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Lá onde o Ouro era Preto...


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  • Membros de Honra

(depois de fuçar muito e ver que aqui nao tinha nenhum relato de viagem a Ouro Preto, eu resolvi escrever o meu...)

 

Eu tinha passado o carnaval inteiro escutando minha avó com as suas reminiscencias da juventude, e sempre acrescentando uma ou outra informação que nunca havia ouvido para tentar juntar um quebra cabeças cheio de peças faltando que me contava de onde, afinal, veio minha família.

 

Explico: pra muitos dos que descendem de europeus e saem feito loucos correndo atrás de uma dupla cidadania pra poder circular pela Europa, um cadim de pesquisa e logo eles encontram algum registro de desembarque que seja. Já pra quem é afro-descendente... não tem como saber nada! Se houvesse registro, era de quantas cabeças vieram naquela leva e quantas eram aproveitáveis no desembarque dos navios negreiros.

 

E foi minha avó falando sobre a Ordem do Rosário dos Pretos, que tinha ajudado o avô dela, com a alforria comprada, a embarcar lá das bandas de Ouro Preto, descendo o caminho velho do ouro de Minas, até aportar numa das cidades proximas a Garganta do Embau, que me despertou a pulguinha de lançar meus olhos sobre um cartão postal do Brasil, e aproveitar pra entender um pouco sobre a história que tambem faz parte da minha. Juntei uns trocados, fiz os planos e no primeiro feriado que pintou, embarquei num ônibus rumo a Ouro Preto.

 

Desembarquei numa gelada Ouro Preto na manhã do feriado de 01 de maio, acompanhada do Cleber, um velho amigo de mochiladas, que se "ofereceu" descaradamente pra ir junto quando ficou sabendo qual era o meu destino. Era um "feriadico" aquele, considerando os 700km que haviamos rodado na madrugada, então, tentamos nos programar pra conhecer o máximo que pudéssemos de Ouro Preto. Nos hospedamos no Hostel Brumas, que fica bem proximo da Rodoviária. Deserto, fomos atendidos pela simpatica Maria (uma das funcionarias do hostel), já avisando que até o fim da tarde, chegaria um "grupo grande" vindo de São Paulo. O hostel é muito aconchegante, as areas comuns são grandes e confortáveis, com diversos sofás. Tentamos (sem sucesso) conversar com duas gringas hospedadas lá que vieram no mesmo ônibus que a gente (e que não deram muita bola, pra falar a verdade). Na verdade, acho que ficaram chateadas porque as reservas que fizeram pelo site da rede Hi Hostel nao estavam constando no cadastro de reservas do Brumas, e tiveram que chorar um pouco pra garantir sua "dormida" por lá, enquanto nós, que acertamos a reserva por telefone e pagamos adiantado, fomos prontamente atendidos.

 

Largamos as mochilas no quarto, e lá fomos nós encarar as ladeiras da cidade.

 

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ladeira da preguiça. Nem era o nome da rua, mas dava uma preguiça so de olhar...

 

E bota ladeira nisso... Ouro Preto é um sobe desce interminável, toda enfeitada por seu casario bem conservado e suas igrejas, uma mais imponente que a outra. A primeira a visitar, até pela proximidade (e por ser só descida até lá) foi a Matriz de Nossa Senhora do Pilar. Comprando seu ingresso ($6,00...feriado...estudante paga meia), garantimos tambem a entrada no Museu de arte Sacra, no porão da Igreja. Pelo informado nos sites, tambem garantiria acesso a Igreja S. Francisco de Paula, mas ela estava fechada e não conseguimos descobrir o porque. Já na porta, fomos abordados por um guia, que meio que nos seguiu igreja a dentro, se oferecendo por um trocado e dando uma informação xurrecas pra mostrar que valia contratar seus serviços. Nos entreolhamos novamente, dispensando o guia, e pensando quanta gente não acaba pagando a guias como aquele, que estava na cara que nao sabia nada - a informação que ele nos deu, eu ja tinha lido em sites a respeito da cidade.

