Membros yurinoue Postado Janeiro 20, 2013 Membros Postado Janeiro 20, 2013 (editado) By: Alex Ross. Data: janeiro de 2013 Roteiro: Bolívia: Santa Cruz, Sucre, Potosí, Uyuni, Tupiza, Villazon. Argentina: La Quiaca, Salta, Formosa, Clorinda. Paraguai: Assunção, Ciudad Del Este. fotos da viagem: " onclick="window.open(this.href);return false; ADVERTÊNCIA: redigi o texto como se estivesse conversando com uma pessoa amiga. Isso quer dizer que eu dou minha opinião na hora que quero, falo palavrão na hora que quero, e esculhambo todo mundo. Quem não gostou que vá para puuuu.... punta del Este!! rsrsrs mas é isso: se vc é todo(a) certinho(a), compre um guia do Lonely Planet e seja feliz. Vá ler outros relatos. Lá você também vai encontrar dicas, embora eu particularmente ache que elas não são tão “lá do fundo” como as minhas. Antes de mais nada, vou esclarecer: fiz o possível para dividir o texto em duas seções distintas, porque assim vc só lê o que quiser. Seção RELATO, contendo a história em si; e seção DICAS, contendo os macetes, palavras de espanhol que vc vai precisar saber, etc. Vale lembrar que pensando em você, coloquei as palavras como são pronunciadas, pois assim facilita. Se quiser aprender a grafia correta, pesquise. Infelizmente, essa distinção às vezes é um pouco promíscua, ou seja, tem horas que eu dou várias dicas no relato, ou conto na seção dicas algumas coisas que se passaram durante a viagem no intuito de ilustrar a dica que estou dando. Apesar de ter passado por outros países, foquei muito mais na Bolívia, pois é o país onde eu fiquei o grosso da viagem. Além disso, é um país que eu já conhecia bem, então acredito que posso ajudar mais sobre ele. No entanto, várias das dicas servem para qualquer país da América Latina. RELATO Já vou começar explicando o roteiro doido: eu estava em Campo Grande – MS, mas resido em MG. Do nada, me deparei com 15 dias livres por causa de uma viagem familiar que não aconteceu. Nessa viagem, eu iria visitar outros países, então continuei com essa “coceira” de ir. Verificando passagens aéreas, descobri uma passagem de Maringá até minha cidade por R$ 150,00. Se eu fosse viajar diretamente de Campo Grande para minha cidade, gastaria uns R$ 350,00 – 450,00 de avião. Com essa diferença de 200-300 reais, dá pra fazer um estrago na Bolívia, pensei... Juntei todos os fatores e desenhei meu roteiro para sair de onde eu estava e terminar na cidade onde a passagem seria baratíssima. E o resto é história. DICAS - Meu, viajar em linha reta é burrice!! Se vc vai fazer um tour, deixe-o redondo! Vá e volte por rotas diferentes, assim vc passeia mais! Não se esqueça de verificar várias opções de passagens aéreas, e com o máximo de antecedência possível. Eu nunca havia estado em Maringá, nem passava pela minha cabeça, mas o valor de passagem que eu consegui era irrisório. Verifique também as combinações avião-busão. Dá um pouco de trabalho, mas é divertido antecipar as emoções da viagem, como se você estivesse já fantasiando como será o aquele encontro romântico com a pessoa que mexe com vc. RELATO Saí de Campo Grande pegando o busão noturno para Corumbá, e assim já economizando meu primeiro pernoite. Saí no dia 02/01/2013. Eu já morei em Corumbá, e tenho uma “família adotiva” do lado de lá da fronteira, em Puerto Quijarro. Além da “obrigação familiar” de revê-los, estava morrendo de saudade de todo mundo, pois são nota 10. Cheguei a Corumbá de manhã cedo e a Mari, minha amiga-irmã já veio me pegou de carro e fizemos o trajeto de 20 min. de carro até a casa dela, em Quijarro. Chegando lá, abraços, saudade, etc. Essa parte maravilhosa da viagem você infelizmente não vai viver! Só eu!!!!! Na Rodoviária de Quijarro, troquei um pouco de grana a R$ 1,00 = Bs 3,00 e comprei passagem para Santa Cruz. Os ônibus que fazem essa linha são maravilhosos. Peço sempre os de 3 filas, pois são bus-cama com apenas 3 filas devido ao tamanho das poltronas. Muito bons. DICAS - As passagens de ônibus na Bolívia e no Peru AUMENTAM de preço nas imediações dos feriados, então atente para isso. Ou vc gasta um pouco mais, ou programa seu roteiro para, nessas épocas, estar numa cidade onde vc vai querer ficar alguns dias. Deslocar-se nessas épocas é pior. Por outro lado, no Brasil as passagens de avião ficam bem mais baratas quando ninguém quer viajar, então vc pode ter um ótimo timing e pegar promoções nos dois países, ou tirar um pelo outro. - Em Quijarro não tem jeito: vc vai ter que trocar dinheiro, muitas vezes na rua mesmo. Procure ir de lugar a lugar para ver as melhores taxas. Em geral, quanto mais perto da fronteira, pior o câmbio. Pergunte a taxistas, etc. - Sempre verifique qual é o ônibus que faz a sua linha. Não compre gato por lebre!! - A viagem a Sta Cruz durava muitas horas, pois a estrada não estava completa. Agora está, então só pegue ônibus o mais próximo possível das 10:00, senão vc chega cedão no Terminal Bimodal de Santa e fica de molho. - Muita gente vai tentar te convencer a pegar o “Trem da Morte” para Santa Cruz. Ele é confortável e não é perigoso. Porém, eu acho burrice, pois perde para o ônibus no preço, nos horários, no conforto e no número de horas viajadas. Vc escolhe. - Lazer em Corumbá: Existem algumas opções por lá, caso vc queira matar o tempo. Tem o Cristo, que é muito legal como mirante. Paisagem linda. Tem o calçadão à beira do rio, que também é legalzin. Tem também passeios de barco pelo rio. Prefira os barcos popopô, ou seja, os menorzinhos. É bem mais barato e vc fica mais próximo dos bichos do que nos barcos de turistas. - Em Corumbá, desloque-se de moto-táxi. Em Quijarro, de táxi. - Se vc conseguir uma opção de transporte, existe uma cidade chamada Puerto Suarez a 10km de Perto Quijarro. Lá, tem um mirante muito bonito bem no centro da cidade, na beira do rio. Dá para tirar lindas fotos de uma autêntica paisagem pantaneira. Você pode ir para lá à tardezinha, comer no “Delifre” (peça o lomito, vc não vai se arrepender!! Dá pra duas pessoas tranquilo.), e depois pegar o busão à noite, pois ele vem de Quijarro e chega lá meia hora depois. - Na fronteira, não se esqueça de retirar seu comprovante de entrada na Bolívia. DICAS: MÃES, CRIANÇAS E CACHORROS DA BOLÍVIA - É algo muito bonito, mas nem todos reparam. As mulheres bolivianas são, em geral, mães muito amorosas. Vc não vê as mães batendo ou esculhambando os filhos. Que eu me lembre, em todo o meu tempo de Bolívia só vi nesta última viagem uma mãe mandando um “que se dane”. De resto, elas são mãezonas. - Outra coisa interessante de se notar, é todas as criancinhas de lá são fofíssimas, pelo menos até os 7, 8 anos de idade. Vc não acha uma sequer que seja feia! Agora, depois dessa idade, já é outra história! - No Brasil os vira-latas geralmente são cachorros pequenos ou magrelos. Na Bolívia e no norte da Argentina os cães de rua costumam ser grandes e até bonitos. Na Bolívia, principalmente, mais do que apenas dóceis, são muito carentes! Às vezes seguem as pessoas em busca de carinho. Tinha um em Potosí, tadinho, que ficava pulando nas pessoas implorando por um afago. Quando vc dava, ele queria mais! Enquanto as pessoas não o enxotavam, ele ficava ali, rodeando e “roubando” carinho. DICAS DE ESPANHOL: - Na Bolívia, chamam os ônibus de “flota”. Pegar o ônibus é “agarrar la flota” - Aprenda a diferença entre côlhas e cambas. Os cambas são os bolivianos hispânicos (brancos ou morenos) e os côlhas são os bolivianos de origem indígena. Aquelas tiazinhas (tchôlas) que você vê são sempre côlhas. Eles tem os costumes mais fortes, a comida mais típica, etc. São tímidos, trabalhadores, e para os nossos padrões têm pouca higiene. Em geral, são mais pobres e discriminados que os cambas, que se consideram superiores. Parece com os brancos x negros do Brasil, só que com um século de atraso. Eles DIFICILMENTE se misturam. De uns poucos anos para cá, com a ascensão de Evo Morales, que é côlha, é que a Bolívia começou a lutar mais ferrenhamente contra o racismo. - Se eu fosse vc, estudaria antes de ir as principais conjugações de verbos muito comuns, tipo VOLVER, VENIR, SABER, QUERER, HABER, HACER E ECHAR (esse é o rei das pegadinhas). RELATO Como o busão saía na hora da janta, comprei ali perto um (f)rango para levar e embarquei. Na Bolívia é comum vc comer dentro do ônibus. Assim que começou a viagem e eu comecei a destruir o jantar, vi que havia uma um casalzinho com duas crianças à minha frente. Ficaram olhando compriiiiido. Daí eu disse que havia comida demais, e que não daria conta de comer. Que ia mesmo desperdiçar, etc. Aceitaram contentes. Nisso, uma moça que estava ao lado ficou me dando olhadas. Estava junto com mais duas mulheres, e uma renca de crianças. Na hora pensei apenas que era um flerte, mas mais tarde pude seguramente deduzir que era pura curiosidade, pois era a primeira vez que elas vinham à fronteira e tinham contato com brasileiros. Parece que a Lei de Murphy funciona também do outro lado da fronteira, pois assim que dei as primeiras bocadas na minha comida, uma criança cagou dentro do ônibus. Com o ar condicionado, aquela catinga dos infernos se espalhou para todo lado e de repente minha comida estava com gosto de bosta de indiozinho. Na Bolívia, os brancos (cambas), quando estão bravos com os indígenas (côlhas), chamam-nos de “colla de mierda”, uma expressão racista e muito, muito ofensiva (que vc JAMAIS deve repetir!!). O que eu posso dizer a respeito é que “colla de mierda”, eu não aprovo, agora “mierda de colla”, eu até já comi! Depois de uns minutos, a mãe do garoto terminou de trocá-lo e a comida voltou a ter gosto de comida. Com relação ao horário de saída e chegada, parece que não só eu, mas todo mundo do ônibus foi pego de calças curtas. Com a estrada boa, o ônibus saiu de Quijarro às 7:30, mas chegou às 4 da matina. O terminal ainda estava fechado. Td mundo se acomodou nos bancos de madeira ou no chão mesmo para aguardar. A família da moça que tinha ficado me olhando sentou próximo de mim. Ela andava para todo lado levando crianças ao banheiro, procurando condução, etc. Quando dei por mim, eles estavam todos se apertando dentro de uma van. Em situações normais, eu deixaria pra lá, mas eu ODEIO esperar. Acho que nasci de 4 meses! O pensamento de ficar ali mais umas duas horas me encheram de coragem: cheguei nela e disse perguntei para onde iam. Respondeu que iam para Camiri (uma outra cidadezinha), e eu propus que me deixassem no aeroporto de trompillo, e assim eu ajudaria a rachar o táxi. Já que eu não podia pegar outros táxis, achei essa uma boa opção para sair dali, pois era seguro, eu já as tinha visto no mesmo busão que eu. Elas concordaram. Quando entramos na van, eu simplesmente não conseguia acreditar no quanto de gente coube lá atrás. Daí eu disse que podiam mandar uma ou duas crianças entre eu e o motorista, e uma das mulheres respondeu sorrindo que não se separava dos filhos por nada. Não os empresto, disse. Continuando o papo, descobri que tinham elas moravam em Camiri (!), e tinham ido fazer turismo na fronteira (!!). Gostaram muito de Corumbá, e tinham experimentado um suco muito delicioso. “É mesmo? Que suco é esse?”, perguntei. E a mulher respondeu “se llama jugo de milk shake” (se chama suco de milk-shake). DICAS: - Existe uma pegadinha no Bimodal: os táxis que ficam em frente são de uma cooperativa. São seguros, embora furem seu olho nos preços. Os de trás não são fiscalizados, e são pivô de várias notícias policiais. ESPANHOL: - Temprano – cedo. - Despacio – devagar. - Habla despacito – fale bem devagar. - Aprenda palavrinhas básicas sobre as coisas que vc vai mesmo ter que comer, tipo suco, refri, frango, etc. - Já que lá vc vai ter mesmo que falar, nem que seja em portunhol, uma coisa que vai facilitar muito para vc entender o que falam é sacar que normalmente vc será tratado como “bôs”, ou seja, o Vós. Só que lá o vós é usado no lugar de vc. Pesquise um pouco sobre isso e aprenda o básico das conjugações verbais para se preparar para isso. É o que mais se usa por lá, e tb na Argentina e Paraguai. RELATO: UM DIA PERDIDO EM SANTA CRUZ Santa Cruz é uma cidade rica e bonita. Tem muita gente bonita, especialmente nos “points”. Tem muita badalação à noite e muitos estudantes brasileiros. A Plaza 24 de Septiembre é um must. Existem alguns mercados e feiras bem conhecidos, embora os preços não estivessem bons quando fui lá há uns dois anos. Como eu já conhecia tudo, achei melhor pular essa parte da viagem e ir direto às cidades que eu não conhecia. Descobri que não havia mais passagens para aquele dia. Tinha pesquisado na net e os horários batiam legal, mas não teve jeito. Tive que comprar para o outro dia, e ainda por cima saindo do Viru-Viru!! Já que ia mesmo ter que perder um dia em Santa Cruz, fui para a região do antigo terminal. Como o terminal saiu de lá, existem muitas pousadas mais baratinhas. Me acomodei numa que nem convém citar o nome, tomei banho e piquei a mula para o restaurante japonês. Eu já tinha visitado Santa Cruz antes e encontrado essa jóia de restaurante. Comida japonesa de primeira qualidade com preços ótimos. Matei minhas lombrigas, conheci uma americana e batemos papo. Depois saí para ir ao shopping. Lá eu passeei um pouco, vi filmes, comi, etc. Voltei para o meu alojamento, dormi e no outro dia, peguei meu vôo para Sucre. DICAS: - Restaurant Ken. Fica pertinho do “Avión Pirata”, outro ponto turístico de Santa Cruz. É um avião colocado no meio de uma praça. De lá você anda uns 200, 300m no rumo da asa esquerda do avião. Fica do lado esquerdo da via. - Sempre verifique se tem banho quente a hora que vc quiser, senão vc se ferra. - Alojamiento e hospedaje geralmente sai mais em conta que que hotel, hostel e hostal. - Sta Cruz tem dois aeroportos. El Trompillo, que fica no centro, em frente a um shopping, e o Viru-viru, que fica fora da cidade. Se puder, escolha o trompilho, claro. Mas se não der e vc tiver que se deslocar ao Viru-viru, um macete é pegar as vans que saem do próprio trompilho. Assim vc economiza e não se perde. RELATO – DESDE SUCRE HASTA POTOSÍ Sucre é uma cidade bonitinha, com um turismo relativamente organizado. Na minha opinião, vale um passeiozinho pelo centro, e pelo mercado central, mas não vale um pernoite. Se vc optar por pernoitar lá, vai descobrir que tem uma vida noturna de barzinhos e turistas. Existe uma indústria turística de chocolates por lá. Eu comprei duas barrinhas para trazer, mas até agora não comi, porque são presente. Então não posso dizer se são bons ou não. Certamente são conhecidos. A Chocolates Para Ti é a marca mais conhecida de lá, caso vc queira experimentar. Na hora de sair de lá, tive um incidente na rodoviária. Me venderam a passagem por um preço mais caro. Quando percebi, voltei para reclamar e a menina da agência (REAL AUDIENCIA) pediu para ver a passagem. Passei para ela e ela tomou de mim e devolveu o dinheiro, para tentar me atingir, forçar a voltar atrás e aceitar a venda mais cara. Eu simplesmente dei as costas, fui a outra empresa e comprei pelo preço certo. Em seguida, fui ao guichê da polícia turística que fica ali perto e denunciei. O policial falou muita merda para o dono da agência. E não bastasse, me levou diretamente à sala da “Fiscalia” da rodoviária, onde foi iniciado um outro procedimento contra a mesma empresa por Maus tratos ao Turista. A diferença de preço era de menos de um real, mas não me arrependo de nada. Eu podia ter seguido tranquilo, mas preferi fazer isso e não ficar me sentindo um otário o resto do caminho. Além disso, gosto muito da Bolívia, e creio que atitudes assim melhoram o país. O caminho de Sucre a Potosí é muito bonito, principalmente para quem se senta do lado direito do ônibus. Mesmo as paisagens mais desoladas são muito bonitas. Além disso, tem uma coisa interessante, que aliás acontece sempre que se viaja pela Bolívia: a paisagem muda rapidamente. Como se vc estivesse visitando uma região diferente. À medida que o ônibus vai subindo, várias lindas montanhas vão se descortinando. Na minha viagem, por