena, nada como um tempero brasileiro, ainda mais quando pela primeira vez na sua vida você fica 15 dias sem comer o que esta acostumado, e o que eu mais senti falta e continuava sentindo era o feijão. Em qualquer lugar do Brasil, arroz com feijão é o básico, pisou fora da fronteira, feijão não existe, pelo menos é essa a impressão que eu tinha.

 

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598da98456d55_BoliviaPeruAlemao(357).jpg.6d4d75d46a892e44760d473039a21946.jpg

 

598da98460c89_BoliviaPeruAlemao(353).jpg.1a6a079ebb65ead23eec4472311d40f1.jpg

Fotos: Que o Alemão tirou nos locais que esteve durante as andanças do domingo a tarde.

 

Já no final da tarde, adiantamos nossas mochilas, pois iríamos para Águas Calientes no dia seguinte apenas com as mochilas pequenas, pois teríamos que fazer uma trilha de travessia para chegar lá, e como pretendíamos voltar em breve, não era necessário levar tudo. Conversamos no hostel e conseguimos deixar nossas mochilas guardadas lá, para pegarmos quando voltássemos a Cuzco e também foi tudo bem quanto a isso. No começo da noite, Negão e eu, fomos até a Plaza de Armas, dar uma volta, o alemão havia chegado de uma tarde toda andando, segundo ele, e iria descansar. O Japa não estava muito bem, estava resfriado e parecia estar começando a ter febre, não quis ir ao médico, tomou vitamina C e alguns remédios e durmiu bastante. Andamos pela região da Plaza de Armas, na própria praça e em ruas próximas mas não tinha muito movimento, acabamos indo embora cedo para descansar, afinal o dia seguinte faríamos o percurso Cuzco – Águas Calientes para no outro dia ir a Machu Picchu, mas nem imaginávamos tudo o que estava para acontecer.

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[t3]CUZCO - SANTA TEREZA - HIDRELÉTRICA - AGUAS CALIENTES[/t3]

 

16/01/2012

Resumo: trajeto Cuzco – Santa Tereza – Hidrelétrica – Águas Calientes, com muitos imprevistos e emoção (2 ônibus e um trecho a pé, por trilha, a noite, seguindo uma linha de trem).

 

Era chegado o dia de deixar Cuzco pela primeira vez, nosso plano era ir para Águas Calientes - pequena cidade próxima a Machu Picchu, que vive do turismo e onde praticamente todas as pessoas que vão ao Santuário ficam ou no mínimo passam - ficar lá o resto de dia que ainda tivéssemos e deixar tudo no jeito para no outro dia, conhecer Machu Picchu e retornar a Cuzco. Para ir de Cuzco até Águas Calientes existem 3 opções principais: A primeira é a mais rápida e mais cara, que é de trem, a viagem é feita em poucas horas, com conforto e até mini serviço de bordo, a segunda é pela trilha Inca, que é recomendável contratar um agência ou pelo menos um guia e fazer a travessia em grupo, são 3 ou 4 dias, agora não tenho bem certeza e a terceira foi a que escolhemos, que é a mais barata das três e que não necessita de tanto tempo como no caso da trilha Inca que é ir por conta. Primeiro pegaríamos um ônibus até Santa Tereza, para uma viagem com previsão de duração de pouco mais de 4 horas, em Santa Tereza é preciso ir de táxi ou van até a tal HIDRELÉTRICA, o que demora em torno de 1h30 e fazer uma trilha de 2h30 pelos trilhos do trem até Águas Calientes, aos pés de Machu Picchu. E esse era o plano, se tudo corresse dentro da normalidade, estaríamos em Águas Calientes no máximo até as 15h e aí teríamos a tarde toda para conhecer a cidade, que já sabíamos ser bem pequenas e deixar tudo no jeito para a volta, ou pelo menos planejado. Acordamos cedo, guardamos as mochilas no hostel e fomos para uma rodoviária menor de Cuzco, uma diferente da que chegamos, San Pedro se não estou enganado. Compramos passagens para Santa Tereza, aguardamos um pouco, comemos algumas tranqueiras, e embarcamos, tudo normal até aí. No ônibus, alguns peruanos, mas acredito que a maioria das pessoas faria a mesma rota que agente. A viagem corria normalmente, a única coisa não normal era que o Japa de manhã parecia que estava melhor, mas durante a viagem foi piorando e começava dar sinais de febre. Já havíamos rodado cerca de 3 horas, quando de repente o ônibus parou, no meio de uma serra, por volta das 11h da manhã, onde já havia parado uma pequena fila de carros, o ônibus ficou esperando por cerca de uns 10 minutos, até que o motorista desligou o motor, mais alguns carros e ônibus foram chegando e parando atrás, das duas uma, ou a rodovia era realmente muito pouco movimentada ou a maioria de quem fosse passar ali estava sabendo do ocorrido e já haviam desviado o caminho, pois a fila aumentava bem pouco levando em consideração o tempo que a rodovia estava fechada. Era uma serra, bastante acidentada e muitas curvas na estrada, contudo o asfalto era impecável, muito diferente das estradas bolivianas, mas também não era comum no Peru, lá a maioria das estradas também não são boas. Percebemos que as pessoas dos carros parados a frente estavam saindo dos carros, já havia muitas pessoas na pista, e as pessoas do ônibus também começaram a descer, todos atrás de informações sobre o que havia ocorrido e quanto tempo mais teríamos que ficar parados. Também descemos do ônibus e fomos atrás de informações, os carros começaram a parar em um trecho de descida, pouco antes de uma curva para a direita e do lado esquerdo de quem desce, havia uma grande coberta, como se fosse um posto de gasolina velho sem as bombas com algumas pequenas casinhas também velhas, sendo que algumas delas funcionavam como vendas de beira de estrada, com salgadinhos, doces, refrigerante e essas tranqueiras. Andando por ali, tentando achar alguém que soubesse o que estava acontecendo e por que estávamos parados, em uma das casinhas, com a porta aberta, vi que do lado de dentro havia alguns pôsteres de jogadores de futebol, sendo que o mais destacado era um do Ronaldinho Gaucho, com a camisa 10 da seleção, pouco depois que eu percebi, um rapaz sentou-se na porta e eu me atrevi a conversar com ele, achando que morasse ali, e fui na idéia de jogo, futebol, disse que era brasileiro, a essa hora estávamos o Alemão e eu, o Negão estava andando por outros lados e o Japa estava dormindo no ônibus. O cara veio na conversa, disse que gostava muito de futebol e tal, e aí começamos a perguntar sobre o que estava acontecendo, ele nos contou que aquilo era um posto de fiscalização do governo peruano, e que ele estava ali a trabalho, que ficavam por lá alguns dias e depois outros de folga em sua cidade, enquanto estavam lá a serviço, realmente moravam ali, mas aquelas não eram suas casas, como pensamos. Disse que uma ponte que havia a frente havia desabado e que a estrada só seria liberada depois que “consertassem” a ponte, em um primeiro momento pensamos que demoraria meses para consertar uma ponte, mas ele disse que a previsão de liberação da estrada as 5h da tarde e que não haveria outra forma senão esperarmos. Cogitamos de tudo, ir a pé (mas segundo o amigo fiscal, era bem longe e não nos deixariam passar pela tal ponte), pegar outro caminho, procuramos saber a quanto tempo e distância estávamos de Santa Tereza, mas tudo em vão, realmente não adiantava, não teríamos outra alternativa a não ser esperar e torcer para conseguir chegar a Águas Calientes ainda aquele dia. Nos despedimos momentaneamente do nosso recém amigo peruano fiscal e saímos conversando sobre a situação. Nisso, vimos dois garotos juntos, um com a camisa do São Paulo e outro com a camisa do Corinthians, e vimos que eram brasileiros. O alemão ainda disse de longe: “Eae corinthiano”, talvez para mostrar que também éramos do Brasil, sei lá, eles acenaram com a cabeça e continuaram indo para o lado que estavam indo e agente para o nosso. A essa altura, nossa maior preocupação era se conseguiríamos chegar a Águas Calientes para subir a Machu Picchu no dia seguinte. Voltamos ao ônibus, para contar o que estava acontecendo, o Negão estava lá com o Japa e contamos a eles. A fila de carros parados foi aumentando e o número de pessoas também. Até que já passava do meio dia, chegaram alguns carros pelo outro lado da barreira e desceram algumas senhoras e grandes panelas, começaram a vender comida, era chamado de Arroz Grego, era um arroz amarelo, cozido com um monte de coisas e uns pedaços de frango, mesmo sem estar com tanta fome e sem ir muito com a cara da comida resolvemos comer, pois sabíamos que quando aquela comida acabasse não haveria outra coisa disponível e compramos alguns pratos, nós três comemos o quanto pudemos e aí foi hora de fazer papel de mãe, levamos um prato para o Japa, o acordamos, ele estava muito mal, com febre e a garganta zuada, e óbvio não queria comer. Ficamos forçando, empurrando, estipulando metas do tipo: “Vamo lá, mais três garfadas” para tentar fazê-lo comer, até para ajudar que melhorasse, não tinha outra opção de comida e mesmo essa comida poderia acabar a qualquer momento. E assim passamos o dia por ali, fez calor, esfriou, choveu, saiu Sol de novo e só juntando gente. Quando fomos conversar com os garotos sãopaulino e corinthiano, descobrimos que eram de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra respectivamente, o que foi um mito, pois eu sou de Rio Grande da Serra (que é uma cidade com cerca de 40.000 habitantes) e o Alemão de Paranapiacaba, também na região e não nos conhecíamos da cidade, fomos nos encontrar no Peru, parados em uma serra, esperando o conserto de uma ponte. Passando pela barreira, descemos alguns metros mais na estrada, a vista era linda, mata fechada, diferentes alturas, um vale fundo, bem legal. Andando para o outro lado, ou seja, subindo a serra, para trás de onde o ônibus estava, conversamos com um casal de argentinos e assim passamos todo aquele dia, sem muito que fazer, e com medo de talvez não irmos a Machu Picchu. Quando ia chegando as 5h o pessoal ia ficando mais apreensivo, suspeitando se de fato a estrada seria liberada, se não teríamos que pernoitar ali e essas coisas, não vinham novas informações, ficávamos apenas com o que havia sido falado quando chegamos. Mas até que não, por volta das 17h30 todos voltaram para seus veículos e a estrada foi liberada, houve gritaria, buzinasso e comemoração geral. Depois da liberação e no ônibus, conversamos sobre a próxima etapa, o Japa estava um pouco melhor, em meio toda aquela confusão, ele conseguiu descansar dentro do ônibus. Estávamos na dúvida se encontraríamos meios para ir até a hidrelétrica pois chegaríamos bem mais tarde do que o previsto em Santa Tereza e outra dúvida era se seria possível fazer a trilha a noite, afinal, não conhecíamos a trilha, mas ao mesmo tempo, percebemos várias pessoas na mesma situação no próprio ônibus e nisso já fomos fechando um grande grupo para enfrentar os desafios que estavam pela frente. Estávamos apreensivos e com medo de não conseguir chegar à Águas Calientes e ir a Machu Picchu no dia seguinte, mas por outro lado tranqüilos, pois estávamos fazendo todo o possível para que isso acontecesse, e caso não desse certo, seria por capricho do destino, alheio a nossa vontade e que por algum motivo não deveria acontecer, o certo é que tentaríamos até o final, enquanto ainda houvesse uma chance.