 

Alias, guias em Ouro Preto até são interessantes para se conhecer a história e detalhes que passam desapercebidos em cada igreja, mas se virar lá sem um é muito fácil e simples. Saí daqui com um mapa da cidade, impresso apartir do google mesmo, onde marquei a localização da rodoviária, do hostel e de cada uma das 14 igrejas. Uma olhada mais detalhada nas fotos das fachadas das igrejas no site oficial da cidade somada a um bom senso de orientação foi tudo o que precisamos - não importa em que lado da cidade voce esteja, sempre há uma igreja a vista, daí fica fácil se orientar. Por ser feriado, cada grupo grande que entrava nas igrejas vinha acompanhado de um guia, que berrava as informaçoes afim de que o grupo inteiro ouvisse -e por conseguinte, todo mundo que estava na igreja tambem ouvia. Assim, sempre tinha alguma informação interessante - e grátis - pra complementar a visitação.

 

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igreja S. Francisco de Paula. A direita dela, fica o Hostel...

 

Seguimos pelo centro, agora subindo boa parte do que descemos. Demos com a igreja N. Senhora do Rosário fechada, para minha mais completa decepção , então seguimos caminho para a Pça Tiradentes. "Praça mais esquisita", pensei, ao dar de cara com uma praça sem gramado, bancos ou o que quer que seja. Só a imponente estátua de Tiradentes ali e um ou outro "cansado de ladeira" sentado ao seus pés. Passamos no Centro de Atendimento ao Turista, que fica ali na Praça mesmo, e pegamos informações importantes sobre o trem que segue para Mariana e sobre o que não deixar de ver nas duas cidades (se resolver ir com um guia a lhe acompanhar, melhor pegar um daqui, eles são garantia de informações de verdade). Como era por volta das 11h e boa parte das Igrejas só estaria aberta para a visitação apartir do meio-dia, descemos por trás do Museu da Inconfidencia e demos de cara com a Ferinha de Pedra Sabão, que acontece no largo Coimbra.

 

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É aqui que voce vai deixar todo o seu dinheiro, se bobear...

 

São milhares de banquinhas de artesanato em pedra sabão. De lembrancinhas do tipo "estive em Ouro Preto e lembrei de você" a peças sofisticadas. Tive que impedir o Cleber de ser seduzido pelo vendendor e trazer um tabuleiro de xadrez em pedra sabão - tá certo que era uma peça linda e que comprando num shopping aqui ele encontraria pelo triplo do preço... mas tratava-se de um tabuleiro 60x60! Nem caberia na mochila, fora o peso do bixo! Seguramos a onda, nos prometendo voltar no fim da empreitada, comemos alguma coisa e seguimos para o Museu da Inconfidencia, que já deveria estar aberto aquela hora.

 

O Museu é muito bacana (R$5,00 entrada, estudante paga meia). Apresenta desde peças de mobiliario da familia imperial, quanto diversos instrumentos, registros e cartas da época do Ciclo do Ouro. Puxamos papo com um cara de lá, que estava apresentando o museu a um amigo de BH, ele nos contou várias histórias a respeito do ciclo do ouro e nos citou que era imperdível conhecer uma das antigas minas da cidade. Tinha um casal que se interessou pela conversa, e perguntou como fazia para chegar de carro. Sob um olhar meio de deboche, ele simplesmente respondeu "Deixa a preguiça de lado, encosta o carro e vai a pé! De carro voce não capta um terço do que é Ouro Preto, cada rua, cada esquina, cada chafariz tem uma história e voce sempre vai encontrar gente disposto a te contar um pouquinho sobre ela." Desconfio que o casal nao gostou muito, mas nós adoramos hehehe

 

Saimos de lá e fomos para a Igreja S. Francisco de Assis, a que achei mais linda entre as que vimos. A portada a igreja, toda trabalhada em pedra pelo Aleijadinho, já é um espetáculo por si só. Seu ingresso tambem vale para o Museu do Aleijadinho, dentro da Matriz . Senhora da Conceição (tambem conhecida como Matriz de Antonio Dias). A riqueza das Igrejas de S. Francisco de Assis e a de N. Senhora do Carmo nos encantou sobremaneira. Fomos aproveitar o ingresso e descemos de novo até a Matriz de Antonio Dias, passando por diversas portas enfeitadas com cruzes feitas com arame e papel crepon. Uma senhora nos explicou que era as casas dos paroquianos que participavam da novena que antecedia a festa do Divino, que aconteceria dia 08. Nos falou ainda sobre uma festa local que aconteceria ali mesmo no bairro, para arrecadar fundos para a Paróquia. Dentro da Igreja fica o Museu do Alejadinho, com diversas peças e textos explicando a vida e a obra do cara. Peça dele memso, no museu, só tem uma, mas achamos interessante uma sequencia que mostrava como era o processo de entalhe em madeira e pedra que se usava nas igrejas. Alias, para acessar a parte de cima do museu, encaramos uma tenebrosa escadaria de madeira, da qual tivemos certeza que iríamos acabar cainddo - por sorte, nao aconteceu e nos poupamos do mico.

