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Mil Perrengues: Bolívia, Chile e Peru


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Fala galera da mochila!

 

Estou aqui mais uma vez, como forma de retribuição, para registrar nossa aventura. O roteiro é clássico e já conhecido de quase todos por aqui, mas nunca imaginaria que uma viagem dessas fosse tão marcante e tão imprevisível.

 

Iniciamos – eu e a Miriam (minha esposa) – no dia 12.03.2014 por Santa Cruz, depois Sucre, Potosi, Uyuni (Salar), San Pedro do Atacama, Arequipa, Cusco (Macchu Picchu), Copacabana e, por fim, La Paz.

 

Antes de mais nada, gostaria de agradecer imensamente a TODOS do Mochileiros.com que me ajudaram a construir e realizar esta viagem, direta ou indiretamente, especialmente Sorrent, Mauro Brandão, Maria Emília, guto_okamoto (e os mendigos machos), Aletucs, camilalisboa e todos os demais que a minha memória traiu agora...Muito Obrigado!

 

Gastos

 

A primeira preocupação de qualquer mochileiro, além do roteiro, claro, é com a grana que irá investir. Posso dizer que conseguimos ser bem econômicos, principalmente com comida e hospedagem, fato que foi bem proveitoso ao final, restando uns dólares para o Free Shop e presentes aos amigos.

 

No total, gastamos cerca de R$ 4.500,00 (reais) para o casal, com tudo, hostel, comida, passeios, etc. Só não entrou nessa conta as passagens aéreas de ida e volta e um “plus” devido aos perrengues que explicarei mais tarde...

 

Levamos TUDO em dólares e foi a melhor coisa que fizemos. Não tivemos problema algum, sem preocupação com caixas eletrônicos, taxas de cartão de crédito e demais preocupações. O único risco – e bota risco nisso – era perder o dinheiro, mas levamos duas Money Belt que deram conta do recado, só tirávamos para tomar banho e olha lá!

 

A estratégia foi trocar reais por dólares aos poucos, aqui no Brasil. Íamos acompanhando a cotação e quando estava boa, ligávamos para três casas de câmbio e brigávamos pela melhor cotação, sempre dava certo e uma cobria o preço da outra.

 

Passagens: R$ 1.380,00 para os dois já com todas as taxas, voando Gol. O melhor preço foi no decolar.com, inclusive com mais opções de horário.

 

Reservas/Hospedagem

 

A única reserva que fizemos com antecedência foi para o Jodanga, hostel excelente de Santa Cruz, pois queríamos conhecê-lo e sabíamos que não voltaríamos tão cedo a Santa Cruz, quer dizer, pelo menos não imaginávamos o final SURPREENDENTE dessa viagem...Mas enfim, quem quiser dar uma olhada no Jodanga e já aproveitar para fazer aquela reserva esperta, entra lá no site deles: http://www.jodanga.com/

 

No mais, fomos desbravando as “ótimas” ::mmm: opções de hospedagem que a nossa querida América do Sul nos oferece, com exceção do Wild Rover, que realmente é muito bom, mas só tem em Arequipa, Cusco e La Paz, recomendadíssimo! Pela festa, pela bagunça, pelo conforto, pela higiene, pela comida, pela galera, etc., etc., etc., quem já ficou lá sabe do que estou falando...E mesmo para você, rapaz casado e sério e você, donzela comprometida, vale a pena. Como disse, fui com minha esposa e curtimos muito o lugar, não é só para pegação e bebedeira que o Wild Rover se presta, confiem em nós: http://www.wildroverhostels.com/

 

Obs. Se você for solteiro (a), então amigo (a), o Wild Rover é parada obrigatória. ::hahaha::

 

Perrengues

 

Meu Deus do céu! Só nesta trip aprendemos a lidar com quase todos os tipos de perrengues que uma viagem pode proporcionar. Terminamos com a sensação de missão cumprida, mesmo não conseguindo seguir boa parte do nosso roteiro, infelizmente, mas serviu como um grande aprendizado e um motivo para voltarmos, sem sombra de dúvida. Então, como todo bom mochileiro, prepara-se e curta o momento...