exemplo, tinha um tiozinho que desde o início da viagem estava escutando música alta. O ruim dessas coisas é que, pela Lei de Murphy, as músicas são sempre podres, né! Pois comigo não foi diferente. Eu até gosto de música boliviana e espanhola em geral, para aprender melhor o idioma, etc. Mas o cara estava escutando – juro!! – versões em espanhol de músicas tipo “Festa na Roça”, de Leandro & Leonardo. Também tinha a versão de “Morango do Nordeste” e outros “suuuuuuucessos originales”. Pois quando chegou nessa parte da viagem em que se chega ao alto de uma linda cadeia de montanhas, e dos dois lados você tem uma visão acachapante de vales e rios, todos os passageiros (exceto as crianças) largaram os livros que estavam lendo e os papos que estavam batendo para admirar a paisagem. Ninguém verbalizou, ou elogiou... simplesmente ficaram ali calados, vendo. E nessa hora foi quase palpável o orgulho coletivo que sentiam por serem bolivianos. O Tiozinho do som imediatamente colocou música andina para tocar. E assim seguiu o resto da viagem. Ainda mais que depois chegamos a uma vilazinha chamada Betanzos, que é muito bucólica. Cheia de cholos e cholas passeando pra todo lado. Lá o tempo pode não ter parado, mas deu uma boa diminuída no ritmo (provavelmente por causa da altitude! Rsrsrsrs). Então continuamos até Potosí. RELATO: POTO-SÍ, POTO-NO, POTO-TALVEZ Cheguei a Potosí no final da tarde. Sobre a cidade... Bem, a princípio você, como também aconteceu comigo, provavelmente vai pensar que a cidade de Potosí em si (Putz! Dá um desconto pro meu trocadilho! Prometo que não faço mais!) não tem nada de interessante. Mas foi uma cidade que eu adorei. Só que é aquela história que vc já leu em outros lugares: é a cidade mais alta do mundo, então o bicho pega mesmo. E o nome do bicho é “sorochi”, o mal da altitude. Fora isso, blz. O centro da cidade é lindinho demais, e merece uma visita diurna e outra noturna, pois são visões e fotos diferentes. Tudo isso, claro, partindo-se do princípio de que vc ainda esteja vivo, e senhor de suas funções vitais. Andar ladeira acima é altamente desaconselhável, ainda mais carregando mochilas. O que eu te aconselho é pegar um micro até um ponto alto (como a Plaza el Minero), e vir descendo. Se quiser fazer de novo, pegue outro micro! Vc não vai se arrepender, ainda mais pelo preço dos micros. Uma coisa que falta na cidade é um ônibus turístico que faça um roteirinho por lá. Ia ficar lotado, principalmente nos meses de alta, pois apesar de não serem ladeiras íngremes, você ESTÁ na cidade mais alta do mundo. Eu enchi os cornos de chá de coca. Desci na Rodoviária nova, (La Nueva Terminal), e fui a um ponto de informações turísticas. Para sorte minha, a moça telefonou para os “Amigos de Bolívia”, e me encaminhou para lá. Paradinha para tomar um chá e toca para o centro. Quando achei a agência, já estava me sentindo bem cansado. Cada pessoa tem uma resistência diferente à altitude, e acho que eu sou bem fraco! Por outro lado, mesmo que vc seja bem resistente e não se sinta mal, vai perceber que aqui vc não vai ter gás para subir escadas, etc. Tipo, acho que as crianças daqui de Potosí nem acreditam em Papai Noel, porque elas logo sacam que as renas não iriam conseguir subir até aqui em cima, ainda mais puxando um trenó, um velho gordo, e um sacão de presentes. Aqui ninguém te fala para não reagir a assaltos, porque os caras já sabem que vc não vai mesmo. “Toma, Tio, leva minha carteira, passaporte, o que quiser. E pode fugir andando, que eu não vou te perseguir.” Quando o filme Velozes e Furiosos estreou por aqui, chamava-se apenas “Los Furiosos”, porque velozes, sem chance! Enquanto evangélicos e católicos do mundo clamam “Hosana nas Alturas”, aqui eles apenas murmuram “Hosana Logo Ali”. Dizem que quem mora aqui há bastante tempo nem sente a diferença, e já faz tudo normalmente. Por uma questão de lógica, eu acredito neles, porque senão eles não se reproduziriam por aqui, né! Quanto a mim, por Deus do Céu, que se colocassem uma Panicat deliciosamente nua na minha frente neste exato momento, a coisa mais sexual que eu seria capaz de fazer com ela é chamá-la para uma partidinha de buraco. Sinceramente. E é mais provável que ELA ganhasse! Bom, então Graças a Deus que que cheguei na tal Agência eles já haviam praticamente reservado minha vaga num “hostal” pertinho da Plaza el Minero. Fiquei no Hostal San Pedro Velmont e paguei 40bs por um quarto com tv a cabo, banheiro privativo, água quente, etc. Foi meu melhor quarto em toda a viagem, pagando pouquíssimo. Mais tarde, fiquei sabendo inclusive que essa agência te coloca também para ficar hospedado em casas de famílias bolivianas. Achei o máximo. Pena que não verifiquei nada antecipadamente. Eles são uma agência particular, mas acabam fazendo um papel de serviço social ao turista. Seria obrigação do governo, né... Enfim, sou muito grato eles e à Helen, a dona da agência. Depois de devidamente instalado, desci a uma “hamburguesaria” e comi um “Lomitón” da hora. Voltei para dormir, mas não pude. Só bem mais tarde apaguei de exaustão. Acordei no outro dia passando mal, com disenteria, e palpitação. Tentava vomitar, mas não saía nada. Só as contrações. Perto da hora do almoço, a atendente do hostal, percebendo que eu estava mal, me levou uma caneca de chá de coca bem forte, um tipo de pão e geleia de frutas. Comi tudo e me senti muito melhor. Tomei um banho e fui almoçar um chicharrón. Em seguida, fui à Agência Amigos de Bolívia para pegar orientações. Quando cheguei lá, tinha um passeio para a Mina de Cerro Rico que estava saindo. No impulso, fui junto. No grupo, só havia "euzito" aqui de "brasileño". Um casal de israelenses, um trio de franceses, e uma galera de argentinos. Estavam vindo de Uyuni, meu próximo destino. Perguntei se não estavam sentindo o sorochi. Responderam que não, e amaldiçoei-os todos. Acharam a maior graça. Filhos d’uma égua! Me ofereceram água. Falei para eles que brasileiro sempre fica meio arisco quando argentino oferece alguma coisa. Se for água então, pior! Ressabiado, perguntei se era a mesma água que tinham dado ao Branco (na Copa do Mundo). Rolaram de rir. Pelo sim, pelo não, ou melhor, Potosí, potono, menti dizendo que não estava com sede. Me ofereceram folha de coca. Aí eu aceitei, porque sabia que o passeio na mina era bem desgastante. Ainda mais para quem estava vomitando duas, três horas antes. No passeio, fomos divididos em pares, e eu “caí” com um argentino chamado Juán. Gente boa, até (argentinicamente falando, claro). No caminho, a gente faz um pit stop para comprar presentes para os mineiros. É um “costume obrigatório”. Compramos refri, álcool 96%, e muita folha de coca. Lá dentro eles não podem urinar, nem defecar, por isso bebem álcool 96%(!) e mascam coca adoidado, para aguentar dias seguidos lá dentro sem comer e beber. A remuneração deles é relativamente boa, para os padrões bolivianos, mas o sacrifício é imenso. O sistema de trabalho ainda é praticamente o mesmo da época colonial. Em outras palavras, é quase uma escravidão remunerada. A expectativa de vida de um mineiro hoje é em torno dos 45 anos. O passeio turístico pela mina não é aquele roteirinho típico. Não é algo que vai te render lindas fotos, etc. E também não é aquele passeio que vc termina e já está louco para fazer novamente. Não é nenhuma dessas coisas, e no entanto, é um must! Recomendo sinceramente que você faça, pela experiência, pela vivência que te dá. E também para vc aprender a nunca mais na sua vida reclamar de nenhum dos seus probleminhas insignificantes! Enfim, quando estávamos pagando pelos agradinhos que havíamos acabado de comprar, uma tiazinha colha estava dando 6Bs de troco errado. O que foi que um dos argentinos fez? Pegou o dinheiro na mão grande e disse que era de uma das meninas do grupo. Para disfarçar, entregou para ela. Prontamente, a menina disse que não era dela, mas ele insistiu que sim, e acabou ele mesmo ficando com o dinheiro. Argentinos vs. Bolivianos, meu amigo, é cobra engolindo cobra! Tanto é que no final do passeio, o Juán pegou o refri que havíamos levado para dar aos mineiros e tomou. Isso depois de ter visto toda aquela penúria. Pois bem, seguimos para o próximo entreposto, onde vestimos o equipamento apropriado para ir à mina. De lá subimos até a boca de entrada e nos mandamos para dentro. Em um certo ponto do caminho, existe uma divindade que, segundo consta, protege a mina. Como na língua Quechua não existe a letra “d”, esse “Diós” da mina é chamado de “Tío”. É costume fazer um pequeno ritual pedindo proteção, ao estilo dos mineiros. Resumindo a história, eu que nunca fumei, nunca bebi e nunca experimentei droga (exceto música sertaneja, mas nesse caso, sou consumidor passivo), acabei fumando, tomando álcool 96% e mascando coca. Tudo isso numa só tarde. Esse Tío da Bolívia é uma péssima influência, viu! No final do passeio, já estava todo mundo exausto com a boca atulhada de folhas e coca. O passeio é muito legal e memorável. Recomendo que façam, com uma ressalva: não aconselho para quem tem claustrofobia, medo de escuro, dificuldade respiratória, está atacado de sorochi ou então tem dificuldades de locomoção (pois também é preciso rastejar um pouco para passar por alguns buracos. Quando pus os pés, ou melhor, as botas do lado de fora da mina, respirei a golfada de ar mais gostosa de toda a minha vida. Essa é inesquecível. Nos empoleiramos todos na van, e voltamos para casa mais cansados, mais sujos, mais sábios e mais humildes (de menos os argentinos, claro. Eles são impermeáveis). DICAS - larga de ser mané e vai pesquisar sobre o chá de coca antes de ter pré-conceitos! Ele não altera NADA na sua consciência, seu humor, etc. Não tem nadica de nada a ver com droga. Pode tomar tranquilo, e mascar a folha também. É como se fosse uma aspirina natural, só que bem mais eficiente. Vc vai se ALTERAR muito mais tomando uma lata de cerveja. Agora, vai se ALIVIAR melhor com o chá ou mascando a folha. - Na Agência Amigos de Bolivia, o preço do passeio estava por 60Bs, enquanto o MESMÍSSIMO tour custava 140Bs na agência Koala. Porém, me disseram que o hotel da Koala vale a pena verificar. ESPANHOL - Não confunda côla com côlha. Cola é a fila, enquanto que colla é a etnia. - CANCELAR!! Esta é ótima, e vc vai ver o tempo todo!! Cancelar, em espanhol, é PAGAR! Então tem muito brasileiro que arma confusão por não entender. Tipo, no check in é comum o cara dizer “señor, hay que cancelar su reserva”, e aí já começa a confusão! “Como assim cancelar?? Eu vou ficar sem quarto?” rsrsrsrsrs RELATO: UM DIA FELIZ EM POTOSÍ No dia seguinte, já havia decidido vazar de Potosí, ainda que não tivesse feito um monte de coisas que estavam na minha listinha. Pensei comprar passagens para um busão mais à tarde e, se desse tempo, iria visitar alguma das opções de águas termais das redondezas. No caminho, vi um cartaz de uma peça teatral que seria naquele dia. Me deu aquele comichão para ficar e ver, mas já estava no caminho... Chegando na rodoviária antiga, olhei pela janela esquerda do micro e, ao longe, vi o Mirador... acabei comprando as passagens só para o dia seguinte. Sendo assim, precisava voltar ao hostal para garantir minha vaga para aquela noite, pois já tinha dado baixa e deixado minhas malas no depósito. Aproveitei para perguntar sobre as termas onde queria ir, o Chaqui Baños. A menina me disse que é bom, mas só para os banhistas “hardcore”, porque pouco depois da beirada, a água já esquenta muito. Tanto que mais para o fundo, segundo ela, “la gente ahí cocina huevos” (o pessoa cozinha ovos lá). Assustado, disse a ela que não tinha a menor intenção de cozinhar os meus “huevos Morales” (ou imorales, que sejam...). Ela riu à beça e disse que eu fosse então para a outra lagoa termal, mais turística, chamada El Ojo del Inca. Porém, ela alertou que à tarde é mais perigoso por lá, pois mais para o meio da lagoa há alguns redemoinhos que puxam a gente, mas isso ocorre no período da tarde (quando efetivamente fui para o local, vi que tinha uma corda amarrada de um lado a outro da lagoa. Talvez justamente por esse motivo). Assim sendo, achei melhor ir ao Ojo Del Inca na manhã do dia seguinte, pouco antes de ir pegar meu busão, na hora do almoço. Com o restinho da manhã, resolvi ir à Casa da Moeda, outro passeio clássico da cidade. Olha... achei o passeio caro. São 40bs para vc entrar e, se quiser tirar fotos, tem que pagar outros 20Bs, totalizando 60Bs. Ou seja, o mesmo valor que eu paguei para ir à mina, com a diferença que eles não gastam com transporte, equipamento, nada. E dura muito menos. E não tem a mesma graça. O passeio é legal para aqueles que realmente curtem museus, coisas antigas e/ou arquitetura. Fora isso, quem já foi em cidades históricas do Brasil já cansou de ver aquilo ali. Se vc quer matar tempo, vá passear pelos mercados, etc. Saindo de lá, me mandei para o Mirador. Esse sim, é nota 10! Se vc for de táxi, vai parar na porta, mas o micro deixa vc lá em baixo, na rua e vc tem que subir o restante a pé. São mais ou menos uns 100, 200m de subida que vc tem que vencer por sua conta. Estando em Potosí isso equivale a uns 2 km. Se vc estiver com sorochi, equivale ao Everest. Lá em cima, a vista é muito bonita. Se quiser subir ao mirador, paga-se 4bs por pessoa. Lá no alto tem um restaurante muito gostoso. Para nós brasileiros, é barato também. E é uma experiência única. Afinal, quantas vezes na sua vida vc comeu num restaurante que roda??? Isso mesmo! Enquanto vc saboreia o seu prato, o restaurante gira 360 graus! Duas vezes por dia, às 13 e às 17, isso acontece, mas é bom dar uma ligada antes para não perder viagem. Quando saí de lá, aconteceu uma dessas coisas doidas que só mesmo quando a gente viaja. Começou a chover do nada, e eu entrei no primeiro micro que veio passando. Como não passasse no meu hostal, elegi a esmo um dos destinos do itinerário e fui parar no mercado Uyuni. É uma gigantesca feira ao ar livre. Eu tô bem andando na feira, um tempaço já, quando me toquei que não via um branco sequer!! Só reparei quando vi que td mundo ficava me olhando (com aquele jeitinho colha de olhar meio despistado, claro). Lá pro final da feira é que fui ver uns cambas (bolivianos brancos). Estrangeiro, eu não vi nenhum. Ainda assim, recomendo a visita, pois além de ser bem pitoresco, lá vc pode comprar de tudo bem mais barato. Peguei um micro para o hostal. Chegando lá, escutei uma barulhada de música por perto. Descobri então que naquele dia (06 de janeiro, Dia de Reis) era também o dia do Cambio de las Autoridades Originales, ou seja, quanto tomam posse as novas autoridades das comunidades indígenas de toda a região. Quando subi uma quadra até a Plaza El Minero, o bicho estava pegando! Diversos grupos de música andina se alternavam tocando no meio do povão. Cholitos e cholitas passeavam pra lá e pra cá se cumprimentando e comemorando, e a chicha (pronuncia-se tchítcha), uma bebida alcoólica indígena, tava rolando solta pra quem quisesse, e o quanto aguentasse. Era algo assim como um Carnaval dos collas. E eu, o que fiz? Caí no meio da pipoca! Não quis nem saber! Fiquei lá curtindo no meio do povão até enjoar. Depois voltei pro meu hostal, tomei um banhão e fui atrás da comédia teatral que tanto queria ver. Com muito custo, descobri que seria no teatro do centro da cidade. Desci, comprei meu ingresso para a primeira fila (35Bs). Como ainda tinha tempo de sobra até o início, peguei um micro de volta para a parte alta do centro e fui ver um filme no cinema. Um negócio estranho na viagem é que, bem no início, a tela de touchscreen do meu celular tinha pifado. Quando chegou na altitude (Sucre, Potosí, Uyuni, Tupiza, Villazón), o bichinho tava funcionando de boa Quando cheguei a Salta, na Argentina, voltou ao mesmo problema de antes! Ironicamente, o meu relógio não funcionava direito na altitude e, quando desci, voltou a funcionar. Por conta disso, acabei perdendo uns vinte minutos do Edward, aquele vampirinho boiolete, corno e politicamente correto (não necessariamente nessa ordem) que enlouquece, morde e engravida as mulheres (o que provavelmente também não é nessa ordem). Que dó, que dó... De volta ao teatro, o espetáculo atrasou mais de uma hora, e isso rendeu episódios bem engraçados. O grupo Tralalá de Teatro é formado tanto por collas quando por cambas. Acho que por conta disso, a multidão que apinhava o salão de entrada do teatro achava que eu era do elenco (afinal, por qual outro motivo estaria um branquelo ali?). O resultado é que toda hora chegava alguém em mim para perguntar a que horas ia começar, se já podiam entrar para a sala de espetáculos, etc. Isso aconteceu umas 15, 20 vezes! E quando eu falava que não sabia, e que era turista, muita gente ainda insistia, mesmo com o meu sotaque! Talvez achassem que eu era um ator fazendo algum tipo de brincadeira com eles, sei lá. Depois que liberaram a entrada, ainda demorou um tempo para começar. Eu, turista de tudo, comecei a tirar fotos do palco, e pedi para também tirarem foto de mim. Depois, outras pessoas da plateia tomaram coragem e começaram a fazer o mesmo. Nisso, uma boliviana que também era turista em Potosi, achou que eu era boliviano de Santa Cruz (onde há a maior concentração de cambas da Bolívia) e começou a conversar comigo. Seu nome era Natty. Naquele momento, nenhum de nós imaginava, mas devido a uma séria de coincidências incríveis, essa boliviana teria um papel determinante na minha viagem. Uma dessas coincidências é que essa moça morava em Uyuni, meu próximo destino. Aqui um detalhe importante: como eu tenho uma “segunda família” boliviana na fronteira, havia comprado um chip no início da viagem para manter contato, avisar onde estava, etc. Assim, eu e a moça trocamos telefone e, quando eu fui para a cidade dela, ela já tinha reservado hotel para mim! E olha que isso não foi, nem de longe, o mais importante que essa moça fez por mim! Seu ato mais generoso, eu ainda não contei! Deixa a história correr! DICAS: - em Potosí vc quase não acha artesanato para comprar. Acha bastante em Uyuni mas é tudo muito caro por lá. Em Villazón vc acha baratinho. Deixe para comprar lá! Além de já estar na fronteira, vc economiza. Só compre em uyuni os cartões postais, que são melhores, e os artigos feitos de sal (chaveirinhos, porta-jóias, etc.), que só são encontrados lá. - Se puder, leve um celular velho e, ao passar pela fronteira com a Bolívia, compre um chip de celular de lá. Custa muito pouco e ajuda muito para deixarem recados, etc. Sem falar na comodidade de ligar para pedir comida, para reservar seus próximos passeios, hotéis, etc. Se vc tiver a sorte de fazer amizade com um boliviano, melhor ainda, pois pode trocar msgs, pedir ajuda, etc. É impressionante como as horas de espera em rodoviárias, ônibus, filas e saguões de agências de turismo passam rapidinho quando vc pode trocar mensagens com alguém. Que nem Mastercard: priceless! - Roupas: Meu, sabe aquela roupa que vc tava pensando em doar? Vai com ela! Tem gente que compra um monte de roupitcha pra ir, botinha especial, etc. Eu fui com roupas bem simples. É mto melhor, pq vc não chama atenção, não passar por endinheirado (isso faz diferença por lá!), pode dar uma de turista-pobre-mochileiro-coitado quando quiser (eu fiz muito isso!) e também não fica com dó de tomar chuva, sentar no chão, rolar na terra, subir pedregulho, etc. Nos fóruns de mochileiros tem muita gente que fala: vc compra uma mochila suuuuuper da hora e depois fica com dó dela. Resultado: ela não te ajuda para aquilo que vc comprou, que é dar pau. Os tênis que eu fui eram os meus mais velhos e confortáveis. Estavam os dois pés quase furando na frente. Levei para dar o último passeio mesmo, uma despedida. Assim foi bom, pq eu fiz de tudo com eles. E quando chutava pedra, raspava, atolava no barro, essas coisas, eu não tava nem aí. - Ainda com relação às roupas para levar na viagem: vc pode escolher lavar, pedir alguém para lavar (na Bolívia isso é mto barato, 15bs/kg, mas tem que ver o tempo de secagem. Em Uyuni e Tupiza, seca rapidão). Ou então pode ir doando as roupas pelo caminho e comprando novas. Na Bolívia é mto barato. Meia, cueca, camiseta... vai comprando e largando as velhas pelo caminho. Ou então dobra e traz aquelas que vc gosta, mas aí já não vai pesar tanto, pois vc estará no final da viagem, sacou? RELATO: MINHA VINGANÇA CONTRA OS ARGENTINOS! (embora não me tenham feito nada!! rsrsrs) No dia seguinte então, cedinho, deixei tudo pago no hostal, e minha bagagem no depósito deles. Seguindo as instruções da recepcionista do hostal, peguei um micro até o Mercado Chuquimia. De lá sai uma van para a cidade de Miraflores, e o Ojo del Inca, ou seja, a lagoa termal que eu havia decidido visitar, fica ali perto. Segundo constava, era só pedir para descer perto de uma ponte no meio da estrada, e dali subir por uma trilha até chegar ao local. De início, fiquei meio “cismado” porque contei 19 pessoas dentro da mesma van! Tipo, se alguém peidasse ali dentro seria, no mínimo, tentativa de homicídio por asfixia. Minha sorte é que tinha um policial militar viajando fardado junto conosco, e acho que, por respeito, ninguém teve coragem soltar traque. Agora... vou te contar uma coisa... à medida que a van saiu da cidade e enveredou pela rodovia... quase perdi o fôlego, mas com a beleza das paisagens. Ao sol da manhã, aquelas montanhas, pedregulhos, escarpados... é de tirar o fôlego. Durante o caminho, a única coisa que eu conseguia pensar é: se fosse para fazer este passeio apenas para ver a paisagem, sem lagoa sem nada, já valia o dinheiro, tranquilo! Ainda que o “Olho do Inca” estivesse com conjuntivite, tava bem pago. Eu adoraria ter feito esse passeio de moto, ou pelo menos um downhill de bike. Teria sido da hora! Aconselho vocês a ficarem do lado direito até chegar na barreira policial no povoado. Em seguida, cuidem o lado esquerdo, que é muito mais lindo. Chegando na tal pontinha (dica: puente em espanhol é masculino, blz? “un puentecito”) , eu desci da van, enxuguei a baba e fui subindo. Aqui vale a mesma matemática de quando vc vai ao Mirador: se vc subir pela estradinha, é bem mais longe. Se subir pelos barrancos, é mais hardcore, porém muito mais rápido. O lugar é tão lindo que, pela primeira vez na minha vida, eu peguei a câmera, coloquei a vergonha de lado, apontei para mim mesmo e fiz um videozinho. Tipo... não dava para não fazer... o lugar era maravilhoso demais para não compartilhar, sabe... Como ainda eram as primeiras horas da manhã, os passarinhos cantavam sem parar... era perfeito. Infelizmente não vou poder compartilhar o vídeo aqui com vcs porque sou uma cruza de jumento com asno, nascido no horóscopo chinês sob o signo do Jegue, com ascendente em Capivara, e perdi os vídeos na hora de transferir da câmera... mas algumas fotos estão lá no meu facebook, no link que eu passei. Enfim... subi até o tal Ojo del Inca... Chegando lá... bem diferente do que eu pensava. Primeiro, eu não sabia que ia me cansar tanto na trilhazinha. Na hora, até pensei em rebatizar o lugar de Ojo Del Culo Del Inca (olho do cu do inca), mas como eu sou bem frouxo para altitudes, talvez o problema seja mesmo eu. Não é longe... mas na altitude, cansa. Em segundo lugar, me surpreendi com a estrutura... As fotos que eu tinha visto era de um lugar totalmente deserto. Mas uma vez lá, me deparei com um vestiário, três bangalôs (não perguntei o preço), e várias barracas de camping. A grande maioria de argentinos. Vc vai notar que os “Hermanos” viajam bem mais barato que a gente. Eles não tem preguiça para barganhar, etc. É muito comum os caras irem até Uyuni e, uma vez lá, fazerem apenas o passeio de um dia no salar só pq é mais barato. Enfim... continuando. Tem um tiozinho lá que cobra 10bs para um “day-stay”. Isso eu tb não sabia que tinha. A lagoinha é pequena, a água é uma delícia. Não dá pé para baixinhos. Se vc tem menos de 1,70m ou não sabe nadar, te aconselho a não entrar sozinho. Entre com alguém e a partir daí é só “rodear” a margem até achar uma pedra onde se apoiar. Tem uma corda atravessando de uma extremidade a outra, para segurança. Como eu tinha que voltar logo, nadei um pouquinho, curti o lugar, e depois já comecei a me preparar para sair. Fiquei me perguntando se valia a pena todo esse trabalho para nadar menos de uma hora... Mesmo com a van lotada, a subida chatinha, e o monte de Hermanos “gente buena” que rodeia o local, vale sim. O lugar ficou indelevelmente gravado no meu pensamento pela sua beleza. Eu já viajei o Brasil inteiro e conheço cachoeiras e rios maravilhosos, mas de todos os lugares onde eu já nadei, o “Ojo del Culito del Inca” é aquele que tem a paisagem mais linda em volta. Realmente uma pintura. E como eu já tinha pago meus pecados na vinda (atolado o pé numa poça de lama, etc.), Deus foi bonzinho comigo na volta: toda hora passa van para Potosí, e elas vêm vazias. Eu sentei ao lado do motorista e, com a janela livre, tirei fotos até cansar. Só mais tarde me dei conta que a câmera estava desregulada e elas saíram mais escuras que o normal, mas me conformei sabendo que mesmo com a câmera reguladinha, elas jamais teriam captado toda a beleza daquele cenário. Ali, só mesmo se vc for um bom fotógrafo, com bom equipamento, e estiver descendo de de moto para fazer pitstops a cada 100m. Realmente um passeio de encher os olhos. Para me despedir de Potosí em alto estilo, um episódio divertido: quando fui pegar minha tralha no hostal, lá pelas 11:00, o depósito estava entupido de malas. Até assustei, pois quando saí só tinha a minha. Perguntei à moça o que era aquilo, e ela disse: segunda-feira, já está todo mundo deixando o hotel. Tudo bem. Me despedi e quando fui para o ponto de ônibus tinha quase uns 20 argentinos já esperando. Ninguém me cumprimentou, ninguém me dirigiu a palavra. Perguntei a um grupinho se estavam esperando também o micro para a rodoviária, mas não me responderam. Dentre os demais, que não estavam no grupinho, mas que tinham ouvido minha pergunta, ninguém se dignou a me dar uma moralzinha.... beleza. Minutos depois ouvi um deles perguntando a um boliviano se demorava muito o ônibus que ia “a la ex-terminal”, ou seja, ao terminal antigo, que é de onde saem os ônibus para Uyuni. Me deu uma tristeza de pensar que aqueles encardidos iriam todos no mesmo busão que eu para Uyuni. Pior, como estavam todos ali antes de mim, e carregavam muita bagagem, fiquei com medo que lotassem o próximo micro e eu ficasse chupando dedo. Ninguém ali ia deixar que eu entrasse em detrimento de outro compatriota... Comecei a considerar a possibilidade de subir andando morro acima, para ver se encontrava outro ponto de ônibus e assim poder embarcar antes deles, para garantir meu lugar. Enquanto minha cabeça equacionava a subida, o peso da minha bagagem, a fome, o medo de perder o ônibus para uyuni, o medo de perder aquele micro, o cansaço, etc... lá vem o bendito ônibus. Só que o seguinte: em Potosí, as linhas de ônibus são determinadas por letras (linha H, linha K, etc.). O micro que desceu tinha uma letra diferente da que eles estavam esperando, mas pela plaquetinha eu pude ler que “X-Terminal” era parte do itinerário. Logicamente, subi no micro, mas para minha surpresa, ninguém mais subiu. Foi tudo muito rápido, e eu juro que não fiz de propósito. O motorista olho para mim e perguntou se os outros também não iam subir. E eu respondi “no sé! No estamos juntos. Pero pienso que no.” Ouvindo essas palavras, ele arrancou. Olhei pela janela e via aquela galerona ficando para trás, com as malas nas mãos e o olhar agoniado, esperando o micro que não vinha... Naquela fraçãozinha de instantes, pensei em pedir ao motora para esperar, e então eu gritaria pela janela se eles não queriam mesmo subir. Mas na mesma hora em que passou na minha cabeça esse filminho, na cena seguinte os caras me ignoravam, e eu ficava sozinho no ônibus com cara de trouxa. “Eu, hein! Vou perguntar nada!”, pensei.. Não fiz de propósito, mas confesso: eu SOZINHO no micro e aquela gangue de hermanitos ficando pra trás, sem saber que o micro deles tinha acabado de passar... para mim, foi a GLÓRIA!!! Detalhe: cheguei na rodoviária praticamente em cima da hora, peguei meu busão e nem sinal daquele povo. Se eu fosse um bom compositor, com certeza eu agora estaria compondo uma música chamada “El tango del bus que me dejó” No ônibus que ia de Potosí a Uyuni, vc escutava tudo enquanto é idioma. Ouvia-se português (primeira vez na viagem que esbarrava com brasucas), francês, holandês, alemão, inglês e, claro, o espanhol. Mas tinha bem menos bolivianos do que estrangeiros ali dentro. Num dado momento, parei para conversar com a galera de brasileiros. Estavam apenas começando o passeio deles. Perguntei se sabiam de uma agência legal em Uyuni para me recomendar, e disseram que iam procurar um tal de Thiago quando chegassem lá. Supostamente, era um brasileiro que vivia por lá e ajudava os compatriotas organizando excursões a preços mais em conta para nós, tupiniquins. Mais tarde, eu esbarraria com essa mesma galera em circunstâncias muito sinistras. Do meu lado sentou uma alemãzinha. Na fileira de lá, um casal de holandesas enormes, que fariam muito marmanjo pagar pau! Eu sou um deles! Tipo... se eu estivesse precisando de uma grana, não pudesse trabalhar, e tivesse que assaltar alguém, e as únicas vítimas em potencial fossem aquelas duas... meu, eu ia vender meu rim, sei lá... aquelas ali eu não encarava nem armado! A alemãzinha que sentou do meu lado era outra figurinha. Não me cumprimentou nem pediu licença na hora de sentar. Conversou comigo um bom trecho da viagem, e na hora de sair, também nem deu tchau. Seca que nem o salar. Olha, já dei esse conselho aqui neste relato, mas agora enfatizo: vá durante o dia, pois assim vc curte a paisagem e quando chega lá, tem tempo de procurar hospedagem. A paisagem é deslumbrante dos dois lados do ônibus. Eu não sabia qual dos dois lados vigiar. Do lado direito, onde eu estava, tinha picos nevados ao longe, maravilhosos. Tinha uns banhados repletos de lhamas, alpacas, ovelhas, o escambau. Vcs sabem que o meu relato é que nem aquelas garotas de programa que anunciam os jornais, ou seja, eu sou um cara “compretinho”! Por isso, eu fiz questão de contar todas as lhamas da viagem para vcs. No total, foram 345.535.568.087.189 lhamas. Tô até enjoado de tanto ver! Mas enfim, as paisagens são lindas. Os banhados onde elas ficam pastando lembram muito as paisagens pantaneiras, com garças e tudo. A diferença é que não tem jacaré. Aliás, se soltasse um jacaré ali na região, ele certamente seria o jacaré mais feliz do mundo. E o mais gordo tb. Passa-se por várias montanhas imponentes, ranchinhos encrustados nos recôncavos de alguma montanha... e também passa por vários pueblos como Agua Castilla, Porco, Verde Pampa, Casapampa, Tolapampa (Como o próprio nome já diz, se vc quiser ir lá visitar, escolha outro tipo de carro, senão...) Do lado esquerdo, dá para ver ao longe uma represa muito bonita, uns cânions maravilhosos, e também é tem uma vista maravilhosa da planície do salar quando vc chega na cidade. Então dos dois lados vc vai ver paisagens de cinema. Um detalhezinho que pode te ajudar a decidir. Do lado direito, onde eu fiquei, é onde o sol castiga mais. Passei um bom trecho da viagem dançando um tango a três: eu, o sol e a cortininha da janela. Mesmo assim, não arreguei. A paisagem não deixava! O ônibus não tinha luxo, mas estava até bem conservado. O único problema é que a cada 40 min. mais ou menos, ele engasgava e morria. Depois, o motorista conseguia fazer pegar de novo e seguia viagem. E eu lá atrás só trancando e destrancando a biela! Meu, o lugar é lindo e tals, mas ninguém quer ficar enguiçado ali, no meio do nada! É o “ó” del borogodo. Tipo, se vc ligar o GPS ali vai aparecer na telinha “FODA-SE! Cê tá por sua conta!”