Colaboradores Schumacher Postado Maio 16, 2017 Colaboradores Postado Maio 16, 2017 Continuando o relato iniciado em: filipinas-mianmar-vietna-camboja-laos-japao-e-coreia-do-sul-50-dias-em-marco-abril-de-2017-parte-1-2-t143950.html Dia 3 Ao passar pela imigração de Seul (brasileiros não precisam de visto), fui direto ao ponto de ônibus, onde embarquei no número 303 por 1650 wons (4,6 reais) até Songdo, a cidade inteligente próxima ao aeroporto de Incheon, o maior aeroporto da Coreia do Sul, e um dos maiores e mais movimentados do mundo. É um lugar super desenvolvido, onde famílias se reúnem no final de semana, especialmente ao redor do Central Park que fica em um canal artificial, limpo, bonito e cheio de atrações. A ilha onde fica Songdo também é artificial. O resto da cidade é um pouco vazia, apesar dos arranha-céus. Ainda não está completa, mas já apresenta sistemas bastante sofisticados, como o de resíduos, que são canalizados subterraneamente e reciclados, queimados ou enterrados automaticamente. Parei pra almoçar no Lotte Mart, onde comi bibimbap, uma mistura de vegetais, arroz e ovo, por 6 mil wons. Outras comidas coreanas e japonesas também não muito fáceis de identificar estavam disponíveis. Não gostei muito pra ser sincero, especialmente porque enchi de molho de pimenta achando que fosse ketchup ou tomate. Já estava um frio danado no pôr do sol quando saí da loja, então voltei pro aeroporto. À noite, passei com minha mochila na pesagem da AirAsia, pra voar a Cebu, nas Filipinas. O voo custou 132 mil wons, com taxas e refeição. Dias 4 a 32 (na parte 1) Dia 33 Depois de um voo de Luang Prabang com conexão em Kuala Lumpur pela AirAsia (212 dólares no total), pelas 9h da manhã aterrissei em uma das maiores cidades japonesas. Passei a imigração com os fiscais revirando minha mochila - deviam achar que eu era traficante. No aeroporto, descobri que há pontos de Wi-Fi liberados em quase todas as partes metropolitanas, algo extremamente útil. Para acessá-los basta instalar o app Travel Japan. Outra coisa que descobri também lá é que os vasos sanitários precisam de um manual de instruções, tamanha a quantidade de funções, que vão desde assentos aquecidos e jatos d'água, até música em alguns deles. É fácil perceber a quantidade de japoneses usando máscaras. Achava que era para proteger contra poluição, mas segundo me informaram é contra a alergia que muitos nativos têm ao pólen do cedro, árvore abundante no país. A quantidade de transportes te deixa bem confuso no começo, pois até para as linhas de trem há mais de uma empresa. Achei melhor não pegar um dos passes diários, pois caminharia bastante, então paguei 1060 ienes no trem até a estação Shin-imamiya. Ali próximo ficava minha hospedagem, mas como meu celular ficou sem bateria e o inglês dos japoneses não é dos melhores, tive certa dificuldade em achar. Almocei por 630 ienes num buffet a quilo próximo, sem saber direito o que estava escolhendo - acabei pegando fígado sem querer. Paguei 5100 ienes no Backpackers Hotel Toyo. Quarto individual com um colchão fino no chão, Wi-Fi e nada mais. Comecei a caminhada pela zona chamada Shinsekai, onde fica a Tsutentaku Tower e restaurantes. Peguei uns sushis no 7Eleven - achei melhor opção do que o sanduba de miojo. Essa rede de lojas de conveniência, bem como a Family Mart e outras, salvaram meu bolso para as refeições nesse país, já que há comidas prontas boas e menos caras. Ainda assim, fiquei sabendo depois que há supermercados de verdade por aí e que são mais em conta. Continuei pelo Tennoji Park, jardins que contam com zoológico e museu de arte. Atravessei uma avenida para o Shitennoji, um complexo de templos budistas. Há alguns prédios com bela arquitetura, mas para entrar neles é preciso pagar à parte. Prosseguindo em direção norte, há uma infinidade de lojas voltadas a nerds, como vendas de cartas de RPG, bonecos de todos os tipos e fliperamas antigos a 100 ienes. Em seguida fica o chique Shopping Namba. Me perdi andando dentro dele. Comprar lá, nem pensar. A rua Dotonbori aparentemente é a mais movimentada da