 

Certificado Internacional de Vacinação

 

Como a maioria que já postou relato por aqui, não nos foi solicitado este certificado em nenhum momento da viagem. No entanto, se você quiser garantir, o posto da ANVISA, no aeroporto de Guarulhos, fica no Terminal 2, ASA "C" - Desembarque, e você poderá retirá-lo na hora.

 

IMPORTANTE: Para a retirada do Certificado Internacional, primeiro deverá tomar a vacina em qualquer posto de saúde, é de graça e garantirá sua proteção contra a FEBRE AMARELA. Para agilizar as coisas caso queira retirar o certificado no mesmo dia do seu voo, como nós fizemos, antes de sair de casa, faça seu cadastro no site da ANVISA, pois sem ele não será possível a retirada no posto do aeroporto. Você até consegue fazer o cadastro na hora, eles têm um computador ligado à internet lá mesmo, mas a conexão é lenta e tem fila, o que poderá atrapalhar seus planos ou fazer com que se atrase para pegar o avião.

 

Então vamos lá!

 

12.03.2014 – São Paulo / Santa Cruz de La Sierra (Bolívia)

 

Voamos pela Gol, com saída do aeroporto de Guarulhos às 11h05 e chegada prevista em Santa Cruz às 13h10, tudo no horário e sem transtornos, aliás, essa primeira parte da trip foi bem tranquila, mal sabíamos o que vinha pela frente...

 

Chegando em Santa Cruz, logo trocamos 100 dólares no aeroporto mesmo, pois não tínhamos um boliviano sequer e sabíamos que iríamos precisar para o táxi até o Jodanga, pagamento da diária, lanche e uns itens de última hora.

 

Logo no avião já conhecemos o primeiro brasileiro! Um baiano gente fina que faz medicina em Santa Cruz, aliás, estudante brasileiro de medicina em Santa Cruz é como formiga, tem em todo canto!

 

As perguntas básicas aos brasileiros que chegam nessa cidade são: “Faz medicina?” e “Veio colocar silicone?” Hahahahaha.

 

Pois bem, já com todas as dicas do nosso amigo baiano que não é muito chegado em carnaval, chegamos à cidade mais brasileira da Bolívia. É incrível como Santa Cruz se parece com o Brasil, desde a fisionomia do povo, até o clima e a comida.

 

CURIOSIDADE: Ao sair do aeroporto, existe um sistema alfandegário e de segurança curioso. Ninguém, ninguém mesmo entende e eles não explicam. O lance é o seguinte, existe uma porta grande, tipo aquelas com detector de metais, com um botão. Você chega, aperta o botão e, se ficar verde: Liberado! Se ficar vermelho: Revistado! Hahahaha, mas isso é antes de passar pelo suposto detector de metais! WTF?! Como assim? É tipo um roda a roda do Silvio Santos! Pura sorte, nada mais que isso! E detalhe, NINGUÉM RECEBEU LUZ VERMELHA! Passaram umas trinta pessoas na nossa frente e não acendeu a luz vermelha nenhuma vez!

 

O trajeto até o Jodanga é bem tranquilo, um pouco distante, mas tranquilo. Este foi o único táxi que pegamos em Santa Cruz, carro velho, sem cinto, que engasgava e morria a cada 5 km. O taxista era bem fechado, só se soltou quando começamos a falar em português (eita povo simpático de meu Deus), perguntando sobre a Copa, economia, política...Puxar papo com o taxista sempre ajuda.

 

 

Chegando ao Jodanga, surpresa agradável. Hostel com clima caribenho, pessoal simpático, com piscina, bar, wi-fi, enfim, ótimo lugar. Ficamos num quarto para 10 pessoas (beliches), misto, com banheiro e chuveiro quente próprios. O locker fica fora do quarto, no corredor, mas é bem tranquilo, nos sentimos bem seguros lá.