. DICAS: COMIDA Comida... o que eu aconselho é você buscar os restaurantes onde os moradores do lugar frequentam. Na Bolívia, é comum o almoço ser bem servido. Quase todos os estabelecimentos tem um cardapiozinho com isso e aquilo, mas a grande sacada é pedir um “almuerzo”, que seria tipo um PF. É o prato do dia, digamos assim. Vc come bem mais, e paga bem menos. Além de ser mais típico, e muitas vezes mais gostoso do que aquilo que vc ia arriscar. Em vários lugares, o “almuerzo” é composto por uma entrada (de pão ou saladas), depois uma sopa( muito gostosa, por sinal) que seria o “primero”, depois o prato principal que se chama “segundo”, e conforme o lugar, depois ainda tem a sobremesa ( postre). Come- se muito bem e paga-se bem menos que nos lugares p turistas. Claro que você também pode revolver se dar ao luxo de comer à la carte e ainda pagar pouco (pq lá td é mais barato msm). Mas para “vivenciar” a Bolívia, eu sugiro a 1° opção. - OBS: nos restaurantes populares da Bolívia, não tem lugar marcado. Senta-se onde pode-se. Você pode se sentar na mesa dos outros, sem cerimônia, e o oposto tb acontece. Algumas comidas bem comuns por aqui: - Pollo - é o frango. Boliviano não vive sem frango. Cada esquina tem um restaurante de pollo broaster ou pollo spiedo (tipos de fritura), ou então pollo a la brasa. Sempre acompanha arroz, papas fritas (batatas fritas) e às vezes macarrão. Toda mesa tem um potinho de lhárrua (llahua), um molhinho de pimenta feito com tomate, e também maionese e ketchup, que eles colocam no arroz. - Pique (a lo) macho -- É um prato que todos brasileiros gostam, mais cuidado na hora de pedir. Verifique se vem com muita pimenta ou não. O prato é composto de cubos de carne, batatas fritas, salsichas, ovos cozidos e molho. - Costilla- nem precisa explicação. - lomo (lombo). É um bifão com os acompanhamentos. - hamburguesa. - picante -- É um frango com molho picante. Como no caso do pique a lo macho, convém verificar a pimenta. - parrillada - churrasco. - desayuno -- é o café-da-manhã. Aprenda esta palavra e não cometa a manezice de pedir um “café de la mañana”. OBS: quase todos os pueblos têm seu mercadinho, e no 2° andar de todos eles é cheio de onde se vendem os desayunos. Vale a pena. OBS2: é muito comum ver bolivianos tomando sopa, etc. no café-da-manhã. Se te apetece, vá fundo! Té -- chá. É bem comum por aqui, de vários tipos. Soda/gaseosa – refri. Putz!!!! Já ia me esquecendo!!! Onde estão minhas boas maneiras? (provavelmente estão lá no Brasil, no meu quarto, dentro do guarda-roupas, na mesma gaveta onde eu guardo meias e cuecas). É um costume na Bolívia, após cada refeição, as pessoas dizerem “provêtcho” (provecho) umas às outras, mesmo entre desconhecidos. Se vc fizer isso em qualquer ambiente, imediatamente irá angariar a simpatia de todos. Sempre dá certo. Faça e verá. RELATO: Ai, ai, ui, Uyuni Uyuni é um tipo de quiosque de água de coco estrategicamente situado no quinto dos infernos! O lugar é inóspito, as construções são velhas e feias, o clima é intransigente e as pessoas de lá são bem judiadas. Paralelamente, está lotado de gringo, mÚsica para todos os gostos, vários estabelecimentos que pretendem ser o point da badalação, restaurantes e agências se amontoando... Tudo é mais caro, principalmente os lugares mais turísticos. Te cobram taxa para tudo. Pra vc peidar em Uyuni, tem que pagar 2bs. Isso, se não feder. Se seu peido feder, custa 3bs. Daí vem aquele velho paradigma do mochileiro: travel light vs travel prepared. Se vc viajar mais leve, terá mais facilidade com tudo, mas pode sentir falta de algumas coisas, e se tiver que comprar em Uyuni, terá que pagar um agiozinho turístico. Se viajar levando tudo, vai carregar peso para economizar alguns pesos que talvez não iriam te fazer falta. Vc escolhe, mas daqui a pouco eu passo algumas dicas sobre aquilo que vc não pode deixar de carregar nessa região. Como eu já mencionei, a bolivianinha que ficou minha amiga já tinha reservado um quarto de hotel para mim. O estabelecimento se chamava Mosoj, e eu não o recomendo. Paguei 70bs num quarto de casal (o único que tinha sobrado para reservar) com tv a cabo (só que não tinha TV por lá) e com banho quente, só que o banho quente só funciona das 18:30 às 20:00hs! Tá louco!!!! Odeio estabelecimentos que tem cheiro de mesquinhez e miséria no ar. Se vc tá com dó de água, não venda! Existem opções mais simples e baratas, como o Alojamiento La Roca. Passei uma noite lá por 40bs, com banho compartido, mas tudo tranquilo. Depois fui procurar uma agência para fazer o passeio. Acabei fechando com a El Disierto, que não é ruim, mas não é a que eu mais recomendo. Depois vcs vão saber os motivos. Em seguida fui comprar coisas para a viagem. À noite, saí com a Natty para jantarmos. Depois de tudo o que ela fez por mim, ela merecia um agrado. Dormi cedo, pois sabia que a viagem no dia seguinte seria pauleira. Quando fui usar o banheiro é que me dei conta da coisa mais legal do mundo! Quando a gente masca muita coca, o cocô sai lindo! Um verde- musgo que, olha, dá até gosto. Devia ter tirado uma foto para mostrar pra vcs que belezura! Dava até para tingir roupa com ele!! DICAS: FURADA DE OLHO. Na Bolívia não tem acordo: de vez em sempre vão tentar furar seu olho! Sem titubear, vão te passar um preço mais caro. A maioria faz isso. Eles fazem isso até com outros bolivianos! Tipo, quem é camba, com sotaque de camba, vai receber preço de turista em Potosí e Uyuni. Você tem que pesquisar o preço em várias lojas ou procurar saber com os habitantes locais o preço certo das coisas. Tipo, corrida de táxi em Uyuni é 3bs, mas para o turista é de 5 para cima, dependendo da sua cara. Um brasileiro nissei que eu conheci em Uyuni mesmo tava P... da vida porque tinha comprado um par de luvas por 100bs e logo em seguida, na loja ao lado, viu o mesmo par por 15bs! Então aí vão algumas recomendações de um viajante malandro: 1. pesquise 2. se tiver um amigo boliviano peça sempre a ele para indagar o preço de tudo. 3. prefira sempre restaurantes e lojas que tem cardápio ou tabela de preços. Se não tiver cardápio, é grande a chance de te cobrarem um preço maior. 4. pechinche TUDO. 5. sempre tem banheiro público em todo lugar, mas acho um pecado pagar 1 ou 2bs para dar uma aliviada, sendo que os próprios bolivianos fazem na rua. Então, se você puder e estiver num lugar menos urbano, pode fazer na rua também. Outra coisa que sempre funciona: você entra em galerias, restaurantes, etc. e usa o banheiro lá. Se estiver com vergonha, na hora de sair , faça uma pergunta como se estivesse interessado em algo, tipo, depois de usar o banheiro da pizzaria, você chega e pergunta pro cara “tienes helado? “. Qdo o cara responder que não tem, vc agradece e sai, já tendo usado o banheiro. Parece que não é nada, mas em Uyuni, por exemplo, vc vai ficar pobre de tanto gastar com banheiro, pq bebe-se muita água. DICAS: FRIO - Algumas cidades são tão famosas pelo seu clima que acabam formando uma “identidade cultural climática”. Tipo, em Manaus, qualquer birosca tem ar condicionado. E fica ligado mesmo quando não tá fazendo calor. É o hábito da população. Em Uyuni e Potosí existe uma cultura do frio. Vários lugares tem calefação e todo mundo usa agasalho até de dia, com o sol quente. À noite, o frio não é tão ruim quanto a sensação climática. Tipo, do lado de fora venta muito frio e é preciso um agasalho que barre o vento. Mas fora isso, você não vai sentir frio, pois o clima é mto seco. Os hotéis de toda a região, mesmo os mais simples têm muitos cobertores. Vc não passa frio, pelo menos na época em que eu fui. RELATO: LA MANO DE DIÓS (LA DERECHA!!) Às vezes nessas peregrinações mundo afora, a gente tem que contar com a sorte, o destino ou ajuda divina (o que quer que você prefira acreditar). Eu dei TANTA sorte em minha passagem por Uyuni que não poderia eleger outra senão a última explicação. Estava procurando pacotes para o dia seguinte e vi um punhado de argentinos sujismundos espalhados pelo chão da praça central. Deduzi que tinham acabado de fazer o tour e perguntei-lhes sobre a agência. Tinham feito apenas um dia pelo salar, e teceram vários elogios à “EL DISIERTO”. Inclusive quanto ao preço do pacote para 3 dias (700bs, enquanto todas as outras tinham subido para 800bs). Fui atrás da agência. O cara vive com a porta fechada. Mas quando a encontrei aberta, entrei e negociei. Ele queria 800, mas falei dos argentinos e prometi trazer mais gente e fechamos por 700. Assim que concordei, subiu para 750bs! Quando ele viu que eu ia embora só de birra, ele baixou de novo para 700. Como ele não fechou mais pacotes (claro! Ele nunca está na agência!) acabou me remanejando para a Agência LATITUDES. Esse remanejamento é mto comum por aqui. Assim, tirando a opinião dos Argentinos, não posso falar sobre a “EL DISIERTO”, tirando o fato de que o cara nunca está por lá, tentou me sacanear no preço (mas td mundo faz isso) e quando me trocou para outra agência, não me informou a respeito. Teve a oportunidade de falar, mas ficou caladinho. Sobre a LATITUDES: bons preços. Estavam pedindo 800bs de início, o que era um preço inflacionado de alta temporada, mas abaixo de várias outras agências, e condizente com o serviço que eles forneciam. Mesmo assim, tinha um grupo com 10 brasileiros que fechou com eles a 670bs por cabeça. Ou seja, a agência sabe negociar. Tem agências que te cobram mais caro e dão um pouco mais de luxo, tipo uma sobremesa a mais, etc. Porém tem outras que cobram a mais e não dão nada em troca. Gostei da LATITIDES pq te dão aquilo que cobram, e já tem boa reputação na região. Porém, você ganha aquilo que paga, o nosso guia era gente boa( Sr. Yber) e não bebeu, nem dormiu no volante (ambos são problemas comuns aqui na região). Também foi educado todo o tempo. Porém, ele não é o tipo de guia que fica batendo papo, que sai explicando as coisas, etc. Perguntou, ele responde de boa. Puxou papo, ele conversa com vc. Mas não rende assunto, não faz festa, não anima a galera, etc. A comida também era de boa. Porém, na Isla Del Pescado, algumas agências levam sombrinha ou lonas para os turistas improvisar um abrigo contra o sol. Nós comemos debaixo de sol e queimando as buzanfas nos bancos de pedra. Nas outras paradas, algumas mesas recebiam do próprio hotel um lanche ou um jantar bem mais caprichado e com sobremesa. Nós não tivemos nada disso. Pesquise e faça sua escolha. Se for um bom jogador, pode deixar para fechar negócio só no dia da saída, porque aí varias agências ficam à cata de turistas para preencher os espaços vagos. O problema é que ao fazer isso vc acaba não podendo fechar com a agência que escolher, e corre o risco de não completar um carro para ir. A escolha é sua. Voltando ao meu passeio, mesmo tendo sido remanejado, eu acabei “caindo” com um grupo de brasileiros gente finíssima, e numa agência que fez tudo o que eu esperava. Para quem não leu ainda a respeito, conseguir bons preços e boas agências em Uyuni depende um pouco da sorte. Às vezes, depende bastante. Mesmo q vc pegue uma boa agência e pague um preço legal pelo seu pacote (o que já é motivo para comemorar), lembre-se que tem muito mais estrangeiro do que brasileiro por lá, então é grande a chance de vc cair no meio da gringaiada. Agora, entendam-me: não sou racista e me dou bem com todo mundo, apesar das gozações. Eu já tinha me preparado psicologicamente para ficar no meio de gringos. Convenhamos, tem lá suas vantagens. Vc acaba treinando novas línguas. Tem gente que paga uma fortuna para fazer cursos de imersão, então ficar dentro de um carro durante três dias seguidos com um grupo de fala uma língua estrangeira deve ter lá o seu valor também. Ainda para quem está aprendendo uma língua e quer melhorar (como é o meu caso com o espanhol) ou então há muito tempo não fala uma determinada língua e quer voltar a praticar. Eu mesmo só estava torcendo para não ficar num grupo de pessoas cuja língua eu não entendo (tem um bocado de coreanos, alemães, holandeses...), ou então cujo sotaque eu acho chato (argentinos, irlandeses...) Porém, logo de início já pude sacar que Deus tinha me dado um presentão ao me colocar com esses caras . Eram 3 rapazes de floripa e um casal de BH. Esses dois grupos distintos já vinham viajando juntos deste o Peru, então o entrosamento era ótimo. Ao contrário do que acontece em outros carros, ninguém estranhou ninguém, não houve tensões, discussões, cara virada, nariz torcido, nada! Ninguém reclamou por causa de lugar, ninguém precisou fazer rodízio de assentos no carro, todo mundo entendia as mesmas piadas brasileiras, havia o calor humano e a abertura dos brasileiros e também era muito bonita a maneira como tudo era compartilhado. Se um tinha um pacote de biscoito, um creme dental, câmera, etc, todo mundo podia usar/consumir. Claro que se eu tivesse ficado num grupo de gringos, talvez as histórias que eu contaria aqui fossem mais interessantes, ou mais louconas, mas prefiro contar a vocês que as amizades que eu fiz foram valiosíssimas. DICAS: PARA O SALAR DE UYUNI - Acenda uma vela para o seu santo, orixá, entidade, ou seja lá quem for que olha por vc, e peça pra cair num grupo gente fina, e com um bom chofer. - É aquela história: Deus é contra a guerra, mas fica do lado de quem atira bem. Ou seja, faça sua parte: pesquise ANTES de ir, faça uma tabela das agências e saia perguntando preço, taxas embutidas no passeio (sempre tem), com qual grupo vc vai cair, se o carro já está “fechado”, etc. - Em Uyuni existe uma polícia turística e também uma “fiscalia” de turismo. Quando for conversar com seu agente sobre motoristas bêbados ou que dormem no volante, aconselho que deixe-os perceber que vc sabe sobre isso, e estará disposto a dar dor de cabeça caso seja maltratado. - pesquise preços sem fechar negocio. - Se vc for desinibido, cara-de-pau, ou apenas consciente das vantagens, aproxime-se de grupos turísticos com os quais vc acha que seria conveniente viajar e pergunte se já fecharam pacote. Se já, olhe com carinho pra a agência deles e veja se consegue ir no mesmo carro. Se não, chame-os para rodar com vc e juntos poderem barganhar. - Algumas agências tentam empurrar sacos de dormir. Se for no verão, realmente não precisa. - Agasalhos: apenas aquele tipo de barra o vento já te basta (não precisa ser profissional, etc. Qualquer jaqueta serve). - Não esqueça de levar: creme labial, papel higiênico, lenços umedecidos, 2L de água extra por dia, mesmo que vc, assim como eu, beba pouca água. Quando chega lá no meio do deserto, irmão, você bebe e mija sem parar. - Comidinhas extras tipo biscoitos, etc, tb é bom levar. As agências só fornecem as refeições. - Se você gostar de uma biritinha, compre para levar. Lá é muito caro. Via muita gente reclamando do preço da cerveja, da falta que fazia ter levado do brasil uma caipirinha, etc. Agencias bem faladas: Cristal, Latitudes. A Colque Tours tb tem boa fama, mas fiquei sabendo depois que um carro deles havia capotado na semana anterior. Além disso, ouvi falar também que por manejarem muitos turistas ao mesmo tempo, eles não dão muita atenção individual. Fuja da Thiago Tours. Eu sou brasileiro também, mas depois do que vi tomei tanta raiva desse cara... continue lendo para ver os motivos. - DICA DE OURO! O preço do passeio só no salar (um dia) é de 150bs. O de 3 dias custa 700, 800 bs. Esses valores estavam mais caros por causa da temporada, mas baixa no máximo uns 100, 200 bs fora da temporada. Apesar dessa diferença de preço, e também de algumas pessoas que vão de dizer para não fazer o tour de 3 dias pq é caro demais, pq o valor é irreal, pq é cansativo, etc, eu digo: FAÇA O DE 3 DIAS!! Se tá na dúvida, leia o meu relato e escolha o que deseja realmente fazer, mas na minha opinião, fazer apenas o salar é tipo vc ir ao Rio de Janeiro e ir apenas à praia, porque é de graça, sai mais barato. Já pensou o cara visitar o Rio, mas não visitar bondinho, corcovado, cristo redentor, etc.?? Meu, vc sai lá do Brasil para chegar no ânus da Bolívia e só vai fazer o salar?? Vc é doido! Outra coisa: o preço é barato, se levar em consideração o quanto gastam de combustível, hotéis, almoços, jantares, desayunos, guia 24h por sua conta, etc. Sem falar que os carros levam um pau daqueles. O terreno é muito mais que off-road: é punk! Muitas agências ali trocam de carro de 2 em 2 anos, no máximo. Depois do passeio vc vai entender o motivo! E tudo isso tem um custo, claro. Agora, o motivo principal que me leva a te dizer isso é porque quando chegou no final do segundo dia, eu já tinha a seguinte convicção: de tudo o que eu tinha podido ver, eu teria topado pagar o dobro pelo valor do passeio, e mesmo assim teria valido a pena. RELATO: Primeiro dia Sobre o roteiro, no primeiro dia saímos de manhã e fomos para o cemitério de trens. É legal para tirar fotos, mas fica muito lotado porque todas as agencias saem +ou- no mesmo horário e baixam no mesmo lugar. Depois paramos no meio do salar para tirar fotos (e a água do joelho). Em seguida paramos num museuzinho de sal e em seguida, fomos almoçar na Ilha do Pescado. Depois disso, acaba a programação do dia. Por isso enrolamos na Ilha por um bom tempo e no caminho para o hotel, mais uma parada para fotos. O primeiro pernoite é no hotel de sal. É bem legalzinho. Não tem nenhum luxo, mas você também não passa perrengue. Todo arrumadinho e até bem decorado, levando-se em conta que era uma empresa funcionando num meio tão inóspito. O chato é que tiveram um problema lá com a água e ficou todo mundo sem tomar banho. Ao contrário de muitos relatos de Bolívia que eu conheço, esse foi o meu 1° dia sem tomar banho, e eu odiei. Tinha gente no meu grupo que já tava indo pro 3° dia SEGUIDO sem banho e já nem ligava mais. Eu tive um pouco de inveja da placidez deles, porque infelizmente eu acabei deixando isso me perturbar um pouco. Mas tudo bem. Já passou. Ah, antes que eu me esqueça, as perguntas que todo mundo sempre faz sobre o Hotel de Sal: 1- Sim, é tudo de sal, aquela porra! 