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Cânions Serra Geral até Aparados...a pé!


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  • Membros de Honra

BEIRANDO OS ABISMOS DA SERRA GERAL ATÉ APARADOS

Parece "deja vu". Mal havíamos retornado meses antes de uma travessia pelos cânions de Urubici q novamente nos sentimos impelidos a retornar àquelas gargantas de pedra q servem de divisa natural entre SC e RS. Desta vez nos aventuramos bem mais ao sul, indo alem do extremo norte do PN Serra Geral ate seu "rincão" sul, em Aparados da Serra. Criados recentemente p/ proteger uma das paisagens mais bonitas do sul do pais, o primeiro tem pouca infra-estrutura e por isso mesmo oferece uma bela caminhada cercada de natureza intocada. Iniciando a pernada bem além do limite norte do parque, foram 5 dias e quase 50 kms por campos de altitude, atravessando capões de araucárias, nenhum ser humano, inumeros "banhados" ou charcos repletos de turfas, mas sempre acompanhados - à nossa esquerda - por um onipresente e impressionante abismo de quase mil metros!

 

INICIO DE JORNADA

Eu e minha amiga Fran ("esposa", segundo o motorista do buso) saltamos em Araranguá (SC) 11hrs, naquela manha quente e ensolarada de sabado, após quase 17hrs cansativas de viagem (Pluma das 18hrs, o das 20hrs não serve) de sampa. Garantimos as passagens p/ Bom Jesus as 12:15hrs e depois mandamos ver um pf num quiosquinho proximo. Araranguá , embora tranqüila e pacata, parecia mobilizada pelo futebol e bandeiras enormes do Grêmio ornavam a pequena rodoviária.

A jornada serra acima foi tranqüila. Passamos pelas cidadezinas de Ermo, Turvo e Timbe do Sul, com sua tipica arquitetura européia e seus campos de pastagem verdes salpicados por pés-de-laranjas. Mas o q realmetne impressiona é, diante da enorme planície q atravessamos, a aproximação daquele enorme paredão rochoso e imponente de rocha à nossa frente chamada de Serra Geral. A partir de Timbé, a estrada passa a ser de terra e estreita ate q finalmente comeca a subida da serra propriamente dita, vagarosa e trepidante. Ganhamos altitude em inúmeros ziguezagues pela encosta e os vales verdes catarinenses finalmente se abrem, p/ colirio nos olhos. Estamos prestes a colocar nossos traseiros quadrados p/ caminhar e a ansiedade aumenta!

No alto da serra a paisagem muda radicalmente, as verdejantes planícies e focos de mata atlântica cedem lugar a campos amarelecidos ondulantes de se perder a vista! Após passar uma placa ("Rota dos Campos de Cima da Serra- São Jose dos Ausentes 20km"), outra marcando a divisa catarinense/gaúcha e uma torre de retransmissao (à esquerda), é hora de saltar do busao. Estamos no meio do nada e do lugar algum, onde o forte vento nos açoita da mesma maneira q remexe o capimzal em volta. São 14:30hrs e o dia esta lindo nesta região q os locais conehcem como Serra da Rocinha. Arrumamos as mochilas enquanto vemos, ao longe, a poeira do busao q segue campo adentro, sentido a Encruzilhada das Antas.

Andamos um pouco pela estradinha pedregosa, acompanhando uma cerca à esquerda, ate finalmente entrar pela precária porteira da qual segue uma estradinha (quase um carreiro) p/ sul, beirando o alto da serra. Não tem erro, é so seguir a estradinha, ignorando qq bifurcão p/ direita. Basta se orientar pelos penhascos, à nossa esquerda. A estradinha serpenteia, sobe e desce suavemente pequenos morros, beirando campos e alguns reflorestamentos de pinus. Chama a atencao esta estradinha estar repleta de montes de terra, tipo quebra-molas, provavelmente p/ evitar q veículos circulem nela já q há pequenas placas avisando p/ não cavar nada devido a presença de dutos enterrados. Por conta disso, ela já virou quase um carreiro erodido, onde apenas dividimos seu espaço c/ as varias vaquinhas q nos observam curiosas, enquanto o forte vento nos refresca do calor do sol da tarde. As vaquinhas são reflexo da intensa atividade pecuária; as cercas, de q estamos em gigantescos lotes de fazendas onde não se vê alma viva.

Logo a estrada subitamente termina, obrigando-nos a passar por baixo da primeira cerca, nos restando seguir em frente pelo capim ralo alternado pelas turfas de coloracao avermelhada-rosada, as esponjinhas de praxe. Uma suave colina é vencida p/ depois, no seu topo, avistarmos reflexos de um pequeno riacho la embaixo (sudoeste), q é onde devemos seguir pois nosso suprimento de água é insuficiente. Alias, minha preocupação de água era à toa pq a td hora há córregos e riachinhos. Descemos a colina, atravessamos um foco de mata em seu trecho + estreito, composto de pequenas arvores repletas de liquens (verde-claros) pendendo de seus galhos retorcidos e muito lamaçal. Desce-la é fácil, bastando seguir as pegadas e trilhos de vacas.