 

Aproveitamos o finzinho da tarde para procurar a estação ferroviária e garantir as passagens do passeio de trem até Mariana. Não sem antes pegar mais uma dica com o pessoal da cidade: como a passagem custa $18,00 (estudante paga meia, e eu ja tava me xingando o fato de nao ser mais estudante!) para ida e R$36 ida e volta, valia a pena pegar só a passagem de ida, as 10h da manha, bater perna em Mariana e voltar a tarde de ônibus intermunicipal. Dica acertada, compramos as passagens e ao sair da estação, desabou um tremendo pé dágua. Como já estavamos cansados de ladeiras por aquele dia, nos informamos e pegamos um ônibus na cidade, que nos deixou em frente a rodoviária, de onde voltamos para o Hostel.

 

E foi então que entendemos o qeu a Maria quis dizer por "grupo grande vindo de São Paulo": eram uns 40 adolescentes, vindos no esquema"excursão de escola", combinados com a dona do Hostel (pelo que entendi, tia de uma das alunas ou coisa parecida) que se hospedaram ali. Fiquei meio chateada com aquilo, além de ver diversos outros mochileiros dando com a cara na porta, porque não tinha mais lugar - e foi pensando nessa convivencia bacana com gente de tudo quanto é canto que nos levou a nos hospedar no Hostel - eles faziam uma zona impressionante, deixando o "aconchegante ambiente" mais farofado que a Praia Grande em carnaval. Sem falar de uns dois que me encontraram na cozinha coletiva e pediram um café! Depois de explicar que eu nao trabalhava ali e que a cozinha era coletiva, cada um podia cozinhar o que quisesse e era pedido só manter a organização, ainda sairam com um muxoxo... (eu nao sei se eu to ficando velha... mas eu definitivamente nao tenho paciencia com adolescente...)

 

Depois de um tempinho batendo um papo com as simpaticas moças que trabalham no Brumas, me contando várias historias e lendas de Ouro Preto e ter que aguentar um bando de menininhas dizendo o quanto era injusto elas nao poderem ter feito essa viagem no carnaval, resolvi ir curtir um pouco da cidade a noite. Desce ladeira, sobe ladeira (agora já haviamos até aprendido um atalho!), chegamos em um barzinho junto a Praça Tiradentes, onde mandamos ver na caipirinha - e nos ajudou a pegar no sono, já que os bagunceiros continuaram até cerca de 01h30 da manha...

 

 

No dia seguinte, fomos (quase atrasados) rumo a estação ferroviária pegar o trem para Mariana. A estação, por si só é um passeio a parte. Há um museu ferroviário e uma mais que interessante maquete lá dentro, mostrando um "resumo" do percurso do trem. Na hora de embarcar, passamos por um momento "metrô, linha vermelha, estação sé 18:05 da sexta feira", um verdadeiro empurra-empurra das pessoas tentando garantir o seu lugar do lado direito do trem. COisa do tipo "empurra velhinha/separa mãe de criança" mesmo. Dá pra entender por quê de tamanha falta de educação: o trem vai bordejando o vale, em descida por mais de 740m de desnivel entre a estação de Ouro Preto e a estação de Mariana. A vista é muito bacana, passando ainda por tuneis e cachoeiras, acompanhando a rodovia, ora por cima, ora por baixo. E quem senta do lado esquerdo não vê quase nada disso(acostume-se ao olhar pidão de senhoras de terceira idade, sentadas do lado esquerdo, te pedindo um espacinho para tirar fotos heheh)

 

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Ir a Minas e não andar de trem... pode não, uai...

 

Mariana me decepcionou um pouco... não sei se é a ostentação e conservação de Ouro Preto que a fazem tão bela, enquanto Mariana possui apenas o centrinho conservado. Coisa triste para uma cidade tão importante quanto - enquanto Vila Rica era a capital da Capitania, Mariana sedia até hoje o Bispado mineiro, mas me pareceu um tanto sem graça do lado de sua rica e conservada vizinha. Na Associação de Guias da cidade, próximo da rodoviária, conseguimos um mapa turistico -além da oferta de guias, que de novo, se mostraram desnecessários.

