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Como eu já li vários relatos de viagem aqui no site do Mochileiros, resolvi também compartilhar um pequeno relato da última viagem que fiz.

A viagem completa durou 17 dias no total. Sintam-se à vontade para comentar e perguntar. Sobre mim: tenho 30 anos, moro no Rio Grande do Sul e já fiz algumas viagens por aí.

CLP significa pesos chilenos, BOL significa bolivianos e USD significa dólares.

 

2/1/15 – Voo Porto Alegre – Guarulhos – Santiago

3/1/15 – Voo Santiago – Calama e Transfer para San Pedro de Atacama

4/1/15 – Passeio Vale de la Luna

5/1/15 – Passeio Piedras Rojas e Lagunas Altiplanicas

6/1/15 – Geisers El Tatio

7/1/15 – Travessia ao Salar de Uyuni – dia 1

8/1/15 – Travessia ao Salar de Uyuni – dia 2

9/1/15 – Travessia ao Salar de Uyuni – dia 3

10/1/15 – Travessia ao Salar de Uyuni – dia 4 – chegada em San Pedro de Atacama

11/1/15 – Voo Calama – Santiago e Bus de Santiago a Valparaíso

12/1/15 – Valparaíso

13/1/15 – Passeio em Viña del Mar

14/1/15 – Bus de Valparaíso a Santiago

15/1/15 – Santiago

16/1/15 – Santiago

17/1/15 – Santiago

18/1/15 – Voo Santiago – Guarulhos – Porto Alegre

 

Saí no dia 2 de janeiro de 2015 de Porto Alegre. Como não deu pra encaixar o voo pra Calama no mesmo dia, passei uma noite no Don Santiago Hostel. É um hostel pequeno e simpático, só que não fica tão perto da Plaza de Armas, por isso, fiquei em outro hostel na semana seguinte. A vantagem é que fica próximo à Avenida principal de Santiago e ao ponto final do Centropuerto (bus do aeroporto) 1.500 CLP o trecho. Levei uns poucos pesos para o primeiro dia e o restante em dólares. Troquei na Rua Agustinas, cotação razoável. Vi que o real estava meio desvalorizado 1 R$ = 200 CLP. Por isso, acho que foi uma boa ideia levar USD: 1 USD = 608 CLP.

 

No dia 3 continuei a viagem para San Pedro. O voo da Lan comprei direto no site chileno deles, que é mais barato do que comprar pelo site da Tam. Chegando em Calama, eu já havia reservado um Transfer com a TransLicancabur 20.000 CLP (ida e volta). Eu acho que foi a melhor escolha, porque às vezes vale a pena gastar um pouco a mais para ter mais praticidade, agilidade e conforto.

Cheguei em San Pedro e logo percebi que a cidade estava cheia de brasileiros. Lotada mesmo. E muitos deles fazendo o primeiro mochilão ou primeira viagem internacional. Fiquei no Hostel Mamatierra e gostei bastante. Fica a 10 minutos a pé da rua principal Caracoles, tem um mercadinho ao lado (frutas, pão, frios, chocolate, cerveja etc). Eles fazem café da manhã para quem sai mais cedo para os passeios, mas é necessário solicitar. O único ponto negativo é que as paredes de barro são finas e é possível ouvir o pessoal saindo cedo (4h30, 6h ou 7h) para os passeios. Um casal de brasileiros (no hostel) me recomendou (pré) reservar logo o passeio do Salar de Uyuni. Acabei fazendo isso com a World White Travel e mais adiante contarei mais detalhes

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No dia 4, conheci a cidadezinha de manhã. Creio que não existe lugar igual a San Pedro de Atacama. Gostei muito do clima, da atmosfera do lugar. Só estando lá pra ver e sentir isso. À tarde fiz o primeiro tour: Valle de la Luna. Foi legal, mas a guia foi mais ou menos. Foi o primeiro contato com o deserto de fato. Terminou com um belo pôr do sol. Eu reservei os três tours principais no próprio hostel. Eles têm uma parceria com a Layana. Esse tour custou 7.000 CLP + uma entrada de 2.500 CLP.