2 - Sim, eu testei. Lambi tudo! Se quiser ver as fotos, pode ir no meu perfil no face. Tá lá. 3 - Sim, é que nem quando vc entra na água do mar pela primeira vez: tem que provar! Quando vc for lá vc também vai sair lambendo as paredes. 4 - Sim, o lugar onde vc lamber a parede vai ser justamente aquele onde um outro turista (provavelmente argentino) limpou meleca do nariz. DICAS: - A Isla Del Pescado é um monte no meio da planície chapada do salar. Um lugar bem legalzinho para tirar fotos, mas não passa disso. Eles “cobram” 30bs para a entrada, mas é aquela cobrança boliviana, ou seja, um tiozinho fica lá te cobrando. Nada oficial. Aquilo não é dele, nem a cobrança é chancelada por algum governo ou prefeitura. Ele simplesmente se autointitulou detentor do direito de cobrar entrada ali. Só que como é um monte redondo, muita gente sobre pelos lados, ou por trás, e tira fotos de boa. Se o cara não te pegar, vc não paga. Rsrsrsrs, Eu achei tão absurdo pagar esse valor para entrar ali, que nem subi. Até porque dava para tirar boas fotos da beirada. Subi um pouco para umas fotos e depois desci. Tem um banheiro lá também. A menina que estava no meu grupo não pagou, pegou o ticket que outra tinha usado. Muitas meninas se viravam nos cantos, ou atrás de qualquer coisa para não pagar. Se vc é homem e, no meio do deserto de sal resolve pagar pelo banheiro, vc MERECE perder seja lá qual for o valor que vão te cobrar. - A Isla del Pescado, até onde eu sei, não faz parte do roteiro quando o salar está alagado, por ser de difícil acesso nessas épocas. - Os hotéis só têm energia elétrica das 7 às 10, e olhe lá, mas assim que você chegar num deles, já vá perguntando onde estão as tomadas (enchufes, em espanhol) e trate de plugar se carregador de câmera lá, mesmo que seja de tarde, pra marcar lugar. Quando chega a energia, não tem tomada para todo mundo e quem bobeia, fica sem bateria para sua câmera no dia seguinte. o sal presente na atmosfera do salar descarrega as baterias com mais rapidez, portanto recarregue as baterias antes de sair de Uyuni, e ao final de cada dia. Alias, isso é uma dica para a viagem toda: ao final de cada dia ou no inicio, vá a um cyber e descarregue suas fotos também. A pior coisa é ficar no meio de um passeio turístico sem bateria ou espaço para as fotos. No meu caso, perdi a câmera durante a viagem. Fiquei frustrado, mas imagina se eu tivesse perdido minhas fotos! - outra dica: larga de ser otário! Não fique passando fotos no visor da câmera durante a viagem. Além de comer sua bateria, estraga o prazer. Fora que sempre tem um boiola ou uma pattyzinha que começam a cacarejar “Ai meu Deuzo! Estou horrível nessa foto! Apaga! Apaga! Apaaaaaaga!!” - Ou vc leva um booom cartão de memória, ou então dá um jeito de, no hotel, achar alguém que tenha levado um dispositivo que te permita transferir suas fotos. Na segunda noite eu consegui no hotel uma brasileira que, generosamente, liberou o netbook para mim enquanto carregava na tomada. Se não fosse isso, eu teria ficado o terceiro dia sem câmera! Já pensou? - Desde o primeiro dia, tem algumas paradas do passeio que são bem idiotas, como algumas feirinhas só pra te compelir a gastar uns trocados, etc. , converse com seu grupo e negocie com seu guia para passar batido por essas paradas, e em troca, demorem mais tempo nas paradas legais. - Proteja o que é seu. As malas vão todas no teto do carro, envoltas por uma lona que NÃO FUNCIONA quando chove. Já vi outros relatos, e tb aconteceu conosco. Então proteja suas coisas com uma lona especial, uma capa de chuva, ou então leve alguns sacos de lixo (tamanho grande) do Brasil, que também dão conta do recado. RELATO: Segundo dia No segundo dia você toma seu desayuninho e pica a mula. Logo o carro sai do Salar se embrenha pelas montanhas, visita algumas lagoas etc. É o dia mais “rico” do passeio, em termos de paisagens, belezas, etc. O ambiente muda completamente de hora em hora e você se convence de que a Bolívia é um dos países mais lindos do mundo. Parece que a cada tantos minutos vc está num outro ecossistema. Muito legal! Você pula de um salar para um cânion para um deserto para uma paisagem montanhesca... tudo muito rápido. Almoçamos na Lagoa Fedorenta (Laguna Hedionda) e apesar do cheirinho de enxofre, a paisagem lembra os Alpes suíços ou as montanhas do Canadá. Maravilhoso. No final do dia uma nota triste. Estávamos em nossa última parada antes da Lagoa Vermelha, e consequentemente o nosso hotel, que era de frente para a lagoa. Estávamos na tal Árvore de Pedra (“Árbol” é masculino em espanhol, ok, kbçaum?). A árvore em si é bem menos legal que os pedregulhos que tem em volta, mas lá estávamos nós disputando espaço com outros turistas para tirar foto, só para falar que fomos, né. Do nada, começou a chover granizo! Aquela turistada toda virou um bando de sacis! Saíram pulando rapidão e se enfiaram nos seus carros. Vazou todo mundo e ficamos só nós, achando mó legal. Como eu disse nas dicas, havíamos negociado com o nosso chofer, o Íber, para ficarmos mais tempo onde achássemos que valia a pena. Assim que a chuva deu um descanso, começamos a escalar os pedregulhos em volta para tirar fotos legais e arriscar um tombaço e algumas fraturas. De repente, chegou um carro algumas meninas desceram chorando muito e eu logo identifiquei as meninas que pertenciam àquele grupo de brasileiros que eu havia conhecido no no busão de Potosi a Uyuni. Eram os que tinham ido procurar o tal de Thiago. Estavam desesperadas porque o motorista deles mal conseguia parar em pé, de tão bêbado! Quase tinha capotado o carro passando por cima de um pedregulho (capotar o carro no salar não é nada inédito, por isso enfatizo que vc procure agências confiáveis. Principalmente aquelas em que o dono é o motorista). No mesmo dia, o mesmo cara havia tirado uma fina de outro carro que vinha na direção contrária e por um triz não havia colidido com o outro veículo (o que também não é inédito por lá). A situação estava tão feia que o grupo tinha decidido descer do carro e ficar ali mesmo. E se esclarecer, “el Árbol de Piedra” é uma parada obrigatória no passeio, mas é no meio do nada. Tipo se você perguntar ali pro seu GPS aonde você está, é capaz dele te dar um tiro. Todos os carros já tinham ido embora ou passado reto por causa do granizo, só nós tínhamos sobrado, e nosso carro não cabia mais gente. Não havia como leva-los conosco, e a decisão de descer do carro ali era muito drástica. O motorista deles se recusava a deixar que um dos brasileiros dirigisse (é contra as regras permitir que o turista dirija. Pode resultar em demissão), e elas se recusavam a seguir viagem com ele no volante. Conversamos com nosso chofer, e ele intermediou um acordo: um dos brasileiros iria dirigir, seguindo de perto o nosso carro até chegar na entrada da lagoa colorada, onde existe uma barreira policial. Trocariam a direção um pouco antes da barreira e o chofer bebum ia dirigir mais 2 km ate o hotel delas. Assim foi feito e no final, o pior foi evitado. Mas tive muita pena deles. Não sei se agora eles já estão rindo da situação, como eu normalmente vejo acontecer com os apertos que as pessoas passam na Bolívia, mas não queria ter estado na pele deles. O nosso motora ainda parou num ponto estratégico para tirarmos fotos da Laguna Colorada, que é enorme e linda. (Antes que vc pergunte: não, não existe uma lagoa gremista. Só a colorada.). Chegamos ao hotel. Tinha banho quente. Custava 10bs por 8 minutos. Vale cada centavo e cada gotinha de água quente. Eu, que já estava extasiado por poder tomar banho (ainda mais quente!), fiquei mais feliz ainda porque na segunda e última noite sempre rola um rango mais caprichado. Cada grupo ganha também uma garrafa de vinho. Eu não bebo, mais fiquei feliz pelos meus amigos. Para coroar tudo, e provar que nossa “sorte” era sorte demais pra ser apenas “sorte”, começou ou cair uma neve bem fininha. Eu, que nunca tinha visto neve, fiquei lá fora curtindo aquilo o máximo que pude. Fui dormir feliz igual pinto no lixo, totalmente ignorante daquilo que me esperava no dia seguinte. DICAS: - preste a atenção nos outros grupos. É comum alguém levar um net book ou algo assim. Se for o caso peça para usar minutinhos p descarregar suas fotos. - “borracho” significa “bêbado” e “emborracharse” é “embebedar-se”. Melhor você aprender bem essas palavras ANTES de negociar seu passeio. - Mais uma vez: fuja de agências picaretas. Um detalhe que eu ainda não tinha comentado é que além de tudo, os brasileiros tinham pago 120 dólares pelo seu passeio. Ou seja, 140bs a mais que eu. E olha que eles estavam em grupo! Dava para terem pago MENOS que eu! RELATO: A LO HECHO, PECHO!! (“Para o que foi feito, peito!” – ditado boliviano) No terceiro dia acordamos muito cedo, lá pelas 5:00. Saímos para ver os gêiseres sem ao menos tomar café-da-manhã. Tudo estava coberto de neve e eu amei! Brincamos, tiramos fotos, etc. Pena que não consegui captar nelas a beleza alva dos picos cobertos de neve. Voltamos para o nosso último desayuno do passeio, que estava nota 10. Recolhemos nossas tralhas e zarpamos. Na época em que eu fui, diziam que o caminho para a lagoa verde e para o Chile estava bloqueado. Ninguém estava passando. Assim, se você faz questão de ler sobre a Laguna Verde, procure em outros relatos, de meses anteriores. No nosso caso, nos enfiamos montanha acima para cortar caminho de volta. A paisagem nevada me encantava. Penso que a partir desse ponto é que minha viagem saiu do paraíso para o purgatório. Seguimos viagem pela montanha e começamos a descer. Em questão de 20,30 minutos passamos de neve a deserto! Impressionante! O último dia do passeio é mais para fazer o caminho de volta. Tem umas paradinhas para disfarçar, mas nada de extraordinário. Chegamos a Uyuni entre 3 e 4 da tarde. Despedi-me da galera já com uma ponta de saudade, deixei a bagagem na própria agência e fui sacar dinheiro. Foi então que meu pesadelo começou. Meu cartão Visa Travel Money estava sendo recusado nos caixas da cidade. Enquanto eu peregrinava de um para o outro, a Natty me ligou e disse que ia viajar no dia seguinte para Tupiza e Villazón, para visitar a casa da mãe da amiga dela (a mesma que estava com ela no teatro, em Potosi). Perguntou-me se íamos nos encontrar por lá, já que essas duas cidades seriam meus próximos destinos, e eu disse que provavelmente não, porque Tupiza é coisa pra se ver em um dia e eu não planejava ficar lá mais que esse tempo. Na hora, ainda pensei que, se pudesse, faria o possível para me encontrar com ela, porque depois de ter passado tantos dias comendo sozinho, tinha adorado poder bater papo com alguém nos lugares onde passava. Mas provavelmente, iríamos nos desencontrar, e então eu disse a ela que dali a pouco passaria no trabalho dela para me despedir antes de seguir viagem. Num dos bancos que fui para tentar sacar, o caixa travou meu cartão, assim como tinha acontecido no aeroporto viruviru, no início da viagem. Mais uma vez, enfiei o outro cartão de poupança que tinha trazido na viagem e consegui tirar o meu lá VTM lá de dentro. Já que bobeira pouca é bobagem, fui a outro banco e dessa vez... o caixa não devolveu meu cartão. Bateu aquele desespero! Tentei de tudo que era jeito. Só faltou fazer um strip na frente da camerazinha para ver se a máquina ficava com nojo e cuspia meu cartãozinho, mas não teve acordo. Fiquei sabendo que só no outro dia a agência ia abrir para me dar meu cartão de volta. Quando liguei para a Natty para contar que estava preso em Uyuni por mais um dia, ela achou ótimo (para ela é claro) porque assim teria companhia para viajar a Tupiza no dia seguinte. Fui atrás de alojamento, achei o La Roca, dei entrada e fui buscar minhas malas na agência de turismo. Como minha passagem já tava comprada, fui ao escritório da companhia ver se dava para trocar, mas já esperava pelo pior. Como eu já previa a moça não trocou, lógico. Bastava ela dizer “não” e eu seria obrigado a comprar outra passagem. Mas como havia ainda um tempo antes do horário da partida, eu fiquei na porta da agência oferecendo minha passagem para todo mundo. Para você ver como são as coisas na Bolívia: a passagem Uyuni-Tupiza custa bem menos de 60bs. Como era alta temporada, as empresas aumentam os preços o quanto querem, não há fiscalização. Por isso, tinham me vendido por 60bs, mas já que o ônibus tava esgotado, a tiazinha da agência me chamou de volta, trocou para minha passagem para o dia seguinte e começou a anunciar que tinha “surgido” uma vaga por 80bs. E se quiser! No meio desse processo, acabei esbarrando com meus amigos brasileiros que seguiam viagem para Potosi. Quando contei a eles que teria que ficar mais um dia em Uyuni por causa do cartão, eles começaram a me zoar, falando que era por causa da Natty, que eu estava apaixonado pela colhita, etc. Expliquei que não era, mas se eles acreditaram, não sei. Também não posso culpá-los, pois sei que nossa situação era mesmo incomum. Tanto é que a própria Natty, por sua vez, tinha inventado para todos os seus colegas de trabalho que eu era um velho amigo dela, de Santa Cruz. Afinal, qual deles iria acreditar que ela tava andando com um turista brasileiro só na amizade? Ninguém, né! Bom, para finalizar o dia, fui comprar minhas lembrancinhas, jantei e fui para o meu alojamiento dormir. Já eram umas 10 da noite qdo a Natty se desvencilhou de suas ocupações deu uma passada no alojamento para ver se eu estava bem depois da confusão do cartão. É de ouro essa moça, viu! Um dia ainda vai fazer um boliviano feliz (mas ela me contou que só vai casar com separação de bens! Rsrsrsrs boa sim, boba, não!). DICAS - os terrenos em volta dos gêiseres são super argilosos (ardilosos tb!), e escorregadios. Muito cuidado ao se aproximar. Se bobear, você se ferra. - Compre suas passagens antecipadamente, antes de sair para o tour do salar. Quando chega mto turista, o bicho pega! - Vá de trem para Tupiza, não vá de ônibus. - Os trens não saem todos os dias, então programe-se. De preferência, calcule sua chegada em Uyuni, a saída para o passeio no dia seguinte, a chegada de volta na cidade, etc. com o dia em que existe saída de trens. Assim vc não fica em Uyuni tempo desnecessário. Se