Rodamos por mais ou menos uma hora e chegamos em Santa Tereza, já estava escuro e aquele lugar estava fervendo, não vimos nada, só saímos do ônibus, pegamos nossas malas e já nos envolvemos em um grupo que estava fechando um microônibus para a hidrelétrica, havia alguns táxis e vans também, tudo com preço fechado para a hidrelétrica. Antes de embarcar, demos uma rápida passada nos banheiros que não eram nada mais do que buracos no chão, entramos no micro e partimos, nos surpreendeu ver tanta gente diferente e na mesma situação, para nós era uma grande aventura e pura molecagem, mas havia pessoas mais velhas, andarilhos, mochileiros, patricinhas, de tudo ali. De Santa Tereza até a hidrelétrica a estrada é de terra, bem precária, esburacada e digna das estradas bolivianas, com trechos onde só parece caber um carro, e em alguns parece caber nem um carro, e o motorista tão arrojado quanto um piloto, não está nem aí, o negócio é correr e fazer o percurso no menor tempo possível, fortes emoções. O Japa, ainda não estava 100% mas já se apresentava bem melhor, mais animado e disposto, o que seria extremamente necessário pois ainda faltava uma trilha noturna a ser feita.

Chegamos a hidrelétrica e havia um grande grupo de pessoas por lá, muita gente preparada para aquilo, ou pelo menos parecia, com lanternas e outros acessórios, alguns tinhas capacetes com lanterna, como os que usamos nas minas de Potosí. Pegamos algumas informações com pessoas que pareciam ser da região no inicio da trilha e metemos o pé na estrada, era noite, um grupo bastante grande. Na verdade eram vários grupos que formaram um grande grupo, foi muito legal, todo mundo se ajudando, quem tinha luz ajudava e iluminava o caminho de quem não tinha, quem ia na frente avisava sobre buracos e outros obstáculos, algumas vezes tivemos que ajudar pessoas a atravessar pequenas pontes e uma até média que passavam sobre rios. Para nossa sorte, foi uma noite bastante agradável, o céu estava limpo e a temperatura perfeita. Foi bastante divertido, e algo único na minha vida, a trilha segue ao lado de um trilho de trem, onde na maior parte do tempo é melhor ou necessário caminhar sobre os trilhos, o que diminui um pouco o ritmo mas é mais seguro, pois os passos são geralmente do mesmo tamanho. Durante a trilha, íamos conversando alto, cantando, fazendo algazarra e rindo o tempo todo, algumas vezes nos perdíamos um dos outros, por causa do escuro e do grande número de pessoas e nos achávamos gritando. Uma das coisas que eu mais me lembro era de quando eu lembrava que o Japa estava doente, coisa que já nem parecia mais e gritava por ele, algumas vezes ele respondia vindo lá atrás, outras vezes estava na minha frente. E para não dizer que não tínhamos lanterna, o Japa com o aplicativo de lanterna do seu iphone que utiliza a luz de flash da câmera como lanterna era o que tinha, ainda brincamos que o aparelho era o canivete suíço da vida moderna. Devido a estar de noite, em um grupo grande e cansados, até que fizemos a trilha em um tempo bom, devemos tê-la feito em torno de 3 horas. Para mim foi sensacional, estava realizado.

 

TrilhaNoiteHidreletricaAguasCalientes.jpeg.20ce9f3eb95ae6b4fc25fc01e8a7b03b.jpegFoto: É a única foto boa que eu tenho desse dia, nós 4 a noite na trilha. Pretendo conseguir mais algumas assim que recuperar as fotos tiradas com a câmera do Negão.