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No dia 5, fiz o tour Lagunas Altiplanicas + Piedras Rojas. Essa parte das "piedras" custou 10.000 CLP a mais, mas foi quase a melhor parte. Fiz esse tour com outros brasileiros que estavam no mesmo hostel. Na verdade, quase só tinha brasileiros no grupo, só um casal de "estrangeiros". Esse tour custou 40.000 CLP + 5.000 CLP de entradas e foi até os 4.200 metros mais ou menos. Serviu também pra ver como eu me sentia nessa altitude, já que tive uma experiência negativa no Peru aos 5.000 metros. Mas dessa vez peguei dicas com várias pessoas/guias e fiz tudo o que eles me recomendaram: comer pouco e leve, não comer carne vermelha já no dia anterior, não tomar álcool nem nada com gás, tomar chá de coca, tomar bastante água, respirar profundamente, movimentar-me devagar e soltar o ar devagar. Além disso tudo eu também mastiguei volta e meia umas folhas de coca. Por isso, também não senti quase nada com a altitude, só um pouco de coração acelerado em alguns momentos e uma dorzinha de cabeça na hora da descida.

Depois desse tour, passei no centro e confirmei o travessia a Uyuni com a agência World White Travel e paguei tudo 125.000 CLP. Recebi mais algumas recomendações e também já comprei bolivianos 250 BOL = 25.000 CLP. São necessários 180 BOL para pagar as entradas dos parques, mas eu levei um pouco a mais para comprar água e outras coisas se necessário. A moça (Melina) foi bem sincera e falou tudo: que não há banho na primeira noite, nem quente, nem frio, que devo levar cinco litros de água para beber e levar papel higiênico. Ela foi bem realista pra deixar a gente bem preparado. A Melina também disse que eu podia reconfirmar o tour depois do passeio El Tatio. Que se eu me sentisse mal por causa da altitude, poderia cancelar o tour sem problemas.

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No dia 6, fiz o passeio aos gêiseres El Tatio a 4.300 metros mais ou menos. Achei que me sentiria mal por causa das muitas curvas no caminho. Acordei às 4:15 pra sair às 4:30 da manhã. E senti menos ainda os efeitos da altitude. Também gostei desse passeio aos gêiseres, foi com a guia do primeiro dia. O motorista cozinhou os ovos e esquentou o leite para o café da manhã com o calor dos gêiseres. Antes de o sol nascer, é muito frio lá em cima. Leve gorro e um casaco mais grosso. Por causa da altitude, creio que a temperatura estava abaixo de zero. Quando voltei, pedi pra ligar pra agência e reconfirmar Uyuni. À tarde aproveitei pra dormir um pouco já que acordei tão cedo. No fim do dia, saí pra comprar as últimas coisas pro passeio de Uyuni: água, snacks, folhas de coca etc. Que venha o Salar de Uyuni e que venha a Bolívia.

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Dia 7 foi o primeiro dia do Tour ao Salar de Uyuni. E foi muito bom! As paisagens que vimos fomos simplesmente maravilhosas e indescritíveis. Nunca vi nada igual. As cores do deserto, das lagoas: lindo. Começou meio estranho porque tivemos que esperar mais de uma hora na fronteira de saída do Chile. Nesse momento já pude começar uma conversa com os outros integrantes do tour: duas moças argentinas, um argentino um pouco mais velho (50), um australiano também um pouco mais velho (50), uma alemã com descendência japonesa e eu. Com essas pessoas eu conversei durante a espera na fronteira e com essas mesmas pessoas eu fiz o tour. De San Pedro até a fronteira é uma subida de 2.000 metros em 50 km mais ou menos. Havia muitas camionetas 4x4 nos esperando, todas com motoristas bolivianos. Por isso, eu considerei contratar o tour com uma agência que também tivesse serviços em Uyuni. Tivemos um pequeno café da manhã, fizemos os trâmites na aduana e carregamos as malas no teto da 4x4. Nosso motorista chamava-se Jorge. Éramos dois grupos de seis pessoas da mesma agência. No outro grupo, havia uma norueguesa, uma dinamarquesa, uma francesa, um francês, uma alemã e um alemão. Saímos e logo mais já pagamos a entrada no parque nacional (150 BOL). Na primeira parada já deu pra ver que a viagem seria muito linda. Passamos pela Laguna Blanca, Laguna Verde e Gêiseres Sol de la Mañana a 4.980 metros. Esse foi o ponto mais alto da viagem. Depois fomos até o refúgio, que fica no meio do nada, onde descansamos um pouco e almoçamos. As comidas eram sempre bem simples e eu sempre comi pouco e segui todas as recomendações de várias pessoas. Depois ainda fomos ver a Laguna Colorada que é muito bonita.