Após pegar água, caminhamos um bom tempo num platozao de capim, contornando pela direita um morrao na crista do penhasco. Daqui já é visível um belo selado, realçado pelos raios do sol de final de tarde, q nos servirá de pernoite, bem no meio de um alto morrote na beira da serra e um foco de mata do outro, ideal p/ nos proteger do vento. Mas ate la ainda temos um bom trecho do platô, levemente encharcado, onde as poucas vaquinhas pastando são testemunhos de q a Fran decididamente não gostou nem um pouco dos brejos, das turfas e de molhar seu pezinho. O vento aqui parece diminuir.

Alcançamos a base do morrote(1238m) na beirada da serra as 17hrs, subindo seu topo apenas pra apreciar a paisagem e o trajeto a seguir no dia sgte. Olhando p/ trás, vemos os menos de 7km q andamos nas quase 2:30hrs de pernada ate ali, e avistamos o alto da serra, seus campos e penhasco, ate a torre de retrasnmissao, serem banhadas pelos últimos raios de sol, q cai rapidamente a oeste. Voltamos ao pe do morro onde montamos rapidamente a barraca do lado da mata. Jantamos um delicioso rizotto engrossado c/ ervilhas e bebemos minha onipresente cerveja, pra logo depois cairmos no sono as 19:30hrs. A noite estava tremendamente estrelada, não fez o frio previsto e estava ate bem agradável, porem ventou muito.

 

O MAIS LONGO DOS DIAS

Acordei por volta das 7hrs c/ o tempo cheio de promessas de sol e céu azul. Dose foi remover o "bicho preguiça" Fran do saco de dormir.. Conseguido isto, tomamos rapidamente café p/ levantar acampamento na sequencia. Deixamos o seladinho por volta daas 8:20hrs sob forte ventos vindos do oeste.

Avançar p/ sul ao proximo campo exigia descer suavemente a encosta de capim, e atravessar mais um foco de vegetação fechada. Dentro dela, nos guiávamos sempre pela bússola (sentido sul/sudeste) acompanhando os vestígios de trilhos lamacentos, sujeirinhas e pegadas de vaquinhas. Sacal mesmo é meter as caras em irritantes teias de aranha em td trajeto. Por descuido, avançamos muito sentido oeste quase na íngreme encosta de um vale de mato fechado, mas logo depois retomamos o rumo certo e alcançamos o platozao de capim acima avistado, na beirada da serra.

No descampado é fácil se guiar, sempre sul, um pouco afastado da borda do penhasco. Daqui já vemos as torres de alta tensão q devemos alcançar, longe, a sudoeste. Andamos um pouco pelo dourado campo p/ depois seguir p/ oeste pela crista ondulada, pois diante nosso há um enorme e imponente penhasco q devemos obviamente contornar, o q toma um tempinho. Chegando bem no vértice dele, 10hrs, uma mata considerável e fácil de transpor toma conta do trajeto. É geralmente aqui q se acham riachinhos convidativos, o daqui (Arroio do Fundo do Saco, de acordo com a carta) abastece nossos cantis, e damos continuidade à pernada, rumo as torres de alta tensão, já bem próximas.

Estamos afastados da beirada da serra, mas seguimos rumo sul, subindo um alto morro após passar 2 cercas. À direita vemos 2 estradinhas precárias q se encontram, mencionadas no roteiro, q já nem seguimos diante da facilidade de navegação visual.

No alto do morro, descansamos e comemos algo abaixo das torres de alta tensão. Venta muito aqui, tornando imperceptível a incidência forte dos raios solares. Em seguida, pernamos pelo enorme platozao de pasto ralo p/ sul, ate chegarmos ao seu final. Ignoramos uma estradinha pedregosa transversal e mais uma cerca, descemos o platô suavemente pro descampado abaixo, agora em diagonal p/ ir novamente de encontro à beirada da serra, a sudeste. A vista do descampado dourado de capim ondulado é muito bonita, realcada pelos raios do quase meio-dia em contraste com o céu inteiramente azul! A sudeste um pequeno galpão indica civilização. Atravessamos um pequeno vale e 2 riachinhos, alem de passar por alguns charquinhos básicos. Aqui, ao pe dos morros a esquerda há uma casinha em ruínas, provavelmente pto de pernoite tropeiro.

Alcançada novamente a beirada da serra, é um sobe-desce cansativo pelo capinzal amarelecido, mas sempre recompensado pelo visual da enorme planície catarinense e das cidades ao pé da serra. Subitamente, o chão acaba num novo precipício q devemos contornar pela direita, sudoeste. E la vamos nos pela crista não tão suave, com mto sobe/desce, q juntamente com o sol inclemente fadigam rapidamente a Fran, c/ cansaço estampado no rosto. Após sermos surpeendidos por uma horda de quatis (q, assustados, correm pelo capinzal em direção ao penhasco) resolvemos dar uma nova parada, sentados à sombra de uns arbustos, onde lanchamos e bebemos um bem-vindo suco.

Chegando no q julgamos ser o vértice do cânion, avançamos erroneamente por um bosque afim de transpô-lo, mas percebemos q ainda há penhascos pela frente. O jeito é contornar a mata mesmo, seguindo pelo capim (repleto de mudas de pinus) sabe-se-la-qto em direção oeste, ate um selado de ligação. Não demorou e encontramos uma precária estradinha de terra q seguia p/ sul, numa crista de ligação q beirava o vértice do cânion em si. Agora tínhamos novamente q seguir diagonalmente p/ sudeste p/ reencontrar a borda da serra.