 

Chegamos a Águas Calientes por volta das 11h da noite e foi muito bom ter contato com a civilização, mesmo que sendo uma pequena cidade, apesar de não ter ninguém nas ruas. Destaque para o barulho constante de água do rio que corta a cidade, mas que já estávamos acostumados pois a maior parte da trilha fizemos ouvindo barulho de água. Entrando na cidade, os primeiros hotéis que vimos com certeza não adiantava nem entrar, o pessoal estava bastante cansado, principalmente o Japa, que não havia estado bem o dia todo, mas heroicamente havia conseguido chegar até lá conosco, e para entrar na cidade, tínhamos que subir o morro, então, o nosso ritmo já era menor do que o de outras pessoas que não sabíamos se já sabiam onde iam ficar, mas rapidamente foram subindo e entrando na cidade, nós paramos para perguntar o preço no primeiro hostel que achamos que daria para bancar e para nossa surpresa a pernoite custava o mesmo que em Cuzco, fechamos na hora e caímos para dentro. Antes de dormir, um merecido e necessário banho, muito feliz pela aventura vivida, por ter conseguido chegar a Águas Calientes e porque no dia seguinte nós iríamos a Machu Picchu.

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[t3]MACHU PICCHU - AGUAS CALIENTES[/t3]

 

17/01/2012

Resumo: Machu Picchu, WaynaPicchu, Águas Calientes (ruas, mercadão, estações), piscinas de águas termales.

 

Chegou o dia, finalmente, iríamos subir a Machu Picchu, ainda bem que apesar de tudo havíamos conseguido chegar lá. Felizes por estarmos prestes a concluir o último grande objetivo da viagem e por outro lado triste pois a viagem estava terminando e logo mais iniciaríamos o retorno. Mas vamos lá, naquele dia nem deu bem tempo de pensar em tudo isso antes de subir, acordamos apressados e óbvio com vontade de dormir mais, afinal, o dia anterior havia sido exaustivo e antes das 6h da madrugada estávamos de pé, nos ajeitando para sair.

 

598da99212ebe_BoliviaPeruAlemao(360).jpg.7c73b81c7cd5469c571497fc5771387c.jpgFoto: Aguas Calientes ainda amanhecendo.

 

Sem nem tomar café da manhã, até porque não havia no hostel, fizemos check out, pagamos e fomos correndo até o local de onde saíam os ônibus que fazem o transporte entre Águas Calientes e Machu Picchu, para nossa surpresa esse ônibus também é pago em dólares, eram 17 dólares a facada, uma ida e volta do ônibus, enquanto 2 de nós pegamos uma pequena fila para comprar os bilhetes, outros 2 foram comprar mantimentos que serviriam de desayuno e também para o restante do dia, pois segundo informações não haveria nada para comprar em Machu Picchu, o que é ótimo, para manter a conservação. Mas isso é uma meia verdade, antes de entrar a Machu Picchu, bem em frente a entrada há pelo menos um hotel e um restaurante, não consigo lembrar se haveria mais de um e que acredito eu serem bem caros, mas dentro de Machu Picchu realmente não há nada.

 

598da9921c225_BoliviaPeruAlemao(362).jpg.dd637d23f4370c80ef67575d8d7ffe47.jpgFoto: Os preços do micro-ônibus que faz o trecho Aguas Calientes - Machu Picchu

 

Outra informação que tivemos é de que não se poderia comer dentro das ruínas (é um pecado chamar aquilo de ruínas, mas tudo bem), mas ao mesmo tempo todos diziam que se levasse as coisas dentro da mochila não pegaria nada. E é tudo bem assim mesmo, felizmente vimos várias pessoas comendo lá dentro, mas ninguém descartou qualquer resíduo inadequadamente, então, acredito que dessa forma, não haja nenhum problema mesmo. Nos juntamos na fila do ônibus, trocamos bilhetes e comida, distribuímos nos espaços que cada um tinha em suas mochilas, embarcamos e partimos. Era uma manhã fria, mas nada demais, estávamos até vestidos demais para a ocasião, esperávamos por frio e vento em Machu Picchu, o que também não aconteceu. Antes de amanhecer havia pouca névoa no ar, que rapidamente dissipou-se com o nascer do Sol. Foram uns 15 minutos de ônibus e chegamos a entrada de Machu Picchu um pouco antes das 7h da manhã. Ainda um pouco acelerados mas bem mais aliviados por estar lá e no horário para a nossa subida a WaynaPicchu. Sem embaçar nada, nos dirigimos direto para a entrada, onde haviam alguns guias oferecendo seus serviços, já íamos passando direto, quando alguém cogitou entrar com um guia, nos reunimos rapidamente, discutimos a idéia e resolvemos dividir um, aproveitar melhor a visita, aprender e observar detalhes, na verdade uma, fechamos o tour guiado com a Isabel, o preço inicial era 250 soles para o tour incluindo a subida conosco a WaynaPicchu, mas a convencemos a fazer por 200 e isso ficou 50 soles para cada. Na minha opinião valeu muito a pena, afinal não havíamos estudado nada e além das explicações, ela nos mostrou vários detalhes que com certeza não teríamos percebido sem ninguém mostrar.

 

598da99223dac_BoliviaPeruAlemao(366).jpg.a2779921a4f8aea58be9b40542437e08.jpgFoto: As primeiras impressões de Machu Picchu, com o Sol nascendo, ainda vazia. Já dá pra perceber no céu o dia ensolarado que estaria por vir e que não haveria neblina que atrapalhasse nossa visão.

 

É impressionante a riqueza de detalhes e como tudo tem um porquê em Machu Picchu, detalhes nas construções, o alinhamento horizontal, vertical e diagonal de janelas por exemplo, a integração entre as obras e a natureza da região, algumas pedras, que aparentemente são apenas pedras mas que na realidade são maquetes da região, bussolas ou que seguem exatamente os contornos das montanhas em volta, tudo faz sentido e tem uma razão. Ao entrarmos, se fossemos seguir a nossa intuição e pressa teríamos atravessado direto toda Machu Picchu e ido direto subir WaynaPicchu, mas a Isabel sugeriu que conhecêssemos uma pequena parte da cidade antes e um pouco antes das 8h da manhã entrássemos em WaynaPicchu para iniciar a subida pois segundo ela, não teríamos hora para descer, apenas para entrar e começar a subir, que era entre 7h e 8h da manhã e deixando para entrar próximo das 8h pegaríamos a trilha mais vazia. E assim fizemos, só o que ela conseguiu nos mostrar antes de subir é de encher os olhos. Primeiro que as 7h da manhã o dia já estava lindo, claro, poucas nuvens no céu e foi sensacional a visão da cidade ainda vazia iluminada pelo Sol, surgindo no leste. Não parávamos de tirar foto, a cada passo, uma visão sensacional, uma nova descoberta e conhecemos uma área mais alta de MP, passamos rapidamente pelo Templo do Sol, que é uma construção visivelmente mais caprichada que as demais, as pedras são melhor trabalhadas e é a única construção em curva em toda MP, infelizmente estava fechada e não pudemos entrar.

 

598da99247702_BoliviaPeruHenrique(1304).jpg.a6e0e6349139733aef966aca5fab98ec.jpgFoto: A única construção arredondada de Machu Picchu, o Templo do Sol e ao fundo Waynapicchu.

 

598da9924fc95_BoliviaPeruHenrique(1350).jpg.dac7389af1c720d79e6cc67e735f922d.jpgFoto: Isabel explicando que as folgas e as pedras "soltas" são propositais, para que as pedras se movimentem e realoquem em casos de terremotos, o que deve ser verdade pois até hoje está de pé.

 

598da992576fb_BoliviaPeruHenrique(1353).jpg.9fa9ad97fb64fa1b35f375bdd9308e16.jpgFoto: A guia Isabel explicando alguma coisa e mostrando sua pastinha aos toiços.

