Pequeno país pode ser opção de viagem ou passagem para belos parques sul-africanos, além de um invejável carimbo no passaporte!
Na divisa entre África do Sul e Moçambique o Reino da Suazilândia faz parte de alguns roteiros (mesmo que “de passagem”) de mochileiros que se aventuram pelo país vizinho, África do Sul, sobretudo quando suas jornadas incluem o “quase obrigatório”, Parque Nacional Kruger que está ao seu norte.
Boa parte do pequeno país é formada por reservas ambientais e a viagem sobre terra pelo país “desconhecido” já mostra um pouco de África: nas estradas os animais são facilmente avistados; são antílopes, zebras e até girafas; além das cabanas típicas zulus e paisagens que fazem o cenário inesquecível.
E, vamos admitir: é difícil alguém sair do Brasil ou de qualquer outro país para conhecer exclusivamente a Suazilândia, a não ser que seja por um motivo bastante específico como trabalho ou estudo.
Um dos viajantes brasileiros que passou por lá, Luiz Niquet, 31, membro do Mochileiros.com e autor do blog Cruzando Fronteiras, conta como foi sua viagem de 25 dias à África do Sul, o que incluiu cruzar de carro a Suazilândia.
Ele alugou o veículo no Brasil, via internet. Pegou o carro em Durban (a 3ª maior cidade sul-africana) e de lá partiu para o Parque Nacional Kruger.
“A maioria dos visitantes que passam por lá, na verdade está no meio de um passeio pela África do Sul e acabam atravessando esse pequeno país”, explica Niquet. “Ele é tão inserido na África do Sul, que é possível usar a moeda sul-africana dentro da Suazilândia sem nenhum problema.”
Ele conta que não tinha muitas expectativas ao cruzar a pequena fronteira do país, uma travessia de apenas 200km, mas como chegou tarde teve que pernoitar na capital Mbabane. “Apesar de ser um país pequeno, a Suazilândia não é densamente habitada. Cruzando de norte a sul seu território, não observei grandes aglomerados urbanos, e mesmo a capital é uma cidade muito pequena, sem edifícios altos ou tráfego congestionado”, relembra acrescentando que na maior parte do tempo em que dirigiu foram por estradas vazias e margeando vilarejos com suas construções típicas e pequena agricultura de subsistência.
Qualquer semelhança é mera coincidência
As viagens sobre terra proporcionam experiências extra se conhecer a paisagem; elas podem gerar também vivências (mesmo as relâmpago) que mostram um pouco mais do local: Niquet dirigia e já próximo à capital, conta que foi parado na estrada por um policial.
“Em um inglês quase ininteligível, o guarda rodoviário solicitou meus documentos e passaporte. Entreguei os papéis e, após uma rápida conferida, ele prosseguiu afirmando que eu havia ultrapassado o limite de velocidade. Certo de que não havia cometido essa infração, tentei argumentar, mas o policial não quis conversa e levantou a voz, afirmando que tinha detectado a minha velocidade em um radar. Desisti de argumentar e ele seguiu no seu discurso, afirmando que teria que me multar. Assustado, perguntei o valor. Ele me respondeu com um valor equivalente a cinco dólares. Um pouco aliviado, solicitei um tíquete para pagamento, ele disse que eu deveria pagar o montante na hora, entregando o dinheiro para o seu companheiro, que aguardava em uma barraca à beira do acostamento. Evidentemente, pensei em questionar o procedimento, mas na hora preferi ficar calado. Saí do carro e me dirigi à tenda improvisada, onde outros motoristas já aguardavam. Paguei o valor solicitado e ganhei um recibo, escrito à mão em um pedaço de papel. Foi o meu primeiro e único contato com a polícia local.”
Região tem várias reservas naturais
Comparar a Suazilândia ao vizinho famoso, o Parque Nacional Kruger, na África do Sul seria covardia, além do que a região tem diversas áreas de conservação ambiental de acordo com Luiz.
Mesmo pequeno e com menos atrativos que o vizinho, uma visita nem que rápida à Suazilândia mostra ao viajante um pouco do que é a cultura tradicional africana, talvez até mais que em qualquer outro belo local da região. Espetáculos de dança folclórica e cerimônias tradicionais atraem cada vez mais viajantes. As paisagens do país têm singulares formações rochosas, vales verdejantes, rios, cachoeiras e desfiladeiros.