Pra isto tivemos antes q cruzar um belo vale td encharcado, 2 riachinhos, algumas cercas e beirar 2 pequenos morros p/ alcançar um novo descampado, onde vaquinhas pastavam tranqüilamente. Atravessamos o platozao numa boa, desviando dos charcos e turfeiras, sempre tendo os morros cheios de floresta à esquerda. São 14:20hrs. De longe já víamos um longo carreiro de boi (quase estradinha) q seguia p/ sul, nosso destino, e foi p/ ele q nos dirigimos.

Chegando nele td pareceu mais fácil, pois logo ele se enfiou na mata do morro em meio a uma "passarela de arvores", mas q tava repleta de lama/charco em quase td trajeto. A Fran era engraçada: evitava a lama mas qdo se sujava, limpava o tênis (sim, tava de tênis pq de botas teria bolhas devido aos charcos) p/ depois suja-los novamente, e assim sucessivamente. Em alguns trechos a lama era puro sabão e nem pulando nos tufos de capim resolvia. O bom é q aquele trecho era sombreado e andamos um bom tempo nele, contornando o enorme morro a nossa esquerda, p/ logo sair novamente no descampado beirando a serra.

Agora era somente caminhar pelo platozao dourado e seguir em frente. A vista animava e muito: um descampado amarelo, tendo à esquerda recortado como q a faca, despencando num precipico enorme e c/ um pequeno cânion no trajeto; e a direita campos de capim ondulantes de perder a vista! Daqui já víamos nosso local de pernoite, bem no final do descampado, no belo degrau de mata no morrao a nossa frente.

Este trecho foi sossegado, atraves do capim ralo contornamos rapidamente o pequeno cânion avistado, passamos uma porteira, seguindo pelo descampadao de pasto ate atingir um belo e largo riachinho (Lageado dos Marrecos). Como faltava pouco p/ acampar resolvemos passar ali o final de tarde. Estávamos cansados, mas aquele riachinho caiu muito bem. Mesmo com pequenos poços ate a canela, deu p/ tomar um revigorante banho!

Com o sol lentamente se pondo à oeste, apressamos o paso em direção ao pé do morrao q avistáramos, ao sul, e subimos ate um amplo degrau dele protegido de mata pela direita. Foi aqui mesmo q jogamos definitivamente nossa mochilas no chão, cansados mas contentes pela caminhada de quase 17km daquele domingo extenuante! Montada a barraca, já fomos preparando nossa janta, q consitiu num arroz curry c/ carne de soja devidamente temperada q nunca foi tão saborosa! P/ rebater, um vinhozao tinto q foi td de bom. Não deu nem 19hrs e nos recolhemos, exaustos. À noite ventou muito, foi estupidamente estrelada e dormimos bem. Enfim, nenhum indicio dos tão famosos e rigorosos invernos gaúchos. Ate aquele dia.

 

NEVOEIRO, CHUVA E MUITO FRIO

Levantamos as 6:15 moidos do dia anterior, porem revigorados. Pra nossa surpresa, la fora estava totalmente nublado e garoava fino. A frente fria prevista chegara antecipadamente causando a temida viração no alto da serra. A proximidade com o mar e o choque com a serra faz com q qq frente fria se condense na forma de nevoeiro (ou "nada", como aqui chamam) Puts, pior q a navegação é praticamente nula e tínhamos prazo p/ voltar. Bem, o jeito foi torcer p/ ela passar, e aguardar. Enrolamos na barraca após o café da manha, já sentindo o frio pegar. Como não havia indicio algum do nevoeiro limpar o jeito foi avançar o maximo q desse mesmo assim, na raça. Perder um dia, nunca.

Levantamos acampamento as 10:15hrs protegidos pelos anoracks, q rapidamente ficavam umedecidos com a garoa trazida pelo frio e forte vento. Não se enxergava um palmo a frente e o jeito foi ter a bússola sempre em mãos. Como estávamos num degrau do morrao sabíamos q devíamos subi-lo p/ chegar no outro lado e seguir pela borda serrana. Pra subi-lo tivemos q atravessar uma mata fechada, sentido sul, q ascendemos vagarosamente, contornando arbustos e troncos umedecidos. Felizmente achamos um trilho de vaca q nos levou rapidamente ao topo, totalmente encoberto.

Aqui em cima, um platozao de capim encharcado, continuamos seguindo apenas pro sul, intuitivamente. Subitamente, uma mata obstrui nosso caminho adiante, e procuramos contorna-la. Fran, felizmente, encontra um trilho bem nítido q desce o morro suavemente, e é por onde continuamos a pernada no meio de muito lamaçal preto e muita mata fechada. Sempre orientados pela bússola, sentido sul/sudeste, bastava seguir os trilhos de vaca q fossem nessa direção, ate q finalmente saimos num amplo descampadao de capim, mais abaixo.