Esse refúgio era básico, mas foi o que eu mais gostei. Não tinha banho nesse dia. Às 19:00 mais ou menos, quando fomos jantar, veio a luz e nós pudemos carregar as baterias das câmeras. Fiquei com uma leve dor de cabeça por causa da altitude, mas estava muito melhor do que imaginei. E continuei seguindo todas as recomendações do pessoal. O nosso grupo também estava muito bom. Alguém nos nomeou Dream Team! A primeira noite foi a mais difícil por causa da altitude (4.300 m). Eu me movimentava bem devagar. Os outros do grupo também não estavam 100%.

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No segundo dia do tour, o nosso guia ofereceu fazer um caminho alternativo e ver outras coisas. O roteiro normal seria ver a Árbol de Piedra e quatro lagoas. Nós aceitamos o roteiro alternativo, mas o outro grupo também tinha que concordar. Foi nesse momento que surgiu o nome para eles: Los Lagoons. Isso foi legal porque a gente se identificava com esses nomes. Bem, eles concordaram e assim veio o segundo dia.

Começamos vendo de novo a Laguna Colorada e depois seguimos por um caminho que não era tão bonito quanto o primeiro dia, mas as atrações foram muito boas: povoados, Ciudad perdida de Itália (rochedos), lhamas, vales e o Canyon de la Anaconda. Também vimos um fenômeno interessante ao redor do sol. Chegamos ao hostal de sal onde passamos a segunda noite. Aqui havia ducha, mais também foi muito básico. Até um vinho ganhamos pra beber durante a janta, mas eu não bebi nada. O nosso guia falou sobre o dia seguinte no Salar de Uyuni, mas não nos deu certeza se podíamos entrar, se estava seco ou molhado etc. (É que nessa época – janeiro – é o período de chuvas e o salar geralmente está alagado. Mas esse ano praticamente não houve chuva e o salar continuava seco).

 

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No terceiro dia da travessia, acordamos às 3:40 para sair às 4:00 para ver o nascer do sol no salar. Aí havia luz, mas não havia água, o que foi um pouco desagradável.

Andamos um bom tempo na escuridão até chegar no salar. E aí foi incrível: Jorge desligou as luzes do carro quando chegamos ao salar e foi andando no escuro. Aquilo é tão grande que parece que o carro nem está andando. E levou quase meia hora até chegar na ilha Incahuasi, onde subimos e vimos o sol nascer. Olha, não foi fácil subir aquilo rapidamente às 5:45 da manhã e a 3.600 metros de altitude. Mas conseguimos e vimos o sol nascer quando chegamos lá em cima. Ficamos quase uma hora, aí descemos e tomamos café no salar. Depois do café começamos a fazer aquelas fotos em perspectiva no salar. Foi engraçado. Fizemos muitas fotos. Aí o motorista Jorge nos levou mais para dentro do salar onde pudemos fazer mais fotos legais. E ele já sabia como tirar cada foto e dava ideias. As fotos ali ficaram muito boas! Inclusive fizemos várias fotos em grupo. Os Lagoons também chegaram logo em seguida e fizeram muitas fotos.

