Membros Este é um post popular. danpeig Postado Outubro 14, 2010 Membros Este é um post popular. Postado Outubro 14, 2010 Sou profissional da área de tratamento de água há muitos anos e tenho bastante familiaridade com o tema. Após acompanhar algumas discussões sobre dispositivos e métodos para tratamento de água nesta página, decidi escrever um pequeno guia sobre o assunto que, possa esclarecer algumas dúvidas recorrentes do Forum. O texto será dividido em duas partes. Na primeira apresentarei os principais riscos presentes em águas contaminadas e na segunda, farei uma breve explanação sobre as técnicas de tratamento aplicáveis no campo. Principais contaminantes da água Vírus: Em função de sua fragilidade e sensibilidade, os vírus dificilmente chegam de forma infecciosa aos rios. Uma excessão é o vírus da Hepatite A (existe vacina) que pode deixa-lo um bom tempo de cama. Os vírus são capazes de atravessar praticamente todos os filtros (desde coadores de café até membranas de microfiltração como o canudo life-straw) porém são facilmente eliminados por agentes desinfetantes. Bactérias: Existem milhões de espécies de bactérias no mundo, milhares distintas em um copo de água e poucas delas são nocivas aos seres humanos (patogênicas) como é o caso do vibirão colérico da salmonela e da bactéria causadora da leptospirose. A identificação de todas as bactérias é impossível do ponto de vista prático e econômico, desta forma, em tratamento de água usualmente são realizados testes para detectar apenas uma família de bactérias conhecida como "coliformes". Os coliformes, ao contrário do que muitos pensam, são praticamente inofensivos ao ser humano. Como a sua determinação é muito simples, são utilizados como indicadores, quando estão presentes na água indicam que outras bactérias (perigosas ou não) também podem estar presentes. Como a evolução de infecções causadas por bactérias costuma ser rápida, você tem grandes chances de apresentar os sintomas ainda durante a viagem. As bactérias são capazes de transpor a maioria dos filtros (exceto membranas) e estão presentes em águas poluídas ou não. Protozoários e Vermes: Estes organismos podem estar presentes em qualquer manancial, desde um límpido rio de serra até na água do mar dentre os integrantes indesejados deste grupo estão a giárdia, os helmintos e amebas. Compostos orgânicos tóxicos: Nesta categoria entram os perigosos poluentes criados pelo homem como os pesticidas, herbicidas, óleo e combustíveis. O perigo de cada um destes varia muito e a melhor forma de não contaminar-se é não tomando água proveniente de rios que margeiam plantações de hortaliças ou grãos bem como áreas industriais. Compostos iônicos: Neste grupo estão os sais (como o sal da água do mar), nitratos, mercúrio, fluoretos, chumbo, cromo, etc... Em geral causam problemas após a ingestão de grandes quantidades de água ou por períodos prolongados. As doenças que podem ser desenvolvidas a partir do consumo de água com estes contaminantes são as mais graves de todas e em muitos casos não tem cura. Como regra geral recomendo evitar o risco e não beber água em locais com suspeita deste tipo de contaminação (próximimidade a a fábricas de cortume, de tintas e mineradoras) Métodos de tratamento para uso em viagem Desinfetantes químicos: Os desinfetantes químicos são uma das formas mais comuns de tratamento de água para viagens. Usualmente estes agentes são compostos de cloro, permanganato de potássio, peróxido de hidrogênio (água oxigenada) ou iodo e são capazes de eliminar protozoários, bactérias e vírus de forma eficiente. Se utilizados sozinhos, são pouco eficientes contra ovos de parasitas como é o caso dos helmintos. Para usar de forma segura um desinfetante químico, alguns cuidados devem ser tomados: 1. Validade - O cloro e o peróxido de hidrogênio são instáveis, ou seja, com o passar do tempo o princípio ativo se perde. Sempre observar o prazo de validade, proteger muito bem do calor e da luz do sol e tampar bem os frascos após o uso. O iodo é estável e tem prazo de validade indeterminado, todavia, pode causar reações graves em pessoas alérgicas. 