Não enxergando um palmo diante nosso, fomos simplesmente p/ sul, passamos algumas cercas, algumas turfeiras e charcos (agora bem úmidos) ate alcançarmos agora sim a beirada de um penhasco, q evidentemente passamos a acompanhar, ainda mais qd havia uma trilha bem mais nítida q qq trilho de vaca, alternando carreiro erodido, rocha e pasto mesmo. Sabíamos q beirávamos um abismo de quase mil metros mas não enxergávamos nada, apenas um branco enorme ao nosso lado. Fran não se conformava c/ a paisagem q perdiamos, sentimento acentuado qdo passávamos por belas e imponentes rochas q serviriam perfeitamnte como mirantes. Paciência..

De repente, mata densa obstrui continuar pela borda e o jeito é contorna-la (oeste) nos obrigando a subir e descer morros continuamente. Mas como nos afastamos muito da borda e sem ter noção de distancia alguma, o jeito é buscar algum trilho de vaca q atravesse a mata sentido sul/sudeste. Encontro o q parece ser um trilho mata adentro, q arriscamos seguir. A mata ta muito úmida e apenas encostar nela já encharca a roupa. Ainda assim, eu e Fran prosseguimos bravamente, seguindo as pisadas e rastros das vaquinhas q vão no sentido q desejamos, descendo suavemente. Em alguns trechos ate duvidamos de presença das vaquinhas de tão fechado ou íngreme q é, mas as pegadas dela tão ai. Afinal seriam vacas ou cabritas montanhesas? Mas é sempre bom seguir seus rastros pq é sinal de campo/pasto proximo. Após um tempo varando mato úmido sem-fim, eis q finalmente chegamos num descampado de capim!! Mesmo nubladao é mais confortável andar neles q em mata fechada. O nevoeiro engrossa e a garoa torna-se uma breve chuva. Ta muito frio, sensação agravada pelas nossas roupas molhadas e pelo vento, mas o jeito é seguir adiante. Sempre sul/sudeste, passamos cercas e charcos q são trasnpostos pisando nas fortes bromélias, ate q novamente damos de cara com a borda da serra a nossa esquerda. Ufaa!! Estamos no sentido correto.

Seguindo pela beirada do mesmo e c/ garoa fina fustigando nossos rostos, esbarramos numa mata de encosta num cânion à nossa frente, q temos q contornar pela direita, mais uma vez. Este cânion na verdade é continuação do anterior (pelo mapa), e precisamos atingir seu vértice, sabe-se-la-onde-fica. A medida q avançamos, pode-se ver a outra parede do outro lado, o q é um alivio, sabendo q falta pouco pro seu vértice. Antes de lá chegar, atravessamos um belo riachinho onde abastecemos nossos cantis, e onde vemos as primeiras vaquinhas do dia.

Proximos da florestinha do vértice e cansados, resolvemos fazer uma pausa pro lanche, as 13hrs. P/ não pegar garoa e vento, nos ajeitamos dentro da mata, onde a água acumulada nas folhas goteja + grosso q la fora. Dane-se, colocamos lonas e plásticos sobre nós q servem de canga e toldo providenciais. Bastou parar de caminhar q o corpo esfria rapidamente. Mandamos ver um chocolatao, Nutris, bolacha, suco, o q for..enquanto a Fran dava uma de protetora dos bichos, no caso de uma lagartinha q quase pisei inadvertidamente. Bem, se ate ali o tempo não melhorara acreditamos q não mudasse + naquele dia. Ao menos dava pra enxergar ao longe alguns campos pois o nevoeiro baixara, mas a chuva não. Estávamos c/ frio, molhados, os pés encharcados começavam a congelar, o q nos motivou a acampar por ali mesmo. Foi um dia inútil, mas ainda assim andamos quase 6km..

Montamos a barraca na entrada da mata, um lugar ate protegido do vento e chuva. Eram quase 15hrs. Fran ate improvisou um toldo pra barraca c/ uns plásticos avulsos. Ela é a McGayver, cheia das gambearras! Claro q trocamos as vestes molhadas por aconchegantes agasalhos e meias secas. Devidamente acomodados, não nos restou senão enrolar, tomar chocolate quente e avaliar as opções pro dia sgte. Eu ainda confiava piamente q "Depois da tempestade, vem a bonanza".. Jantamos antes deescurecer um sopao de legumes c/ ervilhas delicioso enquanto nos aqueciamos com o fogareiro. La fora se alternava entre rajadas de vento e breves chuviscos q dedilhavam o sobreteto da barraca, num frio considerável. Foi qdo começou a gotejar dentro da barraca, mas Fran McGayver tinha plásticos de sobra p/ esta ocasião e substituiu os furados do sobreteto. Mesmo assim, não contamos com a água q ia acumulando em baixo da barraca, principalmente nos pés, o q percebemos so no dia sgte. Essa foi uma noite mal-dormida, de virar e desvirar por lado constantemente, de dormir espremido p/ não se molhar com as paredes da barraca umedecidas e de sentir frio nas laterais e nos pés..mas ao menos deu pra descansar dos dias anteriores.

 

NA MARGEM NORTE DO CANION FORTALEZA E BARRADOS NO PARQUE

Terça -feira amanheceu melhorzinha, porem muito fria. Acordamos cedo aguardando a chance de parar de chuviscar e desarmar a barraca. Depois do café, eu - com a meia da Fran - enxugava a poçona q havia sob nossos pés. Td estava umedecido, desde a mochila ate algumas roupas, mesmo ensacadas. Qdo a chuva parou definitivamente, foi a vez de levantar acampamento e, sob muito frio e mãos umedecidas, esse trabalho é deveras um martírio. Mas as subitas cortinas se abrem no tempo, q permitiam ver o lindo céu azul, já eram mais q animadoras.