 

Pedimos informações na recepção e já saímos para desbravar a Bolívia brasileira! De lá, caminhamos até um parque que fica bem perto do Hostel, lugar agradável e bem arborizado. Andamos mais um pouco até uma avenida, contornando esse parque e chegamos a um ponto de ônibus. Aí já sacamos como funciona o transporte público na Bolívia.

 

O lance é o seguinte: Não existe ponto de ônibus! Você fica parado numa esquina, numa rua qualquer onde costumam passar os “buses” e, ao avistá-lo, sai correndo atrás! Faz sinal! Mostra a camisa a Brasil! Vira estrelinha, dá um duplo twist carpado, Isso deve funcionar...Para vocês terem uma ideia, de táxi, do Jodanga até o centro, ficaria em torno de 80 BOB´s (bolivianos) ida e volta - pelo menos foi isso que uma brasileira gastou. Nós gastamos míseros 4 BOB´s, cerca de R$ 1,28 (cada passagem). Então, ao contrário da Angélica, Vá de ônibus!

 

Além da economia, é muito divertido. São micro-ônibus bem velhos, importados do Japão da década de 70 e sem segurança alguma. Eles andam com as portas abertas para facilitar a entrada e saída da galera, é sério, às vezes nem param, passam perto da calçada e o povo vai subindo, pagando o motorista, e se agarrando nas ferrugens para ficar em pé. Pra ajudar, como bom brasileiro, estava de chinelo e levei um mil, duzentos e dezessete pisões no dedão do pé direito, resultando, ao final, um saldo de -1 unha.

 

Enfim, chegamos ao centro de Santa Cruz, lugar agradável e meio caótico. A praça XXIV de Setembro é bonita e bem cuidada, com muitas crianças e pombas, as “palomitas”, terror da Miriam :cry: . Resolvemos comer no Burger King, que fica bem em frente a essa praça, num lugar bem legal, enorme e com cara de museu antropológico da minha cidade, hehe. Andamos bastante por todo o centro, já se adaptando novamente ao espanhol e ao povo boliviano. Entramos no mercado municipal, passeamos pela praça, tiramos algumas fotos e conhecemos a catedral, linda.

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De volta ao Hostel, compramos umas bobeiras numa mercearia próxima e aproveitamos para curtir o lugar. O pessoal é bem gente fina, mas tinham muitos, muitos israelenses que, apesar de simpáticos, se fechavam entre eles, numa espécie de panelinha israelita. Uma pena.

 

No mais, entramos no quarto e a Miriam foi perguntar em espanhol não sei o que a um cara com pinta de indiano, que respondeu em inglês e era brasileiro! Hahahaha. Logo uma outra veio berrando: Brasileiros! Aí sentamos na entrada do banheiro, uma espécie de vestiário e ficamos lá batendo papo. O “indiano” (Lucas, se não me engano) contou que estava viajando há três anos, já tinha rodado o mundo e estava voltando pra casa. A outra brasileira, uma figura, estava no fim da trip com um roteiro bem parecido ao nosso, o que foi bom para perguntarmos sobre o Salar e as condições climáticas em Uyuni, pois era Março e a chuva pega naquelas bandas...

 

Terminei a noite tomando coca-cola com Eno e Dramin, resultado do lanche que não caiu bem, droga. Falarei sobre a comida mais pra frente, mas já adianto que, mesmo para estômagos mais fortes, a culinária boliviana reserva algumas surpresas.

 

CURIOSIDADE: Se alguém te convidar para “ficar de bola” em sua casa, recuse! [ou não, vai saber]. Ficar de bola significa TODOS PELADOS pela casa, assistindo um filminho, comendo pipoca, dançando Macarena, de boa, sem roupa, só “de bola”...HAHAHHAhahahaha...História bizarra do indiano brasileiro com uns chilenos aí...

