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Expedição Travessão x Lagoa Dourada (Serra do Cipó/MG)


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Saudações mochileiros!

 

Venho compartilhar com vocês a incrível expediência da expedição Travessão x Lagoa Dourada, realizada nos dias 01 e 02 de maio de 2009.

 

O local é o Parque Nacional da Serra do Cipó, ou melhor, boa parte dele. Às 06h30 o trajeto se inicia às margens da rodovia MG-010, que liga Belo Horizonte/MG à Conceição do Mato Dentro/MG. Por volta da altura do Km 110 da rodovia, em frente à Pousada Duas Pontes. Dali se inicia uma caminhada de aproximadamente 10 km a 12 km em direção ao Vale do Travessão. O "Travessão" é um monumental penhasco que divide as bacias do rio São Francisco e Rio Doce. Do alto, tem-se uma vista incrível cânion adentro. No caminho, é possível encontrar pinturas rupestres.

 

Após o Travessão, muita subida! E felizmente, vários pontos de água no caminho. No trajeto, enfrentamos uma matinha repleta de samambaias (ou algo derivado delas), onde o facão se faz realmente necessário. Parte da trilha está batida, mas quando o mato fecha, o GPS é fundamental. Ou pelo menos, saber que deve-se seguir a noroeste.

 

Após 29 km de caminhada, chega-se a um ponto onde normalmente se acampa, quando se faz a travessia em 4 dias. O lugar é gramado plano, amplo e possui um capão com riacho de água limpa. Como chegamos às 14h00 neste lugar, resolvemos esticar a caminhada. Logo após este local, à encosta de um paredão, temos um capinzal dos altos. Mato na altura do peito, e charco! Não se pisa no chão, apenas em capim molhado. MUITO CUIDADO, pois neste lugar é comum encontrar cobras, sobretudo nas bromélias.

 

O desnível é menor nesta segunda parte, mas começa-se um sucessão de pequenas matinhas com travessias de um mesmo córrego que acompanha o declive do relevo. Infelizmente, não dá pra se escolher um lado, pois a mata nos desestimula a fazer o caminho diferente do indicado pelo GPS. Pela média precisão (aprox. 6 metros) do equipamento, pelo mato fechado e pelas trilhas "apagadas", por vezes é difícil saber qual o melhor ponto de se atravessar os capões. Com disposição e coragem, tem horas que é melhor optar por seguir o rumo, e não a trilha.

 

No caminho, 3 casinhas abandonadas. E em ruínas. Ainda sobre o riacho, a última travessia deste é da margem esquerda pra direita. Fique à direita, pois caso contrário será necessário subir um paredão de pedra logo adiante, na base da escalaminhada.

 

No caminho, chuva. Fina, mas constante. O melhor mesmo é evitar ir com chuva, pois vários pontos de travessia de água podem virar verdadeiros rios com a água que desce da serra. Para nossa sorte, este não foi o caso.

 

No fim da tarde, chegamos ao alto da cachoeira das Braúnas. Uma das mais difíceis e menos fotografadas da Serra do Cipó. A descida deve ser feita seguindo-se à direita da cachoeira, por uma trilha bem definida (e íngreme) dentro da mata. No final, chega-se à belíssima Braúnas, verdadeira recompensa!

 

A idéia era acampar no cânion da Braúnas, em um leito de areia bem confortável, cânion adentro. A chegada a este local foi às 18h30, em uma distância total de 38,5 km à pártir do início da trilha. Este local é onde normalmente se acampa, quando opta-se por 4 dias de travessia.

 

Como a idéia era concluir em 2 dias, não levamos barracas ou carga adicional. Fomos com pouco peso e mochilas de ataque. O saco de dormir ocupada quase 80% da mochila, sobrando pouco espaço para comida e equipamentos. A noite de céu limpo ajudou, e o frio, colaborou.

 

Iniciamos o 2º dia logo às 7h00. Continuamos até o final do cânion e subimos a montanha adiante, contornando suas curvas de nível. A vegetação (predominantemente cerrado) dificultava um pouco a subida, mas o nível de dificuldade não era dos maiores. Após vencermos um desnível de 300 metros em aproximadamente 4 km, iniciamos uma descida suave, rumo a outro riacho, perto da fronteira externa do parque.

 

Como dito, em quase todo o percurso encontra-se água em abundância, mas o ideal é tratá-la com pastilhas de cloro, por mais que não tenha esgoto ou civilização por aquelas bandas... existem muito animais.

 

Contornadas mais algumas montanhas, chega-se ao mirante que avista a Lagoa Dourada. Em todas as trilhas de GPS que se encontra, a indicação é para descer reto, morro abaixo. Recomendamos seguir à esquerda e acompanhar as curvas de nível, que com muita facilidade permitem o acesso ao local.

 

A Lagoa Dourada (exatos 50 km desde o início) é um lugar onde tradicionalmente se acampa, seja no 3º dia de travessia, ou por adeptos ao camping. O lugar recebe este nome porque se trata de um fundo de vale, cercado por quase todos os lados por paredões de pedra, e com vegetação rasteira e dourada. Daí o nome. Tem um rio bom para banho, e em sua continuação, a cachoeira da Jabuticaba, pequena mas bonita. Seguindo para norte, continuamos nossa trilha. Subida leve por 2 km. Difurcação. Optamos pelo caminho mapeado no GPs à direita, que terminaria perto da entrada do Parque Nacional da Serra do Cipó. Caso sigam à esquerda, cairám em uma grande descida sinuoso da cascalho, terminando em São José da Serra.