Saimos 9:30 contornando o vértice do cânion subindo o suave morro p/ sul, e do outro lado abria-se um vasto chapadão de capim cercado de pequenas colinas q iamos atravessar, obviamente. Bem ao fundo, a boca pedregosa de um enorme cânion q certamente seria o Fortaleza. O chapadão era uma sucessão interminável de charcos e turfas (p/ desgosto da Fran, q decididamente não foi com a cara deles), razão pela qual optamos por contorna-los pelas beiradas dos morrinhos. Olhamos p/ trás e vimos, alem do mato no qual acampáramos, a impressionante beirada do cânion q percorrêramos às cegas o dia anterior.

Chegamos na beirada da serra, mais especificamente na pta extrema norte do Fortaleza. As nuvens lentamente vão se dissipando, mas ao mesmo tempo conferem um ar místico e majestoso a região. Na verdade estamos acima delas! As paredes rochosas de cor acizentada c/ matinha nebular despencam verticalmente, e é necessário contornar o canionzao. Mas daqui não se tem uma vista geral dele adentrando p/ oeste, ainda temos q subir e contornar um morrao à direita. Neste trecho, pelo capim, temos q pular vários pequenos e mansos riachinhos, q se transformam de repente numa cascata q se dissolve ao não achar mais chão reto na beirada. Descemos um pequeno vale por trilho de vaca p/ depois contornar em subida o morro mencionado, e depois passar por uma mais uma cerca, do lado do precipício, claro!

Deste ponto elevado temos agora uma vista privilegiada do colosso q é o Canion Fortaleza, uma enorme fenda de quase 8km de extensão (e 30km de borda) rasgando o campo à oeste no formato de um gigantesco "V", idéia intensificada pela proximidade dos paredões, muralhas colossais de rocha e mata!! Agora é so contornar sua borda norte p/ sudoeste, e pelas dimensões, o resto do dia seria td dedicado a este cânion. O tempo abre lentamente, e o sol vai destacando de maneira impar as belezas deste imponente cânion. É quase meio-dia e pouco!

Beirando o penhasco pelo capim ralo, muitas paradas são feitas p/ clicks. Do outro lado do paredão, podemos ver uma estradinha q corre pelos campos dourados e varias cascatinhas q caem retilineamente. Do nosso lado, não há um precipício súbito, e sim uma sucessão de barrancos cheios de mata q deslizam suavemente 1000m abaixo. Num deles, parecido com um platô rebaixado ou uma ilha, inúmeras vaquinhas pastam calmamente fazendo com q a gente se pergunte como diabos elas foram parar lá. "É o Paraíso dos Unicórnios!", comenta Fran. Esta caminhada é bem agradável e há uma trilha precária q se funde ao trilho de vaca existente, q por sinal é bem pouco usada.

Depois de um certo tempo, temos q descer um barranco de pedra e capim de quase 30m p/ continuar beirando o cânion, no descampado abaixo. Daqui vemos o qto falta pro vértice e, ao noroeste, reflorestamentos e riachinhos quebrando a monotonia dos onipresentes descampados de capim. Agora o "perau" (precipício, como chamam aqui) é quase vertical, cheio de mata nebular, florestinha baixa q sobrevive com a umidade dos nevoeiros. La embaixo vemos o Rio Fortaleza correr sinuosamente manso entre as pedras e alguma mata atlantica, emparedado, literalmente. Mais adiante, uma belíssima cachoeira despenca furiosa em dois níveis, da outra parede, formando dois enormes poços. É a Cachoeira do Tigre Preto.

Ainda serpenteando o abismo, vemos q estamos quase chegando ao seu fim, marcado de muita mata e um morrao do outro lado. Daqui vemos ao longe, oeste, uma estradinha q corta o campo p/ sul, e é p/ la q vamos cortando caminho pelo capim, charco e, finalmente, um sem-numero de arvores secas caídas, com jeitão q foram queimadas ou cortadas mesmo. Subimos e descemos suaves colinas, e atravessamos o q julgo ser o mirrado Arroio Fortaleza, p/ chegar na estradinha avistada, q não leva a lugar algum. Bem, mas basta seguir p/ oeste q de alguma maneira vamos esbarrar com uma estradinha principal.

Contornamos pequenos morros à nossa frente ate q chegamos numa estradinha secundaria, q nos leva ate a principal, marcada por um belo pinheiral, uma placa de q essa propriedade pertence a uma fabrica de moveis (daí as arvores caídas e o reflorestamento) e do outro lado outra placa indicando o inicio do PN Serra Geral, p/ esquerda. E la vamos nos pela estradinha pro sul, contornando morros tendo de um lado uma bela floresta de araucárias e do outro campos de capim com mudas de pinus. No percurso, Fran insiste p/ descansar e comer algo. São 14:30hrs e tb aproveitanos p/ estender as roupas ao sol, na beira da estrada mesmo. Mas devemos ser breves já q tencionavamos adiantar a pernada e pernoitar no interior do pq.