Dica: Visitar a Reserva Mantenga onde estão as Cataratas do Mantenga, as mais conhecidas do país pode ser uma opção.
Além da natureza, a reserva abriga a Mantenga Cultural Village, uma aldeia onde o visitante pode conhecer um pouco das tradições antigas do povo Swazi, sua música, dança etc.
Os grupos da Mantenga já se apresentaram em vários países da Europa e também se apresentam para os turistas ali na vila. É a ‘tribo’ mais turística do país, a única que por enquanto oferece abertura fácil para visitação.
+ Curiosidades
O pequeno território, desconhecido e, por isso mesmo atraente para qualquer mochileiro, é o menor país do hemisfério sul. Conta com pouco mais de 1.128.000 habitantes. É uma monarquia, por isso não estranhe se ouvir falar por aí em Reino da Suazilândia (The Kingdom of Swaziland) e passou a ser membro da ONU em 24 de setembro de 1968.
Convive com o infeliz título de maior taxa (por proporção) de contaminação pelo vírus da Aids no mundo (um terço da população adulta tem o vírus de acordo com informações do Wikipedia).
Mais sobre a Suazilândia aqui (em inglês) e no vídeo abaixo:
Parque Nacional Kruger, uma das maravilhas sul-africanas
Os passeios pelo Parque Nacional Kruger são os mais populares safáris africanos. De acordo com Niquet, dentro do parque você pode contratar várias opções com guias, são passeios pela manhã, tarde ou noite. “Vale a pena fazer pelo menos um deles”, comenta explicando que para fazê-los é preciso estar hospedado em qualquer um dos campos dentro do Kruger.
Ele ficou por 5 noites em variados campos, o que lhe proporcionou conhecer diversos ambientes.
Já os preguiçosos ou apressados podem contar com passeios de, pasmem, 1 dia que inclui piquenique/almoço e visualização a partir de um veículo 4×4 semi-aberto. Você também pode dirigir um veículo próprio dentro do parque e ele não precisa ter tração nas 4 rodas.
Os alojamentos são dos mais variados: você pode dormir em tendas de lona, em quartos privativos ou chalés. E espalhados pelo parque nos campos, ou ‘camps’ onde há as opções de hospedagem, há lojas de souvenir, banheiros, lanchonetes, mini mercados, caixas eletrônicos etc.
A rica fauna impressiona “no final consegui ver quase todos os animais que queria”. Dos Big Five, os 5 mamíferos selvagens mais difíceis de serem caçados pelo homem – leão, elefante africano, búfalo africano, rinoceronte e leopardo, Niquet só não avistou o último. “Ficou para a próxima viagem!”.
Além da fauna, o autêntico cenário africano também se mostra na flora. Ao sul do Rio Olifants na metade oriental do parque, por exemplo, é possível encontrar entre outras espécies a Marula (Sclerocarya caffra), árvore cujos frutos são usados na produção do licor sul-africano, Amarula e também transformados em sucos, óleos e geléias.
Dicas de como planejar seu safári no Kruger
De acordo com o viajante Luiz Niquet, visitar o parque nacional sul-africano é fácil, a começar pelo planejamento igualmente fácil.
1 – Acesse o site oficial do parque: http://www.sanparks.org/parks/kruger/.
Nele você pode conhecer melhor o local e suas opções de atividades, preços, rotas para chegar até o parque, visualizar mapas completos e suas opções de acomodação etc.
2- Defina em quais locais (Camps/campos) você quer se hospedar. Escolha qual tipo de acomodação deseja nesses locais (as opções vão de tendas, a chalés luxuosos, passando por quartos privativos simples).
Luiz, por exemplo, ficou nos camps Lower Sabie, Satara e Skukuza em “huts” duplos com ar condicionado. Ele lembra que este é um dos destinos mais procurados da África do Sul e fazer a reserva dos campos/hospedagem é recomendável. Ele foi num mês de fevereiro e precisou fazer uma reserva com 6 meses de antecedência!
É possível reservar através do próprio site, pagando com cartão de crédito internacional.