 

Mais 18 km nos esperavam serra abaixo.Trilhas bem definidas na maior parte do percurso, entre 2 serras. Vista de tirar o fôlego. Praticamente só descidas... 4 horas para concluir.

 

No final da aventura, por volta de 16h00 de sábado, concluímos os 68 km de caminhada em 2 dias, chegando na MG-010. O ponto de chegada foi diferente do ponto de saída, o que nos obrigou a adotar uma logística de 2 carros.

 

A dica que fica para os interessados nesta aventura é: pouca carga, facão, disposição pra andar muito e zelo pela trilha. Não só pela questão do lixo, que devemos levar de volta, mas também para não destruir as trilhas mais fechadas por onde passamos. O uso do facão é necessário, mas deve-se fazê-lo com critério.

 

Esta travessia é pouco conhecida, portanto muita gente nunca ouviu falar. Mas a título de comparação, ela é bem mais pesada que a travessia da Serra dos Órgãos, em Petrópolis x Teresópolis. Mas com certeza, vale cada passo caminhado.

 

Abraços a todos.

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68km em 2 dias?! Vc estao bem de perna hein! ::mmm:

 

Da pousada 2 pontes até o travessão é estrada? ou trilha? é facil chegar?

 

Vale a pena uma caminhada pra pernoitar no travessao e depois voltar? Só pra conhecer mesmo... ou lá nao tem nada de bom?!

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  • Membros

Opa, boa travessia esta, parabéns..... Estou com um Tracklog de um cara chamado Hugo, que fez exatamente a mesma travessia que vc fez. Vou fazer uma travessia mais longa (7 dias) sozinho e parte do caminho será baseado neste tracklog, parte num roteiro do Sérgio Beck (conhece?) só estou um pouco encucado com a descida para o vale da lagoa dourada, pela carta topográfica e pelo google earth dá para observar ser bastante íngreme e cheia de arbustos e ou samambaias enormes, vc disse que é possível descer ela em nível pela esquerda, você por um acaso pegou o que parece ser uma trilha, localizada no ponto UTM 647233 - 7849337 , se é que aquilo é uma trilha?

 

Abraço

 

Carlos

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  • Colaboradores

Essa questao dos fazendeiros grileiros é bem séria. ha uns 2 anos atras enquanto fazia umas trilhas na região da Serra do Cipó fui intimidado umas 3 vezes na região do Travessão por essas pessoas... alguns queriam dinheiro para poder deixar a gente passar na sua propriedade, outros simplesmentes mandaram a gente cair fora, num tom super ameaçador... teve um grupo de pessoas que tiveram os penus do carro esvaziados. é bom se informar na administraçao do parque sobre que procedimentos tomar em relaçao a isso.

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  • Membros

Jorge, também soube deste acontecimento, é complicado julgar os moradores quando nós mesmos sabemos que tem muita gente que não noção nenhuma sobre mínimo impacto ambiental, infelizmente a região da Lagoa Dourada é de fácil acesso, tanto para quem parte de São José da Serra para como quem parte da estrada do PN S do Cipó, o que não pode acontecer é destes moradores obrigarem a presença de guias, pois ai vira comércio e uma certa máfia como aconteceu na Chapada da Diamantina, que aliás virou lugar de turista........ Você fez a travessia do livro ou da revista dele?

 

Marcelo, já estive em duas ocasiões no travessão, uma delas saí da estrada no alto do palácio, e a outra fiz pelo vale do rio da bocaina, que deriva do caminho que parte de Cardeal para a parte alta da Serra da Bandeirinha, ao menos destas vezes nunca tive problemas, mas se isso acontecer será fácil de driblar, afinal de contas por se tratar de cerrado podemos não necessáriamente partir de um ponto X, e por mais determinados que os MELIANTES sejam eles não conseguirão cobrir uma área grande, na pior das hipóteses faço um ataque nortuno até o travessão, só falta os caras fazerem bivak a espera de alguém para estorquir rs rs!

 

Bom, depois mando um relato da viagem, 7 dias de solidão no Cerrado não será mole.....

 

Abraços

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  • 5 meses depois...
  • 4 meses depois...
  • 1 mês depois...
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Olá amigos!

 

Desculpem a longa demora em retornar e falar sobre este relato. Temos ainda algumas dúvidas a responder.

 

Neste semana Santa de 2010 resolvemos refazer a trilha. Desta vez em 3 dias, com carga e novatos. Estes sofreram, e muito. Realmente, não há pontos muito difíceis, mas a longa distância é um verdadeiro desafio. Desta vez encontramos pessoas na trilha, mas poucas. Infelizmente, alguns perdidos.

 

Para quem desejar infos e tracklogs desta expedição, entre em contato pelo site www.psychokillers.com.br. Teremos imenso prazer em ajudar e passar informações. Mas o básico é isto: muita perna pra andar, facão, pouca carga e disposição!

 

Abraços a todos.

 

Bruno "Kbça"

Psycho Killers Adventure Team

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