cidade, ao menos entre turistas. Painéis luminosos e canais ao estilo Veneza completam o cenário dos corredores de lojas, também caras. Próximo também permanece o Kuromon Ichiba Market, mercado coberto que vende sobretudo proteína animal. Interessante foi ver nas vitrines o famoso bife de Kobe, cujo melhor corte custa a bagatela de 50000 ienes/kg! Já era noite quando tomei o metrô ao Osaka Castle por 180 ienes. Nessa época, o jardim interno fica aberto à visitação por 350 ienes, devido ao florescimento das belas róseas cerejeiras japonesas (sakuras), que duram poucas semanas e coincidiram com minha chegada no país. Você consegue vê-las por todos os lados, não apenas em parques. Dia 34 Com a chuva persistente, mudei de planos. Peguei o metrô até o aquário de Osaka, um dos maiores e melhores do oriente. A entrada é bem carinha: 23 mil ienes. Fica na região portuária de Osaka, onde transatlânticos param, do lado do Tempozan Marketplace, um pequeno shopping, além de uma roda gigante. O aquário fica em uma torre alta que você sobe de escada rolante e vai circundando e descendo conforme passa pelos ambientes que simulam ecossistemas marinhos de zonas de alta e diferente biodiversidade, como a Grande Barreira de Corais, profundezas do Japão e Ártico, entre outros. O maior aquário é o central, representando o Oceano Pacífico, incluindo tubarões (até mesmo o baleia) e arraias. Também há sessões interativas. Devido ao tempo meteorológico e cronológico, comprei uns sushis no mercadinho e segui de metrô pro Osaka Science Museum. A entrada é mais modesta, 400 ienes. Também fica em um edifício alto, representando principalmente física e química. Seria mais interessante se as descrições não fossem quase que apenas em japonês. Ainda, há uma série de aparelhos interativos, no estilo do Museu da PUC. Parei de metrô próximo ao Kema Sakuranomiya Park, um parque à beira do rio que é um dos melhores pontos de observação das cerejeiras japonesas. Lá estão plantadas cerca de 5 mil árvores. Caminhei bastante, tirei umas fotos, peguei minha janta e voltei pro hotel. Dia 35 Parti de trem pra Quioto, uma das cidades mais preservadas do tempo dos samurais, já que foi poupada dos bombardeios da 2ª Guerra Mundial, e capital do Japão por cerca de um milênio. Paguei 410 ienes ienes pra ir num trem lotado da estação Kitahama até Gion-shijo, linha operada pela Kaihan Railway. A área mais turística de Quioto chama-se Gion. Por suas ruas você vê um bocado de casas em estilo imperial japonês, além de gueixas e samurais. Lojas também não faltam. Outros pontos de interesse pela área são o Maruyama Park e a Rua Ninen-zaka. Mais além fica o complexo do templo Kiyomizu-dera. Há bastante o que apreciar por aqui sem precisar pagar. Como não sabia, acabei desembolsando 400 ienes apenas para entrar no salão principal em reforma e ter acesso a outras construções menos importantes atrás. Ao menos cheguei ao início de uma trilha no final. Decidi fazer esse caminho de uns 2 km e meio pela colina arborizada atrás do templo. Por causa da chuva do dia anterior ela estava enlameada. Ainda que a dificuldade não fosse alta, não achei muito interessante pela vista. Continuei para o norte até ver um portal (torii) gigante alaranjado. Essa é a entrada do Heian-jingu Shrine, outro templo. Para ingressar em seus jardins premiados é preciso pagar 600 ienes. Deixei de lado. Passei pela enorme área do Kyoto Imperial Palace Park. Como os palácios estão fechados ao público e só é possível ver suas muralhas e portões, não considero um local de interesse para turistas, apenas para a população que vai lá para praticar esportes como beisebol e tênis. Em seguida, tomei um metrô e depois um bonde, este de tarifa fixa de 230 ienes, até Arashiyama. É um belo local menos urbano, ainda que bastante frequentado, que fica a margem de um rio e de montanhas com árvores coloridas. Subi ao mirante e passei pelo corredor da floresta de bambus. Quando cheguei ao templo Tenryu-ji, patrimônio da UNESCO, este já estava fechado, pois o sol já tinha ido embora. Assim, peguei um ônibus, também por 230 ienes, que