2. Tempo de contato - Para a desinfecção eficaz é necessário um tempo de contato mínimo de 30 minutos. Se a água tiver cor amarelada ou avermelhada recomendo dobrar o tempo de contato. 3. Clarifique a água sempre que possível - A água turva, com barro ou outros sólidos prejudica muito (quando não inviabiliza) a desinfecção, além disso, a presença de algas pode neutralizar o desinfetante e até liberar sub-produtos tóxicos. Neste caso torna-se necessária uma pré-filtração por filtros de cartucho ou membranas. A pré-filtração também vai remover os ovos de parasitas. Filtros de cartucho ou de cerâmica: Compem sistemas de tratamento mais antigos, lembro-me de uns filtros deste tipo, na década de 80, fabricados de algodão. Não apresentam eficácia na remoção de bactérias, vírus, orgânicos tóxicos ou compostos iônicos porém podem ajudar a previnir vermes. Como clarificam a água retirando partículas de sujeira mais grosseira, aumentam a eficácia dos desinfetantes químicos. Filtros de carvão ativado: São eficientes na remoção de compostos orgânicos tóxicos, sabor e odor da água. A maioria dos filtros a venda no mercado possui uma pequena quantidade de carvão ativado (mesmo os de marcas de renome), suficiente para a remoção de sabor e odor porém ineficaz contra os compostos orgânicos tóxicos. Para não ser enganado, ao comprar um dispositivo com carvão para uso em viagens, certificar-se de que a camada de carvão tem alguns centímetros de espessura. O carvão ativado não tem qualquer inlfuência na remoção de bactérias, vírus e compostos iônicos. É importante lembrar que o carvão neutraliza o cloro, logo, filtros que cloram a água e depois passam pelo carvão tendem a ser pouco eficientes. Filtros com base em membranas de microfiltração: Esta é a última tecnologia em termos de tratamento, equipa produtos como o "Filtrix FilterPen" e o "Life Straw". Esta tecnologia é altamente eficaz na remoção de bactérias, protozoários e vermes, maiores causadores de doenças e pouco eficiente contra vírus, compostos orgânicos e compostos iônicos. Como a separação por membranas é física, não há efeito de desinfecção residual (como é o caso do cloro), desta forma, a água, assim que tratada deverá ser consumida. Sacos para desinfecção ao sol: Os raios ultra-violeta são eficazes contra vírus e bactérias todavia, para que a promovam a desinfecção são necessários os seguintes cuidados: - O recipiente deve estar exposto à luz solar intensa por no mínimo 12 horas (12h de sol) - A água a ser tratada deve ser cristalina, com mínima turbidez ou cor. - O recipiente deve estar limpo de forma a permitir a máxima absorção de luz solar. Sacos plásticos tendem a ficar opacos com o tempo. - A profundidade de penetração dos raios UV normalmente é baixa, desta forma, o recipiente deve ser pequena espessura (algo como 5cm é indicado) 7 2 Citar
Membros Marco Calavera Postado Janeiro 10, 2011 Membros Postado Janeiro 10, 2011 Muito boa a sua postagem. Parabéns! Eu só não conhecia a técnica dos sacos plásticos, é só deixar a água exposta ao sol em algum saco transparente? Não há plásticos que podem impedir ou dificultar a passagem dos raios uv? Abraço Marco Citar
Membros tadashi.fotografo Postado Setembro 28, 2011 Membros Postado Setembro 28, 2011 Muito boa a sua postagem. Parabéns! Eu só não conhecia a técnica dos sacos plásticos, é só deixar a água exposta ao sol em algum saco transparente? Não há plásticos que podem impedir ou dificultar a passagem dos raios uv? Abraço Marco Quanto à purificação da água via radiação UV, existem equipamentos elétricos portáteis. O equipamento possui uma lâmpada UV que deve ficar ligada sob a água sobre um determinado tempo. No modelo do link abaixo, deve-se utilizar durante 90 segundos em um litro de água. O uso deste equipamento é interessante até em locais na qual a água da torneira não é confiável. A única restrição é a necessidade de utilizar pilhas ou baterias. Alguém já utilizou e/ou testou este tipo equipamento ? Segue o link de um produto do gênero: http://www.rei.com/product/761906/steripen-classic-water-purifier-with-prefilter Citar