 

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Nesses lugares é comum ver bustos femininos de barro, pintados, numa pose como se estivessem debruçadas na janela. São as as"namoradeiras" ou"negonas"... Negona??? Até parece que eu ia perder a chance de pagar esse mico! hehhe

 

Visitamos a basílica (Igreja de Nossa Senhora da Conceição) onde está tambem uma relíquia: um orgão alemão do século XVII maravilhoso e totalmente conservado. Seguimos rua a cima até a Praça Minas Gerais, conhecendo a Casa da Camara e Cadeia e as Igrejas de S. Francisco de Assis e N. Senhora do Carmo. Foi meu prmeiro momento de mal-estar na viagem... há um monumento no meio da praça, construido na década de setenta, mas fica no mesmo lugar do antigo pelourinho da cidade. Tem no alto um globo simbolizando as conquistas marítimas portuguesas. O braço esquerdo sustenta uma balança (justiça). O direito segura uma espada (condenação). Mas o que me chamou a atenção mesmo foram as algemas de ferro e muitas pessoas tirando fotos e se divertindo ao se imaginarem presos ali. Foi nesse momento que eu comecei a entender o que uma das moças que trabalha no hostel quis me dizer, na noite anterior, quando disse que a cidade tinha um ar triste.

 

"É", ela me disse, " voces vem como turistas e acham tudo muito lindo - e é bonito mesmo. Mas se olhar bem pra cidade, voce sente um ar triste nela. Diz-se por aqui que quem nasce e se cria em Ouro Preto nunca vai pra frente na vida. É como se a gente desse hoje a paga por tanto sofrimento que já houve aqui no passado..." Eu pensava quanto sangue já não tinha corrido naquele chão, em Mariana, por causa da chibata. Pensava tambem em quanto sofrimento as esquinas da antiga Vila Rica também nao haviam assistido - e mais... me perguntava quantos turistas já haviam refletido sobre essas cidades da mesma forma..

 

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Mariana, lá do alto...

 

Perambulamos por Mariana mais um pouco, até a igreja S. Pedro dos Clérigos, que fica num lugar que tambem dá um mirante da cidade. Definitivamente, Ouro Preto cegou meus olhos com sua opulencia... eu nao conseguia achar tão bonito. A cidade cresceu, e no caminho inverso a Ouro Preto, perdeu suas caracteristicas coloniais, se tornando uma "cidade mineira qualquer". Continuava achando tudo aquilo uma pena... Voltamos em direção a estaçao ferroviária, pegando informação sobre onde tomar o ônibus para Ouro Preto. Tínhamos ainda a opção de descer na metade do caminho e conhecer a Mina da Passagem, a maior mina de Ouro do Brasil aberta a visitação. Mas o tempo estava ameaçando outro pé d'água tambem, e com medo de ter que ficar num ponto de ônibus, com chuva, resolvemos voltar para Ouro Preto direto. O trajeto do ônibus não leva 40min; passando pelo distrito de Passagem, em Mariana, e pelas ruas "de cima" de Ouro Preto, que te dão a sensaçao de estar andando de ônibus no topo do mundo. Descemos de novo na Praça Tiradentes, junto a Escola de Minas, percebendo que deixamos a chuva para trás. Aproveitamos o finalzinho da tarde para conhecer uma das antigas minas da cidade e, voltando um pouco pela minha busca pessoal pela história, a escolhida foi a Mina do Chico Rei (entrada $10).

 

 

O tal do Chico é uma figura interessante das histórias da cidade: diz-se que era rei de uma tribo do Congo e veio arrastado para cá como escravo, vendido no Rio de Janeiro e trazido para as minas de Vila Rica. Que alias, era o único lugar onde o poder do ouro determinava a ascensão social de qualquer um naquela época. Chico conseguiu, atraves do ouro encontrado, comprar a sua liberdade e a Mina da Encardideira,e aos poucos, foi comprando também a alforria de seus compatriotas. Como naquela época os negros não podiam frequentar as igrejas dos "senhores", ele, apoiado pela Irmandade do Rosário, fundou a Irmandade de Santa Ifigênia e construiu uma igreja no alto de um dos morros de Vila Rica - que alias, era lá no alto até mesmo para o padrão das ladeiras de Ouro Preto...logo, bateu preguiça de ir até lá ver a igreja heheheeh

 

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Sabe aquela igreja lá em cima? Então.. dá pra entender a preguiça?hehhe

 