deveria voltar a Gion. No entanto, fui parar no terminal de ônibus no meio da montanha, creio que por ter pego no lado errado da via. Explicando a situação, acabei não precisando pagar nada e logo me alojaram em outro ônibus que seguiria até próximo de lá. Tentei passar primeiro no Nishiki Market, mas ele só funciona de dia, então dei uma passadela em Gion, que parece ter seus estabelecimentos comerciais fechados, mas na verdade são restaurantes (caros) abertos, antes de regressar a Osaka. Dia 36 Na manhã fui de trem até Nara, outra capital do passado e patrimônio da UNESCO. Parei na estação Nara e peguei um ônibus até o Nara Park, o centro turístico da cidade. Por 300 ienes deixei minha mochila no guarda-volumes da estação em que pegaria o trem de volta (Kintetsunara) e saí para explorar os arredores. Pra minha alegria havia incontáveis cervos completamente soltos nas áreas verdes, assim como era há milênios atrás no Japão feudal. Ficam ali se alimentando de grama ou dos biscoitos vendidos ali mesmo, e são tão dóceis que deixam você fazer carinho. Não há como deixar de tirar uma selfie com eles. Alguns aprenderam até mesmo a fazer o cumprimento japonês para agradecer o alimento. Pela tarde passeei pelos templos no interior do parque, que são muitos. Construções medievais de arquitetura belíssima, voltadas ao budismo e xintoísmo, a religião original do Japão. Estão inscritas como patrimônio da UNESCO. As principais são Kofuku-ji, Todai-ji e Kasuga Shrine. Apesar de ser necessário pagar para acessar suas áreas mais interiores, ainda há muito o que ver sem pagar, o que inclui belos jardins. Um dos gratuitos é o Yoshikien Gardens, mas é bem simples e pequeno. Os museus também são pagos. Caminhei de volta e peguei o trem até a estação Namba, no centro de Osaka (520 ienes), onde embarquei em outro até o aeroporto. Ainda bem que fui com tempo sobrando, pois de Osaka até o aeroporto levei quase uma hora e meia no trem local que parava em todos os pontos (920 ienes). O voo que peguei foi da empresa de baixo custo JetStar até Tóquio-Narita, custando apenas 2870 ienes. Depois de pegar o trem de Narita, que é outra cidade, até a estação Ueno, pagando 1030 ienes no parador, dormi no The Nell Ueno Okachimachi. Essa peculiar hospedagem é do tipo cápsula, característico das grandes cidades japonesas para driblar o alto custo do metro quadrado. À primeira vista parece uma casinha de cachorro gigante. Dentro fica uma TV de tubo e rádio (algo que não esperaria presenciar num país tecnológico como o Japão), além de luz, tomada, ventilador e mais um colchão fino. O banheiro provém tudo que você precisa, até mesmo lâmina de barbear, mas os banhos são comunais e abertos. Dia 37 Às 10h fui enxotado do quarto para a limpeza, mesmo que eu não a quisesse. Comecei o rolê pela área da Meiji Shrine, em homenagem ao antigo imperador responsável pela modernização do Japão. Esse cara foi tão foda que hoje em dia há trocentas coisas com o nome dele, desde chocolate até universidade. Infelizmente o templo estava em reparos, então segui a pé até Shinjuku Gyoen National Gardens. Por 200 ienes se tem acesso a jardins bem conservados e cheio de cerejeiras grandes. Fiquei um tempinho caminhando ali junto com muitos outros turistas e locais. Cheguei em Ginza, o bairro famoso pelas facas de melhor qualidade. É bem chique, com prédios de marcas famosas e com letreiros enormes. Ali nem arrisquei almoçar, devido ao preço ainda mais alto. Depois de comer comida de mercado, acabei passando em frente ao teatro Kabukiza, que estava para começar uma peça. Como não era tão dispendioso assim (1500 ienes para 1:15h), e eu tinha interesse em assistir o espetáculo tradicional chamado de kabuki, arrisquei. Fiquei no alto de um ambiente amplo cheio de gente. Foi contada uma história tragi-cômica passada no período feudal. Destaque para a caracterização e elaboração dos personagens e a entrega dos mesmos aos papéis. Curti! Tinha lido que o bairro Shibuya era interessante à noite, só não sabia o por quê. Descobri ao saltar da estação de metrô e ver a multidão ao redor