 

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Na verdade, tivemos muita sorte nesse tour. Primeiro porque o tempo foi muito bom e não choveu e por isso pudemos entrar no salar. Segundo porque o nosso guia foi bom. Ele fez fotos, conversava etc. Terceiro porque o grupo foi muito bom e diferente, heterogêneo, e nós nos entendemos muito bem. Quarto porque o salar de Uyuni estaria fechado nos próximos dois dias por causa do rally Dakar. E quinto porque ninguém passou tão mal durante o passeio. Eu estava um pouco preocupado em como seria essa questão da altitude, mas deu tudo super certo. Ah, também não furou nenhum pneu, nem estragou o carro.

Depois do Salar, fomos ao cemitério de trens, mas eu já estava sem saco pra ver aquilo. Por último, o guia nos levou até o centro de Uyuni onde ficava a agência e tivemos que esperar umas duas a três horas pra sair o jeep de volta a San Pedro. Nesse tempo, usamos o wifi, pois estávamos há dias sem internet e também demos uma voltinha pelo centro que estava muito movimentado devido ao rally que começaria no dia seguinte. Mais tarde veio o motorista German que nos levou de volta a San Pedro. Pernoitamos no meio do caminho num lugar bem simples, talvez o mais simples de todos. Mais uma vez saímos bem cedo no dia seguinte (5:00) para chegar a tempo na fronteira, já que no Chile era uma hora a mais.

 

Chegamos em San Pedro por volta do meio-dia do dia 10/1/15. E combinamos de nos encontrarmos num restaurante para jantar: todo o nosso grupo e mais uma moça do outro grupo que voltou. Os outros ficaram em Uyuni e continuaram viagem pela Bolívia. À noite eu quis fazer o tour astronômico (já havia reservado em dezembro), mas ele não ocorreu porque o céu não estava 100% limpo. Não consegui fazer nos dias anteriores por causa da lua cheia. Ou seja, se você quer fazer esse passeio, se informe com bastante antecedência sobre datas e tente em duas ou três noites.

Posso dizer que esse passeio ao Salar de Uyuni valeu muito a pena e quem está em dúvida, recomendo que vá, pois não vai se arrepender.

 

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Bem, creio que essa seja a parte da viagem que mais interesse a todos. O restante da viagem Valparaíso, Viña e Santiago talvez eu escreva outra vez.

Fiquem à vontade para comentar, perguntar etc.

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Olá Márcio!

 

Parabéns pelo relato! Quanto vc pagou pelas passagens para Calama/Santiago/Calama?

Estou indo em Maio, mas ainda falta comprar este percurso. Como vou passar um tempo em Santiago ou Pucon (ainda não decidi), pensei em comprar lá, com uns 3 dias de antecedência! :D

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Excelente relato Márcio!! ::otemo::

 

Só tenho uma pergunta...quando você atravessa a fronteira para a Bolívia para fazer o passeio do Salar vocês trocam de carro? Eu vou tentar subir o Licancabur e pegar o tour ali mesmo, fica muito movimento então né? Abraços!

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Que bom que vocês gostaram!

 

Algumas respostas: a passagem de avião Santiago - Calama - Santiago custou 100 mil pesos chilenos comprada pelo site da LAN.

 

Para ir à Bolívia, sai um micro-ônibus (com todos que vão fazer o Tour ao Salar de Uyuni) lá de San Pedro. O carimbo chileno de saída já se recebe na cidade mesmo. Depois de 50 km, no meio do nada, chega-se à fronteira com a Bolívia e lá estão esperando as 4x4 com os bolivianos que farão a travessia ao Salar de Uyuni. Nesse momento, é necessário apresentar o passaporte e receber o carimbo de entrada na Bolívia. Depois que se sai dali, uns 10 min, há um posto onde se paga a entrada no parque nacional da Bolívia (150 BOL). E mais uns cinco minutos depois é possível ver o vulcão Licancabur. O problema é que não tem onde ficar esperando ali, é tudo deserto. Talvez tu tenhas que voltar do Tour do Licancabur num dia e, no dia seguinte, iniciar o Tour a Uyuni. Nesse caso, o melhor mesmo é se informar com agências.

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