O Parque Estadual da Ilha do Cardoso, no extremo sul do Estado de São Paulo, é um destino para se apreciar sem pressa. Com uma área de 135 km² (equivalente à do Guarujá) e uma população formada por cerca de 200 famílias caiçaras, este paraíso bucólico sem ruas ou automóveis oferece aos turistas praias intermináveis, muito verde, longas trilhas e uma oportunidade ótima para se desligar da correria das grandes cidades. Ah, e tudo isso sem luz elétrica (as pousadas e restaurantes dependem de geradores ou painéis solares para gerar energia).
Não esqueça de levar uma lanterna para se locomover à noite pela Ilha. O breu impera!
A ilha faz parte do município paulista de Cananéia, e é dele que partem as embarcações que levam os turistas. São duas opções: as escunas ou voadeiras (lanchas rápidas). A escolha depende do seu bolso e disposição – cada trecho de escuna custa cerca de R$ 35 por pessoa e o trajeto leva três horas, com menos opções de saída (geralmente apenas pela manhã). Já as voadeiras levam apenas 45 minutos e transportam passageiros o dia todo, pelo dobro do preço. No meu caso, optei por ir de escuna, curtindo o lento passeio de barco (com direito a observação de golfinhos), e voltei de voadeira.
A principal base para a exploração da Ilha do Cardoso é a comunidade do Marujá, no sul da ilha. Lar de cerca de 50 famílias que se dedicam principalmente à pesca e têm no turismo uma complementação de renda, o Marujá conta com algumas pousadas de estilo rústico (fiquei na Pousada Ilha do Cardoso, logo na entrada da comunidade), campings e casas simples para alugar. O Centro de Visitantes fica nesta área e de lá partem os passeios para o restante da ilha, com preços muito atrativos.
A maior parte das opções de hospedagem nas pousadas da ilha são em quatros coletivos, o que torna o passeio ideal para se fazer com um grupo de amigos. O melhor jeito de se informar sobre vagas é ligando diretamente para a Associação dos Moradores (13) 3852-1161.
O povoado também possui meia dúzia de opções para alimentação, entre buffets de comida caseira (como o delicioso Recanto do Marujá) e bares com pastéis, peixes e outras porções de tira-gosto. Tudo muito simples, autêntico e gostoso. Ah, para quem é do ‘agito’ o Marujá conta com um tradicional forró, para alegria dos moradores e visitantes.
A principal atração da Ilha do Cardoso é a Praia do Marujá. Se você gosta de quiosques animados, um mar de guarda-sóis, música alta e agito, ESTÁ NO LUGAR ERRADO! Aqui você só vai dividir um pedaço de areia com desconhecidos se quiser, porque o cenário (mesmo num feriadão) é de uma agradável praia deserta a perder de vista.
Se você curte pedalar, leve sua bicicleta (ou alugue uma no local). A imensa praia de areia dura do Marujá possui cerca de 16 quilômetros de extensão de sua ponta até o Costão, isso sem falar nas belas trilhas entre as casas do povoado…
Entre as trilhas guiadas, a mais tradicional é a das Piscinas da Laje. O passeio parte do Centro de Visitantes e custa R$ 15 por pessoa (preço em 2016). Prepare o fôlego: o passeio inteiro, ida e volta, leva cerca de oito horas e conta com nada menos que 24 quilômetros de caminhada – a maior parte pelas praias do Marujá e Laje, mas contando também com a travessia de um costão rochoso e alguns trechos pela mata. É puxado e cansativo, mas as piscinas são realmente bonitas e o banho na maior delas vale a visita. As paisagens também são um espetáculo à parte, principalmente as que se descortinam de cima do costão de pedras que separa as praias do Marujá e Laje.
Como você deve imaginar, não vai haver lojas de conveniência ou lanchonetes no caminho, por isso leve bastante água e lanches de trilha da sua preferência. Eles serão necessários…
Outro passeio tradicional para quem visita a Ilha do Cardoso é o da Cachoeira Grande. São cerca de 15 minutos de lancha, partindo do Marujá, e mais 20 minutos de trilha leve até a cachoeira – que não é nada grande (o nome cheira a propaganda enganosa…rs). Só vale para os fanáticos por banhos de cachoeira.
Dica importante para quem vai à Ilha do Cardoso: leve bastante água, pois os preços por lá são mais caros que no continente.
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