de um cruzamento múltiplo com painéis luminosos em todos os lados. Quando o sinal abriu aos pedestres, saiu gente pra tudo quanto é lado, cobrindo completamente o cruzamento. Isso se repetiu infinitamente, nunca vi igual! Dia 38 Me encontrei pela manhã com Yu, um japonês que havia conhecido durante uma viagem à África. Fomos dar uma caminhada até o Takao-san, monte com 600m de altura relativamente próximo a Tóquio. Havia bastante gente subindo a pé ou de teleférico no caminho calçado, o principal. No meio do caminho Yu comprou um de seus doces favoritos e me deu um deles. Só que o ingrediente principal desse doce não era nada convencional, pois era feito de feijão vermelho! Por mais estranho que fosse, comi pra não fazer uma desfeita. O sabor não era ruim como esperado, mas também não achei bom. Conforme subimos, passamos por alguns templos e santuários. Estava um pouco quente e ensolarado, mas quando chegamos ao topo ficou nublado, então não pudemos ver o Monte Fuji lá de cima, apenas montanhas mais próximas e o núcleo urbano de Tóquio. No topo famílias faziam pic-nic. Quando descemos ao lado de um rio, por outra das várias rotas disponíveis, começou a chover. Nos apressamos porque não tínhamos roupas apropriadas. Ao chegar ao pé do morro, penamos para achar um restaurante para almoçar, pois além de não serem muitos, estavam um tanto caros. Então depois de caminharmos quilômetros à procura, decidimos ficar com uma loja de conveniência mesmo. No trem de volta, Yu me contou que muitas vezes quando um trem atrasa o motivo é que alguém se atirou na frente dele, pois é uma forma de suicídio comum no país, que tem uma taxa um tanto alta devido à cobrança excessiva pela perfeição. Ao escurecer nos unimos a Hiroki, outro japonês que conheci naquela viagem, e fomos num bar-restaurante (termo japonês izakaya) no bairro onde eu estava hospedado, Ueno. Apesar de cada mesa ficar um tanto isolada das outras, um fato que achei legal é que os pedidos eram feitos diretamente numa tela sensível ao toque que ficava em cada mesa, então não era necessário chamar os garçons a todo instante. Provei várias coisas diferentes, como saquê e polvo com wasabi. Meus parceiros foram tão gentis que pagaram tudo, mesmo eu recusando. Dia 39 Pensava em ir ao Monte Fuji, mas era muito demorado e/ou caro apenas para passar o dia, então fiquei por Tóquio mesmo. Desci na estação de mesmo nome para ver de perto o castelo imperial de Edo, antigo nome da cidade. Seu interior fica fechado, mas a parte visível é bem bonita. Caminhei ao redor da enorme área enquanto muitos moradores corriam e pedalavam no mesmo caminho, nesta manhã quente e ensolarada de domingo. Ao chegar ao lado norte, vi um restaurante com um preço razoável e resolvi experimentar. Comi um delicioso tempurá de camarão por 630 ienes. Me afastei para comprar umas lembrancinhas em uma loja da rede 100 ienes, que se assemelha ao nosso 1,99. Encontrei coisas que não esperava por esse preço, como louças de cerâmica pintadas. Continuando na busca da economia, encontrei a rede de supermercados Aeon, que Yu havia me falado. Além da maior variedade de alimentos, lá dentro a comida realmente era mais barata que nas lojas de conveniência, e também havia alguns pratos prontos para as refeições. Infelizmente, ainda assim as frutas eram caras. Andei mais um bocado até chegar em Akihabara, um distrito destinado aos nerds e simpatizantes. Dezenas de lojas de muitos andares com os mais variados produtos, como câmeras, videogames, bonecos e cartas. E para minha alegria, cosplayers desfilando no meio das ruas com seus trajes baseados em animes. Depois de muito olhar, voltei para a região de Ueno, onde jantei num parque ao som de uma japonesa que cantava por ali. Dia 40 Na manhã dei uma passada no principal templo de Tóquio, Senso-ji, próximo à estação de metrô Asakusa. É um santuário típico budista, com seus portões suntuosos e salões, jardins, relíquias religiosas, um monte de gente e lojinhas para turistas. Infelizmente a pagoda de 5 andares estava em reparos. Dali também é possível ver a Tokyo Skytree, uma