Blog: Destinos, Fotos e Sabores
Minha primeira viagem longa na garupa de uma motocicleta foi uma experiência incrível, e que gostaria de recomendar a qualquer mulher que estiver com aquela “vontadinha” de explorar o mundo da motocicleta sem necessariamente precisar pilotar uma.
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O cenário
Final de 2014, 12 dias de férias, sem planos para as festas de fim de ano, uma moto na garagem e um desafio pela frente: fazer uma viagem sobre duas rodas.
Para mim que nunca tinha entrado em uma aventura semelhante, tive uma mistura de medo de amarelar no meio do caminho com a excitação de poder superar o desafio. Meu marido e eu já estávamos acostumados a rodar por cidades próximas a São Paulo, mas nunca viagens que durassem mais de um dia, ou 700 km. Começamos a pensar: até onde podemos chegar (e voltar) num período de 10 dias? O sonho era Ushuaia mas obviamente o tempo era insuficiente.
Meu marido começou então a pesquisar e fechamos o roteiro: Mogi das Cruzes (SP) até Colônia do Sacramento no Uruguai.
Veja aqui o roteiro completo
Planejamento
Uma viagem sobre rodas, especialmente a primeira, requer um certo planejamento. Além de decidir o roteiro, é necessário entender quais as melhores estradas, quantos quilômetros percorrer por dia, o que levar na bagagem…
E aí vale falar com quem você conhece que já tenha feito esse tipo de viagem, consultar blogs e grupos no Facebook que podem contribuir com suas experiências e dar dicas valiosas.
Durante a viagem, é importante estar atento a mudanças meteorológicas que podem deixar seu trajeto mais difícil. No nosso retorno, decidimos alterar o caminho por conta de uma tempestade, mas contarei um pouco mais no próximo post.
Para viagens no Mercosul com veículos, é necessário apresentar nos postos de fronteira a Carta Verde.
A Carta Verde é o seguro obrigatório para veículos que ingressam em países do Mercosul. O objetivo do seguro é proteger terceiros afetados por acidentes de trânsito, no período da viagem e pode ser obtida com diversas seguradoras no Brasil.
A moto
Primeiro ponto a considerar: a moto. E não importa muito a potência ou a marca, mas tem que ser um veículo com as condições básicas de manutenção em dia, meio óbvio dizer isso.
Mas do ponto de vista de quem vai na garupa, algumas coisas que considero importantes para uma viagem longa:
- Banco conforto: nós trocamos o assento original da moto por uma versão conforto que mandamos fazer em uma das lojas da Rua General Osório em São Paulo (a famosa Pedrinho Bancos). Ok se não for possível, mas essa troca ajudou a me sentir confortável por mais tempo.
- Bauleto traseiro: este foi um dos primeiros itens que instalamos na moto logo que a compramos, por indicação de amigos mais experientes. Este sim considero indispensável pois ter um “encosto” não só melhora o conforto como também aumenta a sensação de segurança do passageiro.
Vestimenta indispensável
Em primeiro lugar deve-se pensar em sua segurança e as calcas e jaquetas com proteção não devem ser dispensadas, bem como itens que vão garantir que o trajeto seja o mais confortável possível, mesmo sob uma forte chuva:
- Capacete: existem diversas marcas com diferentes níveis de proteção, isolamento de ruído e preço e aí a escolha vai depender de quanto você está disposto a gastar. Nós compramos um modelo intermediário (porém com ótima avaliação Sharp) e eu troquei a minha viseira por uma mais escura (na Casa das Viseiras em São Paulo), para ter mais conforto ao viajarmos no sol, pois colocar e tirar óculos de sol com o capacete dá trabalho.
- Jaqueta e calça com proteções: mesmo comentário quanto ao nível de proteção e preços, porém não recomendo comprar uma a prova d’água, já que estas são mais quentes e a parte externa acaba absorvendo um pouco de água que pode não secar até o dia seguinte da viagem (e aí já viu o cheiro de cachorro molhado te acompanhado, eca!).
Roupas com proteção e viseira escura para encarar o sol.
- Roupa de chuva: essas usamos muito muito muito. Compramos calças e jaquetas para chuva da Quechua, na Decathlon e devo dizer que elas funcionaram super bem, mesmo não sendo específicas para motociclistas. Neste caso, é importante comprar 1 ou 2 números maior do que você normalmente usaria pois elas serão vestidas sobre a roupa de proteção.