3 – Alugue um carro. Para ele é a melhor opção para usufruir do parque e dos caminhos que levam até ele. “Não há necessidade de ser um carro de rali ou de safári. As estradas no parque são muito boas – algumas asfaltadas e outras de terra – mas todas muito bem cuidadas. Eu só acho que é uma boa um carro com ar condicionado, já que pode fazer calor no meio do dia. Com isso, é só dirigir até o parque. As estradas entre Joanesburgo e o Kruger são boas e simples. Eu fui sem nenhum mapa especial – só o mapa do guia Lonely Planet e foi bem fácil. Depois que você entra no parque, tudo é muito organizado e fácil. Na entrada você ganha um mapa do parque e uns guias de animais e outras informações”.
Alguns viajantes pegam seus carros em Joanesburgo (alugados ali, ou antes, via internet, por exemplo) ou em outras cidades, como no caso de Niquet, em Durban, que fez parte de seu roteiro.
Ele vê economia em alugar um carro com uma empresa local. “Eu utilizei uma empresa sul-africana chamada Tempest Car Hire e o custo do aluguel foi bem menor do que o cobrado pelas empresas internacionais, como a Hertz, Avis, e outras”.
Mais detalhes sobre o planejamento aqui.
Rumo ao parque
Por terra– Pode ser a partir de Joanesburgo pegando o carro no aeroporto e ir dirigindo até o parque, o que por si só já é um bom começo para se conhecer um pouco do país.
Por ar– Voar diretamente para o Mpumalanga, aeroporto que fica nas proximidades do parque. Opção mais rápida, porém evidentemente mais cara já que poucas empresas voam até o pequeno aeroporto local.
Chegando à Joanesburgo
Já estando em solo sul-africano, para chegar à Joanesburgo você pode utilizar várias empresas low cost que existem no país, como a 1time, Kulula Air etc, exemplifica o viajante.
Partindo do Brasil a South African Airways (SAA) opera a rota, por exemplo, saindo de São Paulo. A Linhas Aéreas de Angola (Taag) opera São Paulo – Luanda, de onde também partem vôos para Joanesburgo.
– Dicas de outros viajantes sobre a África do Sul aqui
Importante também
Vistos– brasileiros não precisam de visto, tanto para visitar a África do Sul, quanto para o Reino da Suazilândia.
Saúde- O governo da Suazilândia recomenda que o viajante esteja com as vacinas contra
tétano, poliomielite, difteria e hepatite em dia; bem como a contra febre amarela (não esqueça de levar seu certificado internacional). A região também tem risco de malária.
As instalações médicas locais são geralmente pobres, no entanto pequenos problemas podem ser tratados ali mesmo com serviços particulares, casos mais graves são transferidos para a África do Sul. Recomenda-se que todos os visitantes tenham seguro médico.
Cartões de crédito– Na Suazilândia, Visa, American Express e Mastercard são aceitos em alguns hotéis, restaurantes e lojas, mas não para a compra de combustível.
Carro alugado- Se você pretende visitar a Suazilândia em um carro alugado, deve informar à locadora no momento da contratação do serviço, para que sejam fornecidos a você os documentos necessários para entrada do automóvel no país.
Idiomas– na Suazilândia, inglês e swazi são falados. Já a África do Sul tem onze línguas oficiais, entre elas o Africâner, o Inglês e o Zulu. Em ambos os países, a língua “comercial” para tratar com os turistas é o inglês.
Bem, já é um bom começo para planejar um roteiro pela África não?! (Nem que seja somente por um pedacinho dela!)
Fotos da Suazilândia e do Kruger:
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Oi Claudia, estou indo a África, "Suaziland", trabalho missionário, poderia me ajudar com alguns toques kk é a primeira vez que estarei indo. obrigado. gilroots@bol.com.br
Dá até tristeza ler essas coisas… hahaha. Já tem TANTOS lugares que eu quero conhecer, aí você vai dar uma lida despretensiosa na internet e se depara com isso. Muito lindo o lugar, com certeza vai ser um dos pontos principais pro dia que conseguir ir até a África.
kkkkkkk É mais um pra lista Lucas! Vai marcando aí 🙂