das 2 torres de observação da cidade. Voei à tarde até Naha (Okinawa) pela JetStar, por 6570 ienes. Okinawa é um arquipélago com praias paradisíacas no sul do Japão. Lá eu pernoitei na capital, na Okinawa Sora House, relativamente próxima ao aeroporto (basta pegar um monotrilho por 300 ienes, sendo a tarifa máxima de 330) e ao píer. O albergue tinha um clima familiar. Conheci um senhor americano que já visitou bem mais países que eu; ficamos horas conversando. Minha janta, além do café da manhã, eu comprei num supermercado bem útil próximo, chamado Union. Dia 41 Às 10h no cais, peguei a balsa com destino à Ilha Zamami. Paguei 4030 ienes pela ida e volta na embarcação grande e confortável. Duas horas depois, em um caminho que passa por belas ilhotas, cheguei. A partir daí pode esquecer o cartão de crédito, pois além de não poder pagar com ele, não vai ter onde sacar. O arquipélago formado por Zamami, Aka, Tokashiki e outras ilhotas chama-se Kerama, e atualmente é protegido pelo Kerama-Shotō National Park. Infelizmente estava chovendo um bocado e não havia o que fazer fora do ar livre por ali. Dei entrada na hospedagem Iyonchi Guesthouse, onde fiquei com um quarto só pra mim por 3500 ienes. Comprei a comida no mercado próximo e fiquei aguardando a chuva acalmar. Assim que ela deu uma trégua temporária, botei o traje, peguei a GoPro e saí pra dar uma corrida ao redor da ilha de poucos km de perímetro. A única dificuldade são os morros centrais de até 150m, pois o caminho é todo de asfalto mas sem movimento de carros, só vários lagartinhos pretos parados no meio das vias. Parei nos diversos mirantes dentro dos 9 km que percorri. Lá de cima a visão das matas, ilhotas, praias e recifes de coral é de encher os olhos, mesmo com o tempo nublado. Até peguei uma chuvinha no caminho, mas não fez a menor diferença. Ao chegar na vila principal parei no parque ao lado do porto para alongar. Só há esse pequeno centro urbano, outro na praia de Ama, que conta com um camping, e um terceiro que eu conheceria no dia seguinte. Nos 2 lados da vila principal ficam construções encravadas no morro, que para quem não conhece, são cemitérios chineses. Um tanto diferentes. Minha janta foi “espetinho de gato”, pois os restaurantes eram muito caros, e a maioria só funcionava para almoço. Dia 42 Durante a manhã caminhei até a praia Furuzamami, a mais bem conceituada. São 1,3 km da vila até lá, incluindo um morrinho. Dispensei o traje de mergulho que custava 1000 ienes o aluguel e caí na água gelada seminu aproveitando os poucos raios de sol. O interior da água consegue ser ainda mais bonito que o exterior de múltiplas tonalidades verde-azuladas. Pertíssimo da faixa de areia já há vários recifes de coral, de tamanho bem substancial, tal a profundidade. Um excelente lugar para praticar snorkeling, sem dúvida. Em pouco tempo, vi 3 pequenas serpentes-marinhas e algumas dezenas das cerca de mil espécies de peixes e 300 de corais. Mais afastado da praia, ainda vi 2 tartarugas-verdes pequenas e as acompanhei por um tempo. Saí pelo frio, mas continuei na praia vendo alguns japoneses e turistas chegarem. Havia um restaurante não tão caro por lá, mas como não havia levado dinheiro tive que me contentar com o que eu tinha guardado na pousada. No começo da tarde fui pegar um sol na outra praia principal, a Ama. Enquanto eu lia um livro deitado na areia feita de restos de corais, turistas remavam em pranchas e caiaques. Ao final da tarde corri pro lado da ilha que ficou faltando, a aldeia Asa. Subi outro morro, atravessei o pequeno povoado também na orla e subi até outro mirante. No caminho, um corredor de azaléias. Resolvi jantar fora. Escolhi o pior prato possível no La Loquée. 