Ainda pela estrada, percebemos o escasso movimento nela, apenas alguns veículos contados passaram por nós, todos p/ visitar o pq pelo dia. Agora descendo a colina já podemos ver os campos alem do Fortaleza, uma retidão amarelecida só! Chegando na portaria norte do parque, bem simplezinha, qual nossa surpresa de q é proibido camping em seu interior!? E q a travessia pra portaria sul só era permitida com guia!? E agora, José? Tentamos argumentar com o guardinha de q estávamos ali justamente p/ isso, no entanto ele foi reticente qto as normas. Puts, bateu um desanimo total, não nos restando senão dar meia-volta!! Mas p/ onde, se tava td longe?? Conversamos com o motorista de uma van (q aguardava uma excursão) se poderia nos dar carona p/ Cambará do Sul mas ele ficou de ver c/ o guia. Q droga!! Não acrditava q tavamos sendo barrados de algo q nos havíamos proposto desde o inicio! Minha indignação era evidente, traduzida pela desengonçada tentativa de encher a garrafa dágua com uma mangueira dali.

Eu e Fran demos meia-volta, retornando cabisbaixos pela estradinha, decidindo oq fazer naquela situação imprevista no roteiro. Cogitávamos pegar carona ou acampar ali perto e ir a Cambara no dia sgte, sei la.. Foi ai q estendi o dedão p/ pedir carona pra uma caminhonete, q por sinal era do parque e conehcemos o Luciano, outro guardinha q foi nossa salvacao. Explicamos nossa situação e suas informações contradiziam as q havíamos recebidos pouco antes: disse q acampar dentro é proibido mas a travessia sem guia é permitida, desde q dentro dos limites de horario de visitação!!! Comentou tb q o outro guardinha quiçá nos barrou mesmo pq já era final de tarde e q deduziu q acamparíamos la dentro, o q era verdade e tava evidenciado por nossas pesadas cargueiras. Foi o q bastou p/ nos animar novamente e continuar nossa travessia p/ Aparados! Luciano nos deu carona e nos deixou proximo do pinheiral do inicio, pois era bom local p/ pernoite, longe dos limites do pq, claro!

Ainda com os sol de final de tarde montamos acampamento, quase beira de estrada. A temperatura caia rapidamente, agravada ainda mais com as rajadas frias de vento oriundas dos campos a oeste. Estendemos algumas coisas pra secar enquanto nos abrigávamos do forte vento. Luciano voltou novamente apenas p/ bater papo breve conosco e p/ nos dizer q deixara avisado na portaria q faríamos a travessia no dia sgte cedo, permitindo nossa entrada. Quase escurecendo, preparamos o "miojo c/ molho de carne nosso de cada dia" e fomos deitar, p/ levantar cedo o dia sgte. Essa noite foi a pior e mais fria!! Um vento glacial insistia em correr ate dentro da barraca, mas la fora devia estar bem pior; so de ouvir as furiosas rajadas sacudindo os pinheirais ao lado já inibia qq tentativa de ir ao "banheiro". Nem juntando os sacos de dormir (tática pingüim) aquecia o suficiente p/ dormir tranqüilamente, e estávamos com todas as roupas vestidas. Dormíamos mas logo acordávamos. Vira aqui e vira acolá, no meio da noite preparamos um chocolate quente p/ ver se aquecia o ambiente, mas foi uma medida de resultado provisório, mas valeu! Nunca uma noite demorou tanto p/ passar e o sol matinal foi tão bem quisto. Naquele dia foram apenas 11km percorridos.

 

PELO CANION CHURRIADO E MALACARA

A quarta-feira amanheceu limpa, clara e fria, tanto q aguardamos ate o sol sair p/ desmontar barraca. Enquanto isso, a contragosto, nos desapegávamos dos sacos de dormir, tomamos um café quente e iamos arrumando as coisas. Sair dali p/ encarar o vento glacial q soprava não foi fácil. A barraca tava coberta por uma esbranquiçada camada de gelo, o sobreteto tava duro, o zíper semi-travado, a meia úmida q Fran deixou p/ secar congelara e as poças de água proximas pareciam pistas de patinação. Mesmo totalmente agasalhado as mãos logo não respondiam, e levantar acampamento demorou devido as pausas freqüentes p/ aquece-las.

Exatas 8:30 colocamos pé na estrada, apressando o paso p/ esquentar o corpo enquanto o sol matinal ajudava tb. A estradinha tava repleta de gelo e de poças congeladas, q partiam feito vidro ao serem pisoteadas! Meia hora depois estávamos na casinha de madeira q serve de portaria do PN, desta vez sendo gentilmente recebidos pelo mesmo guardinha de ontem, q nos desejou boa sorte na travessia. E la fomos nós.

A estrada de terra segue pro sul, na bifurcação, tomamos à esquerda, p/ sudeste, novamente de encontro com a outra borda do Fortaleza, porem relativamente distante dela. Chegando na ponte do Arroio Segredo - um simpático riacho largo cujas frias e escuras águas contrastam com o campo dourado e q forma a Cach. Tigre Preto - uma breve pausa p/ arrumações finais de mochila. Fran calçou seu tênis congelado, q agora estava suportável. Daqui em diante não seguiremos pela estradinha, q continua pela borda p/ leste, ate finalizar no Morro Quebra Cangalha, na boca do cânion. Deixamos o Arroio Segredo e a Pedra do mesmo nome (monólito rochoso q se equilibra noutra pedra), pra agora adentrarmos nas suaves colinas de capim em diagonal sentido sudeste, cortando caminho ate chegar na beirada da serra outra vez.