 

Por enquanto é isso [...]

 

NOTAS

 

Cotação do dólar no aeroporto de Santa Cruz: US 1,00 a BOB 6,96.

Táxi aeroporto/Jodanga: BOB 70

Hostel Jodanga: BOB 80 (por noite, por pessoa).

Burguer King: BOB 40 (combo).

Água: BOB 12 (1 litro)

Coca-cola: BOB 7

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Olá Polyleffid, eu fiz o Salar de 3 dias, com trasnfer a San Pedro do Atacama (Chile). Se você for a San Pedro na sequência, vale mais a pena fazer desse jeito, inclusive fica um pouco mais barato. Já se você não for a San Pedro, ou seja, vá até Uyuni e volte a Uyuni, aí talvez compense fazer o de 2 dias, pois o Salar em si, é só no primeiro dia, na sequência você irá conhecer o deserto, as lagunas, a ilha dos cactos, enfim...Eu recomendo fazer o de 3 dias, mas cada roteiro tem sua história, boa trip!

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13.03.2014 – Sucre

 

Depois de muito pesquisar aqui no mochileiros, de conversar com amigos que já foram, de incansáveis pesquisas na internet, tomamos a decisão de fazermos o trajeto Santa Cruz x Sucre de avião.

 

Evidente que isso encareceu um pouco a viagem, mas, ao final, vimos que valeu muito a pena. Primeiro porque todos, sem exceção, que encontramos no Jodanga e já haviam feito esse trajeto de ônibus, se arrependeram profundamente. Uma porque o caminho é perigoso demais, com vários trechos beirando abismos enormes e com deslizamentos constantes, que, somados ao período de chuvas, se torna um roteiro perfeito para uma tragédia. Outra porque de avião leva meia hora (cravado no relógio) e de ônibus cerca de 17 horas, mas, TODOS que foram disseram ter levado 20h, 21h, até 22 horas dentro de um ônibus sem segurança alguma, velho, que vivia quebrando na estrada e superlotado...Então, vale realmente a pena? Claro que, financeiramente, a diferença é absurda: 291 BOB do avião, contra 40 BOB do ônibus, mas resolvemos economizar em outras coisas, beber um pouco menos de cerveja e viver para contar tudo isso, hehe.

 

Buenas, como o vôo estava marcado para as 7h50 da manhã, resolvemos pedir um táxi do Jodanga mesmo para não perder a hora – no início do relato havia dito que foi o único táxi na cidade de Santa Cruz, ops. – e fomos tranquilos até ao aeroporto Viru-Viru.

 

Tudo no horário, não atrasou um segundo sequer, fizemos o check-in com tranquilidade, embarcamos num avião pequeno, mas estável e fomos rumo a Sucre.

 

DICA: Caso decida ir de avião, compre a passagem daqui do Brasil mesmo, com certa antecedência, pelo site da BOA, é rápido e seguro, não tivemos problemas, ao contrário de alguns brasileiros que deixaram para comprar no dia, lá no aeroporto, e não conseguiram passagem, tendo que ficar mais um dia em Santa Cruz. Site da BOA (boliviana de aviación): http://www.boa.bo/bienvenido

 

Tá aí uma cidade que nos agradou. Sucre é bem simpática e nos acolheu muito bem, apesar dos primeiros perrengues começarem a surgir a partir daqui, tisc, tisc...

 

O primeiro problema foi arrumar um lugar para ficar, pois dormiríamos uma noite em Sucre para, logo cedo, partirmos a Potosi. De cara, um taxista veio nos abordar e como fez um preço bacana, topamos.

 

O problema é que esse taxista tinha um esquema com a dona de um hotel bem fuleiro no centro da cidade e quis porque quis que ficássemos lá. O lugar era tão bizarro que tinha decoração de dinossauros (por causa do Parque Cretácio) e uns lances de índio que não entendemos nada...A dona era muito escrota e achou ruim que não queríamos ficar no muquifinho dela, saímos quase enxotados do lugar e começamos a saga por um teto, pobre de nós...snif...