650 ienes em algumas tirinhas de cebola frita; não era isso que esperava quando pedi “tempura shallots”. Isso que dá errar a tradução da palavra. Com o dinheiro que tinha sobrando só deu pra uma porção de arroz e uma sopa miso. Dia 43 Peguei um barco até a ilha Aka por 300 ienes, torcendo pro tempo praticamente chuvoso não piorar. Lá dei uma boa caminhada, passando pelo vilarejo do porto, a praia urbana e o mirante sul que dá de frente pra algumas ilhotas. Nesse caminho já vi as azaléias cultivadas ao longo da estrada, uma peculiaridade das ilhas Kerama. Também encontrei 2 frutas comestíveis, uma delas era um tipo de amora silvestre, enquanto a outra não faço ideia. Depois subi o morro central da ilha, alguns km distante. Há vários desvios do caminho central. Tomei um deles na esperança de encontrar o veado de Kerama, espécie endêmica dessa ilha e da vizinha Geruma, conectada por uma ponte. Peguei uma trilha que não era frequentada há um bom tempo, e segui morro acima e abaixo, vendo apenas as fezes dos veados. Quando surgiram bifurcações e o caminho ficou mais fechado, achei melhor voltar. Na entrada pro mirante central a 190 m, do qual se tem uma vista de todos os lados, há um banheiro e água disponível para beber. Ótimo, pois eu estava sedento. Continuei agora com a descida, até o observatório oeste. Lá encontrei a única pessoa que vi durante todo o trajeto ao interior da ilha, a simpática canadense Natasha. Como esse seria o destino de minha próxima viagem, ficamos um tempo conversando. Me despedi e fui às duas praias próximas. Sem uma alma por lá, bonitas mas com um pouco de lixo, como todas zonas isoladas das ilhas Kerama, infelizmente. Ouvi um barulho no meio do mato que só poderia ter sido provocado por um veado. Resolvi entrar na floresta e finalmente consegui flagrar um deles correndo. Não deu tempo de tirar uma foto, mas foi legal ver essa pequena espécie ameaçada. De volta à vila, reencontrei Manon e sua família francesa que estava na mesma hospedagem que a minha em Zamami, então ficamos conversando até meu barco partir de volta àquela ilha. Finalmente comi o miojo japonês na janta. Não o tinha feito até agora pela desgraça que é essa comida no Brasil, mas aqui ele é melhor. Dia 44 Mais um mergulho em Furuzamami pela manhã. Ainda estava gelado e havia pouca gente quando cheguei. Vi alguns peixes a mais, mas o destaque foi para a quantidade impressionante de plâncton. Além dos inofensivos ctenóforos e salpas, havia muitas águas vivas em estágio larval. Isso me deixou bem incomodado, pois naquelas águas é possível encontrar águas vivas do tipo cubo (Cubozoa), que contém algumas das espécies mais venenosas do mundo. Mesmo atento, era impossível escapar dos filhotes quase invisíveis, então volta e meia eu sentia uma agulhada, o que me fez sair da água mais cedo do que gostaria. Numa última olhada, encontrei duas serpentes-marinhas entrelaçadas. Almocei no restaurante da praia, comendo um gostoso tempurá com vegetais e peixe, ao preço de 800 ienes por uma tigela. De sobremesa, achei um pé de amora no meio da restinga. Às 15h peguei a balsa de volta a Naha. Me hospedei no mesmo local de antes. Antes disso, porém, peguei o monotrilho até a estação Shuri, onde fica o castelo de Shuri, patrimônio da UNESCO. Essa era a principal construção do reinado de Ryūkyū, que existiu no arquipélago de Okinawa entre os séculos 15 e 19, quando foi anexado pelo Japão. Assim como quase todos os edifícios japoneses fora de Quioto, essa fortificação também foi destruída na 2ª Guerra Mundial, mas reconstruída com base no que era antes. São muralhas, portais, prédios acessórios, jardins, mirantes e o pátio interno, ao qual o acesso é mediante uma taxa de 800 ienes,ienes que eu não paguei. Fiquei até anoitecer para ver a iluminação noturna. De volta, fui ao maior supermercado que vi durante a viagem, o Aeon MaxValu. A variedade e os preços estavam interessantes a ponto de eu comprar lá minha janta, café da manhã e almoço. Dia 45 Chovia quando fui ao aeroporto. Lá descobri que há um terminal meia-boca específico para as empresas de baixo custo Vanilla Air e Peach, acessível por um ônibus gratuito que parte do ponto 4 no primeiro andar do aeroporto. Minha bagagem havia passado com sucesso sem ter que despachá-la em todas as cias aéreas de baixo custo, e dessa vez (a última) não foi diferente. No início da tarde, por 6420 ienes voei com a cia aérea Peach até Incheon, na Coreia do Sul, torcendo pra não sobrar algum