for ter que ficar, duas opções: existem inúmeras lojas de souvenirs. Tudo é mais caro que em outras cidades, principalmente as roupas de frio, etc., mas pelo menos vc tem coisas para ver, matar o tempo etc. Vc pode optar por voltar à sua agência e fazer o tour de um dia pelo salar. Assim vc tira mais fotos, curte mais... é cansativo, mas é maravilhoso. - Se precisar passar o dia numa cidade e quiser economizar com hotel, deixe suas malas num maleiro num escritório de agência de turismo ou de passagens de ônibus ou então em algum hotel (mas apenas como depósito, não vá pagar pernoite só para largar as malas!). Verifique o horário em que eles vão fechar, senão suas malas ficam presas até o dia seguinte. - Na Bolívia, “alojamiento", “hospedaje” e “hostal” costumam ser mais baratos que “hotel”. Mas vale pesquisar, se vc tiver perna para isso. - Preferencialmente não compre produtos em Uyuni. Tudo muito caro. A única exceção é para cinzeiros, chaveiros e porta-jóias feitos de sal, pois esses, você só acha lá. Camisetas da Bolívia você acha em Villazón, mas tem que andar muito, talvez não tenha seu número e a diferença de preço pode não ser tão grande. Em Tupiza, eu não sei, pois não andei por lá. Deve ter tb. - verifique a que horas vence sua diária. Tem hotéis que, depois das 10:00hs, já querem te cobrar outro pernoite. - você pode levar pouca roupa e ir lavando nas paradas, ou mandando lavar. Em Uyuni, por exemplo, você paga 15bs por quilo. Mas tem que se programar para fazer isso antes de sair para o tour. Se quiser, você mesmo pode lavar, porque seca na mesma noite. O ar é muito seco e venta o tempo todo. Ou então você pode fazer que nem eu: fui comprando meias, cuecas e camisetas pelo caminho. É muito barato, mesmo quando vc paga com “preços turísticos” RELATO: YO PISO, TUPIZA, NOSOTROS PISAMOS... No outro dia recuperei o meu cartão na agência do banco. Tinha um dia inteiro perdido em Uyuni esperando o busão que só ia sair de noite. Um dia inteiro só para mim, para ficar remoendo meu medo e minha preocupação com meu cartão de crédito que não tinha crédito nos bancos da região. Por sorte eu estava prevenido. Desde o Brasil eu tava viajando com 200 dólares dentro da palmilha do meu tênis. Uma notinha de 100 debaixo de cada uma. Com esse dinheiro, eu seria capaz de chegar em casa, na pior das hipóteses. Troquei uma parte dos dólares e fui com a Natty para Tupiza. A viagem é a pior que eu já fiz. 5 horas de estrada de chão esburacada, muita poeira e precariedade. O motorista subia nuns barrancos que simplesmente não foram feitos para ônibus, e que o ônibus dele também NÃO tinha sido feito para subir ali. Vc literalmente come poeira o tempo todo, não consegue parar de sacudir um segundo sequer... e ainda por cima ainda tem que aguentar algum boçal com seu celular tocando musiquinhas. Em geral todos os relatos que li sobre a Bolívia, os caras tocam o terror nos brasileiros sobre as condições da viagem, eu te digo o seguinte: preocupe- se com o busão, mas por uma questão de conforto para não fazer uma viagem longa nesses paus velhos. Tem uns ônibus aqui pelamordedeus! São do tempo em que onça era menina! Assim como existem cidades-fantasma aqui na Bolívia existem também os “ônibus zumbi”. Em compensação, verdade seja dita, também tem ônibus ótimos, como os de 3 filas. Então vc tem que checar ANTES de pagar que tipo de busão é, e avisar que só vai aceitar aquele que foi oferecido. Com relação às tão faladas estradas da morte e a (falta de) lei de trânsito, isso é muito relativo, porque ao mesmo tempo em que se pode dizer que aqui é menos controlado que no Brasil, também pode-se dizer que os bolivianos dirigem bem melhor que a gente e já estão acostumados com isso (como é o caso da Índia tb). Em todo o meu tempo de Bolívia, mesmo quando morei na fronteira e nas outras viagens, eu não vi nenhum acidente aqui. Seja dentro da cidade ou nas rodovias. No Brasil você sempre vê carros batidos, motoqueiros atropelados, caminhões tombados à beira da estrada etc. Aqui você não vê nada desse tipo de coisa, então tranquilize-se e encaixe no seu pensamento a ideia de que o trânsito e as estradas aqui não são piores que o Brasil. Se não são melhores, são “diferentes”. Dito isso, vou confessar: nesse busão eu tive um pouco de medo. Lembra quando estava escrevendo sobre o caminho de Potosí para Uyuni, e eu disse que trancava e destrancava a biela? Então! No caminho de Uyuni a Potosí minha biela já chegou soldada a Tupiza, porque foi trancada do início ao fim da viagem! E isso porque estava escuro, e vc não conseguia ver direito o fundo dos abismos. Acho que se fosse de dia, meu esfíncter teria virado um ex-fíncter. O motorista não tinha respeito nenhum pelos barrancos, pelos abismos, ou pela estrada de chão. E quando era plano ou decida ele enfiava o pé para tirar o atraso das subidas. Teve uma hora que o ônibus empacou e desceram uns bolivianos para ajudar, fizeram Deus-sabe-o-quê, contaram ate três e gritaram para o motorista arrancar. Ele arrancou e todos comemoraram. Não tive coragem de perguntar o que aconteceu... nem mesmo depois de chegar. Durante o caminho é muito ruim respirar por causa da altitude e da poeira, você passa por umas casinhas e fica se perguntando quem é que mora ali entre Nada e Porra Nenhuma. Mas não se preocupe!! Seus problemas acabaram! Alex Ross, o seu super guia compretinho vai te dizer os nomes de todos os “pueblitos” do caminho. Vejamos: a primeira se chama San Jose Del Carajo a Cuatro; depois vem Santa Madre Maria de Nada, e em seguida San Lucas de Mierda. Mais alguns quilômetros e você chega à famosíssima General Donde Estoy Diós Mío, e por último vem San Martin Valiente de La Puta Que Te Parió. As outras cidadezinhas são menores e não merecem atenção. Recapitulando: NÃO pegue ônibus de Uyuni a Tupiza, a não ser que você esteja querendo uma história loucona pra impressionar as mina num bar, suas amigas no cabeleireiro, ou contar para seus netinhos quando vc já estiver na terceira idade. Mas tipo, se eu fosse você, ia de trem e inventava o resto da história, porque senão corre o risco de daqui a uns anos um moleque virar pra você e dizer: “Mas você é muito burro, hein, Vô! Sabendo que tinha o trem...” O fato é que eu e a Natty chegamos vivos, e mais uma vez tenho que enaltecer a menina. Ela já tinha ligado para uma amiga dela de Tupiza e nossas reservas já estavam garantidas! Então aí vai outra dica: se for chegar a Tupiza de madrugada, é bom que já tenha feito reservas. A cidade tem muito alojamento, mas às 2 da matina, tá tudo fechado!! Duas senhoras que desceram do ônibus conosco não acharam vaga na pousada onde tínhamos reserva e voltaram para a rua. Fiquei morrendo de pena de ver as duas voltando para a rua naquele frio, e àquela hora da madruga. Ao mesmo tempo, agradeci mentalmente à Natty por já ter cuidado das reservas. Não é atoa que a tal construtora arrancou a menina lá de Sta Cruz (q é uma cidade grande!) e colocou para trabalhar em Uyuni (q é um ovo!), com alojamento pago e tudo. Ela deve valer o esforço. Mesmo tendo pouco contato com ela, a julgar pelos detalhes que eu fui pescando aqui e ali, a menina parece ser uma máquina de eficiência. Toda hora eu a via ligando para um engenheiro, ou uma secretária, ou uma fornecedora, e “costurando” mesmo de longe os fios soltos da empresa. O chefe dela é um sortudo, viu! No outro dia, levantei cedo e fui ver se conseguia sacar dinheiro. Não consegui. Desesperado, entrei na net para verificar no site do VTM se havia algum problema com o meu cartão. Dizia no site não. Porém, que só dava pra sacar em Salta. Achei um absurdo que um cartão que tem como principal objetivo ser usado por turistas em viagens não sirva para porra nenhuma em todo o sul da Bolívia!! Oruro, Tupiza, Tarija, Uyuni, Villazón... descobri que todas essas cidades são “descobertas” pela rede VTM. Uma vergonha! Me senti sem pai nem mãe, pois de acordo com o site, só dava para sacar dinheiro em Salta, na Argentina, a 8 horas de viagem! Fiquei emocionalmente abalado. E se não desse para sacar? E se, ao chegar em Salta, eu descobrisse que o meu cartão é que estava com problemas? Além disso, eu não ia poder me divertir nem gastar praticamente nada naquele trecho de viagem, com medo de ficar desprevenido. Logo agora, a hora de comprar souvenirs... Além disso, eu já estava 3 dias atrasado em minha programação! Um dia perdido em Sta Cruz, outro que escolhi ficar em Potosí, e mais um dia perdido em Uyuni por causa do mesmo cartão que agora estava me sacaneando novamente. Ainda assim tinha passado pela minha cabeça visitar um pouco das quebradas e canyons que cercam Tupiza, pois mesmo achando que não seria tão diferente do que eu já tinha visto, lá é possível fazer tudo isso a cavalo e não dentro de um veículo. Mas com a falta de grana, joguei tudo pela janela, inclusive minha paz de espírito. Consternado, voltei ao hotel e bati na porta da Natty, acordando-a. Ela abriu a porta e eu contei tudo. Ela imediatamente tomou minhas dores e disse que já ia se arrumar para seguirmos viagem. Ah! Um detalhe que eu esqueci de comentar. A essa altura, a Natty já tinha falado com sua amiga de Potosi, e ficado sabendo que a amiga não ia mais descer para Villazón para o fim de semana juntas, conforme haviam combinado. Então a Natty já tinha previamente decidido que não ia mais passar o final de semana na casa da mãe da amiga. Ainda assim , não consegui demovê-la da ideia de descer até Villazón comigo. Fiz de tudo, acredite. Cheguei a dizer que ia ficar muito chateado com ela, que aquele era um peso que eu não precisava levar, já com todos aqueles problemas. Mas a bichinha é teimosa demais . Parece que sentia que as coisas não estavam bem. Apressado e sem coragem de discutir com quem estava tão disposta a me ajudar, segui viagem junto com ela a Villazón. Chegando lá, a primeira providência foi pesquisar logo as passagens. O melhor custo-benefício para Salta estava pela empresa Balut, mas a pegadinha era no câmbio! Eu ia pagar em dólares, mas descobri que a empresa estava praticando uma taxa de 1 US$ = 6,0 Bs, enquanto que o praticado até mesmo em Uyuni era 1US$ = 6,90bs. Daí a Natty disse: “se for assim, eu pago sua passagem em pesos bolivianos, você me dá o valor correspondente em dólares, depois eu faço o câmbio em Uyuni. Achei uma boa idéia, pois raciocinei que se fosse para alguém ter lucro com meus dólares, melhor que fosse ela. E ainda me restariam 100 US$ para atravessar a Argentina e o Paraguai caso meu cartão desse zica em Salta. Pelos meus cálculos seria a conta certa para chegar ao Brasil, mas viajando sem um luxozinho sequer e sem curtir nada das cidades seguintes. Tipo... seria mais uma fuga desses dois países do que um passeio. Ela voltou a insistir que eu parasse de teimar e aceitasse a grana dela emprestado. Recusei, mas para evitar horas de discussão que eu ia acabar perdendo, prometi a ela que se chegasse a Salta e não conseguisse sacar, voltaria à Bolívia e ligaria para ela, para que me enviasse o dinheiro extra. Fomos almoçar e passear pela cidade. Villazón é uma cidade barata. Os souvenires são bem mais baratos aqui do que no resto da Bolívia, e a oferta também é muita. Dá para perder um dia aqui fazendo comprar, tranquilo! Tanto é que os próprios bolivianos vêm de outras cidades vizinhas para comprar aqui. Depois de comer, rodar um pouco e matar tempo, era chegada então a hora de despedida. Saquei do bolso os 25 dólares referentes à passagem que ela havia pago, mas quem disse que a menina aceitava? Obviamente, eu também não ia aceitar nem a pau que ela pagasse para mim. Não teria aceitado nem se fosse um brasileiro, pior então uma trabalhadora boliviana. E aquele papinho dela de que se fosse ela que estivesse perdida no Brasil, eu também ajudaria não ia colar desta vez. Ficamos lá discutindo com cada vez mais veemência, até que ela virou para mim e disse: “Escuta, eu não sou boba. Quando você pediu o número da minha conta e inventou que era para caso de precisar que eu te enviasse dinheiro, eu percebi que na verdade você já tem planos de pedir ao Pitoto que me deposite o dinheiro da viagem para Tupiza. Portanto, não se preocupe. Quando você for pedir a ele para depositar, que deposite também o dinheiro da passagem até Salta”. Na hora eu não soube mais o que dizer, porque ela havia me desnudado completamente. Abri a boca umas duas vezes, mas nenhuma outra mentira que eu inventasse seria mais plausível do que a lógica dela. Puxei-a num abraço sincero e agradeci por pensar tanto em mim. Ato contínuo, segurei-a pelos dois ombros, olhei bem feio e avisei que se o número da conta estivesse errado, eu nunca mais conversaria com ela, nem por internet. Ela deu uma titubeada (ou seja, estava planejando nunca me cobrar esse dinheiro! Rsrsrs), mas viu que também não tinha como fugir. Acabou cedendo. Combinados a respeito de grana, fomos levá-la à van que retornaria para Tupiza, já que sua amiga de Potosí tinha desistido de vir a Villazón para o feriado. Passados 5 ou 10 minutos da partida da Natty, comecei a rir sozinho pela rua afora que nem bobo. Tinha acabado de me tocar o quão fodástico eu deveria ser (por que foi que eu não continuei advogando, meu Deus!? Rsrsrs)! Afinal, não é qualquer estrangeiro que está apenas de passagem pela Bolívia que consegue ser “praticamente coagido” por uma boliviana a aceitar dinheiro emprestado. Essa vai entrar para a historia! DICA: - sempre leve um 200 pila para o caso de emergência. Assim, você pelo menos volta para o Brasil tranquilo se decidir abortar a viagem e não tiver outros recursos. Uma vez estando em nosso território, pode sacar nos bancos com sua identidade ou, se tiver sido roubado, ligar para casa e pedir que um parente envie dinheiro para a conta de alguém. Em tempo: esses 200 pila aos quais me refiro não são brasileiros. São pilas americanos! O nome verdadeiro é Mr. Peelah. Com 200 reais, vc não se garante, não! - de Tupiza a Villazón, melhor ir de Trufi (van) por 25bs. Não preste atenção à direção do motorista, senão você pira. Lembre-se que as regras e os costumes do trânsito daqui são diferentes. O importante é que eles não têm acidentes. O início do caminho é muito bonito. Depois, você pode dormir, pois é só um desertão sem fim. O caminho é todo asfaltado, e a viagem dura em torno de uma hora. - Ao contrário da imigração da fronteira de Corumbá, que é de longe a piorzinha que eu passei (por sinal, apenas do lado brasileiro, porque o boliviano é rápido), nas outras fronteiras, vc não demora tanto para fazer os trâmites legais. A não ser que, bem na hora em que vc resolve pegar a fila, chegue um ônibus turístico atravessando os países. - Uma coisa para vc pensar: quando vc compra uma passagem de um ônibus que cruza a fronteira, sempre paga mais caro. Por isso, para economizar, melhor é sempre atravessar a pé. Se for atravessar de ônibus ou avião, precisará dar saída de um país e entrada em outro. Mas se for a pé, pode optar por “pular” essa formalidade e não pegar as filas. Isso porque o doc de entrada e saída não é obrigatório para portar dentro do país. Em todas as minhas viagens, JAMAIS me pediram esse documento. Então talvez você decida evitar as horas de filas e passar batido, já que sua identidade equivale ai visto aqui no MERCOSUL. E não é só isso: quando, ao final da viagem, fui à imigração brasileira para devolver meu comprovante de saída do país, a moça da imigração brasileira disse: “Por que você pegou isso aqui? Você é brasileiro. Não precisa declarar saída do país. Isso é só para os estrangeiros”. RELATO: LA MANO DE DIÓS (LA IZQUIERDA!!) Dei voltas por Villazón fazendo um tipo de “masturbation shopping” . Isso porque eu perguntava o preço de tudo, queria sinceramente comprar, mas não tinha coragem de arriscar o dinheiro que me restava. Pensava que se eu não conseguisse sacar grana em Salta, estaria preso na Argentina. Preferia vezes cumprir pena numa cela de tarados africanos a ter que depender da caridade dos “hermanos”. Com essa covardia financeira, acabei indo de mãos vazias para o outro lado da fronteira, a cidade de La Quiaca. Cheguei umas 4 ou 5 horas antes do embarque, que só seria à meia-noite. Estranhamente, na rodoviária da cidade, via bolivianos para todo lado. Quando finalmente passei por um grupo de Argentinos, eles estavam comentando humildemente que era muito gostoso passear pela Bolívia porque lá eles se sentiam o povo mais alto do mundo. Depois dessa, achei melhor ir dormir. Encontrei finalmente uma escada limpa (tá bom! Semi-limpa!) e ali fiz meu ninho. Estava chovendo lá fora e eu estava molhado de chuva. Parece brincadeira, mas é só atravessar para a Argentina que o frio muda. Tava um frio úmido, penetrante, doído. E a escada onde eu tinha acampado ficava bem perto da porta. Penei por um tempo com o desconforto do vento, da sujeira e dos barulhos indistintos. Em condições normais, teria sido impossível um cochilo sequer, mas estava tão esgotado física e emocionalmente que depois de uns minutos adormeci. Acordei com alguém bem próximo a mim gritando “BLAAAAAAAAAAANCO!!!”