Este trecho é tranqüilo, felizmente não é nada acidentado e mto agradável de se caminhar. É um platozao dourado interminável, no qual apenas nos preocupávamos de desviar dos "banhados" (como chamam aqui os charcos c/ turfeiras) e dos riachinhos q estão sempre presentes. Aqui não havia sinal algum de vaquinhas, embora seus rastros estivessem presentes. Fazia um sol agradável, mas o forte vento congelante nos obrigava a estar bem agasalhados, com capuz e td mais.

Chegando na borda da serra novamente, continuamos ora pela beirada ora por um carreiro bem amplo e visível de longe. Mas a vista era o melhor: a planície q leva ao litoral e no fundo, a faixa azulada do céu se misturando com a do Oceano Atlântico; nesse meio-termo, as casinhas de Praia Grande, a Lagoa do Sombrio e os edifícios brancos do balneário catarinense de Torres, quebrando a horizontalidade da paisagem!

Seguindo pelas escarpas da serra, andamos por uma estradinha de terra e pedras bastante precária, q nos acompanha na subida de um morro beirando a serra. Dali temos uma visão do Cânion Churriado, menor q o Fortaleza, porem com abertura maior permitindo uma vista mais ampla enquanto o percorremos em quase todo seu perímetro. Logo, a tal estradinha cede lugar ao capim e estamos pernando por trilho de vaca outra vez. Mas a direção é clara, e deixar o Churriado é penetrar no descampado, seguindo reto p/ sul e aproveitar a imensidão amarelada ao redor, um tapete dourado q se estende ate perder a vista, forrando as baixas colinas.

Aos poucos, a boca pedregosa do Cânion Malacara vai aparecendo, com escarpas separadas do mesmo parecendo ilhas flutuantes serra acima, e a cidadezinha de Praia Grande logo abaixo. Um pouco antes de chegar em sua beirada, somos novamente saudados por hordas de quatis assustados em meio ao capinzal. Desta vez, Fran não mostrou tanta emoção pelos bichinhos, sinal de q tava emburrada devido ao cansaço da longa pernada. Mesmo assim, seguiu firme e forte. Chegando na beirada do cânion, uma idéia de sua descomunal rachadura - povoada de andorinhões e araras azuis - há de se contorna-lo pela direita (oeste), claro, subindo e descendo suavemente as escarpas e descampados de capim, vez ou outra saltando algum riachinho. Percebi q td cânion tem seu charme, este era mais acidentado e c/ muita mais mata sem eu interior. E foi quase q chegando em seu vértice, após um tempo q pareceu interminável, q vimos os 2º seres humanos do dia, q era um jovem levando um casal p/ trilhar pela região. Mais adiante, um trio com a mesma finalidade nos diz q ainda há uma boa pernada ate a portaria do parque.

 

EM BUSCA DA PORTARIA PERDIDA

Após uma porteira encharcada pode-se dizer q chegou-se ao vértice do cânion, repleto de mata onde o Arroio Malacara despeja suas águas. Uma trilha obvia segue p/ sudoeste contornando pequenos morros, mas q logo depois se confunde com outras q aparecem no caminho. Foi ai q nos embaralhamos. Irônicamente, sair do parque foi + difícil do q percorre-lo, isto pq daqui não se vê a estrada ou portaria alguma, pq ate chegar aos canions não há descampado algum e sim uma profusão de colinas e mata q impede ver adiante. Bem, o jeito era seguir intuitivamente.

Na primeira bifurcação deveríamos ter seguido por um trilho q estava bloqueado por arvores caídas, mas não foi o q fizemos e sim contornamos o tal morro sentido sudoeste, chegando do outro lado. Mas la mais trilhos apareciam, o q nos obrigou a cortar caminho pelos selados dos morros e descampados de charco afim de não sair do sul/sudeste. Porem, nunca chegavamos a lugar algum e nem sequer víamos a maldita estrada/portaria, o q me obrigou subir numa colina p/ estudar a região. Decidi seguir a bússola assim mesmo. E por uma estradinha q logo se perdeu acabamos entrando numa mata td enlameada na qual não chegávamos a lugar algum, o q nos obrigou a subi-la e ir subindo e descendo coxilha, bem mais seguro, contornando os eventuais capões de mata.

Chegamos enfim, numa estradinha precária q cruzava belos riachos, mas q subitamente terminava num cocho bem gramado. Depois de mto quebrar a cabeça e tomar novamente trilho errado (porem desta vez visualizando nosso destino) cheguei a conclusão q a estradinha seguia perto do cocho avistado. Dito e feito, ela tava escondida numa passarela de arvoredo q atravessava a suposta mata intransponivel. Daqui em diante não há mais segredo algum em percorrer os quase 5km restantes, q são feitos em descida suave em meio a mata. Aí notei um belo rasgo em minha calça, provavelmente algum espinho no meio da mata.