míssil da tensão entre a Coreia do Norte e os EUA. Tudo certo com o voo e imigração, cruzei o terminal limpíssimo e moderníssimo (há até uma linha de Maglev!), e embarquei no trem parador até a estação Digital Media Center, onde tomaria o metrô até Itaewon. Essa jornada combinada saiu por 4250 won. Havia um trem expresso por 8 mil won, mas além de parar depois da minha estação, obviamente era bem mais caro. Cheguei quase uma hora e meia depois, esperando mais quase meia hora pra aparecer alguém na recepção da G Guesthouse Itaewon. Saí pra caminhar. Nos arredores de Itaewon se vê principalmente 2 coisas: lojas iluminadas de marcas boas e imigrantes africanos e árabes e seus restaurantes. É kebab pra todo lado. Peguei um gimbap, que parece um sushi de rolo, e segui para o parque Yongsan, interessantemente iluminado à noite. Do hall gigante do Museu Nacional da Coreia, também se pode ver a N Seoul Tower, torre de observação imponente acima de um morro. Voltei de metrô. A tarifa mínima é de 1350 won. Reparando nas pessoas sentadas, já achava os japoneses meio parecidos entre si, mas os coreanos são ainda mais! Dia 46 Fiz uso do café da manhã incluído na reserva antes de sair e passar o dia visitando uma infinidade de palácios. Comprei o Royal Palace Pass por 10 mil won, que dá direito aos principais, concentrados em uma área que pode ser percorrida a pé. Changdeokgung é o segundo palácio de Seoul (e da Coreia) em ordem de importância. Foi destruído e reconstruído, assim como quase todos os outros palácios coreanos, devido às invasões japonesas. Apresenta muralhas, portais e salões, com grandes áreas abertas entre as construções. Serviu para os aposentos reais e cerimônias. Hoje em dia, há muitos asiáticos passeando com trajes de estilo tradicional coreano, alugados para tirar fotos. Secret Garden é uma atração à parte. São os jardins extensos nos fundos do castelo, que incluem azaléias floridas e coloridas, árvores e algumas construções menores. Changgyeonggung é um palácio menor anexo ao anterior, que também serviu para propósitos reais. Também conta com um jardim próprio. Entre as 2 maiores fortificações, fica a vila cultural Bukchon Hanok, cheia de casas no estilo clássico coreano do passado. O palácio de Gyeongbokgung não é muito diferente de Changdeokgung. Ao lado, fica o National Folk Museum, de entrada gratuita. A estrutura mais visível é uma pagoda de 5 andares no alto de uma escadaria. Conta também com exposições externas, como a simulação de uma rua de períodos passados. A exposição principal não consegui ver, pois já havia fechado a entrada do prédio. Para ir ao seguinte, passei em meio a Gwanghwamun Square, onde ficam memoriais de líderes e jardins. Deoksugung foi o último complexo que fui, pois ele fica aberto até mais tarde que os outros. O sol estava se pondo, o frio apertando e eu já tava de saco cheio de tantos prédios parecidos, então só tirei umas fotos da estrutura anexa neoclássica e saí. Aproveitei que o uso da máquina de lavar era liberado sem custo no hostel pra lavar as últimas roupas necessárias pro fim da viagem. Dia 47 Fui ao parque olímpico, local onde estão as instalações dos Jogos Olímpicos de Verão de 1988. Na área há uma área verde e os diversos estádios de cada esporte. Há também um museu, obras de arte e alguns monumentos, sendo os principais a torre da paz mundial e as rochas de cada país com as bandeiras em volta. Para o Brasil há uma pedra da TV Globo e outra do SBT. A avenida que segue a oeste possui dezenas de estátuas representando os esportes olímpicos, de uma forma um pouco caricata. Parei quando vi o enorme complexo da empresa Lotte, que compreende sobretudo um parque de diversões, um shopping center de luxo e uma torre de observação. Entrei no shopping e me perdi lá dentro. São uns 10 andares de lojas de grife de todos os tipos, além de restaurantes e hipermercado, onde almocei um prato do picante bibimbap. A bela torre chamada de Seoul Sky, vista de quilômetros de distância, foi inaugurada há poucos meses. Com 555m de altura, é o 5ª maior edifício do mundo, com o 3º maior