. Uma pequena parte do meu cérebro se perguntou se estavam falando de mim, mas concluí que não. Continuei do jeito que estava. Escutei barulheira bem perto de mim, invadindo meu “espaço pessoal”. Mas estava tão sonado que nem dei bola. Alguém estava colocando a língua para fora e soprando, fazendo aquele som de peido. Pensei que estavam brincando com algum neném. Quando algumas gotas começaram a pingar na minha cara, abrir os olhos e levantei a cabeça. Era um mendigo boliviano brincando com seus 3 cachorros. Tinha se aninhado bem pertinho de mim, um ou dois degraus acima. Me resignei com aquilo que era inevitável, e desmontei de novo em cima das malas. Acontece que, aparentemente os outros dois cachorros tinham sacado que “aquele cara ao lado” tinha dado sinal de vida. E como seu dono só dessa atenção ao “Blanco”, começaram a me rodear. Tentei ignorar o fato de estarem roçando em mim e na minha bagagem-travesseiro. Logo começaram a farejar minha cara. Quando um deles ficou “romântico” demais com meu rosto, eu ergui a cabeça e, azedo pelo sono interrompido, rosnei para ele: “ Salí! Salí!” Baixei a cabeça de novo. Depois de 20 segundos de silencio total, abri os olhos novamente, achando incômoda toda aquela paz. Não vi mais ninguém. Com o coração desmanchando de pena e arrependimento, percebi então que o mendigo tinha achado que a ordem de sair era para ele! Sentei-me agoniado e v o bando a alguns metros, revirando o lixo da rodoviária. Os cachorros faziam ainda mais festa, tadinhos, felizes porque seu dono estava de pé, e deduzindo (com razão) que agora era a hora da janta. Tinha um cachorrinho amarelo (o mesmo que tinha tentado me dar um beijo de língua) que era pura carência! Ele pulava e rebolava de tanta alegria. Vendo aquilo, meus olhos encheram de água com saudade da Melissa, minha cachorra, e de pena daqueles coitados que viviam com tão pouco. Enquanto o tiozinho rapava qualquer coisa de dentro do latão e dava aos cães, eu por minha vez comecei a revirar freneticamente os bolsos, pois sabia que tinham me sobrado alguns pesos bolivianos. Consegui achar 15 pesos. Chamei o homem e dei-lhe o dinheiro. Em um espanhol mais imperativo, adverti-o que o dinheiro era para que ele comprasse também comida para o Blanco e seus amigos. Ele recitou naquele sotaque de “colla” seu agradecimento especial de esmola (todos os mendigos do mundo têm o seu. É personalizado! rsrsrs). Faceiro com a esmola gorda (para os padrões deles) saiu em direção à noite, o frio e a chuva. Ainda baqueado pelo ódio que sentia de mim mesmo naquele momento, me pus a matutar no quão fdp eu sou. Vou confessar para vcs: desde o início da viagem eu já tinha separado um dinheiro extra só pra dar aos mendigos da Argentina, sabiam? Eu já tinha imaginado como seria escrever aqui nesse relato que eu me sentia o máximo dando esmolas para um argentino. Sempre pensava nisso e ria sozinho. Pensa bem! É uma piada já pronta! Seria minha maneira particular de chutar cachorro morto. Cachorro portenho, lógico. Eu raramente dou esmolas, pois penso que, mesmo as pessoas que são realmente necessitadas, com o recebimento de esmola tornam-se eternamente dependentes disso. A esmola maternaliza a mendicância, e a torna perene. Exemplo disso é que no Paraguai, por exemplo, um país paupérrimo, você tem que procurar muito para achar um mendigo. Paraguaios fazem de tudo para não esmolar. Os caras vendem até peido engarrafado, mas dificilmente fica à míngua, à mercê de outrem. Tem muitos assaltos? Tem. Tem muita prostituição? Tem, também! Mas mendicância tem bem menos. Eu os admiro por isso. Agora... ali na Bolivia.... Putz.... O povo é realmente muito sofrido. Mendigo lá não tem muito para onde correr, porque muitas das pessoas de lá que teoricamente trabalham e se sustentam também vivem abaixo da linha da pobreza. Mesmo trabalhando. Aqui na Bolívia amigo, na natureza é belíssima, mas o buraco é mais embaixo. Quem tem olhos, enxerga coisas marcantes. Já que não conseguiria mais voltar a dormir, matei o restante do tempo trocando mensagens com a Natty, que também estava cortando um dobrando na sua viagem de volta. Quando faltava pouco menos de 1 hora para a saída decidi descer para as plataformas de embarque e esperar o restante do tempo por lá, só por precaução. Quando passei pelo guichê de Balut, a empresa que tinha vendido minha passagem, o argentino do balcão me olhou engraçado: havia me reconhecido. Perguntei a ele se sabia em qual plataforma o ônibus ia encostar. Segurando-se (“pero no mucho”) para não cair na gargalhada, ele disse que o ônibus já havia saído. Atordoado, perguntei como aquilo era possível. Ele explicou, já não se preocupando muito em manter-se sério, que o fuso na Argentina é uma hora a mais. Perguntei se tinha jeito de alcançá-lo. “Pega um táxi e tenta”, ele disse, “se o ônibus tiver ficado retido na barreira, você talvez consiga” . Sai desembestado pela rodoviária afora. Só conseguia pensar no dinheiro da Natty que seria desperdiçado. Aquilo era o que me doía mais, coitada. Pulei na frente de um táxi que miraculosamente estava passando bem na frente da rodoviária e gritei ao motorista que tocasse para a barreira policial. Pela cara típica de colha e o sotaque, dava para ver que o cara era essencialmente um boliviano com documentos argentinos (em qualquer cidade de fronteira isso é super comum). Mas o cara era tão tranquilo que eu quase perguntei a ele se era baiano. Quando vi que ele tava voltando para lado da Bolivia, perguntei a ele se o ônibus para Salta passava por aquela barreira. Ah, claro que não! Era a outra barreira, certo? Perdón, Señor... E eu me esforçando ao máximo para manter a calma (dependia muito daquele cara!). Quando chegamos na barreira, vi um ônibus da Bulut parado, meu coração até “pulou uma batida”. Corri para o ônibus com a tralha na mão, para evitar que saísse sem mim. E o cobrador: “Não. Este é o ônibus que vai para BUENOS AIRES. O outro saiu faz um tempo”. Disse e deu um sorriso. Argentino duma figa! “Será que dá para alcançar de táxi?” “Ah, ele saiu aí pela estrada. Corre atrás e vê”. Corri de novo para o táxi e falei para o motorista sair de novo atrás do outro ônibus. Ele obedeceu, mas foi logo dizendo que não teria combustível suficiente. Olhei para o marcador no vermelho. Ele acrescentou que também estava sem luz alta e sugeriu que eu voltasse à barreira e pedisse ao outro motorista que me desse uma carona para, quem sabe, alcançar o meu ônibus numa próxima parada. Não vendo alternativa, aceitei e lhe pedi que desse meia-volta, mas desta vez ordenei: “Pero dáte prisa, Papá! Apuráte ou me voy a perder el otro bus también!” Ele então passou a esforçar-se ao máximo que podia (e o máximo era 70km/h. ). Voltamos à barreira e disparei novamente na direção do ônibus. Expliquei ao motorista e ele disse apenas: “Entra ai atrás, eu levo”. Mesmo com a mente girando a mil por hora, me lembro claramente da surpresa que senti porque aquele motorista argentino me havia dado algo a que me apegar. A única coisa que consegui dizer a ele foi “Ni sé que decir...” (“nem sei o que dizer”... e não estava mentindo!). Corri de volta ao táxi e ao perguntar o preço outra surpresa! AR$ 20,00!! Ou seja, era praticamente o preço justo! O preço certinho mesmo teria sido uns 16,17 pesos argentinos, mas o cara podia ter tentado me depenar e não o fez. Paguei e voei para embarcar enquanto o motorista não mudava de idéia. Quase virei picolé dentro daquele ônibus. Apesar de haver corrido, estava tremendo de frio. Era impressionante! Estava a poucos km da fronteira boliviana, mas já estava congelando! Amaldiçoei os argentinos e suas frentes frias! Véio, eu fico puto com isso! Pode ver que toda frente fria que chega no Brasil! Vem da Argentina! O Uruguai não manda e o Paraguai também não. Mas com a Argentina você pode contar! Assiste o Jornal Nacional pra você ver! Aproveitei o restinho de sinal boliviano para mandar minha última mensagem à Natty, dizendo que estava a caminho de Salta. Mal podia acreditar que as coisas tivessem se alinhado assim a meu favor. No fundo da cabeça, uma vozinha me sussurrava que aquela “sorte” só fazia sentido quando eu adicionava à equação o meu episódio de caridade para com o Blanco e seus amigos. Eu sempre me emociono quando me lembro disso, e confesso que demorei mais de meia hora só para conseguir escrever este último parágrafo. Me pergunto onde estarão agora, e se estão passando algum apuro enquanto eu tô aqui de boa... Bom... dizem que em virtude de sua pureza, preces de crianças valem mais que reza de adulto, e são capazes de mover montanhas. Se isso é verdade, então há de ser também certo que as preces de cachorrinhos de mendigos são capazes de mover ônibus e fusos horários, e têm poder até mesmo sobre motoristas argentinos. E não deu outra: quando o motorista passou pela parada, lá estava meu ônibus. Eu ainda tinha dificuldade em acreditar que tinha conseguido. Ao descer do ônibus de Buenos Aires, ainda gritei ao motorista “Amigo, muchíssimas gracias! Que Diós te bendiga y te de manos firmes em la carretera”. Kkkkkkkkkkkkk! Eu deve ter soado igualzinho ao dono do Blanco, rezando minha ladainha de esmola recebida! O motorista gritou de sua cabine “De nada!”, e disparou. Embarquei no ônibus para Salta e assim que sentei na minha poltrona, me dei conta de que nas correrias, havia perdido minha câmera, que estava no bolso interno da jaqueta. Só a câmera valia mais que 6 vezes o preço da passagem de La Quiaca a Salta, mas simplesmente não me importei com aquilo. Mentalmente, disse a Deus q se esse tinha que ser o pedágio a pagar por aquilo tudo, blz! Agradeci-Lhe assim mesmo, pois sabia que todo aquele episódio havia sido 100% escrito pela Sua mão, ainda que, pelo que tudo indica, Ele tenha escrito “con la mano izquierda”! rsrsrsrs DICA: - prefiro correr o risco de ser repetitivo e estar enunciando o óbvio, mas é porque não desejo a ninguém o que eu passei. Então lembre-se, Mr. Kbçóvski, na hora de atravessar as fronteiras entre países ou “departamentos”, de acertar seu relógio imediatamente. RELATO: SALTA, "LA LINDA" Salta, é a capital do norte da Argentina. Tem o apelido de La Linda porque numa região muito árida e pobre, é realmente uma cidade super bem trabalhada e cuidada. Quando você anda em Salta tem a sensação de estar numa “Bolívia que deu certo”. Isso porque uma porcentagem enorme da população é boliviana ou descendente direta, mas como a cidade pretende ser turística, tem muito artesanato e música típica para todo lado que você olha. No entanto, a cidade é claramente argentina. Tudo funciona, tudo bem cuidado, tudo limpinho. E infelizmente, tudo bem mais caro (mas pelo menos é o mesmo preço para todos, ao contrário da Bolívia). Não bastassem essas comparações, ainda tem um outro detalhe: o artesanato e as músicas que tocam por toda a cidade são praticamente 100% bolivianos. Pouca coisa é de origem argentina. Como vcs já acompanharam pelo relato, só pude passar lá um dia, e ainda por cima sem câmera fotográfica, mas pelo que pude perceber, os argentinos não são grossos como tantas pessoas dizem. São até bastante solícitos para dar informação. Todavia, para qualquer problema ou questionamento que vc apresente, todos tem uma atitude de “foda-se você, não tô nem aí”. Exemplo: na rodoviária, quando fui comprar minha passagem, eu falei ao atendente que ia para Asunción. Ele explicou que não tinham ônibus diretos, só até a fronteira. Então eu disse que pegaria uma passagem até a cidade de Formosa e lá atravessaria a ponte a pé. O cara vendeu a passagem caladinho, sem se dar ao trabalho de me dizer que em Formosa eu ia me ferrar, e que o certo era seguir até Clorinda, onde se atravessa para Assunção. Sacou?? Quando mais tarde cheguei a Formosa, duas coisas aconteceram. Primeiro, eu vi que a cidade deveria se chamar “Feiosa”, pra combinar melhor. Segundo, ali mesmo na rodoviária fiquei sabendo imediatamente que por lá não se atravessava. Corri de volta ao busão, que estava dando um tempo para embarque de novos passageiros. Eu podia ter entrado de fininho e continuado e viagem e eles nem iam perceber, pois o ônibus é de 2 andares e ninguém controla o número de passageiros, como fazem no Brasil. Mas não! Fui falar com o motorista que tinha havido um erro e perguntar se eu podia seguir a viagem. Não, não podia. Expliquei que não queria ir de graça, pagaria a diferença ou o valor da passagem inteira de Formosa a Clorinda. Não, ele não tinha nada com isso,e se eu quisesse ir a Clorinda, que comprasse passagem com outra empresa. Bom, acho que já deu para todo mundo entender através desses exemplos o que eu quis dizer... Voltando à cidade de Salta... A cidade não tem nada turístico. Não estou metendo o pau! Só estou explicando que existe uma diferença entre cidades como Bonito ou Rio de Janeiro, onde vc encontra diversas opções, e cidades que são como Manaus ou Campo Grande (MS), isto é, são ponto de partida para outros lugares próximos onde existem as atrações (nestes casos, amazônia, pantanal, etc.). Salta é realmente uma gracinha, mas não conta com atrações que façam vc querer realmente ir lá só pra ver. A única coisa dentro da cidade que se pode chamar de atrativo é um bondinho que sobe até o alto de um mirante. É muito legal e bonito. Para quem já está por lá, vale a pena. Inclusive, se você quiser, ao chegar lá no alto, pode pagar 60 AR$ e fazer um downhill de bike. Eu fiquei doido pra fazer, mas estava com uma mala nas costas, já era hora do almoço, estava cansado, sem banho, etc. Aliás, Salta foi o segundo dia nessa viagem que fiquei sem tomar banho. Ódio!! Dizem os argentinos que saindo de Salta existe também o Tren de las Nubes, que divide opiniões (uns acham lindo, outros acham idiota, caro e desperdício de tempo). Fora ele, há várias “quebradas” e “canyons” para visitar. Até que me convençam do contrário, minha opinião é de que compensa bem mais fazer a mesma coisa em Tupiza, pois a paisagem é praticamente a mesma, sai bem mais barato, bem mais próximo da cidade-sede, e ainda por cima você pode escolher ir de bike ou a cavalo. Dizem também que ali por Salta tem uma descida de corredeira, mas como eu estava esgoelado de tempo, nem fui ver. Ficou para uma outra ocasião. Agora que já expliquei sobre a cidade e seu povo, vamos aos fatos. Como vcs já devem saber, assim que cheguei à cidade e descobri que não ia ter jeito de tomar um bendito de um banho, a próxima providência foi correr atrás de caixas automáticos. Achei um que aceitava o VTM! Depois de finalmente poder sacar meu rico dinheirinho, voltei à rodoviária para garantir minhas passagens (pois agora eu podia escolher em que tipo de ônibus ia viajar). Me sentindo o cara mais rico de Salta, larguei uma mala no depósito e vazei para o passeio do bondinho. Vale os 35 AR$. Mas claro, essa, como todas as outras dicas de roteiros, depende da pessoa. Se vc mora em cidades como Rio e Santos e já tá cansado de andar de bondinho, pode não achar a menor