- Botas e luvas a prova d’água: estas sim, recomendo fortemente pois nada mais irritante do que você viajar um dia todo na chuva e sentir seus pés e mãos encharcados (e gelados). E mais, sapatos e luvas dificilmente vão secar de um dia para outro e, a menos que você esteja planejando levar dois de cada, recomendo investir num modelo que proteja bem. Meu marido foi com uma bota comum e usou somente a polaina para chuva e digo: não funcionou!
A bagagem
Confesso que para mim, viajar com espaço super limitado para bagagem, no início, parecia uma missão impossível, mas encarei mais este desafio e no final, acabei voltando com roupas sem usar. Nós instalamos dois bauletos laterais com 36 litros de capacidade cada. Muito importante que você escolha um com boa vedação para não correr o risco de ficar com todas as suas roupas molhadas. Os nossos encomendamos de um fabricante em Curitiba (por recomendação), a IDEA PRO. Eles já vem com as malas flexíveis que se encaixam perfeitamente dentro dos baús e a vedação é perfeita.
Pegamos muita, muita chuva nestes 10 dias de viagem então, posso assegurar que funcionam muito bem.
Outra coisa que já usava em minhas viagens e que, na moto, foram ainda mais úteis são os sacos a vácuo. Você consegue encontrá-los em lojas como Kalunga e Leroy Merlin. Eles são ótimos para reduzir o volume das roupas além de manter tudo mais organizado.
A divisão era um baú para cada um então, na minha metade (para 10 dias) consegui levar tudo o necessário e como viajamos no verão, o volume das roupas era menor. Mas claro, alguns sacrifícios são inevitáveis como, lavar algumas peças de roupa no chuveiro quando chegávamos à nossa hospedagem.
- Roupara para a estrada: levei 2 bermudas tipo ciclista e 3 camisetas, dessas usadas para corrida, ambas de poliamida. Esta roupa é ideal para usar sob a roupa de moto: é fresca, fácil de lavar no chuveiro e seca muito rápido. A dica é torcer a roupa na toalha de banho.
- Roupas para o dia-a-dia: 3 vestidos de malha, 2 leggins, 4 camisetas, 1 casaquinho, 1 sapatilha, 1 chinelo, 2 biquinis, 1 saída de praia, 1 short, 10 meias, 10 roupas íntimas, kit de manicure (é, não consigo ficar sem), protetor solar, hidratante para rosto e corpo, hidratante labial, maquiagem básica, xampu e condicionador. Os itens líquidos levei todos em embalagens pequenas.
- Tecnológicos: uma viagem como essa merece todos os registros possíveis então, levamos não só câmeras (1 Go Pro, uma câmera compacta, celulares) como também um laptop pequeno para poder descarregar as câmeras e ter sempre espaço disponível. Ah, se for possível, leve um GPS pois nós usamos somente o iphone e com o sol forte, em alguns momentos, ele superaqueceu. E claro que isso aconteceu em momentos que realmente precisávamos de ajuda com o caminho.
Acredite, essa lista acima coube no meu baú! Além disso, levamos 2 malas estanques dobradas e amarradas na tampa dos bauletos laterais, para o caso de decidirmos comprar alguma coisa no caminho. As nossas são da GIVI e também super eficientes em manter o interior seco.
No mais tinha meu protetor labial no bolso da jaqueta e um fone de ouvido, para de vez enquanto espantar a monotonia com música.
Outras dicas
Para mim a experiência toda foi muito boa, e ao longo da estrada fui me adaptando.
- Não desanime se não encontrarem outros motociclistas com disponibilidade para viajar junto. Nós fomos sozinhos e ao longo do caminho, encontramos muitos outros solitários.
- Nos programamos para viajar só durante o dia por segurança. Saíamos cedinho para poder aproveitar o fim do dia na cidade de destino.
- A cada meia hora, é uma boa esticar as pernas, isso ajuda a não “travar” ao descer da moto
- A chuva, o calor e o longo tempo na estrada é um matador de humor então, é importante manter a serenidade e o foco no objetivo: não só chegar ao destino, mas aproveitar o máximo a jornada. Viajando de moto nos sentimos inseridos na paisagem e a sensação de liberdade é indescritível.
- Parávamos a cada 2 ou 3 horas para abastecer e descansar. Em algumas dessas paradas já não queria nem tirar o capacete, mas entendi ao longo do tempo que alguns minutos sem a parafernália ajudam muito a enfrentar as horas seguintes da viagem.
Tudo pronto, partimos pra estrada. No próximo post contarei como foi nosso dia a dia de viagem.
Texto e fotos: Michelle Melo
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