mirante, depois do da Shanghai Tower e do Burj Khalifa. O ingresso é caro (27 mil won), mas achei que valeu a pena. O caminho até o topo é um show de luzes à parte. Lá de cima você pode ver por todos os lados, e há bastante o que admirar dessa desenvolvida cidade. Com os pés em solo firme, prossegui na mesma avenida até cruzar o Rio Han. Bongeunsa é um santuário budista com algumas construções e uma estátua grande do Buda. Acredito que devido a um festival que estava para ocorrer, a declaração estava ainda melhor, com lanternas orientais coloridas e esculturas poligonais de papel machê. As tumbas reais de Seonjeongneung, patrimônio da UNESCO, ficam fechadas nas segundas-feiras, então tive que deixá-las de lado. Ainda no distrito chique de Gangnam, fui visitar 2 pontos turísticos em homenagem à música Gangnam Style de Psy, que fez o mundo todo conhecer a região. O primeiro fica em frente ao Coex Mall. É uma estátua de pulsos no formato do passo típico da dança. O segundo fica fora da estação de metrô Gangnam, a alguns km dali, sendo uma placa com letreiro luminoso e sombras dos passos principais do cantor. Certamente fiz as poses e tirei fotos em ambas as estruturas divertidas. Dia 48 Comecei a manhã com o parque de diversões Seoul Land, um dos 3 principais, sendo os outros Everland e Lotte World. Ainda bem que paguei 18 dólares comprando com desconto no site Trazy na noite anterior, pois se tivesse pagado 40 mil won que é o preço normal do passe diário, ficaria bem decepcionado. O parque é cheio de atrações para crianças, sem dúvida. Algumas para adolescentes. Agora para adultos, pouca coisa além de 2 montanhas russas e outros brinquedos cujo objetivo é causar ataques cardíacos, então ficou aquém do esperado. Não é à toa que 99% do público é composto de coreanozinhos e seus acompanhantes. A decoração é voltada às crianças também. O que não faltam são lojas e restaurantes. Algumas das atrações que valem a visita ainda precisam ser pagas à parte, então não achei que tenha valido o investimento. Almocei lá donburi de camarão. Complementei com kimchi e danmuji, onipresentes em todas as refeições tradicionais coreanas. O primeiro é uma preparação de acelga e o segundo de nabo. Gostei do segundo mas não do primeiro, demasiado picante e sem gosto. Achei mais interessante seguir até o Korea National Museum, o qual fui em seguida. Apesar da entrada ser gratuita, o museu é muito bem apresentável e há conteúdo para várias horas. O tempo que fiquei lá foi suficiente apenas para ver e ler sobre a pré-história na Ásia oriental, bem como os povos que ocuparam a península coreana durante a Idade Antiga e formaram impérios unidos na Idade Média (Joseon), antes do surgimento do império coreano, que devido às invasões e ocupação japonesa, tornou-se um país independente praticamente apenas após a 2ª Guerra Mundial. O museu conta com uma infinidade de artefatos de cada um desses períodos e povos, além de vídeos e bastante informação escrita também em inglês. Nos demais andares que não tive tempo de explorar, há sobretudo obras de arte. Com o sol se pondo fui ver a arquitetura curvada futurista do Dongdaemun Design Plaza. Legal, mas não achei tão foda assim, ainda por cima que o jardim de rosas de LED estava em reparos. Sendo assim, só dei uma olhada por fora (o interior já estava fechando pelo horário) e procurei um lugar pra jantar, que acabou sendo a praça de alimentação do Dotta Mall. Saí satisfeito de lá por 9 mil won, com um prato de janchi-guksu (sopa de miojo com abobrinha e alga) e outro de bulgogi de porco. No fim, só usei dinheiro para o transporte público, máquinas de bebida e comércio de rua; um progresso em relação ao Japão. No mais, achei os 2 países muito desenvolvidos. Dias 49 e 50 Hora de voltar pra casa. Primeiro de Seul a Pequim, depois até Madri e dali a São Paulo, tudo via AirChina. De Guarulhos voei com a Avianca até Floripa, meu lar, doce lar. Curtiram? Então não deixem de conferir outros relatos mais detalhados no meu blog: http://rediscoveringtheworld.com 1 Citar
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