graça. Eu achei que vale. E milionário que estava, eu resolvi que era hora de me permitir mais uma daqueles luxos de ocasião: comer uma autêntica parrilhada argentina, andando na Av. San Martin que é a avenida que te leva da Rodoviária ao centro, após +- 1km, vc vai chegar na R. Córdoba. Mesmo estando na Av. San Martín, se vc olhar para a ESQUERDA, vai ver o restaurante LA TABA. Fica numa esquina, e em frente tem uma sorveteria Del Bosque. Se você quiser ir lá, cuidado para não se confundir, pois na S. Martin, do lado direito, algumas quadras antes da R. Córdoba, tem a mesma dobradinha (restaurante-sorveteria), mas não é lá que eu comi. Estou falando de um que fica na Córdoba. Chegando lá, pedi uma chapa de costela para uma pessoa (costilla x1), mas quando veio metade de um brontossauro, vi que dava para três! Comi toda a carne e bebi 1 litro de refri. Larguei pão e salada na mesa. Comida deliciosa. Só saí de lá andando graças a muita força de vontade e o poder acumulado de anos de intenso treinamento ninja, porque outro ser humano teria sucumbido. Só que apesar de todos os meus superpoderes, acabei caindo na armadilha seguinte: tem uma sorveteria bem em frente! Na esquina oposta! Eles fazem de sacanagem! “Muito bem”, pensei comigo mesmo, “vou seguir a sabedoria popular e, como já tô no inferno, vou dar logo um abraço no capeta”. Entrei na sorveteria e pedi uma casquinha de doce-de-leite com flocos (granizado). Estava maravilhoso!!! Massssssss... Meu! Sabedoria popular o caráio! Se o povo fosse realmente sábio, não elegia os nós-cegos que nos governam. Me ferrei!! Bateu uma vontade enorme, urgente, fremente, incontinente, exigente e impertinente de parir um mulato! Atravessei a esquina de volta ao restaurante e pedi para usar o banheiro deles. Já que eles tinham feito aquilo comigo, ia descontar tudinho. Mas estava ocupado, e decidi arriscar ir andando até a rodoviária. Fui andando até a rodoviária, mas já meio torto de tanta cólica, porque o Barack Obama já tava louco querendo sair para nadar! Cheguei a tempo, mas foi por muito, muito pouco! Sabe, que nem naqueles filmes de Hollywood em que o cara acaba de pular do prédio e um caralhésimo de segundo depois vai tudo pelos ares. O Barack Obama saiu para nadar, mas trouxe a família toda! Tinha as filhas do casal, a Michelle Obama, os sogros... veio todo mundo! Tinha até uns seguranças... Olha, vou te contar, viu! Eu pintei (literalmente) e bordei(figurativamente) naquele banheiro da rodoviária de Salta. Mas mais do que estar feliz por estar cagando em cima da propriedade do Governo Argentino, eu estava aliviado por finalmente poder usar um banheiro limpinho, bem cuidado e gratuito. Ah, sim... quem leu o texto todo deve estar se perguntando sobre os mendigos de Salta. Vou confessar: eu não resisti! Assim que tirei dinheiro do caixa, deixei um bolso separado só com trocados para dar para eles! Toda hora que eu via um mendigo argentino, ia lá e dava uma esmola. Adorei! E ainda falava “esto es para ti, hermano" . E enquanto eles iam recitando suas cantilenas de agradecimento, eu pensava comigo “chupa, Argentina!” DICAS: - se você, como todo mundo, quiser experimentar uma “salteña” estando na própria cidade de Salta, lembre-se que lá elas não chamadas de Saltenhas, mas sim de empanadas. - carregue papel higiênico, mesmo que você seja homem. Nessas viagens longas, creia em mim: você vai precisar. - não saia da Argentina sem levar alfajores. Sinceramente, aqui no Brasil tem pães de mel bem mais gostosos, mas todo mundo gosta de ganhar alfajores vindos diretamente da argentina. Se vc não quiser pagar o preço turístico por aqueles que são vendidos na rodoviária em caixas lindas (e que por dentro não são tão gostosos), pode ir a um supermercado e encontrar lá boas opções de alfajores industrializados que duram mais tempo, são mais gostosos, mais baratos e também tem boa apresentabilidade. - o ônibus na Argentina não vai parar p/ lanche. Eles te dão um lanche durante a viagem, mas como são várias horas, para a maioria das pessoas o lanchinho não dá conta do recado. Leve biscoitos ou sanduíches para comer pelo caminho, senão você fica com fome. RELATO: ASSUNÇÃO, 40 GRAUS (Cidade-Purgatório, paraíso da beleza e do caos) Saí de Salta e cheguei à fronteira do Paraguai no dia seguinte, tendo já contado a todos o triste episódio da passagem vendida para a cidade errada. Emendei a viagem até Clorinda, e lá atravessei a fronteira. Depois peguei um micro até Assunção. Durante a viagem, de uns 30 minutos, um vovô veio me explicando onde ficava isso e aquilo, e a um certo ponto ele disse: “o problema é que estou muito apurado, senão te levaria lá, mas vou ter que descer antes, pois preciso pegar um outro ônibus”. Deu uma vontade de dar um abraço nele, tadinho! Que bondoso... No centro da cidade,os termômetros marcavam 40,42 graus Celsius! A sensação térmica não estava tão ruim, mas 40°C são 40°C! Na Rodoviária, garanti minhas passagens para a noite, tomei um banho delicioso e baratinho, e peguei um “colectivo” para o centro. Asunción é uma cidade sem atrativo nenhum, a não ser que você esteja procurando mulher, pois as paraguaias são realmente LINDAS, conversam com todo mundo numa boa, e gostam de brasileiros. Apesar de ser uma cidade pouco turística, eu estava contente de estar nela, pois já estava com saudades das coisas de cidade grande. Fui a um restaurante coreano, muito gostoso que fica no centro, pertinho da Plaza Uruguaia, na Calle Chile quase esquina com Calle Oliva (se a essa altura vc ainda não aprendeu que “calle” é “rua”, merece ficar perdido!). O restaurante é uma delícia para quem gosta de rango oriental. Me estufei de comida, paguei pouco, e subi algumas quadras na Rua Chile até o Shopping mais próximo (Mall Excelsior). Lá eu tive meu dia de turista: perambulei pelas lojas, dormi no banquinho da praça de alimentação, fui ao cyber, fiz uma sessão de quick massage (que valeu cada centavo), fui ao cinema, comi junk food... Uma ruivinha que trabalhava na bilheteria do cinema deu em cima de mim na maior naturalidade. Devia ter uns 15,16 anos. Só estou contando isso pra você ver como a mulherada no Paraguai não perde viagem, porque eu mesmo não sou nenhuma Coca-cola. Em final de viagem então, não chegava a ser nem um guaraná bem choco! Falando em refrigerante, quando estiver no Paraguai, trate de experimentar o Pulp Pomelo. Você não vai se arrepender. Tendo passado o dia e o início da noite no “shopps", fui pegar o ônibus para a rodoviária. Quando pedi informações a uma moça sobre o coletivo, ela me disse que já estava indo pegá-lo, mas que tinha sido assaltada. Sem pensar, me ofereci para pagar a passagem dela, mas imediatamente comecei a desconfiar que era “golpe”. Aliás, para quem ainda não conhece a fama: Assunção é uma cidade muito perigosa. No caso da moça, Carolina, logo fiquei com remorso, pois a história dela batia direitinho com outras coisas que eu já sabia da região. Ela era claramente uma paraguaia bem simplória, mas era bem clarinha e tinha uns traços germânicos. Conversando, ela me contou que era de Filadélfia e tudo se encaixou. Eu já tinha pesquisado e sabia que Filadélfia era uma colônia alemã, a algumas horas de Assunção. Ela tinha vindo passear, mas sofrera um assalto. Quando chegamos à rodoviária, perguntei a ela se precisava de mais algum dinheiro. Ela explicou que não, pois sua mãe lhe enviaria uma grana no dia seguinte. Agradeci as informações e o papo. Ela agradeceu a ajuda e nos despedimos. Peguei meu busão e acordei em Ciudad Del Este, na fronteira, onde finalmente pude, depois de 3 dias, descansar meu corpinho numa cama. Já do lado brasileiro da fronteira, tive a oportunidade de tomar uns tapas na cara pra largar de falar mal do país dos outros: - quando você chega no Brasil, você acha tudo caro!! Na Bolívia e no Paraguai, mesmo que te passem preço errado, ainda sai barato. Na Argentina não é barato, mas ainda é um pouco menos caro que do nosso lado. - Na rodoviária de Foz, o banheiro também é pago, como na Bolívia e no Paraguai, só que custa mais caro! No terminal municipal de trasbordo também é. - Na rodoviária de Foz, apesar de haver 3 caixas eletrônicos de bancos diferentes, não consegui sacar dinheiro: estavam sem comunicação. Inclusive, fiquei com pena de uma turista alemã que não conseguia sacar nada, e estava morrendo de sede, mas não podia comprar água porque além de não conseguir sacar dinheiro nos nossos caixas, ninguém aceitava os dólares dela aqui! Tive que tirar R$4,00 do bolso e dar para ela comprar água para si e seu grupo, senão ia ficar com sede. - Na linha de ônibus que faz a linha Foz/Ciudad Del Este, a passagem custa R$ 3,60, mas apenas se vc pagar em real! Se for pagar em guarani, custa Gs$ 8500, o que no câmbio praticado naquele dia equivalia a mais de R$ 4,00! Ou seja, o preço cobrado na moeda do país mais pobre é mais elevado do que o do país mais rico. Eu sou brasileiro, mas acho que se fosse para pagar diferenciado, que os paraguaios pagassem menos, pois são bem mais pobres que a gente. DICAS: - se vier a Asunción vindo da Argentina, provavelmente terá que trocar algum dinheiro bem na fronteira, mas troque apenas o mínimo necessário. Deixe para fazer o restante do câmbio na rodoviária, onde as taxas são menos leoninas, ou no centro da cidade, onde vc encontrará as melhores opções de troca. - Assim que vc chega no Paraguai, mesmo que vc fale espanhol, fica bem perdido, pois o sotaque deles, apesar de charmoso, é difícil de entender. E eles misturam O TEMPO TODO com Guarani! Então quando dois paraguaios começam a papear entre si, pode apostar que vc vai boiar pelo menos uma parte da conversa. Uma dica interessante nesse sentido é vc comprar um jornalzinho, desses populares que só mostram crimes e aspirantes a modelos (toda cidade tem, né!). Vc vai morrer de rir tentando decifrar os textos, pois eles misturam as duas línguas. É muito divertido e pitoresco. É um souvenir diferente, original, que custa pouco, pesa pouco e não ocupa espaço na sua bagagem. - precisa falar para vc ficar esperto com a diferença de fusos horários entre C.D.E. e Foz? - Em C.D.E. existe uma polícia turística especializada em crimes contra os consumidores. É algo bem novo, e parece que funciona, mas para isso, vc precisa SEMPRE exigir a nota fiscal e tomar cuidado para que haja o nome da loja. Eles sempre tentam passar recibinhos que não identificam a loja. - Foz do Iguaçu é uma cidade maravilhosa com ÓTIMAS opções de turismo. Não vou abordá-las aqui, pois já tinha ido a várias delas em outra viagem, e não tive tempo para repetir a dose desta vez. Mas pesquise e vá, pois vale a pena. Reserve uns dois dias para compras e também um ou mais dias para turismo. Outra dica legal é visitar as cataratas de ambos os lados, pois a vista é diferente, e também pesquisar os passeios turísticos que existem no entorno de cada uma das três cidades (Foz, C.D.E, e Puerto Iguazu). - Existe um templo budista muito bonito em Foz. Estou mencionando aqui porque ele não aparece em vários dos guias que pesquisei, mas vale a visita, até mesmo para quem não curte o oriente. Tem um jardim de estátuas bem legais, onde vc pode tirar lindas fotos. Tem até uma estátua bem parecida com aquela que aparece no jogo Street Fighter, quando vc luta contra o Sagat. Aposto que de cada 10 turistas que passam por lá, pelo menos uns 5 ficam tentados a tirar uma foto fazendo pose de luta. Resista, se puder! Rsrsrsrsr RELATO: O FINAL, AFINAL! Daqui a algumas horas, chegarei em casa. Esta foi minha primeira viagem de mochilão, propriamente dita. Dormi no chão, passei apertos, mijei na rua, conheci pessoas, ri muito, tomei chuva, passei frio, vomitei, me irritei, repeti cueca, fiquei sem tomar banho, tive insônia, dormi no ponto, me encantei, me encontrei, me desencontrei (mas não necessariamente nessa ordem). Ajudei e fui ajudado em TODOS os países por onde passei. Estou sujo, fedido, despenteado, barbudo e minhas unhas estão humilhando as do Zé-do-Caixão (porque as dele pelo menos são limpinhas). Chego com saudades de tudo e de todos que eu deixei aqui no meu amado país, mas também de tudo e de todos que larguei pelo caminho, no país dos outros. Principalmente, chego com os bolsos um pouquinho mais vazios, mas com a alma muito mais pesada, repleta de tudo o que vi e vivi. Espero que quem leu tenha se divertido um pouco às minhas custas, assim como me diverti muito lendo os perrengues dos outros antes de ir. Também torço para que tenha sido útil o que postei aqui, assim como me foram úteis os relatos que eu pesquisei antes da minha própria aventura. Quem tiver dúvidas, poste aqui. Se eu não conseguir responder, posso GARANTIR que alguém do fórum conseguirá (pero la garantia sou yo!). rsrsrs Ah, e não se esqueça! Escrever tuuuudo isto aqui deu um trabalhão danado! Se vc se cansou só de ler, imagina eu! Então larga de preguiça e deixe seus comentários. Não precisa elogiar, agradecer, etc., mas pelo menos faça sua contribuição, se está planejando viajar, suas dúvidas, etc. Se já fez a viagem, deixe correções, sugestões, etc. O importante é deixar comentários, pois assim o tópico fica mais tempo ativo na comunidade, e outras pessoas podem se beneficiar (além de umas risadas a mais, né) Abraço a todos os mochileiros, mochiludos, mochiqueiros, mochifrudos, mochofredores, etc. Alex Ross. post scriptum: galera, depois de muito tempo, eu notei que tinha gente querendo saber um pequeno detalhe... e aí? Devolveu o dinheiro da Natty ou não?? rsrsrs olha... devolvi, mas foi difícil! Fiquei mais de um mês no facebook insistindo para que ela me mandasse o número da conta. Acho que só mandou pq, por um acaso do destino, ela teve um revés no trabalho (a firma atrasou pagamentos) e precisou de grana. Coloquei um valor a mais, claro, e tentei convencê-la de que era referente à flutuação do câmbio rsrsrsrs. E já que ninguém consegue recusar depósito bancário, ela aceitou. Editado Janeiro 9, 2015 por Visitante 1 Citar
Membros yurinoue Postado Janeiro 20, 2013 Autor Membros Postado Janeiro 20, 2013 Peço que tenham um pouquinho de paciência. Estou terminando de escrever o resto da viagem e das dicas, que vão acompanhando. Se for o caso, também coloco fotos. Abraços a todos. Qualquer dúvida,qualquer coisa, pode jogar a pergunta aí! Citar
Membros yurinoue Postado Janeiro 21, 2013 Autor Membros Postado Janeiro 21, 2013 Para fotos da viagem, em ordem cronológica: 1 Citar
Colaboradores rpn Postado Janeiro 22, 2013 Colaboradores Postado Janeiro 22, 2013 Parabéns cara, muito bom o relato. Estou aguardando a continuação. Abraço! Citar
Membros yurinoue Postado Janeiro 23, 2013 Autor Membros Postado Janeiro 23, 2013 podexá, rpn, tá vindo aí... tem mto mais vindo aí... nos próximos dias, prometo que posto. Citar
Membros de Honra Pericles David Postado Janeiro 24, 2013 Membros de Honra Postado Janeiro 24, 2013 Parabéns Yuri pelo relato! Tá ficando bom demais! Suas dicas são excelentes, profissa!! Aguardo o restante! Abraço. Citar
Membros MaiteMaia Postado Janeiro 24, 2013 Membros Postado Janeiro 24, 2013 Parabéns Yuri... Seu relato está muitooo bom! Adorei sua sinceridade! Seu bom humor, impecável! Ri muito aqui!! Rs 1 Citar
Membros raffaelfellipe Postado Janeiro 24, 2013 Membros Postado Janeiro 24, 2013 kkkkkkkkkkkkk. Acompanhando.... Citar
Membros yurinoue Postado Janeiro 25, 2013 Autor Membros Postado Janeiro 25, 2013 Puxa gente... nem esperava esse monte de comentários, ainda mais positivos... esperava ajudar as pessoas e pronto... pra ser sincero, estava até desanimado de editar todo o texto restante, mas os comentários de vcs me deram mais ânimo. Prometo que neste findi já vou terminar tudo, ou praticamente tudo... Citar
Membros yurinoue Postado Janeiro 25, 2013 Autor Membros Postado Janeiro 25, 2013 Aí, pessoal. Trabalhei um bocado nesta madrugada e já está editado lá em cima no relato principal outra parte da viagem, com dicas e tudo. O restante está no forno, já vai sair. Abraços. Citar
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