Membros de Honra Otávio Luiz Postado Setembro 28, 2011 Membros de Honra Postado Setembro 28, 2011 Muito boa a sua postagem. Parabéns! Eu só não conhecia a técnica dos sacos plásticos, é só deixar a água exposta ao sol em algum saco transparente? Não há plásticos que podem impedir ou dificultar a passagem dos raios uv? Abraço Marco Eu já ouvi falar desse método, utilizando garrafa pet transparente. Citar
Membros de Honra piacitelli Postado Outubro 10, 2011 Membros de Honra Postado Outubro 10, 2011 Otávio A Garraf PET não permite a exposição de toda a água ao sol. Como já bem explicado pelo autor, os raios UV penetram não mais que 5 cm. Com PET são usados também com a garrafa pintada de preto, para aumentar a temperatura. Nesse caso o principio de tratamento da água é pela temperatura e não pelos raios UV. Como a temepratura não aquece tento assim, mesmo com a PET pintada, não é muito eficiente. Abração Citar
Membros Cenouro Postado Dezembro 18, 2011 Membros Postado Dezembro 18, 2011 Galera, alguem sabe como dosar a quantidade de peróxido de hidrogênio pra tratar a água? Eu tenho ela a 150 volumes aqui, vou levar em um frasquinho e dosar com uma seringa mas não sei a quantidade ideal por litro de água e não achei nada sobre nas internets. Citar
Membros Aditya Deva Postado Outubro 28, 2013 Membros Postado Outubro 28, 2013 Queridos amigos, O post sem dúvida está perfeito, e embora eu não seja nenhum entendido do assunto venho atentar o seguinte a respeito da última técnica mencionada para purificar a água: O fato de aquecer a garrafa/saco plástico ocasiona na liberação de BPA (Bisfenol A) que é um plástico nocivo. Um dado muito simples para evidenciar esse perigo são as squeezes (garrafas d'agua) que vem denominadas como "BPA FREE". Ou seja, são feitas de um outro material que não libera essa substância na água. São BEM mais caras inclusive. Concluindo, da minha parte eu não faria esse sistema de purificação a menos que fosse uma emergência. 12hs ao sol é MUITO plástico. Certeza que pode até ser percebido um sabor na água. Abs! 1 Citar
Membros fabricio.schuler Postado Setembro 21, 2015 Membros Postado Setembro 21, 2015 acompanhando as respostas, temos que nos basear que estaremos no meio do mato, muitas vz sem energia elétrica ou sol, uma boa técnica e levar filtros de café para reter os resíduos sólidos, se possível usar ele duplo e entre as camadas colocar carvão ativado e na falta dele, ate mesmo o carvão da fogueira, frio e claro, após, usar hidrosteril, comprado em qualquer mercado ou hipoclorito de sódio, a velha Qboa, na proporção de 2 gotas por litro e esperar 30 minutos para beber, e se possível, ferver a agua, garantindo uma agua de ótima qualidade para beber. 1 Citar
Membros canandes Postado Dezembro 2, 2017 Membros Postado Dezembro 2, 2017 Interessante... Mas quem puder comprar um Lifestraw ou um Mini Sawyer, resolverá praticamente todos os problemas. Além da filtragem ser instantânea, é um investimento barato e eficiente. Vale a pena! Eu particularmente prefiro o Sawyer, até porque ele consegue se encaixar em algumas garrafas, até mesmo nessas de aguá mineral ou na mangueira do reservatório de água da mochila. Além de que sua vida útil é de 360 mil litros contra apenas 1 mil litros do Lifestraw. Lembrando que para quem precisa de um volume de filtragem maior, existem alguns filtros de gravidade que conseguem filtrar um volume grande água com maior rapidez, o que vai atender melhor quando se está em grupo. A MSR tem um sistema interessante e que não é muito caro. O difícil e encontrar pra comprar aqui no Brasil. Mas esses sistemas individuais são encontrados aqui a preços razoáveis. Citar
Membros rodrigo-whisky Postado Dezembro 5, 2017 Membros Postado Dezembro 5, 2017 Uproblema do sawyer e do lifestraw comprados aqui e que muitos são falsificador vindo da China. Tem de tomar cuidado na hora de comprar. Citar
Posts Recomendados
Participe da conversa
Você pode postar agora e se cadastrar mais tarde. Se você tem uma conta, faça o login para postar com sua conta.