Chegamos na casinha avistada as 15:30hrs, saindo à esquerda da estrada!! Fim de trilha! Aquela la devia ser casa dos caseiros das Fazenda Malacara e pedimos dicas p/ tiazinha simpática q nos atendeu. Pra chegar na estrada bastava seguir um trilho q saia atrás do curral de ovelhas, cruzava um rio e pronto. Chegamos na estrada de terra. p/ Praia Grande em menos de 15min. Porém, ai lembramos q tínhamos q dar baixa na entrada/guarita sul do PN! Isto é, devíamos ter seguido pela estradinha e não ter saído pelo atalho da fazenda. Bem, o jeito foi andar pela estrada os 3km p/ oeste ate encontrar a portaria Gralha Azul p/ dar nossa baixa, mesmo q nossa intenção fosse seguir sentido oposto. Paciência.

 

RELAX EM CAMBARÁ DO SUL

Felizmente, os gaúchos são mto gentis e conseguimos carona facil p/ tal portaria. Aqui vimos as diferenças gritantes entre o PN Aparados da Serra e o PN Serra Geral: o primeiro tem estrutura de 1º Mundo, hotel, trilhas e passarelas devidamente sinalizadas, estrada asfaltada, etc; o segundo nem tinha guarita (somente a portaria norte), infra estrutura alguma, precariedade total, estrada precária e captação de recursos nula. E a tal Portaria Gralha Azul era a de Aparados! Depois me disseram q na verdade são um parque só, pois antes so havia o Aparados. Daí p/ preservar a área vizinha saia + em conta (burocraticamente) criar um novo pq do q amplia-lo! Bem, como nossa travessia tava concluída e conehcer o Cânion Itaimbizinho (PN Aparados) seria apenas mais um programa turistico fora de nosso roteiro, resolvemos conseguir carona p/ Praia Grande pq nosso prazo espirava.

Novamente pernando pela estrada e com o dia findando, já iamos perdendo as esperanças de carona p/ Praia Grande, ao pé da serra, uma vez q veículos mesmo so havia sentido Cambará do Sul. Já cogitavamos acampar novamente e aguardar o busao p/ Praia Gde no dia sgte, qdo aceitamos a gentil "carona" de 2 policiais p/ Cambará do Sul assim q disseram q lá havia um albergue barato e o busao p/ Praia Gde saia de la cedo. Beleza! Nos acomodamos entre coletes e uma sirene portatil e la fomos nós pelos quase 20km restantes, atravessando campos da serra fomos conversando com os simpáticos policiais gaúchos, q nos deram varias dicas da pequena cidade e os costumes locais.

A viatura nos deixou na frente do albergue as 17hrs, onde fomos atendidos gentilmente pelo jovem e unico recepcionista. Na verdade éramos os únicos hospedes lá. Após um banho quente e comprar etílicos no armazém o lado, preparamos o resto de nossos suprimentos na cozinha comunitária toda pra nós. A noite teve muito fria e matamos o tempo na sala principal, q dispunha de um simpático fogão a lenha, típico de todas as casas daqui, q serve tanto p/ aquecer como p/ preparar refeições. Na verdade estávamos trancados, pois o rapaz havia saído na night. Cansados dos quase 20km percorridos naquele dia, tivemos a melhor noite nos aconchegantes beliches dali. De noite deu pra perceber q ventou muito, a janela trepidava e agradecemos ter achado o hostel. Tanto é q ate as vaquinhas mugindo la fora reclamavam do frio..

 

A VOLTA

Levantamos as 7:30hrs p/ curtir o farto café-da-manha (grátis) gaúcho, cheio de doces, mel, paes, etc.. Mandei ver sem dó! Depois fomos dar uma rápida volta pela pequena cidadezinha, tomada pelo frio intenso e garoa fina. Cambará do Sul ("Capital do Mel") é a típica vila gaúcha, com construções de madeira coloniais, gente c/ feições européias com chimarrão a tiracolo, nativos de chompa e bombachas, etc..No Centro Cultural uma idéia da historia da cidade, c/ objetos do tempo da onça emuitas fotos.

Antes das 10hrs arrumamos as mochilas, deixamos o albergue e tomamos o busao diário p/ Criciúma(SC), q atravessou os campos e capões da serra novamente, desceu a dita cuja em meio a muita garoa, p/ chegar com tempo ótimo ao pé dela, na cidadezinha de Praia Grande ("Cidade das 2 Mentiras", não tem praia nem é gde) uma hora depois. Curioso ver os estabelecimentos comerciais com nomes de "lancheria", "redutor de velocidade", etc.. O litoral tava com tempo ótimo, mas nuvens negras dominavam o alto da serra, ao longe. Depois de passar por Sombrio, chegamos em Criciúma por volta das 13:30hrs, onde almoçamos, demos uma volta, "internetamos", ate finalmente tomar o busao das 16:30hrs p/ sampa, onde chegamos às 8hrs do dia sgte.

 

Assim como a imponência q as montanhas oferecem, as gdes depressões q a natureza oferta são igualmente tentadoras em transpor; estas a gente apenas acompanha, restando a opção de descer pros mais ousados e aventureiros. No entanto, aqui não há montanhas nem gde picos; caminha-se já num "gde pico", onde o campo avança ondulado ate se perder a vista. E é caminhando por aqui - ao invés de faze-lo a cavalo, como manda a tradição gaúcha - nesta aparente monotonia geográfica q se esconde o melhor q a região oferece, assim como os costumes desta humilde gente da serra.

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