 

Passamos por uma pedra que parecia nada mais que uma simples pedra e ela nos mostrou que era uma maquete das montanhas da região e pudemos observar claramente as montanhas, inclusive onde estávamos e a de WaynaPicchu, onde estávamos prestes a subir. Passamos por uma área onde era possível observar um grande campo plano e gramado que era um tipo de praça da cidade na época dos Incas, passamos por uma área onde há algumas plantas da região identificadas e eu fiz questão de tirar uma foto do pé de chirimóia que me fez lembrar o episódio do Chaves do pezinho de chirimóia e assim fomos atravessando a cidade. Quando faltavam 10 minutos para as 8h entramos em WP para iniciar a trilha, realmente estava bem tranqüilo e foi uma boa idéia não iniciar a subida as 7h.

 

598da9925f173_BoliviaPeruHenrique(1361).jpg.afab4ab1a1c60beb9894d8e3cf69b9fd.jpgFoto: A pedra maquete. A ponta mais alta representa Waynapicchu, que aparece no fundo da foto, montanha que estávamos prestes a subir.

 

Como o dia estava claro e o Sol cada vez mais alto e mais forte, não perdemos nada com relação a visão que se de tem de MP estando em WP, inclusive durante a subida, pudemos observar todos os detalhes. Não é uma trilha fácil, mas também não chega a ser difícil, só requer certos cuidados em algumas partes onde há perigo de cair e rolar morro abaixo, mas também, bem longe de uma trilha vertical. Durante a trilha, paramos algumas vezes para beber água e um suco que havíamos comprado, descansar um pouco e esperar para juntar o grupo que ia se distanciando durante a subida. Encontramos um senhor de uns 80 anos, norte americano, que se não estiver enganado mora no México, fazendo a trilha sozinho, com uma garrafinha de água. Bem tranqüilo, no ritmo dele, lembro-me de ele dizer que provavelmente aquela era a última vez que ele fazia essa subida a WP e que ficaria muito feliz de conseguir chegar ao topo. Passamos por ele, continuamos a subida em um ritmo um pouco mais rápido mas confesso que fiquei contente depois quando ele chegou no topo e nos encontramos novamente. Durante a subida descobrimos que a Isabel, assim como os demais guias credenciados de MP são formados por uma faculdade em Cuzco e fazem um curso de história com especialização em história Inca e nas cidades da região, principalmente Cuzco e MP, bem como diversas outras informações, além de muito boa profissional é gente boa e conversou sobre tudo que perguntamos. Devemos ter demorado cerca de 1h para subir e chegar ao topo.

 

598da99266e6f_BoliviaPeruHenrique(1372).jpg.86ca35ab27bf106e994d237ba7935809.jpgFoto: No meio da trilha, parada para olhar para trás e lá está ela, Machu Picchu.

 

598da9934a90e_BoliviaPeruHenrique(1394).jpg.98bef1495601bf0587802b35d24af3f8.jpgFoto: Quase no topo mas ainda faltava um pouco. Nessa foto, além de um ponto muito bom para observação, pode-se ver Machu Picchu e a estrada em zigue-zague para chegar lá a partir de Aguas Calientes.

 

Durante a subida e lá de cima a visão da cidade é sensacional e única, sem falar na sensação de paz que o lugar transmite, infelizmente de fato, havia muitas pessoas lá em cima e pudemos observar porque passaram a controlar o número de pessoas que pode subir. Não há tanto espaço e todos querem pelo menos passar pelo ponto mais alto da montanha, sem falar que muitas pessoas sentam-se e ficam bastante tempo por lá, não que não tenham direito, mas atrapalha bastante para que outras pessoas possam conhecer. Depois de chegar ao topo, sentamos um pouco em um ponto onde conseguimos e a Isabel nos contou mais algumas histórias de MP e WP, ficamos um tempinho contemplando o lugar e resolvemos iniciar a descida, afinal, ainda tínhamos quase toda a cidade para conhecer, vimos que de lá ainda existem algumas trilhas a serem feitas, mas como estávamos com a guia e nem todo mundo estava no pique de se aventurar em mais uma trilha sem saber quanto tempo gastaríamos, resolvemos voltar a cidade, para tentar chegar a MP antes que liberassem a entrada de WP para o pessoal das 10h, senão pegaríamos a trilha cheia, com certeza.

 

598da9922cb37_BoliviaPeruAlemao(404).jpg.ac23ee722beb5a6b6c71c96cb301b1d9.jpgFoto: Agora sim no topo, obviamente não no ponto mais alto porque não é possível fazer uma formação lá nem um fotografo se posionar dessa forma, mas muito próximos do topo, os toiço chegaram lá.

 

Aconteceu um fato engraçado no inicio da descida, passamos por uma planta e eu me mostrei muito interessado querendo saber que planta era, o nome, para que servia, etc e a Isabel vendo toda a empolgação disse: “No es Marijuana”, imediatamente todos racharam o bico, assim que foi possível eu disse a ela que sabia que não era maconha e que não era esse meu interesse, tentei explicar que era uma planta muito parecida com uma que chamamos de macaé, que tem no quintal da minha casa e que meu pai faz chá para o estômago, provavelmente ela não entendeu a história e se entendeu não acreditou, seguimos em frente.

Descer é ainda mais difícil que subir, e requer mais atenção e cuidado, a descida foi tranqüila e relativamente rápida, me lembro de termos passado por algumas pessoas e quando estávamos terminando a trilha o movimento de pessoas subindo era bem intenso, sinal de que haviam acabado de liberar a subida para a galera das 10h. Novamente em MP partimos para uma parte mais baixa da cidade, e a Isabel foi nos mostrando as construções e moradias onde viviam os cidadãos comuns de MP, igualmente interessante.

 

598da99350253_BoliviaPeruHenrique(1436).jpg.bf8299f124ec3d3d65008f8ee25ac719.jpgFoto: Repare como o contorno da pedra grande segue o formato da montanha ao fundo.

 

Outro fato engraçado foi quando chegamos a mais uma “sala” onde haviam várias pedras grandes no chão, como alguns lugares em MP, e algum de nós perguntou o que eram aquelas pedras e foi engraçado quando ela respondeu que eram apenas pedras, isso foi a única coisa que observamos sem porquê em MP.

 

598da99355418_BoliviaPeruHenrique(1439).jpg.ae6e33822d294623f2bd9f450ea7d906.jpgFoto: Apenas pedras...

 

Depois ela completou a resposta dizendo que provavelmente seriam pedras a serem utilizadas em outras construções pois MP não chegou a ser concluída mas que não existia essa certeza. Mais um fato interessante é a acústica, dentro das construções existem alguns “buracos” na parede como se fossem janelas, só que fechados, digamos que são entradas na parede, que deveriam servir como armários ou alguma coisa assim, e que estando em uma mesma construção se várias pessoas colocam a cabeça nesses vãos e fazem o mesmo barulho o som é propagado de uma forma incrível, mesmo as construções não tendo teto, a acústica formada no lugar é impressionante.

 

598da9935aa46_BoliviaPeruHenrique(1446).jpg.11a888a78705fa37263ad3f716367ab5.jpgFoto: Alinhamento horizontal das janelas.

 

598da99360853_BoliviaPeruHenrique(1451).jpg.5d31f893fa07cd189a536e7c7e3e6cc8.jpgFoto: Alinhamento diagonal das janelas.

 

598da99367752_BoliviaPeruHenrique(1474).jpg.e845060d8961beeb00234fdf9a8b43d4.jpgFoto: Os degraus usados para plantar e os armazéns utilizados para armazenar, construidos no local mais fresco e onde passa maior corrente de vento, com as portas e janelas estrategicamente posicionadas de maneira que mantivesse os alimentos frescos o maior tempo possível.