Os tuneis correm por centenas de metros (só alguns, visitáveis), são mal iluminados, úmidos e baixos - poucos deles ultrapassando 1,50m. Não tem guia, mas o cara da entrada nos contou um pouco da historia da mina e sobre a extração de ouro. Explicou que só os escravos mais fortes e baixos trabalhavam nas minas, tinham como alimentação principal bananas: três pela manha, tres a tarde. Em Vila Rica, os escravos mais altos eram destinados a outros serviços, e a maioria deles era castrado, para que as mulheres gerassem mais trabalhadores para as minas (ignorancias a parte, eles conheciam o darwinismo pelo menos...). As mulheres trabalhavam peneirando ouro nas bicas junto as saídas das minas, muitas vezes, misturando lama e ouro em pó a seus cabelos, e correndo para a Igreja do Rosário para lavá-los no fim do dia, a fim de juntar, aos poucos, o suficiente para sua alforria ou a de seus filhos. Só olhando para aqueles túneis para entender a força do ciclo do ouro, eles eram abertos na picaretada mesmo. E tambem dava a entender porque era preciso renovar tanto a mão de obra escrava nas minas - a maioria nao ultrapassava 34 anos de vida.

 

Tentamos ir a Igreja N. Sra. do Rosário, depois de toda essa aula de história, mas descobrimos porque a mesma estava fechada: ia haver um casamento! Eu nunca senti tanta raiva de uma noiva em toda a vida hehehe.

 

Voltamos em direção ao hostel e resolvemos "cortar" caminho subindo pelo Horto dos Contos, uma pequena trilha pavimentada que sobe em meio a mata, bem no centro da cidade. Passeio agradável, conta com diversos mirantes da cidade, mas uma subida bem puxada para quem passou o dia no "sobe e desce ladeira" - e ainda por cima, não estávamos com água e não tem bebedouros pelo caminho. Se for passear por ali, faça-o com calma e de preferencia, descendo! Cansa bem menos e se aproveita muito mais, pois a vista é linda.

 

Voltamos para o Hostel meio extasiados com tanta informação; e era melhor nem ter voltado aquela hora! Descobrimos que alguns ítens que deixamos na geladeira coletiva, embalados e nomeados, haviam sido "saqueados" (muito provavelmente, pela horda de adolescentes bagunceiros e mal educados). Registramos a reclamação com a dona do hostel, que não nos deu lá muita atenção. Isso nos irritou bastante, a ponto de resolvermos encurtar nossa hospedagem. Subimos até a Rodoviária e trocamos as passagens para o ônibus que partia no domingo pela manhã - assim aproveitaríamos tambem a vista pela estrada. Aproveitamos tambem para converter todo o dinheiro restante em bugigangas da feirinha do Largo do Coimbra hehehe

 

Nos demos ao luxo de um farto jantar, num rodizio de pizza, descendo do Hostel em direçao a Rua São Jose. Ficamos até tarde perambulando pela ruas - e evitando as ladeiras!, aproveitamos a festa proximoa matriz de Antonio Dias e voltamos tarde (e já meio embriagados) para o hostel (e mais uma noite de bagunça adolescente).

 

Embarcamos de volta para S. Paulo as 6h00, enfrentando os quase 700km e 12h de viagem, trocando ideias sobre as percepções que tivemos da viagem e nos amaldiçoando por esquecer a camera na mochila, no bagageiro! A paisagem da estrada entre Ouro Preto e Ouro Branco é magnifica, e segue assim por boa parte do caminho - logo entediamos e nos entregamos ao sono, por tratar-se de uma viagem composta de um pinga-pinga interminável.

 

Ouro Preto, senhores, é magnífica. Apesar do seu renomado carnaval e de outras festas que entopem a cidade, se deem a oportunidade de conhecê-la fora disso. Tem muito mais coisa que festa, bebedeira e dias seguidos acordados para se aproveitar por lá (e muito mais interessante do que o aparentemente desinteressante "visitar igreja/visitar museu"). Basta ter "olhos de ver" todo seu potencial e "ouvidos de ouvir", porque a coisa mais fácil é puxar papo e conhecer histórias de seus habitantes. Ainda volto lá, com calma, pra decifrar os milhares de detalhes em cada uma de suas igrejas.

 

Apesar da farofa-pop causada pelos adolescentes, recomendo o Hostel Brumas, o ambiente era bem agradável e as meninas que trabalham lá adoram bater um papo. Só recomendo confirmar as reservas antes, para não correr o risco de dar de cara com outro grupo "estragando" o ambiente de hostel...