 

Descemos umas ladeiras e subimos umas ladeiras e descemos umas ladeiras de novo, meu Deus, as mochilas começaram a pesar e o Sol a castigar. Entramos em uns cinco hotéis/hostels/motéis/quartinhos que, pra eles, é tudo igual e com o mesmo preço.

 

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Até que nos deparamos com um Hotel mais ou menos, mas bem localizado, bem perto da praça e da feirinha noturna que queríamos conhecer. Fechou. A decoração do lugar era tão bizarra quanto a do primeiro, mas o preço era melhor e a localização nem se fala. O dono tinha uma cara de pedófilo/tarado que dava medo e no “escritório” dele havia umas fotos das filhas com roupa de mulher das cavernas, semi-nuas, ao lado de dinossauros...Santo Deus! Mas como as opções eram escassas...

 

Mal colocamos as mochilas no calabouço, digo, no quarto, já saímos para conhecer Sucre, a capital constitucional da Bolívia.

 

A primeira parada foi no Parque Simón Bolivar, uma praça linda, localizada no centro histórico de Sucre, com três jardins integrados, sendo um destinado às crianças, cheio de esculturas de dinossauros e brinquedos temáticos. Paramos um tempo lá, tomamos um refrigerante, comemos umas batatas e descansamos observando as pessoas passarem, sem pressa, por dentre as árvores e bancos. Depois saímos pra andar sem rumo – adoramos isso – e para tentar achar um lugar para comprarmos folha de coca, não por causa da altitude, mas por curiosidade mesmo.

 

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Topamos com um mercado e tivemos o primeiro contato com as famosas “carnes Friboi” hahahaha, Toni Ramos ficaria decepcionado na Bolívia...

 

Aí começa nossa desventura culinária. Com todo respeito aos bolivianos e os que são corajosos, estomago e figadomente falando, mas vimos uma série de pequenices que, só de lembrar, minha alma clama por piedade.

 

A barraquinha de suco de tamarindo (e eu achava que era invenção do SBT), além de imunda, com moscas brincando de ciranda-cirandinha, era servido num copo que ficava ao Sol do meio dia, tampado por um pedaço de caco de vidro. Aí o viajante compra o suco, toma ali mesmo e devolve o tal copo. A cholita simpática pega este copo, chacoalha numa água marrom armazenada num balde de construção, dá uma lustrada com os seus dedos límpedos, mergulha o copo num outro balde cheio de suquinho com tamarindos boiando e põe à venda! Se a ANVISA fosse uma pessoa, teria sofrido um enfarto... Adentrando ao mercado, as variedades culinárias eram muitas, porém, não muito apetitosas.

 

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O lugar é legal pela diversidade sim, ficamos vendo a gringaiada espantada com qualquer coisa, comendo tudo que viam pela frente (essa galera tem estômago de aço), tirando fotos de bananas HAHAHhahahaha...Enfim, aproveitamos para comprar algumas frutas e experimentar a famosa folha de coca!

 

A folha de coca é uma espécie de pílula mágica para os turistas e um hábito para os locais. Custa uma ninharia e você encontra em qualquer esquina da Bolívia (menos em Santa Cruz, que a venda da folha é proibida). Já havíamos aprendido como mascá-la aqui no mochileiros e partimos pro abraço! Jesus, que coisa horrível! Imagine esfarelar um comprimido de magnopyrol num tanto de mato qualquer e colocar na boca, esse é o gosto.