 

Acredito que ainda não era meio dia, a Isabel disse que já havia nos mostrado tudo o que o tour incluía e se despediu, nos deu algumas dicas de lugares para conhecer que ainda não havíamos estado com ela e disse que como estava cedo, tentaria conseguir outro grupo para o mesmo dia. Nós agradecemos, desejamos boa sorte a ela, pagamos e ficamos de decidir o que fazer. Demos umas voltas, fomos até os grandes degraus que eram utilizados para plantar, conhecemos os grandes galpões que utilizavam como armazéns, estrategicamente localizados no local onde passava mais vento em MP e com as entradas voltadas para o lado de onde geralmente o vento vinha, afim de manter os itens armazenados frescos, claro que só sabia isso por explicações anteriores da Isabel. Depois subimos até a área mais alta de todas da cidade, onde ficava a casa do vigilante, uma espécie de guarita de segurança, que além de estar no alto tinha uma visão privilegiada de toda a cidade e de boa parte da região em volta. Haviam algumas llamas por lá também, inclusive, pela primeira vez na viagem, tivemos a oportunidade de encostar em uma. Eu não me atrevi, mas tirei uma foto do Negão bem próximo de uma.

 

598da992368b5_BoliviaPeruAlemao(422).jpg.dccdd46430705a903fcbd5894c67a722.jpgFoto: Visão de MP e WP, da casa mais alta, de onde funcionava como uma espécie de guarita do vigilante.

 

Descobrimos que por cima também havia uma trilha Inca que dava em outro lugar. Outra curiosidade de MP são os degraus e portas pequenos, nas escadas é necessário pisar de lado ou com a ponta do pé e abaixar-se para passar na maioria das portas, e olha que eu estou longe de ser um gigante do alto dos meus pouco mais de 1,75m. Podemos imaginar como os Incas eram pequenos, com certeza ainda menores que a população peruana descendente, que no geral é menor que a média de altura no Brasil. Embora ainda estivéssemos muito felizes, já começávamos a sentir o cansaço e fome, e eu estava passando muito calor, na parte de cima já havia tirado tudo a muito tempo, mas na parte de baixo, estava de segunda pele e a calça corta vento, além da bota. Com a sensação de dever cumprido resolvemos ir embora, ao sair da reserva passamos por balcões onde havia disponível carimbos de Machu Picchu, para quem quisesse carimbar o passaporte ou outro papel e claro não perdemos a oportunidade, até porque nos lembramos que o baiano havia nos mostrado um carimbo no dele de WaynaPicchu, era um carimbo bonito, colorido, e quando o vimos pela primeira vez, em Potosí, encheu nossos olhos. Infelizmente não lembramos de perguntar quando estávamos em WP e não queríamos atravessar toda a cidade novamente para ir atrás disso. Nos contentamos com o carimbo preto de MP e a data, 17/01/2012. Assim que saímos de MP, em uma espécie de mini rodoviária onde chegam e saem os micro ônibus para Águas Calientes, fomos ao banheiro, que não há em MP (ainda bem) e mais que ir no banheiro, o que eu queria era tirar a roupa, coloquei meu chinelo e um short de jogar bola que eu tinha levado para dormir, era o único que eu tinha a mão, afinal as malas ficaram em Cuzco, mas foi o que salvou. Embarcamos no ônibus e retornamos a Águas Calientes, felizes da vida por ter ido a MP e ao mesmo tempo preocupados e conversando sobre como voltaríamos para Cuzco. Chegando em Águas Calientes, resolvemos almoçar em um restaurante bom. Entramos em um dos que ficam colados com o rio. Comemos ceviche, um prato tipicamente peruano que é basicamente peixe cru marinado em suco de limão, o peixe foi a truta mas existem outras opções, o prato é saborosissimo e alimenta. É a mesma sensação que eu sinto ao comer comida japonesa, no começo parece pouco e que “apenas” aquele prato não será suficiente, mas a medida que vai comendo e saboreando o prato leve a sensação de saciedade vai aumentando. Depois do almoço, por volta das 15h da tarde, ainda queríamos ir embora para Cuzco, mas o dia já não estava tão ensolarado quanto de manhã, havia muitas nuvens carregadas no céu e até alguns trovões, percebemos que não seria possível ir como viemos, através da trilha até a hidrelétrica, pois se começasse a chover enquanto estivéssemos no meio da trilha, poderia ser perigoso. Encontramos com os mineiros, Paulo e Ranieri, que tinham chegado naquele dia a AC de trem, compraram as entradas em Cuzco, no órgão do governo como nós os aconselhamos em La Paz, quando já tínhamos a informação do baiano e compraram ida e volta de trem. Iriam a Machu Picchu no dia seguinte mas não de ônibus, fariam a trilha de AC até lá, dissemos a eles que parecia ser muito cansativo e que em MP por si só exige grandes caminhadas, ainda mais se fosse para subir a WP mas disseram que provavelmente fariam a trilha mesmo, pois já haviam gastado muito com o trem e pretendiam economizar os dólares do busão do transfer, inclusive já haviam fechado com um pessoal para fazer a trilha juntos.

Em uma estação menor, que fica na parte baixa de Águas Calientes descobrimos os preços dos trens para Cuzco, que eram bem caros e também pagos em dólares, descobrimos que não havia mais passagens para aquele dia e que para o dia seguinte já estavam acabando, e mesmo assim, não poderíamos comprar ali, tínhamos que comprar na estação de onde saem os trens mesmo, lá na parte alta da cidade. Conversamos, o japonês manifestou sua intenção em ir de trem, pois estava muito cansado das exaustivas e longas caminhadas dos últimos dias, além de não estar 100% recuperado da gripe que o acometera. Eu, queria ir da mesma foram que havíamos vindo, ou seja, trilha, hidrelétrica, Santa Tereza, busão pelo caminho da ponte consertada. O Negão disse que também não estava afim de pagar pelo trem e que voltaria comigo, então, o Alemão que queria conhecer o trem e ver o passeio, disse que voltaria com o Japa, até para ele não ficar sozinho, fechado. Então, o Negão e o Japa foram para o hostel, o mesmo onde havíamos passado a última noite tentar um quarto para a próxima noite e eu e o Alemão rumamos para a estação, comprar as passagens deles, todos dormiríamos em Águas Calientes mais uma noite para no dia seguinte retornar a Cuzco.

 

598da9923f0e6_BoliviaPeruAlemao(432).jpg.71e4f43887c77b0a137c790c32b39546.jpgFoto: Aguas Calientes a tarde, vista de uma passarela sobre o rio que corta a cidade.