 

O passeio de trem, até pra quem não gosta de passeio de trem é muito interessante. Apesar de aparentemente caro, a grana investida nos ingressos das igrejas e museus vale a pena pela riqueza de seus interiores - alias,voce vê obras de conservação pelo Instituto do Patrimonio Histórico por toda a cidade, conservando as fachadas e interiores. Bancos, restaurantes e bares tem pra todos os gostos e bolsos - nós conseguimos encher (ou será esvaziar?) o caneco numa das festas locais das igrejas. Lojas de artezanato tambem , com muito pouco dá pra trazer "lembrancinhas" interessantes em pedra sabão para a familia toda na feirinha do Largo do Coimbra.

 

Droga... quero voltar! heehe

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  • 1 ano depois...
  • Membros de Honra

Olá Negrabela,

 

Nooooossa!!! que legal seu relato! tô aqui toda animada, organizando a minha viagem para as cidades históricas mineiras também... (2011). Engraçado que eu imaginava ser o contrário, que Mariana fosse mais conservada e maior em ostentação dos monumentos históricos...

 

De toda sorte, espero que dê, tb, para ir atá Lavras Novas, soube que é lindo!!!

 

PS: Ah! que pentelhos estes adolescentes viu!! affff.. não tenho páciência....

 

abraços!!!!!

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  • 3 meses depois...
  • Colaboradores

Adorei seu relato!

 

Na minha visita a Ouro Preto deixei a preguiça de lado e bati perna, junto com marido, dia e noite, subindo e descendo ladeira, conhecendo os cantos e encantos da cidade.

Conversar com os moradores nas ruas não tem preço!

Visitei as mesmos lugares que você e outros mais e a mina escolhida para visitarmos também foi a do Chico Rei.

Adorei relembrar a história dele. Tivemos um guia especial quando visitamos, um morador que foi nos contando todos os detalhes da história da mina, ele tava meio alcoolizado, mas explicava com muita propriedade, o que me faz acreditar que ele realmente sabia do que estava falando! rs

Ficamos no albergue O Sorriso do Lagarto, pertinho da praça Tiradentes (150m) e não fica em morro, o que é um alívio depois de andar o dia todo subindo e descendo!

Recomendo! Ótimo local, ótima recepção.

Fomos num feriado, mas que a cidade não fica super lotada: Corpus Christi. Pelo menos não ficou naquele ano!

 

::otemo::

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  • Membros de Honra

Oi Jessica

 

Quando eu fui, o Sorriso do Lagarto nao tinha vaga, porque tambem estava fechado com um grupo grande. Entendi que aparentemente é costume fecharem com excursoes em feriados por lá. O sorriso do Lagarto ainda foi "decente", fechou todo para o grupo. Já o Brumas ainda deixou uma ou outra vaga pra hospedes de fora, o que acaba sendo péssimo. Fui pro hostel não por economia - acabamos preferindo ficar num quarto privativo - e sim pelo ambiente, pensando no contato com outras pessoas. Se eu soubesse que estaria cercada de adolescentes fazendo zona, teria ido pra um hotel mesmo - daria quase na mesma em questao de valor, e daria de 10 a 0 em questao de sussego.

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  • 2 meses depois...
  • 2 semanas depois...
  • Membros

Olá Negrabela !

Adorei seu relato. Deu vontade de conhecer Ouro Preto, experimentar a culinaria mineira e bater perna nessas ladeiras ai até cansar (nada que um reabastecimento de skol + caiporovska adequado não cure).Gostei muito das fotos que dão uma boa idéia da pompa e riqueza histórica de Ouro Preto, e tambem do relato sobre os escravos e suas artimanhas para recuperar a tão sonhada liberdade. É isso ai viajar é cultura...Abração Cordial ::otemo::

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  • 3 meses depois...
  • Membros

Oi, Cris! Adorei seu relato, peguei muitas dicas! Estou pensando em ir a Ouro Preto e Mariana mês que vem, mas não tenho ideia de quanto tempo ficar. Vou durante o dia, pois não gosto de viajar à noite, pensei em chegar numa quinta e voltar no domingo, então teria quinta à noite e sexta o dia todo em Ouro Preto, sábado em Mariana, e domingo voltava pra casa logo de manhã. É tempo suficinete ou melhor ficar mais dias? O que você acha? Obrigada! Beijos!

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