 

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Pra falar a verdade, você fica com as folhas no canto da bochecha, como um hamster, e vai sugando aquele caldo amargo...urgh...Fiquei meio enjoado com esse gosto e o cheiro é muito forte também. A Miriam mal conseguiu mascar por dois segundos e já estava cuspindo, hahahahha. E o pior é que estávamos com medo de falar que era ruim e cuspir essa droga (no bom sentido) no lixo e sentir a fúria das Cholas (!). Elas amam esse treco e vendem também...#eutenhomedodascholas.

 

Andamos mais um tanto, trocamos um pouco de dinheiro e voltamos ao calabouço para arrumar as coisas e ir conhecer o famoso Parque Cretáceo.

Entramos no site do lugar e perguntamos na “recepção” do “hotel”: Tudo certo, o parque fecha às 18h.

 

Como não queríamos gastar e já tínhamos passado pela experiência positiva de Santa Cruz e seu transporte coletivo, fomos de ônibus. Existem as opções de táxi (muito caro) e de ônibus especial que vai direto ao parque, que não encontramos. Diz a lenda que fica próximo à praça 25 de maio, mas não o encontramos de jeito nenhum.

 

Pegamos mais um micro-ônibus naquele esquema que vocês já sabem: velho, porta aberta, ferrugens te abraçando, enfim, e fomos.

 

 

A Miriam pediu ao motorista para nos avisar quando estivesse chegando. Ok, fomos curtindo a viagem, aquela brisa de óleo queimado no rosto, o aroma de lhama frita no ar, o som das crianças gritando...muito agradável. Passada a primeira hora dentro do coletivo, começamos a estranhar. A Miriam perguntou ao motorista novamente e ele, com a tranquilidade de um samurai, só balançou a cabeça e disse que estava chegando. O cenário já havia mudado, as ruas sumido, só mato e terra ao redor, o povo diminuiu e até o ar estava mais rarefeito.

 

Passados mais 40 minutos, avistamos uma obra, com tratores e nada se parecia com um parque, nem de longe...cerca de 2 horas depois, TCHANÃ! Chegamos!

 

Primeiro que o motorista nem olhou pra trás, parou o ônibus, abriu a porta e foi embora, rs...Descemos no meio do nada, o tempo já tinha virado, estava frio e começando a escurecer, já eram 17 horas, mais ou menos. No entanto, pensamos: “Ah, já levamos o dia inteiro nessa porcaria de micro-ônibus mesmo, agora vamos conhecer esse parque maldito!”.

 

A entrada do parque, que não sabemos se é a entrada principal, parecia com uma fábrica. Fomos a um guarda e perguntamos sobre o Parque Cretáceo, a resposta: “O parque é aqui sim, mas fecha às 16h”. Como assim?! Entramos no site, perguntamos a um mundo de pessoas e TODOS disseram que fechava às 18h (!). Ficamos P da vida, porque havíamos perdido uma tarde inteira dentro do micro e ainda não conseguimos conhecer nada! Não sei se esse micro faz um caminho mais longo ou se demos azar mesmo, porque parava a cada três segundos, mas achamos sacanagem mesmo a falta de informação, porque se soubéssemos que fechava às 16h, nem teríamos ido e teríamos aproveitado mais a cidade...

 

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De volta ao centro, largamos as coisas no muquifinho e fomos na feirinha noturna que queríamos conhecer. Aí valeu a pena! Foi bem legal passear por lá, ficava bem perto do nosso “hotel” e pudemos comprar algumas coisas legais. A Miriam levou uns lenços para o pescoço e uns cachecóis (bufandas) bem bonitos e MUITO baratos, todos feitos à mão e com material de qualidade.

 

Comemos uma bobeiras industrializadas, porque a comida noturna é pior que a diurna e andamos muito. O legal é que a galera sai à noite para curtir essa feirinha, tem gente dançando, tem pegação, tem Michel Teló em espanhol, tem cachorro avançando na sua perna, tem gente pra tudo quanto é lado, bem divertido.

 

Fechando a noite, fomos nos preparar para um bom e merecido banho e dormir o sono dos justos. Que que é isso minha gente, bom banho e noite de sono não fazem parte do nosso roteiro.