 

Para chegar a estação, tivemos que subir por dentro de uma espécie de galeria, com diversos estandes que vendiam itens variados, principalmente artesanatos, como iríamos ficar aquela noite em AC mesmo, estávamos bem tranqüilos e sem pressa. Fomos passando pelos corredores, observando os estandes e as tranqueiras a venda, além de algumas figuras que circulavam pela galeria. Chegamos a estação e nos dirigimos a fila de duas pessoas, quando chegou a nossa vez o alemão foi tentar comprar as duas passagens mas não foi possível, só havia uma última passagem disponível para o dia seguinte. Em um primeiro momento ficamos sem saber o que fazer mas em seguida optamos por comprá-la para o Japa, o Alemão teria que ir conosco. Nisso, saindo da fila, fomos abordamos por duas garotas extremamente falantes, a primeira impressão é de que eram loucas. Eram duas irmãs, brasileiras, de Ribeirão Preto, que estavam junto com uma terceira irmã que não estava junto na hora viajando pelo Peru, já tinham ido a Lima, feito o passeio das Linhas de Nazca e conhecido uma série de outros lugares, estavam indo a estação tentar trocar as passagens de trem que tinham para aquele mesmo dia por outras para mais cedo, pois segundo elas não agüentavam mais ficar em AC e queriam ir logo para Cuzco. Contaram-nos que no 1º dia em Lima, um ladrão tentou roubá-las, segurou a bolsa de uma delas e tentou correr, ela disse que segurou a bolsa firme e ainda bateu no ladrão, e depois ainda o seguraram até que a polícia chegasse, um mito. Dissemos a elas que não conseguiriam trocar as passagens pois tínhamos acabados de comprar a última para o dia seguinte e que portanto estavam tudo vendido, mas foram tentar e óbvio não conseguiram. Saindo de lá, não tínhamos nada para fazer e elas também não então fomos com elas encontrar um outro pessoal que haviam conhecido e estavam com a outra irmã em um restaurante barzinho tomando cerveja e lá fomos nós. Descemos pela galeria, atravessamos para o outro lado do rio por uma passarela e chegamos ao bar, conhecemos a terceira irmã uma galera grande, do Rio Grande do Sul, que viajava em motor-home. Muito legal, passamos a tarde lá, bebericando e beliscando petiscos, trocando idéia e dando risada, foi muito bom, uma tarde bastante agradável. Eu, como não tomo cerveja, tomei uma caipirinha de pisco. Àquela altura todos estavam com saudades do Brasil, então vira e mexe os papos chegavam a churrasco, feijão e uma grande diversidade de pequenos detalhes que são comuns a vida cotidiana no país e que não existiam lá fora.

 

598da9936f94b_BoliviaPeruAlemao(431).jpg.f72c05e0dc2d2301306186a3249175f1.jpg

Foto: A galera no bar, as duas irmãs que encontramos na estação são as duas depois do alemão, a terceira é a que está em pé, os demais são parte do grupo de gaúchos.

 

Depois de algum tempo, deu a hora do trem e as três irmãs partiram, ainda ficamos algum tempo lá, dando risada com os gaúchos e depois resolvemos ir embora, trombar o Negão e o Japa. Na saída, vimos que ali perto havia um parque de Águas Termales, ou seja, água quente e combinamos de ir ao hostel encontrar os caras e voltar lá para ir ao parque, relaxar, a temperatura que tinha começado cair desde que terminamos de almoçar já exigia ao menos uma blusa. Na saída do bar encontramos o Ranieri, ainda conversamos alguma coisa de tomar umas a noite mas não nos encontramos mais, acho que eles devem ter ido dormir cedo para a trilha e MP que fariam no dia seguinte. Nos encontramos com o Negão e o Japa, contamos a eles sobre as passagens e combinamos de no dia seguinte cedo partir, o trem do Japa era só para a tarde, então ele ainda teria mais 24h em AC. Como eles não quiseram ir, fomos nós dois ao parque das Águas Termales. Devemos ter entrado já passava das 6h da tarde, quase no horário limite para entrada, e ficamos até o horário de fechamento. Assim que entramos, vimos que havia algumas piscinas, a maioria de águas calientes mas também com água fria, se não me engano uma. Era um ambiente bastante agradável, movimentado, com som ambiente, um bar, muito legal. Pudemos aproveitar bastante, o difícil era sair da água quente no frio, nada comparado ao frio que pegamos na Bolívia mas mesmo assim frio. Já estávamos a algum tempo por lá, havíamos estado em todas as piscinas, quando um peruano, o Julio, veio conversar conosco, aproximou-se com a intenção de treinar seu inglês, acredito que pela branquidão do Alemão. Ele nos contou que era de Ica, uma cidade litorânea do Peru e que estava em AC trabalhando, era barman de um dos hotéis de luxo da região, nos contou que pretendia vir ao Brasil trabalhar, Nos disse que como não há muito que se fazer em AC, que em suas horas de folgas geralmente ele ia ao parque de águas termales, relaxar e conhecer gente. Ficamos amigos, conversamos bastante, até que foi chegando a hora de fechamento do parque, então todos tem que sair das piscinas e ir embora. Não foi fácil. Fomos embora e já estava bastante frio. A noite durmi igual uma criança, muito cansado e já esperando o dia seguinte, que também prometia, mas não fazíamos idéia do que estava por vir.

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[t3]AGUAS CALIENTES - HIDRELETRICA - SANTA TEREZA - CUZCO[/t3]

 

18/01/2012

Resumo: Águas Calientes – Hidrelétrica (trilha pelos trilhos do trem), Hidrelétrica – Santa Tereza (de carro com um motorista tipicamente andino) e Santa Tereza – Cuzco (na boléia de um caminhão)

 

Acordamos cedo pero no mucho, tivemos uma boa noite de um merecido descanso, afinal, os últimos dias haviam sido muito cansativos e com poucas horas de sono, claro que todo o esforço havia valido a pena. Talvez, todo o caminho, esforço e tudo o que passamos para conseguir chegar a Machu Picchu tenha sido melhor para nossas vidas do que a própria visita, sem dúvida nenhuma a luta valorizou demais a nossa estada lá. Tenho certeza que não teria sido nem perto do que foi se tivéssemos ido de avião e feito uma rota mais “turística”, tudo havia sido maravilhoso até ali, agora, nos restava voltar para casa, com todas essas e outras histórias para contar, além da experiência de vida que essa viagem nos proporcionou, tenho certeza que não só a mim.

Tomamos o nosso desayuno (não me canso de dizer desayuno, ao invés de café da manhã porque foi uma descoberta sensacional na minha vida quando vi de onde vinha o “dejejum” do Chaves, falando nisso, preciso assistir esse episódio no áudio original), em um hotel ao lado do hostel onde estávamos, nada demais, pagamos um valor fechado por um pão, com opções de manteiga, geléia e chá para beber e partimos, deixamos para trás a cidade de Águas Calientes e nosso amigo Japa, que iria mais tarde de trem e nos encontraria em Cuzco.

Começamos a trilha e agora sim podíamos enxergar o chão que estávamos pisando e observar a maravilha que é a região onde estávamos. Já sabíamos que a trilha era pela linha do trem e que vez ou outra passava por rios, o que eu não fazia idéia até então é que essa trilha segue por um vale plano rodeado por muitas montanhas imensas, sem falar que a mata é muito semelhante a mata atlântica, pelo menos para mim que sou leigo no assunto. Seguimos tranqüilos pela trilha, encontramos alguns pequenos grupos de pessoas no sentido contrário, indo para AC, um cachorro, que fez parte do percurso conosco, algumas placas (que obviamente não havíamos visto no escuro) e um monte de outros detalhes, e nenhum trem.

 

 

598da9a7e838a_BoliviaPeruAlemao(441).jpg.8107d5e91f83567ba662868d24b50ad7.jpgFoto: Começando a trilha, com nosso companheiro temporário nos seguindo.

 

Em alguns pontos simples da trilha, ficamos lembrando das dificuldades da ida e tentando imaginar em qual ponto seria, mas o que mais surpreendeu foi uma ponte relativamente grande que atravessamos, mas que no escuro não fizemos idéia do tamanho.

 

598da9a7f2f7d_BoliviaPeruAlemao(444).jpg.1d29e6910aab54787388c415ae7cd3c1.jpgFoto: Essa é a maior ponte, tanto que tem passagem para pedestre na lateral mas em outras menores não havia e tinha-se que atravessar pelos caibros da linha do trem. Fiquei imaginando como passamos por tudo aquilo no sentido contrário no escuro a dois dias atrás.

