Vários jornais peruanos noticiaram que a zona do Colibrí, área onde o Greenpeace realizou uma ação na última segunda-feira (8) foi “gravemente afetada”. A afirmação foi feita pelo Ministério de Cultura peruano. Um comunicado oficial publicado no site da pasta diz que a zona “Patrimônio Cultural da Humanidade é uma área onde está estritamente proibida qualquer tipo de intervenção, dada a fragilidade que rodeia as figuras”. O texto diz ainda que o ministério solicita impedir a saída dos responsáveis pela ação do país.
“Hora de mudar: o futuro é renovável”
Esta foi a mensagem montada com letras gigantes formadas por ativistas do Greenpeace na área do Colibri, nas Linhas de Nazca.
De acordo com a ONG ela é direcionada aos líderes mundias e ministros presentes na COP20 – a 20ª Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas, realizada em Lima.
“Os ativistas do Greenpeace do Brasil, Argentina, Chile, Espanha, Itália, Alemanha e Áustria montaram a mensagem em homenagem ao povo de Nazca, cujos antigos geoglifos são um dos marcos históricos da cultura peruana. Acredita-se que uma das razões para o desaparecimento do povo de Nazca pode estar relacionado à mudanças climáticas extremas na região. Hoje, os efeitos no clima causados pelas ações humanas – queima de combustíveis fósseis como óleo, carvão e gás – estão ameaçando o nosso futuro.”, alerta a entidade em nota publicada no site.
Destruição das Linhas vai além
Numa rápida pesquisa para saber mais a respeito, me deparei com um texto intitulado “6 atividades que estão destruindo as Linhas de Nazca”, levantamento feito pela Associação María Reiche. Reiche foi uma arqueóloga e matemática que dedicou sua vida ao estudo e proteção das Linhas de Nazca.
1- O rastro do Dakar
Em 2012 e 2013 o Rali Dakar teve parte do percurso feito no Peru. A foto abaixo faz um comparativo do antes e depois da passagem pelas Linhas.
2- Mineração
Perto da zona arqueológica há mineradoras sem licença de funcionamento e seus dejetos são lançados no local sem nenhum tratamento.
3- Caminhões
Para fugir de multas e pedágios, caminhões cruzavam as linhas durante à noite. O motivo era uma balança móvel instalada no KM 424 da Panamericana Sur, que multava os caminhões que tinham excesso de peso. (Infelizmente não tive acesso a informações como sobre está a situação hoje).
4- Huaqueo
Huaqueo é o saqueamento de um sítio arqueológico, especialmente no Peru e em outros países andinos.
5- Traços de carros, bicicletas, carroças e animais
6- Invasões nas áreas arqueológicas
Próximo à área do aeroporto há uma invasão que começou a cerca de 1 ano e meio e que está fora de controle. Figuras de até mil metros de comprimento foram simplesmente apagadas.
Para saber mais
– Algumas reportagens sobre a ação do Greenpeace nas Linhas de Nazca:
http://elcomercio.pe/peru/ica/greenpeace-hizo-grave-afectacion-zona-lineas-nasca-noticia-1777325
http://utero.pe/2014/12/09/9-fotos-que-demuestran-que-los-genios-de-greenpeace-si-danaron-las-lineas-de-nazca/
http://actualidad.rt.com/actualidad/view/150260-peru-indignacion-greenpeace-lineas-nazca
http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/Hora-de-mudar-o-futuro-e-renovavel/
– Sobre Maria Reiche e a Associação Maria Reiche (Vale conhecer)
http://es.wikipedia.org/wiki/Maria_Reiche
https://www.facebook.com/AsociacionMariaReiche
Nota da autora: Não tenho conhecimento técnico/científico* para dizer se a ação do Greenpeace de fato danificou alguma área das Linhas, tampouco estou defendendo a entidade. Mas me parece que os danos vão bem mais além e resta saber o que as autoridades peruanas estão fazendo para proteger esse patrimônio. Irei mandar um e-mail para o Ministério da Cultura perguntando sobre (e somente citando os 6 pontos que estão ‘destruindo as Linhas de Nazca’ mencionados inicialmente no Útero.pe a partir de levantamento feito pela Associação Maria Reiche) e assim que obtiver resposta publicarei aqui.
Se você tiver informações a respeito, por favor deixe-as nos campos de comentários.
*A página da Associação Maria Reiche publicou algumas fotos dos trabalhos do pessoal do Greenpeace na área, mas também não deixou claro a extensão do dano; questionam o modo como os ativistas chegam ao local e se foram cuidadosos também pelo caminho, por exemplo.
A foto que abre o post é a vista aérea do Colibrí | Foto: Gerben Van Heijningen.