 

O banheiro era uma espécie de frigorífico, gelado e com água fria saindo pelos canos com aquele vaporzinho de cloro...O chão tinha um aspecto marrom, mas eu juro que o azulejo era branco! Aí veio a hora de deitar...O lençol era tão nojento que nem as moscas queriam deitar. As cortinas não fechavam direito e entrava uma luz estroboscópica na nossa cara. A cama gemia a cada virada...Que noite! A Miriam dormiu de calça comprida, corta-vento com capuz e fones de ouvido, rs...

 

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Aí amanheceu! Eba! Não, não...5h da manhã, “BLAM! BLAM! BLAM!”. Estavam tentando derrubar nossa porta!

 

Abrimos assustados e com um certo medo, claro. Era a INTERPOL !! :shock: Tinham uns cinco caras e uma mulher, armados com METRALHADORAS! De colete à prova de balas e boinas negras! O cara já foi pedindo o passaporte e o outro de trás já apontando a metranca, rs...Aí foi o truque na cartola. Saquei o passaporte brasileiro e...”Ah! Brasilenhos!”. Tudo tranquilo, sorrisos nos rostos, perguntas sobre Neymar e o mundial, alfinetadas nos argentinos, risadas...Valeu Brasil!

 

Explicação: Parece que estavam procurando uns colombianos foragidos, não sabemos se era isso mesmo, mas ficamos mais espertos depois disso.

Recebemos algumas orientações dos nossos amigos da Interpol e seguimos viagem, mas sem antes pagar a porcaria do calabouço, recebermos um calendário com a foto das filhas semi-nuas com roupa de mulher das cavernas e fomos procurar um micro-ônibus (adoramos isso) para irmos até a rodoviária e pegar o buse a Potosi, cidade que assusta pela altitude e suposta violência.

 

Saímos bem cedo (acordados pela Interpol) em direção à rodoviária, pois a intenção era pegar o primeiro ônibus a Potosi, mais ou menos 4 horas de viagem.

 

Pois bem, conseguimos pegar um micro superlotado, a Miriam sentou lá na frente para ficar de olho no motorista e garantir que não nos levaria para fora da cidade ou em direção ao Parque Cretáceo. Eu sentei um pouco atrás, mas estava com a minha mochila e a dela, porque era muito apertado, aí ficávamos gritando um com o outro em português: “Está chegando?”. “Não sei!”. “Pergunta aí!”. “Já perguntei!”. E todo mundo olhando feio...Mas eu estava com as mochilas grandes no colo que encobria minha visão, ela estava de olho nas ruas (que não conhecia) e perguntando a cada minuto se era a rodoviária. As cholas entravam e sentavam no chão, não tinha como se mexer naquele micro, até que chegou!

 

O motorista, ao invés de avisar com antecedência, parou do nada e gritou alguma coisa em espanhol que a Miriam entendeu e me avisou. Nisso, levantei no susto com as duas mochilas e o safado freou com tudo! Uma das mochilas foi parar no colo de alguém e, para me segurar, soltei de um ferro do micro para segurar no outro, mais à frente, dando um cruzado de esquerda no rosto de um boliviano trabalhador! Foi sem querer, fui me desculpando e o cara gritando alguma coisa com puta no meio hahahahaha, desci quase empurrado e respirei o ar refrescante da manhã sucrenha...

 

Por enquanto é isso [...]

 

NOTAS

 

Táxi Jodanga x Aeroporto: BOB 60

Táxi aeroporto Sucre x Centro: BOB 30

Hotel do mal: BOB 30 (diária para casal)

Gorro boliviano: BOB 55

Pacote com centenas de folhas de coca: BOB 2

Banana: BOB 2 (meia dúzia)

Ônius até o Parque Cretáceo: BOB 6

Bufanda (cachecol): BOB 40

Lenço para o pescoço: BOB 25

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