 

598da9a80964d_BoliviaPeruAlemao(449).jpg.a0b75618ee30a03dceeab1be6be989f0.jpgFoto: A prova de que está rota não aparecerá em nenhum roteiro turístico oficial

 

Sem nenhum problema, em pouco mais de 2 horas de caminhada chegamos a hidrelétrica, demoramos um pouco para achar o ponto onde sair da linha do trem, mas tínhamos uma pequena idéia e algumas recomendações sobre como reconhecer o local.

 

598da9a813f8f_BoliviaPeruAlemao(450).jpg.4da9c283bc3a792ac0c4efce59416bc2.jpgFoto: O ponto certo de deixar a linha do trem.

 

Chegando a hidrelétrica já havia um carro parado e um casal de mochileiros, eram chilenos de Santiago, professores, se não estou enganado de educação física e estavam esperando que mais alguém aparecesse para dividir o táxi com eles até Santa Tereza, eles também estavam em AC e tinham feito a trilha. Tivemos um pequeno problema pois precisavam de mais 2 pessoas para com o motorista completar as 5 que lotariam o carro, contudo, não foi difícil convencer o motorista a deixar que eu fosse atrás do banco de trás do carro, como se fosse no porta-mala, só que aberto, então não foi tão ruim. De dia, pudemos ver como é ruim o caminho que liga a hidrelétrica a Santa Tereza, é uma estradinha de terra, e em alguns pontos da a impressão de não passar nem um carro, e boa parte do tempo você está em curvas com um paredão de um lado e um precipício do outro, o motorista, para variar, se achava piloto e era tão arrojado quanto os que haviam dirigido para nós anteriormente. É impressionante como correm naquelas estradas ruins e cheias de curvas, com o agravante de estar a beira de um abismo. Realmente eles não tem medo da morte. Graças a Deus chegamos vivos a Santa Tereza, um pouco doloridos com a chacoalhação mas tudo bem, ainda não era meio dia. De dia, em Santa Tereza, pudemos ver o quão pequeno é aquele lugar, uma única rua, poucas casas, e uns dois comércios abertos. Uma mistura de far west e pequenas cidades sertanejas do interior do interior (2x de propósito) do Brasil.

Assim que saímos do carro, fomos procurar saber a respeito dos ônibus para Cuzco e encontramos uma senhora, que vendia passagens e descobrimos que o próximo sairia as 2h30 da tarde, e ainda não era meio dia. Sem opção, sentamos em um banco em uma “calçada” compramos algumas tranqueiras de comer para matar o tempo e enganar o estomago e viramos atração do lugar, as pessoas que transitavam na rua não tiravam os olhos da gente, algumas pareciam sair de casa só para nos olhar. E nós, não tínhamos outra opção, que não aguardar o horário do ônibus.

Ainda não era meio dia e meio quando a mesma senhora veio nos dizer que havia um caminhão indo para Cuzco e que aceitaria nos levar pela metade do preço que pagaríamos ao ônibus. Em um primeiro momento ficamos um pouco preocupados em aceitar, pensamos que poderíamos cair em algum golpe, o caminhoneiro sumir com agente, nos assaltar ou alguma coisa assim. Por outro lado pensamos em quanto tempo ganharíamos de partir imediatamente, chegaríamos mais cedo e entramos em consenso de topar. Foi só o tempo de juntar nossas coisas, jogar para dentro da boléia do caminhão (sim, fomos na boléia, afinal, éramos 5 pessoas, na cabine só cabem 3 e o caminhoneiro tinha um ajudante), o caminhoneiro e seu ajudante fizeram os últimos ajustes, nos passaram algumas orientações, tipo para não sentarmos em cima dos sacos e embrulhos que também estavam na carroceria e partimos, como se fossemos carga. Era um caminhão bem velho e a carroceria, boléia, baú, ou seja lá como queira chamar, era uma grande caixa de madeira, destampada no teto, contudo havia uma lona, que poderia fechar ou abrir o teto (teto solar), e para iniciarmos a viagem começamos no meio-a-meio, o que foi bom pois o sol estava muito forte, mas se fechar toda a lona, aquilo vira uma sauna, então com a metade fechada tínhamos sombra e o ar circularia.

 

598da9a8301e9_BoliviaPeruAlemao(455).jpg.a1bfcdbf4880e5a8d90d0bbdd279c02b.jpgFoto: El caminón.

 

598da9a93d115_BoliviaPeruAlemao(456).jpg.59193d2c4c4de545a14bc3cc6a241b93.jpgFoto: Nós e os chilenos, já dentro do transporte, o alemão tirou a foto.

 

598da9a94553a_BoliviaPeruAlemao(457).jpg.ee7cb07be2f218467ce6914a52e4bc94.jpgFoto: Aqui está ele, e mais importante, o colchão. RS

 

598da9a933790_BoliviaPeruAlemao(460).jpg.57d3f385c00052059425a9ea26433e6c.jpgFoto: Listo! Prontos pra partir, ou quase, pois em pé não ia rolar, ou melhor, todo mundo ia rolar...

 

Para nossa sorte, havia um colchão novinho lá também, no começo não iríamos encostar nele, tentamos ir em pé mas até sentado era difícil ficar, tudo balançava muito, sem falar na poeira que já estava dentro do caminhão junto com a poeira da estrada de terra e o vento que passavam pelas frestas entre as madeiras do chão, formou-se uma nuvem lá dentro. No começo estávamos achando tudo aquilo muito louco, afinal, não é sempre que se pega carona na carroceria de um caminhão e por outro lado pensávamos na loucura em que estávamos fazendo por locomovermo-nos dessa maneira, mas com certeza, apesar dos perrengues estava aproveitando muito tudo aquilo, tiramos várias fotos, fizemos pequenos vídeos, foi muito legal, eu não, minha câmera estava sem bateria, eu havia gastado tudo em Machu Picchu e não a recarreguei, dizia que as últimas fotos da minha viagem seriam as que tirei em MP, besteira.

Até que a empolgação foi baixando, cada um começou deitando só a pontinha da cabeça em uma beira do colchão e quando percebemos já estávamos todos deitados em volta dele mas já bem menos acanhados do que no começo.

 

598da9a94ea11_BoliviaPeruAlemao(463).jpg.887d150d70e1d0e19038bfe4fe0df3ae.jpgFoto: Deitados em volta do colchão, aqui a poeira já tinha abaixado um pouco e ainda fazia bastante calor.

 

Devemos ter rodado por quase 1h quando o caminhão fez uma parada, abriram-se as portas da caçamba e entraram uma senhorinha chola e uma moça jovem com um bebê recém nascido. As ajudamos a se ajeitar com suas coisas, deixamos que ficassem na melhor parte do colchão, trocamos pouquíssimas palavras, elas como o povo em geral estavam muito sérias e também pouco se conversavam, nessa parada, subiram também mais algumas cargas no caminhão. Mais uma vez começamos a andar e nós nos sentindo como dentro de um liquidificador, bem diferente das mulheres que haviam acabado de entrar, bem tranqüilas e quase não balançavam, parece que estão acostumadas a viajar dessa forma e devem fazer isso sempre. Rodamos mais ou menos mais uma hora e o caminhão parou novamente, a moça desceu com o neném, desceram alguns dos sacos e quando já estávamos nos ajeitando para partir o caminhoneiro apareceu na porta gritando: “Cochón, cochón”. Já era nosso colchão, e o descarregaram também.

 

Vídeo: A parte quente da viagem na boléia do caminhão, editado pelo Negão.

 

A temperatura estava caindo rapidamente e o tempo começava mudar para chuva, por isso terminaram de fechar o nosso teto solar (a lona que cobria a carroceria). Mais uma vez tentamos nos equilibrar pois já não estávamos mais em estrada de terra, agora era asfalto e como havíamos nos acostumados ao colchão, o chão não parecia agradável. E dessa vez rodamos bastante tempo sem parar, eu mesmo que já tinha colocado minha blusa, cheguei a cochilar e acordar várias vezes, deitado no chão, eram cochilos pequenos, até que quando me dei conta estava todo gelado, a temperatura caiu demais e o vento que passava pelas frestas da madeira contribuía para a sensação de frio, vesti tudo que tinha a mão, ou seja, tudo o que eu havia levado na minha mochila de ataque para AC. Mais uma parada, e a senhora chola desceu, e o caminhoneiro veio com um papo de que teríamos que descer um pouco mais a frente, pois poderia haver fiscalização e se nos pegassem ele seria multado. Não concordamos e tentamos discutir mas ele meteu o louco e fingia não nos entender, aí o chileno tomou a frente, pela facilidade da língua e negociou, disse que até poderíamos ficar onde queria nos deixar, mas que então teria que nos devolver a quantia necessária para pegarmos o ônibus do lugar (que eu não me lembro onde era) até Cuzco. O caminhoneiro preferiu correr o risco a pagar 5 passagens de busão (que custavam mais ou menos 3 bolivianos cada). Rodamos mais ou menos uma hora e quando ele parou e abriu a porta do baú, estávamos em Cuzco. Agradecemos a ele que partiu em seguida, comemoramos a chegada com os chilenos, tiramos as últimas fotos juntos e cada um para o seu lado.

 

598da9a957343_BoliviaPeruAlemao(466).jpg.218f5d6e33cf66d567ad40c7881f480a.jpgFoto: Após o desembarque, antes da despedida, todos encapotados, estava bastante frio.

 

Estávamos morrendo de fome, mas primeiro fomos correndo a agência da Aerosur na avenida El Sol, para tentar chegar antes que fechasse, confirmar nossas passagens para o dia seguinte, e conseguimos. Depois mesmo todos sujos, gelados e empoeirados, da cabeça aos pés, resolvemos comer em um restaurante bacana, não me lembro exatamente em qual, mas foi em um dos que ficam no entorno da Plaza de Armas, comemos muito bem, rolou até um vinho. Depois do jantar, fomos dar nossas últimas voltas em Cuzco e comprar os últimos presentes para as pessoas que ainda estavam faltando para só então voltar ao hostel, reencontrar o Japonês, que nos contou um pouco sobre a experiência da viagem de trem, resgatar nossas mochilas, tomar um dos mais necessários banhos calientes da viagem, arrumar tudo e preparar para partir no dia seguinte bem cedo.

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[t3]DE VOLTA PRA CUZCO E DE VOLTA PRA CASA[/t3]

 

19/01/2012

Resumo: O início da volta pra casa, Cuzco – La Paz – Santa Cruz de la Sierra

 

Mal pudemos matar nossas saudades de Cuzco e já tínhamos que partir, mas também estava na hora, já eram quase 20 dias de muitas aventuras longe de casa e fora do país. Madrugamos, últimos ajustes, check-out no hostel e chamamos um táxi para ir até o aeroporto de Cuzco. O nosso roteiro de retorno seria o seguinte: De Cuzco iríamos de avião até La Paz, onde teríamos entre 2 e 3h para o próximo vôo que seria de La Paz para Santa Cruz de La Sierra. Em Santa Cruz, teríamos mais de 12h até o horário do vôo para São Paulo. De táxi até o aeroporto de Cuzco, tudo bem e na fila para o check in, encontramos os mineiros, Paulo e Ranieri de Mariana e Ouro Preto respectivamente. E conversando, sobre toda a viagem, sobre os pontos em comum, inclusive que nos encontramos algumas vezes, sobre os pontos diferentes, estávamos no mesmo vôo para La Paz.

 

598da9a962aa3_BoliviaPeruAlemao(468).jpg.1f0b3ed144f3eb5ec5f80645913be96d.jpgFoto: Ranieri e eu, no aeroporto em Cuzco.

 

Atrasou um pouco, o avião demorou para decolar e por isso chegamos a La Paz (El Alto) um pouco mais tarde do que estava previsto, então o nosso tempo lá ficou reduzido a pouco mais de 1h, diferente dos mineiros, que teriam mais horas, saíram do aeroporto e desceram para a cidade, pois ainda havia algumas coisas que gostariam de fazer lá. Nós 4 almoçamos no aeroporto mesmo e nem vimos esse pouco tempo passar, rapidamente estávamos embarcando e chegando a Santa Cruz de la Sierra.

 

598da9a96d523_BoliviaPeruAlemao(471).jpg.5814162200f4ad0ffbaaad0f2e5c8ac3.jpgFoto: Sobrevoando a Cordilheira dos Andes pela última vez nessa viagem.

 

Em Santa Cruz sim, teríamos mais bastante tempo até o próximo vôo, mais de 12h disponíveis, sendo que o Negão ainda ficou mais alguns dias por lá antes de voltar, e até por isso, já tratou de ir fazendo amizades no vôo mesmo, conversando com pessoas que ficariam na cidade e já esquematizando a sua estada por lá. Nós estávamos na dúvida se sairíamos ou não para a cidade ou se esperaríamos no aeroporto. Hoje eu acho que teria sido melhor ir dar uma volta, mas não foi o que fizemos. O Japa resolveu ir dar uma volta, ir ao hostel com o Negão e os caras que conhecemos, o Alemão e eu achamos melhor ficar no aeroporto mesmo, estávamos sem grana (em bolivianos e o resto dos dólares que ainda tínhamos seria para pagar as passagens de volta, pois ainda estávamos devendo) e resolvemos não sair. Além do que, eu estava bastante gripado e começava a sentir mal. Fui ao banheiro do aeroporto me trocar, para ficar mais confortável, afinal Santa Cruz é muito quente, mesmo dentro do aeroporto que tem ar condicionado. Quando voltei, eles já haviam ido, e aí, não nos restou outra alternativa que não esperar o tempo passar. E assim foi, entre telefonemas, idas a lan house, caminhadas pelo aeroporto (que é menor do que o conjunto formado pelo Terminal Rodoviário e a Estação da Barra Funda). Fizemos algumas amizades rápidas, que chegavam para embarcar, embarcavam e nós íamos ficando, não foram poucas as pessoas que duvidaram das nossas histórias ou que não se impressionaram com nenhuma delas. A que mais fazia sucesso, até por ser a mais recente e ainda estávamos empolgados com ela foi a do trecho Santa Tereza – Cuzco, na boléia do caminhão. Tínhamos certeza que encontraríamos os mineiros mais uma vez, pois eles chegariam a Santa Cruz e embarcariam para o Brasil, ainda um vôo antes do nosso, mas não os vimos, acho que não saíram da área de embarque, pois em um aeroporto daquele tamanho, não há outra explicação para não os termos visto. Depois trocamos e-mail e descobrimos que chegaram bem. O Japa chegou já de noite, mas mesmo assim com bastante tempo para esperar conosco pois nosso vôo estava marcado para as 3h40 da madrugada.

 

 

20/01/2012

 

Tentamos cochilar, quando foi 1h30 da madrugada, juntamos nossas coisas e demos entrada na área de embarque, claro que antes disso passamos por um pequeno apuro para pagar a taxa de embarque que pensávamos já estar paga, mas tudo no aeroporto estava fechado, a própria área de embarque havia acabado de abrir.

Depois foi tudo tranqüilo, embarcamos, decolamos, fizemos uma escala em Campo Grande e desembarcamos em São Paulo as 9h da manhã de uma sexta-feira, dia 20/01/2012.

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